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Teoria materialista

do Estado

Citações e reflexões
Prof. Dr. Jean-François
Deluchey
UFPA
1. Teoria
materialista
Joaquim Hirsch
Teoria Materialista do Estado
“A teoria materialista do Estado não é
uma construção teórica fechada”
(p.19);

 Inicia-secomo crítica a concepções


idealistas da História e da filosofia moderna
(progresso, justificações a posteriori de um
“sentido da História”, etc.);
 Inversão da ligação causal entre
pensamento e ação.
Joaquim Hirsch
Teoria Materialista do Estado

 “Como toda ciência crítica, a teoria


materialista do Estado tem como objetivo
remeter as categorias teóricas
dominantes às suas relações sociais
básicas e, com isso, ajudar os indivíduos a
entenderem a si mesmos, a sua ação e as
condições que os determinam como pré-
requisito para a sua autolibertação” (p.19-
20)
Foucault
E se é verdade que o poder político
acaba a guerra, tenta impor a paz na
sociedade civil, não é para suspender os
efeitos da guerra ou neutralizar os
desequilíbrios que se manifestaram na
batalha final, mas para reinscrever
perpetuamente estas relações de força,
através de uma espécie de guerra
silenciosa, nas instituições e nas
desigualdades econômicas, na linguagem
e até no corpo dos indivíduos.
Joaquim Hirsch
Teoria Materialista do Estado (p.20)
 “O Estado [é apresentado] como
expressão de uma relação de
socialização antagônica e contraditória”.
 Várias consequências:
 as relações de dominação política têm
bases e condições materiais, fundadas nas
estruturas de produção social;
 elas não são diretamente observáveis pelos
homens – na terminologia de marx, elas são
“fetichizadas”. [reverenciadas sem discernimento]
Joaquim Hirsch
Teoria Materialista do Estado (p.20)

 “Esse é o entendimento marxiano sobre a


ciência como crítica.
 Por isso não se trata apenas de explicar
como o Estado funciona ou deve
funcionar, mas que relação social ele
apresenta e como ela pode ser
superada”.
Karl Marx e Friedrich Engels
A ideologia Alemã (p.26-60)

 Oshomens devem estar em condições de viver


para poder “fazer História”:
1. Satisfazer necessidades básicas (produção da
vida material): 1º fato histórico;
2. Criação de novas necessidades: 2º fato histórico;
3. Produção da vida em uma dupla relação:
a. Relação natural;
b. Relação social, como cooperação de numerosos
indivíduos.
E. Renault / G. Duménil / M. Löwy
Ler Marx
A ideologia alemã (1846/1933): “permite
compreender que a análise do
condicionamento econômico da História é
indissociável de uma historicização da
economia e da tese de uma “ação
recíproca” dos diferentes componentes do
mundo histórico que são os processos
econômicos, os atores sociais (as classes), os
fenômenos políticos (o Estado e as lutas
políticas) e as formas de consciência”
Karl Marx e Friedrich Engels A ideologia Alemã (p.20)
 “O modo de produção não é para ser
considerado apenas do ponto de vista da
reprodução da existência física dos indivíduos.
Ele é muito mais uma espécie de atividade
desses indivíduos, uma maneira de manifestação
de sua vida, determinado modo de vida deles
mesmos. O modo como os indivíduos exteriorizam
a sua vida, revela o que eles são. O que eles são
coincide com a sua produção, tanto com o que
produzem como também como produzem
determinados indivíduos que trabalham de
maneira definida, estabelecem essas relações
políticas e sociais específicas”
Karl Marx e Friedrich Engels
A ideologia Alemã (p.25)

 “Aarticulação social e o Estado provêm


constantemente do processo de vida de
indivíduos determinados; mas de indivíduos não
como aparecem em sua representação própria
ou externa, mas como eles realmente são, ou
seja, como agem, produzem materialmente,
como eles trabalham sob limites, pressupostos e
condições materiais determinadas,
independentes de sua vontade”
Karl Marx
Contribuição à crítica da economia política
 “Na produção social de sua existência, os
homens travam relações determinadas,
necessárias, independentes de sua vontade.
Essas relações de produção correspondem a um
nível determinado do desenvolvimento de suas
forças produtivas materiais: o conjunto dessas
relações de produção constitui a estrutura [Bau]
econômica da sociedade, a base [Basis] real
sobre a qual se ergue uma superestrutura
[Überbau] jurídica e política, à qual
correspondem formas determinadas da
consciência social”
E. Renault / G. Duménil / M. Löwy
Ler Marx
 Não há condicionamento mecânico entre
estrutura e superestrutura.

 “osverdadeiros atores da transição de um


modo de produção para outro não são os
processos econômicos, mas as classes
sociais em luta” (p.185)
Karl Marx e Friedrich Engels
A ideologia Alemã (p.20, p.59-60)
 “a produção das ideias, das representações, da
consciência, está imediatamente misturada com
a atividade material e com as trocas materiais
dos homens”
 “em nossa concepção, todos os conflitos na
História tiveram sua origem na contradição entre
as forças produtivas e as formas de troca”
 Forças produtivas = trabalho + meios
 Formas de troca = remete às relações de propriedade,
relações de classe, relações sociais (campo das
interações, materiais e outras).
E. Renault / G. Duménil / M. Löwy
Ler Marx
 “Marx afirma que a evolução social se explica por
uma contradição das forças produtivas e das
relações sociais: quando as relações de
propriedade se tornam um entrave ao
desenvolvimento das forças produtivas, essa
contradição na base econômica propaga-se para
o conjunto da sociedade em forma de conflitos
sociais, políticos e ideológicos, antes de produzir
uma revolução, isto é, a substituição das antigas
relações sociais por novas” (p.184)
 Exemplos: Estado de Bem Estar Social, Estado
Punitivo ou Estado-Centauro (liberal-paternalista)
Karl Marx e Friedrich Engels
A ideologia Alemã

“As condições no interior das quais


forças produtivas podem ser utilizadas
são as condições da dominação por
uma classe determinada da sociedade
cuja potência social, procedendo de
suas posses, encontra sua expressão
prático-idealista na forma-Estado em
vigor”
Karl Marx e Friedrich Engels
Manifesto Comunista

“O Estado moderno [capitalista] não é


senão um comitê para gerir os negócios
comuns de toda a classe burguesa”
(163).
Risco de simplificação...
Classes e frações de classe...
Aportes dos críticos neo-marxistas e pós-
estruturalistas
2. O Estado
“capitalista” e a
luta de classes
Como pensar o Estado?

Ruptura epistemológica;
Conformismo moral /
conformismo lógico;
Vigilância ao cubo.
Max Weber – Economia e
Sociedade
aquela comunidade humana que, dentro
de determinado território - este, o
“território”, faz parte da qualidade
característica -, reclama para si (com êxito)
o monopólio da coação física legítima, pois
o específico da atualidade é que a todas
as demais associações ou pessoas
individuais somente se atribui o direito de
exercer coação física na medida em que o
Estado o permita. Este é considerado a
única fonte do “direito” de exercer coação.
Max Weber – A política como
vocação
 uma relação de homens dominando
homens, relação mantida por meio da
violência legítima (isto é, considerada
como legítima).

 Para
que o Estado exista, os dominados
devem obedecer à autoridade
alegada pelos detentores de poder
Pierre Bourdieu

O Estado é um “x” (a ser


determinado) que reivindica com
sucesso o monopólio do uso legítimo
da violência física e simbólica em um
território determinado e sobre o
conjunto da população
correspondente.
Pierre Bourdieu (V)
“A construção do monopólio estatal da
violência física e simbólica é uma construção
inseparável da do campo de lutas pelo
monopólio das vantagens vinculadas a esse
monopólio. [...] Mas esse monopólio do
universal só pode ser obtido ao preço de uma
submissão (pelo menos aparente) ao universal
e de um reconhecimento universal da
representação universalista da dominação,
apresentada como legítima, desinteressada”.
Pierre Bourdieu (VI)
“A monopolização do universal é resultado
de um trabalho de universalização
realizado principalmente no interior do
próprio campo burocrático”

“O que se apresenta hoje como evidencia,


aquém da consciência e da escolha, foi,
com frequência, alvo de lutas e só se
instituiu ao fim de enfrentamentos entre
dominantes e dominados”
Bourdieu (X)
O Estado não tem, necessariamente,
necessidade de dar ordens, ou de
exercer coerção física, para produzir
um mundo social ordenado: pelo
menos enquanto puder produzir
estruturas cognitivas incorporadas que
estejam em consonância com as
estruturas objetivas, assegurando assim
[...] a submissão dóxica à ordem
estabelecida.
Bourdieu (XI)
A doxa é um ponto de vista
particular, o ponto de vista dos
dominantes, que se apresenta e se
impõe como ponto de vista
universal; o ponto de vista
daqueles que dominam
dominando o Estado e que
constituíram seu ponto de vista em
ponto de vista universal ao criarem
o Estado.
Joaquim Hirsch
Estado = “aparelho centralizado de
força com o desenvolvimento do
capital e da sociedade burguesa
“reivindicando com éxito [...] o
monopólio da força física
legitimada” sobre um território
delimitado e sobre os indivíduos que
ali vivem”.

Influência de Louis Althusser


Bourdieu (II)
A luta de classes não é o início
É necessário, portanto, aceitar ou afirmar a
existência de classes? Não. As classes sociais não
existem (ainda que o trabalho politico orientado
pela teoria de Marx possa ter contribuído, em
alguns casos, para torná-las existentes, ao menos
através das instancias de mobilização e dos
representantes). O que existe é um espaço social,
um espaço de diferenças, no qual as classes
existem de algum modo em estado virtual,
pontilhadas, não como um dado, mas como algo
que se trata de fazer.
K. Marx – O 18 Brumário
 Os pequenos camponeses constituem uma imensa
massa, cujos membros vivem em condições semelhantes
mas sem estabelecerem relações multiformes entre si. [...]
Na medida em que milhões de famílias camponesas
vivem em condições econômicas que as separam umas
das outras, e opõem o seu modo de vida, os seus
interesses e sua cultura aos das outras classes da
sociedade, estes milhões constituem uma classe. Mas na
medida em que existe entre os pequenos camponeses
apenas uma ligação local e em que a similitude de seus
interesses não cria entre eles comunidade alguma,
ligação nacional alguma, nem organização política,
nessa exata medida não constituem uma classe. São,
consequentemente, incapazes de fazer valer seu
interesse de classe em seu próprio nome, quer através de
um Parlamento, quer através de uma Convenção. Não
podem representar-se, têm que ser representados.
Marx & Engels – Manifesto
Comunista
“O proletariado se servirá da sua
supremacia política par arrancar
pouco a pouco todo tipo de
capital das mãos da burguesia,
para centralizar todos os
instrumentos de produção nas
mãos do Estado”
Estado como campo;
Armadilha liberal do Estado-pessoa
Joaquim Hirsch (II)

 O Estado ou o político não são


considerados aqui simples reflexo
das estruturas econômicas, ou
“superestrutura”, mas um campo
de ação que possui condições e
dinâmicas próprias
Poulantzas
[...] a imagem construtiva da “base” e da
“superestrutura” – de uso meramente
descritivo, permitindo visualizar de certa
forma o papel determinante do econômico –
não somente não pode convir a uma
representação correta da articulação da
realidade social, e consequentemente de
seu papel determinante, como revelou-se
com o tempo desastrosa em vários sentidos.
Tudo se tem a ganhar se nela não se confia;
há muito tempo que não a utilizo na análise
do Estado
K. Marx
O 18 Brumário: O Estado capitalista
traz em si sua marca de classe
(burguesa);

Aguerra civil na França: “a classe


operária não pode limitar-se
simplesmente a se apossar da
máquina do Estado tal como se
apresenta e servir-se dela para seus
próprios fins” (181).
Perissinotto (71-72)
 A Comuna e a revolução proletária em geral não
podem aproveitar-se dessa antiga estrutura estatal
porque ela é, afinal, uma estrutura de classe. Utilizá-la
implicaria, necessariamente, reproduzir as formas
burguesas de dominação correspondentes na estrutura
do Estado: burocracia extensa, centralizada e
despótica, separada da sociedade e não controlada
por ela; representação política sem responsabilidade
perante os eleitores [accountability] e mandatos não
revogáveis; exército permanente a serviço do Estado e
não da sociedade; liberdade e igualdade puramente
formais; separação administrativa entre as funções do
Executivo e Legislativo; ausência de eleições para todos
os cargos políticos, etc.
Perissinotto (72 e 74)
 Para que o estado atenda aos interesses da classe
dominante não é necessário que os membros desta
classe controlem nem ocupem os seus cargos
político-burocráticos.

A autonomia do Estado e a supressão do “poder


político” da burguesia conjugam-se com um
desenvolvimento sem precedentes da sociedade
burguesa “que nem ela mesma esperava”. O
Estado cumpre a função de garantir a ordem
material da sociedade burguesa sem que para
tanto precise ser controlado, dirigido e operado
diretamente pelos membros da classe burguesa.
K. Marx – O 18 Brumário

 Há de operar a distinção, diz Marx n´O 18


Brumário, entre “interesse geral” de classe
e “interesse privado” dos membros
individuais da classe.

 Interesse privado = mesquinho, egoísta,


individual
 Interesse de classe = “interesse político”
K. Marx – O 18 Brumário
(Perissinotto – 78)
1. Aparelho de Estado não é uma forma
institucional neutra;
2. A ação do Estado como garantidor da
ordem social burguesa não depende,
para a realização dessa função, do
controle direto da burguesia;
3. Essa função social do Estado – a
reprodução da ordem social capitalista –
convive com um processo político que
possui uma dinâmica própria
Poulantzas: Estado = condensação de uma
relação de forças
 Poristo, escreveu Poulantzas, o estado é
“constituído-dividido” por toda parte pelas
contradições de classe, as quais “constituem” o
estado e “arquitetam” sua organização. Seria a
razão pela qual a política do Estado nos aparece
tão incoerente e caótica, mas disto não devemos
estranhar, continua Poulantzas, porque:

 “Abordar o Estado como condensação material de


uma relação de forças, significa que temos também
de abordá-lo como um campo e um processo
estratégicos, nos quais se entrecruzam nós e redes
de poder que, ao mesmo tempo, se articulam e
apresentam contradições e descompassos uns em
relação aos outros“ (148).
Poulantzas
É o modo de produção, unidade de conjunto de
determinações econômicas, políticas e ideológicas, que
atribui fronteiras a esses espaços, delineia seus campos,
define seus elementos respectivos: é primeiramente seu
relacionamento e articulação que os constitui. [A
separação relativa do estado e do espaço econômico]
não deve levar a acreditar em uma real exterioridade do
Estado e da economia, como se o Estado apenas
interviesse na economia de forma externa. Esta separação
é a forma precisa revestida, no capitalismo, pela presença
constitutiva do político nas relações de produção e, assim,
na sua reprodução. Esta separação do Estado e da
economia e esta presença-ação do Estado na economia
[...] apenas são uma única e mesma figura das relações
do Estado com a economia sob o capitalismo .
Poulantzas
É porque as relações político-ideológicas
estão desde já presentes na constituição
das relações de produção que eles
desempenham um papel essencial em sua
reprodução, e que o processo de
produção e exploração é, ao mesmo
tempo, processo de reprodução das
relações de dominação/subordinação
política e ideológica.
Pierre Bourdieu

O Estado é um “x” (a ser


determinado) que reivindica com
sucesso o monopólio do uso legítimo
da violência física e simbólica em um
território determinado e sobre o
conjunto da população
correspondente.
O Estado como metadispositivo
o “X” que chamamos de Estado seria um metadispositivo
juridicamente consolidado (composto por instituições e
regimes de saber ou épistémès) que, através de um
processo de sobredeterminação das relações sociais em
um campo social definido como “estatal” e de um
processo de preenchimento estratégico contínuo
(garantindo sua relativa estabilidade frente às constantes
lutas sociais), visa ao reconhecimento de seu monopólio
na definição dos usos sociais da violência física e
simbólica sobre determinado território e sobre
determinada população, bem como visa a fixar e garantir
determinado regime de (des)igualdade e de
hierarquização das formas de vida que se encontram
sujeitas às suas estratégias, instituições e regimes de
saber.
O estado
capitalista e a luta
de classes
Citações e reflexões
Prof. Dr. Jean-François
Deluchey
UFPA

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