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RESUMO
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¹ Professora de Geografia da rede pública do Paraná, formada pela Universidade Estadual de Ponta
Grossa, especialista em Educação.
² Professora do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Doutora
em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo, Pós-doutorado pela Université Paris 1-
Panthéon-Sorbonne. Orientadora do PDE.
INTRODUÇÃO
Trabalhar com o lugar permite aos alunos entender a ligação que cada um
tem com o seu mundo, permitindo que eles se reconheçam como sujeitos de sua
vida, de sua história, contribuindo para uma formação cidadã participativa, com visão
crítica do mundo e de suas transformações nos mais variados aspectos. Segundo
Callai:
Pensar sobre sua realidade social, seu próprio espaço, leva a exercitar
análise crítica constantemente sobre as formas de vida e as condições
estruturais, políticas e socioeconômicas que existem, possibilita ao sujeito
efetivamente se situar no mundo, trabalhar nele tendo condições
necessárias a viver de modo decente. (CALLAI, 2004, p.36).
Uma educação que tem como objetivo a autonomia do sujeito passa por
municiar o aluno de instrumentos que lhe permitam pensar, ser criativo e ter
informações a respeito do mundo em que vive. O processo de construção
do conhecimento é, pois uma tarefa que o estudante deve realizar, e o
nosso grande desfio como professores é oportunizar- lhe as condições para
tanto. (CALLAI, 2000, p.101)
Assim, podemos entender que a leitura do lugar, seja pela observação real ou
pela linguagem cartográfica, é fundamental para o desenvolvimento do
conhecimento dos alunos, pois contribui para a construção do raciocínio crítico e
espacial.
ROTEIRO DO CONHECIMENTO
Não existe uma definição específica para roteiros, mas podemos entender
roteiro como a descrição detalhada de uma viagem (FERREIRA, 2010), que propõe
estudos e descobertas e pode ser ferramenta para a leitura da realidade existente e
da situação social e cultural vigente em determinado lugar, em uma determinada
época. É necessário mostrar para os alunos o lugar em todos os seus aspectos,
incluindo conteúdos históricos, geográficos, sociais, culturais, urbanísticos, entre
outros. Consideramos que os roteiros são estratégias importantes nas atividades de
campo, pois possibilitam a organização de tarefas, das observações, revelam uma
pré-seleção do que é significativo nos objetivos de aprendizagem e permitem a
adequação desses ao tempo disponível para realizar a campo. Como coloca Santos:
As atividades tiveram início com a apresentação de uma animação: “Um lugar comum”,
procurando mostrar para os alunos que os personagens vão vivenciando seu dia a dia neste
espaço comum, criando uma identidade com o lugar de vivência. Levando os alunos a
pensarem de que forma o parque retratado participa da história de vida dos personagens.
Destacando que as fases de vida dos personagens estão repletas de experiências
vivenciadas neste lugar, tornando o parque um local de muitas memórias que fazem parte
da vida de cada personagem. Foi orientado aos alunos que observassem onde se passa a
história, quais são os personagens e o que acontece com eles e, como o lugar vai
modificando com o passar dos anos. “Um lugar comum” é uma animação realizada por
alunos da UFSCar.
http://semanaanimada.blogspot.com.br
A participação dos alunos durante o vídeo foi bem ativa, assistiram com atenção e
ao mesmo tempo faziam comentários quando percebiam as mudanças que
aconteciam no lugar de vivência dos personagens e com os próprios personagens.
Eles perceberam que mesmo com o passar do tempo os personagens mantinham
um forte laço afetivo com o parque, lugar onde aconteceu a história.
O trabalho com o mapa de Curitiba foi muito gratificante e acabou envolvendo todos
os alunos da escola, quando foi exposto no corredor. Quando apresentado o mapa
com os bairros de Curitiba os alunos do 6º ano ficaram admirados com o tamanho
da cidade e comentaram que não conheciam muitos dos bairros que observavam no
mapa. Todos ficaram animados em marcar a localização do seu bairro para mostrar
aos colegas onde moram ao mesmo tempo em que ficavam comparando a distância
entre os bairros e por quantos tinham que passar até chegarem à escola. Falaram
também sobre o tempo que passam no ônibus ou no carro para chegarem, muitos
dos alunos moram em bairros bem distantes. Após todos marcarem o bairro com um
alfinete e um fio, ligando o bairro à escola, colocamos o trabalho em exposição no
corredor e observei que quando os alunos de outras turmas passavam por ali
paravam e discutiam com os colegas sobre onde moram também, foi interessante
perceber o interesse de vários alunos em observar e comentar sobre o mapa de
Curitiba. A atividade alcançou os objetivos propostos instigando os alunos a
conhecerem a realidade do espaço em que vivem e seu pertencimento à cidade,
levando-os a situar-se geograficamente e historicamente; ao mesmo tempo em que
ajudou no desenvolvimento da capacidade de ler e interpretar mapas.
Sugestão de mapa:
Mapa de Curitiba e dos Bairros de Curitiba:
http://www.ippuc.org.br/default.php
Para que os alunos pudessem conhecer um pouco do lugar de vivência uns dos
outros, eles fizeram um desenho (mapa mental) do trajeto que percorrem de casa
até a escola. O espaço físico é vivenciado através do movimento e do deslocamento
do aluno, onde ele vive, experimenta e conhece. Neste trabalho destacaram os
elementos que consideravam mais importantes, que têm maior influência em suas
vidas e apresentaram aos colegas explicando seus significados. Os mapas mentais
ajudam na representação e compreensão do lugar e auxiliam no entendimento da
localização geográfica.
O trabalho com mapa mental permitiu aos alunos observarem melhor o lugar onde
vivem e, assim, o desenho ficou cheio de detalhes. O que ficou em destaque foram
os lugares onde eles frequentam mais, como: o supermercado, a praça, o shopping,
casa dos amigos e outros com os quais eles mantêm laço afetivo. Eles conseguiram
identificar características dos lugares onde moram e utilizaram a linguagem
cartográfica para interpretação e representação do espaço geográfico. Todos os
trabalhos foram expostos em um mural na entrada da escola.
fonte: Album do Paraná. Curityba: Livraria Econômica de Annibal Rocha & C., s.
Depois passar o vídeo “Antiga Curitiba” que pode ser acessado em:
https://www.youtube.com/watch?v=LrXMfVpGdW0
No início fiquei preocupada em sair com os alunos, andando a pé, por tanto tempo.
Mas quando começamos nossa aula dentro do museu percebi que todos tinham
entendido o objetivo de estarmos ali. Eles anotavam nas fichas tudo o que era
solicitado e muito mais. Como foi visita monitorada participaram fazendo vários
questionamentos sobre os aparelhos que se encontram no museu e sobre a história
das mudanças que ocorreram naquele espaço. Ao percorrermos a Rua Barão do Rio
Branco a todo o momento parávamos para que eles pudessem; observar, fotografar
e comentar o que despertava interesse. Foi muito importante observar que eles
conversavam entre si mostrando as construções antigas e as mais novas que
estavam presente naquele espaço e identificavam, que muitas das construções
antigas hoje abrigam hotéis naquela região. O interesse era tanto que acabamos
visitando o museu do som que não estava previsto no trajeto, mas acabou
contribuindo, pois mostra um pouco da história de Curitiba.
Finalizamos nosso trajeto no Paço da Liberdade, também com visita monitorada,
onde os alunos, percorreram os espaços, observando, questionando, tirando fotos e
anotando tudo o que consideravam importante. Quando voltamos para a escola eles
agradeceram falando que tinha sido a melhor aula que já participaram fora da
escola. E nas outras aulas continuavam a comentar sobre a aula de campo que
participaram. Ao preencherem a ficha técnica a maioria comentou que o que mais
chamou a atenção dentro do museu foram os 400 tipos de madeiras expostas, os
objetos antigos e o trem. A maioria já havia visitado outros museus e comentaram
que consideram importante a existência deles para que o passado não seja
esquecido.
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( ) sim ( ) não
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RUA: BARÃO DO RIO BRANCO/ RIACHUELO
O QUE OBSERVO AO CAMINHAR PELA RUA:
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( ) sim ( ) não
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( ) sim ( ) não
( ) sim ( ) não
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Para o croqui foi utilizado o mapa ampliado do bairro do centro de Curitiba obtido do
site do IPUCC.
http://www.ippuc.org.br/default.php
Figura 14 – Mapa do centro de Curitiba
Para finalizar o trabalho sobre o estudo do lugar, os alunos montaram uma linha do
tempo utilizando as fotos tiradas durante a saída a campo, imagens antigas
coletadas da internet e informações que relatam a história das construções
observadas no percurso percorrido. Todos contribuíram com o material necessário
para confecção da linha do tempo, identificando as imagens com o percurso
percorrido, comentando os espaços antigos e os novos que fazem parte do lugar de
vivência de todos.
Figura 15 – Painel da Linha do Tempo de Curitiba, construído pelos alunos com fotos antigas e recentes.