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Rachel Luiza Leite Torrezan 1; Sâmya Thayná Amorim do Nascimento2; Steffanye Karoliny de
Farias Soares 3
INTRODUÇÃO
1
Acadêmica de Engenharia Civil da Universidade Católica Dom Bosco. racheltorrezan@gmail.com
2
Acadêmica de Engenharia Civil da Universidade Católica Dom Bosco. samyathayna.amorim@gmail.com
3
Acadêmica de Engenharia Civil da Universidade Católica Dom Bosco. soaressteffanye@gmail.com
Devido à preocupação crescente da sociedade sobre os problemas ambientais nos dias atuais,
as empresas e indústrias estão começando a adotar um comportamento ambiental pró-ativo. Nesse
contexto, a questão ambiental se torna uma propícia oportunidade de negócios, pois, concomitante ao
fato da crise ambiental ser prejudicial à sobrevivência humana, apresenta-se também como uma
oportunidade de se basear em novos parâmetros para a continuidade da vida (PIMENTEL, 2009).
De acordo com Bastos (2015), sua importância dá-se pela extensa área de execução que oferece,
pois, até mesmo os resíduos deixados por ela podem ser aproveitados. No Brasil está em constante
crescimento, atuando nas construções de estradas, residências e indústrias. Traz melhorias de vida
para a população, contribuindo para o crescimento nacional. Uma de suas maiores importâncias são
as criações de novas tecnologias, e geração de empregos e renda para população brasileira.
A indústria da construção civil consome um grande volume de recursos naturais, portanto, tem
sido largamente indicada e utilizada para absorver resíduos sólidos, diminuindo custos e também
prejuízos ambientais referentes ao tratamento e disposição final desses resíduos adequadamente.
Minimizando os impactos ao meio ambiente, causados pelo uso de recursos naturais. Exemplo disso
é a utilização de resíduos industriais para produzir blocos e tijolos cerâmicos, telhas, lajotas, entre
outros componentes da construção civil (LUCAS, BENATTI, 2008).
Grande parte do desenvolvimento econômico e social tem como responsável a construção civil,
porém, ela também é culpada por grandes impactos ambientais no país. Cerca de 50% do consumo
de energia elétrica em operação de edifícios, 75% do consumo de recursos naturais extraídos na
construção e manutenção e 16% do consumo de toda água potável no país é de responsabilidade da
construção civil (CETESB, 2015). Estimativas apontam para uma produção mundial entre 2 e 3
bilhões de toneladas/ano de resíduos. Por todos estes motivos, a construção civil é um dos grandes
vilões ao se falar em impactos ambientais.
De acordo com o estudo feito pelo Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia
(IMAZON) em 2009, foram consumidos 14,2 milhões de metros cúbicos de madeira pelas empresas
madeireiras legalizadas, sendo 5,8 milhões de metros cúbicos de madeira processada. Destes 5,8
milhões, 72% corresponde a madeira serrada com baixo valor agregado (ripas, caibros, tábuas e
similares), 15% foram transformados em madeira beneficiada com algum nível de agregação
O setor da construção civil é responsável por 30% a 40% de todo resíduo produzido por
atividade humana. E em cidades de médio e grande porte, os resíduos de edifícios passam dos 50%
dos resíduos sólidos urbanos (CETESB, 2015). A grande quantidade de resíduos gerados e o seu
incorreto descarte, muitas vezes sendo despejados em lixões, meio urbano ou até mesmo meio natural,
é outro problema que causa impacto ambiental, a poluição do ambiente.
De acordo com Almeida (2015), outro fator importante de ser citado é a poluição do ar causada
pelas atividades da construção civil. Os poluentes são encontrados em processos de terraplanagem,
demolição, extração de areia e argila, entre outros, pois quando se movimenta o material particulado
utilizado nas obras - como terra, areia, pó de brita –, eles se misturam com o ar, o que causa alteração
na qualidade do mesmo e na vida da população.
A produção de cerâmica, muito utilizada no meio da construção, também traz muitos impactos
no meio ambiente em todas as etapas de produção, desde a extração de argila, até a queima da
cerâmica. Em quase todas as etapas a água é muito utilizada e em grande quantidade. Como é
necessária a queima do produto, consume-se muita energia, principalmente nos processos de secagem
e queima, além de emitir poluentes gasosos (NUNES, 2012).
Conforme V. P. Souza et al. (2008), a liberação de poluentes gasosos não tem sido
suficientemente investigada, porém, em geral, podem liberar monóxido de carbono (CO), dióxido de
carbono (CO2), óxidos de nitrogênio (NOx), óxidos de enxofre (SOx), amônia (NH3) e metano
(CH4), que em fortes concentrações prejudicam o meio-ambiente, equipamentos, ferramentas e
principalmente a saúde humana.
Geração de resíduos
O Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2015, apresentado pela Associação Brasileira de
Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE), aponta que 45 milhões de toneladas
de RCD foram coletadas pelos municípios brasileiros em 2015. A região Centro-Oeste coletou
aproximadamente 13.916 toneladas por dia (t/dia) de RCD, e teve o maior índice de RCD coletado
por habitante entre as cinco regiões, sendo de 0,901kg/hab/dia.
Os RCC no Brasil podem representar de 50% a 70% da massa dos resíduos sólidos urbanos
(RSUs), sendo motivo de sobrecarga dos sistemas de limpeza pública municipais. Geralmente são
considerados resíduos de baixa periculosidade, e o principal problema consiste no grande volume
gerado (IPEA, 2012).
Geradores
Segundo o Art. 2º da Resolução nº 307/2002 do CONAMA, “os geradores podem ser pessoas,
físicas ou jurídicas, pública ou privada, podendo ser responsáveis por alguma atividade ou
empreendimento gerador de resíduos”. E devem ter como objetivo a não geração, redução,
reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, bem como disposição final
ambientalmente adequada dos rejeitos (BRASIL, 2010).
De acordo com a Lei municipal nº 4.864, de 7 de julho de 2010, os geradores são classificados
em dois grupos: pequenos geradores e os geradores de grandes volumes. Aqueles contidos em
volumes até um metro cúbico (1m³) são considerados pequenos geradores.
Já para os geradores de grandes volumes (com mais de 1m³), o plano incorpora o Projeto de
Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, o qual é de responsabilidade dos mesmos, tanto no
desenvolvimento, implantação e execução, de acordo com as diretrizes da Resolução CONAMA nº
307. É necessário aos empreendimentos um alvará de aprovação e execução estabelecendo os
procedimentos específicos da obra para o manejo e destinação ambientalmente adequados dos
resíduos. (CAMPO GRANDE, 2010).
Reciclagem
Conforme NBR 15.114: Resíduos sólidos da construção civil – Áreas de reciclagem – Diretrizes
para projeto, implantação e operação (ABNT, 2004), a reutilização consiste em um "processo de
aproveitamento de um resíduo, sem sua transformação", enquanto a reciclagem é definida como
"processo de aproveitamento de um resíduo, após ter sido submetido a transformação".
De acordo com Lima (2012), o local de acondicionamento de resíduos deve ser estudado com
antecedência, de modo que os agentes transportadores tenham facilidade na remoção. Nesta fase, os
principais fatores a serem considerados consistem no quantitativo gerado e tipo de resíduo.
Conforme Lima (2011), a publicação do programa trata de sete temas prioritários: água, meio
ambiente, energia, desenvolvimento humano, materiais e sistemas, infraestrutura e desenvolvimento
urbano, mudanças climáticas e resíduos. O programa detalha ações a serem praticadas para que a
construção civil evolua de forma sustentável.
De acordo com estudo disponível no site da CBIC: "O Programa Construção Sustentável é uma
proposta de convergência e diálogo que visa aperfeiçoar e compartilhar soluções, mostrando à
sociedade brasileira que esse caminho é mais do que viável: é inevitável".
Para o desenvolvimento deste trabalho foram realizadas pesquisas, incluindo buscas virtuais,
baseadas na coleta de dados relevantes ao tema do trabalho. Foram consultados artigos, trabalhos de
conclusão de curso, legislação ambiental, leis municipais, leis federais e resoluções do CONAMA.
Através de entrevistas e visitas técnicas com os sócios da empresa Progemix Resilix do Brasil
Ltda, foram obtidos dados sobre a reciclagem de resíduos sólidos da construção civil na cidade de
Campo Grande/MS. A recicladora foi escolhida para realização de um estudo de caso, uma vez que
utiliza o RCD para produção de blocos, tijolos cerâmicos, telhas, lajotas, entre outros componentes
da construção civil.
Para fins do entendimento desta pesquisa, se fez necessário acompanhar o processo de produção
da empresa Progemix. Foram descritos os métodos e produtos utilizados para obtenção da qualidade
e características necessárias ao produto final.
Também foram usadas publicações feitas por órgãos competentes, que legislam o
procedimento adequado para o RCD, sendo esses mesmos órgãos que atribuem responsabilidades
para cada etapa do processo de destinação adequada do RCD.
ESTUDO DE CASO
A empresa Progemix Resilix do Brasil Ltda foi fundada em 2003 e está localizada em Campo
Grande/MS, na Avenida Consul Assaf Trad, nº 2.541, bairro Coronel Antonino. Possui área de terreno
correspondente a 40 mil m² e consiste em uma unidade de pesquisa, processamento de resíduos
minerais e produção de cerâmica sem queima.
A Progemix Resilix tem por objetivo fornecer destinação sustentável e ecologicamente correta
para resíduos descartados e que precisem de tratamento especial, com foco de recebimento voltado
para resíduos classe A, ou seja, resto de material da construção. Em 2009, a empresa recebeu
premiação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), na categoria “Desenvolvimento Sustentável
de Micro e Pequena Indústria”.
A Progemix recebe majoritariamente resíduos da construção civil dos tipos classe A - resto de
material de construção e demolição, resíduos de mineração, carvão mineral e sílicas na mineração de
ouro -, e classe B - papéis, plásticos, resto de madeiras em geral e gesso. Também recebe poda de
árvores, classificada pela NBR 10004/2004 como resíduo sólido não inerte, classe II.
A principal restrição para recebimento consiste em o resíduo não estar contaminado com nada
orgânico. No caso de móveis velhos, por exemplo, a empresa até consegue fazer o processamento da
madeira, mas não é o indicado.
As empresas construtoras devem fazer uma gestão e treinamento dos operários para realizar a
triagem de materiais na própria obra. Geralmente utiliza-se mais de uma caçamba e os pequenos
volumes são acondicionados em sacos plásticos ou bags, que devem ser transportados até a
recicladora sob responsabilidade da construtora.
Os resíduos de obras são utilizados para a confecção de blocos, telhas, pavers, manilhas, entre
outros componentes. É possível fazer praticamente todos os pré-moldados necessários da construção
civil.
A mistura composta por cimento, agregados de RCC, aglutinante RB8 e água passa pelo
processo de prensagem. O produto moldado não passa pelo processo de queima, comum nas
fabricações tradicionais, ou seja, os componentes são enrijecidos e ganham resistência in natura. Tal
procedimento elimina a emissão de gases poluentes gerados pela queima.
A última etapa consiste na cura úmida, na qual ocorre aspersão constante e regular de água nos
primeiros dias de cura. O controle de resistência do produto final é realizado pela Universidade
Federal de Mato Grosso do Sul e enquadra-se dentro dos parâmetros de norma vigente para
comercialização.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A massa específica dos concretos de densidade normalmente varia entre 2200 kg/m³ e 2600
kg/m³, enquanto a do concreto estrutural leve está entre 1350 kg/m³ e 1850 kg/m³. Com o emprego
do concreto estrutural leve nas edificações, é possível reduzir em até 15% o peso total de uma
estrutura. Sendo assim, ainda que o custo do concreto de densidade normal seja cerca de 10 a 15%
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A quantidade de resíduos sólidos gerados é cada vez maior, devido à elevação da qualidade de
vida, crescimento demográfico e desenvolvimento tecnológico. Conforme observado, é de suma
importância a necessidade de uma destinação correta dos RCD, além do estudo de formas para se
reutilizar e reaproveitar estes materiais.
É válido salientar que pequenos ou grandes geradores de RCC, devem ser estimulados a
segregar os resíduos da construção civil, facilitando o procedimento realizado pela empresa que coleta
os resíduos. É essencial que a população tome conhecimento de empresas neste segmento que
atendem as normas estabelecidas, para que não só se reutilize o resíduo gerado, como também seja
popularizado o uso de elementos construtivos reciclados nas mais diversas obras no município.
BASTOS, Luísa Welter. Análise de custos dos desperdícios na construção civil. 2015. Trabalho
de conclusão de curso de Graduação em Engenharia de Produção. Universidade Federal de Santa
Maria. Santa Maria.
BRASIL. Lei 12.305 de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos –
PNRS. Altera a Lei no 9.605 de 12 de fevereiro de 1998, Diário Oficial da República Federativa do
Brasil, Poder executivo, Brasília, DF.
CAMPO GRANDE. Lei 4.864 de julho de 2010. Dispõe sobre a gestão dos resíduos da
construção civil e institui o plano integrado de gerenciamento de resíduos da construção civil
de acordo com o previsto na resolução Conama n° 307/2002, no âmbito do município de
Campo Grande-MS. Publicado no Diário Oficial de Campo Grande-MS em 9 de julho de 2010.
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