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VENUE S6L
Mesa da Avid chega trazendo
maior processamento, mais
velocidade e inteligência para
o dia a dia do usuário
X AG E M SEM
M I TE 4)
O S ( PA R
SEGRED NO
O
O OUVID IÇÃO
H U M A
HOME STUDIO
E A AUD Hora de gravar o bumbo
e tecnologia | 1
Final Cut: Animando titles de forma rápida
2 | áudio música e tecnologia
áudio música e tecnologia | 1
ISSN 1414-2821
EDITORIAL
Áudio Música & Tecnologia
Ano XXVI – Nº 287/agosto de 2015
Fundador: Sólon do Valle
Mesas postas
Consultoria de PA: Carlos Pedruzzi
30
inaugurando estúdio no Rio
Rodrigo Sabatinelli
12 Em Tempo Real
Juliano Rangel 58 Mixagem
Mixagem sem segredos (Parte 4):
Marcio Teixeira
O ouvido humano e a audição
Fábio Henriques
14 Notícias do Front
Pirataria ao vivo – Um pouco
de cultura subdesenvolvida 64 Produção Fonográfica
Gravação de Voz (Parte 1): Esfregar o
Renato Muñoz
assoalho e, depois, caratê!
20 Em Casa
Técnicas de gravação de bateria: Parte B – Bumbo
José Carlos Pires Jr.
seções
36 Rivage PM10
Nova geração dos consoles PM, da Yamaha,
chega com novidades que justificam expectativa
editorial 2 notícias de mercado 6
Roberta Siviero
novos produtos 8 índice de anunciantes 95
lugar da verdade 96
84
final cut
Animando titles de forma rápida:
As muitas possibilidades do title Custom
78
por Marcelo Ferraz
88
media composer
capa A versão gratuita vem aí – Respondemos as principais
Menos é mais – Sorriso Maroto dúvidas sobre o Media Composer | First
adapta projeto de DVD para levá- por Cristiano Moura
lo a maior número de capitais
por Rodrigo Sabatinelli
92
PRODUTOS ........................................... 72 iluminando
EM FOCO .............................................. 74 Tecnologia iluminando nossos projetos: Usando equipamen-
tos a partir de conceitos ou da tecnologia que eles oferecem?
por Rodrigo Horse
4 | áudio música e tecnologia
FINAL CUT .............................................. 92
NOTÍCIAS DE MERCADO
Divulgação
para sonorizar a maior mesquita do mundo – o Santuário
Imam Reza, que fica em Mashhad, Irã, e que atrai, diariamen-
te, um grande número de devotos e turistas. A competição
pelo projeto foi concorrida, com diversas empresas interna-
cionais participando. Mas o que motivou a escolha do sistema
K-array para sonorizar os foyers Bast Shayhk Toosi, Bast Hur
Ameli e Dar Al Hujjah na mesquita, de acordo com Mr. Akhba-
ri, engenheiro e Chefe do Departamento Técnico do Santuário,
foi o seu design slim e sua qualidade de som e desempenho.
muito som, num verdadeiro carnaval do rock do festival. Segundo os organizadores do fes-
e da música pop como um todo, o festival tival, se espera que a comercialização deste
toma de assalto a internet nacional e invade itens movimente cerca de R$ 2 bilhões. Ain-
as TVs, inclusive na hora dos comerciais. da falando em cifras, na edição de 2013 do
Isso porque são muitas as marcas que as- festival, que volta ao Rio em setembro, 46%
sociam seus nomes ao da empreitada que da plateia era de fora do estado, e foi de R$
Roberto Medina lançou em 1985 e que ga- 1 bilhão o impacto econômico do evento na
nha em força a cada edição. economia da cidade, de acordo com a Riotur.
De acordo com um levantamento realizado pela Headphone sem fio Aquarius com
organização do RiR, 643 produtos, de 76 dife- a marca do Rock in Rio: um entre
rente categorias, de canecas a carros, fabricados centenas de itens licenciados
Reprodução
ENCICLOPÉDIA E REDE SOCIAL
NUM MESMO LUGAR
Um portal com informações detalhadas sobre bandas e canto-
res, letras, audição por streaming, recomendações baseadas
em semelhanças de estilos e ainda uma rede social para quem
compartilha do gosto por música, tudo de forma gratuita. É
isso que propõe o Som13 (www.som13.com.br), site lançado
em 2008 que já recebe 4,7 milhões de acessos mensais. Som13: 4,7 milhões de acessos por mês
O portal funciona de forma semelhante ao estrangeiro All- de páginas individuais. “Enfim, não é só uma fonte de infor-
Music.com, tido como uma verdadeira bíblia da música. Ar- mação, mas também um ambiente para se descobrir música
tistas ainda desconhecidos e famosos têm páginas com sua nova”, explica Fabio Tirapelli, criador da plataforma e CEO.
biografia, discografia, letras e músicas para ouvir. Além disso, Também é possível se conectar via app para Android e uma
é possível acompanhar cada componente da banda por meio versão para iOS está em desenvolvimento.
www.amplificadoresnextpro.com.br
O Marshall London, que ainda não tem previsão de chegada ao Brasil, vem com fone de ouvido espe-
cial da marca e possui dois alto-falantes frontais. Segundo a fabricante, esses falantes fazem dele o
celular que toca a música no volume mais alto do mercado. Para terminar, o smartphone conta ainda
com dois microfones (grava em estéreo), um app para gravação em quatro canais e atua com baixa latência.
www.marshallheadphones.com
Dotada de tecnología de amplificação digital (Classe D) e Power Factor Correction (PFC), que melhora a qualidade sonora do
sistema, uma vez que reduz os harmônicos da frequência
de alimentação, obtendo menos ruído e distorção,
e fonte de alimentação universal R-SMPS (100
V-260 V), a série TX permite ao usuário um uso
mais inteligente e eficiente da energia.
Divulgação
www.saeaudio.com
Divulgação
de 20/200 Hz, com impedância nominal de 8 ohm e 91 dB de SPL.
A Ciare foi fundada na Senigália (comuna da região das Marcas, província de Ancona) no ano
de 1947 por Dino Giannini, e as políticas da companhia até hoje refletem a filosofia do fundador.
No site oficial da marca pode ser conferida o que seria essa filosofia: “atenção às necessidades do cliente, flexibilidade organiza-
cional e de produção e esforços contínuos em pesquisa e inovação”.
oem.ciare.com
www.amercobrasil.com.br
www.yamahaproaudio.com
www.yamaha.com.br
Juliano
Rangel
Facebook
J
uliano Rangel de Oliveira, aos 36 anos, já ano era 1995 e a banda de baile também tinha
tem uma carreira considerável no mun- seu lado locadora de som.
do do som ao vivo. E seu “jeito de ser”
no trabalho lhe rendeu o apelido de “Cavalo” “O Sr. Dinho, além de me dar um emprego
por Marreta Batera, baterista de Luan Santana na sua empresa, me ensinou a ser uma pes-
(artista para quem Juliano trabalhou por seis soa correta, humilde e honesta. Me mostrou
anos), pois o músico dizia que sentia, de cima o caminho certo da vida, e por isso eu tenho
do palco, o "coice" do PA operado por Rangel. grande respeito e carinho por ele, sua esposa,
Dona Fia, e sua família. Até hoje o chamo de
O gosto de Juliano pelo áudio surgiu através Pai Dinho”, recorda, com gratidão.
de sua mãe. Desde pequeno curtia um som, e
este sentimento deu um passo à frente quan- Desde então, Rangel trabalhou nas empresas Di-
do ela o apresentou a um amigo, Dinho, que nho Sonorização e Eventos, Miami Som, Pro Au-
tinha uma banda de baile. dio e Ekipsom. Entre os artistas que já contaram
com seus serviços estão nomes como Adalberto &
“Ela perguntou se ele não tinha um emprego Adriano, Grupo Desejos, Cezar & Paulinho, Luan
para mim. Ele olhou pra mim meio desconfiado, Santana e Conrado & Aleksandro. É com esta últi-
pois eu era um moleque, menor de idade, e dis- ma dupla que atualmente trabalha. Como freelan-
se ‘tenho, mas já vou avisar que aqui não tem cer, fez o PA do Raça Negra e dos duos Hugo Pena
moleza; tem que ralar bastante, carregar equi- & Gabriel e Edson & Hudson.
pamento, ajudar a montar e depois trabalhar na
hora do baile’. Eu disse ‘beleza’, mas aí ele falou Quando o assunto é o que acredita ser neces-
que não era só isso, não, já que depois do baile sário para realizar seu trabalho com excelên-
eu ainda teria que desmontar e carregar tudo. cia, Juliano afirma que ter os pés no chão é
Pensei: “vishe... lascou...”, mas aceitei. Sabe fundamental.
como é molecão novo, cheio de disposição.”
“É preciso ser sempre uma pessoa humilde e
Juliano topou e foi assim que tudo começou. O estudar. Acho que o estudo é a base de tudo.
BATE-BOLA
Console: VI6 Soundcraft
Melhor companheiro de estrada: Gilmar Antônio de Sousa foi meu melhor companheiro de estrada e
é meu melhor amigo até hoje
Plug-in: Waves C6
SPL alto ou baixo? Por que? Quando era mais novo, gostava de som alto. Hoje prefiro mais baixo. Por
prevenção!
Melhor posicionamento da house mix: Pra mim, o ideal é no centro e no máximo a 35 metros
Técnico inspiração: A lista é grande, mais me inspiro em um grande profissional chamado Ivan Cunha,
o “Batata”. Gosto muito da sua mix.
Sonho já realizado na profissão: Viajar o mundo, participar de grandes e importantes festivais e che-
gar onde cheguei sem precisar passar por cima de ninguém
Dicas para iniciantes: Coloque Deus à frente de tudo, nunca abandone os estudos e seja sempre ho-
nesto e humilde. Nunca queira o lugar dos outros pra você, mas, sim, conquiste seu espaço.
PiRaTaRia
ao vivo
Um pouco de cultura
Wiki Images
subdesenvolvida
U
m fenômeno que ocorre em muitos países profissional: muitos softwares utilizados ao vivo es-
subdesenvolvidos (parece que hoje também tão sendo copiados e clonados, ou seja, roubados.
são chamados de países em desenvolvimen-
to!) é a pirataria. O que acontece é que, basica- uM gRanDe MeRCaDo PaRa SeR
mente, produtos com grande aceitação e procura no eXPloRaDo PeloS PiRaTaS
mercado são simplesmente copiados ou clonados de
forma ilícita. O mercado de sonorização brasileiro deu um salto
quantitativo e até qualitativo bem grande nos últi-
Nestes mesmos países, como não existe uma cul- mos anos. Dezenas de marcas que se firmaram no
tura da população pela necessidade e importância país há algum tempo não passavam de sonho de
de se adquirir produtos legítimos, muitos artigos consumo de muitos técnicos e proprietários de em-
piratas são aceitos normalmente. Roupas, bolsas, presas de sonorização.
perfumes, brinquedos e outras centenas de produ-
tos são colocados no mercado e comercializados Porém, nem com isso conseguimos nos livrar da pra-
normalmente. ga dos equipamentos falsificados e pirateados. Não
é difícil encontrar, em algumas empresas, microfo-
Isso, na verdade, não é nem de longe o maior dos nes, direct box, cabos e até caixas de PA que não
problemas. Uma indústria milionária perde, no má- passam de peças “clonadas”. Pelo que tenho visto, o
ximo, um pouco dos seus lucros nestes países, e mesmo acontece nas empresas de iluminação (com
podem ser rapidamente recuperado nos lucros das uma quantidade ainda maior).
lojas “oficiais” que cobram preços duas ou
três vezes maiores do que os praticados nas
lojas em países ditos desenvolvidos.
Confesso que já fui enganado algumas vezes, plesmente não eram boas. Com a chegada dos
até por empresas que sempre me pareceram in- clones destas caixas (havia três ou quatro “fabri-
teiramente confiáveis e que aparentemente não cantes”), o que aconteceu foi uma padronização
tinham a mínima necessidade de trabalhar com do mercado.
este tipo de equipamento. Só que muitas vezes a
idoneidade destas empresas acabam por ocultar Desta forma, quando se fazia um show em Forta-
alguns destes deslizes. leza ou em Porto Alegre, a preocupação era bem
menor, pois sabíamos que seria um PA “clone”, en-
Umas das desculpas que mais recebo é algo como tão haveria um padrão ao menos parecido, dife-
“é a mesma coisa, só que muito mais barato”, ou rente do que acontecia quando os PA e monitores
“para colocar tomando chuva e poeira prefiro que eram de fabricação própria.
seja uma cópia do que o original”, ou simplesmente
quando perguntado sobre o assunto, o responsável De certa maneira, a “padronização” tanto das cai-
da empresa simplesmente diz ou que não sabia de xas de PA quanto das caixas de monitor ajudou
nada ou que estou enganado. bastante os técnicos, que em vez de a cada show
trabalharem com sistemas completamente dife-
JÁ Houve uM TeMPo eM Que rentes, agora podiam ter alguma continuidade, já
iSSo nÃo eRa neM TÃo RuiM que as caixas tinham um certo “padrão” e se pare-
ciam muito umas com as outras.
Quando comecei a trabalhar, lá pelo início da dé-
cada de 1990, a maioria dos PAs eram feitos pe- Para ficar claro, estou falando de um fenômeno que
las empresas, assim como caixas de monitores, aconteceu há mais de 20 anos, bem antes dos line
direct boxes e até mesmo alguns processadores. arrays terem aparecido por aqui. Ou seja, me refiro
Em um certo momento o mercado passou a ser a PAs compactos e caixas de monitores de duas vias.
dominado principalmente por caixas de PA e mo- Também não estou me referindo a microfones ou
nitor que eram “clonadas”. outros equipamentos eletroeletrônicos.
Para falar bem a verdade, isto não foi ruim. Muito QuanDo aS CoiSaS CoMeÇaRaM
pelo contrário. O que acontecia era que a grande
a FiCaR uM PouCo MaiS SÉRiaS
maioria das caixas feitas aqui (PA e monitor) sim-
Caixas de line array são muito mais difíceis de serem copiadas ou clonadas
O pior foi fingir que não tinha percebido nada, como, pelo Como disse há pouco, as coisas começaram a fi-
visto, vários outros técnicos fizeram (ou não perceberam car mais sérias, principalmente porque o grande
mesmo). Hoje, certamente poucos iriam concordar com problema que encontramos agora é na pirataria de
uma situação como esta, mesmo porque há muito tempo softwares. Como 99% dos consoles de mixagem
não vejo empresas de médio e grande porte caindo nessa são digitais, algumas marcas mais utilizadas no
(no que diz respeito às caixas do sistema). mercado nacional vêm sofrendo com isso.
NOTÍCIAS DO FRONT
Renato Muñoz é formado em Comunicação Social e atua como instrutor do IATEC e técnico de gravação e PA.
Iniciou sua carreira em 1990 e desde 2003 trabalha com o Skank. E-mail: renatomunoz@musitec.com.br
N
a edição passada começamos a falar sobre gravação. Não é possível fazer uma boa gravação de
técnicas de gravação de bateria e sobre a bateria sem uma boa bateria (soa até redundante!).
preparação que deve ser feita antes mesmo
de iniciar a gravação. Esse mês vamos seguir com o Para “abafar” um pouco o som do bumbo, utilize
tema, agora falando sobre a gravação de bumbo. O um travesseiro (ou algo parecido) posicionado den-
bumbo é uma das peças mais importantes da bate- tro do bumbo de forma que esteja encostando em
ria, pois forma, junto com a caixa, a base rítmica de ambas as peles (será necessário remover a pele de
quase todas as músicas modernas. Por isso é muito resposta). Ouça o som do bumbo e, a partir daí, se
importante saber como gravar um bumbo correta- quiser um som mais “abafado”, empurre o traves-
mente. Então vamos lá! seiro contra a pele de ataque, e ser quiser um som
menos “abafado” empurre-o contra a pele de res-
SONORIDADE posta. Há empresas que fabricam abafadores pró-
prios para bumbos que funcionam muito bem, po-
Para poder gravar um bumbo com “peso” é ne- rém tendem a custar bem mais que um travesseiro,
cessário que ele esteja soando com tal “peso”. A afi- mas com resultados sonoros similares. Um traves-
nação é essencial, além de peles em bom estado. seiro de penas ou fibras sintéticas mais pesadas
Não vou me alongar muito nesse assunto, pois abor- (espuma geralmente não funciona tão bem) pode
damos esse tema em detalhe na última edição, mas funcionar tão bem quanto, a uma fração do custo.
não posso deixar de frisar que a afinação e o estado
das peles do bumbo são essenciais para uma boa TIPO DE MICROFONE
O tipo de microfone mais
Acervo do autor
COMPRESSÃO NA GRAVAÇÃO
Muitas vezes o baterista toca de forma irregular, de ma- utilizado não haverá como desfazer. Em casos extremos,
neira que cada vez que ataca o bumbo o sinal chega em em que a variação de nível dificulta a captação do sinal,
um nível diferente. Isso é muito comum, especialmente pode-se usar um compressor com uma taxa de compres-
com bateristas inexperientes, e pode trazer dificuldades são baixa (em torno de 2:1), “attack” rápido (1 - 10 ms)
na gravação. A utilização de um compressor para dimi- e “release” rápido (menos de 100 ms). Mas, para isso,
nuir um pouco essa dinâmica indesejável pode ser útil, será necessário ter um compressor de hardware, pois os
porém, deve ser evitado na gravação, pois se for mal plug-ins não são processados na gravação.
noridade e devem
Acervo do autor
ser trabalhadas
até encontrar o
posicionamento
ideal.
1. Se o bumbo
tiver um buraco
na pele de res-
posta – posicio-
ne um microfo-
ne dinâmico de
cápsula grande
no limite da pele
com 30º- 45º de
ângulo (apon-
Quando um único microfone não é capaz de produzir a sonoridade desejada na sua tando para a
gravação, é possível acrescentar outros para captar diferentes características sonoras maceta).
bém alguns modelos de microfones condensadores 2. Se não houver buraco na pele de resposta – po-
no estilo “PZM” que também são fabricados para sicione um microfone dinâmico de cápsula grande
a gravação de bumbos, como o Shure Beta 91 e 3 a 15 centímetros à frente da pele, à meia altura,
o Sennheiser e 901. Mas há muitos modelos dife- porém fora do eixo central (para o lado).
rentes de diversos fabricantes no mercado, como
vimos na edição 267 da AM&T (dezembro 2013). 3. Se não houver pele de resposta – utilize a técnica
anterior, porém posicione o microfone 5 a 10 centí-
POSICIONAMENTO DOS metros para dentro do bumbo.
MICROFONES
Microfone
Acervo do autor
principal
Há diferentes técni-
cas de microfonação
para um bumbo,
dependendo do tipo
de pele de respos-
ta que for utilizada.
Essas técnicas são
a a base para a so-
Para reforçar o “ataque” do bumbo, utilize mais um microfone dinâmico dentro dele e
apontando para a maceta, ou na pele de ataque do bumbo, apontado para a maceta
Microfones
Acervo do autor
de reforço
Acervo do autor
Acervo do autor
bo, que podem ser
usados como reforço
(como o Sub-Kick da
Yamaha, e o Moon
Mic DK-27). Esses
microfones devem
ser posicionados três
a cinco centímetros
à frente do microfo-
ne principal, fora do
eixo central do bum-
bo (para minimizar a
captação de agudos).
Também é possível
criar o seu próprio
“microfone” para
captar subgraves uti-
lizando um alto-fa-
lante. Esse “truque”
é utilizado há déca-
das para reforçar os
graves na gravação Para minimizar vazamento das outras peças da bateria no
de um bumbo, e eu microfone do bumbo é comum o uso de um “túnel abafador”
irei ensinar vocês a feito com algum material absorvente cobrindo os microfones
TÚNEL ABAFADOR
Para minimizar vazamento das outras peças da bateria no microfone do bumbo e também diminuir o vaza-
mento do bumbo nos microfones das outras peças, é comum o uso de um “túnel abafador” feito com algum
material absorvente (espuma, cobertores, cases etc.) cobrindo os microfones.
Essa técnica pode ser especialmente útil quando há microfones posicionados a uma grande distância do bumbo,
garantindo menos vazamento e menos problemas de fase. Também é possível utilizar um outro bumbo sem pe-
les como uma “forma” para o túnel e preencher o interior com um cobertor (ou algo do tipo) para minimizar as
reflexões internas. Quanto maior for o isolamento dos microfones, mais definido será a sonoridade na gravação.
Lucas Ramos é tricolor de coração, engenheiro de áudio, produtor musical e professor do IATEC. Formado em Engenharia de Áudio pela SAE
(School of Audio Engineering), dispõe de certificações oficiais como Pro Tools Certified Operator, Apple Logic Certified Trainer e Ableton Live
Certified Trainer. E-mail: lucas@musitec.com.br
Element - o Instrumento
Virtual da Waves
Empresa demonstra querer ir além do
processamento de áudio
Pelo contrário. Lembro, quando estudei sobre sintetizado-
res na faculdade, o quanto penava para entender mesmo
as coisas mais elementares. Então, muito pelo contrário,
acho ótimo ter uma opção para que um iniciante pos-
sa entender os fundamentos da síntese subtrativa e criar
algo em cima sem frustração.
A
Waves é, sem dúvida, uma das mais importantes em-
presas de processamento de áudio em plug-ins do nos- A empresa fala sobre uma tecnologia chamada de “virtual
so mercado e a Native Instruments tem a mesma im- voltage”, mas, sinceramente, não vamos perder tempo com
portância quando estamos falando de instrumentos virtuais. isso, porque, ao mesmo tempo que pode ser algo absolu-
tamente revolucionário do ponto de vista de programação,
Suas histórias se confundem com a história da revolução dos também pode ser simplesmente um “nome bonito” feito pela
home studios e DAWs. Curiosamente, a Waves lançou no ano
passado o Element, seu primeiro instrumento virtual. e co-
meçou a avançar neste segmento.
CARACTERÍSTICAS GERAIS
Waves Element não chega a ser um sintetizador comple-
xo, mas não imagine que estou falando que isso é ruim. Fig. 2 – Modular V, da Arturia
26 | áudio música e tecnologia
Fig. 3 – CS–80V, também da Arturia
AVANÇANDO PARA OS
Fig. 5 – Filtro
PEQUENOS DETALHES
Não é porque a intenção seja de simular um equipamento E, falando de envelopes, me chamou muito a atenção o bo-
analógico que a empresa não colocou também um toque de tão punch no VCA envelope (fig. 6), que alavanca o ataque
modernidade, como costuma fazer em outros produtos. O das notas, reproduzindo um efeito similar ao que conse-
primeiro e o segundo osciladores (fig. 4) podem ser modu- guiríamos com o Trans X da Waves. Basicamente, ele força
lados de várias formas e também podem funcionar no modo o ataque inicial para que as notas soem como se tivessem
DCO. Especificamente no segundo oscilador, temos a opção sido tocadas com mais vigor.
de incrementar com modulação baseada em FM.
Agora sobre os LFOs (fig. 7), são quatro no total, sendo que
Abaixo dos dois osciladores, os destaques são os controles o LFO 1 e 2 possuem o botão de RATE, enquanto o LFO 3 e
SUB, que reforça os graves de forma muito interessante, e o 4 podem ter a velocidade sincronizada com o andamento
NOISE, para acrescentar ruído rosa. da sua sessão. Confesso que não entendi muito porque não
deixar os quatro LFOs com a opção de sincronizar ou não
Com relação ao filtro (fig. 5), além dos mais comuns, com o andamento da sessão, como é de costume nos outros
como o passa alta, passa baixa, passa banda e rejeita processadores da empresa.
banda, temos outro modulador baseado em FM que usa a
forma de onda do oscilador 1 para modular o filtro. Outro Como já poderíamos esperar, a parte de efeitos (fig. 8) é
detalhe que chama atenção é o controle ENV, que permi- muito boa no que se refere ao som, porém limitada no que
te ao usuário escolher o quanto ele quer que o envelope se refere às opções de regulagem. Você tem a qualidade dos
atue sobre filtro. plug-ins da Waves, mas pouco acesso para ajuste, como se
fosse uma tentativa de oferecer uma forma de completar
a sonoridade do sintetizador, mas fazendo com que o
usuário, ainda assim, precise pensar em adquirir efeitos
mais completos. Os destaques são a distorção e o Bit
Crusher, que é o que mais faz diferença num mundo di-
gital onde tudo pode ser exageramente limpo e perfeito.
Fig. 6 – VCA
Fig. 9 – Arpegiator
Cristiano Moura é produtor musical e instrutor certificado da Avid. Atualmente leciona cursos oficiais em Pro Tools, Waves, Sibelius e os treinamen-
tos em mixagem na ProClass. Também é professor da UFRJ, onde ministra as disciplinas Edição de Trilha Sonora, Gravação e Mixagem de Áudio e
Elementos da Linguagem Musical. Email: cmoura@proclass.com.br
S6L
nova mesa dá mais corpo à família venue
H
á dois anos sem lançar um console para mixagem desse ano. No entanto, em sua passagem relâmpago
ao vivo – já que a última novidade na linha ficou a pelo país, durante a 19ª convenção da AES Brasil Expo,
cargo da compacta S3L System, apresentada em realizada em junho passado, em São Paulo, ela já de-
maio de 2013 –, a Avid surpreendeu o mercado ao anun- monstrou que vem para ser referência, a exemplo do
ciar, durante a última edição da NAB, realizada em abril que foram e ainda são suas “irmãs mais velhas”.
passado, em Las Vegas, EUA, a chegada da Venue S6L.
Apresentada por Carlos Kalunga Branco e Ricardo “Roco-
Composto por uma superfície de controle, um DSP Engine to” Mantini – especialistas de produtos Avid para aplica-
e um Stage I/O, o sistema tem, entre outros diferenciais, ções ao vivo –, a S6L figura nossas próximas páginas em
a capacidade de processamento de aproximadamente 300
um panorama geral que mostra algumas de suas princi-
canais, além da já conhecida integração à plataforma da
pais características. De acordo com Kalunga, “a mesa, de-
fabricante – o Pro Tools –, da possibilidade de uso de plug-
senvolvida por operadores, reflete a necessidade de seus
-ins AAX e do tráfego de áudio via protocolos Dante, AVB
usuários e é, em razão disso, uma das mais rápidas e
e MADI óptico, oferecendo, assim, liberdade de escolha
inteligentes já vistas no mercado”.
quanto ao tráfego de inputs.
“Caçula” de uma família que tem ainda outros impor- FeeDBaCK viSual
tantes modelos, como, por exemplo, D-Show e Profile, FavoReCe veloCiDaDe
a mesa já conta com mais de 1.300 unidades solicita-
das via pre-order e deve chegar ao Brasil em outubro Quando se refere à mesa dizendo ser das mais rápidas,
res e VCAs, que podem ser feitos mesmo em condições mente aqueles que apreciam a fidelidade em suas mixagens.
desfavoráveis, como em ambientes com muita luz, nos
quais a leitura dos parâmetros geralmente é prejudica- “É interessante quando o público tem a oportunidade de
da”, conta Kalunga. “O fato de a mesa contar com seu já ouvir, no show, o som que está acostumado a ouvir em
conhecido software também irá promover economia de seu iPod. Antigamente isso era praticamente impossível
tempo, já que todo e qualquer usuário dos consoles da [de se fazer], mas, hoje, com essa integração toda entre
marca terá total familiaridade com o sistema, sentindo- as superfícies, não há dificuldade alguma”, conta Kalunga.
-se ‘em casa’, com 100% de autonomia. Em dois pas-
sos, ele executa qualquer tipo de operação”, garante. O técnico lembrou ainda que o fato de a mesa processar
Divulgação
No display, acessos “imediatos” a parâmetros fundamentais às mixagens.
E pela interface, totalmente amigável, o técnico se sente “em casa”
E O SOM?
Na ocasião em que foi apresen-
tada ao público brasileiro – du-
MADI Saída dual MADI oferece split direto para todos os 64 canais
Monitor confiável para fone de ouvido Saída 1/4" TRS estéreo para fone de ouvido com controle de volume;
painel para seleção de canal
E/S Word Clock Coaxial BNC de 75 Ohms
Sistema de alimentação PSUs internos com redundância dupla
Dimensões (L x A x P) 445 x 432 x 310 mm (17,5 x 17 x 12,2 polegadas)
Espaços do rack 10U
Peso 86 lbs (39 kg)
Rivage PM10
Nova geração dos consoles PM, da Yamaha,
chega com novidades que justificam expectativa
D
esde o lançamento da mesa de som Rivage canais, sem perdas, por até 300 metros de distância
PM10, em novembro de 2014, muita expec- entre dispositivos) entre as partes do sistema, como
tativa e curiosidade surgiram em torno dessa os afluentes de um rio que se conectam e o formam.
nova geração da linha PM, pois com ela a Yamaha
Pro Audio anunciou o início uma nova proposta em O design do console foi desenvolvido com muita
termos de tecnologia e conceitos, além de ampliar atenção aos detalhes. Foram considerados a ergono-
as possibilidades para mixagem, inputs e outputs. mia, a acessibilidade, e a busca por facilitar a visão
do técnico nas diversas situações que ocorrem du-
No estande da empresa na AES Brasil desse ano não rante o trabalho, de modo que a mesa seja utilizada
havia um exemplar para sanar todas as dúvidas, mas, de forma prática e intuitiva.
pouco após o término da feira, Aldo Werner convidou
alguns grupos de profissionais do áudio para a apre- Composta por 38 faders, divididos em três seções de
sentação exclusiva, na sede da empresa, em São Paulo. 12 faders mais dois master faders, além de duas te-
Marcamos uma data para as Mulheres do Áudio (www. las touchscreen de 15’’ (possui, ainda, mais uma sa-
facebook.com/MulheresDoAudio), e, no dia combinado, ída DVi, para um monitor extra) e a área de funções
ele e Matheus Madeira decorreram sobre as principais do canal selecionado do lado direito, ela possibilita
características desse refinado equipamento. uma variedade de layouts a serem formatados de
acordo com suas necessidades para mixar, podendo,
O sistema completo é composto pela superfície de por exemplo, deixar todos os canais linkados na se-
controle (CS-R10), pelo poderoso processador DSP quência dos dois Centralogic, ou deixando as seções
Engine (DSP-R10) e pelos racks de I/O (RPio622). O independentes para usar como input, output, DCAs.
nome Rivage, que tem como um de seus significa-
dos “costa de rio” em francês, tem relação com as Também oferece 12 botões e quatro knobs de “user
duas diferentes opções de conexão de rede (Dante define keys”, cada um com quatro layers, fora os
e TWINLANe, este último um protocolo de rede via dois bancos de seis Custom Faders em cada seção.
fibra desenvolvido pela Yamaha que transporta 400 Possui ainda 24 grupos de DCA e 12 grupos de Mute.
Plug-inS
Além dos itens anterior-
mente citados, o usuá-
rio que utilizar a Rivage
PM10 poderá se divertir
com até oito plug-ins
insertados em cada ca-
nal. Como nas linhas CL
e QL, via Rack Premium,
você encontrará 45 tipos
diferentes de plug-ins,
como o multiprocessador
de efeitos SPX, os VCM
Comp260 (já citado),
Comp276, Open Deck e
seis novos tipos, sendo
eles os equalizadores Ru-
pert 773 e 810, os com-
Com 38 faders, além de duas telas touchscreen LCD de 15" (foto) e a área de
funções do canal selecionado do lado direito, a Rivage PM10 possibilita uma
variedade de layouts a serem formatados de acordo com as necessidades do usuário
áudio música e tecnologia | 37
Produto
AM&T
pressores Rupert 754 e 830 e os reverbs da TC A função Preview será adicionada em atualizações
Eletronic VSS4HD e NonLin 2, somando um total futuras.
de 384 plug-ins que podem ser utilizados por cena
e com a garantia de um processamento perfeito. - Gravação – Dando continuidade à opção de gravação
Em upgrades futuros, o Ultra-Harmonizer H3000- diretamente no pendrive, como nas mesas do modelo
-Live, da Eventide, também será incluído. LS9 e das linhas CL e QL, os dois canais de output
selecionados podem ser uma cópia do LR ou via MIX,
- Equalizador gráfico (GEQ) – São 48 racks de 31 com o formato de WAV ou MP3. E como existem duas
bandas ou 96 para o Flex15GEQ. entradas USB, uma delas é dedicada apenas a isso,
deixando a segunda para, por exemplo, abrir uma tri-
- Cenas, Isolate e Overlay – Para aqueles que têm lha musical em dois canais de input da mesa.
uma demanda do uso de cenas, a Yamaha Rivage
PM10 vem com uma memória de dar inveja, ofere- Para gravações multipistas, o novo cartão HY144-D
cendo 1.000 cenas principais, sendo que em cada possibilita até 128 canais de input e outputs a 96
uma você ainda terá a possibilidade de trabalhar kHz através da rede Dante conectada a um com-
com 99 subcenas, o que é bem útil no caso de ser putador que possua o card Dante Accelerator PCIe
preciso inserir novas cenas entre as principais já (senão, são 64 in/out pistas de gravação com o
criadas sem ter que mexer na ordem. Dante Virtual Soundcard). Por esse mesmo sistema
Divulgação
Acervo da autora
você pode voltar para a mesa
um arquivo gravado e utilizá-
-lo para fazer uma passagem
de som virtual, ou usá-lo
normalmente em conjunto
com os inputs que também
estão vindo do palco, como
exemplos.
ConFiguRaÇÃo
Do SiSTeMa
Todo o processamento do
sistema, a mixagem, plug-
-ins e afins, são feitos no
DSP Engine, em 96 kHz/32
bits, que suporta 144 canais
de entrada, 72 saídas auxi-
liares e 36 matrix, além de
duas saídas master estéreo.
A superfície de controle (CS- A Rivage PM10, Aldo Werner e integrantes do grupo Mulheres
R10) é conectada nele por do Áudio (sou a terceira, da esquerda para a direita): no
cabos Cat5e redundantes, aguardo pela chegada das primeiras unidades ao Brasil
podendo até duas superfí-
cies utilizarem um único DSP-R10, para expansão. se juntar ao grupo que está esperando as primeiras
unidades chegarem ao Brasil em dezembro. Algu-
Já os racks de I/O (inputs/outputs) RPio622 são mas das mais conhecidas empresas brasileira já en-
conectados no DSP Engine via TWINLANe de forma comendaram as suas, apostando nesse projeto, que
redundante, o que permite que o som continue ro- será apenas o início de um novo conceito da Yamaha
lando mesmo se houver algum problema em uma e sua tão aclamada linha PM.
das conexões.
Roberta Siviero é técnica de PA e monitor e trabalha como freelancer em empresas de locação. Integra o grupo Mulheres do
Áudio (www.facebook.com/MulheresDoAudio). Contato: robertasiviero@gmail.com
eSTÚDio RaSTRo
Gravadora comemora maioridade
inaugurando estúdio no rio
N
o final da década de 1990, quando a música in- também preenchidas por painéis de lã de rocha e cobertas
dependente dava seus primeiros passos no Rio de por tecidos especiais.
Janeiro, nascia a Rastropop Records, uma pequena
gravadora que, naquele momento, assumia o papel de des- Projetada para ser híbrida, ou seja, nem muito seca, nem
cobrir e lançar artistas como Mauricio Negão, Unscarabrown muito viva, a sala de gravação tem sido utilizada tanto para
e Ideia Rara, dentre outros.
captação de instrumentos musicais das produções da casa
quanto para dublagens e redublagens – mais conhecidas
Hoje, depois de 18 anos de sua fundação e de tantas mudan-
como ADR – de filmes e seriados de TV.
ças pelas quais a indústria do disco passou, ela inaugura seu
primeiro estúdio próprio, o Rastro – localizado em Ipanema,
Zona Sul do Rio –, e a convite de Danny Dee, DJ, produtor e
PRo ToolS PaRa gRavaR, geleneC e
um dos sócios do grupo, abre suas portas para nossa equipe. MaCKie PaRa ouviR
Projetado pelo engenheiro John Sullivan, o Rastro foi cons- As gravações realizadas no Rastro são feitas em um com-
truído pelo arquiteto Alberto Bueno em uma espaço anexo putador Mac Pro de última geração, dotado de confortável
ao escritório da gravadora, que atualmente também
agencia atrações musicais como o DJ Taw e as ban-
das Radio Hits e Batuque Digital.
na ConSTRuÇÃo
Composto por uma técnica de 2,5 m x 3 m e uma sala
de gravação de 2 m x 2 m, além de uma antecâmara
para acesso, o estúdio recebeu, em seu projeto acús-
tico, materiais como Freijó, uma madeira maciça e no-
bre, e Dry Wall Phonique, um isolante de alta eficiência.
Em destaque, três dos microfones do Rastro: os 414 e o Super 55 plete Kontrol 61 e o Machine
Mikro, da Native Instruments,
MICROFONES E TECLADOS que, de acordo com Danny, são
ASSEGURAM PRODUÇÕES utilizados em boa parte das produções realizadas na casa.
No Rastro, a exemplo do que ocorre nos demais estúdios “Nós fomos muito cuidadosos [na escolha dos modelos].
de porte semelhante, as opções em termos de captação Buscamos adquirir os que são atualmente usados pela
não são muitas, mas os modelos disponíveis são tidos maioria dos produtores do mercado. E ainda não paramos
como “coringas” e servem a diversos tipos de aplicações, de investir. Neste ano, ainda, receberemos um Kronos 2,
casos dos 414 XLS, da AKG; do U87, da Neumann; do da Korg, e um Voyager, da Moog, para completar a cole-
Super 55, da Shure, e de alguns SM57, também da Shu- ção”, encerra o sócio. •
Divulgação
Divulgação
Dez noviDaDeS
gRaTuiTaS e
iMPeRDÍveiS no
logiC X (PArTE 1)
os maiores atrativos da
mais recente atualização
Antes de mais nada, existe um aplicativo dispo- 9. novo viSual DoS CoMPReSSoReS
nivel para download gratuito disponibilizado pelos
craques da MacProVideo chamado Logic Pro 10.1 Por mais que não signifique resultados diretos em sua
– New Features Explored, que apresenta algumas música, as novas interfaces desenvolvidas para sete emu-
das novidades presentes na nova versão. Trata- lações – que lembram clássicos compressores como o Te-
-se de uma visão geral acompanhada de vídeos letronix LA 2A, Neve 1176, Focusrites, SSL etc. – do Logic
muito bem produzidos. Vale a pena baixar para vieram bem a calhar. Se o clássico Channel EQ ganhou
seu smartphone.
5. SaMPleS no
ReTRoSYnTH?
A interface do Eletronic Drum Designer, com Se você acompanha essa
seus slots recheados de instrumentos e samples coluna, já deve ter lido so-
bre o RetroSynth, o pode-
roso sintetizador virtual do
6. noviDaDeS no Piano Roll Logic, presente na plataforma a partir da versão
10. Agora, além de tudo o que ele já oferecia,
Talvez a mais aguardada e celebrada novidade no entre os quatro modos de síntese destaca-se o
Piano Roll do Logic é a ferramenta pincel, que facilita Table, baseado em Wavetable – técnica de sínte-
muito o trabalho dos programadores. Agora, em vez se em que ondas sonoras periódicas são geradas
de copiar e duplicar, basta “pintar” as notas no grid a partir de uma amostra original –, pois a partir
da maneira que achar melhor, com o tipo de quan- dessa atualização é possível importar nossos pró-
tização que achar mais conveniente. O Sony Acid prios sons para dentro do Retro Synth, que, au-
Pro, primeiro software de áudio que utilizei na vida, tomaticamente, os transforma em “wavetables” a
na época, fabricado pela Sonic Foundry, já contava serem processadas pelo instrumento.
FiCa a DiCa
Não deixe de baixar todo o conteúdo oferecido pela
Apple nessa atualização, incluindo os lindos samples
de Vintage Mellotron, loops, além de texturas cine-
matográficas bem úteis para produtores de trilhas
sonoras e música experimental eletroacústica.
Curso de
Pro Tools
Aula 2 – Configuração
e teste de gravação
E
u odeio esses cursos de áudio mal elaborados Se você odeia esse tipo de tela, aproveite e descli-
em que os alunos ficam dez aulas só ouvindo que a caixinha “Show on startup”. Assim ela nunca
sobre conversão analógica digital, sample rate mais aparece. Clique o botão Cancel para fechá-la e,
e bit depth, isso quando não ouvem sobre fotossín- em seguida, feche o Pro Tools, sério.
tese e tingimento de linho no Egito Antigo para de-
pois sentar ao computador na aula 11 e fazer algu- Agora abra o Pro Tools de novo e conte quantos
ma coisa. O gostoso é fazer algo já na primeira ou na segundos ele leva para abrir. Foi mais rápido, cer-
segunda aula, ficando, quando muito, a primeira e a to? Isso deve-se ao seguinte: o Pro Tools, ao ser
última aulas para uma espécie de confraternização, aberto pela primeria vez, tem que carregar todas
de preferência com salgadinhos e geladinhas. É o as extensões, especialmente a engine nova, que se
caso aqui. Então hoje você vai começar a pilotar o chama AAE (Avid Audio Engine) e era a antiga DAE
Pro Tools (versão 12 e alvo deste curso). (Digidesign Audio Engine). Mas, ao fechar o Pro To-
ols, alguns recursos ativos são mantidos no sistema.
Abra o Pro Tools agora e conte quantos segundos ele Assim, na segunda «abrida» estes recursos já estão
demora para abrir, sério. Assim que se abre o Pro funcionando, e, portanto, tudo vai mais rápido.
Tools pela primeira vez aparece o Dashboard, uma
espécie de Wizard (para quem viveu a informática Agora, uma primeira dica: se você trabalhou em
dos anos 80), e é nessa tela que podemos começar a uma sessão, fechou o Pro Tools e, quando foi abri-
trabalhar ou continuar trabalhando naquilo que pau- -lo novamente começou a dar pau, é uma boa ideia
samos, pois música nunca termina mesmo – apenas tentar reiniciar o computador para abrir o Pro Tools
desistimos dela em determinado momento. e carregar todas as extensões com êxito. É possível
que alguma tenha travado.
O menu Setup é onde temos mais opções para mexer e é onde va-
mos entrar agora. Faça isso e clique na opção Playback Engine. Ah,
essa tela é o coração do Pro Tools, olha de linda (fig. 2).
BuFFeRSize
Logo abaixo, o segundo parâmetro mais importante de todos: o
H/W Buffer Size. Esse item controla o uso de CPU do sistema e,
consequentemente, a latência, que para os desavisados é o tempo
que o computador leva para digitalizar um informação, processá-la
caixa, escolha as saídas que estão conectadas aos agora, mas antes de clicar em ok esbaforidamente,
seus monitores, provavelmente a 1 e 2. clique no botão Export Settings e você será recom-
pensado em um futuro bem próximo. Uma janela
Agora, a aba Bus. Clique nesta aba e novamente se abre e, se você prestar atenção, o caminho se-
pressione o botão Default. Pronto: configuração lecionado já é o IO Settings – exatamente o que
pronta. Vamos entender o que foi feito automati- queremos. Digite então um nome para esse setup.
camente. Esta aba controla o fluxo de áudio que sai No meu caso, vou usar SETUP BUILT-IN. Pressione
das pistas do Pro Tools e que seguem para algum o botão do mouse com o cursor sobre os pixels que
lugar, sejam saídas físicas ou canais auxiliares do exibem a caixa Save, sendo bem prolixo.
Pro Tools (buses). Se for para uma saída física, obri-
gatoriamente cada saída tem que estar configurada É isso? Foi-se a parte sobre configurações? Foi.
para sair por uma saída física. Clique em OK. Se ficarmos aqui teremos configurado
praticamente 80% do Pro Tools para realizar pratica-
Parece meio redundante isso, mas vou explicar me- mente 90% do que iremos fazer, lembrando apenas
lhor. Veja na fig. 5 que as saídas 1 e 2 que estão que uma visita à janela Playback Engine de vez para
definidas na coluna Name como Built-in Output 1-2 ajustar o buffersize ajuda no caso de gravação ou
estão sendo direcionadas para a saída Built-in Ou- de mixagem.
tput 1-2 na coluna Mapping to Output. Isso significa
que, ao escolhermos as saídas Built-in 1-2 para a TESTANDO
saída de alguma pista, o Pro Tools irá mandar esse
sinal sair pelas saídas Built-in 1-2, que é exatamen- Vamos gravar um teste agora? Bora lá! Só que não?
te o que queremos que faça na maioria das vezes. Só que sim! Vá ao menu file e escolha a opção Cre-
Se não alocarmos um bus de saída físico para as ate New. Aha! A Dashboard de novo? Pronto, agora
saídas físicas na coluna Mapping to Output, não sai você sabe onde ela mora se precisar dela. Perce-
som do Pro Tools. ba que o campo Name já está selecionado. Digite
o infame nome Teste 1 ou aquele que você quiser.
E os demais Buses que aparecem, como o Bus 1-2, Na caixa Bit-Depth, escolha 24-bit. Na Sample Rate,
Bus 3-4 etc.? Você deve estar perguntando... Ah, 44.1 kHz, e tique a caixa Interleaved, caso ela não
estes são mandadas internas do software, de um esteja ticada (veja o quadro para saber mais deta-
canal para outro. E, adivinhe? Sim, falaremos mais lhes sobre o que é interleaved).
sobre isso mais à frente.
No campo I/O Setting, clique e escolha o setup que
Pronto. As demais abas são menos importantes você exportou alguns parágrafos atrás, usufruindo
da atitude recompensadora que
tivemos no passado próximo, no
meu caso chamada SETUP BUILT-
-IN. Uma janela abre-se pergun-
tando a localização para salvar
sua sessão. Escolhi o desktop e
cliquei Save.
Explicando o Interleaved
O Pro Tools suporta gravar arquivos no formato estéreo ou superior como se fossem dois ou mais arquivos
mono separados, porém dentro de um mesmo grupo que pode ser desacoplado para que estes sejam pro-
cessados individualmente. A funcionalidade Interleaved permite que o Pro Tools grave arquivos em estéreo
ou formatos maiores em um único arquivo, diminuindo a chance de erros durante seu playback e facilitando
seu uso posterior externamete ao aplicativo, sendo esta uma escolha mais adequada na maioria dos casos.
Daniel Raizer é músico, especialista em tecnologia musical e autor do livro Como fazer música com o Pro Tools, lançado pela editora
Música e Tecnologia (em segunda edição), e do blog www.danielraizer.blogspot.com.br. Trabalhou no estúdio do Belchior como técnico
principal, na Quanta Brasil como especialista de produtos e na Loudness Sonorização como gestor de Marketing e de Contas de AV
Pro. Atualmente dedica-se à música, aos seus trabalhos artísticos, aos seus clientes e seguidores virtuais e ministra cursos na AIMEC.
Mixagem
sem segredos (Parte 4)
O ouvido humano e a audição
D
esta vez vamos analisar um importante aspecto,
muitas vezes esquecido na literatura sobre mi-
xagem: o ouvido humano. Embora a gente
sempre ouça a afirmação de que “seu ouvido é seu
guia”, quase nunca se estuda como esse “guia” fun-
ciona e como podemos fazer para nos adaptar a ele.
COMEÇANDO
PELO ÓBVIO
Vamos retomar aqui aquela velha questão filosó-
fica: se uma árvore cai no meio da floresta, sem
ninguém por perto, podemos afirmar com certeza
que ela fez barulho? De um ponto de vista meramen-
te físico, é óbvio que sim, pois, neste caso, o barulho
está associado à emissão de energia mecânica acústica
através do ar. Porém, se analisarmos do ponto de vista
do barulho como a sensação provocada pelo som no cé-
rebro humano, bom, aí a coisa complica.
a 400 nanometros. Como temos receptores na
É por isso que ao trabalhar com áudio precisamos estar
retina para o “verde”, o “vermelho” e o “azul”,
focados sempre em dois níveis de entendimento: o som em
uma TV emite essas três regiões de frequência em igual in-
si, como entidade física, que existe independente de nossa
tensidade para nos gerar a sensação de luz branca.
interpretação, e o som como elemento que afeta nossos
sentidos. Por exemplo, imaginemos uma informação sonora
que tenha todas as componentes de frequência possíveis, A VISÃO DO MUNDO
todas com exatamente a mesma intensidade (algo levemente PELO MIXADOR
parecido com o ruído branco, que possui essa característica,
mas apenas estatisticamente, e não exatamente). O tempo todo falamos e lemos em praticamente todo o lugar
os processos, equipamentos e fenômenos envolvidos em áu-
Ora, como o ouvido humano possui um pico de sensibilida- dio focados no som como entidade física. Na mixagem, po-
de entre 3 e 4 kHz e uma queda de sensibilidade natural rém, precisamos humanizar a coisa. Posso afirmar que uma
nos graves, essa informação sonora será sempre afetada mixagem que toca em uma ilha deserta tem um sonzão? Se
por isso. Eventualmente, nossos cérebros podem aprender não há ninguém lá para ouvir...
a compensar esta não-linearidade de forma a entendermos
que um som assim “deformado” por nossos sensores de É claro que existem processos de medição que podem ajudar
audição significa um som absolutamente plano. a avaliar essa mixagem sem a presença humana, mas as
informações envolvidas (principalmente no caso da música)
Um processo semelhante ocorre com a visão e o sentido de são complexas demais para nossos métodos de medida.
“cor”, que é apenas a interpretação que nosso cérebro dá Nosso cérebro possui mecanismos de análise extremamente
aos diferentes comprimentos de onda da informação eletro- complexos que nos passam despercebidos. A gente nem
magnética existentes entre os comprimentos de onda de 700 se dá conta da quantidade enorme de processamento que
O PODER DA AUDIÇÃO
A visão é bem dominadora enquanto sentido, o que
Figura 2
áudio música e tecnologia | 59
Mixagem
os olhos, enquanto é impossível (exceto em casos de defi- em menor número. A nossa esperança ao mixar é que o
ciências auditivas graves) vedar completamente os ouvidos. ouvinte analise, chegue à conclusão de que gostou e aja no
Nossos corpos, ao funcionar, fazem barulho, e mesmo que sentido de ouvir de novo.
estejamos dentro de uma sala onde nenhum som do mundo
entre, depois de um certo tempo começamos a ouvir nosso Para compreendermos melhor como o ouvido funciona, es-
coração batendo, o sangue circulando pelo corpo etc. tudemos primeiro sua estrutura. O ouvido humano é com-
posto pelo ouvido externo, ouvido médio e ouvido interno.
A audição tem mesmo um caráter individual que não se pode Este conjunto extremamente sofisticado está conectado
menosprezar. Por exemplo, existe um som que só você ouve, diretamente ao sistema nervoso central, que irá processar
e ninguém mais no mundo: é o som de sua própria voz. Todo os sinais e gerar respostas.
mundo já passou pela experiência estranha de ouvir sua voz
gravada, achando o som bem diferente. Não soa como nossa OUVIDO EXTERNO
voz. Isso porque os ouvidos captam nossa voz pelas orelhas,
vinda do ambiente, e pela transmissão que ocorre por dentro É composto pela orelha, pelo canal auditivo e pelo tímpano
de nosso próprio corpo. Por isso, ninguém nunca ouve nossa (ou membrana timpânica). A orelha influencia a localização
voz como nós ouvimos. de fontes sonoras porque suas depressões e canais filtram as
componentes de alta frequência do sinal (acima de 4000 Hz)
Uma última “vantagem” da audição que gostaria de ressaltar de um modo que depende da direção do som. Estas variações
aqui é a sua capacidade de perceber informações vindas de na resposta em frequência são importantes na determinação
todos os lados. Enquanto a visão está restrita à frente, so-
se a fonte está acima ou abaixo do plano das orelhas, e ainda
mos capazes de escutar com perfeição sons vindos de trás,
ajuda a distinguir fontes à frente ou atrás. Elas não contribuem
a ponto de determinar a que altura a fonte se encontra. O
muito para direcionar as ondas sonoras para dentro do canal
sistema surround 5.1, por exemplo, faz uso vantajoso dessa
auditivo, ao contrário do que se acredita normalmente.
nossa capacidade, partindo, inclusive, do princípio de que
o ouvinte estará obrigatoriamente olhando para frente para
O canal auditivo pode ser entendido como um tubo de
ouvir uma boa mixagem surround.
aproximadamente 2,3 cm de comprimento, fechado de um
dos lados. Ele ressona em uma região de frequências que
O OUVIDO HUMANO vai de 2.000 a 5.000 Hz (mais adiante veremos que a res-
posta do ouvido humano possui em pico de sensibilidade
Vamos agora conhecer o verdadeiro objeto de nosso trabalho justamente dentro dessa região).
como mixadores: o ouvido humano. O interessante é que o
ouvido funciona de dois modos distintos, porém aparente- No fundo do canal auditivo temos o tímpano, que pode ser
mente semelhantes. Primeiro, durante o processo de mixa- imaginado como a pele de um tambor. É uma membrana de
gem, o ouvido (no caso, o do mixador) atua como ferramen- forma elíptica, com diâmetro maior aproximado de 0,9 cm
ta integrante da cadeia de trabalho. e espessura de apenas 0,074 mm. Esta membrana vibra de
acordo com as ondas sonoras que chegam, e
é extremamente sensível, suportando varia-
ções enormes de pressão. A diferença entre a
menor pressão percebida e a maior no limiar
da dor é da casa de 1 trilhão de vezes.
O RESULTADO
DISSO TUDO
Na próxima oportunidade,
Fig. 4 – Interpretamos tons menores como “tristes” e os maiores como “alegres”
falando sobre psicofísica
e psicoacústica, veremos
como tudo isso que vimos
hoje atua e influencia em nossas mixagens. Conhecer es- equalizadores e compressores, pois influenciam diretamente
tes fenômenos é tão importante quanto saber usar bem os a audição tanto do mixador quanto do ouvinte. •
Fábio Henriques é engenheiro eletrônico e de gravação e autor dos Guias de Mixagem 1, 2 e 3, lançados pela editora Música & Tecnologia. É responsável
pelos produtos da gravadora Canção Nova, onde atua como engenheiro de gravação e mixagem e produtor musical. Visite www.facebook.com/GuiaDeMi-
xagem, um espaço para comentários e discussões a respeito de mixagens, áudio e música. Comente este artigo em www.facebook.com/GuiaDeMixagem.
Produção Fonográfica | José Carlos Pires Junior
Gravação
(Parte 1)
Q
de Voz
uando planejamos uma gravação
de voz, as principais dúvidas e
ansiedades que surgem são, em
geral, com relação ao equipamento a ser
utilizado e a forma de utilizá-lo. Porém,
um arsenal poderoso de microfones, pré-
-amplificadores e cabos não vai garantir
que você tenha a melhor tomada de voz
para uma canção se não forem observados aspec-
Esfregar o assoalho
tos musicais imprescindíveis. Nesse sentido, quem
lembra das horas intermináveis do Daniel San, do e, depois, caratê!
filme Karatê Kid, esfregando o assoalho, vai enten-
der a brincadeira do subtítulo. Ou seja, antes de a inteligibilidade da informação. Vários produtores,
falar sobre microfones e equipamentos, precisamos como Bob Owsinski, David Gibson e Paul White, afir-
treinar e aprender coisas que não parecem ser tão mam em seu livros e entrevistas que se você tem
divertidas, mas são imprescindíveis. uma canção com uma voz bem captada e bem mixa-
da você tem meio caminho andado.
Inicialmente, precisamos entender alguns aspectos
importantes sobre a grande maioria das músicas Boa parte dos meu alunos de Técnicas de Gravação
que possuem vocais. De maneira geral e simplifica- II (vocal) estão sempre ansiosos para descobrir tudo
da, independentemente do gênero musical, quando sobre a sonoridade dos microfones e seus posiciona-
a voz canta uma melodia unida a uma poesia, temos mentos. Essa ansiedade, na maioria das vezes, tira
uma canção. Isso vale para quando tratamos do he- o foco do objetivo principal e se torna uma distração
avy metal e suas variantes, e também para quando tanto para o aluno quanto para o produtor musi-
tratamos do rap ou pop. Um dos aspectos mais im- cal. Então, pra diluir um pouco essa ansiedade, mi-
portantes para uma boa gravação vocal é preservar nha estratégia é ligar todo o ferramental que temos
(microfones, pré-amplificadores e compressores) e
realizar experimentações com microfones caros, ba-
ratos, valvulados, transistorizados e, inclusive, dinâ-
micos. Depois dessa euforia de ver, montar e ouvir
vários sons, é necessário colocar o foco no processo
que antecede a gravação.
REFERENCIAL
ESTILÍSTICO
Quanto mais você conhece so-
bre o gênero e estilo que está
gravando, menos bobagens
irá pensar, fazer ou falar. Na
minha opinião pessoal, um
produtor musical com mui-
ta experiência de escuta vale
tanto quanto um com muita
experiência de gravação. Isso
porque um produtor pode pas-
sar a vida inteira gravando de
maneira inconsistente, sem co-
nhecer minimamente o mate-
rial que se propõe a gravar. Por Luciana Porto: cantora acerta os pontos de respiração e atenção
outro lado, um bom audiófilo
pode dar um banho de cultura
e “repertório” pelo simples fato de estar mais fami- dutor entender o nível de dificuldade na emissão de
liarizado com a música a ser produzida. Nesse sen- algumas passagens e auxiliar o cantor a atingir o
tido, é altamente recomendável uma boa conversa resultado esperado, sem estressá-lo ou sem exaurir
com o cantor para saber de suas referências e pre- as possibilidades de conseguir um bom take em um
ferências musicais. Com essas informações, gaste espaço curto de tempo.
tempo ouvindo essas referências e tente, na medida
do possível, se envolver com esse material sonoro RESPIRAÇÃO
focando não somente no som, mas principal-
mente no conteúdo cultural envolvido com Cantores precisam conciliar sua respira-
esse material sonoro. ção com as frases. É muito importan-
Um produtor
te sentar com o cantor e reavaliar
ENTENDA DE musical com
os pontos de respiração durante
muita experiência
TÉCNICA VOCAL as frases, de modo que os fins de
de escuta vale tanto frase não fiquem fracos ou espre-
Não são todos os produtores mu- quanto um com midos. Em contrapartida, o can-
sicais que têm a oportunidade de muita experiência to não pode ser transformado em
estudar música formalmente em de gravação uma demonstração de capacidade
universidades ou conservatórios. pulmonar. Pra facilitar, use as vírgu-
Mas os que tiveram a oportunidade las, fins de frase e saltos melódicos para
de frequentar esse ambiente musical cer- marcar os pontos de respiração. Depois dis-
tamente tiveram aulas de Técnicas Vocais, Coral so, treine com o cantor, preocupando-se em man-
ou, ainda, Regência. Por sorte, tive todas essas ter o conforto vocal e físico. Não é o momento de
disciplinas na minha graduação (mesmo não sen- sobrecarregar o cantor com aspectos de afinação
do cantor), e essa experiência com o canto me e dicção. Mesmo um cantor experimentado possui
permite acessar o cantor pelas vias técnicas, so- vícios e preferências que prejudicam o desempe-
noras e fisiológicas. nho vocal. Por isso, seja solidário e mostre a ele
que respiração é a base da construção do canto,
O conhecimento sobre técnica vocal permite ao pro- seja qual for o gênero ou estilo.
CORRIGINDO A DICÇÃO
Outro aspecto muitíssimo importante é o
entendimento da palavra cantada. Não é
raro em músicas do repertório nacional
não ser possível entender algumas pala-
vras da canção. Se isso é um problema
na nossa língua nativa, imagine em lín-
guas estrangeiras. Sendo assim, depois
de todo cuidado com a respiração e afi-
MC Visel estudando os pontos de respiração entre as frases nação, temos que ajudar o músico a se
expressar melhor no microfone. Temos
AFINAÇÃO que ter em mente que a pessoa que canta ouve
parte do som a partir da sua própria caixa de res-
Para um cantor, a alcunha de “desafinado” pode sonância facial. Sendo assim, provavelmente ela
ser uma das maiores ofensas possíveis. Não é vai ouvir a própria voz de maneira diferente da
sem razão que João Gilberto interpretou a famosa captada a 20 cm de distância do microfone.
Lucas C. Meneguette, músico e pesquisador, é professor das disciplinas de Software e Hardware e Teoria e Percepção Musical
no curso de Produção Fonográfica da Fatec Tatuí. Em sua tese de doutorado estuda o design funcional de áudio para jogos
digitais. E-mail: lucasmeneguette@gmail.com.
SonaR
PlaTinuM
Por dentro das novidades da versão
A
pós um período de hibernação, a seção sonar está um clipe, basta clicar nele, e, para marcar uma região, drague
de volta, e com o Sonar Platinum, lançado em horizontalmente com o mouse sobre a porção desejada.
2015 e que apresenta diversas inovações, como
o plug-in ProChannel Strip com nove efeitos; plug-in Vo- 4. Clique com o botão direito do mouse sobre o clipe ou
calSync, para alinhamento de vocais gravados; Addictive região marcada. No menu que se abre, selecione Region
Drums 2 Producer Bundle; 57 efeitos para instrumentos e FX/VocalSync/Create Region FX. Desta forma, o áudio
mixagem e 21 instrumentos virtuais, com preço especial selecionado é convertido em um típico clipe de Region FX
para clientes que já possuem produtos Cakewalk. e o VocalSync faz, automaticamente, sua primeira ten-
tativa para sincronizar o clipe processado, comparando-o
Dentre estas novidades, a que pode ser considerada de com o clipe guia. Repare que o clipe de Region FX mostra
maior importância é o VocalSync, que permite sincronizar uma onda sobre a outra. A parte de baixo representa a
vozes gravadas. Vejamos mais sobre ele a seguir. pista guia, com a de cima representando o resultado do
VocalSync. Aumentando-se bastante o zoom na horizon-
voCal SYnC tal é possível visualizar como está o alinhamento da pista
editada sobreposta à pista guia.
Sincronização de vozes gravadas. O Vocal Sync utiliza re-
cursos de Time Stretching (elasticidade – alongamento ou 5. Ouça o resultado e cheque se a correção funcionou.
compressão da duração do áudio) para adaptar locuções, Caso não tenha solucionado, é necessário editar o alinha-
melodias cantadas ou instrumentos gravados, a uma nova mento nos parâmetros do VocalSync. Se o editor do Vo-
duração. Assim, duas pistas de áudio podem ser sincroni- calSync não estiver aparecendo ao lado do clipe, clique
zadas para que soem ritmicamente corretas. com o botão esquerdo do mouse sobre a abreviação RFX
que está localizada à direita, em cima do clipe, e escolha
Por exemplo, se uma pista de vocal não está bem sin- a opção Open Editor, ou, simplesmente, clique duas vezes
cronizada com as demais, é possível ajustá-la para que sobre o clipe com o botão esquerdo do mouse. Assim, o
fiquem totalmente em sync. Para tal, siga os seguintes editor passa a ser mostrado próximo ao clipe.
passos:
oBSeRvaÇÕeS
Para que o VocalSync funcione com eficiência
é necessário que a pista a ser editada esteja
alinhada com a pista guia o máximo possível. O visualizador da pista no modo Audio Transients mostrando
Para tal, aplique as técnicas convencionais de diferentes graduações de Time Stretching (representadas
edição (cortando trechos indesejados e arras- pelas cores azul e vermelha) aplicadas pelo VocalSync
Luciano Alves é tecladista, compositor e autor do livro Fazendo Música no Computador. Fundou, em 2003, a escola de música e tecnologia CTMLA –
Centro de Tecnologia Musical Luciano Alves (www.ctmla.com.br), que dispõe de seis salas de aula e um estúdio.
FINAL CUT
As muitas possibilidades
do title Custom
www.avolites.com
www.proshows.com.br
www.harman.com
www.martinprofessional.com.br
mudar para um ângulo de feixe fixo mínimo de apenas 2,5°. Um feixe grande e bas-
tante denso, com 160 mm de diâmetro, deixa a lente frontal do Mythos e permanece
paralelo durante todo o seu comprimento, até mesmo a grandes distâncias.
www.hpl.com.br
www.claypaky.it
Divulgação
Também vale destacar que trabalha com 16 ou 24 canais DMX e lâmpada Osram
Sirius HRI 280W 10R, área de luz de 9 mm e efeitos dimmer e strobo. É bivolt,
consome 470 W, pesa 18 kg e mede 38,5 X 36,5 X 59 cm (L x A x P).
www.star.ind.br
A EVOLUçãO DE UM CLÁSSICO
A Clay Paky também tem agora no país, via HPL, o SuperSharpy, evolução do já clás-
sico Sharpy que conta com uma lâmpada de 470 watts capaz de gerar o triplo da
potência do equipamento anterior.
www.hpl.com.br
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NATA DA INDÚSTRIA DE
BROADCAST NA SET EXPO 2015
Realizada anualmente pela SET, a SET Expo, principal evento no segmento tecnológico para broadcast da América Latina, leva ao
Pavilhão Vermelho do Expo Center Norte, em São Paulo, entre os dias 23 e 27 de agosto, as maiores novidades em consoles e micro-
fones, dentre outros equipamentos destinados ao setor. Neste ano, de acordo com a organização da feira, estarão presentes mais de
200 expositores, que, juntos, representam produtos de mais de 400 fabricantes, nacionais e internacionais, responsáveis pelo desen-
volvimento e pela produção de soluções inteligentes e sofisticadas em produção, distribuição e exibição de conteúdo multiplataforma.
Divulgação
conta com uma marca própria – a AWA DJ Light, fabricante de
produtos voltados à iluminação de casas noturnas, tais como sis-
temas de multiraios, refletores e aparelhos de LED e máquinas de
bolha e fumaça, entre outros.
Para maiores informações sobre produtos e novidades, acesse o site da AWA, www.awalight.com.br, ou a página da empresa no
Facebook, www.facebook.com/awalight.
Divulgação
morou meio século de existência nos dias 26, 27 e 28 de junho,
quando as agremiações do Boi Caprichoso e Boi Garantido des-
filaram durante o Festival de Parintins. Mais de 50 mil pessoas
comparecem à arena do Bumbódromo, e puderam conferir de
perto as performances que tiveram como tema a Amazônia e a
vitória apertada do Boi-bumbá Caprichoso.
“A Harman tem o compromisso de oferecer ao mercado brasileiro o que há de melhor em áudio e iluminação profissional.
Nossa expertise e tecnologia garantm resultados positivos diante da expectativa de grandes eventos, como o Festival de Parin-
tins”, afirmou Manoel Sieiro, diretor de Marketing e Vendas da Divisão Profissional da Harman, empresa que em 2015 também
esteve presente em eventos como o Festival de Verão de Salvador, Planeta Atlântida, Monsters of Rock e João Rock.
MENOS
É MAIS
Sorriso Maroto adapta projeto de DvD
para levá-lo a maior número de capitais
E
m agosto do ano passado, o Sorriso Maroto gravou, no e Herbert Leite, coordenador da logística de montagem, exe-
Maracanãzinho, o DVD Sorriso Eu Gosto, uma superpro- cução e desmontagem dos shows, tarefa realizada por 22
dução que marcou o início das comemorações dos 18 técnicos, dois marceneiros e 18 carregadores.
anos de carreira do quinteto formado por Bruno Cardoso (voz),
Cris Oliveira (percussão e vocais), Sergio Jr. (violão e vocais), “[Coordenar a operação] É um grande desafio para todos
Vinicius Augusto (teclados e vocais) e Fred (percussão). nós. Trabalhamos com duas carretas, nas quais transporta-
mos toda essa estrutura, e temos somente dez horas para
Mas para que esse show fosse levado aos quatro cantos do deixar tudo pronto a cada apresentação. Por isso, temos que
país, houve a necessidade de adaptá-lo, ou melhor, “compac-
agradecer aos integrantes do grupo, à nossa equipe e ao
tá-lo”. Criou-se, então, a partir da planta original, desenhada
Sergio Monza, empresário do Sorriso e diretor geral da Faná-
pelo lighting designer Marcos Olivio, um modelo bem reduzi-
tica [Cenografia], pois sem eles seria impossível colocar um
do de apresentação, voltado para pequenas casas noturnas,
megashow desses na estrada”, disse Herbert.
e, mais adiante, um terceiro modelo, considerado como meio
termo entre o projeto do DVD e esse “pocket show”.
RiDeR enXuTo eM 1/3
Chamado de “Premium”, o formato “intermediário” já passou
por capitais como Porto Alegre, Rio de Janeiro, Belo Horizon- O mapa de luz utilizado nos shows Premium corresponde
te, Curitiba, Vitória, São Paulo e Florianópolis. E foi para falar a cerca de 1/3 do que foi usado na gravação do DVD e é
sobre ele que nossa equipe convidou para uma conversa Abi- composto, basicamente, por 44 aparelhos Sharpy, da Clay
linho MA, iluminador do grupo; Douglas Porkott, responsável Paky; 12 MMX Spot 1200, da Robe, e 24 Robin 600 LEDWa-
pelo conteúdo de imagens utilizado em suas apresentações, sh, também da Robe; dez Spot 1200, da IMAX, além de 37
Em Aí Que Eu Gosto e
Vou Pra Cima, outra que
Ao redor do painel de LED, os Sharpy dão um show à parte exagera no romantismo,
no bom sentido, uma
o conteúdo de imagens da turnê é exibido em uma variação de imagens apresenta ao público desde
tela côncava, de alta definição, com 5 mm de dis- uma enorme poeira cósmica nos já citados tons
tanciamento entre pixels. O Catalyst PM HD Pro, ser- de cyan e magenta até raios que se movem len-
vidor de mídia fornecido pela Image4U, é, desde a tamente, em tons de azul e violeta, enquanto que
gravação do DVD, comandado por Douglas Porkott, em Amanhã, que segue a mesma linha, o grafis-
que se divide entre operá-lo por meio de um console mo é feito com imagens abstratas, também em
grandMA2, da MA Lighting, ou, eventualmente, por tons de magenta e também violeta.
meio de programação interna.
Eu adoro, eu me amarro
Iluminador fala de suas preferências
L&C: O que destacaria nos de nos atender em impor-
equipamentos que foram tantes momentos do show,
escolhidos para a turnê? como, por exemplo, na mú-
sica Um Metro e 65, na qual
Abilinho MA: Os LED Wash, fazemos um poderoso con-
por exemplo, contam com traluz.
um recurso interessante, que
divide o faixo de luz em três Em que software o show
pixels em formato de anel, foi programado?
o que ajuda muito nos mo-
mentos de ataque e dinâmica Abilinho: Programei em
do show. E os X5, que são MA 3D e grandMA onPC e
estrobos de LED, podem ser dividi a planta em setores:
usados de modo diferente, o contra superior, acima e
entrando lentamente até que no meio do painel; o contra
se acendam por completo em inferior, usado para penum-
blind, como bruttes. bra e silhueta; as laterais e
o semicírculo. Com o show
Os Sharpy são aparelhos programado, os artistas têm
muito fiéis às programações a possibilidade de revisar e
de seus posicionamentos e Abilinho: programação em modificar a ordem das mú-
movimentos, enquanto que MA 3D e grandMA onPC e sicas sem a necessidade de
os MMX têm um zoom capaz planta dividida em setores montar o cenário.
Animando titles
de forma rápida
As muitas possibilidades do title Custom
“
Titles” costumam ser os elementos gráficos
mais comuns na maioria dos vídeos a que
assistimos, e tirar máximo proveito de seu
uso pode ser a diferença entre cativar a audiên-
cia ou cair no esquecimento. Acrescentar titles
animados ao seu vídeo pode agregar muito valor
à mensagem que deseja transmitir.
TEXTOS ANIMADOS
“AVANÇADOS”
Figs. 1B e 1C – O texto, invertido e no canto direito da tela,
O Motion, aplicativo de motion graphics da começa a se mover letra a letra em direção ao lado esquerdo
Apple, apresenta uma infinidade de recursos
para quem quer produzir e animar titles. Uma peculia-
TEXTOS ANIMADOS NO FINAL CUT PRO
ridade do programa é o fato de não trabalhar somen-
te com keyframes, como acontece, por exemplo, com
Muitos dos comportamentos que podemos aplicar a um
o After Effects. O principal mecanismo de animação
texto dentro do Motion foram transpostos para o Final Cut
do Motion são os chamados “behaviors”: uma série
Pro X. Isto é facilmente verificado quando aplicamos alguns
de “comportamen-
dos muitos titles animados disponíveis. Abrindo o browser
tos” que os elemen-
de titles, repare, por exemplo, nas opções existentes na
tos gráficos podem
categoria Build In/Out. Estes titles animados foram criados
adotar, fazendo com
no Motion e publicados no Final Cut para uso do editor.
que características
como formato, posi-
Apesar de apresentarem um número razoável de parâ-
ção e muitas outras
metros de animação, os titles do Final Cut não oferecem
se modifiquem ao
tantas opções quanto o Sequence Title Behavior do Mo-
longo do tempo.
tion. Isto é perfeitamente compreensível, uma vez que o
Final Cut não é um programa focado em videografismo.
Entre os behaviors
Existe, no entanto, um intermediário entre a versatilida-
que podemos usar
de das animações do Motion e a simplicidade dos titles
para animar um tex-
to temos o Sequen- animados do Final Cut. É o title Custom.
ce Text Behavior.
Ele oferece diver- ANIMANDO O TITLE CUSTOM
sos tipos de parâ-
metros que podem Vamos criar uma timeline contendo clipes e a ela adicio-
ser modificados em nar o title Custom, localizado no browser de efeitos, na
conjunto, o que re- categoria Build In /Out (figura 2). Clique sobre o title na
Fig. 1A – O menu de Sequence sulta em animações timeline e abra o Inspector. Observe as opções de anima-
Text Behavior do Motion, que customizadas muito ção disponíveis (figura 3).
nos permite animar uma série de elaboradas (figuras
características de um texto 1A, B e 1C). A primeira metade da janela do inspector mostra os efeitos
Fig. 4A – O efeito desfocado vai se Fig. 4C – Aqui aplicamos o efeito Blur In e usamos a
desfazendo na direção do final da frase opção Through do parâmetro Sequencing. As letras
saem de foco e voltam ao normal logo depois.
Fig. 4B – As opções do
parâmetro Sequencing
Marcelo Ferraz é editor de vídeo na TV Brasil e professor do IATEC, no Rio de Janeiro. Mantém um site voltado para
Final Cut Pro X em fcpxnerd.wordpress.com e pode ser contatado pelo e-mail marcelofrodo@gmail.com.
A versão
gratuita vem aí
Respondemos as principais dúvidas
sobre o Media Composer | First
E
m abril, a Avid anunciou na NAB (fig. 1) Mas fique tranquilo que a Avid não pretende dar o fa-
que pretende lançar uma versão gratuita do moso golpe baixo de outros aplicativos que se dizem
Avid Media Composer chamada Media Com- “gratuitos” mas têm funções críticas cortadas, como
poser | First. Era uma estratégia já prevista, pois a possibilidade de salvar ou exportar um projeto.
no ano passado ela havia anunciado o Pro Tools |
First, a ferramenta gratuita para produção de áu- No Media Composer | First será possível realizar
dio da Avid. muita coisa, na verdade. Você poderá realizar todas
É gratuito mesmo?
Tem algo com preço escondido?
cada departamento,
como o Adobe After
Effects para video-
grafismo, Pro Tools
para áudio, Da Vinci
Resolve para cor-
reção de cor... Isso
sem contar as ferra-
mentas para autora-
cão de DVD/Blu-Ray,
criação de gráficos,
conversão de mídias,
estoque, backup e
muito mais.
Fig. 4 – Vídeos em português com os primeiros passos no Avid Media Composer
Se parece muita
coisa, lembre-se
Poderei trabalhar de forma colaborativa de que tudo dito acima são apenas ferramentas,
com alguém que tem a licença completa como um martelo ou um serrote de um carpin-
do Media Composer? teiro. Edição é uma arte, e
assim como a música, pin-
Ótima pergunta e a respos- tura ou escultura, demanda
ta é não. No próprio site da uma sensibilidade apurada
Avid é mencionado que isso e muita experimentação.
não será possível.
Novamente, como na mú-
sica e na arte em geral, a
Para eu começar a pro-
sensibilidade deve andar
duzir vídeos profissio-
lado a lado com a teoria e
nalmente basta apren- técnica de composição, es-
der a editar com o Avid colhas de imagens, pontos
Media Composer | First e de corte, eixo de câmera,
depois comprar a licença roteiro e continuidade para
que uma coleção de ima-
completa?
gens seja, de fato, transfor-
mada numa história.
Existe um caminho longo
para quem quer se aventu-
Aos interessados em en-
rar como videomaker. O Avid
tender mais sobre o tema,
Media Composer é apenas
sugiro procurar pelo docu-
um programa de edição e
mentário The Cutting Edge
montagem que possui recur-
– The Magic of Movie Editing
sos essenciais de grafismo,
(fig. 5).
áudio e correção de cor...
Fig. 5 – Documentário
Porém, existem outras fer-
recomendado: The Cutting Edge Abraços! •
ramentas específicas para
Cristiano Moura é instrutor certificado pela Avid. Por meio da ProClass, oferece consultoria e treinamentos
customizados, além de lecionar cursos oficiais em Avid Media Composer. Contato: cmoura@proclass.com.br.
Tecnologia
iluminando
nossos projetos
Usando equipamentos a partir de conceitos
ou da tecnologia que eles oferecem?
O
s projetos de iluminação es-
Layza Vasconcelos
tão cada vez mais tecnoló-
gicos. Já era de se esperar,
pois estamos vendo uma avalanche
de novos equipamentos que todo dia
aparecem no mercado. Muitos vêm
para auxiliar nossos trabalhos ou até
mesmo para criar novos efeitos, e com
isso temos uma infinidade de efeitos e
possibilidades. Mas pergunto: quando
se pensa em um projeto de luz, você
pensa no efeito que quer ou no equi-
pamento que deseja usar?
Divulgação
mesmo um céu estrela- Mas não é de hoje que o ho-
do, usamos o gobo (fig.1) mem busca encontrar maneiras
para fazer este tipo de de transpor suas ideias. Desde
efeito. Eu, particularmente, a Grécia vemos a criatividade do
possuo alguns gobos de uso ser humano em usar elementos co-
próprio, mas, dependendo do muns para materializar seus conceitos.
espetáculo, temos que usar uma Por exemplo, quando os espetáculos teatrais
quantidade maior e pedir a produção eram encenados sob a luz do sol, o homem utilizava
para adquirir, coisa que quase nunca é uma tocha para simbolizar que aquela cena acontecia à
possível. Então, passamos sempre pela noite. Este tipo de artificio é visto até hoje em espetáculos
solução das latinhas de refrigerante ou cerveja, recortando tais realizados em espaços abertos ou fechados.
objetos e assim fazendo alguns desenhos simples, como qua-
drados, círculos e, em alguns casos, estrelas. No século 16 começa o trabalho de mudar a intensidade da
luz para buscar uma dramaticidade através da iluminação.
Quem nunca aqui usou este tipo de efeito? Recortar la- Quando o palco estava mais iluminado, referia-se a uma
tinhas para colocar nos elipsoidais e assim fazer aqueles cena mais alegre, e quando estava mais escuro, referia-se
fachos de luz para trazer uma ideia de céu estrelado... Um a uma cena mais dramática, sempre buscando transparecer
efeito simples, mas que causa um desenho muito bonito no para o público o que o encenador queria para seu espetáculo.
teatro, dependendo de como e onde você vai aplicar.
Até o final do século 19 pouco se modificou no processo de
TECNOLOGIA A SEU FAVOR iluminar um espaço cênico, a não ser por colocar algumas ve-
las e lamparinas nas coxias e na parte superior do palco para
Acredito que o mais importante é pensar no efeito que você iluminar os atores por todo o palco e colocar garrafas com líqui-
quer, para depois pensar em quais equipamentos vai usar, dos coloridos na frente das velas e tochas para produzir cores.
buscando a tecnologia para suprir nossas necessidades. Que- Somente no início do século 20, com a chegada da energia
ro citar aqui o exemplo de um grande cenógrafo checo, Josef elétrica, houve uma revolução na forma como se ilumina.
Svoboda (1920-2002), um mais inovadores do século 20. Ape-
sar de trabalhar com cenários, ele buscou através de projeções Agora o homem tem a tecnologia para criar efeitos, ilu-
de filmes e luz construir espaços e estética para seus projetos. minar o que ele quer, focar elementos em cena, criar lua,
sol, entardecer, anoitecer. Agora não bastar deixar o espaço
Svoboda foi um dos primeiros a trabalhar com “luz negra” com- cênico iluminado – é preciso significar sua luz, fazer valer
binando com pinturas especiais para criar efeitos de fluores- a tecnologia para apoiar suas ideias. No início desta grande
cência na cena. Era chamado de “O escultor da luz”, pois criava transformação tecnológica aparecem nomes como Stan-
desenhos e cenários usando a iluminação. Por causa da sua ley McCandless (1897-1967), com a publicação do livro A
relação com a tecnologia foi possível criar um re-
fletor que recebeu seu nome, “Svoboda” (fig. 2).
method of lighting the stage, em 1932, considerado como o MeSMo DeSeJo De iluMinaR
bíblia dos iluminadores da época e objeto de estudo nas
escolas de teatro nos Estados Unidos. Podemos dizer que estamos em uma segunda fase de revo-
lução tecnológica na iluminação. Na época dos nossos ante-
Na dança tivemos a grande contribuição de Jean Ro- passados era a energia elétrica que surgia e lhe dava muitas
senthal (1912-1962), que dá importância à luz lateral, oportunidades de criar efeitos, espaços, estéticas e conceitos.
projeção em ângulo baixo e contraluz, valorizando assim Agora temos equipamentos cada vez mais modernos e mais
a silhueta dos bailarinos. Edward Gordon Craig (1872- sofisticados para contribuir com nossos projetos. Duas épo-
1966) rebateu a ideia da luz de ribalta, que ainda era cas, duas realidades, duas revoluções na forma de se iluminar.
muito usada no início do século 19. Ele queria uma ilu-
minação que criasse atmosferas e efeitos plásticos (fig. Alguns destes pesquisadores que citei postularam suas ideias
4) na cena. Adolphe Appia (1862-1928) distingue a luz antes mesmo da chegada da energia elétrica, mas já discu-
difusa da luz concentrada. Ele era um cenógrafo que tiam a necessidade de se pensar a luz, de torná-la efetiva em
trabalhava com cenários em plataformas, escadas e co- um processo de construção estética da imagem no palco, e
lunas, onde o bailarino e ator ganhava mais expressivi- hoje, quando temos muita tecnologia ao nosso dispor, inter-
dade com o jogo de luz. net para pesquisar e estudar, os novos iluminadores cênicos
estão esquecendo da essência de iluminar um espaço, de
Podemos perceber que muitos deles eram cenógrafos ou criar um conceito. Querem fazer “pisca-pisca” no palco.
encenadores que buscavam uma forma de se expressar
através da luz. Com isso, estudaram e desenvolveram téc- O que temos que procurar é saber o que sua luz vai sig-
nicas para aplicar em seus espetáculos as várias possibili- nificar, o que ela quer revelar e esconder para o público,
dades que a luz nos permite realizar. o que vamos desenhar no espaço. Temos uma infinida-
de de equipamentos que pode nos ajudar
e que também pode nos atrapalhar. Eu já
presenciei iluminadores que, ao chegarem
no teatro para montar sua luz, viram que
havia muitos equipamentos à disposição, e,
assim, resolveram usar tudo. Depois fica-
ram perdidos no seu mapa de luz, já que o
teatro lhes ofereceu mais refletores do que
realmente precisavam.
Rodrigo Horse é graduado em Design de Interiores pela Faculdade Cambury-GO, especialista em Docência do
Ensino Superior pela Faculdade Brasileira de Educação e Cultura (FABEC-GO). Professor da pós-graduação do
IPOG do curso Master em Iluminação e Arquitetura e pela Faculdade Unicuritiba na pós-graduação Arquitetura
de Iluminação. É iluminador efetivo da Universidade Federal de Goiás (UFG) e atua como iluminador cênico há 15
anos. Contato: contato@rodrigohorse.com.br
94 | áudio música e tecnologia Até o mês que vem, com mais um caderno Luz & Cena!
ÍNDICE DE ANUNCIANTES
Expomusic 45 www.expomusic.com.br
Botões convidativos
Os ditos “tudo é cíclico” e “somos uns eternos insatisfeitos” salvar os timbres! Nos anos 80 o sonho começou a se tor-
andam de mãos dadas. Na verdade, eu não diria insatisfei- nar realidade. Quem se lembra do Yamaha DX7? E, então,
tos... pois soa muito negativo! Mas diria que somos inquietos. como diria Murphy e suas leis: toda solução gera novos
Nós, o mercado, a indústria. O que já foi bom uma vez não problemas! E os problemas foram alguns, como preguiça
deixa de ser bom... Pode abrir espaço pra outros bons, mas de gerar novos timbres, e, com a falta de botões, os tim-
um dia ressurge, de roupa nova. Já o que é ruim, ah... Não bres ficaram mais estáticos, sem movimento.
vamos perder tempo com isso (rs).
Fazendo esta análise vindo do mundo dos synths para
Do que mesmo estou falando? Dos hábitos de trabalho. o mundo das mixes, apesar das inúmeras vantagens de
Workflow, técnicas e os queridos equipamentos. Pra que um sistema DAW, não podemos deixar de mencionar que
tantos? Pra que mais? Com o que temos hoje já dá pra fazer a moda é ter todos os plug-ins do mundo, mas poucos
música por uma vida. Duas... três! Mas, sim, a indústria da engenheiros e produtores sabem realmente tirar tudo o
tecnologia precisa sobreviver, e eles lançam mais e mais. E que estes processadores podem oferecer. O imediatismo
não é só isso: muitos equipamentos surgem para, de fato, do “som pronto” acaba fazendo com que usuários pas-
resolver problemas. Mas ainda não estou falando destes: sem por dezenas de plug-ins procurando um timbre, em
estou falando daqueles que surgem simplesmente para vez de entrar mais a fundo por dentro das muitas possi-
inspirar. “Simplesmente”? Claro que não. Vários, muitos bilidades de cada processador.
equipamentos existentes não são tão únicos assim pelo que
fazem, mas por como fazem! O jeito que são desenhados Bem, qualquer produtor de música hoje sabe que o vinta-
e construídos... Eles simplesmente nos convidam a brincar ge está de volta. Inúmeras caixinhas e pedais com botões
com eles! Vamos fazer uma analogia. Existe uma grande analógicos estão nas prateleiras. Quem busca timbres nos
diferença entre entrar num meio de transporte que te leva sintetizadores está indo lá atrás na história pra resgatar
até onde você precisa ir e entrar num automóvel e simples- não apenas sons, mas também métodos de trabalho, e há
mente o pilotar. Seja pra onde for. Uma coisa é a tarefa, vários synths e baterias eletrônicas no mercado agora que
outra é a inspiração e o prazer. É disso que estou falando! estão vindo com CV (control voltage) e Gate! Se você não
sabe o que é isso, não se preocupe, pois é uma tecnologia
A tecnologia chegou a um nível ótimo. As coisas simplesmen- de antes ainda de existir o MIDI, para que os sintetizado-
te funcionam. As gravações não têm ruídos, distorções, cross- res analógicos pudessem se comunicar. Mas CV e Gate no
talks... Os periféricos de computador, tecladinhos USB e placas ano de 2015, em paralelo, a tantos synths virtuais em for-
de áudio são automaticamente reconhecidos pelo sistema. Com ma de plug-ins que também existem no mercado? Sim...
relativamente pouco investimento, monitores e microfones Pegar um instrumento desses certamente vai te botar pra
soam bem! E sem contar o sonho que é um sistema de gra- trabalhar de forma diferente da que você está acostuma-
vação (DAW) de hoje em dia. Com um laptop e um software do. E, com isso, vêm os novos resultados.
você grava, mixa, finaliza e ainda publica online. Laptop? Não
somente... Tudo isso é feito com um iPad ou com um iPhone! Esta semana eu postei uma foto e um vídeo na rede social nos
Legal: estamos muito além de onde jamais imaginaríamos es- quais eu utilizava alguns pedais analógicos, destes que guitar-
tar. Estamos literalmente no futuro. O que mais poderíamos ristas usam, para processar áudio do meu Pro Tools. Pra que
querer? Uhm... botões! Pensando bem, talvez “eternamente isso, com tantos plug-ins existentes? Bem, além do timbre ser
insatisfeitos” seja a expressão correta! outro, os pedais estão ali na minha mesa, ao lado do trackpad,
com aqueles botões, me convidando a mexer neles em tempo
Mas... botões pra que? Passamos a vida sonhando em não real. Certamente geraram um resultado que o conforto do plug-
precisar mais deles! Ruídos, espaço físico, dificuldade de -in não me daria. Além do charme e da inspiração fornecidos,
recall etc. Eu venho dos sintetizadores, então falo isso me pouparam, claro, de um pouco da tendinite!
tudo com alguma propriedade. Nos anos 70, o sonho de
qualquer tecladista era menos botões e mais recall. Poder Inspirem-se! Bons sons e até mês que vem. •
Enrico De Paoli é engenheiro e produtor de música. Conheça mais sobre seus trabalhos premiados e seu programa de treinamento Mix
Secrets visitando www.EnricoDePaoli.com.