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Wolfgang Amadeus Mozart (Salzburg, 27 jan. 1756 – Viena, 5 dez.

1791),
Concerto Para Piano e Orquestra em Lá Maior, KV 414 (1782)
Para piano, dois oboés, duas trompas e cordas.

Embora em vida sua música houvesse sido frequentemente considerada demasiado


audaciosa e complexa, os obituários de Mozart mostram que à época de sua morte ele era
tido como um artista sem rival. Já no final do século XVIII suas óperas dominavam os
palcos europeus. A lenda do Réquiem impulsionou-lhe a popularidade e sintetiza as
imagens românticas que prevaleceram nos séculos XIX e XX: a eterna criança; o rebelde
social; o libertino; o gênio incompreendido; a vítima indefesa de conspirações profissionais;
o prodígio aparvalhado, alheio a tudo o que não fosse a própria música. A ideia da falta de
conexão de Mozart com o mundo real impregnou a musicologia até o final do século XX.
Em 9 de maio de 1781 o compositor de 25 anos rompeu com o arcebispo de
Salzburg para instalar-se como artista independente em Viena, onde obteria enorme sucesso
artístico e financeiro. O ápice de sua carreira de concertista ocorreu em 1784: nos quarenta
dias da Quaresma, Mozart participou de vinte e três eventos na capital. A extravagância das
últimas obras de Salzburg deu lugar a texturas mais nítidas e transparentes, num estilo
menos ornamental. Nos concertos para piano em particular, a textura adquire relevância
formal. O KV 414 abre a série dos dezesseis concertos vienenses para piano. A estreia dessas
peças a partir de manuscritos recém-concluídos ou ainda inacabados cujos toques finais
eram concebidos durante as execuções cercou-se de enorme excitação. Ao escrever
apressadamente para o pai em 28 de dezembro de 1782, pouco antes de uma apresentação,
Mozart descreve os três concertos para piano nos quais trabalhava, o KV 413, em Fá Maior,
o KV 414, em Lá Maior (concluído antes do KV 413), e o KV 415, em Dó Maior:
Esses concertos constituem um justo balanço entre o muito fácil e o muito difícil; eles são
extremamente brilhantes, agradáveis ao ouvido e naturais sem cair na insipidez. Há passagens aqui e
ali das quais apenas os conhecedores tirarão proveito; mas elas estão escritas de tal modo que os
menos instruídos não deixem de ficar satisfeitos, mesmo sem saber o motivo.
Em que consistiria essa ciência dissimulada? Arnold Schoenberg detalha, em 1931,
o que aprendeu com o colega: a desigualdade no tamanho das frases; a organização de
caracteres heterogêneos numa unidade temática; o desvio da construção por números pares
do tema e suas partes; a arte de formar ideias subsidiárias; a arte da introdução e da
transição. Charles Rosen ressalta a regularidade melódica do primeiro movimento do KV
414: Mozart mantém a frase de oito compassos, e a segunda frase de todas as melodias
começa do mesmo modo que a primeira. Apenas no ritornello, há quatro melodias longas,
uma delas jamais ouvida de novo, além de um tema final, e o piano acrescenta mais duas.
Toda a seção de desenvolvimento se baseia em material novo, sem remeter-se à exposição.
Por outro lado, as transições são elaboradas, e o peso de cada melodia bem como seu lugar
na sucessão, cuidadosamente calculados. Mozart renuncia aqui, como não o fez em nenhum
outro primeiro movimento de concerto, aos efeitos da surpresa dramática e às tensões das
irregularidades solucionadas.

Allegro – Andante – Allegretto


Duração: 25 minutos.
Wolfgang Amadeus Mozart, Concerto Número 12, em Lá Maior, para piano e orquestra,
KV 414, Robert Casadesus e a Orquestra de Cleveland (sob o nome “Orquestra Sinfônica
da Columbia”) regida por George Szell, gravado em Los Angeles em 20 de novembro de
1955, disponível em http://goo.gl/2MBc71.

Norbert Elias, Mozart: sociologia de um gênio, Rio de Janeiro, Zahar, 1995, disponível em
http://goo.gl/YnWh2u.

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