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REVISTA DE DIREITO CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL RDCI I] ANO 22 + 89 » OUTUBRO-DEZEMBRO + 2014 il 39124583 EVISTA DE IREITO INSTITUCIONAL INTERNACIONAL Cl RCIA E INTERNACIONAL revista be DIREITO CONSTITUCIONAL oO © : REVISTA DO TRIBUNAIS" i tate ‘ @ Revista DE DIRE z IONAL JACIONAL ‘Aro 22 © yo 89. out-ez. | 2014 Diegdoe Coorsenardo Masa Gane [CONSELHO EDITORIAL NACIONAL FEMISTA COM SEGUNDOS PARECER'STAS (DUPLO BLIND PEER REVIEW) Instituto Brasileiro de DtitoConstitcional mmuibdccombr ua Tendor de Beaurepae, 238 Fore 11 3159-4963 ~ Fox 12181-4917 iedespapuocombr (ceP01279-080- Sto Fava, SP Bras ISSN 1518-272 Revista DE DIREITO CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL ‘Ano 2 © vol. 89 * out.-dez./ 2014 Dirego0.e Coordenagd0 Mana Gane Publica oficial do Instituto Bras de OcitoConstitucionl~ | (ssn 1516-2724 REVISTA DE ‘rg 2290.89 outer | 2016 Dito Coordenagso Mann Gascn (Os colaboradores desta Revista gozam da mais mpl liberdse de aiid ed critics, cabendoines 2 esponsablidade das iis econeitos etdosem seus rabahos. © edgo eesti da EDITORA RESTA DOS TRIBUNAIS LTDA. Diagramacioeetrnica:YCS Tata Consutaney Senices- CNP) 6.26.1 Impress eencadenegos Onpaic Clic tr Lida, CN} 0,738. Dicer Eto MARISA HARMS, ua do Bosque, £20 Bars Funds Tel. 13613-8400 Fax 13619-6450 (CEP Om135-000 ~ Sa Pa ‘Sho Paulo Bras TODOS 05 DIRETOS RESERVADOS. Probida a reprodéo ‘otal ou paral or qualquer mei ou proceso ~ el 8610/1899, ‘CENTRAL DE RELACIONAMENTO RT tendimentoem ia tis dash 8s 17h) ‘Tel on00-702-2438, Fechamento desta eg: [13.17.2014] we, srares sn Fela. Mavic Zeit asin Fle Dea, Sue len dos Sts Gl eho Cha teria ara ates ete, Samata eras Sat Hote Consntuigao & Direiros FuNDAMENTAIS -cepg2o dos tratados internacionais pela Cons- -_O direito como integridade de Dworkin na construgdo da concepgao do dever fundamental de proteger o meio ambi Luowia Lass Costa Lacenos€ JULIO PIERO Fas A dignidade da pessoa humana e a problemati —_Unserro Cassio Garcia Scrant Um estudo sobre a desobediéncia -—Graatera Bonk oe Aunteion Braca r peep do STF relacionadas a de 8 —_Revsta ve Dinero ConsTMUCIONAL E IneRNACIONAL 2014 © ROC! 8S Direo ConstiTucionat AMBlENTAL Estado Socioambiental de Direit Controle de constitucionalidade dilogico: uma leitura da critica do Judicil review a pat Jrano New Lina, ~ 321 Construigho € Ciencia Pouinica Alexy de Tocqueville: 0 profeta da democracia? .: Pauto Roseato Barsosa Ramos © Bruna Basen! Wadui.... wun 351 Ewenas Constiucionais Comentarios Emenda Constitucional 9, de 09 de novembro de 1995 MARIA GARCI nnn 373, s 377) onal a conciliar la vido labora, familir y personal, ico Ruiz, Comentério por Luts Francisco Sinentz Cicers. 385 Junispruoéwcia Comentana Acérdaos ‘Surnewo TrisunaL FEDERAL PENHORA - Bem de familia ~ Fia (9s HUMANOS! A RECEPCAO DOS TRATADOS INTERNACIONAIS PELA CONSTITUIGAO BRASILEIRA E SUA PROTECAO ATRAVES Do Sistema REGIONAL INTERAMERICANO Marco Cesar 0€ CARVALHO do em Drei Process Civil ela Faap compus de Ribeiro Preto/SP. Mstrando em Ss itucional de Garanta de Dieitos pls In jedo de Eri ‘campusde Bauru) de Dieito Processual Ci io Tabalho e Previdencrio na Liberts Faculdades ntegradas de Séo Sebastibo do Paraiso/MG. Advogado, Fasiana CRISTINA DA SILVEIRA ALVARENGA jo pela Universidade Paulista Pés-graduanda em Diteitoe Processo Tr = Unip, compus de Ribeiro PretoSP. ‘Dpero:Constituciona; Internacional; Diretos Humanos Aros os dretoshumanas em dr Aasmar: Te protection of human ahs fe raconal, tem sua estrutura na fora the form es send eles osstera aot de rote- ages Unidas) e 0 sistemas regionals de rope, interameriano eatin), 297 ono tera interameriano, travis de seu and thatwouidinclude the Fights nat excude thers der ee dos 3 ela adotados ou dos vata~ principios por el ‘dos tata and principles adopted by it or the international macinais de que 0 Bes send treaties to which Braz sa party and the standards ‘efning the ria rantees are immediate appicabl systems, of only inter nes om cna Casa do Congreso Naan sights that ae approve in each Hous of ca em dois trnos po 5 ds votos cos res ths ofthe votes “pectves membros, serdo equivalents as Emendas Ronsttuconais 0 que no se compatiza com a amendments, witch is not compa Iimportércis dos direitos humans Jmportance of human igh. Paunras-cune Ditetos humanos - Sstema de Kerwonns: Human rights ~ Prot protegdo— Tatas internacionas ~Constituigae. L Soudaa: 1, Introdugdo - 2.0 consttucionalismo e a tutela internacional dos direitos hux ‘manos = 3.05 direitos humanos no Brasl:3.1 A recepego dos tratados internacionais pela Constituigao brasileira ~ 4 Os sistemas regionais de protecgo de direitos hummanos: 4.1 0 sistema interamericano de protes80 dos cireitas humanos ~ 5. A Conven¢ao Americana sobre Ditetos Humanos: 5.1 A Comissio Interamericana de Direltos Humanos; 52 A Corte Interamericana de Diteitos Humanos - 6. 0 processamento do Estado-membro na Cort: 6.1 Alguns casos perante a Corte ~ 7. Consideragtesfinas - 8. Referencias biblograficas. 1. IntrooucAo A partir da Teoria Geral dos Diteitos Humanos e do estudo deles no Brasil, este trabalho procura demonstrat, além da importancia atual, no ambito das relagdes internacionais, a protecdo supranacional destes direitos. Para tanto, analisou a importancia no texto constitucional dos direitos hu- manos, tidos como fundamentais, porque todo e qualquer povo deve ter aces 80 aos mesmos, jé que sio tao bisicos ¢ elementares, bem como a forma de tecepedo pela Constitui¢ao brasileira de tratagos ¢ convencées internacionais que tratem desse tema, porque o Brasil, sendo signatario dos principais pac- tos internacionais sobre Direitos Humanos, tem uma forma contraditoria de Tecepcao destes, ou a0 menos equivocada, tendo em vista a sua importancia A partir dat, ¢ antes mesmo, desde a Declaracao Americana de Direitos Hu- manos, que constitui o chamado Sistema Global de Protecao dos Direitos Hu- ‘manos, apresentou-se uma visio panoramica do arcabouco juridico de prote- Sao destes direitos, onde ¢ apontada a existéncia de sistemas regionais, dentre 0s quais, apresentamos o Sistema Regional Interamericano de Direitos Huma- ‘Ros, com base na Convencao Americana sobre Direitos Humanos. A andlise da Convencao Americana, para a concepcao deste sistema regio- nal, demonstra a existencia de dois orgios para a protecao dos direitos huma- os, a Comissao e a Corte Interamericanas de Direitos Humanos. A fungao e como atuam também, sio objetos deste estudo, bem como a forma do proces- samento de um Estado violador dos direitos humanos, exemplificando com alguns casos. A partir do acionamento da Corte, ¢ da forma como os individuos buscam a tutela dos dircitos humanos nesse sistema regional, buscou-se destacar um Paradoxo entre a funcdo da propria Comissao e da pessoa violada em seus direitos, que nao poderia acionar diretamente a Corte, se wvés daquela Destarte, este artigo tem como objetivo genérico abordar os Direitos Huma- os € sua evolucao, ¢, como objetivo especifico, a analise da recepeao consti- tucional dos tratados internacionais e a fungao da Comissio e da Corte Inte- de Direitos Humanos, bem como a forma de acesso do individuo que sera abordado a seguir. ISTTTUCIONALISMO E A TUTELA INTERNACIONAL DOS DIREITOS NOS, ‘da 2 Guerra Mundial (1939-1945), as Constituigdes europeias ‘aestabelecer um programa politico, ideolégico, econdmico, juridico sntemente social para o fucuro, ¢ que até foi designado de o Estado ncia — welfare state, mas 0 fato importante € que seus textos passaram ‘com forca normativa, que os poderes ou funcdes do Estado deviam- Ihe observancia e cumprimento. A evolusio do reconhecimento universal dos vitos humanos e bem assim da dignidade humana caminhou a passos largos ara.uma protecao internacional do ser kumano. E, conforme ensina Adriana humanos fo ambito da fundameniacao histérico-filosofica dos di pode-se dizer que a afirmagao dos direitos sociais ea correlata 1 conceitual e geogratica do Estado de Direito Social partem da ideia garantia a cada pessoa de condigdes minimas de existéncia banana ign (0 1e exige prestagdes estatais positivas), como pressuposto do exercicio efetivo ‘cidadania, ou seja, dos direitos civis e politicos. " Isso tem a ver, pois, em termos tedricos, como 0 direito a vida, com a igual- dade com a dignidade da psx humana. Eo desenvolvimento doutrinirio esse pensamento leva a busta da efetivacao da justica social, promotora de correcdes das desigualdades tendo em vista o bem comum. Segundo Fabio Konder Comparato,” a expressio direitos humanos ou direi- tos do homem: “e inerente a propria condigao humana, sem ligacéo com parti- cularidades determinadas de individuos ou grupos”. E, estes direitos humanos poclem ser fundamentados em diversas teorias, como a jusnaturalista, segundo a qual os direitos humanos tém origem numa ordem superior univers I ateo- ria positivista, que tem na ordem normativa a existencia dos direitos huma- nos; a teoria moralista, segundo a qual os direitos humanos surgem da propria consciéncia moral de determinado povo. Mas dada a incontestavel importancia M riana Zawada, Direitos sociais, igualdade e dignidade da pessoa humana, Reta detadoen Dua 7 0 Fieo,n. 1, ano, p. 98. ica dos direitos humanos. 7. ed. rev. € 14 Revs Dinero ConstmiowAs€ hemacoual 2014 « RDC! 8S dos direitos humanos, ¢ a incompletude de toda ¢ qualquer teoria que tente fundamenta-los, Alexandre de Moraes? condensa que: “Na realidade, as teorias se completam, devendo coexistirem, pois somente 4 partir da formacao de uma consciéncia social (teoria de Perelman), baseada principalmente em valores fixados na crenca de uma ordem superior, univer- sal e imutavel (teoria jusnaturalista) € que o legislador ou os tribunais (esses principalmente nos pases anglo-saxées) encontram substrato politico e soc! para reconhecerem a existencia de determinados direitos humanos fundamen- tais como integrantes do ordenamento juridico (teoria positivist). O caminho inverso também é verdadeiro, pois o legislador ou os tribunais necessitam fun- damentar 0 reconhecimento ou a propria criacdo de novos direitos humanos a partir de uma evolucao de consciéncia social, baseada em fatores sociais, econdmicos, politicos ¢ religiosos.” ‘Uma conceituacdo do que seriam estes direitos humanos fundamentais € dada pelo mesmo autor* com *O conjunto institucionalizado de direitos e garantias do ser humano que tem por finalidade basica o respeito e sua dignidade, por meio de sua protecao contra o arbitrio do poder estatal ¢ o estabelecimento de condicdes minimas de vida e desenvolvimento da personalidade humana,” mi ‘ulis € Leonardo Martins? a partir de elementos basicos como arelacao entre a pessoa ¢ 0 Estado, a limitacdo do poder deste para preservar a Iiberdade individual e a posicao constitucional de supremacia ou fundamenta- lidade formam, definem assim: ireitos fundamentais sdo direitos publico-subjetivos de pessoas (fisicas ou juridicas), contidos em dispositivos constitucionais, portanto, que encer- ram carater normativo supremo dentro do Estado, tendo como fin: tar 0 exercicio do Poder Estatal em face da liberdade individual E, para a protecao e a efetividade dos direitos humanos, nasce a ciéncia dos direitos humanos consubstanciada numa disciplina inter-relacionada com ou- tras como o direito, a filosofia, a politica, a historia, a sociologia, a economia, a ide limi- tis: eoria geral, comentarios aos 'ao da Repiblica Federativa do Brasil, doutrinae jurisprudén- ia. 4. ed. Sao Paulo: Atlas, 2002. Colecao temas juridicos, p. 35. 4. Idem, p. 39, 5. Doiouus, Dimitri; Marts, Leonardo, Teoria geral dos direitos fundamentais: to Pau lo: Ed. RT, 2007. p. 54. CovstrigAo € Dineros Funoavenras 15, ici ue se denominou Direito Internacional dos Direitos Humanos, cre, podiam ser universalizados a todos os seres ints por gerem direitos tao minimos e basicos que toda pessoa, em qualquer lugar, deve x esta protecto. i ee r. em 10.12.1948, a Declaracdo Universal dos Direitos Huma- nos (DUDH),’ quando a Assemblels Geral das NacOes Unidas, por sun Res 317 A (II1), instituin um verdadeiro codigo mundial de conduta, forma Bi do Sistema Global de Protecéo dos Direitos Humanos, Com efeito, a DUD! surge como uum ideal comum a ser atingido por todos os povos € todas as os {¢0es, com 0 objetivo de que cada individuo e cada orgao da sociedade, tease sempre em mente esta declaracdo se esforcasse, através do ensino ¢ da oa 40, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adogao medidas progressivas de carater nacional e internacional, por assegurar 0 seu teconhecimento e a sua observancia universal e efetiva, tanto entre os povos dos proprios Estados-membros, quanto entre os povos dos tertitorios sob sua jurisdicao, e, estabelecen que: “Artigo 1. Todas os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade ¢ direitos. Sao dotados de razao e consciéncia e devem agit em relacao uns aos outros com espirito de fratemnidade. ‘Antigo 2. 1. Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaracdo, sem distincao de qualquer espécie, seja de raca, cor, sexo, idioma, religido, opiniao politica ou de outra natureza, rigem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condicao. 2. Nao serd também feita nenhuma distineao fundada na condigao politica, juridica ou internacional do pais ou territsrio a que pertenca uma pessoa, quer Se trate de um territorio independente, sob tutela, sem governo proprio, quer sujeito a qualquer outra limitacao de soberania.” G Aponundo qu os prnepisesruturas dos dietosumanos sto de das especies: 2 irevublade ea complmentareade oli, Fab onde Compr 2010 78-80) enna qu! “E ese mpg e aprondaren fue usc o principio da ade dos dvehosjadeclaradosofcament, so 2p eonjunte dos deitos fundamentals em vigor. (.) O pitipio da compere Tiida soliara dos dvtos umance€Justfcado,no postlado ontlggeo de (Gea cuetacla do ser amar ¢ una so, so obstameainlplicdade de eferencas, AMawiduatse Soca biologtets e clr i exis na humana eral dis Ne 7. Adotada «.proclanada, pel Res. 217 ‘Av (Ill) da Assembleia Geral ds Soe Unidas em "1021948. Disponivel em; Ihup/inedoc anesco.on/ {ages00157001394/139423poxpul. Ace em: 21.08.2014 16 Revista pe Digero Constitucionat € rennacionat 2014 ¢ ADC! 89 E fato que a DUDH nao previu qualquer érgao ou tribunal para a efetivacao das normas de direito material que trouxe, mas, talvez, o seu art. 30° tenha uma disposi¢ao mais importante ainda, porque estabelece uma regra interpre- tativa ou um principio pro homini, segundo o qual sempre prevalece a regta que melhor proteja os direitos da pessoa humana, porque ressalta que nada e ninguem poderia utilizar seus preceitos exatamente para impedir, violar ou destruir 05 direitos e liberdades nela estabelecidos. 3. Os biREITOS HUMANOS NO BrasiL A Constituicao da Republica Federativa do Brasil (CF/1988) em seu art, 3°, elenca os objetivos fundamentais de nossa Repiblica, a qual tem por funda. mento, a dignidade da pessoa humana ao lado da soberania, da cidadania, dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e do pluralismo politico. Mas preambulo’ da CF/1988 ja apontava para tonstrucao de um Estado que, asse- gurando os direitos sociais ¢ individuais, visa 0 bem-estar social e economico de uma sociedade fraterna, pluralista ¢ sem preconceitos. © Brasil ¢ signatdrio da DUDH, portanto, assumiu 0 compromisso que os seus cidadios possam gozar os direitos e as liberdades estabelecidos naquela declaracdo, sem distingao de qualquer especie, seja de raca, cor, sexo, idio- ma, religito, opiniao politica ou de outra natureza, origem nacional ou social, Fiqueza, nascimento, ou qualquer outra condicao. Para isto, e dentre outras acdes, o Dec. 1,904, de 13.05.1996, instituiu 0 Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH) e que continha o diagnéstico da situacao desses direitos no Pais e trazia diversas medidas, porquanto identificou os principais obstaculos 4 promocio e defesa dos direitos humanos no Pais. © Presidente da Reptiblica @ €poca, Fernando Henrique Cardoso, ressaltava a importancia dos direitos hhumanos, e, apontava que: 8 “Artigo 30. Nenhuma disposicio da presente Declarac o reconecinentoa qualquer Estado. grapo ops atividade mengo uae pode ser interpretada como dire ado a destruicdo de quaisq) 9. Nos, representantes do povo brasileiro, reunidos em Asserbleia Nacional Const wir um Estado Democttico, destitado a assegutaro exreeio dos direitos sociais¢ individuais, a berdade, a sega, bemeesa,¢ desenvolMt mento a igualdade e a justin como valores supremos de wna soredade fraterna, pluralist esem preconcsitos,fundada na harmonia soci comprometda, na ondem interna interi pacific das conttoversn,promlgamos se a presto de Dew cdo a Republica Feeratiea do Bras * Cowsttuicko € Digatos Funoamentais = 17 _ “Qs Direitos Humanos sao os direitos de todos ¢ devem ser protegidos em todos Fstados e nacoes. (...) ~ Oentendimento deste principio € indispensavel para que haja uma muta- 46 cultural e, em consequéncia, uma mudanca nas priticas dos Governos, dos Poderes da Republica nas suas varias esferas e, principalmente, da propria gpciedade. E justamente quando a sociedade se conscientiza dos seus direitos ‘eexige que estes sejam respeitados que se fortalecem a Democracia ¢ 0 Estado de Direito.” Destacando a posico do Brasil em relacao ao sistema internacional de pro- teeao dos direitos humanos, a partir de sua redemocratizacao, Flavia Piove- san" constata que: “Logo, faz-se clara a relacio entre o processo de democratizacao no Bra- sil e 0 processo de incorporacao de relevantes instrumentos intemacionais de protegdo dos direitos humanos, tendo em vista que, se o processo de democra- tizacdo permitiu a ratificacao de relevantes tratados de direitos humanos, por ‘sua vez essa ratificacao permitiu o fortalecimento do proceso democratico, mediante a ampliacdo ¢ 0 reforco do universo de direitos por ele assegurado.” Desde entao, chegamos hoje a terceira versio do Programa Nacional de Direitos Humanos'' (PNDH-3), aprovado pelo Dec. 7.037, de 21.12.2009, o qual foi apresentado pelo entao Ministro da Secretaria Espectal dos Direitos Humanos, como: “0 PNDH-3 apresenta as bases de uma Politica de Estado para os Direitos Humanos. Estabelece diretrizes, objetivos estratégicos e acdes programaticas a serem trilhados nos proximos anos. A definicao operacional de sua imple- menta¢io, com estabelecimento de prazos, sera garantida por meio de Planos de Acao a serem construtdos a cada dois anos, sendo fixados os recursos orca- ‘mentarios, as medidas concretas ¢ os drgios responsiveis por sua execucao.” No Eixo Orientador I do PNDH-3 que trata da interacdo democratica entre Estado e sociedade civil, e na diretriz 2 que trata do fortalecimento dos Direitos Humanos como instrumento transversal das politicas publicas ¢ de interagio democratica, estabeleceu a acao programatica de propor e articular 0 reconhe- 10. Piovesws, Flavia. Temas de direitos humanos, 5. ed. Sao Paulo: Saraiva, 2012. p. 52 11. Programa nacional de diveitos humanos (PNDH-3)/Secretaria espet nos da Presidencia da Republica. rev ¢ atual. Brasfia: SEDEVPR, [www ohchr.org/Documents/Issues/NHRA/ProgrammaNacionalDireitosth 2010 pall. Acesso em: 02.09.2014. 18 Revista ve Direrto Constiuciona. € InteRnaciona, 2014 © RDCI89 cimento do status constitucional de instrum Humanos novos ou ja existentes ainda nao ra os internacionais de Direitos cad, E, no Eixo Orientador IV, sobre a Seguranca Pablica, Acesso a Justica € Combate a Violéncia, em sua diretriz 17 sobre a promogao de sistema de justi gil ¢ efetivo, para o conhecimento, a garantia e a defesa de 3s, estabelecet a acao programatica de difundir o conhe »s Humanos e sobre a legislacdo pertinente c gem e formatos acessivei Portanto, €a democraci nos, ampliacao esta que, por Sbvio, também envolve a incorporacao de outros € novos instrumentos internacionais de prote¢ao dos dircitos humanos. 3,1. A recepedo dos tratodos internacionais pela Canstituicdo brasileira Tnicialmente e até mesmo de forma contraditoria, na América Latina, com grande historico de paises com regimes de governo antidemocraticos, autori- tarios e violadores dos direitos humanos, as Constituigoes dos paises latino- -ameticanos se mostram abertas a incorporacao dos tratados intemnacionais de protecdo dos direitos humanos, apresentando diferentes formas hierérquicas em relacio a tratados sobre outros temas ¢ ao proprio direito interno. Flavia Piovesan’? demonstra que as Constituigdes latino-americanas estabelecem 0 que chamou de clausulas constitucionais abertas, permitindo essa integragao do Texto Constitucional com 0 ordenamento internacional, constatando que: ‘ha, que expressamente atribuiu hierarquia constitucional aos mais relevantes tratados de protecao de direitos humanos, ¢ 0 art. 5.°, §§ 2.° ¢ 3.°, da Carta brasil constitucionalmente protegidos.” 12, Flavia Piovesan (2012, p. 102) reafitma que o regime democt © que a publicidade das normas protetivas dos direitos husmanos alem 1umanos, o que oferece o risca do cor emoral a0 Estado violador, e, nesse sentido, surge como significative lor para a protecao dos direitos humanos. Ademais, a enfrentar a publicidade das violagdes de direitos humans, bem como as pressOes internacionals, o Estado ¢ pra- ‘icamente ‘compelido’ a apresentar justificativas.a respeito de sua pratica” 13. Idem, p. 87. rangi- Constuicko € Disetos Funoawentais 19 (05 © garantias fundamentais nela expressos, Segundo a CF/1988, os dire it idos os direitos ‘entes do regime e dos principios por ela adotados, ou dos tratados internacio- ‘pais em que a Reptiblica Federativa do Brasil seja parte, sendo que as 1 definidoras dos direitos e garantias fundamentais tém aplicagao imediata e, _que 08 tratados e convengdes internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por 3/5 dos -yotos dos respectivos membros, serdo eqivalentes as emendas constitucionais “a Mos para o direito publico interno, porquanto sio recebidos como emen- ‘0, nao pode ser objeto cao que tente abolit"* do processo legislat s deliberacao qualquer proposta de emenda a cor eitos e garantias individuais (art. 60, § 4.°, IV). \qui ja houve uma evolucdo, até porque, antes da EC 45 de 08.12.2004 1U 31.12.2004), a chamada Reforma do Poder Judiciario, estes tratados e vencdes internacionais quando recepcionados o eram como legislac&o in- stitucional, porque foi exatamente esta emenda que acrescentou os §& }° ao art. 5.° da CF/1988. O conflito entre fontes internacionais e fontes nacionais deveria ser resolvido pelo dircito constitucional de cada pais, em ude de sta soberania e da propria supremacia do seu Texto Constitueio- @ Alexandre de Moraes,'® conservadoramente, defendia a submissio ; tratados internacionais, sustentando que: “Conclui-se, portanto, pela em relacao aos tratados e atos - “Tamer incluem na proibieao, os chamados pri forma republicans, “ndepenciéncia eharmonia dos Poderes, sistema 0 ergime democratic: *Giretos da pessoa humana: autonomia municipal; prestacto de contas da administra Go publica, garantias do Poder judicisto. Entendimento contrétio, a favor da norma mais protetiva, € 0 de Antonio Augusto Cancado Trindade, que no tocante ao alcance das obrigacoes convencionals inter © acionais de protesao no plano do interno, entende que (1999, p. 6): °C.) ha Solucdo de casos concretos, a primazia ¢ da norma que melhor proteja as vitimas “de violacoes de direitos humanos, sea ela de origem internacional Mito, Celso D. de Albuquerque; Tons, Ricardo Lobo. Memorial em prol de uma Nova mentalidade quanto a procecdo dos direitos humanos nos planos internacional ¢ “nacional. Anguivos de direitos hunanos. Rio de Janeieo: Renovar, 1999. vol. 6. Op. eit p. 206. 20 Revista De Dineiro CoNSTITUCIONAL E INTERNACIONAL 2014 © RDCI 89 nacionais, mesmo que devidamente ratificados, e plena possibilidade de seu controle de constitucionalidade”. Diversamente, ¢ com base no § 1.° do art. 5.° da CF/1988, sustenta-se que as normas definidoras dos direltos ¢ garan- tas fundamentais tém aplicacdo imediata,"” sendo despicienda a necessidade de um ato normativo, no caso um decreto presidencial, de promulgacdo do tratado ratificado na ordem juridica interna, até mesmo em observancia 20 principio pro homini. Explicando que a doutrina predominante entende que o Brasil adota a cor rente dualista,"* havendo duas ordens juridicas diversas, uma interna e outra ‘internacional, e que a expedicdo de decreto presidencial tem sido exigida pelo STE Flavia Piovesan'® defende que: to é, diante do princfpio da aplicabilidade imediata das normas defini- doras de direitos e garantias fundamentais, os tratados de direitos humanos, assim que ratificados, irradiam efeitos no cenario internacional e interno, dis- pensando-se a edicao de decreto de execti¢ao. Ja no caso dos tratados tradicio- nais, ha a exigencia do aludido decreto. Logo, a Constituicao adota um si ma juridico misto, na medida em que, para os tratados de direitos humano: acolhe a sistematica de incorporacao automatica, enquanto, para 05 tratados tradicionais, acolhe a sistemética da incorporacao nao automatica, Sob a vigencia da EC 45/2004, e até a presente data, somente a Convengao sobre os Direitos das Pessoas com Deficiéncia ¢ decorrente do referido 8 3.° do art. 5.° da CF/1988, quando 0 Presidente do Senado Federal, através do Dec.-lei 186, de 09.07.2008 aprovou o texto da Convengao sobte os Direi- tos das Pessoas com Deficiencia ¢ de set Protocolo Facultativo, assinados em 17. Ressaltando quanto & forma de resolucao de conflito entre normas intetnacionals € reitos humanos, a evolucao da doutrina da tese da norma mais favo- ravel, Fabio Konder Comparato (2010, p. 74) destaca que: “ha de prevalecer sempre a mais favoravel ao sujeito de die ignidade da pessoa ¢ 2 finalidade ultima ea reazao de ser de t 18. Para a corrente doutrinatia monista, 0 direito Oem uma mesma e unica o loo sistema jurtdieo’ icional ¢ 6 dircito interno com: jem juridica, enquanto para a corrente di compdem ordens separadas, distintas. Na corrente moni tratado, por si s6, produz efeitos juridicos no plano interno, enquanto que para a fundamentais de p i‘ . 3 individuals polices eis {Magna Chart; os de segunda geraio cults Jo dosecula XX;e por fim os de tercelageragt, cs ade ou iz Alberto David Aradjo e Vidal Serrano Nunes Jr. (2012, p. 149) explicam que: ) 9s direitos fundamentais de segunda geracao costumam ser denominados di- a presenea do 34. Consmmuigko & Diasitos Funoamentais © 27 ‘A Convencao Americana sobre Direitos Humanos (1969), conhecida racto de San José da Costa Rica; € 1) O Protocolo Adicional a Convengao Americana em Matéria de Direi- nomicos, Sociais ¢ Culturais, apelidado de Protocolo de San Salvador jem historica do sistema interamericano de protecdo dos direitos cia-se com a proclamacao da Carta da Organizacao dos Estados os (Carta de Bogota), de 30.04.1948, aprovada na 9.* Conferéncia cana, sendo também celebrada a Declaracao Americana dos Direitos es do Homem.®* Dentro do controle de protecao normativo interameri- , sem fazer distingdo de raca, nacionalidade, credo ou sexo (art. Carta da OEA). for & adocdo desses dois importantes instrumentos, naturalmente ‘um processo gradual de maturacdo dos mecanismos de protecio direitos humanos no sistema interamericano, sendo que num primei- mento foi criado um érgio especializado de promocao ¢ protegao de humanos no ambito da OAE, sendo ela, a Comissdo Interamericana eitos Humanos, aprovada na 5.* Reunifio de Ministros de Relagdes Ex- ‘Santiago do Chile em 1959, como explica Valerio de a Comissio deveria funciona nte até a instituicdo de uma convengao Interamericana sobre Di © que veio ocorrer em Sao José, Costa Rica, em 1969", numa Con- la Especializada Interamericana sobre Direitos Humanos. A ConvencAo Americana sosre Direitos Humanos ‘Convengao Americana sobre Direitos Humanos,™ de 22.11.1969, chama- da de Pacto de Sao José da Costa Riea, € 0 principal instrumento do sistema 5. Disponivel em: [wirw.oas.ony/divporvratados_A-#1_Carta_da_Onganiza SC3%A7%- ‘C3%A0_dos_Fstados_Americanos him]. Acesso em: 02.08.2014 36. Disponivel em: [wwwcidh or/Basicos Portugues Declracao_Americana hm). Acesso fem’ 29.09.2014, 37. Op. cit. p. 20. Adotada eabera a sssinatura na ConfertnciaFspecializada Interamericana sobre Di | ‘etos Humanos, em San Jose de Costa Rica, em 22.11.1969 — ratificada pelo Brasil com. deposito da carta de adestoa convencio em 25.09 1992, promlgada pelo De. 28 Revsta ve Dinero Consrmuciona& Ivtemvicion. 2014 © RDC! 89 interamericano de direitos humanos, que foi assinada em 1969, mas apenas entrando em vigor no ambito internacional em 18.07.1978, apés ter recebido © minimo de 11 ratificagdes ou adesdes, tendo o direito de fazer parte, apenas 5 Estados-membros da Organizacao dos Estados Americanos. Ap6s sua criagao, 0 fortalecimento do sistema de direitos humanos, implanta com a Carta da OEA, foi nitido, consolidando um regime de liberdade individu bet como de justica social no continente americano, onde o Brasil, apés ter depo- sitado a carta de adesio a essa convencio em 25.09.1992, vigorando aqui desde en- to, promulgando-a através do Dec. 678, de 06.11.1992.” Dessa forma, a prot dos direitos humanos prevista na Convencéo Americana € complementar ao di: reito retitando dos mesmos sua competéncia primaria para amparar e proteger os direitos das pessoas sujeitas & sua soberania e Jurisdicao, porém, deixa claro que nos casos da auséncia do amparo ou protecio, o sistema interamericano poderd atuar nessa tutela. A Convencao Americana, até mesmo em conformidade com o j 30 da DUDH, elencou um rol oe aberto de direitos ci nao estabelecendo de forma especifica, qualquer direito social, econdmico cultural, Para garantia desses, a Assembleia-Geral da OEA, em 17.11.1988, coneluiu o Protocolo adicional a Convencao Americana sobre Direitos Huma- nos, chamado de Protocolo de San Salvador, e que entrou em vigor no ambito internacional em 16.11.1999, apés ter recebido o minimo de 11 ratificacdes ou adesoes (art, 21, n, 3), 0 qual também foi ratificado pelo Brasil, apés ter de- Positado o instrumento de adesao a esse protocolo, em 21.08.1996, vigorando aqui desde aquelas 11 ratificacdes, promulgando 0 protocolo de Sao Salvador através do Dec. 3.321, de 30.12.1999." Com o int . Disponivel em: lwww>planalto.govbricivil_O8/decreto/D0678 hm]. Acesso. em: 30.09.2014. 40. Disponivel em: [worwcidh.oasorg/basicos/portuguesfe Protacolo_de_San_Salvador. hum}. Acesso em: 30.09.2014 4. Dispontvel em: [wonnpge.sp.goubr/centrodeestudos/boletins/boletins12000/egis- a12000/federal/deereto3321. hum]. Acesso em: 29.09.2014 42. “Antigo. 33, Sao competentes para conhecer de assuntos relacionados com o eumpr- ‘mento dos compromiseos astmidos pelos Fstados-partes nesta Convencio: rr Cousrmuigho € Dinos Funoawentars 29 nteramericana de Direitos Humanos e a Corte Interamericana de Direitos Hu- manos. ‘AComisséo Interamericana de Direitas Humanos “A origem da Comissio Interamericana de Direitos Humanos, sediada em ington, D.C., resulia de uma resolucdo ¢ nao um tratado, ou seja, a Res. istros das Relacdes Exteriores, ocorrida 10 seguinte, estabelecidos tanto na Carta da OFA quanto na Declaracio Americana jreitos € Deveres do Homem. A Comissao € composta por sete membros, ‘pessoas de alta autoridade moral ¢ de reconhecimento saber em maté- de direitos humanos. Sao eleitos a titulo pessoal pela Assembleia Geral da ‘a partir de uma lista de candidatos propostos pelos governos dos Esta- jembros, com mandato de quatro anos ¢ recleitos apenas uma vez, sendo fazer parte da Comissio mais de um nacional de um mesmo pai ‘competéncia da Comissdo Interamericana de Direitos Humanos alcan- ‘0s Estados-partes da Convencao Americana, em relagao aos direitos os nela consagrados, bem como todos os Estados-membros da OEA, 1¢20 aos direitos consagrados na Declaracao Americana dos Direitos ‘do Homem. Alem de sua principal funcao, que € a de promover @ ob- incia e a protecdo dos direitos humanos na América, a Comissto podera ecomendacdes aos governos das Estados-partes, prevendo a adocao de s adequadas a protecao desses direitos; o preparo de estuclos e relatorios ios, solicitar informacdes aos governos relativas as medidas por eles icacto da Convencao. ¢, segundo Héctor Fix-Zamudio apud Flavia Piovesan" diz que: bora com atribuigdes restritas, a aludida Comissao realizou uma fru- € notavel atividade de protecao dos direitos humanos, incluindo a ad- 10 e investigacao de reclamacoes de individuos e de organizacdes nao go- specdes nos territGrios dos Estados-membros ¢ solicitagées nes, com o que logrou um paulatino reconhecimento.” s A efetiva ay 4@) a Comissio Interamericana de Direitos Humanos, doravante denominada a Comis- sto; e 'b) a Cone Interamericana de Direitos Humanos, doravante denominada a Corte.” Piovesay, Flivia. Direitos humanos ¢ odireto constitucional internacional. 14. e4. ev. € "tual. Sa0 Paulo: 2013. nota 22, p. 335. 30 Rewsta ve Dinero Consrmucionat€ IviewvAconL 2014 © ROCI 89 CConsmuigto & Dios Funomuenrais 31 E também de competéncia da Comissto examinar as comunicagdes, enca- olve 05 casos de violaciio de direitos humanos perpetrados pelos Estados- minhadas por individuo, grupos ou entidade nao governamental, com conte- te da OEA ¢ que tenham ratificado a Convengéo Americana, tratando-se de uidos que venham a denunciar qualquer tipo de violacao a direito consagrado ynal Supranacional, com poderes para condenar os Es pela Convencao, por Estado que dela seja parte, como também explica Thomas da Conven¢io Americana, por violacao dos direitos humanos. Buergenthal apud Flavia Piovesan“ diz que: “Além disso, diversamente de outros tratados de direitos humanos, a Con- . ete jutzes de nacion: vencdo Americana nao atribui exclusivamente as vitimas de violacdes o direito ‘maior autoridade moral e relevante competéncia em matéria de de submeter peticdes individuais. Qualquer pessoa ou grupo de pessoas e cer- os hiuimanos. Sao eleitos por um periodo de seis aris, podendo ser reelei- tas organizacdes nao governamentais também podem {aze-lo.” Assim, 0s individuos, apesar de nao terem acesso direto a Corte, poderio r dar inicio ao procedimento de processamento internacional do Estado com a Ses da Corte ¢ de cinco juizes, Segundo apresentacao de petigao a Comissio. Thomas Buergenthal apud Flavia Piove- san’® ainda explica que: sma tinica vez, existindo a possibilidade de um Estado demandado re detém uma competéncia consultiva (1 ss da Convencio, bem como das disposicoes de tratados concernentes dividuos encaminhem suas proprias reclamagoes, 0 ‘dos direitos humanos nos Estados Americanos) e uma competéncia direito de petigao individual torna a efetividade dos direitos humanos menos ie Gatdter jurisdicional, propria para o julgamento de casos con- dependente de consideracdes politicas outras, que tendam a motivar uma acto ou inacao governamental.” do se alega que um dos Estados-partes na Convencéo Americana {de seus preceitos. Contudo, a competéncia contenciosa da Corte Dessa forma, em casos de gravidade e urgéncia, hipotese em que a vida ou ana ¢ limitada aos Estados-partes da Convenao que reconhecam integridade pessoal da vitima encontrar-se em perigo, a Comissio poder, por amente a sua jurisdicao.” {niciativa propria ou mediante peticao da parte, solicitar ao Estado em questio . que adote as medidas cautelares com o intuito de evitar danos irreparavels in- clusive, a Comissto também poderd solicitar a Corte Interamericana a adocao de medidas provisorias em casos que demostrem extrema gravidade ¢ urgén- cela, em materia ainda ndo submetida a apreciacao da Corte. ‘Tres brasileiros ja presidiram a Comissao Interamericana, o jurista Carlos Alberto Dunshee de Abranches (1969/1970), a professora Gilda Maciel Correa Meyer Russomano (1989/1990) e 0 jurista Hélio Bieudo (1999/2000). Tam- bem o brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro participou da Comissio (nao como Presidente), tendo seu mandato expirado em 31.12.2007. jurisdicao consultiva, a Corte pode emitir pareceres ou opinides icacéo de normas internacionais de di ‘Até a presente data, a Corte emitiu 20 opinides consultivas iltiva OC-20/2009, de 29.09.2009, articulo 55 de la Convencion Sobre Derechos Humanos.). Dentre elas, destaca-se o parecer da im- dda adocao da pena de morte no Estado da Guatemala (Opinion Wa OC-3/1983, de 08.09.1983,** sulos 4.2 y 4.4 de la Convencion ‘sobre Derechos Humanos). Acerca desta OC-3/1983, a parte de sol Ja Comissao Interamericana a Corte, para esclarecet se a imposicao da ‘por um Estado, em face de crimes nao punidos com essa sancao i docao da Convengao Americana pelo Estado, con: violagéo 52 ACorte Interamericana de Direitos Humanos ainda que o Estado tivesse feito reservas a essa importante previ- ‘ FN A Conte Interamericana de Direitos Humanos." segundo drgao instituido Povesan’” destacou o entendimento da Corte, segundo a qual: *No pela Convencio Americana, € 0 Orgio jurisdicional do sistema interamericano 44. Idem, nota 25, p. 337, 45. Idem, p. 342. 46. Disponivel em: Iwwwcorteidh or er/in 32 Rowstae Dnso Conscious Ivremaconn: 2014 # ROCI 89 parecer, a Corte afirmou: ‘A Convengao impde uma proibicao absoluta quanto a extensio da pena de morte a crimes adicionais, ainda que uma reserva a esta relevante previsio da Convencao tenha entrado em vigor ao tempo da ratifi- caga Ja no plano contencioso, a competéncia da Corte para o julgamento de ca- 0s, ¢ limitada aos Estados-partes da Convencéo que reconhecam tal jurisdigao expressamente, conforme termos do art. 62, n. 3, da Convencdo.” A respeito desta limitagao de alcance da competencia contenciosa da Corte, Antonio Au- gusto Cancado Trindade apud Flavia Piovesan” ensina que: “este dispositive constituiu um anacronismo historico, que deve ser superado, a fim de que se consagre 0 ‘automatismo da jurisdi¢ao obrigatoria da Corte para todos os Es- tados-partes da Convencao™. Nas ligdes do mesmo Antonio Augusto Cancado Trindade apud Flavia Piovesan”® segundo o qual: “Sob as clausulas da jurisdigao obrigatoria e do direito de peticao individual ‘se ergue todo o mecanismo de salvaguarda internacional do ser humano, razio pela qual me permito designé-las verdadeiras clausulas pétreas de protegao internacional dos direitos da pessoa humana.” André de Carvalho Ramos” explica que “A Corte Interamericana s6 pode ser acionada (jus standi) pelos Estados Contratantes ¢ pela Comissao Interamericana de Direitos Humanos, que exerce a funcao similar a do Ministério Pablico brasileiro, A vitima (ou seus repre- sentantes) possui somente 0 dircito de peticao a Comissao Interamericana de Direitos Humanos. A Comissao analisa tanto a admissibilidade da demanda (ha Tequisitos de admissibilidade, entre eles, 0 esgotamento prévio dos recursos 50. “Artigo 62. 1. Todo Estado-parte pode, no momer trumento de ratificagdo desta Convencio ou de adesio a ela, momento posterior, declarar que reconhece como obrigatéria, de pleno direito fe sem convencato espe pel la Corte em todos 0s casos relativos a interpretagao ou aplicagao desta Convengao. 3. A Conte tem competencia para conhecer de © aplicacdo das disp n qualquer seja submetido, desde que os sam a referida competencia, 51 52. Idem, p. 346-347. 53. Rawos, André de Carvalho. Teoria geral dos direitos ed. Sao Paulo: Saraiva, 2012, p. 104, ‘na ondem internacional, 2. Constructo & Dixeros Funoamentass 33, 0s) quanto seu mérito. Caso a Comissao arquive o caso (demanda inad- ou quanto ao mérito, infundada) nao ha recurso disponivel a vitima.” outro lado, essa restri¢ao de ago da Europeia) € criticada pela doutrina especializada. Um dos maiores de- res da reforma da Convencao Americana, no sentindo de dotar a ito de acdo, esta Antonio Augusto Cancado Trindade apud André de o Ramos,” quando entende que: “a Comissao € parte apenas processual Feito perante a Corte, A verdadeira parte material ¢ aquela que ¢ titular do o pretensamente violado. Assim, inexplicavel, para o citado autor, que a sittacdo perdure”. O acesso direto a Corte Interamericana pelo individuo = jus standi, sem a intermediacao da Comissio Interamericana, tambem ido pelo mesmo Antonio Augusto Cancado Trindade” como 0 ponto ite do resgate do ser humano como sujei ito Internacional Humanos, até mesmo sob o vetor da k ‘ida, porquan- smissd0 nao € parte no processo junto & Corte, e, em Celso D. de Albu- le Mello e Ricardo Lobo Torres® ja deixavam claro que: E chegado o tempo de superar tais ambiguidades também em nosso siste- eramericano de protecdo, dado que os papéis ou funcdes da Comissto ‘guardia da Convencao assistindo a Corte) e dos individuos (como ver: ira parte demandante) sdo claramente distintos.” disso, a propria Comissao alterou seu Regulamento com o intuito de lara propositura de suas acdes judiciais perante a Corte, ou seja, no caso ter sido constatada violacao dos direitos humanos, sem que o Estado tenha 'e concretiza, a Corte Interamericana de Direitos Humanos adiantou-se, endo no regulamento da propria Corte a permissao da pai deixava claro que, tal como a evolugao havida no Si constatava a possibilidade de divergencia de € a vitima ou seus representantes legas, pen Corte Europeia, sem contar necessariamente com a direitos humanos nos planos internacional e nacional. Mru10, Celso D. de Albuquer- ‘que; Tones, Ricardo Lobo. Arquivos de direitos humanos. Rio de Janeiro: Renovar, 1999. vol. 1, p. 3:35. 36. Idem, p. 12, 34 Rewsta oe Dineto Consmuc ‘ma e de seus representantes em todas as fases do processo judicial, com di de manifestacao em direitos de igualdacle de condigdes com a Comissto Int americana de Direitos Humanos e 0 Estado réu, como se fosse um assistente litisconsorcial do autor (Ramos, 2012, p. 105). A jurisdicao da Corte envolve o exame de casos com denuincia de um Estado- -Parte que tenha violado o direito protegido pela Gonvencio, quando a Corte de- claraa ocorréncia de violacao de direito resguardado, exige a reparacao imediata do dano ¢ impde 0 pagamento de justa indenizacéo a parte lesada (Provesan, 2013, p. 347-348). Ja que, de acordo com a Convengao, os Estados-membros comprometem-se a cumprir a deciso da Corte em todo caso em que forem par- {es, podendo a parte da sentenca que determinar indenizacao compensatéria ser executada no respectivo pais pelo processo interno vigente para a execucao de sentencas contra o Estado, Dessa forma, ao ratificarem ou aderirem a Conven- ‘Ao, os Estacios-partes ja aceitam automaticaménte a compete Conte, mas em relacto 2 competéncia contencios: corre que 0s Tribunais internacionais de dire Corte Europeia (Tribunal de Estrasburgo) ea ‘nos, nfo substituem os Tribunai ‘operam como ‘Tribunais, internos, Nao obstante, os atos intemnos dos Estados podem vir a ser objeto de exame por parte dos éreios de supervisio intemacionais, quando se trata de verificar a sua conformidade ‘com as obrigacdes internacionais dos Estados em matéria de direitos humanos. © Brasil, apesar de ter ratificado € ineorporado a Convencao Americana de Direitos Humanos em 1992, demorou quanto a decisio pelo reconhecimen- {0 da jurisdicao nao obrigatéria da Corte, ja que @ adesao a Convenca importava nesse reconhecimento da sua jurisdicéo, conforme art, 62- Pedido de aprovacac do reconhecimento da jurisdicao obrigatoria da Interamericana de Direitos Humanos em todos os casos relativos a interpre- tacdo ou aplicacao da Convencao, para fatos ocorridos a partir de entao, foi encaminhado 20 Congreso Nacional pelo Poder Executivo, através de uma Mensagem Presidencial 1.070, de 08.09.1998. E 0 Congresso Nacional, através do Dec.-lei 89,% aprovou tal reconhecimento, em 03.12.1998, 57. Anigo, 62.1. Todo Estado-pane pode, no momento do depisito do seu instrumento dere lfcaca desta Convencio ou de adeso a cla, ou em qualgier momento posterior, declare {que reconhece como obrigatoria, de pleno direto esem convengio especial, acompetencia da Cone em todos 0 asos relives nterpretacto ouaplcaci desta Convengtoe 58, Disponivel em: [wnwpge.sp gowbr/centrodeestudosbibliotecavrtua/alvvolume%s 20i/cortedecreto89 htm]. Acesso em: 3 Mt Sig oe Consmuigho = Dineros Funpawenrass 35, O PROCESSAMENTO Do EsTADO-MeMaRO NA CORTE \ acdo judicial da Comissio é proposta perante a Secretaria da Corte (Costa é da demanda nos idiomas de tra- es, 0 portugues e o frances. Na peti¢ao devera a exposicao dos fatos, as resolugses de abertura do le da dentincia pela Comissio, as provas, a 2,09.2011, e em seu 147.° perfodo de sessoes, celebrado de 08.03.2013 a .2013, para sua entrada em vigor em 01.08.2013, is da propositura da acao, 0 Presidente da Corte poder examinar nar da demanda, segue a aco da Comissao Interamericana. Abre-se 0 contradi- {ois meses. No caso do Estado brasileiro, caso demandado, devera atuar por jo'do departamento internacional da Advocacia-Geral da Uniao, com apoio mal do Mir io das Relacdes Exteriores. so as partes cheguem a um acordo na disp orte a solucao amistosa a que chegaram, esta resolvera sobre sua proce- 'e efeitos juridicos, ou encerrada a fase probatoria, passara a do sentenca de mérito. A notificagao da ser mas caso as partes, por algum motivo, nao sejam notificadas, os 0S € votos permaneceraio em segredo. Com a sentenca, a Corte esgota tacio jurisdicional, mas segue supervisionando o seu cumprimento lerer Outras informacdes acerca desse cumprimento, sempre buscando @ protecao ou repatacdo dos direitos humanos violados pelo Estado- bro.

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