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Strategic Design Research Journal, 3(2): 62-68 maio-agosto 2010

©2010 by Unisinos - doi: 10.4013/sdrj.2010.32.05

Metaprojeto como modelo projetual

Metaproject as a projectual model

Dijon De Moraes
moraes@uemg.br
Universidade do Estado de Minas Gerais. Rua Rio de Janeiro, 1801, Lourdes, 30160-042, Belo Horizonte, MG, Brasil..

Resumo Abstract

O metaprojeto é um espaço de reflexão disciplinar e de ela- The metaproject is a space for disciplinary reflection and
boração dos conteúdos da pesquisa projetual. O metaprojeto analysis of project research contents. It originates from the
nasce da necessidade de uma “plataforma de conhecimentos” necessity of a “knowledge platform” (pack of tools) that sus-
(pack of tools) que sustenta e orienta a atividade projetual em tains and guides the projectual activity in a fluid scenery
um cenário fluido de constante mutação. Pelo seu caráter dinâ- of constant mutation. Because of its dynamism, the meta-
mico, o metaprojeto desponta como um modelo projetual que project emerges as a “projectual model” which takes into
considera todas as hipóteses possíveis dentro da potencialida- account all the possible hypothesis in design but that not
de do design, mas que não produz outputs como modelo proje- produces output as a unique projectual model, neither pre-
tual único e soluções técnicas pré-estabelecidas. O metaprojeto, settled technical solutions. The metaproject, as considered
como é observado neste artigo, é uma alternativa posta ao de- in this article, is an alternative that opposes the customary
sign, que contrapõe a metodologia convencional, ao se consti- methodology in design, placing itself as a reflection space
tuir como espaço de reflexão e suporte ao desenvolvimento do and as a support to the project development in a complex
projeto em um cenário mutante e complexo. and mutable scenery.

Palavras-chave: metaprojeto, metadesign, novo modelo pro- Key words: metaproject, metadesign, new projectual model,
jetual, design e complexidade, gestão da complexidade. design and complexity, management and complexity.

Introdução dos, compostos de signos imprevisíveis e repletos de


conteúdos frágeis. Tal fato contribuiu decisivamente para
Design e complexidade a instituição de uma nova ordem: a do “cenário dinâmico”.
O desafio dos produtores e designers, na atualidade,
Antes da globalização de fato, época reconhecida por ao atuarem em cenários mutantes e complexos, deixa
diversos autores como a da “primeira modernidade” (Beck, de ser o âmbito tecnicista e linear e passa à arena ainda
1999; Bauman, 2002; Branzi, 2006), tudo que se produzia pouco conhecida e decodificada dos atributos intangíveis
era facilmente comercializado, uma vez que a demanda e imateriais dos bens de produção industrial. Tudo isso
era reconhecidamente maior que a oferta, e o mercado, faz com que o design interaja, de forma transversal, com
de abrangência regional. Vários estudiosos definiram esse disciplinas cada vez menos objetivas e exatas. Dessa forma,
período como uma época do “cenário estático” (Levitt, conflui com outras áreas disciplinares que compõem o
1990; Mauri, 1996; Klein, 2001; Finizio, 2002), quando âmbito do comportamento humano, como as dos fatores
prevaleciam mensagens de fáceis entendimentos e de estésicos e psicológicos, até então pouco considerados na
previsíveis decodificações. concepção dos artefatos industriais.
O nivelamento da capacidade produtiva entre os Essa complexidade também se caracteriza pela inter-
paises, somados à livre circulação das matérias-primas relação recorrente entre a abundância das informações
no mercado global e à fácil disseminação tecnológica hoje facilmente disponíveis e desconectadas. Para melhor
reafirmaram o estabelecimento de um novo cenário entendimento sobre o fenômeno de complexidade e a
mundial, promovendo, por consequência, uma produção sua influência no design, é preciso, primeiro, entender
industrial de bens de consumo esteticamente massifica- a realidade do cenário (ou cenários) que hoje se
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posiciona(m) como vetor(es) mutante(s) no modelo de rapidamente a se disseminar como um modelo de ensino
globalização estabelecido. O cenário se caracteriza como possível, o serviço militar como referência de ordem
o panorama e a paisagem em que se vive (o cenário deixa de ser obrigatório em diversos países ocidentais,
existente) ou o em que se viverá (cenário futuro); é ele que os portadores de distúrbios mentais são agora tratados
determina as diretrizes para as novas realidades vindou- em suas próprias casas e os prisioneiros ganham liberda-
ras e as alternativas da nossa cena cotidiana (produtiva de condicional. Por fim, o conceito de família, contrariando
e mercadológica). Define, assim, os papéis das pessoas os dogmas católicos, estende-se hoje aos casais ho-
como agentes e atores sociais (Finizio, 2002; Manzini e mossexuais. Essa nova realidade, portanto, colocou em
Jégou in Bertola e Manzini, 2004). cheque a lógica objetiva e linear moderna, deixando
Na verdade, o cenário previsível e estático, dentro órfãos milhares de cidadãos que foram educados e
da lógica do progresso estabelecida na primeira mo- preparados para viver em outro cenário, diferente deste
dernidade, refletia, por consequência da concepção pós-moderno e pós-industrial que se prefigura. Para
vigente então, os ideais do projeto moderno com suas Branzi (2006, p. 106), “o mundo material que nos circunda
formulas pré-estabelecidas que determinavam um me- é muito diferente daquele que o Movimento moderno
lhor ordenamento da organização social e almejavam tinha imaginado; no lugar da ordem industrial e racional
o alcance da felicidade para todas as pessoas. Essa as metrópoles atuais apresentam um cenário altamente
noção de projeto, com seus conceitos bem coerentes e complexo e diversificado”.
estruturados, norteou a evolução industrial e tecnológica São essas lógicas produtivas e sistemas linguísticos
bem como parte da ética e da estética de grande parte do opostos, apontados por Branzi (2006), que ajudam a
pensamento do século XX. Nesse sentido, Bauman (1999, configurar esta realidade de cenário complexo. Embora
p. 102) descreve: “O fato de tornar a ação de supervisio- seja uma fotografia da realidade, a atualidade, com o
nar uma atividade profissional de alta competência eram forte dinamismo, as demandas distintas, as necessidades
traços que uniam uma serie de invenções modernas, co- e as expectativas diversas, tornou-se um grande desafio
mo as escolas, as casernas militares, os hospitais, as clíni- à decodificação a priori do cenário, tanto em nível micro,
cas psiquiátricas, os hospícios, os parques industriais e quanto em nível macroambiental. De acordo com Mauri
os presídios”. (1996, p. XI), “o sonho de um desenvolvimento contínuo
Havia a previsão de que a humanidade, uma vez e linear se fragmentou diante de emergências que não
inserida nesse projeto linear e racional, seria guiada com foram previstas, e que se demonstraram imprescindíveis”.
segurança rumo à felicidade. É interessante notar que A comunicação, que se tornou global graças às
o conceito de segurança previsto no modelo moderno novas tecnologias informatizadas, como a Internet,
referia-se, de forma acentuada, à estabilidade no empre- abreviou o tempo de vida das ideias e das mensagens.
go junto ao conceito de um núcleo familiar consistente. O tempo de metabolização das informações também
Tudo indicava que esse teorema, uma vez resolvido, te- foi drasticamente reduzido, contribuindo, em muito,
ria na garantia do emprego, somada à coesão familiar, para a instituição do cenário denominado por Bauman
a chave de sucesso do projeto moderno. Entretanto, como sendo “dinâmico”, e por Branzi como “fluido”.
também merece a nossa atenção o fato de que, por Dentre os estudiosos que se interessam pelo argumento
trás desse aparente simples projeto, existia o incentivo da complexidade e sua influência no design, Manzini
ao consumo dos bens materiais disponibilizados pela (Bertola e Manzini, 2004, p. 10) demonstra sua tentativa
crescente indústria moderna mediante o seu avanço de aproximação com os cenários complexos da seguinte
tecnológico e a sua expansão produtiva pelo mundo maneira: “no mundo sólido do passado, existiam con-
ocidental. Essa estratégia instituída pelo modelo capita- tainers disciplinares e seguros nos quais qualquer um
lista industrial, aliada à estabilidade do emprego e à soli- poderia se posicionar. Agora não é mais assim: no ‘mundo
dez do núcleo familiar traria, por conseguinte, a felici- fluido contemporâneo’ os containers foram abertos e as
dade coletiva almejada. Isso, no decorrer dos tempos, suas paredes não são mais protegidas”.
mostrou-se bastante frágil, pois, dentre outros motivos, Diferentemente da solidez moderna, em que o
a mesma sociedade que alcançou o emprego proporcio- próprio cenário nos dava uma resposta ou, pelo menos, for-
nado pelo progresso da indústria, sentia-se, ao mesmo tes indícios de qual caminho seguir, na atualidade, a
tempo, prisioneira nos seus locais de trabalho cada vez estrada deve ser sempre projetada e a rota, muitas
mais controlados pelo cartão de ponto, pela folha de vezes, redefinida durante o percurso. Tudo isso exige
presença e pela rígida hierarquia funcional. dos designers e produtores maior capacidade de gestão
A verdade é que esse projeto moderno de previsível e maior habilidade na manipulação das informações e
controle sobre o destino da humanidade, em busca de mensagens disponíveis.
uma vida melhor, parece mesmo ter-se deteriorado. O
sonho de um mundo que seguia uma lógica clara e objeti- O design em cenário fluido e dinâmico
va pré-estabelecida, em que todas as pessoas podiam
ter acesso a uma vida mais digna e feliz, demonstra-se, Hoje, com o cenário cada vez mais complexo, fluido
paradoxalmente, na atualidade fragmentada. É oportuno e dinâmico, é necessário estimular e alimentar cons-
perceber que, nos dias atuais, em vista da rápida automa- tantemente o mercado por meio da inovação e dife-
ção industrial, ‘a garantia no emprego e a carteira assina- renciação pelo design e pela inovação. Isso se deve à
da’ tornaram-se cada vez mais escassos, reduzindo, por drástica mudança de cenário, que, de estático, passou a
isso, o número de operários nos parques produtivos. ser imprevisível e repleto de códigos, isto é: tornou-se
Além disso, a realidade da educação a distância começa dinâmico, complexo e de difícil compreensão. Somam-se a

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tudo isso a ruptura da dinâmica da escala hierárquica das que recebe cotidianamente e que vem aumentando a
necessidades humanas e a visível mutação no processo complexidade dentro do referido fenômeno mercado,
de absorção e valorização dos valores subjetivos, tidos, produto e consumo. Para Zurlo (in Bertola e Manzini,
até então, como atributos secundários para a concepção 2004, p. 79), “pela maneira fluida com que algumas
dos produtos industriais, como as questões das relações situações mudam; podemos entender que cada decisão
afetivas, psicológicas e emocionais. Hoje, é necessário não é simplesmente o resultado de um cálculo, mas de
que o processo de inserção desses valores em escala uma interpretação, na qual existe sempre uma situação
produtiva industrial seja, portanto, “projetável”, de maneira de risco”. Os dados obtidos em pesquisas de mercado
que possibilite o aumento do significado do produto e demandas de consumo são cada vez mais passíveis
(conceito) e a sua significância (valor). De acordo com de interpretações, mas quais ferramentas vêm postas
Celaschi (2000, p. 150), “o designer tornou-se um operador à disposição de designers e empreendedores para a
chave no mundo da produção e do consumo, cujo saber necessária interpretação além da falível intuição?
empregado é tipicamente multidisciplinar pelo seu mo- Com a realidade do cenário dinâmico, múltiplas
do de raciocinar sobre o próprio produto”. realidades distintas passam a conviver de forma si-
O nivelamento da capacidade produtiva entre os multânea e cada indivíduo, a partir de sua potenciali-
países, a livre circulação das matérias-primas no mercado dade e competência como comprador, usuário e consu-
global e a fácil disseminação tecnológica reafirmaram midor, traz, intrínsecas ao seu mundo pessoal, suas
o estabelecimento dessa nova realidade complexa con- experiências de afeto, de concessão e de motivação. Isso,
temporânea, promovendo uma produção industrial de simultânea e consequentemente, tende a conectar-se
bens de consumo massificados, compostos de estéticas com a multiplicidade dos valores e dos significados da
híbridas e de conteúdos frágeis. Essa nova realidade cultura a que pertence, em suma, com seu meio social.
coloca em cheque os conceitos de estilo e de estética, Tal realidade transforma o consumidor em uma incóg-
nos moldes até então empregados. Para tanto, essas áreas nita e, por isso, exige das pesquisas mercadológicas
do conhecimento passaram a ter mais afinidade com maior capacidade de interpretação, em detrimento
disciplinas de abrangência do âmbito comportamental, dos simples aspectos técnicos de obtenção de dados
em detrimento daquelas que consideravam o estudo da estatísticos. Esse fato nos tem exigido uma crescente
coerência, da composição e do equilíbrio que predomina- capacidade de construir relações, propor associações e
ram no ensinamento estético da primeira modernidade. promover novas interações possíveis, o que pode culmi-
A estética, nesse contexto, situa-se diretamente nar no surgimento de uma verdadeira plataforma de
atrelada à ética, aqui entendida no sentido de com- inter-relações no mercado atual.
portamento coletivo social. No que concerne às questões Ainda, segundo Mauri (1996, p. 13), “o marketing, a
industrialização, meio ambiente e consumo, ressalta-se cultura empresarial, a indústria e o design ficam mobili-
a importância e o papel que passou a ter o consumidor zados na discussão, na busca de chaves interpretativas
para o sucesso da sustentabilidade ambiental do planeta. e nas proposições de modalidades resolutivas, para
Muitos chegam a apregoar a necessidade de uma nova confrontar com as problemáticas de mercados que se
estética que deve ser absorvida pelos consumidores demonstram complexos, como a globalização”. Mas é
na atualidade. Nesse novo modelo estético, que vai ao Canneri (in Mauri, 1996, p. 69) quem demonstra, de forma
encontro da sustentabilidade ambiental, isto é, de uma mais precisa, as nuanças desse cenário fluido, dinâmico
ética em favor do meio ambiente, têm lugar, também, as e cada vez mais complexo, ao expor: “em um contexto
imperfeições de produtos feitos de novos e diferentes turbulento e em rápida transformação, vem premiada
tipos de matérias-primas, produzidos com tecnologia de aquelas empresas que são capazes de antecipar as
baixo impacto ambiental ou mesmo semiartesanal. Ao necessidades que os consumidores ainda não se deram
aceitarmos de forma pró-ativa os produtos desenvolvi- conta, e nem consciência”. O fato de desejarmos algo
dos dentro desse modelo, e, por consequência, a sua pode hoje estar relacionado à somatória das informações
nova ordem plástica, nós, consumidores, podemos legi- obtidas no cotidiano, muitas vezes de forma inconsciente
timar uma nova estética possível, em nome de um plane- e ainda não explicita em forma de bem material. Dessa
ta sustentável, e, assim, cumprimos nosso papel ético na maneira, disciplinas como o design, pelo seu caráter
trilogia produção, ambiente e consumo. holístico, transversal e dinâmico, se posicionam como
Nesse sentido, algumas disciplinas da área do co- alternativa possível na aproximação de uma correta
nhecimento humano, sustentadas em interpretações decodificação dessa realidade contemporânea. O design,
sólidas advindas do cenário estático existente, com dados portanto, se apresenta como uma disciplina transversal,
previsíveis e exatos, entraram em conflito com a realida- ao aceitar e propor interações multidisciplinares.
de do cenário mutante atual, que se apresenta per-
meado de mensagens híbridas e códigos passíveis de O design e a gestão da complexidade
interpretações. Entre essas áreas do conhecimento,
se destacam o marketing, a arquitetura, o design e a É interessante notar que o desafio atual, para
comunicação. O problema com que o marketing hoje produtores e designers que atuam em cenários definidos
se defronta não consiste mais na recolha de dados como dinâmicos, fluidos, mutantes e complexos, deixa
estatísticos, mas na sua capacidade interpretativa em de ser, definitivamente, o âmbito tecnicista e linear. Ele
que o consumidor pesquisado demonstra uma grande se constitui na arena ainda pouco conhecida e decodifi-
variedade de demandas e desejos distintos, oriunda cada dos atributos intangíveis dos bens de produção
da quantidade de informações efêmeras e recicladas industrial. Tudo isso faz com que o design interaja com

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disciplinas cada vez menos objetivas e exatas e convirja Tudo isso leva a concluir que a complexidade
para outras áreas disciplinares que compõem o âmbito hoje presente na atividade de design exige, dentro da
do comportamento humano, dos fatores estésicos e cultura projetual, a compreensão do conceito de gestão
psicológicos, aquelas que consideram o valor de estima, da complexidade por parte dos designers. Estes, ao
a qualidade percebida e demais atributos derivados atuarem em cenários múltiplos, fluidos e dinâmicos,
e secundários até então pouco considerados para a lidam de igual forma com os excessos das informações
concepção dos artefatos industriais. A própria qualidade disponíveis. Torna-se, então, necessário, para o design
e entendimento do termo ‘valor’ vem regularmente atual, nesse quadro de complexidade, valer-se de novas
redefinido, como bem atesta Manzini (Bertola e Manzini, ferramentas e metodologias e novos instrumentos para a
2004, p. 177), ao afirmar que “para atingir o resultado compreensão e gestão da complexidade contemporânea.
previsto, isto é para produzir valor: mais que a tradicional Tal complexidade provocou uma desarticulação entre as
‘cadeia de valor’ ocorre hoje falar de ‘rede de valor’ ou disciplinas e os instrumentos que orientavam o processo
de ‘constelação de valor’ para utilizar uma expressão de de concepção e de desenvolvimento dos produtos duran-
Richard Norman”. Um forte interesse pela colaboração te a solidez moderna e, por essa razão, exige a mudança
interdisciplinar está, de fato, emergindo, em oposição de comportamento nas atividades e concepções do
à histórica competitividade pela especialização, como design.
demonstra Biamonti (2007, p. 21): “Hoje, de fato, o valor
econômico é cada vez mais o resultado de uma cocriação Uma metodologia para a complexidade
que envolve diferentes fatores, não somente econômi-
cos, mas uma questão de posicionamento dentro da A metodologia até então aplicada para o
cadeia de valor”. desenvolvimento de produtos, na maioria dos cursos de
Tudo isso exige e exigirá dos designers uma outra design, trazia, na sua essência, as referências do cenário
capacidade que vai além do aspecto projetual, uma estático presente no modelo moderno. Nesse modelo,
capacidade permanente de atualização e de gestão normalmente, os elementos eram de fácil decodificação,
da complexidade. É necessário, portanto, entender que por não serem híbridos, e quase sempre constituídos por
passamos da técnica para a Cultura Tecnológica, da conteúdos previsíveis, dada a inexistência da convergên-
produção para a Cultura Produtiva e do projeto para a cia e simultaneidade de informações, fortemente presente
Cultura Projetual. Tal transformação aumentou o raio de no processo de globalização. O formato objetivo e linear
ação dos designers, ao mesmo tempo em que aumentou de metodologia projetual prevaleceu como base da
também a complexidade de sua atuação. De acordo com construção do mundo moderno onde foi referência pa-
Branzi (2006, p. 88), “da época das grandes esperanças ra o desenvolvimento do modelo industrial ocidental
passamos à época da incerteza permanente, de transições por grande parte do século XX.
estáveis. Uma época de crise que não é um intervalo Reiterando que os elementos de possível inter-
entre duas estações de certezas, aquela passada e outra ligação apontados pela antiga metodologia projetual,
futura”. Isso demonstra que, ao invés de esperarmos por utilizados durante as fases do projeto na era moderna,
uma consolidação da complexidade, até esta se tornar um eram conectados de forma previsível e linear, quase
paradigma e um espaço de atuação de contornos definidos, sequencial, tendo sempre como referência os fatores
deveremos nos habituar a uma nova forma de atuação por objetivos inerentes ao projeto, destacam-se as seguintes
parte dos designers: a de estarmos sempre preparados para singularidades: a delimitação precisa do mercado e do
mudanças e de participar dessas mudanças, ao interpretar, consumidor, o briefing, o custo e o preço do produto,
antecipar ou mesmo prospectar novos cenários. os possíveis materiais a serem utilizados, as referências
A complexidade tende a se caracterizar pela inter- da ergonomia antropométrica, a viabilidade fabril e
relação recorrente entre a abundância das informações uma estética com tendência para o equilíbrio e a
hoje facilmente disponíveis. De igual forma, ela se ca- neutralidade. Esta fórmula atendeu, por muitas décadas,
racteriza pela inter-relação recorrente entre empresa, às necessidades básicas do consumidor e respondeu
mercado, produto, consumo e cultura. A complexidade às limitações técnico-produtivas existentes por todo o
tende a tensões contraditórias e imprevisíveis e, por meio período do desenvolvimento industrial da era moderna.
de bruscas transformações, impõe as contínuas adapta- Em contraponto, em um cenário complexo e mutante em
ções e a reorganização do sistema em nível da produ- que vivemos, tudo isso não mais corresponde à realidade.
ção, das vendas e do consumo nos moldes conhecidos. Sobre esse argumento, Bertola (Bertola e Manzini, 2004,
Em Pizzocaro (in Bertola e Manzini, 2004, p. 58), encon- p. 29) ressalta: “Aspecto interessante trazido à tona por
tramos uma tentativa de aproximação que enriquece o Crozier observa o prevalecimento da lógica da inovação
nosso conceito de complexidade. Segundo a pesquisa- sobre aquela da racionalização e por consequência a
dora, “uma entidade, um conjunto, um sistema, serão necessidade de desenvolvimento da capacidade ‘cria-
complexos se compostos de mais de uma parte es- tiva’ sobre a capacidade lógico-matemática”. Novas fer-
treitamente conexa. Assim sendo a complexidade somen- ramentas criativas se requerem para cobrir as lacunas que
te existe quando ambos estejam presentes: nem a os modelos metodológicos até aqui utilizados não são
desordem e a ordem perfeita são complexas”. Nesse ce- mais capazes de atender, sozinhos.
nário de complexidade, é preciso, portanto, ao procurar- Na verdade, sabemos que os vínculos e condicionantes
mos estabelecer vínculos e conexões ainda por se produtivos do passado foram determinantes para a
firmarem, promover modelos aproximativos para reafir- configuração da forma estética dos artefatos de produção
mar uma ordem possível. industrial. Muitas vezes, a capacidade de interpretação,

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da parte dos designers frente às dificuldades produtivas, não eram necessariamente considerados: psicológicos,
resultou em grandes êxitos formais e estéticos advindos semânticos, semióticos, da interface e do sentimento
mesmo dos limites tecnológicos e dos vínculos produtivos humano. Hoje, já se é capaz de projetar o desejo de
então existentes. Hoje, a necessidade de se dar forma a obter o produto, o amor, a estima e o convite ao seu uso,
um produto é mais uma questão semântica, comunicativa o que Gibson (in Deni e Proni, 2008, p. 64) denomina de
e ergonômica do que uma questão tecnológica. Na affordance. O designer, nesse sentido, deve ver o mundo
atualidade, podemos afirmar que os produtos ganham e a Cultura Projetual mediante uma ótica mais alargada,
forma mais em função das expectativas, das demandas não apenas voltada para as questões do produto em si,
e dos estilos de vida que uma sociedade exprime do mas, de igual forma, para a dinâmica que existe em seu
que das práticas produtivas, dos vínculos tecnológicos e entorno. O metaprojeto, com seu método de abordagens
dos materiais a serem empregados. A forma não é mais e de aproximação por meio de fases e tópicos distintos,
uma questão objetiva funcional: está ligada aos fatores propõe o desmembramento da complexidade em partes
semânticos, psicológicos e subjetivos. O modelo racional temáticas “gastáveis”, que passam a ser analisadas de
aplicado no passado tinha base em fatores exatos, lógicos forma individual e com maior probabilidade de soluções.
e precisos. Segundo Penati (in Bertola e Manzini, 2004, Por isso, o metaprojeto se apresenta como um modelo
p. 45), “os objetivos a serem atingidos tornavam lógica de intervenção possível junto a um cenário que se
qualquer ação projetual aos princípios da eficiência. Esta estabelece no mundo cada vez mais complexo e cheio de
prática sofre processo de revisão porque o mesmo se inter-relações.
priva de capacidade interpretativa adequada à explicar os
fenômenos complexos”. Metaprojeto como modelo projetual
O fato de serem colocadas no centro do debate
questões como a organização do projeto, os limites, os O modelo metaprojetual se consolida por intermé-
vínculos e os condicionantes projetuais fizeram com dio da formatação e prospecção teórica que precede a
que a metodologia alcançasse papel de protagonista no fase do projeto, quando se elaboram um ou mais cená-
desenvolvimento de novos produtos. Afinal, o ponto de rios por meio de novas propostas conceituais (concept),
partida no âmbito projetual se inicia com a individuali- destinadas a um novo produto ou serviço, ou à efetuação
zação do denominado problem finding, passando ao de análises corretivas (diagnose) em produtos e/ou
problem setting, antes de chegar ao problem solving. No serviços já existentes. A diferença, portanto, neste modelo,
entanto, a crise da metodologia projetual em prática é que o design se apresenta bem mais que o projeto da
ocorre não porque o método deixa de ter importância forma do produto, alargando o seu raio de ação próximo
para o projeto no mundo contemporâneo, fluido e ao complexo conjunto de atividades compreendidas em
globalizado mas, ao contrário, acontece porque suas li- sua concepção. A forma e as funções contidas no produto
nhas guias se tornaram insuficientes para a gestão do tornam-se o ponto de partida e não o fim do projeto.
projeto dentro do cenário de complexidade estabelecido. Os designers, por vezes, trabalham na perspectiva de
Por outro lado, as formas e os modos de produção cenários, em vez de atuar de forma pontual para resolver
tornam-se cada vez mais híbridos e transversais, fazendo o problema de cada fase linear do processo metodoló-
com que a metodologia tenha que deixar de exercer um gico. Nesse sentido, a ação de conhecimento e de
papel específico e pontual dentro da esfera do projeto, análise prévia da realidade existente (cenário atual) ou
passando a uma relação flexível e adaptável de visão prospectada (cenário futuro) fazem plenamente parte
mais circunscrita e holística dentro da Cultura do Projeto. do processo de design: o profissional deve ser capaz de
O sentido do design delimita-se além do âmbito traçar os limites, analisar e, sobretudo, realizar uma sín-
material do produto; abrange as influências deste nos tese compreensível de cada etapa já superada.
indivíduos; situa-se além do objeto em si. Para Zingale Pelo seu caráter abrangente e holístico, o metaprojeto
(in Deni e Proni, 2008, p. 62), “o objeto do projeto não é explora toda a potencialidade do design, mas não pro-
somente o produto fisicamente como o entendemos, mas duz output como modelo projetual único e soluções téc-
as reações, interações e respostas interpretativas que es- nicas pré-estabelecidas, mas um articulado e complexo
se produto é capaz de provocar e produzir”. Certamen- sistema de conhecimentos prévios que serve de guia
te, não encontraremos respostas projetuais para as durante o processo projetual. Nessa perspectiva, o me-
questões de cunho semântico-funcionais apenas mediante taprojeto pode ser considerado, como diriam os cole-
a aplicação da metodologia convencional, pois sabemos gas italianos, como o “projeto do projeto”, o que, opor-
que não existe um suporte metodológico infalível, quando tunamente, podemos ampliar para “o design do de-
se abordam aspectos imateriais e a inserção de valores sign”. Dessa maneira, o design vem aqui entendido, em
intangíveis na construção de sentidos, principalmente sentido amplo, como disciplina projetual dos pro-dutos
em cenário complexo como o contemporâneo. Por isso, a industriais e serviços, bem como um agente transformador
metodologia projetual que organizava e dirigia os rumos nos âmbitos tecnológico, social e humano.
do projeto, em uma plataforma de conhecimento estável Ao considerarmos a realidade de um cenário
e sólida, passa a ter, na hibridização e na complexidade de complexo e mutante, o metaprojeto, como abordado
cenário, o seu desafio de superação como um instrumento neste artigo, se apresenta, no sentido lato, como um
de guia junto aos novos condicionantesque não são mais suporte possível à metodologia convencional que opera
de fácil visibilidade e identificação. em cenário previsível e estático e, em sentido strictu,
Tem-se exigido, portanto, dos designers contem- como suporte de reflexão na elaboração dos novos conteú-
porâneos, outros conhecimentos e abordagens que antes dos da pesquisa projetual. De acordo com Pizzocaro

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(in Bertola e Manzini, 2004, p. 71), “a ação metaprojetual meios projetuais”. O objeto do projeto torna-se, assim,
consolida e coagula uma forma de reflexão teórica, e o sistema de relações que liga o produto a um contexto
esta assume cada vez mais a forma de um saber linguís- maior que vai de uma comunidade cultural a um território,
tico, estratégico e interpretativo, não diretamente pres- de um contexto econômico a uma região.
critivo para a práxis do projeto, mas destinado a decodificar É objetivo do metaprojeto propiciar a configuração
o projetável dentro de uma realidade complexa”. A de um cenário existente ou futuro, em que se possa
complexidade existente na atualidade sugere sempre proceder à prévia avaliação dos pontos positivos e
uma atuação mais estruturada por parte dos designers negativos relacionados ao desenvolvimento de um
também na fase dos estudos preliminares dos pressu- produto ou serviço. O modelo metaprojetual, quando
postos para o projeto. A individualização e a identifi- aplicado, verifica previamente o ciclo de vida, a tecnolo-
cação do cenário existente e/ou futuro, bem como o gia produtiva e as matérias-primas previstas, os fatores
mapeamento de um contexto possível são tão relevan- sociais e mercadológicos correlacionados, bem como
tes hoje quanto projetar o produto em si, pois cada a coerência estético-formal e os fatores de usabilidade
decisão, em um projeto, é uma mediação entre uma intrínsecos, visando à obtenção de um mapa projetual
série de hipóteses na tentativa de se obter uma me- que nos levará a uma visão conceitual e, por fim, a um con-
lhor resposta diante de inputs híbridos e complexos cept mais definitivo antes da fase projetual. Devemos
existentes até se chegar ao concept. perceber o metaprojeto não somente como atividade
Por essas razões, o metaprojeto nasce da necessidade de suporte ao projeto definitivo em si, mas como um
de existência de uma “plataforma de conhecimentos” instrumento que, do modelo estático – no qual são
(pack of tools) que sustente e oriente a atividade proje- percorridas somente uma vez as fases do projeto – passamos
tual em um cenário fluido e dinâmico prefigurado em para o dinâmico, no qual as verificações são contínuas,
constante mutação. Metaprojeto, assim, é um suporte com constantes feedbacks em todas as fases projetuais,
à velha metodologia projetual que minimiza (e, muitas inclusive nas já realizadas.
vezes, engessa) as possibilidades de ação profissional e De acordo com Deserti (Celaschi e Deserti, 2007, p.
planifica as diversas e distintas realidades existentes no 57), “uma primeira abordagem do metaprojeto nos diz
mundo contemporâneo. Assim concebido, o metaproje- que o mesmo deve ser organizado na fase de pesquisa:
to desponta como uma alternativa mais flexível e adap- uma fase de interpretação dos dados recolhidos,
tável a diferentes condicionantes diante das quais hoje direcionada à geração de algumas metatendências
se deparam os designers, bem como às diversas realida- de um lado e à formação de dados para a construção
des e cenários existentes dentro da Cultura do Projeto. de trajetórias de inovação de outro”. Para tanto, o
Diante disso, o metaprojeto se destaca como um metaprojeto, como modelo de contextualização pro-
modelo que auxilia o projeto também no âmbito dos jetual (considerados os vínculos e as oportunidades
conteúdos imateriais, tornando-se um mediador na existentes), tem base inicial em tópicos básicos a
definição do significado do produto (conceito) e da sua serem aplicados, que podem se estender de acordo
significância (valor). O metaprojeto, pelo seu caráter com a complexidade do projeto a ser desenvolvido, a
analítico e reflexivo, afirma-se, portanto, como disciplina saber: (i) fatores mercadológicos; (ii) sistema produto/
que se propõe a unir os aspectos objetivos e subjetivos, design; (iii) sustentabilidade ambiental; (iv) influências
primários e secundários, principais e derivados, materiais socioculturais, tipológico-formais e ergonômicas; (v)
e imateriais de produtos e serviços. Ele nos auxilia, tecnologia produtiva e (vi) materiais empregados.
portanto, na compreensão do ato projetual como respos- Observemos que a aplicação do modelo metaprojetual
ta às profundas necessidades das condições produtivas não exige uma sequência única, linear e objetiva. Os tópicos
e projetuais contemporâneas e pode ser considerado básicos de análise não apresentam rigidez na ordem de
em diferentes modos, já que persegue situações distin- abordagem e podem ser analisados seguindo os conteúdos
tas enfrentadas pelos designers da atualidade. e informações mais próximas dos condicionantes, opor-
Por isso mesmo, o metaprojeto atua principalmente tunidades e desafios do projeto a ser desenvolvido.
nas fases iniciais do projeto de design, precedendo
a fase projetual, observando a realidade existente e Conclusão
prospectando cenários futuros. Segundo Trocchianesi (in
Deni e Proni, 2008, p. 184), “o metaprojeto é um percurso A abordagem de metaprojeto como um pack of
projetual que parte da observação critica da realidade tools que considera o método dedutivo, bem como todas
existente, em função do âmbito que se deseja alcançar e as hipóteses e cenários possíveis para a concepção e/ou
que nos interessa, e chega a um ponto que não é ainda correção dos artefatos destinados à produção seriada
definitivo, mas de um ou mais conceitos possíveis”. Em tem como objetivo propiciar um mapa projetual a partir
uma linguagem mais simples, poderíamos, então, dizer de visões e cenários possíveis onde vêm apontados os
que a fase metaprojetual é o momento em que deve- pontos positivos e negativos relacionados ao produto
mos colocar os dados possíveis inerentes ao projeto em estudo. Por esse motivo, verificam-se o ciclo de vida
para uma reflexão inicial, até chegarmos à formulação do produto no mercado, a tecnologia produtiva e as
mais precisa sobre o conceito a ser desenvolvido. Para matérias-primas utilizadas, os fatores sociais e mer-
Deni e Proni (2008, p. 98), “podemos chegar à definição cadológicos correlacionados, bem como a coerência
de metaprojeto como o percurso que precede a fase do estético-formal e os fatores de usabilidade intrínsecos ao
projeto no sentido operativo; é o momento no qual se produto, por via da utilização de análises previamente
observa o existente, explicitam-se escopos, objetivos e aplicadas.

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Metaprojeto como modelo projetual

O resultado almejado pelo metaprojeto é definir BIAMONTI, A. 2007. Learning environments: nuovi scenari
uma proposta conceitual (concept) para um novo artefato per il progetto degli spazi della formazione. Milano,
industrial, ou efetuar uma análise corretiva (diagnose) Franco Angeli, 155 p.
em um produto e/ou serviço já existente. Uma vez con- BRANZI, A. 2006. Modernità debole e diffusa: il mondo del
siderados os aspectos acima expostos e de posse dos progetto all’inizio del XXI secolo. Milano, Ed. Skira, 180 p.
resultados das análises efetuadas, um quadro conclusivo CELASCHI, F. 2000. Il design della forma merce: valori,bisogni
sintético apresentará as principais características e os e merceologia contemporanea. Milano, Il Sole 24 Ore/
novos aspectos a serem considerados no desenvolvimen- POLIdesign, 238 p.
to ou redesenho do produto em estudo. DENI, M.; PRONI, G. 2008. (org.). La Semiotica e il progetto:
A aplicação do metaprojeto é, portanto, uma sín- Design, Comunicazione, Marketing. Milano, Franco
tese do esforço empreendido na decomposição e de- Angeli, 186 p.
codificação dos cenários possíveis, de modo a incutir DESERTI, A. 2001. Il sistema progetto: contributi per una
maior valor e melhor qualidade a artefatos que resultem prassi del design. Milano, POLIdesign, 274 p.
em benefícios para os usuários, para a cultura produtiva e CELASCHI, F.; DESERTI, A. 2007. Design e innovazione:
para a cultura do design, este entendido como um campo strumenti e pratiche per la ricerca applicata. Roma,
de conhecimento estratégico e avançado dentro do Carocci Editore. 148 p.
complexo cenário mundial estabelecido. FINIZIO, G. 2002. Design e management: gestire l’idea.
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