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SUMÁRIO
CAPÍTULO 1
Ervas de Poder 03
CAPÍTULO 2
Bebidas e Fumo
na Umbanda 10

CAPÍTULO 3
Fumo e
Desautomatização 19

CAPÍTULO 4
Origem Indígena 27
CAPÍTULO 1

ERVAS DE
PODER
POR ALEXANDRE CUMINO
AULA 05 - O QUE NÃO É UMBANDA

E Nas culturas primeiras, aborígines, também chama-


B das, pejorativamente, de primitivas, encontramos lar-
O
O gamente o uso de plantas alucinógenas. No entanto,
K para o aborígine (o índio ou xamã), geralmente essas
plantas, aqui identificadas como ervas, são conside-
A
U radas “enteógenas”, ou seja, ervas que propiciam um
L encontro com o sagrado.
A

0 O uso dessas ervas geralmente é feito dentro de uma


5 esfera ritualística, envolta por seus dogmas e tabus.
Geralmente há nas tribos indígenas uma espécie de
sacerdote que cuida da parte espiritual e medicinal
da comunidade, que em nossas tradições é chama-
do de Pajé, também considerado um xamã (palavra
siberiana para identificar o indivíduo que adentra a di-
mensão do sagrado por meio de técnicas de transe).

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As ervas “enteógenas” são também chamadas ervas


de poder, ou seja, aquelas que dão ao xamã a con-
dição de, em contato com o sagrado, ir além desta
esfera material, palpável e tangível; transcendendo
o mundo material. Assim, entram em contato com
as forças da natureza, com os espíritos da natureza,
com o espírito da erva, com os espíritos ancestrais,
com os deuses, ou simplesmente adquirem uma per-
cepção mais aguçada e abrangente desta realidade
que nos cerca. Vendo o mundo de outra ótica, em
que podem enxergar melhor os males que afligem a
tribo ou um doente na tribo. Buscam em outra esfera,
do sagrado, respostas que possam auxiliar (curar) o
grupo ou um indivíduo. Saindo de si mesmo também
se tornam grandes conselheiros, tendo a oportunida-
de de vencer o egocentrismo para entender o outro
em suas dores, angústias e frustrações.

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E Estas ervas são consideradas sagradas pelos xamãs,


B costumam dizer que a profanação do sagrado pode
O
O trazer dor à sociedade. Hoje essas ervas sagradas são
K comercializadas pelo homem moderno e pós-moderno
como drogas e entorpecentes, que causam, na maio-
A
U ria das vezes, a dependência. Não se busca o sagrado,
L mas apenas fugir da realidade ou um pequeno prazer
A
momentâneo. Toda a cultura ancestral, dos que desco-
0 briram o uso sagrado destas plantas, é descaracteriza-
5 da, e mesmo eles que têm tanto respeito pela vida e
pela harmonia da estrutura social são mal vistos pelo
homem dito civilizado, que deturpou e profanou um dos
elementos sagrados de sua cultura.

E foi assim que a folha da coca, sagrada nas culturas an-


dinas, foi profanada e manufaturada na produção de co-

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caína. A Canabis Sativa, vulgarmente conhecida como


maconha, é erva sagrada para a religião Rastafari da Ja-
maica. O Fumo, tabaco, era sagrado para os índios das
três Américas, o Europeu o descobriu, comercializou e
fez dele um dos maiores males que afligem a sociedade.
Na Amazônia, a Ayauaska (Daime) é uma planta sagrada
de poder, assim como o Peiote na América Central e do
Norte.

Ainda existem tribos onde a figura do xamã é presente,


como na Cariri Choco, brasileira, onde o Pajé faz uso da
planta da Jurema como erva de poder. No entanto, há
religiões que sincretizaram as ervas de poder e xama-
nismo com outras culturas e religiões fazendo nascer
novas “igrejas”, onde, por exemplo, o cristianismo cami-
nha lado a lado com as ervas de poder. E este é o caso,

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E por exemplo, do Santo Daime no Amazonas que faz uso


B da Ayauaska, agora chamada de Daime, como erva de
O
O Poder ao lado de uma doutrina de influência cristã. O
K Catimbó do Pernambuco usa a bebida da Jurema tam-
bém num contexto de sincretismo com o cristianismo.
A
U Da mesma forma, nos EUA existe o Peiotismo, no qual
L a presença do peiote de uso ancestral indígena convive
A
com valores cristãos.
0
5 O Peiotismo tem uma ligação forte com a Gost Dance,
que é de fato uma religião de oprimidos, dos índios Nor-
te Americanos, destacando o Chefe Siux Touro Senta-
do, que buscavam, através de um movimento profético,
vencer os brancos conquistadores.

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P.S.1: O Peiotismo surgiu em torno de 1880 em Oklaho-


ma, com a presença das tribos Comanche e Kiowas,
numa condição de opressão dentro das reservas in-
dígenas. Da mesma forma, surgiu a Gost Dance. Seu
fundador foi Quanah Parker, um Chefe Comanche. O
Peiotismo ainda sobrevive na “Igreja Americana Nativa”,
“Religião “oficial” de pelo menos 70 tribos indígenas nos
Estados Unidos. “A Igreja Nativa Americana é essencial-
mente uma doutrina oral, não há livros sagrados”, diz
Pablo Alarcón-Cháires, pesquisador da Universidade
Autônoma do México e um dos cerca de 300 mil mem-
bros da igreja.

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CAPÍTULO 2

BEBIDAS E
FUMO NA
UMBANDA
POR RODRIGO QUEIROZ
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O fumo, Tabaco, é considerado uma “Erva de Poder”,


usada há milênios pelos povos indígenas, considera-
do sagrado com larga utilização em seus trabalhos de
cura, pajelança e xamanismo.

“Tudo que é sagrado traz o divino e as virtudes


para nossas vidas, sempre que profanamos algo
sagrado atraímos a dor e o vício.”

Assim, o mesmo tabaco que cura em seu aspecto sa-


grado também vicia e traz a dor quando utilizado de
forma profana. Industrializado no formato de cigarro,
o fumo traz além da nicotina mais de 4.250 outros
agentes tóxicos, prejudicial à saúde, sendo causador
de várias doenças, o câncer entre elas. Resultado do
uso profano...

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E Algo muito parecido acontece com o Álcool que como


B “Bebida de Poder” atrai forças e poderes das divin-
O
dades, também utilizado para curas.
O
K
Dentro do conceito elemental, o fumo é o vegetal que
A
traz os elementos terra e água, quando utilizado no
U
L fumo e defumação traz os elementos ar e fogo. Re-
A sumindo, o fumo é uma defumação direcionada, que
traz além do vegetal os quatro elementos básicos (ter-
0
5 ra, água, ar e fogo) para trabalhos de magia prática.

O Sopro por si só traz efeitos terapêuticos e espiritu-


ais muito valorosos e eficazes nos trabalhos de cura e
limpeza, que somado ao poder das ervas é potencia-
lizado muitas vezes em resultados largamente vistos
durante os trabalhos de Umbanda.

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O Álcool é do elemento água, provindo de um vegetal


(a cana), que se sustenta na terra, altamente volátil no
ar e considerado o “fogo líquido”, de fácil combus-
tão.

Tanto o Fumo quanto o álcool são utilizados para de-


sagregar energia negativa, queimar larvas e miasmas
astrais e, no caso do álcool, para desinfetar e lim-
par no externo e no interno já que pode ser ingeri-
do. Logo, as entidades de Umbanda não têm vício
e nem apego a esses elementos, não bebem além
de alguns poucos goles e nem tragam a fumaça que
é manipulada apenas.

Alguns guias chegam a cuspir em recipientes adequa-


dos, a famosa “caixinha”, que fica ao seu lado, para

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E neste ato evitar ao máximo a ingestão da nicotina e de


B outros elementos que não interessam para o trabalho
O
e muito do que vem pela química industrial.
O
K
O Astral tem nos ensinado muitos recursos para evi-
A
tarmos o uso de cigarros industrializados no Templo.
U
L No reino vegetal, temos ervas de várias propriedades,
A que quando combinadas e ativadas (queimadas) tor-
nam-se grandes condutores energéticos, dwes-
0
5 carregadores, energizadores e equilibradores.

ENTÃO, SEGUEM ALGUMAS RECEITINHAS:


Façam charutos para CABOCLOS com as seguintes
ervas piladas: sálvia, alfazema e calêndula, pode ser
enrolada na palha, o caboclo aceita esta receita que é
muito boa e funciona tanto quanto um charuto bom e

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natural, sem a química.


Para PRETO VELHO, faça o fumo de cachimbo com
sálvia, alecrim, folha de café e urucum.
Para EXU, troque o cigarro comum por charutos ou
cigarrilhas. Para POMBA GIRA, troque o cigarro por
cigarrilha. Temos a opção para Exu de pilar sálvia,
cravo vermelho seco e levante, e para Pomba Gira
podemos usar sálvia, hibisco e rosa vermelha. Cabe
a nós facilitarmos o trabalho das entidades.

Erroneamente, algumas pessoas acreditam que Exu tem


que beber garrafas de “marafo” (álcool, água-ardente,
pinga), assim como baianos e outras linhas, pensam que
marinheiro “enche a cara” e vem embriagado, quando
sua “embriaguez” é a energia e a vibração do mar que
ele traz.

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E Os Guias manipulam estas bebidas onde temos para


B elas o nome de “curiador” (a bebida correta para cada
O
linha de trabalho), sendo assim:
O
K • CABOCLOS bebem cerveja ou água de coco;
• PRETOS-VELHOS bebem café e, em alguns casos, já
A presenciamos utilizarem vinho;
U
L • CRIANÇAS bebem guaraná e suco de frutas, mas tam-
A bém presenciamos algumas que tomam outros tipos de
refrigerante;
0
• BAIANOS bebem água de coco ou batida de coco;
5
• BOIADEIROS bebem cerveja escura;
• MARINHEIROS bebem rum, e alguns bebem cerveja
clara;
• EXUS bebem a “marafa” (pinga). Alguns bebem uísque
ou vinho; embora não seja comum, já vimos alguns que
bebem cerveja;
• POMBAS-GIRAS bebem champanhe ou sidra.

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É imprescindível o “marafo” no trabalho de Exu, mas


não para beber em demasia. A bebida é usada para
manipulação magística, é colocada no ponto, na tron-
queira, lavam os instrumentos etc. No caso de Exu, sua
vibração é mais densa, por isso pode-se antes da incor-
poração passar um pouco de pinga nas mãos, pés, tes-
ta e nuca, assim o médium sentirá sua vibração baixar,
facilitando a conexão da incorporação.

Se numa determinada situação é preciso derrubar mais


a vibração orgânica é quando possivelmente a entidade
toma um golinho de “marafo”. Dependendo do trabalho,
pode ser preciso ingerir mais, com a intenção de mani-
pular e canalizar esta energia, nada além disso.
Uma outra função da bebida, muito usada pelas linhas
da direita, é usá-la como o “contraste”, usado pela me-

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E dicina tradicional.
B Quando algum problema de ordem física está ocorren-
O
do, eles magnetizam a bebida, tal como vinho, água de
O
K coco, água pura, batida etc., e pedem para o consulen-
te ingerir uma pequena quantidade, aí eles conseguem
A
visualizar outras coisas no organismo, é como um che-
U
L ck-up mais apurado.
A Mas atenção: se tiver preto-velho virando garrafas de
vinho, baianos matando litros de batida, então algo está
0
5 fora da doutrina e da educação mediúnica.
Umbanda é Luz, e onde não houver bom senso e
ética, não tem Umbanda.
Um forte abraço a todos e muita luz.

PS. Poderíamos nos aprofundar no estudo das “Ervas de Po-


der”, o que não é o caso aqui, mas recomendamos seu estudo
aos que quiserem se aprofundar no assunto.

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CAPÍTULO 3

FUMO E
DESAUTOMATIZAÇÃO

POR OSHO
AULA 05 - O QUE NÃO É UMBANDA

E Um homem veio a mim. Ele sofria do vício de fumar há


B trinta anos; ele estava doente e os médicos disseram:
O
O “Você nunca ficará bom se não parar de fumar.”
K

A Ele era um fumante crônico e não conseguia parar. Mas


U ele tentou, tentou arduamente e sofreu muito tentando.
L
Conseguia por um ou dois dias, mas então a necessida-
A
de de fumar vinha tão forte que simplesmente o vencia.
0 Novamente ele caía no mesmo esquema.
5

Por causa disso, ele perdeu toda a autoconfiança; sabia


que não podia fazer nem essa pequena coisa: parar de
fumar. Ele se desvalorizou diante de si mesmo; conside-
rava-se a pessoa mais sem valor do mundo. Não tinha
mais respeito por si mesmo. E assim, ele veio a mim.

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Ele disse: “O que posso fazer? Como posso parar de


fumar?”
Eu lhe disse: “Você tem que entender. Agora, fumar não
é apenas uma questão de decisão. É algo que já entrou
no seu mundo de hábitos; já se enraizou. Trinta anos é
um longo tempo. Esse hábito tem raízes no seu corpo,
na sua química, espalhou-se em você. Não é mais ape-
nas uma questão de decidir com a cabeça; sua cabeça
não pode fazer nada. Ela é impotente; pode começar
coisas, mas não pode pará-las facilmente. Uma vez que
você começou e praticou por tanto tempo, você é um
grande iogue - trinta anos de prática em fumar! Já se
tornou automático; você tem que desautomatizar isso.”

Ele perguntou: “O que você quer dizer por desauto-


matizar?”

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E É nisto que consiste toda a meditação: na desauto-


B matização.
O
O
K Eu lhe disse: “Faça uma coisa: esqueça tudo sobre pa-
rar de fumar. Não há necessidade. Por trinta anos você
A
fumou e viveu; é claro que foi um sofrimento, mas você
U
L se acostumou a ele também. E o que importa se você
A morrer algumas horas antes do que morreria sem fu-
mar? O que você vai fazer aqui? O que você fez? Então,
0
5 qual a importância em morrer na segunda, na terça ou
no domingo, neste ou naquele ano - que importa?”

Ele disse: “Sim, isso é verdade; não importa”.


Então eu disse: “Esqueça tudo sobre parar de fumar;
não vamos parar absolutamente. Ou melhor, vamos
compreender isso. Assim, da próxima vez, faça do fu-

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mar uma meditação”.


Ele disse: “Do fumar uma meditação?”

Eu disse: “Sim. Se as pessoas zen podem fazer do be-


ber chá uma meditação, uma cerimônia, por que não
com o cigarro? Fumar também pode ser uma bela me-
ditação”.

Ele ficou impressionado e disse: “O que você está


dizendo? Meditação? Conte-me - nem posso espe-
rar!”

Então dei a meditação para ele: “Faça uma coisa.


Quando pegar o maço de cigarros do seu bolso, pegue-
-o bem lentamente. Curta, não há pressa. Fique cons-
ciente, alerta, atento; pegue lentamente com atenção

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E total. Então, tire um cigarro do maço com toda a aten-


B ção, lentamente, não da velha maneira apressada, in-
O
consciente, mecânica. Depois, comece a bater o cigarro
O
K no maço, atentamente. Escute o som, como fazem as
pessoas zen quando o samovar começa a cantar e o
A
chá começa a ferver... e o aroma... Então cheire o cigar-
U
L ro e sinta sua beleza...”
A
O homem disse: “O que você está dizendo? A bele-
0
5 za?”

“Sim, ele é belo. O tabaco é tão divino quanto qualquer


outra coisa. Cheire-o; é o cheiro de Deus”.

O homem ficou um pouco surpreso: “O quê? Você


está brincando?”

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“Não, não estou brincando. Mesmo quando brinco, não


brinco. Sou muito sério.”

Então, ponha o cigarro na boca, com toda a atenção, e


acenda-o. Curta cada ato, cada pequeno ato, e divida-o
em muitos pequenos atos para que você possa tornar-
-se o mais alerta possível.
Dê a primeira tragada: Deus em forma de fumaça. Os
hindus dizem, “Annam Brahm” - “Comida é Deus”. Por
que não a fumaça? Tudo é Deus. Encha profundamente
seus pulmões - isto é pranayam. Estou lhe dando uma
nova ioga para um novo tempo! Depois, solte a fumaça,
relaxe; dê outra tragada - e faça tudo bem devagar ...
Se você puder fazer isso, ficará surpreso; logo verá toda
a estupidez disso. Não porque os outros estão lhe di-
zendo que é estúpido, que é ruim. Você o verá; e não

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E apenas intelectualmente, mas a partir de seu ser total;


B será uma visão da sua totalidade. E então, um dia, se
O
O o vício desaparecer, desapareceu; se continuar, conti-
K nuou. Você não tem que se preocupar com isso.”
Depois de três meses, o homem voltou e disse: “Ele
A
U desapareceu!”
L
A
“Agora, eu disse, tente isso com outras coisas também”.
0 Este é o segredo, o segredo: desautomatizar. Andando,
5 ande devagar, atentamente. Olhando, olhe cuidadosa-
mente e você verá que as árvores estão mais verdes do
que nunca e as rosas estão mais rosas do que nunca.
Escute! Alguém está falando, sussurrando: ouça atenta-
mente. Quando você falar, fale atentamente. Deixe que
toda a sua atividade de despertar torne-se desautoma-
tizada.

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CAPÍTULO 4

ORIGEM
INDÍGENA
POR ALEXANDRE CUMINO
AULA 05 - O QUE NÃO É UMBANDA

E De sua raiz indígena a Umbanda recebe o amor à na-


B tureza e a influência do xamanismo caboclo e pajelan-
O
ça, bem como o uso do fumo, que é considerado erva
O
K sagrada para os índios. Um culto irmão da Umbanda,
o Catimbó, Jurema ou Linha dos Mestres da Jurema,
A
também realiza trabalhos com entidades espirituais de
U
L forma muito parecida com esta, sob influência direta do
A Toré, que é uma prática essencialmente indígena. A Um-
banda e o Catimbó trabalham com algumas entidades
0
5 em comum como, por exemplo, Caboclo Tupinambá na
Umbanda e Mestre Tupinambá no Catimbó, Caboclo
Tupã e Mestre Tupã, Caboclo Gira-mundo e Mestre Gira
Mundo, Pai Joaquim e Mestre Joaquim, e o tão conheci-
do Mestre Zé Pelintra, juremeiro muito presente na Um-
banda. Alguns chegam a dizer que a Jurema é “Mãe
da Umbanda”, de tanto que teria colaborado com esta.

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O Toré e a Jurema são vivos ainda hoje nas tribos Kari-


ri – Chocó, considerados os guardiões da Jurema. Em
conversa com um amigo desta tribo, o índio Tkainã, o
mesmo me esclareceu que Aruanda é a Terra da Luz
para sua cultura, falada na língua Macrogeu, “coinciden-
temente”, Aruanda é o Céu, correspondente ao Mundo
Astral, para os Umbandistas. Muitas vezes na Umbanda
se usa o termo Jurema para identificar um local do mun-
do espiritual de onde provêm os caboclos.

O uso de chás, banhos de ervas e defumações é algo


em comum para indígenas, africanos e europeus. Em
muitas Tendas de Umbanda se vê o uso do Maracá
(chocalho indígena) e outros elementos como penachos
e cocares, usados pelas entidades incorporadas, que
dá todo um ar indígena para Umbanda.

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E A primeira manifestação de Umbanda que se tem notí-


B cia é do Caboclo das Sete Encruzilhadas, que justifica
O
chamar-se “caboclo” por ter sido índio em uma encar-
O
K nação aqui no Brasil, esclarece ainda que em outra en-
carnação foi o Frei Católico Gabriel Malagrida, queimado
A
na Santa Inquisição.
U
L
A São os Caboclos os verdadeiros mentores da Um-
banda, se apresentando como linha de frente e de co-
0
5 mando dentro da religião, sendo na maioria das vezes
quem responde pela “chefia” e responsabilidade do que
é realizado dentro de uma Tenda de Umbanda.

Dessa forma, vamos percebendo que existe uma cultura


indígena forte dentro da Umbanda, na qual destacamos
três pontos que se ressaltam nessa raiz:

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AULA 05 - O QUE NÃO É UMBANDA

1. O Xamanismo é a prática realizada por aborígines do


mundo inteiro, como siberianos, australianos, indianos,
africanos ou índios das três Américas. Consiste no uso
de poderes psíquicos para, em estado alterado de cons-
ciência, encontrar respostas, realizar curas ou profecias.

Muitas vezes para entrar nesse estado, de transe, usam


a ingestão de bebida ou fumo que lhes propicie ampliar
sua consciência, sair do corpo em busca de respos-
tas ou receber, incorporar, a presença de um animal de
poder ou energia poderosa, para auxiliar sua tribo. Aqui
no Brasil os Pajés são considerados xamãs, e a paje-
lança um xamanismo; da mesma forma, os rituais onde
está presente a bebida de poder também é visto como
prática xamânica. Podemos lembrar aqui do Santo Dai-
me, Ayuaska, Peiote, Jurema e até a Canabis Sativa

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E (Maconha) sagrada para a religião Rastafari, da Jamaica,


B onde tal erva é fumada apenas em ritual, e não é com-
O
O partilhada para não adeptos.
K

A 2. O Toré, que é ainda praticado no Brasil pela tribo


U dos Kariri-xocó, consiste de uma dança realizada com
L
a infusão da bebida feita à base de Jurema, que pode
A
ser mais ou menos enteógena (alucinógena para os psi-
0 cólogos e leigos), palavra que significa “Encontro com
5
Deus”. Os índios reverenciam uma divindade como um
gênio que é o Espírito da Jurema, diferente de Cabocla
Jurema. Da árvore de Jurema os índios usam as folhas,
sementes e o tronco, para fazerem bebidas, maracás
(chocalho) e cachimbos, onde o fumo também é mistu-
rado com folhas de jurema.

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3. O Catimbó ou Linha da Jurema é muito praticado


no Nordeste, principalmente Pernambuco, consiste em
um culto que combina as tradições do Toré com a Ma-
gia Europeia, onde a presença afro se percebe menos.
A palavra Catimbó pode ser derivada ou deturpada de
Caximbo, não se sabe ao certo sua origem, no entanto,
tornou-se sinônimo de Magia de uma forma pejorativa,
às vezes confundida com Magia Negra, o mesmo caso
do que aconteceu com a palavra Macumba. Por isso,
muitos “catimbozeiros” preferem ser chamados de “Ju-
remeiros” ou simplesmente de Mestre, que é como se
identificam os espíritos guias e também os dirigentes do
culto.

Seu ritual lembra um pouco a Umbanda, no entanto


cada médium costuma trabalhar apenas com um ou

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E dois Mestres Espirituais, que pode ser índio, preto-ve-


B lho, baiano, marinheiro e outros. Todo o trabalho é feito
O
com o uso da Marca (Caximbo) por parte dos espíritos,
O
K e sempre com o uso da bebida de Jurema, antes e du-
rante as incorporações. Para fazer parte desse culto, o
A
neófito passa por uma iniciação chamada “Tombo da
U
L Jurema” onde sob um preparo especial de bebida de
A jurema esse médium sai em espírito e vai encontrar seus
mestres no astral, onde em espírito vão aprender sobre
0
5 a arte da Jurema. Muitas entidades da Jurema vêm na
Umbanda e vice versa, o mestre de Jurema mais conhe-
cido por aqui é “Seu Zé Pelintra”, que por sua origem
externa à Umbanda vem em qualquer linha, caboclo,
preto-velho, baiano ou exu.

• Luiz da Câmara Cascudo, que foi o maior folclorista

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brasileiro, publicou em 1951 o título Meleagro, que é um


estudo de mais de 20 anos sobre o Catimbó, ainda hoje
é a obra mais completa sobre o assunto, na segunda
edição da obra ele apresenta comentários interessantes
para este nosso estudo:

Creio que antes de 1928 estaria eu dando campo ao Ca-


timbó em Natal, contagiado pelas reportagens de João
do Rio às religiões suplementares na Capital Federal. Em
1928, dezembro, Mário de Andrade (1893-1945), meu
hóspede, “fechou o corpo” com um Mestre frequentador
de nossa chácara. Pagou vinte mil réis e narrou a proeza
em crônica que não consegui reconquistar. Denunciaria
a técnica catimbozeira natalense há 49 anos, fase das
anciãs perquiridoras. Terminado em dezembro de 1949,
a Editora AGIR publicou em 1951 MELEAGRO, nome

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E pedante para justificar feitiço da Grécia em mão africa-


B na. Não se falava ainda em Umbanda, mesmo na cidade
O
O de Salvador onde fui garboso “calouro” de medicina em
K 1918, residindo na Baixa do Sapateiro. Édison Carneiro,

A baiano investigador devoto, não registra o vocábulo no


U Candomblé da Bahia, 1948 e em A Linguagem Popular
L
A da Bahia, 1951. Redigiu o verbete “Umbanda” para o
meu Dicionário do Folclore Brasileiro. Depois de 1960 é
0
5 que a Umbanda abordou Natal [...]

Neste MELEAGRO verifica-se minha familiaridade com


os “Mestres”. Dizê-los “Catimbozeiros” era agressão.
Reinava o amável sincretismo acolhedor entre os “Mes-
tres do Além”, africanos, indígenas e mestiços nacionais
[...]

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No Dicionário do Folclore Brasileiro, 1954, Câmara Cas-


cudo nos apresenta a definição do verbete Catimbó, da
onde retiro os fragmentos abaixo, que é a parte do texto
que nos interessa aqui:

Feitiço, coisa-feita, bruxedo, muamba, canjerê e tam-


bém o conjunto de regras e cerimônias a que se obe-
dece durante a feitura do encanto. Reunião de pessoas,
presidida pelo “mestre”, procedendo à prática do catim-
bó [...]

“Catimbó quer dizer cachimbo, usado pelo mestre. O


catimbó não é religião. Não tem ritos maiores, como o
candomblé baiano, o xangô pernambucano, sergipano
ou alagoano, ou a macumba carioca. Com breve litur-
gia, o mestre defuma os assistentes com o fumo de seu
cachimbo e recebe o espírito de um mestre defunto,

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E Mestre Carlos, Xaramundi, Pinavaruçu, Faustina, Ana-


B bar, indígenas, negros feiticeiros, como Pai Joaquim,
O
bons e maus. Todos acostam, receitam e aconselham.
O
K Cada um deles é precedido pelo canto da linha, melodia
privativa que anuncia a vinda do Mestre ou da Mestra.
A Não há indumentária especial, escolas de filhas de san-
U
to, comidas votivas, decoração, bailado, instrumentos
L
A musicais. O mestre é o curandeiro, o bruxo. Há, natural-
mente, a presença de elementos negros e ameríndios,
0 nomes de tuxauas e de orixás, rezas católicas, num sin-
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cretismo inevitável e lógico. O catimbó é prestigioso nos
arredores das grandes cidades, consultório infalível para
pobres e ricos, embora sem a espetaculosidade sonora
do candomblé, da macumba e dos xangôs nordestinos.
Na Pajelança amazônica intervêm animais conselheiros,
mutuns, boiúnas, cavalos-marinhos, cobras, jacarés, ao
lado de mestres e mestras. O catimbó aproxima-se ve-

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AULA 05 - O QUE NÃO É UMBANDA

lozmente do baixo-espiritismo, perdendo a ciência dos


remédios vegetais e a técnica de São Cipriano e da Bruxa
de Évora. Representa, como nenhuma outra entidade, o
elemento da bruxaria europeia, da magia branca, clás-
sica, vinda da Europa, herdeira dos bruxos que o Santo
Ofício queimou e sacudiu as cinzas no mar. O mestre é
uma sobrevivência do feiticeiro europeu, e não um cole-
ga do babalorixá, babalawô ou pai-de-terreiro banto ou
sudanês. Catimbó não é sinônimo de Candomblé, ma-
cumba, xangô, grupo de Umbanda, casa de mina, tam-
bor de crioulo, etc. É uma presença da velha feitiçaria
deturpada, diluída, misturada, bastarda, mas reconhe-
cível e perfeitamente identificável. Foi motivo de quase
vinte anos de observação pessoal para o Meleagro, ed.
Agir, Rio de Janeiro, 1951 [...]1”
Texto do Livro História da Umbanda, de Alexandre Cumino,

Editora Madras.

1 CASCUDO, Luis da Câmara. Dicionário do Folclore Brasileiro,


Belo Horizonte: Ed. Itatiaia, 1984, 5a Ed., p. 206.

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