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Mito e religião

Alguns especialistas, como Mircea Eliade, estudioso de história comparada das religiões, atribuem
importância especial ao contexto religioso do mito. Com efeito, são muito freqüentes os mitos que
versam sobre a origem dos deuses e do mundo (chamados, respectivamente, mitos teogônicos e
cosmogônicos), dos homens, de determinados ritos religiosos, de preceitos morais, tabus, pecados e
redenção. Em certas religiões, os mitos formam um corpo doutrinal e estão estreitamente
relacionados com os rituais religiosos -- o que levou alguns autores a considerar que a origem e a
função dos mitos é explicar os rituais religiosos. Mas tal hipótese não foi universalmente aceita, por
não esclarecer a formação dos rituais e porque existem mitos que não correspondem a um ritual.
Nas religiões monoteístas, as mitologias, sobretudo as teogonias, são geralmente repudiadas como
exemplos de ateísmo ou politeísmo, pois representariam uma desvirtuação do Deus único e
transcendente, à medida que o relacionam a manifestações ou representações de outras criaturas.
Entretanto, essas mesmas religiões também recorrem a descrições fantásticas, de caráter simbólico,
para explicar a origem do mundo e do pecado, o fim do mundo e a vida ultraterrena, e não deixam
de atribuir a Deus reações e sentimentos humanos.
O mito, portanto, é uma linguagem apropriada para a religião. Isso não significa que a religião,
tampouco o mito, conte uma história falsa, mas que ambos traduzem numa linguagem plástica (isto
é, em descrições e narrações) uma realidade que transcende o senso comum e a racionalidade
humana e que, portanto, não cabe em meros conceitos analíticos. Não importa, do ponto de vista do
estudo da mitologia e da religião, que Prometeu não tenha sido realmente acorrentado a um rochedo
com um abutre a comer-lhe as entranhas, nem que Deus não tenha criado o ser humano a partir do
barro. Religião e mito diferem, não quanto à verdade ou falsidade daquilo que narram, mas quanto
ao tipo de mensagem que transmitem.
A mensagem religiosa geralmente exige determinado comportamento perante Deus, o sagrado e os
homens, e é, muitas vezes, formulada de forma compatível com conceitos racionais e em doutrinas
sistematizadas. O mito abrange maior amplitude de mensagens, desde atitudes antropológicas muito
imprecisas, até conteúdos religiosos, pré-científicos, tribais, folclóricos ou simplesmente
anedóticos, que são aceitos e formulados de modo menos consciente e deliberado, mais espontâneo,
sem considerações críticas.

Mito, Rito e Religião

É necessário deixar bem claro, nesta tentativa de conceituar o mito, que o mesmo não tem aqui a
conotação usual de fábula, lenda, invenção, ficção, mas a acepção que lhe atribuíam e ainda
atribuem as sociedades arcaicas, as impropriamente denominadas culturas primitivas, onde mito é o
relato de um acontecimento ocorrido no tempo primordial, mediante a intervenção de entes
sobrenaturais. Em outros termos, mito, é o relato de uma história verdadeira, ocorrida nos tempos
dos princípios, quando com a interferência de entes sobrenaturais, uma realidade passou a existir,
seja uma realidade total, o cosmo, ou tão-somente um fragmento, um monte, uma pedra, uma ilha,
uma espécie animal ou vegetal, um comportamento humano. Mito é, pois, a narrativa de uma
criação: conta-nos de que modo algo, que não era, começou a ser.

De outro lado, o mito é sempre uma representação coletiva, transmitida através de várias gerações e
que relata uma explicação do mundo. Mito é, por conseguinte, a parole, a palavra "revelada", o dito.
E, desse modo, se o mito pode se exprimir ao nível da linguagem, "ele é, antes de tudo, uma palavra
que circunscreve e fixa um acontecimento". "O mito é sentido e vivido antes de ser inteligido e
formulado. Mito é a palavra, a imagem, o gesto, que circunscreve o acontecimento no coração do
homem, emotivo como uma criança, antes de fixar-se como narrativa".
O mito expressa o mundo e a realidade humana, mas cuja essência é efetivamente uma
representação coletiva, que chegou até nós através de várias gerações. E, na medida em que
pretende explicar o mundo e o homem, isto é, a complexidade do real, o mito não pode ser lógico:
ao revés, é ilógico e irracional. Abre-se como uma janela a todos os ventos; presta-se a todas as
interpretações. Decifrar o mito é, pois, decifrar-se. E, como afirma Roland Barthes, o mito não
pode, conseqüentemente, "ser um objeto, um conceito ou uma idéia: ele é um modo de significação,
uma forma". Assim, não se há de definir o mito "pelo objeto de sua mensagem, mas pelo modo
como a profere".
É bem verdade que a sociedade industrial usa o mito como expressão de fantasia, de mentiras, daí
mitomania, mas não é este o sentido que hodiernamente se lhe atribui.
O mesmo Roland Barthes, aliás, procurou reduzir, embora significativamente, o conceito de mito,
apresentando-o como qualquer forma substituível de uma verdade. Uma verdade que esconde outra
verdade. Talvez fosse mais exato defini-lo como uma verdade profunda de nossa mente. É que
poucos se dão ao trabalho de verificar a verdade que existe no mito, buscando apenas a ilusão que o
mesmo contém. Muitos vêem no mito tão-somente os significantes, isto é, a parte concreta do signo.
É mister ir além das aparências e buscar-lhe os significados, quer dizer, a parte abstrata, o sentido
profundo.
Talvez se pudesse definir mito, dentro do conceito de Carl Gustav Jung, como a conscientização de
arquétipos do inconsciente coletivo, quer dizer, um elo entre o consciente e o inconsciente coletivo,
bem como as formas através das quais o inconsciente se manifesta.
Compreende-se por inconsciente coletivo a herança das vivências das gerações anteriores. Desse
modo, o inconsciente coletivo expressaria a identidade de todos os homens, seja qual for a época e o
lugar onde tenham vivido.

Arquétipo, do grego "arkhétypos", etimologicamente, significa modelo primitivo, idéias inatas.


Como conteúdo do inconsciente coletivo foi empregado pela primeira vez por Yung. No mito, esses
conteúdos remontam a uma tradição, cuja idade é impossível determinar. Pertencem a um mundo do
passado, primitivo, cujas exigências espirituais são semelhantes às que se observam entre culturas
primitivas ainda existentes. Normalmente, ou didaticamente, se distinguem dois tipos de imagens:

a) imagens (incluídos os sonhos) de caráter pessoal, que remontam a experiências pessoais


esquecidas ou reprimidas, que podem ser explicadas pela anamnese individual;
b) imagens (incluídos os sonhos) de caráter impessoal, que não podem ser incorporados à história
individual. Correspondem a certos elementos coletivos: são hereditárias.

A palavra textual de Jung ilustra melhor o que expôs: "Os conteúdos do inconsciente pessoal são
aquisições da existência individual, ao passo que os conteúdos do inconsciente coletivo são
arquétipos que existem sempre a priori.

Embora se tenha que admitir a importância da tradição e da dispersão por migrações, casos há e
muito numerosos em que essas imagens pressupõem uma camada psíquica coletiva: é o
inconsciente coletivo. Mas, como este não é verbal, quer dizer, não podendo o inconsciente se
manifestar de forma conceitual, verbal, ele o faz através de símbolos. Atente-se para a etimologia de
símbolo, do grego "sýmbolon", do verbo "symbállein", "lançar com", arremessar ao mesmo tempo,
"com-jogar". De início, símbolo era um sinal de reconhecimento: um objeto dividido em duas
partes, cujo ajuste e confronto permitiam aos portadores de cada uma das partes se reconhecerem. O
símbolo é, pois, a expressão de um conceito de eqüivalência. Assim, para se atingir o mito, que se
expressa por símbolos, é preciso fazer uma eqüivalência, uma "con-jugação", uma "re-união",
porque, se o signo é sempre menor do que o conceito que representa, o símbolo representa sempre
mais do que seu significado evidente e imediato.
Em síntese, os mitos são a linguagem imagística dos princípios. "Traduzem" a origem de uma
instituição, de um hábito, a lógica de uma gesta, a economia de um encontro.

Na expressão de Goethe, os mitos são as relações permanentes da vida.


Se mito é, pois, uma representação coletiva, transmitida através de várias gerações e que relata uma
explicação do mundo, então o que é mitologia?
Se mitologema é a soma dos elementos antigos transmitidos pela tradição e mitema as unidades
constitutivas desses elementos, mitologia é o "movimento" desse material: algo de estável e mutável
simultaneamente, sujeito, portanto, a transformações. Do ponto de vista etimológico, mitologia é o
estufo dos mitos, concebidos como história verdadeira.

Quanto à religião, do latim "religione", a palavra possivelmente se prende ao verbo "religare", ação
de ligar.
Religião pode, assim, ser definida como o conjunto das atitudes e atos pelos quais o homem se
prende, se liga ao divino ou manifesta sua dependência em relação a seres invisíveis tidos como
sobrenaturais. Tomando-se o vocábulo num sentido mais estrito, pode-se dizer que a religião para os
antigos é a reatualização e a ritualização do mito. O rito possui, "o poder de suscitar ou, ao menos,
de reafirmar o mito".
Através do rito, o homem se incorpora ao mito, beneficiando-se de todas as forças e energias que
jorraram nas origens. A ação ritual realiza no imediato uma transcendência vivida. O rito toma,
nesse caso, "o sentido de uma ação essencial e primordial através da referência que se estabelece do
profano ao sagrado". Em resumo: o rito é a praxis do mito. É o mito em ação. O mito rememora, o
rito comemora.

Rememorando os mitos, reatualizando-os, renovando-os por meio de certos rituais, o homem torna-
se apto a repetir o que os deuses e os heróis fizeram "nas origens", porque conhecer os mitos é
aprender o segredo da origem das coisas. "E o rito pelo qual se exprime (o mito) reatualiza aquilo
que é ritualizado: re-criação, queda, redenção". E conhecer a origem das coisas - de um objeto, de
um nome, de um animal ou planta - "eqüivale a adquirir sobre as mesmas um poder mágico, graças
ao qual é possível dominá-las, multiplicá-las ou reproduzí-las à vontade". Esse retorno às origens,
por meio do rito, é de suma importância, porque "voltar às origens é readquirir as forças que
jorraram nessas mesmas origens". Não é em vão que na Idade Média muitos cronistas começavam
suas histórias com a origem do mundo. A finalidade era recuperar o tempo forte, o tempo primordial
e as bênçãos que jorraram illo tempore.

Além do mais, o rito, reiterando o mito, aponta o caminho, oferece um modelo exemplar, colocando
o homem na contemporaneidade do sagrado. É o que nos diz, com sua autoridade, Mircea Eliade:
"Um objeto ou um ato não se tornam reais, a não ser na medida em que repetem um arquétipo.
Assim a realidade se adquire exclusivamente pela repetição ou participação; tudo que não possui
um modelo exemplar é vazio de sentido, isto é, carece de realidade".

O rito, que é o aspecto litúrgico do mito, transforma a palavra em verbo, sem o que ela é apenas
lenda, "legenda", o que deve ser lido e não mais proferido.

À idéia de reiteração prende-se a idéia de tempo. O mundo transcendente dos deuses e heróis é
religiosamente acessível e reatualizável, exatamente porque o homem das culturas primitivas não
aceita a irreversibilidade do tempo: o rito abole o tempo profano, cronológico, é linear e, por isso
mesmo, irreversível (pode-se "comemorar" uma data histórica, mas não fazê-la voltar no tempo), o
tempo mítico, ritualizado, é circular, voltando sempre sobre si mesmo. É precisamente essa
reversibilidade que liberta o homem do peso do tempo morto, dando-lhe a segurança de que ele é
capaz de abolir o passado, de recomeçar sua vida e recriar seu mundo. O profano é tempo da vida; o
sagrado, o "tempo" da eternidade.
A "consciência mítica", embora rejeitada no mundo moderno, ainda está viva e atuante nas
civilizações denominadas primitivas: "O mito, quando estudado ao vivo, não é uma explicação
destinada a satisfazer a uma curiosidade científica, mas uma narrativa que faz reviver uma realidade
primeva, que satisfaz as profundas necessidades religiosas, aspirações morais, a pressões e a
imperativos de ordem social e mesmo a exigências práticas. Nas civilizações primitivas, o mito
desempenha uma função indispensável: ele exprime, exalta e codifica a crença; salvaguarda e impõe
os princípios morais; garante a eficácia do ritual e oferece regras práticas para a orientação do
homem. O mito é um ingrediente vital da civilização humana; longe de ser uma fabulação vã, ele é,
ao contrário, uma realidade viva, à qual se recorre incessantemente; não é, absolutamente, uma
teoria abstrata ou uma fantasia artística, mas uma verdadeira codificação da religião primitiva e da
sabedoria prática".
M I T O: Característica, funções....
Podemos considerar que o mito apresenta algumas funções típicas .

Ele é Narrativo ( procura descrever a relação entre fatos, pessoas, símbolos... com forças
desconhecidas );

Ele e Pedagógico ( procura ensinar a Verdade );

Ele também se mostra como o que nos traz um Julgamento sobre a origem do Homem e do Mundo
tentando procurar conhecer a finalidade de sua existência.

Entre as fontes do conhecimento humano estão: 1- O Mito; 2- A Religião e 3- A Ciência.

No sentido literal, quando tentamos compreender o mito, através da ciência, não conseguimos;

Também quando tentamos compreender o mito, através da religião, não temos sucesso.

O mito representa a primeira etapa do conhecimento de uma realidade. Assim, seu núcleo de
Verdade é nulo. Isso não ocorre na religião nem na ciência.

O mito contém 3 sentidos. Eles correspondem à uma evolução do seu sentido atual. Esses sentidos
são : o "tantegórico", o alegórico e o simbólico.

Tantegórico -

Nota: Tântalo , personagem mitológico. Suplício de Tântalo - aquele consistente em negar sempre
aquilo que já parece alcançado. Tantalizar - infligir o suplício de Tântalo.

No mito o sentido literal é transformado numa narrativa. Assim, em relação ao aspecto tantalista do
mito, ele é explicitado através de uma narrativa que não leva em conta "a realidade " e, portanto,
não está preso a nenhum valor absoluto de "verdade".

Comparando-se o mito à religião, nota-se que a religião tem duas dimensões : uma sobrenatural e
outra real ( o sentimento humano ). O mito tem somente uma dimensão, que é literal, que não
precisa ser real . Assim, o mito pode ser "inverdeiro".

Apesar disso o mito não é ( pela condição histórica do homem) capaz de impedir o ser humano de
se sentir atraído por ele. Por exemplo: a Mitologia, embora considerada "inverdadeira" , é mantida e
procurada pelo homem até hoje.

Talvez uma das razões para que essa procura seja mantida se deva ao fato do Mito conter DOIS
sentidos: um sentido literal e um outro que é mais profundo.

Ao sentido literal ( tantegórico ) se junta o Alegórico.

Alegórico -

Embora considere que a dimensão literal ( tantegórica) é absurda, reconhece que há nele ( o mito )
um sentido latente. Esse sentido latente é que conserva e mantém a força de atração que o mito
exerce nos homens através dos tempos.
Esse sentido latente se equipara ao conhecimento objetivo da condição e natureza humanas, tal
como nos ensina a ciência e a religião.

O que ocorre então é que , o mito carrega - nessa etapa - em si, um valor didático . Ele serve para se
poder chegar a alguma explicação àquelas pessoas de nível de conhecimento primitivo, acerca da
natureza do homem, sua origem, seu fim.

Simbolismo -

Este sentido surge como uma evolução do sentido alegórico.

Passa-se a considerar que o Mito é sempre simbólico. Representa algo de valor original. É uma
tentativa de se chegar a algo que não é tão atingível pela Ciência ou pela Religião.

O símbolo representa uma dimensão de forças não representáveis pela Ciência e pela Religião.

A natureza do Homem, do Mundo e seu fim, tem dimensões que só são atingíveis por meio de
símbolos. Daí o Mito vir a suprir uma necessidade do próprio homem que é a de atingir tais
dimensões inatingíveis através da Ciência ou da Crença.

O mais renomado cientista, ou crente, se sente atraído pelo mito pois ele explica certas coisas ,
certos fatos, inexplicáveis através de seus saberes científicos ou religiosos.

O Mito tem, pois, um valor original que é só dele e não encontrável nem na Ciência, nem nas
Religiões.

Símbolo . ( balo : lançar, jogar ; sim: dentro de uma globalidade, totalidade ).

O símbolo "se infiltra" na globalidade das forças da natureza e se lança entre os fatos da ciência e da
religião de modo muito particular.

O simbolismo entretanto também não dava conta para explicar plenamente o mito. Se
considerarmos o mundo dividido em Ocidente e Oriente, só com esta divisão poderemos perceber
que estaremos falando de modos de "pensar valores " bem distintos.

Vejamos por exemplo a cultura Ocidental. Nela é típico se aprender o binômio SABER é igual a
PODER.. Não é atoa que no ocidente tenha surgido o imperialismo.

Na cultura Oriental SABER era diferente de PODER, daí cultivar o nirvana , o "nada".

Na Idade Moderna o mito era explicado somente tantegoricamente ou, no máximo, alegoricamente.

A dimensão simbólica é excluída do saber ou poder, daí ser também excluída do pensamento
científico moderno. A palavra "simbólico" , e portanto a dimensão que ela representa, é usada mas
apenas no sentido alegórico.

Como a ciência moderna (tradicional) , por sua própria fundamentação, não utiliza a dimensão
simbólica como elementos válidos para sua procura da verdade, lança mão de outros meios
"científicos" para interpretar o Mito. Esses outros meios "científicos" se referem a metodologias
mais atuais que pesquisam dimensões da realidade não se adeqüam às características do método
científico tal como ele é estruturado em nossos dias.
Esses estudos atuais dos Mitos encontram espaço quando se utiliza algumas metodologias tais como
aquelas que norteiam os trabalhos dos fenomenólogos, dos psicanalistas, dos existencialistas...

O MITO DA ÁRVORE

O mito da árvore é um mito de origem: forças que atuariam na formação do modo de ser do
homem;

O mito sobre a criação do homem, como ele chegou a adquirir as propriedades que hoje apresenta
parece conter uma "intencionalidade".

Refere-se a uma condição nômade do povo hebreu que vivia no deserto ( contexto geográfico).

É um mito patriarcal, pois assim se organizava o grupo humano de onde se originou: contexto
sócio-cultural.

É um mito semita - ( contexto cultural-racial );

O semita sempre procurou valorizar sua tradição, conservando-a; assim, o mito da árvore é um dos
melhor conservados que se conhece. Não apresenta muitas variações em sua forma em contraste
com os mitos gregos que são muito transformados pois , para os gregos , conservar a tradição e
transformá-la, adaptá-la.

Essa característica hebráica não exclui, entretanto, a elaboração do mito. Por exemplo, conforme a
fonte , o nome de Deus varia.

A fonte E, O denomina de Eloim. Essa fonte é muito primitiva e nesse tempo- por preceito
religioso- o nome de Deus não poderia ser mencionado.

A fonte J, O denomina de Javeh. Nesse tempo, consoantes do nome JAVEH, somados à do nome
ADONAI , que significa "fortíssimo" ( uma das atribuições de Deus) levou a transformação de
JAVEH em JEOVÁ .

Essas duas fontes foram aglutinadas mais tarde por elaboração dos sacerdotes dando origem à fonte
chamada Q.

O mito da árvore da tradição está associada à fonte J. Mas , hoje, ele está elaborado a partir da fonte
Q. e dessa é a forma que o conhecemos.

No mito, ADÃO e EVA não são nomes de pessoas mas designam o homem e a mulher
genericamente.

O mito apresenta , de início, o mundo dentro do qual se daria a criação do homem, referindo-se às
condições presentes ( daquela época ).

Explica, para os hebreus, que se a situação daquela época nem sempre fora assim. A isso chamamos
de "caráter etiológico do mito".

Este presente (época) ao qual o mito se referiu era o de um povo nômade, semita e patriarcal.

O mito diz que o mundo estava vazio. Havia o campo, a água e nenhum ser vivo.
Deus , ao criar o mundo, não colocou , de início, plantas ou animais.

Um vapor de água saia da terra e umedecia o solo.

Com a massa desse solo, Deus modelou o homem e, com seu sopro, deu-lhe vida..

O sopro pode ser entendido pelo que o ar representa para um ser humano: a vida.

O ar é princípio de vida e, conseqüentemente, ar.. vento... espírito... alma...animus( ar, alma).


Entretanto, após ter recebido vida que Deus lhe deu, o homem, para continuar homem, precisava
agir sobre o seu mundo. Manter sua vida, manter sua alma, seu espírito.

O paraíso. Para um povo do deserto, um Jardim seria a suprema felicidade pois sua luta diária era
para obter a água e a comida. Isso, no paraíso, havia - frutas e água - em grande quantidade. Havia,
ali, muitas árvores frutíferas e uma torrente que se dividia em 4 rios ( que eram os quatro pontos
cardeais ).

O lugar - onde está plantado o Jardim - seria o Centro da Terra ( geograficamente falando).

O Jardim não foi feito para homem mas o homem para o jardim.

Adão deveria conservar e cultivar o Jardim.

Nesse, duas árvores não poderiam ser usadas pelo homem: a árvore da vida e a árvore da ciência do
bem e do mal..

Deus criou os animais e fê-los desfilar diante do homem para que ele lhes desse nomes. Dar nome
significa ser superior à coisa que é nomeada, ou, no mínimo, identificar-se com essas coisas às quais
deu nome.

Adão nomeou os animais com nomes diferentes do seu, isto é, não se identificou com nenhum
deles.

Conseqüentemente, Deus reconheceu a necessidade de uma companhia para Adão e criou a mulher
através de uma de suas costelas.

Adão , então, reconheceu na mulher sua semelhante e se encontrou nela dizendo: osso do meu osso,
carne de minha carne.

Numa tentativa de explicação para a atração sexual que a mulher exerce sobre o homem diz-se que
isso se deve ao fato de que a mulher foi feita da mesma matéria do homem e, essa semelhança , o
atrai.

O homem e a mulher estavam proibidos de tocar nas duas árvores.

A serpente interpela Eva sobre a proibição de Deus e discorda da idéia Dele. Com isso ela , a
serpente, se coloca superior aos seres humanos ( Adão e Eva ). Eva é tentada, come o fruto e o dá
para Adão comê-lo.

A serpente se dirigiu a Eva (tentou-a) e não a Adão pois , numa sociedade patriarcal - o erro e a
culpa teriam que recair sobre a mulher.
As conseqüências de Adão ter comido a fruta foram:

 Consciência da nudez ( ser humano sente vergonha );


 Conhecimento da realidade - discriminação entre o que é bom e mau para si;

 Necessidade de prover os bens que lhes são úteis.

Reações de Adão e Eva a partir do fato de terem comido o fruto:

 Procuraram se vestir e se esconder aos olhos de Deus. Mas Deus procura Adão e o
intepela. Adão põe a culpa em Eva e ela põe a culpa na serpente.
 Deus amaldiçoa a serpente condenando-a a se arrastar pelo chão e ser inimiga dos homens.

Uma explicação: a serpente é o único animal sem pernas que os hebreus conheciam e
consideravam sua picada mortal.

Para a mulher , Deus deu a submissão ao homem ( justificando a sociedade patriarcal ) e a condena
às dores do parto.

Para o homem, Deus deu o trabalho ( explicando a vida nômade no deserto ).

Ao expulsar Adão e Eva do paraíso, onde a árvore da vida lhes dava a imortalidade, Deus lhes deu o
fim pela morte.

Além disso, Deus colocou uma porta no paraíso para impedir a volta dos homens para lá.

Assim, o mito da árvore, explica a origem dos homens e as condições em que o povo hebreu estava
vivendo.

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Bibliografia Sugerida:

Notas de aula - JLBelas - Aula de Antropologia Cultural - IPUB-1970

BULFINCH, Thomas -Mitologia Geral - A idade da fábula - Ed. Villa Rica- BH-Br 1991

CAMPBELL, Joseph - As Máscaras de Deus - Mitologia Primitiva - Edit.Palas Athena-SP-BR-


3ªEd.-1994

CAMPBELL, Joseph - As Máscaras de Deus - Mitologia Oriental - Edit.Palas Athena- SP-BR -


1994

SICUTERI, Roberto - Lilith a Lua Negra - 3ª Edição. Ed. Paz e Terra - RJ- Br. 1985.

WOOGLER, J.B. e WOOGLER, R.J. - A Deusa Interior - Editora Cultrix- SP- Br. 10ªEdição- 1997

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