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DATA – 21/11/16
AULA 07
Sumário
Art. 327. Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora
transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
Vale lembrar que o artigo 30 do CP prevê que as condições de caráter pessoal que
constituírem elementares do crime se comunicam.
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Art. 30 – Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo
quando elementares do crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem
móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo (...).
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
Não é relevante se o bem é público ou particular, o que importa é o sujeito ativo do crime,
que deve ser funcionário público.
No crime de peculato-apropriação o agente público se vale da posse inicial legítima que ele
possui do bem para praticar o crime. Ex: funcionário público que possui a posse de um notebook
da administração, entretanto, ao fim do seu mandato, não restitui à administração a posse do
bem.
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem
móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo ou desviá-lo, em
proveito próprio ou alheio:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
Conforme a Lei Complementar 101, não é possível dar à verba destinação diversa daquela
prevista em lei.
Em relação ao sujeito ativo, trata-se de crime próprio. Estamos diante de crime contra a
Administração Pública, de forma que somente pode ser sujeito ativo desse crime, o funcionário
público.
Situação diversa diz respeito ao funcionário público que destina o dinheiro ou bem a outra
finalidade pública que não aquela prevista originariamente. Ex: funcionário público que utiliza a
verba destinada a saúde na educação.
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1.3. Peculato-furto (art. 312, §1º, CP)
No crime de peculato-furto o funcionário público não tem a posse inicial legítima do bem. O
agente subtrai o bem da administração em proveito próprio ou alheio valendo-se da facilidade que
o cargo público lhe proporciona.
Neste caso, o agente público responderá por peculato culposo e o indivíduo que furtou o
carro responderá por furto.
O STJ possui entendimento de que, para que seja possível aplicar a causa de diminuição
de pena prevista no art. 16 do Código Penal, faz-se necessário que o crime praticado seja
patrimonial ou possua efeitos patrimoniais.
O terceiro que incorre em erro pode ser um particular ou funcionário público. O erro do
terceiro deve ser espontâneo. Ex: funcionário que recebe salário dobrado em razão de erro da
administração e não comunica o ocorrido.
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1.6. Peculato eletrônico / Inserção de dados falsos em sistema de informações (art. 313-A,
CP)
Inserção de dados falsos em sistema de informações (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar
ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de
dados da Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para
outrem ou para causar dano: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000))
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de
2000)
O art. 313-A é crime próprio e formal. Exige que seja praticado por funcionário público
autorizado e basta que se dê a inserção ou modificação dos dados para que seja consumado.
O que diferencia este crime dos demais crimes de peculato é a utilização do sistema
informatizado, que é o elemento especializante do crime. Ex: funcionário público que mediante
vantagem insere dado falso no sistema de informações da administração para que o particular
seja considerado aprovado em exame de habilitação.
O particular que concorre para o crime também responderá por peculato eletrônico por ser
“funcionário público” elementar do tipo.
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função
ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
O verbo núcleo do tipo é exigir. Exigir denota coerção/extorção. O funcionário público, por
ato de ofício, irá exigir vantagem indevida do particular.
O indivíduo que entrega a vantagem ao funcionário público não responde por qualquer
crime. Ele é a vítima do crime. Ex: policial que durante uma blitz exige propina do particular sob a
ameaça de ser inserida droga em seu carro.
A concussão pode acontecer quando agente estiver fora da sua função ou até mesmo
antes de ocupar a função pública. Ex: vender um ato que será executado quando o funcionário
público tomar posse do cargo.
O conceito de vantagem indevida é trazido pela Ação Penal 470 do STF. Segundo o
Supremo a vantagem indevida pode ser de qualquer natureza, não sendo necessário que seja em
pecúnia. Ex: vantagem de natureza sexual.
Trata-se de crime formal, em que não se exige que o funcionário pratique o ato de ofício
para sua consumação.
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3. Corrupção passiva (art. 317, CP)
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que
fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar
promessa de tal vantagem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763,
de 12.11.2003)
Neste crime existe acordo entre as partes em relação à obtenção da vantagem indevida.
No que diz respeito a consumação do crime de corrupção, veremos que ela ocorre em
momentos diferentes em cada um dos verbos núcleos desse tipo penal. Vejamos:
Já no que diz respeito ao verbo receber, a conduta é material, pois será necessário o
efetivo recebimento da vantagem indevida para a consumação do delito.
Súmula 711: a lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente,
se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.
Essa alteração legislativa também justifica o fato de a pena da corrupção passiva ser mais
alta que a pena da concussão, sendo que o tipo penal da concussão é mais gravoso.
Outra questão amplamente debatida pela jurisprudência diz respeito ao flagrante delito
ocorrido no momento do efetivo pagamento da propina.
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momento adequado para a prisão em flagrante dos agentes, de modo que, o efetivo pagamento
da propina é mero exaurimento, não ensejando prisão em flagrante.
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo
a praticar, omitir ou retardar ato de ofício:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763,
de 12.11.2003)
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Os verbos núcleo do tipo penal de corrupção ativa são oferecer e prometer. O particular irá
oferecer ou prometer vantagem para que o funcionário público pratique ato de ofício.
Em ambos os casos (oferecer e prometer) a conduta será formal, pois não é necessário a
ocorrência do resultado naturalístico para a consumação do crime. Não é necessário que haja
efetivamente a omissão ou retardamento do ato de ofício.
O crime de corrupção é uma das exceções pluralistas adotadas pelo Código Penal.
Embora no concurso de agentes devam ser preenchidos todos os requisitos do artigo 29 do CP
(pluralidade de agentes, relevância causal da conduta, liame subjetivo e identidade fática), haverá
um crime para cada um dos concorrentes. No caso da corrupção o funcionário público corrupto
responderá pelo crime do artigo 317 (corrupção passiva) e o particular responderá pelo crime do
artigo 333 (corrupção ativa).
5. Tráfico de influência (art. 332, CP) e Exploração de prestígio (art. 357, CP)
Exploração de prestígio
Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em
juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete
ou testemunha:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Os artigos 332 e 357 são crime que se confundem com a corrupção ativa e passiva.
São crimes autônomos que preveem ações semelhantes, entretanto a vítima dos crimes
são indivíduos diferentes. No artigo 332 o sujeito passivo é o funcionário público latu sensu. No
artigo 357 os sujeitos passivos são juízes jurados, órgãos do Ministério Público, funcionários da
justiça, peritos, tradutores, intérpretes ou testemunhas.
Em ambos os crimes, o sujeito ativo do crime é o particular, que solicita vantagem indevida
a um outro particular a pretexto de influenciar o funcionário público.
O termo “a pretexto de influir” denota fraude. Desta forma, o particular sujeito ativo do
crime finge para o outro particular que irá influenciar o funcionário público, que, entretanto, sequer
sabe da conduta criminosa.
Obs: se o particular sujeito ativo deste crime repassa os valores obtidos para o funcionário público
ou diz para ele que recebeu o dinheiro, o crime praticado por ambos passará a ser corrupção.
O sujeito ativo deste crime é o particular que induz o outro particular em erro.
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O particular que fornece o dinheiro ao sujeito ativo para a suposta compra do funcionário
público pratica fato atípico (delito putativo). Ele imagina estar cometendo crime (corrupção ativa),
mas não está.
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra
disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Esse tipo penal não envolve vantagem indevida. O agente público retarda ou deixa de
praticar ato de ofício com o intuito de satisfazer interesse ou sentimento pessoal. Ex: juiz que
absolve o réu por ser amigo do seu advogado.
Trata-se de crime formal, pois o interesse ou sentimento pessoal não precisa ser satisfeito
para que haja a consumação do crime.
Descaminho
Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela
entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria (Redação dada pela Lei nº 13.008, de
26.6.2014)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Redação dada pela Lei nº 13.008, de
26.6.2014)
Contrabando
Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida: (Incluído pela Lei nº 13.008, de
26.6.2014)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
Atualmente, eles são previstos em tipos penais diversos e o contrabando é crime mais
gravoso que o descaminho. Não é aplicável SUSPRO ao crime de contrabando.
O artigo 334 prevê uma espécie de sonegação, enquanto que 334-A prevê a prática de
contrabando. Contrabando é a comercialização de mercadoria proibida. O conceito de mercadoria
proibida é trazido por portaria da ANVISA.