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A MÚSICA NA GRÉCIA ANTIGA

Introdução

Assim como a maior parte de toda a cultura ocidental a música também


nos foi legada pelas culturas que nos precederam, via cultura romana.
Alguns relatos procedentes dos primeiros séculos da era cristã nos dão
conta de que, na vida social de Roma, praticamente toda música, bem como os
instrumentos musicais utilizados, eram oriundos das várias regiões conquistadas
pelos romanos. Quando essas conquistas chegam a uma região como a Grécia,
cuja cultura alcançou um estágio de evolução somente igualado pelos
europeus depois de muitos séculos, é de se imaginar quão poderosa foi a
influência exercida sobre toda a cultura romana, mesmo levando-se em conta
que no momento em que se deu essa conquista a cultura grega já estava em
decadência.
No aspecto musical essa decadência se caracterizou pela redução dos
modos em uso e pelo quase total desaparecimento do “ethos” (ou etos) =
qualidade do modo. Ao passar a música da Grécia para Roma, essa
degeneração se acentua muito mais. Assim é que as grandes festas teatrais em
louvor aos deuses (como Dionísio e Apolo), com seus coros, danças,
representações, concursos de instrumentistas etc., quando transportados para
Roma, alcançam uma magnificência e uma espetaculosidade não presentes nos
rituais gregos. Contudo, a tradição religiosa que estas manifestações tinham na
Grécia, perdeu-se totalmente.
Quando o Império Romano alcança seu apogeu, por volta do séc. I
ocorre também a disseminação do cristianismo no ocidente, fato extremamente
importante para a história da
música, uma vez que é ali, no culto da igreja cristã, que se encontram as
raízes da música ocidental. Os cânticos em louvor à nova crença foram
introduzidos por cristãos judeus e gregos, geralmente escravos. Esses cantos
tinham muito em comum com a música de culto praticada nas sinagogas e nos
templos gregos antes do cristianismo, ou seja, os cantos cristãos praticados
pelos judeus convertidos eram em tudo semelhantes aos que tradicionalmente
se cantava nas sinagogas enquanto os cantos cristãos entoados pelos fieis
gregos eram uma adaptação do universo sonoro religioso e profano da cultura
helênica, evidentemente bastante simplificado, já que a música grega possuía
padrões técnicos bastante complexos. Dos judeus recebemos a influência
poderosa dos salmos e dos hinos e dos gregos herdamos toda a sistematização
musical (os modos, a métrica, a teoria), tudo através do cristianismo.
Já na no campo da música profana a influência foi quase que
exclusivamente grega e o elemento condutor foi o alto extrato social do Império
Romano que transpôs para Roma todas as manifestações dos cultos às
divindades gregas, bem como seus músicos, poetas e artistas em geral.
Contudo, com a decadência do Império Romano no ocidente e com a instituição
da Igreja Católica Apostólica Romana, todo esse manancial estético foi se
enfraquecendo e por pouco não desapareceu totalmente, sobrevivendo na
marginalidade até o final do primeiro milênio, quando ressurge através da arte
trovadoresca.
A música na cultura grega

Nas civilizações mais antigas a música tinha um sentido utilitário,


funcional e estava ligada à magia, à religião, à guerra, à terapêutica. Era
dirigida aos deuses, aos reis, aos poderes visíveis e invisíveis.
Na Grécia a música se manifesta como forma de pensar, de ser; revela-
se como beleza para um público socialmente consciente e se transforma em
arte.
A herança dos povos da Mesopotâmia, do Egito e da Ásia Menor
convergem para a Grécia e, através de um longo processo onde as figuras de
Homero, Agamenon e Menelau desempenharam um papel fundamental, surge
a cultura helênica.

Nos jogos artísticos praticados nos templos de Delfos e Atenas


defrontavam-se músicos,
poetas, e dramaturgos como Ésquilo, Píndaro, Sófocles e Eurípedes, sob o
julgamento dos filósofos e do público. Poesia, música, dança, teatro são
expressões do intelecto e o artista passa a ser muito mais que um ser inspirado
pelas musas para se tornar conhecedor de uma ciência e detentor de uma
técnica obtida através do estudo, do exercício, como parte da sua própria
formação educacional em busca de outros valores éticos e de uma verdadeira
sabedoria

Características musicais

A música grega era basicamente monódica e no máximo heterofônica ,


nunca polifônica ou harmônica no sentido como nós entendemos como
harmonia e polifonia na música européia a partir do segundo milênio da era
cristã.

A base teórica da música grega era o tetracorde, uma sucessão de


quatro sons em graus conjuntos descendentes que, de acordo com o tipo de
intervalo entre os sons, definiam as modalidades dos três gêneros: cromático
(3ª maior e dois intervalos de semitons), enharmônico (3ª maior e dois
intervalos de quartos de tom) e diatônico ( que variava conforme a posição do
semitom dentro do tetracorde,) gerando assim os subtipos dórico (mi, ré, dó,
si), frígio (ré, dó, si, lá) e lídio (dó, si, lá, sol). Da justaposição de dois
tetracordes obtinha-se uma harmonia ou modo (mi, ré, dó, si / lá, sol, fá, mi)

As várias formas de música na Grécia Antiga

A música na Grécia Antiga foi um fator relevante na estrutura social,


abrangendo tanto o culto religioso quanto a vida profana, inclusive na
educação.
As principais manifestações onde a participação da música representou
um papel relevante foram:
a) Gimnopédia, festa em honra ao deus Apolo
b) Ditirambo, em homenagem ao deus Dionísio( origem da tragédia)
realizado nos teatros de arena, com atores, cantores, coro, instrumentos e
dança
c) Hino, em honra a um deus ou herói.
d) Pean, cantos em honra ao deus Apolo, protetor dos guerreiros. Eram
entoados para invocar ao deus antes dos combates e para agradecê-lo
pela vitória obtida.
e) Epiniquion, para expressar a glória de um atleta vencedor.
f) Treno, canto para as cerimônias fúnebres
g) Escólio, canto entoado nas refeições

Nomo era o termo genérico que se dava a qualquer peça musical segundo
seu sentido específico ou simbólico. O termo nomoi está ligado a leis. Assim,
qualquer nomo tinha que ser executado segundo as regras e as leis que o
caracterizavam, como:
- nomo citaristico, para citara solista
- nomo citaródico, para canto acompanhado de cítara
- nomo aulético, para áulos solista
- nomo aulódico, para canto acompanhado de áulos
- nomo pítico, para áulos solista representando a luta de Apolo contra a
serpente (ou dragão?) Píton.

Os instrumentos musicais

Havia uma variedade muito grande de instrumentos em uso na Grécia


Antiga, a maioria oriundos de outras culturas.
Entre os mais importantes estão:

Cítara, instrumento de cordas pulsadas descendente da lira Antiga.


Áulos, instrumento de sopro de duplo tubo com palheta. Chegou a ter duas
oitavas de extensão e desenvolveu muito a habilidade do executante,
chegando mesmo ao nível
virtuosismo.
Siringa monocálama (Syrinx), espécie de flauta vertical
Siringa policálama ou Flauta de Pan (zamponha)
Ascaulo, antecedente da gaita de fole
Hidraulos, antecedente do órgão
Psalterium, harpa de caixa triangular com cordas pulsadas por plectros.
Pandora, espécie de alaúde provavelmente vindo da Ásia.
Havia ainda instrumentos de metal (trombetas) usados para toques ou
chamadas e uma grande variedade e instrumentos de percussão como
tamborins, címbalos, crótalos, pandeiros, etc.
A teoria

Os fundamentos da teoria musical na Grécia Antiga apontam para Pitágoras


de Somos, que viveu aproximadamente entre 585 e 479 a.C. Assim como
outros filósofos e teóricos gregos dessa época, Pitágoras esteve em contato
com as culturas antigas do Egito e da Mesopotâmia onde obteve
conhecimentos importantes de matemática, astronomia e filosofia, entre
outros. Esses conhecimentos estariam presentes na formulação de uma
teoria científica da música baseada em três pilares: 1) a “harmonia das
esferas” que representa o princípio da inteira relação entre o macrocosmos e
o microcosmos; 2) a “doutrina do ethos” ( ou etos como aparece em
algumas edições em língua portuguesa) que seria relação espiritual entre
essa harmonia e o homem; 3) a “teoria dos números”.
Segundo escritos posteriores (Pitágoras não deixou nada diretamente escrito
por ele) sua teoria musical fundamentava-se principalmente no fenômeno
físico dos sons harmônicos, teoria essa que ele comprovou na prática
através da divisão proporcional da corda do monocórdio em suas proporções
numéricas: 1:2 - divisão da corda pela metade = oitava (2º harmônico)
acima do som fundamenta (1º harmônico); 2:3 - divisão da corda em terços
= quinta acima da 2ª oitava (3º harmônico - primeira consonância perfeita);
3:4 - divisão da corda em quartos = duas oitavas (4º harmônico) acima da
fundamental.Transpondo os quatro sons para o âmbito de uma oitava têm-se
os elementos de uma estrutura básica para a formação de uma escala:
fundamental, quarta, quinta, oitava. Seguindo o processo de divisão da corda
em quintos, sextos, sétimos etc., ele teria chegado às outras quatro notas
que completariam uma escala heptatônica (sete sons), mas essas notas não
estariam num padrão de afinação aceitável. Assim, ele buscou essa formação
através do círculos de quintas, já que a quinta era a consonância perfeita por
excelência (ver Ulrich Michels, Atlas de Música nº 1, páginas 88, 98)
chegando a uma escala diatônica de sete sons conhecida como escala
pitagórica.
Muitos teóricos que sucederam Pitágoras, desenvolveram e aprimoraram seus
princípios até chegarem ao que chamaram “sistema teleion” ou “sistema
perfeito”, espécie de estrutura que permitia formar todas as escalas em uso
na música grega, bem como os três gêneros que conferia o “ethos” (caráter)
da música: diatônico, cromático e enarmônico. (ver Ulrich Michels, Atlas de
Música nº 1, página 177). Alem do sistema acima descrito, herdamos
também da cultura grega a notação alfabética, ainda hoje usada nos países
de língua anglo-saxônica (A = lá, B = si, C = dó etc.) e a notação rítmica
(prosódica), também chamada de “pés gregos”, “pés poéticos” ou “modos
rítmicos (ver Ulrich Michels, Atlas de Música nº 1, páginas 171, 172 letra D).

Por fim, cabe salientar ainda dois pontos:

1) Segundo vários teóricos e estudiosos da música grega, entre o universo da


teoria e da prática havia uma enorme distância. Os teóricos pensavam a
música enquanto os músicos faziam música, isto é, interpretavam através da
voz e dos instrumentos e possivelmente compunham também. Como poucos
exemplos escritos de música (na maioria só fragmentos) chegaram até nós, e
como a tradição oral da música grega se interrompeu totalmente, fica difícil
imaginar qual tenha sito essa distância entre teoria e prática (ver em Ulrich
Michels, Atlas de Música nº 1, página 175, item Monumentos);
2) A maior parte dos conhecimentos que temos hoje da música da Grécia
Antiga nos chegaram através dos teóricos do início da era cristã ou da Idade
Média, e como se trata de uma matéria muito complexa, sempre podem
ocorrer dúvidas e ambigüidades quanto à interpretação dos documentos.
O importante, contudo, é que a música da Grécia Antiga, dentre todas as
culturas do último milênio a.C, era a mais evoluída do ponto de vista
teórico e estético e nós bebemos fartamente nessa fonte.

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