Vous êtes sur la page 1sur 50

Período Helenístico I

Aula 6

por Olavo de Carvalho

coleção

História
Essencial da
Filosofia
por Olavo de car!âlho

Coleçâo Hislôria Ess.nclál da Filosofia

AcoDrpanha esta publicaçâô uú DvD,


que nâo pô.ie ser vendid. scparrdameilc

Impre$o no Brasil, dedmbn, dc2006


Copyrighl o 2003 hy Olavo dc Carvâlho

Folo Olalo de CaNalho

Edlor
Edson Manoel de oh,eira Iilho

Moniq!€ schcnkcls c Dagnar RizTol,)

Da8ui Design

]êreza Mâúá LourcnÇo turcira

Os diritos d.sa cdiçáo pcricrccnr i

cEP, 04009-970 - §ào Paulo SP


Teleilx, (ll) 5s72-s563
E únil ca.fercalizàcoes @nr br
www úcâlizáco.s «!n br

todosnsdkeiros deíx ohrJ Pniihida rlda c qoalqucr rcprodrçao d.Í. cilçar Ítr
Roservados
qualqrermelo.u lônna sej cLaeleh.ônicà ou DccániF, toLocópla, grava(áo.u qu{lqú0r fri.r.

i
Período Helenístico I
Aula 6

por Olavo de Carvalho

coleçáo

História
Essencial da
Filosofia
I
1
(lroçax) Histó.iâ trssencial da Filosofiâ
Período Helenístico I - Aula 6
por Olavo de Carvalho

t,ogo no corneço do curso dissemos que a História da Filosofia nao


scguia uma linha nítida, rnüito menos uma linha predeterminada; q!e
não era possivel reaiiz a âmbiçáo hegeliana de reduzir todo o desen-
volvimento da Hisiória da Filosofia a uma espécje de raciocínio úrico,
unra espécic de macrossilogismo dialético com comeÇq meio e fim. o
qual cülmináriâ no próprio Hegel; e que havia â interlerência constante
de tàtores de ordem extraÍilosófica. Um desses faiores entra em cenalogo
àpós esse período clássico que já àbordamos. isto é, Iogo âpós a formaçáo
dessâs duas grandes sínteses, que sáo o pld,o,?isma eo ari staíeLisno.
Áté aí vemos que o cu$o da História da Filosofia tinha de fato seguido
unla linha coerente. mas que isto só irconteceu potqle é uma históda
.únlirua quer diler hatia a (one\do enl.e a. gc'acõcs. a pas'apelr
direia do legado de umâ geração pam â outra: Plaiào é aluno de Sócrâ
tes. e Adslóteles é aluno de ?latáo. Temos aí eraiamente três gerâções
Nesse caso. náo é difícil identificâr uma evoluçáo contínua - mesmo
porque, dumnte esse periodo. náo hollve modificaçôes substanciâis do
pânorama histórico. Isto significa que. dentro de uma situaçáo mais
ou menos esiável, três gerações puderâm prosseguit o trabalho de
uma maneira regular, passando do simples errunciado de uma ambiÇáo
fi1osófica. de uIn projeto filosófico, por Sócrâies, a todo aquele mundo
platónico já estrutürado e a todo o sistema dâs ciências montado por
Âristóteles. não como um projeto, mas já como uma obra em pleno
curso de rcalizaçáo.
O número de investigações que Adstóteles inaugurâ e leva a bom
termo é muito impressionante, Ele pessoâlmente fez a descÍiçáo de
cluTenl.rs espécies animais. c isso sllpcrâ o qüc cluâLquer biólogo trabÍr
lhâlrdô cm ielnFo integral curscguc liuer hoic. ârrcditava,
cenâmLir1ic. quccssc coriulrio organilalto clc
^rist(itclcs
iIvc!tigoçõcsqucelc tinha
irrêururad., iriã prosscguir ao longodos lcnriros.le unra maneira aisou
nrcnos unilon e, .lerlr'o da sLIa pr(rp iâ cscoh c nos cúculos plai(lnicos
dc nrodo gcml. Elc serrpre se corside()u um nr$nbru do cnrLLk) plalô-
nico, e o Liccu aristotólico nanr Litln ouiro correço independente. mas
,I r.,if \ fr i.r'!
r (n ud.'. 11'l' nl ..",..,1\êú
"' .-, L lr't.r,
,

âlgunras ccntcras dc pcssoas c r(l(Ilitava n]uito Do trabalho orgâni-


zado. no imbalho dc grupo, I,)s bols rlrslll&los !l colaborlcáL)
Ilrisle Lrm livro seu qur s. chlnrr a)í.ri/oes, qLLC saú r ilharcs dc
pcrguntas, e nós nos ferguntanros p0 quc o ttrj!ito jria iãzer uln Inro
intciro só conr pcrtunrâs, scnr ncnhurnâ rcsposLa, sc ,rqUilo nào losse
ulnprograma detrabalho. EIc csiar cll lciarido.tucslaus qLr! acha digfas
de sorcrn inve5tigirdÀs, porquc icria nnpossivcl acrc(litâr qrLe clc rncsrn.)
lossc dcscobrir iüdo aqDilo ern vida A prí)priâ e\istôncia dcssc iextú
nos nlostra quc Aristótclcs iinha nlgurna idóiâ da possibilidade de pros
seguünento normal dâs atividadcs invcstigâtivâs como â de qLrakluer
instiiuto dc pesqLlisas nrod€nro que dura celll. duzertos, trezentos anos.
dentro do qral os conhccimcnros adqlrldclos nurüa geraçáLr stur passados
à outra e lhe servem dc basc.
Logo após esse período, vcnr a inkrvcnçào dc latdcs quc náo tôrr
absolutanrcntc uadr â vcr colr a llk)iolia. rn§ (luc nrodilicam (lc tal nrcdo
o panorama quc iudo isso quc cstudallx)s r(,D o r0N dt t ulolisiloe
zdsÍrelislro de repente se tornâ nrais csqLLisito pam os girgos do quc o
é para nós. Hojc, pâssados dois rril c.tuatrocurlos nos s(,nos c,rpazcs
de reconstituir csscs dois crlifÍcios conr os !loillcrlos qLrc ddes sohraram
e conpreender perleiiamentc a ilrtcnçtio conr !uo I)rârn cr)rsirui.bs, ris

objctivos qre csrâvârr ali sobentendidos e quíis as larelàs cicntiücas quc


eles nos impõcm. Nocniantír, apcnas xnrâgelaçitodcpois de Arislóteles
' rr lü í irillrl(lo ronrpletnnicnle estrânho à nrente ilrcga. Essc é
fu,i ( i,.i r ,
's
(1. csqu.cirncrno colctivo c dc pcrclâ, corlplcta mcsrro. de
L,i,r t1rri. àl:lquiÍidos E uma vcrda.lcira calisllo[e cogniliva
rir)s
lslo rLr(nrtccc a pâúir das invasaes empreendid.ls por Alcxândrc,
,, ( i ,r r(lc. (trrj. pr)r lronia, hâviâ sido aluno dc Aristóteles quan(lo
L r,Ir(r iirha um sonho: unlâ espécie c]e "monarquia uni-
^lc{ndrc
!L rsrl '. nronarqria únicâ. o trnpério universai E l]lc dl: Iaio consciluc
Iorriu lc 'iló.ios imenÍrs e r volta. O lnpório já cstava pmticâllrenlc
rss.rrlrdo cnr suas bâscs .ecográficas quando ele lnorre lsso qucr dizer
(tIo, do scu projclo de construção só loi leita â pârtc nirgâtivâ, a pâric
(lrslrutiva: deslntir ludo que tinhâ enr voltâ para dcpois lanqar novas
hascs Quândo chcgou a hora de lançar as novas b.rses, Ale\ândr€
llr(,rrcu, rnuito joven, erltiro o lnpério loi unr proieio âborlado. lá na
suâ lãse de inlpLantaçao, el€ linhâ desmoniâdo as \,árias cstruluras
p(níiicâs de iodâs as cidacles quc lÉviâ ocupôdo. Nisso desaparece d

,/Í1is, a cidâdc'estado independeDle, qlre era à hâse da orgarizaÇão


rrcgâ câda uma delas c(,n as süâs leis, coff o scn parlantcnto, em
surlrâ, conr uma vida pdítica bcrn oreanizada. E tudo isso desapâreceu
j,r na làsc das nrvâsa)es.

QuandoAlexândre morre. o negócio piora âinda Inâis. porque havia


unra sé e de reinos €nr t,oliâ, c câda um tonlou para si uma pârte dos
ierritririos conquistados por ele. Flavizr monàrquias no Egiio, na Síiâ,
ctc . e cadaumâ lbipegandoün pedaço, comoqu€ dividindo o cadávcr da
vítimâ. Í1, naturêlmenie. esses reis implantara]n, cm todos os terriiórios
qup r, nri'alL I'I Ipo dc,nor.rqur- ab.ulrri' qur j., c,d,i "e5i Ir qrc
linhârnnos seus respectivos países Issoqüerdizerquc. dc rcpcnte, conl
â ürdependênciâ. desapârecem âs consiituiçôcs -c comas constiluições
desâparece, efetivamcntc. todo e qualquer tipo de atividade politica,
a não ser a atividade palacianr, quer di7er, do círculo dos camaradas
próxinos ao gôvernante.
'Ibdá a virla da polis girâvâ em torno da idéia de participaçâo na
vida políticâ. a qual seriâ o escoadouro para onde desaguavaÚ1 todos
os conhecimentos adquiridos no curso da cducaçáo do cidadáo. in-
cluindo os discipulos de Platâo e dcAristóteles. Então a polÍtica ó uma
cspécic de campo de teste de todas as idéiâs qlre havia en1 circulação.
e vemos, pelos diálogos dc Plâiâo, quc grandc número de seus discí-
pulos eram dedicados à vida pública. era praticamcnte uma
^quilo pelo menos algumâ
escolâ de estâdistâsi se nAo lbsseDr estadis!âs.
participaçâo teriam.
Grâças â essâ intensa atividade política haviâ sc descnvolvido, âo
longo dos séculos, já antes de Plaliio € Arisióteles, todâ â arte da retó-
rica. Quer dizer os grcgos já cstavam bastante âliâdos nâs discxssóes.
Náo nâs discussões cientificas. quc comcçâm apcnas dcpois - é só na
escola plaiônjca que se vé reâlmente uma discussào cierliífica orgâ-
nizadâ, ântes náo -, mas pclo mcnos nas discussoes politicas. Coflr o
advento da €scola platónica sc dá um salto: da díscussãa |etótica, da
discussáo política. para o debatecíe títica,co]maintroduçáo da ciênciâ
dialéticae, depois, conr a introduçáo dos critérios prop amentelógicos.
Mâs âcontece que. desaparecendo a âtividâdc política, dcsaparecc a

condição social sobre a quâl se e*uiâ tlrdo isto, e desde logo a própria
condiÇáo de cidâdâo desaparece
O que é o cidadào no sentido grcgo? É o suicito que está habiliiado
a pa{icipêr da políiicà, eparricipar nâo apcnas con1o cleitor mas como
voz ativâi hoje ele é um eleiior, amanha poderá ser um governânte.
NâluraLnentc, avida dapolls erâ constituída de umâ série de tiltrâgens
e seleçóes dos vários pretendentes. Vimos que quase todos os cidâdáos
âtenienses, por eremplo. eÍanr de âlgum üodo políticos alguns com
mais sucesso, outros com menos sucesso, mas virtualmenie eram todos
politicos e se considerâvâm todos governantes virtuais, prctendentes às
funçôes de governo. de algum modlr.

E
Quârdo isso desaparec€, some tan1bén1 a condiçáo de cidadáo,
(tuc ó subsiituída pcla condição de súdiio. E o súdito, evjdent€mcn-
tc. náo pâÍiicipa de discussóes e muito menos de decisÕes políticas;
(llc nem sabc quâis sáo as decisõcs, pois as ordens vêm dc cima e ele
n,]r) precisâ sequer compreendê-làs. Aí já sc tem uma massa de gente
cxcluída de úm modo de vicla ao qüal tinham se âcosiumâdo durante
alguns séculos. Desâparecendo a polÍtica, é evidenie quc desaparece
tambórn a necessidade da arte retóricâ qüe era o aprendizado no
quât os Iuturos políticos êfiavam as suas capacidâdes.trgunrentativas.
Agom não há mais aiividade polÍticâ. entáo não há mais nccessidade
desse treinamento.
À arte rcióricâ logo reflui paÍâ se tornar uma atividade úerâmcnte
escolar a exprcssào "retóricâ escolar" dcsigna pecisanente o tipo de
relórica quc se ensinava nesse período - que é â de nrero exercício sem
tinalidade. Vira unra espócie de arte pela aÍie. o sujeito aprendiâaqui1o.
t'âziê os exercícios cscolâres para aprendcr a fazer eretcícios escolares.
Nenhum dcsscs discursos tteinados na escola serian1 jamais testados nâ
vidâ real. É como se você entrasse pâra uma academia de boxe, ficâsse
treinando, treinando, c depois losse proibido de participar de campco_
naios. Nâ verdâde. você nunca vai saber se você sabe ou náo.
Como uma espésie de compcNaçáo, surge um segundo tipo de
retódca, que é a "retórica epistolâr". ]üdo aquilo que havia de troca
de idéias em praÇa públicâ passa a haver mais na eslera pÍivâda. Aí
se desenvolvc muito a arte das cal1as. que ao longo do tempo vai
se tornar uma co;sa muito impoftante na literâtura do Ocidente- com
conseqüências dc longo pmzo que, evidenternente. nessaépoca, elcs
nem podedâm irnaginar Às cartas, na medidaem que sãoumatroca
de informaçôes de ordem particular, váo facilitaÍ cada vez mais a
auto-observaqáo das pessoas eascontissóes intimas, etc. Daí vai nasce!
mil e setecentos anos depois, o nodemo romance psicológico.
Os primeiros romances psicológicos \,â o ser todos nâ base dascarias.
Se você pcgâr as Iamosâs llelaçoes perigasas. de Laclos,r csse tivro é
nâ base de cartas e nrulto! erên1 na basc de cartàs. lsto é um filhote.
€m longo prazo, da rctórica epistulâr quc surge nesse período. Mas ó
claro quc, de início, não honvc nenhurn resuliado assirn cspetacular:
ao contrário. aquilo lbi um refluxo c uffa decadênciâ dâ arte rctdrica.
EssepeÍíodo é contado denaneira extrâordinária no talvez melhorli\,1.o

de história liierária do século XX, que é o de grncst llobcrt Curtiüsl


Lileratura eunpéia e Idade Módia latina.)
O sumiço das djscussoes públicas cria uma segunda, Daior e mais
1rágica dificlrldade: desaparece â biiÍe vcrbal sobrc â qual se eíigiâ a
possibilidadc daquelas grandes intuiçôcs de ordem metalisica que cn-
conlralnosjá no plaionisnoe no âristotclisnlo. Veja que nenhlün desses
ohte.n. dê melrl'rsi.'" e i'IcJ,a imeIrc.r(r.\r\ rl ao\ \cr)liJo\ I pr(. isu
tei-toda uma aimoslem verbal preparada pâra iornar possível às pessoâs
o acelso a certas intuiÇões. que só corn a estim laçáo sensorial elas não
váo ter, elas jâmais chcgâria a isso.
Quando desâparecem as discussoês públicas, desaparecc iambérn
êquele substraio verbal sobre o quâl se podia esÍabelecer a discussâo
dialética e, na discussão dialética. lazer êque]a escalada metalísica que
tão benr caracterizâ os diálogos platônicos. Justamente airavés dâ arte
dialética - cxcluinclo uma possibilidadc, cxclüindír Lrurrâ e outra - é
q0e Sócrates, conl muito cuidado, aÍisticamcnie, leva o discipulo, o
intcrlocuior, aperceber por si mesmo certâs coisas quc scnl essa escâdâ
verbâl ele náo tcria conseguido. Essas concepçares de orden metafÍsica
in:l"rlJneànrinle dc'apa,ê(en Jo prnurrmr
A coisamais extraordinária que aconiece ]resse periodo é justamente
esse esqüecínento rápido. Nósnos pergüntanos hoje eissodcfâiovai
consiituir um dos grandes enigmas da Históriâ da Filosofja quâis são
as relações enire os conhccimentos qlle os individuos podem âdqujrir
, t** I /r. - ,*1" r. .,il. ,
-
I fr)Isn var c o pânorâura social e cultlrralcm torno. Ern que mcdidn â
rrrllgelrcia dos individuos é dependcrte do meio social? Ai existe todâ
Lrrrr inlinidêde dc respostês quc vào desde a aútonomia âbsolLrta, na
(lLrll o irrdividuo paira como uma espécle cle iluminado sobre uma mul'
iith() dc igrorantes, até aresposta contrária. que diz quc os indivíduos
riidrL podem e que quem pensa é a sociedâde, o colctivo, a Hislóriâ, etc.
Nu() lcnlos quc dâI rcsposias de iipo dolrlrinal a issoi buscâmos uma
rcsposta histórica, ou seja, comc, âs coisas realmente sc passamm
O que se pâssa nesses sécülos imediaiamenie posieriores a Aristó_
tcles p .ece sugerir â ioial sujeiçáo da mente indifidual às condiçÔes
lrnr lorro. porque, desapârecidas as condiçôes sociais e políticas do
diálogo. âs concepçóes a que os indivíduos iinhân acesso ântes se
Lornan inacessíveis. inalcançávcis e, eln brese tcmpo, ioialrnentc in'
compreensíveis, enrbora estivessem escritas no mesmo idioma que âs
pcssoas continuavam lalando.
observando o que os filósofos desse período dizen a respeito dc Pla-
tâo e Aristótc]es. nós nos surpreendemos âo ver coDro erê possível um
sujeiio entcnder tâo pouco obras de prcduçáo Íão recent€. O contrasie
cntr€ â filosofia clássica (Plaiáo c Àristóteles) e o que veio depoi§ - que
sào basicamcnte os lilósolos cinicos, os epicuistas, os estóicos e os
célicos - chega a ser acâchapanie. porque os novos filósofos tratam
dc raciocinâr segundo todâ uma pautâ toúlmente nova de temas, dc
conceilos e de categorias, a qual náo tinha nada a ver com a filosofia
clirssicâ, mâs que rellelia muitíssirno benr â novâ situaçao.
EmUineilo lugar, ]nía haveúo mâis a atividadc politica, o§ nrdiví-

duos náo se consideravam mais integrados num organismo social; eles


cstava mais ou menos soltos como átomos no espaço. Essa idéia de
"áiomo solto no espaÇo". como uma imagem, vai reaparecer m[itas vezes
nodiscurso filosófico dessa época. Esse relatjvo isolamento, essa fâlta de
orÍaanicidadc quânto à situaçáo do indivíduo na comunjdâde vai Íazer

ll
quc cssa idóia rlc "irdividuo" sc iorne rerLlnentc irnpofiiinte do dia pâra
â noire O scr hLlnrâno iá nao cra mâis viÍo corno unl cidadãr), comil
mcurbro dc unra coletividâde na qual clc tinhi um lugarl umâ irnçao
conhccldâc Llelennjnada. mas como u,nacspócic de iitlnno sdto. Entáo,
uti dos primeiros traços da lllosolia nunr período quc sc
csle derá por
sóculos é essa preocupaÇão com a idaiâ dr nr.li?iluuhíhde hunana. c
ná1, rnâis conr a cidadaDia. âpolls. ês viúudcs civicas erc
tj\ segutdo lular, já quc sc tràrâ .le lilosotãr sdre o individuo.
làz-sc isso colr uma finalidnde qUc. nlio scndo mais a dc intcgrá lo f.Ls
virtudcs civicas e napolrs. sa) poclc scr a rlc cncr)Itrar nnra mcta dc vldn
que o justifiqüe erqutmto indi\,iduo soito. Nlâs poderíanro! dizer: l{h,
issoéalé unl progrcsso, (lecerto nrodo ltln (lua? Itnq u c cssâ clim ens.Lil
do irdi!íduo iÍrâdo os gregos |ào a tinharir rnuito. Ftlcs náo lrabrthil
raln muito sobrc isso, crnbora o clesti|o dc S(icrr(es. por crcrnplo. iá
puscssc crn qucsrÍr) e§5n situacão do iDclivíduÍr corr.d a coleiividadc,
ou do indiv uo qrLc ó de algum nrodo superior à colctilklade NÍrLs.
vcjâm. o lndiví.tuo scr sup€rior à coleri!idâde eslail porranto. contra
ê col.iividâde naro quer dizer (tue elc estcja forâ dela. ,\o contrário, é
uÍr aLlversário qne i€i. sobre clâ uír ceúo tipo dc supcrioridade, e elâ
tcrn sobre ele uIn outro iipo de supcrioridacle. rnas estão rclactonados
E a situâÇão aqui já náír cra esla. Na novâ situaçaro. poclcnros dizer
qLre os indir,Íduos e!tavanr rcalnrelte soltos: clcs |tro rêm lunrão. a
náo ser que scjârr lirncocs palacixnâs, rs I gâdas ao g.,!.rno
Al srt1c tt]fn leiceia eLeücrlí,. qUr (i I rola antilsc. â !.rlorizrcão do
aprcrldizâdo iécfico pronssiorül Os si) (lados já r:ro sar) cidêdáos qLre
nâs épocàs dequcrmsiro chama.los adclender sua cidâdc são pioiissio,
nâis, eniio surge o âprcrrdizado profissio nlclas arlcs miliiares Asarres
clâ fala e dâ escrita lârnbóm j:i nAo servcnr rnais para discUSSão púbiicu.
mas para o cxcrcício de lunçócs h0rocráticas. E assirn lor diantc. Aí
su€e unra séric dc âprendizaclos pclos quàis o indivÍduo pocle slrbir

t2
, , \ r{ rL lsso aparc.e sirulraneamerÍc à i.léia .l.i tilosofia cont unta
r,rri(rilt,!idirparaomdivid o,ouseiâ uorrro urn guiamento parâ ele
, ,, r:trrLir unr scoti(lo de vidâ r1o melo dâquela ât{)nrizaçào e para
liI\(,rr rlqo q c lhc parecc ser a Lelici.lâdc. preocupaçâo conr a tcli'
^
, r{litrlc individnal ó muito inlênsâ cm toLlos esscs séculos As técrica§
(l( Í'lllvidas pârâ cnconlrá-la, quando âs dcscrevemos hoje. clas nos
rlci\lllr |roliürclâmente inlllizes. Náo chegamos scqucr a conccbcr
r!rrro telicidadc. podc tcr lido aquclas
ó quc o inclivídrro. blrscàndo a
i{lcias, por(lue muitâs delas sâo liancârn€nte deprinlêntcs. (Quundo
.u csl.rva estu.lando [picuro pâra escrcver os capítulos iniciâis dc
t) t.orliÍt das dt'lições,t pouco lalloa parâ qlre eü cstourêsse os miolos
rl. lato horrorizado que liqlrei com aquilol) Ai sur.qe a idóia dâ filLrsoiiâ
r(rno um g!iarncnto e connr o qLl€ chamaritLmos allio_aiu.LL, voliada
para o irdi!iduo isolado quc clevcriâ sc realiTar no mero dessâ âLomi
/açao. Nlas a situação do indi\,ícluo no meio aiolnistico impóe qtre ele
sr-) possa encontrar â sua ltlicidade. â suâ rcalização, crn si nrerno c

Sur'.qc cntâo unr qi./arlo lord. quc c a jdéia.la inclepen.lôrrcia ou du


rxidrquia. 'Aütarquia" é o governo rle si rncsmo: você ó principio dc si
rncsrno Qllâsc lodos os fila)sulos do pcríodo lôni cssa preocufaçáo de
delenvoh,cr umalécnica que perüitaao indi!iduo. já que ele esiá írlto nL)
.spaço. tomar-scainda nrais indcpenden{cdocspâço em tornoclealizâr-
sc conú uma unidêde inlcirarntnte sobcrana à nralgcltr da sociedadc à

màrgerlr da soci€dadc, porénr inlegrado nunrr ôrrtrâ rrnidrrlê


Ai surge u.r q!//?Ío le,r?o: a idéia dc quc. sc o indivi ro não Per
tcrcc. se clc nao iem ligaqáo orgânicâ com.r coürurlidade. é porque
..,.,,, rid,,i, ,f,,ra u,,. 'i,.,:r.-rr p.rrir,u' rl"n,1'. quL

hi dê sc dcstâzer N{as conlinüann)s. de âlgu r nn)dLr. iarendo pârte da


hrlnanidê.lc c do clrsrlos Entào a idéiâ do indiYíduo como cidrdão do
cosnn)s aparcce aí rressc pcriodo
,',
§if lr,1,, r llt] nrCies lrl00 l-l
Isscs pcúodosdc dcsaparic,ocla atividadc políLica. eu meslno vlvi unl
dcles. rrais ou menos nopcriododepo;s do lllsiitLrcionaln.5 até uns
^to siiuaÇâo pârecj!lf
seis, seic anos dcpois, e pudc cxpcrin]entarulna conr
essa atonlizaçâo. Porque nio se tinha mais viâs de pâÍiclpaçào polilica,
só s. tinlia, cle unl lado. r)s miliiarcs e. dc 0utro. os gucrilheiros. g o râl
âssunto cra co eles. e vocô não scndl, nern u â coisa nem onlrí náo
tinha muilo o qüc larer ali. 1lâ\,iâ .ntão ün cerlo isolaincnro. Curio
samcntc. nesse lnesrno pcriodo, ó quando entrâm Do Ilrasil ns técnicas
dc auto-âiudll. Írs esoterismos, as dn,gâs
As drogas scdissern;naram justarrcr[. ncssc período, oqucó cudo5o.
Se a gente conrparar corno loi suâ clisscnrilll..ão nr)s Estâdos Llnidos e
no Brasil, lá elas sc disscrrinar r cnrrr a jUvcntudc conro urna cspé-
cje dc cmblcmzL.le uma aiitudc âgrcssilr dc rcjci(iiÍr iL socicdâ.le enr
loffot clas u.r elenlcnto dc lllt.r contra o sistema. Aqr, cl.is
são quâse
enirârain conrc elemcrio dc tugr o suieih ia pârâ âs drcgis porquc
ele já nâo podia àtuar politicamcnrc, entaro h.Lvia aqLrclâ fuga para a
vida privada, c âÍ se .

p ineia aula ?)ocà laLoLt tueulita dasío Lrusdesecoüt4r


l\1t1t1o: Na
ú Histótia dti llilosolia é aüar as sisenias lilosólíús. tento) aelitat
assislet as filosólíLos cono u i reíkxa lo acontecinúLa saciale palí-
tiu bt1to 1:rttrc cssc ntiÍotlo lttn td{u s ptoblcutos. V)cê estutlou
etn
a do Descanes nts. () ttuc ttLtcttnda diltt i: a rusa dcsslr
1túnsiçao dt Plal.io e
^b|
poru ll.picuto, ( lutlo issa lu tiono,
^ristólelcs
csst nútado /L1l1ciot|a. enltjo oci eslá tt oca da a preootpaçAa canl
a hdiaíduo. uma üeacupaçao quase Lonrc . utta prcocu L,ncão gercút

Pal nltu reaLirlade social e pt)lítiut ttu épacã l


A Deryunla é muito oporiuna, porquc o problcnra é exaianrente cÍc:
se nós qucrcrnos saber se é possivcl ostudàr liloí)na como unrâ espécje

de rel'lexo ou produlo do nrejo social. do rrcir) cultLllr]. bom. há rcorias

t.1
,l rt rlLlrfi (tuc sinr. lrá oLrlras que dizem qüc náo. N'las o qu!'devenros
r ina respo§tit leórica, porqne cssá ráo é uma pcr:gunta

r, ,, rt r r (L nr pcrgunla lãctlral, na vcrdade, enião renx» quc buscat a

,1.! r,sl n,) torcno do ialo.


dos lak]s que virnos ântcs. ao cstllclannos os sjstenras cLássicos.
^l[Lrrs
,,,r rratfrLnr uma inreisa âu«)llonúâ do irdividuo ern rclaqào ao nleio
ítr rirl r ll rorno. Il Sói:rarcs. Platáo e Arislóielcs sc sobrepunham de lal
rL,,xl(, r ruliüra cln tol]lo que eles chcitaram a gerar uma nova Elcs abaL-
, irvrLrr {) discurso colelivo e iarr muito pâIa cinrâ, eniáo. o irncnso poder

,l, s!s inieligênci.ls molda um noro qlradrc dê catcgorias. de conceilos.


rlrvo rrodo dc pcrcebrr âs coisas, e â socicdadc acíbá copiando.
rrLrr

\!r! cslamos vendo e\atanrcnic o pro.csso conlrário Esiarnos venclo


!rLI L)rl)ccss{) de Ieilulo em qLre a mudaDça social e polÍticâ vai lào alénr
Lh r (nnPrecnsão dos individuos que ela os ârmsia. apaga da nenLe o que
.li sahianr ató a véspeÍt Nessc lcÍiodo. vcmos LInr exer plo dc iotal ou
s
(tursc ldal (naLo posso dizcr toial. lnas aié orde vió qitas. totaL) sujci!,o
rlts menres indivlduais a urn 1àkrr sociê|. crlllural. poiítico exlerno

t.\1.n,, I'o, , ta,1."t,.4tt, t,.,.,'trtwu i1ort..'o Ni\t 4Lfu,n to


n(inlio r?ceu an obietu Lle ptcacLtpdçaa paru o Íilósí'ta.1
lile lornece não só o objero, nras, pior, Iorncce âs caicgLrrias, poÍquc
. u nova sltuacão {lue cria por si as categorjas de Pensâmcnto. As câte_

sr)riâs do irldi\,íduo isolado, isso não lbi um.L i.lóia quc unr filósolo tcve.
l i'dir r.1,. c.rl1\1 l r.alrlrrr.. i'o :,1." l-1, . nr r..j n,, ii,.i,,,,, r r "
lunros .lc individuos isolacl{)s porqLrc elc I unr indiví.luo isolâdÍr. Esta
,. ,r ,,, .ir|,. i. (,r, , " q,,. .. n,ú. J, L c.

,\lunor ,fÍrs dí 4 suÍri(ro tla qlte se passo )to cabeçtt (1o ÍiLósolo à
l.alidatl?. sat:ídl e polílica que ele 1)í|re é plalicakrct)te toÍíl|... é aca
s(lliado u ret 0s caletoias (...)?

ti
Pois ó. o que acontece nessc periodo ó exalarncnre isio. é uma silua,
ção, umâ rnudança social que cria c{rltas situaçoes. e cstas determinam
as caiegoriâs dc pensanento. Háumâ passjvidadc da mentc individual,
e isto é a coisâ espanlosa nesse periodo, porque nós nos perglrntêIl1os
assim: OIha, se mudou a situaqâo, sc houÍc uflâ série cle modificaçÕes
ai. o quelhe impcde de reflcrir critica mcn rc sobrc o que estáacontecen-
do à luz do que vocô já aprendeli anres? por que esses novos filósofírs,
tcndo o legado de Sócraics, plaráo c Arjltótclcs, não l'ortun câpazes de
usar as categorias de pensamento âprcndidas pârâ interprciâr a nova
siruação e, não podcndo modil'icá la, pclo nrenos conservar dcntrô Llelâ
a consciência do que se sabia ânicri(rnientc? Essa é a perguntâ que
laço. c náo encontro respostâ
O lãto é que elcs náo conscguirilm laz.r isio. O iàio é que a sirüâç.ro
pass,Ju por cina dâs inteligênciasi as iDicligôncias l'orânr atropcla.l:rs
pela siilraçâo c, qüaudo rccomeçêm a |ilosolãrt clas o lãzcm de urna
torna passiv.r em rêlaçio à situâção. Elas riem mesmo percebem que
sua filosofia ou prcicnsâ iilosofia é apenas um eco passivo ale caicgo
rias iirpostas pelá mudânçâ sociâ]. Estâ é uma pergunta terrilicanic,

IAluno:ruas isso rAo i rona Lansla te, aliás _ ?)


O pr;meiro caso, que é o da tilosofia clássicê, do individuo que se
anlecipa e sobe âcima da coleiividâclc c sobc ê ponto dc elc tcr uma
i|fluência mil e quinhcntos rnos ou dois nrit ânos ürtnris -. ó entáo evi-
dcntc: você náo vai poder cxplicar o platol1isnr(]
e o ârisrotctismo como o
rcsultado dc mudânçâs sociais cm torno, evidcnlcnrcnreque nao
^ssinr
comovocótci,e esle caso. no periodo seguinicvocê teln o iIversoiqucr
dizer as duas coisas sáo possíveis.
tsasta csse câso parâ você ver qlre niio sc tmta de uma questâo tcó
rica. mês dc üma questào hisLórica. Aderir a unrâ jeoria qne cliz que o


i,(.ii, si,ciêl dctcrmina o pensamento dos indivíduos, ou â outra que diz
i, ((nrlrLirio, isso é urrra estupidcz. Nào se iraia de umâ leoria, poque
irs i[r.rs coisas iá acontcceram. Se êconicccram. as duas são possíveis.
(llxI)(lo vocô iefl unl 1àto. e o laio já dá a resposia do quc você está pro'
irrrrlldo. vlrcê nao lem qrc inventar uma teoriâ: sabe que já acontcceu
r[ uLll jcilo e já aconteceu do oulro. O quc nós nos petguDtamos con1
ll]Lrçro a esse pcriodo é: Conro loi possível qlre se pâssâssc de uma coisâ
l rtrrLra assin láo rapidâmentc?

l|lüno: A peryunía iflerca não é mttis ÍáciL de rcspcndet? Como

loi t)assírc|o pensafienta e o espítito llttfiana Lhegarcn...?)


Claro. essa perguntâ iârnbém vale, mas nósjáaiizemos. E, de algum
rr)do. se não a rcspondemos intcgralnente, pelo mcnos indicamos
rlgumas linhas que vamos também explorar mâis tarde. Ao longo da
llisiória, veremos rnuitos casos de irteligências individuais que se so
hrcpóeln cle ral modo ao n1eio ambicnte que o meio âmbicnte náo pode
conrpreendcr nada do que eles csiâo dizendo.
Quando venos um Leibniz, no séculoXVIII, enunciando o indeier'
rrinislno, as Leoriâs lingüísticas qüe vieram depois. até alinguagen dos
computadores, é evidenre que o scu meio social náo entendia nadâ do
q c c1c esiavâ faLândo. Quândo a gente vêi por cxemplo. o que Voltaire
cscrevesobre Leibniz, quando a genre lê a história do Doutor Pangloss,+
o lilósofo do oiimismo, que seria um personagem cômico bâ§eado em
l,eibniz, a gente vê queVoliairc não erlendja nada dc Leibniz eVoltairc
nào erâ nadâburrol Elc iinha unra visão totalmente esiereotipâda e ca-
ricâtuÍal, ê csiava inlinitâ ente abaixo da in teligência daquele homem.
llle riâ daquilo que náo comprccndia Hoje, a gentc ri é d€ Vohâire. Vendo

o quc Voltâire escrevcu sobre Leibnjz, a gcnte diz: "Esse eÍa üm coitado
de Lrm joÍnâlista metido a discutir com um suieiio que cra um verdadeim
Arisiótelcs'. Continüamos lendo Voltaire por divertimerlo e por uma
,\,'"'ffi
17
núbrmaçáo hisiórica. e só, n1as Lcibniz ien uúlidadc cicDiílica aindu
hoje e vâi conlinnar tcnl:lo por nruito ternpo.
Nâo se vai poder clplicâr üü eleito tão grandc â pâdlr de causas
iáo pcqucrâs. Houve ali unl outroclenrento  inieligênciado individuo
siÍnplesnente lura o i|vóhcro sociâl e cnncrga nuiio adiante. Quan.lo
cnxcrya nrulto àdianic, elc às veTes lcm rlnra influôncia histórica du-
radoura, mâs, às vezes, justamcntc por ter enxergado ião âci )a, su.t
inflLrência demora â apârecer Primcilo tcr]l qüe esgotar êquele rcpcrtóri.)
social enr lorno pâra. rnuito nrâis urde. as pessoas descobrircm aquilo
e entcndcrcnr do que Lr sujcito cstâvâ làlando. pois às vczcs a dis(:us
sao em krrno cstá iáo polar-izada cln ccrtos iênras. e o que o filósofo
está fâlando é tao esiranho àquik), que fio há urna li|guâgem pública
cêpâz dc ahsorvê lo. Por exenpl.,. lctltranros (lc lalar dc Vdtaire. Veja.
Voltaire é o grande divulgoclor do urccâricisrrrí) de Newto|. quc ramLrór!
ninguém podia cntcndcr tuIas Volla;re escrcvc um \i\fi', Eletne tos da
ÍilosaÍía de Nealo .: ,tLte cobca aqrilo à disposiçâo de unr público n,to
especiâlizaclo, c gradâlivalncnte aquilovai entrando na moda. NIas isso
já loi dep0is de Nc$'ton.
Existc scmpre o probleDra da cornpactaçAo da linguâgcm As.lesco
berks filosóficas iôm que aos poucos scr descornpâcttdas parâ cnirar
nurnâ linguâgen quc seiâ à da convcrsaçào culra correrre. Isso podc
dernorar uur pouco, e às vezcs dc[rom séclrlos. Lcibniz pcfinaneceu
incunprcendido dlIÍ:rnte ttxlo o sécuk) XIX, p{)rque âs cârcgoriâs de
pensitnento eranr muiio estr.rnhas. tjÍâlnnr lr).los nru 1o cnrb<rlacbs
na idóia do necaticisnn) c âiLi cnlusirsnrir.los (orr a posslbilidàde dc
estender o mccanicisrno às ciônciâs bnn(tgicâs c mcsmo às ciôncias
soci.lis e politicas. Elcs ainda estavaln lãzcndo lsto e l,eibniz iá estava
com o negócio do indcrcrmilrisnro lênr que cspcrar cles acahrarem,
frin,( ru prcci.d cl. .,lrerr.. r rrú lrrra -ô J, \... n(!.,r:r i.Ir,, prl" cri.i^
percunrareljlr.Tjg!1{q1ljgsj:!1que o suie o rá ârrás iá
i tr NI d. \t, nmr.Ir.,.nrrs th li\)eÍia tu Ncara
IE
^
Canrpn'as. Lrniump. r 996
r,, r(stx,r)(lido lsso rcon{ece muitas vezes. e é noflnalque aconi€çâ
r:r

r.rrr llr(' iLo tirio (lLrd cíarnos investigando aqui, cssc pcríodo histórico é
,, ,ri ,, ilri)rllâ1. porqnc o esqueclmellto é nruito rápido.

tlá algunla rclatão et1ü'e aqüeLe pc|íado e o petíada q c a


^ful.o:
,tllt» tl)ttctúa, nos tiltinas dLzentos a os, que houúe Lm declitia

lli. nras acontece quc. quando a genle lâla de üm dcclÍnio da l'i


,)s,,llà rno.lcrlra. cssc clcclinio ocorÍe enr ccrios setores. Ille aconrecc
I rl(l.lia do rnundo acadêmico, mas há pessoas que estáo ohservando
.riLlcrmcnte. iio da ncadê em
est,Lo enlendendo c cstào nrantendo o
rr rL(áo âo período poÍcriot e tentando emcndá-lo conl o seguinie
Ncss! qlle estamos estudrndo náo acontcce nada disslr Oü seja, cssâ
hislória quc cstuu conlando, o cidadào que vivesse naquclc pcrÍodo
r)11, scria capaz de contáJa, pLrrque ele não perccbcu que lui isso que
,r((nrteceu Mudou a situâçâo social e. i[stantâneamenie, os iidivíduos
( (nleçâor a raciochar em calegorias adaptadâs à novit siiuaçáo c ncnr
sr lcnrbrâm dc exa jná lâ à luz do conhccimenio iá obiido.
Se você pegar os elemenlos dâ filosofia poliiica de Platáo c
clcs sào mâi! do qre suficientes pâra explicar iudo o
^iisióleles,
(tuc aconteceu. locios esses conceitos que eslou usan.lo aqui sào os
ro rceilos das iilosofias de Piatrlo e AÍlsiólelcs, porianto, âlguém que
vrvesse nêssc pcriodo poderia eniendê-los. Mas você nao vê nenhum
\iraldisso dcntro d.r própriâ Acâdemiâ plâtônicâ, houve!m vcrdadciro
rpagáo O negóci.r ioi monurncntal. unrâ câláírofe iniclcctual de Pro
t)(,cÕes incâlculávcis

|Alrno' L, í etplictiteis.l
Não erplicá\,cis, porque eslranhâmos isso hoie e talvez esle seiâ
i) rcnra principal da Hisiória da Iilosofia, que é o dà continuidadc ou

l9
da descontinujdade. Você só pode lâlar em progrcsso do corhecinenlo
quando exisle uma aclrmulaçâo, quando ern cima dâquilo quc foi con-
quistâdo você pode conquislar novos conhecimentos; ou seja, âquilo
quc t'oi adquirido se iorna premissa daquilo que é descoberlo depois.
Dizemos que uma ciência progride Por quê? Porqüe as descober-
tas da gemçáo anterior sáo prcmissas para as descobeÍas seguintes.
Sc você descobre uúr no\]o lato, esse novo faio se lorna a prmissarnenor
de um silogismo cuja prcmissa rnaior são os conhecimentos adqlriddos
anieriormente. É assim que a coisa vai andando, pois sevocê descobre
um fato novo, rnas não tem prcmissas com às quais ârticulá-lo, vocênão
tirâ conclusão nenhuma, dâí a coisa náo lbl nem paÍa lrenle nem para
lrás. As ciênciâs só existen porque â progressão icnporal vâi sendo
gradativamenie n1ontadâ sob a lorma de uma progressáo lógica.
Se o que vem ântes é premissa do quevem depois, existe nâo apenâs a
relâçâo temporal, rnas un1â a.riiculaçáo 1ógica. Claro que essââftjculâção
lógica náo se produz por si, que é cada novo pesq isador que, tendo
descoberto alguma cojsa nova. ien que aniculàr aquilo togicamente com
a anterior Se ele náo conseguirarticular, das duas uma: ou o lâto que ele
descobriu é fâlso e aquilo náo acontece, ou €ntáo a ieoria anterior csiavâ
errada, daí ele tem que montâr de outro jeito. Mas seja num câso, sejâ
no outÍo, ou mesrro no câlo de ele conseguirlazer a articulaçao, o fato
é quc o progresso da ciência náo é nadâ mais do que a transposiçáo de
uma progressâo temporal para uma progressâo lógica, quc é o cdilÍcio
teóÍico dessas ciências tal como é rcpassâdo à geraçáo seguinte.
Estamos tãoâcostumados conr essa idéiâqüejá nen nos lembramos
mais de que issotem de ser assim. Achamos que ciêrcia broia cm áNore.
Hoje em dia, temos tanto conhecinento acumulado, registrado, que
náo lembramos como é que isso loi apârecendo, e em gerâl ráo temos
consciôncia de como isso se produz ao iongo do iempo. No Seminário
de Filoso6a temos cstudâdo um pouco aquele texio de Edmundo Husserl

2A
Í)irrc a origern da geornciria, texto que de lato dá o critédo para res'
ponder a essas quesiôes que estamos colocando.
Para quesurja umâciência é necessário: primeiro. que algunsindivi
duos tenharn alÊ'um contalo com algum tipo de objeto l1a sua cxperiência
rcal: seguncto, ráo bâsta que eles tenhafl tido csses contâlos. é preciso
que esses objeios sc tomem como imâgens ou sinais relatjvamentc cs_
ràbilizados nâconsciênciâ, â ponto de cles poderen lalarrlcssas coisas
Isso tlrdo ânies de apareccr a ciência. Por exemplo. quando.tparece a
geometria. antes dc aparecer o primeim g€ôm€tra é preciso que alguérn
tcnha percebido que existem quadrados, triángulos. elc. sem sâbcrnada
degeomctriê. M.Ls ele pÍecisâ podcr identlficar essas fornras de rnâneirâ
csiâbilizada e poder 1ãlar delas.
E você acha quc o hom""m nasce sâbendo isso? Não, isso dá um
trabalho miscrávell Ou seja, !In suicito. uma geraçáo percebcu; percebetr
rnas nâo criou os remros para aquilo. Então aquilo sc perde. e â geraçáo
sc!]rinie teü que pcrceber de novo. Aos poucos, sediz: "Foi esiabilizâclo
ra linguagem. tcmos o nome para essa coisa, entáo podemos comcqar a
l lar dcla" Érnuito ienrpo.lcpois de se poder idlârdcla quc surge aidéja
dc estudá lacientificamenie. Mas iudo isso d epcndc de regishos qlre per-
nitam a cada gcraçáo o retorno às mesmâs cxperiências jnielêctivas que
pelnliiiram o sursimenio da primeim investigâ(áo Se vocô nâo é capaz
dc tcr as mesnlas inilriçôes que Eüclicles teve qLrando estava conpondo
ns Eleúentas rle geamettid. você náo poderia entcndernada dâ geometria
de t]uclides. É que ela eíá montada numa orden lógica que lhe pcrmite
cstudarcâda teoremâparavocé esmointuiras relaçócs queeleestáque'
|cndo lhe nr(xirar. Nlasvamos suporque, no mciodasligtlras d.rnalurezâ,
(là inlinidâde de n»m s da nâtureza, vocô náo tivesse ainda eíabilizado
.ssâ idóia do quadrêclo, ln)Í e{ernplo. Dá unl habalho rniserávcl chegar
rié aí, não é? O qüadrado. o triângulo, o cículo... Bom. circulo é quâse
i possível. porquc você vé o Sol e a Lua c mais ou eros percebc.
l{llrt-to: E o canbúrio. é o quadrcdo que a &enle nao percebe a

É quadrado que não sc pcrcebe. o quadÍado dá muito mais trâbalhoL


Or percebendo pelânatureza. ou criando aqLlela ligura. n]esmocriando
nào quer dizcr que você delr unr Dome que lhe pernita ialâr daquilo e
r,,uu r.r ',Ju f nr,.i.^r(, p n ci"u -.,r. c\p. ric.cia.
intelecdvas, ler esse conlato com os obi€tosi é prcciso que isso esteiê
docurnentado nâ linguageü de nodo a pe nitir conircrsar â respeil{:,.
Aos poucos. reparando nâquilo lnesmo que você lalou. você 1ãz um
exânre rellexivo e daÍ vai sLrgindo a possibilidade Llesse conhccincnto
orgarizado.
AL, longo do dcscnvolvirnento da ciênci . cssc processo coniinua.
Aqullo tem qlre vlmr linguagem, tcr]l quc poder scr "lalávcl"i os mesnús
obictos têir que poderser ]l1ostrados clc novo a cada gc raçáo. e cada um
vai ier que lazer dc novo as rresmils e\periências cogritivas dc basc.
lsso se torna l:lcil quando vocô rcnr um cnsinamento o4ânizado. E se
não tem? Se nao tern, enr.io é muiro tãcii âconiecer isso que estaNos
narrandoâqui. querdiz€r'. em âpenasuma ger.Lçâotudo se perde, c iunto
col|r o vocêbulário somcnl as coisas também
fr rcr.l.rn<,ror.ol, nlud" rr rlrrr;Ja.rr t., \r.,.5a(urreci
m€ntos dcssc iipo llstou com 55 anos. portanto, vi aparc.crcm depois
de nim pelo mcnos duàs gcraçí]es Pude nolât nâ passâgen de uma
para oulra. às vezes unl cortc nurca no sellliclo de unr arnpljrtçào,
nunca. os dois que eu vi lbr.rm fo sentido dc pc].la. Islo irão é unra
ieoria bistóricâ Tinha o làmoso vcrsr) de lr)rgc Ntanl1(1ue "crdílrirrz
tieklpo passado lue tneiol -, rnas não é istr) qre eíou diTcndo. Flstou
.lizcndo que. do ponio de vista cogniiivo, as urudanÇâs qlrc clr !i iorsnr
sentpre para menos. [oÍâÍn sempre dinlinuiçarcs. Um rcpcrtório dc coi-
sâs q!e eram sabidas e de repentc rlcsaparccern e são sLrbsliluí(las por
clcrncntos cognitivos de unportâr1ciâ muiio mcnor, qxe dáo portânio
i,,,s in.livÍdnos urn.r margem de açáo lambém rcstriiâ. lsso eü vi acon-
l.r(r já duâs ve7es, e tâlvez estejalros cnirândo numa fasc que vai leÍ
. tcrccir-(] esquecimento.
Is$ qüer dizer que nós vil.crnos de lato rro meio de Lrnr processo
.ntl1ipico, um prcccsso de desgâsie, c, se nato eriiÍe o esforco delibe
rLlft) parâ conscrvâr as possibilidades el.ls se perrlcnl. O indivíduo
rslá crente que está progrcdindo. mas não cstá. ele esrá é perdendo
possibilidêdes Ele poderia lalar de pr)grcsso na medidâ em que existe
IclLrnulaçáo, qucr dizet ele conscrvâ o que tirhâ ântes e cria oütro u
regócio. Agora, se sempre pcrde o que tinha anres e ganha oulro. não
§aiu do lug nâ verdâdc.
O prcgresso das ciências se baseia intejrâmentc no reglstro € na
conservação, c târnbém na contÍnua aiivklade quc permila decodificar
essos rcgistros de lal modo qlre os indivíduos dâ nova gerâção possân1
lilzer as mesmâs cxpe ências cognitivês voltadas para os mesmos ob_
iclos e sabcr, poliânto- qLl. clcs estáo lalando dâs nresmàs coisas que
lluclidcs ou Plâtáo talavant. À lacilidâdc con] que isso se perdc âs pes
.,.4. r.'u t(n ni.r|rr.rncn.. ( I \ 'ro. po-q ,. n ru \'\ ' r1r I um. \i u, c'r"
rrâurnática como estÂ. Agofa, estudúndo Hisiória. você !ê quc cssas
sii açócs eriisiem muitâs vezes. e no instante ern qle âconiece isso o
.tuc sucede en] conscqüência? Sucedc que as trânsformaçôes dlr nreio
politico, ecolrômico e social iÍnnam a .liân leirâ da inteligêncla e Passâm a
clelerniná-1â. Nío po.le hâvcrun1â respoÍa tcúicâaissoâqui porquê'?
Porque às vezes âconiece de un1 jêiio c às vezes ací]ntecc do ouiro.

[Aluno: Nessd q estàa rla sabedotia árabe q e houxe na ldat]e


llléd ia (...) ao é alfo potccido com isso'l Ou ao? Porque seten ütnd
:e saçtLo cle que na ldarle Média os áÍabes eram os maís sofislicados
e desenaal\iílas, pela me os lltais do qLte o kLarle Média eutopéia, e
depai: caitl, fido é?l
Na ycrdade náo caiü, nós é que paranros dc receber noiicias. Se você
pegat aHistótia da liloso,4l7 islArTicd,'tlc Hcrlry Corbin. SclTed Ossein
Nasr. vai ver qüe o Irâ. sozirl , rem rnais e nrelhorcs filósolbs do qüe â
tluropâ inicira. Nós é quc nunca ficônr()s sabcndo f) esquecimcnt(r lá
comeÇou agorn. ComeÇor m décâda.lc 19'10 a 1950 Se vocô p€rguntar
quais são as leituras dos aiâloiás. você pensa que clcs sabenl algumâ
coisa.le filosofiâ islânicà, .las suâs tradiça)es? Náo sabenr na.lal Elcs
leran Heideggel Derrida. Jean PaLrl Sâdrc..
Náo estou brincando, isso é sóriol Essas revohrçaes iranianas. Lr rndica-
lisnoislâmico queo pessoal a. Lr "lirrdamcnialista", náo é rrâda
i charüa de

fundânrcntalista, lssôóiudo crir(ao ocidcr)tâl ovice doaiâiolá loxnneini


foi o sLrjeito lue iraduzju para 0 iralriâno o livrt, do Franiz Fanon. i-es
damnés cle Io Tetel lOs condenados da l'0rial, qrc cra o nlanual dâ
rcvoluçáo nlarÍisla no Tcrcciro Munclo lja inflrancjad.tÍcidcggcré
.norlnc'. ele lundânrcnia uma espécic dc rcbeliáo contrâ o munrlo lt1oder
no baseado no rctorno às raíres ótnicas. o que tâmbólr lundamentou o
naris ro. E cles aceitarn isso c misluran corn Sartrc. coln Der (1a. cic .e

usanl ulnfl miqrriagcnr islàmica que confLrnde a coisâ mâis aindâ.


Aí é uln câso dc ruptura: â Europa pára de reccbcr inÍi»nraÇa)es.
Durântc todâ â ldade Médiâ, a pâriir do sécuLo Xl. Xll, eles rênr um
irrcnso intercârnbio com o mLrndo islâmico, corrlo varnos cslud<rr
adimte. Rep€n1inâmcnie, à coisa mais csPaniosâ ôcorrrccc ê llislriria
da Filosofiâ é cheia de cr)isas esparltosas Nlas lu sto quândo corrreçarn
as grârlcles nàveglções c sc tein lnei()s.le ir 1á fisiotrmentc. de rcpcntc
corianr os contâtos. quancio devcriâ aconleccr o conirárioL S. l'mrás
de Aquino. por exemplr, discutiâ co r\verróis. com connr
^vicena,
se losscm colegas de lâculdâdcr cle está lá contcntando um lerto dc Lrm

suieiio que el€ nunca viu pessoâlL cnic. mas que pâm clLr ó um membríl
da niesna conlunidâ.]c. Dc rlrpcntc, da llenascençâ ató o século XX, rós
Hci\ti,)iir riir.tr /./,tl,rLt)vr)1tit inntrnltr. C,)nr..Laborr!iLt
(r S.§,rd Oscii NarrL t\rirLi \ih!. l'r i. (;xlinrx'd lq6'1
li'rnr r\r.r t.s dr,,r rr lr 7
21
n úo recehemos rnais notÍciê algunr a e ac red iiamos q uc o lnllndo islánrico

clecairi intclcciualnente. llnlao coincidc dc ir parâ lá um embaixador


irâncôs, quc erâ o Corbini ele fâz amizadc com um iilósolo de lá c clcs
começam À irâduzir aquilo, a âbrir â câj\a prcr.r. c saifllarsolb para tudo
quanto é lâdo. Eu n1esmo levei um susto. O ncg(;cio do conheciúenio
por prcscnça, que eu aclei que iinha dcscobcrto. descobri que iinhâ unr
filósolir iraniâno que já hâ\,ia dcscobcrtoisso. São tenôftenos csq uisit(».
â I Iislrida da Filosofia estri cheia de esquisiiiccs.

Q0ândo cu rtigo "esquisiL(»" querc dizcr quc eies náo corrcspondenr


à nossa crp€ctativÀ. nã() corrcspondcn ao qlre rrL,s parece ló8ico, mâs
que. evidenrementc. não qucr dizer qLre seiârn iáo nristeriosos. Siglliiica
apenas qLre clcs náo têm uma explicação gcral, náo poden se reduzir
a urna nornra geral que lpaTigúe a nossa mcntc e nos dê a inrpressá.)
dc quc esianros coniprecrldcnd.r Não. eles tênr que ser inv€stigados na
sua pec!liarkladc parâ sabe ros craiarrentc c.nno aconicccu, aí vürê
entendc. É como nessc caso aqui.
Scvocêpcrguniâr"porqüesccsqucccu?', bonl. rmudÀ.qa Ioi vaía,
gcrâl demais. e não sc iinha de muncira nlgunra rn€ios dc rcgistro e dc
continüidâdc dc cnsino que pennjtisse q rc â formaçâo das inteligências
individuais tivesse umâ velocitlâde supcrior à das rnudantas sociâis
Teriâ sido prcciso intênsificar o ensnro dentrc cln Acadenria plâtônicâ
L!' i, r-t;di .,r . in .liB 1 r. ,. , if, /ê. J. 'r^op.no\.or
\cadÍ.,
legâdo antcrior. Mas estarianr lazen.lo urr estbrço para segurar o legaclo
anicrior ao n1esnlo tempo sr]l qLrc iá icriâm que aplicá lo para enlender
unra silüâçáo e r mudançâi ou seja. teriitrn !ue ier tido ccrn vezcs ais
âLivkladc inlclcctual dentro dá Acadenria plâtônica parâ dâr conin das
IrrJà !,. d, q. ! r. rl,r ', riJ, nl8cÍ4."^an.ri,,.
lloie n:li) rne parccc difÍcil cnrencler esse perfudo com os mcstnos
corl.ciios dâ filosofiâ aristotélica e platônicâ, qLlc ó cxâtârnente o que

cstou iazcndi) âqui eslou usando a noçâo da po1is, .lo cidâdào. dos
direitos. eic , dcscrcvcndo ê situ.iç,o enr icrr os âristotélico plalônicos.
lvlas na época teria sido preciso cssc duplo eslorEo por um lado, para
você nào esqlrecer o que aprcndcui por outro lado, porquc você vai 1er
que usar âqtl ilo não apenas para conserválo, mâs conio m instru rento
para lnvcsiigar e cnler.ler unr negócio quc está aconlecendo agorâ c que
náo csiava acontecendo rlo tcmpo de Plâiaro e Arlslótelcs. (...)

IAluno: p.lo rTeros paM ü(jerl)er o conhecimellto de PIataa


rvlds.
e Atistóteles. ao haüfu cap(idaàt dc rcfis|o? (. ))

Nào é possívcl â prcscrvâçào nessas c(,ldiçócs. pura e silnpl€s


^
prescrvaçâo scria qutLse unr rlciDcnlr) rnaicrial nrLrlcr)lógico, conscrvar
os icxtos. tsso de lato s€ conscNou. O prl,blenrir é.t!rc c.nn a mudarça
social. você lern a mLLdançâ lingiiíslil-a lenrbcrn. a suâ linguâgern vai
l'icando dilcrc|tc dêquelac você iána«) crlcodc o qLLe clcs csLao qucrcn-
do di7cr. Ertr:Lo. a pnrâ colrscrvaqào mccânicâ nao adianta nada. Você
conserva nràs nlro enicndc, fica com unru peça dc musc qr're, quaDlo

rlliLis conser1/â, rnais lhc parece esquisitâ c incontpreensí,el. Para isso


scr conscrvado teria sido prcciso quc se cofservassc crrl 11so. qLrer di
zcr que conl;nurssern âs discussa)es. as inlesiigâçôcs na Acadernia. cle
nodo a !5ar os instruncntos cognitivos lcgâtlos por PIâiàu e Aistóiclcs
pam sccxplicâroque es tavâ âco nlcccnd o Nesse caso, avclocidâded,rs
inicligênciês leria que scr supcrn)r à velocid.lde dâs orrdânças. e isso
rcalmenle rêo d.rva parâ lazcrt nralerialnrcnic loi i possivcl. nao tirrhâ
gente para lazcr isso.

Nàol À Acadenriâ plaiónica durolr.Linda rrais Nlâs eriLnr


'rrilânos.
outüs pessoas, lâzianl outms coisâs. tensa!âI]] dc oulro jeilo. Quândo
você pcga, por cxcmplo. o "succssor'' dc no Liccu. qLre é
^rislólcles
ali
lil,lrasto, você iá tcn1 ulnÀ qllcda de nív€l absolutânrenrc âssonrbrosn.
liirliro náo é o problelna da cxtinç,ro clas instituiqões como tais. ncm da
r rler'r1rpçio do ensiro O cnsino não loi inierrdnpido, o contcúdo dele
,.(tLrc l{)i cnlblrra. E vai sendír sllbstituído por conhêcinrcnio§ dc nívcl
, r(la vcz nlais baixo, muis grosseito . Sobrcludo dcntro dessa atoni
7rc{o, surge tâinbém â irrpossjhilidadc de você subir àqlrelâs grandes
ri)nctPçõcs de orll€Íl1 ntetâlísica, porque já Dào tcnl u .liálirgo capâz
iL{ criâr a silüação nâ qual possa ler aqnilo.
o diálogo ó rudo. lLdo que o ser humano iaz. cle lilz lalando .A únl

cr uç,to lrrmana de iaro é t rr Falâr "eu vi ' na vercliide lrragine. por

.r!rnplo. se vocô tãz unra psicoterapia c âlgLrm diâ âquilo desâta âlgunr
rrl da sua !id:I, conÍ, é quc loi lciro isso'l Náo loi de bocâ"? As \'czcs.
!r,ra vai licrr anos lâlando p.Lra pcrceber ulnâ irnica coisa: sc reti|asse

!,ssc diáLogo, você náo percebcria aquilo. Quer dizer. â lirglragerrr vai
cstfururanclo possibilidâdcs.]e corrccpção que dc reptnle pcrnitcnl
inlrir cerias coisâs. e isso dl,r unr trâbâlho nrisclável.
Desleito unr certo anrbienic dialogalqnc havia nâ Grócia ci.issica,
rs .orlccpçóes a que ele dâva aces§o acabanr dcsapârecendo dc vislir
LIosrno. Quando desapârcccm us conccpqÕes rrrcialisicas o qrc âcorrlecel
À ris r(ilelcs tinha est ruturado as ciôncias ló!ioas, lisicas e rrctalisicas ialrio
( Lrc sLrnriu a nrcraÍjsica, bairorL paraà lísicâ. que passa a s€rarelcrôncia
,\ristóreles diz que, se â rcali.ladc mâis elevadâ c universal q[e e\rsle
t,sse de orden lísicâ. cn1áu a lísica scriâ a ciÓncia slrpr'ernâ. Co$o ao
ai. conú alénr.lo rnundo iisico teln aigo airlda qüe sc pode corrccber

t)ârâ lá. entao lenl.i lnctalisic.l. Nlas sc sonrc a melalísica, a lísi!â


rira ê rainha dirs ciôncias. então nessir época sluge u ra proilrsáo dc
tcoii:1s rraterialistas. Ilsse é Llnr dos nrorivos pelos quais podclnos
rrtcn.lei quc o lnaterialisnrofato é Proprianrcnte uma doutlifâ. Ú
uma vivêrlciâ que ccúos indivíclLros tênr cDr cerlo§ nroncntos er
qLre realmerle não dá para sc conceb€r ada â1é.r claquilo llrúâo o
r
malcrialisrno é uma cxperiência vital hurnâna cm ccrras crapas e em

Parfl vocôsvcrcnr c(rno o nrcrgLrlho ti)ilurdo, pod€lros examjnar por


cxcrnplo. só um dos lilósoios dcssc período. Dcpois c.\arninaremos os
oLrtros. porque não adiânta nacla erPlicâr vilte lili5olbs e ficâr sornenle
c(nn esses dados na mar) scrn tcr n articulaqâo hiíóricâ. E essa âriicu
lação lristórica, por s0â ycz. nào dá pârr você pcrccber senr .r gcntc dar
pelo mcros alguns ctesscs.l€menios tcóricos !ue esroU dând(j âqui
locô podc ter Ulna idóia do que se passou cxâ iinarl(lo. por cxcüfto,
â Iilosdla clc Diógercs. o lannrso liiós(,Ío quc nx, ava rbalrit. N{orâr
nr
nur bxrrjl dn
iá lbj um sinai E unr |cAóciu incrivcl. um s!ieiro cria a
lnelâlisica. a lógica. inâüg r dLr,ortâs ciônciàs c i)r)Lrrrc scguinte.tiz
''Ntlo. o ncg(icio nqui é rrrorar nu,rr ha il' Só p(,, isÍ) r,ocis iá yôein
que loi Lrüra cspócic de irlticiínax.nLII ba|ri1 para rrlo prccisaI
N{orar
ter casa, porqrre casa' signil'icava Unra dcpcn.lên(ia do indivíduo err
rell!áo ao ur.io social. lá quc a sociedadc náo da!â nenhuura lunÇão
org,nric.r pâra csscs irrlivicluos. já.tueeles estavam jogad(,§ conro áionros
sollos. er j{:roclcs assunrjam àcondicáo.Leátomos soltos cdizirnr:,r\gora
rós quercrros ser indepcndcnles mcsll1o. Não sonlos nlembros dessir
í)ciedadc. somos cidr! los .lo cos ros". L uur ncgó.io mcio ccolósic.)
-1

que surge fâ épocâ, rão ó'l


Nole benr quc as coricepçaes ccoligiirxs (]e cidadáo do i](,sn(Js,,
e.\prcssaur dcsespero. loca buscu sc iItcgrar Ir
f.rlLrrcTâ qrL,rndr) â
Í'cic(ladc já lhe c\plrlsoLi V)ca rrrLo s;rbc itu l rt r) scu trrSIr niro sâbc o
q c cstá lazendo ali. Qu trdo loca iax) sc|ic rLIa lUncao ortin;lr ra
socicdâdc cnr que cski, cntão ii]rrlir se intcgrar n)illcanrenrc na nâlureza
A inlegracaio na socledâclc ntnr a nríii.a c prática. ú rerl 0 sujeiro quc
i(rnra paúe dâs discnssócs púhlicâs. e\crce cargos. ctc. €le náo cÍai
lazerdo isso sinrbolirarncnte eslii lâz.ndo dc lâlo. Nlas qua|do clc dlzl
'Ah, agora cst.rLr integrado na lllrtur-eza. eÍoü aqrt cofversando conr
rt
,i! rrosquitos e coln as nuvens'' .. Nào iem âquclc kl|11e Detzu Uzokt
1 Ir quc o protagonisia lala dc Lrrru pedrâ: "Esstr é u.ra pcssoa"'? tbrr

ir prs§oa-gaio. a pessoa{i$c... u.a üm sujeito que {iviâ lotalnrentc


s,)zirho no meio do rnâ1o. Estando sozirlho. nao tcndo lunçao nrma
\ri.ic.lade. elc inverta urra sociedade, e â prctellsâ iriegrâçáo na n;i
iuftrza râo ó senilo o empobreciDenlo do papel sociâl tlo camâradâ
lilr náo a ninguénr na sociedade, enrâo invenia urrra socjedade nâ qual
di'bomdia'âcachorloe.hâmâgatode'meütio'.queélit€ml cnteo
(tuc o personagen ltl7 o curioso é quê, ra época qüe âssisii, eu âchâva
h(,iiioi hoje eu perceho qLLe é Lrm dcscspero lotâl
Inagine se numa sociedade quc eslá ben, está oryânizâda, cm que
\,ocê ienr â süa função, tcm coisâ pàra fâzc! tem os Ulhos para clridar.
tcm o 1râbalho.. Você vai se Preocupâr em licar conversando corr
pedràs?l E ainda achar que isso é uma proi!ndidâdc fiiosólica lora do

lÁluno:1bú aquelas pessoas que querelfi registtot Ettlifiha coLtla

Ntas aí ó urn polrco o contriirio, porque o sujeilo qucr absorver a


f.Liurcza na socledâdc. lsso âí é o contrário, otr seia, você lenr unlâ ír-
ciedadc que está táo bem orgartizâdinhâ. eslá táoarlulnadjnhâ qrcvocê
rLSâ as câleSorias dela para botar a nnl0rcza dcnlro Não icm o inglês

qlre legou a suâlortunâ pâra o gato? O gâio naro ten] mcios de receb€râ
toúuna, assim cono a pedrâ não tcm a menLrr condiÇào de respondcr à
"scnhordolltor" nàovai .esolvcr nâd.r,
süa pcrguntâ. Vocô chanrrt la dc
chamar o hipopótamo dc "vosstr e\celôncia" lanrbém não Esse é um
lalso diálogo Náo há csse nivel de ürtegração com a nêiureza, colno
nAo há csse nível de absorçáol
Quando âparecem essas nlodas culturais, elas scmpre relletem
un1â n\Lrdança cletivâ quc houve, e â partir dos ânos 60 há ÚilhÕcs .le
. ,r',r,'," r, i],r * ,,,,,'
URSS/lâpa..l!7.1 13inirl. únor n,r', i6rnm ?a
pêssoas sc scutindo lorâ da sociedade ll de irto se colocarn lora dela,
porque às veTes lérn e{pcrlênciâs sLihi ivâs quc não são.analiziil,ejs
no Lliscurso social. Aquelc pcssoaL rodo qLLe sc encheu de drogÂs. o q.re
o sujcito scntiu c passou, aqullo lá é ltl0 subjeli\,o e tão i,rslgnificantc
para as ourras pessoâs quc tte nio tenr uonro dizet aquikr Aquilo não
tenr inrB»lânria; se dlsscr niniluirn vâi prcstar aicnçào. iissa assa de
expcriônciâs pnranlcntc subjctnas iÍna o sujeilo da soriedade, âindaqüe
clc csicja fisiramentc núegrado nela llle eslil inlegrâdo, ffâs scntc quc
intcgrq porque selnpre vai ler
náo eslil mais, e não ierr rrais ieiro dc sc
u1r Íesíduo dc !i!ôncias pcssoâis absolutâDlefte s"-m sigfilrc.rdo que rao
sáo vcrbalizávcis c não síro trociveis eln nroeda coÍenie lillgilistica.

Quando lemos aquehs t.,Ilrrivrs Ic Lâs pch pocsia à.4r,i/i!, elc


de expressar\,c ralmcrlc cxpcriôncias obtkftrs conr dr)gr'§. aquil(, é dc
uma chaticc. dc uüa insignificarncia atroz. tanlo que rlirguónr rais sc
intercssa por isso Se chega rnn slrjeiio cltogâdo icntando contar para
locê o q c elc scniiu durantc a viageln, duranle quanto lenrN vocô
agúcnia ouvir o srrjcito? Náo ngücnra. Hnirr). para vocô âqrilo ó nada,
mas acontccc que parâ ele é ulna experiôrrciâ.le uma intcnsidâdc lbr-
midável, nràrcn. cle rrao c(,nscguc tirâr aquilo da cabeqa

r\luno: Qua d., làLes ctuloü lulaúlo que a água é que esÍata
a (»igem de ludo. lai lintbAn n experiêtlLia esotlriut. subíclita
(le1e... Qua I é a dilere tryo? |

Nào. dc jeiio nenhum A dilerença ú qnc larrio r crpcriôncia dclc


nào era assim que ela l'oi lerhalizávcl, c lanio a \crbaliztlvtl que loi
verbâlizadâ c pôdc scr discLrrida, e aqlrilo se integril ra culrur:r. N{as
sc chcgârcrn aquinil pessoas.lescrevendo o que se pâssor nâ câbeça
clelas duranle un1a erperiência conr drogâs, cada unlâ \'ai dizer Lrmâ
coisâ conrpletarnente difcrentc. quc não ten nada a ver conr o outro.
não sc articula. e nào teln reâlmenle illportincia âlgunra.
l 'i I '
,,,'i''
'lr
, ., !,.h,,s, ., I
lAlürro: M.,s se. po, eteulpla. nào fosse aqueLll attla dos Pté'
tt)tt.ili:os, eu aocompn)t rleti o tl tLtl a dessa seLttcn<:a: "TL1do eioda
Ltr]ta". Llmt pessaa que esl dou isso a l da tfidüzitt isso patu )ttit ,
t)aryLLe eu tanbém . )
Ah. muito lrenr. nras sc cLr csrLrdar À lürrdo por cinqüenla anos náo
\r)u conseguir imduzir para locÔ o quc o idiola cla es.tLIina scntiu quan
(k) cheirou cola. porque aquilo ó insignilicanle Náo ó vcrbâljzálel náo
pirrtuc scja prl,lundo. nrâs porque náo significâ nadã.
Tem un ra hisiória conlada pelo Arlhur Koestler qlrc é labLrlosa:ljnht
unr nrieiio quc vil,ia lonrando LSD. c €le acredi!(N nâ tcoria dLr Aldous
llurlcy, cm Ás pollas dd percepçao.ttr (le lre drruntc o uso de drogas
clc dcsoobrjrià o segrcdo do Universo (no finr clas conta§), nras quando

f,rssrl!â o irânsc ele iinhn esquccido tudo. Eledissc: "Eu prcci§oanotar


rsse ncgócio, preciso ânolar na horâ". 1r ão clc iomâva o l,SD e dci
xava âo lado Lrma pilhâ cic papel corn um lápis. c Lrm .]ia ele conscguiu
,rnolar. Depois quc passr)!r o transc. elo loi ler o que linha €scrito. e â
assirr A tranana é gr.Lnde. Lllas a casca é maior'
lrasc cscrita era
Vcja, qlranclo vocô pcnctr. no Inull,:lo .las purus sensâçócs. o
(orpo hunlaÕo cstá habililâ.lo â scniir milhões e nrillrÕcs c bilha)es
dc estÍmrlos diferentes qüc não signilicrnr nbsoluiarnentc naLla Parâ
rós. os e!timnlos significam algo qlrando clcs podem ser ohietivados
nr nnnla de nmâ coisa, de unl enle qrc provocou aqLrilo. o dc uma
siiuaÇão clcscrilivel (calor, ftn), medo, esperança. ctc ). QLrândo nao
lonnaln essês ligüras, qLrândo s.]o {penas scnsaça)es aiomtiicas solias
un1tLs das ouirâs. nâo sáo nada rcallnentc.
\a,, .",' r-Jr r\' I r. r'1,'. rrr. o rr e,;rr lr,, , c'',. 5t I '.( ,r' i tr'.
§pcriência intensâ É lnuito intersrt e não significa nada. Porquc não é
nâdâ, nao acÍrni€ccr rcallnerte nada. Nós que cstamos de forâ sâbcnnrs
(llsso: o sujcito ficou ali dellâdo na carnâ. nio aconleceu nâda. Para ele.
dcntrodo ser unilerso fisico subjelivo. rcontcccu urn nloniâo de colsas.
Hr\L, Árt,rr,\ r,r.Íspíi, lr (l Siú P rl.. (illria). L§lt
^klous
il
nâ mo"h cor€nre d lnrgua' da
Êssc rnontár de coisas n'to é rrocá\'el
Entáo' só poi tcr c\pcrirrcnladl)
cLrhLrrâ. .lâs cxpcriêncjâs hulnanas
isso o suieiio §e rLrilra nm pária a
pârtjr dâquclc nronrenLo se scnre urr
pári.r, ain.la qüc rráo o seia ob,cti!anrcnlc'
pâra o ser hurnâno,'Iudo
Vciaa imporlancia irncnsa daverbalização
lhc escravizâ co pleiânrcnle
aquilo que vo.ê rlao corsegu€ vcrbali/àr
qu€ clas lu'rcionalr porqL'c voce
O scgrcdo dc todas âs psicoterapias é
rnâs
suieito lazpsicoLcrapia haseadâ nlrnra leoriacrrâdâ'
lala. Às vczes o
a psicotcrapia funcionâ. Por qÜôl
Pck) sirnples tato dc qLlc elc clrcgou
do que elc mcsrno
lá c talou À rncrlida qLre vai lâlando cle se lcrlbra
que
tlaqri a pouco pc|cche urn concxão
senr
làl)u. vai ariiclrlârdo e,

auxílio da Palalrâ cle nào pcrcctutia

trcia dc s( sentlt unt PátiL nàa pode atlrir


IAluno: ]Ías c§sa crperit
camptue]1tlc 'Leib iz'
tor)t m ao aorLo" n, ( .) eúaliz'i1ttisl O stticito
po:,.,t,ot .tt', "ittt'^\llt 'tt' t"' t'''J" t'tttqL' tttt'eu"tttt,,]i'

ó issol O suieilo ser Ln'r


Náol Se tor veíbâlizáv'i" Náo pária náo
ó olllra () colnpreende
dissidcnte ó umâ coisâ, ser um Pária 'lissidenic
c:isterci lmcnte'.cs1á
uquitn an q.," e1c clivergei náo cs(á excluídL'j
gosta delc' mas nao na oprmao
exchlÍdo sÚ na opiniaro de quem náo
às \''zes sâbe âté
delc mcsnro. Elcsab€ qual é sua tunçâo ali dentro'
unr páriâ signiÍicir quc cxiste urn
nrclhor do qllc os olltrus' Scnlir-se
iILirnâ'nerrtc scu do quâl
pcal.rao scu qr.re você sentc como sctr' conro
e cniu c\ist'Icia os outros nao
você ncn1 conscglrc falâr para os oulros
rec0nheccrr. Toda loucura é isLo'

.\l-1. Ll4ta tnt unLnitílbtttdaJ' I

para qucvoces velâo1que a


lnconruricabilidade Eslou dizendo isto
pertudo é porquc elc implica ccrlas
rlificuldadc de a gente estlr'lar €ste

lz
r\pcriências llumanâs âssim. expcriências ertrcnas Por cxcmplo. a
r)c a da posslhilidâde da conuricação. do diálogo que lhe perrritia
sllbir a certas concepçÕcs. Para tornar isso colllprccnsível para nós
frcsmos (por nim é pâra min trrcsnlo, € depois parÀ vocôs), a gcrle
lcLr qre ach.u anáLogos nx)dcrnos. Ilm ânálogo nÚdcrno seria. por
c\crnplo, essâ invasio dâs drogas a pariir da décâda de 1960, qLLc iaz
(tuc inrlivíduos qne csiáo realnr€ntc integrâdos na souiedadc (cles 1ênr
piri. tôrn màe, !ôrn cndereço, iônl CPt''. RG, tudo) sintam, no en(ânto,
Ia cabeça.lclcs. qlre são totalmente páriâs. Nao sc senlenr inicgrados'
râo sabcm qualé a tünçáo deles âlidcniro
Clâro qlre é urna situêçao diltrcnte desta que eslarrros descrevendo,
rs ieln urrâ analogia A analogia nos pernri{c iornar Inais próxima
tl expeÍiêrcia desses prinlciros E sc você p€rgun1âr: "Corno c qlre o
sr)iciro, suâ giandc providência lilosóllca loi de ir momr nurn barrill'
Àbalt.ionoü aquclas nnesLiilaEócs todas da i\caderniâ plaia)nica€ dccidiu
rrorar num balril?" .. É unra dilcrcnçê lao râdicalL
Mas eles eslavam laLLnrlo dc rnct.Liisica, dâs categorias lógic.Ls, dâs
cspócies ilrimais, etc. O quc lnorar nunr bãrril leÍÍ â vcr conr is§o:'^
rcspostâ ó nada. não tcnl abn)lutamcnte. íras isso pareccu lilosolia
Dârâ o sujeilo qLlc cÍava ÍaTendo Por.luê1\bcês lenrbranlcono ó
quc
(lcnni tibsoÍia no conreço!' Nâo ioi: 'A unidade do conhecinrenn, nâ
nnidadc da corsciênciâ ? Enlao. ó claro que â filosoli.L possívcl parú
o süicito dependc do conhccirncnto que elc tcrn c Llo eslorqo qLre ele
làz pâra unificar isso na consciênria delc mesm{r Mâs acoDlece quc
nenhurn ser humano ó onipolenie pâra, parlindo dc un câos gcral.
unificar llrdo N{uita cojsa já prccisa es(ar organizâda na linguager ,
,. -ri-J,uc t,a-oqI(t'\. p., ."r ' r rL",. r|, 'r'o.d rJú\c'.ltr''
você seiâ rcalrnente u il!flin dr), a lorqâ esiruttrmnte dâquilo, colrnl
loi S(-rcrâtes. NÍas isso não àcolllcce lodo dia _ nào é (odo dia que lem
um Sócrates quc cheg.L lá no neio da confus,Lr e clc nlesmo c()locâ
orden Náo. às !'czes é necessário o irabalho dc nuiias tserâçoes quc
houvessc os so$slas'
váo depurando a linguagen. Por e{emplo se não
'e ntru r '! r"cm drpr'-_' lo d"
'"r'le
' ' _ln' r iÍ''
rlà d;'' t'"a" írrnrr'

rão leria hâvido lilosofia.

lAtltr.n)Tíútt algut a antLlogitt cot aque


Freutl iezdiantedã t'dla

tl.o netnótico- tta lãta da psicôtico. tlue aqüilo cru cafisirle tdL' 'Ah
debia üo lá poÍque é um ttai(to. deixa
pru lá paxl e o rlüe elc esla
ttõo ten tueÉncial"? Se Frcuà pantt
pafti Pe sat en 7)ez de
laloúdL)
"dei:w üa lú" (. .)1.

\rr< rÔ l,er.l, I'u...i p''irr''l nrorr lr'?(r i'*' \1'' f 'l''Ía i,i' \r r,.
sabe cxistâ aLi ltnra
lentar botar-orilem nessc outro pedaqo aqui Qtrerrl
outrâ oralem'. O p(rblcma ó que Freud acho ulna
ordcn dcpois lung
outrà' c
acbo oulra. clepois o r\dler achou ou i ra depois o Szondi athou
de orden§
esLáo âclÉndo oulrâs ordcns atóhojc' Hàvcr unrâ pllrralidade
Signilica
côcxillcfltes significa, liicralmente, que nâo l1á oldcn âlgunâ'
qLLc lodLr eÍe nrundo é Lr lnun'lo de mcras
potênciâs de.mcràs polen_
jeilos E por isso qre
ciâiiclades que poLlelr se cstruiurar 'lc Inilhôes de
ncnh!nra dessâs icoriâs dn irsicanálise nào está cert ncm está
errâda'

porqüc elas se rplic.Lm â Lrnr ceío rrúrncro dlr casos'


É isso que clizia meu anligo, o l)Í' Nlullcr:
"voci iti rcpârou quê o
psicolerâpclrta Ircudiano lenr pacicnlcs freirditLrros () iunBuiano tenr
scrrprc
pacienics junguianos c assilrr por dinnlc'l Qucr clizcr' os sujeiro§
problena (lüc lerve Pâra o selr icrâl)cull Clarc' rcm

1r,,br.nrr Jer'\lô.'" ril\u' 'r' r'rrit"' rt ''rr'r" J'^' l^"r\'i'


Sc você não dá ccrlo oaquclc teraPeÚtâ' você
procuÍâ mâs irâ-
oulro'
yerá o ouiro pacicrÍc que clá ccrio coln aqtrelc' lsso v'ri conlitnlÀr as

1.1
( \t)rctaiivas do terapcut.r e ele vai ac|ar que a tcoria dele eslí certa,
rLirs cstii certa só para aqueles casos. É isso quc Leiblliz charnavâ dc
l!irrrrcria preesiabeleclda .
ilristcmvários pcriodos na Hisrória, nâo sornente esie. en1que tudo
ri)s fêrece tao esqujsiro qlre ientos de procurar eriemflos, Procurâr
rL rilogos nâ siiüaÇão arLlâl, c so cncontramos anábgos nuito parciais.
rLs \,rzcs |1uito dislântes. Esic exemplo de isolâmcrlio.lo indivíduo em
rclaçào ao organismo sociâl e torno, isso ró(.n.nntrâtrrnc nô.âcô
([) sujeiú drogado. É evidcntc qLrc, sc houvcr um monlâo de drogados.
iod{)s sc scntirldo párias. elcs naturalnentc váo lentâr se organizrr de
rLn ouiro jclto para se sentir inlegra.los errlre si, r as é evidenie que
is\o ranrbérr não vai tuncitnlat: Isso significa quc pcríodos csquisitos
rcqucrcrr dc nars unr csli)rço de imaginaçào. E por issú que.L nâuaiiv.r
i r,.ri.'nr ,pod, \r.r.li l r rr \u,..\!-'c'f,L.i\i, rc.rrfd'J
(lar Lrns conceitos scn os quais âqLicic pcriorkr vira inconprccnsn cl.
Os li\,ros dc Históri.r dâ Filosofia. âcho todos mlriio engraçâ{los.
Qüando chesan nessa pârie eu náo consigo deixar de dar risadâ . Veja
J história de Di(lgenes g1e eslá prolunda r€rÍe inrprcssionado por cssa
siiurcáo dc atomismo, dc isolamento nÍelicid.Lde lerêl, ent.to quer
e de

buscar um iipo de ielici.l.Lde que se reêlize sobretudo àúavés d.r toial


lndependêncin e da lolal auiilrquia do illdh,íduo. Enr ncnhnnr momcnto
!le discute sc cssâ aLr_1ar(tuiâ ó possí,cle se clâ é desejável Porque râtus
o individuo Iurnâno,,eria que scr tão independenie do nreio. por que
nào bâsLaria elc ser só urr pí)uquirho indepe denie?Masu diâ€lcvô
um râi(r coflcndo pclo.Lcscrto senl nenhun objctivo predelermjn;Lclo
. .n,'r.r./l/,/. lh d,/ -1.i....,r'' U.r.'r,i'r ruquc(,,r(tr,r.r'
lâdo e parâ oulro. se nito há nenhum estímrlo enr torilo. ele csiá obc'
decendo apenas ao seü eslin]rlo intcrior Nao havia ali rLln qxeijo para
() râto corrcr â1r'ás. nen] tinkr uln girlo c(nrendo êirás (leler cle eslav.l

indo par.r olrdr bcnr entendesse de acordo conr o I)uro instinto do corpo
liberdade' a independêncià'
Entáo Dióge cs lorma essa idéia de quc a
exclüsivallrente âos
a teliciclade tlo individlto consisiem en1 obcde'o
o ;rmbie te em torno'
impulsos Llo seü organisrno scm tcr em conla
já revela a sua íntimâ
A icléia. evidentenrenLe, iáo logo loÍmu]âdâ
isnro náo sâo só do nosso
contracliçáo, porquc os irrpulsos do nosso orga'
e nâo nossos' Vocé icm
organismo, n1as sào herdadosi eles sáo daêspécie
tnLe. sc,no. etc nao erq uênio I ndivíduo isolâdo mas enquanio membro
da espécic la rbém têm'
da cspécie, porque todos os olLÚos mcnrbros
Os impulsos intcmosdo orgânislno,
ldrge de provar algumâ auionomra
conlrário â suâ süieição à genética'
sua provam e{ataüentc o

en reldcia rL itu)i|íduas
fAluno: ,le esl, faLando de attton')tnia
coficrclos. não a?l
Nào, a iodo o lneio em torno

ào eslá a "fieio em lor o" I


lAlrno: Plis é, a espécie
idóia que elc
Nio. 'tuau o ,r"io" qu"t dizer inclusive a naturcza '{
ponto que ele achâva
tinlü da âutononia do individuo chegava a tal
é um sinal de suieiçío'l
horÍive], por cxemplo, tcr que coücr Conrcr
se desse para náo conler seriâ mclhor
Í'amentavelnente' iemos quc
.ôr rl. \1"' | " oulra\ rr. ce'sidJdr'',u(
p"'l' n'*'"1''tr''"r inn''nai'
pr€:'isâ de ningt'ém para
tâcilidade Por e).cmplo. você rcâl eni€ náo
IDasluLüâçáo' cniáo
ale aler ao dcseio sexual depois qllc inventarâmill
(lucr rnais âulonomia do que
ele era apóstolo da masturbaç'o' Você
rno diz: "lsso sc chama
isso? rroje. qualquer psicanalista ']c primeim
dclírio.le onipdôncia". Isso náo é u a tilosoliâ'
é ff sintoma' l1lâs na
época pâreccu âssim, e cles châlnar'iln cie
filosoliâ'
náo só de oütrâs pessoâs
Níais ainclârcomo clc deve ser indcpendenic
quc âtendcr aos iÍrpLrlsos do
mâs alo meio social cm torno, eniâo tcrn
seu orilânisn inclependenicncnte da siiuação e do local ondc estcià
lr(rlanlo, se lor preciso se masturbar cm púb]ico nâo há nenhum pro-
hlcnrâ... E âs pessoas lcvavan isso mortalmente a sérbl Da Aülde ia
plaiarnicâ pâra isso, algo .rclrnleceu I íl nrlrilo esquislio esse negócio. Nâo
âpcnas éesquililo, conro nâo resisteà mínima anáLisc dc acordocom os
critérios platônico-a stotéiicos, o critério de gênerc e espéciel
Agora, êcontece o seguinie: por ur.a ironia cruel, a concêntrâçáo
das âlençóes no lema do indivídro. como ela vem junto com cssa perda
do diá1ogo, da lnrguagem, etc., ela tâmbém vem junlo com a perlla da
câpacidade de percepção do indivíduo humano por ouiro indivíduo
hulnêno. Quündo você vê os Dldlogos d€ Platão, como é quc ali se
dilerencian os indiví.luos? Cada um tenl uma hisiória. tem um nomel
scu Fulano é filho do Fulâno. ele esieve nêguerraem iall0gar, ele é rico,
cle é pobrc... Ele lem uüit hisló a, lem uma biografiâl Isso quer dizcr
que. embora nem Plalão nem Aristóreles tcnhâm trabalhado o tena dê
individualidade-qucsóvaiapareoerfilosoficanenlernuilLrmâisiarde,
já apareceâli, inluitivamente, â noçao de que airdividualidadehumana
náo se consiitui apenas da dislinçáo espâcia1 cntrc.iois organismos,
dois corpos no espaço. mas iâÍ bém dc uma distinção de históritl, uma
disrinçào individualizada, biográlica. Pois essa d;íirrção no te po de
Diógenes se perde. O indivíduo que esses filósolos buscam já não é o
individuo no seniido biográfico, mâs no sentido reaLnentc âtomís1ico
dc unidade fisiolósica
Hoje. o legâdo p]àtônico arjstotélico já lol ião reintroduzido, fcz
raizes táoprolundas nanossaculium, cdcpois ainda lbi acrcscentada â
dimensão hisióricae psicológica, etc.. que nós entendemos tãcilnr ente,
qlrase que inilritivamenle. que unia veÍdadeira allto onria individual
corlsisle em realizarüna vida, projeto de vidâ, -conscguir chcgar
1rm

onde se qüer, apesar da resistência do ambiente. E entendemos que


a autarquia fisiulógica náo ienl âbsolulamente üada â veÍ corn isso.
llntendemos, por exe rplo, que o indivíduo scr capâz dc náo comcr
qtLe ningLrérn' Isso vâi
náo o tornará mâis livrc ncm nrais a tônomo
alar üm lrâbalho rniscrável e' no fin, âinda v'ri
dizerl "À'las loi só isso
qlre você fez? O qüc vocô fel durante a vida? Frrr nâr) comil" essa é a

Íealizàqáo rlâ sllâ viclâ' . lsso nos parecc fl


a piâdâ siDistra'
menos livÍes '
tlntenclcmos q ue exiíe|] ind ividuos nlâis ]i\'Íes e outros
rcalizar a
Os rnâis livres enienalenros como aqueles qlre conseguirâln
Íicarânr
!idê qüe queriâD1, c náo snrplesnrcnle dcixârânr de comer ou
quc você obedecer
corr€rdo parâ cá e llara lá conro um râto A idéia de
cm Íelaçilo ao meio
ao impulso incdiaio do scu oÍgatlislno ó liberdade
nào são a
nos parcce idioia, po.que enien'lcmos qlre csses impLllsos
â es!ócie hurnânâ'
nossâ individuaLidadc, mas herancâ gclrética' S:ro
vidâ sem que você
tanro quc eles se modi[ican mLrilo âo longo dâ suâ
perca a sua individuâlidade
quântL' na
Por exemplo, a lome vocô nunca vai ter ianlâ lonre
adolcscência O aclolesc€nte de cloze, ircze anos
cone o diâ irleiro
âssinr' cle vai se
Se você qulser iazcr L1m sujcito de 25 anoq 'ÔIner
seniiÍ Aos 25 anos ele só pcnsa en1 sexo, não é âssim? Chegafdo
ra].
aos cinqücnta, sessentâ. se ele pensar em ter
aquelc nível de aiividade

sexual vai consialerar aquiloum inferno' Entào, esses itnpulvrs se n1o'


dificam e você continua o mesrno Tsso qucr dizer que' em cada fasc
àqlrcles nnpulsos
da viala, você icm qtlc ter ulna reaqão personalizadâ
Os inpülso! sâo os n]esmos' comer, se{o' etc
mas cada
'lonnir'
indivídno Íeage dc uma mancirâ dilefenciadá
(nnlor c os scus valores
c os scus objelivos Entendemos que a libcrdadc
eíá nessc iogo e não
individuâl
na sinrpLcs irdcpenclência mecânicacloimpulsodoorganlsrno
em relaEào âo nreio
LIoie. essa concepçáo nos pârece prinárjà e cnlendemos facilmenie
as catcgoÍias de
qlrc cla náo rcsiste ao mais ninimo e{âne segundo
Platáo c Aristi)telcsAcontece quc essc negócio dc Platáo e Aristóteles
de novo
iinhâ se tornado incomprcensivcl Esses camaradas cslâvam
irzcrdo um csforqo parâ filosofâ. d€sde o nrda, sem ter. como os
t)rirneiros filósol'os gregos tivcrâm, ncnr mcsmo â iradiçáo da relóricà.
( )s lilósolos Sreglrs já pârten de unla discussâo pública prcexisrente,
ir tôrn aquele legâ.lo dâ ztrte retóricâ Éles náo tinham mêis nem isso,
linharn praticarnente uma socic.lâdc na qnâl eles náo eram nàda e. do
()utro lÀdo, unlâ natureza peranre a quâl elcs tambórn náo crârn nadâ.
C()mo é que !ão filosoiaÍ a parllr dâi? Coll1o é que váo lãzer os púnci-
ros rudimentos? Eles corneçan cniáo a cnsaiar teorias idiotas qüe lhes
parecen lnuito sábiâs naquele rnornento
Se encaramos desde um outro pontL) de vista que é o dâ col€çâo dos
Icmas que vào cntrando no repcÍório filosófico -. não podemos negar
qlre ai €nlr.l,ll alguns deles. Só pâm expor o que estavâ acontcccndo âqu i,
enlrânos com vúios ienas: o dâ le1a6o enlre a inteligêrcia individual
c o mcio, o dâ auto-realizâçáo individual, eic. Podenos dizer entáo
que aí se anpliâm os ternas, nâs se ampliarn pâra nós, não pârâ eles.
Anrpljâm se para nós por quê? Porque conhecemos os temâs platônico-
aristoiólicos e mais esr€s. mâs eles naor eles náo conheciân mâis os
p1ârônico-aristotélicos, não entendiâm mais. O qLre clcs viverârn de lato
ioi uma iremenda reslriçáo, um negócio enornemenic comprcssivo. c
atoüGiico dâ coisa reIele no l'undo
cssa busca da liberdâde no sentido
apenas um desespcro c a toial compressão dâs perspecrivâs.
Vamos ver a mesmissirra coisa enl Epicuro. Epicurovai dcscrcveros
álomos exatamenie como Diógenes viu esse rato: um bicho que corre
dâqui para lá levado não por âlgüm estínulo exreÍno, mas apenas pelo
desejo inierno do selr próprio organisno quer dizer, há uma indcpen-
dôncia fisicâ. A independência física signilica ausência de ]âços, ausên-
cia de conexào orgânica. Mas, note ben, como é que esses cânaradas
podianr ao meslno templr lãlar dâ cidâdânia cósmica? Sc você não tem
rcm unrâ fünqáo. se nAo há nem ur a uonexáo com o lneio enr torno,
\,ocênãorem cosmos nenhumlO cosmos é €xâtâmen te uln conjunio de
permiie âtLrar organicamcnte denÚo
organizaçóes e de cócligÍrs que lhe
lisica
;;,i1.. ;.,râ" t"- r.-çào orsânica sobrou só a individuâlidâde
consideraala no sentido âtomíslico
vislas à luz do que hoje
Náo se pode ncgar quc essâs concepçóes'
âs pessoâs entende âm mais como
felicidade humanâ' parecen lian-
que' dizer, sáo lormas de âuiodestruiçáo' eviden
*u.obrus,
"unt",rt" fil(rsoÍiâ iem quc Írorâr
tenente. Se o sujeito, para começar a csludat
piorolr, nÀo é? E se o sujeito
num barril e se mâsturb em pÍrblicl'j
cle está âlcânçando os píncaros da
glória' aí é
acha qlrc lazendo isso
quc piorou nlâis aindâl
de profundo desespe_
Náo se pode regar que essa foi unra época
por ulnn épocâ totaLmente
ro. Náo creio que nós possa os passar
ossim peto t,to cle que icmos regjstros c mais regisiros de
";-pt"" gerâção in i€ira náo hajaninguénr
conhecnnentos, eéclificil que numa
getaçâo seguinte Pela Lei das pro
capaz de cleco.tificar aquilo para a
geral desses é quase impossívell um
Uúitiaua"", unt
""qu"timento Enáo podemos csquecer
esquecimcnto universal disso é impossível'
universâl' mas
que esse período também nào Ioi ile esquecimento
outros lugares' cslâvam aconie_
somente local. Ao mesmo tempo, em
que em geral náo entram
cendooutras coisas com pletamenie difercnies
mas que iâh'cz dcvessem entrar
no reperiório da HistóÍiâ da Fjlosofia'
exâia' a aÚiculaçáo desses
Infclizmente, ainda náo existe uma cronologiâ
vários tempos históricos simultâneos'
a escÍevet a Histótia das
Veia que Eric Voegelin. quando comcqorr
acreditou que pudesse arlicular náo ümí
nârrativa
iaAias potiticas."
uma série de patamarcs
linear como a de Hegel, evidentcmente' mas
menos quando ele chega
que iossem sendo conquisiados Nlais oÚ
a se encavalar porque o quc
nesse peÍiotlo âqui. as coisas começan
com o que está âcontecendo na Ásia'
corn
u"un,""" uqri nao
"oi,..i'l€
t-tt,h"] i"' cohntria !Ír ' utivesitv ol Nrissoun
-ií;*ií'i.,, "l
o quc est,L acontecendo na China Dá a inprcssao de que há todâs Âs
"
o que
possibiliclades ao mesno tcmpo. Então. não há nais nârrâiiva'
periodo é enomlen1enie
cxiste é âpenâs uln mosâico. A História deste
compârâçáo com
complicadâ, e o quc estou làlândo âqui é idículo em
o nate âl inteiÍo qlre teria que scr invcstigado'
lundamcnlais qüe sao os cíicos, que aparcceram
Essas escolas
pelo própdo Diógenes, os estóicos, os cpiclrislas e Lrs céticos '
un1
feliciclade
lundo desse aiomismo, desse maletialismo dessâ büsca dâ
na direçâo da âulononliâ, isso tem em loclos
Por oulro lado' lambém ó
que tiraram de Sócraics'
cerio que eles Lrsâm detcmrinados elementos
Por ej(crnplo, à rccusâ ala auioridade dâ socjedâdc sobre
o indi\'íduo'

isso cxistc em Sócrates também só que nele


iinha um sentido c neles
tem outro compleiamentc di[crenic'
grcgo que recusa â lei
Sócrates é o próprio personagem do leâiro
ri,.ômun.drrlcr'n rúncd, trmo ler \up'rru' a Ii di\ind' tuno rrra''
jogâ na arena serei comido
tarde Iarão os mitdires crislãos: "Você mc
tcm a Lei
pclos lcôes, porque essa é a lci dâ cidadc' À43s ãcima de tudo
de Dcus, evou segui_la rnesmo que o leáo mc coma"
Issoéunlâcoisâ'
náo tinhan lei supcrior nenhümâ Como
poderiâ
nâs esscs camarldas
autonomiâ dll
haver un1a lci supedor se você esiava buscando â tolaL
lcses mate'
áionoisolado? Maisainda, se vocêadcriu completamente a
Se você só acredita na ei(istência do que é orgânico'
sensível'
rialistas?
perceptível?
Sócrates'
Por isso é qlrc Diógenes é uln Sócrates que enlouquecelr'
se losse mâluco, seriâ esse aí. Sócrates
apenas pârecia nrâluco sob cer-
o individuo
tos aspectos, mas sob outros pareciâ muito mais sábio Já
que está initandoun rato que corre dâqui para lá' quevai morar num
que há
baüil e sc mâsturbâ nâ frenin de todo mundo para âdmitir
âlguma sabedoria nisso vocô precisa dc uita imâginaçâo
Por quê?
fato autonomiâ'
Porque você esiá vendo qllc essa âuionomia nao é de

,11
Você está vendo que é um eniiâquecimenro, que o suieito está
cÀindo'

E essa mesma irversáo que mostra uma espécie de cullo da impotên


c'a \o(e \era e1l lodas rr orllras escol-' ro
(\to'ci'lIo me'l'o que e
I
un1a filosoliâ que iá ieln de novo a idéia do sisi.emâ das ciências
é Lrm

negócio organizado. mas...


:l
Este período é complicado (.. ), teremos ldtalmenie que desdobrar
Se for possível, leiâm no mer livto O ia ím das alliçôes os capíiulos
sobreEpicuro, assim poaleremos dbreviar urn pnü'Ô'nÔs determais
nas

escolas cética c estóica, qüe sâo de mâioÍ interesse


para nós: a estóica'

por ser un1a escola organizada eque. em ccrtos momentos, âlcânçauma


unra boâ pârte dâ sua
$ânde dlgnidade cieniifica; e os célicos Porque
Brasil'
argumentaEáo rctoma à moda nas últimas dé"das tân$érn no
Creio que filósolos cinicos náo há maisi epicuristas, o último foi Motta
Pessanha, que moreu, não ínteressa, mâs os céiicos ainda existem
Prráo vamu\ teÍ que dci\a, i\cú nora deoni\'

isolaÍnenta do nlüfido?]
lAlunai (.. ) DiÍjErre§ (.. ) é possít)eL esse
É impossível. Quânto mais se isola, mâis impotente fica, e nais

não ê?
lAlunaj Hole a Sente rcco hece essa impossibiliclade'
Naquele tefipo nao se Íeconhecia.)
Porque a noqáo de ind ivialualidade humaná que ele tinhâ era muito
fisicistâ. era individualidade iísica Aâutonomiada individuêlidâde
só a

fGica, quanto mais ele âhuscâvâ.mais ela o tomavâ i1npotentc' eviden_


temente, a tal ponto que ele se ressentia do fato de terque come! cono
se tosse uma húmilhação. (. .)
I
l

Leiturâs sugeridas

C^I§ALHO. Olavo de O /dnn das ariiqdeJ


Sâo Paulo: É Realizâqóes, 2000.

OOLDSCHID! \,rcior te slsG,tcstir.ie d lA@de tenpt


P tis Vri., 1993

REAL!, Giovanni tltstótia da frlósafia qahpa T|ad Marcelo Peine


Sào Pallor Loyola, 1oo1 I 1

REÀLE. Gioranni Hirlr,i, da ,losri,


SáoPaulo Loyola.1993 v 1
)rnô\ lntcÍna!LúnrEde Cârrl!!d§âo nr Puhl!3ç" íCIP)
/.sn Bràíl<m,.1! Li! o Sl R asl)
"

l!Ltorid!§cnúaldi hlo' fi4,


núroa!óJec. \o 'i sáoPzuo Entô 7rçoe\ 2|01

aonLeúdo, âula 1: Históiâ dâs hnrórias dà lilosoliâ


rulÂ/ uprojct.50, JLtro JUal su!mtcsenÊtrÚ
â, r ir Ài,trútelc5 ru à i PR 5 rmtcr s

anla 6: Periodo helen ísli. o I

r Filosôlia Eíúdo ee.sino2 Fil.sofia História


l. Filôsoh IntrodÍçôcs 4.Ilcldnhro I Tituk)

indices para .41álúgo sistenárico

ISBN 10 DiCITOS: 35-311062_ 14 l

Líe livrc éa transc.iqáo dan!la que


tor !d!add no d r 1l dc srrenrbru dr 2u02
na É ReclTa\óe'rm sárr PaLLLT Sl BÍcsil

lmprsso lLla Pah Jcor Pcra Â


Ê Rel izacôes. Lm derlmbr de 2006
O5 tif.. usadrtr sáu tla ianr llr DuLch
DaDel L chanois BuLl< cn g
o paÍc iÍ
o nriol; e \uPÊ no l5lr !,/ n nJta d LaPa

Vous aimerez peut-être aussi