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CORRIGIR O PH DO SOLO COM CALCÁRIO


Witalo Rafael dos Reis Leal 1

Resumo
A química inorgânica está presente em nosso meio de diversas formas, desde o princípio
ativo de fármacos até o sal que está presente na cozinha. De modo geral, há várias
aplicações da química inorgânica, sejam para o nosso bem ou para o nosso mau.
O processo de calagem é um procedimento usado a bastante tempo na agricultura
brasileira, por ter um solo de característica ácida. A química inorgânica está presente
nesse processo que ajuda e muito na produtividade dos alimentos do campo.
Nesse contexto, o trabalho vem mostrar o processo feito no solo e como a química está
presente nele desde a formação desse solo ácido até o método utilizado para a sua
correção, isso mostra o quão importante a química é no cenário da indústria e agricultura.

Objetivo
Mostrar um dos procedimentos usados para correção de acidez do solo, mostrando o
processo químico ocorrido.

Introdução
A química está presente em nossa vida cotidiana de diversas formas. Nas plantas
fazendo a fotossíntese, nos produtos de higiene pessoal, no combustível utilizado em
meios de transportes, no computador e em muitos outros lugares. Dentre todas as formas
de se conviver com a química, aquela que se “encontra” na agricultura é muito importante,
já que auxilia na produção dos alimentos.
É na agricultura que gera todo o processo de alimento que consumimos, por isso,
ela é de extrema importância e sua modernização ajuda na melhoria da qualidade dos
produtos, na rapidez do desenvolvimento e na colheita. Porém, alguns processos podem
ser prejudiciais para o homem, deve-se ter cautela no manuseio de certos produtos.
A agricultura é um assunto multidisciplinar, isto é, envolve várias áreas de
conhecimento. Exemplos destas áreas são química, bioquímica, geografia, biofísica,
biologia, fisiologia. Ela tem se desenvolvido e alcançado muito sucesso nos dias atuais,
entretanto, a sua prática vem de muito tempo.

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Acadêmico de Licenciatura em Química da Universidade Federal do Pará (Campus Ananindeua).
witalo.reis@gmail.com
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A química inorgânica está aplicada em vários processos, nesse sentido, o estudo


mostrará como ela é utilizada no processo de melhoria do solo e assim melhorando a
produtividade dos alimentos.

O solo e sua acidez


O Grupo de Pesquisa em Educação Química, do Instituto de Química da USP
(GEPEQ) (1998) comenta que a formação do solo pela natureza leva milhares de anos, as
rochas sofrem influências externas como a temperatura, a pressão, a chuva e até mesmo
pelos materiais orgânicos que sofrem decomposição e seus nutrientes permanecem no
solo.
Ainda para o GEPEQ (1998) os principais componentes do solo são os minerais,
a matéria orgânica, a água e o ar. O solo ideal para a agricultura é de 30 a 40 cm de
espessura, porém, sua qualidade pode ser afetada pela temperatura, acidez e basicidade,
entre outros.
Lopes e cols (1991) apud ANTUNES, Márjore et al. (2009, p.283): “Os solos
podem ser naturalmente ácidos em função da própria pobreza em bases do material de
origem ou devido a processos de formação que favorecem a remoção de elementos
básicos como K, Ca, Mg, Na etc.”
Segundo NETO, Sebastião Pires de Moraes (2009) a acidez do solo ocorre por
conta o alumínio que se torna solúvel e forma cátions alumínio, que são adsorvidos pelos
colóides do solo, que em reação com água liberam íons H+ que faz com que se torne um
caráter ácido (é uma reação em equilíbrio).
Para muitos autores a equação (abaixo) é a mais importante, porém, antes dela tem
outras reações até quando o Al3+ se torne Al0 ou o hidróxido de alumínio (Al(OH) ).
Outros componentes ajudam o solo a ter um caráter ácido, segundo a Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) a intensificação do ciclo da matéria orgânica do
solo e pelo próprio manejo da fertilidade do solo, com a aplicação de fertilizantes ajuda
com efeito acidificante.
Al3+ + 3 H2O  Al(OH)3 + 3H+

Pela teoria de Arrhenius (1884) “Toda espécie química que, em contato com água,
gera íons H+ é considerada um ácido. ” A neutralização da acidez consiste em neutralizar
os H+, o que é feito pelo ânion OH-. Portanto, os corretivos de acidez devem ter
componentes básicos para gerar OH- e promover a neutralização (ALCARDE, J.C. 2005).
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Calcário
Segundo SAMPAIO, João Alves et al. (2008) o calcário são rochas sedimentares
que são constituídos basicamente por calcita (CaCO3), pode-se encontra-la pura ou
associada ao carbonato de magnésio (MgCO3). Sua formação se dá através de dois
processos: o primeiro se dá por meio da precipitação do carbonato de cálcio que ocorre
no oceano, e por meio de matéria orgânica, onde o cálcio em solução são utilizados pelos
seres marinhos como por exemplo os corais que tem a composição do seu exoesqueleto
de calcário.
PARAHYBA, Ricardo Eudes (2013) ressalta que o calcário tem uma vasta
aplicação no meio da indústria. Por exemplo: a indústria do cimento, a indústria da cal,
indústria química, indústria de tintas e na produção de corretivos de acidez dos solos,
sendo essa no Brasil a segunda maior consumidora de calcário.

Calagem
Para PARAHYBA, Ricardo Eudes (2013) o solo brasileiro tem um caráter ácido
e com isso impede as plantações se desenvolver e que se o solo for neutro a produção
seria máxima e que para fazer essa correção de acidez usa-se o calcário. Os benefícios
dessa prática são: Elevação do pH; Fornecimento de Ca e Mg; Redução ou eliminação
dos efeitos tóxicos do Al, Mn e Fe; Aumento da disponibilidade e maior aproveitamento
de N, K, Ca, Mg, S e Mo; Aumento do potencial de resposta à adubação; Maior atividade
microbiana, com isso, melhoria na mineralização da matéria orgânica e fixação de N;
Melhoria nas propriedades físicas do solo, implicando maior aeração e circulação de água,
auxiliando no desenvolvimento das raízes e da planta; A calagem, através do Ca
principalmente, promove maior agregação do solo, diminuindo as perdas por erosão, bem
como, desenvolvimento do sistema radicular; O desenvolvimento do sistema radicular
aumenta a absorção de água e de nutrientes, permitindo à planta maior resistência à falta
de água.
Segundo a Instrução Normativa n.º 35, de 04 de julho de 2006, da Secretaria de
Defesa Agropecuária – SDA do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento –
MAPA aprovou normas relativas ao decreto n.º 4.954/2004, entre elas especificações para
os corretivos de acidez dos solos, conforme a tabela abaixo.
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Fonte: SECRETARIA DE DEFESA AGROPECUÁRIA

Para um material seja correto para a correção de acidez do solo precisa seguir
alguns parâmetros: o primeiro é o Poder de Neutralização (PN) que é o potencial que o
material tem para a correção do solo de acordo com a porcentagem de Carbonato de
Cálcio (% E CaCO3) que ela possui. O segundo é a quantidade de óxido de cálcio (Ca) e
de magnésio (Mg), e a terceira é o Poder Relativo de Neutralização Total – PRNT que
calcula o nível de correção da acidez que é a relação entre o PN e a reatividade das
partículas (PARAHYBA, 2013).
Segundo o Anuário Mineral Brasileiro de 2006 (AMB 2006) apud Ministério De
Minas E Energia (MME 2009 p.8) a produção de calcário bruto no Brasil se dá em todos
os estados, lidera é Minas Gerais, Distrito Federal, Sergipe e o Ceará. Juntos produzem
cerca de dois terços da produção do país, em 2005 foram produzidos cerca de 21.9
milhões de toneladas.
Já a produção de calcário beneficiada com os dados do Anuário Mineral Brasileiro
de 2006 (AMB 2006) apud Ministério De Minas E Energia (MME 2009 p.8) se dá
também nos Estados citados anteriormente, produzindo cerca de 60% da produção
brasileira, a estimativa é que em 2005 foram produzidos 66.3 milhões de toneladas,
incluindo a produção de calcita e conchas calcárias.
As Nações Unidas, através do “UNdata” (2008) apud Ministério De Minas E
Energia (MME 2009 p.8) “informa que o valor da produção de calcário do Brasil, em
2006, foi de US$242,14 milhões. ”
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Fonte: MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA (MME)

Processo de Correção
LOPES, Alfredo Scheid et al. (1991) comenta que “Quando se aplica um corretivo
de acidez no solo, na maioria das vezes calcário (carbonato de cálcio e carbonato de
magnésio), as reações resultantes são as seguintes: ”

CaCO3 Ca2+ + CO3 2-


+ H2O( solo) 
MgCO3 Mg2+ + CO3 2-
Calcário solução do solo

CO32- + H2O(solo)  HCO3- + OH- (Kb1 = 2,2 x 10-4)


HCO3- + H2O(solo)  H2O + CO2 + OH- (Kb2 = 2,4 x 10-8)

OH- + H+(solução do solo)  H2O

Podemos notar que o calcário em contato com o solo úmido libera Ca2+ , Mg2+ e
2CO3 2, este último fazendo outras duas reações liberando OH-. Ocorrendo isso a
hidroxila (OH-) junto com o íon de hidrogênio (H+) formando água (H2O) e assim
neutraliza o solo ácido.
Porém, nota-se que sua constante de ionização (Kb) é baixa, portanto, é uma base
fraca, significa dizer que precisa de uma quantidade considerável de calcário dependendo
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do nível de acidez e a área que deve ser neutralizada. Fazendo uma analogia com a virgem
cal agrícola nota-se que:

CaO Ca2+ + 2OH– + calor


+ H2O(solo) 
MgO Mg2+ + 2OH– + calor
Cal virgem

OH– + H+ (solução do solo)  H2O

Nota-se que com a cal virgem agrícola em contato com o solo úmido libera Ca2+ ,
Mg2+ e OH–, já que no primeiro processo já se obtém a hidroxila, então é uma reação
rápida. Percebe-se também que essa base é forte, concluindo então que é necessário pouco
cal agrícola em relação ao calcário para correção de solo.

Conclusão
Usando o calcário conclui-se que ele realmente faz a correção da acidez do solo e
que o estudo da química inorgânica se faz presente para entender esse processo. Vale
ressaltar que o calcário não é o único mineral que pode fazer essa correção, como foi
usado anteriormente a cal virgem também pode ser utilizada e outros minerais.
Com a utilização do calcário para fazer essa correção torna o processo mais lento,
por conta da sua base fraca. Outros reagentes fazem esse procedimento rapidamente,
porém, quanto melhor o produto for, mais caro o mesmo será. Sendo assim, deve-se
pensar no custo benefício ao final de todo o procedimento.

Referências

ALCARDE, J.C. BOLETIM TÉCNICO N° 6 - CORRETIVOS DA ACIDEZ DOS


SOLOS. Disponível em: http://www.dnpm.gov.br/dnpm/publicacoes/serie-estatisticas-
e-economia-mineral/outras-publicacoes-1/7-1-2013-calcario-agricola/view . Acesso em
22 ago. 2017

ANTUNES, Márjore et al. pH do Solo: Determinação com Indicadores Ácido-Base


no Ensino Médio. Disponível em: qnesc.sbq.org.br/online/qnesc31_4/11-EEQ-
3808.pdf. Acesso em 22 ago. 2017
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BRASIL. Instrução Normativa Decreto n.º 4.954/2004, Ministério da Agricultura,


Pecuária e Abastecimento – MAPA. Refece aos corretivos dos solos, quanto aos valores
do poder de neutralização (PN), soma dos óxidos (%CaO + %MgO) e PRNT. Brasília,
n. 132, p. 3, 4 jun. 2006. Seção II.

BRASIL. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Disponível em:


http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/soja/arvore/CONTAG01_34_2710200691
32.html. Acesso em 22 ago. 2017

Grupo de Pesquisa em Educação Química, do Instituto de Química da USP.


Experiências sobre solos. Disponível em: qnesc.sbq.org.br/online/qnesc08/exper2.pdf.
Acesso em 22 ago. 2017

LOPES, Alfredo Scheid et al. BOLETIM TÉCNICO N° 1 - ACIDEZ DO SOLO E


CALAGEM. Disponível em:
http://www.anda.org.br/index.php?mpg=06.03.00&ver=por. Acesso em 22 ago. 2017
Ministério de Minas e Energia. Disponível em: http://www.mme.gov.br/web/guest/a-
mineracao-brasileira. Acesso em 22 ago. 2017
NETO, Sebastião Pires de Moraes. Acidez, alcalinidade e efeitos da calagem no solo.
Disponível em: www.cpac.embrapa.br/download/1674/t. Acesso em 22 ago. 2017

PARAHYBA, Ricardo Eudes. Calcário Agrícola. Disponível em:


http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:4tr75J2Y_XsJ:www.dnpm.gov
.br/dnpm/publicacoes/serie-estatisticas-e-economia-mineral/outras-publicacoes-1/7-1-
2013-calcario-agricola/view+&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br. Acesso em 22 ago.
2017

SAMPAIO, João Alves et al. Calcário e Dolomito. Disponível em:


http://mineralis.cetem.gov.br/handle/cetem/1105. Acesso em 22 ago. 2017

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