) ao deslocamento do eixo do processo produtivo do campo para a cidade e da
agricultura para a indústria; ao deslocamento do eixo do processo cultural do saber espontâneo, assistemático para o saber metódico, sistemático, científico, correspondeu o deslocamento do eixo do processo educativo de formas difusas, identificadas com o próprio processo de produção da existência, para formas específicas e institucionalizadas, identificadas com a escola (Saviani, 1991). O Ratio previa a figura do prefeito geral de estudos como assistente do reitor para auxiliá-lo na boa ordenação dos estudos, a quem os professores e todos os alunos deveriam obedecer (regra nº 2 do Provincial). Previa, ainda, quando a extensão e variedade do trabalho escolar o exigissem, um prefeito dos estudos inferiores e, conforme as circunstâncias, um prefeito de disciplina, subordinados, ambos, ao prefeito geral.
Regra nº 1 – É dever do prefeito organizar os estudos, orientar e dirigir as aulas,
de tal arte que os que as frequentam façam o maior progresso na virtude, nas boas letras e na ciência, para a maior Glória de Deus.
Regra nº 5 – Incumbe ao prefeito lembrar aos professores que devem explicar
toda a matéria de modo a esgotar, a cada ano, toda a programação que lhe foi atribuída. Durante horas de aula para as crianças, o papel do professor limitou-se à supervisão ativa de círculo em círculo, de mesa em mesa, cada círculo e cada mesa tendo à sua frente um monitor, aluno mais avançado, que ficava dirigindo. Fora destas horas, os monitores recebiam, diretamente dos professores, uma instrução mais completa, e não era raro ver os mais inteligentes adquirirem a instrução primária superior (Almeida, 1989). a) A organização administrativa e pedagógica do sistema como um todo, o que implicava a criação de órgãos centrais e intermediários de formulação das diretrizes e normas pedagógicas bem como de inspeção, controle e coordenação, isto é, supervisão das atividades educativas; b) A organização das escolas na forma de grupos escolares, superando, por esse meio, a fase das cadeiras e classes isoladas, o que implicava a dosagem e graduação dos conteúdos distribuídos por séries anuais e trabalhados por um corpo relativamente amplo de professores que se encarregavam do ensino de grande número de alunos, emergindo, assim, a questão da coordenação dessas atividades. (...) as chamadas habilitações técnicas não passavam de uma divisão de tarefas no campo da educação, passíveis, pois, de serem exercidas pelo mesmo profissional desde que adequadamente qualificado. A profissão, isto é, a atividade socialmente requerida, seria, igualmente, apenas um: o educador ou pedagogo. Administração, orientação, supervisão etc. seriam tarefas educativas que integram a lista de atribuições de um mesmo profissional: o educador.
GHANEM, Elie. Democracia - Uma Grande Escola. Alternativa de Apoio À Democratização Da Gestão À Melhoria Da Educação Pública. Guia para Equipes Técnicas.