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2018 117
que carregar o peso e os tormentos de ser aqui abaixo; porque está escrito: Que aos seus anjos
dará ordens a teu respeito, e tomar-te-ão nas mãos,
para que nunca tropeces com o teu pé em alguma
4 Mateus 4:1-11. pedra” (Mateus 4:6).
pois “aceitando esse terceiro conselho do poderoso o Grande Inquisidor promete um mundo
espírito, tu terias concluído tudo que o homem feliz e pacífico, “ao contrário do mundo criado
procura na terra, ou seja: a quem sujeitar-se, a por Deus que é um mundo repleto de mal e
quem entregar a consciência e como finalmente sofrimento” (GOLIN, 2009, p.71), em troca da
juntar todos num formigueiro comum” supressão dessa liberdade. Faz isso alegando
(DOSTOIÉVSKI, 2008b, p.356). E ainda um falso amor pela humanidade, pois, uma
afirma: "Só domina a liberdade dos homens vez que não crê em Deus, também não tem fé
aquele que tranquiliza sua consciência. [...] no homem, Sua imagem e semelhança. Assim
Porque o segredo da existência humana não como o Anticristo do conto de Vladímir
consiste apenas em viver, mas na finalidade de Soloviov, A Story Of Anti-Christ (1900), o
viver” (DOSTOIÉVSKI, 2008b, p.353), Inquisidor quer comprar a submissão de seus
baseando-se na crença de que o homem, ao se discípulos com uma promessa de felicidade,
separar de Deus pelo pecado original, pois acredita que o ser humano prefere trocar
precisou tomar conhecimento do bem, do mal sua liberdade por garantias. Cristo, por sua
e da vida, em vez de simplesmente vivê-la. vez, quer a liberdade, o amor e a fé dos
Ou seja, o homem sente a necessidade de homens por sua livre e espontânea vontade.
questionar tudo que vê e não apenas aceitar a No entanto, não existe liberdade
Verdade e o Mistério de Deus, podendo, verdadeira sem que se permita a
assim, viver plenamente. Como ocorre em possibilidade do mal em oposição ao bem. O
Sonho de um Homem Ridículo (1877), em que mal não existe fora da liberdade do homem.
um homem sonha que visita um novo O homem é que introduz o mal no mundo.
mundo, uma terra ainda não profanada pelo Jacqueline Sakamoto (2006) nos apresenta a
pecado original, onde as pessoas “não dialética de Nikolai Berdiaev:
ansiavam pelo conhecimento da vida como [...] o bem livre supõe a liberdade do
nós ansiamos por tomar consciência dela, mal. Mas a liberdade do mal conduz
porque a sua vida era plena” à destruição da própria liberdade, à
sua degenerescência numa
(DOSTOIÉVSKI, 2009, p.111). E quando este necessidade má. Por outro lado, a
mesmo homem planta um átomo de mentira negação da liberdade do mal e a
(como a mentira da serpente) nesta terra, afirmação exclusiva do bem
surge todo tipo de separação entre os terminam, igualmente, na negação da
homens: nasce o ciúme, a crueldade, a liberdade, na sua degenerescência
numa necessidade boa. Necessidade
vergonha, e por fim, a individualidade. boa que já não é o bem, porquanto
Paradoxalmente, neste novo mundo, as não há bem senão na liberdade.
pessoas só entenderam as questões humanas (BERDIAEV apud SAKAMOTO,
quando se tornaram más; só conceberam a 2006, p.15).
justiça quando se tornaram criminosas. E o
homem ridículo quis até mesmo ser crucificado Ivan Karamázov entende essa
para expiar o suplício dessas pessoas (assim liberdade como a possibilidade de infligir
como Cristo). E, por fim, ele se dá conta de sofrimento ao homem. E para ele, Deus não
que se deve combater a ideia de que “a consegue mais justificar nem expiar a
consciência da vida é superior à vida, o presença do mal no mundo. Eis sua revolta:
conhecimento das leis da felicidade – é superior à protesta não contra Deus, mas contra Sua
felicidade” (DOSTOIÉVSKI, 2009, p.119). criação, o mundo, o homem e sua crueldade.
Uma vez que acredita que Cristo Crueldade essa que nunca foi considerada
lançou as bases da destruição de seu próprio uma ofensa contra Deus, mas “apenas” uma
reino ao conceder o livre arbítrio ao homem7 , inflição de dor em uma vítima, uma a
7“Será que não pensaste que ele acabaria questionando e com um fardo tão terrível como o livre-arbítrio?”
renegando até a tua imagem e tua verdade se o oprimissem (DOSTOIÉVSKI, 2008b, p.353).
injustiça perpetrada pelo mais forte sobre o Após narrar o episódio de uma
mais fraco. Montaigne e, depois, menina de cinco anos açoitada pelos pais,
Montesquieu tinham a convicção de que o trancada dentro de uma latrina durante toda
cristianismo nada fez para inibir a crueldade uma noite gelada e obrigada a comer suas
(apud SHKLAR, 1982, p.20). Para esses próprias fezes, Ivan provoca Aliócha
filósofos, o fracasso do cristianismo, do ponto alegando que, de acordo com a lenda bíblica,
de vista moral, se manifestou pelas todo esse sofrimento existe para que o
atrocidades cometidas pelos cristãos homem possa conhecer o bem e o mal e que,
espanhóis aos nativos do Novo Mundo. sem esse conhecimento, não conseguiria
viver na Terra. “Para que conhecer esse bem e
Às vezes se fala da crueldade esse mal dos diabos a um preço tão alto? Sim,
"bestial" do h omem, mas isso é porque neste caso o mundo inteiro do
terrivelmente injusto e ofensivo para
conhecimento não valeria essas lágrimas de uma
com os animais: a fera nunca pode
ser tão cruel como o homem, tão criancinha dirigidas ao seu ‘Deusinho’”
artisticamente, tão esteticamente (DOSTOIÉVSKI, 2008b, p.335).
cruel. O tigre simplesmente trinca, Ivan não aceita que as crianças, seres
dilacera e é só o que sabe fazer. Não puros e inocentes, tenham de sofrer para
lhe passaria pela cabeça pregar as
alcançar o amor e a harmonia eterna. O
orelhas das pessoas com pregos por
uma noite, mesmo que pudesse fazê- personagem acredita que ninguém tem o
lo. (DOSTOIÉVSKI, 2008b, p.329). direito de perdoar os sofrimentos desses
torturados e recusa essa harmonia eterna,
Assim como Dostoiévski, Montaigne pois ela não vale a menor lágrima de uma
também acreditava que os animais são nossos criança.
superiores morais, que procuram apenas
bens “tangíveis”, como repouso, segurança, [...] Elas devem ser redimidas, senão
paz e saúde, enquanto nós perseguimos a a harmonia também será impossível.
Por acaso isso é possível? Será que
razão, o conhecimento e o renome, coisas que
serão vingadas? Mas para que
nos trazem apenas dor. “Com exceção das preciso vingá-las? Para que preciso
abelhas, eles só querem preservar-se, e não sabem de inferno para os carrascos, o que
nada da guerra ou do terror” (apud SHKLAR, um inferno pode corrigir quando
1982, p.20). aquelas crianças já foram
supliciadas? E de que harmonia se
Ivan Karamázov não pode aceitar as pode falar se existe o inferno: quero
lágrimas de crianças inocentes, lágrimas que perdoar e quero abraçar, não quero
não são redimidas. Ele afirma que em muitas que sofram mais. E se os sofrimentos
criaturas da espécie humana há um prazer no das crianças vierem a completar
aquela soma de sofrimentos que é
ato de torturar crianças, e somente crianças:
necessária para comprar a verdade,
afirmo de antemão que toda a
É precisamente o lado indefeso verdade não vale esse preço. Por fim
dessas criaturas que seduz os não quero que a mãe abrace o
torturadores, e a credulidade carrasco de seu filho estraçalhado
angelical da criança que não tem pelos cães [...]. E se é assim, se eles
onde se meter nem a quem recorrer, não se atrevem a perdoar, então onde
é o que in flama o sangue abjeto do está a harmonia? Existirá em todo o
torturador. Em todo homem, é claro, mundo um ser que possa ou tenha o
se esconde uma fera, a fera da cólera, direito de perdoar? Não quero a
a fera da excitabilidade lasciva com harmonia, por a mor à humanidade,
os gritos da vítima supliciada. não a quero. Quero antes ficar com os
(DOSTOIÉVSKI, 2008b, p.334-335). sofrimentos não vingados.
(DOSTOIÉVSKI, 2008b, p.339-340).
momento, ele a observa e se pergunta como mesmo nas transgressões, o homem não
ela mantém sua fé impassível diante da sua perece nem desaparece, e sim renasce.
situação deplorável: Dostoiévski não expôs a liberdade
sem antes mostrar o seu oposto. Pois é apenas
Como combinas em ti ta manha baixeza na tensão das oposições que se pode
com sentimen tos tão opostos e problematizar a natureza de algo e entendê-
sagrados? [...] Como ela conseguia
la. E o homem só encontraria Deus depois de
viver nessa situação sem enlouquecer?
Em seu coração ainda não havia passar por provações, acometido pelas mais
penetrado nenhuma gota da dolorosas dúvidas. E Dostoiévski conclui
verdadeira perversão. [...] Ela só tem que, antes de se atingir a felicidade deve se
três saídas: se matar, enlouquecer ou passar pelo caminho do sofrimento, pelo fato
entregar-se à perversão, que entorpece
a razão e petrifica o coração.
de haver dois tipos de liberdade: a liberdade
(DOSTOIÉVSKI, 2001, p.333-334). na escolha da Verdade e a liberdade na
Verdade11 . Ou seja, primeiramente o homem
Dostoiévski ainda utiliza Sônia como deve ser livre para escolher entre o bem e o
exemplo das milhares de exceções que mal, e só então atingir a liberdade final em
escapam às regras das leis naturais, comunhão com Deus.
defendidas pelos niilistas e egoístas racionais. Porém, adotando uma outra
Nenhuma das saídas apresentadas por perspectiva que não a religiosa, é difícil não
Raskólnikov como resultado das pressões presumir que haja uma certa exaltação do
que Sônia recebe se conclui. Isto é, Sônia não sofrimento e não questionar a premissa de
é só mais uma tecla de piano destinada a que os suplícios são necessários para se
produzir uma certa nota quando alcançar a felicidade. É difícil não atribuir
pressionada 10 . uma certa razão a Mikhailóvski, visto que
Com a ajuda de Sônia, Raskólnikov Dostoiévski nunca chegou a retratar essa
assume o sofrimento e alcança a redenção ao prometida felicidade em suas obras.
aceitar Cristo em seu amor. Ainda de acordo O fato de o cristianismo defender os
com Berdiaev (2002), o interesse de desígnios de Deus para o sofrimento de Seus
Dostoiévski ao fazer crimes e transgressões, filhos, afirmando que é em nome de um bem
fortemente presentes em suas obras, é maior, desconhecido por nós, nos leva a
puramente antropológico. O autor conseguiu questionar: vale mesmo a pena todo o tipo de
sondar as profundezas da alma humana atrocidades que sofre o homem, para que se
somente em condições instáveis, entre a produza um bem maior, cujo caráter e
loucura e o crime, pois o homem é uma previsão são desconhecidos? Pode-se arriscar
figura dinâmica, e é “na tempestade [que] as questionar que os fins justificam os meios
fraquezas da natureza humana se expõem mais aqui? Pois o sofrimento com a promessa de
claramente do que no fluxo calmo dos tempos felicidade se assemelharia aos atos cruéis
tranquilos” (BONHOEFFER, 2001, p.45). E justificados em nome da ideologia do
egoísmo racional, porque conduziriam a um
bem maior. A diferença é que o primeiro leva
em conta a natureza humana que pode ser
10Para o Homem do Subsolo, as ciências são “leis da
consciência hipertrofiada” que, ao se impor às obscura e imprevisível, enquanto o segundo
mentes humanas, as impede de pensar por si não leva em conta essa natureza e se apoia
mesmas, e o homem se igualaria a uma “tecla de nas leis das ciências e no racionalismo para
piano”, reproduzindo uma ação estimada a partir de
certas pressões externas recebidas, pois, como o
prever alguma coisa.
raciocínio é previsível, a vontade também o será. Ou
seja, "Toma-se o homem como um elo da ‘grande
cadeia do ser’, sujeito a pressões causais e mais 11Em russo, é a palavra Истина (ístina), que se
nada." (DRUCKER, 2004, p.65) remete, neste caso, à palavra de Deus.
tratou de uma espécie de “aposta” entre Deus Meu Deus, que livro e que lições!
e Satanás, que duvidou que Jó não se Que livro são essas Sagradas
afastaria do Senhor mesmo diante dos piores Escrituras, que milagre e que força
que dá ao homem! [...] E quantos
infortúnios. Deus responde ao chamado de
mistérios resolvidos e revelados:
Jó, mas não às suas perguntas. Em todo
Deus reabilita Jó, dá-lhe de novo a
momento, reafirma a superioridade que tem riqueza, passam-se novamente
sobre Jó, que não seria nada sem Ele. O livro muitos anos, e ei -lo já com novos
não responde por que o justo sofre, mas filhos, outros, e os a ma - oh, Senhor!
apresenta o sofrimento humano de forma "Sim, poder-s e-ia pensar como ele
realista, sem negá-lo. De acordo com a moral poderia amar esses novos filhos
cristã, bem-aventurado é aquele que aceita os quando não tinha mais os antigos,
fardos da vida sem se afastar do Senhor, quando fora privado deles?
sabendo que os desígnios Deste estão além da Lembrando-se daqueles, por acaso
poderia ser, como antes, plenamente
sua compreensão. Sob essa ótica cristã, por
feliz com os novos, por mais que os
mais justo que Jó fosse, ele também era um
novos lhe fossem queridos?". Mas é
pecador, como todos os descendentes possível, é possível: por força do
condenados de Adão e Eva, que se afastaram grande mistério da vida humana,
do Pai. Ou seja, “assim como Deus manda a uma velha tristeza se con verte
chuva, o sol e outras bênçãos tanto sobre os justos paulatinamente numa serena e
como sobre os injustos” 14 , tanto os inocentes enternecida alegria; em vez do
como os culpados devem sofrer as sangue efervescente da mocidade
consequências do pecado original. O consolo vem a velhice dócil e serena [...] e
em que se baseia a moral cristã é que o único sobre tudo isso está a verdade de
Deus que comove, reconcilia e tudo
verdadeiro inocente que sofreu sem ter
perdoa! (DOSTOIÉVSKI, 2008b,
pecado foi Jesus Cristo, mas que partilhou do
p.400).
nosso sofrimento. “Em Jesus, Deus adentra ao
mundo do sofrimento humano para redimir a
Em uma carta a Anna Grigórievna
humanidade. Jesus experimentou o cúmulo do
Dostoiévskaia, de 1875, Dostoiévski escreveu
sofrimento humano na cruz, e o fez sem
sobre os efeitos que a história de Jó lhe
reclamar.” (DILLARD & LONGMAN apud
causavam: "Estou lendo Jó e ele me deixa
COROBIM, 2008, p.47). Mas até mesmo
num estado de êxtase doloroso; abandono a
Cristo não bradou, quando crucificado:
leitura e começo a andar pela sala quase
“Deus meu, Deus meu, por que me
gritando” (apud FRANK, 2007, p.539). No
desamparaste?” 15 .
entanto, a partir das referidas impressões do
Porém, ainda assim, o envolvimento
stárietz sobre O Livro de Jó, podemos observar
direto de Deus com a miséria da
que essa passagem foi muito influenciada
humanidade, a crucificação de Cristo e sua
pela dor da perda do filho Alieksiéi, de pouco
ressurreição no terceiro dia representaram
menos de três anos, em 1878 – ano do início
uma esperança para aqueles que se
da escrita de Os Irmãos Karamázov –, e pela
encontram em aflição, esperançosos com a
esperança que a história de Jó representou
promessa da vida eterna e o encontro pessoal
para Dostoiévski.
com Deus.
Em uma passagem no início do livro,
Dostoiévski, através do stárietz
vemos uma pobre mulher, que sofria pela
Zóssima, escreve sobre O Livro de Jó:
morte do filho também de quase três anos,
procurar ajuda nos sermões do stárietz, que
lhe responde: “Esse teu grande pranto de
14 Mateus 5:44-45
mãe ainda há de durar muito, mas no fim das
15 Mateus 27:46 contas se converterá numa alegria serena, e
tuas lágrimas amargas serão apenas lágrimas Março-Abril de 1918. Traduzido por Fr. S.
de suave enternecimento e da purificação do Janos em 2002. Disponível em:
coração que redime dos pecados” <http://www.berdyaev.com/berdiae
(DOSTOIÉVSKI, 2008b, p.80). v/berd_lib/1918_294.html>. Acesso em: 17
de novembro de 2016.
Considerações finais BERMAN, Marshall. Tudo que é sólido
desmancha no ar – A aventura da modernidade;
Para compreender o sentido do Tradução de Carlos Felipe Moisés e Ana
sofrimento nas obras de Dostoiévski, é Maria L. Ioriatti. 1ª Edição. São Paulo:
necessário entender a influência da moral Companhia das Letras, 2007.
religiosa em sua vida. Assim como seu
BONHOEFFER, Dietrich. Ética. Tradução de
personagem Ivan Karamázov, o autor russo
Helberto Michel. São Leopoldo: Sinodal,
passou grande parte de sua vida dividido 2001.
entre a dúvida, a revolta, sua sede de crer e
de ter esperança. CASTRO, Suzana. Resenha do livro Susan
Uma das principais características de Neiman. O Mal no Pensamento Moderno –
suas obras foi o sofrimento como um inferno uma história alternativa da filosofia. Revista
que deve ser atravessado no caminho de Redescrições – Revista on line do GT de
redenção do homem, onde este encontra a luz Pragmatismo e Filosofia Norte-Americana Ano 1,
Número 4, 2010. Disponível em:
de Cristo, que resplandece também nas trevas
<http://www.gtpragmatismo.com.br/redesc
e as dissipa. Suas obras contêm os desafios de
ricoes/redescricoes/04/8_castro.pdf>.
se encontrar a luz nas trevas, e de se Acesso em: 21 de dezembro de 2016.
reconhecer até mesmo nos piores e mais
desprezíveis homens a imagem e semelhança COROBIM, Kátia Regina de Vincenzo. O
de Deus. O autor restitui, assim, a fé no problema do mal: Uma análise do sofrimento
homem, e apresenta a possibilidade de humano no Livro de Jó. São Paulo, 2008.
redenção até mesmo para o pior dos Disponível em:
criminosos, e esperança para as pessoas que <http://www2.teologica.br/webportal/hom
sofrem toda sorte de aflições, como, por e/trabalho-dos-alunos/doc_details/22-o-
problema-do-mal-uma-analise-do-
exemplo, a mãe que perdeu seu filho
sofrimento-humano-no-livro-de-jo>. Acesso
pequeno.
em: 21 de dezembro de 2016.
De acordo com o discurso de William
Faulkner (1999) na cerimônia do Nobel, em DOSTOIÉVSKI, Fiódor. Crime e castigo.
1950, são os problemas do espírito que Tradução de Paulo Bezerra. São Paulo: Ed. 34,
formam a boa literatura. E o dever do escritor 2001.
é relembrar o ser humano de que ele é
imortal, pois tem uma alma capaz de _____. Duas narrativas fantásticas: A Dócil e O
compaixão, sacrifício e resistência. Deve ser o Sonho de um homem ridículo. Tradução de
pilar do homem para ajudá-lo não somente a Vadim Nikitin. São Paulo: Ed. 34, 2009.
perdurar, mas a triunfar. E pode-se dizer que
_____. Notas do Subsolo. Tradução de Maria
Dostoiévski realizou esta tarefa com grande
Aparecida Botelho Soares. Porto Alegre:
maestria. L&PM, 2008a.
DRUCKER, Cláudia. Dostoiévski, Heidegger, Filosofia, Vol.8. São Paulo: UNESP, 2015.
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v.3, n.1, p. 61-82, Jun 2004. <https://www.marilia.unesp.br/Home/Rev
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FRENZ, Horst. Literature: 1901 - 1967 (Nobel 2016.
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Editora Vida, 2009. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/rus/article/vi
<https://sumateologica.files.wordpress.com ew/108587>. Acesso em: 17 de novembro de
/2009/07/c-s-lewis-o-problema-do- 2016.
sofrimento.pdf>. Acesso em: 21 de dezembro
de 2016.
Abstract: This paper addresses the issue of
MIKHAILÓVSKI, Nikolai. Um talento cruel. freedom and human suffering according to the
In: GOMIDE, B. (org.) Antologia do pensamento parable of the character Ivan Karamazov, The
crítico russo. Tradução de Sonia Branco. São Great Inquisitor, chapter of The Brothers
Paulo: Ed.34, 2013. Karamazov, by Fyodor Dostoevsky. For the Grand
Inquisitor, freedom is a burden for men, who
MORAES, Rodrigo Juventino Bastos de. O
prefer to submit themselves to others in order to
grande russo também era um niilista:
Dostoiévski à luz de Nietzsche. Filogênese – bear the burden and torments of being responsible
Revista Eletrônica de Pesquisa em Graduação em for their free decisions, and to exchange it for
guarantees and a promise of happiness. Christ, in inflict suffering on men and refuses to accept
turn, wants the freedom, love and faith of men suffering and sacrifice to understand the meaning
based on their own free will. However, there is no of life as atonement for sins.
true freedom without allowing the possibility of
evil in opposition to good. Ivan Karamazov Key-words: Dostoevsky; Christianism; Liberty.
understands this freedom as an opportunity to