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Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro os poderes da administração são decorrentes dos

princípios que a regem, constituindo expressão da supremacia do interesse público. Cumpre


esclarecer que a expressão “poder” não deve implicar uma noção de faculdade, mas de dever
de ação, uma vez que a atuação em benefício da coletividade é uma vocação irrenunciável do
Estado. Classificam-se na doutrina administrativista os poderes normativo, disciplinar,
regulamentar e de polícia, sendo este último o objeto do presente trabalho. Comenta-se ainda
a existência do poder discricionário e do vinculado, que não são de fato tipos distintos, mas
sim duas modalidades de exercício dos atos e competências administrativas.

O poder de polícia se caracteriza pelo dever que incumbe a Administração Pública de


condicionar o exercício de direitos individuais ao bem estar coletivo (DI PIETRO). Resguarda-se
assim a segurança das liberdades privadas, na medida em que limitá-las é uma forma de zelar
pelo recíproco direito de exercê-las, sem que um indivíduo invada o espaço do outro.

A ideia de polícia a que o conceito evoca pouco tem a ver com o sentido corrente da palavra.
Na verdade, tradicionalmente a noção está associada à atividade do Estado na manutenção da
ordem pública, em sentido amplo. Falava-se assim de uma função policial administrativa, que
não se limitava a segurança, mas também à ordem econômica e social. Com o tempo,
evoluindo da prerrogativa de constranger a ação privada para deixar de fazer o que é contrário
ao público, passou a impor igualmente obrigações positivas de fazer aos particulares, tal qual o
regular aproveitamento da propriedade, do solo, etc. (DI PIETRO).

A previsão positivada do tema em questão encontra-se no art. 78 do CTN, uma vez que este é
um dos fatos geradores do tributo denominado taxa. Eis a disposição legal:

“considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou


disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em
razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à
disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de
concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à
propriedade e aos direitos individuais ou coletivos”.

O poder de polícia é exercido pelo Poder Executivo e pelo Legislativo. O primeiro edita
medidas coercitivas, ordens, licenças, autorizações, dentre outras espécies de atos
administrativos para dar fiel cumprimento a lei. O segundo, através da própria edição da lei,
cria as limitações administrativas que vão servir de fundamento para a edição dos supracitados
atos administrativos, prestigiando o princípio da legalidade.

Distinguem-se ainda os conceitos de polícia administrativa e penal. Acerca da primeira diz-se


que a mesma atua na prevenção ou repressão de ilícitos administrativos, atuando sobre bens,
direitos e ou atividades, enquanto a segunda na de ilícitos penais, dirigindo-se às pessoas. Esta
última restringe-se à noção corrente de atividade policial civil e militar. A de espécie
administrativa é exercida não só pelas polícias em sentido estrito como pelos mais variados
órgãos e entes de fiscalização. São exemplos de órgãos que exercem a referida função em
matéria administrativa a vigilância sanitária, a guarda municipal e o departamento de trânsito.

São atributos do poder de polícia a discricionairiedade (em regra) quanto ao motivo e ao


objeto, a autoexecutoridade e a coercibilidade, além da indelegabilidade às pessoas jurídicas
de direito privado, por se tratar de atividade típica do Estado. Em casos específicos o poder
será vinculado, como na concessão de licença. A autoexecutoridade diz respeito a faculdade de
a administração decidir e de executar suas próprias decisões sem precisar recorrer ao
judiciário. A coercibilidade é indissociável deste último atributo, uma vez que a coerção é o
que viabiliza a execução da vontade da administração pública, sem a qual o particular
escolheria desobedecer.

Destaca-se ainda que o poder de polícia é sempre uma atividade negativa, no sentido de que
mesmo quando impõe uma obrigação de fazer o que se pretende, indiretamente, é que o
particular não faça algo de maneira nociva ou irregular.

O poder de polícia, assim como os demais atos administrativos, estão sujeitos aos requisitos de
validade da competência, finalidade, forma, motivo e objeto. A finalidade deve dizer respeito
sempre ao interesse público, e quando não o for, consistirá no vício de desvio de poder e a
consequente nulidade do ato.

A competência e o procedimento devem observar também as normais legais pertinentes (DI


PIETRO).

Em relação ao objeto, isto é, relativo ao meio de ação, deve-se atentar ao princípio da


proporcionalidade, indicando que o poder de polícia não deve restringir as liberdades além do
necessário para resguardar os direitos individuais. Destacam-se as regras da necessidade (só
deve atuar para evitar ameaças reais ou prováveis ao interesse público), da proporcionalidade
(entre a limitação ao direito e o prejuízo a ser evitado) e da eficácia (a medida deve ser
adequada para impedir o dano). Por isso, os meios de coação devem ser usados com
parcimônia, sobre pena de seus atos serem inválidos.

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