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Comissão Examinadora:
_________________________________
Prof. Dra. Sofia Maria Carrato Diniz
DEES – UFMG (Orientadora)
_________________________________
Prof. Dr. Roque Luiz da Silva Pitangueira
DEES – UFMG
_________________________________
Prof. Dr. Turíbio José da Silva
DEC – Universidade Federal de Uberlândia
Agradecimentos
À Professora Sofia Maria Carrato Diniz, pelo apoio e orientação durante a elaboração
deste trabalho.
Aos amigos Heins Hackbarth Junior, Henrique Alves Tartaglia Nogueira e Leonardo
Braga Passos, pela ajuda nos momentos de dificuldade.
Sumário
1 - Introdução .................................................................................................................. 1
1.1 - Declaração do Problema....................................................................................... 1
1.2 - Objetivos da Pesquisa........................................................................................... 3
1.3 - Organização.......................................................................................................... 3
Lista de Tabelas
TABELA 4.22 - Resultado das Simulações de Wexpan para tpor = variável ..................... 60
TABELA 4.23 - Resultado das Simulações de Wexpan para ft = variável ........................ 61
TABELA 4.24 - Resultado das Simulações de Wexpan para ν = variável ........................ 61
TABELA 4.25 - Resultado das Simulações de Wexpan para Eef = variável ..................... 61
TABELA 4.26 - Resultado das Simulações de Wexpan para Situações Distintas............. 62
TABELA 4.27 - Descrição Probabilística de Wporous ...................................................... 65
TABELA 4.28 - Descrição Probabilística de Wexpan ....................................................... 65
TABELA 4.29 - Resultado das Simulações para Wexpan = LN(3,0 ; 0,75) x10-3 kg/m ... 67
TABELA 4.30 - Resultado das Simulações para Wporous = LN(2,5 ; 0,625) x10-3 kg/m 67
TABELA 4.31 - Resultado das Simulações de Wcrit para Situações Distintas ............... 68
TABELA 4.32 - Descrição Probabilística das Quantidades de Produto da Corrosão Wcrit
............................................................................................................ 70
TABELA 4.33 - Descrição Probabilística das Taxas de Corrosão das Armaduras........ 71
TABELA 4.34 - Resultado das Simulações de ∆Tcrack para Wcrit = variável................... 72
TABELA 4.35 - Resultado das Simulações de ∆Tcrack para d = variável ....................... 72
TABELA 4.36 - Resultado das Simulações de ∆Tcrack para icorr = variável.................... 72
TABELA 4.37 - Resultado das Simulações de ∆Tcrack para Situações Distintas............ 73
TABELA 4.38 - Resultado das Simulações da Vida Útil Tservice .................................... 76
viii
Lista de Figuras
Lista de Símbolos
Resumo
O ataque por íons cloreto é uma das formas mais agressivas de deterioração das
estruturas em concreto armado. Diante da grande variabilidade de fatores e das
incertezas envolvidas neste processo, uma modelagem probabilística deve ser adotada
na descrição do processo de corrosão da armadura. Neste trabalho, a simulação de
Monte Carlo é utilizada na avaliação probabilística da vida útil de serviço de estruturas
em concreto armado. Para tal são apresentados: (i) os modelos matemáticos de caráter
determinístico que representam as várias etapas da deterioração de estruturas em
concreto armado causadas pelo ataque de íons cloreto, e (ii) a descrição estatística das
variáveis básicas pertinentes a este processo da corrosão. Dois exemplos numéricos são
apresentados. Os resultados obtidos incluem a modelagem estocástica do tempo para o
início da corrosão e também do tempo para o aparecimento de fissuras causadas pela
corrosão, onde a importância de cada variável na resposta dos modelos é verificada. É
enfatizado que a vida útil pode ser definida apenas em termos probabilísticos e o
conceito de vida característica é apresentado.
Abstract
The attack by chloride ions is one in the most aggressive forms of deterioration of
reinforced concrete structures. Due to the great variability of factors and the
uncertainties involved, a probabilistic modeling shall be used in the description of the
corrosion process. In this work, Monte Carlo simulation is used in the probabilistic
assessment of the service-life of reinforced concrete structures. For such, the following
are presented: (i) the deterministic mathematical models that represent the different
stages of the deterioration process, and (ii) the statistical description of the pertinent
basic variables. Two numerical examples are presented. The results obtained are the
stochastic modeling of the time for corrosion initiation and also of the time for crack
initiation, where the importance of each variable in the response of the models is
verified. It is emphasized that service-life can be defined in probabilistic terms only and
the concept of characteristic life is introduced.
1
Introdução
Dentre as diversas manifestações patológicas existentes, o ataque por cloretos é uma das
formas mais agressivas de deterioração das estruturas em concreto armado. No Brasil,
um grande número de cidades encontra-se em zonas litorâneas, estando estas
submetidas à ação extremamente agressiva dos ambientes marinhos ricos em cloretos
(CASCUDO, 1997). Um bom conhecimento deste mecanismo de deterioração, como
também de métodos construtivos, controle de qualidade e propriedades dos materiais,
2
A definição da vida útil de uma estrutura torna-se, portanto, dependente do estado limite
a ser tratado, ou seja, se de serviço (utilização) ou de ruína (último). No estado limite de
utilização, o elemento de controle deve ser a abertura de fissuras causadas pela
corrosão, já no estado limite último, o elemento de controle é a redução da resistência
do componente estrutural via redução da seção transversal da armadura induzida pela
corrosão. O tempo da vida útil de serviço, Tservice, para uma estrutura em concreto
armado tem sido considerado por alguns autores como sendo o tempo para a iniciação
da corrosão da armadura Tcorr. Com o avanço dos estudos sobre a deterioração das
estruturas de concreto armado causada pela ação dos cloretos, esta definição do tempo
de vida útil vem sendo refinada. Com a inclusão do tempo do início da corrosão da
armadura até a ocorrência da fissuração inicial por corrosão, ∆Tcrack, o tempo da vida
útil Tservice passa então a ser modelado como Tservice = Tcorr + ∆Tcrack.
3
1.3 - Organização
NBR 6118:2003 (ABNT, 2003), bem como os fatores que podem afetar diretamente a
durabilidade destas estruturas. Uma ênfase é dada à corrosão das armaduras causada
pelo ataque por cloretos, visto que um bom entendimento deste mecanismo é importante
para sua modelagem. O Capítulo 3 apresenta a simulação de Monte Carlo, o método
probabilístico adotado neste trabalho. Neste capítulo também são mostrados os modelos
matemáticos de caráter determinístico utilizados para representar as etapas do processo
de deterioração de estruturas em concreto armado causada pela ação dos cloretos. No
Capítulo 4 é apresentada a descrição probabilística das variáveis pertinentes ao processo
de deterioração avaliado. Uma verificação da influência de cada variável na resposta
dos modelos utilizados também é feita visando identificar os fatores preponderantes
para obtenção de estruturas de concreto armado duráveis. No Capítulo 5, dois exemplos
numéricos são apresentados, onde pode ser verificada a resposta de cada modelo à
situações distintas. E por fim, o Capítulo 6 traz a discussão dos resultados e as
conclusões obtidas neste trabalho, além de sugestões para trabalhos futuros.
5
2
Deterioração das Estruturas em Concreto Armado
água/cimento e o teor de ar do concreto. Quanto maiores forem estes dois fatores, maior
será a permeabilidade do material (SANTOS e SAGAVE, 2003a). O fluxo de água
dentro do concreto, entretanto, não se realiza apenas através dos poros capilares da
pasta, mas também através das microfissuras internas e das interfaces porosas entre o
agregado graúdo e a pasta de cimento. Controlar a natureza e a distribuição dos poros e
das fissuras torna-se tarefa essencial para atender aos requisitos de durabilidade das
estruturas (BRANDÃO e PINHEIRO, 1999).
A NBR 6118:2003 (ABNT, 2003) trata de algumas das diretrizes para obtenção de
estruturas de concreto armado duráveis. Ela aborda os principais mecanismos de
envelhecimento e deterioração do concreto armado, frisa a importância de se conhecer a
influência da agressividade do ambiente na durabilidade, além de sugerir critérios de
projeto como a qualidade e a espessura do concreto de cobrimento e o controle da
fissuração, visando à durabilidade.
Reação álcali-agregado: Expansão por ação das reações entre álcalis do cimento (Na2O;
K2O) e certos agregados reativos. O produto destas reações é um gel que se forma nos
planos mais fracos ou poros do agregado ou ainda na sua superfície, destruindo a
aderência pasta/agregado. O gel é do tipo “reação ilimitada”, isto é, só pára de ocorrer
quando faltar um dos reagentes. Causa expansão geral da massa de concreto com
fissuras superficiais e profundas (NEVILLE, 1997).
A deterioração das armaduras está ligada ao processo de corrosão, sendo que dentre os
mecanismos de deterioração da armadura, a NBR 6118:2003 (ABNT, 2003) destaca a
despassivação por carbonatação e a despassivação por elevado teor de íons cloreto.
Ataque por cloretos: Despassivação da armadura por ação de cloretos que penetram no
concreto através de processos de difusão, de impregnação ou de absorção capilar e que
superam, na solução dos poros do concreto, uma concentração limite, causando assim a
despassivação da armadura. Os íons cloreto também podem estar presentes no próprio
concreto, originados da água de amassamento, de agregados contaminados ou ainda
provenientes de aditivos. Neste caso um controle da qualidade dos materiais
constituintes do concreto se faz necessário. Com a armadura despassivada e com a
presença de umidade e oxigênio, ocorrerá uma corrosão localizada na armadura.
O responsável pelo projeto estrutural deve atentar para os dados relativos ao meio
ambiente, buscando sempre fazer uma estimativa mais próxima da realidade. Porém,
isso não é uma tarefa fácil, tendo em vista a grande variabilidade e a dificuldade em
quantificar os dados referentes a uma boa classificação da agressividade do ambiente
(SANTOS et al., 2003).
É importante ressaltar que ter um concreto com boa resistência à compressão não
garante a durabilidade da estrutura. A qualidade e a espessura do cobrimento
desempenham um papel importante com vistas à durabilidade. Daí a importância de
controlar também a execução, principalmente durante as atividades de lançamento,
adensamento e cura do concreto (SANTOS et al., 2003).
A NBR 6118:2003 (ABNT, 2003) também indica o cobrimento mínimo das armaduras
em função da agressividade do ambiente no qual a estrutura está inserida. A Tabela 2.4
apresenta as exigências com relação ao cobrimento nominal (cobrimento mínimo +
tolerância de execução ∆c) em função da classe de agressividade ambiental. Em obras
correntes o valor de ∆c deve ser maior ou igual a 10 mm. Entretanto, pode-se reduzir a
tolerância de execução para 5 mm quando houver um adequado controle de qualidade,
rígidos limites de tolerância durante a execução e estiver explícita nos desenhos do
projeto esta exigência de controle rigoroso.
Estas reações eletroquímicas são as mais simples, podendo variar devido às condições
do meio para reações mais complexas. A corrosão pode também ser acelerada por
agentes agressivos contidos ou absorvidos pelo concreto, como por exemplo, os íons de
cloreto (Cl -).
Essa reação continua sem consumir o ânion cloreto. Portanto, pequenas quantidades de
cloretos podem ser responsáveis por grandes corrosões (HELENE, 1986).
Difusão iônica: Após a absorção capilar que ocorre na camada superficial, o movimento
dos cloretos no interior do concreto ocorre essencialmente por difusão em meio aquoso.
A difusibilidade iônica acontece devido à gradientes de concentração iônica, seja entre o
meio externo e o interior do concreto, seja dentro do próprio concreto. Estas diferenças
nas concentrações de cloretos geram o movimento desses íons em busca do equilíbrio.
A difusão iônica é considerada o mecanismo de transporte predominante dos cloretos
dentro do concreto, desde que haja certa interconexão dos capilares e um eletrólito.
Segundo CASCUDO (1997), valores médios de taxa de difusão para pastas de cimento
que se encontram plenamente saturadas são da ordem de 10-12 m2/s.
Migração iônica: No concreto, a migração iônica pode se dar pelo campo gerado pela
corrente elétrica do processo eletroquímico, como também pode ocorrer por ação de
campos elétricos externos (técnica de proteção catódica para o controle da corrosão).
Segundo CASCUDO (1997), existem três teorias que explicam os efeitos dos íons
cloretos na corrosão do aço:
Fica claro que os cloretos desempenham uma ação extremamente deletéria nas
estruturas de concreto armado, indo desde a despassivação da armadura até a
participação no processo corrosivo, aumentando sensivelmente a condutividade elétrica
do eletrólito e acelerando as reações para formação dos produtos da corrosão.
Vale lembrar que os produtos da corrosão que são gerados deste processo ocupam um
volume maior que o ocupado anteriormente pelo aço, causando tensões de tração
19
Pode ser observado também na Figura 2.5 que a carbonatação desempenha um papel
importante no processo de corrosão da armadura pela ação de íons cloreto, pois
contribui para o aumento da concentração de cloretos livres na solução dos poros do
concreto, sendo estes potencialmente prejudiciais à armadura.
2.3 - Sumário
3
Modelagem Probabilística da Deterioração Causada
pela Ação de Cloretos
Uma amostra obtida pela simulação de Monte Carlo é semelhante a uma amostra obtida
experimentalmente, com isso, os resultados podem ser tratados estatisticamente. Dois
dados são necessários para a realização da Simulação de Monte Carlo: (i) modelos
matemáticos de caráter determinístico, que no caso do problema em questão,
representam as várias etapas da deterioração de estruturas de concreto armado pelo
ataque de íons cloreto, e (ii) descrição estatística das variáveis básicas pertinentes a este
processo de corrosão.
Então, um valor para cada variável aleatória é extraído de suas respectivas amostras.
Estes valores são usados para a obtenção de g(X). Repetindo-se este processo, uma
amostra de soluções é obtida (Figura 3.2). Daí, uma distribuição de probabilidade é
ajustada a esta amostra (linha vermelha na Figura 3.2), que neste caso resulta em uma
distribuição normal com média 4,0 e desvio padrão 1,0, ou seja, N(4,0 ; 1,0). Quanto
maior o número de realizações para g(X), maior será o grau de confiabilidade dos
resultados. Não existe um limite inferior ou superior na obtenção dos dados de resposta,
podendo ser encontradas soluções negativas.
Estas fases podem ser observadas através do perfil de confiabilidade para uma dada
estrutura. O perfil de confiabilidade para estruturas de concreto armado representa a
alteração do nível de confiabilidade decorrente do dano sofrido pela mesma, o qual é
função do tempo que a mesma fica exposta a agentes agressivos.
25
A vida útil Tservice para uma estrutura de concreto armado tem sido considerada por
alguns autores como sendo o tempo para a iniciação da corrosão da armadura Tcorr, ou
seja:
Com o avanço dos estudos sobre a deterioração das estruturas de concreto armado
causada pela ação dos cloretos, esta definição de vida útil vem sendo refinada através da
inclusão do tempo decorrido desde o inicio da corrosão da armadura até a fissuração
inicial causada pela corrosão, ∆Tcrack. Assim, a vida útil Tservice passa a ser modelada
como:
∂ C ( x, t ) ∂ 2 C ( x, t )
=D (3.4)
∂t ∂ x2
x
C ( x, t ) = Cs 1 − erf (3.5)
2 D.t
A Figura 3.4 apresenta o coeficiente de difusão D a partir da Equação 3.6. Como pode
ser visto nesta figura, D aumenta significativamente com o aumento da relação
água/cimento, a/c, e da temperatura, Ф. Assim, para obtenção do coeficiente de difusão
é extremamente importante ter boas estimativas destes dois fatores. A relação
água/cimento adotada deve ser aquela utilizada na preparação do concreto. Já a
estimativa da temperatura é mais complicada devido à grande variabilidade deste
parâmetro. Como uma primeira estimativa pode-se basear na temperatura média ao
longo do ano no local da obra em questão (THOFT-CHRISTENSEN, 2002).
28
−2
c 2 −1 Ccrit − Cs
Tcorr = erf (3.7)
4 D Ci − Cs
Existe uma zona porosa ao redor da interface aço/concreto causada pela transição da
pasta para o aço, pela entrada de ar nos vazios do concreto e por produtos da corrosão
difundidos dentro dos vasos capilares na pasta de cimento. Definindo tpor como sendo a
espessura de uma zona porosa equivalente ao redor da barra de aço (m), d o diâmetro da
armadura (m) e ρrust a massa específica do produto da corrosão (kg/m3), a quantidade de
produto da corrosão necessária para preencher a zona porosa, Wporous (kg/m), é dada
(THOFT-CHRISTENSEN, 2001):
A quantidade crítica de produto da corrosão que gera a fissuração Wcrit (kg/m) é dada
por (THOFT-CHRISTENSEN, 2001):
30
LIU e WEYERS (1998) estimaram tcrit assumindo que o concreto é um material elástico
homogêneo e podendo ser aproximado por um cilindro de concreto de parede grossa
com raio interno a = (d + 2 tpor) / 2 e raio externo b = c + (d + 2 tpor) / 2, onde c é a
espessura do cobrimento (Figura 3.6).
cf a2 + b2
t crit = t 2 + υ c (3.11)
b −a
2
E ef
De acordo com LIU e WEYERS (1998), Wsteel pode ser escrito como:
31
ρ rust
Wsteel = M steel (3.12)
ρ steel
onde ρsteel é a massa específica do aço (kg/m3) e Msteel é a massa de aço que sofreu
corrosão (kg). Msteel é proporcional a Wcrit, assim, LIU e WEYERS (1998) calcularam o
fator de proporcionalidade entre Msteel e Wcrit para dois tipos de produtos da corrosão.
Adotando para o presente trabalho Msteel = 0,57Wcrit (THOFT-CHRISTENSEN, 2001), a
Equação 3.12 pode ser reescrita como:
ρ steel
Wcrit = (W + Wexp an ) (3.13)
ρ steel − 0,57 ρ rust porous
dWrust (t ) 1
= k rust (t ) (3.14)
dt Wrust (t )
t
W 2
rust (t ) = 2 ∫ k rust (t )dt (3.16)
0
Se icorr for assumida como uma variável independente do tempo, então, o tempo
decorrido desde o início da corrosão até o início da fissuração causada pela corrosão,
∆Tcrack (anos), pode ser estimado pela Equação 3.16, estabelecendo que Wrust (∆Tcrack) =
Wcrit. Reescrevendo a Equação 3.16, tem-se:
2 2
Wcrit Wcrit
∆Tcrack = = (3.17)
2k rust 2 × 0,383 × 10 −3 dicorr
3.3 - Sumário
−2
c 2 −1 Ccrit − Cs
Tcorr = erf
4 D Ci − Cs
c ft ' a 2 + b 2
t crit = 2 + υ c
E ef b − a 2
Wexp an = π ρ rust ( d + 2t por ) tcrit
ρ steel
Wcrit = (W + Wexp an )
ρ steel − 0,57 ρ rust
porous
2 2
Wcrit Wcrit
∆Tcrack = =
2k rust 2 × 0,383 × 10 −3 d icorr
4
Descrição Probabilística e Comportamento das
Variáveis Envolvidas
Como visto no capítulo anterior, o coeficiente de difusão dos cloretos no concreto pode
ser modelado matematicamente pela Equação 3.6 (THOFT-CHRISTENSEN, 2002).
35
Este modelo leva em conta a temperatura média do ambiente em que a estrutura está
exposta e a relação água/cimento utilizada na confecção do concreto da estrutura.
Temperatura (Φ)
Analisando a Figura 4.1, fica claro que o tipo de distribuição que melhor se ajusta aos
resultados da simulação é a distribuição lognormal. Para proceder à análise do
comportamento das variáveis envolvidas na resposta do modelo, os resultados das
simulações realizadas são expostos nas Tabelas 4.3 a 4.5.
país como o Brasil, com uma boa parte de sua faixa litorânea localizada na região
tropical, a obtenção de concretos com menores coeficientes de difusão fica, portanto,
dependente da utilização de relações água/cimento baixas.
COV aumentado:
Φ = N(16,0 ; 3,20) ºC ; COV = 20% LN(12,62 ; 4,64) ; COV = 36,77%
a/c = LN(0,45 ; 0,045) ; COV = 10%
A relação água/cimento e a temperatura média anual devem ser obtidas com o maior
grau de precisão possível, pois pequenas variações nas estatísticas destes parâmetros
39
Para uma melhor visualização dos resultados apresentados nas Tabelas 4.3 e 4.4, as
Figuras 4.2 e 4.3 apresentam, respectivamente, a influência da relação água/cimento e
da temperatura nos resultados do coeficiente de difusão (média e coeficiente de
variação). Na Figura 4.2, a temperatura foi considerada fixa, sendo Ф = N(16,0 ; 2,40)
ºC e a relação água/cimento variou conforme os valores expostos na Tabela 4.3. Já na
Figura 4.3, a relação água/cimento foi considerada fixa, sendo a/c = LN(0,45 ; 0,027) e
a temperatura variou conforme os valores expostos na Tabela 4.4. Então o coeficiente
de difusão D obtido foi exposto em função de sua média e coeficiente de variação.
A Figura 4.4 apresenta a tela de entrada de dados do programa, onde são levados em
consideração a relação água/cimento empregada, a quantidade de sílica ativa adicionada
ao concreto, o volume de agregado da mistura e o grau de hidratação do concreto. Já a
Figura 4.5 mostra a tela de resultado do referido programa onde um valor determinístico
do coeficiente de difusão D é apresentado. Valores para um limite de confiança de 90%
também são expostos, representando estatisticamente 90% de probabilidade de que o
resultado esteja compreendido dentro desta faixa de valores.
Hipótese 1-A:
• Relação a/c = 0,35
• Proporção de agregado = 62 %
Hipótese 1-B:
• Relação a/c = 0,35
• Proporção de agregado = 66 %
Hipótese 1-C:
• Relação a/c = 0,35
• Proporção de agregado = 70 %
Hipótese 2-A:
• Relação a/c = 0,45
• Proporção de agregado = 62 %
Hipótese 2-B:
• Relação a/c = 0,45
• Proporção de agregado = 66 %
Hipótese 2-C:
• Relação a/c = 0,45
• Proporção de agregado = 70 %
Hipótese 3-A:
• Relação a/c = 0,50
• Proporção de agregado = 62 %
Hipótese 3-B:
• Relação a/c = 0,50
• Proporção de agregado = 66 %
Hipótese 3-C:
• Fator a/c = 0,50
• Proporção de agregado = 70 %
Para verificar a influência da sílica ativa no coeficiente de difusão, a hipótese 2-B foi
refeita adicionando-se 3% e 6% de sílica ativa na mistura do concreto. O coeficiente de
difusão foi reduzido de 3,728 x 10-12 m2/s para 1,507 e 0,649 x 10-12 m2/s,
respectivamente, mostrando ser um parâmetro de grande importância na obtenção de
concretos com menor difusividade.
Com o objetivo de obter concretos com coeficientes de difusão mais baixos, o NIST
recomenda aos usuários do seu programa os seguintes procedimentos:
Neste trabalho, a modelagem do tempo de início de corrosão Tcorr é feita via Equação
3.7, que é baseada na lei de Fick de difusão e tem como variáveis o cobrimento da
45
Para proceder a modelagem desta etapa, foi utilizado como base para as estatísticas do
cobrimento da armadura os valores recomendados pela NBR 6118:2003 (ABNT, 2003)
para ambientes com classe de agressividade III e IV, como também valores inferiores e
superiores aos recomendados. O cobrimento da armadura é descrito seguindo uma
distribuição normal (TIKALSKY et al., 2005), sendo que o coeficiente de variação
considerado é de 15%. Para o coeficiente de difusão, os dados foram retirados dos
resultados obtidos pela simulação realizada no item anterior. Foram utilizados dados
que representam concretos tanto com baixa quanto com alta difusividade.
Várias simulações são realizadas combinando-se as situações descritas nas Tabelas 4.6 e
4.7. A Figura 4.6 mostra o histograma obtido através da modelagem probabilística do
tempo para o início da corrosão, utilizando para cada variável a descrição probabilística
da situação três das Tabelas 4.6 e 4.7. Foi considerado o primeiro cenário de
concentrações de cloretos para as simulações. Uma análise comparativa utilizando o
segundo cenário de concentrações é feita posteriormente com o objetivo de avaliar a
influência destas variáveis no comportamento do modelo avaliado
TABELA 4.9 - Resultado das Simulações de Tcorr para D = LN(6,0 ; 1,5) x 10-12 m2/s
2º Cenário de concentrações
c = N(50,0 ; 7,5) mm ; COV = 15% LN(6,06 ; 3,68) ; COV = 60.73%
D = LN(6,0 ; 1,5) x10-12 m2/s ; COV = 25%
COV aumentado:
c = N(50,0 ; 10,0) mm ; COV = 20% LN(12,17 ; 9,08) ; COV = 74.61%
D = LN(6,0 ; 1,8) x10-12 m2/s ; COV = 30%
Observando as descrições estatísticas das variáveis listadas nas Tabelas 4.8 à 4.10, tem-
se que a média de Tcorr variou de 1,30 a 67,02 anos, uma diferença de aproximadamente
52,00 vezes. O coeficiente de variação de Tcorr ficou praticamente constante em
aproximadamente 62,00%, indicando grande variabilidade na obtenção de Tcorr.
Para uma melhor visualização dos resultados apresentados nas Tabelas 4.8 e 4.9, as
Figuras 4.7 e 4.8 apresentam, respectivamente, a influência do coeficiente de difusão e
do cobrimento da armadura nos resultados do tempo para o início da corrosão (média e
coeficiente de variação). Na Figura 4.7, o cobrimento foi considerado fixo, sendo c =
N(50,0 ; 7,50) mm e o coeficiente de difusão variou conforme os valores expostos na
Tabela 4.7. Já na Figura 4.8, o coeficiente de difusão foi considerado fixo, sendo D =
LN(6,00 ; 1,50) e o cobrimento da armadura variou conforme os valores expostos na
Tabela 4.6. Então o tempo para o início da corrosão Tcorr obtido foi exposto em função
de sua média e coeficiente de variação.
O diâmetro da armadura pode ser descrito seguindo uma distribuição normal (THOFT-
CHRISTENSEN, 2001), onde o coeficiente de variação utilizado para as simulações é
de 10%. Foram simulados diâmetros usualmente empregados nas construções do Brasil.
Já para a espessura da zona porosa, uma distribuição lognormal é indicada para
representar seu comportamento (THOFT-CHRISTENSEN, 2001), sendo que o
coeficiente de variação utilizado é de 20%.
TABELA 4.15 - Resultado das Simulações de Wporous para tpor = LN(12,5 ; 2,5) x10-6 m
COV aumentado:
d = N(16,0 ; 2,40) mm ; COV = 15% LN(2,26 ; 0,87) ; COV = 38,50%
tpor = LN(12,5 ; 3,75) x10-6 m ; COV = 30%
Para uma melhor visualização dos resultados indicados nas Tabelas 4.14 e 4.15, as
Figuras 4.10 e 4.11 apresentam, respectivamente, a influência da espessura da zona
porosa tpor e do diâmetro da armadura d nos resultados da quantidade de produto da
corrosão Wporous (média e coeficiente de variação). Na Figura 4.10, o diâmetro da
armadura foi considerado fixo, sendo d = N(16,0 ; 1,6) mm e a espessura da zona porosa
variou conforme os valores expostos na Tabela 4.14. Já na Figura 4.11, a espessura da
zona porosa foi considerada fixa, sendo tpor = LN(12,5 ; 2,50) x10-6 m e o diâmetro da
armadura variou conforme os valores expostos na Tabela 4.15. Então a quantidade de
produto da corrosão Wporous obtida foi exposta em função de sua média e coeficiente de
variação.
0,20, que é o valor recomendado pela NBR 6118:2003 (ABNT, 2003). Para o módulo
de elasticidade efetivo do concreto, um tratamento determinístico também foi
empregado, sendo analisadas situações entre 10,0 e 22,0 GPa.
1 ν = 0,16 (determinístico)
2 ν = 0,18 (determinístico)
3 ν = 0,20 (determinístico)
4 ν = 0,22 (determinístico)
5 ν = 0,24 (determinístico)
Para analisar a influência de cada variável na resposta do modelo, foi adotada a situação
três das Tabelas 4.17 a 4.19 como valores padrões, variando apenas as estatísticas do
parâmetro em questão, isto devido ao grande número de parâmetros envolvidos nesta
etapa da modelagem.
Observando as descrições estatísticas das variáveis listadas nas tabelas acima, observa-
se que a média de Wporous variou de 0,46 a 11,31 x10-3 kg/m, uma diferença de
aproximadamente 25,00 vezes. O coeficiente de variação de Wexpan se manteve
praticamente constante em 26,00%. Foi analisada a influência da massa específica do
produto da corrosão na modelagem das Equações 3.10 e 3.11. Comparando os
resultados obtidos com as duas massas específicas apresentadas, nota-se que produtos
da corrosão com massas específicas menores resultam em menor quantidade de Wexpan.
Essa redução foi de 22.00% para os valores simulados, passando de 2,46 x10-3 para 1,91
x 10-3 kg/m a média desta quantidade de produto da corrosão. O COV, por sua vez,
quase não sofreu alteração nesta comparação, pois se manteve próximo aos 26,00%. É
importante observar que aumentando o COV das variáveis básicas envolvidas, o COV
de Wexpan aumentou de 26.00% para 38,00 %, um aumento de aproximadamente
46,00%, porém este aumento não teve influência no valor da média de Wexpan.
Para uma melhor visualização dos resultados indicados nas Tabelas 4.20 a 4.26, as
Figuras 4.13 a 4.16 mostram, respectivamente, a influência do cobrimento da armadura,
do diâmetro da armadura, da tensão de tração do concreto e do módulo de elasticidade
do concreto na média de Wexpan. Na Figura 4.13, o diâmetro da armadura variou
conforme exposto na Tabela 4.20, permanecendo fixos os outros parâmetros. Na Figura
4.14, o cobrimento da armadura variou conforme exposto na Tabela 4.21,
permanecendo fixos os outros parâmetros. Na Figura 4.15, a tensão de tração do
concreto variou conforme exposto na Tabela 4.23, permanecendo fixos os outros
parâmetros. Na Figura 4.16, o módulo de elasticidade efetivo do concreto variou
conforme exposto na Tabela 4.25, permanecendo fixos os outros parâmetros.
Várias simulações são realizadas combinando-se as situações descritas nas Tabelas 4.27
e 4.28. A Figura 4.17 mostra o histograma obtido através da modelagem probabilística
da quantidade de produto da corrosão Wcrit, utilizando para cada variável a descrição
probabilística da situação três das Tabelas 4.27 e 4.28.
Analisando a Figura 4.17, fica evidente que o tipo de distribuição que melhor se ajusta
aos resultados da simulação é a distribuição lognormal. Para realizar a análise do
comportamento das variáveis envolvidas na resposta do modelo, os resultados das
simulações realizadas são expostos nas Tabelas 4.29 a 4.31.
TABELA 4.29 - Resultado das Simulações para Wexpan = LN(3,0 ; 0,75) x10-3 kg/m
apresentadas, nota-se que produtos da corrosão com massas específicas menores (mais
expansivos) resultam em menor quantidade de Wcrit (kg/m). Essa redução foi de 8,00%
para os valores simulados, passando de 7,50 x10-3 para 6,93 x10-3 kg/m. O COV por sua
vez praticamente não sofreu alteração nesta comparação, pois se manteve próximo aos
19,00%.
COV aumentado:
Wporous = LN(2,50 ; 0,75) x10-3 kg/m ; COV = 30%
LN(7,50 ; 1,71) ; COV = 22,80%
Wexpan = LN(3,00 ; 0,90) x10-3 kg/m ; COV = 30%
ρrust = N (3600 , 540) kg/m3 ; COV 15%
É importante observar que aumentando o COV das variáveis básicas envolvidas, o COV
de Wcrit aumentou de 18,80% para 22,80%, um aumento de 21,00%. Este aumento não
teve influência no valor da média de Wporous.
Para uma melhor visualização dos resultados indicados nas Tabelas 4.29 a 4.31, as
Figuras 4.18 e 4.19 apresentam, respectivamente, a influência da quantidade de produto
da corrosão Wporous e da quantidade de produto da corrosão Wexpan nos resultados de Wcrit
(média e coeficiente de variação), facilitando a visualização do comportamento do
modelo analisado. Na Figura 4.18, a quantidade de produto da corrosão Wexpan foi
considerada fixa, sendo Wexpan = LN(3,00 ; 0,75) x10-3 kg/m e Wporous variou conforme
69
Várias simulações são realizadas combinando-se as situações descritas nas Tabelas 4.32
e 4.33. A Figura 4.20 mostra o histograma obtido através da modelagem probabilística
do período de tempo desde o início da corrosão até o início da fissuração causada pela
corrosão, ∆Tcrack, utilizando para cada variável a descrição probabilística da situação três
das Tabelas 4.32 e 4.33.
deste parâmetro. Quanto maior for a taxa de corrosão média da armadura, bem como o
seu diâmetro, menor será a média do período de tempo ∆Tcrack alcançado.
COV aumentado:
Wcrit = LN(8,0 ; 2,4) x10-3 kg/m ; COV = 30%
LN(2,04 ; 1,49) ; COV = 73,04%
d = N(16,0 ; 2,4) mm ; COV = 15%
icorr = N(3,0 ; 0,60) µA/cm2 ; COV = 20%
Observando as descrições estatísticas das variáveis listadas nas Tabelas 4.34 a 4.37,
tem-se que a média de ∆Tcrack variou de 0.18 a 20.23 anos, uma diferença de 112,00
vezes. O coeficiente de variação se manteve praticamente constante em 46,50%,
representando uma grande dispersão das soluções obtidas. Outra observação importante
acontece quando aumentamos o COV das variáveis envolvidas. Para o cená99280.5dsto7,
COV
74
na Figura 4.22 o diâmetro da armadura d variou conforme tabela 4.35 e na Figura 4.15 a
taxa de corrosão anual icorr variou conforme tabela 4.33.
Uma estimativa de vida útil Tservice para estruturas em concreto armado sujeitas ao
ataque por cloretos pode ser obtida com base na Equação 3.2: Esta estimativa abrange,
de acordo com o perfil de confiabilidade descrito anteriormente, desde a penetração do
cloreto no concreto até a ocorrência da fissuração inicial causada pela corrosão da
armadura. Um exemplo de histograma desta simulação é mostrado na Figura 4.24.
Como visto nas simulações anteriores, Tcorr e ∆Tcrack seguem uma distribuição
lognormal, consequentemente Tservice também segue uma distribuição lognormal. Alguns
cenários simulados são apresentados na Tabela 4.38.
Observa-se uma grande diferença nos resultados da Tabela 4.38. A diferença entre a
média dos valores mínimos e máximos combinados foi de 59,00 vezes. O coeficiente de
variação, COV, ficou acima de 50%. Esta variação nos resultados está relacionada às
diversas incertezas envolvidas neste processo de deterioração, demonstrado assim que a
estimativa da vida útil de serviço Tservice de uma estrutura em concreto armado sujeita ao
ataque por cloretos só pode ser estabelecida em termos probabilísticos.
Valor intermediário:
Tcorr = LN (11,33 ; 6,98) anos - COV = 61,60% LN (13,12 ; 7,26) anos ; COV = 55,33%
∆Tcrack = LN (1,87 ; 0,87) anos - COV = 46,52%
5
Exemplos Numéricos
5.1 - Exemplo 1
Baseado nestes dados, o tempo de início da corrosão pode ser descrito por uma
distribuição lognormal com média 9,93 e desvio padrão 5.70 anos (ver curva tracejada
em vermelho na Figura 5.2). De posse destes resultados, a probabilidade de ocorrência
do início da corrosão dentro de um período de n-anos a partir da construção desta
estrutura pode ser calculada (Figura 5.3). Por exemplo, aos 8,50 anos existe uma
probabilidade de 50% de que a corrosão já tenha se iniciado, já aos 20 anos, esta
probabilidade é de 94,5%.
Baseado nestes dados, Wporous pode ser descrita por uma distribuição lognormal com
média 2,32 x 10-3 kg/m e desvio padrão 0,58 x10-3 kg/m (ver curva tracejada em
vermelho na Figura 5.4).
Baseado nestes dados, Wexpan pode ser descrita por uma distribuição lognormal com
média 2,53 x 10-3 kg/m e desvio padrão 0,66 x10-3 kg/m (ver curva tracejada em
vermelho na Figura 5.5).
82
Obtém-se o histograma para Wcrit apresentado na Figura 5.6. Baseado nestes dados, Wcrit
pode ser descrita por uma distribuição lognormal com média 6,69 x 10-3 kg/m e desvio
padrão 1,29 x10-3 kg/m (ver curva tracejada em vermelho na Figura 5.6).
Com os resultados obtidos para Wcrit, o tempo decorrido desde o inicio da corrosão da
armadura até a ocorrência da fissuração inicial por corrosão, ∆Tcrack, pode ser simulado
via Equação 3.17. Considerando a taxa de corrosão média, icorr, como uma variável
N(2,0 ; 0,2) µA/cm2, obtém-se o histograma apresentado na Figura 5.7.
83
Com os resultados obtidos na simulação de Tcorr e de ∆Tcrack, uma estimativa da vida útil
de serviço pode ser obtida a partir da Equação 3.2. Esta estimativa abrange, de acordo
com o perfil de confiabilidade descrito no capítulo 3, desde a penetração do cloreto no
concreto até a ocorrência da fissuração inicial causada pela corrosão da armadura. O
resultado da simulação de Monte Carlo para a vida útil de serviço da estrutura analisada
neste exemplo é mostrado na Figura 5.8. Para as condições assumidas neste exemplo, a
vida útil pode ser descrita como uma variável lognormal com média 11,82 anos e desvio
padrão 5,91 anos (curva tracejada em vermelho na Figura 5.8).
probabilidade de que a vida útil da estrutura deste problema seja inferior a 10,50 anos é
de 50 %; já a probabilidade de ser inferior a 20 anos é de 90,5 % (Figura 5.9).
5.2 - Exemplo 2
Neste segundo exemplo foi assumido que a relação água/cimento, a/c, segue uma
distribuição lognormal com média 0,35 e desvio padrão 0,017, LN(0,35 ; 0,017), e que a
temperatura, Ф, segue uma distribuição normal com média 15.0 ºC e desvio padrão 1.5
ºC, N(15 ; 1,5) ºC. A Figura 5.10 apresenta o histograma correspondente à simulação do
coeficiente de difusão via Equação 3.6.
Para estes valores assumidos, o coeficiente de difusão D pode ser descrito com boa
aproximação por uma distribuição lognormal com média 4.84 x10-12 m2/s e desvio
padrão 1,25 x10-12 m2/s (ver curva tracejada em vermelho na Figura 5.10).
Baseado nestes dados, o tempo de início da corrosão pode ser descrito por uma
distribuição lognormal com média 24,97 e desvio padrão 15,10 anos (ver curva
tracejada em vermelho na Figura 5.11). De posse destes resultados, a probabilidade de
ocorrência do início da corrosão dentro de um período de n-anos a partir da construção
desta estrutura pode ser calculada (Figura 5.12). Por exemplo, aos 21,00 anos existe
uma probabilidade de 50% de que a corrosão já tenha se iniciado; já aos 50 anos, esta
probabilidade é de 93,50%.
87
Baseado nestes dados, Wporous pode ser descrita por uma distribuição lognormal com
média 2,79 x 10-3 kg/m e desvio padrão 0,70 x10-3 kg/m (ver curva tracejada em
vermelho na Figura 5.13).
Baseado nestes dados, Wexpan pode ser descrita por uma distribuição lognormal com
média 3,06 x 10-3 kg/m e desvio padrão 0,85 x10-3 kg/m (ver curva tracejada em
vermelho na Figura 5.14).
Obtém-se o histograma para Wcrit apresentado na Figura 5.15. Baseado nestes dados,
Wcrit pode ser descrita por uma distribuição lognormal com média 8,07 x 10-3 kg/m e
desvio padrão 1,61 x10-3 kg/m (ver curva tracejada em vermelho na Figura 5.15).
Com os resultados obtidos para Wcrit, o tempo decorrido desde o inicio da corrosão da
armadura até a ocorrência da fissuração inicial por corrosão, ∆Tcrack, pode ser simulado
90
via Equação 3.17. Considerando a taxa de corrosão média, icorr, como uma variável
N(1,0 ; 0,1) µA/cm2, obtém-se o histograma apresentado na Figura 5.16.
Com os resultados obtidos na simulação de Tcorr e de ∆Tcrack, uma estimativa da vida útil
de serviço pode ser obtida a partir da Equação 3.2. Esta estimativa abrange, de acordo
com o perfil de confiabilidade descrito no capítulo 3, desde a penetração do cloreto no
concreto até a ocorrência da fissuração inicial causada pela corrosão da armadura. O
resultado da simulação de Monte Carlo para a vida útil de serviço da estrutura analisada
é mostrado na Figura 5.17. Para as condições assumidas neste exemplo, a vida útil pode
ser descrita como uma variável lognormal com média 30,48 anos e desvio padrão 15,70
anos (curva tracejada em vermelho na Figura 5.17).
91
5.3 - Sumário
6
Discussão dos Resultados, Conclusões e Sugestões
A partir dos exemplos analisados, fica claro que a estimativa da vida útil de serviço de
uma estrutura pode ser estabelecida apenas em termos probabilísticos; ou seja, a vida
útil especificada pode ser definida apenas em termos de uma probabilidade de ser
excedida (ou da probabilidade complementar, probabilidade de não ser atingida). Para
efeito de projeto, a vida útil de uma estrutura pode ser definida em termos de uma vida
útil característica, correspondente a uma determinada probabilidade de que esta vida útil
não venha a ser alcançada. Vale ressaltar que este conceito de valor característico é
amplamente aceito na definição das resistências dos materiais envolvidos na produção
do concreto armado.
6.2 - Conclusões
7
Referências Bibliográficas
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Vol. 131, No. 3, pp. 507-516.
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Electron Micro Analysis, Technical Report Series R.51. The Technical University of
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Cement Paste and Mortar, Cement and Concrete Research, Vol. 29, 1497-1504.
99
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Concreto, Mexico.