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INTRODUÇÃO A SÉRIE

O Evangelho de João tem me encantado por sua beleza teológica. É um livro especial
dentro da Escritura que alcança em níveis diferentes todos os cristãos.

Carson o classificou como “simples o suficiente para uma criança ler e


complexo o suficiente para desafiar os poderes mentais de grandes
mentes”1.

Ele geralmente é o livro indicado para novos convertidos enquanto tem ocupado o
trabalho acadêmico de grandes teólogos. Ao mesmo tempo que é simples e com lições
rápidas, é também profundo em verdades que provavelmente só vamos entender por
completo na eternidade. Essa é uma das grandes belezas de João.

Nosso capítulo de estudo, a oração final de Jesus ao Pai, segue esse mesmo padrão. Ela é
clara e pode ser entendida sem muitas dificuldades, enquanto é tão profunda que
poderíamos passar o resto da vida estudando e refletindo sobre ela. É de longe a maior
oração registrada de Jesus e seu conteúdo aponta para uma bela teologia trinitária aplicada
diretamente a vida da igreja. Encontramos nesse capítulo Deus o Filho orando a Deus o
Pai por nós. Você já parou para pensar nisso por um instante? Deus orou a Deus por você!
Qual a vontade de Deus para com Deus a nosso respeito? É por isso que esse texto deve
ser lido, exaltado, estudado e praticado.

Entrar de cabeça no capítulo 17 de João é entrar numa conversa trinitária. É sentar


aos pés de Deus e ouvir por algum tempo o que Pai, Filho e Espírito Santo estão
conversando sobre nós. Essa é uma realidade que já desfrutamos, a comunhão trina por
meio de Jesus Cristo. E Aqui, diante do texto, podemos coloca-la em prática ao
estudarmos essa oração. O convite é para sentar a mesa com a Trindade e ouvir uma
conversa simples e profunda sobre coisas eternas, inclusive sobre nós.

CONTEXTO DA ORAÇÃO

Antes de entrarmos na oração precisamos entender o seu contexto. Ela está inserida num
ponto de transição importantíssimos da narrativa joanina que precisa ser identificado.
Entender esse momento da oração é fundamental para mergulhar mais fundo no seu
conteúdo. Vamos lá!

João é um cronômetro de glória. Há uma contagem regressiva que caminha para o


grande momento da narrativa.

Kostenberger afirmar que

“o propósito mais abrangente de todo o evangelho de João é, ao tecer


várias vertentes narrativas, a demonstração que Jesus, a Palavra, é o
Messias e Filho de Deus”2.

1
CARSON, D. A.. The Firewell Discourse and Final Prayer of Jesus. Grand Rapids: Baker Books, 1980, p. 9.
2KOSTENBERGER, Andreas. A Theology of John’s Gospel and Letters. Grand Rapids: Zondervan, 2009, p.
168.
João é bem claro sobre o seu propósito em 20:31: para que creiais que Jesus é o Cristo,
o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.

O evangelista faz isso mostrando sinais da glória de Deus em Cristo e aponta para a
grande revelação dessa glória nos atos da cruz (crucificação, ressurreição e ascensão
de Cristo). É dessa forma que ele apresenta o propósito da sua obra, João escreveu para
que seu público creia que Jesus é o Cristo, Filho de Deus, e assim tenham a vida eterna.

É interessante notar como esse propósito dá forma a narrativa.

 João marca a sua contagem regressiva para a cruz através da expressão “a


hora”.
 Desde o capítulo 2 até o capítulo 12 João registra que a hora ainda não chegou.
Tirando o prólogo, essa é a primeira parte desse evangelho, chamada por muito
de livro dos sinais, onde João narra os milagres de Jesus que mostram sua glória
como o Messias divino.
 Em 12.23 a marcação de tempo muda para “é chegada a hora”. Isso significa
que o momento da cruz chegou. Nesse momento da narrativa, a partir do
capítulo 13, temos a segunda parte do evangelho, chamada de livro da glória3.
Nessa parte estão os eventos diretamente ligados a cruz, o grande momento da
narrativa.

Esses eventos começam com a noite da última reunião de Jesus com seus discípulos. São
momentos de tensão entre o episódio do lava pés e a predição da traição de Judas e
negação de Pedro. A hora chegou e o ambiente está pesado. Jesus aproveita, então, e fala
sobre várias coisas importantes para a continuação de sua obra. É o seu discurso final e
sua fala de despedida está recheada de promessas, consolo e instruções.

João registra o discurso e seus temas: salvação, promessa do envio do Espírito Santo,
união com Cristo, os sacrifícios da vida cristã, papel do Espírito e tribulações. São
informações cruciais ditas num momento crucial de transição para a cruz.

É nesse contexto que o evangelista registra a oração de Jesus ao seu Pai. Ela é o
encerramento do seu discurso final. João se refere a todo esse discurso quando diz:

“tendo Jesus falado estas coisas, levantou os olhos ao céu e disse...” (Jo 17:1)

A hora chegou e ela está bem próxima! Após a oração a narrativa entra na paixão de
Cristo. É por isso que precisamos entender esse momento importante. A contagem
regressiva joanina nos trouxe até aqui. É a oração da hora H. Daquele momento pelo qual
alguém se preparou a vida inteira.

Por isso, oração do capítulo 17 está carregada com vários elementos teológicos que
foram apresentados por João durante sua narrativa de glória, principalmente os
elementos do discurso final (Jo 14-16). Carson escreve:

3 As expressões “livro dos sinais” e “livro da glória” são usadas de maneira didática, levando em conta
como essas partes são tradicionalmente conhecidas no meio teológico. Ver: CARSON, 2007, p. 103.
“Em alguns aspectos, a oração é um resumo de todo o quarto evangelho até esse
momento. Seus temas principais incluem a obediência de Jesus a seu Pai, a
glorificação de seu Pai por meio de sua morte/exaltação, a revelação de Deus em
Cristo Jesus, a escolha dos discípulos tirando-os do mundo, sua unidade
modelada sobre a unidade do Pai e do Filho, e seu destino final na presença do
Pai e do Filho.”4

Portanto, podemos dizer que o registro dessa oração serve ao grande propósito do
evangelho de João. Nela temos os principais pontos de destaque de João e a grande
realidade de Jesus como o Cristo, Filho de Deus. Além disso, encontramos nela o
belíssimo fato de que Deus orou a Deus por nós. A oração por glória também é uma
oração pela igreja. É aos seus discípulos, que Jesus quer revelar sua glória e a de seu Pai.
É por causa do seu povo que o Filho ora ao Pai pedindo que sua obra seja confirmada.
Ele sabe que é por meio da revelação nos eventos a seguir que teremos vida eterna!

Por essa proximidade e apontamento para sacrifício de Jesus, muitos, desde Davi
Chytraeus (1530-1600), chamam essa oração de oração sacerdotal. Porém, Carson5
argumenta que a linguagem sacrificial e o entendimento sacerdotal não são centrais no
texto. Ele prefere o termo simples “oração de Jesus”. Outros chamam de “oração de
partida”6 ou “oração de despedida”7. Esses termos são apenas boas formas de tentar
identificar melhor o conteúdo da oração, que é o que realmente importa. Tomarei, então,
a liberdade de sugerir outro termo. Chamarei dessa oração de oração de glória ou gloriosa
oração. Além de começar e terminar com pedidos de glória, argumentarei que todo o seu
conteúdo depende da revelação da glória de Deus. Esse é o grande tema de todo o livro
de João e dessa oração de Jesus.

A ESTRUTURA DA ORAÇÃO

Por último e para completar essa introdução ao texto vamos para a estrutura da oração.
Carson8 e Kostenberger9 tem concordado que a estrutura mais adequada divide-se da
seguinte forma:

1. Jesus ora por si mesmo (1-5)


2. Jesus ora por seus discípulos (6-19)
3. Jesus ora por seus futuros discípulos, a igreja (20-26)

Essa divisão é bem adequada e reflete com precisão a estrutura geral do texto. É simples
de percebe-la mesmo sem conhecimento exegético. O que vamos fazer é, partindo dela,
dividi-la um pouco mais. Manteremos a primeira parte como está e dividiremos as outras
duas em duas partes cada. Ficaremos então com uma oração com 5 partes em nosso

4 CARSON, D. A.. O Comentário de João. São Paulo: Shedd Publicações, 2007, p. 552.
5 Ibid., p. 553
6
KOSTENBERGER, Andreas. John: Baker Exegetical Commentary on the New Testament. Grand Rapids:
Baker Academic, 2004.
7
RIDDERBOS, Herman. The Gospel According to John. Grand Rapids: Eerdmans, 1997.
8
2007, p. 554
9
2004, p. 484
estudo, assim como Ridderbos10 também a divide. Usando como base também a sua
estrutura, dividiremos assim:

1. Pedido pela glorificação de jesus (1-5)


2. Apresentação do povo de Deus (6-10)
3. Pedido por preservação e santificação do povo de Deus (11-19)
4. Pedido pela unidade do povo de Deus (20-23)
5. Pedido pela futura união em glória com o povo de Deus (24-26)

É essa estrutura que guiará nosso estudo. Nos aprofundaremos na medida do possível em
cada um desses pontos da oração de Jesus. Há muito o que aprender com ela sobre Deus,
salvação e igreja. E além de aprender, há muito motivo nela para nos encantarmos por
Deus, admirá-lo e louvarmos os nomes do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Como disse
Kostenberger, “em parte alguma a impressionante visão trinitária de João é mais
pronunciada do que no capítulo 17”11. A mesa com os três está posta. Somos convidados.
Vamos sentar e ouvir os que eles têm a falar.

JESUS ORA POR SUA GLORIFICAÇÃO

João 17:1-5

“...1Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que o Filho te glorifique a
ti, 2assim como lhe conferiste autoridade sobre toda a carne, a fim de que ele
conceda a vida eterna a todos os que lhe deste. 3E a vida eterna é esta: que te
conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste. 4Eu te
glorifiquei na terra, consumando a obra que me confiaste para fazer; 5e, agora,
glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de ti, antes que
houvesse mundo.”

O pedido de glorificação e a base do pedido (v. 1-2)

“Pai, é chegada a hora” (Jo 17:1)

Diante de todo o cenário apresentado Jesus inicia sua oração. Mais uma vez encontramos
a marcação temporal sobre a hora. Ela chegou e a oração de Jesus faz parte desse
momento crucial que foi predeterminado por Deus e vem sendo esperado desde o início
tanto do evangelho, quanto da criação.

Aqui temos algo que não pode passar sem ser mencionado. A chegada da hora leva o
Filho de Deus a orar ao Pai. O momento que foi estabelecido pela soberania de Deus é
um momento propício para essa oração. Devemos levar essa lição para nossas vidas. O
fato de Deus ser soberano não é motivo para deixarmos de orar ou valorizar a oração.
Aqui temos a maior oração registrada de Jesus diante do fato que nenhum cristão nega
que foi soberanamente predestinado (a crucificação). Como Carson colocou:

101997
11
KOSTENBERGER, Andreas. Pai, Filho e Espírito: A trindade e o evangelho de João. São Paulo: Vida
Nova, 2014, p.215.
“O fato de a hora apontada por Deus ter chegado não atinge Jesus como um
pretexto para um fatalismo resignado, e sim para a oração [...] Como
frequentemente nas Escrituras, a ênfase na soberania de Deus funciona como um
incentivo para a oração, e não como um desestímulo.”12

Crendo na soberania de Deus que determina e sabe todas as coisas devemos colocar
nossos pedidos diante dele, sempre orando para a confirmação do seu propósito em
todas as situações. O próprio Filho de Deus faz isso enquanto pede por sua glorificação.

“glorifica a teu Filho, para que o Filho te glorifique a ti, 2assim como lhe
conferiste autoridade sobre toda a carne, a fim de que ele conceda a vida eterna
a todos os que lhe deste.” (Jo 17:1-2)

Assim o Filho começa a sua oração por si mesmo. Mas essa não uma oração comum. Não
é como se eu ou você estivéssemos orando por nós mesmo. Jesus está orando por glória13.
E sua glória significa a glória de seu Pai. É uma oração que não tem o fim somente em si
mesmo. Além disso, essa glorificação de Jesus é a base para a salvação e vida eterna
daqueles que o Pai lhe deu. Ou seja, a igreja depende de Cristo ser glorificado. Portanto,
por esses dois motivos, a glória do Pai e a vida da igreja, Jesus orar por sua própria glória
está longe de ser um ato egocêntrico e egoísta.

Esse pedido de glorificação é feito de forma geral em 17:1 e especificado em 17:5. Jesus
está pedindo por sua glorificação. Ele quer receber glória da parte do Pai, isto é, a mesma
glória que ele tinha antes da encarnação e até mesmo da criação do mundo. Essa é a glória
que ele está pedindo, todo o resplendor de ser 100% Deus e eterno. Esse pedido, por sua
vez, está baseado no alicerce descrito por jesus em 17:2 e 17:4. Tal alicerce é a sua obra
de humilhação e exaltação finalizada. Nela Jesus glorifica o Pai e recebe autoridade sobre
todos os que o Pai lhe confiou. A tabela abaixo explica melhor a ideia de Jesus:

Pedido de Jesus Base do pedido


Jo 17:1 Jo 17:2 Jo 17:4 Jo 17:5

Glorifica a teu Filho, glorifica-me, ó Pai, assim como lhe Eu te glorifiquei na


para que o Filho te contigo mesmo, com a conferiste autoridade terra, consumando
glorifique a ti.. glória que eu tive sobre toda a carne a obra que me
junto de ti, antes que confiaste para fazer
houvesse mundo.”

Resumo: O filho pede para ser glorificado com a mesma glória que possuía antes da encarnação e
criação do mundo porque completará a obra que foi lhe foi confiada e receberá autoridade por isso. O
Filho está dizendo: “Pai, veja minha obra e autoridade, eu mereço a glória que me foi prometida”.

A história por trás dessa oração pode ser descrita em alguns pontos:

1. Antes da criação do mundo o Deus Trino traça o seu plano de redenção


2. O Pai envia o Filho para encarna e cumprir a missão de redenção
3. O Filho vive sua vida terrena sem aguardando a grande hora da cruz
4. Cristo cumpre sua obra na cruz revelando o Pai aos seus discípulos

12
2007, p. 554
13
CARSON, 1980, p. 176
5. Como confirmação da parte de Deus da execução do plano Jesus pede por sua
glorificação com a mesma glória que ele tinha antes.

Toda essa história de redenção está registrada em João, desde o seu prólogo quando lemos
sobre a Palavra (Deus) que se fez carne e habitou entre nós, até suas últimas palavras no
capítulo 21. Assim, todos esses pontos estão pressupostos na gloriosa oração, que recebe
esse nome por ser uma oração baseada na glória de Deus, assim como todo o evangelho
de João. E é exatamente isso que veremos agora, a importância do conceito de glória em
todo o evangelho e consequentemente nessa oração.

A Glória em João

Esse é um tema chave em João. A glória de Deus está presente desde o prólogo e passa
pelos principais eventos da narrativa. João usa o termo 42 vezes em seu evangelho e 8
vezes somente no capítulo 17. Os usos do termo aumentam a medida que a hora da cruz
se aproxima, pois esse é o grande momento de glória. Segundo Bauckham14, a palavra
grega doxa carrega o uso de glória do Antigo Testamento e é utilizada no Novo
Testamento com o significado de honra/reputação e visível esplendor.

Para entender o que está em jogo com o termo glória em João precisamos voltar ao Antigo
Testamento. João está trabalhando com ele em vários momentos em seu evangelho.

Alguns pontos sobre a glória no Antigo testamento:

 A manifestação da glória de Deus é um tema recorrente no AT


 Essas manifestações acontecem a partir do êxodo e vão até Ezequiel e sua visão
de que a glória deixou o templo.
 Essas manifestações sempre acontecem por meio da luminosidade do fogo ou
numa nuvem.
 A glória de Deus se manifestava, portanto de forma velada, escondida.

Bauckham afirma sobre essa revelação no AT:

“Na história de Israel é revelado apenas em oculto. O que é revelado é,


tanto a alteridade santa de Deus que é um fogo consumidor, quanto a
presença graciosa de Deus no meio do seu povo, habitando entre eles.”15

O evento interessante e que tem ligação direta com João é o encontro entre Deus e Moisés
no monte Sinai em Êxodo 33 e 34. Moisés pede para ver a glória de Deus (33:18) e é
atendido de uma forma velada (33:19-23). Deus não mostrou a sua face, mas cobriu a
visão de Moisés e mostrou apenas as suas costas (aqui temos uma linguagem
antropomórfica). Além disso, e especialmente, Deus proclamou o seu nome e caráter
diante de Moisés (34:5-7). Essa foi a revelação da glória de Deus!

14
BAUCKHAM, Richard. Gospel of Glory: Major Themes in Johannine Theology. Grand Rapids: Baker
Academic, 2015, p. 44
15 Ibid., p. 46
A manifestação da glória de Deus pode ser entendida, portanto, como a revelação
do seu caráter, dos seus feitos, de quem ele realmente é!

Agora preste atenção no que João vai nos apresentar. Moisés viu essa glória de forma
velada e apenas ouviu sobre o nome e o caráter de Deus. A manifestação da glória foi no
nível da audição. Deus proclamava a palavra sobre quem ele era. O que João nos apresenta
em seu evangelho e logo no seu prólogo é um novo momento e um novo nível da
manifestação da glória de Deus.

“E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos
a sua glória, glória como do unigênito do Pai.”(Jo 1:14)

Jesus é a Palavra de glória que se fez carne e tornou a manifestação da glória de


Deus visível ao seu povo! Ele torna visível numa pessoa humana o caráter e os
feitos de Deus!

Cristo revelou essa glória (glorificou o Pai) de algumas formas:

 Fazendo as obras que o pai faz


 Dizendo a palavras que o Pai diz
 Com seus sinais miraculosos
 Obedecendo ao Pai até a morte de cruz.

É nesse sentido que ele diz que glorificou o Pai e agora pede que o Pai o glorifique. Essa
glorificação o dará a glória que ele tinha antes da encarnação, ou seja, uma maior
expressão do sua pessoa e caráter.

Até mesmo a encarnação de Jesus é uma forma velada de manifestação da glória


de Deus. Ainda há um nível superior onde veremos a Jesus Cristo com a glória do
Filho eterno de Deus, como próprio Deus em sua expressão máxima.

Vida Eterna

No meio desse contexto de glória e revelação Jesus nos explica o que é a vida eterna no
verso 3. E ela tem tudo a ver com a glória de Deus. Aqui não tem um parêntese que
explica algo fora do contexto, mas uma explicação importante que tem ligação direta com
o contexto. A glória de Deus em seu Filho Jesus Cristo é a fonte da nossa salvação.

A cruz é a manifestação máxima da glória de Deus. É a manifestação visível e superior


daquela glória proclama a Moisés no Sinai. E Deus é glorificado em tudo isso nas vidas
daqueles que percebem e creem nessa manifestação de glória. Vida eterna é conhecer a
Deus em seu Filho Jesus Cristo.

A glória de Deus é a revelação de Deus para nossa salvação


A glória de Deus é a vida eterna que vivemos enquanto crentes
A glória de Deus é o alvo final de nossa existência.

A vida cristã depende da glória (revelação de Deus) em seu início, meio e fim!
Perceba o movimento trinitário de glória para nossa salvação.

 O Espírito glorifica o Filho ao revela-lo ao povo de Deus (Jo 16:14)


 O Filho glorifica o Pai ao revela-lo ao povo de Deus (Jo 17:4)

Deus glorifica a Deus quando Deus revela a Deus ao seu povo. Nós fazemos parte
disso! Vida eterna é conhecimento relacional com o Deus Trino.

[Vida infinita x vida eterna]

APLICAÇÕES TEOLÓGICAS

1. Jesus é Deus igual ao Pai. Ele se considera dessa forma. A glória dele é a glória
do Pai.
2. Jesus sempre existiu como o Filho do Pai, Deus eterno. Ele não foi criado.
3. Jesus é a expressão máxima da glória de Deus, a revelação máxima de quem Deus
é.
4. A vida eterna já foi inaugurada e sua essência é o conhecimento relacional com
a Trindade.
5. Só há verdadeiro conhecimento de Deus e salvação em Jesus Cristo crucificado
e ressurreto.

APLICAÇÕES PARA O DIA A DIA

1. Conheça o máximo que você puder de Jesus Cristo e sua obra.


2. Isso depende do Espírito, por isso ore bastante.
3. Ele está revelado na Bíblia, por isso leia e estude bastante. Se deleite nos escritos
sobre Jesus Cristo
4. Tenha a visão mais gloriosa possível de Cristo e viva com ela em mente.

Encerro com uma pergunta do puritano John Owen:

Que vantagem tenho se eu sei debater que Cristo é Deus, mas não tenho
em meu coração a percepção ou a doçura de que ele é um Deus em aliança
com a minha alma?16

Essa aliança foi feita por meio da manifestação da glória de Deus. Esse é o motivo de
chamarmos essa oração de gloriosa oração!

16
Citado em: BEEKE, Joel. Teologia Puritana. São Paulo: Vida Nova, 2016, p. 181

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