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POSIÇÃO DA ADRA E DO OPSA SOBRE


O ORÇAMENTO GERAL DO ESTADO
PARA 2017

LUANDA, DEZEMBRO
2016
POSIÇÃO DA ADRA E DO OPSA SOBRE A PROPOSTA DO ORÇAMENTO GERAL DO ESTADO PARA 2017

Índice Pág.

1. Introdução...................................................................................................................................... 2
2. Algumas notas sobre o OGE 2017 ......................................................................................... 5
3. Prioridades e opções orçamentais ....................................................................................... 7
4. Economia real e diversificação da economia.................................................................... 9
5. Outros sectores ..........................................................................................................................10
6. Assimetrias territoriais ...........................................................................................................15
7. Pressupostos e riscos ..............................................................................................................17
8. Recomendações .........................................................................................................................18

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POSIÇÃO DA ADRA E DO OPSA SOBRE A PROPOSTA DO ORÇAMENTO GERAL DO ESTADO PARA 2017

1. Introdução

Ao apresentarem a sua opinião sobre igual modo, no indicador relativo à


o OGE de 2017, com uma abordagem participação pública, Angola ocupa a
pedagógica, o OPSA e a ADRA posição n.º 12, o que significa que o
pretendem apoiar os cidadãos, governo ofereceu muito poucas
especialmente os interessados nas oportunidades de participação no
questões relacionadas com as processo orçamental. O IBP indica
políticas públicas, com elementos de ainda que o controlo orçamental pelo
análise que permitam um mais corpo legislativo é fraco (posição n.º
judicioso conhecimento das opções 20), bem como pelo Tribunal de
governamentais. Pretendem também Contas (posição n.º 33). Será também
contribuir para um debate, o mais instrutivo considerar outros
alargado possível, que amplie o indicadores internacionais. Por
conhecimento e influencie o exemplo, em 2015, Angola ocupava a
procedimento do exercício de posição n.º 7 no Índice de
elaboração e discussão do OGE. Visa- Desenvolvimento Humano da SADC
se com isto uma maior participação e (0,532). No Índice de Transparência,
controlo por parte dos cidadãos. ocupava a 6ª posição na tabela dos 10
Pretendem ainda disponibilizar países menos transparentes do
argumentos que permitam, tanto aos mundo. No que se refere ao Índice Mo
cidadãos, como aos representantes Ibrahim da Boa Governação, o país foi
que elegeram, monitorar o classificado na posição n.º 43 num
desempenho do poder executivo em total de 52 países.
2017 na implementação do OGE e de
O OPSA e a ADRA têm consciência de
políticas públicas seleccionadas, na
que o país atravessa novamente um
base das implicações que têm na vida
período difícil resultante da alteração
das pessoas e das famílias.
do contexto mundial mas, ao mesmo
A relevância destes contributos que o tempo, não podem deixar de
OPSA e a ADRA pretendem dar torna- manifestar a sua preocupação com o
se mais clara quando se têm em facto de não se terem disponibilizado
mente as conclusões do IBP mais recursos para as reformas
(International Budget Partnership) estruturais de diversificação da
relativas ao OGE de 2015. De facto, economia e diminuição da
Angola posicionou-se no lugar n.º 26 dependência do petróleo, ao longo
(em 100) no que diz respeito à dos anos de paz e de maior
transparência, concluindo-se que o disponibilidade de recursos. Apesar
governo prestou informações da repetição em relação a
mínimas ao público sobre o OGE. De documentos anteriores, convém fazer

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notar algumas questões preliminares tendências, ao longo dos anos, para a


consideradas relevantes nas tomadas correcção de desequilíbrios.
de posição do OPSA e da ADRA:
O OPSA e a ADRA reconhecem
A formulação técnica do OGE pode ser melhorias significativas na divulgação
assunto de especialistas, mas a de informação por parte dos órgãos
decisão política pode e deve estar ao do Estado, ao longo dos últimos anos.
alcance da compreensão dos Mas constatam também que há ainda
deputados e do cidadão comum; daí muitas insuficiências, principalmente
julgarmos importante alargar os na reiterada falta de informação que
níveis de participação. sustente alguns dos valores
apresentados no OGE, bem como
A questão principal não é apenas o
ainda há alguns atrasos na publicação
valor total das verbas por sector, ou
de relatórios de monitoria do
outra categoria, mas também a forma
Tribunal de Contas e os relativos à
como estas são gastas e o
execução das políticas públicas.
consequente processo de prestação
de contas. Refira-se ainda que as Considerando que 2017 será marcado
comparações e a análise das por novas eleições, seria positivos
variações verificadas têm sido feitas que, na proposta orçamental, viessem
normalmente entre valores correntes espelhadas as despesas relativas a
e não entre valores constantes, ou todo o processo eleitoral que será
seja, não considerando que, aos organizado, de modo a que as
valores do OGE de um ano, é mesmas pudessem ser facilmente
necessário deduzir o impacto da identificadas. A única referência
inflação para serem efectivamente explícita encontrada na nova
comparáveis com os valores do(s) proposta orçamental refere-se ao
ano(s) anterior(es). Este aspecto Programa de Apoio a Processos
ganha maior relevância pelo aumento Eleitorais, o qual tem uma dotação de
acentuado da inflação em 2016 e 241.726.608,00 AKZ.
dadas as previsões para 2017.
Como se diz antes, a análise do OGE
Na análise do OGE não se deve apenas não se coloca apenas ao nível dos
comparar o de 2017 com os resultados medidos por indicadores,
orçamentos dos anos anteriores, mas quantitativos e qualitativos, mas
fazer também a comparação entre os principalmente ao nível dos
valores orçamentados, os valores processos participativos na sua
realmente gastos e a Conta Geral do elaboração, discussão,
Estado dos anos anteriores, buscando implementação e monitoria. Para tal,
tendências. Por exemplo, mais é necessário que, ao longo de todo o
importante do que comparar as ciclo orçamental, seja facilitado o
verbas para os sectores sociais com acesso à informação, sejam realizadas
as da defesa e ordem interna, é consultas regulares, haja promoção
necessário identificar se há de acções de parceira e colaboração

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POSIÇÃO DA ADRA E DO OPSA SOBRE A PROPOSTA DO ORÇAMENTO GERAL DO ESTADO PARA 2017

tendentes a identificar as melhores decisão em sectores com um impacto


alternativas em termos de opções maior nas suas vidas, permitiria o
orçamentais. O diálogo directo com os reforço dos níveis de participação e
cidadãos com o propósito de captar empoderamento dos cidadãos e, ao
as suas aspirações e sugestões, mesmo tempo, o alargamento da
construindo consensos e incluindo os legitimidade e base social da acção
mesmos nos processos de tomada de pública.

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POSIÇÃO DA ADRA E DO OPSA SOBRE A PROPOSTA DO ORÇAMENTO GERAL DO ESTADO PARA 2017

disso, é indispensável considerar a


2. Algumas notas sobre o qualidade dos investimentos
OGE 2017 públicos.

Segundo o Relatório de
À semelhança do ano anterior, o OGE Fundamentação do OGE, prevê-se
para 2017 foca de modo significativo uma melhoria no desempenho da
a política fiscal, monetária e cambial. economia nacional, em 2017, baseada
É também relativamente mais numa taxa de crescimento do PIB real
optimista, ao prever um crescimento de 2,1% - valor este superior ao que
da despesa total em torno de 7,2%, o estava projectado para 2016 (1,1%).
que representará De acordo com os cálculos do
3.722.833.770.647,00 AKZ. É de Executivo, esta taxa apoia-se no
realçar que deste total de despesa, crescimento em 1,8% do sector
50,38% referem-se a despesas petrolífero e no crescimento em 2,3%
correntes. 48,41% é a dotação da do sector não petrolífero. Quanto a
rubrica de ‘Despesa de Capital’, da este último, o dinamismo previsto
qual 13,03% pertencerá ao terá por base as expectativas de
investimento. crescimento do sector da energia
(40,2%), da agricultura (7,3%), da
Este indicador, porém, deverá ser
construção (2,3%) e da indústria
problematizado através da análise
transformadora (4%). Refira-se que a
das opções que têm vindo a ser
previsão governamental está acima
tomadas. Por exemplo, na proposta
dos cálculos do FMI, para quem
orçamental do OGE de 2016, o
Angola deverá crescer apenas 1,25%
investimento passou 30,1% para 19%
em 2017.
- o valor mais baixo desde 2005.
Relembre-se que os efeitos desta Outras questões devem ser
opção tendem a ser bastante consideradas para uma melhor
problemáticos em termos da redução contextualização do OGE. Por um
da petrodependência e do combate à lado, no primeiro semestre de 2016,
pobreza. Seria também relevante as exportações de petróleo desceram
analisar o Programa de Investimentos mais de 30% quando comparadas
Públicos, de modo a compreender com 2015. Neste contexto, a receita
que tipo de desenvolvimento é petrolífera correspondeu a 3,4% do
preconizado para os diferentes PIB. Consequentemente, a redução
sectores. A título de exemplo, ao nível das receitas em moeda externa
do sector agrícola, tal permitiria implicou a desvalorização da moeda
verificar se as opções de nacional e uma redução muito
desenvolvimento assentam significativa das importações. Ao este
predominantemente no agronegócio nível, é de salientar que foi a
ou na agricultura familiar. Para além importação de alimentos o sector

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POSIÇÃO DA ADRA E DO OPSA SOBRE A PROPOSTA DO ORÇAMENTO GERAL DO ESTADO PARA 2017

mais afectado, tendo apresentado muito longe dos 7% estimados pelo


uma redução de cerca de 50%, PND e dos 15,8% calculados pelo
passando de USD 1,54 mil milhões executivo para 2017. Ainda de acordo
para USD 813,2 milhões. com o executivo, em 2017, o
crescimento da economia manter-se-
Por outro, a desvalorização da moeda
á abaixo do previsto no PND 2013-
nacional teve também importantes
2017.
efeitos. De facto, a taxa de câmbio é
um canal central de transmissão dos Défice
efeitos da redução do preço do
No OGE 2016 Revisto, o saldo global
petróleo, afectando directamente o
das contas do Estado foi negativo: –
PIB de vários modos: via consumo
5,9%. Para 2017, com a diminuição
interno e via despesa pública.
das receitas de 20,6% para 18,6% e
Por fim, será importante dar conta da das receitas de cerca de 26% para
crescente divergência entre a actual 24,3%, prevê-se um saldo global de -
conjuntura e as metas estabelecidas 5,8%.
pelo PND 2013-2017 durante a
Para 2017, o défice global previsto é
presente legislatura. O PND previa
de Kz 1.139,9 mil milhões, ou seja,
um PIB de 4,3% e o OGE para 2017
5,8% do PIB, o que representará um
estima um valor de 2,1%. A inflação
aumento de 0,4%. O défice global será
de 7% estimada pelo PND é
superior a mais de um Fundo
ultrapassada pelos 15,8% previstos
Soberano de Angola, que tem activos
no quadro macroeconómico que
inferiores a 5 mil milhões USD.
serve de base ao próximo orçamento.
Recentemente, o FMI considerou que
Enquanto o défice fiscal estimado
um défice de 5,8% deixa a economia
pelo PND era de 1,2%, a nova
angolana mais vulnerável a eventuais
proposta orçamental situa-o em
descidas das receitas petrolíferas,
5,8%.
tendo tal consequências negativas no
Nestas condições, convém realçar que diz respeito à dívida pública. Para
outros aspectos. o FMI, o ideal seria um défice fiscal
não superior a 2,25% do PIB.
Inflação
Endividamento
Em Julho de 2015, a taxa de inflação
atingiu 10,41%. Já o Instituto Tal como nos anos anteriores, o
Nacional de Estatística (INE) indicou endividamento é uma preocupação
que a taxa de inflação homóloga, central do Estado e da sociedade. Em
medida no mês de Setembro de 2016, Novembro de 2016, foi aprovada uma
foi de 39,44%, valor acima dos 38,5% nova lei sobre o endividamento
estabelecidos como meta de inflação público. Segundo o novo
previsto no exercício de revisão do enquadramento, o tecto máximo de
OGE 2016. Prevê-se que, no fim de 60% para a dívida pública, interna e
2016, supere a meta de 38,5% - valor externa, de curto, médio e longos

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POSIÇÃO DA ADRA E DO OPSA SOBRE A PROPOSTA DO ORÇAMENTO GERAL DO ESTADO PARA 2017

prazos, será apenas um valor de receitas petrolíferas deverão descer


referência não vinculativo. A principal de 9,1% para 8,6% e as receitas não
consequência desta alteração é que se petrolíferas de 9,2% para 8,7%. As
torna possível superar o tecto de 60% contribuições sociais manterão o
da dívida pública. O Ministro das peso que tiveram o ano anterior:
Finanças veio esclarecer, no entanto, 0,9%.
que a nova lei não altera o rácio de
60% da dívida pública e que obriga o
Governo a apresentar nos orçamentos
3. Prioridades e opções
seguintes medidas para retomar uma orçamentais
trajectória da dívida pública dentro
daquele referencial. Reconhecendo a actual conjuntura
restritiva, o OGE para 2017
O Estado expandiu os seus níveis de
estabelece uma distribuição de
endividamento. Na nova proposta
despesa por função que passamos a
orçamental, o Executivo prevê gastar
descrever. O sector social concentra
31,64% do total das despesas apenas
38,03% da despesa, o sector dos
no pagamento da dívida (externa e
Serviços Públicos Gerais 24,26%, o
interna), a qual totaliza 2,338 biliões
sector da Defesa, Segurança e Ordem
de AKZ. O stock da dívida
Pública 20,05% e, em último lugar, o
governamental deverá ser de 62,8 mil
sector económico detém apenas
milhões US$, o que representa 52,7%
17,66% da despesa – o que
do PIB. Deste total, a dívida externa
dificilmente se coaduna com a
tem um peso de 27,3% e a dívida
prioridade dada ao objectivo da
interna de 25,4%. No OGE de 2016, os
diversificação da economia.
juros da dívida pública tinham
aumentado para 17,8%, em resultado Comparando estes dois últimos
da desvalorização do kwanza. Para sectores, verifica-se que o sector da
2017, prevê-se que os juros subam Defesa terá 1012,59 mil milhões de
6%. AKZ e o sector económico apenas
891,94 mil milhões. Para além desta
Em termos gerais, em 2017, o serviço
diferença, é preciso notar que o
da dívida deverá aumentar 6%, o que
sector da defesa tem apenas duas
significa mais 36 milhões de euros
rubricas e que o sector económico
por dia ou o equivalente a 2,5% do
tem sete. Daqui resulta que, por
PIB. Este é um aspecto que deve
exemplo, se a rubrica da defesa
preocupar o Executivo e a Assembleia
usufruirá de 535,13 mil milhões de
Nacional.
AKZ, a agricultura, silvicultura, pesca
Receitas e caça apenas terão 35,33 mil milhões
(0,70% da dotação do sector
Globalmente, o quadro fiscal prevê
económico).
uma diminuição de receitas para
2017 quando comparado com os É evidente a preocupação para com a
dados do OGE 2016 Revisto. As política macroeconómica e a
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POSIÇÃO DA ADRA E DO OPSA SOBRE A PROPOSTA DO ORÇAMENTO GERAL DO ESTADO PARA 2017

estabilidade fiscal. É na rubrica de Facilitação ao Crédito teve uma


‘Programas estratégicos’ que estão dotação irrisória de 0,1 mil milhões
enumerados os principais programas de AKZ. A sua dotação para 2017 será
a serem adoptados. Uma das linhas de 88.000.000,00 AKZ. O Programa
com maior protagonismo é a Política Angola Investe viu os seus recursos
Macroeconómica (Estabilidade, diminuírem de 30,5 mil milhões em
Crescimento, Emprego), o qual 2014 para 18,5 mil milhões em 2016.
centrar-se-á no controlo da inflação. Em 2017, o programa terá um
Uma segunda linha prende-se com a montante de 17.253.706.894,00 AKZ,
Sustentabilidade das Contas Públicas o que corresponde a 0,23% das
terá um enfoque na arrecadação de despesas por programa.
receitas não petrolíferas A medida de
Por fim, a linha de Reestruturação e
política económica referente ao
Modernização do Sector Financeiro
aumento da arrecadação tributária
visa modernizar o sistema financeiro
dos impostos com uma base fiscal
e assegurar a sua inserção do sistema
maior, tais como o Imposto Predial
financeiro global, adequando o seu
Urbano e o Imposto sobre a
quadro regulamentar e de supervisão,
Importação insere-se nesta
às melhores práticas internacionais.
estratégia. Uma terceira prioridade
Para o sistema financeiro são
refere-se à Estabilidade Cambial
previstas várias medidas, tais como a
destina-se a garantir a solvência
reavaliação dos requisitos mínimos
externa da economia, a redução da
de capital dos bancos comerciais para
taxa de inflação, a industrialização da
a melhoria dos rácios de
economia e o comércio externo. No
solvabilidade e de liquidez, a revisão
âmbito da política económica, a
das taxas aduaneiras que incidem
proposta de OGE para 2017 inclui
sobre um conjunto de bens de
medidas de aumento das captações
primeira necessidade, ou que se
de Investimento Directo Estrangeiro e
demonstre serem mais consumidos
de remoção de constrangimentos às
pelas famílias de mais baixo
operações fundamentais das
rendimento e a avaliação da
empresas, em particular às unidades
implementação e monitoramento do
agrícolas e famílias. Destaque
crédito fiscal pós-produção, ao
também para a medida de orientação
consumo de combustíveis, aos
da política monetária no sentido da
transportes públicos e as actividades
promoção do crédito produtivo e da
pesqueira e agrícola.
descriminação positiva dos bancos
que concedam uma maior
percentagem do seu crédito à
actividade produtiva. Estas últimas
são importantes para dinamizar a
realização de investimento, mas
convém lembrar, por exemplo, que,
no ano passado, o Programa de

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POSIÇÃO DA ADRA E DO OPSA SOBRE A PROPOSTA DO ORÇAMENTO GERAL DO ESTADO PARA 2017

4. Economia real e programa de recuperação e


diversificação da modernização de infra-estruturas de
economia transporte aéreo (0,58%).

Em primeiro lugar, é de salientar que


O desígnio de diversificar a economia deste conjunto de programas vários
constitui uma reconhecida são dedicados à construção de infra-
prioridade. O OGE para 2017 propõe- estruturas sobretudo em zonas
se impulsionar o sector real da urbanas. Neste sentido, à semelhança
economia através de investimentos do ano anterior, a aposta principal
estruturantes nos domínios da parece continuar a ser no ‘betão’. Não
energia, água, vias de comunicação e deixará de ser importante reflectir
telecomunicações, permitindo a sobre a necessidade de dar
estruturação do circuito mercantil continuidade a esta opção quando se
interno e a promoção da exportação considera que, no quadro das
de produtos não petrolíferos. escolhas de desenvolvimento desde o
fim da guerra, a reconstrução das
A análise dos dez maiores programas infra-estruturas sempre foi uma
do OGE para 2017 permite realizar prioridade. Em segundo lugar,
várias constatações. Os programas saliente-se o peso muito relativo dos
com maior dotação são os seguintes: programas associados à
o programa de reabilitação e diversificação económica. Em terceiro
construção de infra-estruturas de lugar, nesta lista não constam
transporte rodoviário (3,72%); programas de apoio e protecção
programa de fomento e social. Por fim, mesmo somados, os
desenvolvimento da actividade montantes destes programas estão
económica (3,64%), programa de longe de alcançar o valor total da
reabilitação e expansão dos sistemas dívida pública prevista (calculada em
urbanos de água e saneamento 2,338 biliões de AKZ).
(1,25%), programa de expansão da
capacidade de produção e transporte Agricultura
de energia eléctrica com 1,19%;
Apesar do Executivo considerar a
programa de construção de infra-
agricultura como uma prioridade,
estruturas económicas básicas
dado o seu potencial de criação de
(0,96%); programa de reabilitação e
emprego, combate à pobreza, geração
ampliação das redes de energia
de riqueza e segurança alimentar, o
eléctrica (0,94%), programa de orçamento para 2017 prevê apenas
construção de equipamentos e
35,33 mil milhões (0,70% da dotação
edifícios públicos (0,82%), programa
do sector económico) para a
integrado de desenvolvimento rural e
agricultura, silvicultura, pesca e caça.
combate à pobreza com (0,81%)
De 2015 para 2016, as verbas para a
programa de construção e
agricultura foram reforçadas em
reabilitação de infra-estruturas 18,7%, passando de 29,3 mil milhões
marítimas e portuárias (0,59%) e o
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POSIÇÃO DA ADRA E DO OPSA SOBRE A PROPOSTA DO ORÇAMENTO GERAL DO ESTADO PARA 2017

para 34,8 mil milhões AKZ, mas esse medidas adequadas para se melhorar
valor corresponde apenas a cerca de a capacidade de investigação e de
50% do montante (67 mil milhões) assistência técnica, e tal implica não
atribuído em 2013. apenas dotações orçamentais para os
programas, mas também a
Esta situação é estranha e
possibilidade de se reforçar as
preocupante e mostra que o
capacidades institucionais, incluindo
Executivo não traduz, na prática, o
a admissão e capacitação de quadros
desejo manifestado de dar prioridade
técnicos correspondentes.
à agricultura, isto é, revela uma certa
discrepância entre os objectivos Indústria transformadora
declarados e as políticas
Segundo o Relatório de
prosseguidas. O PND 2013-2017
Fundamentação do OGE para 2017, a
previa uma taxa média de
indústria apresentou um crescimento
crescimento da agricultura de 9,8%. O
negativo de -3,9%, dado o aumento
Relatório de Fundamentação do OGE
dos custos de financiamento, o
para 2017 considera que o sector
abrandamento da procura e a
ganhou novo dinamismo em 2013 e a
dificuldade de obtenção de divisas
sua taxa de crescimento foi de 11,9%
para importação. Após, um ano de
em 2014. Porém, em 2015 o sector
crescimento negativo, prevê-se para o
conheceu outra estagnação, na linha
sector da indústria transformadora
do acontecido antes de 2013 com um
um desempenho positivo. O Executivo
crescimento de 0,8%. Como se
considera que este terá por base a
desconhece ainda qual a taxa de
diminuição dos custos de produção
crescimento em 2016, não se sabe
dado o aumento previsto de
qual é a tendência, logo, não se
disponibilidade de energia eléctrica.
entende a afirmação do Relatório de
De acordo com o PND, a taxa média
Fundamentação. A previsão para
de crescimento deste sector deveria
2017 situa-se em 7,3% abaixo,
ser de 14,2%.
portanto, do previsto no PND.

As medidas para 2017 salientadas


5. Outros sectores
pelo governo no que diz respeito a
este sector são o apoio à produção
nos Perímetros Irrigados, o suporte No que diz respeito ao sector da
às cooperativas de camponeses, o construção, o PND previa uma taxa de
melhoramento dos solos, a crescimento de 9,2%. Já a proposta
distribuição de fertilizantes e calcário orçamental para 2017 estima um
e os apoios à importação de meios de crescimento bastante inferior de
produção. Será preciso saber como é 2,3%. Tal dado permite questionar a
que os escassos recursos viabilidade das opções que assentam
disponibilizados poderão fazer face a na questão do investimento em infra-
estas medidas. O OPSA e a ADRA têm estruturas.
vindo a propor que sejam tomadas

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POSIÇÃO DA ADRA E DO OPSA SOBRE A PROPOSTA DO ORÇAMENTO GERAL DO ESTADO PARA 2017

Dinâmica contrária deverá apresentar execução. Destes merecem destaque


o sector de energia. Enquanto o PND aqueles que mais directamente
previa um crescimento de 27,9%, a afectam as famílias mais vulneráveis
proposta de OGE para 2017 estima no contexto da crise económica. São
um crescimento de 40,2%, ancorado eles: Programas de Rendimento
na entrada em funcionamento de Mínimo e outras formas de Protecção
várias unidades de produção. De Social; Apoio à Criação de Emprego
2015 para 2016, segundo o executivo, Produtivo; Inserção dos Jovens na
o sector terá crescido 19,9%. Vida Activa e Melhoria da Qualidade
de Vida da Juventude; Programa
O sector dos serviços mercantis e o
Angola Jovem; Programa de Prestação
sector público administrativo
de Cuidados Primários e Assistência
deverão conhecer uma estagnação,
Hospitalar; Programa de Gestão e
contrariando as expectativas do PND
Ampliação da Rede Hospitalar;
que definia uma taxa de crescimento
Programa de Expansão do Ensino
de 9,2% e 5,1% respectivamente.
Pré-Escolar; Programa de
Globalmente, apesar de algumas Desenvolvimento do Ensino Primário
modificações em termos de alocação e Secundário e o Programa de
de recursos, favorecendo a Melhoria do Sistema de Formação
agricultura e a indústria Técnico-Profissional.
transformadora, o OGE para 2017
A decomposição da despesa com o
continua a não traduzir uma aposta
sector social permite notar seguinte:
vincada e sistemática na
26,1% correspondem às despesas
diversificação da economia.
com Educação; 16,2% às despesas
Sector social com Saúde; 37,9% às despesas com
Protecção Social; 17,7% às despesas
É sabido que as políticas públicas com Habitação e Serviços
devem orientar-se pelo cumprimento Comunitários; 1,5% às despesas com
de direitos e deveres fundamentais Recreação, Cultura e Religião; e 0,7%
previstos na Constituição, a qual às despesas com a Protecção
expressa o compromisso em que Ambiental.
assenta a relação entre cidadãos e
titulares dos poderes legislativo, Pese embora o aumento geral da
executivo e judicial. despesa pública, a alocação de
recursos na área social não aumentou
Na proposta de OGE, o sector social na proposta orçamental para 2017, o
continua a merecer um vasto que significa que, na realidade, o peso
conjunto de programas, cuja definição do sector diminuiu. A verdade é que
está relacionada com os objectivos do já na proposta orçamental para 2016,
PND. Assim, por exemplo, pretende- o sector tinha sofrido um corte de
se dar continuidade, embora dentro 32,9% para 30,9%. Há que considerar
dos limites das restrições também o exemplo de um dos
económicas, a programas já em programas transversais mais

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POSIÇÃO DA ADRA E DO OPSA SOBRE A PROPOSTA DO ORÇAMENTO GERAL DO ESTADO PARA 2017

importantes: o Programa Integrado preocupações se tivermos em mente


de Desenvolvimento Rural e Combate que, segundo o Censo de 2014, mais
à Pobreza, o qual sofreu um corte de de 50% da população angolana tem
9,4% em 2016. Para 2017, o menos de 17 anos, sendo que muitos
montante para este programa deles estão nos níveis de ensino
ascenderá apenas a 60.183 873. 366 primário e secundário.
AKZ.
Educação O Programa de Melhoria do Sistema
de Formação Técnica e Profissional
O investimento na educação
viu a sua dotação reduzir 50% de
representa um investimento directo
2016 para 2017. É, no entanto,
em termos de redução de pobreza e
positivo o aumento da dotação de
crescimento sustentável. Angola tem
alguns (embora escassos) programas.
investido no sector da educação, em
O Programa de Alfabetização cresce
média, pouco mais de um terço do
6% e a Merenda Escolar vê a sua
previsto nos compromissos
dotação subir de 7 581 786 539,00
internacionais, os quais estabelecem
AKZ no OGE Revisto de 2016 para
que cada país deve dedicar 20% do
7 793. 012 184,00 AKZ para 2017.
seu OGE ao sector.

Comparando com 2016, o sector da Saúde


Educação vê o seu peso diminuir de
No que concerne à saúde, o peso do
7,7% para 6,9%. Esta diminuição
sector na proposta orçamental para
torna-se mais gravosa se, para além
2017 cresceu 2,6%, passando a ter
dos cortes nominais, considerarmos
uma dotação orçamental de 310,76
os cortes reais com base na taxa de
mil milhões de AKZ, o que
inflação. Um dos exemplos mais
corresponde a 6,15% do montante
eloquentes desta diminuição é a
atribuído ao sector social. Contudo, a
redução em 67% da alocação de
saúde continua a ser objecto de uma
recursos para o ensino pré-escolar, o
das menores dotações orçamentais
qual já se encontrava num nível muito
do Continente. A nível internacional, e
baixo. Esta diminuição contraria as
segundo o Compromisso de Abuja,
prioridades estabelecidas pelo PND
Angola deveria triplicar o seu
para o sector.
orçamento para a saúde.

De modo similar, o ensino primário Vários exemplos que podem ilustrar


sofreu uma retracção, dado o este corte podem ser mencionados.
crescimento em 16% do ensino Entre o OGE Revisto 2016 e o OGE
secundário e em 22% do ensino para 2017, os Serviços Ambulatórios
superior. Esta retracção vem já desde perdem 92,79%; o Programa para
2016, altura em que este subsistema Aquisição de Produtos, Aparelhos e
de ensino sofreu um corte de 8,5%. Equipamentos Médicos desce
Este cenário suscita algumas 22,98%; a dotação orçamental total

12
POSIÇÃO DA ADRA E DO OPSA SOBRE A PROPOSTA DO ORÇAMENTO GERAL DO ESTADO PARA 2017

dos serviços hospitalares diminui Protecção Social


9,77%; o Programa de Melhoria da
Ao nível da protecção social, e apesar
Qualidade dos Serviços de Saúde
de ser o sector que concentra mais
sofre um corte de 20,64%; e o
recursos, é de salientar que a
Programa de Cuidados Primários e
alocação global diminuiu 4%. Esta
Assistência Hospitalar tem uma
redução contraria claramente um
redução de 30,91%. Mais uma vez,
princípio basilar: em períodos de
deve-se ter em atenção, que,
crise, o Estado deve reforçar a
considerando a taxa de inflação, os
assistência social para mitigar os
cortes reais destes programas são
efeitos da crise nos grupos sociais
muito superiores aos indicados por
mais vulneráveis.
valores nominais. Tendo em conta
que, em 2016, Angola assistiu a vários A diminuição deve-se ao corte de
surtos epidémicos, estes cortes não 20% da antiga rubrica de protecção
deixam de ser fonte de preocupação, social não especificada e que agora se
pois, certamente, terão um impacto denomina de ‘outros serviços de
negativo na capacidade de reposta de protecção social’. O corte incidiu
vários serviços. sobre os subsídios ao combustível,
mas outros subsídios energéticos
Em contrapartida, registou-se um permanecem, o que exerce uma
aumento da despesa em serviços influência regressiva sobre os apoios
hospitalares especializados e de efectivamente sociais.
saúde pública, bem como em centros
médicos e maternidades (5%). É de Na verdade, este tipo de subsídios
destacar também um significativo favorece de modo desproporcionado
aumento de 61% no Programa de as camadas mais ricas da população.
Melhoria da Saúde Materno-Infantil. Por exemplo, o apoio no desemprego
De modo similar, o Programa de vê a sua dotação diminuir 40% do
Prestação de Cuidados de Saúde vê a OGE 2016 Revisto para o OGE 2017.
sua dotação crescer 1037,34%, o que Em contexto de crise económica e
se afigura extremamente positivo. social, não é recomendável diminuir o
apoio em situações de
A análise dos programas revela que vulnerabilidade, tal como o
continua a ser dada prioridade aos desemprego. A taxa de desemprego a
serviços de saúde terciários e nível nacional era de 24%, segundo os
secundários em detrimento dos dados definitivos do Censo de 2014,
serviços de saúde primários. Um mas é razoável esperar que a esta
maior investimento nesta rubrica tenha subido nos últimos dois anos
poderia ser crucial para diminuir a dados os efeitos da crise. Esta questão
incidência de certas patologias bem permite lembrar que Angola faz parte
como as taxas de mortalidade – dos países que não investe
especialmente a infantil. significativamente em programas de
transferência de renda.

13
POSIÇÃO DA ADRA E DO OPSA SOBRE A PROPOSTA DO ORÇAMENTO GERAL DO ESTADO PARA 2017

que o Ministério sofreu em 2014.


Globalmente, a componente da Assim, são vários os programas que
protecção social contributiva conheceram um corte drástico entre
permanece muito elevada quando 2014 e 2017. Os serviços de
comparada com a Assistência Social protecção não especificados do
aos Mais Vulneráveis. No OGE 2016 MINARS descem 64,39%, o apoio à
Revisto, as rubricas de protecção velhice diminui 26,77%, o apoio ao
social contributiva e despesas não desemprego reduz 90,27%, o
especificadas ascendiam a 40,93%. Programa de Apoio às Instituições de
Para 2017, prevê-se uma subida para Acolhimento de Crianças e Pessoas
48,61%. Já a Assistência aos Mais Idosas sofre uma diminuição de 64%,
Vulneráveis terá, em 2017, um peso o Programa de Apoio Social – um dos
de 4,98%, tendo sido o mesmo de únicos programas de transferência de
4,59% no OGE 2016 Revisto. Refira-se bens – é reduzido em 78%. Os
que, no OGE 2015 Revisto, esta montantes adscritos ao Programa
rubrica tinha 5,83%. Uma vez que o Cartão Kikuia, o segundo programa
Relatório de Fundamentação do OGE de transferência de bens existente,
para 2017 menciona a existência de para 2017 são os mesmos de 2016.
programas de rendimento mínimo, Outras áreas de intervenção do
seria importante conhecer quais são MINARS vêem os seus orçamentos
os programas e qual o seu público- diminuídos: a área de protecção à
alvo. pessoa com deficiência diminui 26%,
a área de desminagem tem menos
Parte significativa do orçamento para 30% e o apoio aos ex-militares
a protecção social encontra-se na decresce 46%.
rubrica ‘Protecção Social não
explicada’, a qual, em 2017, terá um Contudo, ainda que escassos, alguns
peso de 46,44% - o que representa programas vêem a sua dotação
uma diminuição relativamente aos reforçada. É o caso do Projecto de
54,49% do OGE 2016 Revisto. Apoio Leite e Papas que de
Embora seja visível uma evolução 68 100 960 AKZ, em 2016, passa para
positiva, gostaríamos de realçar a 190 310 400 AKZ em 2017, e do
necessidade de aprofundar esta Programa Geração de Trabalho e
tendência de diminuição visto que o Rendimento que aumenta de
valor é ainda elevado. 67 171 310 AKZ, em 2016, para
405 183 616 AKZ em 2017, o que é
Importa também focar a dotação muito positivo.
orçamental do MINARS – um dos
actores institucionais mais relevantes Embora permaneça muito baixa, a
nesta matéria. De 2016 para 2017, a rubrica orçamental dedicada à família
dotação orçamental do MINARS e infância cresceu globalmente 222%,
deverá crescer 34%. Contudo, tal o que é de saudar. A dotação que cabe
reforço não compensa o corte de 53% ao MINARS cresceu 10,15%. Todavia,

14
POSIÇÃO DA ADRA E DO OPSA SOBRE A PROPOSTA DO ORÇAMENTO GERAL DO ESTADO PARA 2017

este aumento não é ainda suficiente Defesa, segurança e ordem pública


para reforçar a protecção social não
A política de defesa e segurança
contributiva.
nacional ganha destaque no Relatório
de Fundamentação da proposta
Justiça
orçamental para 2017.Em 2016, as
No que diz respeito ao sector da verbas para o sector aumentaram de
justiça, será atribuído um maior peso 850,2 mil milhões AKZ para 925,9
a vários programas. Assim, entre o AKZ, o que representou uma subida
OGE 2016 Revisto e a proposta para de 8,9%. Nesse ano, os ministérios da
2017, o Programa de Acesso ao Defesa Nacional e do Interior foram
Direito e à Justiça cresce 209%, o responsáveis pela gestão de 41,4% do
Programa de Protecção e Promoção total das verbas atribuídas aos
dos Direitos da Criança aumenta ministérios. Como mencionado, para
751% e o Programa de Apoio às 2017, o montante total do sector
Vítimas de Violência sobe 174%. O ascenderá a 1012,59 mil milhões de
Programa de Massificação do Registo AKZ.
vê o seu peso aumentar em 53%.
Contudo, o Programa para a
Universalização do Registo Civil de 6. Assimetrias
Nascimento sofreu uma redução de territoriais
meio bilhão de AKZ, encontrando-se
sem fundos. A coesão territorial constitui também
uma preocupação crucial. É de
Em 2016, o OPSA e a ADRA já tinham destacar que a política de
realçado a necessidade de se desenvolvimento equilibrado do
repensar os cortes no sector da território assentará na construção de
justiça, especialmente no que diz uma Rede Integrada de Transportes e
respeito aos tribunais, cuja dotação Comunicações, indispensável para
sofreu uma redução de 15,3%. Em favorecer a mobilidade de pessoas e
2016, já se tinha chamado a atenção mercadorias, para além da
para o facto, segundo o qual as verbas modernização das capitais
destinadas ao poder judicial nos provinciais. Em termos de política
próximos anos serem cerca de sete económica, a medida de Optimização
vezes inferiores ao montante da localização geográfica, e das
atribuído ao sistema de segurança dimensões dos Centros de Logística e
nacional. O OGE para 2017 apresenta Distribuição (Clods) e a medida de
a seguinte distribuição de recursos Estruturação da cadeia logística e de
por ramo do poder: 98,9% é atribuído distribuição ligada às principais
ao poder executivo, 0,4% ao poder regiões agrícolas e às principais
legislativo e 0,4% ao poder judicial. indústrias, afiguram-se também
importantes para rentabilizar
investimentos e contribuir para a
coesão territorial.

15
POSIÇÃO DA ADRA E DO OPSA SOBRE A PROPOSTA DO ORÇAMENTO GERAL DO ESTADO PARA 2017

Contudo, persistem sérias 34%, atingindo o valor de 60% nas


assimetrias. Refira-se, a este título, zonas rurais.
que a distribuição territorial da
despesa pública revela que a maior Em termos da distribuição provincial
parte dos recursos mantém-se dos gastos com a saúde, verifica-se
concentrada nas províncias de uma diminuição. Em 2016, a despesa
Luanda e Cuanza Norte, Cabinda, era de 6 426 AKZ per capita e em
Benguela, Huambo e Bié. 2017 será de 6 309 AKZ per capita.
Novamente será a província da Huíla
Se considerarmos o desenvolvimento a que menos receberá: 4. 287 AKZ per
das diferentes áreas do sector social, capita em 2017. Globalmente, e ao
verifica-se que não há diferença longo dos últimos anos, a atribuição
significativa nas alocações provinciais média por pessoa continua a
per capita de saúde e educação, apresentar grandes variações de uma
sugerindo que os desafios província para outra. Para além disso,
identificados em anos anteriores em não tem sido claros os critérios que
termos de equidade geográfica da determinam a alocação provincial.
alocação permanecem. Estes desafios
poderiam ser mais facilmente Por outro lado, a protecção social de
superados se as decisões sobre a base ou não contributiva continua
alocação de recursos tiverem como muito dependente do nível central,
base os dados do Censo de 2014. prejudicando a autonomia e a
flexibilidade necessárias para se
A média dos gastos gerais em adaptar prontamente as intervenções
educação por província é de apenas às necessidades locais. Relembre-se
13 099 AKZ per capita. Na nova também que, em 2016, apenas 23,1%
proposta orçamental, a província da dos investimentos públicos eram
Huíla é a que menos receberá: 9.187 geridos pelas províncias. E, de facto, a
AKZ per capita. Em 2016, do valor gestão do OGE continua muito
total atribuído ao ensino pré-escolar centralizada no poder executivo. Em
99% foi concentrado nas províncias 2015, o nível central era responsável
de Luanda, Bengo e Cuando Cubango. pela gestão de 83,6% e, em 2016, de
Nesse mesmo ano, os recursos 86,5%. Em 2017, 89% será gerido
alocados aos centros infantis nas pelo executivo e apenas 11% pelas
províncias representaram apenas províncias. Em 2016, a ADRA e a
20% do montante atribuído em 2014. UNICEF calcularam que, a nível
A distribuição territorial dos recursos provincial, a atribuição média por
dedicados à educação deverá ainda pessoa pobre foi de 2.754 AKZ por
ter em conta que, em 2016, 22% das ano, considerando todos os
crianças estavam fora do sistema programas existentes.
escolar e que, segundo o Censo de
2014, a taxa de analfabetismo é de Outro modo de problematizar a
questão da coesão territorial e do

16
POSIÇÃO DA ADRA E DO OPSA SOBRE A PROPOSTA DO ORÇAMENTO GERAL DO ESTADO PARA 2017

desenvolvimento equilibrado assenta significativa: de 38% de cobertura em


na análise do sector de água e 2006 passou-se para 22% em 2014.
saneamento. Em 2016, o peso do Nos últimos quatro anos, devido ao
sector era de 2,1% - abaixo da meta fenómeno das alterações climáticas,
de 3,5% estabelecida algumas províncias do sul de Angola
internacionalmente para que os foram profundamente afectadas pela
países da África subsaariana possam seca e estiagem. Seria importante, por
alcançar os Objectivos do isso, repensar o investimento neste
Desenvolvimento Sustentável. E, de sector para que as comunidades se
facto, os resultados do Censo 2014 tornem mais resilientes a este nível.
indicam que Angola é o país com a
De modo similar, o PND estabelecia
segunda taxa mais baixa do mundo
uma meta de 70% de cobertura em
em termos de acesso a água potável
termos de saneamento básico. Os
(44%). Em 2016, 87% das verbas
resultados do Censo de 2014 situam a
destinadas ao abastecimento de água
taxa de cobertura em 26%.
foram alocadas ao nível central e
Globalmente, entre 2014 e 2016,
apenas 13% foram atribuídas a nível
observou-se que o sector de
provincial e municipal. Por outro
abastecimento de água e saneamento
lado, a maior parte dos investimentos
básico tem sofrido cortes nominais de
situaram-se nas áreas urbanas: em
23%, tendo sido a diminuição real
2016, calculou-se que as verbas
muito mais elevada se considerarmos
disponibilizadas para as áreas
a taxa de inflação.
urbanas eram 9 vezes superiores às
destinadas às áreas rurais. Para 2017,
um dos programas com maior 7. Pressupostos e riscos
dotação refere-se ao Programa de
Reabilitação e Expansão dos Sistemas
O OGE para 2017 sistematiza
Urbanos de Água e Saneamento,
possíveis riscos para a execução da
dotado com 92.098.415.298,00, o que
despesa pública em 2017, o que
corresponde a 1,25 % do total dos
revela o grau de susceptibilidade e
programas. Já a dotação do Programa
incerteza que rodeia a proposta
Água Para Todos sofreu uma
orçamental. Estes riscos são vários
diminuição de 70% durante o mesmo
incluem, entre outros, a redução da
período. Em 2017, este programa terá
produção petrolífera e o aumento das
um montante de 8.091.568.058,00
taxas de juros oferecidas pelas
AKZ, o que representa 0,011% do
economias mais desenvolvidas. Para
total dos programas. Relembre-se que
este cenário macroeconómico,
o Executivo tinha uma meta de 80%
contribuem a desaceleração da
de cobertura de acesso à água potável
economia mundial, a queda de
nos meios rurais até 2017.
crescimento das economias
Comparando a evolução do acesso à
emergentes e de rendimento baixo e
água potável entre 2006 e 2014,
o processo de transição económica da
verifica-se que houve uma diminuição

17
POSIÇÃO DA ADRA E DO OPSA SOBRE A PROPOSTA DO ORÇAMENTO GERAL DO ESTADO PARA 2017

China para uma economia baseada O OPSA e a ADRA apresentaram nos


em investimento público, consumo e últimos anos algumas sugestões que
serviços. podem ser consideradas de dois
tipos: um que tinha a ver com o OGE
Tal como é explicitado pelo Relatório
propriamente dito, na perspectiva da
de Fundamentação do OGE para
introdução de correcções, antes da
2017,a redução das receitas
sua aprovação na especialidade, e
petrolíferas terá ainda impactos a
outro relativo aos procedimentos
outros níveis, dentre os quais a
relativos à identificação das
redução da capacidade do Estado em
prioridades, elaboração da proposta
cumprir com o serviço da dívida
de orçamento, aprovação, execução,
externa, dificultando o financiamento
monitoria e prestação de contas.
no mercado financeiro internacional,
face ao aumento do nível de risco Reconhecemos que o OGE 2017
soberano do país; a suspensão da acolheu algumas das contribuições
execução de projectos de apresentadas e esperamos que estas
investimento em curso; a redução da opções mantenham de forma
capacidade em financiar a prestação coerente a mesma tendência no OGE
dos serviços de educação, saúde e dos próximos anos. Saúda-se o facto
assistência social, bem como a de o Relatório de Fundamentação
actividade das forças armadas e da indicar o objectivo de melhorar o
polícia nacional, comprometendo impacto da política económica e
consequentemente o funcionamento social do Estado, através da
da administração pública. reestruturação e de uma maior
coordenação da despesa a nível
sectorial, local e macro-fiscal e
8. Recomendações através da revisão de mecanismos e
procedimentos de monitoramento da
O OPSA e a ADRA registam com implementação dos Programas,
agrado o facto de a 5ª Comissão da evitando-se desperdício de recursos.
Assembleia Nacional convidar Sugere-se, todavia, que as medidas
organizações da sociedade civil para concretas a tomar neste âmbito sejam
apresentarem as suas opiniões sobre explicitadas.
o OGE. Mas lamenta-se que, para
O OPSA e a ADRA saúdam o Executivo
2017, o convite tenha chegado muito
pela adopção de medidas que revelam
tarde, não permitindo a participação
e reforçam o necessário esforço de
do OPSA e de outras organizações
diversificar a economia,
interessadas nas consultas prévias.
nomeadamente o relativo aumento de
Para além desta questão, sugere-se
verbas para a agricultura e da receita
que as futuras consultas sejam
não petrolífera.
registadas em actas para facilitar o
acompanhamento das Assim sendo, apresentam-se as
recomendações aceites. seguintes recomendações:

18
POSIÇÃO DA ADRA E DO OPSA SOBRE A PROPOSTA DO ORÇAMENTO GERAL DO ESTADO PARA 2017

De carácter geral: orçamental inicial venha a


incorporar, reflectindo a
 O OGE deve ser disponibilizado na
contribuição dos cidadãos em
internet para permitir o seu
geral.
conhecimento e consulta pelos
cidadãos e para permitir e  A Assembleia Nacional, através da
alimentar o anunciado diálogo 5ª Comissão, deverá assumir um
entre o Estado e a sociedade. papel mais activo na preparação
Congratulamos o Executivo pelo do OGE de cada ano, iniciando um
facto de a proposta do OGE para processo de discussão das
2017 ter sido publicada no site do grandes suas linhas orientadoras,
Ministério das Finanças assim o com a participação da sociedade
mesmo foi remetido à Assembleia civil a todos os níveis do
Nacional. Tal permitiu que os território, em tempo que
diferentes interessados a possam permitisse uma “orientação” ao
consultar, discutir e propor Executivo antes de este iniciar a
contribuições junto dos diferentes elaboração das suas propostas
grupos parlamentares. Para esse para aprovação do seu Titular.
efeito e para facilitar a análise do Deste modo, o OGE poderia, de
documento, recomenda-se a sua forma gradual, vir a ser um
disponibilização em formato documento mais consensual que
Excel. reflectisse as preocupações do
conjunto da sociedade.
 Dado que a proposta orçamental é
apenas um dos documentos do  Deve ser dada continuidade à
ciclo orçamental, recomenda-se descida gradual dos subsídios aos
que o Executivo disponibilize em combustíveis, canalizando os
tempo oportuno outros valores “libertados” para outras
documentos, tais como o rubricas do sector social.
Orçamento Cidadão, Orçamento  Retomar o reforço das dotações
Aprovado, Relatórios de Balanço, com educação e saúde, em
Relatórios de Revisão, Relatórios detrimento das despesas com
das Auditorias realizadas pelo defesa, segurança e ordem
Tribunal de Contas, bem como pública. Ainda que se esteja ciente
todos os que forem necessários que não pode haver uma alteração
para uma melhor compreensão e brusca de direcção, torna-se
acompanhamento por parte dos necessário mostrar uma tendência
cidadãos. De forma a reforçar o nesse sentido.
engajamento dos cidadãos com os
seus representantes, seria  Retomar o nível de investimento
interessante que a 5ª Comissão público de forma a impulsionar a
pudesse disponibilizar um diversificação da economia,
documento que espelhe as sustentando e sistematizando
alterações que a proposta investimentos nos sectores

19
POSIÇÃO DA ADRA E DO OPSA SOBRE A PROPOSTA DO ORÇAMENTO GERAL DO ESTADO PARA 2017

produtivos, muito especialmente a poder avaliar a sua eficácia e a sua


agricultura e a indústria eficiência.
transformadora.
 Criar uma unidade técnica com
 Aumentar as verbas atribuídas à capacidade para apoiar os
educação pré-escolar e à infância deputados na análise e tratamento
em geral, bem como ao ensino do orçamento.
primário e secundário,
De carácter específico:
melhorando, ao mesmo tempo, o
desequilíbrio entre a educação Às organizações da sociedade
superior e a secundária. Só desse civil:
modo se poderá melhorar a  Os parceiros sociais convidados a
qualidade do ensino e preparar os emitirem as suas opiniões junto
quadros do futuro, incluindo os de das Comissões Parlamentares
nível universitário. devem fazer um esforço para se
 Aumentar as dotações do sector prepararem tecnicamente de
da saúde, aproximando o país das modo a poderem debater com
metas internacionais. argumentos as suas propostas.

 Cuidar que as verbas atribuídas  Os grupos e organizações da


aos programas de apoio às micro, sociedade civil focalizados em
pequenas e médias empresas diferentes temas (como educação,
tenham em conta a importância saúde, agricultura, género)
da Agricultura em termos de poderão aumentar a sua eficácia
emprego ou ocupação de mão-de- no estudo, análise, divulgação e
obra e na segurança alimentar, debate da informação que é
bem como acesso a crédito. publicada no portal do Ministério
das Finanças. A divulgação junto
 Aumentar as verbas destinadas à
dos cidadãos de todo o país
assistência técnica aos
contribuirá para o
agricultores e criadores de gado e
desenvolvimento do “sentido de
à investigação agrária, de modo a
propriedade” em relação aos
permitir o aumento progressivo
recursos públicos e, assim, do
da produtividade e da
sentido de exigência em relação à
competitividade. Isto pode exigir
sua gestão.
o recrutamento de mais técnicos
para as instituições vocacionadas  Em particular, o OPSA e a ADRA,
para a assistência técnica. associados a outras organizações
com créditos firmados em
 Perante as informações de que se
diferentes domínios, devem
vai dispondo, justificar-se-ia um
promover debates sobre o OGE
estudo independente que
2017 com base neste documento.
permitisse a avaliação dos
Esses debates deveriam ser
investimentos públicos até agora
calendarizados para realização no
feitos no sector agrário para se

20
POSIÇÃO DA ADRA E DO OPSA SOBRE A PROPOSTA DO ORÇAMENTO GERAL DO ESTADO PARA 2017

1º semestre de 2017 para o caso  É desejável que os partidos


de deles resultarem propostas de políticos tomem posição pública
acções que possam ser realizadas sobre o OGE clarificando a sua
no 2º semestre e que, posição política face às opções
eventualmente, venham a contidas no orçamento. O hábito
contribuir para o OGE 2018. de desenvolver este tipo de
posicionamento, desde que
 Reconhecendo o papel pioneiro da
assente na análise do orçamento,
monitoria social do OGE
contribuirá para melhorar o nível
desenvolvida pelo CICA –
do debate político no país.
Conselho das Igrejas Cristãs de
Recomenda-se que durante o
Angola e a Comissão Justiça e Paz
processo de preparação do
da Arquidiocese do Lubango,
orçamento se proceda a uma
recomenda-se que outras
consulta alargada com os
organizações da sociedade civil
parceiros sociais, sindicatos,
contribuam para a monitoria da
associações patronais, igrejas e
implementação do OGE a nível
outras organizações de cidadãos.
local.
Ao Executivo:
 As organizações da sociedade civil
podem zelar para que as  Dado o crescimento da dívida
prioridades locais sejam pública, bem como o aumento de
consideradas na elaboração das juros que a mesma tem vindo a
propostas de orçamento; sofrer, num contexto de recuo
contribuir para o funcionamento económico, recomenda-se uma
dos fóruns de cidadãos, e outros análise criteriosa sobre a política
espaços de interacção com de endividamento do país.
instituições locais, alimentando
 Recomenda-se uma profunda
estes com informação actualizada
reflexão no sentido de reorientar
e rigorosa, o que poderá
os futuros OGE, priorizando na
contribuir para um processo de
agenda o bem-estar das
orçamentação mais enraizado nas
populações, o combate contra as
necessidades dos cidadãos e
assimetrias regionais e a pobreza
desenvolverá a capacidade para se
extrema. Recomenda-se ainda o
monitorar a utilização dos
incremento das despesas em
recursos alocados a cada
educação, saúde, justiça,
município ou sector.
agricultura e combate à pobreza a
Aos partidos políticos: par de medidas para aumentar a
capacidade destes sectores para
 A última recomendação feita à
executarem os recursos à sua
sociedade civil também se revela
disposição, como meio de
pertinente para os diferentes
inversão das assimetrias. Isto é
partidos políticos.
possível à custa de uma redução
das despesas militares e com
21
POSIÇÃO DA ADRA E DO OPSA SOBRE A PROPOSTA DO ORÇAMENTO GERAL DO ESTADO PARA 2017

segurança, pois, ao contrário do  Recomenda-se, igualmente,


que tem acontecido com outras profunda reflexão sobre a questão
propostas, não se pode pensar na do endividamento público,
ampliação de umas rubricas se embora haja quem considere que
não houver redução de outras. a dívida pública permanece
sustentável.
 Conjugado com o ponto anterior,
recomenda-se o estudo do  Associado ao ponto anterior,
estabelecimento de um sistema de recomenda-se a tomada de
transferências monetárias para as consideração dos riscos
pessoas sem possibilidade de enfrentados pelos sectores
trabalhar e ter rendimentos, a produtivos não petrolíferos, bem
exemplo de outros países, dando como um investimento maior e
assim forma a uma estratégia mais coordenado no domínio
nacional para o sector de ambiental, dada a necessidade de
protecção social não contributiva reconfigurar a matriz económica
do País à semelhança da tendência
 Recomenda-se investir na
internacional.
coordenação das intervenções e
políticas em matéria de protecção  Recomenda-se uma melhor
social e aprovar a Política fundamentação das opções feitas
Nacional de Assistência Social e das dotações atribuídas a cada
pelo Conselho de Ministros. Ainda rubrica na proposta de OGE,
neste âmbito, seria útil que os reduzindo os valores destinados a
futuros OGEs explicitassem os “despesas ou serviços não
montantes globais a investir em especificados”. É compreensível
grupos vulneráveis específicos, que cada sector tenha uma
tais como crianças e mulheres, percentagem para acomodar
entre outros. “imprevistos”, mas essa
percentagem não deveria
 Recomenda-se a adopção de
ultrapassar os 5% do orçamento
estratégias sustentadas para
do sector. Em particular, a
assegurar a coesão territorial,
informação sobre a aquisição de
nomeadamente através da
bens e serviços continua a carecer
clarificação de critérios de
de maior transparência.
alocação territorial de recursos.
 Para sustentar a coerência das
 Dada a diminuição do sector de
opções tomadas, recomenda-se a
abastecimento de água e
análise da evolução das dotações
saneamento básico, recomenda-se
para cada sector a valores
a melhoria da eficiência dos
constantes, para que não se dê a
investimentos através da alocação
ideia de que as dotações
de recursos para a operação e
aumentam (em valores nominais)
manutenção das infra-estruturas,
quando na realidade diminuem
sobretudo nas áreas rurais.
(em valores constantes).
22
POSIÇÃO DA ADRA E DO OPSA SOBRE A PROPOSTA DO ORÇAMENTO GERAL DO ESTADO PARA 2017

 Recomenda-se, igualmente, maior  Recomenda-se também a


coerência em ter o OGE como uma apresentação regular e atempada
peça de concretização do da Conta Geral do Estado para
programa político que o sustenta. aprovação da Assembleia
Neste sentido, e considerando que Nacional e para que o Tribunal de
nos aproximamos do fim de uma Contas cumpra o seu papel de
legislatura, seria conveniente auditoria às contas.
reflectir sobre o alcance efectivo
 Recomenda-se a integração de
das metas previstas pelo PND.
muitos Programas existentes,
 Recomenda-se também a nomeadamente ao nível da
continuação dos programas de diversificação da economia e ao
fortalecimento da capacidade nível do sector social, reduzindo o
institucional das instituições do seu número de forma a garantir
Estado para usarem os recursos maior articulação e a redução dos
que lhes são alocados. De outra custos de administração na
forma, os esforços de execução.
investimento podem aumentar o
 Recomenda-se que entre as
desperdício e alimentar a
grandes prioridades na execução
corrupção.
figure o investimento na
 Recomenda-se a introdução agricultura e na assistência
progressiva da prática de técnica ao sector, bem como a
planeamento de “baixo para reabilitação de estradas
cima”, de modo a que o resultado secundárias e terciárias, sem as
final corresponda com as quais a produção agrícola e o
necessidades, prioridades e comércio não poderão ter
propostas das populações e das desempenho aceitável e as
instituições locais. populações ficarão ainda mais
vulneráveis.
 Recomenda-se a elaboração e
divulgação pública de relatórios  Recomenda-se clarificar critérios
regulares, mantendo actualizada a que justificam o corte financeiro
publicação de documentos de em alguns programas e o aumento
destaque no site do Ministério das de outros, procurando priorizar
Finanças. Relembre-se que o cortes que não afectem ainda mais
Relatório de Fundamentação do os mais pobres.
OGE 2015 tinha já feito a
 Recomenda-se um maior
recomendação de condicionar a
investimento para o sector da
execução dos projectos de
justiça, o qual é central para
investimento público à
superar as lacunas do sector e
apresentação dos
cumprir o desígnio de diversificar
correspondentes cronogramas de
a economia, através de menos
execução, sujeitos a revisões
burocracia, maior garantia de
trimestrais.
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POSIÇÃO DA ADRA E DO OPSA SOBRE A PROPOSTA DO ORÇAMENTO GERAL DO ESTADO PARA 2017

legalidade e maior celeridade na


criação de empresas e resolução
de litígios.
 Recomenda-se não só que as
despesas com o pessoal sejam
bem monitorizadas, pois esta
rubrica introduz rigidez ao
orçamento, como também se
conheça o número de funcionários
na Administração Pública,
escalpelizando áreas, e se
prevejam medidas de protecção
social.

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