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Ciência antiga e

medieval
Podemos dizer, assim como o
poeta Horácio, que a Grécia
conquistada conquistou o feroz
conquistador. No inicio da Idade
Média, o erudito Boécio,
conhecedor de grego e latim, era
leitor dos clássicos gregos,
principalmente da filosofia.
Divulgou a obra de Platão e
traduziu textos de lógica de
Aristóteles. Como senador
romano, foi preso e condenado à
morte sob a acusação de traição.
Enquanto estava na prisão
escreveu A consolação da
filosofia.
Filosofia e
ciência
● A filosofia surgiu na Grécia por volta dos séculos VII e
VI a.C., mais propriamente nas colônias gregas da
Jônia e da Magna Grécia. Essa filosofia, conhecida
como pré-socrática, representou um esforço de
racionalização para desvincular-se do pensamento
mítico. Caracteriza-se ainda pelas questões
cosmológicas, por especular a respeito da origem e
da natureza do mundo físico, procurando o princípio
de todas as coisas (a arché).

Naquele período filosofia e ciência ainda estavam
vinculadas: era o "filósofo natural" que se debruçava
sobre questões científicas porque faltava à ciência
grega um método próprio que a distinguisse da
filosofia.
Geometria e medicina
● No Egito, os funcionários do faraó sabiam
redividir as terras apos o refluxo das cheias do
Nilo, o que supõe conhecimento de geometria.
Além dos agrimensores egípcios, também hindus
e chineses de épocas mais recuadas já
distinguiam diversas propriedades geométricas,
mas sempre visando à aplicação prática.
● Foram os gregos pré-socráticos que
transformaram o conhecimento empírico por meio
de demonstrações racionais, desenvolvendo
assim a geometria de forma abstrata.
● Tales de Mileto (sécs. VII e VI a.C.), matemático e
astrônomo, é considerado o mais antigo filósofo.
No entanto, como não deixou nada escrito, o que
conhecemos dele são relatos de outros autores,
havendo muita discrepância e lendas em torno de
suas teorias e atuação.
● Atribui-se a Tales a
demonstração dos
triângulos semelhantes:
dois triângulos são
congruentes quando as
medidas de dois ângulos
são exatamente as
mesmas.
● Dizem que mediu o
tamanho de uma
piramide usando esse
método
● Como astrônomo Tales
teria previsto um eclipse
solar
Outro filósofo pioneiro da geometria
foi Pitágoras de Samos (séc. VI a.C.),
para quem o número é a arché de
todas as coisas, o princípio de onde
deriva a harmonia da natureza.
Demonstrou vários teoremas e
estudou as relações proporcionais
entre os diferentes comprimentos de
uma corda, bem como as alterações
de tensão ou espessura que mudam
os sons emitidos pela lira.
Com a medicina ocorreu Com seus colegas e
semelhante processo de discípulos, elaborou a
racionalização da prática, Coleção Hipocrática, obra
ao desvincular-se tanto com registros detalhados de
quanto possível das casos e a identificação de
superstições e da magia, a várias doenças e formas de
partir da atuação de tratamento, além de uma
orientação para uma vida
Hipócrates de Cós (séc. V
saudável.
a.C.), conhecido como o
"pai da medicina. Hipócrates observou os
efeitos do clima e do meio
ambiente na saúde e
desenvolveu a doutrina dos
líquidos corporais, que foi
aceita até o século XVII. Ainda
hoje ele é lembrado no
tradicional "juramento
hipocrático", o
comprometimento ético dos
profissionais da saúde no
exercício de sua atividade.
Platão
A concepção científica de Platão Para que esse processo do
(427-347 a.C.) baseia-se na sua conhecimento seja possível, é
teoria das ideias, que necessário o estudo da
fundamenta a hierarquia entre matemática. Aliás, no pórtico da
razão e sentidos: a razão tem Academia de Platão existia um
dificuldade em atingir o dístico com os seguintes
verdadeiro conhecimento por dizeres: "Não entre aqui quem
causa da deformação que os não souber geometria". Isso
sentidos inevitavelmente porque a matemática descreve
provocam. Por isso, cabe à as realidades não sensíveis e é
razão depurar esses enganos, capaz de se dissociar dos
para que o espírito possa atingir sentidos e da prática; e, na
a verdadeira contemplação das geometria, a figura sobre a qual
ideias. Ou seja, elevar o raciocinamos não depende da
conhecimento da simples figura sensível que representa.
opinião (doxa), que é o Por exemplo, uma bola real é
conhecimento do vir-a-ser, até a sempre imperfeita, enquanto a
ciência (episteme), o ideia de esfera é abstrata e
conhecimento do ser perfeita.
verdadeiro.
O Timeu Para os gregos antigos a
matéria é eterna, não criada,
e Platão atribui a um
As teorias cosmológicas, físicas e Demiurgo (artista, artesão),
fisiológicas de Platão encontram- princípio divino que organiza
se sobretudo no diálogo Timeu, a matéria preexistente, a
que provavelmente não se função de pôr ordem no caos
destinava ao público leigo, mas a inicial. Em algumas
iniciados, daí a aridez do livro e as passagens, esse princípio é
inúmeras interpretações a que associado à ideia do bem e,
deu margem no correr do tempo, como tal, é o fim último para
inclusive a elucubrações onde tendem todas as
astrológicas. coisas, na busca da
perfeição. Para transformar o
caos em cosmo, o Demiurgo
contempla os modelos do
mundo das ideias para criar a
Alma do Mundo. Isso
significa que, para Platão, o
mundo sensível é cópia do
mundo inteligível.
Nessa síntese científica levada a
efeito no Timeu, Platão incorpora
observações pessoais a
conhecimentos recolhidos de
seus contemporâneos e também
da tradição pré-socrática,
sobretudo de Empédocles e dos
pitagóricos.
O professor Marco Zingano
realça o fascínio do esforço
intelectual de Platão no período De um lado, a aventura da ciência
em que a reflexão sobre a teve nele um momento
extraordinário, que a marcou,
ciência se iniciava. Mas
aliás, por vários séculos. A razão
completa: tem nele seu primeiro e infatigável
elogio. Por outro lado, Platão foi
Porém, tal fascínio é temperado longe demais, exigindo de si e de
por um igualmente inegável seus discípulos um certo desprezo
distanciamento da experiência e do mundo da experiência que
do senso comum. Seu legado é, terminou por impedir um maior
assim, duplo. desenvolvimento.
Aristóteles
Aristóteles (384-322 a.C.), Para tanto, recorre à
discípulo de Platão, foi observação, habilidade
suficientemente crítico
que desenvolveu nos
para ir além do mestre
voltando-se para a seus estudos de física,
realidade concreta. astronomia e biologia
Tampouco deu e a um instrumento
continuidade à que ele próprio
valorização da aperfeiçoou para
matemática. Para ele, a
garantir o rigor de sua
matemática só nos diz
sobre a quantidade, mas argumentação: a
não explica a natureza lógica.
das coisas.
A física: a teoria do lugar natural
O termo grego physis, que traduzimos Segundo Aristóteles, o
por "física'', significa propriamente movimento é a transição do
"filosofia da natureza'', por isso não corpo que busca o estado de
se confunde com o que hoje repouso, no seu lugar natural.
entendemos por essa ciência, mas Para tanto, utiliza a já conhecida
tudo o que atualmente denominamos teoria dos quatro elementos
para explicar como os corpos
biologia, química, geologia etc. Ou se encontram em constante
seja, a física grega abrange todos os movimento retilíneo em direção
seres da natureza em movimento. ao centro da Terra ou em
sentido contrário a ele. Ou seja:
os corpos pesados (graves),
como a terra e a água, tendem
para baixo, pois esse é o seu
lugar natural;
os corpos leves, como o ar e o
fogo, tendem para cima.
Para os gregos, portanto, não há A ciência grega é,
necessidade de explicar o portanto, qualitativa - não
repouso, pois a própria natureza faz uso da matemática,
do corpo o justifica. O que para como ocorrerá na
eles precisa ser explicado é o modernidade, porque sua
movimento violento (ou forçado), argumentação baseia-se
quando a ordem natural é na análise das
alterada pela aplicação de uma propriedades intrínsecas
força exterior. Enquanto o dos corpos, nas suas
movimento natural é o da pedra essências.
que cai, do fogo que sobe, o
movimento violento é o da pedra
lançada para cima, da flecha
arremessada pelo arco. Esse
movimento necessita, durante
toda sua duração, de um motor
unido ao móvel, já que, suprimido
o motor, o movimento cessará.
Vamos refletir
Diante do fenômeno da
queda dos corpos,
Aristóteles pergunta "porque
um corpo cai?" e não "como
cai?". Se fizesse essa última
pergunta, procederia à
descrição do fenômeno,
processo que só foi iniciado
por Galileu, no século XVII.
No detalhe de A escola de
Explique por que essa Atenas (1510-1511), afresco
diferença é fundamental para pintado pelo renascentista
distinguir a ciência antiga da Rafael Sanzio no Vaticano,
vemos Platão apontando para o
contemporânea. alto- o mundo das ideias- e
Aristóteles indicando a
realidade concreta.
As descrições minuciosas dos
A biologia animais decorreram não só da
observação, mas também de
Embora a ciência de Aristóteles práticas de dissecação para estudar
tenha sido mais valorizada suas estruturas anatômicas. É
pelas suas contribuições no notável o trabalho pelo qual
campo da física e da classificou cerca de 540 espécies de
astronomia, é preciso fazer animais, estabeleceu relações entre
justiça aos seus cuidadosos eles, embora reconhecesse as
estudos de zoologia. Criado em dificuldades representadas por essa
uma família de médicos, herdou tarefa. A partir de dois grandes
o gosto pelo assunto e em suas grupos, dos animais sanguíneos e
viagens observou atentamente não sanguíneos - que correspondem
uma infinidade de animais. ao que chamamos vertebrados e
Aristóteles estava muito invertebrados - Aristóteles
adiantado para a época devido identificou os diversos gêneros e,
ao seu poder de observação, e nestes, as diversas espécies.
recebeu elogios de Charles
Darwin sobre o seu talento.
Devemos a Aristóteles, entre Do mesmo modo que todo
uma infinidade de outros corpo pesado tende para
estudos, a descrição da baixo, que é seu lugar natural,
evolução embrionária do para Aristóteles também os
pinto, os costumes das seres vivos tendem a atingir a
forma que lhes é própria e o
abelhas, o acasalamento
fim a que se destinam. Assim,
dos insetos. Realizou a semente tem em potência a
inúmeras observações árvore que virá a ser, as raízes
sobre a vida marinha e adentram no solo com o fim
descobriu que a baleia é um de nutrir a planta, os patos
mamífero. Se nem sempre têm pés com membranas
foi bem-sucedido nas porque têm como fim nadar.
considerações sobre
fisiologia humana, deve-se
ao fato de que na sua época
não se faziam dissecações
em cadáveres.
Como se vê, para Aristóteles o Teleologia. Do grego telos,
"fim". No contexto, explicação
fim explica o meio: como o fim por fins. Não confundir com
de um corpo é o seu lugar teologia, "estudo de Deus".
natural, ele tende para o alto se
O que vimos até aqui revela o
for um corpo leve; a finalidade interesse todo especial de
de nutrir a planta leva as raízes Aristóteles para identificar o
a entrarem na terra; como o que faz com que a ciência seja
pato tem por finalidade nadar, uma ciência: descobrir a
tem pés com membranas. Essa causa das coisas, por meio do
conhecimento demonstrativo
teoria marca fortemente a e auxiliado pela lógica.
ciência grega como sendo
teleológica, concepção que foi
superada com o advento da
ciência moderna, sobretudo
com Charles Darwin.
A astronomia: o Apesar da ênfase grega na
razão, persistiu ainda certa
cosmo mística nessas
hierarquizado explicações,
cosmologia
porque
grega
a
se
A observação do movimento dos sustenta na concepção
astros é muito antiga. Povos como estática do mundo, que
os babilônios já manifestavam associa a perfeição ao
esse interesse dois ou três mil repouso. Enquanto na
anos antes de Cristo. Com física prevalece a noção de
frequência esses conhecimentos movimento como
eram usados na astrologia para imperfeição, o mesmo não
prever o destino, fundamentados ocorre com os corpos
na relação entre os astros e o celestes, que são perfeitos.
comportamento humano. São os
gregos que, pela primeira vez,
explicam racionalmente o
movimento dos astros e procuram
entender a natureza do cosmo.
Além disso, os gregos
privilegiavam o círculo como
forma perfeita, diferente do
movimento retilíneo dos
corpos terrestres. O
movimento circular não tem Contudo, de onde vem o
início nem fim, porque volta movimento inicial? Só
sobre si mesmo e continua pode ser de Deus, o
Primeiro Motor Imóvel e
sempre, é movimento sem
Ato Puro e que determina
mudança. Acrescente-se a o movimento da última
isso a concepção do esfera, a esfera das
Universo finito, limitado pela estrelas fixas, transmitido
esfera do Céu, fora do qual por atrito às esferas
não há lugar, nem vácuo, contíguas, até a Lua, na
nem tempo. última esfera interna. No
centro acha-se a Terra,
também esférica, mas
imóvel.
O modelo geocêntrico
e a hierarquização do cosmo
Na astronomia da Antiguidade e da Idade Média, prevaleceu o
modelo geocêntrico, da Terra imóvel no centro do Universo. Essa
tradição começou com Eudoxo (séc. IV a.C.), um dos discípulos
de Platão. Foi confirmada por Aristóteles e mais tarde por
Cláudio Ptolomeu (séc. II). Além do geocentrismo, outra
característica importante na cosmologia aristotélica é a
hierarquização do cosmo: o Céu tem uma natureza superior à da
Terra. Sob essa perspectiva, o Universo está dividido em:
Mundo supralunar Mundo sublunar - corresponde à
- constituído pelos Céus, que região da Terra que, embora
incluem, na ordem, a Lua, imóvel, é o local dos corpos em
Mercúrio, Vênus, Sol, Marte, constante mudança, portanto
Júpiter, Saturno e, finalmente, a perecíveis, corruptíveis, sujeitos
esfera das estrelas fixas: esses a movimentos imperfeitos, como
corpos são formados por uma o retilíneo para baixo e para
substância desconhecida por cima; os elementos constitutivos
nós, o éter cristalino, são os quatro elementos (terra,
inalterável, imperecível, água, ar e fogo).
transparente e imponderável. O
éter é também chamado de
quinta-essência, em
contraposição aos quatro
elementos; os corpos celestes
são incorruptíveis, perfeitos,
não sujeitos a transformações;
o movimento das esferas é
circular, o movimento perfeito;
Considerações sobre Aristóteles
Ao dividir o mundo em supralunar Conforme vimos na
e sublunar, os antigos cosmologia aristotélica, os
hierarquizaram Céu e Terra, o que gregos associavam a
tornava a astronomia e a física perfeição ao equilíbrio e ao
duas ciências distintas. Apenas na repouso; a descrição do
Idade Moderna Galileu, Descartes cosmo é a de um mundo
e Newton "igualam Céu e Terra e estático. Mesmo quando as
explicam as duas ciências pelas mudanças são reconhecidas,
mesmas leis. a ciência aspira ao ideal de
imobilidade ao procurar, por
trás das aparências das
coisas, as essências
imutáveis: é em função da
substância, da essência, que,
em determinadas condições,
cada corpo se comporta de
uma maneira e não de outra.
Por isso a física aristotélica é
qualitativa, porque é construída sobre Ao enveredar pela procura das
os princípios que definem as coisas, a causas, a ciência antiga
partir dos quais são deduzidas as desemboca inevitavelmente na
consequências. Trata-se da discussão metafísica da
valorização do método dedutivo, cujo essência dos corpos. Por isso,
modelo de rigor encontra-se na essa ciência é propriamente
matemática. Apesar disso, os gregos filosófica, baseada em
não matematizaram a física, com princípios e centrada na
exceção de Arquimedes. argumentação.
Embora tenha feito observações Outro aspecto importante da
pertinentes, Aristóteles não recorreu à metafísica aristotélica é que, ao
experimentação, fato que pode ser explicar o princípio de todo
entendido pela resistência dos gregos movimento, Aristóteles faz a
em utilizarem as técnicas manuais em física desembocar numa
áreas de investigação para ele teologia: de causa em causa,
restritas ao saber contemplativo. chegou-se a Deus, ao Primeiro
Motor Imóvel.
Alexandria e a escola
helenística
Em 338 a.C., quando a Grécia foi Após a morte de
conquistada pelos macedônios, Alexandre e a divisão do
teve início o período conhecido
império, foi fundado em
como helenismo. Ao expandir as
fronteiras do império, Alexandre
Alexandria, na foz do
Magno levou a cultura grega para Nilo, um avançado
pontos distantes, ao mesmo tempo centro de estudos
que abriu caminho para as formado por escolas de
influências orientais no Ocidente. diversas ciências, um
museu e a famosa
biblioteca, que por
muitos séculos atraiu
intelectuais
proeminentes de vários
locais do mundo antigo.
A Biblioteca de Alexandria
Euclides: Na escola de Alexandria, logo de início
destacou-se a contribuição de Euclides,
geometria que, de 320 a 260 a.C., fundou e dirigiu a
escola de matemática. Com a obra
Elementos, sistematizou o
conhecimento teórico, dando-lhe os
fundamentos ao estabelecer os
princípios da geometria, os conceitos
primitivos e os postulados. Os conceitos
primitivos são o ponto, a reta e o plano,
que não se definem, enquanto os
postulados são enunciados que devem
ser aceitos sem demonstração, por
exemplo: "uma linha reta pode ser
traçada de um para outro ponto
qualquer". Tais princípios constituem o
ponto de partida sobre o qual se
constrói o edifício teórico de qualquer
demonstração.
A mecânica de Arquimedes
A mecânica foi outra ciência que se
desenvolveu no centro cultural de
Alexandria. Suas bases foram
estabelecidas por Arquimedes (287-212
a.C.), nascido na Sicília, mas que teria
passado um tempo em Alexandria.
A fama de Arquimedes nos remete a
acontecimentos interessantes, embora
muito deles envoltos em lenda. Para
defender Siracusa, quando assediada
pelos romanos, Arquimedes teria
construído engenhos mecânicos
(catapultas) para lançar pedras e
também incendiado navios por meio de
um sistema de lentes de grande
alcance.
Ao descobrir o princípio da hidrostática (lei do empuxo),
Arquimedes passou da dimensão puramente técnica ou
prática para a especulação teórica e científica, que lhe
permitiu descobrir princípios fundamentais da mecânica.
Redigiu um tratado de estática, formulou a lei de equilíbrio
das alavancas e fez estudos sobre o centro de gravidade
dos corpos.
Galileu viu em Arquimedes o único cientista verdadeiro da
Grécia, ao revelar aspectos fundamentais da
experimentação moderna: medidas sistemáticas,
determinação da influência de cada fator que atua no
fenômeno e enunciado do resultado sob a forma de lei
geral.
Arquimedes - Resumo
Ptolomeu e o geocentrismo
Uma das últimas grandes
personalidades de Alexandria,
já no século II da era cristã, foi
a do matemático, geômetra e
astrônomo Cláudio Ptolomeu.
Sua obra Almagesto
representa o mais importante
referencial da astronomia
geocêntrica da Antiguidade,
que exerceria influência
durante toda a Idade Média até
ser contestada por Copérnico
e Galileu.
Aristarco

Os modelos astronômicos dos


gregos eram geocêntricos,
exceto o de Aristarco de Samos
(310-230 a.C.), que propusera
um revolucionário modelo
heliocêntrico, nunca aceito e
até considerado subversivo.
A ciência na Idade Média
Com a queda do Império Romano O período medieval estende-se do
do Ocidente (séc. V), a religião século V ao XV, portanto mil anos,
cristã impôs-se como elemento ou até mais que isso, se
agregador dos inúmeros reinos considerarmos os trabalhos dos
bárbaros formados após Padres da Igreja ainda no final da
sucessivas invasões. Seus chefes Antiguidade. No entanto, nem toda a
pouco a pouco converteram-se ao Idade Média é de obscuridade
cristianismo, e a Igreja tornou-se intelectual, uma época de "trevas",
soberana absoluta da vida como se costumou chamar. Em
vários momentos, houve
espiritual do mundo ocidental.
manifestações culturais importantes
A cultura greco-romana quase e expressões diversas de produção
desapareceu nos períodos mais intelectual, às vezes tão heterogênea
turbulentos da implantação do que se torna difícil reduzir o período
modo feudal de produção. Os ao que se poderia chamar de modo
monges, os únicos letrados em unívoco como pensamento
um mundo onde a maioria não medieval. Vejamos algumas dessas
sabia ler, guardaram nos expressões, começando pelos
mosteiros essa herança cultural. árabes.
A contribuição árabe
Os árabes exerceram longa e ado por Maomé, que se
fecunda influência no expandiu por diversas regiões
continente europeu, cuja do Oriente Médio e depois por
herança cultural até hoje pode todo o norte da África,
ser constatada, sobretudo na alcançando Portugal e
bela região de Andaluzia, sul Espanha no início do século
da Espanha. VIII. Do século XI ao XV, os
reis cristãos do norte da
península hispânica
pressionaram pouco a pouco
os invasores até expulsá-los
de seu último reduto, o reino
de Granada, em 1492.ouco os
invasores até expulsá-los de
seu último reduto, o reino de
Granada, em 1492.
O primeiro renascimento cultural promovido pelos
árabes deu-se no século VIII, em Bagdá, intensificado
no século seguinte com a criação da "Casa da
sabedoria", centro de estudos que agregou um corpo
de sábios e tradutores de obras científicas. Criaram
observatórios astronômicos e intensificaram estudos
de óptica, geografia, geologia e meteorologia, bem
como traduziram obras de Platão, Aristóteles e
Platino.
Os árabes na Espanha: Averróis
Já na península hispânica, foi notável a atuação de
Averróis (séc. XJI), nascido em Córdoba, embora tenha
vivido em Sevilha e no Marrocos. Médico, astrônomo e
filósofo, respeitado comentarista de Aristóteles,
promoveu a retomada do pensamento aristotélico no
Ocidente cristão.
A cultura árabe exerceu indiscutível influência no
desenvolvimento da ciência, inclusive no Ocidente, no
período do século VIII ao XJI. Depois disso, a tensão que
sempre existira entre pensamento racional e fé religiosa
acabou pendendo para esta última, o que prejudicaria a
pesquisa científica independente, provocando a retração
da valiosa contribuição árabe.
Árabes e Ciência
A ciência no Ocidente cristão
Voltemos ao mundo cristão europeu. Dizíamos que o longo
período medieval comportou uma infinidade de manifestações
culturais. No entanto, notamos uma constante como pano de
fundo desse pensamento: a conciliação entre razão e fé. A
máxima predominante é "crer para compreender e compreender
para crer". A especulação filosófica, embora distinta da fé, é
instrumento dela, é "serva da teologia''
A herança grega
Diferentemente da herança helenística de Alexandria e das
pesquisas árabes, a ciência medieval vinculou-se à tradição
grega clássica, que valorizava o conhecimento teórico em
detrimento das atividades práticas. Nesse panorama, a ciência
continuou voltada para a discussão racional e desligada da
técnica e da pesquisa empírica.
Os instrumentos disponíveis
eram rudimentares: não havia
dispositivos rigorosos para
medir o tempo, os quais se
restringiam a ampulhetas,
clepsidras (relógios-d'água) e
relógios de Sol; nada havia sido
inventado para medir a
temperatura ou para ampliar a
visibilidade. Por isso, a ciência
medieval recusou a
experimentação e permaneceu
qualitativa, como na Antiguidade,
mesmo porque os recursos
disponíveis da matemática ainda
eram incipientes para que se
procedesse à matematização.
De fato, questões aparentemente simples, como a
notação dos números, feita com os algarismos romanos,
dificultava os cálculos. Por exemplo, a divisão de
MDCXXXII por IV é impossível de ser resolvida sem o
auxílio do ábaco. Já os algarismos arábicos, apesar de
conhecidos desde o século X, só tiveram seu uso
generalizado no Renascimento.
Qual o lugar da ciência no mundo medieval? Pelo que
pudemos observar até aqui, houve relutância ou
impossibilidade em incorporar a experimentação e a
matematização das ciências da natureza. A retomada do
pensamento aristotélico reforçou a concepção qualitativa
da física e a astronomia geocêntrica, esta última
conforme o modelo de Ptolomeu (séc. II), cuja famosa
obra, Almagesto, permaneceu como a última palavra em
astronomia até o século XVI.
A História dos números
Exceções à tradição
Apesar das questões religiosas que afastavam os
filósofos das discussões referentes à natureza, algumas
posições divergentes indicam pontos de ruptura que
prepararam de certo modo a crise do modelo científico
da tradição greco-medieval. Esse processo pode ser
entendido baseando-se no estudo do renascimento das
cidades e da expansão do comércio: a economia
capitalista emergente iria necessitar de um outro saber,
mais prático e menos contemplativo.
Nesse processo destaca-se o papel desempenhado
pelos árabes, como já vimos, mas também o trabalho
dos alquimistas e a atuação de frades franciscanos na
Inglaterra.
Os alquimistas
A atividade prática da alquimia
surgiu de especulações de
artesãos metalúrgicos e
constituiu o prelúdio da ciência
química. Existiram alquimistas
em Alexandria, entre os árabes e O saber oficial sempre desdenhou
no Ocidente cristão, apesar da essa atividade, por demais vinculada
intolerância religiosa para com às práticas manuais. Além disso, as
suas práticas. Muito em voga no técnicas descobertas eram
século XIII, a alquimia foi guardadas em segredo, e os
responsável pela descoberta de documentos, de difícil leitura,
novas substâncias químicas, do estavam envoltos em uma aura
processo para a extração de mística. Muitas vezes as explicações
mercúrio e das fórmulas para teóricas antropomórficas conferiam
preparar vidro e esmalte, bem às substâncias inorgânicas
como para o desenvolvimento de características de seres vivos, como
noções sobre ácidos e seus se fossem compostos de corpo e
derivados. alma.
Por aceitarem que as
características e as propriedades
de uma substância são
determinadas por seu espírito, os
alquimistas acreditavam na
transmutação, a transferência do
espírito de um metal nobre para a
matéria de metais comuns. Surgiu
daí a busca da "pedra filosofal",
que permitiria transformar
qualquer substância em ouro.
Outro projeto da alquimia medieval Não se pode, porém, negar a
foi a procura do "elixir da longa importância da alquimia no
vida''. Para a Igreja, essas práticas desenvolvimento das técnicas
tinham um caráter herético e foram de laboratório, embora o
proibidas por bula papal em 1317.
A Inquisição perseguia os
hermetismo da prática,
infratores com rigor e muitas reservada a iniciados, tenha
vezes condenava-os à fogueira obscurecido a apropriação
sob acusação de bruxaria. objetiva das reais descobertas
da química nascente.
Os Alquimistas Medievais

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