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Área 3: Método, teoria econômica e história econômica

Primórdios da função consumo: Um estudo comparativo de Keynes,


Duesenberry e Friedman

Lucas Eduardo Veras Costa – lucas_eduardo93@hotmail.com


Mestrando em Economia na Universidade de Brasília

Resumo: O objetivo desse artigo é fazer um estudo comparado das contribuições para
a teoria da função consumo de Keynes, Duesenberry e Friedman. Para tanto são
analisadas as obras as principais obras desses autores sobre esse assunto, a saber,
“The General Theory of employment, interest and money” de Keynes, “Income,
Saving, and the Theory of Consumer Behavior” de Duesenberry e “A Theory of the
Consumption Function” de Friedman. Durante o artigo são encontrados os pontos em
que as teorias se diferem e se assemelham, em particular, coloca-se que Keynes já
tratava dos pressupostos usados posteriormente de Friedman e Duesenberry. Também
são abordadas as principais questões metodológicas utilizadas por cada um deles para
abordar a função consumo.

Abstract: The goal of this article is to do a comparative study of the contributions to


the theory of the consumption function by Keynes, Duesenberry and Friedman.
Therefore, the main works on this subjects by those authors are analyzed, namely,
“The General Theory of employment, interest and money” by Keynes, “Income,
Saving and the Theory of Consumer Behaviour” by Duesenberry and “A Theory of
the Consumption Function” by Friedman. During the article it is found the points in
which the theories differ and resemble, in particular, we put that Keynes was already
dealing with the hypothesis used by Duesenberry and Friedman. We also approached
the main methodological questions used by each one to approach the consumption
function.
Sumário

1 INTRODUÇÃO 1

2 A FUNÇÃO CONSUMO 2

2.1 Keynes e a Propensão Marginal a Consumir 2

2.2 Duesenberry 4

2.3 Friedman 6

3 DISCUSSÃO 11

3.1 Sobreposições e Principais Diferenças 11

3.2 Metodologia 13

4 CONCLUSÃO 18

5 REFERÊNCIAS 19
1 Introdução

O consumo sempre teve um papel importante na Teoria Econômica e seu estudo está
presente em diversas áreas da ciência econômica. Segundo Deaton (2008), os economistas
neoclássicos veem o consumo individual como o principal objeto do sistema econômico, o
que em uma economia capitalista se refletiria na análise da relação entre os preços e o
comportamento do consumidor. O estudo de finanças públicas e taxação dependem do
conhecimento de como os preços afetam o consumo dos indivíduos e o seu bem estar. Nos
últimos cinquenta anos, o consumo agregado se tornou um objeto de bastante atenção assim
como a sua composição. É possível verificar uma divisão de trabalho entre os
microeconomistas e macroeconomistas apesar de ambos utilizarem um arcabouço teórico
similar. Os primeiros estão focados na composição do consumo, já os segundos estão
interessados no consumo agregado e na poupança. Ademais, segundo dados do Banco
Mundial o 55% da composição produto interno bruto mundial é composto de consumo.
Entretanto, dado que o estudo do consumo possui importância fundamental dentro da
economia, temos que nos fazer a seguinte pergunta. Em que momento iniciou-se o estudo do
consumo? Além disto, quando surgiu a função consumo e como se deu a evolução de sua
teoria? Quais foram os autores que influenciaram o pensamento econômico acerca do
consumo? Segundo Hynes (1998) o estudo do orçamento teriam começado no final do século
dezoito, porém, estes eram feitos com propósitos empíricos e em geral não definiam uma
hipótese pela qual pudéssemos definir uma função consumo.
A função consumo aparece em um papel de grande importância na obra seminal de
John Maynard Keynes “A Teoria Geral do emprego do juro e da moeda” de 1936, mais
precisamente nos capítulos, 8, 9 e 10 e passa então a ter maior relevância na teoria econômica.
Neles Keynes afirma que a quantidade de consumo agregado depende principalmente da
quantidade da renda agregada. Dusenbery (1949) em seu livro “Income, Saving and the
Theory of Consumer Behaviour” apresenta a hipótese da renda relativa, na qual a satisfação
de um indivíduo dependeria do percentil em que seu consumo se encontra em relação a uma
média ponderada do consumo das outras pessoas da sociedade donde duas conclusões podem
ser tiradas: a taxa de poupança agregada é independente da renda agregada e a propensão a
poupar de um indivíduo é proporcional à posição do seu percentil na distribuição de renda.
Milton Friedman dedicou um livro inteiro para o estudo do consumo em “A Theory of the
Consumption Function” , nela foi apresentado a Hipótese da Renda Permanente, em que
Friedman divide a renda em dois componentes: a renda permanente, aquela que o consumidor
trataria como certa e a transitória que estaria atrelada a fatores transitórios na renda. Segundo
Friedman, o consumo deve depender principalmente da renda permanente uma vez que os
consumidores utilizam a poupança e os empréstimos para manter estável o seu padrão de
consumo, em resposta a uma variação na renda transitória.
Tendo em vista os três autores citados acima e a suas importantes contribuições para a
teoria do consumo, este artigo busca debater as principais contribuições de cada autor para a
formação da teoria do consumo. O escopo deste artigo se delimitará às suas principais obras
sobre o consumo e buscará analisar as principais semelhanças e diferenças de suas teorias
assim como a metodologia utilizada por cada um deles.
O segundo capítulo deste artigo busca apresentar de forma isolada as proposições de
cada um desses autores para a função consumo, o terceiro capítulo faz uma discussão sobre
estas teorias apresentando as principais diferenças e sobreposições assim como questões
metodológicas, o quarto capítulo conclui este artigo.

1
2 A função Consumo

Durante esta seção buscar-se-á apresentar a teoria proposta por cada um dos autores
em questão utilizando os seus escritos originais como ponto de partida.

2.1 Keynes e a Propensão Marginal a Consumir


Em sua obra seminal, a “Teoria Geral do emprego do juro e da moeda”, Keynes
dedica três capítulos para explicar a propensão marginal a consumir. A partir deste capítulos
buscar-se-á apresentar as principais ideias deste autor e suas principais contribuições para a
teoria da função consumo.
Keynes, afirma que o objetivo final de sua análise seria descobrir o que determina o
nível de emprego. Ele afirma que esta estaria definida na interseção entre a curva de demanda
agregada e a curva de oferta agregada. O consumo estaria ligado a função de oferta agregada
e nos diria o quanto seria despendido em consumo dado determinado nível de emprego. Logo,
a função consumo aparece em Keynes não como o objeto de estudo principal mas sim como
uma ferramenta de análise pela qual se poderia chegar a um objetivo maior.
Keynes buscaria, então, uma função consumo que ligasse consumo a um nível de
emprego. Entretanto, ele não propõem uma função com estas variáveis ligada diretamente.
Ele se propõem a analisar o consumo e a renda medidos em unidades de salario,
correspondente a um certo nível de emprego.
Desta forma a função consumo, teria a seguinte forma funcional:

𝐶𝑤 = 𝜒(𝑌𝑤 ) 𝑜𝑢 𝐶 = 𝑊. 𝜒(𝑌𝑊 )

Aonde 𝐶 seria o consumo, 𝐶𝑤 corresponde ao consumo medido em unidades de


salario, 𝑌𝑤 é a renda medida em unidades de salário, W seria o nível de salario dado
determinado nível de emprego e 𝜒(. ) seria a propensão a consumir, que trataria da relação
funcional entre o consumo e a renda, este seria o conceito mais importante para o autor.
Logo, três fatores pareciam ser importantes para Keynes em relação ao consumo, (i) o
montante da renda, (ii) circunstâncias objetivas e (iii) circunstâncias subjetivas. Para Keynes
os fatores subjetivos estariam ligados a características psicológicas da natureza humana e a
costumes e instituições de determinada comunidade que, embora sejam diversos, parecem ser
de difícil mutação em um curto período de tempo. Dado este fato, Keynes prefere tratar os
fatores subjetivos como dados e admitir que a propensão a consumir depende apenas das
circunstâncias objetivas.
Keynes elenca seis fatores objetivos que parecem influenciar a propensão marginal a
consumir:
1. Uma variação na unidade de salário;
2. Uma variação na diferença entre renda e renda líquida;
3. Variações imprevistas nos valores de capital não considerados no cálculo da renda
líquida;
4. Variações na taxa intertemporal de desconto;
5. Variações na política fiscal;
6. Modificações das expectativas acerca da relação entre os níveis presentes e futuros da
renda.
Apesar de Keynes considerar que os fatores subjetivos seriam dados, ele elenca oito
motivos pelos quais os indivíduos poderiam abster-se de gastar a sua renda. Seriam eles:
1. Constituir uma reserva para fazer face a contingências imprevistas;

2
2. Prepara-se para uma relação futura prevista entre a renda e as necessidades do
indivíduo e sua família, diferente da que existe no momento, como por exemplo no
que diz respeito à velhice, à educação dos filhos ou ao sustento de pessoas
dependentes;
3. Beneficiar-se do juro e da valorização, uma vez que um consumo real maior em data
futura é preferível a um consumo imediato mais reduzido;
4. Desfrutar de um gasto progressivamente crescente, satisfazendo, assim, um instinto
normal que leva os homens a encarar a perspectiva de um nível de vida que melhore
gradualmente, de preferencia ao contrário, mesmo que a capacidade de satisfação
tenda a diminuir;
5. Desfrutar de uma sensação de independência ou do poder de fazer algo, mesmo sem
ideia clara ou intenção definida da ação específica;
6. garantir uma masse de manoeuvre para realizar projetos especulativos ou econômicos;
7. Legar uma fortuna;
8. Satisfazer a pura avareza, isto é, inibir-se de modo irracional, mas persistente, de
realizar qualquer ato de despesa como tal.
Neste momento cabe ressaltar que a função consumo de Keynes se encontra em relação
com a sociedade e não com um indivíduo em si. Logo, apesar dos fatos acima influenciarem
na propensão a consumir, esta seria estável. Ninguém melhor do que Keynes para explicitar
esse ponto:

“Chegamos, pois à conclusão de que, em determinada situação, a propensão a consumir


pode ser considerada uma função relativamente estável desde que tenhamos eliminado as
variações na unidade de salario em termos de moeda. As flutuações imprevistas nos
valores de capital podem modificar a propensão a consumir, bem como poderão afetá-la
variações substanciais na taxa de juros e na política fiscal; porém, não é provável que os
outros fatores objetivos capazes de atuar sobre ela, conquanto não devam ser desprezados,
tenham importância em circunstâncias comuns.” (Keynes, 1936)

Keynes afirma que dado as características psicológicas humanas, os homens, em geral,


𝜕𝐶
aumentam o seu consumo à medida que a sua renda cresce. Logo, deveríamos ter que 𝜕𝑌 𝑤 >
𝑊
0, ademais, o montante do aumento em consumo seria, em geral, menor que o montante
𝜕𝐶
aumentado da renda, portanto, 0 < 𝜕𝑌 𝑤 < 1. A propensão a consumir trataria da relação entre
𝑊
o fluxo de investimentos e o volume agregado entre emprego e renda, Keynes define como
𝜕𝐶
propensão marginal a consumir 𝜕𝑌𝑤 . Uma vez que a renda agregada se igualaria a consumo
𝑊
agregado somado a investimento agregado, a seguinte expressão seria válida:

𝛥𝑌𝑤 = 𝛥𝐶𝑊 + 𝛥𝐼𝑊

Logo poderíamos escrever:

𝛥𝑌𝑊 = 𝑘𝛥𝐼𝑊
1
Aonde 1 − 𝑘 é igual à propensão marginal a consumir. Portanto, podemos dizer que k
seria o multiplicador de investimento. Um aumento no investimento agregado aumentaria a
renda em k vezes e o mecanismo pelo qual essa transmissão aconteceria seria a propensão a
consumir.
Note que apesar de Keynes ter sugerido uma relação funcional para o consumo, ele
não nos dá a forma exata da função consumo, ele apenas afirma que a derivada primeira do

3
consumo em relação a renda deva ter o valor entre zero e um, logo poderíamos ter uma
relação linear entre consumo e renda mas as formas quadráticas, logaritmas e cúbicas não
poderiam, a priori, serem descartadas. Cabe notar que segundo Boianovsky (1996) a função
de consumo de Keynes já havia sido antecipada por Frederick Barnard Hawley em 1907,
entretanto esta não teve grande um grande reconhecimento da comunidade acadêmica na
época.

2.2 Duesenberry
Em seu livro, “Income Saving and the Theory of Consumer Behaviour” de 1948,
Duesenberry afirma que seu livro começou como uma crítica a função consumo de Keynes.
Ele afirma que esta parte de duas hipóteses que seriam inválidas: (i) o comportamento
individual de cada consumidor é independente de todos os outros indivíduos e (ii) que as
relações de consumo seriam reversíveis no tempo. Segundo este autor, estas duas hipóteses
seriam refutadas por três importantes bases de dados disponíveis à época: (i) os dados de
poupança agregada e renda no período de 1869-1929 coletados por Kuznets, (ii) os estudos de
orçamento de 1935-36 e (iii) os dados anuais de poupança agregada e renda de 1929-1948
fornecidos pelo Departamento de Comércio.
Durante o segundo capítulo de seu livro, Duesenberry faz uma breve descrição do
sistema de preferencias e de seu uso para a determinação do comportamento do consumidor.
Através destes poderia ser mostrado que a ação do consumidor em um determinado momento
dependeria do seus ativos, da sua renda atual e futura esperada, dos preços atuais e futuros
esperados e da taxa de juros atual e futuras e esperadas. Ademais, a cada momento todo
indivíduo teria uma certa ordenação de preferencias, isto implica que se numa dada situação
um indivíduo tem uma ordenação de preferencias e em outro momento se ele tivesse sido
exposto a esses mesmos conjuntos de fatores externo seria esperado que o seu sistema de
preferencias não tivesse nenhuma mudança.

Para Duensenberry, a teoria das preferencias seria significante empiricamente, pois:

“Each of us is equipped with a body of observations on the behavior of other people


which confirms the idea that everyone has a well ordered preference system at every
moment. Moreover, we can confirm our interpretation of overt behavior by discussing
tastes and differences in tastes.” (Duesenberry, 1949)

Porém, quando o sistemas de preferencias é aplicado na prática, seria assumido que os


“gostos” fariam parte dos dados econômicos. Isto traria sérias implicações, pois significaria
que os parâmetros dos sistemas de preferencias seriam independentes de outras variáveis
econômicas, em particular as preferências de cada indivíduo seriam independentes das
aquisições dos outros indivíduos. Entretanto essa independência de preferencias individuais
possuiriam pouca sustentação quando aplicada ao que observamos.
No terceiro capítulo, Duesenberry desenvolve o que ficou conhecido como a teoria da
renda relativa embora o mesmo não sugere este nome a sua teoria. Ele inicia com uma
assertiva bastante provocativa:

“A real understanding of the problem of consumer behavior must begin with a full
recognition of the social character of consumption patterns. From the viewpoint of
preference theory, human desires are desires for specific goods; but nothing is said about
how these desires arise or how they are changed. That, however, is the essence of the
consumption problem when preferences are interdependent.”

Segundo Duesenberry, as pessoas não desejam somente específicos bens, pelo menos
na maior do tempo, elas desejam bens que as irão servir com algum propósito. Por exemplo,

4
pessoas compram carros para usa-lo como meio de transporte. Mas, obviamente, as pessoas
não são indiferentes a bens que servem ao mesmo propósito, muitas pessoas podem preferir
um Fiat à um Volkswagen e vice-versa apesar de ambos possuírem a mesma funcionalidade.
Ademais, seria importante notar que a ordenação de preferencia entre determinados bens
que servem ao mesmo propósito possuiria uma alta correlação se analisássemos estas
preferencias para indivíduos de um certo grupo. Com isto em mente, Duesenberry desenvolve
sua teoria do consumo com base em quatro hipóteses:

1. Necessidades físicas e atividades requeridas pela cultura que requerem o consumo de


certos tipos de bens;
2. Cada necessidade, seja física ou gerada socialmente, pode ser satisfeita por um certo
números de bens qualitativamente diferentes;
3. Esses diferentes tipos de bens ou, em um sentido mais amplo, maneiras de ser fazer as
coisas, seriam reconhecidas como superiores ou inferiores às outras;
4. Existe uma escala de ordenação generalizada para bens que possam ser usados para
um propósito específico.
Em sequência Duesenberry assume que o nível de poupança que alguém atinge é
resultado do conflito entre o desejo de melhorar o seu atual padrão de vida e o desejo de
conseguir um bem estar futuro através da poupança. Ele afirma que as pessoas preferem bens
de qualidade superior à de inferior e desta maneira uma pessoas só poderia melhorar o seu
padrão de vida através de uma redução da poupança.
Em seguida Duesenberry discorre obre os elemento que determinam os hábitos de
consumo das pessoas. Seriam estes: necessidades básicas físicas ou sociais que podem ser
satisfeitas pela aquisição de bens ou serviços, comportamento experimental (real ou
imaginário), o resultado destes comportamentos, isto é, em alguns casos o arrependimento de
que alguns gastos foram feitos e o aprendizado de que um certo padrão é exitoso no sentido
de que nenhum gasto gera arrependimento.
O autor afirma que seria fácil saber porque as pessoas consomem mais quando a renda
aumenta, mas o que seria capaz de aumentar o consumo sem o devido aumento da renda? A
resposta estaria ligada a exposição das pessoas a bens de consumo superiores. Logo, dado o
padrão de consumo de uma determinada família, os seus gastos tenderiam a subir até que a
frequência de contato com bens superiores seja suficientemente baixa tal que permitem a
família a resistir os impulsos em aumentar os gastos.
Duesenberry, então, se vira para o caráter social do consumo. Segundo ele, o impulso de
uma pessoa em consumir mais depende da razão entre o seu gasto com consumo e o gasto
com consumo das outras pessoas. Desta forma a utilidade do indivíduo i teria o seguinte
formato:

𝐶𝑖
𝑈𝑖 = 𝑈𝑖 ( )
∑𝑗 𝛼𝑖𝑗 𝐶𝑗

Passando agora para uma análise intertemporal, Duesenberry afirma que, dada a
interdependências de preferências, a utilidade do indivíduo i seria uma função da seguinte
forma:
𝐶𝑖1 𝐶𝑖𝑛 𝐴𝑖1 𝐴𝑖𝑛
𝑈𝑖 = 𝐹𝑖 ( , … , , …, )
𝑅𝑖 𝑅𝑖 𝑅𝑖 𝑅𝑖

Aonde 𝐶𝑖𝑛 é o consumo do indivíduo i no período n, 𝑅𝑖 = ∑𝑗 𝛼𝑖𝑗 𝐶𝑗 e 𝐴𝑖𝑛 seria o


estoque de ativos do indivíduo i no período n. Logo, através dos procedimentos usuais de
maximização de utilidade o consumo atual poderia ser expressado da seguinte forma:
5
𝐶𝑖 𝑌𝑖1 𝑌𝑖𝑛 𝐴𝑖
= 𝑓 ( ,…, , , 𝑟 , … , 𝑟𝑛 )
𝑅𝑖 𝑅𝑖 𝑅𝑖 𝑅𝑖 1

Logo, no equilíbrio, quanto maio for a renda maior seria o consumo atual e a taxa de
poupança não seria alterada por uma aumento proporcional na renda de todos os períodos.
Ademais quando maior fosse o seu percentil na distribuição da renda entre os
membros da sociedade maios tenderia a ser a sua taxa de poupança. Em outras palavras, dada
a curva de Lorenze, a taxa de poupança dependeria da posição do indivíduo na distribuição da
renda e não da sua renda em termos absolutos. Para chegar a esta conclusão Duesenberry
utiliza o seguinte raciocínio. Suponha um aumento de renda geral, num primeiro momento
tanto a poupança quanto o consumo aumentam sendo que a poupança cresceria mais em
relação a renda. Mas note que todos os membros aumentaria o consumo, de forma que a razão
𝐶𝑖
∑ 𝛼 𝐶
não teria crescido o tanto que o indivíduo pensava que tinha crescido. Desta maneira,
𝑗 𝑖𝑗 𝑗
ele estaria cercado de bens com qualidade ainda superior e então abdicaria um pouco da
poupança para consumir mais, até que um novo equilíbrio é alcançado. Tendo a sua posição
𝐶
relativa de renda não mudado, teríamos que ∑ 𝛼 𝑖 𝐶 seria a mesma do período inicial e sua
𝑗 𝑖𝑗 𝑗
taxa de poupança a mesma do período inicial.
Na sequência de seu livro Duesenberry averigua que a sua hipótese é consistente com
os dados e verifica suas implicações para questões de bem estar e crescimento da demanda.
Entretanto, uma vez que estas questões fogem do escopo da teoria da função consumo,
deixaremos estas questões de lado e para fins de comparação na sequência deste artigo
somente se considerará a teoria acima exposta. Cabe ressaltar que em 1947 Dorothy Brady e
Rose Friedman desenvolveram no artigo “Savings and Income Distributions”, uma teoria
similar argumentando que a poupança variaria com o percentil que um indivíduo se encontra
na distribuição de renda. Entretanto, Duesenberry não as cita em seu trabalho. É bem provável
que Duesenberry não tenha lido este trabalho uma vez que o seu livro foi a sua teste de
Doutorado e foi apresentada em fevereiro de 1948, logo haveria pouco tempo hábil para que
ele tomasse conta da existência desse trabalho. Portanto, a hipótese da renda relativa poderia
ser tratada como uma descoberta múltipla.

2.3 Friedman
Na apresentação da Teoria da Renda Permanente, Friedman enfatiza a importância de se
diferenciar as questões teóricas, descritas ex ante, e as questões empíricas, verificadas ex
posts. Ele começa, então, definindo y como sendo a renda de um consumidor, durante um
período específico do tempo. Ele propões que essa renda seja então dividida em dois
componentes: o componente permanente (𝑦𝑝 ) e o componente transitório 𝑦𝑡 .

𝑦 = 𝑦𝑝 + 𝑦𝑡

Segundo Friedman:

“The permanent component is to be interpreted as reflecting the effect of those factors


that the unit regards as determining its capital value or wealth: the nonhuman wealth it
owns; the personal attributes of the earners in the unit, such as their training, ability,
personality; the attributes of the economic activity of the earners, such as the occupation
followed, the location of the economic activity and so on …. The transitory component is
to be interpreted as reflecting all the others factors, factors that are likely to be treated by
the unit affected as accidental or chance occurrences, though they may, from another

6
point of view., be the predictable effect of specifiable forces, for example, cyclical
fluctuations in economic activity.”

Mas note, então que do ponto de vista teórica, ex ante, podemos definir de forma clara
estes componentes da renda, mas no caso dos dados empíricos, em geral, só podemos
verificar a renda total do indivíduo.
Prosseguindo com a teoria, Friedman aplica analogamente este conceitos ao gasto com
consumo. Ele define c como sendo o consumo de um indivíduo para um indivíduo durante um
determinado período de tempo. Ele o divide em dois componentes: o consumo permanente
(𝑐𝑝 ) e o consumo transitório (𝑐𝑡 ). Logo:

𝑐 = 𝑐𝑝 + 𝑐𝑡
Novamente, os fatores relacionados ao consumo transitório dependeriam das
características de um indivíduo, por exemplo, doença, uma oportunidade única de compra
entre outros. Friedman afirma que neste momento não seria necessário definir de antemão o
que seria o consumo permanente. Ele afirma:

“The precise line to be drawn between permanent and transitory components is best left to
be determined by the data themselves, to be whatever seems to correspond to consumer
behavior.”

Friedman afirma que a hipótese da renda permanente pode ser formalizada pelas
seguintes três equações:

𝑐𝑝 = 𝑘(𝑖, 𝑤, 𝑢)𝑦𝑝
𝑦 = 𝑦𝑝 + 𝑦𝑡
𝑐 = 𝑐𝑝 + 𝑐𝑡

A primeira equação estabelece a relação entre consumo permanente e renda


permanente, a razão entre essas duas variáveis é independente da renda permanente mas
depende de outras três variáveis em particular: a taxa de juros (i), razão entre riqueza não
humana e renda (w) e fatores que influenciam o gosto pela consumo em detrimento de uma
aumento da riqueza. Para Friedman, os fatores mais significantes seriam o número de
membros da unidade consumidora e suas características, em particular a sua idade, e a
importância dos fatores transitórios afetando a renda e o consumo, medidos, por exemplo,
pelo desvio padrão da distribuição de probabilidade de componentes transitórios relativos ao
tamanho dos componentes permanentes correspondentes. Friedman afirma que sua proposição
do formato acima seria vazia pois da maneira como formulado não seria passível de
verificação, isto é, nenhum dado empírico seria capaz de refuta-la. As duas equações
adicionam mais duas variáveis transitórias das quais não possuímos informações sobre elas.
Logo, ele adiciona mais algumas informações que seriam passíveis de testes empíricos, a
correlação entre a renda permanente e a renda transitória é zero. A correlação entre o
consumo permanente e o transitório é zero. A correlação entre o consumo transitório e a renda
transitória é zero.

𝜌𝑦𝑡,𝑦𝑝 = 𝜌𝑐𝑡,𝑐𝑝 = 𝜌𝑦𝑡,𝑐𝑡 = 0

As primeiras duas correlações supracitadas tem intepretação imediata e estaria ligada a


própria definição de permanente e transitório, movimento transitórios deveriam ser não
correlacionados com os permanentes. Já a última correlação possui importância fundamental e
seria aquela passível de refutação. Não seria plausível que dada que a pessoa tem uma renda
7
transitória esta não seria incorporada no consumo transitório? O argumento do Friedman
afirma que não. A partir do momento que a pessoa recebe uma renda inesperada, a pessoa não
aumentaria seu consumo transitório, a magnitude da variável (w) é que aumentaria relação da
riqueza não humana com a renda e o que aumentaria seria na verdade o consumo permanente.
Friedman, então parte para uma relação detalhada entre a sua teoria e o que os dados
poderiam dizer. Ao analisarmos uma amostra grande o suficiente de famílias a média da renda
transitória e do consumo transitórios seriam zero.

Desta forma a relação a ser estimada seria:


𝑐 = 𝛼 + 𝛽𝑦

Sendo a o estimador de 𝛼 e b o estimador de 𝛽, temos:

∑(𝑐 − 𝑐̅)(𝑦 − 𝑦̅)


𝑏=
∑(𝑦 − 𝑦̅)2

𝑎 = 𝑐̅ − 𝑏𝑦̅

Logo, usando as identidades de renda permanente e consumo permanente seria


possível chegar na seguinte expressão:
2
∑(𝑦𝑝 − 𝑦𝑝 ̅)
𝑏=𝑘 = 𝑘𝑃𝑦
∑(𝑦 − 𝑦̅)2

Aonde 𝑃𝑦 representa a fração da variância total da renda contribuído pelo componente


permanente da renda. O coeficiente b mediria, então, a diferença no consumo associado, em
média, a diferença de uma unidade monetária dos consumidores medidos na amostra. Mas
segundo a hipótese de Friedman, isto dependeria de duas coisas. Da parcela da renda
permanente atribuída ao consumo permanente e do quando a diferença da renda medida é
também uma diferença na renda permanente.
Suponha, então que tenha sido medido uma amostra e essa regressão tenha sido feita,
suponha também que nesse caso especial as médias dos componentes transitórios da renda e
do consumo são zero.

8
Figura 1: Regressão de Renda vs Consumo

Fonte: Friedman (1957), Elaboração do autor

Logo, suponha uma família com a renda acima da média, isto é uma renda 𝑦0 como
apontado no gráfico. Essas famílias com renda igual a 𝑦0 teriam na média um componente
transitório na renda que fariam com que elas tivessem na média uma renda maior que a média
do grupo inteiro, digamos uma boa sorte. Segundo Friedman, o componente transitório da
renda seria positivamente correlacionado com a soma da renda e um componente não
correlacionado com a renda( o componente transitório). Mas note que não podemos dizer
muita coisa do componente transitório do consumo pois ele não é correlacionado com o
componente transitório da renda, logo ele seria assumido como a média do grupo inteiro que é
por hipótese zero. Portanto, a média do consumo permanente do grupo com renda medida 𝑦0
é igual a 𝑘𝑦𝑝0𝑚 . Mas note que dentro desse grupo pode haver pessoas cuja renda medida
coincida com a renda permanente e o que levaria elas a consumir 𝑐 = 𝑎 + 𝑏𝑦0 .
Logo, se na média o componente transitório do consumo não for zero o modelo se
tornaria inadequado, pois a estimação da reta 𝑐 = 𝛼 + 𝛽𝑦 ficaria incorreta. Então, se as
médias dos componentes transitórios não puderem ser igualadas a zero, dados para um grupo
em um único período do tempo se tornariam inadequados para estimar todos os parâmetros.
Segundo Friedman:

“Our hypothesis gives a major role to certain features of the income distribution generally
neglected in consumption studies. It asserts that some of the most strikingly uniform
characteristics of computed regressions between consumption and income are simply a
reflection of an inadequacy of measured income as an indicator of long-run income status.
In consequence, differences among various groups of consumer units in observed
marginal propensities to consume may not reflect differences in underlying preferences
for consumption and wealth at all; they may reflect primarily the different strength of

9
random forces, including errors of measurement, in determining measured income.”
(Friedman, 1957)

A engenhosidade de Friedman consistiu, então, em utilizar elementos teóricos para


explicar as inconsistência que se via em trabalhos empíricos. Por exemplo de que a propensão
marginal a consumir em cross sections é menor do que a propensão média a consumir de
longo prazo. Sua explicação seria de que no curto prazo presumia-se que os componentes
aleatórios estariam ausentes o que causaria um viés de atenuação e no longo prazo haveria
mudanças na renda permanente levando a um deslocamento para cima da função consumo.
Durante o seu livro, Friedman colocou sua hipótese contra uma série de dados que
confirmaram a sua consistência. Segundo Meghir (2004) a hipótese da renda permanente
oferece uma abordagem flexível para o estudo do consumo e da poupança o que explica
porque até hoje ela tem sido utilizada tanto em trabalhos empíricos como em trabalhos
teóricos.

10
3 Discussão

Nesta seção faremos uma discussão sobre as ideias desses três autores sobre a função
consumo. Na primeira seção vamos tentar visualizar as principais diferenças e sobreposições
entre as três teorias enquanto na segunda apontaremos diferenças e semelhanças
metodológicas.

3.1 Sobreposições e Principais Diferenças

Vamos iniciar comparando a função consumo entre Keynes e Duesenberry.


Primeiramente é importante notar que Keynes não afirma explicitamente em suas hipóteses
que o consumo de um indivíduo é independente do de outra família apesar de Duesenberry,
em sua exposição, afirmar que Keynes está utilizando esse pressuposto e, então, redigir toda a
sua teoria com base que o consumo do indivíduo dependeria das suas relações com a
sociedade e, principalmente, da sua posição no percentil de consumo da sociedade.
Em nenhum momento Keynes nega tacitamente a possibilidade disso acontecer. Ao
invés disso ele afirma que existiriam fatores subjetivos que poderiam afetar a propensão a
consumir. Em particular um poderia chegar bastante perto da hipótese de Duesenberry.

“To enjoy a gradually increasing expenditure, since it gratifies a common instinct to look
forward to a gradually improving standard of life rather than the contrary, even though
the capacity for enjoyment may be diminishing (Keynes, 1937)

Note então, que esse fator objetivo que afeta a propensão a consumir se assemelha
bastante das proposições de Duesenberry sobre o qual a sua hipótese está centrada. Se uma
pessoa deseja assumir um maior consumo para alcançar uma melhor padrão de vida, Keynes
estaria reconhecendo a característica social do consumo na qual se baseia a hipótese de
Duesenberry. A questão é que Keynes afirma que para uma determinada sociedade estes
fatores estariam estáticos e portanto não afetariam a análise. Nos termos de Karl Popper
Keynes estariam usando um “estratagema imunizador”. Keynes não nega que as relações de
um indivíduo com a sociedade possam afetar o seu consumo, isto é ao haver um aumento da
renda na sociedade, seria plausível que esta fosse distribuída entre os indivíduos de uma
forma que o percentil de cada um na distribuição de renda não fosse alterado. Desta maneira,
as conclusões que Duesenberry chega seria de que dado um aumento de renda que não
alterasse o percentil do consumo a taxa de poupança seria a mesma.
Por outro lado podemos ver uma certa incompatibilidade entre essas duas teorias do
consumo da seguinte forma. Para Keynes a característica psicológica fundamental do
consumo seria a de que um aumento na renda geraria um aumento no consumo menor em
proporção. Logo se as família poupam a renda daquilo que não é consumido a sua taxa de
poupança aumentaria com a renda. Duesenberry afirma que isso só seria verdade se essa
família aumentasse o seu percentil na distribuição da renda. Isto é pela ótica de Duesenberry a
relação do indivíduo com a sociedade permanecesse da mesma maneira, como Keynes afirma
acontecer na sua análise não haveria como essa análise entre ambos serem a mesma. Talvez
uma maneira de compatibilizar ambas as teorias seria permitindo que no aumento de renda em
uma família estivesse implícito que a mudança no percentil de renda da família, mas isso
afetaria o conceito primordial de Keynes que seria a estabilidade da propensão a consumir.
Entretanto se olharmos para um espectro não dinâmico, isto é estático, se uma família
tem uma renda maior que a de outra família, seria plausível supor que em ambas as teorias o
consumo da família de maior renda seria maior e a taxa de poupança da família de maior
renda seria maior. Logo, a mudança estaria principalmente na dinâmica de ambos. A possível
explicação para isto seria a de que a função consumo de Keynes não deveria ser visto como

11
uma função aplicada para um indivíduo mas sim somente para uma sociedade inteira,
enquanto para Duesenberry a função consumo deveria ter uma ótica mais individualista.
Ao compararmos a teoria da função consumo de Keynes e a de Friedman devemos
novamente avaliar os fatores que afetariam a propensão a consumir de Keynes. Friedman
afirma que o consumo das pessoas estão essencialmente baseados na sua renda permanente.
Ele afirma que podem haver consumos e rendas temporárias não esperadas, mas o que pode
ser negado de fato é que o consumo não seria uma função da unicamente da renda corrente.
Entretanto, cabe notar que um dos fatores objetivos que Keynes afirma afetar a propensão a
consumir é:

“6 Changes in expectations between present and future income”

Logo, Keynes não ignora que o consumo possa ser afetado por mudanças na
expectativa de renda, como afirmado por Friedman, mas ele afirma que para uma determinada
sociedade este não seria alterado em um espaço curto de tempo. Para ele mudanças na
expectativas de renda seriam eventos nos quais existem bastante incerteza intrinsicamente, de
tal forma que isto seria incapaz de exercer uma influência importante na análise. Uma citação
de Keynes do seu artigo “The General Theory of Employment “ ajuda a esclarecer a questão:

“By uncertain knowledge, let me explain, I do not mean merely to distinguish what is
known for certain from what is only probable. The game of roulette is not subject, in this
sense, to uncertainty; nor is the prospect of a Victory bond being drawn. Or, again, the
expectation of life is only slightly uncertain. Even the weather is only moderately
uncertain. The sense in which I am using the term is that in which the prospect of a
European war is uncertain, or the price of copper and the rate of interest twenty years
hence, or the obsolescence of a new invention, or the position of owners in the social
system in 1970. About these matters there is no scientific basis on which to form any
calculable probability whatever. We simply do not know.” (Keynes, 1937)

Portanto, se a expectativa de renda hoje for igual a expectativa de renda no futuro, o


que não é incompatível com a teoria de Friedman, a função consumo seria sim uma função da
renda atual. Logo no momento que a renda atual aumentasse, digamos uma promoção na
empresa, uma família tenderia a aumentar seu consumo, pois além de sua renda atual ter sido
alterada, sua renda permanente também seria alterada. Isto poderia ser plausivelmente ser
captado pela propensão marginal a consumir de Keynes.
Apesar de Keynes não estar vivo à época do lançamento do livro de Friedman, muito
provavelmente ele teria criticado esta abordagem de Friedman. Uma vez que, a abordagem de
Friedman utiliza o conceito de incerteza como se fosse algo calculável para a mente humana,
enquanto que para Keynes as pessoas teria pouca ou nenhuma ideia das consequências de
longo prazo de suas ações, como elas seriam, então, capazes de calcular a sua renda
permanente para todo um período da sua vida?
Portanto, podemos dizer que há possibilidades de compatibilidade entre a teoria de
Friedman e Keynes sobre o consumo, mas também há uma diferença crucial de hipóteses que
seria de que para Keynes as expectativas quanto ao futuro seria constantes o que implicaria
que o consumo dependeria da renda atual enquanto que em Friedman seria o consumo
permanente dependeria da renda permanente.
Uma questão fundamental quando comparamos a função consumo de Keynes com a
de Friedman e a de Duesenbery é ade que os dois últimos escreveram as suas teorias como
uma forma de resposta a função consumo de Keynes. Ambos os prefácios de seus livros citam
a inconsistência da teoria de Keynes com os dados compilados por Simon Kuznets (1942) que
compilou dados de renda agregada e poupança agregada para o período de 1869 até 1929.
Segundo essa pesquisa as taxas de poupança não cresceram com o aumento de renda o que

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seria inconsistente com a função de consumo Keynesiana, Dito isso, ambos se propuseram a
criar uma teoria da função consumo que seria capaz de explicar tal enigma. Para Friedman
uma vez que o consumo seria uma função da renda permanente, em particular 𝑐𝑝 = 𝑘𝑦𝑝 ,
quando a renda permanente cresce o consumo permanente também cresceria a uma mesma
taxa, implicando numa taxa de poupança igual. A explicação dada por Duesenberry seria de
que em períodos de grande crescimento de renda a taxa de poupança se comportaria de forma
independente da renda agregada o que implicaria que quando a renda crescesse a taxa de
poupança tenderia a não ser afetada por esse fato levando ela a ficar constante.
Quanto as comparações entre Friedman e Duesenberry, o primeiro afirma que sob
certas condições a hipótese da renda permanente e a hipótese da renda relativa poderiam ser
equivalentes. Suponha que os componentes transitórios da renda e do consumo sejam zero
para um grupo. Logo, um consumidor cuja renda medida se iguale a média desse grupo teria
renda transitória igual a zero e seu consumo seria k vezes a sua renda. Para consumidores na
mesma posição na escala de renda medida o consumo deles somente mudaria se a constante k
fosse diferente. Logo se olhássemos para diferentes grupos fariam sentido dizer que o seu
consumo dependesse da sua posição relativa na distribuição da renda. Friedman afirma que
para um mesmo grupo ambas as teorias diriam a mesma coisa.
Entretanto, Friedman afirma que a grande diferença entre ambos apareciam no caso
em que analisássemos grupos diferentes, uma vez que Duesenberry afirma que quando a
distribuição de renda entre um grupo muda a relação entre o percentil de renda e a quantidade
consumida poderia mudar. Para Friedman isto seria incompatível justamente porque ele
trataria essa diferença entre grupos, como um desvio em relação a sua média, isto é uma
pessoa cuja a sua renda supera a da média teria uma renda transitória maior e uma vez que o
consumo permanente depende da renda permanente pessoas com consumo permanente iguais
tenderiam a consumir a mesma fração da renda o que geraria uma incompatibilidade com a
teoria da renda relativa.

3.2 Metodologia

Durante essa seção exporemos brevemente como cada um dos autores buscam expor a
sua teoria do consumo e a maneira que cada um dos autores tenta defender a sua teoria contra
o ataque de outras teorias.
Segundo Boland(2002) e outros autores um dos principais objetivos de Keynes a
época em que ele escreveu a Teoria Geral seria atacar o método então prevalecente de se fazer
análise econômica baseada principalmente numa abordagem Neo-Clássica Marshalliana,
embasada fundamentalmente na otimização com estrições. Desta maneira Keynes não
desenvolve a sua teoria do consumo com base na maximização da utilidade e na função de
demanda do consumidor. Ele mesmo criticava a teoria neoclássica por tratar como se a
demanda e a oferta pudessem ser vistas como duas funções independentes e não como um
conjunto. Segundo ele:

“My next difference from the traditional theory concerns its apparent convinction that
there is no necessity to work out a theory of the demand and supply of output as a whole
… the theory of effective demand, that is the demand for output as a whole, having been
entirely neglected for more than a hundred years. (Keynes, 1937)

Keynes, então, constrói sua teoria do consumo com base em uma “lei psicológica
fundamental” que seria de que os homens estão dispostos a aumentar o seu consumo quando a
sua renda cresce mas não em igual quantia ao aumento de sua renda. Logo, Keynes partiria de
uma lógica dedutiva, umas vez que através de uma verdade, a qual poderia ser tratada com um
princípio geral, casos mais particulares poderiam ser deduzido. Isto é, a propensão a consumir

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poderia ser visto como um caso particular desta lei psicológica fundamental. Assim como o
fato auferido por Keynes de que pessoas com rendas mais altas teriam uma taxa de poupança
maior e pessoas com uma renda menor teriam taxas de poupanças menores. Um outro caso
particular deste princípio, seria então de que ela poderia ser aplicada para uma sociedade
inteira. Logo, a teoria de Keynes poderia ser “falseada”, bastaria mostrar que a medida que a
renda cresce a poupança não cresceria. Kuznets (1942) , de fato, mostra isso, segundo seu
estudo o aumenta da renda não contribuiu para um aumento na taxa de poupança, esta teria se
mantido constante. Entretanto, a questão temporal talvez devesse ser levada em conta, teria os
fatores objetivos que influenciam a propensão a consumir mudados? Se sim, a propensão a
consumir poderia mudar o que tornaria a função consumo de Keynes não falseável.
Outro aspecto importante da função consumo para Keynes é que ela não era o tema
principal do seu livro. Ela era simplesmente uma ferramenta a qual Keynes necessita para
chegar as conclusões do seu livro. Sua forma mais geral e simples, tinha como intuito fazer
parte de um elo que permitiria encontrar o nível de emprego de uma economia, que ao
contrário do pensamento neoclássico, poderia se encontrar em um equilíbrio abaixo do pleno
emprego.
Keynes, ao contrário de Duesenberry e Friedman, não utiliza dados para comprovar o
seu ponto de vista sobre o consumo. Ele apenas utiliza o seu raciocínio lógico, sua intuição
econômica e sua grande capacidade introspectiva para chegar nas conclusões dos seu capítulo
sobre a propensão a consumir.
Em sua obra “Income Savings and the Theory of Consumer Behaviour” James
Duesenberry afirma que já teria sido mostrado por Hicks que a função consumo Keynesiana
seria um caso especial da teoria geral do comportamento do consumidor e a mesma poderia
ser deduzida utilizando os pressupostos apropriados. Logo, a função consumo keynesiana não
seria algo muito generalista, uma vez que o ferramental Marshalliano Neoclássico seria capaz
de deduzi-la através de uma maximização de utilidade sujeita a restrições. Aqui caberia uma
pequena disgressão. Segundo Boland (2002), a visão do que seria mais generalista para
Keynes seria o fato de haver mais variáveis exógenas, o que seria contrário a perspectiva
neoclássica que se daria através de um maior número de variáveis endógenas. Dito isto, a
função consumo Keynesiana se colocaria acima, isto é mais geral, que a teoria geral do
comportamento do consumidor.
Duesenberry ataca, então a posição de Keynes quanto as preferencias do consumo.
Segundo ele, Keynes assumiria o fato de que as preferencias seria independentes, o que
estaria incorreto segundo o autor. Ao contrário de Keynes, Duesenberry desenvolve sua teoria
com base na abordagem de maximização de utilidade. Ele afirma que esta seria a maneira
mais apropriada de se fazer ciência pois nela estaria todas as informações essenciais para se
analisar o comportamento do consumidor:
“Everyone agrees that science must proceed by abstraction. We must center our attention
on a relative small number of important determinants of behavior and neglect the rest lest
we be lost in a sea of facts. The utility theory and its derivatives are supposed to take into
account the important factors in consume behavior. Anyone who insists on bringing in
other elements can easily be regarded as a naïve realist in the same class with those
people who argue from particular instances which contradict statistical results.”
(Duesenberry,1949)

É possível dizer que Duesenberry parte da hipótese de que as preferencias dos


consumidores são interdependentes. Para demonstrar que esta hipótese é correta ele recorre ao
que chamou de característica social do consumo, nela ele tenta explicar como nasce a vontade
de uma pessoa consumir e como isto é influenciado pelas pessoas do seu entorno social. Nesta
parte ele mistura conceitos de economia, utilizando conceitos de utilidade marginal, e de
psicologia, com relação a prestígio. O autor inclusive cita artigos de psicologia que falam do

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conceito de manutenção de prestígio, ao contrário de Keynes que para comprovar a sua lei
psicológica fundamental utiliza apenas a introspecção.
Tendo estabelecido sua hipótese fundamental, Duesenberry então utiliza a abpdagem
utilitarista para o consumo, derivando sua função consumo com base com base na função
consumo de todos os agentes da sociedade. Ao contrário de Keynes a abordagem de
Duesenberry é mais focada nos indivíduos, ou seja haveria uma maior presença do
individualismo metodológico, o que seria buscado é uma função consumo individual e não
para uma sociedade inteira como é feita por Keynes. Além disto, o livro de Duesenberry tem
como principal foco propor uma nova teoria do consumo e não uma teoria geral para o
emprego como Keynes.
Outro aspecto importante presente no trabalho de Duesenberry é uma grande
verificação da sua teoria com dados. Isto é, ele tenta provar que a sua teoria seria capaz de
sobreviver a tentativas de serem “falseadas”. Ele testa sua hipótese contra um conjunto de
dados baseados em entrevista com pessoas nas quais elas diziam quanto era a sua renda atual
e qual seria a sua aspiração de renda, contra dados de poupança pessoas negras e brancas e
contra dados de poupança de diferentes cidades nos Estados Unidos. Em todas as pesquisas,
suas hipóteses teriam sido consistentes com dados.
Ademais Duesenberry parecia estar preocupado nas implicações que a sua teoria
poderia ter nas teorias vigentes à época, ele infere como a sua teoria se aplica a teoria dos
ciclos econômicos e a questões de bem estar social. Ao contrário de Keynes, Duesenberry não
procurava um novo modo de se fazer análise econômica mas sim de propor uma teoria para a
função consumo partindo de um pressuposto que parecia estar sendo negligenciado. Cabe
notar também que o próprio Duesenberry se considerava um Keynesiano, ele não se propunha
a negar a teoria proposta por Keynes, mas sim de complementa-la.
Uma das principais características de Friedman, segundo Hetzel (2007) seria a sua
grande capacidade de misturar tanto questões dedutivas e indutivas quantos questões
empíricas e teóricas. Durante o seu livro “A Theory of The Consumption Function” isto não é
diferente. Friedman começa o seu livro falando que deseja adicionar uma nova hipótese às
relações observadas entre gasto com consumo e renda. Isto é, o foco de Friedman seria ter
uma hipótese que fosse consistente com as observações. O que nos levar a acreditar que ao
formular a sua teoria, Friedman já tinha os dados que ele utilizaria em mente. Um fato curioso
que ele cita no seu prefácio, é de que o seu casamento com Rose Friedman e sua amizade com
Dorothy Brady influenciou a escrita desse livro.

“The theory of the consumption function proposed in this book evolved a number of
years. During most of this period, I was not engaged in empirical work on consumption.
Indeed, prior to writing this book, I had done none since 1935-37, when I was connected
with the planning of the Study of Consumer Purchases. I nonetheless kept in close touch
with empirical research on consumption, thanks to the combined accident of my wife’s
occasional interest in the field and our joint friendship Mrs. Brady unrivaled knowledge
of the empirical evidence from family budget data, penetrating insights into their
explanation, and deep understanding of the scientific problems involved in their analysis
occasioned a series of conversation on the interpretation of the consumption data in which
discussions Margaret Reid subsequently joined. Miss Reid, with characteristic
enthusiasm, persistence, and ingenuity proceeded to put a critical test the hypothesis that
had been evolving out of these conversations. When it seemed to be passing the tests with
flying colors, she pressed me to write up the underlying theory so that she could refer to
it in a paper presenting her conclusions.” (Friedmam,1957)

Friedman inicia o seu livro descrevendo as implicações da Teoria Pura do


Comportamento do Consumidor, ele utiliza o que poderia ser chamado de aparato
neoclássico-Marshalliano, utilizando conceitos de maximização de utilidade e curvas de
indiferença. Ele inclusive aponta a relação entre a função consumo individual e a função
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consumo agregada o que não é feito por Keynes. Em sequência ele apresenta a sua hipótese,
não dando muitas explicações de onde ela surge. Friedman não apresenta uma lei psicológica
fundamental muito menos ele recorre a conceitos da psicologia para avaliar a validez de sua
hipótese. Claramente, a maneira mais eficaz para Friedman de demonstrar que a sua hipótese
não está errada seria através dos dados, o que ele faz de forma magnífica durante o livro.
De fato, pouca introspecção é feita através de Friedman, ele inclusive deixa claro que
durante o seu livro ele iria tratar o consumidor como se ele estivesse agindo de acordo com a
sua hipótese e iria checar se os dados disponíveis fossem consistente com isto. É possível ver
claramente neste livro, as suas ideias propostas anos antes no seu artigo “Essays in Positive
Economics”, aonde ele advoga que apenas com base na correspondência entre previsões e
fatos uma teoria poderia ser aceita ou recusado. Os fatos de Friedman seriam os dados de
consumo e a sua previsão seria de que o consumo permanente seria uma função da renda
permanente.
Sua abordagem difere, então bastante da de Keynes mas pode-se dizer que de maneira
semelhante com de Duesenberry, uma vez que ambos tem uma intensa preocupação em
verificar as suas hipóteses contra os dados, inclusive os mesmos dados utilizados por
Duesenberry são usados por Friedman para verificar a consistência de sua hipótese.
Entretanto, Friedman parece ir além de Duesenberry com relação aos dados, ele entra em
detalhes na diferença da renda medida e a renda transtitória e permanente e nos problemas
que podem ser gerados através do processo de coleta de dados. Friedman também faz uma
profunda análise de como a variância da renda em um grupo afeta os resultados encontrados
na estimação da propensão a consumir. Ele faz o mesmo para questões de séries temporais.
Muito provavelmente o fato dele ter sido Diretor do grupo de pesquisa estatística na divisão
de pesquisa de guerra da Universidade de Columbia durante o período de 1943-1945 o
auxiliou nesta tarefa. Ademais, Friedman possuía algumas publicações em estatística o que
provavelmente ajudou ele a trazer novos insishts para a pesquisa do consumo. É possível
dizer que sua análise utiliza em grande parte uma abordagem indutiva uma vez que a partir
dos dados do consumo ele tenta inferir que a sua hipótese pode ser aceita.
Cabe notar também que muitas das implicações da sua hipótese não são analisadas
durante o seu livro. Por exemplo, a questão de que dado um aumento inesperado na renda
permanente as pessoas iriam preferir suavizar seu consumo através de mudanças na poupança
não aparecem em suas conclusões, o que Friedman realmente propõe em seu livro seria uma
nova abordagem para os dados que relacionam consumo e renda.
Um fato importante é a baixa relevância que a teoria da renda relativa teve quando
comparada com Friedman e Keynes. De fato, pouco economistas conhecem essa teoria e ela
sequer aparece nos principais livros-textos de graduação em economia. Frank (2005) afirma
que a teoria da renda relativa estava bem acima de seu tempo e o seu relativo
desconhecimento seria algo intrigante. Acerca disso Frank (2005) discorre:

“This is puzzling because his theory of consumer behavior clearly outperforms the
alternative theories that displaced it in the 1950's -- a striking reversal of the usual pattern
in which theories are displaced by alternatives that better explain the evidence. His
disappearance from modern economics textbooks is an intriguing cautionary tale in the
sociology of knowledge.” Frank (2005)

Uma possível, porém rasa, explicação para tal fato seria uma abordagem não usual de
Duesenberry para a época. Talvez a ciência econômica ainda não fosse tão aberta a uma
multidisciplinaridade como a feita por Duesenberry. A mistura de conceitos psicológicos com
a economia talvez ainda não fosse tão aberta como agora, em que um psicólogo Daniel

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Kahneman chegou a ganhar um prêmio Nobel em economia por abordagens em economia que
antes ficavam restritas ao campo da psicologia.

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4 Conclusão
Este artigo procuro analisar as teorias para a função consumo de Keynes, Duenseberry
e Friedman que ficaram conhecidas na literatura econômica como Teoria da Renda Absoluta,
Teoria da Renda Relativa e Teoria da Renda Permanente, respectivamente, apontando quais
foram as principais contribuições de cada uma para a teoria econômica e analisando as suas
semelhanças e diferenças sob uma ótica teórica e metodológica.
Para Keynes foi encontrado que este buscou uma teoria para o consumo no âmbito de
explicar os determinantes para o nível de emprego, de tal forma que o consumo agregado é
função da renda agregada e que a propensão a consumir é menor que um. Duesenberry afirma
que o consumo é função do percentil da qual o indivíduo se encontra na distribuição da renda
da sociedade e que a taxa de poupança seria maior para indivíduo nos percentis superiores,
para Friedman o consumo permanente dependeria basicamente da renda permanente e não da
renda transitória.
Foi mostrado também que Keynes não ignorou por completo as colocações de
Duesenberry e Friedman, ao longo de seu trabalho Keynes afirmam que estão questões
estariam fixas e, portanto, não afetariam a sua proposta para a função consumo. Mas
mostramos também que o relaxamento destas questões gerariam uma considerável diferença
na função consumo.
Quanto as questões metodológicas foi encontrado que Keynes e Duesenberry
compartilham o fato de partirem de princípios mais de dedutivos e de utilizarem conceitos
psicológicos em suas argumentações enquanto Friedman não se baseou em princípios
psicológicos a partiu para uma abordagem mais indutiva. Tanto Friedman quanto
Duesenberry confrontaram suas proposições teóricas em relação a dados diferentemente de
Keynes.
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5 Referências

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em “The New Palgrave”

Boland, Lawrence A. (2002) “The Foundations of Keynes’ Methodology: The Generla


Theory”.URL: https://www.researchgate.net/publication/2832933

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Literature

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Darby, M,R., (1987), “Consumption function” em “The New Palgrave”

Deaton, Angus, (1987) “Consumer expenditure” em “The New Palgrave

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Flemming, J.S., (1973) “The consumption function when capital markets are imperfect”
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Frank, Robert (2005) “The Mystrious Dissapearance of James Dusenberry” disponível em


https://www.nytimes.com/2005/06/09/business/the-mysterious-disappearance-of-james-
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Friedman, M., (1957), “A Theory of the Consumption Function”

Hall, Robert, (1978), “Stochastic Implications of the lifecycle-permanet income hypothesis”


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Hall, Robert, (1989), “Consumption” em “Modern Business Cycle Theory”

Hetzel, Robert L. (2007) “The contributions of Milton Friedman to Economics”Economic


Quarterly vol 93

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Economics

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Palley, T. The Relative Income theory of Consumption: A Synthetic Keynes-Duesenberry-


Friedman Model. URL: http://d.repec.org/n?u=RePEc:uma:periwp:wp170&r=pke

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Wiliiamson, S. D. “Liquidity Constraints” em “The New Palgrave Dictionary of Economics

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