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Ano XXVI- agosto/2015 nº287 - R$ 13,00 - www.musitec.com.

br

VENUE S6L
Mesa da Avid chega trazendo
maior processamento, mais
velocidade e inteligência para
o dia a dia do usuário

X AG E M SEM
M I TE 4)
O S ( PA R
SEGRED NO
O
O OUVID IÇÃO
H U M A
HOME STUDIO
E A AUD Hora de gravar o bumbo

YAMAHA RIVAGE PM10 LOGIC X


Um olhar profissional sobre a aguardada Novidades gratuitas e imperdíveis
nova geração de consoles PM na mais recente atualização
Sorriso Maroto adapta projeto de DVD para levá-lo a maior número de capitais
A
CEN

Respostas às principais dúvidas sobre o Media Composeráudio|música


First
Z&
LU

e tecnologia | 1
Final Cut: Animando titles de forma rápida
2 | áudio música e tecnologia
áudio música e tecnologia | 1
ISSN 1414-2821
EDITORIAL
Áudio Música & Tecnologia
Ano XXVI – Nº 287/agosto de 2015
Fundador: Sólon do Valle

Direção geral: Lucinda Diniz -


lucinda@musitec.com.br
Edição jornalística: Marcio Teixeira

Mesas postas
Consultoria de PA: Carlos Pedruzzi

COLABORARAM NESTA EDIçãO


André Paixão, Cristiano Moura, Daniel
Raizer, Enrico De Paoli, Fábio Henriques,
Essa AM&T chegou especial. Dá pra sentir. Se você é fã de consoles José Carlos Pires Jr., Lucas Ramos,
(“se”? É claro que você é!), essa edição é um prato cheio. Pra começar Luciano Alves, Marcelo Ferraz, Renato
a falar um pouco do que você encontrará nas próximas páginas, nossa Muñoz , Roberta Siviero e Rodrigo Horse.
matéria de capa, assinada pelo intrépido Rodrigo Sabatinelli, é sobre a
S6L, mesa que vem para reforçar consideravelmente a “dinastia” Venue. REDAçãO
No texto, detalhes e mais detalhes sobre essa aguardada novidade. Marcio Teixeira - marcio@musitec.com.br
Rodrigo Sabatinelli - rodrigo@musitec.com.br
E por falar em aguardada novidade, o outro console em superdesta- redacao@musitec.com.br
que nesta AM&T 287 é o Rivage PM10, analisado em matéria mais do cartas@musitec.com.br
que especial pela grande técnica Roberta Siviero, que recentemente
foi personagem de nossa seção Em Tempo Real (vale dizer que, no DIREçãO DE ARTE E DIAGRAMAçãO
nosso Facebook [www.facebook.com/audiomusicaetecnologiaoficial], Client By - clientby.com.br
choveram elogios ao perfil da profissional e – claro – à profissional). Frederico Adão e Caio César

No já citado Em Tempo Real, agora em outubro quem está lá é Juliano Assinaturas


Rangel, técnico que conhece todos os caminhos do som sertanejo ao Karla Silva
vivo. Em Desafiando a Lógica, Nervoso apresenta a valiosa primeira assinatura@musitec.com.br
parte do seu Top 10 “novidades gratuitas e imperdíveis no Logic X”.
Renato Muñoz aborda a pirataria no Notícias do Front, enquanto Fábio Distribuição: Eric Brito
Henriques, em mais um episódio da série Mixagem sem segredos,
promove um verdadeiro mergulho no ouvido e na audição. Publicidade
Mônica Moraes
Lucas Ramos, seguindo com suas dicas e técnicas de gravação em monica@musitec.com.br
um home studio, agora fala sobre o coração da bateria: o bumbo. Já
em Produção Fonográfica, a gravação em questão, no texto de José Impressão: Ediouro Gráfica e Editora Ltda.
Carlos Pires Jr., é a da voz. Daniel Raizer traz a segunda aula de seu
novo curso de Pro Tools e, sim, Luciano Alves volta a nos brindar com Áudio Música & Tecnologia
sua já histórica coluna Sonar. Nessa edição o tema é o Sonar Plati- é uma publicação mensal da Editora
num e as novidades da versão. Música & Tecnologia Ltda,
CGC 86936028/0001-50
No caderno Luz & Cena o destaque principal vai para o Sorriso Maro- Insc. mun. 01644696
to e o seu show que, adaptado, agora pode ir a mais e mais capitais Insc. est. 84907529
brasileiras. Em Final Cut, as várias possibilidades do title Custom são Periodicidade Mensal
abordadas por Marcelo Ferraz, e no Media Composer Cristiano Moura
responde a muitas das questões que logo surgem sobre o gratuito ASSINATURAS
Media Composer | First. Bem esclarecedor. Tel/Fax: (21) 2436-1825
(21) 3435-0521
Agora é com você. Boa leitura! Banco Bradesco
Ag. 1804-0 - c/c: 23011-1
Marcio Teixeira
Website: www.musitec.com.br

Não é permitida a reprodução total ou


parcial das matérias publicadas nesta revista.

AM&T não se responsabiliza pelas opiniões


de seus colaboradores e nem pelo conteúdo
2 | áudio música e tecnologia dos anúncios veiculados.
áudio música e tecnologia | 3
42 Estúdio Rastro
Gravadora comemora maioridade

30
inaugurando estúdio no Rio
Rodrigo Sabatinelli

S6L 46 Desafiando a Lógica


Dez novidades gratuitas e imperdíveis no Logic X (Parte 1)
Nova mesa dá mais André Paixão
corpo à família Venue
Rodrigo Sabatinelli 50 Pro Tools
Curso de Pro Tools: Aula 2
Configuração e teste de gravação
Daniel Raizer

12 Em Tempo Real
Juliano Rangel 58 Mixagem
Mixagem sem segredos (Parte 4):
Marcio Teixeira
O ouvido humano e a audição
Fábio Henriques
14 Notícias do Front
Pirataria ao vivo – Um pouco
de cultura subdesenvolvida 64 Produção Fonográfica
Gravação de Voz (Parte 1): Esfregar o
Renato Muñoz
assoalho e, depois, caratê!
20 Em Casa
Técnicas de gravação de bateria: Parte B – Bumbo
José Carlos Pires Jr.

Lucas Ramos 68 Sonar


Sonar Platinum: Por dentro das novidades da versão
Luciano Alves
26 Plug-ins
Element – O instrumento virtual da Waves
Cristiano Moura

seções
36 Rivage PM10
Nova geração dos consoles PM, da Yamaha,
chega com novidades que justificam expectativa
editorial 2 notícias de mercado 6
Roberta Siviero
novos produtos 8 índice de anunciantes 95
lugar da verdade 96

84
final cut
Animando titles de forma rápida:
As muitas possibilidades do title Custom

78
por Marcelo Ferraz

88
media composer
capa A versão gratuita vem aí – Respondemos as principais
Menos é mais – Sorriso Maroto dúvidas sobre o Media Composer | First
adapta projeto de DVD para levá- por Cristiano Moura
lo a maior número de capitais
por Rodrigo Sabatinelli
92
PRODUTOS ........................................... 72 iluminando
EM FOCO .............................................. 74 Tecnologia iluminando nossos projetos: Usando equipamen-
tos a partir de conceitos ou da tecnologia que eles oferecem?
por Rodrigo Horse
4 | áudio música e tecnologia
FINAL CUT .............................................. 92

áudio música e tecnologia | 5


nacionais de pró-áudio e showbusiness ainda
têm muito a evoluir

NOTÍCIAS DE MERCADO

K-ARRAY NA MAIOR MESQUITA DO MUNDO


Em março de 2015, o sistema de som K-array foi escolhido

Divulgação
para sonorizar a maior mesquita do mundo – o Santuário
Imam Reza, que fica em Mashhad, Irã, e que atrai, diariamen-
te, um grande número de devotos e turistas. A competição
pelo projeto foi concorrida, com diversas empresas interna-
cionais participando. Mas o que motivou a escolha do sistema
K-array para sonorizar os foyers Bast Shayhk Toosi, Bast Hur
Ameli e Dar Al Hujjah na mesquita, de acordo com Mr. Akhba-
ri, engenheiro e Chefe do Departamento Técnico do Santuário,
foi o seu design slim e sua qualidade de som e desempenho.

“Selecionamos a solução que poderia nos oferecer um som


de qualidade, mas, o mais importante, que fosse capaz de KA10-10 de quatro canais, foram instalados ao longo dos
não interferir na arquitetura do templo. Eu fiquei muito satis- halls de entrada em arco e cobertos de mosaicos de vidro. A
feito com a qualidade do sistema e da instalação”, destacou instalação foi concluída em 15 dias por uma equipe de dez
Akbhari. Um total de 24 KK102, usando seis amplificadores pessoas. Mais de 40.000 metros de cabos foram utilizados.

HARMAN LANçA LOJA VIRTUAL NACIONAL


A Harman, que em 2015 completou cinco anos de atuação dutos das linhas de áudio e consumer, o visitante também
no mercado brasileiro, já tem sua loja funcionando na in- terá acesso à linha automotiva da empresa. De acordo com a
ternet, em www.jblaudio.com.br. Lá, além de encontrar pro- Harman, com a loja online, a expectativa é a de que haja um
considerável aumento nas vendas da companhia.
Reprodução

“Usaremos o conhecimento da empresa, obtido através das


lojas online que possuímos em outras regiões do mundo, e
aplicaremos aqui. Ainda que o cenário econômico nacional
apresente instabilidade, seguiremos com os investimentos
no país, aproveitando oportunidades. A Harman acredita no
potencial do consumo nacional via internet”, destacou Rodri-
go Kniest, presidente da Harman do Brasil, que, com a nova
plataforma, passa a disponibilizar uma gama de mais de 180
produtos para clientes de todo o Brasil.

ROCK IN RIO: MAIS DE 600 PRODUTOS LEVAM MARCA


Todos sabemos o “tamanho” do Rock in Rio. por 42 empresas diferentes (confirmadas até o
Sempre que chegam aqueles dias mágicos de momento), levarão – de forma oficial – a logo
Divulgação

muito som, num verdadeiro carnaval do rock do festival. Segundo os organizadores do fes-
e da música pop como um todo, o festival tival, se espera que a comercialização deste
toma de assalto a internet nacional e invade itens movimente cerca de R$ 2 bilhões. Ain-
as TVs, inclusive na hora dos comerciais. da falando em cifras, na edição de 2013 do
Isso porque são muitas as marcas que as- festival, que volta ao Rio em setembro, 46%
sociam seus nomes ao da empreitada que da plateia era de fora do estado, e foi de R$
Roberto Medina lançou em 1985 e que ga- 1 bilhão o impacto econômico do evento na
nha em força a cada edição. economia da cidade, de acordo com a Riotur.

De acordo com um levantamento realizado pela Headphone sem fio Aquarius com
organização do RiR, 643 produtos, de 76 dife- a marca do Rock in Rio: um entre
rente categorias, de canecas a carros, fabricados centenas de itens licenciados

6 | áudio música e tecnologia


SOM 13: STREAMING,

Reprodução
ENCICLOPÉDIA E REDE SOCIAL
NUM MESMO LUGAR
Um portal com informações detalhadas sobre bandas e canto-
res, letras, audição por streaming, recomendações baseadas
em semelhanças de estilos e ainda uma rede social para quem
compartilha do gosto por música, tudo de forma gratuita. É
isso que propõe o Som13 (www.som13.com.br), site lançado
em 2008 que já recebe 4,7 milhões de acessos mensais. Som13: 4,7 milhões de acessos por mês

O portal funciona de forma semelhante ao estrangeiro All- de páginas individuais. “Enfim, não é só uma fonte de infor-
Music.com, tido como uma verdadeira bíblia da música. Ar- mação, mas também um ambiente para se descobrir música
tistas ainda desconhecidos e famosos têm páginas com sua nova”, explica Fabio Tirapelli, criador da plataforma e CEO.
biografia, discografia, letras e músicas para ouvir. Além disso, Também é possível se conectar via app para Android e uma
é possível acompanhar cada componente da banda por meio versão para iOS está em desenvolvimento.

CURSO DE PRODUçãO EXECUTIVA PARA


O MERCADO FONOGRÁFICO NO IATEC
Com as mudanças pelas quais passam a indústria fonográfica tisticamente e divulgar seu trabalho em mídias físicas ou em
desde o final do século passado, é preciso estar sempre atua- meios digitais (CDs, suportes alternativos, internet, telefonia
lizado e entender profundamente como funciona o processo de celular), com base na legislação vigente e de acordo com as
produção no mercado fonográfico, as possibilidades de trabalhar práticas do mercado. Aborda também as questões referentes
de forma cada vez mais empreendedora, aproveitando-se tanto aos direitos de execução pública de obras e fonogramas. Na
dos formatos tradicionais como das novas mídias e redes sociais. ementa, temas como planejamento logístico e financeiro de
projetos fonográficos, direitos autorais, fonogramas, selos e
Tendo tudo isso em vista, o IATEC em sua unidade Centro-RJ gravadoras, royalties, contratos e muito mais.
o curso Produção Executiva Para o Mercado Fonográfico, com
nova turma, de carga horária de 18h, tendo início em 22 de Para saber mais e realizar sua inscrição, visite http://
agosto. O curso apresenta ao aluno todas as condições para iatec.com.br/cursos/audio/producao-executiva-para-o-
entender, planejar, controlar, comercializar, posicionar-se ar- -mercado-fonografico.

áudio música e tecnologia | 7


NOVOS PRODUTOS

SÉRIE NEXT PRO NANO: POTÊNCIA EM QUALQUER CIRCUSTÂNCIA


Lançada na Expomusic 2014, a Série Nano de amplificadores digitais foi especialmente desenvolvida para levar a tecnologia
Next Pro da Série Pro-R também a ambientes internos e instalações fixas. Trata-se de uma família
de amplificadores 100% multifuncional, capaz de entregar a mesma potência
em qualquer impedância (2, 4 ou 8 ohms), em qualquer AC na faixa
100-260Vac e em qualquer range de frequências – de subgraves a
agudos. Essa tecnologia, que representa uma significativa inovação na
indústria, é chamada pela empresa de Multi-Flex.

Disponíveis em cinco modelos, de 700 a 1400 WRMS, os amplificado-


res da Série Nano (totalmente projetados e produzidos no Brasil) são
adequados a aplicações como teatros, igrejas, cinemas, auditórios,
salas de convenções, shoppings, bares, restaurantes etc.
Divulgação

www.amplificadoresnextpro.com.br

MIXAGEM DESCOMPLICADA NO PHONIC AM1204


Os mixers compactos Phonic AM1204 dispõem de qua- ciona os sinais mutados de todos
tro entradas mono mic/line em conjunto com duas os canais para a mixagem. A fon-
entradas de linha estéreo flexíveis que podem te de alimentação é universal,
oferecer outras possibilidades. Cada canal aceitando tensões AC de 100
possui um equalizador de três bandas, en- V a 240 V, o que garante que
quanto os canais mono também ofere- a unidade possa ser utilizada
cem low cut filter de 75 Hz para a globalmente. Oferece ainda, ao
remoção de barulhos no palco e usuário, quatro pré-amps low-
outros sons de baixa frequência -noise Phonic e trabalha com Phan-
indesejados. tom Power +48V Global.

Todos os mixers Phonic AM1204 ofe- www.phonic.com


Divulgação

recem uma adição ALT 3/4 mix que redire- www.equipo.com.br

MARSHALL LONDON: SMARTPHONE


PARA QUEM LEVA MúSICA A SÉRIO
A Marshall, renomada fabricante de amplificadores e fones, anunciou em julho o lançamento de
um produto que já está dando o que falar. Trata-se de, sim, um smartphone, o Marshall London,
desenvolvido para quem coloca a música em primeiro lugar quando o assunto é um telefone com
múltiplas funções. A novidade é dotada de um processador dedicado que gera áudio de alta qua-
lidade, e nisso está incluída a capacidade de execução de arquivos sem compressão, como FLAC.

O Marshall London, que ainda não tem previsão de chegada ao Brasil, vem com fone de ouvido espe-
cial da marca e possui dois alto-falantes frontais. Segundo a fabricante, esses falantes fazem dele o
celular que toca a música no volume mais alto do mercado. Para terminar, o smartphone conta ainda
com dois microfones (grava em estéreo), um app para gravação em quatro canais e atua com baixa latência.

www.marshallheadphones.com

8 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 9
NOVOS PRODUTOS

SÉRIE DE AMPLIFICADORES TX CHEGA AO MERCADO


A SAE Audio anunciou recentemente o lançamento de sua nova série TX de amplificadores de potência de dois canales, que já se
encontram disponíveis para venda. A série conta com cinco modelos com potência de saída entre 750 W/2Ω (do modelo TX800)
e 3300 W/2Ω por canal (TX5200), e os amps da linha são indicados para o reforço sonoro onde é necessário ter equipamentos
de força média capazes de oferecer som de alta qualidade.

Dotada de tecnología de amplificação digital (Classe D) e Power Factor Correction (PFC), que melhora a qualidade sonora do
sistema, uma vez que reduz os harmônicos da frequência
de alimentação, obtendo menos ruído e distorção,
e fonte de alimentação universal R-SMPS (100
V-260 V), a série TX permite ao usuário um uso
mais inteligente e eficiente da energia.
Divulgação

www.saeaudio.com

ALTO-FALANTE CIARE 12.00 SW NO BRASIL


A Amerco, representante no Brasil dos alto-falantes da empresa italiana Ciare, apre-
senta o modelo subgrave 12.00 SW. O produto tem diâmetro nominal de 12”, oferece
potência máxima de 2.000 watts e conta com diâmetro de bobina de 4” (100 mm),
ímã de ferrite e material de cone de celulose impregnada. Sua resposta de frequência é

Divulgação
de 20/200 Hz, com impedância nominal de 8 ohm e 91 dB de SPL.

A Ciare foi fundada na Senigália (comuna da região das Marcas, província de Ancona) no ano
de 1947 por Dino Giannini, e as políticas da companhia até hoje refletem a filosofia do fundador.
No site oficial da marca pode ser conferida o que seria essa filosofia: “atenção às necessidades do cliente, flexibilidade organiza-
cional e de produção e esforços contínuos em pesquisa e inovação”.

oem.ciare.com
www.amercobrasil.com.br

NOVOS APLICATIVOS PARA CONSOLES YAMAHA TF


A Yamaha, buscando aprimorar seus produtos, incluiu três novos aplicativos nos seus consoles TF: TF Editor, TF StageMix
(foto) e TF MonitorMix, ferramentas que vêm facilitar ainda mais a mixagem nos consoles. O Monitor Mix está disponível para
iPhone, iPad e iPod touch, e já pode ser baixado gratuitamente no
iTunes App Store. Ele permite a mixagem AUX individual, sem fio,
para diversos iPhones, iPads ou iPod Touch simultaneamente. Em um
ambiente musical (ensaio, performance), por exemplo, cada músico
pode ter o controle sobre as vias AUX sem ter que lidar com configu-
rações complexas.

Estes três aplicativos facilitam o trabalho do engenheiro de som, pois


mesmo em grandes bandas pode haver controle individual que os músi-
cos necessitam, diminuindo as exigências sobre o engenheiro de som. Se
o TF Editor e o Stage Mix podem estar conectados a até três dispositivos,
o Monitor Mix pode trabalhar em até dez dispositivos ao mesmo tempo.
Divulgação

www.yamahaproaudio.com
www.yamaha.com.br

10 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 11
Em Tempo Real | Marcio Teixeira

Juliano
Rangel

Facebook
J
uliano Rangel de Oliveira, aos 36 anos, já ano era 1995 e a banda de baile também tinha
tem uma carreira considerável no mun- seu lado locadora de som.
do do som ao vivo. E seu “jeito de ser”
no trabalho lhe rendeu o apelido de “Cavalo” “O Sr. Dinho, além de me dar um emprego
por Marreta Batera, baterista de Luan Santana na sua empresa, me ensinou a ser uma pes-
(artista para quem Juliano trabalhou por seis soa correta, humilde e honesta. Me mostrou
anos), pois o músico dizia que sentia, de cima o caminho certo da vida, e por isso eu tenho
do palco, o "coice" do PA operado por Rangel. grande respeito e carinho por ele, sua esposa,
Dona Fia, e sua família. Até hoje o chamo de
O gosto de Juliano pelo áudio surgiu através Pai Dinho”, recorda, com gratidão.
de sua mãe. Desde pequeno curtia um som, e
este sentimento deu um passo à frente quan- Desde então, Rangel trabalhou nas empresas Di-
do ela o apresentou a um amigo, Dinho, que nho Sonorização e Eventos, Miami Som, Pro Au-
tinha uma banda de baile. dio e Ekipsom. Entre os artistas que já contaram
com seus serviços estão nomes como Adalberto &
“Ela perguntou se ele não tinha um emprego Adriano, Grupo Desejos, Cezar & Paulinho, Luan
para mim. Ele olhou pra mim meio desconfiado, Santana e Conrado & Aleksandro. É com esta últi-
pois eu era um moleque, menor de idade, e dis- ma dupla que atualmente trabalha. Como freelan-
se ‘tenho, mas já vou avisar que aqui não tem cer, fez o PA do Raça Negra e dos duos Hugo Pena
moleza; tem que ralar bastante, carregar equi- & Gabriel e Edson & Hudson.
pamento, ajudar a montar e depois trabalhar na
hora do baile’. Eu disse ‘beleza’, mas aí ele falou Quando o assunto é o que acredita ser neces-
que não era só isso, não, já que depois do baile sário para realizar seu trabalho com excelên-
eu ainda teria que desmontar e carregar tudo. cia, Juliano afirma que ter os pés no chão é
Pensei: “vishe... lascou...”, mas aceitei. Sabe fundamental.
como é molecão novo, cheio de disposição.”
“É preciso ser sempre uma pessoa humilde e
Juliano topou e foi assim que tudo começou. O estudar. Acho que o estudo é a base de tudo.

12 | áudio música e tecnologia


Estar sempre atento às novidades, se manter Sobre o futuro, Juliano desconversa, dizendo
atualizado com o mercado. E para fazer um que ainda não parou para pensar no assunto.
bom trabalho você também precisa estar feliz Mas, em seguida, permite que os sonhos ve-
com seu emprego. Fazendo seu trabalho com nham à tona e emenda: “acho que um bom
dedicação e concentração, o resultado sem- plano para o futuro é um rancho com um rio
pre será positivo.” para eu poder pescar (risos)”. •

BATE-BOLA
Console: VI6 Soundcraft

Microfone: Shure UR2/KSM9/SL

Equipamento: O que esteja em perfeitas condições de uso

Periféricos: Compressores DBX, Gates Klark Teknik e Lexicon 480L

In-ear: Shure PSM 1000

Monitor de chão: M2, da d&b audiotechnik

Última grande novidade do mercado: A era digital

Casa de shows do Brasil: Citibank Hall

Melhor companheiro de estrada: Gilmar Antônio de Sousa foi meu melhor companheiro de estrada e
é meu melhor amigo até hoje

Melhor sistema de som: V-Dosc e EAW

Processador: Dolby Lake

Plug-in: Waves C6

SPL alto ou baixo? Por que? Quando era mais novo, gostava de som alto. Hoje prefiro mais baixo. Por
prevenção!

Melhor posicionamento da house mix: Pra mim, o ideal é no centro e no máximo a 35 metros

Técnico inspiração: A lista é grande, mais me inspiro em um grande profissional chamado Ivan Cunha,
o “Batata”. Gosto muito da sua mix.

Sonho na profissão: Uma boa aposentadoria (risos)

Sonho já realizado na profissão: Viajar o mundo, participar de grandes e importantes festivais e che-
gar onde cheguei sem precisar passar por cima de ninguém

Dicas para iniciantes: Coloque Deus à frente de tudo, nunca abandone os estudos e seja sempre ho-
nesto e humilde. Nunca queira o lugar dos outros pra você, mas, sim, conquiste seu espaço.

áudio música e tecnologia | 13


NOTÍCIAS DO FRONT | Renato Muñoz

PiRaTaRia
ao vivo
Um pouco de cultura

Wiki Images
subdesenvolvida

U
m fenômeno que ocorre em muitos países profissional: muitos softwares utilizados ao vivo es-
subdesenvolvidos (parece que hoje também tão sendo copiados e clonados, ou seja, roubados.
são chamados de países em desenvolvimen-
to!) é a pirataria. O que acontece é que, basica- uM gRanDe MeRCaDo PaRa SeR
mente, produtos com grande aceitação e procura no eXPloRaDo PeloS PiRaTaS
mercado são simplesmente copiados ou clonados de
forma ilícita. O mercado de sonorização brasileiro deu um salto
quantitativo e até qualitativo bem grande nos últi-
Nestes mesmos países, como não existe uma cul- mos anos. Dezenas de marcas que se firmaram no
tura da população pela necessidade e importância país há algum tempo não passavam de sonho de
de se adquirir produtos legítimos, muitos artigos consumo de muitos técnicos e proprietários de em-
piratas são aceitos normalmente. Roupas, bolsas, presas de sonorização.
perfumes, brinquedos e outras centenas de produ-
tos são colocados no mercado e comercializados Porém, nem com isso conseguimos nos livrar da pra-
normalmente. ga dos equipamentos falsificados e pirateados. Não
é difícil encontrar, em algumas empresas, microfo-
Isso, na verdade, não é nem de longe o maior dos nes, direct box, cabos e até caixas de PA que não
problemas. Uma indústria milionária perde, no má- passam de peças “clonadas”. Pelo que tenho visto, o
ximo, um pouco dos seus lucros nestes países, e mesmo acontece nas empresas de iluminação (com
podem ser rapidamente recuperado nos lucros das uma quantidade ainda maior).
lojas “oficiais” que cobram preços duas ou
três vezes maiores do que os praticados nas
lojas em países ditos desenvolvidos.

Existe um problema muito maior quando itens


mais importantes, como remédios, peças de
automóveis, lentes para óculos ou outros pro-
dutos que geram algum tipo de risco para os
seus consumidores, além de serem aceitos pe-
los mesmos (pois custam muito mais barato),
não são alvo de nenhuma fiscalização da auto-
ridades responsáveis.

Imagine quando falamos de equipamentos de


áudio, que hoje em dia são copiados de diver-
Acervo do autor

sas maneiras diferentes. Além disso, um pro-


blema que já atinge o mercado de informática
há muito tempo agora também chega ao áudio

Já encontrei produtos falsificados sendo utilizados por


empresas de médio porte fazendo festivais importantes

14 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 15
NOTÍCIAS DO FRONT

Confesso que já fui enganado algumas vezes, plesmente não eram boas. Com a chegada dos
até por empresas que sempre me pareceram in- clones destas caixas (havia três ou quatro “fabri-
teiramente confiáveis e que aparentemente não cantes”), o que aconteceu foi uma padronização
tinham a mínima necessidade de trabalhar com do mercado.
este tipo de equipamento. Só que muitas vezes a
idoneidade destas empresas acabam por ocultar Desta forma, quando se fazia um show em Forta-
alguns destes deslizes. leza ou em Porto Alegre, a preocupação era bem
menor, pois sabíamos que seria um PA “clone”, en-
Umas das desculpas que mais recebo é algo como tão haveria um padrão ao menos parecido, dife-
“é a mesma coisa, só que muito mais barato”, ou rente do que acontecia quando os PA e monitores
“para colocar tomando chuva e poeira prefiro que eram de fabricação própria.
seja uma cópia do que o original”, ou simplesmente
quando perguntado sobre o assunto, o responsável De certa maneira, a “padronização” tanto das cai-
da empresa simplesmente diz ou que não sabia de xas de PA quanto das caixas de monitor ajudou
nada ou que estou enganado. bastante os técnicos, que em vez de a cada show
trabalharem com sistemas completamente dife-
JÁ Houve uM TeMPo eM Que rentes, agora podiam ter alguma continuidade, já
iSSo nÃo eRa neM TÃo RuiM que as caixas tinham um certo “padrão” e se pare-
ciam muito umas com as outras.
Quando comecei a trabalhar, lá pelo início da dé-
cada de 1990, a maioria dos PAs eram feitos pe- Para ficar claro, estou falando de um fenômeno que
las empresas, assim como caixas de monitores, aconteceu há mais de 20 anos, bem antes dos line
direct boxes e até mesmo alguns processadores. arrays terem aparecido por aqui. Ou seja, me refiro
Em um certo momento o mercado passou a ser a PAs compactos e caixas de monitores de duas vias.
dominado principalmente por caixas de PA e mo- Também não estou me referindo a microfones ou
nitor que eram “clonadas”. outros equipamentos eletroeletrônicos.

Para falar bem a verdade, isto não foi ruim. Muito QuanDo aS CoiSaS CoMeÇaRaM
pelo contrário. O que acontecia era que a grande
a FiCaR uM PouCo MaiS SÉRiaS
maioria das caixas feitas aqui (PA e monitor) sim-

Com o surgimento dos sistemas de line array, em


Acervo do autor

pouco tempo os sistemas “convencionais” ou seja:


caixas trapezoidais, ou caixas “compactas”, começa-
ram a cair em desuso. Então, o novo alvo passou a
ser este sistema, porém, fazer a cópia de uma caixa
de line array não era tão fácil como se pensava.

Alguns pegavam uma caixa de line array e simples-


mente copiavam de qualquer maneira a sua cons-
trução, então logo se percebeu que além do dese-
nho interno ser um tanto complexo, os sistemas de
cornetas e principalmente os guias de onda eram
impossíveis de serem copiados e reproduzidos.

Alguns donos de sistemas de sonorização embar-


caram nessa. Eu mesmo cheguei a fazer alguns
shows com um sistema de line array “copiado”.
Foi um tanto constrangedor olhar por trás do PA
e ver caixas com alguns centímetros de diferença
no seu tamanho.

EAW KF 750: uma das caixas mais


clonadas da década de 1990

16 | áudio música e tecnologia


Acervo do autor

Caixas de line array são muito mais difíceis de serem copiadas ou clonadas

O pior foi fingir que não tinha percebido nada, como, pelo Como disse há pouco, as coisas começaram a fi-
visto, vários outros técnicos fizeram (ou não perceberam car mais sérias, principalmente porque o grande
mesmo). Hoje, certamente poucos iriam concordar com problema que encontramos agora é na pirataria de
uma situação como esta, mesmo porque há muito tempo softwares. Como 99% dos consoles de mixagem
não vejo empresas de médio e grande porte caindo nessa são digitais, algumas marcas mais utilizadas no
(no que diz respeito às caixas do sistema). mercado nacional vêm sofrendo com isso.
NOTÍCIAS DO FRONT

CoM a PalavRa, BRuno CaMPRegHeR


o DePoiMenTo De uM PRoFiSSional Que SoFRe CoM eSTe PRoBleMa no Seu Dia a Dia

Com muito esforço e um reconhecimento


que raramente encontramos aqui no Brasil,
a Waves, renomada fabricante de plug-ins,
me concedeu a honra de fazer parte de um
seleto grupo de técnicos e produtores cha-
mado “Live Sound Artists” (http://tinyurl.
Mensagem de erro encontrada com frequência
com/live-sound-artists), o que me garante
alguma vantagem na compra de plug-ins, Durante muito tempo não tive problemas em
além de um suporte espetacular. usar meu setup de plug-ins. Quando encon-
trava um console que não tinha instalado um
Sendo assim, montei meu setup de plug-ins Waves plug-in que fazia parte do meu pacote, com a
e acrescentei ainda plug-ins de outros fabricantes, autorização do responsável, eu mesmo o ins-
como McDSP e a própria Avid. Esses plug-ins me talava. Eu tinha comigo, e ainda tenho, além
deixam muito à vontade e tranquilo, pois é como das licenças no iLok, um pendrive com todos
se eu carregasse meu próprio rack de periféricos os instaladores que posso precisar.
(compressores, gates, reverbs, delays etc.), vol-
tando ao tempo das analógicas. A Avid, com sua Ultimamente, a pirataria tem me feito perder
linha de consoles da série Venue, trouxe para a um tempo precioso nas passagens de som do
estrada essa possibilidade do uso de plug-ins que Jota Quest. Quando vou instalar um plug-in ofi-
normalmente eram encontrados somente em es- cial numa mesa Venue, após reiniciar, um erro
túdios. Você só precisa ter a licença em um iLok e acontece e trava o console (vide foto). Segundo
o plug-in instalado na console. o suporte que obtive dos especialistas da mar-
ca, esse erro se deve ao uso de
plug-ins piratas previamente ins-
Acervo do autor

talados, que apagam alguns ar-


quivos essenciais ao sistema. Tal
erro só é corrigido com a restau-
ração total através do CD de ins-
talação, procedimento que tenho
realizado por diversas vezes.

A solução, além da conscienti-


zação de que não se deve usar
produtos pirata, seria a empre-
sa fornecedora do console entrar
em contato com os técnicos e,
antes de sair do depósito, confe-
rir se todos os plug-ins que serão
usados estão instalados, ficando
por conta do técnico somente as
Bruno Campregher, técnico de PA da banda mineira Jota Quest licenças no iLok. •

Renato Muñoz é formado em Comunicação Social e atua como instrutor do IATEC e técnico de gravação e PA.
Iniciou sua carreira em 1990 e desde 2003 trabalha com o Skank. E-mail: renatomunoz@musitec.com.br

18 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 19
em casa | Lucas Ramos

Dicas e técnicas de gravação


em um home studio (Parte 5)
Técnicas de gravação de bateria: Parte B – Bumbo

N
a edição passada começamos a falar sobre gravação. Não é possível fazer uma boa gravação de
técnicas de gravação de bateria e sobre a bateria sem uma boa bateria (soa até redundante!).
preparação que deve ser feita antes mesmo
de iniciar a gravação. Esse mês vamos seguir com o Para “abafar” um pouco o som do bumbo, utilize
tema, agora falando sobre a gravação de bumbo. O um travesseiro (ou algo parecido) posicionado den-
bumbo é uma das peças mais importantes da bate- tro do bumbo de forma que esteja encostando em
ria, pois forma, junto com a caixa, a base rítmica de ambas as peles (será necessário remover a pele de
quase todas as músicas modernas. Por isso é muito resposta). Ouça o som do bumbo e, a partir daí, se
importante saber como gravar um bumbo correta- quiser um som mais “abafado”, empurre o traves-
mente. Então vamos lá! seiro contra a pele de ataque, e ser quiser um som
menos “abafado” empurre-o contra a pele de res-
SONORIDADE posta. Há empresas que fabricam abafadores pró-
prios para bumbos que funcionam muito bem, po-
Para poder gravar um bumbo com “peso” é ne- rém tendem a custar bem mais que um travesseiro,
cessário que ele esteja soando com tal “peso”. A afi- mas com resultados sonoros similares. Um traves-
nação é essencial, além de peles em bom estado. seiro de penas ou fibras sintéticas mais pesadas
Não vou me alongar muito nesse assunto, pois abor- (espuma geralmente não funciona tão bem) pode
damos esse tema em detalhe na última edição, mas funcionar tão bem quanto, a uma fração do custo.
não posso deixar de frisar que a afinação e o estado
das peles do bumbo são essenciais para uma boa TIPO DE MICROFONE
O tipo de microfone mais
Acervo do autor

utilizado para a gravação


de bumbo é o dinâmico
de cápsula grande e com
boa resposta de frequên-
cia nos graves. E, pela
importância do bumbo,
a maioria dos fabricantes
de microfone produzem
um modelo designado
especificamente para a
gravação de bumbos. Há
diversos modelos que
se tornaram famosos ao
longo do tempo, como
o AKG D112 e o Shure
Beta 52, e outros mo-
delos mais recentes que
têm dado o que falar,
como o AKG D12VR e o
Telefunken M82. Há tam-

Há diferentes técnicas de microfonação para um bumbo,


dependendo do tipo de pele de resposta que for utilizada

20 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 21
em casa

COMPRESSÃO NA GRAVAÇÃO
Muitas vezes o baterista toca de forma irregular, de ma- utilizado não haverá como desfazer. Em casos extremos,
neira que cada vez que ataca o bumbo o sinal chega em em que a variação de nível dificulta a captação do sinal,
um nível diferente. Isso é muito comum, especialmente pode-se usar um compressor com uma taxa de compres-
com bateristas inexperientes, e pode trazer dificuldades são baixa (em torno de 2:1), “attack” rápido (1 - 10 ms)
na gravação. A utilização de um compressor para dimi- e “release” rápido (menos de 100 ms). Mas, para isso,
nuir um pouco essa dinâmica indesejável pode ser útil, será necessário ter um compressor de hardware, pois os
porém, deve ser evitado na gravação, pois se for mal plug-ins não são processados na gravação.

noridade e devem
Acervo do autor

ser trabalhadas
até encontrar o
posicionamento
ideal.

1. Se o bumbo
tiver um buraco
na pele de res-
posta – posicio-
ne um microfo-
ne dinâmico de
cápsula grande
no limite da pele
com 30º- 45º de
ângulo (apon-
Quando um único microfone não é capaz de produzir a sonoridade desejada na sua tando para a
gravação, é possível acrescentar outros para captar diferentes características sonoras maceta).

bém alguns modelos de microfones condensadores 2. Se não houver buraco na pele de resposta – po-
no estilo “PZM” que também são fabricados para sicione um microfone dinâmico de cápsula grande
a gravação de bumbos, como o Shure Beta 91 e 3 a 15 centímetros à frente da pele, à meia altura,
o Sennheiser e 901. Mas há muitos modelos dife- porém fora do eixo central (para o lado).
rentes de diversos fabricantes no mercado, como
vimos na edição 267 da AM&T (dezembro 2013). 3. Se não houver pele de resposta – utilize a técnica
anterior, porém posicione o microfone 5 a 10 centí-
POSICIONAMENTO DOS metros para dentro do bumbo.
MICROFONES
Microfone
Acervo do autor

principal

Há diferentes técni-
cas de microfonação
para um bumbo,
dependendo do tipo
de pele de respos-
ta que for utilizada.
Essas técnicas são
a a base para a so-

Para reforçar o “ataque” do bumbo, utilize mais um microfone dinâmico dentro dele e
apontando para a maceta, ou na pele de ataque do bumbo, apontado para a maceta

22 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 23
em casa

Microfones
Acervo do autor

de reforço

Quando um único mi-


crofone não é capaz
de produzir a sonori-
dade desejada na sua
gravação, é possível
acrescentar outros
mics (de reforço) para
captar as diferentes
características sono-
ras que precisam ser
reforçadas. Essas téc-
nicas devem ser uti-
lizadas em conjunto
com alguma das téc-
nicas principais lista-
das anteriormente.
Para reforçar o “peso” do bumbo e captar frequências graves,
pode-se utilizar um microfone um a dois metros à frente do bumbo 1. Para reforçar o
“ataque” do bumbo,
utilize mais um mi-
4. Existem também outros microfones especia- crofone dinâmico (com boa resposta de frequên-
lizados que são posicionados dentro do bumbo cia nas médias) dentro do bumbo, próximo à pele
(como o Shure Beta91) e proporcionam uma so- de ataque e apontando para a maceta. Outra op-
noridade mais limpa e definida, porém geralmen- ção seria posicionar um microfone dinâmico (ou a
te com menos “peso”. condensador) na pele de ataque do bumbo, apon-
tado para a maceta.
5. Há também suporte especiais para posicionar mi-
crofones dentro e fora do bumbo, como o Kelly SHU, 2. Para reforçar o “peso” do bumbo e captar fre-
que podem ser bastante úteis na hora de posicionar quências graves que o microfone mais próximo não
o mic. Além de facilitar o posicionamento, proporcio- captará, pode-se utilizar um microfone (dinâmico ou
nam uma suspensão elástica para o microfone, mini- condensador) um a dois metros à frente do bumbo
mizando a perda de frequências devido às vibrações. (apontado para o centro). Experimente com dife-

Acervo do autor

Há também microfones especializados em captar o subgrave do bumbo. Também é possível


criar o seu próprio “microfone” para captar subgraves utilizando um alto-falante.

24 | áudio música e tecnologia


rentes posições e distâncias até encontrar o posi- construir um desses em uma edição futura.
cionamento ideal. A dificuldade com essa técnica é o
vazamento das outras peças da bateria no microfone Na próxima edição vamos continuar com o tema
do bumbo. Para minimizar esse problema é possível de gravação de bateria, seguindo com caixa e
criar um “túnel abafador” (confira no box a seguir). contratempo. Não percam!

3. Há também microfones especializados em Até lá! •


captar o subgrave
(20-40 Hz) do bum-

Acervo do autor
bo, que podem ser
usados como reforço
(como o Sub-Kick da
Yamaha, e o Moon
Mic DK-27). Esses
microfones devem
ser posicionados três
a cinco centímetros
à frente do microfo-
ne principal, fora do
eixo central do bum-
bo (para minimizar a
captação de agudos).
Também é possível
criar o seu próprio
“microfone” para
captar subgraves uti-
lizando um alto-fa-
lante. Esse “truque”
é utilizado há déca-
das para reforçar os
graves na gravação Para minimizar vazamento das outras peças da bateria no
de um bumbo, e eu microfone do bumbo é comum o uso de um “túnel abafador”
irei ensinar vocês a feito com algum material absorvente cobrindo os microfones

TÚNEL ABAFADOR
Para minimizar vazamento das outras peças da bateria no microfone do bumbo e também diminuir o vaza-
mento do bumbo nos microfones das outras peças, é comum o uso de um “túnel abafador” feito com algum
material absorvente (espuma, cobertores, cases etc.) cobrindo os microfones.

Essa técnica pode ser especialmente útil quando há microfones posicionados a uma grande distância do bumbo,
garantindo menos vazamento e menos problemas de fase. Também é possível utilizar um outro bumbo sem pe-
les como uma “forma” para o túnel e preencher o interior com um cobertor (ou algo do tipo) para minimizar as
reflexões internas. Quanto maior for o isolamento dos microfones, mais definido será a sonoridade na gravação.

Lucas Ramos é tricolor de coração, engenheiro de áudio, produtor musical e professor do IATEC. Formado em Engenharia de Áudio pela SAE
(School of Audio Engineering), dispõe de certificações oficiais como Pro Tools Certified Operator, Apple Logic Certified Trainer e Ableton Live
Certified Trainer. E-mail: lucas@musitec.com.br

áudio música e tecnologia | 25


Plug-ins | Cristiano Moura

Element - o Instrumento
Virtual da Waves
Empresa demonstra querer ir além do
processamento de áudio
Pelo contrário. Lembro, quando estudei sobre sintetizado-
res na faculdade, o quanto penava para entender mesmo
as coisas mais elementares. Então, muito pelo contrário,
acho ótimo ter uma opção para que um iniciante pos-
sa entender os fundamentos da síntese subtrativa e criar
algo em cima sem frustração.

Neste ponto o Element acaba sendo muito menos desafiador e


mais adequado do que alguém que queira sair ligando fio pra
todo lado até conseguir um bom som usando o Modular V (fig. 2)
ou tentando programar um CS–80V (fig. 3), ambos da Arturia.

Outro fator positivo a ser levado em consideração é que ele


é extremamente econômico na CPU se comparado com ou-
tros instrumentos virtuais. São dois osciladores, um filtro,
quatro LFOs, três envelopes, um Modulation Matrix, um
Fig. 1 – Waves Element
sequenciador e um arpegiador.

A
Waves é, sem dúvida, uma das mais importantes em-
presas de processamento de áudio em plug-ins do nos- A empresa fala sobre uma tecnologia chamada de “virtual
so mercado e a Native Instruments tem a mesma im- voltage”, mas, sinceramente, não vamos perder tempo com
portância quando estamos falando de instrumentos virtuais. isso, porque, ao mesmo tempo que pode ser algo absolu-
tamente revolucionário do ponto de vista de programação,
Suas histórias se confundem com a história da revolução dos também pode ser simplesmente um “nome bonito” feito pela
home studios e DAWs. Curiosamente, a Waves lançou no ano
passado o Element, seu primeiro instrumento virtual. e co-
meçou a avançar neste segmento.

Neste artigo, vamos conhecer mais sobre este sintetizador.

O QUE É O WAVES ELEMENT


O Element (fig. 1) é um sintetizador baseado em síntese sub-
trativa, que tentar trazer para o computador toda a magia
dos sintetizadores analógicos. Não há nada que a empresa
pensado em emular desta vez. É simplesmente um sintetiza-
dor com características própriasm e acho que é mais impor-
tante pensar nele como mais um instrumento que tenta tra-
zer as características nos polysynths dos anos 80 mas como
falei, a empresa nunca se manifestou interesse em dizer que
ele emula “este ou aquele” sintetizador.

CARACTERÍSTICAS GERAIS
Waves Element não chega a ser um sintetizador comple-
xo, mas não imagine que estou falando que isso é ruim. Fig. 2 – Modular V, da Arturia
26 | áudio música e tecnologia
Fig. 3 – CS–80V, também da Arturia

equipe de marketing. Não vale a pena entrarmos nesse méri-


to, pois, afinal, nosso compromisso é com o som.

AVANÇANDO PARA OS
Fig. 5 – Filtro
PEQUENOS DETALHES
Não é porque a intenção seja de simular um equipamento E, falando de envelopes, me chamou muito a atenção o bo-
analógico que a empresa não colocou também um toque de tão punch no VCA envelope (fig. 6), que alavanca o ataque
modernidade, como costuma fazer em outros produtos. O das notas, reproduzindo um efeito similar ao que conse-
primeiro e o segundo osciladores (fig. 4) podem ser modu- guiríamos com o Trans X da Waves. Basicamente, ele força
lados de várias formas e também podem funcionar no modo o ataque inicial para que as notas soem como se tivessem
DCO. Especificamente no segundo oscilador, temos a opção sido tocadas com mais vigor.
de incrementar com modulação baseada em FM.
Agora sobre os LFOs (fig. 7), são quatro no total, sendo que
Abaixo dos dois osciladores, os destaques são os controles o LFO 1 e 2 possuem o botão de RATE, enquanto o LFO 3 e
SUB, que reforça os graves de forma muito interessante, e o 4 podem ter a velocidade sincronizada com o andamento
NOISE, para acrescentar ruído rosa. da sua sessão. Confesso que não entendi muito porque não
deixar os quatro LFOs com a opção de sincronizar ou não
Com relação ao filtro (fig. 5), além dos mais comuns, com o andamento da sessão, como é de costume nos outros
como o passa alta, passa baixa, passa banda e rejeita processadores da empresa.
banda, temos outro modulador baseado em FM que usa a
forma de onda do oscilador 1 para modular o filtro. Outro Como já poderíamos esperar, a parte de efeitos (fig. 8) é
detalhe que chama atenção é o controle ENV, que permi- muito boa no que se refere ao som, porém limitada no que
te ao usuário escolher o quanto ele quer que o envelope se refere às opções de regulagem. Você tem a qualidade dos
atue sobre filtro. plug-ins da Waves, mas pouco acesso para ajuste, como se
fosse uma tentativa de oferecer uma forma de completar
a sonoridade do sintetizador, mas fazendo com que o
usuário, ainda assim, precise pensar em adquirir efeitos
mais completos. Os destaques são a distorção e o Bit
Crusher, que é o que mais faz diferença num mundo di-
gital onde tudo pode ser exageramente limpo e perfeito.

Por último, temos o arpegiador/sequenciador (fig. 9), que


é simples, mas faz o que precisa fazer. Ele já vem com
alguns modos de trabalho e possui o controle GATE para
que o usuário possa controlar a duração de cada nota. As-
sim, um mesmo arpegio pode ser tocado em legato ou em
staccato e provocar sensações completamente diferentes.

Achei que ficou faltando a possibilidade de ligar duas


notas, pois assim muitas outras frases e ritmos se-
Fig. 4 – Osciladores riam possíveis.

áudio música e tecnologia | 27


Plug-ins

Fig. 6 – VCA

O SOM É O QUE IMPORTA


Se o Element não é muito complexo e nem é rico em parâmetros
e ajustes, pode ter certeza de que a empresa fez um excelente
trabalho criando uma extensa e muito bem elaborada biblioteca
de pré-configuraçõe para que usuário possa perceber logo de Fig. 8 – Efeitos
cara quais as possibilidades sonoras deste instrumento virtual.
CONCLUSÃO
As amostras são excelentes e, de fato, é um sintetizador
com filtros e osciladores muito bem implementados. Por Os maiores acertos neste instrumento virtual são sua sonori-
exemplo, é comum em alguns instrumentos virtuais que o dade e sua interface simplificada. É altamente recomendado
som do oscilador não seja constante em todas as oitavas, o para se aprender mas sobre síntese subtrativa.
que não acontece no Element.
Pré-configurações, acesso rápido numa única pá-
gina, áreas bem definidas e uma simplificação das
possibilidades ajuda em muito no fluxo criativo.
Afinal, nem sempre o melhor é o mais complexo.

Se podemos dizer que ele tem algum defeito, talvez


seja exatamente o que foi dito antes – ou seja, pode
ser simples demais para usuários que gostam de levar
a sério essa brincadeira com sintetizadores. Sem dú-
vida nenhuma, para este público, o caminho a seguir
será pesquisar e experimentar instrumentos virtuais
de empresas como Native Instruments e Arturia.
Fig. 7 – LFOs
Abraços! •

Fig. 9 – Arpegiator

Cristiano Moura é produtor musical e instrutor certificado da Avid. Atualmente leciona cursos oficiais em Pro Tools, Waves, Sibelius e os treinamen-
tos em mixagem na ProClass. Também é professor da UFRJ, onde ministra as disciplinas Edição de Trilha Sonora, Gravação e Mixagem de Áudio e
Elementos da Linguagem Musical. Email: cmoura@proclass.com.br

28 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 29
CAPA | Rodrigo Sabatinelli

S6L
nova mesa dá mais corpo à família venue

H
á dois anos sem lançar um console para mixagem desse ano. No entanto, em sua passagem relâmpago
ao vivo – já que a última novidade na linha ficou a pelo país, durante a 19ª convenção da AES Brasil Expo,
cargo da compacta S3L System, apresentada em realizada em junho passado, em São Paulo, ela já de-
maio de 2013 –, a Avid surpreendeu o mercado ao anun- monstrou que vem para ser referência, a exemplo do
ciar, durante a última edição da NAB, realizada em abril que foram e ainda são suas “irmãs mais velhas”.
passado, em Las Vegas, EUA, a chegada da Venue S6L.
Apresentada por Carlos Kalunga Branco e Ricardo “Roco-
Composto por uma superfície de controle, um DSP Engine to” Mantini – especialistas de produtos Avid para aplica-
e um Stage I/O, o sistema tem, entre outros diferenciais, ções ao vivo –, a S6L figura nossas próximas páginas em
a capacidade de processamento de aproximadamente 300
um panorama geral que mostra algumas de suas princi-
canais, além da já conhecida integração à plataforma da
pais características. De acordo com Kalunga, “a mesa, de-
fabricante – o Pro Tools –, da possibilidade de uso de plug-
senvolvida por operadores, reflete a necessidade de seus
-ins AAX e do tráfego de áudio via protocolos Dante, AVB
usuários e é, em razão disso, uma das mais rápidas e
e MADI óptico, oferecendo, assim, liberdade de escolha
inteligentes já vistas no mercado”.
quanto ao tráfego de inputs.

“Caçula” de uma família que tem ainda outros impor- FeeDBaCK viSual
tantes modelos, como, por exemplo, D-Show e Profile, FavoReCe veloCiDaDe
a mesa já conta com mais de 1.300 unidades solicita-
das via pre-order e deve chegar ao Brasil em outubro Quando se refere à mesa dizendo ser das mais rápidas,

30 | áudio música e tecnologia


Divulgação
Kalunga “passa” por alguns aspectos. Um deles é a já ci- Plug-inS “CaRRegaM” SoM De
tada capacidade de processamento, que veremos melhor
eSTÚDio PaRa a eSTRaDa
um pouco mais à frente, e o outro é o feedback visual,
ou melhor, a “transparência” da qual o usuário pode des-
Dotada de uma ampla gama de plug-ins AAX (Avid Audio eX-
frutar, acessando imediatamente por meio de telas touch
tension) DSP – como, por exemplo, delays, reverbs, equa-
screen de alta resolução.
lizadores e compressores, dentre outros compatíveis com o
sistema Pro Tools HDX –, a S6L se mostra uma opção para
“O técnico não se perde, pois está diante de pratica-
quem deseja reproduzir ao vivo aqueles sons característicos
mente todos os parâmetros necessários para sua mi-
de instrumentos gravados em determinados discos, algo que,
xagem, como, por exemplo, a inserção e os ajustes de
plug-ins nos canais e a visualização dos grupos, auxilia- seguramente, agrada aos técnicos mais criteriosos, principal-

res e VCAs, que podem ser feitos mesmo em condições mente aqueles que apreciam a fidelidade em suas mixagens.
desfavoráveis, como em ambientes com muita luz, nos
quais a leitura dos parâmetros geralmente é prejudica- “É interessante quando o público tem a oportunidade de
da”, conta Kalunga. “O fato de a mesa contar com seu já ouvir, no show, o som que está acostumado a ouvir em
conhecido software também irá promover economia de seu iPod. Antigamente isso era praticamente impossível
tempo, já que todo e qualquer usuário dos consoles da [de se fazer], mas, hoje, com essa integração toda entre
marca terá total familiaridade com o sistema, sentindo- as superfícies, não há dificuldade alguma”, conta Kalunga.
-se ‘em casa’, com 100% de autonomia. Em dois pas-
sos, ele executa qualquer tipo de operação”, garante. O técnico lembrou ainda que o fato de a mesa processar

áudio música e tecnologia | 31


Capa
Divulgação

Divulgação
No display, acessos “imediatos” a parâmetros fundamentais às mixagens.
E pela interface, totalmente amigável, o técnico se sente “em casa”

esses plug-ins diretamente em DSPs, independentemente “É possível, ainda, aumentar a capacidade de


de quantos canais ou auxiliares deles estiverem em uso, processamento de plug-ins, adicionando o máximo
a torna praticamente livre de latência e de degradação de de quatro cartões HDX ao seu processador e ir de
sinais, possibilitando aos usuários mixarem seus shows 64 entradas de microfone até centenas de canais de
com maior tranquilidade, já que esses não têm que se entradas e saídas, conectando unidades adicionais de
preocupar em calcular tempos de compensações desses rack stages”, completou ele.
efeitos, dentre outras “manobras”.
INTEGRAÇÃO COM PRO TOOLS
“O cara não precisa de ‘rodadores’ externos de plug-
-ins, já que pode acessá-los diretamente na própria su- O fato de ter a já conhecida integração com o Pro Tools
perfície de controle, ou seja, na própria mesa, além, oferece ao usuário três possibilidades: gravação, repro-
claro, de automatizar suas configurações por meio dos dução e soundcheck virtual. Para gravações, por exem-
Snapshots, facilitando sua mix e tornando-a ainda mais plo, o Venue Link cria – em poucos segundos, a partir
refinada e detalhada a cada show”, disse. de seu arquivo de show – uma sessão completa de Pro
Tools na qual surgem nomeados todos
os canais, como se a mixagem ao vivo e
a plataforma de gravação fossem um só
dispositivo.

E para realizar o soundcheck virtual – no


qual o técnico recorre a gravações feitas
ao vivo para ajustar a mixagem de seus
próximos shows, além de programar
snapshots e insertar plug-ins, economi-
zando considerável tempo em seu dia a
dia –, é preciso, somente, de um cabo
Thunderbolt ou o Ethernet AVB, dispen-
sando qualquer tipo de interface.

“Na correria da estrada, principalmen-


te das equipes dos grandes artistas,

Como todo console da fabricante, a S6L


dispõe de um grande número de plug-ins

32 | áudio música e tecnologia


que se apresentam em rante a última edição da
festivais nos quais o tem- AES Brasil Expo –, a S6L
po de passagem de som é ainda era um protótipo, e,
sempre muito curto, nada como tal, não contava com
mais importante do que todas as suas funcionali-
uma função como essa, dades chamadas de “inteli-
que assegura o mínimo de gentes”, às quais faltavam
tranquilidade ao técnico, alguns “detalhes”, em fase
já dotado de sua sessão, de desenvolvimento.
gravada previamente, para
promover ajustes conside- Por conta disso, não foi
ráveis. Você pode ter duas possível, por exemplo, ou-
placas Thunderbolt na E6L vir seu som. No entanto,
e gravar 192 canais em quem conhece o trabalho
96K em cada cabo para dois minucioso que a fabricante
computadores”, exemplifica desenvolve em produtos do
Kalunga. gênero, também cultuados
pela qualidade sonora, pode
PROCESSADOR imaginar o que está por vir,
Rack Stages “turbinam” e, claro, comemorar.
ESTÁVEL E
a mesa, ampliando sua capacidade
DE AMPLA “Pergunte a qualquer engenheiro de
CAPACIDADE PA o que é que mais lhe agrada em mesas como as da
Avid. Seguramente o cara vai dizer que é a facilidade
Como foi dito no início da matéria, dentre as principais operacional, por conta de suas superfícies amigáveis,
características da S6L está a capacidade de proces- e, claro, o som, fruto da presença de pré-amplificado-
samento de aproximadamente 300 canais. Há alguns res de alta performance, fornecidos pela THAT Corpo-
anos, “manipular” tamanha quantidade de pistas de áu- ration, que trabalham com taxas de amostragem altas.
dio seria impossível. No entanto, por conta do avanço E com a S6L não vai ser diferente”, encerrou o enge-
tecnológico e dos investimentos em desenvolvimento de nheiro, ansioso pela chegada da Demo da mesa, na
hardwares mais potentes, tal função é realidade. qual irá iniciar testes e workshops pelo Brasil. •

“Com o E6L [processador em ques-


tão], o técnico praticamente não
precisa se preocupar [com a quan-
tidade de canais com que irá traba-
lhar], afinal de contas, seja em um
musical ou em um megashow, dois
exemplos de trabalhos complexos
nos quais geralmente se manipula
centenas de inputs, ele [o processa-
dor] mantém desempenho estável e
sem nenhum tipo de risco ao usuá-
rio. Tudo isso graças a um sistema
automático de compensação capaz
de realizar tal tarefa”, conta Kalunga.

E O SOM?
Na ocasião em que foi apresen-
tada ao público brasileiro – du-

Kalunga e Ricardo “Rocoto” Mantini apresentam a


S6L, novo console da Avid para sonorização ao vivo

áudio música e tecnologia | 33


Capa

ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS DA MESA


Superfície de Controle S6L-32D S6L-24D S6L-24
Telas sensíveis ao toque visíveis à Telas sensíveis ao toque de 12.1" Telas sensíveis ao toque de 12.1" Telas sensíveis ao toque de 12.1"
luz do dia x4 x3 x1
Controles deslizantes 32 + 2 24 + 2 24 + 2
Controles giratórios 3 x 32, cada um com OLED de alta 2 x 32, cada um com OLED de alta 2 x 32, cada um com OLED de alta
resolução com indicador de função resolução com indicador de função resolução com indicador de função
tri-color tri-color tri-color
Módulo Master Live Telas TFT com botões soft, dial programável Touch and Turn; 2 controles deslizantes programáveis, monito-
ração, controles de layout e snapshot, controles de transporte e botões de função
Medição Indicadores de volume de 30 segmentos com opções de medição pré e post; indicador Nominal, status do
Expander/Gate e indicadores de redução de ganho do Compressor/Limitador.
Entradas analógicas 8 entradas XLR de mic/line com 48V e LEDs de presença de sinal
Saídas analógicas 8 saídas XLR com LEDs indicadores de mute e presença de sinal
Entradas digitais 4 pares de XLR estéreo AES/EBU (8 canais no total)
Saídas digitais 4 pares de XLR estéreo AES/EBU (8 canais no total)
Saída para fones 2 saídas 1/4" TRS estéreo de fone de ouvido, independentes
E/S auxiliar Saída de vídeo DVI-D, 5 USB 2.0 (2 atrás, 2 na frente, 1 interno), porta de Ethernet ECx para controle remo-
to com e sem fio, GPIO (8 entradas/8 saídas) 2 controles de pedal, entrada de Time Code Linear, MIDI I/O
Portas Ethernet AVB 2 etherCON (cobre), 2 com opção de etherCON (cobre) ou SFP (fibra), com topologia em anel redundante
USB de 2 pistas Gravação/reprodução estéreo via flash drive USB (controle e playlist integrados no software do Venue)
Sistema de alimentação PSUs internos com “troca a quente”, redundância dupla
Altura (frontal, traseira) 3,6 x 15,3 polegadas (91 x 388 mm)
Largura 1,304 mm (51.3 pol.)
Profundidade 787 mm (31 pol.)
Peso 154 lbs (70 kg) 121 lbs (55 kg) 121 lbs (55 kg)

Processador E6L-192 E6L-144


Frequências de amostra 48/96 kHz 48/96 kHz
Canais de entrada 192 144
Processamento de Entrada Compensação de ganho True Gain, HPF, LPF, PEQ de 4-bandas, Expander/Gate, Compressor/
Limitador, Delay, 4 loops de plug-in, loop físico
Loops de efeito 96 + LCR 64 + LCR
Processamento de saída PEQ de 7-bandas, Compressor/Limitador, Delay, 4 loops de plug-in, loop físico
Matrix 24 x 24 16 x 16
VCAs 24 24
Solo de loops de efeito estéreo 2 – com controle independente
Equalizadores gráficos (31-bandas) 32
Suporte para plug-in Plug-ins AAX DSP de 64 bits, com processamento HDX via slots de expansão
Slots para plug-ins 200 128
Integração do Pro Tools Grave/reproduza até 64 canais de áudio via Ethernet AVB; número maior de canais com um
cartão opcional Thunderbolt*
Portas Ethernet AVB 2 por cartão Ethernet AVB; com opção de etherCON (cobre) ou SFP (fibra), com topologia em
anel redundante; o processamento pode ser expandido com até três cartões Ethernet AVB.
Word Clock I/O Coaxial BNC de 75 ohms
Portas USB 5 portas USB 2.0 (2 na frente, 2 atrás, 1 interna)
Sistema de alimentação PSUs internos com “troca a quente”, redundância N+1
Dimensões (L x A x P) 218 x 430 x 483 mm (8.6 x 16.9 x 19 polegadas)
Espaços do rack 5U
Peso 61 lbs (28 kg) 61 lbs (28 kg)

34 | áudio música e tecnologia


Rack I/O Stage 64
E/S máxima 64 canais de entrada, 32 canais de saída em 48/96 kHz
Slots para placa de E/S 12
Frequências de amostra 48/96 kHz
Portas Ethernet AVB 2 com opção de etherCON (cobre) ou SFP (fibra), com topologia em
anel redundante
Extensão máxima de cabos Cobre: 100 metros (328 pés); Fibra: 500 metros (1.640,4 pés)

MADI Saída dual MADI oferece split direto para todos os 64 canais
Monitor confiável para fone de ouvido Saída 1/4" TRS estéreo para fone de ouvido com controle de volume;
painel para seleção de canal
E/S Word Clock Coaxial BNC de 75 Ohms
Sistema de alimentação PSUs internos com redundância dupla
Dimensões (L x A x P) 445 x 432 x 310 mm (17,5 x 17 x 12,2 polegadas)
Espaços do rack 10U
Peso 86 lbs (39 kg)

áudio música e tecnologia | 35


AM&T
PRODUTO | Roberta Siviero

Rivage PM10
Nova geração dos consoles PM, da Yamaha,
chega com novidades que justificam expectativa

D
esde o lançamento da mesa de som Rivage canais, sem perdas, por até 300 metros de distância
PM10, em novembro de 2014, muita expec- entre dispositivos) entre as partes do sistema, como
tativa e curiosidade surgiram em torno dessa os afluentes de um rio que se conectam e o formam.
nova geração da linha PM, pois com ela a Yamaha
Pro Audio anunciou o início uma nova proposta em O design do console foi desenvolvido com muita
termos de tecnologia e conceitos, além de ampliar atenção aos detalhes. Foram considerados a ergono-
as possibilidades para mixagem, inputs e outputs. mia, a acessibilidade, e a busca por facilitar a visão
do técnico nas diversas situações que ocorrem du-
No estande da empresa na AES Brasil desse ano não rante o trabalho, de modo que a mesa seja utilizada
havia um exemplar para sanar todas as dúvidas, mas, de forma prática e intuitiva.
pouco após o término da feira, Aldo Werner convidou
alguns grupos de profissionais do áudio para a apre- Composta por 38 faders, divididos em três seções de
sentação exclusiva, na sede da empresa, em São Paulo. 12 faders mais dois master faders, além de duas te-
Marcamos uma data para as Mulheres do Áudio (www. las touchscreen de 15’’ (possui, ainda, mais uma sa-
facebook.com/MulheresDoAudio), e, no dia combinado, ída DVi, para um monitor extra) e a área de funções
ele e Matheus Madeira decorreram sobre as principais do canal selecionado do lado direito, ela possibilita
características desse refinado equipamento. uma variedade de layouts a serem formatados de
acordo com suas necessidades para mixar, podendo,
O sistema completo é composto pela superfície de por exemplo, deixar todos os canais linkados na se-
controle (CS-R10), pelo poderoso processador DSP quência dos dois Centralogic, ou deixando as seções
Engine (DSP-R10) e pelos racks de I/O (RPio622). O independentes para usar como input, output, DCAs.
nome Rivage, que tem como um de seus significa-
dos “costa de rio” em francês, tem relação com as Também oferece 12 botões e quatro knobs de “user
duas diferentes opções de conexão de rede (Dante define keys”, cada um com quatro layers, fora os
e TWINLANe, este último um protocolo de rede via dois bancos de seis Custom Faders em cada seção.
fibra desenvolvido pela Yamaha que transporta 400 Possui ainda 24 grupos de DCA e 12 grupos de Mute.

36 | áudio música e tecnologia


São duas saídas de headphones separadas, que po- desejada para aquele sinal.
dem ser usadas por dois técnicos ao mesmo tem-
po (já que os dois Centralogic são independentes e A promessa de uma sonoridade limpa, com presen-
existem dois tipos de seleção, A e B) ou serem linka- ça, que reproduza de forma real o que está sendo
das para se ouvir o Cue tanto em um fone quanto captado, foram e são as principais motivações da
em uma caixa, por exemplo. A Yamaha ainda estuda empresa para aprimorar ainda mais essa tecnologia
a possibilidade da mesa ser controlada por mais de de conversão e processamento A/D.
um iPad, o que será definido nos próximos meses.
eQ/DYnaMiCS PoR Canal
o DiFeRenCial
Outra novidade importante são as quatro variações
O pré-amplificador de microfone é a principal aposta da dos algoritmos no equalizador de quatro bandas dos
empresa nesse belo projeto, pois traz uma boa novi- canais de input, disponíveis para um refinamento maior
dade que promete “aquecer” os ouvidos: ele é híbrido. em sua utilização. A opção “Precise” vai possibilitar o
Foi desenvolvido a partir do já conhecido VCM (Virtual controle em pontos específicos da equalização; no tipo
Circuitry Modeling) da Yamaha, e é baseado na emula- “Agressive” a resposta é mais musical; em “Smooth” o
ção digital do transformador da Rupert Neve Designs, controle é mais suave e natural e no “Legacy” a respos-
chamado de circuito Silk. Foi desenvolvido junto com o ta é mais familiar, pois soa como os conhecidos equali-
próprio Sr. Neve para soar como os consagrados circui- zadores das mesas Yamaha PM1D e PM5D.
tos criados por ele – tanto os antigos quanto os mais
novos – e pode ser adicionado, de acordo com a neces- Nas saídas, a novidade é o equalizador paramétri-
sidade de cada sinal, de duas maneiras: Red (mesma co ser de oito bandas e também possuir as quatro
relação no segundo e terceiro harmônicos, ressalta as opções do tipo de equalização em todos os canais.
frequências altas e médio-altas) e Blue (tem mais gra-
ves e um pouco do terceiro harmônico também). Na parte dos dinâmicos há agora duas possibili-
dades de Gate e duas opções de D-Esser, Ducker
Depois de selecionado, a quantidade do Silk é ou Compressor, sendo que, desse último, desta-
adicionada através do knob Texture, na medida ca-se o modelo VCM setentista Comp260, muito
popular e eficiente para
quem procura reproduzir
essa referência.
AM&T

Plug-inS
Além dos itens anterior-
mente citados, o usuá-
rio que utilizar a Rivage
PM10 poderá se divertir
com até oito plug-ins
insertados em cada ca-
nal. Como nas linhas CL
e QL, via Rack Premium,
você encontrará 45 tipos
diferentes de plug-ins,
como o multiprocessador
de efeitos SPX, os VCM
Comp260 (já citado),
Comp276, Open Deck e
seis novos tipos, sendo
eles os equalizadores Ru-
pert 773 e 810, os com-

Com 38 faders, além de duas telas touchscreen LCD de 15" (foto) e a área de
funções do canal selecionado do lado direito, a Rivage PM10 possibilita uma
variedade de layouts a serem formatados de acordo com as necessidades do usuário
áudio música e tecnologia | 37
Produto
AM&T

O recurso Isolate, facilmen-


te acessado na área de fun-
ções do lado direito do con-
sole, permite que o canal
selecionado fique exata-
mente do mesmo jeito em
todas as cenas enquanto
estiver acionado, inclusive
nas mudanças salvas das
cenas da biblioteca.

Já o filtro Overlay apre-


senta-se como um recur-
so interessante, possibili-
tando uma compensação
temporária de volume
(via fader) para aquele
canal em todas as cenas,
O pré-amplificador de microfone é baseado na emulação digital do transformador podendo se tornar perma-
da Rupert Neve Designs, chamado de circuito Silk. Foi desenvolvido junto com o nente caso você salve a
próprio Rupert Neve para soar como os consagrados circuitos criados por ele. cena com ele habilitado.

pressores Rupert 754 e 830 e os reverbs da TC A função Preview será adicionada em atualizações
Eletronic VSS4HD e NonLin 2, somando um total futuras.
de 384 plug-ins que podem ser utilizados por cena
e com a garantia de um processamento perfeito. - Gravação – Dando continuidade à opção de gravação
Em upgrades futuros, o Ultra-Harmonizer H3000- diretamente no pendrive, como nas mesas do modelo
-Live, da Eventide, também será incluído. LS9 e das linhas CL e QL, os dois canais de output
selecionados podem ser uma cópia do LR ou via MIX,
- Equalizador gráfico (GEQ) – São 48 racks de 31 com o formato de WAV ou MP3. E como existem duas
bandas ou 96 para o Flex15GEQ. entradas USB, uma delas é dedicada apenas a isso,
deixando a segunda para, por exemplo, abrir uma tri-
- Cenas, Isolate e Overlay – Para aqueles que têm lha musical em dois canais de input da mesa.
uma demanda do uso de cenas, a Yamaha Rivage
PM10 vem com uma memória de dar inveja, ofere- Para gravações multipistas, o novo cartão HY144-D
cendo 1.000 cenas principais, sendo que em cada possibilita até 128 canais de input e outputs a 96
uma você ainda terá a possibilidade de trabalhar kHz através da rede Dante conectada a um com-
com 99 subcenas, o que é bem útil no caso de ser putador que possua o card Dante Accelerator PCIe
preciso inserir novas cenas entre as principais já (senão, são 64 in/out pistas de gravação com o
criadas sem ter que mexer na ordem. Dante Virtual Soundcard). Por esse mesmo sistema
Divulgação

Vista traseira do console, que pesa 85 quilos e mede


1.549 x 417 x 848 mm (largura x altura x profundidade)

38 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 39
PRODUTO

Acervo da autora
você pode voltar para a mesa
um arquivo gravado e utilizá-
-lo para fazer uma passagem
de som virtual, ou usá-lo
normalmente em conjunto
com os inputs que também
estão vindo do palco, como
exemplos.

ConFiguRaÇÃo
Do SiSTeMa
Todo o processamento do
sistema, a mixagem, plug-
-ins e afins, são feitos no
DSP Engine, em 96 kHz/32
bits, que suporta 144 canais
de entrada, 72 saídas auxi-
liares e 36 matrix, além de
duas saídas master estéreo.
A superfície de controle (CS- A Rivage PM10, Aldo Werner e integrantes do grupo Mulheres
R10) é conectada nele por do Áudio (sou a terceira, da esquerda para a direita): no
cabos Cat5e redundantes, aguardo pela chegada das primeiras unidades ao Brasil
podendo até duas superfí-
cies utilizarem um único DSP-R10, para expansão. se juntar ao grupo que está esperando as primeiras
unidades chegarem ao Brasil em dezembro. Algu-
Já os racks de I/O (inputs/outputs) RPio622 são mas das mais conhecidas empresas brasileira já en-
conectados no DSP Engine via TWINLANe de forma comendaram as suas, apostando nesse projeto, que
redundante, o que permite que o som continue ro- será apenas o início de um novo conceito da Yamaha
lando mesmo se houver algum problema em uma e sua tão aclamada linha PM.
das conexões.

Todo o sistema possui redundância de AC em suas linKS PaRa SaBeR MaiS


três partes e também é possível conectá-lo a ou-
tras mesas, como as da linha CL ou Nuage, atra- - Site da Rivage PM10:
vés da rede Dante. http://tinyurl.com/oficial-rivage

- Vlog sobre o console:


ConCluinDo
http://tinyurl.com/rivage-vlog

Se depois de ler todas essas informações você ainda


não estiver interessado em usar a Rivage PM10 o Agradecimentos a Matheus Madeira e Aldo Werner,
quanto antes, entre nos links presentes no box a da Yamaha do Brasil, pelo convite para a apresenta-
seguir para conhecer um pouco mais e, quem sabe, ção do console e pelo apoio posterior. •

Roberta Siviero é técnica de PA e monitor e trabalha como freelancer em empresas de locação. Integra o grupo Mulheres do
Áudio (www.facebook.com/MulheresDoAudio). Contato: robertasiviero@gmail.com

40 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 41
Divulgação
ESTúDIO | Rodrigo Sabatinelli

eSTÚDio RaSTRo
Gravadora comemora maioridade
inaugurando estúdio no rio

N
o final da década de 1990, quando a música in- também preenchidas por painéis de lã de rocha e cobertas
dependente dava seus primeiros passos no Rio de por tecidos especiais.
Janeiro, nascia a Rastropop Records, uma pequena
gravadora que, naquele momento, assumia o papel de des- Projetada para ser híbrida, ou seja, nem muito seca, nem
cobrir e lançar artistas como Mauricio Negão, Unscarabrown muito viva, a sala de gravação tem sido utilizada tanto para
e Ideia Rara, dentre outros.
captação de instrumentos musicais das produções da casa
quanto para dublagens e redublagens – mais conhecidas
Hoje, depois de 18 anos de sua fundação e de tantas mudan-
como ADR – de filmes e seriados de TV.
ças pelas quais a indústria do disco passou, ela inaugura seu
primeiro estúdio próprio, o Rastro – localizado em Ipanema,
Zona Sul do Rio –, e a convite de Danny Dee, DJ, produtor e
PRo ToolS PaRa gRavaR, geleneC e
um dos sócios do grupo, abre suas portas para nossa equipe. MaCKie PaRa ouviR

Projetado pelo engenheiro John Sullivan, o Rastro foi cons- As gravações realizadas no Rastro são feitas em um com-
truído pelo arquiteto Alberto Bueno em uma espaço anexo putador Mac Pro de última geração, dotado de confortável
ao escritório da gravadora, que atualmente também
agencia atrações musicais como o DJ Taw e as ban-
das Radio Hits e Batuque Digital.

FReiJÓ e DRY Wall Divulgação

na ConSTRuÇÃo
Composto por uma técnica de 2,5 m x 3 m e uma sala
de gravação de 2 m x 2 m, além de uma antecâmara
para acesso, o estúdio recebeu, em seu projeto acús-
tico, materiais como Freijó, uma madeira maciça e no-
bre, e Dry Wall Phonique, um isolante de alta eficiência.

As madeiras foram, de acordo com o próprio Danny


– também responsável pela supervisão da obra –,
destinadas ao acabamento, que contou ainda com
difusores e móveis, enquanto que os Dry Walls foram
dispostos em três camadas entre as paredes duplas,

Danny Dee, um dos sócios do Estúdio Rastro


42 | áudio música e tecnologia
Divulgação

Compacta, a técnica do estúdio mede 2,5 m x 3 m


configuração – seis núcleos de processamento, 32 GB de memória RAM e
um HD SSD de 1 TB. Nele, a fim de garantir o máximo de performance,
rodam softwares como Ableton Live, Logic e Pro Tools HDX, esse último
conectado via chassis externo Magma Roben Thunderbolt 2.

Compondo o setup, que não conta com um console de gerenciamento, estão


dois sistemas de conversores da Universal Audio – Apollo Quad e Apollo 16,
para os inputs – e AVID – HD I/O, para o Pro Tools –, interligados via patch,
além de um pré-amplificador 4-710d, também da Universal Audio.

A monitoração das gravações, mixagens e masterizações realizadas na


casa é feita por meio de caixas 8250A, da Genelec, e HR624 MK2, da
Mackie – sendo as primeiras usadas como master e as segundas como
auxiliares da referência principal –, todas conectadas via Big Knob Mackie.
Divulgação

Apollo Quad e Apollo 16: conversores que compõem o setup do Rastro


áudio música e tecnologia | 43
Estúdio
Divulgação

re, que podem ser usados para


vozes e instrumentos musicais.

Por outro lado, o que não falta


são teclados e controladores,
como, por exemplo, o Stage 2
HA 88 e o Lead 4, da Nord; o
Integra-7, TB-3 - Bass Synth,
VT-3 - Voice Transformer, da Ro-
land, o Master Controller Kom-

Em destaque, três dos microfones do Rastro: os 414 e o Super 55 plete Kontrol 61 e o Machine
Mikro, da Native Instruments,
MICROFONES E TECLADOS que, de acordo com Danny, são
ASSEGURAM PRODUÇÕES utilizados em boa parte das produções realizadas na casa.

No Rastro, a exemplo do que ocorre nos demais estúdios “Nós fomos muito cuidadosos [na escolha dos modelos].
de porte semelhante, as opções em termos de captação Buscamos adquirir os que são atualmente usados pela
não são muitas, mas os modelos disponíveis são tidos maioria dos produtores do mercado. E ainda não paramos
como “coringas” e servem a diversos tipos de aplicações, de investir. Neste ano, ainda, receberemos um Kronos 2,
casos dos 414 XLS, da AKG; do U87, da Neumann; do da Korg, e um Voyager, da Moog, para completar a cole-
Super 55, da Shure, e de alguns SM57, também da Shu- ção”, encerra o sócio. •
Divulgação

Divulgação

No centro do rack, o Integra-7, da Roland O Nord Lead 4 está entre os teclados


escolhidos pelos donos do estúdio

44 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 45
DESAFIANDO A LÓGICA | André Paixão

Dez noviDaDeS
gRaTuiTaS e
iMPeRDÍveiS no
logiC X (PArTE 1)
os maiores atrativos da
mais recente atualização

É 10. auToMaÇÃo inDePenDenTe


fácil encontrar informações sobre a nova e
generosa atualização do Logic X. Agora sob o
nome Logic 10.1, o aplicativo da Apple oferece Já era possivel copiar desenhos de automações nas ver-
mais por menos, ou melhor, por nada. A atualização é sões anteriores do Logic, mas agora ficou mais fácil exe-
gratuita. Dá pra acreditar? Dá. Afinal, todos nós – ma- cutar essa tarefa – que, sinceramente, era meio chatinha
cacos velhos ou não – sabemos que nada é de graça, – com mais precisão. A possibilidade de gerar envelopes
mas o preço cobrado pela gratuitade até que não é tão independentes em diferentes regiões de um mesmo ca-
agressivo assim. A não ser que, por algum motivo – e nal é realmente uma mão na roda, pois, inclusive, pode-
certamente existem vários –, você não queira, de ma- mos copiar e colar clipes contendo todas as informações
neira alguma, atualizar seu sistema operacional para programadas no que se diz respeito a automações. Basta
uma das duas últimas versões do Mac OS X (Mavericks selecionar o modo “Region” em vez de “Track” para obter
ou Yosemite, 10.9 e 10.10, respectivamente). essa independência.

Antes de mais nada, existe um aplicativo dispo- 9. novo viSual DoS CoMPReSSoReS
nivel para download gratuito disponibilizado pelos
craques da MacProVideo chamado Logic Pro 10.1 Por mais que não signifique resultados diretos em sua
– New Features Explored, que apresenta algumas música, as novas interfaces desenvolvidas para sete emu-
das novidades presentes na nova versão. Trata- lações – que lembram clássicos compressores como o Te-
-se de uma visão geral acompanhada de vídeos letronix LA 2A, Neve 1176, Focusrites, SSL etc. – do Logic
muito bem produzidos. Vale a pena baixar para vieram bem a calhar. Se o clássico Channel EQ ganhou
seu smartphone.

Mas vamos ao que


interessa. Criei uma
lista das 10+, com
as novidades que
mais me chamaram
atenção. É possível
que outros atrativos
chamem mais a sua,
pois tudo depende de
como você trabalha e
utiliza o Logic. Eis a
primeira parte.

Uma região com automação de equalização independente e outra com


cópia idêntica. Repare que a automação é a mesma ao duplicar o clipe.

46 | áudio música e tecnologia


executadas por bateristas virtualmante humanos.

Se você trabalha com música eletrônica e está um


pouco entediado com tanta mesmice ou se sentin-
do pouco inspirado, prepara-te para renascer. Tudo
isso somado à possibilidade de duplicação para uma
pista MIDI, o que automaticamente transforma a
execução do seu “drummer” em informação no pia-
no roll. Assim, é possivel arrastar, deletar e trocar
peças e samples. Só é igual quem quer...

7. ELETRONIC DRUM DESIGNER


Mesmo estando diretamente relacionada com o
Drummer, essa novidade merece um capítulo à par-
te, tamanha sua capacidade de motivar criações úni-
Novo design facilita e deixa o trabalho mais prazeroso cas. Simples e intuitiva, a interface apresenta uma
pá de elementos – divididos em slots – que podem
atualização, por que não o Compressor? Afinal, são ser usados na concepção de seus arranjos, sendo
os dois plugins nativos mais utilizados no Logic, te- que cada elemento possui um rack virtual, no molde
nho certeza. Sem contar que essas interfaces são de um Smart Controls, com parâmetros ajustáveis
perfeitamente ajustáveis quando ampliadas em te- de acordo com o gosto de cada um.
las de alta resolução, tornando tudo mais fácil na
hora de esculpir seu som. Na janela central podemos Para o Shaker, por exemplo, temos knobs de Pitch,
visualizar o que está acontecendo com o som pro- Length, Envelope, Spread, Crush, Tone, Pan e Vo-
cessado, com a opção do visor gráfico em tempo real lume. Assim, podemos criar sons únicos para cada
mostrando transientes. elemento. Agora, se eu te disser que, ao clicar em
cada um desses slots com a tecla CTRL pressio-
8. DRUMMER CADA VEZ nada, o Logic cria, imediatamente, um track para
MAIS DRUMMER cada uma desses samples dentro de um folder –
que facilita a organização e processamento em gru-
Quem se impressionou com a tecnologia criada po –, você acreditaria?
pelos desenvolve-
dores do Logic vai
continuar com a
boca aberta. Agora
é possivel criar mais
de um canal com
um baterista dife-
rente, com uma le-
vada complementar
ou não, assim como
dinâmicas etc. A ce-
reja do bolo virou a
parte mais gostosa,
com a inclusão de
bateristas dentro
de dois novos esti-
los: eletrônica e hip
hop. Ou seja, são
baterias eletrônicas

Não troque seu baterista pelo Drummer.


Mas caso ele precise de umas aulas...

áudio música e tecnologia | 47


DESAFIANDO A LÓGICA

Para facilitar ainda mais,


no lugar das teclas típicas
do Piano Roll nos depara-
mos com os nomes de cada
elemento. Não esqueça de
salvar seus templates de
quantização, que o Logic
apelida de “Grooves”. Você
pode querer utilizá-los
numa outra situação. Outra
ferramenta muito interes-
sante é a “Time Handles”,
em que você manipular o
tempo de uma determinada
seleção. Mão na roda?

5. SaMPleS no
ReTRoSYnTH?
A interface do Eletronic Drum Designer, com Se você acompanha essa
seus slots recheados de instrumentos e samples coluna, já deve ter lido so-
bre o RetroSynth, o pode-
roso sintetizador virtual do
6. noviDaDeS no Piano Roll Logic, presente na plataforma a partir da versão
10. Agora, além de tudo o que ele já oferecia,
Talvez a mais aguardada e celebrada novidade no entre os quatro modos de síntese destaca-se o
Piano Roll do Logic é a ferramenta pincel, que facilita Table, baseado em Wavetable – técnica de sínte-
muito o trabalho dos programadores. Agora, em vez se em que ondas sonoras periódicas são geradas
de copiar e duplicar, basta “pintar” as notas no grid a partir de uma amostra original –, pois a partir
da maneira que achar melhor, com o tipo de quan- dessa atualização é possível importar nossos pró-
tização que achar mais conveniente. O Sony Acid prios sons para dentro do Retro Synth, que, au-
Pro, primeiro software de áudio que utilizei na vida, tomaticamente, os transforma em “wavetables” a
na época, fabricado pela Sonic Foundry, já contava serem processadas pelo instrumento.

com essa ferramen-


ta. Outro recurso,
também utilizado
por outros softwa-
res, como o Ableton
Live, é o “Collapse
Mode”, que permite
a omissão do es-
paço não utilizado
numa determinada
sequência, facilitan-
do a organização da
sua interface de tra-
balho, especialmen-
te se você costuma
utilizar notebooks.
O Piano Roll em modo Collapse facilita a organização de nossas produções

48 | áudio música e tecnologia


O RetroSynth, agora ainda mais poderoso, oferece a
possibilidade de importar seus próprios samples para
dentro do menu de Wavetables

Para isso, basta selecionar a opção “Create Wavetable from


Audio File” a partir do menu que aparece ao clicar em “Default
Table”. Claro que nem todo sample terá um resultado significa-
tivo, mas, na busca por um som único e autêntico, vale experi-
mentar. Vale dar uma checada também no menu com amostras
de fábrica e fazer testes.

Até a próxima, com a segunda parte deste Top 10. Grande


abraço! •

FiCa a DiCa
Não deixe de baixar todo o conteúdo oferecido pela
Apple nessa atualização, incluindo os lindos samples
de Vintage Mellotron, loops, além de texturas cine-
matográficas bem úteis para produtores de trilhas
sonoras e música experimental eletroacústica.

André Paixão é compositor e produtor de trilhas sonoras para teatro, TV,


publicidade e cinema. O SuperStudio é sua segunda casa, onde passa
grande parte de seu tempo criando, gravando e mixando. Faz parte das
bandas Acabou La Tequila e Lafayette e os Tremendões. Atualmente
dedica-se à produção musical em seu estúdio, onde também acontece
o workshop SynthCamp – Produção de Música Eletrônica Vintage.
Contato: superstudio@superstudio.com.br. URLs: www.superstudio.
com.br e www.facebook.com/DesafiandoLogic.

áudio música e tecnologia | 49


Pro Tools | Daniel Raizer

Curso de
Pro Tools
Aula 2 – Configuração
e teste de gravação
E
u odeio esses cursos de áudio mal elaborados Se você odeia esse tipo de tela, aproveite e descli-
em que os alunos ficam dez aulas só ouvindo que a caixinha “Show on startup”. Assim ela nunca
sobre conversão analógica digital, sample rate mais aparece. Clique o botão Cancel para fechá-la e,
e bit depth, isso quando não ouvem sobre fotossín- em seguida, feche o Pro Tools, sério.
tese e tingimento de linho no Egito Antigo para de-
pois sentar ao computador na aula 11 e fazer algu- Agora abra o Pro Tools de novo e conte quantos
ma coisa. O gostoso é fazer algo já na primeira ou na segundos ele leva para abrir. Foi mais rápido, cer-
segunda aula, ficando, quando muito, a primeira e a to? Isso deve-se ao seguinte: o Pro Tools, ao ser
última aulas para uma espécie de confraternização, aberto pela primeria vez, tem que carregar todas
de preferência com salgadinhos e geladinhas. É o as extensões, especialmente a engine nova, que se
caso aqui. Então hoje você vai começar a pilotar o chama AAE (Avid Audio Engine) e era a antiga DAE
Pro Tools (versão 12 e alvo deste curso). (Digidesign Audio Engine). Mas, ao fechar o Pro To-
ols, alguns recursos ativos são mantidos no sistema.
Abra o Pro Tools agora e conte quantos segundos ele Assim, na segunda «abrida» estes recursos já estão
demora para abrir, sério. Assim que se abre o Pro funcionando, e, portanto, tudo vai mais rápido.
Tools pela primeira vez aparece o Dashboard, uma
espécie de Wizard (para quem viveu a informática Agora, uma primeira dica: se você trabalhou em
dos anos 80), e é nessa tela que podemos começar a uma sessão, fechou o Pro Tools e, quando foi abri-
trabalhar ou continuar trabalhando naquilo que pau- -lo novamente começou a dar pau, é uma boa ideia
samos, pois música nunca termina mesmo – apenas tentar reiniciar o computador para abrir o Pro Tools
desistimos dela em determinado momento. e carregar todas as extensões com êxito. É possível
que alguma tenha travado.

Muito bem. Abra o Pro Tools novamente (não preci-


sa contar o tempo agora). Assim que a Dashboard
aparecer, pressione o botão Cancel mais uma vez.
Depois a gente volta nela. Agora clique em todos os
menus para ver quais itens podem ser acessados.
São bem poucos: no menu File são só três e nos
menus Edit, View, Track, Clip, Event e Audiosuite ne-
nhum pode ser acessado.

Agora você aprendeu que estes menus são reser-


vados para funções de edição e processamento que
usamos nas sessões, portanto uma sessão tem que
estar aberta. No menu Options podemos apenas

Fig. 1 – A janela Dashboard:


sua amiga, provavelmente

50 | áudio música e tecnologia


Fig. 2 – A janela Playback Engine: tão
importante quanto o coração nos mamíferos

ativar ou desativar o hardware de vídeo. O mesmo vale para a Low


Latency Monitoring (vamos falar sobre ela na próxima aula). Quan-
to aos menus Window, Marketplace e Help, ignoraremos os três
por enquanto, pois são secundários, embora importantes. Também
falarei deles oportunamente.

O menu Setup é onde temos mais opções para mexer e é onde va-
mos entrar agora. Faça isso e clique na opção Playback Engine. Ah,
essa tela é o coração do Pro Tools, olha de linda (fig. 2).

Ok, não é linda. No máximo aceitável. Esse é o Pro Tools: austero


como uma parede rebocada sem pintura. A beleza fica por conta
das telas realistas de plug-ins. Conforte-se.

Bom, nessa tela temos o importantíssimo e homônimo parâmetro


chamado Playback Engine e uma caixa para seleção. Nessa caixa
é onde se define a interface de áudio a ser utilizada, aquela que
irá conversar com o Pro Tools. Se você está no OSX e não tem ne-
nhuma interface, escolha a opção Pro Tools Aggregate I/O, criada
automaticamente quando da instalação do Pro Tools e que une as
entradas e saídas físicas de seu computador Apple para que o Pro
Tools as acesse. Se você tem uma interface de áudio compatível
com o protocolo CoreAudio, escolha-a agora. Se você está no PC
Windows, escolha a sua interface de áudio pelo protocolo ASIO e
boa sorte!

BuFFeRSize
Logo abaixo, o segundo parâmetro mais importante de todos: o
H/W Buffer Size. Esse item controla o uso de CPU do sistema e,
consequentemente, a latência, que para os desavisados é o tempo
que o computador leva para digitalizar um informação, processá-la

áudio música e tecnologia | 51


Pro Tools

uso na sessão. Assim, a velocidade de


manipulação do Pro Tools aumenta muito.
Use o máximo possível sem dó, pois o que
aparece já exclui a porção reservada pelo
sistema e Pro Tools, mas se for utilizar
rewire, deixe uns 2 GB livre. Talvez mais.

Por ora, selecione nesta janela a sua inter-


face de áudio e coloque o buffersize no tra-
dicional 128, nem lá, nem cá, e clique OK.

Agora vá ao Menu Setup > I/O. Esse é o


Patchbay do Pro Tools. Aqui obrigatoria-
mente devem estar configuradas todas as
entradas e saídas físicas de sua interface
de áudio. Vamos fazer isso agora.
Fig. 3 – Setup > IO > guia Input. Estas são as entradas
físicas de áudio por onde o Pro Tools irá ouvir. Clique na aba Input. Essas são as entra-
das do Pro Tools e aqui devem aparecer as entradas
e desdigitalizá-la. Esse parâmetro não é fixo, como de sua interface de áudio. Clique no botão Default.
alguns ainda insistem em acreditar. Pronto – tudo que for entrada aparece disponível.

O lance é o seguinte: se você vai gravar, use o me- SAÍDAS


nor buffersize possível, tipo 32 ou 64; assim a latên-
cia será a menor possível, mas o computador poderá Agora as saídas: clique na aba Output e novamente
sofrer mais e poderá não dar conta de muitas pistas no botão Default. Assim o Pro Tools configura tudo
cheias de plug-ins e um aviso pode aparecer para automaticamente para você.
você aumentar o buffersize. Se você terminou de
gravar e vai só mixar, coloque esse ajuste no má- Atente que esta aba tem um caixa importante e
ximo, pois latência não importa nesse momento digna de nota. Chama-se Audition Path. Nesta cai-
e você terá mais recursos para insertar plug-ins e xa de seleção escolhemos por onde vamos escutar
crescer com sua sessão. os previews do Pro Tools, como os arquivos de áu-
dio que estamos escolhendo na janela Workspace.
Agora atente que o sintoma clássico de problema Também vamos falar disso mais adiante... Nesta
de buffersize muito baixo são estalinhos
no áudio. Na verdade, são pequenos es-
paços de tempo que o buffer criou, pois
a CPU não conseguiu terminar de fazer o
que estava fazendo enquanto o buffersize
esvaziou, daí o buffer teve que esperar
a CPU voltar para encher com mais da-
dos. Algo desse tipo, para não entrar em
astrofísica-quântica-computadoriana.

Seguindo: os demais itens são secun-


dários e não precisamos vê-los agora.
Se você está com a versão HD, como
eu, você tem o Disk Cache à disposição
na área de base da janela. Este recurso
promove a utilização da memória RAM,
carregando nesta todos os arquivos em

Fig. 4 – Setup > IO guia Output. Estas são as saídas


físicas de áudio por onde o Pro Tools irá falar.

52 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 53
Pro Tools

caixa, escolha as saídas que estão conectadas aos agora, mas antes de clicar em ok esbaforidamente,
seus monitores, provavelmente a 1 e 2. clique no botão Export Settings e você será recom-
pensado em um futuro bem próximo. Uma janela
Agora, a aba Bus. Clique nesta aba e novamente se abre e, se você prestar atenção, o caminho se-
pressione o botão Default. Pronto: configuração lecionado já é o IO Settings – exatamente o que
pronta. Vamos entender o que foi feito automati- queremos. Digite então um nome para esse setup.
camente. Esta aba controla o fluxo de áudio que sai No meu caso, vou usar SETUP BUILT-IN. Pressione
das pistas do Pro Tools e que seguem para algum o botão do mouse com o cursor sobre os pixels que
lugar, sejam saídas físicas ou canais auxiliares do exibem a caixa Save, sendo bem prolixo.
Pro Tools (buses). Se for para uma saída física, obri-
gatoriamente cada saída tem que estar configurada É isso? Foi-se a parte sobre configurações? Foi.
para sair por uma saída física. Clique em OK. Se ficarmos aqui teremos configurado
praticamente 80% do Pro Tools para realizar pratica-
Parece meio redundante isso, mas vou explicar me- mente 90% do que iremos fazer, lembrando apenas
lhor. Veja na fig. 5 que as saídas 1 e 2 que estão que uma visita à janela Playback Engine de vez para
definidas na coluna Name como Built-in Output 1-2 ajustar o buffersize ajuda no caso de gravação ou
estão sendo direcionadas para a saída Built-in Ou- de mixagem.
tput 1-2 na coluna Mapping to Output. Isso significa
que, ao escolhermos as saídas Built-in 1-2 para a TESTANDO
saída de alguma pista, o Pro Tools irá mandar esse
sinal sair pelas saídas Built-in 1-2, que é exatamen- Vamos gravar um teste agora? Bora lá! Só que não?
te o que queremos que faça na maioria das vezes. Só que sim! Vá ao menu file e escolha a opção Cre-
Se não alocarmos um bus de saída físico para as ate New. Aha! A Dashboard de novo? Pronto, agora
saídas físicas na coluna Mapping to Output, não sai você sabe onde ela mora se precisar dela. Perce-
som do Pro Tools. ba que o campo Name já está selecionado. Digite
o infame nome Teste 1 ou aquele que você quiser.
E os demais Buses que aparecem, como o Bus 1-2, Na caixa Bit-Depth, escolha 24-bit. Na Sample Rate,
Bus 3-4 etc.? Você deve estar perguntando... Ah, 44.1 kHz, e tique a caixa Interleaved, caso ela não
estes são mandadas internas do software, de um esteja ticada (veja o quadro para saber mais deta-
canal para outro. E, adivinhe? Sim, falaremos mais lhes sobre o que é interleaved).
sobre isso mais à frente.
No campo I/O Setting, clique e escolha o setup que
Pronto. As demais abas são menos importantes você exportou alguns parágrafos atrás, usufruindo
da atitude recompensadora que
tivemos no passado próximo, no
meu caso chamada SETUP BUILT-
-IN. Uma janela abre-se pergun-
tando a localização para salvar
sua sessão. Escolhi o desktop e
cliquei Save.

Uau, sessão nova! Zerada! Bali-


nha! Vá ao menu Track e escolha
New – a janela New Tracks apare-
ce. Já está tudo certo para você:
um canal de áudio mono com
base em Samples. Clique Create.

Uau – sessão nova com uma


pista à disposição para gravar!
Agora você tem uma sessão

Fig. 5 – A aba Bus: capciosa

54 | áudio música e tecnologia


A caixa de baixo é a saída de
áudio da pista e foi escolhida
automaticamente Built-in Ou-
tput 1-2 (Built-inOtpt1-2, re-
sumidamente), que são exata-
mente as caixinhas de som do
meu computador, que você já
conhece, mas como estou de
fone de ouvido, o som irá sair
por eles, mas é a mesma saída
e tem uma explicação...

Agora, ao apertar o botão de


gravação da pista (o quadradi-
nho vermelho com um círculo
dentro) e ao falar ao microfone,
o VU da pista começa a modu-
lar, significando que o sinal está
chegando. Imediatamente a
Fig. 6 – A janela da criação de sessões monitoração se abre e é possível
ouvir o sinal que será gravado
nos fones de ouvido.
Se eu não estivesse
de fone, ouviria uma
microfonia tremenda,
pois as caixas de som
do notebook estão
muito perto do micro-
Fig. 7 – Janela New Tracks: seu atalho é Shift + fone. Essa é a expli-
Command + N (OSX) ou Shift + Ctrl +N (PC) cação e esse processo chama-se armar uma pista
para gravação e abrir a monitoração.
com uma pista de áudio nela, e você deve es-
tar vendo a janela de edição. Vá ao menu View, Obviamente, se você não está usando um setup
escolha a opção Edit
Window Views e a
opção I/O. A coluna
I/O aparece na pista.
Perceba que, no meu
caso, na coluna I/O
a primeira caixa de
cima é o seletor de
entrada de gravação
para a pista e que a
entrada seleciona-
da automaticamente
para essa pista é o
Built-in Input 1, exa-
tamente o microfone
do meu estimado e
velho de guerra Ma-
cBook Pro de 2011.

Fig. 8 – Uma pista com as configurações de I/O visíveis

áudio música e tecnologia | 55


Pro Tools

tão minimalista como o


meu, proceda de acor-
do com o seu. Se for
uma interface de áu-
dio externa USB, por
exemplo, ligue seu mi-
crofone na entrada 1 e
regule o pré-amplifica-
dor. Se tiver botão de
monitoração direta, de-
sative-o ou coloque em
software. Não esqueça
de ligar o Phantom Po-
wer caso seja um mi-
crofone a condensador.

Agora aperte o botão


de gravação da ses-
Fig. 9 – Minha primeira gravação: paia!
são, que fica lá em
(ou “mentira” em Campinas em 1980)
cima, no canto direito.
Prepare-se para gra-
var. Posicione os dedos sobre a barra de espaço e, OUVINDO
quando estiver pronto, aperte-a para o Pro Tools
começar a gravar. Vamos ouvir? Aperte a barra de espaço novamente,
pois o Pro Tools deve ter voltado ao início da sessão.
Se você acabou de instalar o Pro Tools e está Isso é um ajuste de fábrica que pode ser mudado.
fazendo esse teste como eu, pela primeira vez
(mentira!), a gravação irá parar automaticamen- Pronto. Captou a ideia? Viu como o Pro Tools funcio-
te depois de quatro compassos, pois o cursor de na? Isso é mais ou menos o que se faz na maioria
saída da Timeline está posicionado nesta posição, dos estúdios de qualquer porte do mundo. O resto?
aquela setinha vermelha lá em cima na régua Vamos ver mais para a frente, em uma próxima aula.
Bars|Beats.... Caso contrário, aperte a barra de
espaço novamente para parar de gravar. Um abração e até a próxima! •

Explicando o Interleaved
O Pro Tools suporta gravar arquivos no formato estéreo ou superior como se fossem dois ou mais arquivos
mono separados, porém dentro de um mesmo grupo que pode ser desacoplado para que estes sejam pro-
cessados individualmente. A funcionalidade Interleaved permite que o Pro Tools grave arquivos em estéreo
ou formatos maiores em um único arquivo, diminuindo a chance de erros durante seu playback e facilitando
seu uso posterior externamete ao aplicativo, sendo esta uma escolha mais adequada na maioria dos casos.

Daniel Raizer é músico, especialista em tecnologia musical e autor do livro Como fazer música com o Pro Tools, lançado pela editora
Música e Tecnologia (em segunda edição), e do blog www.danielraizer.blogspot.com.br. Trabalhou no estúdio do Belchior como técnico
principal, na Quanta Brasil como especialista de produtos e na Loudness Sonorização como gestor de Marketing e de Contas de AV
Pro. Atualmente dedica-se à música, aos seus trabalhos artísticos, aos seus clientes e seguidores virtuais e ministra cursos na AIMEC.

56 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 57
Mixagem | Fábio Henriques

Mixagem
sem segredos (Parte 4)
O ouvido humano e a audição
D
esta vez vamos analisar um importante aspecto,
muitas vezes esquecido na literatura sobre mi-
xagem: o ouvido humano. Embora a gente
sempre ouça a afirmação de que “seu ouvido é seu
guia”, quase nunca se estuda como esse “guia” fun-
ciona e como podemos fazer para nos adaptar a ele.

COMEÇANDO
PELO ÓBVIO
Vamos retomar aqui aquela velha questão filosó-
fica: se uma árvore cai no meio da floresta, sem
ninguém por perto, podemos afirmar com certeza
que ela fez barulho? De um ponto de vista meramen-
te físico, é óbvio que sim, pois, neste caso, o barulho
está associado à emissão de energia mecânica acústica
através do ar. Porém, se analisarmos do ponto de vista
do barulho como a sensação provocada pelo som no cé-
rebro humano, bom, aí a coisa complica.
a 400 nanometros. Como temos receptores na
É por isso que ao trabalhar com áudio precisamos estar
retina para o “verde”, o “vermelho” e o “azul”,
focados sempre em dois níveis de entendimento: o som em
uma TV emite essas três regiões de frequência em igual in-
si, como entidade física, que existe independente de nossa
tensidade para nos gerar a sensação de luz branca.
interpretação, e o som como elemento que afeta nossos
sentidos. Por exemplo, imaginemos uma informação sonora
que tenha todas as componentes de frequência possíveis, A VISÃO DO MUNDO
todas com exatamente a mesma intensidade (algo levemente PELO MIXADOR
parecido com o ruído branco, que possui essa característica,
mas apenas estatisticamente, e não exatamente). O tempo todo falamos e lemos em praticamente todo o lugar
os processos, equipamentos e fenômenos envolvidos em áu-
Ora, como o ouvido humano possui um pico de sensibilida- dio focados no som como entidade física. Na mixagem, po-
de entre 3 e 4 kHz e uma queda de sensibilidade natural rém, precisamos humanizar a coisa. Posso afirmar que uma
nos graves, essa informação sonora será sempre afetada mixagem que toca em uma ilha deserta tem um sonzão? Se
por isso. Eventualmente, nossos cérebros podem aprender não há ninguém lá para ouvir...
a compensar esta não-linearidade de forma a entendermos
que um som assim “deformado” por nossos sensores de É claro que existem processos de medição que podem ajudar
audição significa um som absolutamente plano. a avaliar essa mixagem sem a presença humana, mas as
informações envolvidas (principalmente no caso da música)
Um processo semelhante ocorre com a visão e o sentido de são complexas demais para nossos métodos de medida.
“cor”, que é apenas a interpretação que nosso cérebro dá Nosso cérebro possui mecanismos de análise extremamente
aos diferentes comprimentos de onda da informação eletro- complexos que nos passam despercebidos. A gente nem
magnética existentes entre os comprimentos de onda de 700 se dá conta da quantidade enorme de processamento que

58 | áudio música e tecnologia


nos permite, após apenas alguns segundos, afirmar com nos faz menosprezar um pouco a audição no dia a dia. Fal-
convicção: “não gostei/gostei desse som”. tam-nos até adjetivos específicos para audição, e somos
obrigados a pegar emprestado termos da visão e do tato.
Nós, enquanto mixadores, precisamos sempre nos preocu- Dizemos que um som está “brilhante”, “opaco”, “áspero”,
par com o modo que o nosso resultado sonoro será interpre- “suave” , “gordo” etc. Isso provavelmente por facilitar a as-
tado pelo ouvinte. Em outras palavras, não existe mixagem sociação. Por exemplo, dizer que um som está com excesso
boa dentro do HD, dos equipamentos vintage ou no ar a nos- de médias altas e agudos é bem menos intuitivo do que dizer
sa volta. Só existe mixagem boa no cérebro de quem ouve. que ele está “brilhante”.
Neste momento, o fato de que o cérebro de cada pessoa é
diferente pode nos preocupar, e de fato será foco de nosso Porém, a audição demonstra seu poder de forma sutil. Uma
estudo, mas existe um grupo de características comuns a característica importante é a sequencialidade cronológica
todos os seres humanos que podemos estudar, procurar en- da audição. Não dá para ouvir uma música de três minutos
tender e usar em nosso benefício. em três segundos. Ou melhor, dá, mas sem que se consi-
ga entendê-la (assim como aquele alerta de “esse remédio
Existem também características pouco estudadas e até mesmo não deve ser usado em caso de suspeita de dengue” em
ainda desconhecidas em todos os sentidos humanos, e não só comerciais). Por exemplo, usando os modernos softwares de
na audição (por exemplo, poucos de nós leigos sabemos que no gravação conseguimos instantaneamente ver onde existem
paladar existe um quinto “gosto” além de salgado, doce, viradas de bateria em uma música. No tempo da fita
azedo e amargo – é o chamado “umami”, ativado era diferente – precisávamos ouvir toda a músi-
por sensores na língua sensíveis ao glutamato; as ca para achar esses pontos. Mas é justamen-
indústrias alimentícias sabem disso e colocam
O som da te essa necessidade temporal que permite
glutamato em todas as suas preparações
caixa da bateria é a uma obra musical “contar” uma história.
para ativar o sabor).
tão importante quanto
o modo como as frases Comparando com a visão, uma foto
Em nosso trabalho, podemos interpretar
musicais se sucedem, pode contar uma história, desde que o
a informação sonora como mera suces-
pois cada um trabalha cérebro, a partir da impressão imediata
são de valores de amplitude positivos e
em um nível cognitivo causada pela mera visão instantânea,
negativos ao longo do tempo – é assim
diferente para gerar elabore uma sensação cronológica. Analo-
que os conversores analógico/digitais fun-
o resultado gamente, um único acorde, executado em
cionam. Porém, quando o nosso cérebro ana-
final tutti por uma grande orquestra, pode trans-
lisa e interpreta o comportamento dessa suces- mitir uma sensação de euforia, tristeza, tensão
são de valores de amplitude é que podemos dizer ou relaxamento. É preciso uma sucessão de fotos –
que “ouvimos”, mais do que “escutamos”, um som. o cinema – para eficientemente contar uma história com co-
meço, meio e fim, e, nesse caso, a informação musical, com
Os processamentos no cérebro ocorrem em diversos níveis. Por sua inata característica temporal, é extremamente eficiente.
exemplo, dada uma informação sonora, precisamos reconhecer:
envelope – como o som começa, se desenvolve e termina; tim- O poder da audição é tanto que é possível vedar completa-
bre – suas componentes de frequência e como variam no tempo; mente a captação de imagens pelo cérebro apenas vendando
melodia – como as diferentes notas fundamentais caminham no
tempo; ritmo – como as intensidades das notas progridem no
tempo; harmonia – como notas simultâneas se combinam; fra-
ses – como as diferentes melodias exprimem ideias; estilo
– como a sonoridade se relaciona com outras que
conhecemos; e composições – como todos os
elementos acima se combinam para gerar uma
obra de arte sonora.

É com toda essa complexidade que lidamos


ao mixar. O som da caixa da bateria é tão
importante quanto o modo como as frases
musicais se sucedem, pois cada um trabalha em um
nível cognitivo diferente para gerar o resultado final.

O PODER DA AUDIÇÃO
A visão é bem dominadora enquanto sentido, o que
Figura 2
áudio música e tecnologia | 59
Mixagem

os olhos, enquanto é impossível (exceto em casos de defi- em menor número. A nossa esperança ao mixar é que o
ciências auditivas graves) vedar completamente os ouvidos. ouvinte analise, chegue à conclusão de que gostou e aja no
Nossos corpos, ao funcionar, fazem barulho, e mesmo que sentido de ouvir de novo.
estejamos dentro de uma sala onde nenhum som do mundo
entre, depois de um certo tempo começamos a ouvir nosso Para compreendermos melhor como o ouvido funciona, es-
coração batendo, o sangue circulando pelo corpo etc. tudemos primeiro sua estrutura. O ouvido humano é com-
posto pelo ouvido externo, ouvido médio e ouvido interno.
A audição tem mesmo um caráter individual que não se pode Este conjunto extremamente sofisticado está conectado
menosprezar. Por exemplo, existe um som que só você ouve, diretamente ao sistema nervoso central, que irá processar
e ninguém mais no mundo: é o som de sua própria voz. Todo os sinais e gerar respostas.
mundo já passou pela experiência estranha de ouvir sua voz
gravada, achando o som bem diferente. Não soa como nossa OUVIDO EXTERNO
voz. Isso porque os ouvidos captam nossa voz pelas orelhas,
vinda do ambiente, e pela transmissão que ocorre por dentro É composto pela orelha, pelo canal auditivo e pelo tímpano
de nosso próprio corpo. Por isso, ninguém nunca ouve nossa (ou membrana timpânica). A orelha influencia a localização
voz como nós ouvimos. de fontes sonoras porque suas depressões e canais filtram as
componentes de alta frequência do sinal (acima de 4000 Hz)
Uma última “vantagem” da audição que gostaria de ressaltar de um modo que depende da direção do som. Estas variações
aqui é a sua capacidade de perceber informações vindas de na resposta em frequência são importantes na determinação
todos os lados. Enquanto a visão está restrita à frente, so-
se a fonte está acima ou abaixo do plano das orelhas, e ainda
mos capazes de escutar com perfeição sons vindos de trás,
ajuda a distinguir fontes à frente ou atrás. Elas não contribuem
a ponto de determinar a que altura a fonte se encontra. O
muito para direcionar as ondas sonoras para dentro do canal
sistema surround 5.1, por exemplo, faz uso vantajoso dessa
auditivo, ao contrário do que se acredita normalmente.
nossa capacidade, partindo, inclusive, do princípio de que
o ouvinte estará obrigatoriamente olhando para frente para
O canal auditivo pode ser entendido como um tubo de
ouvir uma boa mixagem surround.
aproximadamente 2,3 cm de comprimento, fechado de um
dos lados. Ele ressona em uma região de frequências que
O OUVIDO HUMANO vai de 2.000 a 5.000 Hz (mais adiante veremos que a res-
posta do ouvido humano possui em pico de sensibilidade
Vamos agora conhecer o verdadeiro objeto de nosso trabalho justamente dentro dessa região).
como mixadores: o ouvido humano. O interessante é que o
ouvido funciona de dois modos distintos, porém aparente- No fundo do canal auditivo temos o tímpano, que pode ser
mente semelhantes. Primeiro, durante o processo de mixa- imaginado como a pele de um tambor. É uma membrana de
gem, o ouvido (no caso, o do mixador) atua como ferramen- forma elíptica, com diâmetro maior aproximado de 0,9 cm
ta integrante da cadeia de trabalho. e espessura de apenas 0,074 mm. Esta membrana vibra de
acordo com as ondas sonoras que chegam, e
é extremamente sensível, suportando varia-
ções enormes de pressão. A diferença entre a
menor pressão percebida e a maior no limiar
da dor é da casa de 1 trilhão de vezes.

Ou seja, é o ouvido que executa a interface entre o mundo


OUVIDO MÉDIO
físico e o mundo da interpretação do som. Em outras
As vibrações do ar são sentidas pelo tímpano e
palavras, quando se diz a frase mais ouvida em
precisam ser transmitidas ao ouvido interno,
termos de mixagem – “o seu ouvido é seu O ouvido
onde, como veremos adiante, elas vão atu-
guia” –, estamos tomando uma parte pelo humano é
ar em um meio líquido.
todo, pois é o conjunto ouvidos + cérebro conjunto extrema-
o elemento de análise e decisão, e o con- mente sofisticado que
Acontece que o ar, sendo um meio gasoso,
junto cérebro + mãos com supervisão da está conectado direta-
apresenta uma baixa impedância para a
visão, o elemento de ação. mente ao sistema ner-
propagação sonora. Já o líquido apresenta
voso central, que irá
uma impedância consideravelmente maior
A outra função do ouvido é semelhante, processar os
a essas vibrações. O ouvido médio serve,
porém fazendo parte de uma outra cadeia sinais e gerar
então, como um casador de impedâncias, o
– a de audição do ouvinte. O tipo de audi- respostas
ção é menos técnico e as ações possíveis são que permite uma otimização da transmissão de
energia de um meio ao outro.

60 | áudio música e tecnologia


Sem esse casamento de impedâncias, a energia sonora audição. Cada canal é perpendicular a uma direção e é atra-
iria bater na fronteira do meio líquido e a maior parte seria vés do movimento do líquido que os preenche que consegui-
refletida (a razão entre essas impedâncias é de 4000:1, ou mos determinar se estamos parados ou em movimento, na
seja, se não houvesse esse mecanismo, apenas 0,01% da vertical ou inclinados etc.
energia seria transmitida). O mecanismo que efetua essa
função é o conjunto dos famosos três menores ossos do Do outro lado temos a cóclea, que é o órgão onde se processa
corpo humano - o martelo, a bigorna e o estribo – e os a audição. A cóclea tem o formato de caracol, dividido
músculos e ligamentos que os sustentam. internamente em três cavidades, com a forma de
O canal dutos cônicos cheios de líquido: os canais.
Como curiosidade, ainda no ouvido médio auditivo pode
temos a trompa de Eustáquio, que é um ser entendido como O canal vestibular, que começa em uma
tubo que o conecta à faringe. Ele permite um tubo de aproxi- membrana conectada externamente ao
que a pressão média dos dois lados do madamente 2,3 cm de ouvido médio via estribo – a janela oval
tímpano fique equilibrada. Quando nosso comprimento, fechado – e vai até a ponta do caracol (ápex),
corpo sofre uma variação mais rápida de de um dos lados. Ele e, a seguir, retorna como canal timpâ-
pressão, o desequilíbrio entre os dois la- ressona em uma nico até a base do caracol, onde termi-
dos do tímpano provoca a famosa sensa- região de frequências na em outra membrana, a janela redon-
ção de “ouvido entupido”, que corrigimos que vai de 2.000 da. Essa membrana é necessária porque
tampando o nariz e pressionando o ar em a 5.000 Hz como o líquido é incompressível, sem ela
direção à cabeça, reequilibrando o sistema. não poderia haver a transmissão da vibração
do estribo à outra janela. Quando a janela oval
ouviDo inTeRno é empurrada para dentro da cóclea a janela redonda é
empurrada para fora.
O ouvido interno é composto por duas metades com funções
diferentes. De um lado ficam os canais semicirculares, que Dividindo estes dois canais, temos o canal coclear. Separan-
regulam o nosso senso de orientação e não têm função na do o canal coclear do canal vestibular temos a membrana

áudio música e tecnologia | 61


MIXAGEM

realizada pelos filtros auditivos. De sua lar-


gura depende a nossa capacidade de discri-
minar frequências.

Como vimos, cada região da cóclea é sen-


sível à determinada região de frequências.
Assim, quando chega ao ouvido uma onda
senoidal (sem harmônicos) , uma certa re-
gião da cóclea é excitada, e não apenas um
pequeno conjunto de células ciliares. A lar-
gura dessa região é chamada banda crítica,
associada diretamente à largura de faixa dos
filtros auditivos. Essa largura é de aproxima-
damente 1/3 de oitava.

Duas frequências que caiam dentro da mes-


ma banda crítica não serão ouvidas como
dois sons distintos, mas irão se combinar de
Figura 3
uma certa forma, que veremos mais adiante.
de Reissner, enquanto a membrana basilar separa o canal Se uma das duas componentes tem intensidade bem maior
coclear do canal timpânico. Sobre esta membrana basilar do que a outra, ocorre o fenômeno do mascaramento, que
temos o órgão de Córti, que é onde se processa a transdu- é fundamental no processo de mixagem e que nos acom-
ção das vibrações mecânicas em impulsos nervosos. panhará em todo o nosso estudo daqui para frente.

o PRoCeSSo De a inTeRPReTaÇÃo SonoRa


TRanSMiSSÃo SonoRa
Desde muito cedo se reconhece o poder de sons musicais
As vibrações que entram no canal auditivo fazem o tím- sugerirem/induzirem sensações. É praticamente universal,
pano vibrar. Este coloca em movimento o conjunto de por exemplo, a ideia de que os tons menores são “tris-
três ossos, que, por sua vez, transferem a vibra- tes”, e os maiores, “alegres”. O intervalo de quin-
ção, via janela oval, para dentro do líquido Duas ta diminuta soa “misterioso” etc. Essa inter-
que está dentro da cóclea. De acordo com frequências pretação, cujo mecanismo preciso ainda é
a frequência, diferentes regiões da cóclea que caiam dentro desconhecido, é gerada em nosso cérebro.
entrarão em vibração (os agudos perto da mesma banda
da base e os graves próximos ao ápice). crítica não serão ou- Como vimos, a informação sonora é tra-
Essas vibrações fazem a membrana de vidas como dois sons tada de vários modos pelo sistema ner-
Reissner e a membrana basilar vibrarem, distintos, mas irão voso central. Existe um primeiro nível,
transmitindo a energia para dentro do ca- se combinar de mais imediato, que atua como reflexo,
nal coclear. Assim, como os canais são cô-
uma certa gerando sobressalto e mecanismos de

nicos, possuindo espessura diferente a cada


forma orientação. É a reação, por exemplo, a um
estouro inesperado de bomba de festa junina.
ponto, o órgão de Corti vibra nos pontos excita-
Ao ser ouvido, um som desse tipo provoca imedia-
dos por cada região de frequência.
tamente uma reação física, em que nos curvamos, pro-
tegendo o peito e a cabeça com os braços. A pulsação
a ConveRSÃo aumenta e é injetada adrenalina no sangue – um meca-
nismo para o processo de fuga/defesa.
O órgão de Corti é formado por células ciliares, que são sen-
sores mecânicos. Ao serem colocadas em movimento, atra- Paralelamente, o som é percebido pelo córtex auditivo, que
vés de um processo eletroquímico, enviam essa informação interpreta suas características, e daí, outros centros cere-
ao nervo auditivo, que daí a conduz ao cérebro. brais geram uma resposta consciente, a partir de informa-
ções pré-existentes na memória.
FilTRoS auDiTivoS
Por exemplo, quando dormimos, o som chega até a per-
A habilidade de nossos ouvidos em analisar e distinguir as cepção pelo córtex, mas não progride aos centros cere-
diferentes frequências vem de um processo de filtragem brais. É por isso que uma pessoa pode reagir a um som ex-

62 | áudio música e tecnologia


vincitorepiano.com
terno enquanto dorme sem
necessariamente acordar
ou se lembrar dele depois.
Ou seja, os nossos meca-
nismos mais ancestrais es-
tão sempre “ligados”, o que
deve ter favorecido a sobre-
vivência da espécie.

O RESULTADO
DISSO TUDO
Na próxima oportunidade,
Fig. 4 – Interpretamos tons menores como “tristes” e os maiores como “alegres”
falando sobre psicofísica
e psicoacústica, veremos
como tudo isso que vimos
hoje atua e influencia em nossas mixagens. Conhecer es- equalizadores e compressores, pois influenciam diretamente
tes fenômenos é tão importante quanto saber usar bem os a audição tanto do mixador quanto do ouvinte. •

Fábio Henriques é engenheiro eletrônico e de gravação e autor dos Guias de Mixagem 1, 2 e 3, lançados pela editora Música & Tecnologia. É responsável
pelos produtos da gravadora Canção Nova, onde atua como engenheiro de gravação e mixagem e produtor musical. Visite www.facebook.com/GuiaDeMi-
xagem, um espaço para comentários e discussões a respeito de mixagens, áudio e música. Comente este artigo em www.facebook.com/GuiaDeMixagem.
Produção Fonográfica | José Carlos Pires Junior

Gravação

(Parte 1)
Q
de Voz
uando planejamos uma gravação
de voz, as principais dúvidas e
ansiedades que surgem são, em
geral, com relação ao equipamento a ser
utilizado e a forma de utilizá-lo. Porém,
um arsenal poderoso de microfones, pré-
-amplificadores e cabos não vai garantir
que você tenha a melhor tomada de voz
para uma canção se não forem observados aspec-
Esfregar o assoalho
tos musicais imprescindíveis. Nesse sentido, quem
lembra das horas intermináveis do Daniel San, do e, depois, caratê!
filme Karatê Kid, esfregando o assoalho, vai enten-
der a brincadeira do subtítulo. Ou seja, antes de a inteligibilidade da informação. Vários produtores,
falar sobre microfones e equipamentos, precisamos como Bob Owsinski, David Gibson e Paul White, afir-
treinar e aprender coisas que não parecem ser tão mam em seu livros e entrevistas que se você tem
divertidas, mas são imprescindíveis. uma canção com uma voz bem captada e bem mixa-
da você tem meio caminho andado.
Inicialmente, precisamos entender alguns aspectos
importantes sobre a grande maioria das músicas Boa parte dos meu alunos de Técnicas de Gravação
que possuem vocais. De maneira geral e simplifica- II (vocal) estão sempre ansiosos para descobrir tudo
da, independentemente do gênero musical, quando sobre a sonoridade dos microfones e seus posiciona-
a voz canta uma melodia unida a uma poesia, temos mentos. Essa ansiedade, na maioria das vezes, tira
uma canção. Isso vale para quando tratamos do he- o foco do objetivo principal e se torna uma distração
avy metal e suas variantes, e também para quando tanto para o aluno quanto para o produtor musi-
tratamos do rap ou pop. Um dos aspectos mais im- cal. Então, pra diluir um pouco essa ansiedade, mi-
portantes para uma boa gravação vocal é preservar nha estratégia é ligar todo o ferramental que temos
(microfones, pré-amplificadores e compressores) e
realizar experimentações com microfones caros, ba-
ratos, valvulados, transistorizados e, inclusive, dinâ-
micos. Depois dessa euforia de ver, montar e ouvir
vários sons, é necessário colocar o foco no processo
que antecede a gravação.

Claro que as preferências de sonoridade começam


a surgir nesse momento, inclusive os alunos come-
çam a perceber as minhas preferências particulares
e procedimentos técnicos pessoais. Porém, nessa ex-
ploração inicial, nós começamos a perceber que ge-
neralizações como as que afirmam que “microfones
valvulados são mais quentes” podem ser uma “meia
verdade”. Principalmente porque essas características
podem ser modificadas pelos fabricantes, como é o
caso do Neumann M-149, que, por ser valvulado, de-
veria ser muito encorpado e com menos brilho, mas
ao contrário da expectativa geral, tem uma carac-
terística moderna e brilhante. Depois dessa euforia
inicial e com os ânimos mais calmos, começamos re-

O aluno Renato Clauss


concentrado para o primeiro take

64 | áudio música e tecnologia


almente o trabalho e a pesquisa
sobre como gravar um cantor.

REFERENCIAL
ESTILÍSTICO
Quanto mais você conhece so-
bre o gênero e estilo que está
gravando, menos bobagens
irá pensar, fazer ou falar. Na
minha opinião pessoal, um
produtor musical com mui-
ta experiência de escuta vale
tanto quanto um com muita
experiência de gravação. Isso
porque um produtor pode pas-
sar a vida inteira gravando de
maneira inconsistente, sem co-
nhecer minimamente o mate-
rial que se propõe a gravar. Por Luciana Porto: cantora acerta os pontos de respiração e atenção
outro lado, um bom audiófilo
pode dar um banho de cultura
e “repertório” pelo simples fato de estar mais fami- dutor entender o nível de dificuldade na emissão de
liarizado com a música a ser produzida. Nesse sen- algumas passagens e auxiliar o cantor a atingir o
tido, é altamente recomendável uma boa conversa resultado esperado, sem estressá-lo ou sem exaurir
com o cantor para saber de suas referências e pre- as possibilidades de conseguir um bom take em um
ferências musicais. Com essas informações, gaste espaço curto de tempo.
tempo ouvindo essas referências e tente, na medida
do possível, se envolver com esse material sonoro RESPIRAÇÃO
focando não somente no som, mas principal-
mente no conteúdo cultural envolvido com Cantores precisam conciliar sua respira-
esse material sonoro. ção com as frases. É muito importan-
Um produtor
te sentar com o cantor e reavaliar
ENTENDA DE musical com
os pontos de respiração durante
muita experiência
TÉCNICA VOCAL as frases, de modo que os fins de
de escuta vale tanto frase não fiquem fracos ou espre-
Não são todos os produtores mu- quanto um com midos. Em contrapartida, o can-
sicais que têm a oportunidade de muita experiência to não pode ser transformado em
estudar música formalmente em de gravação uma demonstração de capacidade
universidades ou conservatórios. pulmonar. Pra facilitar, use as vírgu-
Mas os que tiveram a oportunidade las, fins de frase e saltos melódicos para
de frequentar esse ambiente musical cer- marcar os pontos de respiração. Depois dis-
tamente tiveram aulas de Técnicas Vocais, Coral so, treine com o cantor, preocupando-se em man-
ou, ainda, Regência. Por sorte, tive todas essas ter o conforto vocal e físico. Não é o momento de
disciplinas na minha graduação (mesmo não sen- sobrecarregar o cantor com aspectos de afinação
do cantor), e essa experiência com o canto me e dicção. Mesmo um cantor experimentado possui
permite acessar o cantor pelas vias técnicas, so- vícios e preferências que prejudicam o desempe-
noras e fisiológicas. nho vocal. Por isso, seja solidário e mostre a ele
que respiração é a base da construção do canto,
O conhecimento sobre técnica vocal permite ao pro- seja qual for o gênero ou estilo.

áudio música e tecnologia | 65


Produção Fonográfica

notas. Cante junto com o músico algumas


passagens e torne essa atividade mais con-
fortável. Caso o cantor não alcance graves
ou agudos específicos, este é o momento
de propor um pequeno acerto na melodia.
As vezes os cantores podem ser resistentes
para perceber a desafinação. Nesse caso,
mostre o problema no afinador eletrônico,
porém, não seja rude. Um cantor descon-
fortável não vai cantar melhor.

CORRIGINDO A DICÇÃO
Outro aspecto muitíssimo importante é o
entendimento da palavra cantada. Não é
raro em músicas do repertório nacional
não ser possível entender algumas pala-
vras da canção. Se isso é um problema
na nossa língua nativa, imagine em lín-
guas estrangeiras. Sendo assim, depois
de todo cuidado com a respiração e afi-
MC Visel estudando os pontos de respiração entre as frases nação, temos que ajudar o músico a se
expressar melhor no microfone. Temos
AFINAÇÃO que ter em mente que a pessoa que canta ouve
parte do som a partir da sua própria caixa de res-
Para um cantor, a alcunha de “desafinado” pode sonância facial. Sendo assim, provavelmente ela
ser uma das maiores ofensas possíveis. Não é vai ouvir a própria voz de maneira diferente da
sem razão que João Gilberto interpretou a famosa captada a 20 cm de distância do microfone.

canção Desafinado, de Tom Jobim e Newton Men-


É importante que o músico articule bem as palavras,
donça. Porém, existem vários cantores consagra-
de modo que o som captado e gravado seja
díssimos que têm sua afinação um pouco “frouxa”
realmente claro, independentemente se ele parece
e nem por isso são menos importantes. In-
claro para um ouvinte a um ou dois metros
clusive a desafinação na voz de alguns
de distância. Isso porque o som gravado
cantores soa mais como um estilo do Marque e o som acústico podem ser diferentes
que como um problema. Particu- seções de ensaio dependendo dos equipamentos em
larmente, não gosto de correção
só com o cantor e uso. Nessa etapa de pré-produção
com Melodyne ou similares. Pre-
devemos trabalhar com o cantor
firo atacar a raiz do problema. A toque a melodia
a redução dos “s” proeminentes,
palavra-chave é “pré-produção”. junto com ele para os quais aumentam muito a
Uma boa pré-produção corrigindo encontrar as notas sibilância do sinal captado. Também
esses problemas vai fazer com que
fora do lugar é importantíssimo trabalharmos
horas de edição sejam poupadas. a redução das consoantes “p” e “b”
Além do mais, acredito fortemente que para que não seja tão necessário o uso
qualquer cantor, com treinamento adequa- de windscreen ou pop filter no momento do
do, pode cantar bem afinado. posicionamento dos microfones para a voz. Ou
seja, tudo que soa muito excessivo no microfone
Então, marque seções de ensaio só com o cantor e to- deve, inicialmente, ser resolvido com um bom
que a melodia junto com ele para encontrar as notas trabalho de treinamento vocal, e, depois, caso o
fora do lugar. Utilize um instrumento preciso, como problema ainda persista, devemos lançar mão de
violão ou piano, e um afinador digital para conferir as recursos como de-esser, low cut ou pop filter.

66 | áudio música e tecnologia


JUNTANDO TUDO cobrar isso no momento da gravação pode se tor-

COM EXPRESSIVIDADE nar um grande desastre. Então, cabe ao produtor


ensinar essa técnica de controle dinâmico e treinar
Depois de todo esse trabalho, sempre procuran- o cantor insistentemente para que ele consiga unir
do que o cantor atinja o máximo de desempenho, isso tudo com consciência e organicidade.
confiança e precisão, devemos dar expressão para
o contorno dinâmico do canto. Essa é outra eta- Depois de todo esse trabalho, podemos pensar
pa importantíssima para evitar problemas na escolha dos microfones, equipamentos
com compressores de áudio. A expres- ou ainda o posicionamento final. Com
Com o o cantor seguro dos aspectos funda-
sividade do cantor pode ser atingida
com recursos sonoros timbrísti- cantor seguro mentais da sua música fica muito
cos, mas também com recursos dos aspectos funda- mais fácil extrair o melhor de-
de variação dinâmica. Nesse sempenho dos equipamentos.
mentais da sua mú-
caso, sempre que existirem va- Não tenho dúvida de que um
riações entre uma voz sussurra- sica fica muito mais bom trabalho de preparação vai
da e uma voz poderosa, o pro- fácil extrair o melhor permitir atingir uma gravação
dutor tem que ter uma atenção vocal poderosa, clara e expressi-
desempenho dos
especial com o cantor. va. Além do mais, isso vai poupar
equipamentos horas de correções, compressões e
Muitos cantores já sabem controlar a equalizações, muitas vezes ineficazes
potência sonora utilizando o “efeito proxi- com problemas como os descritos anterior-
midade” do microfone. Isso consiste em aproximar- mente. Sempre penso que os músicos não deve-
-se do microfone em passagem de pouco volume riam se preocupar com tipos de equipamentos,
e afastar-se em passagens muito potentes. Porém, cabos ou microfones. Melhor dizendo, que os fa-
nem todos cantores tem o domínio dessa técnica e tores técnicos do áudio deveriam ser discutidos
para melhorar o que
já está bom, e não
para corrigir o que
está ruim. Porém, o
domínio e desenvol-
tura com os equipa-
mentos facilita muito
o andamento da gra-
vação.

Assim, na próxima co-


luna tratarei dos as-
suntos relacionados
aos tipos de microfo-
nes para captação de
voz, posicionamento e
o uso de recursos como
compressores e equali-
O produtor Daniel Miranda acertando pontos de respiração da música Na Missão zadores. Até lá! •

Lucas C. Meneguette, músico e pesquisador, é professor das disciplinas de Software e Hardware e Teoria e Percepção Musical
no curso de Produção Fonográfica da Fatec Tatuí. Em sua tese de doutorado estuda o design funcional de áudio para jogos
digitais. E-mail: lucasmeneguette@gmail.com.

áudio música e tecnologia | 67


SONAR | Luciano Alves

SonaR
PlaTinuM
Por dentro das novidades da versão

A
pós um período de hibernação, a seção sonar está um clipe, basta clicar nele, e, para marcar uma região, drague
de volta, e com o Sonar Platinum, lançado em horizontalmente com o mouse sobre a porção desejada.
2015 e que apresenta diversas inovações, como
o plug-in ProChannel Strip com nove efeitos; plug-in Vo- 4. Clique com o botão direito do mouse sobre o clipe ou
calSync, para alinhamento de vocais gravados; Addictive região marcada. No menu que se abre, selecione Region
Drums 2 Producer Bundle; 57 efeitos para instrumentos e FX/VocalSync/Create Region FX. Desta forma, o áudio
mixagem e 21 instrumentos virtuais, com preço especial selecionado é convertido em um típico clipe de Region FX
para clientes que já possuem produtos Cakewalk. e o VocalSync faz, automaticamente, sua primeira ten-
tativa para sincronizar o clipe processado, comparando-o
Dentre estas novidades, a que pode ser considerada de com o clipe guia. Repare que o clipe de Region FX mostra
maior importância é o VocalSync, que permite sincronizar uma onda sobre a outra. A parte de baixo representa a
vozes gravadas. Vejamos mais sobre ele a seguir. pista guia, com a de cima representando o resultado do
VocalSync. Aumentando-se bastante o zoom na horizon-
voCal SYnC tal é possível visualizar como está o alinhamento da pista
editada sobreposta à pista guia.
Sincronização de vozes gravadas. O Vocal Sync utiliza re-
cursos de Time Stretching (elasticidade – alongamento ou 5. Ouça o resultado e cheque se a correção funcionou.
compressão da duração do áudio) para adaptar locuções, Caso não tenha solucionado, é necessário editar o alinha-
melodias cantadas ou instrumentos gravados, a uma nova mento nos parâmetros do VocalSync. Se o editor do Vo-
duração. Assim, duas pistas de áudio podem ser sincroni- calSync não estiver aparecendo ao lado do clipe, clique
zadas para que soem ritmicamente corretas. com o botão esquerdo do mouse sobre a abreviação RFX
que está localizada à direita, em cima do clipe, e escolha
Por exemplo, se uma pista de vocal não está bem sin- a opção Open Editor, ou, simplesmente, clique duas vezes
cronizada com as demais, é possível ajustá-la para que sobre o clipe com o botão esquerdo do mouse. Assim, o
fiquem totalmente em sync. Para tal, siga os seguintes editor passa a ser mostrado próximo ao clipe.
passos:

1. Primeiramente, escolha uma pista que este-


ja com a execução correta para servir de guia.
Para selecioná-la, clique com o botão direito do
mouse sobre o número da pista no Track Pane
(à esquerda do nome da pista).

2. No menu que se abre, escolha “Set As De-


fault VocalSync Guide Track”. Desta forma esta
pista fica marcada como guia.

3. Selecione um clipe ou região de áudio que você


deseja corrigir com o VocalSync. Para selecionar O plug-in VocalSync do Sonar Platinum

68 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 69
SONAR

tando os clips). A pista a ser editada deve ter os


picos de áudio aproximados aos da pista guia.

O uso do VocalSync deve ser evitado em ins-


trumentos que possuam timbres muito di-
ferentes, já que, neste caso, o alinhamento
não funciona eficazmente. Este plug-in pode
proporcionar excelentes resultados quando
utilizado para as seguintes finalidades:

- Alinhar pistas dobradas de voz solo, backing


vocals ou instrumentos solistas.
- Sincronizar instrumentos e vozes regravados
Menu para abrir o editor do VocalSync em estúdio com os de uma gravação ao vivo.
- Aprimorar o sincronismo de pistas contendo instrumen-
6. Para melhorar a sincronização, é necessário ajustar o tos executados com ritmos similares.
botão Guide Strength até que o alinhamento esteja a con- - Sincronizar uma bateria eletrônica com uma acústica
tento. Esta edição pode ser feita, inclusive, visualmente. gravada ao vivo e vice-versa.
Ao mover este botão, o VocalSync aplica diferentes quan- - Sincronizar com acuidade as narrações com os movi-
tidades de Time Stretching no áudio da pista que está sen- mentos dos lábios dos atores de um vídeo (principalmente
do editada. As diferentes proporções do Time Stretching quando a voz tiver sido dublada).
podem ser observadas quando o Track Pane está habilita- - Substituir um instrumento solista por outro mantendo a
do para mostrar AudioTransients em vez de Clips. Estando precisão rítmica original.
no modo Audio Transients, as ondas passam a mostrar
diferentes graduações das cores azul e vermelha. A cor Em breve, mais dicas do Sonar Platinum.
vermelha representa os segmentos que foram comprimi-
dos e a azul os que foram alongados. Quando aparecer um Boas gravações e sequenciamentos. •
trecho de áudio com cor preta significa que
nenhuma mudança foi introduzida.

7. Quando você tiver alcançado o resulta-


do ideal, clique no botão Render para que
o clipe editado seja substituído por outro
definitivo, já processado pelo VocalSync.
Já que um novo clipe é criado, guarde
uma cópia da pista ou do clipe que estiver
necessitando de edição através do Vocal-
Sync. Este é um procedimento que utilizo,
inclusive, antes de aplicar qualquer plug-
-in Region FX (Melodine e V-Vocal).

oBSeRvaÇÕeS
Para que o VocalSync funcione com eficiência
é necessário que a pista a ser editada esteja
alinhada com a pista guia o máximo possível. O visualizador da pista no modo Audio Transients mostrando
Para tal, aplique as técnicas convencionais de diferentes graduações de Time Stretching (representadas
edição (cortando trechos indesejados e arras- pelas cores azul e vermelha) aplicadas pelo VocalSync

Luciano Alves é tecladista, compositor e autor do livro Fazendo Música no Computador. Fundou, em 2003, a escola de música e tecnologia CTMLA –
Centro de Tecnologia Musical Luciano Alves (www.ctmla.com.br), que dispõe de seis salas de aula e um estúdio.

70 | áudio música e tecnologia


MENOS É MAIS
Sorriso Maroto adapta projeto
de DVD para levá-lo a maior
número de capitais

FINAL CUT
As muitas possibilidades
do title Custom

ILUMINANDO MEDIA COMPOSER


Usar equipamentos a Respondemos as principais
partir de conceitos ou da dúvidas sobre o Media
tecnologia que eles oferecem? Composer | First
áudio música e tecnologia | 71
 produtos
NOVOS MODELOS DE RIBALTAS PLS
A PLS acaba de lançar seus novos modelos de ribaltas. raios amplia o impacto visual do cenário onde projeta-
Twister, Tornado e a Led Bar RGB são luminárias de LED do e as suas possibilidades de combinação dos efeitos.
para uso indoor que trazem novas alternativas para a O Tornado é muito semelhante ao Twister, mas conta
criatividade dos projetos de iluminação. Cada uma de- com seis fortes raios beam angulados, multiplicando
las possui um diferencial e podem ser utilizadas em ainda mais sua capacidade de impressionar o público.
eventos sociais, corporati- Já a Led Bar RGB é uma ribalta slim com lâmpadas
vos e casas noturnas, de LED de 10 mm RGB
entre outros. que complementa o
portfólio da marca
Divulgação

O Twister (foto) é a e conta com uma


primeira ribalta no ótima relação custo-
Brasil com movimen- -benefício.
to de tilt e quatro
fortes raios beam an- www.proshows.
gulados. A bidireção dos com.br

AVOLITE TITAN ONE: CONTROLE TOTAL


O Titan One, lançado pela Avolites, é uma chave com uma saída DMX que pode ser conectada em qualquer
computador (Windows). Esse hardware permite que o usuário controle instalações de iluminação inteligente,
reguladores de tensão e efeitos de LED a partir de um único computador.

Para trabalhar com o Titan One o usuário deverá instalar o


Avolites Titan Software, que pode ser encontrado gratui-
tamente no site da marca. Através do software, e por
meio dessa chave, o usuário consegue criar diversos
playbacks. Por sua capacidade e simplicidade, o Titan
One é indicado para estudantes de light design e para
quem está iniciando nesse ramo.
Divulgação

www.avolites.com
www.proshows.com.br

INOVAÇÃO NO CONSOLE MARTIN M6


A M6 é uma mesa de iluminação que funciona como uma superfície de controle visual altamente avançada. Projeta-
da para controlar tudo, desde luzes convencionais e em movimento até os mais avançados servidores de mídia, ela
tem base na plataforma de software M-Series e fornece aos usuários alta tecnologia
em superfície de controle com reprodução rápida e extensa em um só console.

Incorporando um processador industrial de vários núcleos, drive de unidade


física e elevado brilho personalizado nas telas sensíveis ao to-
que, entre outros features, a M6 é capaz de fornecer até
Divulgação

64 universos DMX diretamente pelas portas de rede do


console sem usar dispendiosos processadores externos.

www.harman.com
www.martinprofessional.com.br

72 | áudio música e tecnologia


MYTHOS E A VERSATILIDADE
Mythos, da Clay Paky, é uma forma bem avançada de luz híbrida. É um excelente
spot com lâmpada de 470 watts, capaz de produzir um feixe bem grande e de alta
intensidade, com um zoom que vai de 4° a 50°. Ele, inclusive, conta com um
disco de efeitos visuais completamente redesenhado, que pode ser sobreposto
em todos os gobos, tanto dentro como fora de foco.

O Mythos também desempenha muito bem a função beam, permitindo ao usuário


Divulgação

mudar para um ângulo de feixe fixo mínimo de apenas 2,5°. Um feixe grande e bas-
tante denso, com 160 mm de diâmetro, deixa a lente frontal do Mythos e permanece
paralelo durante todo o seu comprimento, até mesmo a grandes distâncias.

www.hpl.com.br
www.claypaky.it

MOVING HEAD HOT BEAM 280W


Na AES Brasil Expo 2015, um dos destaques no estande da Star Lighting foi o moving
head Hot Beam 280W, que apresenta diferenciais como dois prismas rotativos, sendo
um de seis faces linear e outro de oito, 14 gobos fixos, nove gobos cambiáveis, disco
de cor com 13 cores, zoom de 2,5° a 20°, foco ajustável, íris e frost.

Divulgação
Também vale destacar que trabalha com 16 ou 24 canais DMX e lâmpada Osram
Sirius HRI 280W 10R, área de luz de 9 mm e efeitos dimmer e strobo. É bivolt,
consome 470 W, pesa 18 kg e mede 38,5 X 36,5 X 59 cm (L x A x P).

www.star.ind.br

A EVOLUçãO DE UM CLÁSSICO
A Clay Paky também tem agora no país, via HPL, o SuperSharpy, evolução do já clás-
sico Sharpy que conta com uma lâmpada de 470 watts capaz de gerar o triplo da
potência do equipamento anterior.

De acordo com a fabricante, há realmente uma diferença muito maior do que


seria de se esperar pela simples comparação da potência das duas lâmpadas
(470 x 190). Graças a esta saída, a luz do SuperSharpy atinge distâncias impres-
sionantes, o que faz com que o produto, apesar da baixa potência, seja capaz de
competir com um holofote.

Indo além da questão da potência, o SuperSharpy também fornece, de acordo


Divulgação

com a Clay Paky, “o máximo em termos de qualidade da luz e número de efeitos”.


Vale conferir.

www.hpl.com.br
www.claypaky.it

áudio música e tecnologia | 73


em fo c o

NATA DA INDÚSTRIA DE
BROADCAST NA SET EXPO 2015
Realizada anualmente pela SET, a SET Expo, principal evento no segmento tecnológico para broadcast da América Latina, leva ao
Pavilhão Vermelho do Expo Center Norte, em São Paulo, entre os dias 23 e 27 de agosto, as maiores novidades em consoles e micro-
fones, dentre outros equipamentos destinados ao setor. Neste ano, de acordo com a organização da feira, estarão presentes mais de
200 expositores, que, juntos, representam produtos de mais de 400 fabricantes, nacionais e internacionais, responsáveis pelo desen-
volvimento e pela produção de soluções inteligentes e sofisticadas em produção, distribuição e exibição de conteúdo multiplataforma.

Dentre os participantes destacam-se Audio Systems, CineShop,


Divulgação

Eurobrás, Gobos do Brasil, Harman do Brasil, Hot Machine,


HPL, LED Wave, Libor, Lumatek, Nemal, Pinnacle Broadcast,
Star Iluminação Profissional, TecSys, Telem e Tele-Ponto, im-
portantes empresas que também costumam participar de feiras
como a AES e a Expomusic. Juntamente à feira, em auditórios
anexos a ela, é realizado o congresso da SET, no qual diversos
palestrantes irão dividir seus conhecimentos técnicos, além de
debaterem questões sobre o presente e o futuro do mercado de
broadcast e das mídias emergentes.

“A importância da feira se dá pela capacidade de agregar inte-


resses de toda a ‘cadeia’ do setor e o congresso promove o inter-
câmbio entre profissionais, além de possibilitar a realização de
Set Expo: de 23 a 27 de agosto em São Paulo negócios”, destacou Olimpio J. Franco, presidente e sócio da SET.

AWA LIGHT: MAIS UMA MARCA


DISTRIBUÍDA PELA LERCHE
Distribuidora dos produtos Holle e FilmGear, a Lerche também

Divulgação
conta com uma marca própria – a AWA DJ Light, fabricante de
produtos voltados à iluminação de casas noturnas, tais como sis-
temas de multiraios, refletores e aparelhos de LED e máquinas de
bolha e fumaça, entre outros.

Destacam-se, no entanto, o Mushroom, multiraio RGB que conta


com troca automática de cor e efeito por meio de synch de áudio,
e a Mini Bar Beam, composta por quatro aparelhos Spot de 10W,
que podem ser controlados isoladamente por meio de uma mesa
DMX. Além deles, a AWA tem, em seu catálogo, os próprios apare-
lhos Mini Beam, que possuem funções como trocas de cor por dis-
co, semelhante a dos grandes aparelhos, e com os lasers de 1W,
que podem ser vistos na pista de dança da casa noturna Broome
Club, uma das mais badaladas de Alphaville, em São Paulo. Mini Bar Beam, da AWA: no Brasil via Lerche

Para maiores informações sobre produtos e novidades, acesse o site da AWA, www.awalight.com.br, ou a página da empresa no
Facebook, www.facebook.com/awalight.

74 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 75
em fo c o

HARMAN LEVA LUZ E SOM À 50ª


EDIÇÃO DO FESTIVAL DE PARINTINS
Uma das mais tradicionais festas populares brasileiras come-

Divulgação
morou meio século de existência nos dias 26, 27 e 28 de junho,
quando as agremiações do Boi Caprichoso e Boi Garantido des-
filaram durante o Festival de Parintins. Mais de 50 mil pessoas
comparecem à arena do Bumbódromo, e puderam conferir de
perto as performances que tiveram como tema a Amazônia e a
vitória apertada do Boi-bumbá Caprichoso.

A Harman forneceu a maior parte dos equipamentos que fize-


ram a luz e o som do festival. A iluminação contou com diversos
equipamentos da Martin, marca que recentemente completou dois
anos dentro do portfólio da Harman, e teve papel fundamental na
potencialização visual dos carros alegóricos e fantasias. Para que
isso fosse possível, 40 Moving Rush MH3, 20 Moving Quantum
Wash e oito Moving Viper Profile estiveram em uso. Na parte do
som, foram utilizadas 60 caixas para line array JBL VT48889-1 e
Equipamentos Martin deram o tom do show
40 amplificadores Crown i-Tech 12000, além de mesa VI6 comple-
de luzes do Festival de Parintins
ta, processadores dbx 4800 e fones de ouvido AKG.

“A Harman tem o compromisso de oferecer ao mercado brasileiro o que há de melhor em áudio e iluminação profissional.
Nossa expertise e tecnologia garantm resultados positivos diante da expectativa de grandes eventos, como o Festival de Parin-
tins”, afirmou Manoel Sieiro, diretor de Marketing e Vendas da Divisão Profissional da Harman, empresa que em 2015 também
esteve presente em eventos como o Festival de Verão de Salvador, Planeta Atlântida, Monsters of Rock e João Rock.

CÂMERAS BLACKMAGIC E PANASONIC


EM DRONES DA FOX SPORTS
A Fox Sports, pela primeira vez em sua história, utilizou drones em suas transmissões. Foram duas as unidades empregadas
na cobertura do Aberto dos Estados Unidos, realizado entre 15 e 21 de junho em Washington, e enquanto um dos drones
contou com uma câmera Panasonic DMC-GH4, o outro levou consigo uma Blackmagic
Design 4K para obter imagens que chamaram a atenção pelos
ângulos alcançados e pela qualidade visual.

Para operar os drones, a Fox Sports contratou a


empresa texana Helivideo, que conta com aprova-
ção da FAA (Federal Aviation Administration) para realizar
tal trabalho em produções para TV e cinema. Para o link foi
Divulgação

usado o Microlite, da IMT, que enviou, sobre modulação COFDM, sinais


MPEG-4 HD Cen. O objetivo de contar com esta modulação foi garantir
um sinal robusto mesmo com os drones movimento constante, voando
a até 400 metros de altura.

Um dos drones da Fox Sports:


estreia em transmissões

76 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 77
Capa Rodrigo Sabatinelli

MENOS
É MAIS
Sorriso Maroto adapta projeto de DvD
para levá-lo a maior número de capitais

E
m agosto do ano passado, o Sorriso Maroto gravou, no e Herbert Leite, coordenador da logística de montagem, exe-
Maracanãzinho, o DVD Sorriso Eu Gosto, uma superpro- cução e desmontagem dos shows, tarefa realizada por 22
dução que marcou o início das comemorações dos 18 técnicos, dois marceneiros e 18 carregadores.
anos de carreira do quinteto formado por Bruno Cardoso (voz),
Cris Oliveira (percussão e vocais), Sergio Jr. (violão e vocais), “[Coordenar a operação] É um grande desafio para todos
Vinicius Augusto (teclados e vocais) e Fred (percussão). nós. Trabalhamos com duas carretas, nas quais transporta-
mos toda essa estrutura, e temos somente dez horas para
Mas para que esse show fosse levado aos quatro cantos do deixar tudo pronto a cada apresentação. Por isso, temos que
país, houve a necessidade de adaptá-lo, ou melhor, “compac-
agradecer aos integrantes do grupo, à nossa equipe e ao
tá-lo”. Criou-se, então, a partir da planta original, desenhada
Sergio Monza, empresário do Sorriso e diretor geral da Faná-
pelo lighting designer Marcos Olivio, um modelo bem reduzi-
tica [Cenografia], pois sem eles seria impossível colocar um
do de apresentação, voltado para pequenas casas noturnas,
megashow desses na estrada”, disse Herbert.
e, mais adiante, um terceiro modelo, considerado como meio
termo entre o projeto do DVD e esse “pocket show”.
RiDeR enXuTo eM 1/3
Chamado de “Premium”, o formato “intermediário” já passou
por capitais como Porto Alegre, Rio de Janeiro, Belo Horizon- O mapa de luz utilizado nos shows Premium corresponde
te, Curitiba, Vitória, São Paulo e Florianópolis. E foi para falar a cerca de 1/3 do que foi usado na gravação do DVD e é
sobre ele que nossa equipe convidou para uma conversa Abi- composto, basicamente, por 44 aparelhos Sharpy, da Clay
linho MA, iluminador do grupo; Douglas Porkott, responsável Paky; 12 MMX Spot 1200, da Robe, e 24 Robin 600 LEDWa-
pelo conteúdo de imagens utilizado em suas apresentações, sh, também da Robe; dez Spot 1200, da IMAX, além de 37

78 | áudio música e tecnologia


Vitor Branco
do painel de LED – composto por 247 placas SMD
Slin Outdoor, que, juntas, totalizam 16 m x 5 m –,
sendo 12 deles dispostos em sua parte superior, 12
numa linha que divide esse painel em duas partes
iguais e outros 12 ao chão, abaixo dele, restando
oito unidades localizadas no semicírculo central, no
topo de uma espécie de totem luminoso, feito em
metalon e 150 pixels de LED, sustentado por meio
de um box truss Q30.

Os MMX são divididos em dois grupos, um com cinco


unidades localizadas ao chão, por trás dos artistas, e
outro com sete unidades localizadas no box frontal e
utilizadas como luz de frente dos cinco artistas, en-
quanto que os LED Wash são posicionados nas laterais
do palco, os X-5 são instalados ao fundo, os elipsoidais
são afinados na banda, os bruttes são distribuídos na
testeira do palco e as PAR cuidam da geral.

De acordo com Abilinho, todos esses aparelhos, lo-


cados pela Fanática Cenografia, são sincados pelo ti-
mecode a pedido dos próprios integrantes do grupo,
com o objetivo de manter o sincronismo não apenas
no rider de estrada, mas também nos festivais, ain-
da que não seja a planta convencional da turnê, pois
trata-se de um show com muitos detalhes, muitas
nuances, que devem entrar e sair precisamente nos
momentos determinados por eles. “Sob meu co-
mando, ao vivo, ficam somente os elipsoidais e os
estrobos X-5, da SGM, 13 elipsoidais 36 graus, da mini bruttes, os quais controlo de acordo com as
ETC; 12 PAR 64 CTB, 16 PAR LED de 3W e 12 mini cenas pré-programadas”, revelou ele.
bruttes de seis lâmpadas cada, todos fornecidos
pela Fanática Cenografia, empresa especializada CATALYST/MA:
na realização de projetos grandiosos. DOBRADINHA NA ESTRADA
Os Sharpy, por exemplo, são distribuídos no entorno Criado pela equipe de direção de arte da NFilmes,
Vitor Branco

A montagem do show Premium é feita em somente dez


horas de trabalho. Logística desafia produção do grupo. áudio música e tecnologia | 79
Capa

métricos formando uma


Vitor Branco

espécie de “color bar”.

Em Instigante, que conta


a história de uma mulher
que joga todo seu char-
me para cima de um ra-
paz, mas, no fundo, vive
fugindo dele, o telão exi-
be uma sessão do jogo
Pac-Man, um dos maio-
res clássicos da indús-
tria de games, no qual o
conceito é a fuga em um
grande labirinto.

Em Aí Que Eu Gosto e
Vou Pra Cima, outra que
Ao redor do painel de LED, os Sharpy dão um show à parte exagera no romantismo,
no bom sentido, uma
o conteúdo de imagens da turnê é exibido em uma variação de imagens apresenta ao público desde
tela côncava, de alta definição, com 5 mm de dis- uma enorme poeira cósmica nos já citados tons
tanciamento entre pixels. O Catalyst PM HD Pro, ser- de cyan e magenta até raios que se movem len-
vidor de mídia fornecido pela Image4U, é, desde a tamente, em tons de azul e violeta, enquanto que
gravação do DVD, comandado por Douglas Porkott, em Amanhã, que segue a mesma linha, o grafis-
que se divide entre operá-lo por meio de um console mo é feito com imagens abstratas, também em
grandMA2, da MA Lighting, ou, eventualmente, por tons de magenta e também violeta.
meio de programação interna.

Na Maldade, que no DVD tem a participação da


Do ponto de vista da criação de conteúdo, o show
cantora Anitta e de seus dançarinos, faz com que
é bastante rico. Para cada uma das músicas do
o telão se transforme em uma verdadeira pare-
repertório há algo realmente especial. Em Pra
de virtual de mini-bruttes, que batem “frenetica-
Você Me Escutar, que inicia o espetáculo, o telão
mente” nos dois ritmos das batidas da música: o
tem toda a sua área “recortada” por
linhas geométricas em tons de cyan e
magenta, que, ao se unirem, acabam
por compor figuras retangulares, qua-
dradas e em formatos de L, preenchi-
das por batimentos de luzes em tom
de branco.

Em Tá Bom, Aham! a simplicidade dá


as cartas e um bonito jogo de cores
toma conta do painel, que, por vezes,
recebe uma única cor, preenchendo
toda sua extensão em tons de verme-
lho, amarelo, verde e azul – além de
suas variações –, e em outras vezes
é preenchido por diversas cores, que O conteúdo exibido no telão, desenvolvido pela
se dividem em até 20 retângulos si- NFilmes, é operado por Douglas Porkott

80 | áudio música e tecnologia


samba e o dance. E em Guerra Fria, que fala dos Embora componham boa parte do espetáculo, em al-
altos e baixos das relações sentimentais, o visual guns momentos as imagens são deixadas de lado e a
é tomado por imagens de uma antiga estação de iluminação se encarrega de, sozinha, criar um conceito
trem, como a da Leopoldina, no Rio de Janeiro, de para determinadas canções, casos como o de Um Metro
um delicado cair de neve. e 65, na qual um belíssimo contraluz rouba a cena. •
Vitor Branco

Na sequência, momentos distintos do show que mostram sua riqueza visual

Eu adoro, eu me amarro
Iluminador fala de suas preferências
L&C: O que destacaria nos de nos atender em impor-
equipamentos que foram tantes momentos do show,
escolhidos para a turnê? como, por exemplo, na mú-
sica Um Metro e 65, na qual
Abilinho MA: Os LED Wash, fazemos um poderoso con-
por exemplo, contam com traluz.
um recurso interessante, que
divide o faixo de luz em três Em que software o show
pixels em formato de anel, foi programado?
o que ajuda muito nos mo-
mentos de ataque e dinâmica Abilinho: Programei em
do show. E os X5, que são MA 3D e grandMA onPC e
estrobos de LED, podem ser dividi a planta em setores:
usados de modo diferente, o contra superior, acima e
entrando lentamente até que no meio do painel; o contra
se acendam por completo em inferior, usado para penum-
blind, como bruttes. bra e silhueta; as laterais e
o semicírculo. Com o show
Os Sharpy são aparelhos programado, os artistas têm
muito fiéis às programações a possibilidade de revisar e
de seus posicionamentos e Abilinho: programação em modificar a ordem das mú-
movimentos, enquanto que MA 3D e grandMA onPC e sicas sem a necessidade de
os MMX têm um zoom capaz planta dividida em setores montar o cenário.

áudio música e tecnologia | 81


Capa
SoRRiSo MaRoTo – SHoW PReMiuM
TReCHoS Do RiDeR De luz

82 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 83
F i n al Cut Marcelo Ferraz

Animando titles
de forma rápida
As muitas possibilidades do title Custom


Titles” costumam ser os elementos gráficos
mais comuns na maioria dos vídeos a que
assistimos, e tirar máximo proveito de seu
uso pode ser a diferença entre cativar a audiên-
cia ou cair no esquecimento. Acrescentar titles
animados ao seu vídeo pode agregar muito valor
à mensagem que deseja transmitir.

TEXTOS ANIMADOS
“AVANÇADOS”
Figs. 1B e 1C – O texto, invertido e no canto direito da tela,
O Motion, aplicativo de motion graphics da começa a se mover letra a letra em direção ao lado esquerdo
Apple, apresenta uma infinidade de recursos
para quem quer produzir e animar titles. Uma peculia-
TEXTOS ANIMADOS NO FINAL CUT PRO
ridade do programa é o fato de não trabalhar somen-
te com keyframes, como acontece, por exemplo, com
Muitos dos comportamentos que podemos aplicar a um
o After Effects. O principal mecanismo de animação
texto dentro do Motion foram transpostos para o Final Cut
do Motion são os chamados “behaviors”: uma série
Pro X. Isto é facilmente verificado quando aplicamos alguns
de “comportamen-
dos muitos titles animados disponíveis. Abrindo o browser
tos” que os elemen-
de titles, repare, por exemplo, nas opções existentes na
tos gráficos podem
categoria Build In/Out. Estes titles animados foram criados
adotar, fazendo com
no Motion e publicados no Final Cut para uso do editor.
que características
como formato, posi-
Apesar de apresentarem um número razoável de parâ-
ção e muitas outras
metros de animação, os titles do Final Cut não oferecem
se modifiquem ao
tantas opções quanto o Sequence Title Behavior do Mo-
longo do tempo.
tion. Isto é perfeitamente compreensível, uma vez que o
Final Cut não é um programa focado em videografismo.
Entre os behaviors
Existe, no entanto, um intermediário entre a versatilida-
que podemos usar
de das animações do Motion e a simplicidade dos titles
para animar um tex-
to temos o Sequen- animados do Final Cut. É o title Custom.
ce Text Behavior.
Ele oferece diver- ANIMANDO O TITLE CUSTOM
sos tipos de parâ-
metros que podem Vamos criar uma timeline contendo clipes e a ela adicio-
ser modificados em nar o title Custom, localizado no browser de efeitos, na
conjunto, o que re- categoria Build In /Out (figura 2). Clique sobre o title na
Fig. 1A – O menu de Sequence sulta em animações timeline e abra o Inspector. Observe as opções de anima-
Text Behavior do Motion, que customizadas muito ção disponíveis (figura 3).
nos permite animar uma série de elaboradas (figuras
características de um texto 1A, B e 1C). A primeira metade da janela do inspector mostra os efeitos

84 | áudio música e tecnologia


Fig. 2 – O title Custom pode ser encontrado na
categoria Build In/Out. Pode-se também procurar
seu nome no campo de busca do browser de
titles (indicado pelo ícone de lupa).

Fig. 3 – Os controles de animação do


title Custom: mais avançados do que
os outros titles do Final Cut

“de entrada” (In) (figura 3). Ao alterarmos qualquer


parâmetro, o texto será apresentado com tal alteração
aplicada ao início do clipe. A opção In Sequencing de-
fine de que forma a animação vai se desenvolver. Se
escolhermos From, significa que o texto será animado
“de” um estado alterado até um estado não altera-
do. Na figura 4A podemos ver o efeito Blur aplicado
usando “Blur In” e “Sequencing From”. Repare como
o início do texto apresenta-se nítido, enquanto que o
restante da imagem ainda está desfocado.

O parâmetro In Sequencing nos oferece outras pos-


sibilidades (figura 4B) , como “To”, no qual o texto
começa sem efeitos e vai se modificando à medida
que a animação progride. A opção Through permite
que se passe através das letras (figura 4C).

Já o parâmetro In Unit Size permite definir a forma pela


qual o texto é afetado pela animação. Pode ser letra
a letra, palavra a palavra ou frase a frase (figura 5).

áudio música e tecnologia | 85


F i n al Cut

Fig. 4A – O efeito desfocado vai se Fig. 4C – Aqui aplicamos o efeito Blur In e usamos a
desfazendo na direção do final da frase opção Through do parâmetro Sequencing. As letras
saem de foco e voltam ao normal logo depois.

Fig. 4B – As opções do
parâmetro Sequencing

Caso perceba que a animação entre elementos está muito


brusca, utilize o parâmetro In Spread.
Fig. 5 – In Unit Size oferece ajustes bem
Os ajustes que fizemos na primeira parte do Inspector específicos, de letras a frase inteiras
valem para a segunda metade – os controles de “saída”
(Out). Eles controlam a animação que vai aparecer ao fi-
nal do clipe, e podem ser aplicados independentemente
dos ajustes de entrada.

Uma forma fácil de testar as possibilidades do title Cus-


tom é clicar sobre o title na timeline e pressionar o sinal
gráfico “barra” (/), o que inicia o playback do clipe. Ative
também o modo loop, pressionando Command+L. Assim
você pode ajustar os vários parâmetros no Inspector ao
mesmo tempo em que assiste às mudanças na animação.

As possibilidades do Tilte Custom são imensas, e não


é possível cobri-las todas em uma só coluna. O ideal é Fig. 6 – Neste exemplo ajustamos o eixo X
que você teste sem medo, mudando os diversos con- do parâmetro Rotation para 180 graus. As
troles no Inspector e vendo o que se adequa mais à letras invertidas vão, uma a uma, tomando
estética de seu filme. • seu lugar na parte central da tela.

Marcelo Ferraz é editor de vídeo na TV Brasil e professor do IATEC, no Rio de Janeiro. Mantém um site voltado para
Final Cut Pro X em fcpxnerd.wordpress.com e pode ser contatado pelo e-mail marcelofrodo@gmail.com.

86 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 87
Media Comp o s e r Cristiano Moura

A versão
gratuita vem aí
Respondemos as principais dúvidas
sobre o Media Composer | First

De que limitações você está falando?


Então não posso fazer quase nada nele?

As limitações estão em torno da quantidade. Ou


seja, tem tudo, mas com quantidade reduzida.
Este conceito vale para pistas de áudio e vídeo
(quatro pistas de vídeo e oito pistas de áudio),
efeitos, bins e, principalmente, quantidade de
projetos (três projetos) que podem estar em
andamento simultaneamente. Veja na figura 2
uma sequência que não poderia ser feita na ver-
são gratuita por conta da quantidade de pistas,
Fig. 1 – Anúncio do Avid Media Composer | First na NAB e na figura 3 uma que poderia ser realizada no
Avid Media Composer | First.

E
m abril, a Avid anunciou na NAB (fig. 1) Mas fique tranquilo que a Avid não pretende dar o fa-
que pretende lançar uma versão gratuita do moso golpe baixo de outros aplicativos que se dizem
Avid Media Composer chamada Media Com- “gratuitos” mas têm funções críticas cortadas, como
poser | First. Era uma estratégia já prevista, pois a possibilidade de salvar ou exportar um projeto.
no ano passado ela havia anunciado o Pro Tools |
First, a ferramenta gratuita para produção de áu- No Media Composer | First será possível realizar
dio da Avid. muita coisa, na verdade. Você poderá realizar todas

Três meses se passaram e as dúvidas apenas aumen-


taram. Neste artigo vamos falar sobre as maiores dú-
vidas coletadas em redes sociais, usuários, grupos de
alunos com relação ao Media Composer | First.

É gratuito mesmo?
Tem algo com preço escondido?

Sim, é gratuito, e não precisa se preocupar com


nenhum custo escondido. Certamente você verá
algumas limitações, afinal, a empresa pretente
usar esta versão como uma forma de divulgar sua
versão mais completa.

Fig. 2 – Sequência com diversas pistas

88 | áudio música e tecnologia


as etapas de produção na versão
gratuita do Media Composer. Algo
interessante que vale notar é que,
mesmo os efeitos mais avança-
dos, que provavelmente estarão
de fora do Media Composer | First,
poderão ser adquiridos à parte.

O ponto é que certamente é uma


ferramenta capaz de realizar um
projeto com qualidade profissio-
nal, porém não é adequada para
ambientes profissionais que pre-
cisam de múltiplos projetos, ilhas
compartilhadas etc.
Fig. 3 – Sequência possível no Avid Media Composer | First First
O foco principal são os estudan-
tes, que poderão realizar seus
trabalhos e projetos de escola e faculdade sem Se o projeto fica na nuvem, será que não terei
se preocupar com os 30 dias da versão de testes. problemas com a quantidade de mídia dispo-
Outro público importante são as pessoas que uti-
nível para meu projeto?
lizam outras ferramentas de edição, como o Final
Cut Pro e Adobe Premiere, que agora terão uma
maneira de estudar o Avid e de se preparar melhor Desde já, vale aprender este conceito muito particu-
para o mercado de trabalho. lar do Avid. Uma coisa é o seu projeto, que contém
todas as informações dos seus vídeos, sequências,
efeitos etc. Conter as informações das mídias não
O que você quer dizer com o fato de
significa que o projeto contém suas mídias.
só poder trabalhar com um número
limitado de projetos? Os seus vídeos, figuras, fotos e áudio estarão
sempre separados do seu projeto, numa pasta
Junto com a versão gratuita, a Avid anunciou o
chamada “Avid MediaFiles”, que fica obrigatoria-
sistema de colaboração na nuvem chamado Cloud
mente na raiz de algum HD local, portanto não há
Collaboration. Usuários da versão gratuita do Me-
limite neste sentido, a não ser o limite de espaço
dia Composer não poderão salvar seus projetos
disponível no seu disco.
no HD local. Em vez disso, os projetos estarão
salvos na nuvem.
Eu sou novo nesta área e não sei se consegui-
Caso você queira trabalhar mais projetos, terá duas rei aprender a manipular sozinho o Avid Media
opções: a primeira será apagar um projeto antigo Composer. O que fazer?
para começar um novo, e a segunda será adquirir
licenças para adicionar mais projetos na nuvem. A Avid vai disponibilizar uma série de vídeos (em
inglês) que irão ajudar iniciantes a entender o con-
Se os projetos ficam na nuvem, só poderei ceito básico de edição no Avid Media Composer.
trabalhar conectado na internet?
Vale salientar que a ProClass, centro de treina-
É uma boa pergunta. Será necessário que você entre mento oficial Avid no Brasil, já tem uma série de
na internet para ao menos logar na sua conta Master vídeos entitulada “Avid Media Composer em uma
Avid para iniciar o seu projeto. Uma vez inicializado hora”, disponível gratuitamente no YouTube, e em
o projeto, você pode se desconectar da internet e português (fig. 4). Acesse www.youtube.com/
trabalhar offline, se quiser. proclassrj para assistir.

áudio música e tecnologia | 89


Media Comp o s e r

cada departamento,
como o Adobe After
Effects para video-
grafismo, Pro Tools
para áudio, Da Vinci
Resolve para cor-
reção de cor... Isso
sem contar as ferra-
mentas para autora-
cão de DVD/Blu-Ray,
criação de gráficos,
conversão de mídias,
estoque, backup e
muito mais.
Fig. 4 – Vídeos em português com os primeiros passos no Avid Media Composer
Se parece muita
coisa, lembre-se
Poderei trabalhar de forma colaborativa de que tudo dito acima são apenas ferramentas,
com alguém que tem a licença completa como um martelo ou um serrote de um carpin-
do Media Composer? teiro. Edição é uma arte, e
assim como a música, pin-
Ótima pergunta e a respos- tura ou escultura, demanda
ta é não. No próprio site da uma sensibilidade apurada
Avid é mencionado que isso e muita experimentação.
não será possível.
Novamente, como na mú-
sica e na arte em geral, a
Para eu começar a pro-
sensibilidade deve andar
duzir vídeos profissio-
lado a lado com a teoria e
nalmente basta apren- técnica de composição, es-
der a editar com o Avid colhas de imagens, pontos
Media Composer | First e de corte, eixo de câmera,
depois comprar a licença roteiro e continuidade para
que uma coleção de ima-
completa?
gens seja, de fato, transfor-
mada numa história.
Existe um caminho longo
para quem quer se aventu-
Aos interessados em en-
rar como videomaker. O Avid
tender mais sobre o tema,
Media Composer é apenas
sugiro procurar pelo docu-
um programa de edição e
mentário The Cutting Edge
montagem que possui recur-
– The Magic of Movie Editing
sos essenciais de grafismo,
(fig. 5).
áudio e correção de cor...
Fig. 5 – Documentário
Porém, existem outras fer-
recomendado: The Cutting Edge Abraços! •
ramentas específicas para

Cristiano Moura é instrutor certificado pela Avid. Por meio da ProClass, oferece consultoria e treinamentos
customizados, além de lecionar cursos oficiais em Avid Media Composer. Contato: cmoura@proclass.com.br.

90 | áudio música e tecnologia


Il um inando Rodrigo Horse

Tecnologia
iluminando
nossos projetos
Usando equipamentos a partir de conceitos
ou da tecnologia que eles oferecem?

O
s projetos de iluminação es-

Layza Vasconcelos
tão cada vez mais tecnoló-
gicos. Já era de se esperar,
pois estamos vendo uma avalanche
de novos equipamentos que todo dia
aparecem no mercado. Muitos vêm
para auxiliar nossos trabalhos ou até
mesmo para criar novos efeitos, e com
isso temos uma infinidade de efeitos e
possibilidades. Mas pergunto: quando
se pensa em um projeto de luz, você
pensa no efeito que quer ou no equi-
pamento que deseja usar?

Pergunto isso porque vejo muitos pro-


fissionais querendo trabalhar somente
com equipamentos que fazem “trocen-
tos” efeitos, giram, piscam, rodopiam,
Fig. 1 – Efeito com gobo (espetáculo Q.Q.ISS!)
fazem uma festa de movimentos e
cores. Sei que isso é mais comum de
acontecer em shows. Claro que não é só pelos muitos efei- vezes temos que pedir junto à produção do evento os materiais
tos, mas os efeitos visuais em um espetáculo com grande que precisamos para realizar efeitos e assim colocá-los nos
público causam um impacto visual muito grande. conceitos que criamos para o espetáculo. Acontece que a pro-
dução nunca tem dinheiro e muitas vezes acaba sobrando para
Muitos destes equipamentos tornam o trabalho de montagem a parte técnica a questão de reduzirmos ou termos que trocar
mais fácil e rápido. O fato das companhias estarem sempre os equipamentos. Com isso, temos que “rebolar” para conse-
na estrada facilita em muito nas montagens e desmontagens, guir fazer o que queremos ou até mesmo fabricar o efeito.
mas estes equipamentos estão aqui para nos auxiliar a traduzir
efeitos e conceitos que pretendemos colocar para a cena. Nosso querido elipsoidal, um dos refletores mais comple-
tos para os espetáculos de teatro e dança, possui alguns
MATERIAIS SIMPLES, acessórios que nos facilitam os recortes de luz, focar ou
EFEITOS COMPLEXOS desfocar, fachos estreitos, desenhos com gobos, uso de íris
para fazer pequenos focos.
Bem, vou falar e citar o que já tive que fazer e acredito que
muitos já passaram por isso. Quando projetamos algo, muitas Quando queremos projetar uma janela, uma porta, ou até

92 | áudio música e tecnologia


Fig. 2 – Refletor Svoboda

Divulgação
mesmo um céu estrela- Mas não é de hoje que o ho-
do, usamos o gobo (fig.1) mem busca encontrar maneiras
para fazer este tipo de de transpor suas ideias. Desde
efeito. Eu, particularmente, a Grécia vemos a criatividade do
possuo alguns gobos de uso ser humano em usar elementos co-
próprio, mas, dependendo do muns para materializar seus conceitos.
espetáculo, temos que usar uma Por exemplo, quando os espetáculos teatrais
quantidade maior e pedir a produção eram encenados sob a luz do sol, o homem utilizava
para adquirir, coisa que quase nunca é uma tocha para simbolizar que aquela cena acontecia à
possível. Então, passamos sempre pela noite. Este tipo de artificio é visto até hoje em espetáculos
solução das latinhas de refrigerante ou cerveja, recortando tais realizados em espaços abertos ou fechados.
objetos e assim fazendo alguns desenhos simples, como qua-
drados, círculos e, em alguns casos, estrelas. No século 16 começa o trabalho de mudar a intensidade da
luz para buscar uma dramaticidade através da iluminação.
Quem nunca aqui usou este tipo de efeito? Recortar la- Quando o palco estava mais iluminado, referia-se a uma
tinhas para colocar nos elipsoidais e assim fazer aqueles cena mais alegre, e quando estava mais escuro, referia-se
fachos de luz para trazer uma ideia de céu estrelado... Um a uma cena mais dramática, sempre buscando transparecer
efeito simples, mas que causa um desenho muito bonito no para o público o que o encenador queria para seu espetáculo.
teatro, dependendo de como e onde você vai aplicar.
Até o final do século 19 pouco se modificou no processo de
TECNOLOGIA A SEU FAVOR iluminar um espaço cênico, a não ser por colocar algumas ve-
las e lamparinas nas coxias e na parte superior do palco para
Acredito que o mais importante é pensar no efeito que você iluminar os atores por todo o palco e colocar garrafas com líqui-
quer, para depois pensar em quais equipamentos vai usar, dos coloridos na frente das velas e tochas para produzir cores.
buscando a tecnologia para suprir nossas necessidades. Que- Somente no início do século 20, com a chegada da energia
ro citar aqui o exemplo de um grande cenógrafo checo, Josef elétrica, houve uma revolução na forma como se ilumina.
Svoboda (1920-2002), um mais inovadores do século 20. Ape-
sar de trabalhar com cenários, ele buscou através de projeções Agora o homem tem a tecnologia para criar efeitos, ilu-
de filmes e luz construir espaços e estética para seus projetos. minar o que ele quer, focar elementos em cena, criar lua,
sol, entardecer, anoitecer. Agora não bastar deixar o espaço
Svoboda foi um dos primeiros a trabalhar com “luz negra” com- cênico iluminado – é preciso significar sua luz, fazer valer
binando com pinturas especiais para criar efeitos de fluores- a tecnologia para apoiar suas ideias. No início desta grande
cência na cena. Era chamado de “O escultor da luz”, pois criava transformação tecnológica aparecem nomes como Stan-
desenhos e cenários usando a iluminação. Por causa da sua ley McCandless (1897-1967), com a publicação do livro A
relação com a tecnologia foi possível criar um re-
fletor que recebeu seu nome, “Svoboda” (fig. 2).

Este refletor nasceu da necessidade de realizar


efeitos dramáticos cênicos usando apenas luz.
Ele proporciona vários feixes de luz paralelos
bem estreitos, formando, assim, uma cortina de
luz (fig. 3). Aqui no Brasil não é comum ver este
tipo de refletor, que é mais usado na Europa.
Algo que se aproxima do efeito que este refletor
faz seria uma bateria de PAR 56 (Loco Light),
esta sim muito usada em shows no nosso país.
Lorenzo Gaudenzi

Josef Svoboda, buscando uma alternativa para


criar efeitos, juntamente com a ADB Lighting
Technoligies, criou este aparato. Ele pensou
primeiro no efeito que poderia ajudar, para só
depois recorrer à tecnologia e assim criar algo
que sustentasse suas ideias. Fig. 3 – Cortina de luz

áudio música e tecnologia | 93


Il um inando

method of lighting the stage, em 1932, considerado como o MeSMo DeSeJo De iluMinaR
bíblia dos iluminadores da época e objeto de estudo nas
escolas de teatro nos Estados Unidos. Podemos dizer que estamos em uma segunda fase de revo-
lução tecnológica na iluminação. Na época dos nossos ante-
Na dança tivemos a grande contribuição de Jean Ro- passados era a energia elétrica que surgia e lhe dava muitas
senthal (1912-1962), que dá importância à luz lateral, oportunidades de criar efeitos, espaços, estéticas e conceitos.
projeção em ângulo baixo e contraluz, valorizando assim Agora temos equipamentos cada vez mais modernos e mais
a silhueta dos bailarinos. Edward Gordon Craig (1872- sofisticados para contribuir com nossos projetos. Duas épo-
1966) rebateu a ideia da luz de ribalta, que ainda era cas, duas realidades, duas revoluções na forma de se iluminar.
muito usada no início do século 19. Ele queria uma ilu-
minação que criasse atmosferas e efeitos plásticos (fig. Alguns destes pesquisadores que citei postularam suas ideias
4) na cena. Adolphe Appia (1862-1928) distingue a luz antes mesmo da chegada da energia elétrica, mas já discu-
difusa da luz concentrada. Ele era um cenógrafo que tiam a necessidade de se pensar a luz, de torná-la efetiva em
trabalhava com cenários em plataformas, escadas e co- um processo de construção estética da imagem no palco, e
lunas, onde o bailarino e ator ganhava mais expressivi- hoje, quando temos muita tecnologia ao nosso dispor, inter-
dade com o jogo de luz. net para pesquisar e estudar, os novos iluminadores cênicos
estão esquecendo da essência de iluminar um espaço, de
Podemos perceber que muitos deles eram cenógrafos ou criar um conceito. Querem fazer “pisca-pisca” no palco.
encenadores que buscavam uma forma de se expressar
através da luz. Com isso, estudaram e desenvolveram téc- O que temos que procurar é saber o que sua luz vai sig-
nicas para aplicar em seus espetáculos as várias possibili- nificar, o que ela quer revelar e esconder para o público,
dades que a luz nos permite realizar. o que vamos desenhar no espaço. Temos uma infinida-
de de equipamentos que pode nos ajudar
e que também pode nos atrapalhar. Eu já
presenciei iluminadores que, ao chegarem
no teatro para montar sua luz, viram que
havia muitos equipamentos à disposição, e,
assim, resolveram usar tudo. Depois fica-
ram perdidos no seu mapa de luz, já que o
teatro lhes ofereceu mais refletores do que
realmente precisavam.

Precisamos fazer como antigamente: pegar


papel e lápis, rabiscar ideias, escrever con-
ceitos, anotar o que se precisa em uma folha
de guardanapo, para só depois partir para o
projeto final, estipulando assim os equipa-
mentos que serão utilizados.

Não podemos ser escravos da tecnologia e fi-


car amarrados a um sistema tecnológico que
pode criar visualidades fantásticas ou cegar
e alucinar a plateia com tanta luz e rodopios,
Fig. 4 – Desenho de Edward Gordon Craig, que buscava uma capazes de atrapalhar mais do que ajudar na
iluminação que criasse atmosferas e efeitos plásticos na cena compreensão do espetáculo. •

Rodrigo Horse é graduado em Design de Interiores pela Faculdade Cambury-GO, especialista em Docência do
Ensino Superior pela Faculdade Brasileira de Educação e Cultura (FABEC-GO). Professor da pós-graduação do
IPOG do curso Master em Iluminação e Arquitetura e pela Faculdade Unicuritiba na pós-graduação Arquitetura
de Iluminação. É iluminador efetivo da Universidade Federal de Goiás (UFG) e atua como iluminador cênico há 15
anos. Contato: contato@rodrigohorse.com.br

94 | áudio música e tecnologia Até o mês que vem, com mais um caderno Luz & Cena!
ÍNDICE DE ANUNCIANTES

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Gobos 85 11 4368-8291 www.gobos.com.br

Guia de Microfonação 57 21 2436-1825 www.musitec.com.brqloja

Hot Machine 77 11 2909-7844 www.hotmachine.ind.br

IATEC 69/95 21 2493-9628 www.iatec.com.br

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João Américo 43 71 3394-1510 www.joao-americo.com.br

Kadosh 2ª e 3ªcapa,01,19, 29 21 3657-3005 www.templodosinstrumentos.com.br

K-Array (Gobos) 4ª capa 11 4368-8291 www.gobos.com.br

Mix2Go 21 11 97557-8787 www.mix2go.com.br

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Power Click 17 21 2722-7908 www.powerclick.com.br

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Super Studio 35 21 2512-9278 www.superstudio.com.br

Vibrasom 23 11 4393-7900 www.vibrasom.ind.br

Waldman (Equipo) 41 11 2199-2999 www.waldman-music.com

áudio música e tecnologia | 95


lugar da verdade | Enrico De Paoli

Botões convidativos
Os ditos “tudo é cíclico” e “somos uns eternos insatisfeitos” salvar os timbres! Nos anos 80 o sonho começou a se tor-
andam de mãos dadas. Na verdade, eu não diria insatisfei- nar realidade. Quem se lembra do Yamaha DX7? E, então,
tos... pois soa muito negativo! Mas diria que somos inquietos. como diria Murphy e suas leis: toda solução gera novos
Nós, o mercado, a indústria. O que já foi bom uma vez não problemas! E os problemas foram alguns, como preguiça
deixa de ser bom... Pode abrir espaço pra outros bons, mas de gerar novos timbres, e, com a falta de botões, os tim-
um dia ressurge, de roupa nova. Já o que é ruim, ah... Não bres ficaram mais estáticos, sem movimento.
vamos perder tempo com isso (rs).
Fazendo esta análise vindo do mundo dos synths para
Do que mesmo estou falando? Dos hábitos de trabalho. o mundo das mixes, apesar das inúmeras vantagens de
Workflow, técnicas e os queridos equipamentos. Pra que um sistema DAW, não podemos deixar de mencionar que
tantos? Pra que mais? Com o que temos hoje já dá pra fazer a moda é ter todos os plug-ins do mundo, mas poucos
música por uma vida. Duas... três! Mas, sim, a indústria da engenheiros e produtores sabem realmente tirar tudo o
tecnologia precisa sobreviver, e eles lançam mais e mais. E que estes processadores podem oferecer. O imediatismo
não é só isso: muitos equipamentos surgem para, de fato, do “som pronto” acaba fazendo com que usuários pas-
resolver problemas. Mas ainda não estou falando destes: sem por dezenas de plug-ins procurando um timbre, em
estou falando daqueles que surgem simplesmente para vez de entrar mais a fundo por dentro das muitas possi-
inspirar. “Simplesmente”? Claro que não. Vários, muitos bilidades de cada processador.
equipamentos existentes não são tão únicos assim pelo que
fazem, mas por como fazem! O jeito que são desenhados Bem, qualquer produtor de música hoje sabe que o vinta-
e construídos... Eles simplesmente nos convidam a brincar ge está de volta. Inúmeras caixinhas e pedais com botões
com eles! Vamos fazer uma analogia. Existe uma grande analógicos estão nas prateleiras. Quem busca timbres nos
diferença entre entrar num meio de transporte que te leva sintetizadores está indo lá atrás na história pra resgatar
até onde você precisa ir e entrar num automóvel e simples- não apenas sons, mas também métodos de trabalho, e há
mente o pilotar. Seja pra onde for. Uma coisa é a tarefa, vários synths e baterias eletrônicas no mercado agora que
outra é a inspiração e o prazer. É disso que estou falando! estão vindo com CV (control voltage) e Gate! Se você não
sabe o que é isso, não se preocupe, pois é uma tecnologia
A tecnologia chegou a um nível ótimo. As coisas simplesmen- de antes ainda de existir o MIDI, para que os sintetizado-
te funcionam. As gravações não têm ruídos, distorções, cross- res analógicos pudessem se comunicar. Mas CV e Gate no
talks... Os periféricos de computador, tecladinhos USB e placas ano de 2015, em paralelo, a tantos synths virtuais em for-
de áudio são automaticamente reconhecidos pelo sistema. Com ma de plug-ins que também existem no mercado? Sim...
relativamente pouco investimento, monitores e microfones Pegar um instrumento desses certamente vai te botar pra
soam bem! E sem contar o sonho que é um sistema de gra- trabalhar de forma diferente da que você está acostuma-
vação (DAW) de hoje em dia. Com um laptop e um software do. E, com isso, vêm os novos resultados.
você grava, mixa, finaliza e ainda publica online. Laptop? Não
somente... Tudo isso é feito com um iPad ou com um iPhone! Esta semana eu postei uma foto e um vídeo na rede social nos
Legal: estamos muito além de onde jamais imaginaríamos es- quais eu utilizava alguns pedais analógicos, destes que guitar-
tar. Estamos literalmente no futuro. O que mais poderíamos ristas usam, para processar áudio do meu Pro Tools. Pra que
querer? Uhm... botões! Pensando bem, talvez “eternamente isso, com tantos plug-ins existentes? Bem, além do timbre ser
insatisfeitos” seja a expressão correta! outro, os pedais estão ali na minha mesa, ao lado do trackpad,
com aqueles botões, me convidando a mexer neles em tempo
Mas... botões pra que? Passamos a vida sonhando em não real. Certamente geraram um resultado que o conforto do plug-
precisar mais deles! Ruídos, espaço físico, dificuldade de -in não me daria. Além do charme e da inspiração fornecidos,
recall etc. Eu venho dos sintetizadores, então falo isso me pouparam, claro, de um pouco da tendinite!
tudo com alguma propriedade. Nos anos 70, o sonho de
qualquer tecladista era menos botões e mais recall. Poder Inspirem-se! Bons sons e até mês que vem. •

Enrico De Paoli é engenheiro e produtor de música. Conheça mais sobre seus trabalhos premiados e seu programa de treinamento Mix
Secrets visitando www.EnricoDePaoli.com.

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