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Data – 21/09/16
AULA 03
Sumário:
CRIMES PATRIMONIAIS
1. Furto (art. 155, CP)
1.1. Furto noturno (art. 155, §1º, CP)
1.2. Furto minorado (art. 155, §2º, CP)
1.3. Furto por equiparação (art. 155, §3º, CP)
1.4. Furto de semovente domesticável de produção (art. 155, §6º, CP)
1.5. Furto qualificado (art. 155, §4º)
2. Roubo (art. 157, CP)
2.1. Espécies de violência
2.2. Espécies de roubo
Recapitulação:
Estudamos ainda os crimes de perigo, quais sejam, crime de perigo de contágio venéreo,
perigo de contágio de moléstia grave, perigo para a vida ou saúde de outrem, abandono de
incapaz, exposição ou abandono de recém-nascido, omissão de socorro, condicionamento de
atendimento médico-hospitalar emergencial, maus-tratos e rixa.
Iniciamos o estudo dos crimes contra a liberdade pessoal. Passamos pelos crimes de
constrangimento ilegal, ameaça, sequestro e cárcere privado. Hoje finalizaremos os crimes contra
a liberdade pessoal com o estudo do crime de redução a condição análoga à de escravo.
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DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL (continuação)
Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos
forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho,
quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o
empregador ou preposto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência.
Nos termos do informativo 752 do STF, a competência para julgamento deste crime é da
Justiça Federal.
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princípios fundamentais a qualidade de normas embasadoras e informativas de toda a
ordem constitucional, inclusive dos direitos fundamentais, que integrariam o núcleo
essencial da Constituição. Salientou, nesse sentido, o art. 170 da CF (“A ordem
econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim
assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social”). Ponderou que,
diante da opção constitucional pela tutela da dignidade intrínseca do homem, seria
inadmissível pensar que o sistema de organização do trabalho pudesse ser concebido
unicamente à luz de órgãos e instituições, excluído dessa relação o próprio ser humano.
RE 459510/MT, rel. Min. Cezar Peluso, 1º.7.2014. (RE-459510)
O delegado que der ordem para que seus subordinados entrem no domicílio do investigado
sem mandado judicial não responde por violação de domicílio e sim pelo crime do artigo 3º da Lei
de Abuso de Autoridade.
O §2º do artigo 150 está tacitamente revogado pelo artigo 3º, “b” da Lei 4.898/65 – Lei de
abuso de autoridade.
Para que o agente policial adentre o domicílio do investigado sem que cometa crime
previsto no artigo 3º da Lei 4.898/65 deve haver autorização judicial, pois a inviolabilidade do
domicílio é clausula de reserva de jurisdição.
Obs: segundo entendimento do STF, não é necessária autorização judicial para a quebra do sigilo
de dados fiscais e bancários (informativo 814, STF). É requisito para a quebra do sigilo desses
dados que haja prévio procedimento investigativo instaurado.
CRIMES PATRIMONIAIS
Para a efetiva aplicação deste princípio, o STF entendeu que devem ser preenchidos 4
vetores, que estão previstos no HC 112.262/MG.
HC 112.262/MG:
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princípio da insignificância deve, contudo, ser precedida de criteriosa análise de cada caso,
a fim de evitar que sua adoção indiscriminada constitua verdadeiro incentivo à prática de
pequenos delitos patrimoniais. (...)
Acerca do momento consumativo do furto existem algumas teorias. Dentre elas, as mais
relevantes são a teoria da amotio/ apprehensio, e a teoria da posse mansa e pacífica.
Para a consumação do crime de furto a inversão da posse deve ocorrer com intuito
definitivo. Furto de uso não é crime.
O §1º traz uma majorante para o crime de furto. Para aplicação desta majorante basta que
o furto ocorra no período noturno, que é o período após as 18 horas. Não é preciso que a vítima
esteja dormindo, basta que ocorra após as 18 horas.
Será aplicada a minorante do §2º somente nas hipóteses em que não couber a aplicação
do princípio da insignificância.
Não cabe insignificância no furto qualificado, entretanto cabe aplicação desta minorante
(súmula 511 do STJ).
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor
econômico.
Este § aplica-se, por exemplo, à energia elétrica, ao sêmem de boi e outras energias que
possuam valor econômico.
A inclusão desta qualificadora ao crime de furto ocorreu em razão de uma pressão política
exercida pela bancada ruralista no Congresso Nacional, que desejava coibir os crimes cometidos
pelo MST.
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Este parágrafo é a manifestação típica do direito penal simbólico/inflacionário/do pânico, ou
seja, o legislador criminaliza condutas visando atender aos anseios sociais.
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de
delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os
vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.
Resp. 1008913/RS:
Destreza é a habilidade humana incomum. Ex: furtar dinheiro da carteira da pessoa sem
que ela perceba.
Escalada é a transposição de obstáculo. Ex: subir em uma escada para pular o muro;
cavar um buraco para entrar no local desejado.
Furto mediante fraude X estelionato: no furto mediante fraude o agente retira o bem da
posse da vítima (subtrai o bem) utilizando-se de meios fraudulentos. No estelionato a própria
vítima entrega o bem ao criminoso. Ex: vítima entrega o carro para o falso manobrista. Ver
informativos 326 e 344 do STJ.
Furto qualificado pelo abuso de confiança X apropriação indébita: no furto qualificado pelo
abuso de confiança o agente subtrai o bem da vítima sendo que a posse inicial é ilegítima. Ex:
empregada doméstica que furta bens da residência do patrão; caixa de supermercado que subtrai
o dinheiro do caixa. Na apropriação indébita a posse inicial do bem é legítima. Ex: Pessoa que
após a realização do teste drive não devolve o carro à concessionária.
Chave falsa é qualquer instrumento que não seja a chave verdadeira (Resp 906685/RS,
STJ).
Para que o crime seja qualificado pelo concurso de pessoas basta a reunião de duas ou
mais pessoas.
Neste número podem ser computados os menores de idade, inimputáveis e, até mesmo,
os agentes desconhecidos.
O maior responderá pelo crime de furto qualificado pelo concurso de pessoas e corrupção
de menores (244 – B, ECA).
Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos, com ele
praticando infração penal ou induzindo-o a praticá-la:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
Não se aplica a qualificadora se o veículo for transportado para outro município, deve ser
transportado para outro Estado ou para o exterior.
É crime material, ou seja, deve haver efetiva transposição da barreira para consumação do
crime.
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2. Roubo (art. 157, CP)
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou
violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de
resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
Súmula 582, STJ: Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem
mediante emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em
seguida à perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo
prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada.
Violência própria é aquela que ofende a integridade física da vítima. Está disposta na
primeira parte do caput do artigo 157. Vejamos: “Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para
outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa (...)”
Violência imprópria é aquela que afeta a integridade psíquica. Ex: utilização de soníferos,
drogas, etc para consumação do roubo. O uso desses subterfúgios causa redução da capacidade
de resistência da vítima e, portanto, configura-se crime de roubo. A violência imprópria está
prevista na segunda parte do caput do artigo 157. Vejamos: “(...) ou depois de havê-la, por
qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência”.
O crime de roubo pode ser próprio, previsto do caput do artigo 157 ou impróprio, previsto
no §1º do artigo 157.
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou
violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de
resistência:
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência
contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção
da coisa para si ou para terceiro.
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Ex: agente que adentra em determinada casa com a intenção de cometer o crime furto.
Entretanto, quando está saindo do local com o bem, encontra com a vítima. Para garantir a
detenção da coisa, o agente se utiliza de violência ou grave ameaça.
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