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Physmat
Acompanhamento Escolar
em
Fı́sica e Matemática
Construindo o Conhecimento

Tratamentos Térmicos Superfı́cial.

Manaus-AM, 20 de agosto de 2018


Sumário

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Lista de Figuras

4
Lista de Tabelas

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Capı́tulo 1

Tratamentos Térmicos

1.1 Introdução Tratamento térmico do aço

De modo geral, o tratamento térmico con-


Um problema siste em aquecer e resfriar uma peça de metal
para que ela atinja as propriedades mecânicas
Por que todos os objetos de metal, como desejadas: como dureza, elasticidade, ductibili-
tesoura, grampeador, clipe, furador etc. exi- dade, resistência à tração, que são as chamadas
gem tratamento térmico em sua fabricação? A propriedades mecânicas do metal. A peça ad-
resposta a essa questão será dada nesta aula. quire essas propriedades sem que se modifique
o estado fı́sico do metal.
Origem do tratamento térmico
Uma mola espiral, por exemplo, precisa ser
É bastante antiga a preocupação do homem submetida a tratamento térmico para ser usada
em obter metais resistentes e de qualidade. O no sistema de suspensão de um veı́culo. Pois
imperador romano Júlio César já afirmava, no ao ser comprimida, a mola acumula energia e,
ano 55 a.C., que os guerreiros bretões se defron- ao ser solta, ela se estende de forma violenta.
tavam com o problema de suas armas entorta- Portanto, a mola deve ter dureza, elasticidade
rem após certo tempo de uso. Isso os obrigava a e resistência para suportar esses movimentos
interromper as lutas para consertar suas armas sem se romper. Isso é conseguido por meio do
de ferro. tratamento térmico.

Os romanos, por sua vez, já haviam desco-


berto que o ferro se tornava mais duro, quando
aquecido durante longo tempo num leito de car-
vão vegetal , e, em seguida, resfriado em sal-
moura.

Esse procedimento pode ser considerado a


Figura 1.1: Propriedades do aço
primeira forma de tratamento térmico, pois per-
mitia a fabricação de armas mais duras e mais
resistentes.
Para o tratamento térmico de uma
Entretanto, foram necessários muitos anos
peça de aço, procede-se da seguinte forma:
para o homem aprender a lidar de modo mais
eficiente com o calor e com os processos de res-
friamento, para fazer tratamento térmico mais • coloca-se a peça no forno com tempera-
adequado dos metais. tura adequada ao tipo de material;

• deixa-se a peça no forno durante o tempo

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estabelecido;

• desliga-se o forno e retira-se a peça, com


auxı́lio de uma tenaz;

• coloca-se a peça numa bancada;

• deixa-se a peça resfriar em temperatura


ambiente.

Figura 1.3: Rede Cristalina

se organizando de modo a assumir posições de-


finidas e ordenadas, formando figuras geométricas
tridimensionais que se repetem.
A esse conjunto de átomos, que ocupam
posições fixas e formam uma estrutura, deno-
minamos célula unitária.
Durante o processo de solidificação, as células
unitárias vão se multiplicando, lado a lado, e
Figura 1.2: Temperatura×T empo formam uma rede cristalina.

O tratamento térmico provoca mudan-

ças nas propriedades mecânicas do aço.


Essas mudanças dependem de três fato-
res:

• temperatura de aquecimento;

• velocidade de resfriamento;

• composição quı́mica do material.

Portanto, antes do tratamento térmico, é


preciso conhecer as caracterı́sticas do aço, prin- Figura 1.4:
cipalmente sua estrutura cristalina.
As células unitárias se organizam em três
Estrutura cristalina dimensões, apresentando um contorno de agre-
gado de cristais irregulares. Esses cristais rece-
O aço se compõe de um aglomerado com- bem o nome de grãos, que são formados por
pacto de átomos arranjados ordenadamente, de- milhares de células unitárias.
nominado estrutura cristalina. Na siderurgia, Os grãos podem ser observados melhor com
com a oxidação do ferro-gusa, produz-se o aço auxı́lio de um microscópio metalográfico. A fi-
no estado lı́quido. gura, abaixo, ilustra uma peça de aço de baixo
teor de carbono, com a superfı́cie polida e ata-
cada quimicamente ampliada muitas vezes.
Na passagem do estado lı́quido para o sólido,
As regiões claras e escuras, todas com
os átomos que compõem o aço vão se agru-
contornos bem definidos como se fossem uma
pando, à medida que a temperatura diminui.
colmeia, são os grãos.
Nesse processo de agrupamento, os átomos vão

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vértices e um, no centro do cubo.

Exemplos: o sódio, o vanádio e o ferro


(em baixa temperatura).

• Reticulado cúbico de face centrada.

Os átomos ocupam os vértices e os cen-


tros das faces do cubo. Exemplos: o
cálcio, o chumbo, o ouro e o ferro (em
temperatura elevada).

• Reticulado hexagonal compacto (HC).

Apresenta doze átomos nos vértices de


um prisma de base hexagonal, dois átomos
nos centros da base e mais três no seu in-
Figura 1.5:
terior. Exemplos: zinco e titânio.

Teste sua aprendizagem.

Exercı́cios - 1:

Marque com X a resposta correta.

Questão 1. Um dos principais meios usados-


para modificar as propriedades do aço é:
(a) ( ) força;
(b) ( ) vapor;
(c) ( ) calor;
(d) ( ) água quente.
Figura 1.6:
Questão 2. Para uma mola espiral suportar
movimentos de compressão e de distensão é ne-
Sistema cristalino cessário que ela seja submetida a:

No estado sólido, os átomos de um metal (a) ( ) usinagem;


apresentam posições diferentes, com a aparência (b) ( ) tratamento térmico;
de uma figura geométrica regular. Cada metal (c) ( ) fundição;
tem uma estrutura especı́fica. Mas pode acon-
(d) ( ) modelagem.
tecer de vários metais apresentarem a mesma
estrutura. Entre as diversas formas de estru- Questão 3. O tratamento térmico depende dos
tura, vamos ver as três mais comuns. seguintes fatores:
(a) ( ) temperatura, tempo, resfriamento;
• Reticulado cúbico de corpo centrado.
(b) ( ) resistência, calor, tempo;
Também conhecido como (CCC). Os áto- (c) ( ) resfriamento, tempo, dureza;
mos assumem uma posição no espaço, com (d) ( ) tempo, dureza, calor.
forma de cubo. Oito átomos estão nos

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Questão 4. Na passagem do estado lı́quido pa-

ra o sólido, os átomos dos metais formam uma


figura geométrica chamada:
(a) ( ) partı́cula unitária;
(b) ( ) estrutura múltipla;
(c) ( ) molécula irregular;
(d) ( ) célula unitária.

Questão 5. Os cristais com contornos irregu-


lares recebem o nome de:
(a) ( ) rocha;
(b) ( ) grão;
(c) ( ) célula;
(d) ( ) átomo.

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Capı́tulo 2

Propriedades dos Aços

Um problema

O aumento ou a redução da dureza do aço


depende do modo como ele foi tratado termi-
camente. Uma fresa requer um tipo de trata-
mento térmico que a torne dura para a reti-
rada de cavacos de um material. Outro exem-
plo: para que o aço adquira deformação per-
manente, como é o caso do forjamento, é ne-
cessário um tipo de tratamento térmico que
possibilite a mais baixa dureza a esse aço.

Temos, assim, duas situações opostas de al-


teração das propriedades do aço. Tais situações
mostram a necessidade de se conhecer bem os
constituintes do aço, antes de submetê-lo a um
Figura 2.1: Rede Cristalina Ampliada
tratamento térmico.

que os grãos claros.

2.1 Constituintes do aço

Tomemos duas amostras de aço: uma com baixo


teor de carbono (0,1%) e outra com teor médio
de carbono (0,5%). Vamos examinar, com o
auxı́lio de um microscópio metalográfico, a es-
trutura cristalina dessas duas amostras.

Ao observar a amostra de baixo carbono,


distinguimos grãos claros, com pouco carbono,
em maior quantidade, e grãos escuros com bas-
tante carbono.
Figura 2.2: Ferritas e Perlitas

Ao observar a amostra de médio carbono, Com o auxı́lio de um microscópio metalográfico,


identificamos mais grãos escuros que claros. Por- identificamos dois constituintes da estrutura do
tanto,essa amostra contém mais carbono. Os aço: grãos claros, chamados ferrita, e grãos es-
grãos escuros são mais duros e resistentes do curos, chamados perlita.

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A ferrita (grãos claros) apresenta uma es- A perlita (grãos escuros) é formada de lâminas
trutura cúbica de corpo centrado (CCC). Os alternadas com 88% de ferrita e 12% de cemen-
átomos que compõem essa estrutura se orga- tita.
nizam bem juntos entre si, de modo que fica
difı́cil a acomodação de átomos de carbono na É possı́vel melhorar as propriedades do aço,
rede cristalina. A estrutura da ferrita consegue adicionando, durante sua fabricação, outros ele-
acomodar, no máximo, 0,025% de átomos de mentos quı́micos, como nı́quel, molibdênio, tungstênio,
carbono. vanádio, crômio. Assim como um atleta neces-
sita de vitaminas para melhorar seu desempe-
nho, o aço precisa desses elementos quı́micos
como “reforço vitamı́nico” para melhorar suas
propriedades.

2.2 Aquecimento do aço

Até agora estudamos o aço na temperatura am-


biente. Entretanto, o aço precisa ser colocado
em forno para receber um tratamento térmico.
Figura 2.3: Estrutura da Ferrita
O que acontece com o aço ao ser aquecido?
Ampliando várias vezes o tamanho do grão No caso de um aço que tenha, por exemplo,
escuro, vemos uma seqüência de linhas ou lâmi- 0,4% de carbono, ocorre o seguinte:
nas claras e escuras. As lâminas claras são de
ferrita e as lâminas escuras recebem o nome de • numa temperatura de 300o C, a estrutura
cementita. do aço é igual à sua estrutura na tem-
peratura ambiente: ferrita (cor branca) e
perlita (cor preta);

• em temperatura de 760o C, inicia-se uma


transformação na estrutura do aço: a per-
lita se transforma em austenita e a ferrita
permanece estável;

• em temperatura de 850o C, toda a estru-


tura do aço se transforma em austenita.

O gráfico ilustra uma região de mudança de


fase num intervalo de temperatura: a ferrita e
a perlita se transformam em austenita. Essa
região é chamada zona crı́tica: área em que as
Figura 2.4: Estrutura da Cementita células unitárias de CCC se transformam em
CFC, durante o aquecimento do aço.

A estrutura da cementita constitui-se de 12 A austenita se forma na estrutura do aço


átomos de ferro e 4 átomos de carbono. É, submetido a temperatura elevada. Encontra-
portanto, um carboneto de ferro com dureza se na região acima da zona crı́tica, na zona de
elevada, responsável pela dureza do aço. É re- austenitização, conforme se pode observar no
presentada por F e3 C. gráfico. A austenita tem uma estrutura cúbica
da face centrada (CFC), apresentando menor

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permanecem, na estrutura, portanto, fer-
rita e austenita;

• em temperatura de 700o C, toda a auste-


nita se transforma em ferrita e perlita -
portanto, o aço volta à sua estrutura ini-
cial;

• em temperatura ambiente, a estrutura con-


tinua ferrita e perlita.

Se o aço for resfriado bruscamente (por exem-


plo, na água), ele se transformará em marten-
Figura 2.5: Esquema das transformações à aus-
sita, um constituinte duro, que pode ser visto
tenita
com auxı́lio de microscópio metalográfico.
resistência mecânica e boa tenacidade. Não é
magnética.

Resfriamento do aço

Numa temperatura de 850o C, o aço apre-


senta um único constituinte, que é a austentita.
O gráfico, a seguir, ilustra o que ocorre quando
o aço com 0,4% de carbono é retirado do forno
e vai se resfriando lentamente até chegar à tem-
peratura ambiente.

Figura 2.7: Diagrama de equilı́brio ferro-


carbono

As explicações dadas nesta aula, a respeito


do que ocorre no tratamento térmico, basearam-
se no diagrama de equilı́brio ferro-carbono,
que você verá a seguir.

Descrição das linhas, zonas, variações térmicas,


Figura 2.6: Esquema das transformações simbologia e outros itens empregados em nosso
estudo.
Como você pode observar, ocorre o seguinte:
Abcissa – Representa a escala horizontal,
com a porcentagem de carbono - por exemplo:
• em temperatura de 850o C, a estrutura do 1% de C (99% Fe).
aço é austenita;
Ordenada – Representa as várias tempera-
• em temperatura de 760o C, parte da aus- turas.
tenita desaparece, dando lugar à ferrita -

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Questão 2. Os grãos escuros de uma amostra
de médio carbono contêm:
(a) ( ) menos ferro;
(b) ( ) mais carbono;
(c) ( ) pouco carbono;
(d) ( ) mais ferro.
Questão 3. A estrutura do aço com 0,4% de
carbono compõe-se de:
(a) ( ) ferrita e perlita;
(b) ( ) austenita;
Figura 2.8: Diagrama de Equilı́brio Ferro- (c) ( ) cementita;
Carbono (d) ( ) carboneto de ferro.
Questão 4. As lâminas claras da perlita rece-
Linhas A3 – Indica inı́cio da passagem da bem o nome de:
estrutura CFC para CCC durante o resfria-
(a) ( ) ferrita;
mento.
(b) ( ) amentita;
Linha A1 – Indica o limite da existência (c) ( ) austenita;
de austenista; abaixo dessa linha, não temos (d) ( ) cementita.
austenita.

Acm – Indica o limite da quantidade de


carbono dissolvido na austenita;

F e3 C– É a fórmula do carboneto de ferro,


chamado cementita.

Letras gregas:

• γ (gama) – Sı́mbolo de austenita.

• α (alfa) – Sı́mbolo de ferrita.

Teste sua aprendizagem.

Exercı́cios - 2:

Marque com X a resposta correta.

Questão 1. Podemos analisar a estrutura do


aço com o auxı́lio de:
(a) ( ) estetoscópio;
(b) ( ) telescópio;
(c) ( ) microscópio;
(d) ( ) periscópio.

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Capı́tulo 3

Preparação do aço para usinagem

Antes de nos aprofundarmos no assunto é quando essa força for cessada, o material volta
importante ter em mente alguns conceitos fun- à posição inicial. Ex: A mola é um material
damentais utilizados na industria metal mecâni- elástico.

ca. • Maior a dureza, maior a resistência ao


Dureza - é a resistência que o material desgaste.
apresenta ao ser: riscado, furado, cortado, do- • Quanto maior a porcentagem de carbono
brado, penetrado e etc. no ferro ou aço, maior a sua dureza.
Resiliência - é uma propriedade que os • O que um aço ganha em dureza, ganha
aços apresentam de resistirem à choques, pan- também em resistência à tração.
cadas, vibracóes, golpes e impactos.
• A resistência à tração acompanha até certo
Maleabilidade - é a propriedade que um ponto a dureza e o teor de carbono.
aço apresenta de poder ser laminado, estam-
pado, forjado, entortado e puxado. • O que um aço ganha em dureza, perde
em resiliência.
Tenacidade - sob o ponto de vista da Fı́sica,
está relacionada com a resistência à tração, isto • O que um aço ganha em maleabilidade,
é, resistência do material ao ser puxado. ganha também em resiliência.

Resistência à tração - é a resistência que


o material oferece ao ser puxado nos dois extre- Influência do carbono sobre a quali-
kg
mos ( ver figuras 2.8 e 2.9), e é dada em mm2 ( dade do aço e do ferro
quilograma por milı́metro quadrado).

Fragilidade - Podemos dizer que são mate- Tipo de aco - Teor de Carbono
riais duros, porém tendem a se quebrar quando Aço macio 0,05 - 0,4
submetidos a choques e quedas. Semi-duro 0,4 - 0,8
Extra-duro 0,8 - 1,7
Materiais como o diamante, vidro, ferro fun- Aço Selvagem 1,7 - 2,3
dido, peças temperadas e outros não devem so- Ferro Fundido 2,4 - 4,0
frer choques, quedas e batidas. Ferro Gusa 4,0 - 6,0
Ductibilidade - é o oposto de fragilidade,
são materiais que, ao sofrerem a ação de uma Um problema
força, deformam-se plasticamente sem se rom-
perem. É comum pensar que, na fabricação de uma
peça, o tratamento térmico é feito na fase
Elasticidade - é a propriedade do material final do processo. Nem sempre é assim. De-
que, ao ser aplicada uma força, ele se deforma, e pendendo do tipo de peça e dos fins a que ela

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se destina, precisamos, primeiro, corrigir a ir- de sua estrutura, que estavam mais ou menos
regularidade da estrutura metálica e reduzir as organizados, são deformados e empurrados pelo
tensões internas que ela apresenta. martelo da prensa.

Uma estrutura macia, ideal para a usi- Na laminação, os grãos são comprimidos
nagem do material, já caracteriza um bom tra- uns contra os outros e apresentam aparência de
tamento térmico. Os grãos devem apresentar grãos amassados. Em ambos os casos, isto é, na
uma disposição regular e uniforme. laminação e no forjamento, os grãos deforma-
dos não têm a mesma resistência e as mesmas
qualidades mecânicas dos grãos normais.

Figura 3.1: Disposição regular e uniforme

3.1 Tensões internas

As tensões internas da estrutura do aço de-


correm de várias causas.

Durante o processo de solidificação, a


região da superfı́cie do aço se resfria com ve- Figura 3.3: Conformação
locidade diferente da região do núcleo. Essa
diferença na velocidade de resfriamento do aço, As tensões internas começam a ser alivia-
dá origem a grãos com formas também diferen- das (diminuı́das) quando o aço atinge a tempe-
tes entre si, o que provoca tensões na estrutura ratura ambiente. Porém, esse processo levaria
interna do aço. um longo tempo, podendo dar margem a em-
penamentos, rupturas ou corrosão. Para evitar
que isso ocorra é preciso tratar o material ter-
micamente.

3.2 Alı́vio de tensões


É necessário recozer o material para aliviar suas
tensões, surgidas na solidificação e nos traba-
lhos de deformação a frio, soldagem ou usina-
gem.

Como deixar um aço macio, mole, fácil


de trabalhar
Figura 3.2: Tensões internas
Para que possamos trabalhar um aço como,
por exemplo, furar, serrar, dar forma com
Também surgem tensões nos processos de facilidade, fazemos inicialmente o recozimento.
fabricação a frio, ou seja, em temperatura
Em linguagem popular de oficina o recozi-
ambiente. Quando se prensa uma peça, os grãos
mento é conhecido como destemperar.

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Uma peça recozida torna-se macia e um aço Após um perı́odo que varia de uma a três
temperado, duro e resistente torna-se brando e horas, a partir do inı́cio do processo, o forno é
fácil de trabalhar depois de recozido. desligado e a peça é resfriada no próprio forno.
Esse processo é conhecido como recozimento
subcrı́tico.
3.3 Como fazer o recozimento
dos aços-carbono Portanto, este tratamento térmico tem
a função de aliviar as tensões sem alterar
No recozimento, a peça é aquecida lentamente a estrutura do material.
no forno até uma temperatura abaixo da zona
crı́tica, por volta de 570o C a 670o C, no caso de Observe que quando uma broca tem ambos
aços-carbono. Sendo um tratamento subcrı́tico, os lados (aresta) cortantes e afiados por igual,
a ferrita e a perlita não chegam a se transfor- o cavaco sai por igual.
mar em austenita. Graficamente fica.

Figura 3.6: Peça recozida fácil de ser usinada

Quando conhecemos a porcentagem de car-


bono do aço fornecido pelo fabricante, basta
Figura 3.4: O Recozimento sub-crı́tico.
consultar a tabela de recozimento. Quando não
temos o dado acima temos que:
Neste caso, o resfriamento deve ser lento
dentro do forno ou em caixas fechadas com
areia, cal ou cinza, de forma a resguardar a 1. Levar a peça ao esmeril para termos uma
peça de um resfriamento rápido. idéia do teor de carbono da peça con-
forme figura (2.1 - 2.2 - 2.3).

2. Consultar a tabela para termos uma base


da temperatura de recozimento.

3. Deixar a peça ou a ferramenta esfriar len-


tamente ao abrigo de ar, em uma caixa
de areia seca, de cal ou de cinza, ou no
próprio forno, se houver na organização
industrial.

Suponhamos que vamos recozer

Figura 3.5: Peça temperada oferece dificuldade Exemplo: Um punção de bico de aco-carbono.
ao ser usinada

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1. Vamos ao esmeril verificar se o punção A normalização é ainda usada como
desprende boa quantidade de centelhas. tratamento preliminar à têmpera e ao re-
venido, justamente para produzir microes-
2. Consultamos a tabela 2.1, achamos que
trutura mais uniforme do que a obtida por
o que mais se aproxima é o aço para fer-
laminação, por exemplo, além de reduzir a
ramenta, indicando uma temperatura de
tendência ao empenamento e facilitar a dis-
700◦ a 780◦ , isto é, vermelho escuro.
solução dos carbonetos e elementos de liga.
3. Aquecemos então a ferramenta até atingir
Nos aços-liga quando os mesmos são res-
a coloração indicada, dentro desse parâme-
friados lentamente após a laminação, os car-
tro de temperatura estabelecido. bonetos tendem a ser maciços e volumosos,
difı́ceis de se dissolver em tratamentos pos-
4. Atingida aquela cor, deixamos a ferra- teriores de aus tenitização. A normalização
menta esfriar lentamente em uma caixa corrige esse inconveniente.
de areia, cal, cinza ou forno, isto é, pro-
tegida do ar durante várias horas ou dias Os constituintes que se obtém na nor-
conforme a dimensão da peça. malização são ferrita e perlita fina , ou ce-
mentita e perlita fina. Eventualmente, de-
pendendo do tipo do aço, pode-se obter a
3.4 Como recozer uma peça bainita.
quando se tem a porcenta-
A normalização consiste em aquecer o
gem de carbono aço a uma temperatura elevada, bem acima

As industrias, trabalham grandes números de da zona crı́tica, aproximadamente 780 C,
peças ou ferramentas, geralmente possuem bons em seguida, é resfriado ao ar livre.
aparelhos para fazer o recozimento.
Nesta região, os grãos de austenita cres-
Neste caso, a industria fornece os dados de cem, absorvendo os grãos vizinhos menos
porcentagem de carvono avaliado por aparelhos estáveis. Esse crescimento é tão mais rápido
e técnicos. Basta consultar as tabelas forneci- quanto mais elevada for a temperatura. Se
das pela fábricas, ou as deste livro, aquecendo o aço permanecer muitas horas com tempe-
e resfriando no próprio forno de recozimento. ratura um pouco acima da zona crı́tica (por
exemplo 780o C), seus grãos também serão
aumentados.
Temperatura recozimento dos aços-carbono
% de carbono Temperatura Aquecendo à cor
Aço de 0,3 - 0,5% 800◦ C vermelho Para os aços hipoeutetóides, pode-se ad-
Pouca chispa ou a 840◦ C suave
ou estrelinhas

mitir que a temperatura de aquecimento ul-
Aço de 0,5 - 0,5% 780 C vermelho
Maior quantidade a 800◦ C forte trapasse a linha A3 e para os hipereutetóides
de estrelinhas
Aço de 0,8 - 1,1% 700◦ C vermelho a linha Acm, sem os inconvenientes, neste
Boa quantidade a 780◦ C escuro
de estrelinhas último caso, no resfriamento ao ar que se
Aço para ferramen-
ta de 1,1 - 1,5% 680◦ C vermelho seguem da formação do invólucro frágil de
Alta quantidade a 710◦ C amarronzado
de estrelinhas

carbonetos.
Aço rápido e ligas 720 C vermelho
Alta quantidade a 880◦ C claro
No resfriamento, os grãos de austenita
transformam-se em grãos de perlita e de fer-
3.5 Normalização rita. Suas dimensões dependem, em parte,
do tamanho dos grãos de austenita.
A normalização visa refinar a granulação Uma granulação grosseira torna o ma-
grosseiradas peças de aço, principalmente terial mais quebradiço, alterando suas pro-
aços fundido, também é aplicada em peças priedades mecânicas. As fissuras (trincas)
depois de laminadas ou forjadas.

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também se propagam mais facilmente no in- tal na construção mecânica quando se trata
terior dos grãos grandes. Por isso, os grãos de obter caracterı́sticas de baixa dureza
mais finos (pequenos) possuem melhores pro- e elevada dutilidade nas ligas metálicas.
priedades mecânicas. Em especial, quando aplicado a ligas de aço
de baixo e médio teores de carbono.
A normalização - consiste em refinar
(diminuir) a granulação grosseira da peça, Objetivo
de modo que os grãos fiquem numa faixa de
tamanho considerada normal. Este tratamento térmico tem por finali-
dade a obtenção da perlita grosseira, dimi-
No processo de normalização, a peça é nuindo a dureza do aço.
levada ao forno com temperatura acima da
zona crı́tica, na faixa de 750o C a 950o C. O Na prática, a execução do recozimento
material se transforma em austenita. De- pleno ou total exige a austenitização, o que
pois de uma a três horas, o forno é desli- implica na dissolução completa dos elemen-
gado. A peça é retirada e colocada numa tos quı́micos que compõem a liga de aço.
bancada, para se resfriar. Por meio do recozimento pleno do aço
A estrutura final do aço passa a apre- é possı́vel diminuir sua dureza, aumentar
sentar grãos finos, distribuı́dos de forma ho- a ductibilidade, melhorar a usinabilidade e
mogênea. ajustar o tamanho do grão. Também são
eliminadas as irregularidades resultantes de
tratamento térmico ou mecânico, sofridas
anteriormente.

Figura 3.7: Temperatura ×T empo

Figura 3.8: Recozimento Pleno


3.6 Recozimento pleno
O recozimento Pleno ou Total pode
Quando uma peça sai do processo inicial
ainda ser empregado para regularizar a es-
de fabricação - fundição, prensagem, forja-
trutura bruta de fusão, modificar proprieda-
mento, laminação - terá de passar por outros
des elétricas, remover gases e eliminar quais-
processos mecânicos antes de ficar pronta.
quer tratamentos térmicos que a peça te-
Um eixo, por exemplo, precisa ser usinado,
nha sofrido anteriormente (têmpera, norma-
desbastado num torno, perfurado. O aço
lização).
deve estar macio para ser trabalhado.
O tratamento consiste em aquecer o aço
Sob o ponto de vista de ganho de propri- num forno, numa temperatura acima da zona
edades, o recozimento tem papel fundamen- crı́tica. Após certo tempo, o forno é desli-

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gado e a peça é resfriada no seu interior.

Temperaturas dos tratamentos térmicos


Aco ABNT Autenitização C Resfriamento D. Brinell
1020 855◦ − 900◦ 855◦ − 700◦ 11-149
1025 855◦ − 900◦ 855◦ − 700◦ 111-149
◦ ◦ ◦ ◦
1030 840 − 855 840 − 650 126-197
1035 840◦ − 855◦ 840◦ − 650◦ 137-207
◦ ◦ ◦ ◦
1040 790 − 855 790 − 650 137-207
◦ ◦ ◦ ◦
1045 790 − 870 790 − 650 156-217
◦ ◦ ◦ ◦
1050 790 − 870 790 − 650 156-217
1060 790◦ − 840◦ 790◦ − 650◦ 156-217
1070 790◦ − 840◦ 790◦ − 650◦ 167-229
1080 790◦ − 840◦ 790◦ − 650◦ 167-229
◦ ◦ ◦ ◦
1090 790 − 830 790 − 650 167-229
◦ ◦ ◦ ◦
1090 790 − 830 790 − 650 167-229

*Resfriamento a 25o C/h, no interior do


forno.
Determinação da temperatura
A temperatura deve ser estabelecida di-
retamente sobre o diagrama de equilı́brio
Figura 3.9: Diagrama de equilibrios das ligas
Fe-C, quando forem tratados aços comum Ferro-Carbono
ao carbono.
O aquecimento do aço para o Recozi- 3.8 Esferoidização
mento Pleno ou Total deve ser feito com
o objetivo de obter transformação de fase Consiste em operações de aquecimento e res-
cristalina. Para tanto, aplica-se a seguinte friamento que visam deixar o carboneto de
lógica: ferro (cementita) o mais arredondado possı́vel,
melhorando a ductilidade e a tenaci-
dade do aço.
• Para aços hipoeutetóides deve-se so-
mar 50◦ C acima da linha A3 . Esferoidização significa dar forma de
esfera à cementita.
• Para aços eutetóides deve-se somar
50◦ C acima da linha A1 . Trata-se de um processo indicado para
aços de alto teor de carbono, que têm mais
• Para aços hipereutetóides deve-se so-
cementita do que os aços de médio e baixo
mar 50◦ C acima da linha A1 (γ + F e3 ).
carbono. A cementita assume forma de glóbulos
(esferas) que permitem reduzir bastante a
dureza do aço. Desse modo, pode-se econo-
3.7 Utilização do diagrama mizar material durante a usinagem de aços
com elevado teor de carbono.
A leitura de temperatura é feita diretamente
sobre o mesmo. Por exemplo: Para um Aço O processo de esferoidização pode ocor-
ABNT 1050 (0,5%C), têm -se: rer de duas maneiras:

• A leitura do diagrama igual a 770◦ C • Aquecimento e resfriamento alternados


obtida sobre a linha de transformação entre temperaturas que estejam logo
A3. acima e logo abaixo da linha de trans-
formação inferior da zona crı́tica.
• Deve -se ainda somar 50◦ C a este valor
o que resultará numa temperatura de • Aquecimento por tempo prolongado em
aquecimento para recozimento pleno ou temperatura logo abaixo da zona
total de 820◦ C. crı́tica.

19
Questão 4. O recozimento pleno consiste
em aquecer o aço em temperatura:
(a) ( ) abaixo da zona crı́tica;
(b) ( ) no limite da zona crı́tica;
(c) ( ) acima da temperatura ambiente;
(d) ( ) acima da zona crı́tica.

Questão 5. Quais os principais tipos de tra-


tamentos térmicos utilizados na preparação
do aço?

Questão 6. Como é feito o recozimento sub-


Figura 3.10: Esferoidização crı́tico?

Teste sua aprendizagem. Questão 7. Os grãos que sofreram deformação


pelo processo de prensagem apresentam re-
Exercı́cios - 3: sistência maior ou menor que os grãos nor-
mais?
Marque com X a resposta correta. E res-
ponda.
Questão 8. Como ocorre o processo de Nor-
Questão 1. A presença de grãos com ta- malização?
manhos e formas diferentes na estrutura do
aço dá origem a:
(a) ( ) rupturas; Questão 9. O recozimento pleno do aço tem
(b) ( ) rugosidade; a função de?
(c) ( ) tensões internas;
(d) ( ) desequilı́brio.
Questão 10. Qual a função do tratamento
Questão 2. Para aliviar tensões internas do de esferoidização?
aço, usa-se o seguinte meio:
(a) ( ) usinagem;
(b) ( ) resfriamento; Questão 11. Quais as duas maneiras de re-
alizar o processo de esferoidização?
(c) ( ) prensagem;
(d) ( ) recozimento.

Questão 3. Para refinar uma granulação Questão 12. O que um aço ganha em du-
grosseira, usa-se o seguinte procedimento: reza, ele ganha também em:
(a) ( ) raspagem; (a) ( ) Plasticidade;
(b) ( ) normalização; (b) ( ) Resistência ao desgaste;
(c) ( ) usinagem; (c) ( ) Resiliência;
(d) ( ) aquecimento. (d) ( ) Elasticidade;

20
Questão 13. Identifique as seguintes pro-
priedades mecânica dos aços:
(a) Ductibilidade;
(b) Dureza;
(c) Maleabilidade;
(d) Tenacidade;
(e) Elasticidade.

( ) É a propriedade que um aço apresenta


de poder ser laminado, estampado, forjado,
entortado, puxado e ect.

( ) Sao materiais duros que ao sofrerem ação


de uma força, deformam-se plasticamente
sem se romperem.

( ) É uma propriedade dos materiais que, ao


serem aplicada uma força se deformam, e,
quando cessada esta força, o material volta
a sua posição inicial.

( ) É a resistência oferecida pelos materiais


ao serem: riscado, dobrado, penetrado e etc.

( ) Está relacionado com a dureza, a re-


sistência a tração, isto é, a resistência ofe-
recida pelos materiais ao ser puxado ou tor-
cido.

21
Capı́tulo 4

Endurecimento do aço

Um problema • O que distingue essa forma de trata-


mento é o seu processo de resfriamento.
Várias brocas foram devolvidas ao fabri-
cante porque elas haviam se desgastado no • A peça é retirada do forno e mergu-
primeiro uso. lhada em água. A temperatura cai de
850o C para 20o C.
O supervisor da fábrica descobriu a falha • Trata-se de um resfriamento brusco.
de fabricação das brocas: elas não tinham
recebido tratamento correto. O lote foi re-
colhido e retrabalhado, ficando evidente a 4.2 Transformação da Austenita:
importância do tratamento térmico.
Quando a austenita é resfriada muito rapi-
damente, não há tempo para que se trans-
4.1 Têmpera formar em ferrita, cementita ou perlita.
A austenita se transforma num novo cons-
Houve grande avanço tecnológico quando o tituinte do aço chamado martensita.
homem descobriu como medir dureza ao aço.
Os dentes da engrenagem, o engate do trem, Vimos que ao aquecer o aço acima da
o amortecedor do carro, as brocas devem ser zona crı́tica, o carbono da cementita (F e3 C)
fabricados com aço endurecido, para supor- dissolve-se em austenita.
tarem os esforços a que são submetidos. Entretanto, na temperatura ambiente,
o mesmo carbono não se dissolve na ferrita.
A têmpera é um processo de tratamento
térmico do aço destinado à obtenção de du- Isso significa que:
reza. Uma têmpera feita corretamente pos-
sibilita vida longa à ferramenta, que não se • Os átomos de carbono se acomodam
desgasta nem se deforma rapidamente. na estrutura CFC de austenita.
• Mas não se infiltram na estrutura aper-
O processo da têmpera consiste em tada - CCC - da ferrita.
aquecer o aço num forno com temperatura
acima da zona crı́tica.
No resfriamento rápido em água, os
• Para o aço-carbono, a temperatura va- átomos de carbono ficam presos no interior
ria de 750o a 900o C. da austenita.

• A peça deve permanecer nesta tem- Desse modo, os átomos produzem con-
peratura o tempo necessário para se siderável deformação no retı́culo da ferrita,
transformar em austenita. dando tensão ao material e aumentando sua
dureza.

22
4.4 Revenimento
O tratamento de têmpera provoca mudanças
profundas nas propriedades do aço, sendo
que algumas delas, como a dureza, a re-
sistência à tração, atingem valores elevados.
Porém, outras propriedades, como a resistência
ao choque e o alongamento, ficam com valo-
res muito baixos, e o material adquire uma
apreciável quantidade de tensões internas.
Um aço nessa situação é inadequado ao tra-
balho.
Para corrigir suas tensões, é preciso
revenir o material.

Figura 4.1: Transformação da Martensita O revenimento - tem a finalidade de


corrigira dureza excessiva da têmpera, ali-
viar ou remover as tensões internas. O re-
Vamos fazer uma experiência. Pegue um
venimento é, portanto, um processo sempre
pedaço de aço, de qualquer tamanho, com
posterior à têmpera.
espessura de 20mm, com teor de carbono en-
tre 0,4% e 0,8%. Ligue um forno na tempe- Logo após a têmpera, a peça é levada ao
ratura de 850o C e aguarde. Enquanto isso, forno, em temperatura abaixo da zona
verifique a dureza do material, antes do tra- crı́tica, variando de 100o C a 700o C, depen-
tamento. dendo da futura utilização do aço.
Agora coloque a peça no forno e deixe- Decorrido algum tempo (de uma a três
a por 40 minutos. Decorrido esse tempo, horas), retira-se a peça do forno e deixa-se
retire-a com uma tenaz e submeta-a a res- que ela resfrie por qualquer meio.
friamento imediato em água.
Segunda experiência.
Verifique a dureza do material tratado.
Percebeu a diferença? Pois bem, você reali- Faça revenimento de dois aços já tempe-
zou um tratamento de têmpera. rados, um a 150o C de temperatura e o outro
a 550o C, ambos durante 2 horas no forno.

4.3 Cuidados no resfriamento Depois de retirar a peça do forno, va-


mos fazer o ensaio de dureza. O revenido
O resfriamento brusco provoca o que se da peça em baixa temperatura apresenta pe-
chama de choque térmico, ou seja, o im- quena diferença de dureza, comparada com
pacto que o material sofre quando a tem- o valor do temperado.
peratura a que está submetido varia de um
Já o revenido na peça aquecida em alta
momento para outro, podendo provocar da-
temperatura apresenta grande queda de du-
nos irreparáveis ao material.
reza. Isso demonstra que quanto mais alta
Mas o resfriamento brusco é necessário a temperatura de revenimento maior será a
à formação da martensita. Assim, de- queda da dureza de têmpera.
pendendo da composição quı́mica do aço,
podemos resfriá-lo de forma menos severa,
usando óleo ou jato de ar.

23
2 - Para Ferramentas ou peças sujei-
tas a choque e pancadas - como talha-
deira, punção, machos e martelos.

Revenimento - Deve ter cor vermelha


púrpura ao violeta com temperatura vari-
ando entre 270 a 280◦ C.

3 - Ferramentas ou peças que neces-


sitam de maior tenacidade - como chave
de fenda e etc.
Figura 4.2: Dureza×T emperatura
Revenimento - Deve ter cor azul, com
temperatura de aproximadamente 300◦ C.
4.5 Finalidade do revenimento
Muitas vezes a têmpera não dá uma dureza
homogênea ou conviniente à peça, deixando- 4.7 Revenimento por calor ex-
a com dureza excessiva, sujeita a trincar-se terno
facilmente.
É o mais usados nas grandes industria, ou
O revenimento - além desta finalidade, em grandes quantidades de peças.
aumenta a tenacidade e a resistência
da peça. Neste caso, ao invés de se aproveitar o
calor interno, as peças depois de temperadas
são novamente aquecidas, para depois serem
4.6 Como se faz o revenimento esfriadas.

Logo após a têmpera, a peça ainda guarda Para o revenimento Recomenda-se:


um calor interno que, conforme volta à su-
perfı́cie, vai mudando-a de coloração, que
vai desde o amarelo claro (220◦ C) ao cinza 1. Efetuar logo após a tempera.
esverdeado (325◦ C). Ver a tabela 2.6, ao 2. Quando se trabalha pela coloração, é
chegar à cor amarela ou azul, esfria-se a preciso que as peças estejam limpas
peça em água, óleo ou ar, como se fez na (livres de óleo e de óxidos), caso
têmpera. O importante é saber escolher a contrário não se observa a mudança da
cor ou a temperatura observando o quadro coloração.
abaixo.
3. Para maior dureza (têmpera dura)
Aplicação escolher as cores de revenimento mais
claras, isto é temperaturas mais bai-
1 - É aplicado em ferramentas não sujei- xas.
tas a choque e pancadas - como brocas,
tornos, alargadores e fresas. 4. Para maior tenacidade escolher as
cores de revenimento mais escuras, isto
Revenimento - Deve ter cor amarela, é, temperaturas mais altas.
variando numa faixa de temperatura entre
200 a 240◦ C.

24
4.8 Revenimento por banho de Avima de 330◦ C desaparece a cor e o aço
areia toma a cor negra.

É usados para peças como machos, cossine- 4.10 Influência da temperatura


tes, alargadores, brocas e etc..
do revenimento na dureza
Consiste em aquecer as peças em banho e na resiliência
de areia.

Quanto mais alta for a temperatura empre-


gada no revenimento, tanto menor será a
4.9 Revenimento em banhos de dureza do material, mas em compensação,
óleo ou de chumbo maior será a resistencia aos choques, e
pancadas ( tenacidade).

Para grandes quantidades de peças. Se a temperatura do revenimento ado-


tado for baixa, a peça adquire maior du-
As grandes organizações industriais que reza, mas em compensação, perderá em
temperam e fazem o revenimento em série resiliência (mais frágil).
em considerável número de peças (e este re-
venimento precisa ser em temperaturas cor- Exemplo da influência do revenimento
retas), usam os banhos de óleo ou de chumbo, sobre a dureza e a resiliência.
deste modo podemos manter as peças em
temperaturas estáveis e exatas. Quando as Influência Temperatura do Revenimento
temperaturas de aquecimento devem ser mai- Temperatura
do 0 100 200 300 400 500 600
revenimento
ores, lança-se mão de banhos de chumbo Dureza 60 58 57 52 44 37 28
derretido. Resiliência 0,4 0,7 0,8 0,7 1,4 3,2 6

Para temperaturas menores que 325◦ C, Tabela 4.2 - Influencia da Temperatura


junta-se estanho ou antimônio, baixando-se do Revenimento sobre a Dureza e a Resili-
assim a temperatura. encia

Como o revenimento é realmente o pro-


Cores × Temperatura cesso final do qual irá depender a dureza
Amarelho palha 220◦ C também final das peças, percebe-se a im-
Amarelho 230◦ C portância de se conduzir bem este trata-
Amarelho pardo 245◦ C mento.
Amarelho marron 255◦ C
Marron púrpura 265◦ C As grandes industrias bem organizadas,
Vermelho púrpura (lilás) 275◦ C após o revenimento, fazem um controle de
Violeta 285◦ C verificação da dureza, submetendo-as às pro-
Azul escuro 295◦ C vas de dureza. Para um controle melhor
Azul claro 310◦ C desta dureza final, consultar a tabela 2.16.
Cinza esverdeado 325◦ C
Atenção - Para tratamento térmico de
aços especiais, ver pág. 66. Para trabalhos
Tabela 4.1 - Cor do Revenimento a quente, ver pág. 67.

25
4.11 Como revenir peças que, Para ficar mais claro, vamos dar uma
além de cementadas, fo- olhada no diagrama TTT - Tempo, Tem-
peratura e Transformação.
ram temperadas

O revenimento no caso acima deve ser de


135 a 180◦ C, isto é, à baixa temperatura.

4.12 O revenimento do aço


rápido -

1. Logo após a têmpera, aquecer lenta-


mente até 560◦ C-590◦ C, primeiro em
forno a circulação de ar e depois em Figura 4.3: Diagrama TTT - Temperatura,
banho de sal, conseguindo, assim tem- Tempo e Transformacao
peratura com maior precisão.
A interpretação é a seguinte:
2. Fazendo-se um segundo revenimento,
obtém-se maior tenacidade aquecendo
à temperatura de 530◦ C-550◦ C. • curvas - representam o inı́cio e o fim
3. A peça deve permanecer nesta tempe- de transformação da austenita.
ratura no mı́nimo 2 horas para obter • cotovelo - parte central das curvas com
perfeita distribuição do calor e esfriar transformações abaixo do cotovelo, obtêm-
no ar, fora de correntes de ar. se perlita, ferrita e cementita. Como
transformações abaixo do cotovelo, obtêm-
4.13 Tratamento isotérmico se bainita e martensita.

Na aula anterior, vimos que as transforma-


4.14 Austêmpera
ções da austenita em ferrita, cementita e
perlita ocorriam numa velocidade muito len-
ta de esfriamento (ar ou forno). Esse tratamento é adequado a aços de alta
temperabilidade (alto teor de carbono).
Entretanto, se aumentarmos essa veloci-
dade, ocorrerá um atraso no inı́cio da trans- A peça é aquecida acima da zona crı́tica,
formação da austenita, devido à própria inér- por certo tempo, até que toda a estrutura se
transformeem austenita (posição 1). A se-
cia de certos fenômenos fı́sicos, mesmo que guir, é resfriada bruscamente em banho de
a temperatura esteja abaixo da linha A1 sal fundido, com temperatura entre 260o C
(abaixo da zona crı́tica). e 440o C (posição 2). Permanece nessa tem-
peratura por um tempo, até que sejam cor-
O diagrama, a seguir, indica ocorrem as tadas as duas curvas (posição 3), ocorrendo
transformações da austenita em diferentes transformação da austenita em bainita. Em
velocidades de esfriamento. seguida, é resfriada ao ar livre (posição 4).

26
A dureza da bainita é de, aproximada- de empenamento das peças. O processo é
mente, 50 Rockwell C e a dureza da mar- ilustrado no diagrama, a seguir.
tensita é de 65 a 67 Rockwell C.
A peça é aquecida acima da zona crı́tica
Para ficar mais claro o tratamento por para se obter a austenita (posição 1).
austêmpera, segue o diagrama TTT - tempo,
temperatura, transformação. Depois, é resfriada em duas etapas. Na
primeira, a peça é mergulhada num banho
de sal fundido ou óleo quente, com tempera-
tura um pouco acima da linha Mi (posição
2).

Mantém-se a peça nessa temperatura por


certo tempo, tendo-se o cuidado de não cor-
tar a primeira curva (posição 3).

A segunda etapa é a do resfriamento fi-


nal, ao ar, em temperatura ambiente (posição
4).

A martensita obtida apresenta-se uni-


forme e homogênea, diminuindo riscos de
trincas.
Figura 4.4: Diagrama TTT - Transformacao da
Bainita Após a mantêmpera é necessário sub-
meter a peça a revenimento.
A interpretação é a seguinte:
Teste sua aprendizagem.
• acima de 750o C: campo da austenita;
Exercı́cios - 4:
• curva à esquerda (i), curva de inı́cio de
transformação da austenita em perlita
ou bainita; Marque com X a resposta correta.

• curva à direita (f), curva de fim de


Questão 1. Para aumentar a dureza e a re-
transformação;
sistência à tração dos metais ferrosos, usa-se
• Mi – inı́cio de transformação da auste- o tratamento térmico de:
nita em martensita;
• Mf – fim de transformação. (a) ( ) fundição;
(b) ( ) têmpera;
(c) ( ) aquecimento;
(d) ( ) resfriamento.
4.15 Martêmpera
Questão 2. O processo da têmpera consiste
A martêmpera é um tipo de tratamento em aquecer o aço à temperatura:
indicado para aços-liga porque reduz o risco

27
(a) ( ) normal, de 20o C; ( ) A peça é aquecida acima da zona
(b) ( ) elevada, próxima a 100o C; crı́tica e resfriada bruscamente em água;
(c) ( ) acima da zona crı́tica;
( ) Tem a finalidade de corrigir a dureza
(d) ( ) dentro da zona crı́tica. excessiva, aliviar ou remover tensões provi-
nientes de tratamentos térmicos anteriores.
Questão 3. Para corrigir a excessiva du- ( ) O produto final deste tratamento, o
reza do aço provocada pela têmpera, usa-se aço, é denominado de martensita.
o processo de:
( ) Tem a função de aumentar a dureza
(a) ( ) martêmpera; do aço e a resistência ao desgaste.
(b) ( ) austêmpera;
(c) ( ) normalização;
(d) ( ) revenimento.

Questão 4. O constituinte da têmpera é:

(a) ( ) perlita;
(b) ( ) cementita;
(c) ( ) martensita;
(d) ( ) ferrita.

Questão 5. Um aço endurecido por têmpe-

ra deve ser resfriado por meio de:

(a) ( ) ar;
(b) ( ) forno;
(c) ( ) água;
(d) ( ) cinzas.

Questão 6. Classifique as sentenças abaixo:

(a) Esferoidização;
(b) Revenimento;
(c) Recozimento;
(d) Têmpera.

28
Capı́tulo 5

Tratamento termoquı́mico

5.1 Um problema mesmo tempo, manter o núcleo dúctil


(macio) e tenaz.
Na indústria metal mecânica, peças como
coroas, pinhões, rolamentos, eixos de
deslizamentos e rotativos, dentes de 5.4 Cementação
engrenagem, ferramentas de corte e
roscas sem-fim, geralmente apresentam A cementação consiste em introduzir mai-
pouca resistência ao desgaste, e deste modo, ores quantidades de carbono em superfı́cies
uma vida útil curta, porque não receberam de aço com baixos teores de carbono. Por
um reforço de carbono durante a fabricação isso, é indicada para aços-carbono ou aços-
do aço. ligas cujo teor original de carbono seja infe-
rior a 0,25%.

5.2 Tratamento Térmico A cementação aumenta esse teor até


termoquı́mico valores em torno de 1%, assegurando uma
superfı́cie dura e um núcleo tenaz.
Vimos que, a maioria dos processos de tra-
tamento térmico, geralmente não alteram Peças fabricadas em aço com porcenta-
a composição quı́mica do aço, ou seja, gem média ou alta de carbono, e que vão so-
o material inicia o tratamento com 0,6% de frer operações severas de dobramento, ten-
carbono e termina com 0,6% de carbono. dem a se trincar. Porém, se elas forem con-
feccionadas com aço de baixo carbono (SAE
Entretanto, às vezes, é necessário sub- 1010) e, depois, forem conformadas e ce-
meter o aço a modificações parciais em sua mentadas, teremos um bom resultado sem
composição quı́mica para melhorar as pro- que as peças corram o risco de se trincar. A
priedades de sua superfı́cie. cementação pode ser sólida, gasosa, lı́quida.

Essas modificações são obtidas por meio


5.5 Cementação sólida
de tratamento termoquı́mico.
Nesse tipo de cementação, a peça é colocada
5.3 Objetivo do tratamento em uma caixa de aço contendo substâncias
ricas em carbono: carvão de lenha, coque,
termoquı́mico carbonato de cálcio e óleo de linhaça. Em
Esse tratamento tem como objetivo princi- seguida, a peça é levada ao forno, a uma
pal aumentar a dureza e a resistência do temperatura em torno de 930C, durante o
material ao desgaste de sua superfı́cie e, ao tempo necessário para obtenção da camada
desejada.

29
Depois, submeter a peça à têmpera, ela a 400o C e mergulhadas em banho fundido.
adquira dureza. A função do preaquecimento é a de eliminar
água e evitar choque térmico. A peça deve
ser resfriada em salmoura com 10 a 15%
de cloreto de sódio (ClNa), ou em óleo de
têmpera.

Figura 5.1: Cementação Sólida

O tempo de permanência no forno pode


variar de uma a trinta horas, e a camada
comentada varia de 0,3mm a 2,0mm.
Figura 5.3: Cementação lı́quida

Ensaio de micro dureza com cinco pon-


tos distintos, em um aço 1010, cementado e
temperado.

Figura 5.2: Curva da Cementação Sólida

5.6 Cementação gasosa


É o processo mais eficiente porque permite
Figura 5.4: Ensaio de Dureza
cementar as peças com maior uniformidade
e com economia de energia. Utiliza gás pro-
pano (gás de cozinha) ou gás natural para
a geração de carbono - 32. A temperatura Penetração. da Dureza Dureza
Superfı́cie mm Vickers Rockwell (HRC)
varia de 850C a 950C. Após a cementação, 0,1 679 60
0,5 613 56
o aço é temperado em óleo. 1,0 222 (16)
1,5 204 (12)
3,0 204 (12)

5.7 Cementação lı́quida Tabela: Relação da profundidade de penetração com a Dureza dos
materiais

Nesse processo são utilizados sais fundidos,


ricos em carbono, principalmente os sais à
base de cianeto e de carbonato. A tempe- 5.8 Nitretação
ratura deve ser de 930C a 950C. Nessa tem-
peratura, os sais se tornam lı́quidos, pois se Certas peças que trabalham em atrito per-
fundem por volta de 650C. manente correm o risco de se desgastar com

Em seguida, as peças são pre-aquecidas

30
facilidade. É o caso, por exemplo, do gira- A nitretação também pode ser rea-
brequim, das camisas de cilindros, dos pi- lizada em meio lı́quido. Nesse caso,
nos, dos rotores, que precisam ter alta re- as peças são mergulhadas num banho
sistência ao desgaste sob temperatura rela- de sais fundidos, que são as fontes de
tivamente elevada. A peça pode adquirir nitrogênio. O processo é mais rápido
esse nı́vel de resistência por meio da técnica que o anterior. As peças permanecem
chamada nitretação. no banho apenas de duas ou três horas
numa temperatura que varia de 500o C
A nitretação é indicada na obtenção de a 580o C.
peças com superfı́cie de maior dureza, para
aumentar a resistência do desgaste, à fadiga,
à corrosão e ao calor.
5.10 Carbonitretação
Esse processo consiste em introduzir car-
Os aços que melhor se prestam a esse tra- bono e nitrogênio na superfı́cie do aço. O
tamento são os nitralloy steels, que são aços processo pode ser realizado em fornos de
que contêm cromo, molibdênio, alumı́nio e banhos de sal ou de atmosfera controlada
um pouco de nı́quel. Em geral, a nitretação (a gás). A superfı́cie da camada carboni-
é feita depois da têmpera e do revenimento. tretada adquire dureza e resistência ao des-
Assim, as peças nitretadas não precisam de gaste.
qualquer outro tratamento térmico, o que
contribui para um baixo ı́ndice de distorção
A temperatura do processo varia de 705o C
ou empenamento. a 900o C, com uma duração de duas horas.
Após esse tempo, as peças são resfriadas em
5.9 A nitretação pode ser feita água ou óleo. Obtém-se uma camada com
espessura de 0,07 a 0,7mm.
a gás ou em banho de sal.
A carbonitretação é usada, geralmente,
em peças de pequeno porte, como compo-
1. Nitretação a gás nentes de máquina de escrever, carburado-
res, relógios, aparelhos eletrodomésticos.
A temperatura conveniente para o tra-
balho é de 500o C a 530o C, e sua duração
Teste sua aprendizagem.
varia de quarenta a noventa horas.

Nessa temperatura, a amônia (N H3 ) Exercı́cios - 5:


é decomposta, e o nitrogênio, na ca-
mada superficial da peça, atinge uma
Marque com X a resposta correta.
profundidade de até 0,8mm.

A camada da superfı́cie metálica pas- Questão 1. O tratamento termoquı́mico tem


saa se constituir de nitretos de ferro, como objetivo principal:
cromo, molibdênio, nı́quel, sendo que
os nitretos têm elevada dureza. (a) ( ) dar ductibilidade ao aço;
Decorrido o tempo de aquecimento no (b) ( ) aumentar a dureza e a resistência
forno, as peças são retiradas e resfria- ao desgaste;
das ao ar. (c) ( ) melhorar a usinabilidade;
2. Nitretação em banho de sal (d) ( ) aumentar a resistência à tração.

31
Questão 2. A cementação é indicada para (a) ( ) cianeto de sódio;
aços com teor de carbono inferior a: (b) ( ) ar;
(c) ( ) amônia;
(a) ( ) 0,75%; (d) ( ) cianeto de potássio.
(b) ( ) 0,45%;
(c) ( ) 0,05%
Questão 7. Quais os principais tratamen-
(d) ( ) 0,25%’. tos termoquı́micos?

Questão 3. O material usado na cementa- • Cementação


ção sólida contém: • Carbonitretação
• Nitretação.
(a) ( ) carvão vegetal, coque, carbonato
Questão 8. A cementação tem a função de:
de cálcio, óleo de linhaça;
(b) ( ) carvão vegetal, alcatrão, cianeto
de cálcio, óleo de linhaça; (a) ( ) Aumentar a dureza parcial da
peça;
(c) ( ) carvão vegetal, sal, óleo de li-
nhaça, catalizador; (b) ( ) Aliviar as tensões superficiais;
(d) ( ) carvão vegetal, óleo mineral, car- (c) ( ) Aumentar a dureza superficial
bonato de cálcio, óleo de linhaça. da peça com alto teor de carbono;
(d) ( ) Aumentar a dureza superficial
da peça com baixo teor de carbono.
Questão 4. A cementação mais eficiente e
com camada uniforme é:
Questão 9. Quais os principais tipos de ce-
mentação?
(a) ( ) lı́quida;
(b) ( ) sólida;
(c) ( ) gasosa; Questão 10. Quais os principais tipos de
(d) ( ) plasmática. nitretação?

Questão 5. Na cementação lı́quida, o sal


Questão 11. Classifique cada sentença abaixo
se funde, normalmente, a:
conforme o tipo de tratamento térmico:

(a) ( ) 1.000o C;
(a) Cementação sólida;
(b) ( ) 200o C;
(b) Cementação gasosa;
(c) ( ) 100o C;
(c) Cementaçao lı́quida;
(d) ( ) 650o C.
(d) Nitretação à gas;
(e) Netretação em banho de sal.
Questão 6. Na nitretação a gás, usa-se co-
mo gerador de nitrogênio:
( ) É um processo mais rápido onde as
peças permanecem no banho por duas ou

32
três horas numa temperatura que varia en-
tre 500◦ C e 580◦ C.

( ) Neste processo a temperatura deve


está entre 930◦ C e 950◦ C, e, seus principais
elementos fundentes são os sais a base de
cianeto de carbono.

( ) É um processo demorado, variando de


quarenta a noventa horas, e a temperatura
conviniente para esse trabalho varia entre
500◦ C e 530◦ C.

( ) Neste tratamento as peças são coloca-


das numa caixa de aço contendo substâncias
rica em carbono, como carvão de lenha, co-
que e carbonato de cálcio, a uma tempera-
tura de aproximadamente 930◦ C.

( ) É um processo mais eficiente dos tra-


tamentos superficiais por apresentar maior
uniformidade nas peças tratadas e maior eco-
nomia de energia.

Questão 12. A expressão o sal se fun-


de a 650◦ C, faz referência a qual tipo de
tratamento térmico?

(a) ( ) Carbonitretação;
(b) ( ) Cementação gasosa;
(c) ( ) Nitretação em banho de sal;
(d) ( ) Cementacão lı́quida;
(e) ( ) Nitretação gasosa.

33
Capı́tulo 6

Endurecimento de superfı́cies
metálicas

Ao observarmos uma grande engrenagem É um tratamento rápido, aplicado geral-


em funcionamento, reparamos que seus den- mente em peças que, pela sua forma e di-
tes sofrem grandes desgastes e fortes com- mensões, são impossı́veis de temperar intei-
pressões. Portanto, precisam de dureza e ramente, ou, quando se deseja alta dureza e
resistência ao desgaste. alta resistência ao desgaste superficiais, ali-
adas com boa ductibilidade e tenacidade no
núcleo das peças.
6.1 Um problema Em função da fonte de aquecimento, a
têmpera superficial pode ser realizado por
Como proceder para o aço obter essas pro- dois processos:
priedades? Se o núcleo da engrenagem não
• Têmpera por chama;
for tenaz e dúctil, não suportará o esforço,
podendo trincar. • Têmpera por indução;

No endurecimento por meio de têmpera,


o aço adquire dureza e resistência. Porém,
ficam reduzidas sua ductilidade e tenacidade.
Além disso, o aço apresenta tensões inter-
6.3 Têmpera por chama
nas. É necessário, portanto, endurecer ape-
nas a superfı́cie do aço, deixando seu núcleo Para que a têmpera por chama apresente
dúctil e tenaz. Para isso, é preciso uma bom resultado é necessário que o material
têmpera superficial. passe, antes, por um tratamento de norma-
lização. Assim, a peça terá uma granulação
fina (grãos pequenos) e ficará homogênea.
6.2 Têmpera superficial
Aplica-se este tratamento geralmente, em
peças de grande dimensão ou de formato
Os processos usuais de têmpera superficial complexo, que não podem ser temperadas
são desenvolvidos por chama ou por indução. em forno de câmara ou em banho de sal.

A Têmpera Superficial tem por finali- A principal caracterı́stica desse tratamento


dade produzir um endurecimento superficial é que o aquecimento se faz com maçarico
da peça, pela obtenção da martensita ape- oxiacetilênico com chama semicarburante.
nas na camada externa do aço. A temperatura deve ficar acima da zona crı́tica.

34
Após o aquecimento, a peça é resfriada por
jato d’água ou por imersão em óleo.

Através de um ensaio de dureza, pode-


mos verificar uma grande diferença de du-
reza entre a superfı́cie e o núcleo. Também
distinguimos, a olho nu, as duas regiões em
estudo após polimento e ataque quı́mico: a
região temperada é escura e a não tempe-
rada é clara. Figura 6.2: Método Progressivo

A têmpera superficial pode ser feita pe- positivo semelhante a um torno, neste caso,
los seguintes métodos: estacionário, progres- a peça a ser endurecida superficialmente é
sivo ou combinado. colocada entre as pontas do torno, a torcha
de oxiacetileno e o jato d’água são colocados
no carro do torno.
6.4 Método estacionário
O método estacionário consiste em apli- A torcha é dimensionada de acordo com
car a chama na peça, até que ela alcance a extensão da superficie a ser tratada, aquece
uma temperatura de cerca de 800o C. sucessivamente a peça que gira com veloci-
dade determinada.
A chama move-se sobre a área que será
endurecida. O resfriamento é imediato na 6.6 Método Combinado
água ou no óleo. Todo o processo é manual.
Neste método, a peça e o maçarico movem-
se simultaneamente. Este método requer o
uso de máquinas ou dispositivos especiais. É
aplicado, geralmente, em peças cilı́ndricas e
de grande tamanho.

Figura 6.1: Método estacionário

6.5 Método Progressivo


Figura 6.3: Método Combinado
No método progressivo, a peça se move e
o maçarico permanece fixo. O resfriamento
é feito logo após a chama ter aquecido a su- A dureza final obtida varia de 53 a 62
perfı́cie da peça. Rockwell C. A espessura da camada endu-
recida pode atingir até 10mm, dependendo
O meio mais simples para temperar por da composição do aço e da velocidade de
chama é aquele em que se utiliza um dis- deslocamento da chama.

35
6.7 Têmpera por indução crı́tica. Imediatamente após o aquecimento,
a peça é resfriada por jatos de água ou de
óleo. Na superfı́cie, forma-se martensita.
Basea-se no princı́pio da indução eletro-
magnética. Segundo esse princı́pio, um
condutor de eletricidade (no caso, a peça
metálica que será aquecida) é colocado sob
a ação de um campo eletromagnético e de-
senvolve uma corrente elétrica induzida.

O aquecimento é feito por meio da cor-


rente que circula através da peça e da re-
sistência que o material oferece à sua passa-
gem.

Basicamente, uma unidade para aqueci-


Figura 6.5: Aquecedor indutivo
mento indutivo compõe-se de um aparelho
de alta freqüência e de uma bobina de traba-
lho. A bobina é feita de tubo fino de cobre, Após a têmpera superficial, é necessário
com uma ou mais espiras, e toma a forma revenir a camada endurecida. O revenimento
da área da peça que se deseja aquecer. pode ser feito, também, com aquecimento
por indução, seguido de resfriamento lento.

A vantagem da têmpera por indução é


que ela permite um controle bastante pre-
ciso da profundidade da camada que recebe
o tratamento. Portanto, trata-se de um pro-
cesso mais preciso e seguro do que o da têmpera
por chama. É largamente empregado na
fabricação de peças de grande responsabi-
Figura 6.4: Tipos de bobina
lidade, como eixos e engrenagens.

A freqüência da corrente alternada, apli- Teste sua aprendizagem.


cada à bobina de trabalho, influi no grau de
aquecimento. Exercı́cios - 6:
Por exemplo: alta freqüência, pequena
profundidade; baixa freqüência, grande pro- Marque com X a resposta correta.
fundidade.
Na prática, emprega-se a freqüência de Questão 1. A finalidade da têmpera super-
450 Khz na maioria das aplicações. ficial é:
A peça é colocada dentro de uma bobina
em que circula uma corrente elétrica de alta (a) ( ) dar ductilidade ao aço;
freqüência. Dentro da bobina indutora, é (b) ( ) aliviar tensões;
gerado um forte campo eletromagnético. A (c) ( ) aumentar a resistência à corrosão;
resistência que a peça oferece à passagem
(d) ( ) dar dureza superficial ao aço.
desse campo provoca o aquecimento da su-
perfı́cie até uma temperatura acima da zona

36
Questão 2. Após sofrer tratamento de têm- Questão 7. Quais são os métodos da têmpera
superficial?
pera superficial, a região central da peça
apresenta a caracterı́stica de:
Questão 8. Quais os processos de têmpera
(a) ( ) dureza; superficial?
(b) ( ) ductibilidade;
(c) ( ) tensão;
Questão 9. O que é necessário para que a
(d) ( ) resistência. têmpera por chama apresente um bom re-
sultado?
Questão 3. O aquecimento por chama é em-
pregado no tratamento de:
Questão 10. Como é feito o aparelho in-
dutivo de alta frequência?
(a) ( ) peças delicadas;
(b) ( ) peças de grande tamanho;
(c) ( ) materiais tóxicos; Questão 11. Como é o processo de aque-
(d) ( ) materiais flexı́veis. cimento eletromagnético?

Questão 4. O aquecimento indutivo baseia- Questão 12. O que ocorre nas proprieda-
se no princı́pio da indução: des mecânicas do aço quando ele é endure-
cido totalmente por meio da têmpera?
(a) ( ) elétrica;
(b) ( ) eletrônica;
(c) ( ) eletromagnética; Questão 13. Cite os principais tipos de peças
onde podemos aplicar o processo de têmpera
(d) ( ) eletroquı́mica. por indução?

Questão 5. Para o aquecimento indutivo,


são necessários: Questão 14. Onde é aplicado o método com-
binado?
(a) ( ) aparelho de alta freqüência e bo-
bina;
Questão 15. Como pode ser feito o reve-
(b) ( ) bobina e aparelho de freqüência
nimento após a têmpera superficial?
reduzida;
(c) ( ) aparelho de baixa freqüência;
(d) ( ) gerador de voltagem. Questão 16. Descreva o processo de têmpera
superficial?
Questão 6. Qual a principal caracterı́stica
da têmpera por chama?
Questão 17. Qual a vantagem da têmpera
por indução?

37
Questão 18. Sobre o tratamento térmico ( ) Ocasiona enriquecimento de carbono
de têmpera e revenimento, considere as se- na superfı́cie do aço.
guintes afirmativas:
( ) Aplicado em aço contendo Alumı́nio,
I. O meio de resfriamento a ser utilizado de- Vanádio e Cromo, visa obter elevada dureza
pende da temperabilidade do material e da superficial
dureza a ser alcançada na peça.
( ) Ocasiona aumento de dureza e tena-
II. O revenimento deve ser realizado logo cidade em todo o material.
após a têmpera.

III. A temperatura de austenitização fica Questão 20. O revenimento realizado nos


sempre abaixo de 750 o C, para qualquer tipo aços carbono temperados contendo 100% de
de aço. martensita serve para:
IV. A têmpera realizada em água ocasiona (a) ( ) Desempenar as peças que tenham
menor distorção na peça do que a têmpera sofrido grandes distorção.
realizada em óleo. (b) ( ) Baixar a dureza, transformando
a martensita em perlita.
Assinale a alternativa correta. (c) ( ) Reduzir a fragilidade da marten-
sita, transformando-a em martensita re-
(a) Somente a afirmativa III é verdadeira. venida.
(b) Somente as afirmativas I e II são ver- (d) ( ) Aumentar a dureza do aço, trans-
dadeiras. formando a martensita em bainita.
(c) Somente as afirmativas I e III são ver- (e) ( ) Manter a dureza da martensita,
dadeiras. mas melhorar a ductilidade do mate-
(d) Somente as afirmativas II, III e IV são rial.
verdadeiras.
(e) As afirmativas I,II,III e IV são verda-
Questão 21. Assinale a alternativa que NÃO
deiras.
se aplica ao tratamento térmico de recozi-
mento.
Questão 19. Relacionane os tratamentos
térmicos aplicados a aços com as respectivas (a) Deve ser realizado utilizando- se um forno.
finalidades.
(b) É recomendado para peças fundidas, prin-
cipalmente de aço, para refinar a es-
(a) Têmpera e revenimento. trutura grosseira decorrente da solidi-
(b) Normalização. ficação.
(c) Recozimento. (c) Para aços carbono pode- se aplicar o
(d) Cementação. recozimento de esferoidização, que oca-
(e) Nitretação. siona a mudança de morfologia da ce-
mentita lamelar para cementita esferoi-
dal.
( ) Provoca a austenitização do aço.
(d) Caso seja aplicado a um aço carbono
temperado e revenido, a dureza cairá
( ) Resulta na maior dureza do aço e au-
significativamente.
mento de sua resiliência.

38
(e) Para um mesmo aço carbono, o recozi- 2. Provocar modificações estruturais muito
mento acarretará sempre maior tensão intensas, que levam a um grande aumento
de escoamento e menor dutilidade do da dureza, da resistência ao desgaste, da re-
aço em relação ao tratamento térmico sistência a trações uma diminuição apreciável
de normalização. da ductilidade.

3. Melhorar a ductilidade de aços tempe-


Questão 22. Você preparou uma amostra rados, reduzindo os valores de dureza e re-
de um aço baixo carbono recozido para ser sistência à tração e, ao mesmo tempo, ali-
observada num microscópio ótico metalográ- viar ou eliminar as tensões internas.

fico. Assinale a alternativa que apresenta 4. Obter, ao final do processo, em aços de


os micro constituintes presentes nessa mi- alta liga, uma fase martensita com unifor-
croestrutura midade de grãos.

(a) ( ) Martensita e austenita retida. 5. Produzir, em aços de alto teor de car-


bono, uma estrutura tenaz bainı́tica.
(b) ( ) Martensita e bainita.
(c) ( ) Perlita e cementita proeutetoide. A - Revenimento.
(d) ( ) Perlita e ferrita proeutetoide.
B - Martêmpera.
(e) ( ) Bainita e austenita retida.
C - Têmpera.
Questão 23. Através de tratamentos tér-
micos, muda-se a microestrutura de aços, D - Normalização.
adequando o seu uso para aplicações especı́fi-
E - Austêmpera.
cas.
Relacione cada tipo de tratamento térmico
Assim, podemos dizer que o tratamento tér- ao seu respectivo objetivo.
mico da austêmpera, produz ao final do
tratamento à: (a) 1A, 2C, 3D, 4B, 5E.
(b) 1D, 2C, 3A, 4E, 5B.
(a) ( ) Martensita. (c) 1E, 2C, 3A, 4B, 5D.
(b) ( ) Cementita. (d) 1D, 2C, 3A, 4B, 5E.
(c) ( ) Bainita.
(d) ( ) Perlita.

Questão 24. De modo geral, os tratamen-


tos térmicos abaixo, são usados para mudar
as propriedades mecânicas e as microestru-
turas dos materiais.

1. Refinar e homogeinizar a estrutura do aço


conferindo boas propriedades mecânicas.

39
Capı́tulo 7

Pirometria

7.1 Um problema contudo, fundi-lo. Portanto, uma vez de-


finida a temperatura de tratamento, vamos
Quando e por que é necessário medir a tem- à oficina e ligamos o forno. Verificamos que
peratura durante um tratamento térmico? o pirômetro, além de ligar o equipamento,
Em várias atividades, as medições de tem- mede as variações térmicas em seu interior.
peratura são necessárias e devem ser cons-
tantes, como acontece na culinária, na saúde, O pirômetro- é uma espécie de termômetro
no artesanato, na metalurgia. que mede temperaturas elevadas. O pirômetro
classifica-se em dois grupos: um que mantém
Os efeitos da variação de temperatura uma de suas partes no interior do forno, por-
provocam alterações internas nos materiais, tanto em contato com o meio; e outro que
modificando suas propriedades. Por isso, faz a medição à distância.
é necessário um rigoroso controle da tem-
peratura durante o processo de tratamento O primeiro grupo é conhecido como pirôme-
térmico.
tro termoelétrico e o segundo grupo é
7.2 Conceitos conhecido como pirômetro óptico e de ra-
diação.
Para melhor entendimento, vamos examinar
os conceitos de temperatura e calor. A escala de pirômetros corresponde a um
conjunto de valores numéricos, sendo que
cada um desses valores está associado a uma
7.3 Temperatura temperatura. Esse equipamento pode ter
sua escala em graus Celsius ou em graus
Grandeza fı́sica que indica o estado de agita- Fahrenheit. Usamos a fórmula abaixo para
ção das partı́culas de um corpo e seu nı́vel passar de uma escala a outra:
térmico. A agitação das partı́culas aumenta
à medida que o corpo vai ficando mais quente.
C F − 32
=
7.4 Calor 5 9

Energia térmica que flui entre dois corpos 7.5 Pirômetro termoelétrico
ou sistemas que apresentam temperaturas
diferentes. Quando dois fios de metais ou ligas diferen-
tes estão soldados entre si por uma de suas
Vimos que, para mexer na estrutura cris- extremidades, surge uma diferença de po-
talina do aço, precisamos aquecê-lo, sem, tencial entre as duas outras extremidades
livres quando as extremidades soldadas so-

40
frem o aquecimento. Os fios, assim solda-
dos, denominam-se par termoelétrico.

Figura 7.2: Pirômetro ótico


Figura 7.1: Termopar
A verificação da temperatura consiste em
comparar o brilho do filamento incandes-
Devem-se empregar, portanto, fios de me- cente de uma lâmpada com o brilho do aço
tais ou ligas que proporcionem uma grande aquecido acima de 700o C.
diferença de potencial, a fim de facilitar a
medida da temperatura. O quadro, a seguir, A figura mostra, esquematicamente, o pirôme-
mostra os pares termoelétricos mais usados
em pirometria. tro óptico de desaparecimento do filamento.
Par termelétrico Faixa de Uso
Para usá-lo, deve-se ajustar a ocular de modo
1- Pt - Pt Rh
2- Fe - constantan
0 − 1500◦ C
0 − 980◦ C
que o filamento da lâmpada fique em foco.
3- Cu - Constantan 200 − 350◦ Ccromo alumel A seguir, focaliza-se o aço, ajustando a obje-
tiva na temperatura que será determinada.
Composição Quı́mica Com auxı́lio do reostato, faz-se coincidir o
• Platina- Platina 90% e ródio 10% brilho do filamento com o objeto enfocado,
e lê-se o valor da temperatura.
• Ferro - constant cobre nı́quel
• cobre - constantan cobre nı́quel Os pirômetros ópticos servem para medir
cromo alumel 200−1300◦ C alumel, ni- temperaturas de 700◦ a 2.000o C. Abaixo de
quel, manganen aluminio e silicio 700o C, tornam-se inúteis, pois a luz emitida
pelo aço não é suficientemente visı́vel para
7.6 Pirômetro óptico e de ra- a medição.
diação Os pirômetros de radiação medem a tempe-
ratura do corpo a partir da intensidade da
Muitas vezes, o operador de forno precisa radiação que ele emite.
verificar a temperatura do material no es-
tado lı́quido (como, por exemplo, o ferro- Diferem dos pirômetros ópticos porque con-
gusa), antes ou após ocorrido (vazamento). seguem captar tanto a energia radiante visı́vel
quanto as radiações não visı́veis.
A medida da temperatura deve ser feita sem Durante o uso do pirômetro óptico ou de
contato com o banho. Portanto, o pirômetro radiação, deve-se considerar a possibilidade
óptico é o instrumento mais indicado.

41
(a) ( ) termômetro;
(b) ( ) potenciômetro;
(c) ( ) pirômetro;
(d) ( ) gasômetro.

Questão 4. Para medir temperaturas de 700o C


a 2.000o C de material em estado lı́quido,
usa-se:

(a) ( ) pirômetro óptico;


(b) ( ) termômetro;
(c) ( ) pirômetro termoelétrico;
(d) ( ) pluviômetro.

Figura 7.3: Pirômetro Ótico


Questão 5. Para medir temperaturas a par-
tir de radiações emitidas por um corpo, usa-
de erros devido a vários fatores que inter- se o pirômetro:
ferem na observação: a luz do ambiente, a
casca de óxido que se forma no material, ou
(a) ( ) óptico;
a escória, no caso de material lı́quido.
(b) ( ) termoelétrico;
Teste sua aprendizagem. (c) ( ) de radiação;
Exercı́cios - 7: (d) ( ) termodinâmico.

Marque com X a resposta correta.

Questão 1. É necessário medir temperatu-


ras durante um tratamento térmico porque
elas sofrem:

(a) ( ) quedas;
(b) ( ) variações;
(c) ( ) elevações;
(d) ( ) resfriamento.

Questão 2. À medida que um corpo vai fi-


cando quente, ocorre:

(a) ( ) endurecimento das partı́culas;


(b) ( ) redução da agitação das partı́culas;
(c) ( ) precipitação das partı́culas;
(d) ( ) aumento da agitação das partı́culas.

Questão 3. Para medir temperatura eleva-


da de aço, usa-se:

42
Capı́tulo 8

Novas tendências

8.1 Um problema 8.3 Têmpera a vácuo


Com a têmpera a vácuo, a superfı́cie das
A descrição feita até aqui dos processos e peças ficam isentas de reações superficiais
dos equipamentos de tratamento térmico são danosas que ocorrem no tratamento térmico
passı́veis de contı́nuas modificações, para se- com banhos de sais. O vácuo reduz, também,
rem aperfeiçoados de acordo com o desen- a presença de qualquer impureza. O oxigênio
volvimento de novas tecnologias. restante reage ao grafite presente no sistema
de aquecimento e de isolação térmica, e forma
O avanço tecnológico, portanto, exige cons- monóxido de carbono (CO), que é elimi-
tante atualização teórica e prática na área nado.
de tratamento térmico. Essa atualização,
por sua vez, requer conhecimento das novas O vácuo consiste num espaço vazio, sem ga-
tendências no campo da mecânica, em espe- ses, vapores ou partı́culas, sem a presença
cial, na área de tratamento de materiais. de pressão atmosférica que, ao nı́vel do mar
(altitude zero) é de 760mmHg, correspon-
Tal avanço tecnológico, resultado de muita dente a 1 bar.
pesquisa, é próprio de qualquer nação que
investe no futuro. Com o desenvolvimento O processo de têmpera a vácuo se desen-
tecnológico obtém-se melhoria de processos volve num forno-câmara com temperatura
e formas de tratamento térmico, de modo de até 1.350o C e com vácuo de até 10−5
que os materiais passem a apresentar no- mbar. Adiciona-se um gás inerte para pu-
vas propriedades, com qualidade. Cada vez rificar o meio ambiente. O resfriamento da
mais utiliza-se a energia elétrica para os tra- carga é feito com nitrogênio, podendo-se al-
balhos e procura-se preservar o meio ambi- cançar pressões de até 10 bar (pressão posi-
ente. tiva). Todos os comandos do forno são con-
trolados por microcomputador.
8.2 Tratamento térmico a vá- O tratamento térmico em forno a vácuo é
cuo e de nitretação a plasma indicado para temperar aços rápidos, aços
para trabalho a frio ou a quente e aços ino-
No final da década de 1970, surgiu o trata- xidáveis martensı́ticos.
mento térmico a vácuo, chamado têmpera
a vácuo, que passou a ser bastante usado Uma das caracterı́sticas do forno a vácuo é
devido à possibilidade que oferece de redu- que ele é intermitente e, portanto, está sem-
zir os problemas de distorção e de descarbo- pre pronto para o uso. Assim, ao encerrar
netação, ocorrências comuns no emprego de um ciclo, o forno é desligado, a carga é reti-
outros processos. rada, e pode-se reiniciar um novo ciclo com

43
Figura 8.1: Forno a vácuo. Figura 8.2: Esquema do equipamento de ni-
tretação a plasma
nova carga.
injeta-se o gás de tratamento (Ar , H2 , CH4 ,
N2 , ou ar) em pressão baixa. O processo
8.4 Nitretação a plasma ocorre numa temperatura de 380o C a 650o C.
De acordo com a mistura de gás, podemos
nitretar, nitrocarbonetar ou oxinitrocarbo-
A nitretação a plasma é um novo processo
netar, conforme indica o quadro:
que vem atender, com melhor eficiência, às
inúmeras aplicações industriais em produ-
tos de aço, ferro fundido e ferro sintetizado. Mistura
Nitrogênio e Hidrogênio
Ponto Final
Nitrato
Tem como caracterı́stica principal a forma- Nitrogênio, Hidrogênio e metano
Nitrogênio, Hidrogênio, metano e ar
Nitrocarbonetado
oxinitrocarbonetado
ção de uma camada nitretada, de espessura
e composição definidas, que não ocorre com
Um programa de computador controla e mo-
outros processos de nitretação.
nitora os parâmetros do processo, como pressão,
tempo, temperatura, tensão, corrente e com-
O plasma pode ser descrito como uma mis-
posição dos gases.
tura de partı́culas neutras, positivas e ne-
gativas (átomos, moléculas, ı́ons, elétrons)
A nitretação a plasma é aplicada em matriz
num campo elétrico. O plasma é,pois, o
de injeção para plástico, matriz para con-
meio de transporte do nitrogênio que torna
formação a frio, engrenagens, anéis, virabre-
possı́vel a nitretação.
quins etc.
O tratamento consiste em submeter uma mis-
Além de ser realizado em baixa temperatura
tura de gases, num ambiente de vácuo, a
(360o C a 650o C), o processo permite contro-
uma tensão elétrica formada entre as peças,
lar a espessura e a composição da camada
que constituem o pólo negativo (o cátodo),
de compostos, o que constitui uma das suas
e a parede da retorta, que constitui o pólo
principais vantagens.
positivo (o ânodo).
As peças são primeiramente temperadas e
revenidas como na nitretação normal, e re-
tificadas. A seguir, passam por uma boa Teste sua aprendizagem.
limpeza. Já no forno, forma-se o vácuo e Exercı́cios - 8:

44
Marque com X a resposta correta. Questão 6. A principal vantagem do pro-
cesso a plasma é:
Questão 1. Entende-se por vácuo:
(a) ( ) limpeza dos processos;
(a) ( ) presença de pressão; (b) ( ) controle da espessura e da com-
(b) ( ) ausência de potência; posição da camada;
(c) ( ) ausência de oxigênio; (c) ( ) velocidade;
(d) ( ) pressão atmosfera igual a zero (d) ( ) pouco consumo de sal.
(nula).
Questão 7. A têmpera à vácuo possibilita
reduzir os problemas de:
Questão 2. No processo de têmpera, cria-
se vácuo de até:
(a) ( ) solidificação;
(a) ( ) 1 bar;
(b) ( ) distorção e descarbonetação;
(b) ( ) 0,1 bar;
(c) ( ) tensões internas;
(c) ( ) 10−5 mbar;
(d) ( ) escoamento do aço.
(d) ( ) 10 bar.
Questão 8. Qual a principal função do vácuo?
Questão 3. O processo de têmpera a vácuo
é aplicado em aços: (a) ( ) reduzir o grafite;
(b) ( ) reduzir a presença de qualquer
(a) ( ) para trilho; impureza;
(b) ( ) aços especiais; (c) ( ) aumentar a quantidade de sal con-
(c) ( ) ao manganês; tido na reação.
(d) ( ) inoxidáveis ferrı́ticos. (d) ( ) aumentar o tempo de reação.

Questão 4. Na nitretação a plasma, a ten- Questão 9. O tratamento térmico à vácuo


são elétrica se forma entre: é indicado para quais tipos de materiais?

(a) ( ) a peça e os gases inertes; (a) ( ) Aço austenistico.


(b) ( ) os gases inertes e a parede da (b) ( ) Aço rápido.
retorta; (c) ( ) Aço inoxidável martensı́tico.
(c) ( ) a peça e a parede da retorta; (d) ( ) Qualquer tipo de material.
(d) ( ) a parede da retorta e as resistên-
cias. Questão 10. Qual a principal caracterı́stica
da nitretação a plasma?
Questão 5. Para a realização da nitrocar-
bonetação, misturamos gases de:
Questão 11. Defina nitretação a plasma?
(a) ( ) N2 , H2 e ar;
(b) ( ) H2 , ar e Ch4 ;
Questão 12. Cite 4 tipos de aplicação do
(c) ( ) ar, CH4 e N2 ; processo de nitretacão a plasma?
(d) ( ) N2 , H2 e CH4 .

45
Questão 13. No processo de tratamento
térmico à plasma, a mistura tem função fun-
damental, dela depende vários processos que
são influênciados pela composição da mis-
tura do gás. De acordo com a mistura
do gas podemos realizar quais proces-
sos?

(a) ( ) Nitretacão.
(b) ( ) Cementação.
(c) ( ) Nitrocarbonetação.
(d) ( ) Oxinitrocarbonetação.

46
Capı́tulo 9

Equipamentos

9.1 Um problema 9.2 Equipamentos de laborató-

Além de conhecer as propriedades dos mate- rio


riais e os processos de trabalho, um bom tra-
tamento térmico requer equipamentos ade-
quados à sua realização. Isso significa equi- As escolas técnicas, o SENAI e as universi-
dades têm em seus laboratórios uma quanti-
pamentos modernos e em boas condições de
dade variada de estufas e fornos para serem
funcionamento, decorrentes de manutenção
periódica. manipulados pelos alunos. São equipamen-
tos de fácil operação, seguros e de manu-
Encontramos equipamentos de tratamento tenção econômica. Com um par de luvas,
térmico em laboratórios, oficinas e instala- protetor facial e uma tenaz, temos acesso à
ções industriais. Sua fonte de aquecimento câmara ou ao cadinho, carregando ou des-
provém do óleo, do gás, ou da energia elétrica. carregando o material.
Os fornos, de modo geral, são de fácil ma- Veja, a seguir, a descrição de alguns equipa-
nipulação. Quando bem operados e assis- mentos.
tidos com manutenção periódica, têm sua
vida útil prolongada.
Ao usar um simples forno de câmara, em sua
escola, o estudante estará aplicando concei-
tos teóricos e práticos. A indústria, que
tem por objetivo investir em qualidade e
preço, já parte para os modernos fornos a
vácuo. Assim, de um simples forno manipu-
lado diretamente, ao forno mais complexo,
comandado por um programa de computa-
dor, sempre obtemos resultados semelhan-
tes.

Figura 9.1: Estufa

Estufa - trata-se de um modelo com aque-


cimento elétrico, para temperaturas de até

47
300o C. Tem aplicações no desenvolvimento Todos os modelos têm uma carcaça cons-
de processos que exigem baixa temperatura truı́da com chapas de aço-carbono, com es-
como, por exemplo, no revenimento. pessura variada. O isolamento da carcaça
pode ser feito com lã de rocha ou com ma-
• Forno de câmara com circulação de terial cerâmico refratário, assegurando que
ar- modelo com aquecimento elétrico, o forno preserve o calor com um mı́nimo
para temperaturas de até 1.300o C. Usado de perda. Ao se abrirem as portas, os cir-
em diversos tratamentos térmicos. cuitos de resistência desligam-se automati-
camente, o que permite efetuar, com segu-
rança, operações de carga e descarga.

9.3 Equipamentos de oficinas


ou industriais

A empresa prestadora de serviço procura se


servir de diferentes meios de trabalho para
realizar o tratamento térmico. Mas a produção
e a satisfação do cliente são alcançados de
acordo com a disponibilidade econômica.
Em oficinas ou indústrias, são utilizados os
seguintes modelos de fornos:
Figura 9.2: Forno de Câmara com Circulação
de ar • com atmosfera controlada, protetora e/ou
ativa;
• Forno de câmara com porta versátil • banhos de sal;
- quando aberta, serve de plataforma de • a vácuo;
trabalho. É prático e seguro. • de câmara sem atmosfera protetora.

Fornos com atmosfera controlada, protetora


e/ou ativa.
Esses fornos apresentam-se em três mode-
los: tipo de câmara, poço e contı́nuo. Fun-
cionam com gás inerte e/ou ativo.
Os fornos de câmara, automáticos, apresen-
tam diversos acessórios em seu interior, o
que permite que seu operador comande todo
o tratamento por meio de um controlador
instalado num painel externo.
Externamente, um carro de transferência car-
rega e descarrega o forno, e leva a carga para
outro local. Desloca-se sobre trilhos, trans-
versalmente, à frente da linha de fornos.
Figura 9.3: Forno de Camara com Porta
Versátil Esse forno é indicado para tratamento de
cementação, carbonitretação e têmpera.

48
em banho de sal.

Figura 9.4: Esquema do equipamento de ni-


tretação a plasma Figura 9.5: Forno á Vácuo

O forno tipo poço é usado para trata-


mento de peças volumosas ou engrenagens.
Dispensa as instalações caras do forno ante- 9.5 Fornos a vácuo
rior. Para resfriar a carga, necessita de um
O vácuo é o melhor recurso para evitar oxidação,
tanque de resfriamento a parte.
uma vez que há ausência de atmosfera. O
No forno de modelo contı́nuo, o mate- modelo de câmara é o mais indicado para o
rial é acomodado em um transporte, que tratamento térmico. Cria-se o vácuo, e um
pode ser uma esteira. O transportador con- programa de computador comanda todo o
duz a peça através do forno com velocidade tratamento. Tem ampla aplicação no trata-
pré-determinada. No final do percurso, as mento de aços especiais.
peças são mergulhadas em óleo, para se fa-
zer a têmpera. Outra esteira retira as peças
do óleo e as conduz para outro forno, onde
serão revenidas.

9.4 Fornos de banhos de sal

Os fornos de banhos de sal têm grande


aplicação no tratamento de cementação e
têmpera dos aços. Requerem aquecimento
com resistências elétricas ou com queima-
dor a gás ou óleo. Sua limitação está no
diâmetro do cadinho, que pode variar de
220 a 700mm. Ou seja, peças volumosas ou Figura 9.6: Forno Elétrico para Nitretação em
grandes não podem ser submetidas a trata- banho de Sal
mento em banho de sal.
Forno elétrico de cadinho para nitretação

49
Questão 3. Para secar materiais e manter
eletrodos, usa-se:
(a) ( ) forno elétrico;
(b) ( ) estufa;
(c) ( ) banho de sal;
(d) ( ) forno de câmara.

Questão 4. O forno com aquecimento elétrico,


com temperatura de até 1.300o C, denomina-
se:
(a) ( ) forno de câmara com circulação
Figura 9.7: Esquema do equipamento de ni-
de ar;
tretação a plasma
(b) ( ) forno a gás;
(c) ( ) estufa para secagem;
9.6 Forno de câmara sem at- (d) ( ) estufa elétrica.
mosfera protetora
Questão 5. Os fornos têm uma carcaça de
A indústria de fornos tem uma linha de for- chapa de:
nos fora da produção em série que procura
atender às necessidades especı́ficas dos cli- (a) ( ) aço;
entes. Peças de grandes dimensões reque- (b) ( ) aço carbono;
rem fornos com grandes câmaras, além de (c) ( ) tijolo;
um sistema de transporte em trilho para (d) ( ) cobre.
carregar e descarregar o forno.
Questão 6. O isolamento da carcaça pode
Teste sua aprendizagem. ser feito com lã de rocha ou material:
Exercı́cios - 9:
(a) ( ) ferroso;
Marque com X a resposta correta. (b) ( ) cerâmico refratário;
(c) ( ) platinado;
Questão 1. Para prolongar a vida útil dos
(d) ( ) plástico.
fornos, é necessário que eles sejam submeti-
dos a: Questão 7. Os fornos com atmosfera con-
(a) ( ) aquecimento contı́nuo; trolada (a gás) podem ser dos tipos:
(b) ( ) resfriamento esporádico; (a) ( ) tanques, poço, contı́nuo;
(c) ( ) manutenção periódica; (b) ( ) contı́nuo, câmara, tambor;
(d) ( ) lavagem com água. (c) ( ) poço, tanque, câmara;
(d) ( ) câmara, contı́nuo, poço.
Questão 2. São considerados modernos os
fornos: Questão 8. Para tratamento de cementação
(a) ( ) de cerâmica; e têmpera de aço, usa-se forno:
(b) ( ) úmidos; (a) ( ) contı́nuo;
(c) ( ) de câmara; (b) ( ) poço;
(d) ( ) a vácuo. (c) ( ) de banho de sal;
(d) ( ) de câmara.

50
Questão 9. Quais os tipo de forno que são
utilizados nas industrias e oficinas?

Questão 10. Para que serve o forno tipo


poço?

Questão 11. Todos os modelos tem carcaça


construı́das com chapa de aço carbono com
espessura variada, de acordo com esta de-
finição marque a alternativa correta.

(a) ( ) Estufa.
(b) ( ) Forno de câmara com circulação
de ar.
(c) ( ) Forno de câmara com porta ver-
satil.
(d) ( ) Forno do tipo banho de sal.

Questão 12. Quais os EP’s usado pelo ope-


rador ao manusear o forno?

Questão 13. Fornos com atmosfera contro-


lada, protetora e/ou ativa apresentam-se em
três modelos, quais são eles?

Questão 14. De onde vem a fonte de aque-


cimento dos equipamentos de tratamento tér-

mico?

Questão 15. Qual o melhor tipo de forno


para evitar a oxidação?

51
Capı́tulo 10

Tratamento de resı́duos de sais e


efluentes lı́quidos

Um problema paradamente, conforme o grupo a que per-


tencem. Por exemplo:
Após acumular determinada quantidade de
resı́duos de sais no fundo da empresa, em Grupo I - cianetos, bário etc.,
área desprotegida, uma empresa foi denun-
ciada. O fiscal da Secretaria do Meio Am- Grupo II - nitritos, nitratos, soda cáustica
biente, em sua visita, mostrou o perigo dos na forma de grânulos ou pedaços, com di-
resı́duos para o meio ambiente e orientou a mensão de até 10 cm.
maneira como eles deveriam ser acondicio-
nados. Os resı́duos devem estar livres de arames,
peças metálicas e qualquer outro tipo de
O tratamento dos resı́duos de sais e efluentes material.
lı́quidos é assunto desta aula.
A separação dos resı́duos vai facilitar um fu-
Resı́duos de sais turo tratamento e proporcionar segurança
durante o armazenamento.
A norma brasileira NBR 10004, da ABNT,
classifica os sais de têmpera como resı́duos Recomenda-se o acondicionamento em tam-
de classe I, que são perigosos. Não podem, bores de aço, secos com capacidade de 200
portanto, ser jogados no solo ou na água. litros. A carga precisa ser ensacada em plástico
Além disso, requerem tratamento especial. e colocada no tambor. Este deverá ser tam-
pado e cintado, e conter dispositivo de se-
Se não se dispuser de uma unidade de tra- gurança para evitar abertura acidental. As
tamento de neutralização dos sais usados, é tampas não devem ser soldadas ao tambor.
necessário que eles sejam armazenados tem-
porariamente. A identificação deve ser feita na parte ex-
terna do tambor, com letras de 2,5 cm de al-
Os sais e seus resı́duos devem ser estocados tura. As letras devem ser escritas com tinta
em tambores fechados e em boas condições. a óleo. Na identificação, deve ficar claro se
os resı́duos são do grupo I ou II, o nome da
Nos tambores, deve haver identificação firma e o peso lı́quido. Os tambores devem
do conteúdo e da sua procedência. ser pintados de vermelho com inscrições em
cor branca para resı́duos do grupo I, e de
Os resı́duos sólidos e secos, provenientes dos amarelo com inscrições em cor preta para
diversos sais, devem ser acondicionados se- resı́duos do grupo II.

52
A área de armazenamento precisa ser co- 10.4 Efluentes lı́quidos ácidos
berta, bem ventilada, e seu piso deve ter e básicos
uma base de concreto ou outro material que
impeça a infiltração das substâncias no solo. São coletados e remetidos à ETE, separada-
Há necessidade, ainda, de um sistema de mente. Essa medida é necessária para evitar
drenagem e de captação de lı́quidos para um a reação dos ácidos entre si, formando pro-
tanque. dutos gasosos tóxicos como, por exemplo, o
gás cianı́drico.

O processo de tratamento inicia-se com a


10.1 Efluentes lı́quidos
oxidação dos cianetos contidos nos efluentes.
Uma vez eliminado o cianeto, o efluente al-
Os efluentes lı́quidos, provenientes dos pro- calino é neutralizado pelo efluente ácido até
cessos de tratamento térmico e/ou termoquı́- um pH que pode variar de 8 a 9. Nesta
etapa, ocorre precipitação de ı́ons de ferro,
mico de metais, passam por uma Estação provenientes das peças metálicas submeti-
de Tratamento de Efluentes (ETE). De- das a operações de decapagem.
pois, esses efluentes são descartados. Nor-
malmente, eles são classificados em dois ti- O bário é precipitado na forma de sulfato
pos: ao receber pequenas quantidades de ácido
sulfúrico ou sulfato de sódio.
(a) Efluentes lı́quidos ácidos;
Após a adição de um floculante, que tem
(b) Efluentes lı́quidos alcalinos. a função de aglomerar melhor os flocos da
lama formada, a suspensão é transferida para
Esses dois tipos de efluentes podem ser ge- um tanque de adensador de lodo e, em se-
rados de forma contı́nua ou em batelada, guida, o lodo aglomerado passa por um filtro-
sendo que os efluentes alcalinos podem ou prensa.
não conter cianetos.
A água filtrada é analisada e descartada, de
acordo com a legislação pertinente. A lama,
ou lodo, é acondicionada em tambores.
10.2 Efluentes lı́quidos ácidos
Provêm de operações de decapagem e de la- Teste sua aprendizagem.
vagem posterior das peças. Os decapantes
usuais são feitos à base de ácido clorı́drico, Exercı́cios - 10:
contendo inibidores.
Marque com X a resposta correta.

10.3 Efluentes lı́quidos alcali-


Questão 1. Os resı́duos de sais de têmpera
nos são do tipo:
Provêm de tanques de desengraxe, de tan-
ques de lavagem de peças tratadas em banho (a) ( ) classe I - perigosos;
de sal e de máquinas de lavagem. (b) ( ) classe II - não inertes;
(c) ( ) classe III - inertes;
(d) ( ) classe IV - pesados.

53
Questão 2. Os resı́duos devem ser acondi- Questão 7. Faça a identificação dos tam-
cionados da seguinte forma: bores, de acordo com os grupos a qual eles
pertencem:
(a) ( ) enterrados em valas;
(b) ( ) ensacados em caixas plásticas; A - Grupo I, B - Grupo II
(c) ( ) ensacados em caixa de madeira;
(d) ( ) ensacados em plástico e colocados (a) ( ) Tambores pintados de vermelho
em tambores de aço. com letras amarelas.
(b) ( ) Tambores pintados de vermelho
com letras brancas.
Questão 3. Os efluentes lı́quido classificam-
se em: (c) ( ) Tambores pintados de preto com
letras amarelas.
(a) ( ) alcalinos e metais pesados; (d) ( ) Tambores pintados de amarelo com
letra pretas.
(b) ( ) ácidos e alcalinos;
(c) ( ) ácidos e hidróxidos;
Questão 8. Classifique as sentenças abaixo
(d) ( ) ferrosos e alcalinos.
conforme o tipo

Questão 4. O tratamento dos efluentes A - Resı́duos de sais


inicia-se com a oxidação do:
B - Efluentes lı́quidos
(a) ( ) carbono;
(b) ( ) cianeto; (a) ( ) Tratamentos térmicos.
(c) ( ) ferro; (b) ( ) Têmpera em sais.
(d) ( ) carboneto. (c) ( ) Revenimento.
(d) ( ) Tratamento termoquı́mico.
Questão 5. A norma brasileira NBR - (e) ( ) Lavagem e decapagem.
10.004, da ABNT classifica os sais de têm- (f) ( ) Tratamento de neutralizacão.
pera como resı́duos:

(a) ( ) Da classe I, não perigosos.


(b) ( ) Da classe I, perigosos.
(c) ( ) Da classe II, não perigosos.
(d) ( ) Da classe II, perigosos.

Questão 6. Classifique os materiais confor-

me o grupo ou classe a qual eles pertencem:

A - Classe I, B - Classe II

(a) ( ) Nitratos e nitritos.


(b) ( ) Bário.
(c) ( ) Soda cáustica.
(d) ( ) Cianetos.

54
Capı́tulo 11

Fatores operacionais dos tratamentos


térmicos

11.1 Fundamentos 11.3 Preservação da superfı́cie

Os tratamentos de superfı́cie abrangem a al- Seja qual for a finalidade do tratamento, a


teração da superfı́cie através de transforma- superfı́cie pode ser protegida, a superfı́cie
ção quı́mica ou aplicação de revestimentos, sofre o que se chama de beneficiamento. Para
inclusive eliminação de camadas não dese- tratamentos estéticos usa-se o termo embe-
jadas. Os métodos utilizados usam recursos lezamento da superfı́cie que deve ser diferen-
quı́micos, mecânicos, e elétricos separados ciado dos demais tratamentos, denominados
ou em combinações. proteção da superfı́cie.

Observação: Um tratamento de embele-


zamento, como por exemplo, a cromagem,
11.2 Finalidade pode resultar num desempenho mais efici-
ente ao desgaste e riscamento. Isto signi-
fica que o embelezamento poderá também
De modo geral, alterar uma superfı́cie pode
se constituir um fator de proteção da su-
ter uma ou mais das seguintes finalidades:
perfı́cie.
• Aumentar a resistência a efeitos
mecânicos – desgaste, riscamento, de-
formação. 11.4 Procedimentos prelimina-
• Aumentar a resistência aos agen- res
tes atmosféricos – umidade, luz solar,
calor, frio.
• Aumentar a resistência aos agen- Para um eficiente tratamento de superfı́cies
tes quı́micos - ácidos, bases, soluções é necessário cumprir as etapas:
orgânicas e inorgânicas.
• Obter propriedades fı́sicas especi- • Estabelecer as finalidades desejadas do
ais – isolamento ou condutividade térmi- tratamento de acordo com as condições
de serviço da peça a ser tratada - con-
ca e/ou elétrica , coeficiente de radiação. siderando o ambiente de uso da peça,
• Obter um efeito estético de acaba- temperatura, substâncias quı́micas, custo
mento – brilho, cor, textura. do tratamento, etc..
• Executar o tratamento preliminar de lim-
peza e remoção de outras impurezas.

55
Observação: Nesta etapa é fundamen- 11.7 Desengraxamento: Método
tal garantir que todos os elementos de- de limpeza
positados ou incrustados na superfı́cie
da peça a tratar sejam removidos, de
forma a garantir a eficiência do trata- Na remoção das impurezas orgânicas pode-
mento de proteção e sua durabilidade. se listar os seguintes métodos:

• Executar a limpeza, tanto de peças como • Limpeza por solvente inorgânico.


de instalações enferrujadas, cobertas de • Limpeza por solvente orgânico.
óleo e/ou sujeira.
• Desengraxamento Eletrolı́tico.
• Eliminação da graxa e da sujeira me-
• Com o auxı́lio de Ultrassom.
nos aderida das peças, operação deno-
minada na indústria como desengraxa-
mento.
• Eliminação dos componentes não metáli- 11.7.1 Remoção das impurezas

cos ligados quimicamente, principalmen- Consiste em remover materiais indesejados


que aderem à superfı́cie metálica da peça,
te carepas e óxidos, conhecida como de- provenientes de operação precedente ou de
capagem. armazenamento. Entre estes materiais estão
restos de abrasivos e lubrificantes, cavacos
observação: Esses procedimento de lim- metálicos, sujeira, pó de carvão e agentes
pezas são conhecidos como: desemgraxa- conservadores (óleos, graxas).
mento e decapagem.

11.7.2 Escolha do método


11.5 O desengraxamento A escolha correta do método depende de al-
guns fatores que devemos considerar:
Pode ser efetuado por meios quı́micos, utili-
zando diferentes tipos de solventes – orgâni-
cos e inorgânicos banhos eletrolı́ticos e técni- • do tamanho , da forma e do número de
peças a limpar.
cas de ultrassom. • do volume de sujeira.
• do tipo de metal da peça.
• do processo de tratamento subsequente.
das instalações da indústria ( espaço ,
11.6 A decapagem
energia, adaptação à produção).
Pode ser efetuada por meios mecânicos e
térmicos. É importantte não esquecer de consultar um
especialista para a determinação das condições
Nesta operação são removidas as carepas de ótimas de limpeza, incluindo, se necessário,
laminação e de recozimento, as camadas de ensaios práticos preliminares.
ferrugem e óxidos, a escória de soldagem, os
resı́duos salinos e frequentemente também a
casca de fundição.

56
11.8 Limpeza pos solvente Agentes quı́micos - o tricloro-etileno e o
inorgânico percloro-etileno são os principais compostos
para este tipo de limpeza. A caracterı́stica
incombustı́vel destes solventes fez com que
Neste método usa-se o processo de sapo- os hidrocarbonetos combustı́veis antigamente
nificação ou da emulsificação dos óleos e usados (gasolina, querosene e benzóis) fos-
graxas para promover a limpeza. sem quase completamente descartados.
Isto significa que os agentes quı́micos uti-
lizados promovem a formação de uma mis- 11.10 Desengraxamento eletro-
tura (emulsão) ou espuma, quando em con-
tato com os depósitos superficiais da peça.
Esta mistura é então removida por lavagem lı́tico
levando consigo as impurezas. O processo é
realizado em banho de imersão. 11.10.1 Processo

Composição - Geralmente são usados agen- Neste processo são usadas simultaneamente
tes quı́micos: são soluções salinas, com com- a saponificação e a emulsificação dos óleos
ponentes alcalinos fortes. e das graxas através da ação de substâncias
alcalinas, semelhantes às usadas no processo
de limpeza por solvente inorgânico. O pro-
Cuidados especiais - A lavagem final das
cesso acontece num banho eletrolı́tico e as
peças deverá ser feita preferencialmente com
impurezas não saponificáveis são removidas
água, seguida de secagem imediata. A se-
pelo gás produzido no banho.
cagem rápida impede o enbaçamento e a
formação de ferrugem. Para remover a sujeira e a espuma formada
no banho, é mantida circulação através de
Peças excepcionalmente sujas e trabalhos de uma pequena bomba. As superfı́cies dos
reparo: nos casos de reparo de peças ou anodos,geralmente feitas de nı́quel ou de chapa
peças muito sujas, usa-se limpeza por solu- de aço niquelado, devem sertão grandes quanto
ções que produzam espuma abundante. Lo- possı́vel. A introdução de ácido crômico
cais de difı́cil acesso são esguichados com através dos dispositivos de suspensão pode
mangueira. estragar o banho.
Agentes: são os mesmos utilizados na lim-
peza por solvente inorgânico, descrita ante-
11.9 Limpeza por solvente riormente. O banho contém compostos alca-
orgânico linos e cianetos, além de pequenas percen-
tagens de umectantes, que produzem uma
espuma fraca, evitando perigo de explosão
Neste processo remove a graxa pela ação do gás oxı́drico.
de hidrocarbonetos clorados. Estes sol-
ventes promovem a limpeza dissolvendo ra-
pidamente as gorduras minerais, vegetais e 11.11 Desengraxamento com o
animais, resinas, ceras, parafina, asfalto al- auxı́lio de ultrassom
catrão e alguns tipos de pintura. Não ata-
cam o metal e não deixam resı́duos quando Processo - as impurezas são removidas/soltas
aplicados diretamente. Neste processo não por efeito de vibração, conseguida através
são necessárias a lavagem e secagem poste- de transdutores ultrassônicos (frequência acima
rior das peças de 20kHz) . O efeito vibratório é combi-
nado com a ação de soluções orgânicas ou

57
inorgânicas dentro de um banho de imersão. 11.13 Raspagem
Agentes quı́micos - semelhantes aos usa- É o tratamento conseguido com escovas ro-
dos na limpeza quı́mica (orgânica e inorgâni- tativas (n= 500 a 2000 rpm) de arame de
aço ou bronze ( espessuras de 0,05 a 0,1
ca). mm) , de crina de cavalo ou de substâncias
Caracterı́sticas - O ultrassom promove a sintéticas. O processo pode ser acompa-
concentração de altas energias de tração e nhado do uso de abrasivo misturado com
compressão num espaço fı́sico reduzido. óleo. Camadas mais espessas de óxidos pe-
dem tratamento quı́mico preliminar.
Pode remover resı́duos de pastas de poli-
mento, pinturas, massas, cementantes e su- O processo - é geralmente antieconômico
jeiras num curto espaço de tempo. quando houver camadas mais espessas de
carepa ou óxidos a serem removidas.
Metodologias - alternativas são o esmeri-
11.12 Decapagem lhamento (para juntas soldadas e fundidas)
e o uso de martelos pneumáticos (remoção
Fundamentos: decapagem é todo o processo de incrustações em caldeiras).
destinado à remoção de óxidos e impurezas
inorgânicas, incluindo-se nestas categorias:
a carepa de recozimento e de laminação, as 11.14 Tamboreamento
camadas de ferrugem, a casca de fundição e
as incrustações superficiais.
Processo - é um método de esmerilhamento
Tipo: a decapagem pode ser feita por dife- onde as peças são colocadas dentro de um
rentes tipos de processos, destacando-se: tambor fechado ou aberto que gira provo-
cando a limpeza das peças pelo atrito com
• Decapagem Mecânica. material abrasivo contido no tambor. Para
• Decapagem Térmica . tambores abertos, o ângulo de inclinação
pode ser controlado, alterando a altura de
• Decapagem Quı́mica .
queda das peças.
• Decapagem Eletrolı́tica.
Agentes - entre os componentes abrasivos
Decapagem mecânica pode ser: utilizados destacam-se a areia, o pó de esme-
ril, peças de aço pequenas e médias, óxido
de alumı́nio, e eventualmente granito e quar-
• Escovação e Raspagem.
• Tamboreamento. tzo.
• Jato abrasivo.
• Remoção da Carepa por Flexionamento. Caracterı́sticas - O processo pode ser feito
a seco ou com agentes alcalinos ou ainda
com ácido sulfúrico diluı́do. Para a eficiência
Escovação e Raspagem
do processo é necessário um peso mı́nimo
das peças e um diâmetro adequado do tam-
Em pequenas indústrias, ou para peças avul-
bor.
sas, os métodos de remoção de sujeira ou
camadas de óxidos ainda servem-se da es- Indicações - O processo é indicado para
covação, martelamento e raspagem com fer- peças com sujeiras muito aderidas, e aplica-
ramentas manuais. se a qualquer metal ou tipo de superfı́cie,
bastando adequar o processo a cada caso.

58
Recomenda-se limpar peças de tamanhos mento da peça.
próximos numa mesma operação.

11.17 Remoção de carepa por


11.15 Jato abrasivo flexionamento

Processo - remove a carepa , óxidos e cas- Processo - consiste em romper as carepas


cas de fundição por efeito do impacto de frágeis através da imposição de deformação.
areia ou esferas de aço sobre a peça a limpar. O método exige uma decapagem posterior e
A areia é impulsionada por ar comprimido. tem sido empregado somente em casos es-
O efeito de impacto pode também ser con- peciais.
seguido por centrifugação e jato turbulento.
Caracterı́sticas - requer dispositivo de aplicação
Agentes - areia quartzı́dica ou esferas de de carga adequado ao tipo de peça.
aço.
Indicações - para limpeza de tiras, arames
Caracterı́sticas - a superfı́cie resultante te- e anéis.

rá aspereza maior (comparada ao tambore-


amento), mas pode ser controlada pela gra-
11.18 Decapagem por proces-
nulação do agente e pelo tempo de jatea-
mento. sos térmicos
Indicações - para peças de formatos com-
plexos, recipientes instalações estacionárias. • Limpeza de graxa por Recozimento.
O jato de areia é o tratamento preliminar re- • Limpeza por Chama.
comendado para a formação posterior de ca- • Limpeza com Pó de Ferro.
madas de fosfatos, assim como para a aplica-
ção de camadas protetoras de borracha.
11.18.1 Limpeza de Graxa por Reco-
zimento
11.16 Esferas de aço
Processo - As peças trefiladas devem pas-
sar por alı́vio de tensões entre 700◦ C e 750◦ C.
Indicações - são indicadas para uso em ma-
No aquecimento é vedada a entrada de ar
terial duro. A qualidade da superfı́cie re-
para evitar deformações durante a esmaltação.
sultante depende da distância entre bocais,
Na temperatura alcançada queimam-se o óleo,
que pode ser otimizada. As esferas de aço
a graxa e a sujeira.
são mais eficientes do que a areia, entretanto
encarecem o processo pois a sua produção é Caracterı́sticas - no processo é formada
onerosa. nova carepa que deverá ser removida por
decapagem. As variações do processo in-
Parâmetros - a pressão de ar é de 2,6 atmm. cluem: recozimento em atmosfera ácida, que
As esferas tem diâmetros entre 0,5 e 2,0 mm aumenta a solubilidade da carepa na deca-
. Pode ser usado um formato alternativo pagem, e o recozimento com gás protetor
que são pequenos cilindros de aço especial ( que evita a formação da carepa e de óxidos.
resistência de 180kgf /mm2 com diametros Este último pode ser considerado um trata-
entre 1 e 2,5 mm. O ângulo de incidência mento superficial.
deve ficar entre 30 e 40◦ . Pressões ou tem-
pos excessivos podem conduzir ao encrua-

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11.18.2 Limpeza por Chama de revestimentos ;
• Reconhecer defeitos estruturais
Processo - usa a diferença entre coeficien-
tes de dilatação térmica do metais e seus Caracterı́sticas - existe sempre uma solução
óxidos para romper a carepa, ferrugem ou mais eficiente para o tipo de oxidação de di-
casca de fundição. A superfı́cie é aquecida ferentes metais, que torna o processo mais
rapidamente com chama oxiacetilênica, es- econômico. Materiais metálicos são ataca-
tourando a camada superficial. dos por ácidos e bases fortes.Somente a ca-
mada superficial ‘não metálica’ deve ser re-
Caracterı́sticas - a chama oxi-acetilênica movida, evitando o ataque do metal de base.
aquece a peça a uma temperatura aproxi- O ataque do metal de base é a chamada “su-
mada de 140◦ C, portanto não há aqueci- perdecapagem”, que altera espuriamente as
mento excessivo do metal de base. Quanto propriedades do metal pelo efeito da difusão
mais tempo a carepa tiver sido exposta à do hidrogênio atômico. Os resı́duos da deca-
intempérie, mais fácil é sua remoção. Para pagem favorecem a corrosão, portanto uma
a ferrugem, o efeito da chama é aumentado lavagem final cuidadosa é indispensável, se-
pela evaporação da água de hidratação. guida de uma neutralização alcalina fraca.
A decapagem posterior pode ser dispensada. Agentes e aditivos - descrevem-se abaixo
Indicações - é especialmente indicado para os aditivos e os ácidos utilizados na decapa-
a limpeza de estruturas de galpões, já que gem
não libera poeira. Aditivos - tem como função a inibição do
Cuidados especiais - se as faixas de tem- ataque excessivo das substâncias ácidas. Para
peratura forem observadas não há efeito na a decapagem, os aditivos são absorvidos pela
resistência mecânica do material da peça. superfı́cie metálica, impedindo a difusão do
hidrogênio.
O efeito decapante dos ácidos praticamente
11.18.3 Limpeza com pó de Ferro não é influenciado pelos aditivos. Empre-
gando agentes ativadores especiais, consegue-
Processo - a camada superficial da peça é se acelerar o processo de decapagem por umec-
queimada removendo incrustações de areia tação intensiva e uniforme da superfı́cie, aper-
e de escória e rebarbas de peças fundidas. feiçoando também a inativação da superfı́cie
Caracterı́sticas - uma fina camada super- decapada. Praticamente não há redução de
ficial da peça é queimada com maçarico, pro- espessura além daquela da carepa.
movendo-se simultaneamente melhor fluidez Outras vantagens do uso dos aditivos:
da escória através da injeção de pó de ferro
finamente pulverizado. Indicações: é em- • Melhor aderência;
pregado para o aço fundido e para o aço la- • Aumento da resistência dos revestimen-
minado, sem liga ou com baixo teor de liga. tos metálicos à tração e à flexão;
• Redução da fragilidade;
• Ausência de bolhas provenientes da de-
11.19 Decapagem Quı́mica capagem, com melhor deformabilidade.

Finalidades:

• Produzir superfı́cies puras - requi-


sito essencial para a aplicação posterior

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11.20 Ácidos decapantes para ca ligados a uma fonte de corrente contı́nua
ou corrente alternada, transformada em cor-
os metais mais importantes
rente contı́nua e rectificada. A peça a ser
revestida deve funcionar como catodo, ou
Aço carbono seja, deve estar ligada ao pólo negativo da
fonte de corrente eléctrica. O anodo, ligado
Tipo de ácido decapado com ácido clorı́dri-
ao pólo positivo da fonte, pode ser de um
co ou sulfúrico, diluı́do. Concentrações: en-
material inerte (grafite, chumbo, aço inoxi-
tre 10 e 20%.
davel, titânio platinizado, etc...) ou cons-
tituı́do pelo metal de que se quer revestir
Tempo de decapagem - dependem da es-
a peça. A solução eletrolı́tica deve conter
pessura da camada de carepa ou ferrugem.
como eletrólitoum sal que contém cátions
do mesmo metal.
Vantagens e desvantagens:

Ácido Sulfúrico - mais barato, mais econô-


mico no consumo, mais fácil de regenerar, 11.22 Zincagem
tem odor mais fraco, deve ser aquecido no
uso, armazenável em tambores de ferro.
Pesquisas demonstram que a corrosão é a
Ácido Clorı́drico - é usado a tempera- principal responsável pela grande perda de
tura ambiente, ataca menos o metal, reduz ferro no mundo. Entre os processos de prote-
a fragilidade da decapagem, gera superfı́cies ção já desenvolvidos, um dos mais antigos e
mais claras, armazenável em tambores de bem sucedidos é a Zincagem por imersão a
vidro ou de louça. quente, ou, como é mais conhecida, Galva-
nização a fogo.
O tempo de decapagem depende da quan-
O principal objetivo da galvanização a Fogo
tidade de carepa e ferrugem, devendo ser de-
é impedir o contato do material base, o aço
terminado experimentalmente em cada caso.
(liga Ferro Carbono), com o meio corrosivo.
Como o zinco é mais anódico do que o ele-
Em casos especiais pode-se usar ácido fosfó-
mento ferro na série galvânica, é ele que se
rico. Ele promove certa proteção contra a
corrói, originando a proteção catódica, ou
ferrugem e melhor aderência das pinturas,
seja, o zinco se sacrifica para proteger o ferro
mas é mais oneroso. Dispensa lavagem e
(vide tabela).
neutralização posteriores.
Teste sua aprendizagem.
11.21 Galvanoplastia (Eletro-
Exercı́cios - 11:
deposição)
A Galvanização, ou eletrodeposição, é todo
o processo eletrolı́tico que consiste em reves-
tir superfı́cies de peças metálicas com ou-
tros metais, mais nobres. Este revestimento
é feito, geralmente, para proteger a peça da
corrosão e/ou como acabamento estético/de-
corativo.
A galvanização consiste em utilizar dois ele-
trodos mergulhados numa solução eletrolı́ti-

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Capı́tulo 12

Fornos logen 7000

12.1 Funcionamento
Faixa de operação de 100 a 1200oC, alimentação
220V/60Hz, com controle microprocesssado
da temperatura, display indicador de tem-
peratura e funções, programação indepen-
dente para até 10 set point, 10 patamares de
tempo, 10 velocidades de aquecimento e res-
friamento, sinalizadores sonoros e luminosos
indicam as fases do proceso e anomalias,
memória armazena a última programação,
dispositivo despertador liga o equipamento
em horário pré-estabelecido, classe de 0,5

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