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Na próxima semana irá acontecer um evento de exposição de obras de artes para o qual fui convidado

há algum tempo. O tema será livre, desde pinturas abstratas até mesmo auto retratos serão bem-
vindos, porém eu quis fazer algo diferente, pensei em alguma tela que causasse alguma repercussão e,
quem sabe, mudasse algo nesse mundo.

Alguns meses atrás viajei para o sertão nordestino para passar alguns dias com um tio meu e me
assustei muito com as pessoas que vi lá. Todos os dias passavam andarilhos, sozinhos ou em família,
sedentos, famintos, sem nem lugar onde caírem mortos. E aquilo me tocou.

Fiquei impressionado com a condição de vida daquelas pessoas. Não consegui me colocar no lugar
deles. Conversei com alguns e descobri que eles vagavam daquela maneira por meses, até encontrarem
algum fazendeiro que lhes dessem o mínimo para sobreviverem até que ele se cansasse e os mandasse
irem embora, como animais.

Não consegui entender como aguentavam tantos dias sem comer, cheguei a pensar que eram mutantes,
deviam filtrar o ar para conseguir alimento, ou talvez fizessem fotossíntese, absorvessem água do ar,
porque aquela vida oferecia muito menos que o mínimo.

Porém minha concepção mudou certo dia, quando percebi que eles eram mesmo humanos, eles
realmente necessitavam de água e alimentos. Eu vi o momento em que uma família perdeu um de seus
integrantes, e, com o pouco de energia que tinham, a enterraram.

Aquela cena ficou gravada em minha mente, e então, ao receber o convite para a exposição de arte,
decidi que faria da vida do andarilhos do sertão o tema de minha obra. Espero agora, que eu consiga
chamar a atenção do povo e do governo para o que acontece por trás da cortina de praias exuberantes
do nordeste.

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