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Ana Caroline Valadares

Métodos e Técnicas de Pesquisa II

““O amor”, observa Bronislaw Malinowski em seu estudo sobre os habitantes da Ilha
Todriand, é uma paixão tanto para o melanésio quanto para o europeu, e atormenta a
mente e o corpo em maior ou menor extensão; conduz muitos a um impasse, um
escândalo ou uma tragédia; mais raramente, ilumina a vida e faz com que o coração se
expanda e transborde alegria.” (GIDDENS, 1992, p. 47).

Rio de Janeiro
2018
Aluna: Ana Caroline Valadares de Azevedo
Professora: Olivia Nogueira Hirsch
Disciplina: Métodos e Técnicas de Pesquisa II

Resumo: Esta pesquisa traçou como objetivo a discussão de questões como o amor demasiado, a co-
dependência, o vício e sentimentos como o medo e a insegurança que aflige as participantes do grupo
Mulheres que Amam Demais Anônimas (MADA) sob o prisma da antropologia das emoções. A
metodologia utilizada foi a etnografia. MADA é um grupo de ajuda mútua para “mulheres viciadas em
relacionamentos destrutivos”, sendo sua “droga” o amor desmedido. Os assuntos citados anteriormente
serão analisados com base nas reflexões sobre as emoções realizadas pelos autores: Claudia Barcellos
Rezende, Maria Cláudia Coelho, Anthony Giddens, entre outros autores sugeridos pela própria bibliografia
indicada pelo grupo, pondo em foco a relação entre emoções e sentimentos tanto nas análises de
domínios social quanto cultural.

Introdução

O objeto escolhido para esta pesquisa é o grupo MADA (Mulheres que amam demais anônimas)
que se reune na Capela Santa Rosa de Lima, localizada na Barra da Tijuca, todas as sextas-feiras
de 19h às 21h e domingos de 15h às 17h.
Trata-se de uma irmandade de mulheres baseada no livro “Mulheres que Amam Demais” da
autora estadunidense Robin Norwood (1985) e adaptada do programa de recuperação de 12
Passos e 12 Tradições dos Alcoólicos Anônimos (A.A.). Esse grupo, composto por mulheres de
diferentes faixas etárias e classes sociais, compartilham suas experiências, forças e esperanças a
fim de resolver problemas em comum e ajudar outras mulheres a se recuperarem de sua
dependência de pessoas. Assim, não trata apenas os relacionamentos de ordem afetiva/sexual,
mas qualquer relacionamento destrutivo, seja com pais, familiares, amigos, colegas de trabalho,
filhos etc.
Este trabalho tem como objetivo principal analisar a relação entre emoções e sentimentos nos
âmbitos social e cultural, tendo como foco os sentimentos: amor, medo e insegurança, além de
expor assuntos como a co-dependência e o vício considerando autores como Giddens (1992) que
trata sobre o significado sociológico da co-dependência, do vício e a questão da intimidade
colocando em análise também a questão do parentesco (maternidade / paternidade; pais tóxicos)
e Claudia B. Rezende e Maria Claudia Coelho (2010) que escrevem sobre as emoções como o
medo e a raiva e o lugar da emoção nas ciências sociais, além de abordar respostas acerca da
origem das emoções (biológicas ou culturais / individuais ou sociais) e sobre seu controle. A
bibliografia “nativa” também está sendo considerada, visto que os autores Walter Riso (2014),
Robin Norwood (2011) e Patricia Delahaie (2017) fazem parte da bibliografia sugerida pelo grupo
para a inclusão de membras, pois em seus livros de auto-ajuda, apresentam os sintomas,
problemas e soluções de uma relação afetiva dependente, além de servirem de guia para as
mulheres de MADA durante as reuniões.
A metodologia utilizada foi a etnografia, sendo o trabalho de campo realizado entre abril de 2018
e junho de 2018, tempo no qual se deu a observação participante em uma sala específica
localizada na Zona Norte do Rio de Janeiro.
O que é o MADA?

Composto em sua totalidade por mulheres, o MADA (Mulheres que Amam Demais Anônimas) é
um grupo livre de auto-ajuda formado para atender e confortar mulheres cujos relacionamentos
com homens e/ou mulheres, pais, filhos e etc. foram, até agora, normalmente destrutivos.
Possui como objetivo auxiliar a canalizarem a energia para si mesmas (se amarem primeiro), em
vez de projetá-la em uma pessoa que não pretende mudar de atitude. Em sessões semanais, as
participantes utilizam-se dos livros-textos “Mulheres que Amam Demais” e “Meditações diárias
para Mulheres que Amam Demais” da autora Robin Norwood (1985), além de apostilas de textos
e passos, vendidas em sala, para discutir seus medos e angústias e tentar redirecionar suas
atenções a situações mais relevantes de suas vidas, alterando seus padrões de comportamento,
obtendo uma vida tranqüila e feliz, amando a si mesmas e ao outro e assim, alcançando a
liberdade emocional.

O MADA afirma que o amor em excesso é um sentimento negativo que pode vir a se tornar uma
doença, ou melhor, todas as membras se consideram doentes. Admitem também que são
impotentes perante os relacionamentos e que não há um domínio sobre suas vidas e assim,
somente um Poder Superior, na forma como O concebem, pode devolver a elas a sanidade e
remover seus defeitos de cárater. Dessa forma, Os doze Passos, As Doze Tradições e os Doze
Conceitos ajudam na recuperação, a manter a unidade do grupo e ajudam na prestação de serviço
no grupo, respectivamente. Vale ressaltar também que as orações são essenciais para toda
membra de MADA, embora não estejam filiadas a nenhuma organização religiosa, havendo lugar
para pessoas de todas as crenças ou que não tenham nenhuma, bem como atéias ou agnósticas.

“Os 12 Passos:
01. Admitimos que éramos impotentes perante os relacionamentos e que tínhamos perdido o
domínio sobre nossas vidas.
02. Viemos a acreditar que um Poder Superior a nós mesmas poderia devolver-nos à sanidade.
03. Decidimos entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidados de Deus, na forma em que O
concebíamos.
04. Fizemos minucioso e destemido inventário moral de nós mesmas.
05. Admitimos perante Deus, perante nós mesmas e perante outro ser humano, a natureza exata
de nossas falhas.
06. Prontificamo-nos inteiramente a deixar que Deus removesse todos esses defeitos de caráter.
07. Humildemente rogamos a Ele que nos livrasse de nossas imperfeições.
08. Fizemos uma relação de todas as pessoas a quem tínhamos prejudicado e nos dispusemos a
reparar os danos a elas causados.
09. Fizemos reparações diretas dos danos causados a tais pessoas, sempre que possível, salvo
quando fazê-las significasse prejudicá-las ou a outrem.
10. Continuamos fazendo o inventário pessoal e, quando estávamos erradas, nós o admitíamos
prontamente.
11. Procuramos, através da prece e da meditação, melhorar o nosso contato consciente com
Deus, na forma em que O concebíamos, rogando apenas o conhecimento da Sua vontade em
relação a nós, e forças para realizar essa vontade.
12. Tendo experimentado um despertar espiritual, graças a estes Passos, procuramos transmitir
esta mensagem às mulheres que ainda sofrem e praticar estes princípios em todos os nossos
relacionamentos.” (GRUPO MADA RJ. Apostila de Passos, Tradições e Lemas. Rio de Janeiro/RJ.
2015)

“As 12 tradições de MADA:


01. Nosso bem estar comum deve estar em primeiro lugar; a reabilitação individual depende da
unidade de MADA.
02. Somente uma autoridade preside, em última análise, ao nosso propósito comum: um Deus
amantíssimo que se manifesta em nossa consciência coletiva. Nossas líderes são apenas
servidoras de confiança, não têm poderes para governar.
03. Para ser membro de MADA, o único requisito é o desejo de evitar relacionamentos
destrutivos.
04. Cada Grupo de MADA deve ser autônomo, salvo em assuntos que afetem outros Grupos ou
MADA como um todo.
05. Cada Grupo possui um único propósito primordial: transmitir a mensagem à MADA que ainda
sofre.
06. Nenhum Grupo de MADA jamais deverá sancionar, financiar ou emprestar o nome de MADA
a qualquer sociedade ou empreendimento alheios à Irmandade a fim de evitar que problemas de
dinheiro, propriedade ou prestígio nos desviem do nosso propósito primordial.
07. Todos os Grupos de MADA deverão ser absolutamente autossuficientes, rejeitando
quaisquer contribuições ou doações de fora.
08. MADA deverá manter-se sempre não profissional, embora nossos centros de serviço possam
contratar funcionários especializados.
09. MADA jamais deverá organizar-se como tal; podemos, porém criar comitês ou juntas de
serviço, diretamente responsáveis perante aqueles a quem prestam serviço.
10. MADA não opina sobre questões alheias à irmandade, portanto o nome de MADA jamais
deverá aparecer em controvérsias públicas.
11. Nossa política de relações públicas baseia-se na atração, não na promoção. Cabe-nos sempre
preservar o anonimato pessoal na imprensa, rádio, cinema, televisão ou em outros meios
públicos de comunicação.
12. O anonimato é o alicerce espiritual de nossas Tradições, lembrando-nos sempre da
necessidade de colocar os princípios acima das personalidades.” (GRUPO MADA RJ. Apostila de
Passos, Tradições e Lemas. Rio de Janeiro/RJ. 2015)

“Os 12 conceitos de MADA:


01. Para cumprir o propósito primordial da nossa Irmandade, os Grupos de MADA se juntaram
para criar uma estrutura que desenvolve, coordena e mantém serviços por MADA como um
todo.
02. A responsabilidade final e autoridade sobre os serviços em MADA permanecem com os
Grupos de MADA.
03. Os Grupos de MADA delegam à estrutura de serviço a autoridade necessária para cumprir as
responsabilidades a ela atribuídas.
04. A liderança efetiva é altamente valorizada em MADA. As qualidades de liderança devem ser
cuidadosamente consideradas ao selecionar servidoras de confiança.
05. Para cada responsabilidade atribuída à estrutura de serviço, deve ser claramente definido um
único ponto de decisão e prestação de contas.
06. A consciência coletiva é o meio espiritual, pelo qual convidamos um Deus amantíssimo a
influenciar nossas decisões.
07. Todos os membros de um corpo de serviço arcam com responsabilidade substancial pelas
decisões deste corpo e devem poder participar plenamente no seu processo de tomada de
decisão.
08. A nossa estrutura de serviço depende da integridade e eficiência de nossas comunicações.
09. Todos os elementos da nossa estrutura de serviço têm a responsabilidade de considerar
cuidadosamente todos os pontos de vista nos seus processos de tomada de decisão.
10. Qualquer membro de um corpo de serviço pode requerer deste corpo a retratação por
ofensa pessoal, sem medo de represália.
11. Os recursos de MADA devem ser usados para promover nosso propósito primordial e devem
ser administrados com responsabilidade.
12. De acordo com a natureza espiritual de MADA nossa estrutura deve ser sempre de serviço,
nunca de governo.” (GRUPO MADA RJ. Apostila de Passos, Tradições e Lemas. Rio de Janeiro/RJ.
2015)

“Oração da Unidade:
“Eu seguro a minha mão na sua
E uno o meu coração ao seu
Para que juntas possamos fazer
Tudo aquilo que eu não posso e não consigo fazer sozinha”

Oração da Irmandade:
“Deus, nos fortaleça hoje
Para que o amor em nós
Seja de crescimento e saúde
Êxito”

Oração da Serenidade:
“Concedei-nos Senhor, a serenidade necessária
para aceitar as coisas que não podemos modificar
coragem para modificar aquelas que podemos
e sabedoria para distinguir umas das outras”” (GRUPO MADA RJ. Apostila de Passos, Tradições e
Lemas. Rio de Janeiro/RJ. 2015)

A nível organizativo cada sala possui duas ou mais coordenadoras (coordena as reuniões – precisa
ter habilidade para falar em público e facilidade de leitura) que se revezam semanalmente e que
são MADAs em recuperação e assim, participam da mesma forma; uma tesoureira (administra,
guarda e cuida da sétima tradição do grupo), uma secretária (organiza as reuniões, compra
materiais para abastecer as salas e dar suporte a coordenadora) e uma RG (Representante de
Grupo - pessoa responsável por verificar o material que falta na sala, repassar os valores
arrecadados pro Intergrupo, verificar se alguma companheira tem sugestões ou pautas para este,
preencher o RM (Relatorio Mensal) utilizando uma apostila de atas e etc). As reuniões são
realizadas em uma sala pertencente a igreja católica, onde também funciona outros grupos de
ajuda. Algumas das participantes de MADA tem transitado por outros grupos como o A.A.
(Alcoólicos Anônimos).
Todos os grupos de MADA devem se dirigir a um Intergrupo. Há um Intergrupo MADA RJ, no qual
ocorrem reuniões de todos os grupos para prestação de serviços voltados para o funcionamento
da Irmandade. Hoje, o MADA Rio de Janeiro tem 17 salas abertas e o Intergrupo ajuda a organizar
a prestação de serviços em comum para estas salas. As próprias companheiras fazem parte da
Junta deste Intergrupo, sendo que apenas algumas se candidatam para prestação de serviços. As
reuniões são abertas a todas as membras, não precisando ser RG (Representante de Grupo) de
uma sala, porém vale ressaltar que é sugerido que a membra tenha no mínimo 6 meses de MADA.
Não há partilha nessas reuniões, pois são reuniões de serviços. Há também comitês do MADA RJ,
sendo estes: Comitê de Literatura; Comitê de Internet; Comitê de Assuntos Jurídicos; Comitê de
IP (Informação ao Público); Comitê de Acessórios e Comitê de Eventos.

Para que as reuniões de MADA sejam harmônicas e efetivas, estas devem sempre iniciar na hora;
tudo que é dito na reunião deve ser mantido em sigilo, ou seja, ninguém foi visto lá ou nada que
foi dito deve ser mencionado em outro lugar; As falas e as partilhas duram cinco minutos e o
horário deve ser respeitado para que todas que queiram possam falar; As mulheres não são
pressionadas para falar, visto que é considerado que todas são bem-vindas, porém nem todas
estão preparadas para desabafar sobre sua situação; Conselhos não são bem-vindos, como
também críticas sobre o que fazem ou deixam de fazer quando estão presentes ou não; É
responsabilidade da Coordenadora começar a reunião na hora certa, escolher o tópico a ser
discutido, reservar alguns minutos no final para qualquer outro assunto (reuniões de intergrupo,
eventos e etc.); Não se pode comer, fumar, beber, usar o celular ou qualquer outro distraimento
do assunto em pauta; O silêncio é muito importante para que a reunião tenha êxito, sendo assim,
debates ou assuntos que não sejam pertinentes são proibidos; Deve também ser respeitado que
é extremamente importante a mulher que está visitando pela primeira vez o grupo, vá a pelo
menos 6 reuniões para ser considerada uma MADA.

Hipóteses da pesquisa

1. O que significa “amar demais”?


2. Quando o amor se tornou um vício afetivo? É uma doença? A que atribui?
3. Existe um tempo mínimo para a recuperação? Essas mulheres conseguem se recuperar?
Quando é que elas se sentem recuperadas?
4. De que maneira a figura de um poder superior é utilizada no tratamento à dependência
afetiva?
5. Uma pessoa co-dependente dirige seu amor a um outro ou outras pessoas para se sentir
segura.

Fundamentação Teórica

A antropologia das emoções tem por objetivo colocar em dúvida todas essas ideias universais que
moldam os sentimentos. E é a partir da década de 1980, segundo as autoras Claudia Barcellos
Rezende e de Maria Cláudia Coelho (2010), que as emoções passam a ser pensadas por um viés
relativista e assim, vistas como pluralistas. Para elas, existe uma perspectiva etnopsicológica de
que as emoções são universais e constantes, ligadas ao psicobiológico do ser, sendo assim, são
ligadas e originadas ao/no corpo e em contrapartida o sentimento (a razão) aparece ligado à
mente. Exemplo disso é dizer que as mulheres são mais emotivas e dessa forma, são irracionais.
Há nas emoções também uma relação cultural, pois o modo como entendemos e vivenciamos o
corpo é sempre mediado pelas formas de pensar cultural e historicamente construídas. As
ciências sociais têm contribuído para a desnaturalização das emoções mostrando que as emoções
não estão só atreladas ao corpo, como também estão presentes na interação social tendo a
linguagem como chave para a comunicação. Elas exercem um sentindo simbólico, não é algo que
é inato do individuo e sim adquirido por aprendizado social, ou seja, elas podem ser incorporadas,
mas isso também não quer dizer que por essa razão sejam naturais. Assim, não há como separar
o que seria um fato biológico de um fato cultural.

As autoras apontam também para o caráter histórico do amor e o caráter social das emoções,
desenvolvendo argumentos sobre a experimentação deste a partir da modernidade quando o
ethos individualista ocupa espaço no Ocidente dando uma suposta maior liberdade ao individuo
e assim, mostrando que este também pode ser historicamente determinado. Já as emoções e
colocando em questão também as experiências emocionais, estas historicizadas e culturalizadas,
são, a um só tempo, subjetivas e sociais. Elas apontam ainda para uma supervalorização do
mundo privado. Nas linhas das autoras, os

"estranhos passaram a ser mais misteriosos e a vida pública mais incerta, contrastando então
com o aconchego oferecido pela família" (REZENDE, COELHO, 2010, p. 100).

Elas demonstram que enquanto no público caberiam o controle e o cultivo do socialmente


predeterminado, no privado tudo pode aflorar. Há também a ideia de que o sujeito deve ter um
controle emotivo, internalizado e automatizado, ou seja, há também uma "racionalização" e uma
"psicologização" dos comportamentos, como contenção e necessidade de ajuste da conduta em
função dos outros a partir do medo e da vergonha. Entretanto, de modo paradoxal, com o
advento da modernidade, as relações amorosas também são pautadas pelo consumo. Há uma
busca pela satisfação pessoal e, assim,

"a vivência das relações amorosas nesses moldes ilustra a articulação dos valores da
autenticidade da expressão de si, do controle emotivo e da ênfase no prazer e na satisfação
característicos das experiências emotivas nas sociedades ocidentais modernas" (REZENDE,
COELHO, 2010, p. 122).

Em resumo, a antropologia das emoções aponta para a importância da compreensão das


emoções (des)naturalizadas e (des)internalizadas e, portanto, atravessadas pela história e pela
possibilidade de transformação social.

A autora também escreve sobre o medo e a raiva, emoções que são frequentemente atribuidas
a uma essência humana universal. O medo, por exemplo, é um sentimento que ocupa lugar em
diversas análises sobre a transformação que a sociedade moderna ocidental sofreu. Citando
Nobert Elias e Jean Delameau, ela apresenta duas perspectivas parecidas, visto que em suas
análises há a afirmação da universalidade da experiência do medo, entendida como inerente ao
individuo em combinação com uma perspectiva historicista, relacionada ao fato de que todas as
sociedades e os individuos que as compoem lidam com ameaças a uma estrutura física e social
que é construída. Para Nobert Elias (apud Rezende, Coelho, 2010, p. 33), o medo possui lugar
estratégico na compreensão das formas de controle social, além de ser um canal de transmissão
das estruturas sociais à estrutura psicológica individual, ou seja, incutir medo, seja através de
punições, ameaças ou de mecanismos velados de negação da aprovação social está entre as
estratégias de socialização pelas quais valores e normas são transmitidos de geração a geração,
passando a ser “adotados” pelo individuo como objetivos “seus”, os quais, se não forem atingidos
podem gerar sentimentos de fracasso, perda de autoestima e etc. Assim, o potencial de sentir
medo faz parte da natureza humana e está presente no cerne no processo civilizador. Entretanto,
as formas pelas quais cada grupo atribuirá significado a esse medo depende das circunstâncias
históricas e culturais. É nesse sentido, que de acordo com os medos modernos, o temor de perder
um emprego, cair na miséria, degradação social e etc podem ser resignificados. Delameau (apud
Rezende, Coelho, 2010, p. 34), também vê o medo como potencial universal que se realiza de
forma particular a cada contexto social e histórico. Para ele, o medo decorre de uma necessidade
de segurança que está na base da afetividade e da moral humana, no qual a própria afetividade
está mergulhada na natureza social do homem de forma que tanto individuos quanto
coletividades constroem sua segurança e seus medos em função de laços sociais significativos,
exemplo disso é a relação de mãe com os filhos e a relação de grupos dominantes no caso de
minorias. A raiva também vai de encontro a esse perspectiva de um pontencial universal realizado
sob formas históricas e culturalmente variáveis. Ela cita Peter Gay, que considera a agressividade
um impulso inato do ser. Assim, possui um fluxo que combina dois aspectos: o impulse de agredir
(ódio ou raiva) com a necessidade de conter o impulso, ou seja, há um impulso primário que deve
ser moldado segundo as normas sociais. Sob a perspectiva da antropologia das emoções, dessa
vez priorizando a dimensão sociocultural, ela cita outros autores como Jack Katz que trata sobre
a raiva e o ódio ancorados nos sentimentos de humilhação, sendo a raiva parte da engrenagem
de ação – emoção que se transforma em raiva, havendo uma percepção de dominação moral
(componente moral da raiva) que toma conta fisicamente do individuo, mas que vai além dele
levando em consideração as relações sociais ao seu redor e Catherine Lutz que trata sobre a “raiva
justificada” dos Ifaluk, esta sendo um dos conceitos usados para expressar julgamentos morais
realizados na sociedade. Uma raiva que se manifesta para condenar socialmente certos
acontecimentos e que assim, conduz aos comportamentos que são valorizados coletivamente.
Uma categoria emotiva que contribui para a manutenção das relações de poder, que serve para
estimular os comportamentos adequados aos valores sociais. Ao contrastar com a visão norte-
americana de raiva, que vê um valor moral na raiva, além de ser considerada um sentimento
antisocial, ela afirma que ainda que possua diferenças, ambas as sociedades os modos de lidar
com a raiva funcionam como controle social. Há um fato universal de que há diferenças entre
mundos ideais e reais e deles resultam conflitos e ambos os conceitos servem para lidar com a
moralidade e os conflitos interpessoais.

Anthony Guidens em seu livro “As transformações da intimidade: sexualidade, amor e erotismo
nas sociedades modernas”, escreve sobre como as mulheres desempenharam um papel
importante na transformação da intimidade desde o século XVIII até o momento atual. Ao
lutarem por seus direitos e pela quebra dos padrões e convenções sociais e tradicionais que
orientavam sua vida e seus relacionamentos, elas levaram para a esfera pública temas como:
sexo, amor, casamento e etc. até então restritos à esfera privada, transformando assim, a
intimidade, as relações entre os gêneros e sua própria identidade social. Dessa forma, a
igualdade, que antes era exclusiva dos homens no que diz respeito os relacionamentos é
adquirida.

Para retratar o amor e assim diferenciar o amor apaixonado do amor romântico, Giddens (1992)
refere-se ao estudo de Malinowski sobre os habitantes da Ilha Trobriand no qual mostra a paixão
como atormentadora do corpo e da mente tanto dos nativos como dos povos europeus. Assim, o
amor apaixonado é visto como não tendo limites e é descrito como doença e loucura por afastar
o amante de seus vínculos sociais, além de perturbar e raramente iluminar a vida.

"O amor apaixonado é especificamente pertubador das relações pessoais, em um sentido


semelhante ao do carisma, arranca o individuo das atividades mundanas e gera uma
propensão às opções radicais e aos sacrificios. Por esta razão, encarado sob o ponto de vista
da ordem e do dever sociais, ele é perigoso" (GIDDENS, 1992, p. 48).

Dessa forma, o amor apaixonado é marcado por ser colocado a parte da vida cotidiana, com a
qual, ele tende a se conflitar. O envolvimento emocional com o outro é invasivo, levando o
próprio individuo a ignorar suas obrigações habituais, o que pode caracterizar uma qualidade de
encantamento semelhante a paixão religiosa. Este é visto como se fosse um fenômeno mais ou
menos universal, o que deve ser diferenciado do amor romântico, visto que este é mais
culturalmente específico.

Levando em consideração os romances e novelas que invadiram o século XIX, para Giddens
(1992), o amor romântico, a partir do final do século XVIII, incorporou algumas ideias do amor
apaixonado e introduziu uma ideia de uma narrativa de vida individual, inserindo o eu e o outro
em uma narrativa pessoal, sem ligação com os processos sociais mais amplos. Pela primeira vez,
o amor romântico foi vinculado com a liberdade, que antes não existia, principalmente para as
mulheres. O amor apaixonado, este sempre libertador, mas apenas no sentido de quebra de
rotina e dever, se difere agora desse novo amor romântico que se inseriu diretamente nos laços
entre liberdade e auto-realização.

Para ele, a origem do amor romântico está associada ao lugar social ocupado pela mulher, bem
como à imagem criada de uma mulher esposa/mãe, na qual maternidade e feminilidade foram
integradas e passaram a fazer parte da personalidade da mulher. Assim sendo, os ideais de amor
romântico afetaram mais as aspirações das mulheres do que dos homens, embora, é claro, os
homens também tenham sido influenciados por elas.

“O ethos do amor romântico teve um impacto duplo sobre a situação das mulheres. Por um
lado, ajudou a colocar as mulheres “em seu lugar” – o lar. Por outro, entretanto, o amor
romântico pode ser encarado como um compromisso ativo e radical com o “machismo” da
sociedade moderna. O amor romântico pressupõe a possibilidade de se estabelecer um vínculo
emocional durável com o outro, tendo-se como base as qualidades intrínsecas desse próprio
vinculo. É o precursor do relacionamento puro, embora também permaneça em tensão em
relação a ele. “(GUIDDENS, 1992, p.10)

Apesar disso, nesse ambiente de transformações, Giddens (1992) atribui a mulher uma posição
de destaque em relação ao homem, pois estes não são capazes de ter uma relação igualitária. Os
homens românticos tratam a mulher de forma diferenciada e não como uma igual, além de
construirem toda a sua sua vida em torno da mulher por não conseguir se organizar
autonomamente. Assim, as transformações do casamento e da vida pessoal possibilitaram aos
homens ser capazes de dependência e não de intimidade.

Com a emancipação e a autonomia sexual feminina, o amor romântico se fragmenta nos


relacionamentos puros, mas essa fragmentação vai contra o desenvolvimento de um
relacionamento cuja continuação depende da intimidade. Surge assim, o que Guiddens (1992)
caracteriza como “amor confluente”, que é de algum modo o oposto da identificação projetiva,
sendo este mais real que o amor romântico, porque é um amor ativo que não se pauta nas ideias
de único, para sempre e completude. Cada indivíduo que participa do convívio emocional não
busca uma pessoa especial, e sim um relacionamento e a união pressupõe uma igualdade entre
homens e mulheres nas trocas afetivas e no recebimento emocional entre os parceiros, a partir
do desenvolvimento da intimidade.

As sociedades modernas possuem uma história de buscas sexuais masculinas, mantidas


separadas de suas identidades públicas. Nela, há um controle sexual dos homens sobre as
mulheres e com a negociação da sexualidade nos relacionamentos, surge uma identidade sexual
feminina que até então não existia. Essa identidade gera autonomia, realização e uma certa
igualdade em relação ao homem. Temos assim, a diluição de algumas formas sociais como
domínio dos homens na esfera pública, a divisão das mulheres em puras e impuras,
irracionalização das mulheres ao executar seus desejos e ações e etc., além da tão falada
transformação da intimidade. Essa transformação diz respeito ao sexo e ao gênero, mas não está
limitada a eles, pois Giddens (1992) afirma que há uma transição básica na ética da vida pessoal
com um todo. Ao falar sobre as relações de parentesco, considerado um dia como naturalmente
outorgado (uma série de direitos e deveres criados por laços biológicos e de casamento), ele
relata que hoje em dia a família nuclear gera uma diversidade de novos laços de parentescos
associada e que a confiança é negociada e barganhada, diferente de como costumava ser, pois
havia uma base de confiança tácitamente aceita. Ele também afirma que nas sociedades
tradicionais as relações entre pais e filhos eram marcadas na autoridade total dos pais e das
pessoas mais velhas e que nas modernas, alguns autores acreditam que a interação pais-filhos
movimentou-se em direção a uma maior “permissividade”. Porém, para ele, o que deve ser
levado em consideração é a qualidade do relacionamento, de ambos os lados. Assim sendo, para
adentrar na questão da co-dependência, Guiddens (1992) primeiro retrata o que seria essa co-
dependência e como as relações de parentescos estão presentes na literatura e discussões
terapêuticas.

Esse termo surgiu da atuação de individuos que lutavam contra o alcoolismo, sendo este
considerado uma fraqueza da pessoa afetada. Supôs-se que o alcoólatra teria uma melhor
recuperação se estivesse na companhia de outros, porém mais tarde veio a ser reconhecido que
este afeta as outras pessoas com quem está em contato, ou seja, a vida dos outros, de certa
forma, é afetada de modo a se tornarem dependentes da dependência do viciado. O primeiro
termo criado para interpreter essa situação seria a do “propiciador”, pessoa que consciente ou
inconsciente contribui para o vício. A ideia do “co-dependente“ veio substituir a do “propiciador”,
pois ficou claro que essa pessoa também poderia estar sofrendo com a situação do companheiro,
amigo ou familiar.
A co-dependência está de certa forma relacionada as mulheres, pois seria o que antigamente era
caracterizado como “papel feminino”. São mulheres protetoras que muitas vezes também
exercem o papel de “salvadoras” e necessitam cuidar do outro, para manter uma sensação de
segurança ontológica. Seria assim, um vício secundário. Esta está ligada a um tipo de
personalidade e não necessariamente a um relacionamento específico. Segundo Jody Hayes
(apud Guiddens, 1992, p. 101):

“A co-dependente busca aprovação de praticamente todos com quem ela entra em contato.
Em vez de construir uma vida em torno de uma pessoa, pode ter vários “bezerros de ouro” em
torno dos quais ela dança – talvez sua mãe e seu pai, suas amigas mulheres, seu chefe e o
caixa do supermercado, além do seu amante. Ela vive a sua vida em torno das necessidades
dos outros”. (GUIDDENS, 2010, p.101)

Guiddens (1992) observa que um relacionamento co-dependente é aquele em que um individuo


está psicologicamente ligado a um parceiro de forma compulsiva. Dessa forma, introduz o que
ele caracteriza como relacionamento fixado, isto é, aquele que o próprio relacionamento é objeto
do vício. Um relacionamento baseado na sensação de segurança proporcionada e que de outro
modo ou com outro alguém não será encontrado. No caso das mulheres, a dependencia
compulsiva transforma o papel doméstico e as necessidades dos filhos em um fetiche; um ritual.
Os programas de terapia tendem a fazer uma injunção reflexiva com esse individuo. Primeiro,
reconhecer que tem um problema e devido a isso, fazer algo a respeito. A escolha é o ponto de
partida no tratamento, e esta está diretamente ligada a natureza do eu. O que essa pessoa deseja,
ajuda a definir o que ela é e encontrar uma auto-identidade é fundamental para a identificação
das carências.

Os indíviduos co-dependentes costumam encontrar a sua identidade através das ações ou


necessidades dos outros, até porque nos relacionamento viciados o eu tende a fundir-se com o
outro, porque o vício é uma fonte primário de segurança ontológica. E um dos primeiros objetivos
sugeridos nas primeiras fases nos grupos de auto-ajuda é o “desprendimento”, a renúncia à
tentativa de controlar o outro, Segundo Guiddens. Esse processo é extremamente díficil, pois é
preciso desenvolver no co-dependente a capacidade de cuidar do outro sem ter que carregar nos
ombros o peso do vício. O que pode parece egoísta, é fundamental para o desenvolvimento do
amor confluente. Reconhecer o outro como independente, libertar o outro da sua obssessão, de
um relacionamento doente e etc., essas e outras definições de limites fazem parte de um
relacionamente não-viciado. Esses limites estabelecem o que pertece a quem e neutralizam os
efeitos da identificação projetiva. A clareza dessas delimitações é importante para a manutenção
da intimidade. Também é aconselhado aos individuos co-dependentes que desenvolvam vínculos
pessoais e assim, “tratem a criança interior”. O relacionamente entre pais-filhos aparece como
fundamental e associado ao modelo de amor confluente. Pois, isso significa recuperar o passado,
em um processo de recaptura das experiências fragmentadas ou reprimidas na infância com o
objetivo de se libertar. Um esforço de se libertar um adulto de um envolvimento compulsivo com
acontecimentos e traumas infantis. Do ponto de vista terapêutico, a infância é vista como uma
fase que prepara o individuo para a fase adulta e muitas vezes, os relacionamentos pais-filhos
foram desiquilibrados e dependentes, tornando o adulto que é. O que podem ser considerados
como pais tóxicos. Guiddens, cita vários tipos como os “emocionalmente inadequados”, os
controladores, os agressores verbais e físicos e etc. Dessa forma, é recomendado que o individuo
busque uma certa independência emocional de seus pais, além de reavaliar termos de interação
de forma a buscar a igualdade. De certa maneira, declarar “dependência emocional” dos pais é
um meio de modificar essa narrativa do eu e começar a fazer uma defesa dos próprios direitos.
Assim, há uma superação de vícios adquiridos na idade adulta provenientes de uma fase bem
anterior. A falta de auto-estima, assumida em forma de vergonha inconsciente ou não-
reconhecida, além da incapacidade do individuo se aproximar de outros individuos
emocionalmente iguais pode ter a ver com esse passado com pais tóxicos.

Análise dos dados e Resultados

Para o grupo de Mada amar demasiadamente é quando a mulher se torna obcecada pelo seu
parceiro e pelo o seu relacionamento a ponto de só pensar, se preocupar e só falar sobre ele. Elas
se tornam suas terapeutas, toleram e desculpam todas as indiferenças e desprezos, e mesmo não
gostando de muitas de suas características, valores e comportamentos, acreditam que ele vai se
modificar se ao menos forem obedientes, fiéis e amáveis o bastante. Ainda que o relacionamento
coloque em risco o bem-estar emocional e talvez até a saúde e segurança física delas, elas estão
ali presentes. Acreditam que apesar da dor e insatisfação, amar demais é uma experiência
comum.

Possuem a necessidade de serem necessárias, um complexo de “salvadoras” e uma ânsia por


amor, que aceitam parceiros não afetuosos, doentios, inacessíveis por não conseguirem
abandona-los. As mulheres de MADA não gostam de caracterizar o seu amor como um vício, por
não gostarem da palavra e de aplicar o conceito à forma de se relacionarem com homens. Mas
acreditam que admitir a seriedade de seus problemas ajuda no processo de recuperação. Elas
partem do príncipio de que se o que sente é obceção por um homem, a essência não era amor, e
sim medo. Elas tem medo de estarem sozinhas, de não terem valor nem merecerem amor, de
serem ignoradas ou abandonadas. Dessa forma, atribuem ao homem por quem estão obcecadas
a função de cuidar de seus medos e as livrarem deles. Nesse sentindo, conforme o medo e a
obsessão aumenta, o amor também aumenta na medida que você dar para receber de volta, o
esforço gera ainda mais amor e assim, amam demais.

A autora Robin Norwood (2011), responsável pela criação dos grupos de MADA, diz ter entendido
esse fenômeno após realizar entrevistas com viciados e suas famílias. Pacientes foram entrevistas
e visto que vinham de ambientes desestabilizados assim como seus parceiros, na luta para lidar
com os companheiros dependentes, essas parceiras inconscientemente recriavam e reviviam
aspectos significativos da infância. Foi conhecendo esposas e namoradas de homens viciados que
ela começou a compreender a natureza de amar demais. Suas histórias pessoais apresentavam a
necessidade que serem estóicas, o sofrimento que experimentaram no papel de "salvadoras", e
a profundidade de seu vício com relação a um homem que era, por sua vez, viciado em alguma
coisa. Ficou claro, para a autora, que ambos os parceiros, nesses casais, precisavam de ajuda, e
que, na verdade, ambos estavam literalmente morrendo por causa do vício: eles, dos efeitos do
abuso químico; elas, dos efeitos de tensão excessiva. Essas mulheres a fizeram compreender o
forte papel que suas experiências de infância tiveram em seus padrões adultos no relacionamento
com homens. A questão gira em torno do por que desenvolvem uma preferência por
relacionamentos difíceis, como perpetuam seus problemas e, mais importante de tudo, como
podem se modificar e melhorar.

“Quando amar significa sofrer, estamos amando demais” (NORWOOD, 2011, p. 11).

O grupo existe para que possam compartilhar suas experiências de vida, a fim de buscarem uma
solução prévia para seus problemas, visto que não têm como acabar definitivamente com este,
pois é considerado uma doença. De acordo com as partilhas ouvidas em sala, não existe um
tempo mínimo de recuperação. Há MADAS que frequentam a sala a 12,13 anos e há MADAS
que frequentam as 1 ou está indo a primeira vez. A prova desse trabalho assíduo é a troca de
fita que depende do tempo de irmandade. Cada ano representa um progresso na recuperação,
mas isso também não quer dizer que elas não vão voltar a cometer os mesmos erros. Cada
etapa da recuperação tem uma cor de fita referente, como por exemplo: ingresso – fita branca,
6 meses, fita vermelha, 20 anos – fita lavanda. Só por hoje (lema), elas acreditam que ir a
primeira vez a uma sala é uma vitória, mas permanecer é trabalho. Lembrando claro, que a
mulher que ela era antes de entrar na sala e aceitar a recuperação é diferente da mulher que
entrou.

Algumas etapas são essencias para a recuperação da mulher que ama demais: “1. Procure
ajuda; 2. Faça da própria recuperação a prioridade principal na vida; 3. Encontre um grupo de
apoio formado por semelhantes que a compreendam; 4. Desenvolva a espiritualidade através
da prática diária; 5. Pare de dirigi-lo e de controlá-lo; 6. Aprenda a não se envolver em jogos; 7.
Enfrente corajosamente os próprios problemas e os próprios defeitos; 8. Cultive em você
quaisquer necessidades a serem desenvolvidas; 9. Torne-se "egoísta"; 10. Partilhe com outras
pessoas o que você experimentou e aprendeu.” (NORWOORD, 2011, p. 239). Uma das mais
importantes, senão a mais importante é a número 4: desenvolver a espiritualidade. É uma etapa
que ajuda a levar a mulher para além de si mesma e a uma perspectiva mais ampla,
proporcionando uma certa paz. Seja qual for a religião ou até mesmo se não tiver uma, essa
prática traz conforto e alívio, visto que a recuperação é um processo lento e doloroso.
Direcionar para uma força maior aquilo que não consegue controlar acalenta os corações das
mulheres de MADA. Elas acreditam que Deus ou O poder superior, é responsável pelo seu
parceiro e não ela, assim, tudo que acontece na vida tem as próprias razões. Acreditando nisso,
elas podem viver a própria vida, enquanto liberta o outro para viver a dele. Alguns lemas e
orações podem ajudar a desenvolver a espiritualidade.

As mulheres de MADAS querem reencontrar a auto-estima, compreender os problemas, desistir


de mudar o outro, conversar para se entender e pensar por conta própria. É um caminho de
auto-conhecimento, como elas mesmas dizem.

Considerações finais

Acredito que todas as características apresentadas aqui de uma mulher de MADA se relaciona
diretamente com os conceitos tratados em Guiddens (1992) sobre o significado da co-
dependência, relacionamento fixado (sensação de segurança ontológica), amor romântico, as
relações de parentescos e pais tóxicos e assim, a personalidade de mulheres ligadas ao seu
parceiro de forma compulsiva e no que diz respeito a Antropologia das emoções tratata por
Claudia Barcellos Rezende e Maria Claúdia Coelho (2010), aos sentimentos de medo construído
em função de laços sociais significativos e no próprio sentido antropólogico de construção das
emoções.

Cronograma

As reuniões abertas, nas quais qualquer visitante pode assistir, acontecem no grupo da Barra da
Tijuca toda última 6ª feira do mês e último domingo do mês. Sendo assim, as visitas foram nos
dias: 27/04, 29/04, 25/05 e 24/06. Totalizando 4 reuniões no grupo MADA da Barra da Tijuca.

Bibliografia Principal

REZENDE, Claudia Barcellos e COELHO, Maria Cláudia. Antropologia das Emoções. Rio de
Janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas. Série Sociedade e Cultura, 2010, 136 p.

GIDDENS, Anthony. A transformação da intimidade: sexualidade, amor e erotismo nas


sociedades modernas. São Paulo: Editora da UNESP, 1992.

Bibliografia Nativa

NORWOOD, Robin. Mulheres que Amam demais. 1. ed. Rio de Janeiro: Editora Rocco,
2011.

DELAHAIE-POUDEROUX, Patricia. Amores que nos Fazem Mal. 2. ed. Larousse Brasil,
2007.

RISO, Walter. Amar ou depender?: Como superar a dependência afetiva e fazer do amor
uma experiência plena e saudável. Porto Alegre: L&PM, 2014.

NORWOOD, Robin. Meditações diárias para Mulheres que Amam Demais. 1. ed. Editora
Rocco, 2009.
“As Características De Uma Mulher Que Ama Demais

1. Você vem de um lar desajustado em que suas necessidades emocionais não foram satisfeitas.
2. Como não recebeu um mínimo de atenção, você tenta suprir essa necessidade insatisfeita por meio de
outra pessoa, tornando-se superatenciosa, principalmente com homens aparentemente carentes.
3. Como não pôde transformar seus pais nas pessoas atenciosas, amáveis e afetuosas de que precisava,
você reage fortemente ao tipo de homem familiar, porém inacessível, o qual você tenta mais uma vez
transformar por meio de seu amor.
4. Com medo de ser abandonada, você faz qualquer coisa para impedir o fim do relacionamento.
5. Se for para "ajudar" o homem com quem está envolvida, você acha que quase nada é problema, não
toma seu tempo, nem custa demais.
6. Habituada à falta de amor em seus relacionamentos pessoais, você está disposta a ter paciência e
esperança, tentando agradar cada vez mais.
7. Você está disposta a arcar com mais de 50% da responsabilidade, da culpa e das falhas em qualquer
relacionamento.
8. Sua autoestima está criticamente baixa e, no fundo, você não acredita que mereça ser feliz. Ao
contrário, acredita que deve conquistar o direito de desfrutar da vida.
9. Como experimentou pouca segurança na infância, você tem uma necessidade desesperadora de
controlar seus homens e seus relacionamentos. Você mascara seus esforços para controlar pessoas e
situações, mostrando-se "prestativa".
10. Você está muito mais em contato com o sonho de como o relacionamento poderia ser do que com a
realidade da situação.
11. Você é uma pessoa dependente de homens e de sofrimento espiritual.
12. Você pode ser predisposta emocionalmente, e com frequência bioquimicamente, a se tornar
dependente de drogas, álcool e/ou certos tipos de alimento, principalmente doces.
13. Ao ser atraída por pessoas com problemas que precisam de solução, ou ao se envolver em situações
caóticas, incertas e dolorosas emocionalmente, você evita concentrar a responsabilidade em si própria.
14. Você tende a ter momentos de depressão e tenta preveni-los por meio da agitação criada por um
relacionamento instável.
15. Você não tem atração por homens gentis, estáveis, seguros e que estão interessados em você. Acha
que esses homens "agradáveis" são enfadonhos.” (MADA – MULHERES QUE AMAM DEMAIS – Disponível
em: http://grupomadarj.blogspot.com/p/caracteristicas-de-mada-e-de.html. Acesso em 26 jun. 2018)

“As 10 Características De Uma Mulher Que Se Recuperou De Amar Demais:


1. Ela se aceita completamente, mesmo quando quer modificar partes de si. Existe uma
autoconsideração e um amor por ela mesma que são básicos, e que devem ser alimentados.
2. Ela aceita os outros como são, sem tentar modificá-los para satisfazer suas necessidades.
3. Ela está ciente de seus sentimentos e atitudes com relação a cada aspecto de sua vida, inclusive sua
sexualidade.
4. Ela cuida de cada aspecto dela mesma: sua personalidade, sua aparência, suas crenças e valores, seu
corpo, seus interesses e realizações. Ela se legitima, em vez de procurar um relacionamento que dê a ela
um senso de autovalor.
5. Sua autoestima é grande o suficiente para que possa aproveitar a companhia de outras pessoas,
principalmente de homens, que são bons exatamente como são. Não precisa ser necessária para se
sentir digna de valor.
6. Ela se permite ser aberta e confiante com pessoas adequadas. Não tem medo de ser conhecida num
nível profundamente pessoal, mas também não se abre à exploração daqueles que não estão
interessados em seu próprio bem-estar.
7. Ela pergunta: "Esse relacionamento é bom para mim? Ele me dá oportunidade de me transformar em
tudo que eu sou capaz de ser?".
8. Quando um relacionamento é destrutivo, ela é capaz de abandoná-lo sem experimentar uma
depressão mutiladora. Possui um círculo de amigos que a apoiam e tem interesses saudáveis, que a
ajudam a superar crises.
9. Ela valoriza a própria serenidade acima de tudo. Todos os conflitos, o drama e o caos do passado
perderam sua atração. É protetora de si mesma, de sua saúde e de seu bem-estar.
10. Ela sabe que um relacionamento para dar certo, deve acontecer entre dois parceiros que
compartilhem valores, interesses e objetivos semelhantes, e que possuam ambos capacidade para serem
íntimos. Também sabe que é digna do melhor que a vida tem a oferecer.” (MADA – MULHERES QUE
AMAM DEMAIS – Disponível em: http://grupomadarj.blogspot.com/p/caracteristicas-de-mada-e-
de.html. Acesso em 26 jun. 2018)

“QUESTIONÁRIO - Sou uma Mada?


Sou uma mulher que ama demais?

Responda, sinceramente:

1) Você se torna obsessiva com os relacionamentos?


( ) Sim ( ) Não

2) Você mente ou evita pessoas para disfarçar o que ocorre numa relação?
( ) Sim ( ) Não

3) Você repete atitudes para controlar a relação?


( ) Sim ( ) Não

4) Você culpa e acusa seus relacionamentos pela infelicidade da sua vida?


( ) Sim ( ) Não

5) Você procura agradar as pessoas com quem se relaciona e esquece-se de si mesma?


( ) Sim ( ) Não

6) Você só se sente viva ou completa quando tem um relacionamento amoroso?


( ) Sim ( ) Não

7) Você já tentou diversas vezes sair de um relacionamento, mas não conseguiu?


( ) Sim ( ) Não

8) Você sofre mudanças de humor inexplicáveis?


( ) Sim ( ) Não

9) Você sofre acidentes devido à distração?


( ) Sim ( ) Não

10) Você pratica atos irracionais?


( ) Sim ( ) Não
11) Você tem ataques de ira, depressão, culpa ou ressentimentos?
( ) Sim ( ) Não

12) Você já teve ataques de violência física contra si mesma ou contra outras pessoas?
( ) Sim ( ) Não

13) Você sente ódio de si mesma e se autojustifica? ( ) Sim ( ) Não

14) Você sofre doenças físicas devido às enfermidades produzidas por stress?
( ) Sim ( ) Não

15) Você cuida excessivamente dos membros de sua família?


( ) Sim ( ) Não

16) Você não consegue se divertir sem a presença do (a) seu (sua) parceiro(a)?
( ) Sim ( ) Não

17) Você se sente exausta por assumir mais responsabilidades num relacionamento?
( ) Sim ( ) Não

18) Você se sente incompreendida por todos?


( ) Sim ( ) Não

Se você respondeu SIM a 2 ou 3 das perguntas acima, é possível que você seja uma MADA.
Se você respondeu SIM a mais de 4 perguntas, é mais provável que você seja uma MADA.

Mesmo que você não se encaixe nas perguntas acima, mas ainda assim sofra por amor e queira ajuda,
você será bem-vinda em MADA.” (MADA – MULHERES QUE AMAM DEMAIS ANÔNIMAS – Disponível em:
http://grupomadarj.blogspot.com/p/sou-uma-mulher-que-ama-demais.html . Acesso em 26 jun. 2018)

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