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DATA – 06/10/2016
AULA 02
Indicações Bibliográficas:
Manual de Direito Civil – Volume Único, Flávio Tartuce, Grupo Gen, Editora Metodo
Direito Civil Esquematizado, Carlos Roberto Gonçalves
OAB Esquematizado, Professor Bruno Zampier – Coordenado por Pedro Lenza,
Editora Saraiva. (Independente de ser um livro para a OAB, o conteúdo de direito civil
trabalhado pelo professor Bruno Zampier é bastante rico em informações, e
certamente satisfaz as exigências da prova objetiva do concurso de Delegado de
Polícia Federal).
EMENTA:
2.3) EMANCIPAÇÃO
a) Conceito:
b) Observações Gerais Sobre a Emancipação:
2.3.1) Espécies
a) Voluntária
b) Judicial
c) Legal
3) MORTE
3.1) Espécies de Morte
a). Morte Real
b). Morte Presumida
b1) Morte Presumida sem Decretação de Ausência
b2) Ausência.
b2.1) Fases da Ausência
3.2) Comoriência
Na aula passada demos uma visão geral do direito civil, tanto na parte geral quanto na
parte especial, fizemos uma análise do edital do concurso de Delegado de Polícia Federal
em relação ao código civil, e começamos o estudo da parte geral do Código, abordando o
tema pessoas naturais, personalidade no seus dois sentidos técnicos (Personalidade
Jurídica e Direitos da Personalidade), e adentramos no estudo da capacidade quando
falamos da teoria das incapacidades como forma de proteção de certos sujeitos (fator
idade ou fator insanidade). E por ultimo tratamos da questão ligada aos deficientes, com a
grande alteração ocorrida no Código Civil com a entrada em vigor do Estatuto da Pessoa
com Deficiência (lei 13.146/2015).
Para terminarmos o tema capacidade, ficou faltando estudarmos a emancipação.
2.3) EMANCIPAÇÃO
Emancipação é um tema excelente para provas objetivas, e o Cespe adora cobrá-la nos
certames que realiza.
o
Art. 5 A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à
prática de todos os atos da vida civil.
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público,
independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o
menor tiver dezesseis anos completos;
II - pelo casamento;
III - pelo exercício de emprego público efetivo;
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde
que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.
Obs2: Se o sujeito foi emancipado, como fica a questão do dever de alimentos por
parte dos pais?
Como o direito de alimentos não está ligado á incapacidade, o menor não perderá esse
direito pelo simples fato da emancipação.
Mas e se o emancipado trabalhar e tiver economia própria? Poderá vir a perder os
alimentos, mas não pela emancipação, mas sim pela ausência de necessidade (binômio
do direito á alimentos: Necessidade/Possibilidade).
Obs3: Ás vezes a lei não trabalha com o conceito de capacidade, mas tão somente
exige para a prática de certo ato o fator idade. Por exemplo, a lei dispõe que para
adotar alguém a pessoa tem que ter a idade mínima de 18 anos, e não que a pessoa
tem que ser plenamente capaz. Quanto ao Direito Administrativo também há leis que
trabalham nesse sentido, como a lei 8.112/ 90 que diz que para ser servidor público o
sujeito deve ter a idade mínima de 18 anos. Para tirar carteira de motorista, o Código
de Trânsito Brasileiro estipula a idade mínima de 18 anos.
Então, quando a lei estipula a idade mínima de 18 anos para a prática de determinado
ato, o emancipado vai poder praticá-lo?
Não. Quando a lei exigir para a pratica de um ato a idade mínima de 18 anos, o
emancipado não poderá praticá-lo.
Feita essas observações gerais, vamos falar agora sobre as espécies de emancipação:
2.3.1) Espécies:
Temos 3 espécies de emancipação:
Requisitos:
Manifestação de vontade dos pais
Ou manifestação de vontade de um dos pais na falta do outro (Ex: Morte ou perda do
poder familiar).
Através de um instrumento publico, ou seja, uma escritura publica de emancipação no
cartório de registro de notas.
Idade Mínima de 16 anos
Não depende de Homologação Judicial
Se isso ocorrer a emancipação não será nula, mas somente o termo, a condição e o
encargo não produzirão qualquer efeito.
Obs3: Quem é responsável pelos atos ilícitos praticados pelo menor?
Nos termos do art. 932, incisos I e II, os pais, tutores e curadores respondem
objetivamente pela reparação civil dos atos praticados pelo menor.
“Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;”
Requisitos:
A emancipação judicial existe para subtrair os deveres de um tutor. Para se falar em
emancipação judicial tem que estar presente o instituto da tutela. (art. 1.728 do CC).
Quem vai nomear o tutor? O juiz. Então menores que estão sob tutela só podem ser
emancipados se houver uma sentença judicial.
Vai se operar por força de uma Sentença Judicial
Menor com idade mínima de 16 anos
A lei exige a oitiva do tutor, para que o juiz possa se convencer acerca da
conveniência ou não da emancipação.
A partir dos 16 anos, se emancipado judicialmente (em caso de morte dos pais), o menor
vai poder administrar todo o patrimônio herdado. Por isso é conveniente que o tutor seja
ouvido, para que possa testemunhar a maturidade/sanidade ou não do menor.
c) Legal
Na emancipação legal a lei considera que certas situações da vida da pessoa já denotam
um grau maturidade, razão pela qual não haveria mais a necessidade de se proteger
aquele sujeito a partir da construção da teoria das incapacidades.
Quais são esses fatos? Temos quatro fatos que podem ocorrer na vida da pessoa e que
podem levar a emancipação. Vamos a eles.
Casamento
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
II - pelo casamento;
Existe algum ato no direito civil que exige mais maturidade do que o casamento? Existe
algum ato mais solene do que o casamento? Veja que o casamento é um negócio jurídico
solene e que exige dos sujeitos uma certa maturidade. A Lei pensa que quem já esta
maduro para casar já também estará maduro para os demais atos da vida civil.
Qual a idade núbil para contrair o matrimônio? 16 anos.
Pode se casar antes dos 16 anos? Sim, desde haja uma situação de gravidez. Não se
deve falar aqui “desde que haja mulher grávida”, mas sim “desde que haja uma
situação de gravidez”, pois pode acontecer do menino ter menos de 16, e engravidar
uma menina de 16 anos. Nesse caso, ela já atingiu a idade núbil, mas ele não.
Poderão mesmo assim contrair o matrimônio? Sim. O código não usou o termo
“desde que a mulher esteja grávida”, mas sim uma situação de gravidez que abrange
tanto a mulher quanto o homem.
Perceba que, se um menino de 14 anos engravida uma menina e se casa, ele que era
absolutamente incapaz passa a ser plenamente capaz.
Hoje em dia, divórcio é uma coisa muito comum, então se uma pessoa de 16 anos se
casa e se divorcia algum tempo depois (antes de completar 18 anos), volta a ser
incapaz ou continua com a plena capacidade?
O divórcio, ou mesmo a viúves, não farão com que o sujeito retorne a condição de
incapaz (não atuam como causas revogadoras da emancipação).
Isso é uma reminiscência histórica praticamente, pois a lei 8112/90 estabelece a idade
mínima de 18 anos para ingresso no serviço público. Quando o sujeito tinha a maioridade
de 21 anos no Código passado, esse inciso até fazia sentido. Na vigência do código
passado, o sujeito menor de 21 e maior de 18 anos poderia passar em um concurso de
nível médio e exercer o emprego (cargo) público efetivo, mas hoje em dia essa hipótese
se mostra improvável. Sabemos que nada impede que um Município edite uma lei
estipulando a idade mínima de 16 anos para determinado serviço local que não exija
maiores técnicas, mas isso é uma hipótese remota. Caso ocorra, o menor que exercer
emprego público efetivo será emancipado.
Qual a finalidade dessa regra? Porque eventualmente o sujeito menor pode ser
responsabilizado perante a administração, e se assim o for, é melhor que ele já esteja
emancipado para que, tendo a plena capacidade, os bens dele possam responder
pelo fato.
Finalizado o tema capacidade, vamos adentrar no estudo da morte sob a ótica civilista.
3) MORTE
Doutrina diz que a morte marca o fim da personalidade.
Qual personalidade? A morte extingue tanto a personalidade civil quanto os direitos da
personalidade (extingue a personalidade em sua dupla acepção).
a) Morte Real
E aquela em que se tem um cadáver, sobre o qual será feito um atestado de óbito por um
médico. De posse do atestado, a família vai buscar a certidão de óbito no cartório de
registro civil das pessoas naturais.
Quando está autorizado a proceder ao atestado de óbito? A morte real só poderá ser
atestada quando ficar comprovada a denominada morte encefálica. Isso inclusive está
previsto na lei de transplantes e tecidos Lei 9.434/97 em seu art. 3º, veja:
“Art. 3º A retirada post mortem de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano destinados a
transplante ou tratamento deverá ser precedida de diagnóstico de morte encefálica, constatada
e registrada por dois médicos não participantes das equipes de remoção e transplante,
mediante a utilização de critérios clínicos e tecnológicos definidos por resolução do Conselho
Federal de Medicina.”
b) Morte Presumida
Ao contrário do que se passa na morte real, na morte presumida não há um cadáver,
mas sim o desaparecimento de uma pessoa natural. Hoje em dia já temos varias
delegacias especializadas em pessoas desaparecidas, que buscam tentar desvendar
esse fato dramático na vida dos familiares. O desaparecimento acontece em sua maioria
com deficientes mentais, pessoas envolvidas em crimes, sequestro de crianças, e as
vezes acaba não sabendo a causa do desaparecimento, se foi voluntário ou involuntário.
A partir do desaparecimento e preenchido certos requisitos, a família do poderá buscar a
declaração dessa morte presumida. Mas o Código Civil atual fez uma distinção válida
nesse aspecto, qual seja, ele separou os desaparecimentos em situações de Morte
Presumida sem decretação de ausência e morte presumida com decretação de ausência.
Vejamos:
Ex: Caso Priscila Belfort; caso Elisa Samúdio; Caso do pedreiro Amarildo (Corpos nunca
foram encontrados).
b2) Ausência.
Está regulamentada nos artigos 22 á 39 do Código Civil.
Para entendermos o instituto da ausência, primeiramente devemos conceituar quem seria
tecnicamente considerado ausente.
Ausente é aquele sujeito que desaparece de seu domicílio sem deixar notícias ou
representante constituído (procurador, mandatário). Exemplo clássico é o da pessoa que
saiu para comprar cigarro e nunca mais voltou.
Antes de passarmos a tratar da fases da ausência, necessário se faz alguns
apontamentos iniciais.
1ª Fase 2ª Fase
(Sem prazo) 01 ano 10 anos
Fato
Desaparecimento Declaração de Sucessão Sucessão
Ausência Provisória Definitiva
(Curador) (Posse) (Propriedade)
“Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver
deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a
requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e
nomear-lhe-á curador.
Art. 23. Também se declarará a ausência, e se nomeará curador, quando o ausente deixar
mandatário que não queira ou não possa exercer ou continuar o mandato, ou se os seus
poderes forem insuficientes.
Art. 24. O juiz, que nomear o curador, fixar-lhe-á os poderes e obrigações, conforme as
circunstâncias, observando, no que for aplicável, o disposto a respeito dos tutores e curadores.
Art. 25. O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente, ou de fato por
mais de dois anos antes da declaração da ausência, será o seu legítimo curador.
o
§ 1 Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausente incumbe aos pais ou aos
descendentes, nesta ordem, não havendo impedimento que os iniba de exercer o cargo.
o
§ 2 Entre os descendentes, os mais próximos precedem os mais remotos.
o
§ 3 Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a escolha do curador.”
Com isso, parte da doutrina (minoritária) aplica analogicamente esse prazo de 6 meses
para os casos de ausência em geral.
2ª Fase: Os herdeiros conhecidos serão imitidos na posse dos bens deixados pelo
ausente. Quem for herdeiro necessário não tem que prestar caução para entrar na
posse dos bens do ausente, já quem não for deve prestar se quiser ser imitido na
posse dos bens. Nesses casos, a posse vai ser justa e de boa fé, derivada de ordem
judicial.
“Art. 26. Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou
representante ou procurador, em se passando três anos, poderão os interessados requerer que
se declare a ausência e se abra provisoriamente a sucessão.
Art. 27. Para o efeito previsto no artigo anterior, somente se consideram interessados:
I - o cônjuge não separado judicialmente;
II - os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários;
III - os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente de sua morte;
IV - os credores de obrigações vencidas e não pagas.
Art. 28. A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só produzirá efeito cento
e oitenta dias depois de publicada pela imprensa; mas, logo que passe em julgado, proceder-
se-á à abertura do testamento, se houver, e ao inventário e partilha dos bens, como se o
ausente fosse falecido.
o
§ 1 Findo o prazo a que se refere o art. 26, e não havendo interessados na sucessão
provisória, cumpre ao Ministério Público requerê-la ao juízo competente.
o
§ 2 Não comparecendo herdeiro ou interessado para requerer o inventário até trinta dias
depois de passar em julgado a sentença que mandar abrir a sucessão provisória, proceder-se-
á à arrecadação dos bens do ausente pela forma estabelecida nos arts. 1.819 a 1.823.
Art. 29. Antes da partilha, o juiz, quando julgar conveniente, ordenará a conversão dos bens
móveis, sujeitos a deterioração ou a extravio, em imóveis ou em títulos garantidos pela União.
Art. 30. Os herdeiros, para se imitirem na posse dos bens do ausente, darão garantias da
restituição deles, mediante penhores ou hipotecas equivalentes aos quinhões respectivos.
o
§ 1 Aquele que tiver direito à posse provisória, mas não puder prestar a garantia exigida neste
artigo, será excluído, mantendo-se os bens que lhe deviam caber sob a administração do
curador, ou de outro herdeiro designado pelo juiz, e que preste essa garantia.
o
§ 2 Os ascendentes, os descendentes e o cônjuge, uma vez provada a sua qualidade de
herdeiros, poderão, independentemente de garantia, entrar na posse dos bens do ausente.
Art. 31. Os imóveis do ausente só se poderão alienar, não sendo por desapropriação, ou
hipotecar, quando o ordene o juiz, para lhes evitar a ruína.
Art. 32. Empossados nos bens, os sucessores provisórios ficarão representando ativa e
passivamente o ausente, de modo que contra eles correrão as ações pendentes e as que de
futuro àquele forem movidas.
Art. 33. O descendente, ascendente ou cônjuge que for sucessor provisório do ausente, fará
seus todos os frutos e rendimentos dos bens que a este couberem; os outros sucessores,
porém, deverão capitalizar metade desses frutos e rendimentos, segundo o disposto no art. 29,
de acordo com o representante do Ministério Público, e prestar anualmente contas ao juiz
competente.
Parágrafo único. Se o ausente aparecer, e ficar provado que a ausência foi voluntária e
injustificada, perderá ele, em favor do sucessor, sua parte nos frutos e rendimentos.
Art. 34. O excluído, segundo o art. 30, da posse provisória poderá, justificando falta de meios,
requerer lhe seja entregue metade dos rendimentos do quinhão que lhe tocaria.
Art. 35. Se durante a posse provisória se provar a época exata do falecimento do ausente,
considerar-se-á, nessa data, aberta a sucessão em favor dos herdeiros, que o eram àquele
tempo.
Art. 36. Se o ausente aparecer, ou se lhe provar a existência, depois de estabelecida a posse
provisória, cessarão para logo as vantagens dos sucessores nela imitidos, ficando, todavia,
obrigados a tomar as medidas assecuratórias precisas, até a entrega dos bens a seu dono.
o
“Art. 6 A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos
ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva.
Art. 37. Dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura da
sucessão provisória, poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e o levantamento
das cauções prestadas.”
Polêmicas:
Perceba que se a pessoa retornar antes da primeira fase não será declarada a
ausência, se o ausente retornar entre a primeira e a segunda fase não vai ocorrer a
sucessão provisória (remunera o curador e restitui-se os bens), mas e se ele retornar
entre a sucessão provisória e a sucessão definitiva? Como o instituto da ausência
visa proteger os bens do ausente, este será reintegrado na posse. Perceba que a
sucessão é provisória e os herdeiros possuem a posse e não ainda a propriedade.
Se com a sucessão definitiva a propriedade passa para os herdeiros, como fica a situação
se o ausente retornar após essa fase?
Basta lembrar que a finalidade do instituto da ausência é a proteção dos bens do ausente.
Então, se o ausente retornar nos 10 anos seguintes á sucessão definitiva ele terá direito
aos bens no estado em que estes se encontrarem, ou ao preço obtido na sua venda ou o
bem sub-rogado em seu lugar.
Essa questão está disciplinada no art. 39 do CC/02.
“Art. 39. Regressando o ausente nos dez anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, ou
algum de seus descendentes ou ascendentes, aquele ou estes haverão só os bens existentes
no estado em que se acharem, os sub-rogados em seu lugar, ou o preço que os herdeiros e
demais interessados houverem recebido pelos bens alienados depois daquele tempo.”
Conclusão: A propriedade dos herdeiros será considerada resolúvel. A propriedade
resolúvel está regulamentada no Código Civil nos artigos 1359 e 1360.
“Art. 1.359. Resolvida a propriedade pelo implemento da condição ou pelo advento do termo,
entendem-se também resolvidos os direitos reais concedidos na sua pendência, e o
proprietário, em cujo favor se opera a resolução, pode reivindicar a coisa do poder de quem a
possua ou detenha.
Art. 1.360. Se a propriedade se resolver por outra causa superveniente, o possuidor, que a tiver
adquirido por título anterior à sua resolução, será considerado proprietário perfeito, restando à
pessoa, em cujo benefício houve a resolução, ação contra aquele cuja propriedade se resolveu
para haver a própria coisa ou o seu valor.”
Observações Finais:
Obs1: Para a corrente majoritária, os negócio celebrados após a morte presumida do
ausente não serão invalidados quando de seu reaparecimento. Ex: Viúva que celebra
novo casamento após a decretação de morte presumida do ausente. Para a corrente
majoritária, se o ausente retornar, esse casamento posterior não será inválido.
Para uma corrente minoritária essa casamento será inválido, pois quando o ausente
reaparece, há uma cassação dos efeitos produzidos por aquelas fases da ausência, e um
dos efeitos é a morte que era apenas presumida.
Obs2: O STJ, em respeito a dignidade humana dos familiares, permite que estes se
utilizem do procedimento de ausência mesmo ante a inexistência de bens.
Ex: Obtenção de benefício previdenciário. A pessoa não deixa nenhum bem, mas é
segurado do INSS.
Nesta linha o STJ entende que se a intenção é apenas a obtenção do beneficio
previdenciário, a justiça competente será a justiça federal.
3.2) Comoriência
Nada mais é do que uma presunção jurídica relativa (juris tantum) de ocorrência de
mortes simultâneas de pessoas que sejam herdeiras entre si.
Exemplo clássico é aquele de morte de familiares em um acidente automobilístico.
o
“Art. 8 Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se
algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos.”
Então, quando a lei fala em mesma ocasião está se referindo a uma questão temporal e
não necessariamente de uma questão especial.
4) Direitos da Personalidade
Regulamentados nos artigos 11 a 21 do CC.
Na próxima aula, vamos estabelecer um histórico, explorar as características, e analisar
as principais regras a respeito dos direitos da personalidade.