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Tribunal Regional Eleitoral do Pará

PJe - Processo Judicial Eletrônico

23/08/2018

Número: 0600294-77.2018.6.14.0000
Classe: REGISTRO DE CANDIDATURA
Órgão julgador colegiado: Colegiado do Tribunal Regional Eleitoral do Pará
Órgão julgador: Juiz Federal Arthur Pinheiro Chaves
Última distribuição : 09/08/2018
Valor da causa: R$ 0,00
Processo referência: 06002575020186140000
Assuntos: Impugnação ao Registro de Candidatura, Registro de Candidatura - RRC - Candidato,
Cargo - Deputado Estadual
Objeto do processo: Registro de Candidatura - RRC - Candidato. MAURO CEZAR MELO RIBEIRO.
IMPUGNAÇÃO
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
MAURO CEZAR MELO RIBEIRO (REQUERENTE)
POR UM PARÁ MELHOR 10-PRB / 35-PMB (REQUERENTE)
Procuradoria Regional Eleitoral (FISCAL DA LEI)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
28277 23/08/2018 11:13 Decisão Decisão
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO PARA

IMPUGNAÇÃO AO REGISTRO DE CANDIDATURA (11532) nº: 0600294-77.2018.6.14.0000


RELATOR: Juiz Federal Arthur Pinheiro Chaves
IMPUGNANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL
IMPUGNADO: MAURO CEZAR MELO RIBEIRO e outros

DECISÃO

Cuidam os autos de Ação de Impugnação de Registro de candidatura com pedido


de liminar inaudita altera parte, proposta pelo Ministério Público Eleitoral em desfavor de
MAURO CEZAR MELO RIBEIRO, candidato ao cargo de Deputado Estadual pela Coligação
“POR UM PARÁ MELHOR”.

O impugnante afirma que o referido candidato “encontra-se inelegível, haja vista


que foi condenado por decisão transitada em julgado do Tribunal Regional Federal da 1º
Região no Processo criminal nº 2004.39.00.008595-9/PA pela prática de crime do art. 328,
parágrafo único, do Código Penal (usurpação de função pública), conforme documentação
anexa, a ensejar causa de inelegibilidade nos termos do art. 14, § 9º, da Constituição Federal
c/c art. 1º, inciso I, alínea “e”, da Lei Complementar 64/90 (...).”

Dessa forma, requer o deferimento de tutela inibitória liminar, com vistas a impedir
a utilização de recursos públicos do fundo partidário, do fundo especial de financiamento de
campanha – EEFC, instituído pela Lei 13.487/2017 e do tempo de propaganda de rádio e
televisão, tendo em vista a inelegibilidade “chapada” do candidato, com fulcro no art. 300 do
CPC.

É o relatório.

Decido

Inicialmente, cumpre destacar que a chamada “inelegibilidade chapada” é


neologismo criado para traduzir um caso inelegibilidade patente, ou seja, quando é evidente e
incontroverso o impedimento jurídico da pessoa se candidatar a um cargo eletivo em razão da
ocorrência de uma causa de inelegibilidade.

Traduz, desta feita, hipótese de inelegibilidade cuja configuração não se


modificará, ante a objetividade de sua caracterização, que não admite, portanto, maiores
digressões acerca de sua configuração, ainda quando se chegue ao termo do procedimento no
qual se discute o registro de determinada candidatura.

Assinado eletronicamente por: ARTHUR PINHEIRO CHAVES - 23/08/2018 11:13:56 Num. 28277 - Pág. 1
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Posta tal premissa, no caso dos autos, está clarividente e denotado nos autos que
o impugnado foi condenado com trânsito em julgado pela prática de crime do art. 328,
parágrafo único, do Código Penal (usurpação de função pública), cumpriu pena e teve extinta
sua punibilidade em 23/03/2016, conforme decisão do Juiz de Direito da 2º Vara de Execução
Penal (ID 26990).

Assim, a partir da data citada, iniciou-se o prazo de 8 (oito) anos de inelegibilidade


para o referido candidato, Sr. Mauro Cezar Melo Ribeiro, o qual terá seu termo final somente
no ano de 2024, com fulcro no art. 1º, I, “e” da LC 64/90.

“Art. 1º São inelegíveis:

I - para qualquer cargo:

e) os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou


proferida por órgão judicial colegiado, desde a condenação até o transcurso
do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena, pelos crimes: (
Redação dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010)

1. contra a economia popular, a fé pública, a administração pública e o


patrimônio público; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
(grifei)”.

Dessa forma, não há mais possibilidade, objetivamente, de qualquer


valoração do caso em tela pela Justiça Eleitoral, tendo em vista que houve o trânsito em
julgado da condenação do candidato, já tendo sido cumprida sua pena; não existindo mais a
possibilidade de suspender sua inelegibilidade na forma prevista no art. 26-C, da LC 64/90:

“Art. 26-C. O órgão colegiado do tribunal ao qual couber a apreciação


do recurso contra as decisões colegiadas a que se referem as alíneas d,
e, h, j, l e n do inciso I do art. 1o poderá, em caráter cautelar, suspender a
inelegibilidade sempre que existir plausibilidade da pretensão recursal e
desde que a providência tenha sido expressamente requerida, sob pena de
preclusão, por ocasião da interposição do recurso”. (grifei).

Ora, o dispositivo ao mencionar que a suspensão da inelegibilidade deverá ser


requerida em pretensão recursal, acabou por restringi-lo, no caso do art. 1º, I, alínea "e", da LC
64/90, apenas aos casos em que não houve o trânsito em julgado.

Na espécie, como já mencionado, a extinção da punibilidade se deu na forma do


art. 107, II do Código Penal, por meio de indulto que, como é cediço, alcança tão somente os
efeitos primários (principais) da condenação, ou seja, a própria pena, permanecendo íntegros
os efeitos secundários de natureza cível e, especificamente, no caso em tela, os eleitorais.

Nesses termos, extinto o processo executório penal, não havendo a possibilidade


de manejo de recurso a que alude o art. 26-C, estamos diante de exemplo típico da nominada
"inelegibilidade chapada".Isso porque o caso em análise não demanda maiores interpretações
e digressões fáticas ou jurídicas, seja por conta dos fatos objetivos narrados acima, seja
porque a chamada “Lei da ficha limpa” não trouxe qualquer outro mecanismo para se
suspender a inelegibilidade que ora se examina.

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Cumpre destacar também sobre o tema que, de outra banda, o dispõe o art. 16-A
da Lei 9.504/97, verbis:

“Art. 16-A. O candidato cujo registro esteja sub judice poderá efetuar todos
os atos relativos à campanha eleitoral, inclusive utilizar o horário
eleitoral gratuito no rádio e na televisão e ter seu nome mantido na urna
eletrônica enquanto estiver sob essa condição, ficando a validade dos votos
a ele atribuídos condicionada ao deferimento de seu registro por instância
superior” (grifei).

Posto esse texto legal, vale mencionar que o Poder Judiciário, como aplicador da
lei ao caso concreto, não deve assumir o ultrapassado oitocentista papel de mera “boca da lei”,
de tradutor da leitura literal texto normativo. No desempenho do seu mister deve o juiz
hodierno, imbuído de conceitos trazidos por escolas filosóficas atuais de interpretação, como a
pós-positivista e do neoconstitucionalismo, fazer com que o texto legal interpretado possua
aplicação e interpretação moral e eticamente adequada e atinja a um fim útil, a luz dos
preceitos de ordem constitucional, como aqueles concernentes ao combate à práticas que
refujam da moralidade ou configuradoras de improbidade. Nesse diapasão, não pode o
intérprete, dar à norma sentido que neutralize seu escopo moralizador e ético.

Feitas tais considerações, no texto acima transcrito, o termo “sub judice”,


constante da norma, não pode ter o alcance, portanto, de ser interpretado de modo a resultar
em ineficácia de Lei Complementar que trata das inelegibilidades. Dito de outra maneira,
entender o termo “sub júdice” como referência, inclusive, ao procedimento destinado
especificamente a aferir as condições de elegibilidade e ausência de causas de inelegibilidade,
como é o procedimento de registro e sua impugnação, é dar “interpretação suicida” à norma,
de vertente moralizadora, vale repisar, em total dissonância com um entendimento de fim útil e
coerente do sistema normativo eleitoral e com o texto constitucional. Forma de se evitar tal
efeito deletério e pernicioso é dar, portanto, fim coerente à norma, em interpretação que não se
resuma a sua literalidade, privilegiando o meio (instrumento) e não o fim, por conta de tal vício
de interpretação.

Nessa esteira, considerando que o art. 16-A, só se refere à possibilidade do


candidato sub judice efetuar os “atos de campanha”, principalmente no que concerne ao
horário eleitoral gratuito e nome na urna, não se referindo, portanto, à utilização dos recursos
do fundo partidário e do fundo especial de financiamento de campanha – EEFC, entendo
plausível a tese aventada pelo impugnante, no sentido de suspensão do repasse de referidas
verbas públicas, ao menos no que concerne às hipóteses de inelegibilidades patentes e não
mutáveis (ditas “chapadas”), na medida em que, entender de outra forma, seria aceitar que o
Judiciário Eleitoral serviria de instrumento chancelador de uso indevido de verbas públicas em
hipótese de candidatura com elevado índice de probabilidade de se revelar, ao fim e ao cabo,
natimorta.

Idêntico argumento serve para revelar o perigo de dano, consistente, no


presente caso, na possibilidade de utilização por parte de um candidato, cuja candidatura
apresenta óbice de inelegibilidade patente e de improvável afastamento, de uso indevido de
recursos públicos em sua campanha, acarretando um perigo de dano irreversível aos fundos
citados.

Assinado eletronicamente por: ARTHUR PINHEIRO CHAVES - 23/08/2018 11:13:56 Num. 28277 - Pág. 3
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Nessa toada, observo a existência do fumus boni juris e periculum in mora,
essenciais para o deferimento de uma medida liminar inibitória, DEFERINDO-A, EM PARTE,
apenas para impedir a utilização, por parte do Sr. MAURO CEZAR MELO RIBEIRO, dos
recursos públicos do fundo partidário e do fundo especial de financiamento de campanha –
EEFC, sob pena de multa diária no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais).

Notifique-se a agremiação partidária e a coligação da qual faz parte.

Proceda-se com os demais trâmites legais do Registro de candidatura.

Registre-se. Publique-se e intime-se.

23 de agosto de 2018.

Juiz Federal Arthur Pinheiro Chaves


Relator

Assinado eletronicamente por: ARTHUR PINHEIRO CHAVES - 23/08/2018 11:13:56 Num. 28277 - Pág. 4
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