Introdução a psicopatologia descritiva - Femi Oyebode Dor orgânica ou psicogênica? ● Anatomia ● Bioquímica Dor Orgânica ● Teoria do controle do portão - Melzack e Wall (1965) ○ Estímulo ○ Transmissão ○ Feed back positivo - substancia gelatinosa ○ Transmitido trato espinotalamico lateral ● Portão é influenciado por centros superiores ○ Podem superar o estímulo local ○ Atenção - algumas vezes a dor nao é sentida quando a atencao é desviada Outras teorias ● Estimúlo eletrico - produz analgesia ○ Medula Oblonga ○ Substância cinzenta do periaquedutal ○ Hipotálamo ao redor do terceiro ventrículo ● Opióides endógenos e serotonina ○ Inibem que fibras nervosas transmitam eventos desagradáveis Dor psicogênica ● Trethowan (1988) ○ Tende a ser mais difusa e menos localizada - se espalha sem distribuição anatomica ○ Dor constante ○ Associado a transtorno de humor ■ Ansiedade ■ Depressão ■ Ciclotímico - polo depressivo ■ Traços histéricos, hipocondríacos e obsessivos ○ Dificil descrever com precisão, mas não tem dúvida que está sofrendo - não encontra palavras ■ Organica - ardor / aperto / agudo ○ Progressão e severidade - não é usual para dor fisica aumentar sem aumento de dano ao tecido Dor psicogênica ● Merskey (1976) ○ Experiência psicológica, particular para o indivíduo, mas que tende a ser descrita em termos de dano no corpo e, portanto, definiu a dor como “uma experiência desagradável que primariamente associamos a dano tecidual, ou descrevemos em temor desse dano, ou ambos” ● Analgesia psicológica parto (Bonica, 1994) ○ Preparação psicológica, explicação e hipnose ■ 5 a 10% sintam pouca ou nenhuma dor ■ 15 a 20% apenas dor moderada ■ Resto nao altera, mas diminui medo e ansiedade Dor e sensação intensificada ● Aumento de estímulo sensorial sentido como dor ○ Hiperacusia - não há aumento na capacidade de ouvir, mas o limiar que o som é percebido como desagradável diminui ○ Uso de LSD e primeiros estágios da deficiência de Tiamina - aumento sensibilidade para dor ● Estado consciente - recebemos inúmeras informações ○ Coceira, distensão, pressão, formigamento, dor leve, palpitação, calor… ○ Formam o Sensorium da imagem corporal e permitem a localização do self no espaço ○ Atenção a essas sensações, ligadas a uma emoção desagradável, pode ocasionar experiência de dor ■ Perceber a sensação resulta em medo e a angústia desta emoção é percebida como dor ● Sentimentos Vitais ○ Localização da depressão em orgão corporal ■ Queixas de dor de cabeça, no peito… ■ Sentimentos de tristeza e depressão no orgão - interpretações mórbidas de sensações corporais comuns ■ Em um estado saudável, seria percebida desagradavelmente, porém seria ignorada ● Nos transtornos de afeto a sensação pode ser interpretada como um cancêr, tuberculose ou doença venérea ● Alterações físicas na Depressão - ○ Diminuição peristaltismo ○ Secreções gastrointestinais que causem espasmo e constipação ● Dor Central (Síndrome talâmica) ○ Sensação espontânea de ardor ■ Pode ser ativada por estimulação cutânea ou mudança de temperatura ■ Pode se apresentar como alodinia tátil, alodinia ao frio ou dor constante ■ Geralmente intratável ■ Ocorre geralmente em: ● AVC, esclerose múltipla, siringomielia e lesão medular ■ Hipótese atual: ● Surge em decorrência de interrupção no trato espinotalâmico associado à descarga neuronal ectópica e possivelmente envolve neurotransmissores adrenérgicos, GABA, glicina e outros. Sensação diminuída para Dor e Desejo de Dor ● Assimbolia para dor ○ A dor deveria aumentar, mas não aumenta ○ Apresentam resposta ausente ou inadequada para estímulos dolorosos no corpo e incapacidade de aprender fuga apropriada ou reações de proteção ○ Pode ser congênito ou adquirido ■ 5 variáveis hereditárias - frequentemente associadas a neuropatias autonômicas (entre elas anidrose) ■ Mutações de fator de crescimento de nervos ○ Descrita em pacientes com lesão vascular ■ Predominantemente lado esquerdo envolvendo córtex insular ○ Características ■ Anidrose, falta de sensibilidade térmica, automutilação, deficiência intelectual, febre recorrente secundária a anidrose e falha de crescimento ● Atenção - fator importante na percepção da dor ○ Adrenalina ou “agressividade” pode fazer com que o sujeito ignore um ferimento grave ○ Quando lesão tem vantagem para o paciente, causa menor dor do que quando ela é vista como totalmente desvantajosa ■ Exemplos: ● Soldado no campo de batalha ● Jogadores de futebol ● Embotamento e distorção da percepção de dor ○ Paciente não aparenta dor nem desconforto ■ Aparece mais em pacientes com ● Retardo mental grave ou Esquizofrênicos ■ Bater a cabeça, se morder ● Autoagressão - transtornos de personalidade sem deficiência intelectual ○ Cortar pele, pulsos, queimar a pele, autogolpes, arranhar a pele e quebrar ossos ○ Geralmente mulheres e o comportamento ligado ao alívio de tensão e amenizar emoções negativas ○ Objetivos possíveis ■ Autopunição, influenciar relacionamentos pessoais, reduzir tendencia para dissociações e induzir estímulo sensorial intenso Dor sem causa Orgânica ● Atividade nervosa autonômica ○ Pode ser interpretada e elaborada através do medo de possíveis consequências ○ Sensações normais podem ser vivenciadas como doloridas em situações de estresse ou medo ○ Dor relativamente leve e desconforto de causa benigna podem ser interpretados como mais preocupantes do que verdadeiramente são ● Classificação - complexa ○ Ocorre na hipocondria, no transtorno de somatização e principalmente na depressão ○ Estudo Pilling et al., 1967) ■ Locais mais comuns ● Cabeça e pescoço, seguido de costas, abdome, braço, perna, reto ou genitália e tórax ● 32% falavam em termos de dor ou outros sintomas organicos, e não em termos de ansiedade ou depressão ■ Na avaliação da importância dos fatores emocionais foram considerados mais úteis: ● Histórico ● Avaliação do estado de humor ● Compreensível que alguém com dor se sinta infeliz e que a dor crônica ou a antecipação de dor recorrente provoque depressão do humor, porém se a causa da dor não for encontrada, e se a percepção dador é vista de duas fontes distintas ○ Percepção sensorial ○ Afeto investido - esforços para aliviar esse se for bem sucedido, produzirá diminuição global da dor ● Dor pode ser uma causa de depressão, e neste caso, apropriado tratamento da depressão Dor e Perda ● Dor no membro fantasma - amputação ○ Dor sentida no membro que não está lá ○ Não se trata de alucinação ■ Pessoa sabe que perdeu a perna e a sensação de dor está dentro dela mesma ■ Imagem corporal demora para se ajustar a uma mudança e pode jamais se adaptar ■ Pode ocorrer com membros, mas também há relatos em mastectomias ou remoção de partes do rosto, víscera interna fantasma produzindo sensações de movimento intestinal e flatulência ● Membro fantasma - ausência congênita de membros ○ Inicialmente considerava-se que a dor fantasma era causada por neuromas de coto ○ Persistência da representação central do membro amputado é em grande parte responsável pela ilusão fantasma e dor associada Dor Facial Psicogênica ● Dor em local específico sem sinais físicos anormais ● Dor facial atípica ○ Frequente e intratável ○ Causa grande sofrimento ○ Paciente vai do dentista para o clínico para o psiquiatra ○ Associada a depressão ● Dor Facial atípica ○ Série de casos descrito por Lascelles (1966) com 93 pacientes, em que a maioria sofria de depressão atípica e personalidade “obsessiva” ■ 53 desses pacientes responderam bem a antidepressivos ○ Garvey et al. (1983) investigaram associação entre cefaleia e depressão em 116 pacientes com Transtorno Depressivo Maior - apresentaram taxa maior de cefaléia durante os episódios depressivos ○ Feinmann et al. (1984) investigaram eficácia de antidepressivo tricíclico (Dosulepin) no tratamento da dor facial psicogênica ■ 71% dos pacientes ficaram livre dos sintomas em 9 semanas comparados com 47% do grupo placebo ■ Indicadores de bom prognóstico ● Dor após um evento adverso de vida ● Mínima intervenção cirurgica anterior ● Ausência de dor após 9 semanas de tratamento Síndrome da Boca Ardente ● Grupo de condições da pele que apresentam sensações desagradáveis, como coceira, ardência, ferroadas ou dormência, é reconhecido como responsável por afetar o rosto, couro cabeludo e períneo ○ Pouco compreendídas, mas demonstram interação entre dor neuropática, coceira neuropática, transtornos neurológicos e psiquiátricos ● Quando afetam a cavidade oral - sindrome da boca ardente ○ Ardencia intraoral sem causa médica ou dentária identificada ○ Sensações orais anormais ■ Ardencia, picadas (formigamento), alodinia (dor ao escovar os dentes e gengivas), dormencia, coceira e sensações de descargas elétricas ■ Ocorrem principalmente: ● Ponta da língua, lábios e palato duro e mole ■ Apesar de normal, pacientes se queixam de xerostomia e disgeusia Vulvodínia ● Sensação persistente, espontânea, indesejada, intrusiva e angustiante na vulva ● Pouco compreendida ● Associada a hiperalgesia generalizada ● Respostas cerebrais aumentadas para pressão do polegar ○ Estimulação de área distante da vulva, demonstrável dentro da insula, médio cingulado dorsal, cingulado posterior e tálamo ● Há aumento de processamento de dor central ● Pacientes do sexo masculino podem apresentar condição semelhante, com uma sensação de ardência no pênis e escroto “penoescrotodínia” Prurido psicogênico ● Coceira e vontade de coçar são respostas normais a reações cutâneas ● Coceira pruritrogênica (fisiológica) ○ Transmitida por neurônios aferentes dedicados da mesma forma que a dor ○ Mediadores de coceira - mastócitos dérmicos e aferentes cutâneos, e neuropeptídeos (neurotensina e substância P) ● Origem neuropática - dano ao sistema nervoso periférico ○ Neuralgia pós-herpética, prurido braquirradial, notalgia parestésica, dano nervoso central na medula espinhal devido a tumores e doenças desmielinizantes, como esclerose múltipla ○ A sensação de coceira é análoga à dor neuropática e ocorre sobreposição com sensações de ardência, dor e picadas ● Prurido psicogênico ● Prurido psicogênico ocorre sem causa física e não está relacionado com dano nervoso demonstrável ○ Associado a depressão e transtorno obsessivo compulsivo, ansiedade e delírios de infestação parasitária ○ Grupo francês de psicodermatologia propos critérios diagnósticos ■ Prurido localizado ou generalizado sine materia, pruridos crônicos com duração de mais de seis semanas e ausência de causa somática ■ Devem estar presentes além dos anteriores 3 dos 7 seguintes critérios ● Relação cronológica do prurido com um ou diversos eventos da vida que podem ter repercussões psicológicas ● Variações de intensidade associadas ao estresse ● Variações noturnas ● Predominância durante o descanso ou inatividade ● Associações com transtornos psiquiátricos ● Melhoria em resposta a agentes psicotrópicos Dor e Sofrimento ● Dificuldade em descrever a dor ○ Quanto maior o componente psicogênico da dor, mais difícil encontrar palavras certas para descreve-la ● Dor pode ser necessária como uma solução neurótica para um conflito neurótico: para que o equilíbrio permaneça, é necessário que a dor seja mantida ● Trethowan (1988) “ O paciente não está sofrendo absolutamente de dor, ele está sofrendo é de sofrimento” ● A dor pode ocorrer com um pouco de sofrimento (injeção anestésico local) ● Sofrimento pode ocorrer sem dor, mas pode também ser descrito como dor e pode ser a natureza de muitas queixas neuróticas de dor