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Ano 2017
Fasa
1ª Edição
Recife
2017
Série Encontro das Águas, n. 9
Patrocínio
Apoio
ISBN 978.857.084.332-6
CDU 628.16
IMPRESSO NO BRASIL DIREITOS RESERVADOS AOS AUTORES PRINTED IN BRAZIL
9º Encontro Internacional das Águas
SUMÁRIO
ORAL - 17, 18 E 19 DE MAIO
ESTUDO DAS CHUVAS INTENSAS PELO MÉTODO DAS ISOZONAS PARA A BA-
CIA HIDROGRÁFICA DO RIO GRAMAME, NO ESTADO DA PARAÍBA................894
VAZÕES DE ENCHENTES.........................................................................................................1162
PALESTRA
MINICURSO
ORAL
17,18 e 19 de maio
9º Encontro Internacional das Águas
Gabriela Virgínia Ramos da Silva¹, Geraldo José Felipe Falcão², Elaine Malosso³
RESUMO
A água é um recurso essencial para a vida na terra. Os rios, lagos e reservatórios de onde as
populações humanas retiram o que consomem correspondem a 0,26 % da água doce do planeta.
Este estudo teve como objetivo a avaliação de três variáveis limnológicas: temperatura, pH e
condutividade elétrica (CE) da água de dois corpos hídricos, córrego na Mata da Chuva e Lagoa
da Mata, em Pernambuco. Nestas áreas foram estabelecidos 6 pontos para coleta de água e
foram realizadas 3 coletas em cada área.. No córrego da Mata da Chuva não houve variação
significativa entre os 6 pontos nas coletas realizadas, variando, em média, de 20,3 a 21 ºC. Na
lagoa da Mata a variação também não foi significativa, variando, em média, de 29,6 a 30 ºC. As
médias do pH nos pontos do córrego da Mata da Chuva variaram significativamente. No
entanto, o pH nos pontos de coleta da Lagoa da Mata, assim como a CE entre os pontos de
coleta em ambas as áreas não apresentou diferença significativa. De maneira geral, houve pouca
variação entre os pontos para as três variáveis, mas houve diferenças entre os corpos hídricos.
Palavras-chave: Água; Temperatura; Condutividade Elétrica; pH.
INTRODUÇÃO
Segundo Castro (2012), as matas ciliares são importantes por apresentarem um conjunto
de funções ecológicas que são fundamentais para a conservação da diversidade de
animais e plantas nativas terrestres e aquáticas. Além disso, ainda influenciam na
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A temperatura das águas superficiais são influenciadas pela latitude, altitude, estação do
ano, circulação do ar, cobertura de nuvens, vazão e profundidade do corpo hídrica
(PERBECON et al., 2005).
Neste contexto, este artigo tem como objetivo a avaliação das seguintes variáveis
limnológicas: temperatura, pH e condutividade elétrica em dois corpos hídricos de
Pernambuco considerados áreas de preservação ambiental, mas com características
ambientais distintas.
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9º Encontro Internacional das Águas
MATERIAL E MÉTODOS
Área de estudo
A lagoa da Mata (7º 46’ 36. 04’’S e 34º 51’ 52. 73’’O), localizada na Ilha de Itamaracá,
região metropolitana do Recife, compreende uma área total de 43.842,98 m², e está
inserida em uma Unidade de Conservação de Proteção Integral Estadual – Refúgio da
Vida Silvestre (RVS) Mata de Amparo, que integra a Unidade de Conservação de Uso
Sustentável Estadual – Área da Proteção Ambiental (APA) de Santa Cruz (FADURPE,
2010). A lagoa embora integre uma APA sofre bastante com ação antrópica, pois o local
é bastante frequentado por moradores e turistas que visitam a Ilha.
A Mata da Chuva (08º 32' 20"S e 35º 43' 22"W) trata-se de uma região conhecida como
Serra dos Macacos, no município de Bonito. Localiza-se na microrregião do brejo
pernambucano e possui uma área de aproximadamente 174,42 ha e uma altitude de
750m. Em 2011, por meio da lei municipal n. 936/2011, foi criada a Reserva Biológica
Municipal Mata da Chuva (REBIOmu). No interior da Mata, localiza-se uma das
nascentes do Rio Bonito, que forma um córrego de aproximadamente dois metros de
largura que se estende pela Mata. A Mata atlântica que circunda o córrego é bastante
fechada e com pouca ação antrópica, recebendo apenas visita de pesquisadores na área.
Coleta da água
Nas áreas de coleta foram estabelecidos 6 pontos para coleta da água, e foram realizadas
3 coletas nos meses de Agosto/2016, Novembro/2016 e Janeiro/2017 em cada área.
Com um termômetro de vidro com coluna de mercúrio, deixado em contato com a água
por 2-3 minutos, a temperatura da água em cada ponto durante a coleta foi aferida e
registrada.
Amostras da água foram coletadas em garrafas plásticas de 500 ml, previamente
higienizadas, e conduzidas ao laboratório para aferição do pH e da condutividade
elétrica, em alíquotas de 30 ml, utilizando pHmetro de bancada QUIMIS® e
condutivímetro de bancada QUIMIS®. Tais análises foram realizadas no mesmo dia da
coleta.
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
No córrego da Mata da Chuva (Bonito-PE) não houve significativa variação entre os 6
pontos nas coletas realizadas, variando, em média, de 20,33 a 21 ºC (Tabela 1). Na
lagoa da Mata (Ilha de Itamaracá-PE) a variação também não foi significativa, variando,
em média, de 29,66 a 30,00 ºC (Tabela 02).
Com os resultados obtidos também se pôde observar que nos pontos da Lagoa da Mata
as temperaturas estavam mais elevadas, diferente dos pontos do córrego da Mata da
Chuva que apresentaram temperaturas mais amenas. Esses resultados podem estar
relacionados com a exposição solar devido a pouca vegetação no entorno da Lagoa,
diferente do córrego que é totalmente recoberto pela mata ciliar.
Tais resultados coincidem com o trabalho realizado por Percebon et al. (2005)
que ao analisar as temperaturas dos rios Garcia, Fortaleza, Itoupava, da Velha, Itajaí-
Açú e do Testo pôde concluir que nos rios Fortaleza e Itoupava com áreas descobertas,
ou seja, com pouca mata ciliar apresentaram águas mais aquecidas. Diferente das
nascentes dos rios Garcia e da Velha que apresentavam cobertura vegetal e com isso
águas mais frescas. Desse modo, constatou-se a importância da cobertura vegetal e da
vegetação ribeirinha no controle temperaturas das águas superficiais.
As médias do pH nos pontos de coleta do córrego da Mata da Chuva variou
significativamente (Tabela 1). Nos pontos de coleta da Lagoa da Mata não houve
variação significativa do pH (Tabela 2).
Pôde-se observar após análises, que o pH do córrego da Mata da Chuva, em todos os
pontos manteve-se com um grau acidez, enquanto que na Lagoa da Mata alguns pontos
se aproximaram mais da neutralidade.
Lopes e Junior (2010), após realizar estudos na bacia do Ribeirão de Carrancas
observaram o pH com variação entre 4,5 e 6,5 e concluiu que a acidez verificada pode
ser decorrente da presença de ácidos fúlvicos e húmicos oriundos da degradação da
matéria orgânica presente nas águas. Condições encontradas em todos os pontos da
Mata da Chuva.
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A condutividade elétrica (CE) entre os pontos do córrego da Mata da Chuva não variou
significativamente (Tabela 01). E nos pontos da Lagoa da Mata a variação também não
foi significativa, variando, em média, de 98,30 a 100,20 μS/cm (Tabela 2).
Segundo Esteves (1998), A condutividade elétrica é a capacidade de uma solução de
conduzir corrente elétrica, e tal fato é função da concentração de íons presentes. Com
isso, é de se esperar que soluções que apresentam maior concentração iônica, maior será
a condutividade elétrica. Em contrapartida, águas muito puras ocorre o inverso: maior
será a resistência e menor a condutividade. Tais afirmações coincidem com o resultado
encontrado no presente estudo, onde, o córrego da Mata da Chuva, que apresenta água
pura e com pouca ação antrópica apresentou baixa condutividade elétrica, diferente da
Lagoa da Mata que apresentou maior CE e possui atividade antrópica.
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CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
BACCI, D.L.; PATACA, E.M. Educação para a água. Estudos avançados v.22, n.63,
2008.
CASTRO, D. Práticas para restauração da mata ciliar. / organizado por Dilton de
Castro; Ricardo Silva Pereira Mello e Gabriel Collares Poester. -- Porto Alegre : Catarse
– Coletivo de Comunicação. 60 p., 2012.
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¹Mestrado em Engenharia Ambiental- Bolsista FACEPE, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Rua Dom Manoel de
Medeiros, S/N, Dois Irmãos- Cep: 52171-900- recife/pe. Email: anapaula.gondra@gmail.com
²Mestrado em Engenharia Ambiental- Bolsista FACEPE, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Rua Dom Manoel de
Medeiros, S/N, Dois Irmãos- Cep: 52171-900- recife/pe.
³Professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Rua Dom Manoel de Medeiros, S/N, Dois Irmãos- Cep: 52171-900-
recife/pe.
RESUMO
O crescente desenvolvimento e urbanização aumenta a exploração dos cursos d’água e,
consequentemente, aumenta a degradação e a poluição dos rios urbanos. A água, por sua vez,
desempenha papel fundamental na manutenção da vida, atividade agrícola e conservação da
diversidade biológica. Neste contexto, é imprescindível o estudo da qualidade ambiental das
águas, principalmente nos grandes centros urbanos onde é feita a captação para consumo,
atividade industrial e produção animal. O presente trabalho teve como objetivo analisar a água
de cinco rios que cortam o município de Igarassu, Pernambuco, através da avaliação pelo Índice
de Qualidade da Água (IQA), Índice de Estado Trófico (IET), além da descrição de sua
qualidade, ecotoxicidade e risco de salinidade. Os dados foram coletados por meio da
Companhia Pernambucana de Recursos Hídricos (CPRH) em base de dados disponível
eletronicamente, as coletas foram realizadas em setembro de 2016 em pontos do rio no
município de Igarassu. Constatou-se que os rios estudados não estão tóxicos e possuem baixo
risco de salinidade. Por outro lado, a qualidade dos rios Pitanga, Utinga e Tabatinga se
encontram moderadamente comprometida, e os rios Igarassu e Conga estão poluídos. O IQA
dos rios é considerado bom, enquanto o IET no rio Igarassu está em mesotrófico.
Palavras-chave: Poluição; Recurso hídrico; Degradação; Meio-ambiente.
INTRODUÇÃO
Os ecossistemas aquáticos vêm ao longo de décadas perdendo a qualidade efeitos do
crescimento desordenados. Essa situação é mais visível, principalmente, nos centros
urbanos onde os cursos de água recebem uma grande quantidade de esgoto doméstico e
industrial, como também sedimentos e resíduos sólidos urbanos (FIA et al., 2015).
No Brasil, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), órgão ligado ao
Ministério do Meio Ambiente, é o responsável pela classificação dos corpos hídricos e
diretrizes ambientais para seu enquadramento, além de estabelecer as condições e
padrões de lançamentos de efluentes (SAAD et al., 2007).
A Política Nacional do Meio Ambiente, n. 6.938 de 31 de agosto de 1981, estabelece
em seu Art. 3°, inciso III, o que significa à poluição (BRASIL, 1981).
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MATERIAL E MÉTODOS
Área de Estudo
Este trabalho se deteve ao município de Igarassu, localizado na região metropolitana do
Recife no estado de Pernambuco (Figura 1).
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Botafogo, Itapicuru, Tabatinga, das Pacas, Paripe, Conga, Bonança (conhecido como
Rio Pitanga), Utinga, Monjope e Maniquara, além dos riachos Jardim, Sto. Antônio, do
Acio, do Paulo, Arrombado e o Arroio Desterro, todos de regime perene
(PREFEITURA DE IGARASSU, 2016).
Levantamento de Dados
O trabalho foi elaborado com base em dados levantados nos arquivos da Agência
Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (CPRH). Inicialmente, foram
selecionados fatores que incidem na qualidade da água no último ano de monitoramento
dos rios Pitanga, Utinga, Igarassu, Conga e Tabatinga situados no município de
Igarassu, Pernambuco. A escolha dessa localidade foi devido ao quantitativo de rios
monitorados pela agência no município e por se localizarem em áreas urbanas. Os dados
foram obtidos pela CPRH durante o mês de setembro em 2016 que estão disponíveis no
bando de dados do site da agência.
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na aplicação do IQA, os rios Pitanga, Utinga, Igarassu, Conga e Tabatinga
apresentaram valores 66, 67, 60, 56 e 63, respectivamente, sendo considerados de
qualidade boa. Por outro lado, observou-se elevados valores de IET, chegando a ser
mesotrófico no rio Igarassu (59). Um estudo realizado por Leão et al. (2008) já
detectava problemas na contaminação orgânica e eutrofização ao longo do estuário do
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9º Encontro Internacional das Águas
rio Igarassu. No relatório da qualidade ambiental, em 2013, revelou que o rio Igarassu
foi caracterizado como de alta ação antrópica (CPRH, 2013). Os rios Pitanga e
Tabatinga são considerados oligotróficos com valor de 49, e Utinga e Conga
apresentaram valor igual a 45, considerados ultraoligotróficos (Figura 3).
Figura 3 - Índices de qualidade da água dos rios urbanos Pitanga, Utinga, Igarassu,
Conga e Tabatinga, município de Igarassu, Pernambuco
80 66 67
60 59 63
56
60 49 49
45 45
40 IQA
20 IET
0
Rio Pitanga Rio Utinga Rio Igarassu Rio Conga Rio
Tabatinga
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O que pode observar que as condições ambientais desse rio vêm sendo critica há alguns
anos e que propostas para melhorar essa situação não foram colocadas em práticas o que
condena a dinâmica do rio e suas relações com ambiente.
Santos et al. (2000), afirmam que o município de Igarassu se trata de uma zona de alta
vulnerabilidade e risco de poluição muito elevado, pois em parte desta zona encontram-
se instaladas várias atividades potencialmente poluidoras (indústrias, lixões, postos de
combustíveis e cemitérios).
Tabela 1 - Controle da qualidade ambiental de água dos rios urbanos Pitanga, Utinga,
Igarassu, Conga e Tabatinga, município de Igarassu, Pernambuco
Qualidade Ecotoxicidade Risco Salinidade
Rio Pitanga Moderadamente Comprometida Não Tóxica Baixo
Rio Utinga Moderadamente Comprometida Não Tóxica Baixo
Rio Igarassu Poluída Não Tóxica Baixo
Rio Conga Poluída Não Tóxica Baixo
Rio Tabatinga Moderadamente Comprometida Não Tóxica Baixo
O rio Igarassu, segundo Leão et al. (2008), tem grande pressão antrópica quando cruza o
perímetro urbano, recebendo lançamento de resíduos de industrias do ramo têxtil,
metalúrgica, alimentícia, química, sucroalcooleira, de bebidas e de essências e de
origem doméstica, principalmente.
Corroborando com o presente trabalho, König et al. (2008) destacam em seu estudo
realizado na Bacia Hidrográfica do Rio Tigre que esta estando exposta às atividades
urbanas e aos poluentes advindos da cidade, apresenta altas concentrações de nutrientes,
o que afeta na riqueza da biodiversidade aquática. O mesmo é encontrado por Toledo e
Nicolella (2002) na microbacia do Ribeirão Jardim, esta possui influência urbana e com
o acréscimo de efluente sem tratamento dos dejetos e deságua, o que proporciona o
enriquecimento do rio com nutrientes e sais que reforçam as relações entre as variáveis
Oxigênio Dissolvido (OD), Fósforo Total (PTOT) e Nitrogênio Amoniacal (NH4),
gerando um IQA médio e, em contrapartida, confirma a alteração da qualidade da água.
Em estudos realizados pelo IBAMA (2009) relatou denuncia que o rio Igarassu tem, ao
longo do tempo, recebido despejos domésticos e industriais que causam impactos
ambientais e poluição. E como exemplo dessas fontes de poluição, citamos a destilaria
de álcool da Usina São José e a Companhia Agroindustrial de Igarassu que, àquela
época, já lançavam cloro e mercúrio no Rio Botafogo.
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9º Encontro Internacional das Águas
Mesmo com muitos estudos discriminando que o rio Igarassu possui condições
ambientais ruins, mas seus afluentes ainda possuem a qualidade ambiental considerada
moderada. Isso demostra que ainda há tempo para colocar em pratica tecnologias
adequada para a preservação desses rios. Assim como foi recomendado no estudo de
Araújo e Oliveira (2013) no riacho do Cavouco, um afluente do rio Capibaribe a fim de
controlar a poluição.
Nesta pesquisa, pelos rios estudados serem urbanos, evidencia que a qualidade da água
pode ser influenciada negativamente pelo lançamento de esgotos domésticos, resíduos
sólidos e rejeitos de indústrias. Esses aspectos discutidos são semelhantes aos apontados
por Zanini et al. (2010), que analisaram os índices de qualidade da água e de estado
trófico. Estes verificaram que a qualidade da água microbacia do córrego Rico é
influenciada pelas atividades agropecuárias e aos resíduos gerados pela população
urbana, que é representado pelas fontes pontuais e difusas de poluição. O mesmo é
relatado por Piasentin et al. (2009) ao analisar a relação entre a qualidade da água e o
uso e ocupação do solo do reservatório Tanque Grande, Guarulhos (SP)
CONCLUSÃO
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REFERÊNCIAS
APAC. Agência Pernambucana de águas e clima. Bacias Hidrográficas. Disponível
em: <http://www.apac.pe.gov.br/>. Acesso em: 28 fev. 2017.
BRASIL. LEI n. 6.938, que Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus
fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Diário Oficial
da União, Brasília, em 31 de agosto de 1981.
BRASIL. LEI n. 9.433, que institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX
do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de
1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989. Diário Oficial da
União, Brasília, 8 de janeiro de 1997.
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FIA, R.; TADEU, H. C.; MENEZES, J. P. C.; FIA, F. R. L.; OLIVEIRA, L. F. C..
Qualidade da água de um ecossistema lótico urbano. RBRH - Revista Brasileira de
Recursos Hídricos (online), v. 20, n. 1, Porto Alegre, jan./mar, 2015, p. 267 – 275.
KÖNIG, R.; SUZIN, C. R. H.; RESTELLO, R. M.; HEPP, L. U. Qualidade das águas
de riachos da região norte do Rio Grande do Sul (Brasil) através de variáveis físicas,
químicas e biológicas. Pan-American Journal of Aquatic Scienses, v. 3, n. 1, p. 84-
93, 2008.
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Rafaela Felix Basílio Guimarães2 *, Viviane Farias Silva3, Aline Costa Ferreira4,
Daniele Ferreira de Melo2, Josinaldo Xavier de Medeiros5
1
Trabalho retirado de parte da Tese de Josinaldo Xavier de Medeiros
2
Mestranda em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Campina Grande; e-mail: *rafaellafelix_@hotmail.com (autor
correspondente); danimelo.ufcg@hotmail.com;
3
Doutoranda em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Campina Grande e-mail: flordeformosur@hotmail.com;
4
Professora da Universidade Federal de Campina Grande/Campus Pombal; e-mail: alinecfx@yahoo.com.br;
5
Pesquisador; e-mail:josinaldoxm@bol.com.br
RESUMO
Na agricultura irrigada a qualidade da água é essencial para aplicar o manejo adequado, tanto
para o sistema de irrigação como para a planta e o solo, evitando perdas e danos ambientais.
Desse modo, a presente pesquisa foi realizada objetivando-se analisar as águas dos corpos
hídricos pertencentes ao município de Amparo/PB para a agricultura irrigada. Foram coletadas
11 amostras de água de fontes naturais e encaminhada para o laboratório de irrigação e
salinidade da Universidade Federal de Campina Grande, foram caracterizadas físico-
quimicamente, determinando-se a condutividade elétrica, pH, cálcio, magnésio, sódio; potássio,
carbonato, bicarbonato, cloreto e sulfato. A relação de adsorção de sódio (RAS) foi determinada
a partir dos resultados obtidos de cálcio, magnésio e sódio A classificação foi baseada no
Comitê dos Consultores da Universidade da Califórnia/UCCC (1974) e conforme Ayers e
Westcot (1999). Das 11 amostras de água coletadas, 6 é considerada sem nenhuma restrição e 5
amostras com restrição de ligeira a moderada, com maior condutividade de 2,68 dS/m e SDT de
1715,20 mg/L. A partir dos dados obtidos é recomendado verificar a sensibilidade da cultura a
ser irrigada e medidas de precauções para não ocorrer salinização nem sodificação do solo.
Palavras-chave: Salinidade; Restrição de uso; Qualidade da água.
INTRODUÇÃO
A água é um recurso natural renovável bastante importante para a manutenção da vida
na Terra e seu processo cíclico de renovação está comprometido pela poluição e
degradação ambiental. Nora e Garcia Netto (2012) afirmam que a água é um dos
recursos essenciais em relação a sua relevância e qualidade e precisa que seja
conservada e preservada, decorrente a diminuição das reservas hídricas de água doce ou
que suas qualidades para consumo estejam comprometidas.
Na região semiárida os recursos hídricos são limitantes, tanto em qualidade como
quantidade, restringindo sua utilização para diversos fins. Caracterizado pelas
precipitações irregulares e altas taxas de evapotranspiração as áreas semiáridas do
Nordeste, constituído por aproximadamente 196,7 milhões de brasileiros, considerado o
semiárido mais populoso do mundo (IBGE, 2010).
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MATERIAL E MÉTODOS
O município de Amparo está localizado na Microrregião do Cariri Oriental e na
Mesorregião Borborema do Estado da Paraíba (Figura 1), a 635 m de altitude, com área
de 122 km², constituindo 0,21 % do Estado, 0,008 % da região Nordeste e 0,001 % do
território brasileiro. O acesso é através das rodovias BR230, BR412, PB110 e PB249.
Está inserido nas Folhas SUDENE de Prata e Sumé (IBGE, 2006).
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- 7 .5 4
Latitude
- 7 .5 8
- 7 .6 2
- 3 7 .0 8 - 3 7 .0 4 -3 7
L o n g it u d e
RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com dados na Tabela 1 e conforme as diretrizes para a interpretação da
qualidade da água para a irrigação (AYRES; WESCOT, 1999), relacionadas com
infiltração da água no solo, os valores de RAS e CE encontrados em 3 fontes hídricas
(27 %) não apresentaram restrições para uso na agricultura. No entanto, cinco fontes
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maior a salinidade da água ficou abaixo de 1,5 dSm-1, constatando que pode utilizar
nessas áreas culturas diversas sem haver nenhum problema em relação à salinidade da
água.
-7 .5 4
Latitude
-7 .5 8
-7 .6 2
-3 7 .0 8 -3 7 .0 4 -3 7
L o n g itu d e
E S C A L A : 1 :9 7 .0 0 0
C o n d u t i v i d a d e E l é t r i c a d a Á g u a ( d S m - 1)
7
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CONCLUSÃO
1. As águas das fontes hídricas avaliadas podem ser aplicadas na irrigação com
alguma restrição para uso, contudo, na maioria dos casos, não comprometendo a
sua utilização, sendo necessário analisar a sensibilidade da cultura a ser utilizada
quanto ao nível de salinidade e sodicidade da água.
2. Deve haver manejo adequado do sistema de irrigação para não haver
entupimento e má distribuição da água nos gotejadores, podendo afetar o
suprimento de água para a planta influenciando diretamente em seu rendimento.
REFERÊNCIAS
AYERS, R.; WESTCOT, D. W. A qualidade da água na agricultura. Water Quality
for Agriculture. FAO. Tradução Gheyi. H. R.; Medeiros, JF de, UFPB.Campina
Grande- PB, 217p. 1999.
BARBOSA, J. E. L. Dinâmica do fitoplâncton e condicionantes limnológicos nas
escalas de tempo (nictemeral/sazonal) e de espaço (horizontal/vertical) no Açude
Taperoá II:trópico semiárido nordestino. 2002. 201 f. Tese (Doutorado em Ciências
Biológicas) -Universidade Federal da São Carlos, São Carlos, 2002.
BARBOSA, J. E. L.; MEDEIROS, E. S. F.; BRASIL, J.; CORDEIRO, R. S.; CRISPIM,
M. C. B.; GONZAGA-SILVA, G. H. Aquatic systems in semi-arid Brazil: limnology
and management Ecossistemas aquáticos do semi-árido brasileiro: aspectos
limnológicos e manejo. Acta Limnologica Brasiliensia, v. 24, n. 1, p. 103-118, 2012.
CIRILO, J. A. Políticas públicas de recursos hídricos para o semi-árido. Estudos
Avançados, v.22, n.63, p. 61 – 82, 2008.
DANTAS NETO, J.; BARRETO, J.F.; FARIAS, S.A.R.; CHAVES, L.H.G. Qualidade
das águas da sub-bacia do Rio Taperoá, para fins de irrigação. Revista de Biologia e
ciências da Terra, v.9, n.2, pp 138-144, 2009.
EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Centro Nacional e
Pesquisas de Solos. Manual de métodos de análise do solo. Rio de Janeiro. Serviço de
levantamento e conservação do solo: 230p. 2011.
IBGE. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Delimitação
de limites municipais. Base operacional, PB. Rio de Janeiro: Edição Revisada, 2006.
IBGE, INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Síntese dos
indicadores sócias 1999. Rio de Janeiro, 2010.
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RESUMO
A cidade do Recife desenvolveu-se as margens do estuário do rio Capibaribe e a proximidade de uma
metrópole a um ecossistema importante submete este ambiente a processos de degradação ambiental.
O descarte incorreto dos resíduos sólidos afeta os mais diversos ecossistemas presentes na região,
aonde o fluxo hidrodinâmico do estuário e a morfologia da vegetação ciliar conduzem o material a
uma armadilha natural. O acumulo destes resíduos está diretamente associado ao impacto ambiental e
à degradação do ecossistema manguezal, tão essencial na manutenção e conservação da
biodiversidade. Considerando a importância e a necessidade de mais estudos científicos sobre tal
cenário, este estudo avaliou as características dos resíduos sólidos com as diferentes áreas presentes no
baixo rio Capibaribe e a relação com as estruturas físicas que cercam a vegetação, visando gerar
subsídios para a tomada de medidas mitigadoras necessárias para diminuir a pressão antrópica.
Palavras-chave: Impacto ambiental; Resíduos sólidos; Rio Capibaribe.
INTRODUÇÃO
Os estuários em zona tropical possuem mata ciliar composta em grande parte por vegetação
tipo mangue (OLIVEIRA-FILHO, 1994), que desempenha função considerável na ecologia e
hidrologia de uma bacia hidrográfica, na manutenção da qualidade da água, estabilidade dos
solos, manutenção do microclima local e da biodiversidade (CAMERON; PITCHARD,
1963).
O dinamismo entre o continente e o oceano nesta área está relacionado com a massa de água
doce e as oscilações da maré compreendendo um processo de transporte que geram fluxos
(SCHAEFFER-NOVELLI, 2005). Este movimento hidrodinâmico quando associado a uma
malha densamente povoada, propicia uma condução de materiais sólidos residuais descartados
inadequadamente e que se acumulam na vegetação ciliar caracterizando um impacto
ambiental negativo para o ecossistema e para o rio.
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9º Encontro Internacional das Águas
O baixo curso do rio Capibaribe, localizado em Recife - PE, atravessa uma malha urbana de
alta densidade populacional, apresentando suas margens inseridas em um ambiente estuarino,
aonde o curso do rio e movimento das correntes propiciam a convergência de materiais
alóctones, como resíduos residencial/comercial quanto o hospitalar descartados de modo
inapropriado. Nesta área, o ecossistema manguezal presente é composto principalmente, de
vegetação do tipo arbórea, arbustiva e aquática que retém esse material alóctone, ficando o
represado e acumulado nas margens e pelas raízes do mangue, durante as variações da maré.
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 2004) define o lixo como, os restos das
atividades humanas, considerados pelos geradores como inúteis, indesejáveis ou descartáveis.
O termo anteparo segundo dicionário Aurélio define como resguardar, defender (FERREIRA,
2010) e sua estrutura física presente nas margens do manguezal ao longo da cidade do Recife
definiu um padrão de proteção contra o lixo.
MATERIAL E MÉTODOS
O rio Capibaribe nasce na Serra do Jacarará no município de Poção, e tem uma extensão de
253,5 km até a sua foz, compreendendo uma área de 7.716 km² (CPRH, 2010). Sua bacia está
totalmente inserida no estado de Pernambuco, entre as coordenadas 07°41’20” e 08°19’30” S,
e 34°51’00” O (BIONE et al., 2009).
O baixo curso do rio Capibaribe, localizado em Recife, está presente em uma malha urbana de
alta densidade populacional, apresentando suas margens inseridas em um ambiente estuarino,
aonde o curso do rio e movimento das correntes propiciam a convergência de materiais
alóctones, como resíduos residencial/comercial quanto o hospitalar descartados de modo
inapropriado. Nesta área, o ecossistema manguezal está presente ao longo de um trecho de 13
km a partir da foz, composto principalmente, de vegetação do tipo arbórea, arbustiva e
aquática que retém material alóctone, ficando represado e acumulado nas margens e raízes do
mangue, na região de franja, durante as variações da maré.
8
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Universidade Católica de Pernambuco
Figura 1 - Área de estudo e localização dos pontos de coleta no estuário do rio Capibaribe,
Recife PE
A área foi escolhida por apresentar três tipos diferentes de ocupações urbanas mais evidentes:
residencial, hospitalar e comercial e os tipos de estruturas presentes ou ausentes nestes pontos.
As coletas foram efetuadas de dezembro de 2015 a abril de 2016, em um percurso de 6,44
Km, a partir do ponto da Praça da Jaqueira, no bairro de Casa Forte, até a proximidade da
Casa da Cultura, no bairro de Santo Antônio. Dentro deste trecho foram definidos sete pontos
de coleta, com espaço aproximado de 1 km entre cada ponto devido às condições dos acessos,
sendo amostradas ambas as margens, enumerados da montante para a jusante, de 1 a 7, e
como margem esquerda (ME) e margem direita (MD) (Figura 1).
46
9º Encontro Internacional das Águas
Para a coleta dos resíduos sólidos foram utilizados quadrats e o box corer (Figura 2).
a b
Fonte: Autoria própria (2016).
O box corer, de 25x25 cm, foi posicionado no mesmo local de cobertura do quadrat, e os
resíduos sólidos encontrados superficialmente no interior do box corer, foram removidos para
posterior análise em laboratório.
Todas as coletas foram em marés de baixa-mar diurnas (maré 0,3), a medição da declividade
foi feita, em cada ponto, a partir do método de Emery (EMERY, 1961), iniciando da linha da
água até o final da margem.
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Universidade Católica de Pernambuco
Nos pontos de coleta onde estavam presentes os resíduos sólidos a presença ou ausência de
estruturas físicas que atuam como barreira entre a via local e a vegetação foram anotadas e
estabelecida a relação com a quantidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As áreas residenciais/comerciais que não possuem uma estrutura que separe a vegetação da
via indicam uma maior concentração de RS nas margens (Figura 3), mesmo em áreas
predominantemente comerciais, com vegetação próxima, mas com presença de estruturas de
proteção (Tabela 3) apresentando uma quantidade menor de RS entre a vegetação.
Nos pontos observados as margens, quando não estão pressionadas pelas estruturas viárias,
apresentam um tamanho maior e uma declividade menos acentuada (Figura 3), e a
distribuição vegetal apresenta um padrão de concentração maior nestas margens. A
quantidade de unidades vegetais também demonstrou estar relacionada com o aporte de
sedimentos acumulados nas margens, onde a velocidade da correnteza sendo menor permite o
acumulo gradual.
A relação na quantidade de resíduos sólidos (RS) registrada nos pontos de coleta (Tabela 4)
estabeleceu uma conexão com o fluxo de pessoas nas áreas, a proximidade da vegetação e a
presença de estruturas e anteparos físicos que limitam ou protegem o acesso direto de pessoas.
11
48
9º Encontro Internacional das Águas
Tabela 3 – Características dos pontos de coleta quanto as estruturas presentes nas margens,
esquerda (E) e direita (D) do baixo rio Capibaribe
CARACTERISTICAS DA ÁREA DE ESTUDO
Ponto de Coleta Proximidade de Moradias Proximidade Estrutura Física
de Comércio entre a Margem e a
Via
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9º Encontro Internacional das Águas
14
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Figura 5 – Frequência relativa dos resíduos sólidos capturados nas margens do baixo rio
Capibaribe
2%
2% 5% Plástico Isopor
2%
3%
5% Vidro Papel
3%
Acrilico Aluminio
Ferro Tecido
24%
54% Borracha
Pelo tempo de degradação dos materiais na natureza, a relação dos materiais encontrados e
tempo de decomposição demonstra preocupação no que se refere ao plástico face ao crescente
volume de utilização e as implicações ambientais inerentes ao descarte não racional pós-
consumo (FORLIN, 2002), não só pelo tempo de degradação, mas pela quantidade presente
nos encalhes registrados nas margens.
Nos últimos dois séculos, o adensamento urbano e a explosão populacional nas localidades
próximas à costa vêm pressionando os sistemas biológicos naturais. Um dos grandes
problemas observados com crescimento urbano nos ambientes costeiros é o acúmulo de
resíduos, que contribui para a degradação da fauna e flora locais (VIEIRA, 2010).
Pouco ainda se sabe sobre a dinâmica de encalhes de resíduos sólidos urbanos nos
manguezais, contudo é de conhecimento comum que este ecossistema sofre impactos
diferenciados em cada região (VIEIRA, 2010).
52
9º Encontro Internacional das Águas
CONCLUSÕES
1. O estuário do baixo rio Capibaribe, em Recife, é caracterizado pela presença de
manguezal, que é um ecossistema extremamente dinâmico, sendo a poluição urbana,
proveniente das atividades antrópicas, uma das principais causas para a destruição
desse ecossistema.
2. Nas margens do baixo rio Capibaribe foi observado que nos pontos mais próximos de
comércios, residências e com maior fluxo de pessoas houve maior quantidade dos
resíduos, entretanto, esses locais quando associados a uma estrutura física delimitando
o acesso ou margeando a vegetação, apresentaram uma diminuição de resíduos
sólidos.
3. No comparativo, entre os resíduos sólidos mais próximos a via de acesso e vegetação
com aqueles mais próximos da área de franja do rio, houve uma associação direta com
o peso do resíduo solido, sendo observado que os materiais mais pesados e enterrados
estavam na borda da vegetação e os mais leves e de fácil condução estavam na parte
mais superior. Em pontos mais próximos a manilhas pluviais também existiu um
maior registro de resíduos sólidos.
4. Os locais com anteparos possuem menos resíduos sólidos, pois servem como barreira,
as manilhas pluviais atuam como condutoras de resíduos e há o descarte direto de
resíduos pelos transeuntes, tanto na via quanto diretamente no rio, principalmente o
plástico que leva cerca de 100 anos para se degradar.
5. Em virtude disso e considerando a capacidade de resiliência do ecossistema
manguezal, sugere-se que as politicas públicas municipais devem ser voltadas para a
ampliação de estruturas de anteparos ao longo da margem do rio Capibaribe, visto a
efetividade das mesmas em apreender os resíduos sólidos; que são necessários , na
saída das manilhas pluviais que desaguam no rio, uma estrutura de apreensão de
resíduos sólidos, como grades por exemplo; e deve haver um programa de educação
ambiental voltado ao descarte inapropriado de resíduos sólidos para a população, a fim
de que não tratem mais a cidade e o rio como local de descarte.
6. Os pulsos e fluxos de energia criam uma assinatura energética de um ecossistema
determinando assim um desenvolvimento estrutural a partir de um aproveitamento de
energias subsidiárias (ODUM, 1985), que servem para tonificar as estruturas
presentes. Fazendo parte deste sistema estão os tensores, que realizam uma perda
energética natural em um sistema equilibrado, e quando presente em uma área urbana
densamente povoada sem tratamentos adequados estes tensores são potencializados.
16
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Universidade Católica de Pernambuco
Contando ainda com a adição de mais tensores, agora artificiais, como resíduos
sólidos a energia resultante tem sua capacidade diminuída. Em um ecossistema tipo
manguezal os tensores retiram parte da energia que usada para a recuperação do
ambiente. Com o aumento destes tensores e as energias subsidiarias sendo constantes
o resultado deste sistema acarreta no déficit de energia para o desenvolvimento
podendo leva-lo ao colapso.
7. Manguezais são, geralmente, sistemas jovens em função da dinâmica das áreas
costeiras onde se localizam é um ambiente que apresenta uma alta plasticidade e
resiliência, uma rápida intervenção para diminuição destes tensores poderá permitir
meios de recuperação do ambiente e dos meios associados tão importantes.
8. Nos pontos mais próximos de comércios, residências e com maior fluxo de pessoas
houve maior quantidade dos resíduos. Entretanto, esses locais quando associados a
uma estrutura física delimitando o acesso ou margeando a vegetação, apresentaram
uma diminuição de resíduos sólidos tanto na quantidade quanto no tamanho.
9. No comparativo entre os resíduos mais próximos à via de acesso e vegetação com os
resíduos mais próximos da área de franja do rio houve uma associação direta com o
peso do resíduo sólido, onde os materiais mais pesados e enterrados estavam na borda
da vegetação e os mais leves e de fácil condução estavam na parte mais superior. Em
pontos mais próximos a manilhas pluviais também existiu um maior registro de
resíduos mais leves.
10. Os dados observados permitem concluir que locais com anteparos na via são melhores
do que os que não têm, que as manilhas pluviais servem como condutoras de resíduos
sólidos e que há o descarte direto de resíduos sólidos pelos transeuntes. Em virtude
disso, as políticas públicas municipais devem ampliar as estruturas de anteparos ao
longo da margem do rio Capibaribe, que são necessários, na porção das manilhas
pluviais que desaguam no rio, uma estrutura de apreensão de RS, e, por fim, mas não
menos importante, que deve haver um programa de Educação Ambiental voltado ao
descarte inapropriado de RS para a população, à fim de que não tratem mais a cidade e
o rio como local de descarte.
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9º Encontro Internacional das Águas
REFERÊNCIAS
EMERY, K.O. A simple method of mesuring beach profiles. Limnology and Oceanography.
v. 6, n. 1, p. 90 - 93, 1961.
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1
1
Arquiteta e Urbanista em pós-graduação em educação e meio ambiente - IFAL.
RESUMO
O software TecAlt auxilia à decisão na escolha de tecnologias de drenagem urbana. Facilita a
identificação das técnicas compensatórias de drenagem possíveis de serem integradas ao projeto
e planejamento urbano de uma determinada área de estudo. O objetivo deste trabalho é
identificar viabilidade de técnicas compensatórias de drenagem possíveis de serem integradas ao
projeto e planejamento de uso e ocupação do solo no Campus A. C. Simões. Para isso foi
necessário fornecer os dados e características de drenagem da área para que o software gerasse
os dados sobre as técnicas compensatórias viáveis de serem aplicadas. Em relação ao Campus,
nota-se que existe a possibilidade real de aplicação de determinadas técnicas compensatórias ao
projeto e planejamento de uso e ocupação do solo.
Palavras-chave: Campus Sustentável; Drenagem Compensatória; Recursos Hídricos.
INTRODUÇÃO
O Campus A. C. Simões começou a ser construído no início em 1967, em um terreno de
210 hectares, situado em uma área que pertencia ao bairro Tabuleiro do Martins, mas,
atualmente, é conhecido como Cidade Universitária (UNIVERSIDADE FEDERAL DE
ALAGOAS, 2011). As obras realizadas para a construção dos edifícios do Campus A.
C. Simões não incluíam a implantação de sistemas de drenagem integrados aos edifícios
e ao planejamento urbano dessa área. Mas os transtornos em períodos de chuvas
intensas e os prejuízos patrimoniais com alagamentos que afetam determinados blocos
do Campus, mostravam a necessidade de implantação de sistemas de drenagem.
Em 2004, o Campus teve um dos maiores prejuízos causados pelas chuvas: quase todos
os prédios do Campus tiveram os telhados danificados por não suportarem o volume de
águas; dois transformadores de energias foram comprometidos, e toda a rede elétrica
precisou de reparos. Além disso, parte do muro do Campus próximo ao presídio
desabou; com isso um grande volume de águas invadiu o Campus e afetou algumas
unidades acadêmicas, que tiveram, entre outros prejuízos, equipamentos eletrônicos
danificados (GAZETAWEB, 2004).
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9º Encontro Internacional das Águas
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3
MATERIAL E MÉTODOS
A metodologia utilizada para o desenvolvimento deste trabalho foi a aplicação de
software TecAlt para a identificação de técnicas compensatórias de drenagem possíveis
de ser integradas ao sistema de drenagem do Campus A. C. Simões -UFAL.
Software TecAlt
O software TecAlt auxilia à decisão na escolha de tecnologias em drenagem urbana.
Desenvolvido em 2002 pelos brasileiros Márcio B. Baptista e Wilson S. Fernandes,
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9º Encontro Internacional das Águas
4
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5
Indicação de Técnicas
O software identifica as técnicas compensatórias possíveis de serem aplicadas ao caso
em estudo (ver FIGURA 4). As técnicas são classificadas como: bacia de detenção ou
obras centralizadas, estruturas localizadas ou obras pontuais, e obras lineares. Ao
selecionar uma das técnicas no quadro "geral", aparecem, no quadro "detalhes", as
tipologias possíveis de serem utilizadas para a área de acordo com os dados que foram
fornecidos.
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CONCLUSÃO
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não elimina a necessidade do estudo de viabilidade que deve ser realizado para
evitar que as técnicas sejam aplicadas de forma indevida ou em áreas que não
são apropriadas. Um projeto com técnicas de drenagem compensatórias
integradas envolve um conhecimento técnico multidisciplinar (SILVEIRA,
2002, p. 08), o que reforça a necessidade de estudos e levantamentos que
antecedam o projeto.
2. Em relação ao Campus, nota-se que existe a possibilidade real de aplicação de
determinadas técnicas compensatórias ao projeto e planejamento de uso e
ocupação do solo. Porém, mesmo com o histórico de alagamentos em sua área
crítica, o Campus, teve o aumento de áreas construídas e consequentemente da
impermeabilização do solo, resultante do processo de expansão universitária
iniciado em 2008. Em contrapartida a isso, pouco se foi feito em relação ao
sistema de drenagem.
3. Dessa forma, observa-se que a mesma instituição que realiza diversas pesquisas
sobre a gestão dos recursos hídricos e suas problemáticas, e que deveria ajudar a
solucionar o problema de alagamentos dentro e fora do Campus, contribui para
gerar volume excedente de águas pluviais e agravar a situação da bacia
endorreica do Tabuleiro do Martins. Sendo que a necessidade de gestão de águas
pluviais ultrapassa os limites do Campus, tendo toda a bacia como uma unidade
de gestão. Porém, as medidas locais, tanto positivas quanto negativas, tendem a
interferir globalmente na bacia do Tabuleiro do Martins.
REFERÊNCIAS
GAZETAWEB. Ufal tem prejuízos de R$ 1,8 milhão com chuva: MEC anuncia
liberação de R$ 828 mil para redução de danos. Gazetaweb, 16 junho 2004. Disponivel
em: <http://gazetaweb.globo.com/gazetadealagoas/acervo.php?c=53424>. Acesso em:
02 setembro 2014.
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9º Encontro Internacional das Águas
Evelly Alves Correia dos Santos 2, Luiz Carlos da Silva Moreira3, Luísa Souza
Almeida4, Shirley de Oliveira Pinto5, Silvana Carvalho de Souza Calado6
1
Trabalho de Conclusão de Curso
2
Graduada de Química Industrial da UFPE [Laboratório de Controle de Qualidade do Departamento de Engenharia Química –
UFPE. evellyalves@hotmail.com]
3
Graduado de Química Industrial da UFPE [Laboratório de Controle de Qualidade do Departamento de Engenharia Química –
UFPE. carlos33moreira@hotmail.com]
4
Graduanda de Farmácia da UFPE [Laboratório de Controle de Qualidade do Departamento de Engenharia Química – UFPE.
luisasouza.almeida1@gmail.com]
5
Graduanda de Química Industrial da UFPE [Laboratório de Controle de Qualidade do Departamento de Engenharia Química –
UFPE. shirleydeoliveirapinto@gmail.com]
6
Professora do Departamento de Engenharia Química – DEQ da UFPE [Laboratório de Controle de Qualidade do Departamento de
Engenharia Química – UFPE. silcalado@yahoo.com.br]
RESUMO
Os rios brasileiros sofrem com a poluição e a contaminação devido à ação das indústrias ou pela
falta de educação e consciência ambiental da sociedade. A maior parte da água que é retirada
para consumo humano ou industrial retorna ao seu curso com alterações significativas na
qualidade. Produtos residuais transportados são frequentemente tóxicos, e sua presença pode
degradar, seriamente o ambiente do rio, lago ou riacho receptor. Devido a esse problema, a
Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Paulista/PE idealizou este projeto a fim de constatar
o ponto de maior impacto no rio Timbó. Foram avaliadas as concentrações de Fósforo,
Nitrogênio Amoniacal, Nitrato e Nitrito em amostras coletadas na nascente, na saída da estação
de tratamento e na foz do rio citado. Constatou-se que na nascente todas as concentrações
estavam dentro dos padrões, na saída da estação de tratamento as concentrações de fósforo
foram quase treze vezes superiores ao Valor Máximo Permitido (VMP) estabelecido pela RDC
n. 357/2005 da CONAMA e na foz o grau de eutrofização foi ainda maior, influenciada
negativamente pelas marinas, cuja a concentração de fósforo foi 36 % superior ao VMP e
para nitrato, o valor foi dez vezes superior ao máximo tolerável.
Palavras-chave: Curso hídrico; Poluição; Eutrofização.
INTRODUÇÃO
Os rios brasileiros sofrem com a poluição e a contaminação devido à falta de
informação acerca desses dois inimigos que acarretam passivos ambientais muitas vezes
incalculáveis: ação das indústrias ou pela falta de educação e consciência ambiental da
sociedade.
A maior parte da água que é retirada para uso de consumo humano ou industrial retorna
ao seu curso na maioria das vezes com alterações significativas na qualidade,
infelizmente, os produtos residuais transportados são frequentemente tóxicos, e sua
presença pode degradar, seriamente o ambiente do rio, lago ou riacho receptor.
O acúmulo dos resíduos diminui a quantidade de oxigênio no corpo de água, e induzem
a eutrofização. Quando o nível de eutrofização da água aumenta em intervalos grandes
1
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Universidade Católica de Pernambuco
MATERIAL E MÉTODOS
Inicialmente foram vistoriados todos os trechos urbano percorridos pelo Rio Timbó,
foram observados os pontos de maior impacto pelo lançamento de poluentes, tais como
efluentes industriais não tratados e efluentes sanitários in natura, para identificar os
melhores pontos de coleta da água para análise. A fim de mensurar qualitativamente o
grau de eutrofização do curso d´água na sua totalidade, foram escolhidos como pontos
de coleta: nascente, riacho na saída da estação de tratamento de efluente e na foz.
A coleta foi realizada no dia 20/11/2016 a partir das nove horas utilizando técnicas
apropriadas para minimizar erros associados bem como contaminação externa. Foram
2
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9º Encontro Internacional das Águas
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As médias aritméticas dos resultados obtidos das análises em triplicata de Nitrogênio
Amoniacal, Nitrato, Nitrito e Fósforo Total constam resumidas na Tabela 1 de acordo
com cada local analisado.
3
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Figura 1 - Visualização gráfica dos resultados das análises realizadas para amostra
coletada na nascente
Na saída da ETE, apesar das características indicativas de alta poluição, os valores das
concentrações de nitrogênio em suas formas, apresentaram-se abaixo do VMP
estabelecido (Figura 2), entretanto, para fósforo os resultados apresentaram-se quase
treze vezes superiores ao VMP estabelecido pela Resolução CONAMA n. 357/2005
com que tange aos padrões para lançamento de efluentes em afluente de classe II.
4
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9º Encontro Internacional das Águas
Figura 2 - Visualização gráfica dos resultados das análises realizadas para amostra
coletada na saída da ETE
Na Foz, devido à localização deste ponto de coleta, vale frisar que neste trecho o
afluente é classificado como salobro, apresentou as concentrações dos seus parâmetros
variadas como exposto na Figura 3.
Figura 3 - Visualização gráfica dos resultados das análises realizadas para amostra
coletada na foz
5
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CONCLUSÃO
1. Verificou-se uma nascente com o mínimo de impacto poluente possível a fim de
encaminhar a outros órgãos de policiamento ambiental solicitação de apoio na
fiscalização para garantir essas qualidades o máximo possível, e impedir que o
desordenamento urbano o transforme em mais uma fonte de contaminação de
saúde pública.
2. No município de paulista, o lançamento de maior impacto, constatado por meio
das análises realizadas neste estudo, foi o da estação de tratamento de efluentes
do Janga, e a interferência negativa quanto a eutrofização chega na foz, berço
aquático.
3. Obteve-se o entendimento técnico sobre o grau de poluição causado
principalmente pelo lançamento de efluentes do sistema de tratamento de
efluentes e industriais e urbanos, da estação de tratamento de efluentes existente
no município. Sugere-se fiscalização intensificada nas marinas existentes no
local, controle na urbanização desordenada e o possível lançamento de efluentes
sanitários no rio Timbó e principalmente controle no cumprimento dos padrões
para a estação de tratamento de esgotos do Janga.
REFERÊNCIAS
AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION. Standard Methods for the
Examination of Water and Wastewater. 22. Ed., 2012.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente –
CONAMA. Resolução CONAMA n. 357, de 17 de março de 2005.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente-
CONAMA. Resolução CONAMA n. 274, de 29 de novembro de 2000.
MORAES, D. S. L.; JORDÃO, B. Q. Degradação de recursos hídricos e seus efeitos
sobre a saúde humana. Rev. Saúde Pública, v.36, n..3, São Paulo, 2002
6
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9º Encontro Internacional das Águas
1
RESUMO
A conservação das águas urbanas representa um desafio ao planejamento ambiental das cidades
brasileiras, sobretudo daquelas pertencentes a regiões econômica e demograficamente dinâmicas
que atestam precariedades no acesso ao saneamento básico. Nesse contexto, o presente artigo
aborda aplicações e limites do Plano Diretor Municipal como instrumento de gestão de rios
urbanos em uma cidade inserida no Semiárido pernambucano. Através de uma pesquisa
bibliográfica e documental, foram inicialmente sistematizados aspectos conceituais, legais e
metodológicos inerentes ao instrumento e, na sequência, analisadas as prioridades e diretrizes do
Plano Diretor de Santa Cruz do Capibaribe, em relação às ações governamentais materializadas
em leis e convênios implementados de 2007 a 2016. Os resultados apresentados demonstram
que, na elaboração do Plano, prioridades foram identificadas nas pautas de habitação,
saneamento e meio ambiente, subsidiando a definição de objetivos e ações em duas das cinco
diretrizes principais. Embora tais ações venham ganhando concretude em intervenções do
Legislativo e do Executivo municipais, a integração das políticas econômicas e ambientais,
implementadas no território municipal, não constitui um objetivo alcançado, dado o
esvaziamento do componente hidroambiental de atividades que demandam elevado uso da água,
escassa na região, como a indústria e agropecuária.
Palavras-chave: Estatuto da Cidade; Planejamento territorial; Rio Capibaribe.
INTRODUÇÃO
A limpeza de rios urbanos representa um grande desafio ao planejamento ambiental das
cidades brasileiras, onde o acesso ao saneamento básico não se encontra universalizado.
Dados da Agência Nacional de Águas (2012) apontam que aproximadamente 85 % dos
brasileiros habitam áreas urbanas, e dessa população somente 42,6 % e 30,5 % acessam
serviços de coleta e de tratamento de esgoto, respectivamente. Na região Atlântico
Nordeste Oriental, correspondente à segunda região hidrográfica com maior densidade
populacional (84 hab./km²), à terceira com maior população habitante (24,1 milhões de
habitantes, destes 80 % residentes em áreas urbanas) e à quarta com maior participação
1
Artigo resultante da pesquisa de mestrado “O papel dos conselhos gestores municipais na
implementação de políticas e práticas ambientais: o caso do Alto Capibaribe, Pernambuco – Brasil”,
realizada entre 2015 e 2016 e apresentada em fevereiro de 2017.
73
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2
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9º Encontro Internacional das Águas
3
MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho é fruto de uma pesquisa exploratória que, em virtude das técnicas
empregadas, pode ser subdividida em dois tipos: bibliográfica e documental. Segundo
Marconi e Lakatos (2003), a pesquisa bibliográfica (ou de fontes secundárias)
representa uma fonte essencial de informações, possibilitando o contato com dados
atuais e relevantes sobre determinado tema. Nessa condição, foram pesquisadas
publicações relacionadas ao PDM como instrumento de gestão, incluindo a localização
e a consulta de livros, artigos de revista, etc., no intuito de sistematizar aspectos
conceituais, legais e metodológicos inerentes ao instrumento. No caso específico dos
artigos, a busca foi feita em sites especializados (Google Acadêmico, Scielo etc.).
Do ponto de vista da pesquisa documental (ou de fontes primárias), que abrange a coleta
de dados restrita a documentos, foram levantados e consultados escritos de arquivos
públicos, como o Plano Diretor e sua respectiva lei de aprovação, assim como as leis
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4
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O PDM foi inicialmente previsto pelo artigo 182 da Constituição Federal de 1988, no
qual o único requisito para a sua adoção obrigatória pelo município consistia no
tamanho populacional de 20 mil habitantes. A partir do Estatuto da Cidade, outros
aspectos passaram a ser considerados quanto à sua obrigatoriedade, como a existência
de atividades geradoras de impactos ambientais. O fato é que muitos municípios
brasileiros tiveram seus PDM elaborados à luz das disposições constitucionais,
enquanto outros foram construídos conforme a norma vigente, sendo este um fator que
explica a diferença temporal de execução e revisão dos PDM. Com adoção do Estatuto,
os municípios que não dispunham de PDM deveriam aprová-lo no prazo de cinco anos,
contados da data de vigência da Lei (11 de outubro de 2001) e rever a lei de criação, no
mínimo a cada dez anos (BRASIL, 2001, Art. 40, § 3o e Art. 50).
De acordo com Lacerda (2005), o PDM pode ser qualificado a partir de duas dimensões,
a estratégica e a normativa. Quando estratégico, o Plano tem suas propostas
fundamentadas no conhecimento situacional do município, indicando meios
(instrumentos e ações) que possam, dentro de um determinado prazo, viabilizar a
materialidade dos objetivos e das diretrizes nele estabelecidos, com vistas a um
determinado cenário esperado. Quando normativo, o PDM assume a configuração de
uma lei que disciplina o ordenamento territorial do município, regulamentando o uso do
2
Acesso em: http://www.camarasantacruzdocapibaribe.pe.gov.br/Leis%20Aprovadas/leis_geral.htm.
76
9º Encontro Internacional das Águas
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Universidade Católica de Pernambuco
6
O Plano Diretor de Santa Cruz do Capibaribe foi aprovado pela Câmara Municipal
através da Lei n. 1.635, de 16 de maio de 2007, ainda que a versão consolidada do
documento tenha sido publicada em novembro de 2006. O PDM foi elaborado a partir
de um processo licitatório entre a UFC Engenharia Ltda. e a Agência Estadual de
Planejamento e Pesquisa de Pernambuco (Condepe/Fidem), sendo subdivido em cinco
partes: (i) processo de mobilização e sensibilização da comunidade; (ii) cenários
socioeconômicos, físico-ambientais e urbanos; (iii) diretrizes e projeto estruturador; (iv)
minuta da Lei do Plano Diretor e; (v) anexo (CONDEPE/FIDEM, 2006). Sem a
intenção de fazer uma análise esgotada do documento, deu-se a preferência aos aspectos
concernentes às águas urbanas.
Na parte de mobilização e sensibilização da comunidade, foram adotadas pela equipe
técnica entrevistas com lideranças representantes de diferentes setores (Meio Ambiente,
Educação, Saúde, Infraestrutura, Serviços urbanos, Abastecimento alimentar, Cultura,
Agricultura e pecuária), abrangendo perguntas estratégicas em torno de aspectos
positivos e negativos, assim como de sugestões dentro de cada tema. Em função das
informações levantadas, foram planejadas e realizadas reuniões com comunidades dos
três distritos da cidade (Santa Cruz do Capibaribe, Poço Fundo e Pará), a fim de discutir
oportunidades, problemas e proposições locais, sendo feita uma hierarquização das
medidas apontadas. A partir das informações colhidas nas reuniões, foram promovidas
oficinas temáticas na sede municipal, com representantes de todas as localidades
escolhidos previamente. Dentre os resultados das oficinas, agrupados em “aspectos
físico-ambientais”, alguns problemas e encaminhamentos foram atribuídos direta ou
indiretamente mente à conservação das águas urbanas (Quadro 1).
78
9º Encontro Internacional das Águas
7
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8
às águas urbanas foram a primeira e terceira diretrizes (Quadro 2), sendo a preservação
e recuperação de Áreas de Proteção Permanente (APP) uma ação prevista para as quatro
macrozonas do município (Santa Cruz do Capibaribe, Poço Fundo, Pará e
Carrapicho/Magana/Cacimba de Baixo) (CONDEPE/FIDEM, 2006).
3
Acesso da notícia em: http://www.santacruzdocapibaribe.pe.gov.br/noticias.php?id=1168.
80
9º Encontro Internacional das Águas
9
Lei n. 2.479/2016, que “Dispõe sobre a criação de Cadastro Municipal das Associações
de Moradores de Bairros, Vilas e Núcleos Habitacionais e afins”, aproximando-se da
proposição de mecanismos de controle de implantação de loteamento, sugerida em
oficina. Em termos de convênios firmados com o Governo Federal, foram identificados
o convênio n. 00145/2014, voltado à “Implantação de Melhorias Sanitárias Domiciliares
na zona rural do município”, implementado entre 31/12/2014 a 31/12/2016; e o
convênio nº 56000957200700006, voltado à “Implantação das Obras do Sistema de
Esgotamento Sanitário”, implementado entre 28/12/2007 a 27/04/2010.
No ano de 2010 o município possuía 25.933 domicílios particulares permanentes e,
destes, 72,82 % apresentavam saneamento adequado (CONDEPE/FIDEM, 2016). Não
obstante, as prioridades elencadas nas reuniões denunciaram fragilidades nas condições
sanitárias domiciliares, sobretudo nas áreas periféricas, da mesma forma que apontaram
a necessidade de implantação do tratamento de esgoto no distrito do Pará, inexistente
não apenas nessa macrozona, mas em toda a cidade de Santa Cruz do Capibaribe. Nesse
ponto, é fundamental que o entendimento de “saneamento adequado” seja criticamente
revisto posto que, conforme a Lei Federal n. 11.445/2007, o esgotamento sanitário
abrange não apenas a coleta e a disposição final do esgoto, como também inclui o
tratamento deste, imprescindível para a conservação das águas urbanas.
Outro fator limitante que merece ser considerado na revisão do PDM é o fato de
atividades associadas às segunda e quinta diretrizes (“Agricultura e pecuária” e
“Indústria de confecções e agroindústria”) não apresentarem qualquer tipo de inserção
na questão levantada neste trabalho. Diante de um esvaziamento institucionalizado do
componente hidroambiental da intervenção desses empreendimentos, evidencia-se um
isolamento das dimensões socioeconômica e ambiental e, nesse contexto, cabe a
reflexão: o PDM “deve ser um plano de desenvolvimento geral, abordando os diversos
aspectos do desenvolvimento (econômico, social, político, cultural e físico-territorial),
ou se restringir ao aspecto físico-territorial (LACERDA et al., 2005, p. 62-63)? Seria o
agrupamento das prioridades em “aspectos físico-ambientais” uma condição favorável a
tal fragmentação, ou trata-se de um fator que extrapola a dimensão técnica?
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CONCLUSÕES
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
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IBGE. Nota técnica: estimativas da população dos municípios brasileiros com data de
referência em 1º de julho de 2014. S.d. Disponível
em:<http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/pdf/analise_estimativas_2014.p
df>. Acesso em: 4 mar. 2017.
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RESUMO
O atual cenário das infraestruturas na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) apresenta
graves falhas em relação aos recursos hídricos, saneamento e mobilidade urbana, que são
reveladas nos congestionamentos de veículos, nas inundações e na péssima qualidade da água
de rios e córregos. Para enfrentar estes desafios fazem-se necessários projetos que articulem
diversos sistemas de infraestrutura e diferentes jurisdições territoriais, com a aplicação de
medidas de engenharia nas diversas escalas da bacia hidrográfica em conjunto com medidas de
cunho social e administrativo. O projeto para o Hidroanel Metropolitano de São Paulo (GMF,
2011) é um exemplo desta visão integrada, e serve de ponto de partida para o presente trabalho,
que aborda os desafios para a implantação do canal Billings-Tamanduateí, hidrovia que faria a
ligação entre a represa Billings e o rio Tietê através dos rios Tamanduateí, Meninos e Couros, e
que poderia servir como eixo para uma possível reestruturação urbana dos bairros em sua
planície fluvial. Também é analisado o potencial de conexão desta hidrovia à Plataforma
Logística Urbana que seria instalada na região, parte integrante do novo sistema logístico de
transporte de cargas gerais para o estado de São Paulo em desenvolvimento pela Secretaria de
Logística e Transportes do Governo do Estado de São Paulo (EMPLASA, 2014).
Palavras-chave: Orla fluvial; Infraestrutura fluvial; Navegação fluvial; Revitalização de rios
urbanos; Gestão integrada de águas urbanas.
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9º Encontro Internacional das Águas
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9º Encontro Internacional das Águas
(GMF, 2011), também abrem caminhos para uma visão integrada das águas urbanas, ao
articularem três importantes Políticas Nacionais (Recursos Hídricos, Mobilidade Urbana
e Resíduos Sólidos) tendo os rios como os principais eixos estruturadores da cidade. Na
esfera municipal, observa-se a incorporação desta visão nas diretrizes da prefeitura para
o planejamento da cidade, a partir da recente revisão do Plano Diretor Estratégico de
São Paulo (PDE), que abre novas oportunidades para políticas integradas ao estabelecer
eixos de estruturação da transformação urbana ao longo dos principais rios da cidade.
A adoção de medidas nas mais variadas escalas da bacia hidrográfica, desde pequenos
córregos até rios de maior porte, pode contribuir para uma maior estabilidade na vazão
dos rios e córregos da cidade, possibilitando tanto a navegação fluvial quanto o
desenvolvimento de um novo desenho arquitetônico para as orlas fluviais.
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9º Encontro Internacional das Águas
Figura 1 - Hidroanel Metropolitano de São Paulo: (1) Canal do rio Tietê; (2) Canal do
rio Pinheiros; (3) Canal Billings-Tamanduateí / Bairros Fluviais do Tamanduateí; (4)
Canal Billings-Taiaçupeba; (5) Represa Guarapiranga; (6) Represa Billings; (7) Represa
Taiaçupeba. Fonte: Grupo Metrópole Fluvial – FAU USP
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Canal Billings-Tamanduateí
Em estudo realizado no primeiro semestre de 2016, ao longo da disciplina1 da pós-
graduação da FAU USP ministrada pelo Prof. Alexandre Delijaicov, verificaram-se as
intervenções necessárias para a implantação do canal Billings-Tamanduateí, bem como
as relações desta hidrovia com uma possível reestruturação dos bairros da planície
fluvial do Tamanduateí e com a Plataforma Logística Urbana a ser instalada na região.
O canal Billings-Tamanduateí, com 30 km de extensão, faria a ligação entre a represa
Billings e o rio Tietê, cruzando o espaço urbano pelo centro do município de São Paulo
através dos rios Tamanduateí, Meninos, Couros e do canal de ligação Alvarenga-
Couros. Parte integrante do Hidroanel Metropolitano de São Paulo, este canal
configuraria o Pequeno Hidroanel, e permitiria o aumento significativo da área de
influência do sistema hidroviário no tecido urbano, reduzindo as distâncias percorridas
por terra até os diferentes portos fluviais.
O canal Billings-Tamanduateí representa a possibilidade de recuperar a importância
histórica do rio Tamanduateí na constituição e estruturação da cidade de São Paulo. A
implantação de infraestruturas rodoviárias nas várzeas do rio Tamanduateí, tais como a
Avenida do Estado e, mais recentemente, o Expresso Tiradentes, contribuiu para o seu
isolamento da vida cotidiana da cidade, e a ocupação descontrolada e predatória da orla
fluvial em descompasso com a provisão de serviços de captação e tratamento dos
esgotos domésticos e industriais favoreceu sua transformação em um canal de esgoto a
céu aberto. Desta forma, a implantação do canal tem o potencial de organizar a relação
entre as águas e a cidade, reforçando polos estruturadores da vida urbana e articulando
as diversas localizações notáveis na escala metropolitana que existem ao longo do eixo
do rio Tamanduateí, como o Parque Dom Pedro, o Pátio do Pari e a região do Ipiranga e
Mooca. Assim como no grande anel hidroviário, o Canal Billings-Tamanduateí serviria
de eixo estruturador urbano primordial, articulando as infraestruturas existentes, os
equipamentos públicos e habitações na orla.
Para garantir a navegabilidade neste trecho foram verificadas as intervenções que
seriam necessárias empreender, sobretudo: reformar pontes que impeçam a passagem
das embarcações, reformar trechos problemáticos do canal, construir canais de
1
A disciplina AUP 5897 – Projeto de Arquitetura de Infraestruturas Urbanas Fluviais – foi ministrada pelo Prof.
Alexandre Delijaicov no primeiro semestre de 2016, dentro do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de
Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo – FAU USP. A equipe de trabalho que desenvolveu alguns
dos conceitos apresentados neste trabalho foi composta por Oliver De Luccia, Caio Chamma e Adriana Inigo.
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9º Encontro Internacional das Águas
derivação, eclusas, barragens móveis e solucionar a ligação do ribeirão dos Couros com
o braço Alvarenga da represa Billings, através da construção de um canal artificial.
Estudaram-se também outras alternativas de traçado para a conexão com a represa
Billings, através da ligação do ribeirão dos couros com o braço Grota Funda, ou através
da continuidade da hidrovia pelo rio Tamanduateí e da ligação com o braço de Ribeirão
Pires. Porém, após análise da altimetria e da ocupação urbana, optou-se pela ligação
com o braço Alvarenga.
As eclusas seriam implantadas no eixo do canal existente, e teriam ao seu lado
barragens móveis para controlar o nível d’água à montante, o que que exigiria uma
ampliação da largura do canal. As barragens móveis permitiriam a formação de lagos
navegáveis e canais de derivação, que poderiam funcionar como reservatórios de
retenção, amortizando o aumento de vazão durante chuvas intensas através da variação
de até 50 centímetros em seu nível d’água. Desta forma, como contribuição para a
macrodrenagem da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, procurou-se localizar as eclusas e
barragens móveis imediatamente à jusante da foz dos afluentes, onde os picos de vazão
são mais intensos. Em uma escala ampliada, este sistema de lagoas e barragens móveis
possibilitaria um maior controle de vazão na foz do Tamanduateí com o rio Tietê.
Outra contribuição para a macrodrenagem seria a possibilidade de reversão das águas do
ribeirão dos Couros para a represa Billings, através do canal artificial de ligação com o
braço Alvarenga. Propõe-se esta reversão como alternativa de menor impacto à
reversão, hoje existente, do rio Pinheiros, visando diminuir a carga de poluição
bombeada para o compartimento Pedreira da Billings.
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Conclusão
1. Para que um novo horizonte seja possível para a cidade, fica claro como é
preciso cada vez mais integrarmos escopos na busca de soluções para a
metrópole. Com a retomada da implantação de ferrovias e hidrovias para
transporte de passageiros e de cargas é possível imaginarmos uma consequente
diminuição na circulação de caminhões e automóveis, que possibilitaria novos
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9º Encontro Internacional das Águas
usos para as áreas atualmente ocupadas por vias expressas. Isso aliado às
operações urbanas planejadas para as planícies pluviais, e à adoção de uma
gestão integrada das águas urbanas, torna possível vislumbrarmos um redesenho
da orla fluvial, com habitações beira-rio, lojas que recebam mercadorias
diretamente de barcos, e parques fluviais intercalados por portos. As águas da
cidade voltariam, assim, a serem aproveitadas em suas múltiplas
potencialidades.
REFERÊNCIAS
DELIJAICOV, Alexandre. Os Rios e o Desenho da Cidade - Proposta de Projeto para
a Orla Fluvial da Grande São Paulo. São Paulo: dissertação de mestrado, FAUUSP,
1999.
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93
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11
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9º Encontro Internacional das Águas
Fernando José Malmann Kuffel1, Cassiano Ricardo Brandt2, Henrique Pretto Etgeton3,
Lucélia Hoehne4, Clarice Steffens5
1 Graduando em Engenharia Química pelo Centro Universitário UNIVATES. Bolsista de Iniciação Tecnológica e Industrial do CNPq -
Nível A. fernando.kuffel@univates.br.
2 Graduando em Engenharia Química pelo Centro Universitário UNIVATES. Bolsista de Iniciação Tecnológica e Industrial do CNPq -
Nível A. cassiano.brandt@univates.br.
3 Graduando em Engenharia Ambiental pelo Centro Universitário UNIVATES. Bolsista de Iniciação Tecnológica e Industrial do CNPq -
Nível A. henrique.etgeton@univates.br
4 Doutora em Química pela UFSM. Professora adjunta pelo Centro Universitário UNIVATES. luceliah@univates.br.
5 Doutora em Biotecnologia pela UFSCAR. Professora pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões.
claristeffens@yahoo.com.br.
RESUMO
Com a crescente preocupação com a qualidade da água, novos contaminantes são descobertos
recorrentemente. Um dos que mais tem chamado a atenção da comunidade científica são os
micropoluentes, compostos de difícil degradação provenientes de resíduos de antibióticos, inseticidas
e hormônios. O aumento gradativo no consumo de antibióticos, como a ciprofloxacina, acaba por
gerar preocupação quanto ao seu possível despejo irregular em matrizes ambientais. Sendo assim, o
objetivo deste trabalho foi realizar um breve levantamento bibliográfico de possíveis meios de
contaminação por este tipo de poluente, além de métodos para sua detecção e posteriores técnicas de
remoção. Encontrou-se diversas pesquisas de contaminação, principalmente em rios e lagos. Também
se definiu como extremamente necessário utilizar o método de preparo de amostra Solid Phase
Extraction (SPE) para a pré-concentração das substâncias em estudo, facilitando assim a posterior
análise pelo método de cromatografia a líquido acoplado à espectrometria de massas (LC/MS). Para a
remoção, os processos oxidativos avançados (POAs) são os mais indicados, com destaque para a
metodologia combinada de luz UV/H2O2.
INTRODUÇÃO
A água é um dos recursos naturais mais utilizado pelas civilizações humanas. Ela é
empregada para diversas finalidades, como para consumo, indústria, agricultura, navegação,
geração de energia, entre outros (BRANCO, 2010). Com o gradativo crescimento da
população mundial e a constante manipulação da água pelas sociedades, a poluição das
matrizes aquáticas mostra-se como uma das maiores preocupações na área dos estudos
ambientais.
Os produtos farmacêuticos são substâncias que apresentam potencial poluidor e, por isso, têm
sido objeto de interesse de muitos pesquisadores, fazendo parte da classe de micropoluentes.
Resíduos de diferentes tipos de fármacos já foram detectados em ambientes naturais,
incluindo antibióticos, analgésicos, anti-inflamatórios, agentes reguladores de lipídios, β-
bloqueadores, anti-epilépticos, contraceptivos, esteróides e outros hormônios. Mesmo em
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9º Encontro Internacional das Águas
DESENVOLVIMENTO
Ocorrências
Devido ao elevado consumo de antibióticos, há evidências de que tais substâncias podem
estar presentes em matrizes ambientais, principalmente em rios e lagos. Os antibióticos são
absorvidos pelo organismo humano através de reações metabólicas. Entretanto, boa parcela
da substância original pode acabar deixando o organismo através da urina e das fezes sem
nenhum tipo de alteração. (FORTH et al., 1992). Além de estações de tratamento de
efluentes, também é importante monitorar a presença destas substâncias em locais próximos
de onde há despejo de resíduos de fábricas e hospitais com alto manejo de fármacos.
Conforme um levantamento realizado por Rodrigues-Silva et al. (2014), é possível perceber a
ocorrência de ciprofloxacina ao redor do mundo, verificada por diversos autores. China,
França, Espanha e Estados Unidos são alguns dos países onde este fármaco foi detectado em
águas superficiais. Ainda na China, onde há grande preocupação quanto à contaminação do
ambiente por fármacos, devido ao grande número de publicações sobre o assunto,
concentrações de ciprofloxacina também foram detectadas em águas subterrâneas de regiões
pecuárias, para abastecimento público e em efluentes pecuários. Outra fonte onde é
encontrado este antibiótico são os efluentes hospitalares, sendo alguns dos registros na
Austrália e nos Estados Unidos. O número mais alarmante, porém, foi detectado no Vietnã:
de 1.100 a 44.000 ng/L do fármaco.
Sabe-se que a metabolização incompleta dos antibióticos pelos organismos é o que inicia o
processo de contaminação das matrizes aquáticas por esta classe de substâncias. Guerra et al.
(2014) analisaram a presença de 62 produtos farmacêuticos e de cuidado pessoal, incluindo a
ciprofloxacina, em seis estações de tratamento de efluentes no Canadá. A maior concentração
encontrada nos afluentes das estações, locais onde entram os resíduos domésticos, foi de
2.500 ng/L de CIP (média de 600 ng/L). Após passar pelos tratamentos convencionais, que
não propiciam remoção completa destes compostos, entende-se que estes ainda assim
chegarão aos ambientes aquáticos.
Paíga, Santos e Delerue-Matos (2017) analisaram 33 tipos de antibióticos de aplicação
humana e animal. As matrizes em estudo foram: água de abastecimento, águas superficiais,
efluentes e água do mar. Todas foram coletadas na região de Leiria, em Portugal. Devido à
baixa concentração de antibiótico, utilizou-se a técnica de preparo de amostra Solid Phase
Extraction (SPE), muito empregada com o intuito de pré-concentrar analitos em baixíssimas
quantidades. Isso acaba facilitando a análise por equipamentos de cromatografia líquida
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Universidade Católica de Pernambuco
Métodos de detecção
Dados estes fatos, torna-se importante aprimorar métodos analíticos qualitativos e
quantitativos para a detecção destas substâncias em meio aquoso. Considerando as baixas
concentrações de fármacos encontradas no ambiente, métodos utilizando instrumentos
sensíveis e de alta precisão são necessários. Muitos autores têm utilizado equipamentos de
cromatografia a líquido acoplados à espectrometria de massas, obtendo resultados
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9º Encontro Internacional das Águas
Métodos de remoção
O tratamento convencional oferecido pelos centros de tratamento de água de abastecimento
pode não ser eficientes na remoção de determinadas substâncias, por exemplo, os antibióticos
(WOLS; HOFMAN-CARIS, 2012). Por tal motivo, é necessário o uso de tratamentos mais
agressivos para tratar estes compostos. Um dos métodos mais estudados atualmente são os
Processos Oxidativos Avançado (POAs) (WANG; JIANG; LIU, 2008). Estes consistem na
oxidação da matéria alvo, tornando possível a obtenção de grandes taxas de degradação.
Existem diversas metodologias de POAs que podem ser empregadas. Dentre elas, estão os
processos de Fenton, Foto-fenton, fotocatálise, peróxido de hidrogênio com luz ultravioleta
(H2O2/UV), entre outros. Cada um possui sua particularidade, e o processo ideal pode variar
dependendo da aplicação e efeito desejado (COMNINELLIS et al., 2008).
Em um estudo de desempenho sobre a ciprofloxacina, Pereira et al. (2007) encontraram a
maior taxa de absorção de luz UV, e consequente maior degradação, em um comprimento de
onda de 250-290 nm, com um pico em 270 nm. Contudo, a luz UV por si só pode não ser tão
eficiente. A adição de peróxido de hidrogênio (H2O2) pode auxiliar na degradação de
substâncias. O peróxido de hidrogênio fornecerá radicais hidroxila, que irão promover a
oxidação do composto alvo.
Roma, Weller e Wentzell (2011) utilizaram H2O2 5 M em um tempo de irradiação de 30
minutos com uma lâmpada UV de comprimento de onda de 254 nm, alcançando valores de
degradação de CIP de 98,74 % (pH 3,0), 84,35 % (pH 7,0) e 86,61 % (pH 10,0).
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CONCLUSÃO
1. Os micropoluentes e antibióticos, como a ciprofloxacina, vêm recebendo atenção da
comunidade científica nas últimas décadas. Como pode ser visto, já existe a presença
deste fármaco em águas de efluentes e afluentes, havendo a necessidade de
tratamentos eficazes para sua redução ou eliminação. Estudos mais detalhados sobre
seu ciclo na natureza fazem-se necessários para entender seus reais efeitos ao
ambiente e à saúde humana.
2. Dessa forma, podem ser estabelecidos parâmetros de controle e desenvolvimento de
novas legislações para controle. A demanda crescente pela sustentabilidade abre um
amplo campo de estudos também para tratamentos alternativos, que possam não ter
sido citados neste presente trabalho, mas que visem aprimorar procedimentos e
técnicas já existentes.
AGRADECIMENTOS
Este trabalho foi desenvolvido com o aporte da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e
do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), como parte do
projeto aprovado através do Edital n. 01.14.0104.00. Os autores também agradecem ao
Centro Universitário UNIVATES.
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9º Encontro Internacional das Águas
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1-9, 2014.
103
Universidade Católica de Pernambuco
1
Jhersyka Barros Barreto1, Neuma Gomes de Oliveira2, Vicente Rodolfo Santos Cezar³,
Gustavo David Olmos Gonzalez4
1
Discente do curso de especialização em educação e meio ambiente - IFAL. Bolsista do Projeto Água do IFAL. e-mail:
jhersykab.barretto@gmail.com;
2
Discente do curso de especialização em educação e meio ambiente - IFAL. Bolsista do Projeto Água do IFAL. e-mail:
neumagomes.if@gmail.com;
3
Professor do curso de especialização em educação e meio ambiente- IFAL. e-mail: vrscezar@gmail.com;
4Discente do curso de gestão ambiental- IFAL. e-mail: gustavo239@gmail.com
RESUMO
Diante dos impactos causados pelo crescimento urbano acelerado, é necessário que sejam
incentivadas práticas que possibilitem mitigar os efeitos das atividades antrópicas e os seus
conflitos em ambientes urbanos. A conservação e o uso adequado dos recursos naturais são de
extrema importância para o desenvolvimento ambiental, social e urbano. A metodologia que se
aplica a esse trabalho é a de revisão bibliográfica, além disso, utilizou-se, como método, o
desenvolvimento de ferramentas educacionais para favorecer a aplicação das teorias
pesquisadas. Esse trabalho aborda a experiência teórica e prática voltada para à educação
ambiental em Marechal Deodoro, Alagoas, através do Projeto Água, vinculado ao Instituto
Federal de Alagoas (IFAL). Esse projeto, objetivou a disseminação de conhecimentos teórico-
práticos, sobre o uso e a conservação da água em ambientes escolares e residenciais. Os
resultados e discussões envolvem desde o desenvolvimento e a aplicação de técnicas ambientais
voltadas para a conservação da água até a percepção da comunidade em relação a aplicação
dessas técnicas. Nota-se que Marechal Deodoro é um município carente por projetos e
iniciativas de capacitação e educação ambiental, principalmente, no que diz respeito ao
desenvolvimento de habilidades práticas para o uso adequado e a conservação da água.
Palavras-chave: Tecnologias Ambientais; Conservação da Água; Educação Ambiental.
INTRODUÇÃO
A degradação ambiental causada pelo processo de urbanização, além de prejudicar os
recursos naturais de forma qualitativa e quantitativa, afeta a qualidade de vida das
pessoas, interfere no equilíbrio dos ecossistemas e atinge toda a biodiversidade. A
poluição e escassez da água potável é um dos principais problemas causados pelas ações
antrópricas.
Diante da atual crise ambiental que o mundo tem vivenciado, é necessário que sejam
incentivadas práticas que possibilitem a conservação e o uso adequado dos recursos
naturais. A educação ambiental pode desempenhar um papel importante para a mudança
de hábitos e do estilo de vida das pessoas. Uma vez que pode contribuir para a formação
humana, de forma teórica e prática, e deve ser disseminada constantemente, em todos os
104
9º Encontro Internacional das Águas
2
105
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3
MATERIAL E MÉTODOS
A metodologia utilizada para o desenvolvimento desse trabalho foi à busca por
referências bibliográficas relacionadas à teoria e prática sobre técnicas de conservação
da água e ferramentas de educação ambiental. Além disso, foram realizadas atividades
durante o Projeto Água, com a aplicação de uma metodologia de desenvolvimento do
conhecimento teórico-prático, através de palestras, oficinas, criação de sistemas de
aproveitamento de águas e análise da percepção dos alunos sobre o uso dessas técnicas
ambientais de conservação da água.
Uma das etapas metodológicas desse projeto foi a realização das oficinas e palestras na
Escola Municipal Silvério Jorge e na Escola Municipal Adelina de Carvalho Melo, do
município de Marechal Deodoro – Alagoas. Foram realizadas discussões com o intuito
de identificar a percepção dos alunos sobre as técnicas demonstradas nas oficinas e
palestras, usadas como ferramenta de educação ambiental.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
106
9º Encontro Internacional das Águas
4
A educação ambiental, mesmo com ênfase no contexto local, deve possibilitar uma
visão crítica e integrada do mundo, do meio ambiente e das relações sociais. Deve, além
disso, possibilitar que o indivíduo desenvolva potencialidades que lhe permitam
contribuir para a formação de uma sociedade melhor, tanto do ponto de vista ambiental
como social.
107
Universidade Católica de Pernambuco
5
Diante dessa perspectiva, o Projeto Água foi desenvolvido com o objetivo de contribuir
para a educação ambiental de forma teórica e prática, através da transmissão de
conhecimentos e informações para a capacitação de indivíduos que queiram adotar
práticas mais saudáveis em relação ao uso e a conservação dos recursos hídricos.
A primeira oficina realizada contou com a participação de estudantes e professores da
Escola Municipal Silvério Jorge. Nessa oficina, foram discutidos temas ambientais
como a aplicação de técnicas para o uso e conservação da água em ambientes
residenciais e escolares, como reservatório de água da chuva e uso do banheiro seco, por
exemplo.
Os participantes puderam conhecer algumas técnicas, como o armazenamento de águas
da chuva e a criação de peixes (Figura 1); o aproveitamento e tratamento de águas
cinzas por sistemas de baixo custo e fácil aplicação; a compostagem.
Além disso, puderam vivenciar de forma prática a concepção de tijolos de terra crua
(adobe), que podem ser utilizados na bioconstrução para fazer o banheiro seco, o forno a
lenha etc. (Figura 2). A percepção dos envolvidos sobre as técnicas ambientais foi
identificada através dos questionamentos e depois no feed back, através da interação
com a terra crua na prática de fabricação do tijolo, da comunicação e participação da
comunidade escolar nas atividades desenvolvidas.
108
9º Encontro Internacional das Águas
6
Além dessa oficina, o projeto desenvolveu outras atividades e foram realizadas mais
palestras com a participação de outras escolas. Dentre as atividades realizadas, houve a
bioconstrução de canteiro verde com design (Figura 3) criado durante o projeto para ser
utilizado no aproveitamento de águas em sistema de irrigação de plantas, e para servir
de exemplo nas oficinas sobre conservação da água e bioconstrução.
109
Universidade Católica de Pernambuco
7
Além desse sistema, foi construído outro que pode ser instalado em residências ou
escolas. Nesse caso, foi preciso criar uma forma com terra revestida por cimento para
depois fazer a estrutura de ferro e cobrir com cimento, utilizando a técnica de
bioconstrução chamada ferrocimento (Figura 5).
110
9º Encontro Internacional das Águas
8
111
Universidade Católica de Pernambuco
9
Esse sistema desenvolvido pode ser aproveitado pelos professores para uso didático
como laboratório vivo para as aulas práticas de ciência. Além de ser um sistema que
pode ser instalado em qualquer lugar para o aproveitamento de águas cinzas, por
exemplo. Pretende-se, através da disseminação dessas ideias e práticas de uso e
conservação da água, estimular o desenvolvimento de habilidades sociais, aprendizado
por prática de projeto, a cooperação e criatividade dos estudantes.
A urgência de tornar tais conhecimentos acessíveis à comunidade de Marechal Deodoro
está na necessidade de percepção e apropriação dessas técnicas pela população. Para
que saibam que é possível desenvolver mecanismos que auxiliem na conservação da
água e do meio ambiente de forma simples e com baixo custo. Já que todos sabem a
importância dos recursos naturais para o desenvolvimento local, a preservação da
biodiversidade e o equilíbrio ambiental.
CONCLUSÕES
112
9º Encontro Internacional das Águas
10
REFERÊNCIAS
113
Universidade Católica de Pernambuco
Joelithon de Lima Costa1, Thais Tainan Santos da Silva2, Alanna Maria do Nascimento
Bezerra3, Igor Fellipe Batista Vieira4, Miguel Antônio Pires Kelm5, Sávia Gavazza6,
Luiza Feitosa Cordeiro de Souza7
1
Graduando em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Pernambuco, Campus Acadêmico do Agreste, Bolsista CNPq,
Laboratório de Engenharia Ambiental, Caruaru/PE. E-mail: joelithon_eto@hotmail.com
2
Graduando em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Pernambuco, Campus Acadêmico do Agreste, Laboratório de
Engenharia Ambiental, Caruaru/PE. E-mail: thaistainan@hotmail.com
3
Graduando em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Pernambuco, Campus Acadêmico do Agreste, Laboratório de
Engenharia Ambiental, Caruaru/PE. E-mail: alannamaria18@hotmail.com
4
Mestrando em Engenharia Ambiental pela Universidade Federal Rural de Pernambuco, Bolsista CAPES, Engenheiro Ambiental. E-
mail: ig-01@hotmail.com
5
Mestrando em Geotecnia pela Universidade Federal de Pernambuco, Bolsista CAPES, Engenheiro Ambiental. Email:
Miguel.kelm@outlook.com
6
Docente na Universidade Federal de Pernambuco, Centro de Tecnologia e Geociência, Departamento de Engenharia Civil,
Laboratório de Saneamento Ambiental, Recife/PE.
E-mail: savia@ufpe.br
7
Docente no Centro Universitário Tabosa de Almeida – ASCES, Doutorado em Engenharia Civil, área Tecnologia Ambiental e
Recursos Hídricos, Caruaru/PE. E-mail: luizas@gmail.com
RESUMO
O desequilíbrio ambiental de ecossistemas aquáticos é uma situação enfrentada por diversos rios
do território brasileiro. O Rio Ipojuca, que corta o estado de Pernambuco, é um exemplo desta
deplorável realidade. O objetivo principal deste trabalho é avaliar a qualidade da água do rio
citado no território da cidade de Caruaru/PE para assim avaliar seu nível trófico. Para isso,
determinou-se cinco pontos de coletas que abrangeram áreas rurais e urbanas, incluindo-se
região industrial e também de rodovias movimentadas. Foram realizadas coletas e análises de
DQO, OD, fósforo e nitrogênio amoniacal das amostras das águas do rio nos meses de Julho,
Agosto e Setembro de 2015 e 2016. Com os resultados obtidos observou-se que os cinco pontos
foram classificados como hipereutróficos. Ao longo do rio a poluição aumenta, mas reduz ao se
afastar dos centros urbanos e este comportamento se repete ao longo do tempo, mas o grave
período de estiagem aumentou a poluição em 2016. Concluiu-se que a atual situação do Rio
Ipojuca é altamente poluído, tanto na região interna como na externa ao centro urbano. Todavia,
o rio apresenta capacidade de autodepuração com a melhora na qualidade da água no último
ponto de coleta.
Palavras-chave: Poluição aquática; Águas fluviais; Nível trófico;
INTRODUÇÃO
A água é o elemento indispensável à qualidade da vida humana. Seus vários usos
contribuem para o desenvolvimento populacional o que implica em um incremento dos
vários setores da economia. Todavia, neste aspecto de crescimento, há uma demanda
maior do consumo de água, bem como o consequente comprometimento das águas dos
rios, lagos e reservatórios. Segundo Von Sperling (1996), a interferência do homem de
forma concentrada, seja como despejos domésticos ou industriais, influencia à
114
9º Encontro Internacional das Águas
MATERIAL E MÉTODOS
Para a avaliação da qualidade da água do Rio Ipojuca definiu-se 5 pontos de coleta (P1,
P2, P3, P4 e P5) ao longo do curso do rio no município de Caruaru, como está
representado na Figura 1.
115
Universidade Católica de Pernambuco
Esses pontos foram selecionados para avaliar a qualidade da água do rio que entra (P1)
e sai (P5) da cidade de Caruaru, a contribuição de alguns pontos críticos da cidade (P2 –
parque industrial, P3 – rodovia de grande fluxo de carros e transeuntes e P4 – centro
comercial e residencial) e a capacidade de suportar e autodepurar do mesmo. Na Tabela
1 são disponibilizados a localização geográfica dos pontos e uma breve descrição.
116
9º Encontro Internacional das Águas
Nesses pontos foram feitas coletas mensais nos meses de Julho, Agosto e Setembro em
2015 e 2016. No ano de 2015 as coletas no ponto P1 foram realizadas normalmente,
porém em 2016, por causa do grande período de estiagem que a região passou, o rio
secou nesse ponto, não havendo condições de realização de coletas ou qualquer tipo de
análise da qualidade da água. Nos demais pontos, apesar de ter sido observado uma
grande diminuição no volume de água, as coletas puderam ser realizadas normalmente.
Os parâmetros de qualidade de água analisados nas amostras da água do Rio Ipojuca
foram: DQO, OD, fósforo (fosfato) e nitrogênio amoniacal (APHA, 2012).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Através de avaliações de campo pôde-se observar condições rurais em P1 em 2015, com
mata ciliar e sem moradores próximos ao leito (Figura 2a). Em 2016, os aspectos
mudaram, pôde-se observar erosão nas margens causadas por moradores rurais a
procura de água subterrânea (Figura 2b). O ponto P2, apesar de possuir mata ciliar em
suas margens, era rodeado de indústrias e ficava próximo a uma rodovia com grande
fluxo de carros pesados, como caminhões. Além disso, as águas desse ponto eram
cobertas por macrófitas (Figura 2c-2d). O ponto P3 se caracterizava por ser um local
urbano, onde as construções chegavam até muito próximo do leito (Figura 2e-2f),
também podia-se observar encanações despejando efluentes no rio. No ponto P4 havia
uma ponte, de um lado podia-se observar o espelho d’água (Figura 2g), enquanto do
outro lado o rio estava coberto por macrófitas e resíduos sólidos depositados pelos
moradores locais (Figura 2h). Do mesmo modo que no ponto P3, no ponto P4 também
podia ser observado encanações despejando efluentes. O ponto P5 estava inserido numa
região rural, assim observou-se mata ciliar nas suas margens com poucos moradores nas
proximidades. O espelho d’água nesse ponto estava completamente coberto por
macrófitas, havendo apenas uma parte onde podia-se ver a água do rio, pois os
moradores fizeram uma limpeza para conseguir transitar de uma margem para a outra
(Figura 2i-2j).
117
Universidade Católica de Pernambuco
a) c) e) g) i)
b) d) f) h) j)
Fonte: Autoria própria (2017).
118
9º Encontro Internacional das Águas
119
Universidade Católica de Pernambuco
80 10
70
8
60
50
6
40
30 4
20
2
10
0 0
P2 P3 P4 P5 P2 P3 P4 P5
600 1,8
2015 2015
400 1,2
DQO (mg O2/L)
1,0
300
0,8
200 0,6
0,4
100
0,2
0 0,0
P2 P3 P4 P5 P2 P3 P4 P5
80
2015
70 2016
Concentração de Nitrogênio Amoniacal
60
50
(mg N-NH3/L)
40
30
20
10
0
P2 P3 P4 P5
e) Pontos de Coleta
Foi notório as diferenças significativas entre os resultados obtidos nos anos de 2015 e
2016 para todos os parâmetros avaliados. O principal motivo foi o grande período de
estiagem. A precipitação acumulada total no período de coleta, julho, agosto e setembro,
do ano de 2015 foi de 107,8 mm, enquanto no mesmo período do ano de 2016 a
precipitação acumulada total foi de 52,9 mm (APAC, 2016). Essa drástica diminuição
na quantidade de chuvas resultou na diminuição do volume e vazão do rio e elevação da
concentração dos esgotos domésticos. Com a redução das chuvas, houve uma redução
do volume da barragem, formando períodos de racionamento de água. Esta não deixou
120
9º Encontro Internacional das Águas
de ser consumida, apenas houve uma redução no volume de redução. Com isso, os
esgotos ficaram mais concentrados e não havia água no rio para promover a diluição dos
efluentes lançados deixando assim as amostras com concentração mais elevada de cada
composto.
Outro comportamento evidenciado nos gráficos de fósforo e DQO foi a elevação
significativa da concentração de todos os elementos analisados entre os pontos de coleta
P2 e P3. Do ponto P3 para o P4 houve um leve decaimento dos valores encontrados e
esse decaimento continua do ponto P4 para o P5. Esse comportamento evidencia que o
rio no ponto P3, por estar inserido numa região de grande densidade demográfica,
provavelmente recebe uma grande descarga de esgoto de origem doméstica não tratado
ou com um tratamento de baixa eficiência, elevando a concentração dos compostos. Os
decaimentos subsequentes evidenciam que apesar da poluição do Rio Ipojuca, ele ainda
consegue, mesmo que parcialmente, se autodepurar.
A avaliação dos resultados obtidos com a avaliação do parâmetro nitrogênio amoniacal
mostrou dois comportamentos diferentes em cada ano. Em ambos os anos, 2015 e 2016,
observou-se um aumento do nitrogênio amoniacal entre os pontos P2 e P3. Este
aumento foi provocado pelo lançamento de esgoto. Em 2015, outro aumento
significativo foi observado, entre os pontos P4 e P5. Neste caso, este fato ocorreu pela
digestão anaeróbia da matéria orgânica lançada pela cidade. Esta afirmação pode ser
confirmada observando os valores de DQO que reduziram entre os pontos P4 e P5 e
pelas baixíssimas concentrações de oxigênio dissolvido, descaracterizando a digestão
aeróbia. Em 2016, não foi observado aumento na concentração de amoniacal tão
expressiva como em 2015, entre os pontos P4 e P5 apesar da redução muito semelhante
da DQO nos mesmos pontos em ambos os anos. Em 2016, as concentrações de oxigênio
dissolvido estavam mais elevadas, em comparação a 2015, desta forma, este oxigênio
pode ter sido utilizado para degradar aerobiamente a matéria orgânica ou pode ter
oxidado a amônia a nitrito ou nitrato.
Após o cálculo do Índice de Estado Trófico (IET) das amostras do Rio Ipojuca,
constatou-se que todos os pontos do rio, em ambos os anos de coleta, foram
classificados como hipereutrófico, havendo um ligeiro aumento no valor do IET do ano
de 2015 para 2016. Essa classificação caracteriza o rio como um corpo de água com
elevada concentração de nutrientes como fósforo e nitrogênio, como foi comprovado
121
Universidade Católica de Pernambuco
CONCLUSÕES
1. O nível trófico do ecossistema do Rio Ipojuca na cidade de Caruaru/PE está
muito elevado e, apesar das concentrações, todos os pontos analisados foram
classificados como hipereutrófico.
2. Ao longo do rio, a concentração do fósforo, DQO e amoniacal aumentou,
voltando a reduzir no último ponto (P5). O único parâmetro dentre os três
citados a não reduzir no último ponto foi o nitrogênio amoniacal. Os parâmetros
de oxigênio dissolvido se comportaram diferente, eles reduzem ao longo do
percurso e voltam a aumentar no último ponto.
3. Em 2016, o comportamento ao longo do rio foi a mesma que em 2015, mas as
condições de poluição do rio estavam piores, justificado pelo agravamento no
período de estiagem.
4. Com esta avaliação, verificou-se a existência de capacidade de autodepuração do
rio Ipojuca a partir do momento que se afasta dos centros urbanos. Logo, a
redução do lançamento de resíduos e a preservação das matas ciliares
corroboram para a saúde do rio.
122
9º Encontro Internacional das Águas
REFERÊNCIAS
AGÊNCIA ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE. Sistema de Informações
Geoambientais de Pernambuco – SIG Caburé. Disponível em: <
http://sigcabure.cprh.pe.gov.br/>. Acesso em: 10 de Novembro de 2016.
123
Universidade Católica de Pernambuco
1
¹ Programa de pós-graduação em Ciência e Engenharia de Materiais Universidade Federal da Paraíba – UFPB, 58051-900, João
Pessoa/PB, Brasil. rivaildomiranda@hotmail.com
RESUMO
A água é um elemento fundamental da natureza que sofre com a escassez causada
especificamente pelo elevado padrão do consumo humano e a grande poluição ambiental de
suas fontes. No atual cenário brasileiro um dos principais problemas hídricos é a poluição dos
rios, que muitas vezes são fontes de abastecimento d’água de vários estados e munícipios. O Rio
Gramame localizado no município de João Pessoa/PB é um grande exemplo quando se fala em
a poluição de rios urbanos. Atualmente é principal fonte de abastecimento de água da região
metropolitana da capital paraibana. Por se localizar em uma região urbana, é uma bacia que tem
sofrido com as ações antrópicas, sendo, portanto, a qualidade da água claramente discutida.
Desta forma, o presente trabalho tem como objetivo avaliar a qualidade da água bruta do Rio
Gramame através dos parâmetros físico-químicos de pH, cor, turbidez e quanto a presença de
ferro, manganês e alumínio e de análise microbiológica. A partir dos resultados comparativos
foi possível classificar a água bruta na classe 3, podendo ser aplicada ao abastecimento para
consumo humano após tratamento convencional ou avançado.
Palavras-chave: Rios urbanos; Avaliação físico-química; Avaliação microbiológica.
INTRODUÇÃO
Essencial para a vida em nosso planeta, a água tem se tornado uma preocupação em
todas as partes do mundo. Segundo Grassi (2011, p. 31),
Embora abundante, cerca de 97,5 % do volume total de água disponível está presente
nos oceanos e mares na forma de água salgada, sendo, portanto, impropria para o
consumo humano. Mesmo cobrindo mais de 3/4 do planeta, apenas 2,5 % do volume
total é constituída de água doce, que em sua grande maioria está presente nas geleiras e
nas calotas polares. Dentro dos 2,5 % de água doce disponível no mundo cerca de 68,9
% está presente na forma de gelo, restando apenas 31,1 % na forma líquida e, portanto,
acessível ao consumo humano, podendo ser encontradas em rios, lagos, aquíferos,
atmosfera, entre outras fontes. Isto significa que apenas 0,3 % de toda água da Terra
124
9º Encontro Internacional das Águas
2
está acessível e pode ser consumida direto da natureza (GRASSI, 2001; DETONI,
2007).
Um dos principais problemas hídricos no atual cenário brasileiro é a poluição dos rios,
que muitas vezes são fontes de abastecimento d’água de vários estados e munícipios.
Um grande exemplo de poluição hídrica no Brasil é o Rio Gramame. Localizado no
estado da Paraíba, ele tem 54,3 km de extensão e nasce na região Pedras de Fogo,
desaguando na Barra de Gramame (Oceano Atlântico), limite entre os municípios de
João Pessoa e Conde. A sua bacia drena aproximadamente 589 km² e banha seis
municípios paraibanos além da capital João Pessoa, sendo eles: Alhandra, Conde, Cruz
do Espírito Santo, Santa Rita, São Miguel de Taipu e Pedras de Fogo (GARCIA, 2008;
AESA, 2015).
Merten e Minella (2002) relatam que a qualidade da água destinada a consumo pode ser
afetada por efluentes domésticos sendo caracterizado por contaminantes orgânicos e
125
Universidade Católica de Pernambuco
3
patogênicos, efluentes industriais que pode ser complexa de acordo com sua natureza e
grau de concentração.
Tendo em vista que as águas do Rio Gramame são destinadas ao consumo humano e
para produção agropecuária, elas devem passar por uma classificação baseada na
resolução do CONAMA n.357, de 17 de março de 2005. Nesse contexto, o presente
trabalho tem como objetivo analisar a qualidade da água bruta do Rio Gramame através
dos parâmetros físico-químicos e microbiológicos, além de desenvolver uma análise
comparativa entre a água bruta e a água de poço artesiano coletada na Universidade
Federal da Paraíba/UFPB.
MATERIAL E MÉTODOS
126
9º Encontro Internacional das Águas
4
A B
Parâmetros analisados
Os parâmetros físico-químicos analisados foram: pH, cor (mg Pt/L), turbidez (NTU) e
através do método colorimétrico foi identificado a presença de ferro, manganês e
alumínio (mg/L). Os ensaios foram realizados na Estação de Tratamento de Água da
Companhia Pernambucana de Saneamento – ETA COMPESA/PE. Foi utilizada a
Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater (1999) como
metodologia para a realização das análises.
127
Universidade Católica de Pernambuco
5
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Analisando o aspecto visual da água bruta do Rio Gramame/PB não foi identificado
materiais flutuantes (incluindo espumas não naturais), óleos, graxas e resíduos sólidos
na região de coleta da amostra.
Aspectos físico-químicos
A Figura 3 apresenta os resultados comparativos de cor (mg Pt/L) para água bruta
coletada no Rio Gramame e a água da torneira da Universidade Federal da Paraíba
(poço artesiano), utilizada nesse trabalho como controle para análise dos parâmetros
físico-químicos e microbiológicos. A água bruta apresentou uma coloração mais escura
(característica de águas de mananciais), sendo sua cor de aproximadamente 51 mg Pt/L.
Para a água da torneira foi constatada cor de aproximadamente 9.6 mg Pt/L. Foi
possível observar uma redução de real de aproximadamente 81 % entre a água bruta e a
água da torneira, redução associada ao tratamento realizado na ETA de Gramame
Mamuaba.
128
9º Encontro Internacional das Águas
6
Analisando os resultados de pH, é possível observar que a água bruta do Rio Gramame
apresentou característica neutra com tendência básica (pH = 7,95). Foi verificado uma
redução de aproximadamente 14,4 % no pH entre a água bruta e a água da torneira da
Universidade Federal da Paraíba. Foi constatada a presença de alumínio (0.1 mg/L),
ferro (0.1 mg/L) e manganês (0.03 mg/L) em concentrações mínimas aferidas pelo
método colorimétrico utilizado.
De acordo com a resolução n. 430 do CONAMA a água bruta do Rio Gramame pode
ser classificada como de classe 3 quanto aos aspectos de cor, turbidez e pH. A presença
de alumínio, ferro e manganês não afeta a utilização da água bruta nas aplicações de
água de classe 3.
129
Universidade Católica de Pernambuco
7
Aspectos microbiológicos
De acordo com a resolução do CONAMA n.357 a água bruta pode ser classificada
como de classe 3, para o uso de recreação de contato secundário, tendo em vista não
ultrapassar o limite de 2500 coliformes termotolerantes por 100 mililitro de água.
Entretanto, não pode ser utilizada para dessedentação de animais criados confinados por
ultrapassar 1000 coliformes termotolerantes por 100 mililitros.
Coliformes Termotolerantes
2.4 x 10² Ausência em 100 mL
(NMP/100mL)
Bactérias Heterotróficas
3.0 x 105 Max. 5 x 10²/mL
(UFC/mL)
(*) Padrão do Ministério da Saúde para potabilidade – ANVISA – Portaria n. 2914, de
12 de dezembro de 2011.
CONCLUSÃO
1. Quanto ao aspecto visual da água bruta do Rio Gramame/PB não foi identificado
materiais, óleos, graxas e resíduos sólidos na região de coleta da amostra;
2. A água bruta apresentou uma coloração mais escura e aspecto turvo;
3. Foi constatado uma redução de aproximadamente 81 % no padrão de cor entre a
água bruta e a água da torneira;
4. Houve uma redução de aproximadamente 94,8 % na turbidez entre a água bruta
e a água da torneira;
130
9º Encontro Internacional das Águas
8
REFERÊNCIAS
131
Universidade Católica de Pernambuco
9
MOURA, J. A. A crise hídrica no brasil: A água como elemento raro e caro. Revista
científica eletrônica. Julho, 2015.
132
1
9º Encontro Internacional das Águas
1 Graduando de Engenharia Química pelo Centro Universitário UNIVATES. Bolsista de Iniciação Tecnológica e Industrial do
CNPq - Nível A. cassiano.brandt@univates.br.
2 Químico Industrial pelo Centro Universitário UNIVATES. danielkuhn@univates.br.
3 Graduando de Engenharia Química pelo Centro Universitário UNIVATES. Bolsista de Iniciação Tecnológica e Industrial do
CNPq - Nível A. fernando.kuffel@univates.br.
4 Graduando de Engenharia Ambiental pelo Centro Universitário UNIVATES. Bolsista de Iniciação Tecnológica e Industrial do
CNPq - Nível A. henrique.etgeton@univates.br.
5 Mestre em Sensoriamento Remoto pelo CEPSRM-UFRGS. Coordenador do curso de Engenharia Ambiental pelo Centro
Universitário UNIVATES. rafare@univates.br.
RESUMO
A água é uma substância única e essencial para a vida. Apesar de ser abundante na superfície
terrestre, apenas 0,0082 % da mesma é de fácil acesso e potável ao ser humano. Dado este fato,
torna-se importante monitorar e analisar a qualidade da água em rios e lagos. O objetivo deste
trabalho é avaliar a qualidade da água do rio Taquari junto à cidade de Lajeado, no Rio Grande
do Sul, pois esse é um dos principais meios de dessedentação humana e animal e um importante
meio de navegação na região onde ele se encontra. Para tal, foram realizadas coletas mensais em
três diferentes pontos do rio durante um ano. As amostras de água foram submetidas às
seguintes análises físico-químicas: pH, cor, turbidez, oxigênio dissolvido, dureza total, demanda
biológica de oxigênio e análises microbiológicas, seguindo as metodologias citadas no Standard
Methods for the Examination of Water and Wastewater. Como resultado, destaca-se que as
amostras estão de acordo com o estabelecido pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA), podendo assim serem utilizadas para consumo após um tratamento convencional.
Palavras-chave: Água potável; Legislação; Análises de qualidade; Taquari-Antas.
INTRODUÇÃO
A necessidade do uso contínuo da água para consumo e atividades como a agricultura e
pecuária fez com que as populações se estabelecessem em locais que apresentassem
abundantes recursos hídricos, como bacias hidrográficas. Atualmente, os corpos d’água
também podem serem utilizados na indústria e para transporte, favorecendo o
desempenho comercial e interligando diferentes comunidades (OLIVEIRA, 2010).
A Bacia Hidrográfica Taquari-Antas, localizada no estado do Rio Grande do Sul, possui
características físicas e antrópicas diferenciadas devido à sua magnitude, como áreas de
alto índice de industrialização, áreas com predomínio de produção primária, zonas
intensamente urbanizadas e riscos de ocorrência de enchentes, entre outras. Uma das
regiões mais desenvolvidas do estado gaúcho, o Aglomerado Urbano do Nordeste
encontra-se nesta bacia hidrográfica (FERRI, 2012). A Bacia Hidrográfica Taquari-
Antas está situada na região nordeste do Rio Grande do Sul, entre as coordenadas
geográficas de 28°10’ a 29°57’ de latitude Sul e 49°56’ a 52°38’ de longitude Oeste.
133
2
Universidade Católica de Pernambuco
134
3
9º Encontro Internacional das Águas
135
4
Universidade Católica de Pernambuco
MATERIAL E MÉTODOS
As coletas foram realizadas mensalmente entre o período de junho de 2015 até abril de
2016, em 3 pontos previamente elencados no rio Taquari, na cidade de Lajeado. Os
pontos de coleta foram denominados P1, P2 e P3. P1 é o ponto de coleta junto ao
sistema de captação de água para tratamento; P2 localiza-se no centro do rio; e P3 situa-
se junto ao Arroio Saraquá, afluente do rio Taquari. Este localiza-se em zona urbana e
recebe efluentes industriais e domésticos, sendo assim um manancial com potencial
poluidor. As coordenadas geográficas dos pontos de coleta são: P1: 29º 27’53.63”S,
51°56’53.14”O; P2: 29º 28’02.84”S, 51º 56’56.65”O; P3: 29º 28’20.73”S, 51º
58’13.56”O (Figura 2).
Figura 2 - Pontos de coleta no Rio Taquari, em Lajeado/RS
136
5
9º Encontro Internacional das Águas
Análises físico-químicas
Para caracterização físico-química, realizou-se análises de cor, pH, turbidez, oxigênio
dissolvido, demanda biológica de oxigênio e dureza total. Para análise de cor, utilizou-
se um colorímetro da marca Digimed, modelo DM-COR. Para análise de pH, foi
utilizado um pHmetro da marca Metrohm, modelo 827 pH lab. Para turbidez, utilizou-se
turbidímetro da marca Digimed, modelo DM-TU. Para analisar oxigênio dissolvido,
utilizou-se oxímetro da marca Digimed, modelo DM-4P. E para análise de DBO, foi
utilizado um equipamento de modelo Oxitop IS6WTW. A análise de dureza total seguiu
o método complexométrico do ácido etilenodiamino tetra-acético (EDTA), descrito no
Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater (2012).
Análises microbiológicas
RESULTADOS E DISCUSSÃO
137
6
Universidade Católica de Pernambuco
Coliformes NMP/100
≤200 ≤1000 ≤4000 Não definido
Termotolerantes mL
OD mg/L ≥6 ≥5 ≥4 >2
138
7
9º Encontro Internacional das Águas
Com base na legislação vigente, através da análise dos resultados obtidos, pode-se
caracterizar as águas do ponto de coleta P1, que corresponde ao local onde é realizada a
captação da água para abastecimento do município de Lajeado, como de classe I para os
parâmetros de pH, oxigênio dissolvido, demanda biológica de oxigênio e coliformes
termotolerantes; e como classe II para os parâmetros de cor verdadeira e turbidez.
O ponto de coleta P2, que corresponde ao ponto central do rio Taquari, pode ser
caracterizado como de classe I para os parâmetros de pH, OD, DBO e coliformes
termotolerantes; e como classe II para os parâmetros de cor verdadeira e turbidez.
Já as águas do ponto de coleta P3, que corresponde ao ponto em que as águas do Arroio
Saraquá encontram as águas do rio Taquari, podem ser classificadas como de classe I
para os parâmetros de pH e OD; como de classe II para os parâmetros de coliformes
termotolerantes, cor verdadeira e turbidez; e como de classe III para DBO.
Os testes de pH em todos os pontos de coletas e durante todos os meses de estudo não
tiveram variação considerável, oscilando entre uma faixa de 6,9 e 7,5, o que mantém as
águas do Taquari como classe I neste quesito. Os dados de cor e turbidez mantiveram-se
próximos durante grande parte do ano de 2015, mas percebe-se uma taxa de elevação
significativa nos meses de agosto até outubro, onde os valores atingidos foram os mais
altos do ano. Destaca-se a cor no mês de outubro 2015, que passou de 77 mg Pt-Co/L.
Para o parâmetro de dureza total, os três pontos podem ser considerados como água
mole. De acordo com Von Sperling (2005), águas moles apresentam dureza não
superior a 50 mg CaCO3/L. Este autor ainda argumenta que em determinadas
concentrações, a dureza pode causar sabor desagradável e efeitos laxativos.
Pode-se observar também que no mês de outubro de 2015 houve uma diminuição
considerável no número de coliformes termotolerantes em relação aos outros meses de
estudo, e um aumento nas análises de oxigênio dissolvido no mês seguinte.
Provavelmente, isso ocorreu devido aos elevados níveis de precipitação pluviométrica
que ocorreram neste período do ano na região. Tais precipitações causaram cheias e,
consequentemente, aumentaram as correntezas no rio. Com isso, a oxigenação do rio
aumenta, o que explicaria tais valores de OD.
O aumento do índice de chuva, cheias e inundações faz com que muitos dejetos e
matéria orgânica sejam arrastados e incorporados ao rio. A elevação dos resultados de
cor obtidos pode ser explicada por um aumento de matéria orgânica presente na água. Já
a diminuição no número de coliformes se deve ao fato do aumento de volume de água,
139
8
Universidade Católica de Pernambuco
que acaba por diluí-los. Segundo Cotta (2006), há a possibilidade do aumento dos
padrões físico-químicos devido a condições climáticas, tais como as chuvas, que trazem
sedimentos e matéria orgânica para os leitos dos rios.
A Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler (FEPAM), em um
acompanhamento trimestral de coleta de amostras desde o ano 1993, relata uma
qualidade de água regular, utilizando o Índice de Qualidade da Água (IQA) adotado
pela National Sanitation Foundation (NSF), avaliando um ponto de coleta a jusante dos
municípios de Estrela e Lajeado. Quanto ao parâmetro de OD, o rio Taquari apresenta
boas condições de oxigenação, com predominância de classe I; para demanda biológica
de oxigênio, o mesmo é classificado predominantemente também como classe I, exceto
em anos de forte estiagem. As condições de oxigenação observadas favorecem a
depuração da matéria orgânica. O rio Taquari, porém, contando com pouca declividade
e poucas corredeiras, apresenta uma baixa velocidade de suas águas e um leito arenoso,
o que reduz sua capacidade de autodepuração (RIO GRANDE DO SUL, 2016).
Izarias et al. (2014) verificaram a qualidade das águas do rio Taquari em áreas urbanas
nas cidades de Estrela e Lajeado, e concluíram que este apresenta boa qualidade de água
conforme qualificação da Resolução CONAMA n. 357/2005.
CONCLUSÃO
1. Ao fim do trabalho, pode-se concluir que, através dos resultados obtidos para os
parâmetros analisados, o trecho do rio Taquari estudado está próprio para
consumo após passar por tratamento adequado e está em conformidade com a
Resolução CONAMA n. 357, de 17 de março de 2005.
2. Também é importante destacar que, mesmo havendo oscilações de chuvas e
cheias durante os períodos de análise, os resultados verificados nas análises
físico-químicas não se alteram a ponto de descaracterizar o rio para o propósito
de abastecimento público.
AGRADECIMENTOS
140
9
9º Encontro Internacional das Águas
REFERÊNCIAS
BRANCO, Samuel M. Água: Origem, uso e preservação. São Paulo: Moderna. 2. ed.
2003.
IZARIAS, N. S. et al. Qualidade das águas em áreas urbanas do rio Taquari nos
municípios de Estrela e Lajeado – RS. Ciência e Natura, v. 36, Ed. Especial II, p. 789-
797, 2014.
MACEDO, Jorge A. B. Águas & Águas. 3. ed. Minas Gerais: Minas Gerais, 2007.
141
10
Universidade Católica de Pernambuco
RICE, Eugene W. et al. Standard methods for the examination of water and
wastewater. 22. ed. Washington (DC): American Public Health Association, 2012.
142
9º Encontro Internacional das Águas
Henrique Pretto Etgeton1, Daniel Kuhn2, Cassiano Ricardo Brandt3, Fernando José
Malmann Kuffel4, Maria Cristina Dallazen5
1 Graduando em Engenharia Ambiental pelo Centro Universitário UNIVATES. Bolsista de Iniciação Tecnológica e Industrial do
CNPq - Nível A. enrique.etgeton@univates.br.
2 Químico Industrial pelo Centro Universitário UNIVATES. danielkuhn@univates.br.
3 Graduando em Engenharia Química pelo Centro Universitário UNIVATES. Bolsista de Iniciação Tecnológica e Industrial do
CNPq - Nível A. cassiano.brandt@univates.br.
4 Graduando em Engenharia Química pelo Centro Universitário UNIVATES. Bolsista de Iniciação Tecnológica e Industrial do
CNPq - Nível A. fernando.kuffel@univates.br.
5 Química Industrial pelo Centro Universitário UNIVATES. crisdallazen@yahoo.com.br.
RESUMO
A contaminação de recursos hídricos com substâncias mais complexas e resistentes aos
tratamentos convencionais de águas de abastecimento é um dos assuntos em foco na
comunidade científica. Dentro da classe dos micropoluentes, a Penicilina G é um dos
antibióticos mais utilizados devido ao seu amplo espectro de atuação e preço acessível. Através
da técnica de Extração em Fase Sólida (EFS) ou Solid Phase Extraction (SPE), o trabalho tem o
objetivo de pré-concentrar uma amostra do fármaco em faixas de μg/L e ng/L, facilitando assim
a detecção e quantificação através de equipamentos sensíveis, como um cromatógrafo a líquido
acoplado a um espectrômetro de massas (LC/MS). Para isso, cartuchos do modelo Strata™-X
foram utilizados. A partir de 25 mL de amostra com 30 μg/L do fármaco, usando diferentes
condições de pH e solventes, foi possível alcançar uma recuperação de até 75,7 %. Obteve-se a
melhor condição de recuperação de Penicilina G em pH 6,0 utilizando metanol como solvente.
Pôde-se concluir que foi possível pré-concentrar o analito. Posteriormente, testes serão
realizados para detecção do fármaco em amostras reais de água.
Palavras-chave: Extração em fase sólida; Penicilina G; Águas superficiais.
INTRODUÇÃO
A relação das civilizações com o ambiente terrestre é um dos aspectos mais presentes na
história da humanidade. O elevado crescimento da população mundial, como nunca
antes visto, demanda da indústria e do mercado um enorme volume de produtos para
satisfazer as necessidades básicas dos cidadãos de todo o planeta. Entre estas, o
tratamento clínico de diversos tipos de patologias mostra-se como um dos maiores
desafios para as comunidades médica e científica (BROOKS; HUGGETT, 2012;
KOLPIN et al., 2002).
O uso de fármacos em larga escala para a remediação de doenças que afetam os seres
humanos e os animais tem sido um importante fator para a poluição dos corpos d’água
de todo o mundo. Quando consumidos, estes compostos não são totalmente absorvidos
pelo organismo. Com isso, boa parte destas substâncias é excretada pelo corpo humano
143
Universidade Católica de Pernambuco
sem sofrer alterações, chegando à esgotos e efluentes em sua forma ativa, o que acaba
por contaminar rios e lagos (ROSSMANN et al., 2014).
A Penicilina G (PEN G), descoberta em 1928, foi o primeiro antibiótico a ser usado
para tratar doenças bacterianas. Ela é amplamente utilizada pela população mundial
devido à sua baixa toxicidade e custo. Suas maiores aplicações são via intravenosa e
intramuscular para o combate de bactérias gram-positivas e gram-negativas (CANZANI
et al., 2017; LI et al., 2008; YOCUM; RASMUSSEN; STROMINGER, 1980).
144
9º Encontro Internacional das Águas
Dados estes fatos, torna-se importante aprimorar técnicas de preparo de amostra que
possibilitem o manuseio e o estudo de substâncias em concentrações de μg/L e ng/L.
Um dos métodos mais utilizados para pré-concentração de amostra é a técnica de
Extração em Fase Sólida (EFS) ou Solid Phase Extraction (SPE) (GURKE et al., 2015).
Desta forma, o objetivo do presente trabalho foi desenvolver uma metodologia para a
pré-concentração de Penicilina G por Extração em Fase Sólida, testando diferentes
condições iniciais de pH e solventes de eluição. Posteriormente, análises por LC/MS
poderão informar as taxas de recuperação do fármaco para cada condição performada.
Estes testes serão necessários para posteriores análises deste fármaco em amostras reais
de águas de abastecimento.
MATERIAL E MÉTODOS
145
Universidade Católica de Pernambuco
Os cartuchos utilizados são do modelo Strata™-X 33 μm (500 mg/6 mL) de fase reversa
polimérica, da marca Phenomenex. Para o procedimento, utilizou-se um manifold de 12
posições acoplado a uma bomba de vácuo.
O procedimento de extração em fase sólida consiste em etapas que devem ser seguidas
para atingir um bom desempenho. As etapas são: condicionamento do cartucho,
aplicação da amostra, lavagem e, por último, a eluição dos analitos.
146
9º Encontro Internacional das Águas
1 2 3 4 5
Após a concentração, o metanol e o analito extraído contidos nos tubos de ensaio foram
secos sob fluxo constante de gás nitrogênio (N2), e, posteriormente, reconstituídos com
5 mL de água Milli Q de mesmo pH utilizado inicialmente. Esta etapa é realizada
devido ao fato da curva de calibração do LC/MS ter sido preparada em água, em
concentrações de 5 μg/L até 300 μg/L. Logo, a amostra deve estar nas mesmas
condições utilizadas no desenvolvimento da metodologia. Essa etapa deve ser
observada, pois o pH do meio pode interferir na ionização das moléculas no
procedimento instrumental.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após a análise dos dados obtidos no LC/MS, esperava-se encontrar uma concentração
aproximadamente 5 vezes maior do que a original (30 μg/L), uma vez que as amostras
foram preparadas em 25 mL e reconstituídas com 5 mL de água. Pôde-se verificar que a
concentração de Penicilina G alcançou valores de cerca de 3,8 vezes do número inicial.
147
Universidade Católica de Pernambuco
Nas demais faixas de pH (4,0 e 6,0), o composto pôde ser analisado. Contudo, as
maiores taxas de recuperação foram obtidas com um pH mais próximo do neutro,
atingindo uma recuperação de aproximadamente 75,7 %. Em pH 4,0, a recuperação foi
de aproximadamente 65,8 %. Os resultados encontrados para a recuperação do fármaco
são superiores aos citados na literatura. Gros et al. (2013) obteviveram recuperações de
50 %. Apesar de o autor utilizar um cartucho de SPE diferente, as características do
148
9º Encontro Internacional das Águas
Outro fator que se deve ressaltar é quanto ao efeito do metanol acidificado. A presença
do solvente acidificado diminuiu significativamente a taxa de recuperação da Penicilina
G. Ainda que a amostra de pH 2,5 tenha apresentado uma baixa recuperação na primeira
condição testada, a adição deste metanol reduz ainda mais essa taxa. A amostra em pH
4,0 eluída apenas com metanol obteve uma recuperação considerável. Porém,
novamente na presença do metanol acidificado, a amostra seguinte teve sua recuperação
reduzida em cerca de 50 %.
CONCLUSÃO
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
149
Universidade Católica de Pernambuco
KOLPIN, Dana W.; FURLONG, Edward T.; MEYER, Michael T.;THURMAN, E. M.;
ZAUGG, Steven D.; BARBER, Larry B.; BUXTON, Herbert T. Pharmaceuticals,
Hormones, and Other Organic Wastewater Contaminants in U.S. Streams, 1999-2000:
A National Reconnaissance. Environmental Science & Technology, v. 36, p. 1202-
1211, 2002.
LI, Dong; YANG, Min; HU, Jianying; ZHANG, Yu; CHANG, Hong; JIN, Fen.
Determination of penicillin G and its degradation products in a penicillin production
wastewater treatment plant and the receiving river. Water Research, v. 42, p. 307-317,
2008.
LIU, Chuangji; WANG, Hai; JIANG, Yanbin; DU, Zhenxia. Rapid and simultaneous
determination of amoxicillin, penicillin G, and their major metabolites in bovine milk
by ultra-high-performance liquid chromatography–tandem mass spectrometry. Journal
150
9º Encontro Internacional das Águas
LIU, Pengxiao; ZHANG, Hanmin; FENG, Yujie; YANG, Fenglin; ZHANG, Jianpeng.
Removal of trace antibiotics from wastewater: A systematic study of nanofiltration
combined with ozone-based advanced oxidation processes. Chemical Engineering
Journal, v. 240, p. 211-220, 2014.
PAL, Amrita; GIN, Karina Y. H.; LIN, Angela Y. C.; REINHARD, Martin. Impacts of
emerging organic contaminants on freshwater resources: Review of recent occurrences,
sources, fate and effects. Science of the Total Environmental, v. 408, p. 6062-6069,
2010.
151
Universidade Católica de Pernambuco
¹Graduanda em Tecnologia em Saneamento Ambiental pelo IFCE campus Limoeiro do Norte: andreza--
maria@hotmail.com;
²Graduada em Tecnologia em Saneamento Ambiental pelo IFCE campus Limoeiro Norte: patriciaifce@hotmail.com ;
3
Graduanda em Técnico em Meio Ambiente pelo IFCE campus Limoeiro Norte: jessica.r160@gmail.com;
4
Graduando em Tecnologia em Saneamento Ambiental pelo IFCE campus Limoeiro do Norte: jardesonjulio@hotmail.com;
5
Graduando em Tecnologia em Saneamento Ambiental pelo IFCE campus Limoeiro do Norte: luisffreitas@live.com
RESUMO
O rio Quixeré popularmente conhecido como rio Velho, ao longo de sua historia vem sofrendo
impactos tanto de caráter natural, como antrópico. O rio velho recebe constantemente
contribuições de efluentes não tratados que ocasionam poluição do ambiente aquático. Com o
objetivo verificar a qualidade da água do rio foi utilizado como indicador de poluição a presença
de algas. Dessa forma foi coletada uma amostra da água e analisada de forma qualitativa quanto
à presença de macrófitas.
Observou-se que o rio está passando por um processo de eutrofização que é um fenômeno
causado pelo excesso de nutrientes como nitrogênio e fósforo, o que provoca à proliferação
excessiva de algas, que ao entrarem em decomposição, levam ao aumento do número de
microrganismos e à consequente deterioração da qualidade do corpo hídrico, vindo a causar
mortandade de peixes e intensificar a poluição do corpo aquático. Obteve-se que o rio se
mostrou com excessiva presença de macrófitas das espécies Pistia stratiotes e Eichhornia
crassipes, o corpo hídrico apresentou pouca variação de espécie de algas, mas caracterizou-se
como causadoras de poluição do ambiente.
Palavras-chave: Macrófitas; Eutrofização; Qualidade da água.
INTRODUÇÃO
152
9º Encontro Internacional das Águas
MATERIAL E MÉTODOS
Foi coletada uma amostra da água e analisada de forma qualitativa quanto à presença de
macrófitas, a amostra primeiramente foi limpa com água destilada, após seca e em
seguida foi feito uma identificação das algas encontradas quanto à família, nome
popular e nome científico.
153
Universidade Católica de Pernambuco
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O rio está passando por um processo de eutrofização que é um fenômeno causado pelo
excesso de nutrientes (compostos químicos ricos em fósforo ou nitrogênio,
normalmente causado pela descarga de efluentes agrícolas, urbanos ou industriais) num
corpo de água mais ou menos fechado, o que leva à proliferação excessiva de algas, que,
ao entrarem em decomposição, levam ao aumento do número de microrganismos e à
consequente deterioração da qualidade do corpo d’água (rios, lagos, reservatórios e
outras coleções d’água) vindo a causar mortandade de peixes e intensificando a poluição
do corpo aquático.
154
9º Encontro Internacional das Águas
CONCLUSÕES
1. O rio mostrou-se com excessiva presença de macrófitas das espécies Pistia
stratiotes e Eichhornia crassipes, essa pouca variedade de espécies demonstra
indícios de desequilíbrio no corpo d'água, as macrófitas encontradas são
indicadoras de estado eutrófico já elevado.
2. Sugere-se que estudos mais detalhados devem ser procedidos para que de fato se
possa concluir o grau de eutrofização em termos quantitativos.
REFERÊNCIAS
Disponível
em:<.http://marte.dpi.inpe.br/col/dpi.inpe.br/sbsr@80/2008/11.15.22.06/doc/12451251.
pdf> Acesso em 08 de dezembro de 2010
Disponível em:
<.http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/15480>Acesso em 08 de dezembro de 2010
155
Universidade Católica de Pernambuco
Patrícia Silva Cruz1*, Leandro Gomes Viana2, Beatriz Susana Ovrsuki de Ceballos3
1
Doutoranda em Engenharia Sanitária e Ambiental/Universidade Estadual da Paraíba- UEPB. Bolsista CAPES.
Endereço: Rua: Santa Cecília, 347. Santo Antônio. Campina Grande – PB. CEP: 58406-015 – Brasil. E-mail:
patriciacruz_biologa@hotmail.com
2
Mestre em Ciência e Tecnologia Ambiental / Universidades Estadual da Paraíba. E-mail: leandrogomesbiologo@gmail.com
3
Professor Adjunto /Universidade Estadual da Paraíba/Departamento de Biologia/CCBS. E-mail: bia.ceballos@gmail.com
RESUMO
O presente estudo objetivou a elaboração de uma revisão bibliográfica sobre a relevância dos
reservatórios e as consequências da eutrofização (florações de cianobactérias). Foi realizada
uma pesquisa bibliográfica sobre cianobactérias e cianotoxinas e suas implicações para saúde
pública. Para tanto, foram utilizados artigos científicos publicados em bases de dados on-line:
Scientific Eletronic Library On-line (Scielo), Literatura Latino Americana do Caribe em
Ciências da Saúde (LILACS) e Web of Science, além de livros e dissertações que abordam os
temas em estudo. Os estudos em reservatórios do semiárido demonstram que estes sistemas, em
virtude à escassez de água, apresentam vazões reduzidas e consequentemente um elevado tempo
de retenção da água, além de um balanço hídrico negativo durante a maior parte do ano,
contribuindo assim, para o acúmulo e concentração de sais e nutrientes, tornando esses
ambientes mais vulneráveis à eutrofização e susceptíveis ao aparecimento de florações de
cianobactérias, tornando-se um problema preocupante, em virtude de vários gêneros serem
capazes de formar florações e produzirem toxinas que afetam a microbiota, os animais e o
homem.
Palavras - chave: Lagos Tropicais; Nutrientes; Cianobactérias.
INTRODUÇÃO
O processo de eutrofização artificial, resultado da entrada excessiva de nutrientes como
nitrogênio e o fósforo, tem sido considerado o mais difundido problema de qualidade da
água no mundo, principalmente em bacias hidrográficas urbanizadas (PAERL, 2009;
SCHINDLER, 2012).
No Brasil, os reservatórios com usos múltiplos apresentam o processo de eutrofização
acelerado, degradando a qualidade das águas pela elevada entrada de nutrientes e,
consequentemente, pela formação de florações de cianobactérias (BECKER et al., 2009;
SOARES et al., 2009).
Em estados avançados de eutrofização pode ocorrer a proliferação de cianobactérias em
detrimento de outras espécies aquáticas. Muitos gêneros desses microrganismos, quando
submetidos a determinadas condições ambientais, podem produzir toxinas que têm
efeitos diretos sobre a saúde humana e provocam aumento nos custos para o tratamento
da água.
156
9º Encontro Internacional das Águas
MATERIAL E MÉTODOS
No presente estudo foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre cianobactérias e
cianotoxinas e suas implicações para saúde pública. Para tanto, foram utilizados artigos
científicos publicados em bases de dados on-line: Scientific Eletronic Library On-line
(Scielo), Literatura Latino Americana do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e
Web of Science, além de livros e dissertações que abordam os temas em estudo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No Brasil, as represas e açudes são formados principalmente pelo represamento de rios,
para atender os seguintes objetivos: abastecimento de águas, regularização de cursos,
obtenção de energia elétrica, irrigação, navegação, recreação, entre outros. Estes
recebem diferentes denominações, tais como: represas, reservatórios, açudes etc., que
nada mais são que sinônimos, uma vez que esses ecossistemas têm a mesma origem e
finalidade (ESTEVES, 2011).
A maior rede de açudes do mundo está no Brasil, sendo que a grande maioria encontra-
se na região nordeste do país, com quase 70.000 reservatórios e com um volume
armazenado de cerca de 37 bilhões de m³ de água (VIANA, 2012). A forma encontrada
para regularizar o regime hidrológico dos rios intermitentes do Nordeste foi à
157
Universidade Católica de Pernambuco
158
9º Encontro Internacional das Águas
159
Universidade Católica de Pernambuco
CONCLUSÃO
1. Os estudos em reservatórios do semiárido demonstram que estes sistemas, em
virtude à escassez de água, apresentam vazões reduzidas e consequentemente
um elevado tempo de retenção da água, além de um balanço hídrico negativo
durante a maior parte do ano, contribuindo assim, para o acúmulo e
concentração de sais e nutrientes, tornando esses ambientes mais vulneráveis à
eutrofização e susceptíveis ao aparecimento de florações de cianobactérias.
2. As cianobactérias têm apresentado dominância em mananciais de abastecimento
e frente aos futuros cenários de mudanças climáticas tendem a persistirem nesses
ambientes, tornando-se um problema preocupante, em virtude de vários gêneros
serem capazes de formar florações e produzirem toxinas que afetam a
microbiota, os animais e o homem.
3. Sugere-se, portanto, a realização de estudos sobre dinâmica das cianobactérias
frente às condições climáticas peliculiares da região semiárida.
REFERÊNCIAS
AGUIAR, D.G.; BODEBA, C.R.R.; AZEVEDO, S.M.F.O. Toxicity of Microcystis
aeruginosa strains isolated from bodies of water in Rio de Janeiro. Toxicon, n.31,
p.107-108, 1993.
160
9º Encontro Internacional das Águas
161
Universidade Católica de Pernambuco
162
9º Encontro Internacional das Águas
163
Universidade Católica de Pernambuco
Jobson Targino Dias2, Raissa Borges Oliveira3, Eliamin Eldan Queiroz Rosendo4,
Aline de Sousa Silva5, Taysa Tamara Viana Machado6
2
Mestrando em Engenharia Civil e Ambiental – Universidade Federal da Paraíba - UFPB. E-mail: jobsontargino@yahoo.com.br
Endereço: Cidade Universitária, s/n - Castelo Branco, João Pessoa - PB. CEP: 58051-900.
3
Mestranda em Desenvolvimento e Meio Ambiente – Universidade Federal da Paraíba - UFPB. E-mail:
raissa_borges3@hotmail.com Endereço: Cidade Universitária, s/n - Castelo Branco, João Pessoa - PB. CEP: 58051-900.
4
Doutorando em Engenharia Civil e Ambiental – Universidade Federal da Paraíba - UFPB. E-mail: eliamimeldan@hotmail.com
Endereço: Cidade Universitária, s/n - Castelo Branco, João Pessoa - PB. CEP: 58051-900.
5
Mestranda em Engenharia Civil e Ambiental – Universidade Federal da Paraíba - UFPB. E-mail: alinny_bio@hotmail.com
Endereço: Cidade Universitária, s/n - Castelo Branco, João Pessoa - PB. CEP: 58051-900.
3
Doutoranda em Desenvolvimento e Meio Ambiente – Universidade Federal da Paraíba - UFPB. E-mail: taysatamara@gmail.com
Endereço: Cidade Universitária, s/n - Castelo Branco, João Pessoa - PB. CEP: 58051-900
RESUMO
A presença de resíduos sólidos em rios urbanos afeta irreversivelmente as características
abióticas e bióticas do ambiente. A medida que cidades crescem, geralmente próximo as
margens ou em direção as fontes hídricas, a modificação desses ambientes altera bastante esses
ambientes naturais, ocorrendo em sua grande maioria a destruição da mata ciliar, mudanças do
curso dos rios, lançamento de efluentes, disposição de resíduos sólidos, entre outros danos. O
presente trabalho teve por objetivo apresentar os impactos causados pela deposição de resíduos
sólidos na bacia hidrográfica do rio Cuiá, João Pessoa-PB. Quanto a metodologia utilizada foi
utilizada os métodos Ad-Hoc e Checklist. Portanto, observou-se que impactos ambientais
causados pela disposição inadequada dos resíduos sólidos na bacia hidrográfica do rio Cuiá,
agrava a poluição dos recursos hídricos, como resultado do uso incorreto que o homem faz da
mesma e das atividades que desenvolve em suas margens e na bacia hidrográfica como um todo.
Necessitando realizar a implantação de medidas controle e um planejamento adequado para
evitar prejuízos ao homem, aos organismos e meio ambiente aquático, pois essa bacia
hidrográfica apresenta inúmeros benefícios para o meio ambiente da cidade de João Pessoa.
Palavras-chave: Resíduos sólidos; Poluição hídrica; Rio cuia; Rio urbano; Eutrofização.
INTRODUÇÃO
Problemas advindos dos resíduos sólidos gerados em ambientes urbanos e rurais têm
nas últimas décadas atingidos efeitos gravíssimos, em especial a saúde humana e ao
meio ambiente, podendo ser explicado principalmente pela ausência de soluções
adequadas para a destinação e disposição final.
Diversas atividades antrópicas apresentam potencial de causar impacto ambiental
negativo, dentre elas, aquelas relacionadas aos serviços inadequados ou deficitários de
destinação e disposição final dos resíduos sólidos.
A Lei 12.305, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, define resíduos
sólido como: material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades
humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está
164
9º Encontro Internacional das Águas
obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em
recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede
pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou
economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível (MMA, 2017).
Quanto aos rios urbanos, à medida que as cidades crescem, muitas vezes as margens ou
próximo aos rios, estes sofrem diretamente com a pressão da exploração antrópica, a
ocupação de forma inconsequente do solo, afetando dessa maneira irreversivelmente as
características naturais do ambiente. Comumente ocorrem lançamento de efluentes,
disposição de resíduos sólidos, destruição da mata ciliar, mudanças do curso dos rios,
entre outros danos.
Assim, tendo em vista essa situação, ocorrem diversas alterações na dinâmica dos
elementos do meio biótico e abiótico, alterando a drenagem natural e a afetando a vida
das populações residentes próximo ao seu percurso natural, o presente trabalho teve por
objetivo apresentar os impactos causados pela deposição de resíduos sólidos na bacia
hidrográfica do rio Cuiá, João Pessoa-PB.
165
Universidade Católica de Pernambuco
MATERIAL E MÉTODOS
Descrição da área de estudo
166
9º Encontro Internacional das Águas
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O lançamento dos resíduos sólidos é o principal aspecto ambiental observado em vários
pontos do rio Cuiá, sendo em sua maioria localizados próximos as áreas residenciais.
Observa-se a presença de resíduos plásticos, vidros, papel, eletrodomésticos,
medicamentos, tintas, embalagens de inseticidas, restos de demolição da construção
civil, entre outros (Figura 2a, 2b, 2c e 2d).
Figura 2 - Resíduos sólidos presentes nas margens do rio Cuiá
a b
c d
167
Universidade Católica de Pernambuco
Sendo assim, conforme pode ser observada essa disposição tem ocasionado diversos
impactos ambientais negativos de caráter sanitário, ecológico, social e econômico,
como:
Alterações nos parâmetros da qualidade da água;
Produção de chorume;
Assoreamento dos recursos hídricos,
Redução da vazão de escoamento e de volume de armazenamento;
Contaminação hídrica;
Aumento de matéria orgânica;
Maus odores;
Fonte de microrganismos patógenos;
Prejuízos ao abastecimento humano;
Prejuízos a outros usos da água;
Elevação do custo de tratamento da água;
Desvalorização das propriedades marginais;
Desequilíbrio na fauna aquática;
Eutrofização;
Degradação da paisagem;
Redução da qualidade de vida da população.
CONCLUSÃO
1. A poluição dos recursos hídricos provoca muitos problemas, os quais tendem a
se agravar, como resultado do uso incorreto que o homem faz da mesma e das
atividades que desenvolve em suas margens e na bacia hidrográfica como um
todo.
3. E, diante das análises, pode-se concluir que, a bacia do Rio Cuiá estando
inserida em uma área de urbanização, por isso denominada como uma bacia
168
9º Encontro Internacional das Águas
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei 12.305. Política Nacional de Resíduos Sólidos. Disponível em: <
http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=636>. Acesso em: 14 mar
2017.
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Universidade Católica de Pernambuco
RESUMO
O Brasil é um país de dimensões continentais, detentor de um grande conjunto de bacias hidrográficas
que formam um sistema hídrico extremamente capilarizado e complexo. Desde o último século, muito foi
trabalhado na questão legislativa para que as políticas públicas se tornassem efetiva, dando subsídios
legais e regulatórios para a gestão e gerenciamento dos recursos hídricos, tendo muitos marcos atingidos
até a criação do Plano Nacional de Recursos Hídricos. Este artigo busca, por meio de levantamento de
dados bibliográficos, expor a importância deste plano para a gestão eficiente dos recursos hídricos
fluviais, como forma de preservação dos rios urbanos.
Palavras-chave: Políticas Públicas; Gestão das Águas; Águas Fluviais.
INTRODUÇÃO
A crise hídrica é um problema global e a escassez de água potável é um dos principais desafios
para o futuro da humanidade. Neste contexto, o Brasil encontra-se em posição privilegiada,
possuindo 13 % do total da água doce disponível do planeta, distribuída em seus mais de 12 mil
rios e córregos, sobretudo no Estado do Amazonas, que possui 81 % das águas fluviais do país.
Desta forma, apresenta uma má distribuição hidrográfica, estando a maioria da água disponível,
justamente na região onde há o menor contingente populacional, que representa apenas 5 % da
demanda hídrica (TRIGUEIRO, 2012; ANA, 2015).
Agrava-se a situação, ao considerar que nem sempre estes rios encontram-se em situação de
potabilidade, devido a poluição antrópica unida a uma gestão deficitária dos seus recursos.
Desta forma, é possível mensurar-se o tamanho do desafio que a gestão pública no país deve ter
para o gerenciamento e preservação das bacias aqui presentes.
Com o tempo houveram desenvolvimentos e reformulações nas políticas públicas ambientais
neste sentido. No entanto, ainda pode-se detectar alguns hiatos nas práticas de monitoramento,
controle e avaliação da implementação destas políticas, gerando obstáculos que impactam
negativamente no alcance dos objetivos (PHILIPPI et al., 2012).
170
9º Encontro Internacional das Águas
MATERIAL E MÉTODOS
Devido a complexa demanda de gestão dos seus recursos hídricos, durante os anos, o Brasil vem
trabalhando na criação de ministérios, órgãos, normas, diretrizes e programas a fim de atender as
necessidades ambientais e hídricas do país (Figura 1).
É datado de 1920 a criação da primeira comissão para assuntos hídricos, intitulada Comissão de
Estudos e Forças Hidráulicas (CEFH). Através do Serviço Geológico e Mineralógico do
Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio e Comissão de Estudos de Forças Hidráulicas,
esta comissão foi criada com objetivo de atuar na hidrologia, baseada exclusivamente na
pluviometria e no estudo dos desníveis hidráulicos para a geração de energia elétrica, sem entrar
na competência normativa, ou de outorga de concessões. Esta comissão deu origem aos futuros
órgãos nacionais dedicados à hidrométrica. (ANA, 2007)
Treze anos após, foi criada a Diretoria Nacional de Produção Mineral (DNPM), através do
Decreto n. 23.979 de 8 de março de 1934, responsável, entre outros fatores, ao aproveitamento
das águas superficiais e subterrâneas para atividades como irrigação, navegabilidade e produção
energética (BRASIL, 1934).
Através do Decreto n. 24.647 de 10 de junho do mesmo ano, foi criado o Código de Águas,
marco para a Política Nacional de Recursos Hídricos, definindo o conceito de águas públicas,
águas comuns, águas particulares, álveo e margens e acessão, assim como taxação pelo uso das
águas e multas por sua poluição (BRASIL, 1934).
Em 28 de outubro de 1940 através o Decreto n. 6.402 se reestrutura a Departamento Nacional de
Produção Mineral (DNPM), que absorve a Comissão de Estudos e Forças e transforma o Serviço
de Águas em Divisão de Águas, dando mais importância a este recurso passando a estudá-la
mais profundamente (BRASIL, 1940).
171
Universidade Católica de Pernambuco
Vinte anos após, é criado por força da Lei 3.782 de 22 de julho de 1960 o Ministério de Minas e
Energia (MME), incorporando o Conselho de Águas e Energia Elétrica e outros departamentos
como: Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM), Conselho Nacional de Minas e
Metalurgia (CNMM), Conselho Nacional de Petróleo (CNP) e Comissão de Exportação de
Materiais Estratégicos (CEME) (BRASIL, 1960).
Em 1965, através da Lei n. 4.904 de 17 de dezembro de 1965, a Divisão de Águas passa a se
chamar Departamento Nacional de Águas e Energia (DNAE), devido a reorganização do MME,
que três anos mais tarde por meio do Decreto n. 63.951 de 31 de dezembro de 1968 altera o
nome do DNAE para Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica (DNAEE), que apesar
de continuar com as mesmas atribuições anteriores, foi aprovado o seu regimento interno e
conquista de autonomia financeira somente em 1977, através da Portaria n. 234 do ministro das
Minas e Energia. (BRASIL, 1965)
Através do Decreto n. 73.030 de 30 de outubro de 1973, foi criada a Secretaria Especial do Meio
Ambiente (SEMA). Responsável pela articulação política e gestão relacionada ao meio ambiente,
teve papel fundamental na elaboração da Lei 6.938 de 31 de agosto de 1981, criadora da Política
Nacional do Meio Ambiente, em vigor até os dias atuais. Com esta política foi constituído o
Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA), responsável pela articulação coordenada dos
órgãos e entidades que lhe fazem parte, através do gerenciamento de informações relativas a
agressões ao meio ambiente e sua proteção. Em conjunto, foi criado o Conselho Nacional do
3
172
9º Encontro Internacional das Águas
173
Universidade Católica de Pernambuco
(ANA), além dos conselhos de Recursos Hídricos Estaduais, Comitês de Bacia Hidrográfica e
Agências de Águas Estaduais.
Um ano antes, foi criada através da Lei n. 9.427 de 26 de dezembro de 1996 a Agência Nacional
de Energia Elétrica (ANEEL), autarquia de regime especial, vinculada ao Ministério das Minas e
Energia, responsável pela produção, transmissão e comercialização da energia elétrica produzida
no país (BRASIL, 1996). Em 1997, ao ser aprovado o seu regimento interno, extingue a
DNAEE.
Em 1998, ainda apoiada na lei das águas, é instituído o Conselho Nacional de Recursos Hídricos
(CNRH), que passa a ser a instância mais alta na hierarquia do SINGREH, desenvolvendo
normas entre os usuários de águas, articulando a integração das políticas públicas nacionais e
orientando a gestão pública para a tomada de decisões no campo legislativo dos recursos
hídricos.
No ano de 2000, é aprovado o Programa Nacional de Meio Ambiente II (PNMA II), acordado
entre o Governo Brasileiro e o Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento
(BIRD) através de empréstimo para o desenvolvimento e fortalecimento institucional e a gestão
integrada de ativos ambientais (BRASIL, 2004).
Através destes recursos, o MMA através do PNMA II visa buscar progresso à Política Nacional
de Meio Ambiente, através de melhorias no sistema de licenciamento ambiental, sistema de
monitoramento de qualidade de água e ordenamento territorial de zonas costeiras.
Através do SINGREH foi criado o Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), aprovado em
2006 por meio da Resolução n. 058 de 30 de janeiro de 2006, caracterizando-se como
instrumento norteador da Política Nacional de Recursos Hídricos, criada para orientar a gestão
das águas no Brasil através de um conjunto de diretrizes, programas e metas traçadas e
sedimentadas em conjunto com a sociedade (BRASIL, 2006).
174
9º Encontro Internacional das Águas
175
Universidade Católica de Pernambuco
Seguindo o modelo proposto pelo PNRH, a tomada de decisões pela gestão pública, balizadas
pelos órgãos competentes, resultará em maior eficiência das intervenções nos rios urbanos, de
maneira integrada com a sociedade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
176
9º Encontro Internacional das Águas
Através de uma gestão integrada dos recursos hídricos, balizada pela Política Nacional de
Recursos Hídricos, e seus instrumentos de gestão, o país impetra as condições básicas para
adentrar em uma nova fase do gerenciamento dos recursos hídricos, onde os governos em
conjunto com a sociedade organizada e os usuários, decidem pelo melhor uso da água, os
investimentos necessários e a gestão de seus rios e bacias.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS - ANA. Balanço das Águas. Brasília: ANA, 2015.
______. Evolução da Rede Hidrometeorológica Nacional. Superintendência de Administração
da Rede Hidrometeorológica, Brasília: ANA, 2007.
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Universidade Católica de Pernambuco
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outubro-1940-327504-publicacaooriginal-1-pe.html>. Acesso em: 11 Mar. 2017.
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<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9427cons.htm>. Acesso em: 11 Mar. 2017.
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Disponível em: < http://legis.senado.gov.br/legislacao
/ListaNormas.action?numero=73030&tipo_norma=DEC&data=19731030&link=s>. Acesso em:
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_______. Presidência da República. Lei n. 8.028. Brasília: D.O.U. 1990. Disponível em <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8028.htm>. Acesso em: 11 Mar. 2017.
CAMARA TÉCNICA DO PLANO NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS - CTPNRH.
Parecer sobre o Plano Nacional de Recursos Hídricos. Disponíel em: <
http://www.cnrh.gov.br/attachments/PNRH_PARECER_TECNICO.pdf > CTPNRH, 2006.
Acesso em: 8 Mar. 2017.
FIGUEIREDO, G. Fluxograma do Plano Nacional de Recursos Hídricos. Brasília, DF: MMA;
SRH. 2002.
PHILIPPI JR, A.; et al. Metodologia de Avaliação Estratégica de Processo de Gestão Ambiental
Municipal. São Paulo, SP: Saúde Soc. v.21, supl.3. 2012.
TRIGUEIRO, André. Mundo Sustentável 2: Novos Rumos para um Planeta em Crise. São
Paulo: Globo, 2012.
178
1
9º Encontro Internacional das Águas
1. Trabalho desenvolvido junto à pesquisa de Iniciação Científica “Rios urbanos: experiências de revitalização ao redor do
mundo”, financiada pelo programa PIBIFSP do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP),
Câmpus São Paulo.
2. Bolsista PIBIFSP e graduanda em Arquitetura e Urbanismo no Instituto Federal de São Paulo (IFSP), Rua Pedro Vicente, 625,
São Paulo/SP, brunamurbachdeoliveira@gmail.com
3. Arquiteta e professora no curso de Arquitetura e Urbanismo do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), Rua Pedro Vicente, 625,
São Paulo/SP, ana.carmona@ifsp.edu.br
RESUMO
O artigo faz uma reflexão acerca da identidade no paisagismo contemporâneo – questão
relacionada ao projeto de cidade que se deseja construir e às possibilidades de interação entre
cidadãos e o espaço urbano – por meio do estudo de dois casos emblemáticos de requalificação
de rios urbanos: o do rio Manzanares, em Madri (2007-2011), e o do rio Los Angeles (2007-
atual). Embora as duas proposições tenham em comum o entendimento da recuperação do rio
como eixo central de requalificação urbanística, percebe-se que os dois projetos apresentam
partidos bastante diferentes, o que acarreta também em soluções espaciais e paisagísticas
diversas; enquanto Madri centra-se na idéia de cidade global, Los Angeles procura investir na
ação participativa e no projeto a longo prazo. O estudo, baseado em revisões bibliográficas e
análise de imagens, nos permite debater os caminhos possíveis para os projetos de recuperação
dos rios urbanos, tendo no horizonte, inclusive, a situação das cidades brasileiras.
Palavras-chave: Paisagismo; Identidade; Madrid Río; Rio Los Angeles.
ABSTRACT
The present article reflects upon the question of identity in contemporary landscape architecture
– relevant to shaping a city and its interaction with its inhabitants– through a study of two
emblematic cases of requalification of urban rivers: the Manzanares, in Madrid (2007-2011),
and the Los Angeles (2007-present). Although for both, the revitalization of the river is taken as
the central design axis, they also have contrastingly different partis, leading to diverse solutions
concerning space and landscape; while Madri is centred in the idea of a global city, LA delves
into participatory processes and long term projects. Hence, this study, based upon
bibliographical revisions and the analysis of images, allows us to debate the possible pathways
for future projects.
Keywords: Landscape architecture; Identity; Madrid Río; Los Angeles River.
INTRODUÇÃO
Atualmente, nas grandes cidades em todo o mundo, proliferam-se os vazios urbanos,
terrenos abandonados em antigas áreas industriais, nas imediações de rodovias e
ferrovias, e às margens dos principais rios. Com as mudanças de usos trazidas pela
economia e pela tecnologia, os espaços urbanos vêm constantemente sendo
reconfigurados, e essas grandes áreas, muitas vezes em localizações centrais das cidades
e próximas a bairros estruturados e adensados, abrem a possibilidade de projetos de
requalificação urbana de grande escala; no entanto, parte desses projetos têm implicado
na perda da singularidade da paisagem e da população existente, buscando se conformar
179
2
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3
9º Encontro Internacional das Águas
MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa baseia-se fundamentalmente na revisão bibliográfica relacionada ao tema da
requalificação de rios urbanos: livros, artigos, teses acadêmicas e especialmente notícias
de jornais e revistas, que tendo em vista a sua implantação recente, fornecem uma noção
atualizada do andamento das obras e discussões em curso. Especial atenção foi dada ao
estudo de imagens (fotografias, desenhos, mapas) dos projetos, objetivando
complementar as informações pesquisadas; foram também produzidos novos materiais,
como tabelas e diagramas para auxiliar na comparação entre os projetos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
181
4
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O projeto Madrid Río, implantado entre 2007 e 2011, é composto por uma série de
espaços abertos de usufruto público, como grandes parques temáticos, quadras, pistas de
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5
9º Encontro Internacional das Águas
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6
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1
Nos projetos do paisagismo barroco do século XVIII, os grandes jardins e as paisagens altamente
modeladas, com eixos e perspectivas monumentais, realçavam a noção do poder absoluto do monarca. Já
as reformas de Haussmann (1809-1891), entre 1853 e 1870, foram responsáveis pela criação dos grandes
boulevards e por um sistema de parques e espaços verdes, destruindo estreitas ruas e casas modestas e
expulsando a classe trabalhadora das áreas centrais da cidade (PANZINI, 2013).
2
O termo é derivado da combinação entre logo (logotipo) e architecture (arquitetura), originado pelo
cartunista Will Eisner (1917-2005). Hoje, o termo foi apropriado pela crítica arquitetônica para significar
a criação de edifícios concebidos como marcas, símbolos que expressam, uma imagem publicitária.
3
A água do rio passa a ser apenas decorativa, com um limitado contato com a água, em elementos como a
“praia urbana”, constituída por fontes de água que em nada se relacionam com a do rio. Em relação ao seu
uso, destaca-se o surgimento de movimentos pela naturalização do Manzanares, como o Ecologistas en
Acción, responsável por uma campanha que pede pelo retorno das condições do rio como ecossistema
animal e vegetal e de seu uso e aproximação de fato pela população, através da canoagem, por exemplo.
184
7
9º Encontro Internacional das Águas
O sucesso do projeto, logo nos primeiros meses após sua inauguração, foi bastante
alardeado pelos jornais espanhóis e internacionais, transformando-se em atração
turística obrigatória. Entretanto, ao mesmo tempo em que, no plano da qualidade
espacial, a população aprovou as transformações, surgiram questionamentos acerca de
sua sustentabilidade socioeconômica. Quando o projeto foi iniciado a crise econômica já
começava a ruir os cofres nacionais. Mesmo assim, foi dado prosseguimento ao projeto,
em ritmo acelerado, a mando do então prefeito Alberto Ruíz-Gallardón, para que fosse
concluído antes do término de seu mandato, implicando no uso de recursos do
município, pacotes emergenciais e empréstimos da UE.
A questão econômica traz à tona questões políticas, ligadas à implantação do projeto e
sua gestão. A aceleração e continuidade das obras, o uso de recursos privados sem evitar
o endividamento dos cofres públicos permitem vislumbrar o autoritarismo por parte do
prefeito que assume, junto com financiadores do setor privado da construção, o controle
de importantes decisões de projeto, acelerando processos decisórios sem a participação
da sociedade.4 Com isso, o governante, ao mesmo tempo em que passou a ser visto
como “benfeitor” que implantou um dos mais vistosos projetos de espaços públicos do
urbanismo contemporâneo, é apontado como o grande responsável de uma dívida que
deverá ser paga por gerações de madrilenos e pelo aumento da desigualdade sócio
espacial da capital espanhola.
A redução dos cofres públicos levou ao congelamento de planos de mobilidade e
moradias, deixando inacabadas, também, outras obras de menor porte pelas empreiteiras
locais. (FERNÁNDEZ-GUELL, 2014) e fragilizando serviços de saúde, saneamento e
energia, devido aos processos de privatização. Assim, embora haja aspectos notáveis no
projeto – dentre os quais a recuperação de espécies vegetais endógenas, a criação de
parques para o lazer ativo, além do incentivo aos percursos peatonais pela cidade – é
possível questionar a quem a identidade de cidade global realmente serve, e até que
ponto, no projeto, o rio urbano volta a unificar Madri, na medida em que mais do que
um eixo vivo, realmente voltado a todos os cidadãos, o Manzanares é utilizado como
um estruturador de grandes negócios.
4
Nesse contexto é interessante destacar que em 2011 ocorreu em Madri o movimento 15M, no qual,
segundo Fernández-Guell (2014), milhares de madrilenos protestaram em importantes locais da cidade
demandando por “um sistema democrático mais participativo para prevenir a corrupção pública e
irregularidades políticas” (p. 13, tradução do inglês pela autora).
185
8
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Na cidade de Los Angeles, é trabalhada uma noção diferente de identidade, até certo
ponto contrária à do caso espanhol: a proposta é a de criar espaços de convívio e lazer
ao longo dos 51,5 km das margens do rio através da recuperação dos ecossistemas
originais, criação de ambientes multiuso e espaços para eventos ao ar livre, ligando as
comunidades ao longo do Los Angeles tanto por pontes e pistas de corrida quanto pelas
novas linhas de metrô e trem que devem ter o rio como eixo central.
A recuperação do rio veio como resposta a um longo processo de degradação;
canalizado pela Corporação de Engenheiros do Exército, em 1936, devido às
devastadoras enchentes ocorridas entre as décadas de 1910 e 30 (GORSKI, 2010), o rio
foi sendo gradualmente esquecido pela população, considerado um canal de rápido
escoamento de água e não mais como elemento vivo, até que movimentos ativistas na
década de 1980 começam a apontar a sua importância, promovendo eventos para a
limpeza e atividades no Los Angeles; estas foram progressivamente crescendo, até
chamarem a atenção de mais organizações, comunidades e do próprio governo
municipal, que, em 2005, criou o Comitê de Revitalização do Rio Los Angeles,
responsável pelo Plano Diretor de revitalização do rio, criado em 2007.
Pelas características do projeto, é possível aproximar o caso de Los Angeles à tendência
paisagística de projetos de ecogênese, também enunciada por Panzini (2013, p. 639)
como a “recriação de uma paisagem natural em ambientes transformados pelas
atividades humanas”5. As escolhas formais e de desenho são guiadas pela meta de
transformar o rio e suas margens em um corredor biótico, eixo central que se conecta às
demais áreas verdes da cidade, permitindo a expansão da fauna e da flora e a mobilidade
urbana. Tem como ponto central a proposta de um planejamento de longo prazo aliado à
implantação das chamadas infraestruturas verdes em todos os segmentos do rio (e
também nos bairros próximos, criando o conceito de “bairros verdes”). Essas
infraestruturas, segundo Herzog (2013), são multifuncionais, integrando natureza e meio
urbano para a criação de um ecossistema urbano saudável, em substituição às
tradicionais infraestruturas cinzas. No caso de Los Angeles, estão sendo empregadas
para reter as águas das chuvas no período de cheia nas chamadas wetlands (áreas
5
O conceito de ecogênese foi cunhado pelo paisagista brasileiro Fernando Magalhães Chacel (1931-
2011), como a regeneração ecológica em conjunto com o meio urbano e cultural da paisagem e aplicada
em seus projetos pioneiros no Rio de Janeiro, como o parque da Gleba E (1986-1990), onde o paisagista
propôs, integrada aos jardins, a re-criação das zonas de manguezal e restinga.
186
9
9º Encontro Internacional das Águas
alagáveis) ao longo das margens, que podem ser utilizadas pela população para lazer na
estiagem; além disso, planejam-se, ao longo do rio, e nos bairros próximos, estruturas
de bio-infiltração das águas das chuvas, com o uso de biovaletas – estruturas permeáveis
nas calçadas, que se utilizam da vegetação e de estratégias construtivas simples para
conter o transbordo e limpar a água que chegará ao rio (LOS ANGELES, 2007).
O projeto prevê a recuperação plena e gradual dos ecossistemas, com a reinserção da
fauna e flora autóctones e o retorno de suas condições de crescimento natural; é
utilizada vegetação rasteira e arbustiva nas margens do rio, e árvores de grande porte
nas áreas de parque e nos passeios e ruas. Quanto às águas, há a preocupação com a sua
despoluição, além de espaços desenhados em consonância com as especificidades dos
regimes de chuvas, procurando associar o uso de lazer pela população à revitalização do
rio e à busca de soluções para o problema da seca na região (com a perspectiva futura de
voltar a utilizar o rio como fonte de abastecimento).
A revitalização do Los Angeles é tida como uma ação integradora entre humano e
natureza, levando à ideia de uma nova identidade urbana – a cidade rodoviarista,
industrial e cinzenta, quer passa a ser vista como uma cidade verde, do contato com a
natureza, e do contato humano a partir da integração das comunidades existentes ao
longo do rio. Nesse sentido, a identidade proposta para Los Angeles aparenta aliar-se
mais à busca da geração de espaços públicos mais democráticos e menos gentrificadores
do que em Madri ao voltar-se para uma reconexão com o passado da cidade e com seus
cidadãos presentes, mais do que com o impulsionamento econômico que prefigura a
requalificação de espaços globais. Para isso, defende-se que seja disseminado um
“senso de pertencimento” dentre os seus habitantes (LOS ANGELES, 2007), por meio
de um processo participativo que considere, em cada etapa de implantação e em cada
região afetada pelas intervenções, as decisões dos diversos agentes envolvidos – os
profissionais do paisagismo e urbanismo, agentes governamentais, ativistas, a
população em geral e investidores6. É interessante ressaltar que o prazo total de
implantação do projeto é bastante estendido, ao longo de 25 a 50 anos, reforçando a
importância da implantação gradual, em etapas que variam de pequeno a longo prazo –
o que, aliado à participação da população nas etapas de planejamento, segundo Haffner
6
Segundo Calderon (2013) há uma crescente tendência de realização de experiências participativas no
paisagismo e no urbanismo, que podem envolver diferentes graus de participação. Há a participação
consultiva e há processos de participação efetiva em que todos têm igual poder decisório.
187
10
Universidade Católica de Pernambuco
CONCLUSÕES
A comparação entre os dois projetos de requalificação de rios urbanos nos permite
refletir quanto aos possíveis efeitos gerados pela busca da identidade para a cidade, seus
cidadãos e seus ecossistemas:
1. Os projetos de revitalização de rios urbanos são fundamentais para a recuperação da
qualidade das águas e da conexão dos rios com as cidades e de seus cidadãos com a
natureza; porém, há que se levar em conta qual é a identidade a eles associada, e
quais serão as consequências sócio-espaciais de sua implementação. Os projetos
aqui debatidos apresentam identidades em certa medida contrárias, um associado a
um formalismo que reforça os preceitos da cidade global, e outro priorizando a
7
É importante notar que, embora o projeto de Los Angeles apresente princípios bastante interessantes, no
que se refere à criação de uma identidade mais democrática, o projeto não está isento de contradições. Em
2015, a River LA – organização sem fins lucrativos que gerencia os projetos – contratou, sem consulta
previa aos envolvidos, o starchitect Frank Gehry para a realização de um grande projeto de revitalização
de todo o rio, gerando incertezas quanto à continuidade dos projetos previstos no Plano Diretor e o risco
de aumento da influência da especulação nas intervenções.
188
11
9º Encontro Internacional das Águas
REFERÊNCIAS
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(Doutorado). Swedish University of Agricultural Sciences, 2013.
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GORSKI, Maria Cecília Barbieri. Rios e cidades: ruptura e reconciliação. São Paulo:
Senac São Paulo, 2010.
HAFFNER, Jeanne. “The dangers of eco-gentrification” The Guadian. 6 mai. 2015.
Disponível em: < https://www.theguardian.com/artanddesign/2008/nov/18/new-york-
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HERZOG, Cecilia Polacow. Cidades para todos (re)aprendendo a conviver com a
natureza. Rio de Janeiro: Mauad, 2013.
LOS ANGELES. Los Angeles River Revitalization Master Plan. Los Angeles: City
of Los Angeles Department of Public Works, 2007.
PANZINI, Franco. Projetar a natureza. São Paulo: Senac, 2013.
189
Universidade Católica de Pernambuco
Iug Lopes1, Juliana Maria Medrado de Melo1, Clovis Manoel Carvalho Ramos²
Brauliro Gonçalves Leal2
1
Doutorando(a) em Engenharia Agrícola, Manejo de Água e Solo. UFRPE-Recife. e-mail: iuglopes@hotmail.com;
medrado.juliana@gmail.com
²Professor, UNIVASF-Juazeiro-BA, e-mail: clovis.ramos@univasf.edu.br; brauliro.leal@univasf.edu.br
RESUMO
Os procedimentos para caracterização morfofisiográfica de uma bacia inicia-se com a utilização
de informações de relevo. Em um tempo mais remoto era em formato analógico, como os mapas
e cartas, comprometendo a confiabilidade. Nos dias já predomina o uso digital imagens em
Sistemas de Informações Geográficas. O objetivo deste estudo foi elaborar uma rotina para
extração de dados morfométricos de bacia hidrográfica, em softwares livres. Foi descrito todos
os passos para a obtenção dos resultados, podendo observar os respectivos mapas gerados. Os
softwares livres Quantum GIS (QGIS) 2.8 e Terrain Análise Ucantar Digital Elevation Modelos
(TauDEM) V.5 se mostraram uma ferramenta eficiente no que diz respeito à obtenção das
características morfométricas da bacia.
Palavras-chave: QGIS; TauDEM; Relevo.
ABSTRACT
The procedure for the morphological characterization of a company's database use of relevant
information. At a later time it was in analog format, like maps and charts, compromising
reliability. In the days already the predominance of the use of digital images in Geographic
Information Systems. The objective of this study is to elaborate a routine for the extraction of
morphological data from the river basin, in free software. All the steps were elaborated to obtain
results, being able to observe the respective maps generated. The free softwares Quantum GIS
(QGIS) 2.8 and Terrain Analysis Ucantar Digital Elevation Models (TauDEM) V.5 have proved
to be an efficient tool that does not respect the obtaining of the morphometric characteristics of
the basin.
Key words: QGIS; TauDEM; Relief.
INTRODUÇÃO
Para Tucci (2004), a compreensão de bacia hidrográfica é de uma porção de área
topograficamente drenada por corpos d’água dinâmicos, de tal forma que todo o fluxo
seja descarregado por uma única saída. Complementando as definições, Word Vision
(2004), trata como um espaço tridimensional. Esta estrutura é caracterizada pela
interação entre a cobertura e as profundidades do solo e as áreas circundantes das linhas
divisórias das águas.
190
9º Encontro Internacional das Águas
MATERIAL E MÉTODOS
A área estudada, a exemplo de modelo, foi a que compreende a Bacia Hidrográfica do
Rio Pontal. Obteve-se os dados Shuttle Radar Topography Mission (SRTM) junto à
United States Geological Survey (USGS), com informações originais disponíveis para a
América do Sul referentes a banda C do equipamento InSAR, apresentando resolução
espacial de 30 m. As cartas utilizadas foram a SC-24-V-A e a SC-24-V-B de dados da
SRTM (Figura 1), que corresponde a um mosaico para área estudada.
191
Universidade Católica de Pernambuco
Para a extração das redes de drenagem o Modelo Digital de Elevação (MDE) passou
pelos tratamentos descritos abaixo com o auxílio dos Softwares livres Quantum GIS
(QGIS) 2.8 e Terrain Análise Ucantar Digital Elevation Modelos (TauDEM) V.5, que é
composta pelas ferramentas para a extração e análise de informações hidrológicas de
topografia.
Inicialmente para eliminar os pixels sem valores de elevação foi utilizado a ferramenta
"Pit Remove", originando um novo MDE. A partir de então, com o auxílio das
ferramentas "D8 Flow Directions" foi possível gerar os mapas no formato GRID
contendo as informações de direções de fluxo e declividade (slope).
Para a composição do mapa da área de contribuição de fluxo utilizou-se da ferramenta
"D8 Contributing Area" e do mapa de fluxo de direção. Com o auxílio do ponto
exutório permite as primeiras caracterizações da bacia.
A definição dos corpos hídricos passou por um reajuste do limiar que se refere ao
número mínimo de células do terreno necessárias para gerar pixels da drenagem, através
da ferramenta "Stream Definition by Threshold", assim permitiu a extração do fluxo e
das drenagens. Rennó et al. (2008) estudando a variação do limiar observou que índice
para verificação hidrológica acima do limiar de 300 foi o mais indicado. Assim para
este estudo foi adotado também o valor de limiar indicado por Rennó et al. (2008) na
extração do fluxo de drenagem.
Diante do reajuste do limar, obteve-se a hierarquia dos rios, as sub-bacias e a rede de
drenagem com o auxílio da ferramenta "Stream Reach and Watershed". O método
utilizado para demarcação automática dos limites da Bacia Hidrográfica do Rio do
Pontal foi de acordo com classificação da hierarquização fluvial proposta por Strahler
(1957). Assim finalizou a etapa de geração de mapas e iniciou a caracterização da bacia
e sub-bacias, que ocorreu utilizando recursos do SIG e as Equações da Tabela 1.
A caracterização foi realizada através de cálculos dos parâmetros físicos que relacionam
as principais medidas da bacia por área de drenagem, perímetro da bacia, coeficiente de
compacidade, fator de forma, razão de elongação e índice de circularidade.
Para as características da hidrografia, que relacionam as principais medidas da rede
hidrográfica da bacia, foi determinado o ordenamento dos canais por hierarquia segundo
Strahler (1957), a densidade de drenagem, a densidade hidrográfica, a sinuosidade do
192
9º Encontro Internacional das Águas
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Inicialmente para a obtenção de parâmetros que caracterizem as bacias hidrográficas
através do SRTM, realizou-se a remoção de pixels que não possuíam valores através da
193
Universidade Católica de Pernambuco
ferramenta Pit Remove. Dessa forma obteve-se um outro arquivo do Modelo Digital de
Elevação (MDE), em raster, que pode ser visualizado na Figura 2.
Com a ferramenta Pit Remove certifica-se de que não ocorrerá nenhum erro por
incoerência de valores de altimetria. Dessa forma, com a ferramenta D8 Flow
Directions, obteve-se informações de direções de fluxo em cada pixel e permitiu a
construção do mapa digital de declividade (MDD) para a imagem (Figura 3).
194
9º Encontro Internacional das Águas
195
Universidade Católica de Pernambuco
Com todos os mapas apresentados acima e a ferramenta Stream Reach and Watershed
obteve-se o mapa final (Figura 6) e os valores dos componentes.
Figura 6 - Delimitação e representação dos corpos hídricos da Bacia Hidrográfica do
Rio Pontal
196
9º Encontro Internacional das Águas
Os índices Kc, Ic, Kf e Dd calculados indicam que a área da bacia possui uma baixa
tendência a enchentes. Abaixa diferença entre os valores de altimetria, possibilita o
favorecimento do escoamento mais lento.
CONCLUSÃO
1. Os softwares livres Quantum GIS (QGIS) 2.8 e Terrain Análise Ucantar Digital
Elevation Modelos (TauDEM) V.5 se mostraram uma ferramenta eficiente no
que diz respeito à obtenção das características morfométricas da bacia, de uma
forma simples e automatizada, podendo auxiliar na gestão e no gerenciamento
dos recursos hídricos. A razão pela qual se mostra uma alternativa prática e
viável é minimização custos e tempo, usando apenas dados SRTM e softwares
livres.
197
Universidade Católica de Pernambuco
2. A bacia utilizada como exemplo possui uma baixa tendência a enchentes devido
a pequena amplitude nos valores de altimetria e reduzidos valores de declividade
que possibilita o favorecimento do escoamento mais lento.
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
198
9º Encontro Internacional das Águas
SCHMUM, S.A. Sinuosity of alluvial rivers on the great plains. Geological Society of
America Bulletin. v. 74, n. 9, p. 1089-1100, 1963.
199
Universidade Católica de Pernambuco
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo, georreferenciar, localizar e analisar pontos de passivos
ambientais recentes em áreas de vegetação de mangue no baixo curso do rio Tejipió, além de
apresentar as principais estações de tratamento de efluentes, próximas à bacia do rio Tejipió.
Através do desenvolvimento deste trabalho foi possível identificar de forma espacial, os
principais passivos ambientais na bacia do rio Tejipió. A calha urbana do rio apresenta elevadas
concentrações de resíduos sólidos e ocupações irregulares de comunidade, bem como baixa
cobertura de sistema de esgotamento sanitário na área de influência da bacia. Adicionalmente,
foi possível fornecer informações ambientais que subsidie o poder público na tomada de decisão
tencionado a adoção de ações corretivas, investimentos em pesquisa e mudanças no padrão de
uso e ocupação do solo na área de influência do rio Tejipió.
Palavras-chave: Rio Tejipió; Diagnóstico; Georeferenciamento.
INTRODUÇÃO
A origem do Recife remonta à terceira década do Século XVI, quando era uma estreita
faixa de areia protegida por uma linha de arrecifes que formava um ancoradouro. Por se
tratar de região portuária, a atividade comercial desenvolveu-se rapidamente
impulsionando o crescimento do povoado. E, em 1537, a constituição da Vila do Recife
é registrada. No século XVII, com o desenvolvimento econômico da colônia, o porto
prosperou favorecendo a expansão da vila que toma forma de cidade. A atividade
açucareira também cresceu e as margens dos cursos d´água passaram a serem ocupadas
por engenhos e casebres, enquanto os rios tornaram-se caminhos navegáveis para
transporte dos produtos (IBGE, 2014). A cidade do Recife é conhecida como “Veneza
Brasileira” devido à grande quantidade de Rios que existe na cidade. O Recife é a
capital e o núcleo metropolitano do Estado de Pernambuco, situada na costa Oriental da
América do Sul, na Região Nordeste Brasileiro.
Por muito tempo, a sociedade ficou alheia ao uso indiscriminado de recursos e à
degradação do ambiente, decorrente dos mecanismos de produção que vêm ao longo do
tempo comprometendo a qualidade de vida e à exaustão dos recursos naturais.
200
9º Encontro Internacional das Águas
METODOLOGIA
1 Área de Estudo
O rio Tejipió em conjunto com as áreas de drenagem dos rios Jordão/Setúbal e Jiquiá,
drenam uma área de 93, 2 km² (FEITOSA, 1988), e está localizada na Região
Metropolitana do Recife. Drena parte dos municípios de Jaboatão dos Guararapes e São
Lourenço da Mata. Banha cerca de 67,6 km² do município do Recife (Figura 1).
201
Universidade Católica de Pernambuco
O rio Tejipió possui uma extensão de 20 km e têm como principal afluente o rio Jiquiá,
localizado totalmente na cidade do Recife; juntos drenam quase toda zona urbanizada
situada no setor oeste da cidade do Recife (NASCIMENTO, 2001). E compreende 24
bairros, entre eles, Afogados, Imbiribeira, Jardim Brasil, Caçote, Jiquiá, Estância,
Tejipió. Os rios Tejipió, Jiquiá, Jordão, Pina e braço Sul do rio Capibaribe, em suas
confluências formam a Bacia do Pina, ou “Estuário Comum do Recife” (PCR, 2000).
O ambiente geológico do Recife é constituído por domínios de rochas cristalinas de
Idade Pré-cambriana, domínio de rochas sedimentares de Idade do Cretáceo e domínio
dos sedimentos de cobertura. Os sedimentos de coberturas, recobrem as rochas
cristalinas e sedimentares, e fazem parte grupo da Formação Barreiras, que constituem,
a maioria dos morros da cidade do Recife, de Idade do Terciário; e os sedimentos
inconsolidados de idade do Quaternário, que formam à planície da cidade (PCR, 2000).
202
9º Encontro Internacional das Águas
Para o estudo foram distribuídos 10 pontos nas margens do baixo curso dos rios Tejipió
e Jiquiá, a partir da ponte da Av. Recife, subindo o rio Tejipió, até as imediações da
Lagoa do Araçá, atravessando os Bairros da Imbiribeira/Vila Pinheiros.
Na Figura 2 é possível observar que em seu baixo curso, a bacia do rio Tejipió é
formada por uma planície costeira, constituída por depósitos recentes de aluviões e
mangue. Outrossim, nos últimos anos o rio apresenta vários passivos ambientais dentre
os quais pode-se citar, uma ocupação irregular de suas margens, grande quantidade de
lixo em seu leito, lançamento de efluentes industriais e domésticos sem o devido
tratamento e a devastação da mata ciliar do rio.
Para o levantamento dos passivos ambientais na calha urbana do rio Tejipió foram
utilizadas imagens de satélite e documentos técnicos. Adicionalmente, foi realizada
visita in loco onde os pontos foram georreferenciados com auxílio de um rastreador
GPS modelo 76CSX Garmim de alguns pontos de interesse da pesquisa e ainda
203
Universidade Católica de Pernambuco
RESULTADOS E DISCUSSÃO
204
9º Encontro Internacional das Águas
Em estudo realizado por Freitas Filho (2011) foi constatado que a bacia hidrográfica do
rio Tejipió predomina um alto grau de urbanização (67,4 %), o que corresponde a 63,11
km², seguido da ocupação da mata, uma área de preservação, que corresponde a 22,5 %
da bacia.
Na Figura 4 é possível identificar as áreas com implantação de sistema de esgotamento
sanitário de influência direta no rio Tejipió.
SES – Cabanga
SES – Magueira
SES- Cardeal
CONCLUSÃO
205
Universidade Católica de Pernambuco
REFERÊNCIAS
COMPESA. Companhia Pernambucana de Saneamento do Estado de Pernambuco.
Governo do Estado de Pernambuco. Plano Diretor de Recursos Hídricos da Região
Metropolitana do Recife. Recife, 1982.
CPRH. Companhia Pernambucana de Controle da Poluição Ambiental e Administração
de Recursos Hídricos; Governo do Estado de Pernambuco; SEMAC, Secretaria de Meio
Ambiente e Defesa do Consumidor. Alternativas de uso e proteção dos manguezais
do Nordeste. Recife, 1999.
FREITAS FILHO, J. S. Análise de problemas de drenagem da bacia do rio Tejipió
com o uso de modelos computacionais. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Civil) – Universidade Federal de Pernambuco, 2011.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Geografia do Brasil – Região
Nordeste. Recife, 2014.
NASCIMENTO, F. C. R. Aspectos ecológicos da comunidade fitoplanctônica da
bacia do Pina associados com alguns parâmetros abióticos (climatológicos e
hidrológicos). Universidade Federal de Pernambuco. Centro de Tecnologia e
Geociências, Departamento de Oceanografia. (Dissertação de Mestrado), Recife, 2001.
PCR. Prefeitura de Cidade do Recife. Atlas ambiental da cidade do Recife. Secretaria
de Planejamento Urbanismo e Meio Ambiente. Recife, 2000. 151p.
206
9º Encontro Internacional das Águas
Junior Ruiz Garcia2, Bruno César Brito Miyamoto3, Alexandre Gori Maia4
1
Desenvolvido no Projeto “Abordagem simultânea e inter-relacionada das dimensões de sustentabilidade para a melhoria da gestão
de recursos hídricos: o caso da bacia do Rio Jundiaí”, 2016-2021, financiado pelo Programa de Apoio à Pós-graduação e à Pesquisa
Científica e Tecnológica em Desenvolvimento Socioeconômico no Brasil (PGPSE) da Capes, edital n. 42/2014.
2
Professor do Departamento de Economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Avenida Prefeito Lothário Meissner, 632 -
térreo - Jardim Botânico - 80210-170 - Curitiba/PR, jrgarcia1989@gmail.com, bolsista produtividade em pesquisa do CNPq, nível
2, autor correspondente.
3
Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Econômico do Instituto de Economia da Universidade Estadual
de Campinas (UNICAMP), e-mail miyamototup@gmail.com, bolsista Capes.
4
Professor do Núcleo de Economia Agrícola e Ambiental (NEA) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Rua
Pitágoras, 353 – 13083-857 – Campinas/SP, e-mail gori@unicamp.br, bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq, nível 2.
RESUMO
As mudanças climáticas globais podem aumentar a variabilidade associada à duração, à
intensidade e ao local de ocorrência de eventos extremos de precipitação. Neste cenário, a
gestão dos recursos hídricos torna-se cada vez mais dependente da compreensão dos efeitos
locais desses fenômenos. Ao mesmo tempo em que municípios de São Paulo enfrentam
recorrentemente problemas de enchentes em áreas urbanas, em 2014 o estado passou por uma
das secas mais intensas já registradas, o que afetou a disponibilidade hídrica. Neste contexto, o
objetivo principal é avaliar como a Bacia do Rio Jundiaí, que contempla um dos principais polos
econômicos do estado de São Paulo, tem sofrido com a ocorrência de eventos extremos de
precipitação. Para cumprir este objetivo, dados de precipitação correspondente ao período 1961-
2014 foram utilizados para calcular o Standardized Precipitation Index (SPI). Os resultados
mostram: i) aumento do volume de precipitação nos últimos anos, com exceção de 2014; ii)
concentração de anos extremamente chuvosos entre 2009 e 2012; iii) tendência de aumento da
ocorrência de eventos de excesso de precipitação no longo prazo com base nas análises do SPI.
Palavras-chave: Mudanças climáticas locais; Standardized Precipitation Index; Secas;
Enchentes; Inundações.
INTRODUÇÃO
Em um contexto de agravamento da ocorrência de eventos climáticos extremos, a
discussão dos efeitos climáticos na escala local se torna fundamental para definir
políticas ambientais e a gestão dos recursos hídricos. O Relatório do IPPC –
Intergovernmental Panel on Climate Change – AR5 (2015) apresenta evidências sobre
a ocorrência de eventos extremos, especialmente nos países menos desenvolvidos de
clima tropical. O AR5 destaca que (IPCC, 2015, p. 53), “mudanças extremas no clima e
eventos climáticos extremos têm sido observados desde a década de 1950”. Segundo
Marengo (2008, p. 86), “O Brasil é vulnerável às mudanças climáticas atuais e mais
ainda às que se projetam para o futuro, especialmente quanto aos eventos climáticos
extremos”.
As áreas urbanizadas têm sofrido com as secas, o aumento da temperatura média e a
intensidade das precipitações. No estado São Paulo, que já sofre historicamente com
207
Universidade Católica de Pernambuco
inundações nos centros metropolitanos, observou uma das maiores secas em 2014.
Desse modo, a identificação da ocorrência de eventos extremos de precipitação (EEP)
em áreas urbanas pode subsidiar as ações para aprimorar a gestão ambiental. Assim, o
problema de pesquisa abordado é em que medida a Bacia do Rio Jundiaí (BRJ), que
contempla um dos principais polos econômicos do estado de São Paulo, tem sofrido
com a ocorrência de EEP? A bacia é de particular interesse por formar parte do território
do Comitê das bacias do PCJ – Piracicaba, Capivari e Jundiaí –, considerado o mais
organizado e eficiente do Brasil. Apesar disso, a disponibilidade da água continua sendo
um fator limitante para o desenvolvimento econômico local. A hipótese de trabalho é de
que os EEP estariam se intensificando na BRJ, exigindo a urgência de políticas
ambientais que levem em conta este cenário. Para verificar a validade da hipótese, foi
estimado o Standardized Precipitation Index (SPI) para a BRJ com o objetivo de
identificar a ocorrência e a intensidade dos eventos extremos de precipitação entre 1961
e 2014.
MATERIAL E MÉTODOS
Área de estudo
A área de estudo é a Bacia do Rio Jundiaí (BRJ), estado de São Paulo (
Figura 1).
Fonte: preparado pelos autores com base em DataGEO (2017) e IBGE (2017a).
208
9º Encontro Internacional das Águas
A área da BRJ foi estimada em 118 mil hectares, que inclui territórios totais ou parciais
de 11 municípios1, 1,3 milhão de pessoas em 2010, densidade demográfica de 800
hab./km2 e taxa de urbanização de 96,7 % (IBGE, 2017b)2. A BRJ é uma das regiões
econômicas mais importantes de São Paulo, com destaque para o seu parque industrial,
e que ainda apresenta um ritmo intenso de crescimento demográfico.
𝑥𝑥̅
𝛽𝛽 = 𝛼𝛼 (4)
1
Os municípios com território total são: Cabreúva; Campo Limpo Paulista; Indaiatuba; Itupeva; Jundiaí;
Salto; Várzea Paulista. Os municípios com território parcial e com a sede fora da BRJ são: Itu; Mairiporã;
Atibaia; Jarinu.
2
A análise demográfica é centrada apenas nos municípios com sede na BRJ, porque a baixa população
rural em todos os municípios indica que a população dos municípios com sede fora da área d BHRJ é
pequena.
209
Universidade Católica de Pernambuco
𝑐𝑐 +𝑐𝑐 𝑡𝑡+𝑐𝑐2 𝑡𝑡 2
𝑍𝑍 = 𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆 = + (𝑡𝑡 − 1+𝑑𝑑0 +𝑑𝑑1 2 +𝑑𝑑 𝑡𝑡 3 ) 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝 0,5 < 𝐻𝐻(𝑥𝑥) ≤ 1 (9)
1 2 𝑡𝑡 3
Onde:
1
𝑡𝑡 = √𝑙𝑙𝑙𝑙 (𝐻𝐻(𝑥𝑥)2 ) 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝 0 < 𝐻𝐻(𝑥𝑥) ≤ 0,5 (10)
1
𝑡𝑡 = √𝑙𝑙𝑙𝑙 (1−𝐻𝐻(𝑥𝑥)2 ) 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝 0,5 < 𝐻𝐻(𝑥𝑥) ≤ 1 (11)
210
9º Encontro Internacional das Águas
Base de dados
Os dados diários de precipitação foram obtidos da rede da Agência Nacional de Águas
(ANA), via HidroWeb, de 1961 a 2015. O tratamento envolveu a remoção de valores
discrepantes ou não condizentes com os níveis de precipitação observados no país, tais
como valores inferiores a 0 mm ou superiores a 200 mm diários. Na sequência os dados
foram interpolados para os municípios da BRJ usando o Inverso da Distância Ponderada
(IDP)1, pacote gstat do Software R (PEBESMA, 2004). Os dados estimados para os
municípios foram agregados para a escala mensal. O tratamento, interpolação e
agregação dos dados foram efetuadas com o Software R, do Suporte do Sistema de
Gerenciamento de Banco de Dados (SGBD) MySQL e do pacote RMySQL (OOMS et
al., 2016). Por fim, os valores mensais foram utilizados para o cálculo do SPI.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O primeiro resultado é a curva de precipitação da média mensal da BRJ (Figura 2): o
período seco é junho a agosto – média mensal de 45 mm; o chuvoso de setembro a abril
– média mensal de 141 mm. Os meses mais chuvosos são dezembro, janeiro e fevereiro.
O volume médio anual é da ordem de 1.400 mm.
3
Shadmani et al. (2012).
211
Universidade Católica de Pernambuco
100 75 66 75
57 47
50 33
-
Figura 3 – Variação das precipitações anuais totais na Bacia do Rio Jundiaí: 1961-2014
1.400
1.100
800
500
1961
1963
1965
1967
1969
1971
1973
1975
1977
1979
1981
1983
1985
1987
1989
1991
1993
1995
1997
1999
2001
2003
2005
2007
2009
2011
2013
212
9º Encontro Internacional das Águas
volume de chuvas na região Sudeste do Brasil. Os demais anos chuvosos foram 1976,
1982 e 1983.
Os resultados do SPI6, SPI12 e SPI24 revelam a ocorrência de eventos extremos secos e
chuvosos na Bacia do Rio Jundiaí (Erro! Fonte de referência não encontrada.).
Figura 4 – Resultados do SPI 6, SPI 12 e SPI 24 para a Bacia do Rio Jundiaí: 1961-2014
4
2
SPI 6
0
-2
-4
1961
1962
1963
1965
1966
1968
1969
1970
1972
1973
1975
1976
1978
1979
1980
1982
1983
1985
1986
1987
1989
1990
1992
1993
1995
1996
1997
1999
2000
2002
2003
2004
2006
2007
2009
2010
2012
2013
2014
4
2
SPI 12
0
-2
-4
1961
1962
1963
1965
1966
1968
1969
1970
1972
1973
1975
1976
1978
1979
1980
1982
1983
1985
1986
1987
1989
1990
1992
1993
1995
1996
1997
1999
2000
2002
2003
2004
2006
2007
2009
2010
2012
2013
2014
4
2
SPI 24
0
-2
-4
1961
1962
1963
1965
1966
1968
1969
1970
1972
1973
1975
1976
1978
1979
1980
1982
1983
1985
1986
1987
1989
1990
1992
1993
1995
1996
1997
1999
2000
2002
2003
2004
2006
2007
2009
2010
2012
2013
2014
Fonte: preparado pelos autores com base nos resultados da aplicação Standardized
Precipitation Index (SPI).
Nota: registros acima da linha azul representam a ocorrência de eventos extremamente
chuvosos e abaixo da linha vermelha eventos extremamente secos.
213
Universidade Católica de Pernambuco
CONCLUSÃO
1. A concentração dos debates sobre as mudanças climáticas na escala global tem
contribuído para colocar em segundo plano os efeitos climáticos já em curso há
séculos das alterações no uso das terras na escala local. As mudanças climáticas
lato sensu tem sua origem na escala local. O aumento da escala da ação humana
no ambiente leva ao surgimento dos problemas ambientais em escala global, não
o contrário. O desmatamento, por exemplo, contribui para a redução quase
imediata da capacidade natural de retenção do solo e da taxa de infiltração da
água, acelerando a erosão hídrica, o assoreamento dos corpos d’água e a
ocorrência de cheias e inundações.
2. Diante do elevado grau de urbanização da BRJ, que está relacionado à perda da
cobertura vegetal, aumento da impermeabilização do solo, redução da taxa de
infiltração da água, aumento do escoamento superficial em sua velocidade,
redução do escoamento sub-superficial e subterrâneo, redução da
evapotranspiração, aumento das vazões máximas e da temperatura local –
214
9º Encontro Internacional das Águas
contribui para as “ilhas de calor”, a ocorrência de EEP é algo que deve ser
melhor investigado, afim de fornecer informações mais adequadas à gestão
ambiental e das bacias hidrográficas.
3. A ocorrência de EEP exige mais investimentos em infraestrutura hídrica, como
reservatórios, canais, piscinões, entre outros, na tentativa de amenizar os efeitos
sobre a disponibilidade hídrica, seja em períodos secos, seja com excesso de
precipitação, os quais contribuem para enchentes, cheias ou inundações. Além
disso, os sistemas de abastecimento de água das áreas urbanas podem operar
com mais frequência no limite de sua capacidade. O mesmo pode ocorrer com a
produção agrícola em função da ocorrência mais frequente de secas ou de
excesso de precipitação. Por fim, em áreas urbanas ainda existe a ocorrência de
deslizamentos de encostas, que podem ser agravados com o aumento da
intensidade das precipitações.
4. Diante desse novo contexto, a sociedade precisará aprender a conviver com os
eventos extremos. Desse modo, a sociedade precisa iniciar a adaptação das
estruturas sociais existentes para esse desafio. A adoção de práticas de
conservação do solo tanto em áreas rurais quanto urbanas torna-se um requisito
obrigatório na tomada de decisão. As ações para o enfrentamento desta nova
realidade incluem a construção de bancos de dados ambientais com variáveis
hidrológicas e climáticas, ampliação dos sistemas de monitoramento, apoio à
pesquisa para melhorar os modelos de simulação e de previsão climática,
incentivos a adoção de práticas conservacionistas, otimização do uso da água,
fortalecimento do Sistema Nacional e Regional de Gerenciamento dos Recursos
Hídricos, fiscalização do uso do solo, especialmente em áreas urbanas,
promoção do zoneamento ecológico, incluindo valoração dos recursos naturais.
REFERÊNCIAS
ANA. Agência Nacional de Águas. Hidroweb. Disponível em:
<https://goo.gl/2yQgOa>. Acesso em: 20/02/2017.
BORDI, I.; FRIGIO, S.; PATRIZIA, P.; ANTONIO, S.; ALFONSO, S. The analysis of
the Standardized Precipitation Index in Mediterranean Area: Large-scale patterns.
Annali di Geofisica, v. 44, p. 965-978, 2001.
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11
217
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1
1_ Mestre em solos e Qualidade de Ecossistemas, pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB; Email_
ederigt@yahoo.com.br;
2_ Doutor em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Universidade Federal do Ceará – UFC;
3_ Doutoranda em MANEJO DE SOLO E ÁGUA NA AGRICULTURA, pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido –
UFERSA;
4_ Doutoranda em Engenharia Agrícola, pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB;
5_ Mestre em Irrigação e Drenagem, pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA;
6_ Licenciada em Ciências Biológicas, pela Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA.
RESUMO
O Brasil apresenta uma elevada disponibilidade hídrica em seu território, mesmo assim há uma
discrepância quanto esta disponibilidade na forma temporal e espacial. Visto isso, o presente
trabalho teve como objetivo mostrar ações e desafios atribuídos ao comitê da sub-bacia do Alto
Jaguaribe na gestão das águas. Os dados informativos referentes à pesquisa foram adquiridos
junto ao Núcleo de Gestão Participativa da Companhia de Gerenciamento de Recursos Hídricos
– COGERH, Gerência Iguatu-CE, além de pesquisa documental do comitê e participação em
eventos do comitê. Verificou-se com a pesquisa, uma atuação efetiva do comitê em ações
relacionadas à gestão dos recursos hídricos, tais como degradação dos recursos naturais da sub-
bacia, melhoria na distribuição das águas da sub-bacia, campanha educativas de preservação e
educação da biodiversidade. Alguns desafios ainda devem ser superados pelo comitê tais como
problemas ambientais com deposição de lixo nos reservatórios, invasão e construções dentro de
APPs. Embora a criação dos comitês de bacias tenha trazido avanços para a gestão participativa
dos recursos hídricos, desafios como descentralização das águas, preservação dos recursos
naturais (solo, água e ar), problemas relacionados ao uso dos recursos naturais da sub-bacia de
forma indevida pela população residentes próxima dos mananciais ainda serão repetitivos por
vários anos.
Palavras - chave: Recurso hídrico; Comitê de bacia; Gestão de água.
218
9º Encontro Internacional das Águas
2
INTRODUÇÃO
O Brasil apresenta uma elevada disponibilidade hídrica em seu território, mesmo assim
há uma discrepância quanto esta disponibilidade na forma temporal e espacial, pois a
maior reserva de água doce presente no País se encontra em bacias que concentra menor
taxa populacional. Entretanto, o Brasil apresenta regiões que dispõe baixa
disponibilidade hídrica e alto consumo de água, nestes locais a gestão participativa dos
comitês de bacias no planejamento e gestão dos recursos hídricos é de fundamental
importância (ANA, 2005).
Conforme Braga et al. (2008), o Brasil possui um enorme desafio no gerenciamento dos
recursos hídricos, pois é necessário elevar a oferta de água em locais com maior
demanda, além de fazer uma melhor distribuição dessa água, outro desafio é melhorar a
qualidade física, química e biológica da água reduzindo a poluição nos mananciais.
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3
METODOLOGIA
Área estudada
O Alto Jaguaribe é uma das cinco sub-bacias que compõe a Bacia do Rio Jaguaribe,
sendo a maior dentre elas, sua área drenável é de 24.636 km², e localiza-se a montante
do segundo maior açude do estado do Ceará o Açude Orós com capacidade de
acumulação em volume de água de 1.940 m³ x 106. A sub-bacia do Alto Jaguaribe é
composta por 24 municípios dentre eles: Acopiara, Aiuaba, Altaneira, Antonina do
Norte, Araripe, Arneiroz, Assaré, Carius, Campos Sales, Catarina, Farias Brito, Icó,
Iguatu, Jucás, Nova Olinda, Orós, Parambu, Potengi, Quixelô, Saboeiro, Salitre,
Santana do Cariri, Tarrafas e Tauá. E possui 18 açudes estratégicos em sua extensão,
dentre seus afluentes principais estão os rios Carrapateiras, Cariús, Condado, Jucás,
Puiu, Trici e Trussu.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Participação em eventos e capacitações dos membros CSBHAJ
Desde sua fundação no ano de 2002 até os dias atuais o comitê da sub-bacia do Alto
Jaguaribe incentiva aos seus membros a participar de eventos relacionados a bacias
hidrografias, gestão dos recursos hídricos, ações e deveres dos comitês de bacias, etc. A
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9
A realização das ações acima citadas pelo comitê do Alto Jaguaribe em parcerias
com prefeituras municipais e Companhia de Gerenciamento de Recursos Hídricos –
COGERH mostram uma participação efetiva do comitê na gestão participativa no
gerenciamento dos recursos hídricos dentro da sub-bacia, melhorando assim a qualidade
de vida dos moradores inseridos dentro da sub-bacia. Contudo, mesmo tendo feito
diversas ações sociais e ecológicas o comitê dasub-baciado Alto Jaguaribe ainda possui
diversos desafios a serem superados principalmente nos anos atípicos de seca.
226
9º Encontro Internacional das Águas
10
desafios estão diretamente ligados a relação do homem com o meio ambiente e com
outras pessoas que vivem ao seu redor.
CONSIDERAÇÕES
1. Embora a criação dos comitês de bacias tenha trazido avanços para a gestão
participativa dos recursos hídricos, desafios como descentralização das águas,
preservação dos recursos naturais (solo, água e ar), problemas relacionados ao
uso dos recursos naturais da sub-bacia de forma indevida pela população
residentes próxima dos mananciais ainda serão repetitivos por vários anos;
2. A efetiva participação dos membros do comitê de bacia em eventos relacionados
a recursos hídricos e áreas afins, faz que o comitê de bacia realize troca de
experiências e adquiram maior maturidade e descubra novos caminhos para a
resolução de problemas.
REFERENCIAS
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1
Lucas Fernandes dos Santos¹, Alinne Gurjão de Oliveira², Maria Cristina Crispim³
1
Graduando em Engenharia Ambiental (UFPB), Bolsista CNPq. E-mail: lucasfernandes131@hotmail.com
2
Bióloga (UEPB), Mestre em Ciência e Tecnologia Ambiental (UEPB), Doutoranda em Desenvolvimento e Meio Ambiente
(UFPB), Bolsista CAPES. E-mail: alinnegurjao@gmail.com
3
Bióloga (UFPB), Doutora em Ecologia e Biossistemática (UL), Professora (UFPB/CCEN). E-mail: ccrispim@hotmail.com
RESUMO
A formação das cidades está relacionada à disponibilidade de água para atender as demandas
populacionais, entretanto, nem sempre os rios são priorizados nos planejamentos urbanos de
muitas cidades. Este trabalho objetivou caracterizar as águas do Rio Paraíba do Norte, próximo
às cidades de Santa Rita e Bayeux, Paraíba, identificando os possíveis impactos advindos do
processo de urbanização dessas cidades. Adotaram-se dois pontos de coleta, um antes (PA) e
outro no final dos centros urbanos (PB). Diante dos resultados obtidos pode-se concluir que as
cidades de Santa Rita e Bayeux exercem pressão sobre a qualidade das águas, principalmente
através do lançamento de efluentes, impactando negativamente o rio e comprometendo a
qualidade de vida da população inserida no local. Evidenciou-se a necessidade de adoção de
medidas mitigatórias para minimizar os impactos causados pela urbanização sobre a qualidade
de água do rio.
Palavras-chave: Centros urbanos; Efluentes; Recursos hídricos.
INTRODUÇÃO
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9º Encontro Internacional das Águas
2
MATERIAL E MÉTODOS
O Rio Paraíba nasce na serra do Jabitacá, na cidade de Monteiro no interior do Estado
da Paraíba, e estende-se no sentido sudoeste-nordeste até chegar à sua foz no Oceano
Atlântico, município de Cabedelo - PB, onde forma um estuário. Em seu trajeto, ele
passa por diversas cidades de pequeno e grande porte.
Para a realização deste trabalho foram selecionados dois pontos: PA (localizado antes da
cidade de Santa Rita – PB) e PB (localizado na cidade de Bayeux – PB). As duas
cidades são localizadas na área da Grande João Pessoa, estando muito próximas uma da
outra, e caracterizadas por um crescimento populacional elevado nos últimos anos.
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3
Em relação ao aspecto climático, a região do baixo curso do Rio Paraíba, onde estão
inseridos os municípios de Santa Rita e Bayeux, vigora o clima do tipo úmido,
conforme a classificação de Köeppen, com variações de temperatura de 28 °C a 32 ºC,
E precipitação média anual entre 1.200 e 1.700 mm (PERH-PB, 2006).
Existem algumas áreas com vegetação de mata Atlântica nativa e ecossistemas
associados, como, manguezais, campos de várzeas e formações mistas dos tabuleiros,
cerrados e restingas. A região tem sofrido com o desmatamento para dar lugar a culturas
de cana-de-açúcar, abacaxi, inhame, mandioca, etc. O relevo é plano, predominando
áreas de tabuleiro com vales rasos em forma de “U” e solos do tipo Bruno não Cálcico,
Litólico, Solonetz Solodizado, Regossolo e Cambissolo (PERH-PB, 2006).
A identificação dos pontos de coleta e suas respectivas localizações estão descritas no
Quadro 1.
O PA, localizado antes da zona urbana de Santa Rita - PB está inserido próximo a áreas
de cultivo de cana de açúcar. O PB está localizado no centro urbano de Bayeux, em área
de habitação popular. Na Figura 1 estão apresentados os pontos de coleta adotados neste
trabalho.
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9º Encontro Internacional das Águas
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
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5
A área próxima à margem do rio, no PB, é ocupada por habitações populares, sem
infraestrutura e saneamento básico deficiente. Durante a realização do trabalho
observou-se o escoamento de águas cinzas (águas de lavagem) entre as residências e
alcançando o leito do rio através da rede de drenagem pluvial, além da disposição de
resíduos sólidos no mesmo (Figura 2). O lançamento de efluentes e outros materiais
orgânicos biodegradáveis nos corpos hídricos são os principais responsáveis pela baixa
concentração de OD, em função da sua utilização para a degradação da matéria
orgânica, pelas bactérias decompositoras. Além disso, são fontes de nutrientes, que
podem intensificar os processos de eutrofização dos corpos hídricos, e comprometer a
qualidade das águas.
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CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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9
CLESCERI, S.L., GREENBERG, A.E.; EATON, A.D. Standard Methods for the
Examination of Water and Wastewater (APHA). 21 ed. Washington: American
Public Health Association, 2005.
236
9º Encontro Internacional das Águas
RESUMO
Este artigo apresenta de maneira resumida da dissertação de mestrado São Paulo –Paris,
Metrópoles Fluviais. Ensaio de Projeto de Arquitetura das orlas do canal Pinheiros inferior,
córrego Jaguaré e córrego Água Podre. São apresentadas duas metrópoles que foram fundadas
às margens fluviais: São Paulo e Paris. Para São Paulo, propõe-se um ensaio de projeto de
arquitetura das orlas do canal Pinheiros inferior, córrego Jaguaré e córrego Água Podre. O
intuito é explorar soluções através de desenhos e definir conceitos que poderiam orientar a
retomada dos rios e canais como eixos fundamentais na formação urbana a partir da
consideração de suas funções: abastecimento, drenagem, lazer, navegação e energia. Considera-
se que somente quando os múltiplos usos da água forem plenamente desenvolvidos, de acordo
com as condições e demandas de cada lugar, o espaço urbano poderá ter qualidade ambiental e
social. Assiste-se desde o século passado a morte dos nossos rios, que permeiam com
abundância a região metropolitana. A melhoria das cidades que compõem essa metrópole deve
passar por essa constatação e apresentar soluções para recuperar o potencial das águas.
Palavras-chave: Infraestrutura urbana fluvial; Rios urbanos; Orlas fluviais; Qualidade
ambiental urbana; Múltiplos usos da água.
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9º Encontro Internacional das Águas
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percorrendo toda a metrópole pelo caminho das águas, o tecido urbano se reconstruiria,
partindo de novas premissas, sendo a principal delas a retomada da presença das águas
como elemento constituinte de uma paisagem com qualidade ambiental e urbana.
240
9º Encontro Internacional das Águas
Para o canal Pinheiros foi idealizada a criação de cais alto em ambas as margens, que
são lajes no nível das pontes, sobre as vias expressas marginais existentes. No cais alto é
implantado o bulevar fluvial, uma avenida arborizada que acompanha todo o canal e é
compartilhada por pedestres, bicicletas, transporte público e carros. Do cais alto se tem
acesso ao cais baixo, que está no nível mais próximo ao nível d’água do Pinheiros.
Nesse patamar há apenas passeios para pedestres e ciclistas, além de estabelecimentos
voltados para o canal com atividades de comércio ou serviço: bares, restaurantes e
galerias, entre outras atividades relacionadas ao lazer e cultura. Também é no nível do
cais baixo que se encontram os portos urbanos fluviais previstos no projeto do
Hidroanel Metropolitano de São Paulo. A ideia do cais alto se baseia na forma como
foram construídas as orlas de cidades europeias, como Paris, que serviu de referência
para essa pesquisa. O nível térreo atual, que é o nível das vias marginais, se transforma
em subsolo, e é construído um novo nível térreo, sobre as vias.
Atualmente o canal Pinheiros é uma barreira que separa as duas margens da cidade
de São Paulo. No trecho estudado, de 10 km, entre a barragem do Retiro (próxima à
confluência com o canal Tietê) e a usina da Traição (próxima à avenida dos
Bandeirantes), existem apenas cinco pontes. São quase 3km de distância entre as pontes
do Jaguaré e Cidade Universitária. A travessia do canal atende, dessa maneira, apenas o
deslocamento em veículos motorizados. A modulação das pontes implantadas na
cidade, acessadas através de alças que permitem a manutenção da velocidade dos
automóveis, é inadequada para pedestres. A transposição feita em nível, como se propõe
o projeto, permite que as pontes se conectem ao tecido urbano sem a necessidade de
alças, de modo contínuo e apropriado para o deslocamento a pé.
Ao longo dos 10 km do canal Pinheiros inferior são propostas 20 novas pontes. Dessa
maneira, a distância máxima entre elas seria de 500m, costurando de fato uma margem
da cidade à outra. As águas deixariam de ser barreiras de difícil transposição e esse
trajeto seria distribuído pelas várias pontes. Além do aspecto funcional, as pontes
trazem oportunidades de encontro com as águas, ora pelo acesso ao cais baixo presente
em cada extremidade, ora pela perspectiva possível que se tem sobre a ponte, em
241
Universidade Católica de Pernambuco
direção à perspectiva do rio. Nesse eixo no fundo do vale, vê-se ao longe o horizonte,
uma visão singular na metrópole de São Paulo, tão densamente construída.
242
9º Encontro Internacional das Águas
lagos ao longo do canal e sobretudo nas áreas de mananciais e foz. Os lagos teriam a
capacidade de reter 130.625 m³ de água, o que auxiliaria na macrodrenagem urbana. Os
parques propostos teriam diversas escalas, entre eles os mais importantes seriam o
parque da raia olímpica da USP, o parque já existente Doutor Alfred Usteri, (que
poderia ser estendido até o ribeirão), e o parque da foz do Riacho Doce. Para o parque
da raia olímpica propõe-se a ampliação de sua área até o canteiro central da avenida que
a margeia, a av. Prof. Mello Moraes, e a implantação de piscinas públicas nas margens
da raia. O parque Doutor Alfred Usteri tem enorme importância por ser um dos únicos
lugares em São Paulo que mantém vegetação nativa de cerrado. Para esse parque, tendo
em vista sua relevância, propõe-se sua duplicação em áreas que hoje são utilizadas
como estacionamento de um supermercado. E, por fim, o parque da foz do Riacho Doce
ocuparia uma área de 100.000m², marginal ao córrego, que hoje está sem uso e é
pertencente à Polícia Militar.
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244
9º Encontro Internacional das Águas
O ribeirão Água Podre tem apenas 3km e nasce nas proximidades do CEU Butantã,
onde foi construído um lago. Com uma largura de média de 5m, o ribeirão percorre ruas
arborizadas onde predominam sobrados residenciais, passa por ocupações irregulares
que chegam a construir suas lajes sobre ele, até chegar na foz, onde há um quarteirão
que tem quase 50% de sua área sub-ocupada por um galpão industrial abandonado e um
estacionamento. Também são propostos cinco lagos para o Água Podre, totalizando uma
capacidade para retenção de 29.425m³ de água, além de áreas verdes ao longo de suas
orlas.
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Universidade Católica de Pernambuco
CONCLUSÃO
2. A primeira, e mais flagrante, é o fluido poluído que corre em seus leitos. Pouco
se vê da natureza dos rios, que tem como maior potencial o de levar águas ao
longo do vale. Esses cursos levam todo o esgoto que não é coletado pela
SABESP, empresa de economia mista responsável pelo fornecimento de água,
coleta e tratamento de esgotos de 364 municípios do Estado de São Paulo. Além
do esgoto, as águas pluviais que carregam lixo das ruas, também vão para os
leitos, e por último, e não menos grave, muito entulho é deliberadamente jogado
nos antigos rios. Assim, o não cumprimento por parte do Estado daquilo que é
básico em uma comunidade: o saneamento ambiental, que envolve da coleta ao
tratamento de todo resíduo gerado pelas pessoas, tem uma consequência
246
9º Encontro Internacional das Águas
sepulcral para as nossas águas. Este projeto, portanto, deve ser visto também
como uma denúncia a essa falha nas nossas políticas públicas.
3. A outra característica comum aos três cursos d’água aqui tratados, e que assim
como a primeira é comum a todos os outros cursos na RMSP, é o seu isolamento
em relação à cidade. No caso do Jaguaré, quase um terço de seu percurso, está
absolutamente oculto, ou seja, sob lajes por onde circulam veículos.
4. O Água Podre tem 150 m de percurso, na sua foz, também ocultos, ocupados por
um quarteirão, além de duas de suas nascentes localizadas em áreas residenciais,
sob calçamento. Pinheiros e Jaguaré estão também isolados pelas trincheiras que
formam as avenidas de fluxo intenso nas suas orlas. Os canais estão separados
das pessoas por muretas ou gradis. O Pinheiros tem ainda a ferrovia, entre canal
e avenida. Não há possibilidade de transpor as vias expressas marginais ao
Pinheiros e a ferrovia. Não há semáforos, nem calçadas e, mesmo se houvesse,
o acesso a pé não é permitido.
5. Uma última característica comum, e essa seria a que nos dá esperanças para
vislumbrar possibilidades de mudanças das condições dos nossos rios, é relativa
à propriedade das áreas que margeiam as águas. Nas margens imediatas (quando
não sobre o próprio leito) foram implantadas ruas e avenidas, que são de
propriedade pública. Uma das nascentes do Água Podre e do Jaguaré também
estão em propriedade pública, em Centros Educacionais Unificados, (CEU).
Existe portanto a possibilidade de intervenção nessas áreas sem necessidade de
desapropriação.
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Universidade Católica de Pernambuco
REFERÊNCIAS
IKEDA, Eloisa Balieiro. São Paulo - Paris, metrópoles fluviais. Ensaio de projeto de
arquitetura das orlas do canal Pinheiros inferior, córrego Jaguaré e córrego Água Podre.
2016. Dissertação (Mestrado em Projeto de Arquitetura) - Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2016. Disponível em: <http://www.
teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16138/tde-16022017-111213/>. Acesso em: 2017-03-
13.
248
9º Encontro Internacional das Águas
1
RESUMO
São muitos os efeitos negativos da urbanização convencional sobre os recursos hídricos. Esse
trabalho aborda a evolução dos sistemas de drenagem como uma das formas de mitigar tais
efeitos, através da aplicação da drenagem integrada ao projeto e planejamento urbano, com o
uso de estratégicas e técnicas compensatórias. Apresenta as características das principais
técnicas compensatórias e do modelo de Desenvolvimento de Baixo Impacto (Low Impact
Development-LID) A urbanização de baixo impacto visa a preservação de aspectos naturais e a
diminuição dos impactos causados pelo processo de urbanização convencional. As medidas
compensatórias encontram aplicabilidade em novos empreendimentos e em empreendimentos
existentes, que ofereçam condições de integrá-las. Possibilitam a recuperação da capacidade de
infiltração, diminuição da produção de volumes excedentes de escoamento superficial,
recuperação de processo hidrológico similar a situação de pré-ocupação, diminuição da poluição
das águas, entre outros benefícios. Além disso, oferecem vantagens significativas em relação a
urbanização convencional, proporcionando a criação de paisagens hidrológicas funcionais, com
menor custo de implantação em relação às soluções convencionais e com a preservação de
recursos naturais.
Palavras-chave: Drenagem Urbana; Low Impact Development; Recursos Hídricos.
INTRODUÇÃO
A necessidade de desenvolver um sistema de drenagem urbana, surgiu em meados do
século XIX nas cidades europeias, como consequência da constatação da relação entre a
ocorrência de áreas alagáveis e a alta mortalidade (SILVEIRA, 2002, p.07). A partir de
então, as práticas higienistas, conhecidas como sistema clássico de drenagem, passam a
ser inseridas no meio urbano como uma medida de proteção a saúde pública, com o
objetivo de afastar, o mais rápido possível, a água das cidades, sejam elas de origem
pluvial ou cloacal (SILVEIRA, 2002, p.07). Em seguida, o sistema de drenagem urbana,
com redes subterrâneas unitárias de esgoto, que se espalhou pelas cidades europeias
como uma medida preventiva baseada em princípios higienistas, chegou ao Brasil. Onde
foi implantado, inicialmente, em pequena parte do Rio de Janeiro (1864), e após a
proclamação da República (1889) foi implantado em maior escala nessa e em outras
cidades do país (SILVEIRA, 2002, p.07).
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2
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4
superficialmente. No Brasil, essas três situações são cada vez mais frequentes nas áreas
urbanas e, segundo estimativas, os prejuízos gerados correspondem a um valor anual
médio superior a dois bilhões de dólares (BAPTISTA et al., 2011, p. 20). Os prejuízos
são, na verdade, incalculáveis, se considerarmos os danos ambientais, urbanos e sociais.
Se por um lado temos os problemas causados pelos alagamentos, inundações e
enchentes, por outro, temos a crise hídrica causada pelas estiagens prolongadas e pela
poluição da água, que a torna imprópria para o consumo humano.
MATERIAL E MÉTODOS
A metodologia utilizada para o desenvolvimento desse artigo foi de revisão
bibliográfica sobre os processos de urbanização e os sistemas de drenagem
desenvolvidos e aplicados ao contexto urbano ao longo da história.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Técnicas Alternativas ou Compensatórias de Drenagem
As técnicas alternativas são soluções de drenagem que podem ser integradas ao projeto
e planejamento urbano. Segundo Canholi (2005, p.25), são medidas compensatórias
para a correção e /ou prevenção de alagamentos, inundações e enchentes, e podem ser
classificadas, de acordo com a sua natureza, em estruturais ou não estruturais. As
medidas estruturais correspondem às obras que podem ser implantadas, e as não
estruturais correspondem a introdução de normas, regulamentos e programas que visem,
por exemplo, o disciplinamento do uso e ocupação do solo (CANHOLI, 2005, p.25).
As medidas compensatórias não estruturais podem ser estabelecidas através de
legislações que propõem o zoneamento ambiental ou determinam os parâmetros
urbanísticos, por exemplo. Como a racionalização do uso do solo urbano, como em
casos de controle do uso e ocupação do solo em áreas de recarga de aquíferos, e
educação ambiental voltada ao controle da poluição e degradação ambiental
(CANHOLI, 2005, p.26). As medidas compensatórias estruturais podem ser integradas
ao projeto urbano e ao projeto de edificações como medidas preventivas e/ou corretivas.
São implantadas através de obras centralizadas, obras lineares, e obras pontuais.
As bacias de detenção são classificadas como obras centralizadas, ocupam áreas de
maiores dimensões e profundidade se comparadas a outras técnicas, e funcionam como
252
9º Encontro Internacional das Águas
5
a) Bacia situada
Fotos: em Campus da b) Bacia situada
Universidade de no bairro de c) Bacia situada em
British Columbia, Rieselfeld - Ottawa, capital do
Vancouver- Alemanha. (Foto: Canadá. (Foto: Regina
Canadá. (Foto: Francine Moreira D. L. Barbosa).
Regina D. L. Villaça, 2011)
Barbosa).
Fonte: texto retirado de Baptista et al. (2011, p. 135).
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7
Fotos:
a) Exemplo de b) Exemplo de c) Exemplo de
d) Exemplo de
biorretenção. trincheira. vala. (Fonte:
vala. (Fonte:
(Fonte: SOUZA, (Fonte: Software Software Tec
SOUZA, 2005)
2005). Tec Alt) Alt, 2014)
Fonte: texto retirado de Baptista et al. (2011, p. 135).
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9
Fotos: c) Exemplo de
c) Exemplo de
a) Exemplo de poço telhados
reservatório.
de infiltração. (Fonte: armazeradores.
(Fonte: Ecocasa,
Building, 2014). (Fonte: Software
2014)
Tec Alt, 2014)
Fonte: texto retirado de BAPTISTA et al. (2011, p. 273).
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10
América do Norte (BAPTISTA et al., 2011, p.27). Dessa forma, essas abordagens
serão analisadas como "desenvolvimento de baixo impacto" fazendo referência ao
"Low Impact Development" (LID), da América do Norte, com o objetivo de apresentar
as principais ideias e como funciona o LID.
O desenvolvimento de baixo impacto (LID) apresenta estratégias de gestão das águas
pluviais que devem ser aplicadas ao projeto e planejamento urbano (Quadro 4).
Algumas dessas estratégias são: diminuição de áreas impermeáveis; conservação de
recursos e ecossistemas naturais; manutenção de cursos de drenagem; minimização de
nivelamento e limpeza de terra; armazenamento de águas pluviais; manutenção de
tempo de concentração de pré-desenvolvimento; propagação de fluxo com o aumento
do tempo de deslocamento e controle de descarga de águas pluviais; e educação
ambiental para a disseminação do uso de técnicas compensatórias integradas ao projeto
com o objetivo de controlar o volume do escoamento superficial para diminuir os
riscos de alagamentos, inundações e enchentes (SOUZA; TUCCI, 2005, p. 5;
BARBASSA; TAVANTI, 2012, p.6).
Para que tais estratégias sejam alcançadas, o LID propõe: i) a conservação dos recursos
naturais, através da preservação da vegetação e do solo nativo para permitir a
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9º Encontro Internacional das Águas
11
CONCLUSÃO
1. A urbanização de baixo impacto, através da aplicação de estratégias de LID e
da utilização de medidas compensatórias integradas ao projeto, possibilita a
preservação de aspectos naturais e a diminuição dos impactos causados pelo
processo de urbanização convencional. As medidas compensatórias encontram
aplicabilidade em novos empreendimentos e em empreendimentos existentes,
que ofereçam condições de integrá-las. Possibilitam a recuperação da
capacidade de infiltração, diminuição da produção de volumes excedentes de
escoamento superficial, recuperação de processo hidrológico similar a situação
de pré-ocupação, diminuição da poluição das águas, entre outros benefícios.
Além disso, oferecem vantagens significativas em relação a urbanização
convencional, proporcionando a criação de paisagens hidrológicas funcionais,
com menor custo de implantação em relação às soluções convencionais e com a
preservação de recursos naturais.
2. No entanto, é recomendável fazer um estudo de viabilidade, considerando as
peculiaridades locais, para saber quais técnicas podem ser integradas ao projeto
em questão, seja ele urbano ou arquitetônico. Sabe-se que a utilização dessas
técnicas integradas ao projeto como medidas de gestão das águas pluviais
resultam em ganhos significativos principalmente para o meio ambiente. Além
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REFERÊNCIAS
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RESUMO
Este trabalho buscou hierarquizar as redes de drenagem urbana existentes no município
de Goiânia, capital do estado de Goiás, e traçar um diagnóstico das mesmas com a
finalidade de observar o cumprimento da legislação vigente em relação ao Plano Diretor
da Cidade e mapear, com o auxílio do Geoprocessamento e do Sensoriamento Remoto,
as redes de drenagem que apresentam assoreamento de seus leitos. Para tornar possível a
realização deste trabalho utilizou-se os dados disponibilizados pelo Sistema Estadual de
Geoinformação (SIEG), que foram armazenados em um banco de dados geográfico. A
hierarquização da rede de drenagem levou em consideração a metodologia proposta por
Strahler (1952) e a inspeção visual dos canais teve o auxílio de imagens de alta resolução
espacial disponibilizadas pelo software Google Earth. A análise dos dados mostrou que a
rede de drenagem se apresenta bastante degradada. Foram identificados apenas 22 canais
que apresentam sua Área de Preservação Permanente de acordo com o Plano Diretor da
cidade. O assoreamento dos canais também é notório sobretudo na porção Sul do
município.
Palavras-chave: Recursos hídricos; Geoprocessamento; Degradação; Mapeamento.
INTRODUÇÃO
A urbanização está intimamente ligada ao desenvolvimento do capitalismo e da
industrialização. Este processo é, de certa forma, inevitável, e, quando
apresentam densidade e planejamento adequados demonstram ser um eficiente
modo de vida, uma vez que nenhum país na era industrial conseguiu atingir
significativo crescimento econômico sem a urbanização (GOMES, 2009). Este
processo, entretanto, modifica todos os elementos da paisagem: o solo, a
geomorfologia, a vegetação, a fauna, a hidrografia etc. Em relação aos recursos
hídricos, prejuízos ambientais, sociais e econômicos são causados pelo precário
conhecimento dos condicionantes físicos e pela má gestão das águas urbanas
(CARVALHO; BRAGA, 2001).
Investigações cientificas sobre drenagens fluviais têm importante função e aplicação
na geomorfologia, pois podem levar à compreensão de numerosas questões
geomorfológicas, uma vez que os cursos de água constituem processo morfogenético
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dos mais ativos na esculturação da paisagem terrestre. Pesquisas dessa natureza são
estratégicas para planejadores e gestores municipais, uma vez que demarcam áreas do
ponto de vista hídrico e explicam o comportamento da rede de drenagem (dinâmica
dos rios) em cada setor definido, associando às questões do meio físico-natural e social
de uma dada bacia hidrográfica (SANTOS, 2004).
A caracterização morfométrica de bacias hidrográficas possui importante papel na
compreensão dos processos hidrológicos. O estudo de suas formas permite a análise de
sua susceptibilidade à enchentes frente a condicionantes naturais e a determinação
indireta de diversos dados em seções ou locais nos quais faltem informações
(VILLELA; MATTOS, 1975).
Desta forma, este trabalho se apresenta com o objetivo de hierarquizar as redes de
drenagem urbana existentes no município de Goiânia, capital do estado de Goiás, e
traçar um diagnóstico das mesmas com a finalidade de observar o cumprimento da
legislação vigente em relação ao Plano Diretor da Cidade e mapear, com o auxílio do
Geoprocessamento e do Sensoriamento Remoto as redes de drenagem que apresentam
assoreamento em seus canais.
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Dados obtidos junto a Prefeitura municipal de Goiânia através do sítio:
http://www.goiania.go.gov.br/html/principal/goiania/dadosgerais/. Acesso em 10/06/2015.
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METODOLOGIA
A rede de drenagem corresponde aos eixos preferenciais das águas superficiais com
fluxo concentrado de origem pluvial ou fluvial, de caráter perene, intermitente ou
efêmero. Mais especificamente, a rede hidrográfica possui como referenciais espaciais
os talvegues, sendo, portanto, o conjunto de todos os canais fluviais. A análise da rede
de drenagem é de fundamental importância para a compreensão e caracterização de um
sistema ambiental, uma vez que a estrutura ou forma como estes canais aparecem em
superfície é resultante da interação entre elementos de natureza geológica,
climatológica, biogeográfica e topográfica (CHRISTOFOLETTI, 1985).
O primeiro passo para a análise da rede de drenagem foi uma revisão bibliográfica que
buscou o levantamento das informações e resultados de pesquisas sobre a importância
da caracterização física das mesmas, sobretudo em áreas urbanas. Nesta etapa também
foi abordado o papel das geotecnologias, tais como o Sistema de Informações
Geográficas (SIG), o Geoprocessamento e o Sensoriamento Remoto, no processamento
e análise de dados relacionados aos recursos hídricos. O software utilizado foi o ArcGis
versão 10.3.
Posteriormente foi realizada a montagem do banco de dados utilizando procedimentos
metodológicos que envolveram a caracterização da área de estudo e a hierarquização de
sua rede de drenagem. A próxima etapa foi a verificação do cumprimento do Plano
Diretor da cidade em relação a preservação das matas ciliares e das matas de galeria ao
longo de toda a rede de drenagem que passa pelo município de Goiânia. Foram
mapeadas também as redes de drenagem que possuíam assoreamento de seus leitos.
A montagem do banco de dados foi realizada por meio de dados adquiridos junto ao site
do Sistema Estadual de Geoinformação de Goiás (SIEG). Os dados adquiridos foram: a
rede de drenagem em escala 1:100 000 e os limites estaduais em escala 1:250 000. A
escolha desses dados se deve a sua abrangência (Goiás) o que possibilita a posterior
união dos resultados aqui apresentados com futuras análises de toda a Região
Metropolitana de Goiânia. O primeiro passo após a montagem do banco de dados foi o
ajuste cartográfico para que a rede de drenagem disponibilizada pela Agência Nacional
das Águas (ANA) em escala 1:100 000 se encaixasse sob os limites municipais
disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foram
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
O recorte geográfico escolhido para a aplicação da metodologia apresentada foi o
munícipio de Goiânia localizado no estado de Goiás. A hierarquização da rede mostrou
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O KML, ou Keyhole Markup Language, é um formato de ficheiro e de gramática XML para modelar e
armazenar elementos geográficos como pontos, linhas, imagens, polígonos e modelos para apresentação
no Google Earth, no Google Maps e noutras aplicações (GOOGLE, 2015)
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que 49,3 % dos canais são canais de 1° ordem e apenas 5 % dos canais são canais de 6°
ordem, correspondendo este último ao Rio Meia Ponte. A Tabela 1 apresenta a
quantidade de canais e sua extensão dentro do município de Goiânia.
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Embora seja um fenômeno natural, o assoreamento vem sendo intensificado pela ação
antrópica sobretudo em áreas urbanas, e podem aumentar o nível de terra submersa que
ajuda originar grandes enchentes e mudanças no curso da água. No meio físico suas
principais causas são: aceleração do processo erosivo, ocorrência de escorregamentos, o
aumento de áreas inundáveis, diminuição da infiltração de água no solo, contaminação
do solo e das águas superficiais e subterrâneas, aumento da quantidade de partículas
sólidas e gases na atmosfera, aumento da propagação das ondas sonoras.
Com relação a identificação de canais com sinais de assoreamento foram identificados
68 canais assoreados no munícipio de Goiânia, a grande maioria na porção Sul do
Munícipio, área urbana e de uso já consolidado. O mapa da Figura 2 apresenta a
localização dos canais identificados com assoreamento por meio do uso de imagens de
alta resolução espacial e os pontos identificados com assoreamento ao longo do Rio
Meia Ponte.
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Com isso pode ser observado que os córregos Palmito, Água Branca, Gameleira,
Lajeado Capoeirão, o ribeirão Caveirinha e o rio João Leite constituem canais que
contribuem para o carregamento de sedimentos para o Meio Ponte, além das erosões e
desmatamento ao longo do próprio rio pois são poucas as áreas em que são preservados
os 100 metros estipulados por lei.
Considerações finais
1. O presente trabalho objetivou a criação de banco de dados com a hierarquização
da rede de drenagem e o diagnóstico de seus canais utilizando para isso
ferramentas de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto para o
processamento e análise dos dados. As geotecnologias se mostraram satisfatórias
inclusive para a elaboração de roteiros de campo e para as análises feitas
(hierarquização e comprimento dos canais e espacialização dos dados).
2. Durante a execução do mesmo foi observado a necessidade de ajuste
cartográfico para compilação das bases de dados.
3. A distribuição espacial das ocorrências georreferenciadas de canais assoreados
segue uma lógica que respeita a ausência de Áreas de Preservação Permanente,
ocupação irregular e altas taxas de impermeabilização do solo.
4. Trabalhos futuros poderão utilizar a metodologia e os resultados aqui
apresentados para a elaboração do diagnóstico dos recursos hídricos da Região
Metropolitana de Goiânia.
REFERÊNCIAS
CARVALHO, P.F.; BRAGA, R. Perspectiva de gestão ambiental em cidades
médias. Rio Claro: LPM-UNESP, 2001. 265 p.
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