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Equipe de sealaagio: Projo afco de Lacio G. Machida ¢ Eduardo J. Rodis ‘Avessoria editors! de Mara Vales Revisho de Hetbene Mattioli Vausla Salles CCUP-Brasit. Cataloangio-na-Fonte mara Brains do Liv, SP Sehware, Roberto, 13 saa ™Ro'vencedor at brats : forma Werks e proceso Zed’ social noe inicios do. romance "betsicizo | Roberto Schware "2c Sig Paulo : Daas Cididey 1981 Bibliogratia 1, Alencar, Jost de, 18291877 — Critica ¢ ite pretagio 2, Arai, Machado dey 189531958 —~ Caen Intepretagio 3 Romance brasitg — Misra eeriies Itt Indices para exalgo sitamstico: 1 Romances: Literatura brscra + striae orton 869.9309 1.002 cp0.8699309 Ao Vencedor as Batatas Forma literdria e processo social nos icios do romance brasile! Roberto Schwarz [Al Livraria [Al buas Cidades um, 1. As idéias fora do lugar IL. A importagio do romance ¢ suas contradigdes em ‘Alencar 1 Generalidades A Mio ea Luva . Helena Jaié Garcia Sumario 29 B 89 ns As idéias fora do iugar ‘Toda ciéncia tem principios, de que deriva o sew sistema.\ ‘Um dos principios da Economia Politics é 0 trabalho livre, Ora, no Brasil domina o fato “impolicica e abominavel” da es- ceravidio. Este argumento — resumo de um panfleto liberal, contem= porineo de Machado de Assis (}) — pbe fora o Brasil do siste- ima da ciéncia, Estivamos aguém da reslidade a que esta se refere; éramos antes um fato moral, “impoltico ¢ abominavel Grande degradagio, considerando-s¢ que 4 cigncia eram 3 Lu 285, 0 Progresso, a Humanidade cc. Para ss artes, Nabuco ex: Pressa um sentimento comparivel quando protesta contra, 0 Assunto escravo no teatro de Alencar: “Se isso ofende 0 estran iro, como nao humitha © brasileiro!” (2). Outros autores na turalmente fizeram o raciocinio inverso. Uma vez que nao se referem & nossa realidade, ciéncia econdmica © demais ideolo: sits liberais € que so, clas sim, abominiveis, impoliticas € estrangeiras, além de vuineraveis. “Antes bons negeos da costa dda Africa para felicidade sua e nossa, 2 despeite. de toda mérbida filantropia britinica, que, esquecida de sua propria casa, deixa morrer de fome 0’ pobre irmio branco, esctavo sem Senor que dele se compadeca, e hipdcrita ou estélida ‘chora, exposta ao ridicuio da verdadeira filantropia, 0 fado de nosso eseravo feliz” (3) Cada um 2 seu modo, estes autores reletem a disparidade centre a sociedade brasileira, eseravista,e a6 idsias do liberalisme ‘europe. Envergonhando a uns, irritanda outros, que ins tem na sua hipocrisia, estas idgias — em gue gregos ¢ troianes iuio reconhecem o Brasil — so referéncies para todos. Suma, Fiamente esti montada uma comédia ideologies, diferente da ete 3 roptia. caro que a bere 4 taba, ivaldade pean tambéns ms i coespndia i opera esrb 28 EHODA seical =a expragio do traetho. Enure ny onenee 9 feria ats nur soto dives, por asa a Declaragio dos Dios do’ Homan, por ny ona om pre na Costa Base B24 hes nk Ca Gia mada, como tornava mals slo. © ha ee io) Ane oa f= poles ease es principio que tasformara ‘et gelmaaie «tsa dos favor. Que liam, nestas citconsincas, as gedes abarenies Burgess que udvames tnt? Rap deste go a sat nemo iso vvem as as Recent ye recda, Sérgio Buatgue observa; "Trazendo ile Faist shecahes owas formas dey ness iahasies Pues dacs Indo © timbrando em mart tudo seo en sien Soi vezeydesfavorivel ¢ ost, somos ame deen, meas terra” (9). Essa impropriedade de nosso pensamento, que #30 Egeas, como sewer, fa de fto una Breen eae ae Neteando © desequllbando, ne 50 dele a Hae do Segundo Reitador Freqenicment feds, ogee dicln ou enn € 6 rarament ja oo 3 do tempo € uma‘das mutes estimates Set Enbora sejam lugarcomum em’ nossa hisoriorai rantes dese quadio foram pou tadadas ea ro ce Como ésbids Eames um fas agree ndependene. Sede Soom fai rodugao depend do abate escrave oF um ada's pr hub do mercado etna: Noe ox nate Sircumente vim dat ay sngusrlass que eaptees oe Snevtiel, por enemplo a prsema ents ais do aco cee timio barguésnpeionage do ase com se cosine focair ~- tn vez que domasss ao soni mereneeay para onde a nossa ectnomia era vlad A peSiea peonmnea, todas wantgoss sclava, nose ‘eno, que akon one equsna malido, “Alem do que, hviamee feos tndepem, {Edin poco, en nome de sas hanes gla ¢ ne. eanas,varindaicte Heras que asim feta pvt es, 2 ideniade-macionl, Por bee Indo ons gel Tass, SEE conuntoieologico ira chars contra oeseravan ¢ seu detenors, eo que & mie vive com lest. No plano S35 conics» inimpatiidale € clan, #74 vinos em. plos. Mat tambem no plano prio ela se fain sent Sead tm proptidade um ecrvo poser yenido, mas ds plz. O tabathador ve, nee pont dd mals Tberdade 6 $x pad, alm de inabilar mend eaital Tate sop — tum Entre itor —Indca'0 te ca ecravatry epanba Comentando o que view numa fa- Zenda, um vigjante esreve: “nfo i especializagao do trabalho, porque se procura economizar a. mio-de-obra". Ao char & passogem, FH. Cardoso observa que “economia” 130. se Sestina aqui, pelo contexto, a fazer o iabatho num mimo de tempo, mis um miximo,” preciso espchilo, a fim de ene cher © diseiplinar 0 dia do escravo,_O-oposto exato do que fra modemo fazer. Fundada na voiéncia ¢ na dsciplina milk tar, a produ escravsta dependia da autoridade, mais que da eficicia (9. "0 estado racional do. processo.prodativo, assim como & sua modernizagSo continaada, com todo 0 prestigio que thes. advinha da revolugSo. que ocasionavacr aa Europa, cram Sem propesito no Brasil Para complicar ainda o quadro, con- Siderese que 0 latifndio escravista havia sido na origem un éempreendimento do enptal comercial, e que portato 0 Tuer fora desde sempre 0 seu pivo, Ora, o lucro como. priordade subjtiva & eomum is formas autiquadas Jo capital © 38 mais rmodemas. De sorte que os iacultos © sbomindvels escravists até certa data — quando esta forma. de produgio veio a set menos renlvel que'0 trabalho assalariado'— foram ‘no essen cial capitalistas mais conseqentes do que nossos defensores de ‘Adam Smith, que no capigizmo achsvarn antes que tudo 9 liberdade. Estive vendo que para 2 vida intelectval 0.18 60" tava armado. Em matéra' de racionalidads, os papéis se em- barathavam ¢ trocavam normalménte:a:cigacia eta fantasia © soral, 0 obscurantismo era tealismo e responsabiidade, 1 téc- acionalizagio produtiva, \nica no era pritica, o altruismo implantava a mais-valia ete EE, de mancira geral, na auséncia do interesse organizado da escravaria, o confronto entre humanidade e inumanidade, por justo que fesse, acabava encontrando uma tradugao mais ras teira no confito entre dois modos de empregar os capitais — do qual era a imagem que convinha a uma das partes (" TImpugnada a todo instante pela escravidio a ideologia lie beral, que era 2 das jovens nagées emancipadas da América, descarrthava. Seria facil deduzir 0, sistema de seus contra-sen: 06, todos verdadeiros, muitos dos quais agitaram a consi cia tedrica e moral de nosso sfculo XIX. Ji vimos uma cole ‘glo deles. No. entanto, estas dificukiades permaneciam curiosamente inessenciais. © teste da realidade ‘no parccia importante. £ como se coeréncia e generalidade ao pesassem muito, ou como se a esfera da cultura ocupasse uma posigdo rada, cujos critérios fossem outros — mas outros em rela- #0 a qué? Por sua mera presenca, a escravidio indicava a limpropredsde das idins liters; 0| que cotitanto.€ menos | {que orientardhes © movimento. Sendo embora a relagio.pro- dutiva fundamental, a escravidio nao era 0 nexo efetivo dx 1s vida idoliica. A chave desta era dversa, Pata descroxéa é Frio Tomar @ pais como todo, Exquomatzando, podese Teer que a clonizasio prod, com Fase no monopao és tern, is lager de popula: laitndigo, 0 escavo ¢ 0 ‘Stomem vies oa. verdade dependent. Ente os primsros dosn't wioglo & cara, €.2 moto dos trestos que no i teres, Nem proprtivios nem prota, seu aceseo vids sovil'ea seus bens depende mateiaimenté do favor indrto Sucieto deum grnde (). O apemndo ea soa canta, © fbvor“e:portato, o"mecaibme staves do qual se ceprodez tm das grands tases da soc eade,eavelvendo também ow tra a dos que tem Notese ainda que entre eas dae clases Ee it atontcet a vide tech ropda, em cone or ese mesmo mecanime (Assim, om mil formas © no” Tres, favor atavessou e aetou no conjuto a exstencia a lovaly resslvada sempre a rcagaoprodutva de base, eta Sssesnada pela fogs, Esteve presente por toda Pate comp tis ments fins dle, Som sdmnistasz, plea, ist, cometco, vida urbana, Core ci, Mesmo’ prota beat, como» meticina, ox aliases opera, como-atgosafn, vy nt ctpy80 ct ‘Epein, mio deiam nada ingen entree cram governs: {uy por ce E assim como 0 profssonal Gependia do fevor par exercicio de sun profs, o peyueno’propcirio de Fence dsl para a sepurangn de sos pooped © 0 fncindr puta os posto O favor? anos medusa guase universal — 2 endo sae simp gud o nex es ue a colbnia os Teparat€ compas que-os_esrires tEnhambaceado see asa inrpcetasao do Bras ivolants- Fiamente dinfarondo a violencia, ue sempre tenou sero aa produ, “is seme © escravsmo desmente as iis tiers; mas insidiona- ments o favor, 180 inconpatel som cles. quam 0 primero, te absore e esloca, argnando. um. padiao, patel. © lemento dean, 0 jope fu de ta € auo-sina 2 Ghee favor submete 0 inerse materi nfo podem se ite Eeioonteracionlizados Na Europe, a0 nach fos 0 univer Esti vse. o prego feuial Ro’ processo de sus afma- G0 tic, svitasao burgusa pestlara &atonoma da osama urieraidade da Tek cular desinteressada a 1 Ermer objtiva asic dp tabalbo ete, conta a8 pret Toumtives do neien Régime 0 favor pont por pote. patica 4 ependéncia da peson, a excegio ¢ regia a cultura interes. Saleem Stags poseas. Encanto, nae ants pura © Europa sono alamo para © capialismo, pelo contro, ramos Seu trbtaros em toda linker sl 32 16 no termos sido propriamente feudais — a colonizagio € um feito do capital comercial. No fastigio em que estava ela, Europa, ‘© na posigho relativa em que estavamos nos, ninguém no Brasil teria 2 idéia principalmente a forga de see. digamos, um Kant do favor, para bater-se contra 0 outto (°"). De modo que 0 Confront enite esses principios to antaginicos resultava de- sigual: no campo dos argumentos.prevaleciam com facilidade, ‘ou melhor, adotivamos sofregamente os que a burguesia eu: ‘laborado contra arbitrio © escravidio; enquanta fa pritica, geralmente dos proprios dehatedores, ‘sustentado pelo latiindio, 0 favor reaficmava sem dessenso os sentimen- fs € as nogies em que implica. O mesmo se passa no plano das instituigoes, por exemplo com burocracia e justigs, que emibora segidas pelo clientelismo, proclamavam as formas © teorias do estado burgués modemo, Além dos naturais deba- les, este antagonismo produziu, portanto, uma coexistencia es tabilizada — que interessa estudar. Ai’a aovidade: adotadas 4s idéias ¢ razdes européias, elas podiam servir & muitas veces serviram de justificacao, nominalmente “objetiva”, para 0. mo~ ‘mento de arbitrio que é da natureza do favor. Sem prejuizo de existir, 0 antagonismo se desfaz em fumaga ¢ os incompativels saem de mios dadas. Esta recomposigao & capital. Seus efeitos, so muitos, ¢ levam longe em nossa literatura./ De ideologia que havia sido — isto é engano involuntario © bem fundado ‘has apaténcias — 0 liberalismo passa, na falia de outro termo, 1 penhor intencional duma vartedade de prestigios com que nada tem a ver. Ao legitimar o arbitrio por meio de alguma razio “racional", © favorecido consciesitemente engrandece a sie a0 seu benfeitor, que por sua vez nio ve, nessa era de hhegemonia das razbes, motive para desment-o. Nestas con- goes, quem acreditava na justificacio? A que aparéncia cor respondia? Mas justamente, io era este 0 problems, pois todos reconheciam — ¢ isto sim era importante — a inten¢ao louvavel, seja do agiadecimento, seja de favor. A compensagao simbsliea podia ser um pouco’desafinada, mas ndo era male ageadecids, Ou por outra, seria desafinada em relacio 20 Liberalismo, que era secunditio, ¢ justa em relagi0 a0 favor, ‘que era principal. E nada melhor, para dar luste as pessoas © sociedade que formam, do que as idéias mais iustres do tempo, no caso as curopéias. Neste contexto, portanto, as ideologies nio descrevem sequer falsamente 2 realidade, e nfo gravitam segundo uma lei que thes seja prépeia — por isso as Chamamos de segundo gra, Sua regia é outta, diversa da que denominam; € da ordem do relevo social, em detrimento de sua intengéo cognitiva e de sistema. Derwva sossegadamen- te do obvio, sabido de todos — da inevitivel “superioridade "7 | {da Europa — ¢ liga-se a0 momento expressive, de auto-estima f fantasia, que existe no favor./ Neste sentido diziamos que 0 teste da realidade e da coeréncia nio parecia, aqui, decisivo, sem prejuizo de estar sempre presente como exigéncia reconhe- ida, evocada ow suspensa conforme a circunstincia. Assim, com método, atribui-se independéncis & dependéncia, utilidade a0 capricho, universalidade as excegbes, merito 20 parentesco, igualdade a0 privilégio etc. Combinando-se & pritica de que, fem principio, seria a critica, © Liberalismo fazia com que. o pensamento perdesse o pé. Retenha-se no entanto, para anali- Sarmos depois, a complexidade desse pasio: ao’ tornarem-se espropésito, estas idsias defxam também de enganar. E claro que esta combinasio foi uma entre outras. Para © nosso clima ideolégico, entreianto, foi decisiva, al&m de set ‘aqula em que os problems se configura da imancira mais completa e diferente. Por agora basiem alguns aspectos. Vimos que nela as idéias da burguesia — cuja grandeza sbria _re- ‘monta 20 espirito piblico-e racionaliste da Tlustragao — t6imem fungao de... omato © marca de Gidalguia: alestam e festejam a partiipagdo numa esfera augusta, no caso a da Europa que se... industrializa. O quiproc6 das idéias no podia ser maior. ‘A novidade no caso néo esta. no cariter ornamental de saber « cultura, que 6 da tradigto colonial eibérca; esti na dissonin- cia propriamente incrivel que ocasionam o saber ¢ a cultura de tipo “moderno” quando pastes neste contesto. Sé0_ inte como um berlogue? Sio brilhantes como uma comenda? Serio a nossa panacsia? Envergonhar-nos diante do mundo? O mais, certo € que nas idss © vindas de argumento ¢ interesse todos, testes aspectos tivessem ocasiio de se manifestar, de mancira ‘que na consciéacia dos mais ateatos deviam estar ligados © turados, Inextricavelmente, a vida ideoldgica degradava e condecorava os seus participantes, entre os quais muitas vezes hhaveria clareza disso. Tratava-se, portanto, de uma combina- 0 instivel, que faciimente degenerava em hostilidade ¢ critica fas mais acerbas, Para manter-se precisa de cumplicidade ‘manente, cumplicidade que a pritica do favor tende a garanti. No monvento da presiagio e da contraprestacio — particular- mente no instante-chave do reconhecimento reciproco — a renhuma das partes interessa denunciar a outra, tendo embo- ra a todo instante os elementos necessaries para fané-lo. Esta ‘cumplicidade sempre renovada tom continuidades sociais mais jprofundas, que the dio peso de classe: no contexto brasileiro, o favor asseguraya is duas partes, em especial 4 mais fraca, de que nenhuma & escrava, Mesmo o mais miserivel dos favore- dos via reconhecida nele, no favor, a sua livre pessoa, © que transformava prestagao e'contraprestagao, por modestas que 18 bodes, Masa oe es messes means ci vty con oie, parte 888 ba See ge tum bi spl e

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