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Os nós da gestão pública

Estes nós a que me refiro são aqueles que travam a administração pública hoje
no Brasil. Em tempos de campanha eleitoral dou uma contribuição para o diagnóstico e
a solução dos principais problemas que hoje afligem o setor público.
Uma das maiores marcas que temos hoje na área governamental é de uma
organização lenta ou parada em muitos casos. Evoluímos em controle nas últimas
décadas, mas pouco em planejamento e execução. A gestão é feita na sua maioria pelos
chamados órgãos de controle como controladorias, Ministério Público, Tribunais de
Contas e o também o Poder Judiciário. O que pauta a ação governamental não são os
planos de outrora, mas as recomendações, os termos de ajustamento de conduta,
termos de ajuste de gestão, as liminares, os mandados de segurança, os apontamentos
e assim por diante.
Isto aconteceu por uma série de fatores. Primeiro pelo avanço da legislação no
Brasil sob a vigência da Constituição de 1988, que completará 30 anos em breve. É uma
Constituição grande e que foi ampliada por cerca de 100 emendas, gerando a
necessidade de regulamentação. Portanto, normas na área ambiental, de acessibilidade,
trabalhista, educacional, fiscal, transparência, participação, indígena, engenharia,
relativas a direitos de grupos específicos e outros foram sendo aprovadas pelo Poder
Legislativo. Só isto já trouxe um grau de exigência muito elevado.
Em segundo lugar houve o fortalecimento dos órgãos de controle, tanto do
ponto de vista institucional quanto financeiro e humano. Eles passaram a compor a elite
do serviço público junto com algumas carreiras do Executivo e Legislativo. Se
profissionalizaram e também foram beneficiados por estarem afastados do jogo
político-partidário. Puderam manter um número pequeno de cargos comissionados em
comparação ao outros e também maior estabilidade no seu corpo gerencial, em virtude
dos mandatos de seus dirigentes e das respectivas equipes.
Com isto repetiu-se algo que já foi visto em outros momentos históricos do Brasil,
chamado pela Ciência Política de insulamento burocrático. Um órgão é retirado da
partilha própria do presidencialismo de coalizão, torna-se uma ilha de excelência técnica
e vira uma fonte de modernização para o restante. Já conteceu com o DASP nas décadas
de 1930 e 1940, as empresas estatais entre as décadas de 1960 e 1980 e agora com os
órgãos de controle. Acentuou-se, portanto, uma tendência de reforma da administração
pública pela ponta do controle, pelo avanço da legislação e a condição institucional já
referida.
Despontaram neste contexto uma série de servidores que desconheceram
aquela tradição brasileira de que existe lei que “pega” e lei que não “pega”. Para eles,
se a lei está vigorando ela deve ser cumprida pelas autoridades competentes. Um
terceiro fator foi a expansão dos cursos de direito a reboque deste processo, o que
permitiu um maior acesso ao exercício dos direitos. Acrescente a este caldeirão o
surgimento e fortalecimento das defensorias públicas, também elas filhas da
Constituição de 1988. Combinamos então a expansão dos direitos tanto de vista
material quanto procedimental, que significa o direito de acionar o Estado em seu
sentido amplo para a garantia dos direitos.
Portanto, chegamos a uma administração pública que planeja de forma
deficiente, executa com dificuldades mas controla bem, de acordo com o modelode
controle ainda dominante. O foco destes órgãos ainda são os ritos e processos e não os
resultados. Por isso que, apesar destes saltos, ainda há tantos problemas de ineficiência
e corrupção e precisamos de delação para desvendá-los. Voltarei a este tema.

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