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Artigo 21

Desinfecção com dióxido de cloro

Cristina Maria Martins Al mei da *

O dióxido de cloro (ClO2) tem vindo a ser utilizado na pré- nomeadamente no que se refere às propriedades físico-quí-
-oxidação e desinfecção da água para consumo humano, micas, tecnologias de produção (eficiência dos processos e
em alternativa ao cloro (Cl2). Pretende-se com este traba- avaliação da pureza do dióxido de cloro produzido), eficácia
lho descrever as vantagens e desvantagens associadas à sua da desinfecção e metodologias de monitorização do dióxido
utilização. Com este objectivo, organizou-se a informação, de cloro e dos respectivos subprodutos clorados.

Introdução sem nunca comprometer a desinfec- quais se encontram presentes frequen-


ção completa da água para consumo temente em concentrações entre 10 e
A qualidade da água de consumo hu-
humano. Em cada abastecimento há 100 µg/L.
mano pode afectar a saúde ou o bem-
que procurar o ponto óptimo entre o
-estar de uma comunidade de várias Nestes últimos anos têm-se criado leis
balanço a longo prazo dos riscos para
formas. A contaminação química pode que regulamentam os limites de trihalo-
a saúde procedentes dos subprodutos
estar relacionada com quantidades ves- metanos numa água para beber. Estas
da desinfecção com os riscos a curto
tigiárias de substâncias (especialmente regulamentações surgem como conse-
prazo procedentes da possível pre-
substâncias orgânicas) mas deve ser quência do conhecimento da presença
sença de microrganismos patogénicos
avaliada em relação a outros riscos para e origem dos trihalometanos na água,
na água.
a saúde associados à água de consumo, assim como das investigações epide-
nomeadamente, a transmissão de do- Na maioria dos países a cloração ainda miológicas e toxicológicas que confir-
enças (de origem bacteriana, vírica ou é o método de desinfecção mais utili- mam o seu potencial risco para a saúde
parasitária). zado, e em nenhum caso o seu papel pública. Um exemplo disso é a Directiva
é discutido. No entanto, devido à pro- Comunitária 98/83/CE de 3 de Novem-
Os surtos epidémicos a partir da água
blemática dos subprodutos clorados, bro destinada à água para consumo
distribuída são ainda uma realidade,
a maioria dos países, principalmente humano e transposta para o direito
mesmo em países onde se trata a água
os do norte e centro da Europa e os nacional através do DL 243/01 de 5 de
com um nível aceitável de qualidade.
Estados Unidos da América, têm subs- Setembro. Este decreto-lei exige que a
Na maioria dos casos a razão deve-se a
tituído o cloro por ozono ou dióxido soma da concentração em trihalome-
uma falha do processo de desinfecção
de cloro na fase de pré-oxidação, de tanos seja igual ou inferior a 150 µg/L
ou à ausência deste processo.
forma a diminuir o tipo e quantidade até 2008 e que a partir de 2008 este
A desinfecção da água potável é es- de subprodutos clorados formados. O valor seja inferior ou igual a 100 µg/L.
sencial para evitar a transmissão de cloro é apenas utilizado na fase termi- Por outro lado, este decreto-lei também
doenças, tanto nos países em vias de nal do tratamento de água, isto é, na inclui pela primeira vez a determinação
desenvolvimento como nos países in- desinfecção, de forma a garantir uma do bromato no controlo de inspecção.
dustrializados. No entanto, os poten- acção desinfectante residual na rede Devido à toxicidade dos bromatos, o re-
ciais riscos dos subprodutos da desin- de distribuição. ferido decreto-lei estabelece o valor pa-
fecção não podem ser ignorados, ainda ramétrico de 10 µg/L na água para con-
Dos vários subprodutos da cloração, os
que seja necessário investigar mais em sumo humano, de forma a assegurar a
que se formam em maior quantidade e
pormenor, não só, os seus efeitos como protecção da saúde humana.
que têm sido alvo de um maior número
também a sua eliminação da água,
de estudos são os trihalometanos. Os Em consequência desta legislação, as
trihalometanos que ocorrem mais fre- estações de tratamento de água desti-
*Faculdade de Farmácia da Universidade de
quentemente nas águas para beber são nada ao consumo humano tiveram que
Lisboa, Laboratório de Hidrologia e Analises Hi-
drológicas o clorofórmio, bromodiclorometano, di- avaliar as suas práticas de desinfecção
Av. das Forças Armadas, 1649-083 Lisboa bromoclorometano e o bromofórmio, os e de tratamento da água, e é de pre-
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ver que algumas técnicas de tratamento ridium num intervalo grande de valores − O dióxido de cloro é mais eficaz que
serão incrementadas, nomeadamente de pH, quando comparado com os valo- o cloro e que as cloraminas na inac-
as que conduzem a uma diminuição res obtidos com o cloro gasoso. No en- tivação dos vírus e dos protozoários,
dos bromatos e dos subprodutos clora- tanto, as doses de dióxido de cloro ne- como o Cryptosporidium e a Giardia.
dos, nomeadamente, os trihalometanos. cessárias para a acção virucida podem
− O dióxido de cloro oxida o ferro, o
A fase do tratamento onde possivel- ser de alguma forma condicionadas de-
manganês e os sulfuretos.
mente haverá mais modificações será vido à formação excessiva do ião clorito.
aquela onde ocorre a maior taxa de Nas águas superficiais, a capacidade do − O dióxido de cloro pode facilitar o pro-
formação de subprodutos clorados e de dióxido de cloro para inactivar a maioria cesso de clarificação.
bromatos, isto é, na pré-oxidação. Nesta dos vírus presentes neste tipo de águas
− O sabor e cheiro resultantes da degra-
fase, um dos processos alternativos será é comparável à do cloro [3].
dação das algas e da matéria vegetal,
a substituição do cloro por um oxidante/
A preocupação crescente com os proto- assim como a devida aos compostos
desinfectante alternativo. Este trabalho
zoários, nomeadamente, com a Giardia fenólicos, são controlados através da
pretende abordar uma destas práticas
e o Cryptosporidium, deve-se ao facto utilização do dióxido de cloro.
alternativas de desinfecção, nomeada-
mente, a utilização do dióxido de cloro. de serem parasitas perigosos do ponto
− Sob condições controladas de produ-
de vista de saúde pública, pois podem
ção (i.e., sem excesso de cloro), não
A primeira utilização do dióxido de cloro provocar disenteria e gastroenterites e
se formam os subprodutos da desin-
remonta ao início do século XX, quando porque nas doses usuais de cloro usa-
ele foi utilizado na desinfecção de uma fecção halogenados (por exemplo,
das na desinfecção estes não são des- trihalometanos).
estância termal em Ostende (Bélgica).
truídos ou inactivados.
Desde então, tem sido reconhecido − A produção do dióxido de cloro é
como um poderoso desinfectante da O dióxido de cloro também permite con- fácil.
água e na década de 1950 foi introdu- trolar a formação dos compostos res-
zido de forma gradual na desinfecção ponsáveis pelo sabor e odor na água, tal − As propriedades biocidas não são in-
da água para consumo humano, em como os clorofenóis, e oxida de forma fluenciadas pelo pH da água.
virtude de não originar alterações or- eficaz os respectivos compostos precur- − O dióxido de cloro garante uma acção
ganolépticas na água tão significativas sores. É também particularmente eficaz desinfectante residual.
quanto as provocadas pelo cloro. Numa na eliminação do ferro e do manganês
Estação de Tratamento de Água (ETA) o que se encontram dissolvidos na água, Por outro lado, são-lhe atribuídas as se-
dióxido de cloro tem vindo a ser usado sobretudo em águas subterrâneas. guintes desvantagens:
quer na pré-oxidação, quer na desinfec- − O dióxido de cloro forma subprodutos
Ao contrário do cloro gasoso, o dióxido
ção final. Em Portugal alguns dos siste- da desinfecção específicos, nomeada-
de cloro não reage com a matéria orgâ-
mas multi-municipais de tratamento de mente, cloritos e cloratos.
nica presente na água, nem com diver-
água já começaram a utilizar na pré-
sos compostos orgânicos e não origina − A eficiência do gerador do dióxido de
-oxidação o dióxido de cloro, como por
subprodutos clorados, como os trihalo- cloro e a dificuldade na sua optimiza-
exemplo, a ETA de Vila Nova de Santo
metanos (THM). Por esta razão, o dió- ção podem conduzir a um excesso de
André, a ETA das Fontainhas, a ETA do
xido de cloro pode ser uma boa alterna- cloro, o qual pode ser aplicado à água
Roxo (concelho de Aljustrel), a ETA de
Nossa Senhora do Desterro e as Águas tiva ao cloro gasoso quando se pretende e formar subprodutos da desinfecção
do Douro e Paiva. diminuir o nível de trihalometanos numa halogenados.
água para consumo humano [4].
O dióxido de cloro pode ser usado como − Os custos associados com a forma-
agente oxidante e também como agente Outra vantagem do dióxido de cloro é ção, a amostragem e os testes de
desinfectante. A sua aplicação tem, não oxidar o ião brometo a bromato ou monitorização do clorito e clorato são
porém, levantado algumas dúvidas, em a ácido hipobromoso, compostos que elevados.
grande parte relacionadas com o facto podem reagir com a matéria orgânica
− O dióxido de cloro não pode ser com-
de, durante a sua produção e após o originando subprodutos bromados.
primido ou armazenado comercial-
contacto com a água, dar origem a sub- Podem ser atribuídas ao dióxido de mente como um gás porque é ex-
produtos, nomeadamente, cloritos e clo-
cloro várias vantagens e desvantagens. plosivo sob pressão. Desta forma, ele
ratos, os quais podem ser nocivos para
No entanto, devido à grande variação na nunca é expedido ou comercializado
a saúde humana [1,2].
dimensão dos sistemas de distribuição, na forma gasosa, devendo ser gerado
A acção do dióxido de cloro como agente na qualidade da água e na dosagem in loco.
desinfectante é particularmente eficaz aplicada, algumas destas vantagens
− O custo da sua produção é elevado,
na erradicação da Giardia e de um ele- e desvantagens não se aplicam a um
quer em termos de instalação, quer
vado número de vírus. Este reagente tem determinado sistema de distribuição.
de pessoal e manutenção.
sido reconhecido como o mais eficaz na Regra geral, são atribuídas ao dióxido de
inactivação de bactérias e do Cryptospo- cloro as seguintes vantagens [3,5,6]: − O dióxido de cloro é fotossensível.
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− Em alguns sistemas pode dar origem Tabela 1 Estrutura molecular e propriedades físicas do dióxido de cloro
à formação de cheiros desagradáveis.

Dióxido de cloro
1. Propriedades Físico-Químicas Massa molecular 67,45 g/mol
Ponto de fusão -59 ºC (-75 ºF)
A 25 ºC e 1 bar, o ClO2 puro é um gás.
Ponto de ebulição 11 ºC (51 ºF)
Em solução, o ClO2 é fotossensível e
Solubilidade, 25 ºC (34,5 mm Hg) ~3 g/L
decompõe-se através dos radicais livres
Coeficiente de partição, 35 ºC (95ºF) 21,5
(ClO2• e ClO•) em ião clorato (ClO3-) e Absortividade molar, 360 nm 1225-1250 cm-1M-1
cloreto (Cl-). Dado o seu elevado grau de
instabilidade, o dióxido de cloro deve ser
Tabela 2 Estados de oxidação do cloro [5]
produzido no local em que vai ser utili-
zado, sendo produzido de acordo com a
Estado oxidação Espécies Fórmula
necessidade instantânea do composto.
+7 Ião perclorato ClO4-
A Tabela 1 apresenta uma lista das pro-
priedades físicas gerais do dióxido de +5 Ião clorato ClO3-
cloro [5]. +4 Dióxido de cloro ClO2

Nas soluções aquosas de dióxido de Ião clorito ClO2-


cloro existem normalmente várias es- +3
Ácido cloroso HClO2
pécies de cloro, as quais são subprodu-
tos da reacção do dióxido de cloro ou Ião hipoclorito OCl-
+1
precursores inerentes à sua produção. Ácido hipocloroso HOCl
A Tabela 2 apresenta as várias espécies
0 Cloro Cl2
de cloro que podem aparecer nos gera-
dores de dióxido de cloro. Além destas -1 Ião cloreto Cl-
espécies cloradas, há ainda a conside-
rar os radicais ClO2• e ClO•.
O dióxido de cloro é um composto neu- dade, indicando que o ião clorito existe
Uma das propriedades físicas mais im- tro, em que o cloro está no estado de como espécie dominante na água de
portantes do dióxido de cloro é a sua oxidação +4 (Tabela 2). A sua acção consumo humano.
elevada solubilidade em água, especial- desinfectante é em termos químicos
Apresenta-se de seguida, o potencial de
uma oxidação, no entanto, o dióxido de
mente em água fria. Contrariamente à oxidação-redução das principais reac-
cloro não actua como agente de clora-
hidrólise do cloro gasoso na água, o di- ções químicas envolvidas:
ção. Em elevadas concentrações, reage
óxido de cloro não se hidrolisa de forma
extensiva na água, permanecendo em
ClO2 (aq) + e- →
← ClO2- Eº = 0,954 V
solução na sua forma molecular. É apro-
ximadamente 10 vezes mais solúvel que ClO2- + 2H2O + 4e- →
← Cl- + 4OH- Eº = 0,76 V

o cloro (acima de 11 º C), extremamente -


ClO3 + H2O + 2e- → ← -
ClO2 + 2OH- Eº = 0,33V
volátil e pode ser removido das solu-
ClO3- + 2H+ + e- →
← ClO2 + H2O Eº = 1,152 V
ções aquosas diluídas por arejamento
suave ou recarbonatação com dióxido violentamente com os agentes redutores Na água de consumo humano, o ião
de carbono (por exemplo, amaciamento presentes no meio. Contudo, o dióxido clorito (ClO2-) é o subproduto predomi-
ou eliminação da dureza). Acima dos de cloro é estável em soluções aquosas nante, com 50 a 70% proveniente do
11-12 º C, o ClO2 encontra-se no estado diluídas quando armazenado num con- dióxido de cloro e 30% proveniente do
gasoso (Tabela 1). Esta característica tentor fechado e ao abrigo da luz [7]. clorato (ClO3-) e cloreto (Cl-).
pode influenciar a eficácia do dióxido de
A função do dióxido de cloro como O conhecimento das propriedades e re-
cloro quando se preparam vários lotes
agente oxidante altamente selectivo acções do dióxido de cloro, assim como
de solução para serem injectados em
deve-se ao seu mecanismo único de os avanços nas tecnologias de produção
determinados pontos da canalização. transferência de um electrão (e-), sendo e purificação do dióxido de cloro, têm
Outra dificuldade é a monitorização do reduzido a ião clorito (ClO2-). O pKa do permitido a utilização de um produto
dióxido de cloro na água, não só devido ião clorito, em equilíbrio com o ácido mais puro no tratamento da água para
à elevada volatilidade do composto, mas cloroso, é extremamente baixo a pH consumo humano, isto é, tem aumen-
também devido à presença de outros 1,8. Isto é completamente diferente do tado a eficiência de produção do dióxido
interferentes (nomeadamente, de outros par em equilíbrio ácido hipocloroso/ião de cloro, minimizando o tipo e número
compostos clorados). hipoclorito perto da zona de neutrali- de subprodutos formados [6].
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2. Produção de Dióxido de Cloro Tabela 3 Tecnologias de formação de dióxido de cloro [5]

2.1. Métodos
Processo químico Observações
Para o tratamento da água, os geradores
Solução de ião clorito/cloro gasoso;
comerciais de dióxido de cloro podem,
ClO2-/Cl2 Solução de ião clorito/cloro aquoso;
de uma forma simples, ser classificados
Clorito sólido/cloro gasoso
em três grupos: os sistemas baseados
na oxidação do ião clorito, os sistemas ClO2-/H+ Activação ácida
baseados na redução do ião clorato e os ClO3-/H+/Agente redutor Produção em grande escala
sistemas electroquímicos.
ClO3-/H2SO4/H2O2 Produção em pequena escala
Apresenta-se na Tabela 3 um resumo Electroquímico (ClO2-) Produção em pequena escala
das várias tecnologias de produção do
dióxido de cloro, verificando-se que a
produção de dióxido de cloro, quer a
partir do clorito (processo por oxida- Normalmente, o dióxido de cloro é pro- [Cl2O2] + H2O → ClO3- + Cl- + 2H+ (1g)
ção), quer a partir do clorato (processo duzido a partir da reacção do ião clorito
por redução), pode ser complicada. O com o cloro ou com o ácido hipoclo- As equações seguintes referem-se às
processo químico envolve precursores roso. reacções indesejáveis que levam à for-
(e.g., ClO2- líquido ou ClO3- na forma mação de ião clorato.
2ClO2- + Cl2(g)  → 2ClO2 + 2Cl- (1b)
sólida), agentes oxidantes ou redutores
(e.g., Cl2, H2O2), ácidos e células elec- ClO2- + HOCl → ClO3- + Cl- + H+ (1h)
2ClO2- + HOCl → 2ClO2 + Cl- + OH-
troquímicas e vários processos gasosos
(1c)
de mistura e extracção. Em qualquer ClO2- + Cl2 + H2O → ClO3- + 2Cl- + 2H+
As equações das reacções 1a, 1b e
um dos casos, o produto final contém (1i)
1c explicam como é que os geradores
ClO2.
podem ser diferentes, mesmo quando o No mercado também existem sistemas
Para um grande número das tecnologias precursor é o mesmo. Também indicam que utilizam o ião clorito, não na forma
usuais de produção, são geradas so- que alguns geradores requerem o con- aquosa, mas na forma sólida. Este sis-
luções de dióxido de cloro entre 0,1 a trolo de pH e outros não são dependen- tema foi desenvolvido para minimizar
0,5% para o tratamento da água para tes deste factor. Na maioria dos gerado- a presença de Cl2 no dióxido de cloro
consumo humano. res, a reacção de produção de dióxido formado. Em sistemas optimizados, o
de cloro envolve mais de um passo, isto teor de Cl2 no produto final é inferior
2.1.1. Produção baseada na oxidação é, há mais que uma reacção envolvida. a 1%. Este sistema consiste num leito
do ião clorito [5] Por exemplo, a formação e acção do cheio de clorito de sódio embebido em
ácido hipocloroso como intermediário substâncias estabilizantes e inertes.
Nas estações de tratamento de água, a
(resultante da reacção do cloro com a O cloro (Cl 2) humidificado e diluído
oxidação do ião clorito é o método mais
água) mascara frequentemente todas as passa através deste leito e reage com o
utilizado para a produção de dióxido de
reacções inerentes à produção do dió- ião clorito. Como o Cl2 e o ar estão a
cloro. Um dos primeiros geradores deste
xido de cloro. Por outro lado, a equação passar continuamente sobre o leito só-
tipo utilizava ácido para converter o ião
geral da reacção do ião clorito com o Cl2 lido, o dióxido de cloro é retirado à me-
clorito em dióxido de cloro. O processo
não mostra a importância da espécie in- dida que se forma e transportado para
pode ser descrito através da equação
termediária, Cl2O2. um tanque de armazenamento.
seguinte:

5ClO2- + 4H+ → 4ClO2 + Cl- + 2 H2O


ClO2- + Cl2 → [Cl2O2] + Cl- (1d) 2.1.2. Produção baseada na redução
(1a)
do ião clorato

A estequiometria desta reacção permite Para concentrações muito elevadas de Desde 1999 têm sido introduzidos ge-
verificar que 20% do reagente de par- reagente, a espécie intermediária forma- radores que utilizam o clorato de sódio
tida não origina dióxido de cloro. Isto -se muito rapidamente. (NaClO3) como agente precursor, o qual
significa que o ião clorito não é consu- é reduzido por uma mistura de água oxi-
mido na totalidade, isto é, apenas 80% 2[Cl2O2] → 2ClO2 + Cl2 (1e) genada concentrada (H2O2) e ácido sul-
é convertido em ClO2. Neste caso, uma fúrico concentrado (H2SO4). Estes gera-
taxa elevada de conversão não resulta [Cl2O2] + ClO2- → 2ClO2 + Cl- (1f) dores foram utilizados inicialmente nas
num elevado rendimento. Este exem- indústrias de pasta de papel (branquea-
plo permite demonstrar que o consumo Para baixas concentrações iniciais de mento) e só posteriormente começaram
do ião clorito não deve ser usado como reagente, forma-se primeiro o ião clo- a ser utilizados nas estações municipais
base para o cálculo do rendimento. rato. de tratamento de água [5,8].
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Estes sistemas usam H2O2 e H2SO4 em de sódio e hidrogénio. Para evitar a pos-
Concentração em ião
excesso para produzir dióxido de cloro, terior oxidação do ClO2 a ião clorato e [ClO2-] =
clorito, mg/L.
de acordo com as seguintes reacções: possivelmente a ião perclorato, o dióxido
Concentração em ião
de cloro é extraído do ânodo. [ClO3-] =
2ClO3- + H2SO4 + H2O2 → clorato, mg/L.
→ 2ClO2 + O2+ SO42- + 2H2O (2a) Outro método electroquímico de produ- Razão das massas
= moleculares dos iões
ção do dióxido de cloro inclui a produ-
A optimização do processo de produção clorito e clorato.
ção electroquímica de ácido ou de Cl2
de dióxido de cloro requer um excesso
como um meio de abastecimento de um
de ácido para a conversão eficaz do Este cálculo necessita da determinação
dos precursores químicos à célula.
ClO3- → ClO2. A razão H2O2/H2SO4 é individual de todas as espécies oxi-clo-
muito importante. As condições ideais Electrólise da água: radas. No entanto, esta fórmula ignora
para a máxima produção de dióxido a presença de cloro residual livre (Cl2,
2H2O → 4H++ O2 + 4e  - (3b)
de cloro não são necessariamente as HOCl, OCl-) e ião perclorato.
condições que minimizam a formação 5ClO2- + 4H+ → 4ClO2 + Cl- + 2H2O
2.3. Pureza do dióxido de cloro
de subprodutos. Em condições muito (3c)
acídicas, especialmente com H2SO4, o Electrólise do Cl-: A pureza refere-se à presença de impu-
clorato pode ser convertido em ião per- rezas produzidas ou transportadas atra-
2Cl- → Cl2 + 2e  - (3d)
clorato [5]: vés do sistema durante a produção do
2ClO2- + Cl2 → 2ClO2 + 2Cl - (3e) dióxido de cloro ou à presença de impu-
8HClO3 → 4HClO4 + 3O2 + 2H2O + 2Cl2
rezas na solução de dióxido de cloro.
(2b)
Por outro lado, as soluções comerciais Quando se usa um sistema de purga A expressão seguinte (baseada na re-
de clorato de sódio (NaClO3) apresen- gasosa para transferir o dióxido de cloro lação de massas) representa, através
tam ião perclorato, o qual pode passar do ânodo para o tanque de armazena- de uma equação simples, o cálculo da
para o tanque de armazenamento du- mento, os operadores devem estar aler- pureza de dióxido de cloro produzido
rante a produção do dióxido de cloro. tados de que o ácido e possivelmente numa grande variedade de geradores
o Cl2 podem ser nebulizados ou mis- de dióxido de cloro [5,6].
Podemos constatar que um gerador
turados juntamente no tanque de ar-
deste tipo, mas de menor dimensão, é
mazenamento. Por outro lado, devem
potencialmente aplicável em estações
estar alertados para que, a eficiência e
de tratamento da água para consumo
durabilidade da célula electroquímica
humano, com a finalidade de diminuir
dependerá da sua limpeza periódica,
os custos associados à produção de di-
de forma a remover-lhe as impurezas da
óxido de cloro. No entanto, os requisitos O FAC representa o excesso de cloro
superfície dos eléctrodos.
inerentes a uma água de consumo hu- no efluente do gerador, assim como as
mano, a presença de H2O2 no efluente 2.2. Eficiência da conversão espécies relacionadas com o ClO2- e é
do gerador (não recomendado como expresso através da seguinte expressão
Os geradores de dióxido de cloro são
desinfectante), o aumento da acidez [5,6]:
programados de forma a obterem a má-
(controlo da corrosão) e a formação
xima produção (rendimento) de dióxido
de ClO4- (risco potencial para a saúde)
de cloro, minimizando por outro lado a
têm impedido a aceitação deste proce-
formação de cloro livre ou outros com-
dimento para a produção de dióxido de
postos oxidantes residuais. Geralmente
cloro [5].
o rendimento destes geradores é supe-
2.1.3. Sistemas electroquímicos rior a 95%. Por outro lado, o excesso de
cloro deve ser inferior a 2% (m/m) no
Há vários anos que existem no mer- Onde:
efluente do gerador.
cado sistemas electroquímicos para a
estequiometria e
produção de dióxido de cloro. Concep- O rendimento do gerador é definido pela = razão das massas
tualmente, estes geradores são muito seguinte expressão [5,6]: moleculares do Cl2
e ClO2-.
simples.

Electrólise directa [5,6]:

2ClO2- + 2H2O → 2ClO2 + 2OH- + H2 2.4. Geradores comerciais de dióxido


(3a) de cloro

É introduzida na célula electroquímica a A Tabela 4 apresenta de forma resumida


Onde:
solução de NaClO2. No ânodo ocorre a as reacções e as principais característi-
electrólise directa do ClO2- para formar Concentração em dióxi- cas dos geradores comerciais de dióxido
[ClO2] =
ClO2. No cátodo, é produzido hidróxido do de cloro, mg/L. de cloro.
26

2.5. Acção do dióxido de cloro e O cálculo dos valores de Ct para o dió- pida ou através da purga nas bacias de
pontos de aplicação xido de cloro é semelhante ao dos ou- recarbonatação. Devem ser incluídos
tros desinfectantes, isto é, determina-se pontos de amostragem amplos de forma
A eficácia da desinfecção pode ser ava-
a concentração de desinfectante resi- a permitir uma monitorização apertada
liada através da determinação do valor
dual e o tempo de contacto efectivo. Na
de Ct (mg.min/L) a uma determinada das concentrações de desinfectante
prática, verificou-se que devido à natu-
temperatura, o qual representa a con- residual. É do conhecimento geral que
reza volátil do gás, o dióxido de cloro
centração (C, mg/L) e o tempo de con- o dióxido de cloro é destruído pela ra-
actua extremamente bem nos reactores
tacto (t, minutos) do desinfectante a de fluxo assim como nas condutas de diação ultravioleta nas bacias expostas
uma dada temperatura, necessário para distribuição. Pode ser removido das so- à luz. Deste modo, se é esperado este
inactivar uma determinada percenta- luções aquosas diluídas por arejamento tipo de exposição, o desenho das bacias
gem de microrganismos. turbulento nos tanques de mistura rá- deve apresentar formas de protecção.

Tabela 4 Geradores comerciais de dióxido de cloro

Tipo Reacções principais Atributos especiais

4HCl + 5NaClO2 → 4ClO2(aq) + ClO3-


Ácido-Clorito • pH baixo
Máximo rendimento a ~80% eficiência.
(Activação ácida) • Possível formação ClO3-
• Velocidade de reacção lenta

Cl2 + H2O → [HOCl/HCl] Excesso de Cl2 ou ácido para neutralizar o NaOH.


[HOCl/HCl] + NaClO2 → Elevada conversão com taxa de rendimento de 80-
→ClO2(g) + H/OCl- + NaOH + ClO3- 92%.
Cloro aquoso-Clorito • pH baixo Efluente mais corrosivo inerente aos valores baixos
• Possível formação ClO3- de pH (~2,8-3,5).
• Velocidade de reacção Três sistemas de bombas para a câmara de
relativamente lenta reacção: HCl, hipoclorito, clorito e água de diluição.

Para a sua eficiência máxima requer uma


Cloro aquoso reciclado ou 2HOCl + 2NaClO2 → 2ClO2 + Cl2 + concentração de clorito de aproximadamente ~3g/L.
“French loop” +2NaOH
(Solução saturada de Cl2 O rendimento é de 92-98% com um excesso de
via um loop de recirculação • Necessita de um excesso de cloro de ~10%.
antes de haver mistura com Cl2 ou HCl para neutralizar o Muito corrosivo para as bombas; requer calibração.
a solução de clorito). NaOH formado. Após mistura necessita de um tanque de
maturação.

Cloro gasoso-Clorito
Cl2(g)+ NaClO2(aq)→ ClO2(aq)
(Cl2 gasoso e solução de Efluente com pH próximo da neutralidade. Não
NaClO2 a 25%; injectados necessita de excesso de Cl2. O rendimento é de 95-
• pH neutro
para uma câmara de 99% com um excesso de cloro inferior a 2%.
• Reacção rápida
reacção).

Cloro gasoso-Matriz de clorito


de sódio
Cl2(g)+ NaClO2(s)→ ClO2(g) + NaCl
O Cl2 gasoso diluído com N2 ou ar filtrado produz
(Cl2 gasoso humidificado é
• Velocidade de reacção rápida ~8% de ClO2 gasoso. Rendimentos > 99%.
bombeado através de uma
• Tecnologia nova
matriz estável contendo
clorito de sódio sólido).

Electroquímico

(Geração em contínuo de NaClO2(aq)→ ClO2(aq) + e- Corrente de água morna em contra-corrente aceita


ClO2 a partir de uma solução o dióxido de cloro gasoso produzido na célula o qual
a 25% de clorito de sódio • Tecnologia nova atravessa uma membrana permeável ao gás.
reciclada através de uma
célula de electrólito).

2NaClO3 + H2O2 + H2SO4 → 2ClO2 + O2+


+ NaSO4 + H2O
Usa H2O2 e H2SO4 concentrados.
Ácido/Peróxido/Cloreto
pH baixo.
• Velocidade de reacção rápida
• Tecnologia nova
27

2.5.1. Desinfecção 2.5.3. Oxidação do ferro está bem definido qual o processo pri-
e do manganês mário de inactivação dos microrganis-
Antes de se seleccionar o dióxido de
mos pelo dióxido de cloro, se devido à
cloro como desinfectante deve ser de- O dióxido de cloro reage com as formas
actuação nas estruturas periféricas se à
terminada a carência em oxidante da solúveis do ferro e do manganês para
sua actuação sobre os ácidos nucleicos.
água a tratar. Idealmente, este estudo formar compostos insolúveis (precipita-
Talvez as reacções em ambas as regiões
deve considerar as variações sazonais dos) que podem ser removidos através
contribuam para a inactivação dos mi-
na qualidade da água, temperatura e de sedimentação ou filtração. Cerca de
crorganismos patogénicos.
pontos de aplicação. O MRDL (Maxi- 1,2 mg/L de dióxido de cloro são neces-
mum Recommended Dose Level) para sários para remover 1,0 mg/L de ferro, O segundo tipo de mecanismo de desin-
o dióxido de cloro é 0,8 mg/L e o MCL enquanto que para remover 1,0 mg/L fecção centra-se no efeito do dióxido de
(Maximum Concentration Level) para o de manganês são necessários 2,5 mg/L cloro nas funções fisiológicas. Tem sido
clorito é de 1,0 mg/L [2,9]. Isto significa de dióxido de cloro. Para concentrações sugerido que o primeiro mecanismo de
que se a carência em oxidante for supe- elevadas de ferro e manganês, a aplica- inactivação seja a interrupção da síntese
ção do dióxido de cloro está limitada à proteica [15]. Contudo, estudos poste-
rior a 1,4 mg/L, o dióxido de cloro não
formação de 1,0 mg/L dos iões clorito/ riores revelaram que o mecanismo pri-
pode ser usado como desinfectante por-
clorato como subprodutos da desinfec- mário de inactivação não é a inibição da
que a razão dos iões clorito/clorato pode
ção. O ião ferroso pode ser adicionado síntese proteica mas sim a alteração da
exceder o nível máximo permitido, a
antes do processo de coagulação con- permeabilidade da membrana celular
não ser que os subprodutos inorgânicos
vencional de forma a reduzir o ião clorito [16]. Os resultados deste estudo foram
(e.g., clorito) sejam subsequentemente
(a ião cloreto) e aumentar a eficácia do confirmar os resultados já obtidos por
removidos.
processo de floculação na globalidade Olivieri [12] e Ghandbari [14], os quais
As doses típicas de dióxido de cloro usa- [6]. verificaram que as proteínas e lípidos
das na desinfecção da água de consumo da membrana eram suficientemente
2.6. Inactivação dos microrganismos
humano variam entre 0,07 e 2 mg/L. alterados pelo dióxido de cloro, devido
patogénicos e eficácia da desinfecção
Nas estações de tratamento que usam o a um aumento da permeabilidade da
dióxido de cloro, a concentração média O dióxido de cloro é um oxidante forte membrana.
de ião clorito e clorato variam entre 0,24 e um desinfectante. Os mecanismos de
Têm sido realizados vários estudos para
e 0,20 mg/L, respectivamente, embora desinfecção não são bem conhecidos
avaliar o efeito do pH, temperatura e
o valor de referência seja de 1,0 mg/L mas actuam sobre uma grande varie-
matéria em suspensão na eficácia do
[2,9]. dade de microrganismos [1,3].
dióxido de cloro como desinfectante.
2.5.2. Controlo do sabor e do cheiro Para baixas concentrações de dióxido de Apresenta-se de seguida, de forma
cloro, nomeadamente nas concentrações muito resumida, a influência destes três
A fase do tratamento onde se deve utilizadas no tratamento das águas para factores na inactivação dos microrganis-
aplicar o dióxido de cloro depende da consumo humano, não foram observa- mos patogénicos.
qualidade da água bruta, do tipo de dos grandes danos físicos nas células
O pH tem uma influência muito menor
tratamento utilizado na estação de tra- bacterianas ou nas cápsulas virais. No
na inactivação dos vírus e quistos com
tamento e de outros objectivos relacio- entanto, os estudos têm-se centrado nos
o dióxido de cloro do que com o cloro,
nados com a aplicação do dióxido de dois mecanismos mais plausíveis que
para valores de pH entre 6 e 8,5. Contra-
cloro. Nas estações de tratamento con- permitem a inactivação dos microrganis-
riamente ao que acontece com o cloro,
vencionais recomenda-se a utilização do mos: reacção química específica entre
a inactivação do poliovírus I e dos quis-
dióxido de cloro próximo do fim do tra- o dióxido de cloro e as biomoléculas e
tos da Naegleria gruberi [6] pelo dióxido
tamento ou a seguir às bacias de sedi- acção do dióxido de cloro sobre as fun-
de cloro aumenta com o pH. Os resulta-
mentação. Se a turvação da água bruta ções fisiológicas dos microrganismos.
dos dos estudos relativos à inactivação
for baixa, por exemplo, inferior a 10 UNT
De acordo com o primeiro mecanismo da E. coli não são conclusivos. Embora
(Unidades Nefelométricas de Turvação), de desinfecção, o dióxido de cloro reage hajam estudos antigos que demonstrem
o dióxido de cloro pode ser adicionado com os aminoácidos cisteína, triptofano que a inactivação pelo dióxido de cloro
no início do tratamento da água. Esta e tirosina, mas não reage com o ácido aumenta com o aumento do pH, estu-
utilização permite o controlo do cresci- ribonucleico viral (RNA) [10]. Nesta in- dos mais recentes demonstraram que
mento das algas durante a floculação e vestigação, conclui-se que o dióxido de a actividade bactericida do dióxido de
nas bacias de sedimentação expostas cloro inactiva os vírus devido à alteração cloro não é afectada para valores de pH
à luz. Tal aplicação terá maior sucesso, proteica da cápsula viral. No entanto, o entre 6,0 e 10 [6]. Um estudo com o
se for efectuada durante os períodos de dióxido de cloro reage com o poliovírus Cryptosporidium revelou que a inactiva-
menor luminosidade, não só porque o RNA e impede a síntese de RNA [11-13]. ção dos ooquistos pelo dióxido de cloro
crescimento das algas será menor mas Também tem sido demonstrado que o é mais rápida a pH 8,0 do que a pH 6,0.
também porque o dióxido de cloro será dióxido de cloro reage com os ácidos Para um valor de Ct semelhante, o nível
mais estável [6]. gordos livres [14]. Neste momento, não de inactivação a pH 8,0 é aproximada-
28

Tabela 5 Valores de Ct (mg.min/L) para 99% de inactivação a 5 ºC [1]

Organismo Desinfectante
Cloro livre Cloraminas Dióxido de cloro Ozono
pH = 6-7 pH = 8-9 pH = 6-7 pH = 6-7
E. coli 0,034 – 0,05 95 – 180 0,4 – 0,75 0,02
Poliovírus tipo 1 1,1 – 2,5 768 – 3740 0,2 – 6,7 0,1 – 0,2
Vírus Hepatite A 1,8 ca 590 1,7 –
Rotavírus 0,01 – 0,05 3810 – 6480 0,2 – 2,1 0,006 – 0,06
Giardia lamblia, quistos 47 – >150 – – 0,5 – 0,6
Giardia muris, quistos 30 – 630 – 7,2 – 18,5 1,8 – 2,0
Cryptosporidium parvum, oocistos – – 6,5 – 8,9 < 3,3 – 6,4
Oocistos de Cryptosporidium 7,7x10 6 - 8,7 x 10 6 – – –
(fezes humanas)

mente o dobro do obtido a pH 6,0 [17]. cloro mas menos eficaz que o ozono nação do dióxido de cloro [5] porque
Outro estudo revelou que a eficácia do (Tabela 5). as espécies de DPD oxidadas que são
dióxido de cloro para a inactivação dos quantificadas a 515 nm podem con-
Por estes dados, podemos afirmar, que
quistos da Giardia aumenta com o au- tinuar a reagir com o dióxido de cloro,
o desinfectante mais eficaz é o ozono,
mento do pH. Este efeito pode ser expli- dando origem a um composto incolor
na gama de pH 6-7.
cado através das alterações na estrutura (i.e., há perda da cor já formada). Na
química e física dos quistos da Giardia É necessário referir que os protozoários água tratada, além do dióxido de cloro
pelo aumento do pH e não pela altera- são mais resistentes à desinfecção do temos também o ião clorito e o cloro re-
ção da actividade do dióxido de cloro a que os restantes microrganismos tes- sidual livre como desinfectante residual.
diferentes valores de pH. São necessá- tados, mas o ozono continua a ser o Sendo assim, em cada amostra de água
rios mais estudos para esclarecer a in- agente desinfectante mais eficaz mesmo (i.e., efluente do gerador de dióxido de
fluência do pH na eficácia do dióxido de nestes casos. cloro, água à saída da estação de trata-
cloro [6,18]. mento e água da rede de distribuição)
3. Métodos analíticos
tem que se determinar o ião clorito e a
Tal como acontece com o cloro, a efi-
O Standard Methods [6,19] propõe nu- interferência do cloro. O método da Lis-
cácia da desinfecção com o dióxido de
merosos métodos analíticos para a me- samin Green B e o método de Amarante
cloro diminui com a diminuição da tem-
dição das espécies cloradas que acom- utilizam um sistema tampão de amónia/
peratura. LeChevallier [17] demonstrou
panham a produção do dióxido de cloro. cloreto de amónia que elimina a poten-
que reduzindo a temperatura de 20 ºC
Existe uma certa confusão em torno cial interferência do cloro e é um dos
para 10 ºC diminuía a eficácia da inac-
destes métodos assim como nos testes métodos a escolher. Deste modo, o ião
tivação do Cryptosporidium pelo dióxido
de campo disponíveis para o efeito. De- clorito não é interferente em nenhum
de cloro em cerca de 40% e que estes
vido à falta de especificidade de alguns destes métodos. Contrariamente a estes
resultados são semelhantes aos obtidos
métodos, nomeadamente dos métodos dois métodos, o método do vermelho de
com a Giardia e com os vírus.
de oxidação (e.g., iodométrico, dietil-p- clorofenol sofre interferência do clorito e
A matéria em suspensão e a agrega- -fenilenodiamina), eles apresentam ele- do cloro residual, embora a interferên-
ção dos microrganismos patogénicos vada interferência. cia do cloro residual possa ser eliminada
afectam a eficácia da desinfecção pelo através da adição de ácido oxálico. No
A determinação exacta do dióxido de
dióxido de cloro. A protecção contra a entanto, não nos podemos esquecer
cloro e dos respectivos subprodutos
inactivação pelo dióxido de cloro foi que, mesmo estes métodos relativa-
clorados requer uma metodologia ana-
determinada avaliando a acção sobre mente selectivos podem sofrer interfe-
lítica com uma maior selectividade e
amostras contendo bentonite como rência das multi-espécies cloradas que
precisão. Dos vários métodos existen-
padrão de turvação: a protecção foi de podem ocorrer nas soluções de dióxido
tes, foram largamente usados três mé-
11% para amostras com uma turvação de cloro, pelo que os métodos deverão
todos colorimétricos para determinar a
≤ 5 UNT e de 25% para amostras com descriminar/distinguir o dióxido de cloro
concentração residual em dióxido de
uma turvação entre 5 e 17 UNT [6]. dos restantes compostos. Um dos mé-
cloro: método da Lissamina Green B
todos consiste na análise do dióxido de
Desde 1944 que se tem investigado a (LGB) [20], método de Amarante [21] e
cloro após difusão deste através de uma
eficiência da acção germicida do dió- método do vermelho de clorofenol. Cada
membrana selectiva [22].
xido de cloro aplicado no tratamento um destes métodos é capaz de deter-
das águas de consumo. Normalmente minar o dióxido de cloro em concentra- Sendo assim, o método de eleição para
esta comparação é feita com a acção ções na ordem dos 0,1 mg/L. O método a determinação dos subprodutos clora-
do cloro e do ozono. O dióxido de cloro colorimétrico da DPD (dietil-p-fenileno- dos em concentrações na ordem dos
é um desinfectante mais eficaz que o diamina) não é adequado à determi- 0,1-1 mg/L é a cromatografia iónica.
29

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Actualidades Científicas

Um dos gigantes dos edulcorantes ar- citária desta última que inclui a frase «feito ter vindo a perder terreno para a sucralose,
tificiais nos Estados Unidos, a Merisant de acúcar, pelo que sabe a açúcar». que actualmente detém 62% do mercado
– que comercializa aspartame sob as mar- norte-americano. O julgamento da contro-
A sucralose, ou mais concretamente a 1,6
cas comerciais Equal e NutraSweet – o versa frase, que segundo a Merisant induz
– dicloro- 1,6 – didesoxi – ß-D-fructofura-
equivalente em Portugal será o Canderel os compradores a pensar que sucralose é
nosil-4-cloro-4-desoxi-ß-D-galactopiranosí-
– processou o outro gigante do mercado, mais «natural» que os adoçantes concor-
deo, é um derivado da sacarose, o acúcar
a McNeil Nutritionals, que comercializa rentes, contará com a presença de quí-
comercial, em que três grupos hidroxilo
sucralose com o nome Splenda – em Por- micos que defenderão a causa de ambos
foram substituídos por cloro.
tugal a sucralose é comercializada pela os lados. Isto é, num inédito nos Estados
Linea. Em causa está a campanha publi- Quimicamente, o aspartame é N-L-alfa-as- Unidos, as testemunhas de acusação e de
partil-L-fenilalanina 1-metilester pelo que a defesa serão principalmente químicos!
Merisant não pode usar o equivalente na
sua propaganda porque não teria o mesmo
efeito dizer que o aspartame é feito de
ácido aspártico e fenilalanina.

Mas no cerne da questão está o facto de


que o aspartame, que já foi lider incontes-
sucralose tado do mercado dos adoçantes artificiais, aspartame

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