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Poder Judiciário do Estado de Sergipe

9ª Vara Criminal de Aracaju

Nº Processo 201721900793 - Número Único: 0043447-72.2017.8.25.0001


Autor: MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DE SERGIPE
Réu: ANTÔNIO EDILSON PESSOA GALDINO

Movimento: Julgamento >> Com Resolução do Mérito >> Procedência

Autos nº 201721900793

DESPACHO

Compulsando o presente feito, verifico que o processo já se encontra na sua fase final, restando apenas ser proferida
sentença de mérito.

Desta forma, visando a celeridade da ação penal, bem como afastar eventual tumulto processual, entendo necessária
aregularização formal do petitório adunado em 29/05/2018 ( ex viart. 120, §§1º e 2º do CPP), através de
peticionamento eletrônico no portal do advogado, com a consequente distribuição dos autos de Restituição de Coisa
Apreendida, devendo tais autos serem cadastrados por dependência ao presente feito. Intime-se a subscritora do
referido petitório.

Atente-se a Secretaria que deve ser anexada a manifestação ministerial ofertada em 04/06/2018 nos novos autos
gerados, com a posterior conclusão para análise.

Por fim, segue sentença.

Em, 07/06/2018

JUMARA PORTO PINHEIRO

Juíza de Direito
Processo nº: 201721900793

Réu: ANTÔNIO EDILSON PESSOA GALDINO

SENTENÇA

Vistos etc.

A Presentante do Ministério Público, no uso de suas atribuições legais, denunciou ANTÔNIO


EDILSON PESSOA GALDINO,jáqualificado nos autos, como incurso nas penas cominadas no artigo 12 da Lei
10.826/2003 c/c art. 304 do CP.

Narra a denúncia que: “… no dia 25/10/2017, por volta das 13:30h, em um mercadinho na região
da Aruana, nesta Cidade, o Denunciado ANTÔNIO GALDINO foi preso em flagrante delito, por fazer uso de
documento falso, identificando-se como Edson Moura Santos, bem como por possuir ilegalmente arma de fogo em
sua residência.

Segundo se apurou no caderno informativo, policiais civis efetuavam diligências para dar
cumprimento aos mandados de prisão expedidos pelas Comarcas de São Gabriel/BA e Morro do Chapéu/BA, em
desfavor do Acionado ANTÔNIO GALDINO, sendo informados pela DIPOL da Bahia que o Acionado estava residindo
nesta cidade, com nome falso Edson Moura Santos, no endereço situado na Rua W, nº 09, Loteamento Aquarius II,
Bairro Aruana, quando visualizaram 03 indivíduos em um mercadinho no Bairro Aruana, momento em que realizaram
a abordagem, sendo dois identificados como Ulisses Santos de Araújo e Moisés Conceição dos Santos, porém o
Acionado ANTÔNIO GALDINO se identificou como Edson Moura Santos, apresentando documento falso, sendo
apreendidos outros documentos falsos, e o veículo Toyota, consoante Auto de Apreensão e Exibição de fls. 17. Com
o indivíduo Moisés Conceição foi apreendido um veículo Cross Fox, ano 2008/2009, cinza, em nome de Cláudio
Ribeiro Araújo.

Em seguida, os agentes detiveram o Acionado e foram a sua residência onde encontraram sua
esposa Poliana Mendes Leite Pessoa que ao ser perguntada a respeito de armas de fogo no local, informou que
havia uma espingarda atrás da porta do quarto de hóspedes, sendo esta calibre .12, apreendida pelos agentes
policiais. Também foram apreendidos aparelhos celulares do Acionado e de sua esposa, cartões de poupança da
CEF em nome de Francisco de Assis Leite e de Paulo Rangel Mendes Leite, respectivamente, pai e irmão de
Poliana, além de depósitos bancários em nome de Edson Moura Santos, Paulo Rangel, Francisco de Assis e 01 (um)
CPU, marca Positivo, consoante Auto de Exibição e Apreensão de fls. 09 ...”.
Auto de Apreensão às pgs. 09/10 e 17.

Decisão proferida em sede de plantão judicial determinando o bloqueio de valores avistável às


pgs. 73/75.

A denúncia foi recebida em 11/10/2017, conforme pgs. 194/195.

Devidamente citado, o réu apresentou Defesa Preliminar à pg. 215.

Não se encontrando presentes as causas objetivas geradoras de absolvição sumária previstas no


art. 397 do CPP, foi designada audiência de instrução e julgamento (pg. 219).

Laudo pericial da arma apreendida (pgs. 227/229).

Carta precatória devolvida à pg. 359.

Em audiência (pg. 418), foram inquiridas as testemunhas arroladas, tendo o MP desistido da


oitiva de Raimundo Nascimento, o que foi deferido pela magistrada, ante a não objeção da defesa. Ato contínuo, o
réu foi qualificado e interrogado, sendo dada por encerrada a instrução. Na fase do art. 402 do CPP a presentante do
MP requereu a juntada de antecedentes criminais atualizados, bem como a certificação de eventual reincidência, o
que foi deferido. A defesa nada requereu. Por fim, as alegações finais foram convertidas em memoriais.

Em alegações finais, o Ministério Público pugnou pela condenação do réu nos exatos termos da
denúncia, consoante pgs. 547/552.

A Defesa, por sua vez, pugnou pela aplicação da pena mínima, com a observância do regime
prisional mais favorável(pgs. 559/566).

É o relatório.Decido.

I – DA FUNDAMENTAÇÃO
A presente Ação Penal Pública Incondicionada fora instaurada para a apuração da responsabilidade penal do
denunciado pela prática dos crimes de posse ilegal de arma de fogo e uso de documento falso, em concurso material.

Inicialmente, importa ressaltar que o processo teve sua regular tramitação sem qualquer irregularidade ou nulidade
vislumbrada, sendo assegurados, na forma da lei, os princípios do contraditório e da ampla defesa. Inexistindo vícios,
passo ao exame do mérito.

Considerando que a peça inicial alude a mais de uma infração penal, faço a análise de forma
particularizada:.

I.a) POSSE IRREGULAR DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO

DA MATERIALIDADE

Prescreve a Lei nº 10.826/2003:

Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido,
em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou dependência desta, ou,
ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa:

Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.

A materialidade do delito encontra-se inconteste, conforme se verifica através da prova


colacionada, em especial o Auto de Apreensão (pgs. 09/10), o Laudo Pericial (pgs. 227/229), além dos depoimentos
colhidos. Vejamos:

POLIANA MENDES LEITE PESSOA (declarante – audiência realizada em 23/05/2018): “Que ele chegou lá em casa,
dizendo que a arma era de um amigo dele, pegou emprestado para caçar. Que a arma estava no interior da
residência do casal. Que eu não sei que tipo de arma era, porque eu não tenho conhecimento de arma nenhuma,
mas sei distinguir um revólver de uma espingarda. Que era uma espingarda e estava lá em torno de 30 dias e ele não
indicou quem era o proprietário desse armamento. Que ele me disse que a arma estava desmuniciada. Que há 05
anos, nós moramos em Aracaju. Que sou casada no civil há 16 anos e ele tem antecedentes criminais e já respondeu
processos criminais. Que eu me mudei para estudar há 5 anos, depois ele veio pra cá em torno de 4 anos. Que ele é
agricultor, trabalha lá na roça, irrigando, não é em Aracaju, é no interior da Bahia, fica indo e voltando. Que sei que
ele chegou a usar outro nome, mas não sei a razão. Que depois que eu observei, ele disse que era porque teve uns
problemas lá na Bahia e queria uma nova vida aqui. Que não sei como ele adquiriu essa documentação, ele não me
mencionou. Que aqui em Aracaju, ele se identificava como EDSON e eu o apresentava às pessoas e indicava como
EDSON. Que ele adquiriu um carro em nome de EDSON, mas não sei como ele adquiriu. Que no dia da apreensão,
na casa, só foi apreendida a arma, mais nada, que eu tenha visto. Que não sei informar se houve apreensão em
dinheiro, não vi porque eu fiquei separada dele. Que tenho dois filhos com ele, 12 e 08 anos, que estudam aqui na
cidade. Que eu estou estudando no 7º período, na Pio X. Que no interior da Bahia ele plantava irrigação, tem criação
de ovelha e gado, mais de ovelhas. Que dava para pagar as contas. Que o veículo que foi apreendido foi adquirido
com a venda dessas irrigações, ovelhas. Que a relação dele com a família, com os filhos sempre foi boa, ele é
prestativo, ninguém nunca teve que reclamar pelo convívio. Que ele nunca demonstrou ato de violência comigo, de
jeito nenhum. Que se encontraram dinheiro na minha casa eu não estava no momento. Que eu fiquei no canto da
sala. Que na delegacia, me falaram por alto que foi encontrado dinheiro, não sei dizer o valor. Que na minha
residência foram apreendidos alguns cartões de crédito, conta poupança em meu nome e em nome de meu irmão e
de meu pai. Que ANTÔNIO EDILSON tinha feito comercialização recente que justificativa o dinheiro que havia nas
contas. Que ele vendeu umas ovelhas para um empresário lá da Aruana e com 25 dias ele fez esse pagamento. Que
trouxemos esse rebanho de ovelhas da Bahia e aí vendemos aqui em Sergipe, já veio até certo para essa pessoa, 75
ovelhas. Que em reais foi quase R$40.000,00 (quarenta mil reais). Que essas ovelhas têm registro, a da vinda de lá
pra cá. Que o proprietário das ovelhas é o pai dele que estava lá no dia e tirou a guia na Adade e passou para o frete,
foi tudo realizado formalmente. Que tem o peso das ovelhas. Que o valor referente a venda das ovelhas foi
depositado em espécie e esse foi o valor que foi apreendido.”

DERINALDO ROMÃO BATISTA (testemunha do MP – audiência realizada em 23/05/2018): "Que nós recebemos a
informação de que esse cidadão encontrava-se aqui em Aracaju, um cidadão de alta periculosidade e que ele
possuía dois mandados de prisão, por assalto a banco e o outro por homicídio. Que a informação veio da Bahia e o
pessoal da Bahia queria vir pra cá para cumprir e a gente disse que a gente mesmo podia cumprir e disseram até que
ele tava usando o nome falso de Edson Moura e que ele se tratava de Antônio Pessoa Galdino e que ele pertencia ao
Baralho do crime na Bahia. Que nossa primeira tentativa em fazer a prisão era no aeroporto, só que a gente tinha
outras diligências e não conseguimos chegar em tempo porque ele já tinha embarcado, mas conseguimos as
imagens do aeroporto e vimos que ele tinha embarcado para um voo para São Paulo ou Minas Gerais, foi quando
surgiu essa outra oportunidade quando ele tava pegando o carro emprestado de mais duas pessoas que estavam
vindo de Lagarto/SE e nós fizemos a abordagem no Bairro Aruana. Que ele tentou se identificar como Edson Moura,
só que a gente já sabia. Que na hora da identificação foi rápido ele pegou o documento e disse que era Edson
Moura. Que então nós fomos na residência porque disseram que ele guardava arma de fogo na residência e foi
apreendida uma arma de fogo lá. Que a primeira abordagem foi feita na Aruana, próximo à casa dele. Que aí nos
dirigimos à casa dele, onde foi apreendida a arma de fogo. Que não lembro se ele afirmou que tinha arma, porque ele
ficou com outra equipe que foi para a residência e eu fiquei com as outras pessoas que vieram trazer o carro para ele
e a outra equipe que foi até uma oficina, que a gente já sabia que o carro estava lá e verificou-se que o carro estava
em nome de Edson Moura Santos. Que ele tinha emplacado o carro em nome dessa pessoa. Que essa placa era de
Nossa Senhora do Socorro/SE. Que depois dissemos o motivo da apreensão e exibimos o mandado de prisão, ele
reconheceu que era o Antônio Galdino. Que tinha uns 5 meses que ele estava em Aracaju, foi o que soubemos da
polícia. Que tomei conhecimento que a esposa dele estava em casa. Que a arma não era uma espingarda de calibre
12, que acredita que houve um engano, pois era de um calibre menor. Que não houve resistência do réu, que ele
apresentou os documentos falsos. Que na casa dele que eu lembre, não tinha dinheiro, só recibo de depósito. Que
não lembro se na casa dele foi encontrada quantia em dinheiro, até porque eu não entrei na residência."

CLÁDIO RIBEIRO ARAÚJO (testemunha de acusação – ouvido por meio de precatória em 20/03/2018): “Antônio foi
pra lá no meu haras pra levar uns cavalos, ele chegou lá para perguntar se eu tinha baia para alugar, eu disse que
tinha e ele alugou. Não me lembro em que ano ocorreu isso, mas tem uns três anos. Eu não tenho conhecimento
dele estar usando documento falso em nome de Edson, ele chegou lá com esse nome. Ele se apresentou a mim
como Edson, mas não apresentou documento, ele só disse que se chamava Edson. Eu não sei nada sobre uma arma
de fogo.”
MOISÉS CONCEIÇÃO DOS SANTOS (testemunha de acusação – ouvido por meio de precatória em 20/03/2018):
“Eu não conheço Antônio Galdino. Eu sou amigo do proprietário do Haras, eu sou lavrador. Tinha uma pessoa que
aparecia às vezes lá no Haras com o nome de Edson, eu o conheci de vista. Eu comparecia lá e ele estava lá. Ele
usava um corolla prata. Não sei mais de nada sobre ele.”.

ULISSES SANTOS DE ARAÚJO (testemunha de acusação – ouvido por meio de precatória em 20/03/2018): “Eu
trabalhava no Haras. Lá apareceu um cidadão que se identificava como Edson, eu não sabia que ele não era Edson,
nem que ele tinha outro nome. Eu só o via de vista, ele chegava lá com um corolla prata. Eu só estou sabendo que
ele não se chamava Edson agora.”.

Importante consignar que o Laudo de Exame Pericial (pgs. 227/229) concluiu que a arma de fogo
apreendida, submetida a exame de balística, é eficaz para efetuar disparos.

Desta feita, a partir da narrativa fática acima descrita, constata-se a materialidade do delito tipificado no
art. 12 do Estatuto do Desarmamento.

DA AUTORIA

A autoria também restou comprovada, tendo o réu confessado em Juízo a prática delitiva. Tal
afirmação restou corroborada pelos demais elementos comprobatórios coligidos aos autos.Vejamos:

ANTÔNIO EDILSON PESSOA GALDINO (réu – audiência realizada em 23/05/2018): “já fui preso
com o irmão mas não chegou a ir a Juízo não. Que tirei o documento falso e mandei minha família para aqui para
poder continuar, sair da Bahia e viver uma vida tranquila. Que eu usava esse documento falso em meu nome EDSON
MOURA SANTOS há uns três anos. Que fiz o documento falso aqui no Instituto de identificação de Sergipe, usando o
documento EDSON MOURA SANTOS. Que paguei nesse instituto em Aracaju pelo valor de R$8.000,00 (oito mil
reais) e eles fizeram tudo e fiquei usando por 3 anos. Que realmente foi apreendida essa arma, era uma 20, possuía
uma espingarda em minha casa, mas estava sem munição. Que peguei ela com um amigo faz pouco tempo porque
gosto de caçar, trouxe ela da Bahia, comprei por R$700,00 (setecentos reais). Que não cheguei a usá-la, ficando
sempre dentro de casa. Que o veículo eu comprei em Fortaleza, um corolla, em razão da venda de cebola e peguei
esse veículo em forma de pagamento e o Cross Fox era de um amigo meu aqui de Lagarto, que eu estava na posse.
Que eu vim pra cá na Comarca de Aracaju com documento falso, por conta da perseguição com meu irmão e por eu
ser irmão dele a justiça da Bahia perseguia muito ele, eu saí da Bahia pra vim morar aqui em Aracaju e viver uma
vida tranquila, que a polícia da Bahia estava indo onde eu trabalhava então vim para Aracaju para poder levar meus
filhos para uma pizzaria, uma praia, conviver com eles porque eu não tava tendo isso. Que meu irmão tinha
problemas na Bahia e aí fizeram uma ligação de que eu também estava ligado. Que eu vivia trabalhando com
agricultura, gado, ovelha e forte na irrigação, plantando tomate, cebola, beterraba, cenoura, em João Dourado na
Bahia. Que tenho documentos que comprovam essas atividades, notas fiscais de adubo, em caso de irrigação que a
gente compra veneno, registro de animais. Que meu pai tá tomando conta da plantação, pois toda a vida nós
trabalhamos juntos. Que em relação ao valor que foi bloqueado em algumas contas, é das ovelhas que eu trouxe
aqui para Aracaju, 75 ovelhas e vendi a um empresário daqui, e ele me pagou em espécie, depositei o dinheiro no
banco e fiquei com os comprovantes e eles levaram esse comprovante. Que eu usava várias contas porque eu não
usava meu nome aqui para botar dinheiro, mas o do pai de minha esposa. Que eu usava a conta dele. Que Fábio
comprou essas ovelhas. Que as acusações que me acusam na Bahia não tenho nada a ver, é por causa do meu
irmão. Que não houve apreensão em dinheiro na minha casa.”.

Desta feita, aautoria delitiva encontra-se devida e cabalmente provada, consoante acervo probatório.

I.b) USO DE DOCUMENTO FALSO

MATERIALIDADE E AUTORIA

Reza o art. 304 do Diploma Penal, que constitui crime de uso de documento falso: “Fazer uso de quaisquer dos
papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302 – Pena: a cominada a falsificação ou à
alteração”.

O crime de uso de documento falso pressupõe uma ação efetiva praticada pelo agente. A conduta típica do crime é
“fazer uso”, ou seja, empregar, utilizar ou aplicar, iludindo alguém no ato de sua utilização, ao mostrar o documento
que porta. O núcleo do tipo penal enseja o “fazer uso”, ou seja, empregar, utilizar ou aplicar, retirando-se da esfera de
controle do agente e tornando-a explícita com o ato de “mostrar” o documento que possui ou porta.

O dolo do crime sub oculloé a vontade de usar o documento falso, ciente o agente de sua falsidade, sendo indiferente
para sua configuração que o agente tenha a intenção de causar dano a outrem.

O crime in casu remete aos artigos 297 a 302 do CPB, sendo que o artigo 297 refere-se à
Falsificação de Documento Público, no que se amolda a conduta descrita na inicial, posto que osobjetosdo crime são
acarteira de identidade, a carteira nacional de habilitação, o título eleitoral, ocadastro de pessoa física, ocertificado de
registro e licenciamento de veículo falsificados (pgs. 18/23), contendo o nome de Edson Moura Santos.

Conforme se depreende da prova dos autos, em especial os documentos encartados no inquérito policial (auto de
apreensão n. 38/2017 e fotografias de pgs. 18/23), além dos depoimentos colhidos em Juízo, corroborados pela
própria confissão do réu, não há dúvidas de que foram utilizados por parte do mesmo documentos falsos para tentar
se esquivar da Justiça. Vejamos:

POLIANA MENDES LEITE PESSOA (declarante – audiência realizada em 23/05/2018): “… Que sei que ele chegou a
usar outro nome, mas não sei a razão. Que depois que eu observei, ele disse que era porque teve uns problemas lá
na Bahia e queria uma nova vida aqui. Que não sei como ele adquiriu essa documentação, ele não me mencionou.
Que aqui em Aracaju, ele se identificava como EDSON e eu o apresentava às pessoas e indicava como EDSON. Que
ele adquiriu um carro em nome de EDSON, mas não sei como ele adquiriu ...”

DERINALDO ROMÃO BATISTA (testemunha do MP – audiência realizada em 23/05/2018): "Que nós


recebemos a informação de que esse cidadão encontrava-se aqui em Aracaju, um cidadão de alta periculosidade e
que ele possuía dois mandados de prisão, por assalto a banco e o outro por homicídio ... disseram até que ele tava
usando o nome falso de Edson Moura e que ele se tratava de Antônio Pessoa Galdino e que ele pertencia ao Baralho
do crime na Bahia ... Que ele tentou se identificar como Edson Moura, só que a gente já sabia. Que na hora da
identificação foi rápido ele pegou o documento e disse que era Edson Moura … que a gente já sabia que o carro
estava lá e verificou-se que o carro estava em nome de Edson Moura Santos … Que depois dissemos o motivo da
apreensão e exibimos o mandado de prisão, ele reconheceu que era o Antônio Galdino ... Que não houve resistência
do réu, que ele apresentou os documentos falsos ..."

O réu, em Juízo, assumiu à prática delitiva:

ANTÔNIO EDILSON PESSOA GALDINO (réu – audiência realizada em 23/05/2018): “ ... Que tirei o documento falso
e mandei minha família para aqui para poder continuar, sair da Bahia e viver uma vida tranquila. Que eu usava esse
documento falso em meu nome EDSON MOURA SANTOS há uns três anos. Que fiz o documento falso aqui no
Instituto de identificação de Sergipe, usando o documento EDSON MOURA SANTOS. Que paguei nesse instituto em
Aracaju pelo valor de R$8.000,00 (oito mil reais) e eles fizeram tudo e fiquei usando por 3 anos ...”.

Frise-se, por oportuno, que a ausência de laudo pericial não desconfigura o crime, desde que a
materialidade reste inequivocamente provada através de outros elementos, como foi o caso dos autos. Nesse sentido
a pacífica jurisprudência do STJ:

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. USO DE


DOCUMENTO FALSO.VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA COLEGIALIDADE. NÃO
OCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE PERÍCIA. COMPROVAÇÃO POR OUTROS
MEIOS DE PROVA. AGRAVO NÃO PROVIDO.1. Não viola o princípio da
colegialidade a decisão monocrática que, amparada em permissivo legal (art. 557do
CPC), deriva de exaustivo e qualificado debate sobre a questão jurídica objeto da
impugnação especial, em sentido coincidente com a pretensão recursal. 2. A
jurisprudência deste Superior Tribunal entende que, para a configuração do
crime previsto no art. 304do Código Penal, a perícia pode ser dispensada, na
hipótese de existência de outros elementos a embasar o reconhecimento da
falsidade do documento e do uso de documento falso.3. Agravo regimental não
provido. (Processo AgRg no AREsp 466831 PR 2014/0021793-0. Orgão Julgador.
T6 - SEXTA TURMA. Publicação DJe 13/05/2015. Julgamento 5 de Maio de 2015.
Relator Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ (negritei)

Desta forma, constato que, in casu, estão fartamente demonstradas a autoria e materialidade
delitivas.
I.c) DO CONCURSO MATERIAL

No caso sub judice, conclui-se que houve a prática delitiva em concurso material dos crimes de posse ilegal de arma
de fogo de uso permitido e uso de documento falso.

Segundo extrai-se das lições do renomado autor Rogério Greco, em sua obra Curso de Direito Penal – Parte Geral, “
o concurso material surge quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes
que tenham entre si uma relação de contexto, ou em que ocorra a conexão ou a continência, cujos fatos criminosos
poderão ser analisados em um mesmo processo, quando a final, se comprovados, farão com que o agente seja
condenado pelos diversos delitos que cometeu, ocasião na qual, como veremos a seguir, o juiz cumulará
materialmente as penas de cada infração penal por ele levada a efeito”.

Dessa forma, diante das condições analisadas, restou configurado o referido instituto jurídico, presente no artigo 69
do Código Penal.

DA DEFESA

As teses suscitadas pela defesa serão analisadas em momento oportuno, quando da aplicação da
pena.

Assim, inexistindo qualquer causa ou circunstância que exclua o crime ou isente de pena o acusado, sendo a conduta
desenvolvida pelo mesmo típica, antijurídica e culpável, merece, portanto, reprimenda e reprovação do Estado.

Infringida norma legal a reparação advém da aplicação da sanctio juris, como meio de repressão e de
prevenção.

II – DO DISPOSITIVO

Ante tais considerações, com base nos fundamentos acima expostos e por tudo que dos autos
consta, julgoPROCEDENTEo pedido contido na denúnciae, em consequência, condeno o réu ANTÔNIO EDILSON
PESSOA GALDINO,já qualificado nos autos, nas sanções do artigo 12 da Lei nº 10.826/03 e art. 304 do CP, na
forma do art. 69 do mesmo Codex, fixando em desfavor do mesmo a reprimenda abaixo justificada.
III – DA APLICAÇÃO DA PENA

QUANTO AODELITO DE POSSE ILEGAL DE ARMA DE FOGO:

Culpabilidadenormal à espécie; não há registro de antecedentes, conforme pgs. 422/423;


quanto a conduta socialnada consta nos autos; em relação à personalidadenão há elementos suficientes à sua
aferição; os motivos, não foram constatados; o acusado agiu em circunstânciasnormais de tempo e lugar;
consequências“extrapenais”são próprias do tipo; não há que se falar em comportamento da vítima, tendo em
vista a natureza do delito.

Em vista de tais ponderações, fixo a pena base em 01 (um) ano de detenção.

Presente a atenuante da confissão espontânea,contudo deixo de atenuar a pena em virtude de já se encontrar no


mínimo legal, em respeito à Súmula 231 do STJ. Não há agravantes.

Não concorrem causas de diminuição nem de aumento da pena, razão pela qual fixo-a em 01 (um) ano de
detenção.

Considerando as circunstâncias judiciais acima fundamentadas, bem como a situação econômica


do réu, condeno-o, ainda, ao pagamento de 10 (dez) dias-multa,no montante de1/30 (um trigésimo) do salário
mínimo vigente ao tempo do delito, corrigido na forma da lei.

QUANTO AO DELITO DE USO DE DOCUMENTO FALSO:

Culpabilidadenormal à espécie; não há registro de antecedentes, conforme pgs. 422/423; quanto à conduta social,
nada consta nos autos; com relação à personalidade, não há elementos suficientes à sua aferição; em relação aos
motivos, estes não foram constatados; o acusado agiu em circunstânciasnormais de tempo e lugar;
consequências “extrapenais”foram próprias do tipo; sobre o comportamento da vítima,não há vítima direta.

Considerando-se as circunstâncias judiciais acima delineadas, fixo-lhe a pena-base em 02 (dois) anos de reclusão.

Presente a atenuante da confissão espontânea,contudo deixo de atenuar a pena em virtude de já se encontrar no


mínimo legal, em respeito à Súmula 231 do STJ. Não há agravantes.
Também não constato causas de diminuição ou aumento de pena, razão pela qual permanece a mesma em 02
(dois) anos de reclusão.

Considerando as circunstâncias judiciais acima fundamentadas, bem como a situação econômica do réu, condeno-o,
ainda, ao pagamento de 10 (dez) dias-multa, no montante de1/30 (um trigésimo) do salário mínimo vigente ao tempo
do delito, corrigido na forma da lei.

DO CONCURSO MATERIAL ENTRE OS CRIMES

Diante do CONCURSO MATERIAL evidenciado segundo a prova dos autos, haja vista que os delitos, “porquanto
consumados em contextos fáticos distintos, restando evidenciada a existência de crimes autônomos, sem nexo de
dependência entre as condutas ou subordinação, não incidindo, portanto, o princípio da consunção.” (STJ – HC
92256/PB – Rel. Min. Laurita Vaz (1120) – T5 – Quinta Turma), aplico a regra do artigo 69 da Estatuto Repressivo, do
cúmulo material, segundo o qual são somadas as penas privativas de liberdade em que haja incorrido o réu, no caso,
apenas para fins de substituição por restritivas de direito, uma vez que possuem penas de natureza diversa (01 (um)
ano de detenção, além de 02 (dois) anos de reclusão).

Observando as circunstâncias judiciais, acima fundamentadas, condeno-o, ainda, na pena de multa


correspondente a 20(vinte)dias-multa, estabelecendo o valor do dia-multa em 1/30 (um trigésimo) do salário-mínimo
vigente à época do fato.

Vislumbrando as condições previstas no art. 44 e ss., do Código Penal,SUBSTITUO a pena privativa


de liberdade por duas penas restritivas de direito, nas modalidades deprestação pecuniária, com pagamento de R$
954,00 (novecentos e cinquenta e quatro reais), à entidade pública com finalidade social existente nesta cidade, a ser
definida por ocasião da audiência admonitória, no Juízo das Execuções; bem como deprestação de serviço à
comunidade, pelo prazo de 03 (três) anos, em local a ser definido pelo Juízo da VEMPA.

Diante da substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direito acima operada,
determino a imediata expedição de alvará de soltura em favor de ANTÔNIO EDILSON PESSOA GALDINO,
devendo ser posto em liberdade se por outro motivo não estiver preso. ATENTE-SE QUE CONSTA EM DESFAVOR
DO SENTENCIADO MANDADO DE PRISÃO ORIUNDO DA BAHIA.

Condeno o mesmo ao pagamento das custas processuais, conforme o artigo 804 do CPP,
cabendo ao Juízo da Execução avaliar seu estado de pobreza, para fins de isenção de custas processuais. Nesse
sentido a jurisprudência:

PENAL. ROUBO TENTADO. APELO DEFENSIVO. ABSOLVIÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA PARA


A CONDENAÇÃO. INOCORRÊNCIA. CONDENAÇÃO MANTIDA. PLEITO ALTERNATIVO. REDUÇÃO DA PENA.
IMPOSSIBILIDADE. MANUTENÇÃO DA CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO DAS CUSTAS PROCESSUAIS.
FIXAÇÃO DE REGIME MENOS GRAVOSO DO QUE O IRROGADO NA SENTENÇA. INOBSERVÂNCIA DO
DISPOSTO NO ART. 33, § 3º DO CP. RECURSO A QUE SE DÁ PARCIAL PROVIMENTO. 1- A confissão
extrajudicial e judicial do Réu, corroborada pelo testemunho arrolado pela acusação e pelo reconhecimento do
acusado pela vítima, formam conjunto probatório idôneo para manter a condenação do Apelante. 2. A atual condição
econômica do Réu não é suficiente para afastar a sua condenação no pagamento das custas processuais, amparada
no texto do art. 804 do Código de Processo Penal, tendo em vista que o referido pagamento poderá ficar sobrestado
enquanto perdurar o estado de pobreza do acusado, pelo prazo de cinco anos, quando então a obrigação estará
prescrita, conforme determina o art. 12 da Lei n.º 1.06050. Portanto, é na fase da execução que deve ser avaliada a
miserabilidade do beneficiário da justiça gratuita, para fins de isenção de custas processuais3. Consoante o disposto
no art. 33, § 3º do CP, o regime para o cumprimento da pena pode ser diverso daquele que encontra correspondência
objetiva com o quantum de pena irrogado, contudo, desde que devidamente fundamentada a sua necessidade.
(TJES, Classe: Apelação Criminal, 12080085280, Relator: SÉRGIO BIZZOTTO PESSOA DE MENDONÇA, Órgão
julgador: PRIMEIRA CÂMARA CRIMINAL, Data de Julgamento: 11/03/2009, Data da Publicação no Diário:
14/04/2009)(grifo nosso).

OUTRAS DISPOSIÇÕES:

Após o trânsito em julgado desta sentença,mantida a condenação:

a) Lance-se o nome do réu no livro de rol dos culpados, atendendo ao disposto no art. 5º. Inciso LXIII da CF/88,
procedendo-se o respectivo registro no sistema eletrônico;

b) Façam-se as devidas comunicações e anotações, inclusive à Justiça Eleitoral, para os fins do art. 15, inciso III, da
Constituição Federal;

c) Proceda-se com o cálculo da pena de multa aplicada, intimando-se, pessoalmente, o réu para o pagamento, no
prazo de 10 (dez) dias, consoante art. 50 do CP, bem como art. 377 da Consolidação normativa do Tribunal de
Justiça deste Estado;

d) Passados 10 (dez) dias sem o pagamento, oficie-se à Procuradoria do Estado de Sergipe para fins de execução da
pena de multa, nos termos do art. 51 do CP e art. 378 da Consolidação Normativa do Tribunal de Justiça deste
Estado;

e) Promova-se, em tempo e modo devidos, o envio da Guia de Execução Eletrônica à VEMPA.

Por fim, havendo nos autos a apreensão de bens compreendidos como arma de fogo e munições, determino que se
oficie à Gerência de Segurança para que acompanhe a remessa dos bens, juntamente com ofício de remessa ao
Ministério do Exército, através do Comando do 28º Batalhão de Caçadores, encaminhando-as.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Aracaju/SE, 07/06/2018
Documento assinado eletronicamente por Jumara Porto Pinheiro, Juiz(a) de 9ª Vara
Criminal de Aracaju, em 07/06/2018, às 12:05, conforme art. 1º, III, "b", da Lei
11.419/2006.

A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico


www.tjse.jus.br/portal/servicos/judiciais/autenticacao-de-documentos, mediante
preenchimento do número de consulta pública 2018001352974-15.

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