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conta-nos as histórias dramáticas de violação e escravatura de seis mulheres

congolesas fugidas da guerra, a partir de testemuhos reais, recolhidos pela autora num
campo de refugiados no Uganda. O cenário (ficcionado) é um bar-bordel na fronteira da
República Democrática do Congo. Neste suposto lugar seguro, frequentado tanto pelas
milícias governamentais como por forças rebeldes, a astuciosa matriarca e dona do
estabelecimento - Mama Nadi - tanto protege estas mulheres como lucra com os seus
corpos, que se tornaram eles próprios num campo de batalha. Um cenário de tragédia,
destruição e ruína, num musical também cheio de esperança e amor, que dignifica a
resistência destas mulheres de forma exemplar.

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Está em cena no Teatro São Luiz o espectáculo musical Ruínas, concebido por António Pires a partir
da premiada peça original da norte-americana Lynn Nottage. A ação de Ruínas tem lugar num
bordel instalado no meio da selva do Congo, em plena guerra civil.

Inspirado no relato da fuga de seis mulheres num cenário de abusos sexuais e escravatura no
Uganda, Ruínas é cantado como um manifesto à liberdade. O elenco desta peça é
maioritariamente composto por atores com origens africanas, o que significa, para António Pires,
que “quase todos eles, por serem negros ou porque os pais viveram na pele a guerra, têm uma
proximidade inevitável com o tema. Nunca falámos disso, porque destas coisas não se fala, nem
nos ensaios. Mas todos percebemos a mensagem”.

A cantora moçambicana Selma Uamusse interpreta uma das personagens principais – Sophie – que
“arruinada” é levada com Salima para o bordel de Mama Nadi. Ali, estas mulheres cantam o
passado, ainda que não lhes seja possível desassociarem-se das atrocidades que viveram.

António Pires crê que “também na guerra se canta. As pessoas cantam para sobreviver, para se
manterem vivas. É por isso que acho que neste espectáculo a música intervém como um elemento
de esperança. Queria que a música servisse como uma reflexão espiritual”.

Matamba Joaquim, o intérprete da personagem Jerome Kisembe, líder rebelde congolês, vê esta
história como “um retrato de todas as mulheres que deixaram de o ser muito cedo. As mulheres
em África, silenciadas todos os dias das suas vidas, são um símbolo do fenómeno da força. Em
Ruínas as atrizes actuam como altifalantes dessas mulheres ,e como tal, no decorrer dos ensaios
muitas vezes se verteram lágrimas”.
Para ver até 17 de janeiro, no Teatro São Luiz, e de 20 a 24, em versão acústica, no Teatro do
Bairro.

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“Ruínas”, a peça da autora norte-americana Lynn Nottage, inspirada em histórias reais de


refugiadas congolesas violadas durante a guerra, estreia-se esta quarta-feira, em Portugal, com
encenação de António Pires.

Em cena, no Teatro Municipal São Luiz, em Lisboa, a peça é um musical que “dá rosto a pessoas
que estão em situação de guerra, aqui, neste caso, mulheres”, como contou o encenador à agência
Lusa.

A partir de relatos recolhidos por Lynn Nottage num campo de refugiados no Uganda, junto de
mulheres que foram violadas por militares durante a guerra civil na República Democrática do
Congo, a peça ganha outra atualidade com a vaga de refugiados na Europa.

“Está-se a falar muito de refugiados, fala-se muito disto, de guerra, há aqui um cheiro a guerra no
mundo muito próximo. (…) Isto pode dar um rosto. Quando vemos pessoas metidas dentro de um
barco de borracha, o que vai fazer é afundar-se. Tem mais hipótese de afundar do que atravessar o
Mediterrâneo. Questionamo-nos quem é que se mete ali dentro com a família. Estes relatos
mostram um bocadinho o muro, o que é que está a empurrá-las para o barco”, afirmou o
encenador António Pires.

“Ruínas”, estreado nos Estados Unidos em 2007 e também inspirado em “Mãe coragem”, de
Bertolt Brecht, valeu à escritora e dramaturga Lynn Nottige o prémio Pullitzer em 2009. António
Pires leu o texto há uns anos e imediatamente o quis levar à cena.

“Os espetáculos vêm ter connosco. Isto diz-me alguma coisa. Nasci em Angola e, aos oito anos,
vim-me embora com os meus pais. Há aqui um lado muito pessoal, uma coisa que me toca, esta
coisa dos horrores da guerra, é uma coisa que sempre me acompanhou na vida. Eu sei que isto
existe, que é mesmo verdade, que não é lá longe e que nos pode acontecer a qualquer momento”,
contou.
O encenador tem essa perceção de proximidade da peça também do lado do elenco, composto
maioritariamente por atores e cantores africanos ou de ascendência africana.

Em palco estarão mais de uma dezena de pessoas, entre os quais os cantores Mistah Isaac,
Timóteo Tiny (NBC), Adriano Diouf, Elizabeth Pinard e Selma Uamusse, e os atores Zia Soares,
Daniel Martinho e Matamba Joaquim. A peça tem música adicional de Filipe Raposo e letras de
Kalaf.

“Quase todos estes atores aqui, por serem negros, por terem nascido em África ou porque os pais
viveram na pele, tudo isto é-lhes muito próximo de alguma maneira. Nunca falámos disso, porque
destas coisas não se fala, nem nos ensaios. Sabemos todos do que estamos a falar”, explicou.

Uma das personagens centrais da peça – Sophie, uma vítima da guerra que vai cantar para um
bordel – é interpretada pela cantora moçambicana Selma Uamusse.

“É uma peça que fala sobre mulheres, mulheres negras – nunca fui ver uma peça com quatro
mulheres negras enquanto protagonistas”, disse a cantora à agência Lusa.

“Fala sobre uma coisa que o António [Pires] refere muitas vezes: ‘Não tenhas muita pena da
personagem’ e isso encontro no caráter dos africanos. Passamos por sofrimento, mas não vivemos
no sofrimento, há sempre qualquer coisa para ultrapassar. Há um ‘statement’ sobre a força que as
mulheres têm e esse é o lado com que mais me identifico, com a mulher forte”, afirmou Selma
Uamusse à agência Lusa.

Num cenário que recria o bar de um bordel, com mesas e bancos cor de barro, um piano, um
telhado com quatro chapas e uma cascata de ramos de seringueira, a encenação de António Pires
deixa de lado muitas das referências diretas do texto à guerra civil congolesa: “Quis que fosse uma
África mais lusófona. Queria que fosse uma coisa próxima das pessoas que vêm ver”.

“Ruínas” estará em cena no São Luiz até ao dia 16, seguindo depois para uma versão mais intimista
no Teatro do Bairro, também em Lisboa, ainda este mês.
Em complemento à peça, nas ruas do Bairro Alto e do Chiado, estarão expostas, a partir de quinta-
feira, as fotografias das seis mulheres que inspiraram a peça de Lynn Nottage, captadas por Tony
Gerber.

Na quinta-feira, no Teatro do Bairro, Tony Gerber participará num debate sobre “Refugiados de
guerra”.

http://observador.pt/2016/01/06/ruinas-peca-africanas-mutiladas-guerra-estreia-lisboa/

"Os espectáculos vêm ter connosco. Isto diz-me alguma coisa. Nasci em Angola e, aos oito anos,
vim-me embora com os meus pais. Há aqui um lado muito pessoal, uma coisa que me toca, esta
coisa dos horrores da guerra, é uma coisa que sempre me acompanhou na vida. Eu sei que isto
existe, que é mesmo verdade, que não é lá longe e que nos pode acontecer a qualquer momento",
contou.

O encenador tem essa percepção de proximidade da peça também do lado do elenco, composto
maioritariamente por atores e cantores africanos ou de ascendência africana.

Em palco estarão mais de uma dezena de pessoas, entre os quais os cantores Mistah Isaac,
Timóteo Tiny (NBC), Adriano Diouf, Elizabeth Pinard e Selma Uamusse, e os atores Zia Soares,
Daniel Martinho e Matamba Joaquim. A peça tem música adicional de Filipe Raposo e letras de
Kalaf.

"Quase todos estes atores aqui, por serem negros, por terem nascido em África ou porque os pais
viveram na pele, tudo isto é-lhes muito próximo de alguma maneira. Nunca falámos disso, porque
destas coisas não se fala, nem nos ensaios. Sabemos todos do que estamos a falar", explicou.

Uma das personagens centrais da peça - Sophie, uma vítima da guerra que vai cantar para um
bordel - é interpretada pela cantora moçambicana Selma Uamusse.

"É uma peça que fala sobre mullheres, mulheres negras - nunca fui ver uma peça com quatro
mulheres negras enquanto protagonistas", disse a cantora à agência Lusa.
"Fala sobre uma coisa que o António [Pires] refere muitras vezes: 'Não tenhas muita pena da
personoagem' e isso encontro no caráter dos africanos. Passamos por sofrimento, mas não
vivemos no sofrimento, há semppre qualquer coisa para ultrapassar. Há um 'statement' sobre a
força que as mullheres têm e esse é o lado com que mais me identifico, com a mulher forte",
afirmou Selma Uamusse à agência Lusa.

Num cenário que recria o bar de um bordel, com mesas e bancos cor de barro, um piano, um
telhado com quatro chapas e uma cascata de ramos de seringueira, a encenação de António Pires
deixa de lado muitas das referências diretas do texto à guerra civil congolesa: "Quis que fosse uma
África mais lusófona. Queria que fosse uma coisa próxima das pessoas que vêm ver".

"Ruínas" estará em cena no São Luiz até ao dia 16, seguindo depois para uma versão mais intimista
no Teatro do Bairro, também em Lisboa, ainda este mês.

http://sicnoticias.sapo.pt/cultura/2016-01-04-Peca-Ruinas-estreia-se-esta-quarta-feira-em-Lisboa

Um bordel, em plena guerra, é o cenário de Ruínas, o musical que estreia amanhã no São Luiz.

"Sabes cantar?" A rapariga está envergonhada, baixa os olhos e responde num murmúrio: "Sei."
"Fala mais alto", diz-lhe Mama Nadi. "Conheces algumas canções populares?" E é então que ela
canta. Ela, Sophie, a rapariga "arruinada", mais uma das vítimas da guerra, violada por vários
homens, esventrada com uma baioneta, tão destruída por dentro que nem para prostituta serve,
se ficar ali, naquele bordel-abrigo no meio da selva africana, há de ser por saber fazer contas e por
saber cantar. "Sabes cantar?"

Selma Uamusse sabe. A cantora, de 34 anos, já tinha dado das vistas, fosse nos Wraygunn fosse a
solo, a interpretar Nina Simone ou a dar corpo aos ritmos moçambicanos, da sua terra natal. Mas
neste espetáculo, Ruínas, que se estreia amanhã no Teatro Municipal São Luiz, em Lisboa, ela
arrisca mais, porque além de cantar maravilhosamente como sempre faz tem também de ser atriz:
"Isto é muito diferente de cantar. Na música estou muito habituada a ser performer, mas é uma
Selma dentro de muitas Selma, nunca deixo de ser eu, e aqui estou a representar um papel. Tive
que mudar o paradigma", conta.

As mulheres: sobreviventes
As entrevistas feitas às mulheres mostraram a Lynn Nottage uma realidade muito dura: muitas
delas tinha sito roubadas às suas aldeias para serem escravas, sexuais e não só, serviram a guerra e
depois foram abandonadas. "Mas quando voltam para casa, as famílias já não as querem e acabam
por ir para os campos de refugiados", conta António Pires. Na peça, algumas das mulheres acabam
por ir parar a um bordel. "São refugiadas porque são pessoas que não têm um sítio onde estar. São
pessoas sem terra e sem hipóteses. Há um lado documental mas depois dá-se humanidade a essa
palavra que tanto ouvimos hoje em dia, refugiado. A ficção ajuda-nos a dar um rosto a essa
realidade."

https://www.dn.pt/artes/interior/selma-uamusse-a-cantar-nas-ruinas-da-guerra-4965321.html

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