Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
Alfred
Drake
e
Joan
Roberts
(Na
carruagem
coberta
puxada
por
cavalos,
tão
destacada
na
canção
The
Surrey
with
the
Fringe
on
the
Top)
rodeados
por
outros
membros
do
elenco
original
na
capa
do
Playbill
de
Oklahoma!
O
Processo
Richard
Rodgers
e
Oscar
Hammerstein
II
se
conheciam
desde
que
trabalharam
juntos
nos
Varsity
Shows
da
Columbia
University.
Desde
lá,
ambos
trabalharam
com
colaboradores
que
escreviam
a
música
antes
das
letras.
Eles
agora
iriam
provar
que
a
abordagem
“letras
primeiro”
fariam
as
canções
se
integrarem
melhor
ao
libreto.
(Os
gigante
britânicos
Gilbert
e
Sullivan
já
haviam
feito
isso
há
muito
tempo
atrás,
mas
em
1940
isto
era
desafiador
para
compositores
da
Broadway).
Rodgers
e
Hammerstein
sentiram
que
a
fracassada
peça
Green
Glow
the
Lilacs
precisava
de
algo
a
mais
do
que
tratamento
padrão
dado
às
comédias
musicais.
O
enredo
girava
em
torno
de
Laurie,
uma
jovem
fazendeira
de
Oklahoma
no
início
do
século
XX
que
precisa
decidir
entre
ir
a
uma
dança
com
o
caseiro
por
quem
ela
se
sente
ameaçada
(Jeeter
na
peça;
Judd
no
musical)
ou
o
caubói
que
ela
ama
(Curly).
A
história
[SPOILER
ALERT]
toma
um
caminho
sombrio
quando
o
caseiro
se
revela
um
assassino
psicopata
que
o
heroico
caubói
é
forçado
a
matar
em
legítima
defesa.
Assassinato
num
musical?
Sem
falar
que
Hollywood
tinha
transformado
caubóis
cantantes
num
clichê.
Essa
história
funcionaria
na
Broadway?
A
Produção
O
final
do
musical
inclui
uma
sequência
de
balé
de
15
minutos,
refletindo
os
sentimentos
de
Laurey.
Esta
sequência,
criada
por
Agnes
DeMille
(foto),
ficou
conhecida
como
dream
ballet
e
influenciou
muitas
das
produções
teatrais
e
cinematográficas
que
vieram
em
seguida.
Apesar
de
possuir
trechos
cômicos
(I
Cain’t
Say
No)
e
uma
boa
dose
de
romance
(People
Will
Say
We’re
in
Love
e
Out
of
My
Dreams),
o
show
não
era
nem
a
típica
comédia
romântica,
nem
a
opereta.
Era
algo
novo,
uma
peça
musical
concisa,
com
cada
elemento
dedicado
a
avançar
a
história
naturalmente.
Hammerstein
havia
tentado
fazer
algo
similar
com
seu
libreto
em
Show
Boat
(1927),
mas
muitos
dos
personagens
eram
bidimensionais
e
o
enredo
dependia
de
convenções
melodramáticas.
Desta
vez,
ele
estava
levando
as
coisas
um
pouco
mais
longe.
O
time
criativo
continuou
ajustando
o
espetáculo
até
que
uma
noite,
um
exausto
Rodgers
bateu
o
pé
no
chão
dizendo:
“Sabe
o
que
há
de
errado
com
esse
show?
Nada!
Agora
todo
mundo
quieta
o
facho
e
vamos
dormir.”
A
Grande
Estreia!
Oklahoma!
(1943
–
2.212
performances)
estreou
no
St.
James
Theatre
em
Nova
Iorque
na
noite
de
31
de
Março
de
1943.
A
casa
não
estava
cheia
–
sem
estrelas
no
elenco,
era
difícil
trazer
o
público
mesmo
se
os
ingressos
fossem
dados.
Os
poucos
que
comparecerem
se
viram
ovacionando
um
hit
inesperado.
“Eles
vibravam!
Eles
gritavam!
O
publico
não
tinha
visto
garotos
e
garotas
dançando
desta
forma
há
muito
tempo.
Claro
que
eles
já
dançavam
assim,
mas
não
onde
a
plateia
pudesse
ver!”1
Com
este
musical,
o
barítono
Alfred
Drake,
que
interpretou
o
prepotente,
porém
amável,
Curly,
começou
seu
reinado
como
leading
man
absoluto
da
Broadway,
e
Celeste
Holm,
que
interpretou
a
brincalhona
Ado
Annie,
virou
mais
uma
estrela
que
continuou
no
firmamento
dos
palcos
e
das
telas
até
o
próximo
século.
Praticamente
todas
as
críticas
foram
extremamente
favoráveis
e
no
dia
seguinte
havia
uma
fila
na
bilheteria
que
se
estendia
por
quarteirões
inteiros.
A
plateia,
apesar
dos
difíceis
tempos
de
Guerra,
abraçaram
este
empolgante
show
americano,
e
os
céticos
que
debocharam
em
New
Haven
fingiram
que
eles
sempre
souberam
que
a
dupla
“Dick
e
Oscar”
eram
sucesso
na
certa.
Oklahoma!
se
tornou
um
fenômeno
cultural,
um
recorde
de
temporada
para
musicais
da
Broadway.
Ele
ficou
em
cartaz
por
três
anos
em
Londres,
ficou
em
turnê
pelos
EUA
por
sete
e
fez
milhões
de
dólares.
No
final
da
temporada,
os
patrocinadores
receberam
a
impressionante
quantia
de
2.500%
de
retorno
do
investimento.
O
que
mudou?
Antes
de
Oklahoma!
os
compositores
e
letristas
da
Broadway
escreviam
canções,
depois
de
Oklahoma!
eles
precisavam
ser
dramaturgos,
utilizando
a
partitura
para
desenvolver
personagens
e
avançar
a
ação.
Nas
palavras
de
Mark
Steyn:
“Nas
canções
de
Lorenz
Hart
ou
Cole
Porter
você
escuta
o
letrista
–
com
Hammerstein
você
escuta
os
personagens2”.
1
Agnes
DeMille,
citada
por
Max
Wilk
em
OK:
The
Story
of
Oklahoma!
(New
York:
Grove
Press,
1993),
p.
222.
2
Mark
Steyn.
Broadway
Babies
Say
Goodnight
(Routledge,
NY,
1999,
p.67)
De
fato,
tudo
no
musical
agora
servia
a
um
propósito
dramático.
Os
passos
de
dança
que
distraiam
a
plateia
do
passado
foram
substituídas
por
coreografias
que
ajudavam
a
contar
a
história
do
show.
Alguns
outros
shows
anteriores
tentaram
esta
mesma
aproximação
de
escrever
uma
partitura
direcionada
pelo
livro,
mas
eles
acabavam
por
exibir
determinados
artistas
em
canções
e
cenas
que
nem
sempre
serviam
à
história.
Por
exemplo,
o
Show
Boat
original
dava
ao
Capitão
Andy
desculpas
para
fazer
graça
e
Lady
in
the
Dark
permitia
que
Danny
Kaye
e
Gertrude
Lawrence
apresentassem
números
que
favoreciam
as
habilidades
pelos
quais
eles
ficaram
famosos
sem
que
isto
tivesse
alguma
coisa
a
ver
com
o
enredo.
Oklahoma!
rejeitava
este
tipo
de
artifício,
descartando
qualquer
coisa
que
não
se
encaixasse
na
trama
ou
trouxesse
uma
nova
compreensão
sobre
os
personagens.
A
fórmula
old-‐style
das
comédias
musicais
como
No,
No,
Nanette
e
Anything
Goes
pode
ser
bastante
atrativa,
mas
seus
personagens
unidimensionais
são
como
figuras
em
livros
infantis,
não
nos
identificamos
nem
simpatizamos
com
eles.
Quando
Laurie
e
Curly
admitem
que
se
amam
cantando
People
Will
Say
We’re
in
Love
a
plateia
se
torna
um
mar
de
sorrisos
e
olhos
umedecidos.
E
o
mesmo
acontece
com
os
outros
musicais
clássicos
de
R&H
e
seus
sucessores
–
a
maioria
dos
personagens
são
indivíduos
críveis
com
os
quais
simpatizamos.
Rodgers
e
Hammerstein
normalmente
lidavam
com
temas
sérios,
mas
eles
sabiam
que
a
principal
função
do
teatro
(musical
ou
não)
é
contar
histórias
interessantes
sobre
personagens
fascinantes.
Rodgers
e
Hammersteins
não
eram
Santos,
mas
eles
tinham
uma
fé
genuína
nas
qualidades
demonstradas
em
seus
shows:
bondade,
justiça,
romance...
Se
hoje
essas
coisas
são
cafonas
ou
fora
de
moda,
estas
virtudes
significavam
muito
no
meio
do
século
XX,
e
elas
ainda
mantêm
o
trabalho
da
dupla
popular
até
hoje.
Rodgers
tinha
sua
própria
visão,
como
expressada
em
sua
autobiografia:
…eu
sinto
que
o
maior
legado
de
Oklahoma!
foi
simplesmente
fazer
com
que
os
escritores
percebessem
que
quando
passar
por
eles
algo
diferente,
e
se
fosse
algo
de
mérito,
haveria
uma
audiência
grande
e
receptiva
esperando
por
eles.
Libretistas,
letristas
e
compositores
agora
tinham
um
novo
incentivo
para
explorar
uma
miríade
de
temas
e
técnicas
dentro
do
quadro
do
teatro
musical
comercial.
Desde
Oklahoma!,
com
raras
exceções,
as
produções
memoráveis
foram
aquelas
audaciosas
o
suficiente
para
quebrar
o
molde
convencional4.
3
Cecil
Smith,
Musical
Comedy
in
America
(New
York:
Theatre
Arts
Books,
1950),
p.
343-‐344.
4
Richard
Rodgers,
Musical
Stages
(NY:
Random
House,
1975),
p.
229.
Gravações
O
elenco
original
cantando
a
empolgante
canção
Oklahoma!
–
conforme
ilustrado
na
capa
do
best
seller
Original
Broadway
Cast
Recording,
lançado
em
Disco
de
78
rpm.
Foi
a
primeira
gravação
de
um
musical
da
Broadway
que
constasse
não
apenas
o
elenco
original,
mas
também
o
coro
e
a
mesma
orquestra
completa.
Quem
não
conseguia
assistir
ao
show,
comprava
o
album
que
vendeu
mais
de
um
milhão
de
cópias,
e
mais
outros
milhões
quando
foi
relançado
em
LP
e
posteriormente
em
CD.
Em
1943,
um
conjunto
de
discos
78
rotações
foi
vendido
numa
embalagem
que
se
parecia
com
um
álbum
de
família.
Depois
que
os
Long
Plays
foram
lançados
no
fim
da
década
de
40,
a
palavra
álbum
virou
moda.
Produtores
de
musicais
e
todos
aqueles
que
amam
esta
arte
devem
a
Kapp
muita
gratidão
por
ter
inventado
o
Original
Cast
Album,
um
formato
que
preservou
centenas
de
musicais
que,
de
outra
forma,
ficariam
mudos
ao
fim
de
suas
apresentações.
Mas
Hart
logo
estava
bebendo
novamente,
e
ele
apareceu
na
estreia
de
Yankee
tropeçando
de
bêbado.
Durante
o
segundo
ato,
ele,
no
fundo
do
teatro,
começou
a
cantar
as
canções
e
acabou
expulso.
Depois
de
passar
a
noite
no
sofá
do
irmão,
Larry
desapareceu
e
foi
encontrado
na
noite
seguinte
sem
casaco
num
meio
fio
de
Manhattan
numa
tempestade
congelante
de
novembro.
Enfraquecido
por
anos
de
bebedeira,
Hart
sucumbiu
à
pneumonia
e
morreu
três
dias
depois,
com
apenas
48
anos
de
idade.
Leu
o
texto?
Leu
os
DOIS
textos?
Que
maravilha!
Me
envie
um
e-‐mail
para
rafoliveira@gmail.com
dizendo
como
você
se
sente
sendo
um
aluno
exemplar
que
lê
os
dois
textos!!!