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SYLVAIN AUROUX A FILOSOFIA DA LINGUAGEM coma colaboragio de Jacques Deschamps Djamel Keuloughli Tradugao: José Horta Nunes CAMPINAS ED. DA UNICAMP 1998 Ne 4 LINGUAGEM E ONTOLOGIA I. O SER E AS PALAVRAS Em que alinguagem tem uma relagio essencial com a ontologia? CChama-se ontologia a tworia do set! Por ai, visam-se essenci _mente is respostas a dois tipos de questGes. O primero tipo pode se resumir emo que é ser, em que isso consiste? O segundo emo que é que 6? Podesse pensar que a segunda questi? & a mais importante, {i que se trata de dizer 0 que consideramas como entidades reais, coisas existentes, ue consituem o que Russell nomeia organizapao {inal do mundo, Ora elas no si de mado algum independentes. “Tomemos uma definicdo célebre proposta por Quine: ser é ser 0 valor de wma variével ligada” Para commpreender esta definigho, & preciso se reportar i representagdo canGnice de um enunciado proposicional, quer dizer, de uma frase dotada de um valor de verdade como [1], que pode corresponder (entre outras coisas) a Todos 08 corpos 820 pesados, assim come 6 leitor compreenders facilmente passando pela férmula [1 1) weer [U"] Para todos, 503-8 ume enttoé ump. O que Quine quer dizer & que em {1] 08 signos"(",")", 'P” ndo significam algo no mundo; somenteo signific termo que devereieolocar no lugar de, por exemplo, “meu pe” ou war “a torre Eiffel”, O critério quineano, apicado a uma toria, nos diz que forma tm suas assunedes ontalégicas; por a ele define uma ‘ontologia pera e permite passar, se se dispe de ume teora, a uma ‘ontofogia particular, estritamente ligada a esta concepcio geral [sta ligagdo corresponde de iniio ao fato de que 0 critério exclu certs tipos de ontologia particular: assim, “madera”, “mantciga” cc, que correspondem a termos de mass, no fazsm parte daquilo ‘que uma teora pode assumir como rea. Ela corresponds em seus a rostrigdesformaisimpostas a certs formas de ontologia para que branco” ou “preto” ou qualquer outraprepriedade se faga 0 objeto de assungSes ontlégicas em una tears, € preciso que esta accite trati-as como valores possiveis de varivelsligadas, dito de outro ‘modo, que se quantifiguem os predicadas.Oeritrio de Quine cor responde & forma geral de uma oatologia que, recusando-se a ‘qvantiicar os predicados, 36 accita os individios cle no chegs & precisar quai slo os individuos que constituem o mundo. Nem toda pesquisa antoligica esté necessariamente ligada & linguagem. Pode-sedefiniro ue se entende por "ser" som recoreer a1uma aparelhagem lingistica. E 9 que faz, por exempl, 0 filésofo ‘ompirista G, Berkeley (1685-1753) quando fornece seu evitério ‘ontaliyico sob a forma “ser & ser pereebido” fesse est pereip) Seriamostentados a dizer gue & um puro efeito da contingéncia da historia que, na tradigdo ocidental, a questo da ontologia tena se ‘encontrado proritariamente liana 4 linguagem, Isso teria aver com as concepedes lingisticas dos sofistas. Para Gorgias e seus colega fo discurso resulta das impressdes que nos causam a5 coisas exteriors, {qucr dizer, os sensiveis. Com uma tal concepgio, defronta-se logo com sérios paradoxos. Como proclamava Anthisthene (ca4dS- 60365), um aluno de Gdrgias que se ligow om seguida a Sécrates, ‘nfo posso definir 0 que &umna coisa, mas somente fazer com que se cconhecam algumas propriedades que cla possui.Pior ainda, j& que ‘no posso dizer de alguma coisa que ela ne é, nem mesmo dizer {que ela no é, no somente estou proso a0 velho dilema de Parmé- nides (0 er 6 0 ndo-ser ndo 8) como no pesso nem mesmo formulae 4 segunda ramificagao da alternativa. Sio esses problemas que deram ‘origem is teorasplatonicase mais geralmente&“filosofialingis- tica” antiga A ligagio com a ontologia 6 reforgada pelo desenvel vimento da douteina da verdade como conformidade daguile que 148 ‘enunciado com aquilo que &. A linguagem fala do ser Isso aparece imediatamente nos enunciados predicativos, em que a copula ext (© figura explicitamente. O esquema predicativo pode ser genera lizado para o conjunto da linguagem. Ans sofistas, que se apoiavar hnos enunciados que comportam um verbo transitive (Sacrate se ‘proméne)[Sécrates passa] para sustentar que a linguagem ao fala ‘sempre do ser, Aristételes retarquiu propondo uma parfrase cand nica, decompondo todo verbo através da formula [& + partcipio presente] Socrate est se promenant) (Sderates est passeando].°0 ‘que supde, no caso dos verbos trnsitivos, a integragdo do comple~ mento ao predicado. A ontologi estava salve, mas a I6gica que s© apoiari sobre essa predicagio generalizada permanecers incapiz, até 0 século XIX, de estudar as relagdes? e, por conseguinte, as ‘matemiticas! Seria no entanto superficial limita as relagdes da linguagem «com a ontologia ao caso grego © a uma questio de contingéneia cultural, Pode-se evitar a linguagem para ter acesso & ontologia,? mas 0 estudo da inguagem condaz natoralmente 4 ontologia. Quan- do digo quea neve ébranca, por que emprego a palavra “neve pa ‘na das eategorias ea questio da expresso do ser, a variabilidade «a ontologia, que tataremos com o auxiio de dois exemplos, a teoria estdice do exprimivel letton) ea mereologia: as teorias da referén- cia. a questio do nome préprio. Reservamos ae préximo capitulo tudo 0 qe eonceme mis propriamente& rlatvidade linguistiew a distngdo entre a esrutra lingistie ea do eal (problema da ana Iiticidade; a hipétese de Sapie- Whortaindeterminagio da tad cca inescrutabildade da referencia: enim, o problema que colocs 4 felatividade da ontologia para 9 idéia de uma Lingua universal [As categorias de Aristtelese a concepgio predicativa da roposicao ‘Tomeinos a concepsio tradicional da proposigio, tal como cla se desenvolveu desde Patio ¢ com foi claramente estabelecida por “Aristteles, Temos entio a forma candnica S(ujetto)é P(redicado). FFagamasahipstese de que cada um dos dos clementos desta forma corresponde a reaidades. Se ae tratam das mesmas realidades,esta- ‘mos restritos a julgamentos de identidae, Se se tratam de ealidades diferentes, cada ima existe & parte independentemente da outre: ‘como ligé-1as? Plato resolvia esse problema com a ajuda de um ‘ontologia muito pesada econtre-intuitiva: as realidades.em questio so idéias eidos), entidades totalmente diferentes das entades do ‘mundo sensivel, que sio apenas sua e6pia A ligagdo das id 150 responde a prticparo de umas em rela is outras; a paticipasio, Ealgo pouco claro e a solugfo pareceu muito fantéstica s uma {quantidade de fildsofos, A solugdo de Aristiteles (a equivocidade do ser) exprime-se na teoria das cateporias, que seré abundante- mente comentada durante toda a Tdade Média eaté a paca moderna © ponto fundamental para Aristteles € que aquilo que € (0 ‘ente, 10 on) se diz de modo miltiplo (pollakislegetai): por avidents, ‘como verdadeiro (ee ndo-ente como false), ¢ conformeos esquemas 1a predicagio (ta skemara res categorias), quer dizer, as categories Estas iltimas sio expostas no tratado das Categorias (capitulo 4) © correspondem lista seguinte: ‘Cada wa das express gu no entra emma combina signi fica: substdeca: ou quanto [quantdade), ou qua (qualgade) 8 yelativamentee que (elao} ou onde (lugar: ou guando [tmp] ‘ou estar a postr [pesigio} on estar em estado [posse]: 04 acer [acto]; ou soe [painso}.“Substineia", por excmpo, mm ger, “omen, civalo"; "quanto, por exemplo, "de dois cubits, de es elites" “qua”, po exemplo "branco, nstruido"; "relativamente a {88° por exemplo, “dul, metde, maior; “onde”, por exemple, "as Escola, no mereade"; “quand”, por excrplo, “one, no passado”: “extara posts" por exemplo, "siesta, cle est enado" "es emestido” por exemple, “sleet ala, ele est armad”, “az por exemple, “el corse gueins", sore, por exempl, “le ests fortado, sles qusimada’ Retomamos a tadugdo literal proposta pelo lingsta Benve- nist, em um eélebre artigo ("Categorias de pensamento ecategorias 4de lingua” [1958], 1966, pp. 65-6), colocando entre parénteses os ‘homes tradicionais das eategorias ue encontraremos, por exemplo, na tradugdo que faz Tricot dessa passagem. Essa tradusio literal permite, com efeto,calacar em evidéncia um ponta sobre 0 qual 0 Tingdistatrouxe uma conteibuiglo essencal; tratase da relaglo das categorias com a estrutura da lingua grega."” A relagdo é muito simples de so fazer para as seis primeiras: 1 ousi, substinia ova etna, india aclasse ds substantivos 2/ poson, 3 quntdade, © 37 poion, qa, indies dos tips de ‘eto 1st

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