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(0 FE PIE r i Fe ee Weider te l= : cultural na A ey) Aida earl der nd fate. Rodsign Harta se Jon DPA, 2 ‘Stuart Hate (A IDENTIDADE CULTURAL NA POS~MODERNIDADE Tradugao: Tomaz Tadeu da Silva Guacira Lopes Louro Ti# edigéio 1¢ reimpresséo Deaa testo este lveo fo adapeado ao Aconlo Ortugitien niga Portuguesa assinade em 190, que comesen ‘gram Te jane de 2009 Proibida sree, ttalon paral por qualyuer rnc er prvecato, ecproprogratien fotografie, erie, iviilmagen ee. Kates pribiges plies tame An caracteraticas gréfiras cou cditoinia. A vilaeao dos Ait sures pm (Cig Penal, art 184 68; Lei 5/30), eom bus, spree invenizaien diversas (Le ,10/98 Lot dos Diritos Auiorais~arts 2,123, he 126), can Dineitas servis 3 DPA EDITOR A Rus Santo Amaro, 129 Sania Terese 2211-230 — Rio de Janeiro — RJ BRASIL “Tebiax (212821768 Enderege eletsSicn:dpatpa.com.be ‘Sito: worw.dpacom.hr Inupresso no Brasil 2011 Sumario 1, A IDENTIDADE EM QUESTAO, O7- Tiés concepgses de identidade. O carater da mucenea no mexternidade tarcia ‘O que esié om jogo na questao dos identidades? 2. NASCIMENTO E MORTE DO SusEITO MODERNO, 23 Descentrando 0 sujeito 13. AS CULTURAS NACIONAIS COMO COMUNIDADES IMAGINADAS, 47 Narrando a nagio: uma comunidade imaginado. Desconstruindo o "cultura nacional’: identidade e diferenca, 4. Grosauzacho, 67 ‘Compresséo espago-tempo ¢ identidode. Em direco ao pés-moderno global? 5. O ciosat, 0 Loca 0 RETORNO DA ETNIA, 77 The Rest in the West. Adialética das identidades 6. FUNDAMENTALISMO, DIASPORA E HiBRIDISMO 91 REFERENCIAS BIBLOGRAFICAS, 99 1 A IDENTIDADE EM QUESTAO ‘questo da iclenticade est samente discutida na w sséneia, 0 argumento € o seguinte: as velhas identidades, que por tanto tempo esta- bilizaram o mundo social, estio es dentidades wenclo exten |. Em “crise de identidade” é vista como parte de: processo mais amplo de mudanea, que esta iedades modernas ¢ abalando os qua- dros de referéneia que davam aos individuos ‘uma aneoragem estivel no mundo soci nu modernidade tardia e avaliar se existe uma “crise de ssa Grise o.em que diroyio cla etd indo. O livro se volta para questiies eo pre- tendemos dizer com “crise de identidade”? Que acontevimentos recentes nas sociedades modernas precipitaram essa crise? Que for mas ela toma? Quais so suas consequéneias potenciais? A primeira parte do livre (caps. 7 A otNMGADS CULTURAL NA FOF: MODERMIOADE ‘nas nos comceitos de: ito, A segunda parte (caps. 3-6) desenvolve esse argumento com rela a identidades culturais — aqueles aspectos de nossas identidades que surgem de nosso “perten + étnieas, racials, guistieas, religiosas e, selma de tudo, na- Este livro éeserito a partir de uma posi ipatiea fi afirmagin de que nodernas estiio sendo “escen. aca 6 de explorar esta afirmacao, ver 0 que ela implica, qualified-la e disc er suas proviieis consequéncias Ao desenvolver 6 argumento, introduzo cer tus complexidactes ¢ examino alguns aspectos contraditérios que a nocao de “descentra ce sf is simplificada, desconsidera. Consequentemente, as formulagies deste livro sito provisdrias e abertas i contestacio, A opiniao dentro da comunidade sociologie esté ainda profundamente div cesses assuntos. As tendéneias sao demasiada mente recentes e ambiguas. 0 préprio com: to com o qual estamos lidando, “identidade’ 6 demasiadamente compl desenvolvido r muito pou ciéncia social contempordnea para ser nitivamente posto & prova. Como ororre com iiuitos outros fendmenos soeiais, ¢ imposaivel observa 0 erit “supe como fixe, eoorent Avorn em ourstio. Para aqueles/as tedricos/as que acr ditam que as identidades modernas estio entrando em colapso, 0 argumento se dese volve da seguinte forma, Um tipo diferente de mudanga estrutural ests tansformando as ail do século XX __Tsso eaté fragmentando as paisagens culturais de classe, género, secualicade, et nacionalidade, que, no passado, n Tornecido sitidas locali ciais. Estas transformagaes esta nilo. nossas identidades peso: aideia que temos de nis pro ysintegrados. Esta perda de um “sentido de si” estivel € chamada, algumas vezes. de deslocamento ou deseentragao do sujeito. Kase uplo deslocamento ~descentragio dos indi= vid cultural quanto de si ise de identidade” para o individao. Gomo » cultural Kobens Mereer, idade somente se to quando esté em erise, qua estivel 6 deslo~ vaio pela experiéneia da diiyida ¢ da incer- teza” (Mercer, 1990, p. 43). ‘Avoenninane cutronat na PESeMODERNEAOE cs processos de mud; em conjunto, representa ransformagio t nte que somos compelidos a perguntar se Do 6 u propria modernidade que esté vendo transformada, Estelivro acrescenta uma nova dimensio a esse argumento: a afirmagio de que 6 deserito, alg do pés-moderno, u63 eomos proceso de fundamental e abran- hhumanos. A fim de explorar essa afirmacio, devo examinar primeiramente as definigdes de identidade e o caréter da mudanga na moder- nidade vardia. Trés concepgbes de identidade Para os propésitos desta exposigdo, dis ngnirei trés concepgbes muito diferentes de identidade. a saber, as eoneepgiies le idemti- dade do 48) sujeito do Huminismo, ito sociol .) sujeito pbs sujeite slo Tuminismo estava baseado numa eoneepedo da pessoa humana come am Imente centrado, unificado, do~ terior. que emergia pela primeira vex quando ‘o sujeito mascia e com ele se desenvoly dda que permanceendo essencialmente 0 mesmo = continuo ou “idéntico” a ele ~ ao longo d “existéncia do individua. O centro essencial do euera a identidade de uma pessoa. Direi mais sobre isto sujeito ede tidade dele: ja q ustialmente dese ‘A nogito de eneonsei sujeito nfo era autinomo ado na relagioc soas importantes para el para o sujeito os valores, a mn outras pes- aque medliavam ds ¢ simbolos —acultura— dos mundos que ele/ela habitava 1. Mead, C.H, Cooley € os interacionistas simbélicos sao as figuras-chave na sociologia que elaboraram esta ¢ repgiio “interativa” da identidade ¢ do eu. De acordo com essa visio, que se tornou a eoncepede sociolégi clissica da questio, a identidade ¢formada na ‘entre oeu ea sociedade. O sujeito ‘A orioaBe CULTUBAL NA POt-NOBERNIOADE ruis “exteriores” ¢ munilos oferceem. ‘Aiidentidade, nessa cone giea, preenche 0 espaco “exterior” entre o mundo pessoal plblico. O fato de que projetamos a “nds pré- prios” nessas identidades culturais. wo mesm tempo que: valores, tornando-os “parte de 16s", contri hui para alinhar nossos sentimentos subjct ves com os Ingares objetivos que ocupamos no ‘ecultural. A idler “sutura™) 0 sujeito & esteutura, Estabiliza tanto os sujeitos quanto os mundos culturais que eles habitam, tornande ambos reeiproe dose prediriveis, Argumenta-se, mente essis coisas ne agora esto “mmdando ‘Osujeito, previamente vivido como tendo uma identidade unilicada eestivel, est se tormando fragmentado: composto nao de uma tinica, mas de varias identidades, algumas vezes contra- esolvidas, Gorresponden- temente, as identidades, que compunham ax ptisagens sociais “li fora” e que asseguravam ‘nossa eonformidade subjetiva com as"neeessi- aces” objetivas da cultura, esto entrando em colapso, como resultado de mudancas estru- turais e institucionais. O proprio processo de idemtificagao, através do qual nos projetamos centrotanto, queso exata- 2 fem_nossas identidades nais provisério, variavel ¢ problematieo. Esse processe prot derno, conceptualizado como nao tendo uma identidade fixa, essencial ou permanente. & identidade Jebragiio mével”: formada ¢ transformada continuamente em ‘relagdo ds formas pelas quain somos represen tacos ou interpelados nos sistemas culturais ‘que nos rodeiam (Hall, 1987), nica his- torie nao bialogicamente. assume idemtidades diferei momentos, identidades que mi das ao recor de um nite, rando em diferentes direcdes, de tal mod que ntificagies eatin sendo conti nmamente deslocadas. Se sentimos que temos ie unificada desde © nascimento ‘a morte ¢ apenas porque construimos uma efimoda a conf sobre nds mes ora “narrativa do eu” {veja Hall, 1990). A idemtidade plenan plcta, sewura e coerente & ‘Ao invés disso, i medida em q) ficagio ¢ representagio multiplicam, somos confrontades por uma desconeertante © eambiante de identidades possiveis, com cada quais poderi temporariamente, 1 unifiewda, ma fantasia. ‘Aoosxoe 6ATURA Sm 7-ODKENIOANE Deve-se ter em mente que as trés eomcep- ces de sujeito acima so, em alguma medida, simplificagdes. No desenvolvimento do argu ‘mento, elas se tornarito mais complexas.€ fificadas. Nao obstante, elas se prestam como pontos de apoio para desenvolver o argumento eontral deste livro. (© cardter do mudanga na modernidade tardia Un outro aspeeta desta questo da iden- tidadeestd relacionado ao eariiter da nmdanea na modernidade tardia; em particular, ao processo de mudanga conheeido como “glo~ balizaedo” © seu impacto sobre a identidade cultural. ter muito espeeifico. 4 modernidade: revolucionar da produgiio. abalar ininterrupto de todas ae condiches Tindas an relagies fixes ¢ comgelodas, eom sew corteje de vetustas rejiresemagies © concep ses, so dissolvidas todas as rolagoas reed “Formadas onvelhevem sites de povlerem ussif se desmanea no at. 55 p10). (Marx ¢ Engols 4 Aspenmimant em Questo: edadles modernas #0, port 10, sociedades de ante. rapitla¢ permanente. Esta éu prineipal ctingdo entre as sociedudes Anthony Giddens argumenta nas sociedades tradieionais, passa 6 vene- rade © 08 sfmbalos so valovizados porque con- wevimdo qualquer atividale ou expe ont ima do pans wais, por sua yea, #30 A modernieade, em contrast apenas como a experiéneia de con- ilanga rapida, abrangente ‘éuma forma altamente refle- du, na qual: defini dase refor las sobre aquelas préprias pritieas,aleranlo, stitutivameste sew earier bid pp. jeular, 0 ritmo redida em que 6 fireas diferentes lo globo sii postas em inter- conextio umas com as outras, ondas dle trans: formagio social atingem virtualmente toda a ficie da terra” —e a natureza das insti- 1s (Giddens, 1990, p. 6). Bssas itimas ou so radicalmente nova, em c paragio com as sociedades tradicionai exemplo, o estado-nacio de produtos eo trabathe ana enganosa continuidade com as for anteriores (por exe mas si0 organizadas em torno de prinefpios bastante diferentes. Mais importantes so as trans- Forages do tempo ¢ do espaco ¢ 0 que ele chama de “desalojamento do sistema social ~aextragio” das relagies socials dos contex- tos lorais de interacio e sua reestruturagi ongo de eseialas inilefiniclas de-espaco-tempo™ {ibid., p. 21). Veremos todos esses temas adiante. Entretanto, o ponte geral que gosta- rin de enfatizar 0 das deseontinuidades (por ago ovo se vida colocaon em ago pela moder hile nos livearam, de wa form Iastante Inalita, de tons pos traicionaie de orem social. Tanto om extensto dade, os transformagies envolvidas na mover nidade so mais profumdas di joni das tmdangas earactoristicasdlox periodos anterio res, No plano da extensao, elas ser tstabelever forms de interconexzo soeial que 16 A ornimase tm QueSTAO ‘lteraram aleumas das earacteristiens mais Fntimase peesoais de nossa existéneia cotdiama (Ginidens, 1990, p. 20. David Ha como implicande nao apenas to impicdoso com toda e qualquer condi precedent terizada por [proecsso sem-fim de rupturas ¢ fragmentagbes internas no seu prépeio interior” (1989, p. 12) Ernest Laclau (1990) usa 0 ronceito de “deslo- famento”. Uma estrutura desloeada 6 aquela cujo centro & deslocado, nfo sendo substitu: do por outro, mas por “uma pluralidade de centros de parler”, As sociedades modernas, fanzumenta Laclau, nao tm nenhum centro, nenhum principio articulador on ors finico e niio se desenvolvem de acordo como So ie A sociedlade niin ¢, como os socidlogos pensa- ram muitas vezes, um todo Jado, uma totalidade, produzindo- ‘através de mudangas evolu de si mesma, como o desenvolvimento de uma flor a partir de seu bulbo, Bla est constante- mente sendo * la” ou deslocada por 7 argumenta cle sao caracterinadas pela “dife odlernidade tardia, renga”: elas so atravessallas por diferentes 7 ‘Aornmoeot CumURAL NA POS-MOHENDADE divisdes e antagonismos speiai rem uma variedade de diferente sujeito” — isto & identidades ~ para os indi dluos, Se tais sociedades niio se desintegrs totalmente nfo & porque elas so unificadas, nas porque seus diferentes elemer dads pole, so) Serta conjaintamente articulados. que produ- osigben de Taclau, nao haveria Bsa cao de identidade muito diferente ¢ mu rae proviséria do que as duas anteriores. Entre: ‘ snta Lacan, iss0 nto de desencorajar: o deslocamento tem earacteris tieus positivas, Ele desarticula as idemtidades estiveis do passado, mas també Sibilidade de novas artieulag de novas identidades, a sujeitos © a que ele chama de “recomposi dla estrutura em torno de pontos nods parti tulares de articulacao” (Lacan, 1990, p. 40). Giddens, Harvey ¢ Lacla oferecer le turas um tanto diferentes da natureza da mu dlanga do mundo pés-moderno, mas sas Gafa- Sesna descontinuidade, na fragmentago, ma ruptura c no deslocamento contém ums: ccomum, Devemos ter isso em mente quando dliseutirios o impacto da mudanga cont rranca conhecida como “globaliza to, are 18 Aterrnoant ew OUEsTAO, © que esté em jogo na questio das identidades? Até aqui os argumentos parecem has tante abstratos. Para dar alguma ideia de ‘como eles se aplicam a uma situagio eonereta 14 “em jogo” nessas contestadlas de identidade ¢ muclanea, vamos exemplo que ilustra as consequén- da fragmentacao ou “pluraliza- iu Em 1991, 06n Bush, ansiose p Ponservadora na Suprema Corte americana, io de Clarence Thomas, (0 presidente americano, restaurar uma maioria _ No julgamento de Bush, os eleitores bran- os (que podiam ter prevon tum juiz negro) provavelmente apoia nas porque ele era conservador eu Tegislacio deigualdade de direitos, ¢ 08 c as liberais em questovs de raga) apoiariam Thomas porque eleera nese ese, 0 presidente estava yeando 0 joe ¢ z Durante as “audiéncias” em torno da indicacao, no Sendo, 0 jniz Thon sado de : gra, Anita I AAs audiéneias causaram um escindalo pri- wv ‘Avoenonot CULTURAL 8A REE-NOBERNIOADS Alguns negros apoiaram Thomas, baseados nna questo da raga: outros se opuseram a ele, tomando como base a questio sexual. Ax mulheres negeas estavam divididas, depen- dendo de qual identidade prevalecia: sua identidade como negra ow sua identidade como mulher. Os homens negros também cstavam divididos, dependendo de qual fator prevalecia: seu sexismo on seu liberalismo, Os homens braneos estavam dividilos, depen dendo, nio apenas de sua politica, mas da forma vomo eles se identificavam com resp 10 racismoe ao sexismo, Asnmulheres vadoras braneas apotavam Thomas, inagao politiea, mas nas com buse em também por causa de sua oposigao ao fem. nnismo, As feministas braneas, que frequen- temente tinham posigdes mais progressistas na questi da raga, se opunham aT! tendo como base a questao sexual, E, uma ‘ven que o juiz Thomas era um membro da ria ¢ Anita Hill, na 6pora do ale- ‘do incidente, uma funeionaria subalterna, tavamem foo, newes arguments, também qestoes de classe social. A questao da culpa om da inocéncia do juiz Thomas no estd em diseussa ‘std em discussiio € 0 “jogo de sas consequiéncias politicas, Consideremos os seguintes elementos: 20 Asidentidades er se ermzavam ou se “deslocavam” mutua- ‘mente As contradigdes atuavam tanto fora, na Sociedade, atravessando grupos politi- cos estabelecidos, quanto “entra” da ccubega ile cada individuo. Nenhuma identidade singular — por ‘exemiplo, de classe social —podia alinhar todas as diferentes identidadles com uma: “idontidade mestra” tinica, abrangente, na qual se pudesse, de sear uma politica, As pessoas nao ficam mais seus interesses soci iio pode servir como discursivo ou uma categoria mobilizado- ra atrayés da qual todos os variado: teresses ¢ todas as-vari das pessoas possam ser reeonciliadas ¢ representadis. De forma erescente, as paisagens polit ‘eas do mundo mo no sie fraturadas dessa forma por identifi deslocantes — advi da erosao da “identidade mestra” da classe ¢ da emergincia de tidades, perten A nova base po- Iitiea definida pelos novos movimentos soe mo, as hitas negras, os in: fe 2 movimentos de libertagae i = antimucleares ¢ ecolSgicos (Merevr, 1990). + Uma ver que a identidade muda de acor- pelado ow represe nao é automatica, mas pode ser ga la. Ela tornon-se politizada fis vezes, deserito come litica de identidade (de classe) para uma politiea de diferenga. Posso agora esquematizar, de forma o lugar, breve, o restante do I examinar, de profunda, como o eonecito de iden lo conceito ligado ao sujeito do Lu 0 socioldgieo €, depois, para o do sujei woderna”. Em seguida. olivro exploraré aquele aspecto da ide cultural moderna que é formado através do pertencimento a uma cultura nacional e como esos de mudanga—uma mmdanga que n deslocamento ~ compreendidos no conceito de “globalisagia” esto afetanda isso. 2 a 2 NASCIMENTO E MORTE DO SUJEITO MODERNO este capitulo farei io, feita por alguns pordneos, das pri nu forma pela qual o sujeito ¢ a identi dade sie conevptualiza moderno. Meu objetivo através dos quais uma ver, fa prdpria identidade Inga a orem dng ver na idade coisas — emergin pela primei ome ele se tornon jue moldaram as soe no adq) dades moderna! ele estisendo tardia, O foce principal deste cap cvitual, centrando-se em coneepcdes mutan- rma figura tes do sujeito humano, visto como discursiva, enja form racional eram pressupostas tanto pelos ise cursos do pensamento moderno quanto pelos processos que moldaram a 1 ladle, sendo-thes 23 jria da nogao de amente sujeito moderno Gum exercieio ext dificil, A ideia de que as dentidaites eram ple ‘numente unifieadas coerentese jue agora se tornaram totalinente deslocadas 6 uma forma altamente iplista de contar « hist6ria do ‘no, Eu a adoto aqui como um Alispositivo que tem o propésito exclusive de ‘uma exposigio conveniente, Mi eles que subscreyem inteiramente a nogao de um tariam nessa for mplifieada. Deve- te essa quialificacdo em mente ao ler este cap 2 formvlagao simples tem ‘livar (no breve es pace deste livra) eshagar um quadro aproxi- mado de como, de acordo eom os proponentes da visto do deve seonveptializa- cio do sujeito moderno muclou em tr pontos stratégicos, durante a modernidlade, Pssas " ham a afirmacio hiisiea de que as cone portanto, (seu Snascimenta”) ¢ tem uma ele também pode mudar e, cunstancias, podemos Iugar-comum dizer que a surgir uma forma nova ndividualismo, no centro da epoca fe deeisiva de 2 NaScWtNTo £ MORTE OO SUIER NOOERNO ‘qual erigin-se uma nova concepeo do sujeito individual e sua idevtidad que nos tempos pré-modernos as ‘era tanto “y de forma diferente. As transformacies asso~ “ciadas i modernidade libertaram 0 indivi duo de seus apoios estaveis nas tradigies € tas etre Isto niio significa jasoas no es divinarente I getecte acnndercns es I stain, a claseilicagio o a po vee Dpétvon na “grande cadeia do ser” — a ordem Bar eoias des eos —prodnctnavare Pore qualquer ventiniento de que a pessoa duo soberano. O nascimento toberaad"exteoo Hauaieas ‘to seeulo XVI ¢0 Th le EVEL vepeoienten ta Be temic ood pemendo: Alpen or BF es cle fot pmunne quo colocon melo eal tema social da “modernidade” movi Raymond Williams observa que a ria moderna do Ve dois Bc choadondttintos por vm lado, ocein 6 anes sae one terior € mio pode ser divi dida além disso; por outro lado entidade que é “singular, dist vidual”). Muitos movimentos importantes 10 25 Nixscavento & MOETE D0 su.tHTO MODEENC pensamento ¢na cultura ocidentais contri cia dessa nova concep thiosas da lzreja ea expuseram diretamente aos olhos de Deus; o Humanismo Renascentist {que eolocou o Flomem (sie) ne centre do uni- verso: as revalugbes eientifieas, que confer ‘a9 Homem a faculdade ¢ as capacidades restigur e decilrar os mistérios da Natureza: ¢« Huminis do Homem racional, cientifico, libertad do 11 « da intolerdineia, e diante do qual se fstendia a totalidade da historia humana, para ser compreendida e doninada, ‘Grande parte da histéria da filosofia oci- dental consiste de reflexies ou refinamentos uedeu 4a, foi a essa concep bo filosofo francés René Descartes ( Alga moderna”. Doseartes foi tista, o fundador da geometria analiti tien, ¢ foi profundamente influenciado pela lo XVII. Ele fui atingido pela profunda davida que se seguin ao destoea- rnento de Deus da centro do universo, Eo fato de que o sujeite moderne “no meio dda diivida ¢ do ceticisme met Tembrar que ele nunca foi estabeleeide ¢ uni ~% ale explicou o resto do ficado come essa forma de sugerir (voja Forester, 1987). Deses tot as contas com Deus a0 torni-lo o F Movimentador de toda criacio: dat em diante, indo ma ‘revi-lo parce es aver: 4 substincia pensante (mente). Ele refoca- lizou, assim, aquele grande duatismo entre ‘a “mente” e a “matéria” que tem afl Filosofia dese entio. As coisas devem ser ‘explicadas, ele acreditava, por uma redu ios seus elementos essenciaix & quantidade “ninima de elementos e, em altima andlise, ios seus elementos irred No dla “mente” cle colocou @ tonstituid® por sua capacidade para racioci- hare pensar. “Cogito, ergo sum” era palavra Bp ordem de Deseart x a). Desde ent John Locke, o qual, em seu Ensaio sobre a compreensaio humana, delinia o indivi fm termos da “mesmidade (sameness) de um ser racional” ~ isto é, uma identidade que permanceia x mesma i ‘Seu sujeito: “a identidade da pessoa alean ‘Avmimnoe OATUML Wa POEHODEEMONOS cexata extensdio em que mua conseiéneia pode ir para tris, para qualquer aeo ou penstimento passado” (Locke, 1967, pp. 212-213), Bsta fiqura (ou dispositivo eoneeitual) ~ 0 vido saberano™ ~ est a cm cada um los processos e priticas centrais que fizeram tmindo moderno, Ele (sic) era 0 “sujeito™ da mnodernidude em dois sentidos: a origem ou Ssujeito” da razao, do conheciment tica; ¢ aquele que sofria ax consequénci sas praticas — aquele que estava “sujeita clas (veja Foucault, 1986 e também Penguin Dictionary of Sociology: verbsete “subject”). “Algumas pessoas tém questionado se 0 ‘eapitaliamo realmente exigin uma concepeao ‘ic individuo coberano desse tipo (Abererom- hieet alli, 1986). Entretanto, a emergéneia de tama eoneepeae mais individualist do sujeito Gamplumente aceita. Raymond Williams sin- tetizon essa imersio do sujeito moderno nas praticas ¢ diseursos da modernidade na se- uinte passagem: A omergéncia de nogies de individuatidede, no sentide moderna, poneser eelocionoda aneokaps0 orden social, econdmicaeroligios metievel. [No movimento geral contra o fev ‘uma nya Pnfase na exstencia pessoal cima ¢ além do sou lugar © sua fungie mime ida soviedade hier uica- Houve ume énfiaee ‘imilae, no Protestantism, na vel 8 Individual de homes con Deus, em oposigio a e ‘mova pola lareja, Mas fi 6 a0 final do séeulo XVI e no séeulo XVEM ‘nov move do analiso, na Ligica ¢ na Matem tie, pos (Gf. as “mndmadas" de Leibniz). parti da qual contre eatogorins espe ategorins cole tives ram derivades. 0 pensumento politico do prineipalment 0 0 argument comecaya com os individuos, que ravine inieal, Asles tinham uma existénes jecude cram eles derivadas por submisso, como em Hobbes; por contrato ee Formas deo ‘as on comercial, Na étioa uti separadios caleulava as cams com daquela agdo que eles podariam empreenler (Williams, 1976, pp. 135-6). 0 séenlo XVILL ima ginar os grandes processos da vida moderna ‘como estando centrados no individuo “su da raziio”. Mas medida em que as soeiedades ‘modernas se tornavam mais complexas, clas adgniriam uma for As teorias elissicas liberais de governo, hasea- Ainada era possivel 2 das nos direitos e consent foram obrigaulas a dar conta das estado-nagao e das grandes massas que fuzem roilerna, As leis elassicas da tconomia politica, da propriedade, do eon trato e da troca tinham de atuar, depois da industeializacao, entre as granules formacbes de classe do capitalismo moderno. O empre~ fendedor individual da Rigueza das acoes de ‘dam Smith ou mesmo d°O capital de Marx foi transformado nos ronglomerado homia moderna, ( cidadao individual nredado nas maquinarias barecr’- wodern0. da ec torn ease artinistrativas do estado Emorgiu, entio, uma con social do sujeito, O individuo passom a set Visto como mais loealizado ¢ “definido” mo i ¢ forma- dessas grandes est stentadoras da sociedade mo Dois importantes eventos con articular um eonjunto mais amplo de funda tentos eonceptuais para o sujeito moderne, primciro foi a biologia slarwiniana. O eujeito Frumano foi “biologirado” —a razio tina nma ase na Natureza ea mente um “fundamento™ no desenvolvimento fisico do eérebre humano. {© segundo evento foi o surgimento das novas ciéncias sociais, Entretanto, as transfor= Imagies que isso pos em aco foram desiguais: * O “individuo soberano”, com as suas (dele) youtades, necessidades, desejos & 30 rmaneceuta figura central tanto nos diseursos da economia moder nu quanto nos da lei moderna. © dualismo tipieo do pensamento car tesiane foi ins aliz is entre a psicologia ¢ nas. Oestuclo do in duo ede seus proc 1us processos m -se 0 objeto de estado ¢ tgiado dda psivologia. peeial ¢ privil mas coletivas as quais, argumentava, pjaziam a ato. sujeitos individuais, Em eonsequéncia. desenvolveu uma explicagio altermativa ‘do moslo como os individuos sao forma- dos subjetiva ticipagie em relagies soeiais mais am- plas, lnvorsament, do modo come ot procesans ¢ as estruturas so sustenta- dos pelos papéis que os individuos nel desempenham. Essa “internalizaga do exterior no sujeito, ¢ essa “ext lixacio" do interior, através da ago no mundo social (como dientida antes), constituem a descrigio suciolégiea pri- mmirin'do engeto worlerno oestse ou preendidas na teoria da sovializagio. io com an 1a. G. H. Mead os adotaran Como foi observa aci eos interacionistas simbd ‘uma visio radicalment proceso. A integragio do ‘lade tinha sido uma preacupagio de longa data da sociologia, Teéricos ‘como Goffman estavam profundament atentos 201 tado em diferentes situa como os conilitos entre estes diferentes papéis sociais sio ne hivel mais mucrossociolézico, Parsons cestudou 0 “ajuste” ou complementarida- de entre “o eu” € 0 sistema social. Nao bbstante, alguns eriticos alegari ‘a sociologia convencional mant do dualismo de Descartes. eepecialmen- teem sua tendéneia para constrair 0 como uma relagao entre das entidades conectadas mas s¢ faqui, 0 “individuo ¢ a sociedade’ Eate modelo sociolégieo interative, com wrovidlade estivel entre “interior” ¢ “exte- Hor’, é, em grande parte, win produte da pr tneira metadledo séeulo XX, qnansdoas cieneias socinis aussumem sna forma diseipli f Entretanto, exatamente no lo, tum quadro mais perturbado e perturhador Uo sujeito e da identidade estava eomecando a ‘emengir dos movimentos estéticos eintelectuais ‘oc iad com 0 surgimento do Modernist weiados. Em um 32 Encontramos, aqui, a figura do indi ‘yiduo isolado, exilado ou alienado, eolocado contra o pano de fando da multidao ou dame. trépole anénima e impessoal. Exemplos disso inchuem a famosa descrigao do poeta Baude- aire em “Pintor da vida moderna”, que er- ute sua enss “no eoragio dinico da multidao, fem meio ao ire vir dos movimentos, em meio ag fugidio ¢ 20 i fe que “se torna um jinico corpo com @ multidao”, entra na mul- tido “como se fosse um imenso reservatorio de energia eletrica”: 0 fléncur (ow 0 vagal do), que vagueia entre as ojus, observando 0 passageiro espetaculo dt ‘metropole, que Walter Benjamin celebros no seu ensaio sobre a Paris de Baudelaire, © euja contrapartida na modernidade yavelmente, o turista (ef. Urry, 1990); jima andnima, confrontado por ums buro- de Kafka, O Pro- esto; ¢ aula legiio de literatura e da eritica soc visavam representar a experiéneia si da modernidade. Varias dessas “instancias texemplares da modernidade”, como as chama Frishy, povoam as paginas dos tes rieos wociais da virada do séeulo, como George Simmel, Alfred Shute ¢ Siegfried Kra (todos os uais tentaram capturar as cara ristivas essenciais da modernidade em ensaios famozos, tis como The Stranger ou Outsider) 33 Arownce na ware weneEdDnoE (voja Frishy, 1985, p.109). Hstas imagens mos- traram, eas do que iria acontecer a0 sujeito eartesiano ¢ ao sujeito sociolégicn na modernidade tardia. Descentrando 0 sujeito Aquelas pes idlacles modernas das argumentam que o «jue acomtecen cepgio io sujeito moderno, na modernidade tardia, nao foi simplesmente sua desagregucio, mas seu deslocamento. Blas deserevem esse deslocamento através de uma série de ru rs nos discursos do conbecimente moderno. Nesta segao, farci um rapido esbogo de cinco grandes avangos na teoria social e nas ciéncias humanas ocorridos no pensamento, no periodo da modernidade tardia (a segunda metade do século XX), on quesobre ele tiveram sen prin yal impacto, ¢ eujo maior efeito, argumenta-se, foiodeseentramento final do sujeito eartesiano. ‘A primeira descentracio importante refere-se ix tradligyies do pensamento may ista, Os eseritos de Marx pertenicem, nat ralmente, ao séeulo XIX ¢ nao ao século XX. Mas uum dos modos pelos quais seu trabalho foi redescoberto ¢ reinterpretado na década {i lus da sua afirmagio de que ‘08 “homens (sie) fazer ahi sob as condigoes que Ihes sito dadas”. Seus (ria, mas apenas 34. novos intérpretes leram isso no sentido de jue os individuos nao poderiam de nenbumt forma ser os “autores” ou os agentes da his tuma yer que eles podiam agir apenas com base em condigdes histérieas criadas por outros © sob as quais eles masceram, utili- zando os recursos materiais e de eultura que Iles foram fornecides por geragdes anteriores, Eles argumentavam que 0 marxismo, corretamente entendido, deslocara qualquer “nocao de agincia individual. O estruturalista Gnarsista Louis Althusser (1918-1989) (ver Penguin Dictionary of Sociology: verbete *Althusser") afirmou que, ao colocar as rela- gies sociais (modos de producio, exploracio da forea de trabalho, os eireuitos do capital) © no uma nogio abstrata de homem no centro de seu sistema tedrico, Marx deslocou duas prope +) quché uma esséncia universal de hosnesn; + que essa esséneia é 0 atributo de “cada individuo singular”, 0 qual é seu si reall Eases doi postlados do coraplementarese indi olives, Mas sua existncia ¢ ua unidade pres: ‘poem ta uma perspactiva de mando expiristar ilealista, Ao ejeitar a ese do homem como su base tere, Ma rejeto too ase strana onginicnde postulados, Rleexpulouaseategorias filositicas do anjeto do empirismo, da esséncia 35 A LotnioADe CULTURAL RA FOS-MODERMIDADE ideal detodimondomsinionem quecdas tinh rei nado do forme aupeema. Nag apones da eonwomin polities (rerigio de mita do homo economicus, isto 6 do individan, cows faculdades © meen des efi, cme senda 0 ajeit ca eeonoenia ‘léssica):adoapenasda istic: .. io pen ‘tia (eejeigto da ide Sica Kantiana)s mae tar Jbém de prdpriafilsofa (Althusser 1966, p. 228), Essa “revolugio tesriea vio. fortemente contestada por muitos tedricos jhumanistas que dio maior peso, na explicagio hhistorica, & agéneia humana. Nao precisamos diseutir aqui se Althusser estava total ou par- cialmente certo, om inteiramente errado, O fato € que, embora seu trabalho tenha sido ampla- ‘mente eviticadlo, seus unin tedrico” {isto é, um modo de pensar aposto as teorias que derivam seu raciocinio de alguma nogio de niversal de Homem, alojada em cada sujeito individual) teve um impacto considerivel sobre muitos ramos do pensaime 0 segundo dos grandes “

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