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A ficção científica como gênero cinematográfico, está sempre, de alguma forma,

querendo nos despertar reflexões acerca da humanidade e a evolução do ser humano


como indivíduo social. Um dos melhores filmes que entra nessa categoria de tramas
diferentes do que estamos acostumados, até por conter uma narrativa mais lenta, é o
filme “A Chegada” que retratou a importância da comunicação, as falhas, e como isso
acaba dividindo as nações.

Essas questões constantemente levantadas, além do “quem somos nós”, “ o que


somos nós?” paira a todo momento em Aniquilação. O diretor usa do artifício da ficção
científica e da fantasia no aspecto visual para despertar esses questionamentos que
não são fáceis de serem respondidos, sendo assim, um filme simples e pontual
demais também não serviria para mensagem que ele deseja passar. Acho que
Aniquilação acerta nesse sentido. O filme consegue ser bem fechado no seu conceito,
onde tudo está ligado. A luz que se projeta em sala de aula no início do filme possui as
mesmas cores da redoma que cobre parte da vegetação.

Tudo é muito ambíguo. Essa questão da ambiguidade é forte do início ao fim. Um


exemplo disso é quando ele começa com uma aula da Lena, personagem da Natalie
Portman, mostrando a separação das células, algo que lá na frente, ao final do filme,
vamos perceber uma clara analogia: uma Natalie Portman duplicada.

Duplo, dualidade, ambiguidade, são sempre dois extremos o tempo todo. Desde as
cores que se contrastam, às características dos personagens, desde um marido fiel e
um traidor, até um lugar com um ambiente muito bonito, porém extremamente violento.

Ao mesmo em tempo que o filme usa a questão da ambiguidade como elemento


essencial, ele também vai usar do desconhecido pra despertar duas questões
intrínsecas do ser humano: o medo e a busca por respostas. O ser humano está
sempre em buscas de respostas, e se pensarmos nisso como elemento base para a
formulação dessa história, tanto nos livros quanto no filme, é quase frustrante o final
com que nos deparamos. O alienígena, o que vem de fora da terra, é totalmente
diferente do que a gente concebeu através dos vários filmes que já abordaram esse
tema. Ele é, no final das contas, nós mesmos.

Mas pra não ficar muito abstrato, vou tentar explicar melhor. Talvez o melhor jeito, é
lembrando de alguns momentos da explicação que a personagem da Natalie aponta
sobre as espécies. Em um momento no filme, a momento do crocodilo, ela fala sobre
os dentes do animal e que a situação é igual a das plantas (Plantas que crescem no
mesmo galho, porém de espécies diferentes). Uma das cientistas pergunta se o
crocodilo poderia ter se cruzado com um tubarão, mas Natalie diz que isso seria
impossível, não daria para cruzar dois animais de espécies diferentes.

Então, o que poderia fazer com que isso acontecesse?

Proponho o seguinte: A redoma tem algum mecanismo que consegue absorver e


mesclar as características de todo lugar que ele se hospeda. Sempre tentando
equilibrar de alguma forma. Um urso que usa das características de outros animais e
até mesmo de uma mulher, que é devorada por ele, as plantas que se mesclam com
outras espécies de plantas, humanos que se mesclam com outros reinos (como
podemos ver em uma cena onde uma das cientistas acaba se tornando uma espécie
de planta com formato humano). Então há, nitidamente, uma mistura de reinos. A
Ambiguidade ela não existe mais dali em diante. Então, o final, seria a Natalie não
duplicada, mas a Natalie absorvendo e sendo absorvida pela redoma e tudo que a
compõe, onde, no final das contas, encontra com ela mesma. A resposta que a gente
tanto procura está em nós mesmo.

Posso ter dado muitas voltas pra chegar até aqui. Dizer que a resposta está em nós
mesmos é algo que já passou do clichê. Mas é incrível como o cinema é capaz de se
transformar, e se remodelar, e passar uma mensagem de diversas formas. Uma
mensagem muito simples.

É claro que a mensagem do filme não se limita a essa reflexão filosófica. Acho que por
trás disso tudo, há um grande estudo do ser humano como indivíduo social. O que me
dizem?

Um erro: Se valermos dessa minha interpretação, encontraremos um erro que cause


sensação de Deus ex-machina no final do filme, onde Natalie Portman deixa um
explosivo no seu duplo (o alienígena, que agora também é Natalie ao mesmo tempo) e
ele ao invés de absorver o elemento, assim como fez com o dna da cientista, se
queima por completo, queimando também toda a sua suposta criação, que também
deveria absorver o elemento. O fogo é um elemento como todos os outros, e deveria
ser absorvido e se transformado da mesma forma. Acho que, mesmo fora dessa
minha interpretação, foi algo que prejudicou o final do filme, e que de certa forma
subestima a capacidade de interpretação do seu público.

Uma observação: Se novamente tomarmos como base essa teoria, podemos pensar
que a atitude e comportamento de Kane (marido de Lena) é completamente normal,
uma vez que, quem saiu de dentro da redoma foi seu duplo (com características
humanas) e não o Kane de verdade, ou seja, ele ainda estava com a maior parte de
seu dna em desenvolvimento da parte humana. E Lena (Natalie Portman) saiu como
humana, porém, desde o início ela já estava absorvendo características alienígenas
(por ter passado tanto tempo na redoma) e assim, pareceu estar feliz de ter
encontrado Kane, mesmo sabendo que não era o Kane “original”, mas o Kane ainda
sim, porém transformado, duplicado.

No final das contas é um filme bom. Tem muitos erros no roteiro, mas que se
abstrairmos muito, encontraremos justificativas. Os efeitos especiais não foi o ponto
alto do filme, Anaconda tem efeito melhor. A fotografia é bonita e precisa, uma vez que
consegue exprimir sensações muito parecidas com que cientistas estão passando
dentro da redoma. Agonia, desespero.
O som meta diegético funciona como o próprio som da criatura alienígena, mas
também funciona como um som que vem do imaginário. A personagem de Natalie é
questionada sobre a veracidade de seu depoimento e sobre a possibilidade dela ter
inventado ou imaginado muitas das coisas que disse ter presenciado.
O filme nos conduz para muitas perguntas, e até certas expectativas, mas também nos
tira todas as respostas. É bem provocativo nesse sentido.

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