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Harmonia e Improvisação:
Práticas em Música Popular
Micael Graciki
2016
PREFÁCIO
HARMONIA1
IMPROVISAÇÃO
1
Texto retirado do material de ensino do professor Eusébio Kohler, na disciplina Harmonia 1 do curso
de Bacharel em Música da UNIVALI.
Hoje em dia quando se usa o termo improvisação, tende-se a relacionar à
improvisação jazzística. É verdade que no séc. XX o pensamento norte-
americano - de pôr a improvisação como parte principal da música -
influenciou toda a cultura ocidental, mas não se pode esquecer que a
improvisação sempre foi uma prática comum entre compositores e
instrumentistas da música que chamamos hoje de erudita. (FORTES, 2007:
15).
Além do canto, a improvisação desde cedo esteve ligada a música popular feita em rodas de
choro, nas casas das “tias baianas”, no frevo ou no baião. Isso era possível graças ao fato de em um
primeiro momento não haver tradição escrita para estes gêneros de música, tornando a
instrumentação (principalmente a seção rítmica) livre para inserir ideias musicais durante o fazer
musical.
É natural que por sua grande diversidade cultural, (...) a música brasileira
tenha uma tendência à improvisação. Até mesmo a falta de recursos, que
faz, por exemplo, com que um habitante do morro improvise a confecção
de um instrumento de percussão em uma caixa de fósforos ou frigideira, ou
a falta de familiaridade de muitos músicos com a notação musical, já sugere
sua predisposição à execução improvisada. (GARCIA apud FORTES, 2007:
17).
É comum encontrar em muitas das gravações de obras de música popular brasileira, sejam
elas discos de canções ou de música instrumental, aspectos que sejam caracterizados como
improvisação. Como exemplo podem-se citar discos de artistas e grupos, tais como Elis Regina
(1975), Heraldo do Monte (1980), Hélio Delmiro (1980), Grupo Medusa (1983), Maria Rita (2011),
entre muitos outros. A improvisação faz parte da “espinha dorsal” da música brasileira, sejam em
gravações ou ao quando interpretada ao vivo, nos seus mais diferentes gêneros, estilos, lugares e
origens.
SÉRIE HARMÔNICA
A harmonia é uma ciência que está diretamente relacionada a fenômenos físicos. Todo som
gerado por um instrumento musical traz consigo um conjunto de outros sons, que são múltiplos
inteiros desse som inicial. Sendo assim, junto a um som principal soam sons secundários, chamados
de sons harmônicos.
O primeiro estudioso a respeito dos sons harmônicos foi Pitágoras. A partir de uma corda
vibrante de um instrumento experimental (chamado monocórdio), Pitágoras observou que
subdividindo a cordas em partes iguais, seria possível gerar novos sons. Sendo assim, novos sons
ocorreriam ao subdividir a corda em ½ , ¼, etc.
Levando em conta esses fatos, é possível afirmar que a Série Harmônica está intimamente
ligada a construção e relação da harmonia como um todo. A própria Série de cada acorde resulta em
um acorde X7(9)(#11) (no caso da Série da corda Mi do violão, temos um acorde E7(9)(#11)). Muitos
dos problemas encontrados na hora de harmonizar ou improvisar certas situações, mesmo que
seguindo as regras do estuda da Harmonia, devem-se a fenômenos físicos2.
Uma curiosidade em relação aos harmônicos: é a partir deles que são gerados os timbres. A altura,
intensidade e qualidade de cada harmônico gerado por determinado instrumento tornam o som
resultante de um instrumento para o outro (ou de uma voz para a outra etc.) diferente e único.
INTERVALOS
Intervalo em música é a distância entre duas notas. A menor unidade de medida dos
intervalos é o semitom. Já o tom é a medida padrão para realizar os cálculos de intervalo. O estudo
dos intervalos é a espinha dorsal dos estudos de harmonia. Os intervalos podem possuir as seguintes
características:
2
A ciência que estuda fenômenos físicos do som chama-se acústica.
Composto Intervalos que ultrapassam os limites de uma oitava.
Harmônico Intervalos que tem suas notas ouvidas (tocadas) simultaneamente.
CLASSIFICAÇÃO
Numérica
Os intervalos recebem uma classificação numérica feita segundo o número de notas contidas
no intervalo. As notas que formam o intervalo também são contadas3. Exemplo:
Qualificação
A qualificação de intervalos é feita segundo o número de tons e semitons contidos num determinado
intervalo. Desse modo, podemos qualificar os intervalos em maiores (M), menores (m), justos (J),
diminutos (dim) e aumentados (aum).
3
A classificação numérica do intervalo não leva em consideração ne os acidentes nem as claves.
Segunda menor 2m 1 t4 Ré b
Segunda maior 2M 1 st Ré
Segunda aumentada 2aum 1 t e 1 st Ré #
Terça menor 3m 1 t e 1 st Mi b
Terça maior 3M 2t Mi
Quarta justa 4J 2 t e 1 st Fá
Quarta aumentada 4aum 3t Fá #
Quinta diminuta 5dim 3t Sol b
Quinta Justa 5J 3 t e 1 st Sol
Quinta aumentada 5aum 4t Sol #
Sexta menor 6m 4t Lá b
Sexta maior 6M 4 t e 1 st Lá
Sétima diminuta 7dim 4 t e 1 st Si bb5
Sétima menor 7m 5t Si b
Sétima maior 7M 5 t e 1 st Si
Oitava Justa 8J 6t Dó
Na hora de calcular os intervalos, uma atenção especial deve ser dada para questões
enarmônicas. A enarmonia acontece quando o mesmo intervalo entre duas notas possuem nomes
diferentes (como no caso dos intervalos de 4aum e 5aum).
FORMAÇÃO DE ACORDES
Três ou mais notas separadas por terças e tocadas simultaneamente formam o acorde. O
acorde de três notas chama-se tríade, e o de quatro notas chama-se tétrade. Outras notas podem ser
adicionadas ao acorde para enriquecerem o seu som. A elas é dado o nome de Complementos
Harmônicos.
Tríades
Existem apenas três tipos de tríades. Elas são o resultado da soma de duas terças à nota
Fundamental. As tríades podem ser invertidas, tendo outra nota da formação do acorde como nota
do baixo, além da posição Fundamental. Quando a terça está no baixo, atribui-se o nome de
primeira inversão; quando a quinta está no baixo, atribui-se o nome de segunda inversão.
Maior
Intervalos Resultado
Fundamental 3M 5J X
Dó Mi Sol C
4
Abreviações. t = tom. st = semitom.
5
Dobrado bemol. A partir da nota Si, ao adicionarmos um bemol chega-se a nota Si Bemol
(enarmônica à nota Lá Sustenido). Certas situações, como a do exemplo, necessitam de mais um bemol além
do já adicionado. Deste modo, obtemos a nota Si Dobrado Bemol (enarmônica da nota Lá natural).
Menor
Intervalos Resultado
Fundamental 3m 5J Xm
Dó Mi b Sol Cm
Aumentada
Intervalos Resultado
Fundamental 3M 5 aum Xaum
Dó Mi Sol# Caum
Diminuta
Intervalos Resultado
Fundamental 3m 5 dim Xdim
Dó Mi b Sol b C dim
Tétrades
As tétrades são acordes de quatro notas. Quando um acorde possuir o intervalo de sétima
menor, ele é grafado apenas pelo algarismo “7”, ficando a qualidade “menor” do acorde
subentendida. As tétrades podem ser invertidas, tendo outra nota da formação do acorde como nota
do baixo, além da posição Fundamental. Quando a terça está no baixo, atribui-se o nome de
primeira inversão; quando a quinta está no baixo, atribui-se o nome de segunda inversão; quando a
sétima está no baixo, atribui-se o nome de terceira inversão. 6
Intervalos Resultado
Fundamental 3M 5J 7m X7
Dó Mi Sol Si b C7
6
Tanto em tríades quanto em tétrades, não existe acorde com nota no baixo que não seja terça,
quinta ou sétima. Quanto outro intervalo ou complemento harmônico encontra-se no baixo, este acorde leva
outro nome, pois não trata-se de uma inversão.
Intervalos Resultado
Fundamental 3m 5J 7M Xm7M
Dó Mi b Sol Si Cm7M
Acordes Sus
São acordes suspensos da dominante (X7sus). Eles aparecem sempre sem terça, que é
substituída pela quarta, formando a estrutura básica F – 4J – 7m. Dentro do sistema tonal eles
possuem função dominante, mas também aparecem com frequência em encadeamentos modais.
Intervalos Resultado
Fundamental 4J 7m X7sus4
Dó Fá Si b C7sus4
Acordes de Sexta
São tríades maiores e menor acrescidas de uma sexta maior. A sexta maior, neste caso,
substitui o intervalo de sétima. Este também é um motivo para que nesses acordes a sexta seja
apresentada como “6” e não como “13”.
PREPARAÇÃO DOMINANTE
Qualquer acorde maior ou menor pode ser precedido ou “preparado” por acorde do tipo X7
situado uma quinta justa acima. Exemplos:
Preparação Resolução
E7 A7M
G7 Cm
A7 D
Bb7 Ebm
ESCALAS MUSICAIS
As Escalas Musicais são sequencias de notas dentro do âmbito de uma oitava. A palavra
escala vem do latim scala, remetendo a uma noção de altura entre as notas. Cada nota é um grau da
escala representado por um algarismo romano, sendo o primeiro grau chamado de Tônica ou
Fundamental, sendo que uma escala pode começar a partir de qualquer nota. É a Tônica que designa
a tonalidade de uma escala.
Sendo as escalas combinações de notas determinadas por padrões de intervalos entre os
graus, conclui-se que existem diversos tipos de escala, sendo que cada uma delas remete a uma
determinada sonoridade. Elas são as matérias-primas de grande parte das melodias e harmonias ao
longo da história. Neste curso, serão apresentadas Escalas Tonais (Maior, Menor Harmônica e Menor
Melódica7), Escalas Modais e Escalas Pentatônicas.
ESCALAS TONAIS
Escalas Tonais são escalas de sete notas, e possuem em comum intervalos de segunda maior,
quarta justa, quinta justa e sétima maior. Consequentemente, o acorde de quatro notas construído
sobre o quinto grau de cada uma delas será um acorde maior com sétima menor (X7).
A formação de acordes feita a partir de cada nota de uma Escala Tonal é chamada de Campo
Harmônico. A qualidade dos acordes resultantes de um campo harmônico de determinado tipo de
escala é sempre igual.
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Existe uma quarta Escala Tonal chamada Escala Maior Harmônica. Porém, por seu pouco uso prático
em música popular, não a abordaremos neste curso.
Dentro de um Campo Harmônico (ou escala harmonizada, como também é chamado),
atribui-se funções para cada um dos acordes. Essas funções estão diretamente relacionadas ao
acorde Fundamental da escala em questão.
O Sistema Tonal nos oferece uma relação de movimento-repouso. São as funções dos
acordes calcados dentro de cada Campo Harmônico oriundo de uma Escala Tonal que possibilitam
isso.
Escala Maior
Graus I II III IV V VI VII
INTERVALOS 1J 2M 3M 4J 5J 6M 7M
EXEMPLO Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si
TRÍADES C Dm Em F G Am Bdim
COMPLEMENTOS 9 11, 9, 11, 6. b9,11, 9, #11, 6. 9, 11, 13. 9, 11, b9, 11, b6.
HARMÕNICOS8 6. b6. b6.
A Escala Maior é com certeza a escala mais utilizada na música popular, tanto para compor,
quanto para improvisar e harmonizar. É muito importante conhece-la em todos os tons e regiões do
seu instrumento.
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Notas que fazem parte da escala, e que não fazem parte da formação básica do acorde. Podem ser
adicionados ao acorde ou substituírem determinada nota. Alguns complementos harmônicos são denominados
“notas evitadas”, devido a sua sonoridade “estranha” em relação ao acorde. Os complementos não interferem
na função dos acordes.
Exemplos:
1) Situação II – V – I.
: Dm7 G7 C7M Am7:
2) Dois tons.
C7M Em7 Dm7 G7
C7M Am7 Dm7 Ab7
Db7M Fm7 Ebm7 Ab7
Db7M Fm7 Ebm7 G7
INTERVALOS 1J 2M 3m 4J 5J 6m 7M
EXEMPLO Dó Ré Mi b Fá Sol Lá b Si
COMPLEMENTOS 9, 11, b9, 11, 6. 9,11, 6. 9, #11, 6. b9, 11, #9,#11, b9, b11,
HARMÕNICOS b6. b13. 6. b6.
As sete notas da escala maior, quando considerada a partir do 6º grau, formam a Escala
Menor Natural. No caso de Dó maior, seu sexto grau é Lá. As mesmas sete notas do tom Dó maior
começadas em Lá formam a Escala de Lá Menor Natural. Duas escalas (uma Maior e ou Menor) com
as mesmas sete notas são chamadas de escalas relativas. Dó maior e Lá menor são relativas entre si.
O tom relativo menor é situado 3ª menor abaixo do tom maior (e vice-versa).
As sete notas da Escala Menor Natural não são definidas como na Escala Maior. Isso porque
não existe um acorde de preparação para a Tônica da escala no quinto grau. Enquanto no quinto
grau da Escala Maior encontra-se uma tétrade do tipo X7 (no caso de Dó Maior, o acorde G7), que
prepara o primeiro grau, no quinto grau da Escala Menor Natural encontrasse uma tétrade Xm7. Para
obtermos um acorde X7 que prepare o acorde de Tônica da Escala Menor Natural, elava-se a sétima
menor em um semitom. Assim, o acorde Xm7 passa a ser um acorde do tipo X7 (em Lá menor, o que
antes era o acorde Em7, passa a ser E7). Assim, obtém-se a Escala Menor Harmônica.
No contexto da música tonal, esta escala possui apenas a função de preparar o acorde de
Tônica da Escala Menor, sendo aplicada sobre o acorde do quinto grau (X7), e sobre o acorde
diminuto (X°) do sétimo grau9, que também prepara a Tônica. Isso deve-se ao fato de que quando a
Escala Menor Harmônica é aplicada sobre os outros acordes de seu Campo Harmônico, todos eles
perdem sua função inicial e passam a soar como acordes de função dominante.
2) Blues Menor.
Cm7 Cm7 Cm7 Cm7
Fm7 Fm7 Cm7 Cm7
Ab7M G7(b13) Cm7 G7(b13)
4) Blue Bossa
Cm7 Cm7 Fm7 Fm7
Dm7(b5) G7 Cm7 Cm7
Ebm710 Ab7 Db7M Db7M
Dm7(b5) G7 Cm7 Dm7(b5) G7
9
Este acorde também é um acorde dominante, e pode ser subentendido como um acorde de X7
presente no quinto grau da Escala Menor Harmônica sem tônica, e com a nona bemol adicionada graças a
presença do mesmo trítono.
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Modulação para Ré Bemol Maior.
Escala Menor Melódica
Graus I II bIII IV V VI VII
INTERVALOS 1J 2M 3m 4J 5J 6M 7M
EXEMPLO Dó Ré Mi b Fá Sol Lá Si
COMPLEMENTOS 9, 11, b9, 11, 6. 9,#11, 6. 9, #11, 6. 9, 11, b13. 9,11, b9, b11,
HARMÕNICOS 6. b6. b6.
A Escala Menor Melódica é uma escala híbrida. Isso porque ela apresenta um acorde do tipo
X7 não só sobre o quinto grau, mas também sobre o quarto. Porém, este acorde não tem função
dominante. Por possuir dois acordes X7 em sua estrutura, esta escala pode ser entendida tanto como
Tonal quanto Modal.
Exemplos:
1) Situação IIm7 – V7 – Im6.
: Dm7 G7(b13) Cm6 Cm6:
ESCALAS MODAIS
De forma genérica, modo ou escala modal é toda escala que não apresenta em sua
disposição intervalar a combinação de quarta justa, quinta justa e sétima maior. Nessas escalas não
é possível encontrar um acorde dominante no quinto grau, e isso faz com que não seja possível
explorar um processo cadencial, sendo que deixam de existir as funções tônica, subdominante e
dominante.
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Aplicação Modal do quarto grau. Neste caso, E7 é o quarto grau da Escala de Si Menor Melódico.
Esta sonoridade é comum em gêneros nordestinos, tal como o baião.
As principais escalas utilizadas na prática modal são estruturas de sete notas com ligação
direta com as Escalas Tonais. Diferentemente do que foi ensinado por algumas décadas de forma
irresponsável por revistas especializadas e professores, modos não são formatos ou shapes para
guitarra. Modos, na improvisação, são sonoridades que podem ser encontradas/aplicadas/impostas
a determinados acordes. De maneira prática podem ser pensados como notas do acordes (arpejo) +
complementos harmônicos. A seguir, serão elencados os modos mais comuns a prática da
improvisação.
Modos Maiores
Modo Lídio – Acorde X7M + 9, #11 e 6. Pode ser associado ao quarto grau da
Escala Maior.
Modos menores
Modo Frígio – Acorde Xm7 + b9, 11 e b13. Pode ser associado ao terceiro grau da
Escala Maior.
Modo Lócrio – Acorde Xm7b5 + b9, 11e b13. Pode ser associado ao sétimo grau da
Escala Maior.
Modos dominantes
Modo Mixolídio – Acorde X7 + 9, 4 e 13. Pode ser associado ao quinto grau da Escala
Maior.
Modo Lídio Dominante – Acorde X7 + 9, #11 e 13. Pode ser associado ao quarto grau
da Escala Menor Melódica.
ESCALAS PENTATÔNICAS
Escalas Pentatônicas são escalas de cinco notas. É possível encontrar pentatônicas a partir da
Escala Menor Melódica, da Escala Menor Harmônica, das Escalas Modais, etc. Porém, as
pentatônicas mais difundidas e de aplicação mais constante são as maiores e menores. Essas duas
pentatônicas podem estar associadas a uma única escala – a escala maior – e a relação que existe
entre elas é a mesma que ocorre entre as escalas relativas maiores e menores dentro do sistema
tonal onde, para cada escala maior, existe uma menor que a ela se relaciona pelo mesmo número de
acidentes musicais. Essa relação se estabelece numa distância intervalar de terça menor e, sendo
assim, lá menor é a relativa de dó maior, mi menor a relativa de sol maior, etc. A pentatônica maior
de dó – dó, ré, mi, sol, lá – é o resultado da escala de dó maior sem os graus III e VII, e apresenta as
mesmas notas de lá menor pentatônica, neste caso, organizadas de lá a lá.
Dó Maior Lá menor
Dó Maior Dó Menor
Algumas aplicações:
1. Sobre Centros Tonais Maiores, pentatônicas menores do II, III e VI graus;
2. Sobre Centros Tonais Menores, pentatônicas menores do I, IV e V graus;
3. Sobre Centros Tonais Menor Melódicos, pentatônica menor do II grau;
4. Sobre encadeamentos IIm7 – V7 – I7M, utilizar pentatônicas menores IIm7 - #IIm7
– IIIm 7; ou ainda pentatônicas menores IIm7 – bIIm7 e resolver na pentatônica
maior do I.12
APROXIMAÇÃO CROMÁTICA
12
Todos estes exemplos podem ser aplicados em seus tons relativos e vice-versa. Inclusive os
exemplos para IIm7 – V7 – I7M podem ser aplicados no IIm7b5 – V7 – Im7 do tom relativo.
2. Aproximação Dupla: Consiste em “contornar” uma nota alvo com duas notas de
aproximação.
3. Ligar notas por sequência cromática: Consiste em ligar duas notas separadas pelas
notas intermediárias.
BLUES
Contexto Histórico
Os escravos trazidos da África para as Américas possuíam suas próprias crenças e costumes.
A cultura africana, principalmente no campo da música, deixou uma herança que atravessou o
continente, e se instaurou em grande parte da música popular americana. O Blues é uma
manifestação cultural de origem negra.
Como o próprio nome sugere, Blues é um gênero musical dramático que em seu
sentido inicial expressa medo, ansiedade, angústia, tristeza, depressão, desgosto e
crítica social. Foi o modo mais viável para que os ex-escravos pudessem gritar seus
sentimentos e fazer disso, uma forma de resistência visto que, mesmo libertos
sofreram da mesma distância social. (POSTALI, 2010: 9).
Apesar das controvérsias, o Blues como gênero de música teria surgido de canções de
trabalho, chamadas work-songs, sendo que como a prática instrumental era proibida, a voz era o
principal elemento para esta prática. Agregado a isto, as canções religiosas chamadas de spirituals
(de matriz cristã, já que o culto a religiões de matriz africana eram proibidos) também contribuíram
para o desenvolvimento do gênero Blues.
Formas X Harmonia
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Estrutura de uma peça ou gênero específicos.
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Determinada sucessão de acordes.
I715 I7 I7 I7
IV7 IV7 I7 I7
V7 IV7 I7 V7
De modo geral, a questão mais importante para definir uma progressão Blues de doze
compassos é a presença do acorde IV7 no quinto compasso da progressão. Algumas variações
comuns do Blues de doze compassos:
1. Fast Change - “Sweet Home Chicago”
I7 IV7 I7 I7
IV7 IV7 I7 I7
V7 IV7 I7 V7
A aplicação da Escala Pentatônica Menor do tom do Blues sobre toda a progressão é comum em
estilos como Texas Blues, Blues Rock e Blues Funk. Destaque para os músicos como Freddie King,
Stevie Ray Vaughan, Chuck Berry, T-Bone Walker.
Pentatônica Menor de Eb
Eb7 Eb7 Eb7 Eb7
Ab7 Ab7 Eb7 Eb7
Bb7 Ab7 Eb7 Bb7
Prática comum na improvisação Blues. Utilizar a Pentatônica Maior do tom sobre o acorde I7, e a
Pentatônica Menor do tom sobre os outros acordes. Destaque para músicos como B.B. King e Charlie
Parker.
15
Primeiro grau do Blues. Ele é o tom do Blues e é a partir dele que os outros graus serão calculados. O
IV7 fica a uma 4J do I7; o V7 fica a uma 5J do I7.
16
Grupo de quatro compassos.
Eb7 Ab7 Eb7 Eb7
Pent. Eb Maior Pent. Eb Menor Pent. Eb Maior Pent. Eb Maior
Ab7 Ab7 Eb7 Eb7
Pent. Eb Menor Pent. Eb Menor Pent. Eb Maior Pent. Eb Maior
Bb7 Ab7 Eb7 Bb7
Pent. Eb Menor Pent. Eb Menor Pent. Eb Maior Pent. Eb Menor
3. Sonoridade Jazz
É possível obter uma sonoridade Jazz na improvisação Blues, principalmente nas progressões com
maiores alterações (exemplo 3). As principais escalas a partir do tom utilizadas são a Escala Maior, o
modo Mixolídio e a Escala Menor Melódica.
C7 F7 C7 C7
C Mixolídio C Menor Melódico C Mixolídio C Mixolídio
F7 F#° C7 C7
C Menor Melódico C Menor Melódico C Mixolídio C Mixolídio
Dm7 G7 C7 G7
C Maior C Maior C Maior C Maior
ATIVAÇÃO RÍTMICA
Síncope Brasileira
Samba e suas variações
Síncope Centro-americana
Salsa
Rumba
Merengue
Bolero
Chá-chá-chá
A Síncope Centro-americana tem como base a célula do tresillo (em português “tresilho”).
Essa célula pode ser formada a partir de qualquer soma rítmica 3+3+2. Histórico.
Swingada
Jazz
Swing
Blues
Reggae
Be-bop
Swing é um termo musical referente a “balanço”. Ele é a espinha dorsal da música popular norte-
americana, seja ela o blues, o jazz, ou derivados. O swing norte-americano normalmente tem
compasso quaternário (4/4) ou ternário (3/4), e sua pulsação básica é a colcheia. Em cada grupo
de duas colcheias (que preenchem o pulso), a primeira é ligeiramente mais longa que a segunda.
Estudando o swing
Uma técnica simples e eficaz para o estudo do swing é a prática com o metrônomo
desdobrado. Ao invés de usar o metrônomo como os pulsos 1,2,3 e 4 do compasso, utiliza-se ele
apenas como os pulsos 2 e 4. Desde modo, os pulsos 1 e 3 ficam subentendidos. Quando o próprio
metrônomo parecer “swingar”, significa que você está realmente “swingando”. Este estudo vale
tanto para acompanhamento, quanto para solos e improvisos.
Funkeada
Rock
Disco
Funk
Pop
A transcrição é uma ferramenta utilizada por músicos do mundo todo e dos mais diferentes estilos
para registro escrito de um improviso, tema ou articulação de alguma referência em áudio.
Transcrição, segundo o dicionário Groove de Música:
Transcrição: termo que designa a cópia grafada de uma obra musical, envolvendo
alguma modificação. Pode ser uma mudança de meio (significando com isso o
mesmo que ‘arranjo’); ou pode significar que sua notação foi transformada (ex: de
tablatura para pauta), ou então a sua disposição (de partes cavadas para uma
partitura). O termo também pode incluir o registro escrito de música executada ao
vivo ou gravada, ou sua transferência de forma audível para a forma gráfica, por
meios eletrônicos ou mecânicos. (GROOVE, 1994:957).
Para conhecer uma linguagem musical e poder improvisar nela, supõe-se que o músico não deva
somente conhecer as escalas musicais, mas sim, através da transcrição, entender conceitos como
rítmicas, dinâmicas e articulações. “Através da transcrição e análise, o músico estará em contato
direto com os tópicos “quando tocar”, “como tocar” e “o que tocar”“. (CROOK apud STOLL, 2014: 9).
Isto é confirmado em uma das respostas de Romero Lubambo17 na entrevista concedida à esta
pesquisa: “A transcrição ajuda muito, não para copiar ninguém mas para entender o porque você
gosta desse ou daquele improviso. A partir daí você desenvolve aos poucos seu próprio fraseado.”.
Técnicas
1. Transcrever um compasso por vez. Ouvir um compasso, parar, anotar (ou aprender no
instrumento);
2. Transcrever uma frase por vez. Ouvir a frase, parar, anotar (ou aprender no instrumento);
3. Transcrever da própria memória. Memorizar o solo inteiro (ou boa parte dele), e transcrever
do que tem em mente. Este método é o mais recomendado por Hal Crook e Mike Stern.
Formas de Aplicação
1. Estudar o solo inteiro, a fim de tocar junto com a gravação. Melhorias: percepção,
técnica, articulação.
2. Separar frases isoladamente, e aplica-las em diferentes contextos, tons, alturas e regiões
do instrumento. Melhorias: percepção, repertório de frases.
3. Separar motivos interessantes, e aplica-los de diferentes formas e contextos. Melhorias:
percepção, caminhos de improvisação, desenvolvimento da criatividade.
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Músico brasileiro de renome internacional, que já atuou com Stevie Wonder, Esperanza Spalding,
César Camargo Mariano entre muitos outros. A pesquisa foi realizada em 2015 para a monografia “Brasilidade
na Ponta dos Dedos: elementos rítmicos da percussão brasileira no improviso de Romero Lubambo em For
Donato”.
MOTIVOS
Boas composições e bons improvisos (dado que os improvisos são também composições musicais,
mas feitas in loco, ou seja, “ao mesmo tempo”), não são criados de forma aleatória. Para tanto,
existe um mínimo de ordem. O motivo é um fragmento musical recorrente, que cria a sensação de
unidade e ordem dentro da execução musical. Esta ferramenta é recorrente em composições
eruditas dos mais diferentes períodos, bem como da música popular, mesmo que algumas vezes,
utilizada inconscientemente. Um bom motivo pode ser a chave de sucesso para o improviso,
podendo ser a espinha dorsal do mesmo. Os motivos podem ser ocorrer de duas maneiras:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CROOK, Hal. How to improvise: an approach to practicing improvisation. Adance Music, 1991
GRACIKI, Micael. Brasilidade na Ponta dos Dedos: elementos rítmicos da percussão brasileira no
improviso de Romero Lubambo em “For Donato”. Itajaí, SC: UNIVALI, 2015.
PEREIRA, Marco. Cadernos de Harmonia (para violão), vol. I, II e III. Rio de Janeiro, RJ: Garbolights,
2011.
STOLL, Alexandre Frederico Ristow. A transcrição no estudo da improvisação. Itajaí, SC: UNIVALI,
2014.