Título: Espaço da morte e do dinheiro: a tensão entre polícia e favela

Autor: Vinícius Teles Córdova

Filiação Institucional: Mestre em Ciências Sociais pela PUC-Minas (2018) e

atual professor da rede particular Paulo Freire

O trabalho visou compreender a representação das relações entre

policiais e a favela no cinema brasileiro contemporâneo. Para isto, foram
escolhidas as seguintes produções cinematográficas para o recorte: Cidade de
Deus (2002), Tropa de Elite (2007) e Alemão (2014). A seleção se baseou na
proposta de Pierre Sorlin de realizar análise da produção audiovisual de grande
bilheteria (foi utilizado o critério da Ancine, de filmes com mais de 500 mil
espectadores) e/ou sucesso de crítica. Após a seleção, foi realizado o processo
de decupagem, que consiste em fragmentar o filme em suas diversas partes
constitutivas (roteiro, direção, atuação e etc.) e realizar uma análise destes
elementos separados e posteriormente reagrupá-los para compreender o
discurso geral.

Cada produção apresenta suas peculiaridades na representação do

policial, tendo como base destas representações o ponto de vista narrativo, ou
seja, o personagem/personagens que apresenta o filme para o espectador.
Neste sentido é possível perceber pontos de vista diferentes: Cidade de Deus
narra a história de um conjunto habitacional/favela a partir de seu morador, Tropa
de Elite narra o cotidiano de policiais especializados no confronto militarizado
com traficantes e Alemão foca na relação entre policiais infiltrados em uma
favela.

A favela, nos três filmes, é representada como um território controlado

pelos traficantes e que os moradores se relacionam constantemente com os
mesmos. A polícia, nesse contexto, é representada como um agente externo,
mas não distante das dinâmicas na favela. As relações que o policial constrói
com o espaço são, em geral, de combate (ao) ou de conivência com o crime,
assim, a favela como espaço criminoso se mantém. O policial como o guerreiro
contra o crime tem como inimigo, quase que exclusivamente, os traficantes.
Considerando a representação da favela como território do tráfico de drogas, ela
aparece nos filmes como o espaço inimigo ao policial honesto, a classificação
colocada para o policial soldado, aquele que atua militarmente e cuja atuação na
favela é marcada pelo abuso da força propiciada pela arbitrariedade policial e
por uma falta de normatização da conduta de patrulha e de intervenção.