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Duplo, dualidade, ambiguidade, são sempre dois extremos o tempo todo. Desde as
cores que se contrastam, às características dos personagens, desde um marido fiel e
um traidor, até um lugar com um ambiente muito bonito, porém extremamente violento.
Mas pra não ficar muito abstrato, vou tentar explicar melhor. Talvez o melhor jeito, é
lembrando de alguns momentos da explicação que a personagem da Natalie aponta
sobre as espécies. Em um momento no filme, a momento do crocodilo, ela fala sobre
os dentes do animal e que a situação é igual a das plantas (Plantas que crescem no
mesmo galho, porém de espécies diferentes). Uma das cientistas pergunta se o
crocodilo poderia ter se cruzado com um tubarão, mas Natalie diz que isso seria
impossível, não daria para cruzar dois animais de espécies diferentes.
Posso ter dado muitas voltas pra chegar até aqui. Dizer que a resposta está em nós
mesmos é algo que já passou do clichê. Mas é incrível como o cinema é capaz de se
transformar, e se remodelar, e passar uma mensagem de diversas formas. Uma
mensagem muito simples.
É claro que a mensagem do filme não se limita a essa reflexão filosófica. Acho que por
trás disso tudo, há um grande estudo do ser humano como indivíduo social. O que me
dizem?
Uma observação: Se novamente tomarmos como base essa teoria, podemos pensar
que a atitude e comportamento de Kane (marido de Lena) é completamente normal,
uma vez que, quem saiu de dentro da redoma foi seu duplo (com características
humanas) e não o Kane de verdade, ou seja, ele ainda estava com a maior parte de
seu dna em desenvolvimento da parte humana. E Lena (Natalie Portman) saiu como
humana, porém, desde o início ela já estava absorvendo características alienígenas
(por ter passado tanto tempo na redoma) e assim, pareceu estar feliz de ter
encontrado Kane, mesmo sabendo que não era o Kane “original”, mas o Kane ainda
sim, porém transformado, duplicado.
No final das contas é um filme bom. Tem muitos erros no roteiro, mas que se
abstrairmos muito, encontraremos justificativas. Os efeitos especiais não foi o ponto
alto do filme, Anaconda tem efeito melhor. A fotografia é bonita e precisa, uma vez que
consegue exprimir sensações muito parecidas com que cientistas estão passando
dentro da redoma. Agonia, desespero.
O som meta diegético funciona como o próprio som da criatura alienígena, mas
também funciona como um som que vem do imaginário. A personagem de Natalie é
questionada sobre a veracidade de seu depoimento e sobre a possibilidade dela ter
inventado ou imaginado muitas das coisas que disse ter presenciado.
O filme nos conduz para muitas perguntas, e até certas expectativas, mas também nos
tira todas as respostas. É bem provocativo nesse sentido.