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RESUMO
Este trabalho apresenta os resultados parciais da implantação de um sistema de gestão energética no
campus da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), desenvolvido pelo Núcleo de Eficiência
Energética (NEFEN). O projeto contempla a substituição de equipamentos e a setorização de
iluminação, a substituição de sistemas de ar condicionado central por unidades individuais, a
instalação de um sistema de supervisão em tempo real de subestações, a implantação de um software
desenvolvido pelo NEFEN para gestão energética e a adoção de várias medidas administrativas e de
conscientização. A metodologia de gestão incorpora preceitos de gestão de qualidade e da gestão
ambiental. O projeto está sendo financiado pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), no
âmbito do EDITAL CT-INFRA/Institucional: FINEP 02/2001-2ª Etapa.
Palavras-chave: eficiência energética – diagnóstico energético - gerenciamento de energia
1. INTRODUÇÃO
Este artigo apresenta resultados parciais da implantação do sistema de gestão para eficientização
energética da Universidade Federal do Amazonas, cujas ações estão sendo financiadas pela
Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), no âmbito do EDITAL CT-INFRA/Institucional: FINEP
02/2001-2ª Etapa, através do projeto “Implantação do sistema de gestão para eficientização energética
da Universidade Federal do Amazonas”. No referido projeto foram estabelecidas metas referentes ao
monitoramento da carga, reforma das instalações elétricas, ações de eficiência nos usos finais
(iluminação e climatização), correção de fator de potência, campanha de divulgação e conscientização
na comunidade universitária e implantação do sistema de gerenciamento de energia elétrica a serem
implementadas em um período de 18 meses.
O referido projeto tem como finalidade principal implementar um programa de gestão energética de
caráter institucional. Desta forma pode-se garantir a manutenção, atualização e melhorias no referido
programa. Um programa de gestão energética, além da implementação e monitoramento das ações de
eficiência energética, estabelecerá as rotinas referentes ao uso racional e eficiente da energia dentro da
Instituição, desde a entrada de energia fornecida pela concessionária até os usos finais (climatização,
iluminação, e demais cargas). Desta forma serão necessários infra-estrutura, recursos humanos, agente
gestor e principalmente o comprometimento do dirigente da institucional.
Em decorrência do caráter da Universidade de formadora de profissionais e, portanto, de formadores
de opinião, parece ser obrigação de todos os usuários da Universidade “vestir a camisa” e colaborar
para um gerenciamento de energia, mostrando que a universidade além de indicar a teoria, ela executa
esta e mostra à sociedade que seus usuários assumem seus papéis de participantes do processo
deixando de ser meros expectadores.
Nos tópicos seguintes será mostrado o estágio atual da implementação das metas citadas.
2. METODOLOGIA
No período de de 2001 a 2003 foi verificado um crescimento da demanda média de 19,64%. Tal
crescimento deve-se à construção de laboratórios e aquisição de equipamentos.
A execução das obras foi implementada de acordo com a liberação dos recursos, cujos desembolsos
realizaram-se em duas etapas. Na 1ª etapa foram executadas as metas na Faculdade de Tecnologia
(FT). Atualmente está em processo de contratação das empresas para a execução das metas da 2ª
etapa, cujos locais a serem atendidos são: ICHL, FACED, Reitoria, Hospital Universitário “Getúlio
Vargas”, EEM e Curso de Farmácia e mini-campus.
Na FT funcionam Cursos de Graduação (Desenho Industrial, Engenharias Civil e Elétrica) e Pós-
graduação (especialização, mestrado e doutorado), além disto ainda funcionam aos sábados os cursos
de Língua Estrangeira (Inglês, Francês e Espanhol) oferecidos pelo Departamento de Línguas
Estrangeiras do Instituto de Ciências Humanas e Letras da UFAM.
Os prédios da FT foram inaugurados em dezembro de 1988, cujas instalações são constituídas por 129
ambientes distribuídos em salas de aula, laboratórios, salas de professores, departamentos acadêmicos,
escritórios administrativos, biblioteca setorial, núcleos, auditórios, agência bancária, agência dos
correios, centros acadêmicos, sala de reprografia e restaurante. Embora este último ambiente não
pertença à FT, também consome energia elétrica e água desta. A faculdade está dividida basicamente
por 11 pavilhões (Rio Juruá, Rio Tapauá, Rio Canumã, Rio Nhamundá, Rio Tefé, Rio Aripuanã, Rio
Trombetas, Rio Xingu, Rio Madeira, Rio Japurá). As figuras 2 e 3 mostram alguns ambientes típicos
da FT.
Os pavilhões da FT são constituídos de somente 1 andar, com exceção do pavilhão Rio Aripuanã que
possui 2 andares. Quanto ao horário de uso dos ambientes, pode-se considerar para as salas de aula o
período de 2ª à 6ª feira, de 7 às 22 h, e aos sábados de 8 às 17 h; para os demais ambientes considera-
se de 2ª à 6ª feira, de 8 às 18 h. Ressalta-se que os auditórios são utilizados eventualmente.
2.4.1 Execução das metas
Foi contratada uma empresa especializada para executar as metas físicas 1 – Monitoramento da Carga,
2 – Reforma das instalações elétricas e 3 – Substituição de lâmpadas e reatores. As metas físicas 2 e 3
foram implementadas no período de 04 de agosto a 20 de dezembro de 2003. Em decorrência de
atrasos no processo de contratação, a implementação da meta física 1 foi posterior às metas físicas 2 e
3, sendo o período de execução foi de 16 de novembro a 20 de dezembro de 2003.
Dada a necessidade de cumprimento de contrato celebrado com a empresa decidiu-se iniciar a reforma
e posteriormente utilizar blocos similares para realizar a simulação do monitoramento da carga a fim
de verificar os parâmetros energéticos a serem avaliados tais como: energia (ativa, reativa e aparente),
demanda (ativa, reativa e aparente), fator de potência, tensão e corrente. Ressalta-se que os blocos da
FT são similares com relação aos padrões arquitetônicos, tipos de equipamento e uso, entendendo-se
assim, que isto não trará prejuízos para a avaliação do referido projeto.
Os blocos contemplados nas metas física 2 e 3 são separados por tipo de atividade desenvolvida tais
como: 3 blocos de salas de aula, 7 blocos de laboratórios, 1 bloco de atividades administrativas e
biblioteca setorial (o único com 2 andares), além destes blocos ainda serão contemplados a cantina, 2
anfiteatros e áreas diversas (halls, corredores).
Desta forma é possível que sejam monitorados os principais parâmetros, e a verificação real do uso
por bloco. Assim é possível questionar, por exemplo, o consumo de energia nos blocos de aula em
horários e dias em que não se tenham atividades discentes.
O Sistema de Iluminação em cada ambiente é composto por 2 lâmpadas por luminárias, com a uma
quantidade de 15 luminárias e 30 lâmpadas de 40 W, utilizando reatores convencionais. A figura 5
mostra uma sala de aula destacando-se a disposição das luminárias e lâmpadas.
O acionamento das lâmpadas era realizado por filas verticais e de forma alternada. No entanto,
verificou-se que o sistema de iluminação seria mais eficiente se as lâmpadas fossem acionadas por
filas horizontais, pois o mais recomendável é que sejam ligadas as lâmpadas de acordo com a
ocupação da sala e com os recursos utilizados, ou seja, ocupando seqüencialmente da 1ª fila até a
última fila (figura 6). Portanto, foi realizada esta modificação na setorização, no entanto, é necessário
que os usuários sejam conscientizados a fim de efetivamente utilizarem somente a iluminação
necessária.
1ª fila
Última fila
Foi verificado que nestes blocos havia separação dos circuitos de iluminação, tomada e ar
condicionado. No entanto, em alguns casos a instalação elétrica se mostrava precária, sendo realizada
a substituição de fios, cabos e tomadas.
Nos blocos Rio Canumã, Rio Nhamundá e Rio Purus os quadros de comando são localizados externa
e internamente, de acordo com o tipo de carga a ser utilizada nos laboratórios. Verificou-se que na FT
existem de 30 quadros, sendo 23 internos e 7 externos.
• Gerenciamento do SGEE
O SGEE deverá ter como agente gestor a Prefeitura do Campus Universitário (PCU), pois a mesma
possuí o perfil adequado, dado o suporte técnico existente, pelo menos parcialmente, e atividades
rotineiras relativas à elaboração, execução e manutenção das obras da instituição.
A PCU ficará responsável pela equipe executora do SGEE, cujas atividades estarão em grande parte
diretamente relacionadas às já executadas pela PCU. O SGEE contemplará, além das novas atividades
a serem implementadas, as atividades rotineiras atualmente executadas pela instituição, que, deve-se
salientar, não estão sendo sistematizadas e analisadas.
A PCU contribuirá para implementação e manutenção do SGEE, através do suporte técnico,
disponibilizando informações técnicas, e de técnico para acompanhar os serviços das empresas
contratadas, quando necessário. Deverá apoiar as ações da CICE também através da disponibilização
de informações e de um técnico como membro da referida Comissão.
• Infra-estrutura do SGEE
É desejável que se tenha uma infra-estrutura específica para realização das atividades, composta por
recursos humanos, local de funcionamento, equipamentos (medição, informática, proteção individual,
comunicação – telefone, fax e acesso à Internet), material de consumo e serviço de reprografia. A fim
de garantir o suporte técnico será necessária a implementação de bancadas de ensaio de lâmpadas e
reatores, aquisição de softwares, entre outros.
Ressalta-se que as bancadas de ensaio para lâmpadas fluorescentes e reatores previstas no referido
projeto poderão também ser utilizadas como ferramenta de estudo para os discentes dos cursos de
Engenharia Elétrica.
Existem diversas ferramentas computacionais que poderão auxiliar o acompanhamento e análise do
uso da energia elétrica, muitas destas distribuídas gratuitamente na Internet e por órgãos como o
PROCEL. É importante ressaltar que a maioria destes softwares é de fácil entendimento,
processamento rápido, além de serem desenvolvidos para serem executados em qualquer computador.
Os softwares auxiliam no processo de adequação de edificações ao clima local, projetos de conforto
ambiental, dimensionamento de sistemas de aterramento elétrico, projetos de instalações elétricas e
telefônicas de edificações, economia de energia em motores elétricos, análise das faturas de energia,
projeto de iluminação e de climatização, e diagnóstico energético. No gerenciamento energético deve
ser considerado também o aspecto de segurança das instalações. Existem também softwares
específicos para o dimensionamento do sistema de proteção contra descargas elétricas atmosféricas.
A equipe do referido projeto está utilizando um software de gerenciamento desenvolvido pelo
NEFEN no período de 2002 a 2003. Este software é denominado de “Sistema de Gerenciamento de
Energia e Instalações (SGEI)” e foi desenvolvido para ser uma ferramenta de apoio à metodologia de
gestão energética, auxiliando no gerenciamento do uso da energia elétrica em edificações,
contemplando aspectos de luminotécnica, climatização, segurança e uso racional de energia elétrica.
Ressalta-se que apesar desta ferramenta ser desenvolvido para aplicação em edificações industriais, a
mesma pode ser aplicada em qualquer outro tipo de edificação.
Atualmente está sendo realizado o cadastramento das informações referentes aos quadros de
comandos e circuitos, além dos dados referentes aos Sistemas de Iluminação e Climatização,
prioritariamente nos blocos da FT que já foram e estão sendo contemplados nesta etapa. A figura 10
mostra uma tela típica de cadastramento dos dados iniciais a serem cadastrados.
O diagnóstico energético constitui-se por um conjunto de dados coletados por intermédio de pesquisa
direta de campo, executada por uma equipe treinada, submetidos a processos computadorizados de
análise e avaliação.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar das barreiras comportamentais, financeiras e até mesmo institucionais, verifica-se a real
necessidade de se implementar um programa de gestão energética. Portanto, considera-se o mesmo
como um desafio estratégico e extremamente necessário. Entende-se que o uso racional e eficiente de
energia elétrica é um dos vetores para o desenvolvimento da UFAM, dado que através do
gerenciamento pode-se recomendar qual o equipamento mais eficiente a ser adquirido, além do
registro e controle dos mesmos, acompanhamento da manutenção preventiva e corretiva, entre outros.
Verifica-se que a redução do consumo de energia elétrica passa a ser uma conseqüência “natural” das
ações implementadas pelo programa de gestão. Um dos pontos fundamentais de um programa de
gerenciamento em uma instituição é que apesar da resistência inicial e do processo lento de
conscientização por parte dos usuários, no que diz respeito ao entendimento da importância do
programa, devido ao caráter institucional será possível expandir esta conscientização para fora da
instituição, atingindo a comunidade em geral.
Em decorrência do avanço da tecnologia, atualmente é possível implementar ações de eficiência
energética com um nível de automação bastante expressivo, no entanto isto gera custos elevados. Por
outro lado, observa-se que várias medidas possuem custo “zero”, permitindo que as mesmas sejam
implementadas no momento, tais como: desligamento de lâmpadas e equipamentos quando não
utilizados, adequação de carga térmica através do remanejamento, uso de iluminação natural, entre
outros.
A fim de assegurar a manutenção e atualização deste programa deve-se buscar estratégias para
captação de recursos internos e externos. A Instituição deverá criar programas de captação de recursos
internos, justificando-se pela considerável parcela de contribuição de energia elétrica no orçamento
mensal.
De acordo com as melhorias propostas serão necessários recursos financeiros para a implementação
destas melhorias, pode-se considerar como fontes de captação de recursos os projetos via
concessionárias e também a realização de contratos de performance, com uso ainda restrito no país.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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à Manaus Energia S.A. - MANAUS. Brasília.
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à Manaus Energia S.A. - MANAUS. Brasília.
ROMÉRO, Marcelo de Andrade. Método de avaliação do potencial de conservação de eneriga
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SOUZA, R.C.R., SARDINHA, M.D. Projeto “Implantação do Sistema de Gestão para
Eficientização Energética da Universidade Federal do Amazonas”. Manaus, 2003. 2º Relatório de
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VITRINES para designers. Design Gráfico, São Paulo, ano 7, v. 68, p.40-46, dez. 2002.
AGRADECIMENTOS
À Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e Universidade Federal do Amazonas (UFAM).