Vous êtes sur la page 1sur 8

PARTICIPAÇÃO DE PROFISSIONAIS NO PROCESSO DE

TERRITORIALIZAÇÃO EM UNIDADE SAÚDE DA FAMÍLIA DE OURICURI-PE

Lidyane de Sousa Calixto1


Gardielle Dayane Bernardino Andrade2
Gláucia Margarida Bezerra Bispo3

Resumo: a territorialização é um dos elementos essenciais para implantação da ESF, sendo


desenvolvido por equipes de Saúde da Família e profissionais de saúde que atuam na Atenção Básica e
tem servido para aproximá-los da realidade em que atuarão. O estudo teve como objetivo descrever
como se dá a participação de profissionais de saúde no processo de territorialização de uma unidade de
Estratégia Saúde da Família do município de Ouricuri, Pernambuco. Trata-se de uma pesquisa do tipo
descritiva, de caráter qualitativo, realizada no mês de julho de 2012, em um serviço de atenção básica
à saúde de Ouricuri-Pe. Participaram do estudo dez profissionais da unidade, oito ACS, um técnico em
enfermagem e um enfermeiro. De um modo geral o que se tem observado a partir das falas dos
entrevistados é que as práticas de territorialização tem se limitado à adscrição de clientela e à
descrição geográfico-epidemiológica da área de responsabilidade sanitária das equipes de saúde da
família. Portanto, percebemos que o processo de territorialização na unidade ainda é falho. Esperamos
que este estudo estimule novas reflexões acerca da importância da territorialização nas unidades de
atenção básica à saúde e que novas pesquisas nesse âmbito possam surgir a partir desta.
Palavras-chave: Territorialização; ESF; Participação.

INTRODUÇÃO

No Brasil, o processo de reflexão e reformulação do Sistema de Saúde consolidou-se


na década dos anos 80 com o Sistema Único de Saúde (SUS), e no início da década de 90 foi
instituído o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) como uma forma de
transição do modelo de atenção à saúde vigente para o modelo que objetiva reestruturar as

1
Graduanda em Enfermagem pela Universidade Regional do Cariri – URCA. Email: lidyklyxtto@hotmail.com
2
Graduanda em Enfermagem pela URCA
3
Professora do Departamento de Enfermagem da URCA, Mestrado em Saúde da Criança e do Adolescente pela
Universidade Estadual do Ceará-UECE. Email: gmbbispo@hotmail.com
II Colóquio Sociedade, Políticas Públicas, Cultura e Desenvolvimento-CEURCA, ISSN 2316-
1
3089.Universidade Regional do Cariri-URCA, Crato-Ceará-Brasil
ações curativas para ações de promoção e proteção da saúde. Em 1994 o Ministério da Saúde,
com o objetivo de consolidar o modelo de atenção à saúde proposto, adotou como estratégia
política o Programa Saúde da Família (PSF). Assim, o programa passa a ser implementado
nos municípios que aderem ao convênio proposto pelo Ministério da Saúde a partir do ano de
1995.
Assim, o PSF é fundamentado em princípios e diretrizes que priorizam o
desenvolvimento de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde dos indivíduos e da
família nos diferentes momentos do ciclo de vida, de forma integral e contínua, por meio das
atividades das equipes de saúde, que promovem e desenvolvem o atendimento na Unidade
Local de Saúde nos domicílios e na própria comunidade. O trabalho junto ao PSF deve levar
em conta, em primeiro lugar, o conhecimento do território onde se vai atuar, o que significa ir
além dos muros da Unidade Básica de Saúde (UBS) (MS, 2001).
É fundamental conhecer o território que constitui a área de abrangência da Unidade de
Saúde (US) para identificar como vivem, adoecem e morrem as pessoas. Assim, esta
estratégia de ação em saúde se contrapõe às propostas de criação de programas de atenção à
saúde que são aplicados, indistintamente, em todo o território nacional, sem levar em
consideração as especificidades da demanda. Este modelo na Saúde Coletiva foi adotado por
muitos anos e não gerou mudanças na assistência à saúde que dessem conta das questões que
o setor deveria enfrentar (ALMEIDA, 2007).
Para compreender a noção de território, nos inspiramos na diferença que Raffestin
(1993) faz entre território e espaço, uma vez que comumente, encontramos discussões que
utilizam esses termos como se significassem a mesma coisa.

O território se forma a partir do espaço, é o resultado de uma ação


conduzida por um ator sintagmático (ator que realiza um programa) em
qualquer nível. Ao se apropriar de um espaço, concreta ou abstratamente
[...] o ator “territorializa” o espaço. (RAFFESTIN, 1993, p. 143).

II Colóquio Sociedade, Políticas Públicas, Cultura e Desenvolvimento-CEURCA, ISSN 2316-


2
3089.Universidade Regional do Cariri-URCA, Crato-Ceará-Brasil
Para Gondim et al (2008), há uma diversidade de interpretações e múltiplos sentidos
ao que se chama de território no campo da saúde. Apesar disso, considera que nessas diversas
conceituações,

[...] o que se torna evidente é a necessidade de definir um “espaço


geográfico” para a estruturação e organização dos serviços de saúde
compatíveis com as necessidades e os problemas demandados pela
população. (GONDIM et al, 2008. p. 13).

A territorialização é um dos elementos essenciais para implantação do PSF/ ESF,


sendo desenvolvido por equipes de Saúde da Família e profissionais de saúde que atuam na
Atenção Básica e tem servido para aproximá-los da realidade em que atuarão, podendo,
propiciar ações mais pertinentes às necessidades do território e, como conseqüência, das
necessidades do usuário. A Territorialização é o caminho para fazer o reconhecimento do
território vivo com vistas à organização do processo de trabalho. A territorialização representa
importante instrumento de organização dos processos de trabalho e das práticas de saúde,
posto que as ações de saúde são implementadas sobre uma base territorial detentora de uma
delimitação espacial previamente determinada (MONKEN; BARCELLOS, 2005).
A proposta da territorialização em saúde tem como objetivo central a consolidação do
SUS, seja para a reorganização do processo de trabalho em saúde, seja para a reconfiguração
do Modelo de Atenção. Para tal, o processo de territorialização identifica a população de um
território adscrito, suas condições de vida, infraestrutura, problemas existentes e fatores
condicionantes, e após esta descrição os profissionais fazem uma análise situacional do local,
traçando um plano de ações para intervirem nos problemas encontrados.
A partir das reflexões, o estudo teve como objetivo descrever como se dá a
participação de profissionais de saúde no processo de territorialização de uma unidade de
Estratégia Saúde da Família do município de Ouricuri, Pernambuco.

II Colóquio Sociedade, Políticas Públicas, Cultura e Desenvolvimento-CEURCA, ISSN 2316-


3
3089.Universidade Regional do Cariri-URCA, Crato-Ceará-Brasil
METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa do tipo descritiva, de caráter qualitativo.


Cervo e Bervian (2002) ressaltam que a pesquisa, de um modo geral é uma atividade
voltada para a resolução de problemas, através do emprego de processos científicos.
O estudo descritivo segundo Lakatos e Marconi (2006, p. 190), “tem por objetivo
descrever completamente determinado fenômeno podendo ser encontradas tanto descrições
quantitativas e/ou qualitativas quanto à acumulação de informações detalhadas como as
obtidas por intermédio exploratório do participante”.
Segundo Minayo (2007), as abordagens qualitativas se conformam melhor a
investigações de grupos e segmentos delimitados e focalizados, de histórias sociais sob a ótica
dos atores, de relações e para análises de discursos e de documentos.
Na análise qualitativa os sujeitos são observados em sua diversidade e relações sociais,
sendo respeitados seus aspectos e sua identidade cultural.
O estudo foi realizado no mês de Julho de 2012, em uma unidade de Estratégia Saúde
da Família do município de Ouricuri-PE, localizado no Sertão pernambucano, o qual ocupa
uma área de 2.373,9 km² (IBGE, 2010).
Participaram da pesquisa, profissionais que trabalham na unidade de saúde, que
estavam presentes durante a coleta de dados e que aceitaram participar do estudo.
A coleta de dados se deu por meio de entrevistas semi-estruturadas.
Durante a realização da pesquisa foi obedecido o que consta na Resolução nº 196, de
10 de outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde/ Ministério da Saúde, que dispõe
sobre diretrizes e normas reguladoras de pesquisas envolvendo seres humanos (BRASIL,
1996). Resolução esta que incorpora os quatro referenciais da bioética, seja pela ótica dos
indivíduos ou da coletividade: a autonomia, a não maleficência, beneficência e justiça. A
presente Resolução fundamenta-se nas diretrizes internacionais sobre pesquisas que envolvem
seres humanos (BRASIL, 1996).
Para realização da coleta de dados, foi explicada aos sujeitos a natureza da pesquisa,
bem como seus objetivos, a seguir foi solicitada a autorização de participação dos mesmos
II Colóquio Sociedade, Políticas Públicas, Cultura e Desenvolvimento-CEURCA, ISSN 2316-
4
3089.Universidade Regional do Cariri-URCA, Crato-Ceará-Brasil
mediante o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE, os participantes foram
assegurados, garantindo-lhes o anonimato, privacidade e liberdade de recusar ou retirar o
consentimento em qualquer fase da pesquisa, sem ônus ou punição.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os profissionais, sujeitos deste estudo, foram caracterizados segundo a faixa etária da


seguinte forma: cinco entre 35 e 45 anos, seguida de três com idade entre 26 e 34 anos, e dois
sujeito entre 21 a 25. Com relação à função que ocupam na Unidade de Saúde tivemos: oito
agentes comunitários de saúde (ACS); um técnico de enfermagem e um enfermeiro. Em
relação ao tempo de atuação na unidade, um dos entrevistados estava há 12 anos, dois há 10
anos, um há 9 anos, dois há 8 anos, um dos entrevistados estava há 6 anos, dois há 4 anos e
um dos sujeitos há 2 anos.
Brasil (2004), afirma que o pequeno tempo de permanência dos profissionais nas
equipes de saúde do PSF dificulta a qualificação destes profissionais e o desempenho das
ações, relacionados com a necessidade de adesão e incorporação de novos valores e o
exercício de novas práticas de saúde, constituindo-se num aspecto importante para o trabalho
na saúde.
Quanto ao processo de territorialização desenvolvido na Unidade de Saúde, todos os
entrevistados relataram ter colaborado com o mesmo.
Quando perguntado o que os mesmos entendiam por território, quatro responderam
que é “Área delimitada de onde o ser vive”; dois responderam que é “a área de morada de
uma população”; dois consideram território como sendo o “lugar habitado pelos seres
humanos”; um respondeu que é o “limite onde vive o ser humano” e o outro que é o “local de
morada de famílias”. Em relação à importância da territorialização, de um modo geral, os
entrevistados responderam que é necessário para conhecer a área de trabalho, a comunidade e
suas famílias e para assistir a população de acordo com suas necessidades.

II Colóquio Sociedade, Políticas Públicas, Cultura e Desenvolvimento-CEURCA, ISSN 2316-


5
3089.Universidade Regional do Cariri-URCA, Crato-Ceará-Brasil
De acordo com o relatado pelos profissionais entrevistados o processo de
territorialização na unidade é realizado em uma escala, onde são divididas as áreas por cada
grupo de ACSs, com visitas à área e mapeamento das famílias. Quanto aos recursos, os
entrevistados relataram utilizar para territorialização: Questionários, papel, lápis e material
didático do serviço de saúde.
Quando foi perguntado aos profissionais envolvidos no processo quais eram as
maiores dificuldades encontradas para realização de territorialização, de um modo geral, eles
relataram: as distâncias a serem percorridas, a falta de transporte e material, falta de incentivo
e capacitação. Ainda afirmaram que a territorialização não ocorre de modo eficiente na
unidade.
Os problemas de saúde no território adscrito foram identificados pelos sujeitos em suas
falas como sendo a presença de doenças crônicas (diabetes e hipertensão); saúde mental e
doenças parasitárias. Houve referência também para problemas estruturais da sociedade que
interferem nas condições e qualidade de vida. Neste sentido, ao analisarmos os discursos
encontramos questões relacionadas à falta de saneamento, habitação irregular, miséria, fome,
desemprego, dificuldade financeira, falta de estrutura familiar e renda familiar como
problemas de saúde.
Quanto à identificação de mudanças na realidade local, todos referiram que estas
ocorreram como a melhoria no aspecto estrutural e social de algumas famílias que antes eram
reclusas, melhor acompanhamento da comunidade e orientações assertivas e diminuição de
doenças na localidade.
De um modo geral o que se tem observado a partir das falas dos entrevistados é que as
práticas de territorialização tem se limitado à adscrição de clientela e à descrição geográfico-
epidemiológica da área de responsabilidade sanitária das equipes de saúde da família.
Porém para Pereira e Barcellos (2206) a tarefa de territorialização deve adquirir, pelo
menos, três sentidos diferentes e complementares: demarcação de limites das áreas de atuação
dos serviços; reconhecimento do ‘ambiente’, da população e da dinâmica social existentes
nessas áreas; e estabelecimento de relações horizontais com outros serviços adjacentes e
verticais, como centros de referência.
II Colóquio Sociedade, Políticas Públicas, Cultura e Desenvolvimento-CEURCA, ISSN 2316-
6
3089.Universidade Regional do Cariri-URCA, Crato-Ceará-Brasil
CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir do estudo, percebemos que apesar da participação e empenho de alguns


profissionais, o processo de territorialização na unidade de saúde ainda é falho. Percebemos
também que nem todos os profissionais, sujeitos da pesquisa, têm a clareza de que a contínua
construção do processo de territorialização é a base da discussão e construção do modelo de
assistência à saúde para aquela comunidade. Foi observada ainda, a falta de conhecimento do
verdadeiro sentido da territorialização e falta de estímulo para a realização da mesma por
parte dos profissionais participantes da pesquisa.
Esperamos que este estudo estimule novas reflexões acerca da importância da
territorialização nas unidades de atenção básica à saúde e que novas pesquisas nesse âmbito
possam surgir a partir desta.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, et al. 2007. Territorialização em Saúde. Revista Eletrônica da Associação dos


Geógrafos Brasileiros – Seção Três Lagoas Três Lagoas - MS, V 1 – n.º6 -ano 4, Novembro
de 2007.

BRASIL. Conselho Nacional de Saúde. Resolução 196/96. Decreto nº 93.993, de Janeiro de


1987. Estabelece critério sobre pesquisas envolvendo seres humanos. Bioética, v. 4, n. 2,
p. 15-25, 1996. Suplemento.

BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde da Família: uma estratégia para a reorientação do


modelo assistencial. Brasília, 1998.

CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A. Metodologia Científica. 5. ed. São Paulo: Pearson Prentice
Hall, 2002.

DEMO, P. Metodologia científica em ciências sociais. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2000.

II Colóquio Sociedade, Políticas Públicas, Cultura e Desenvolvimento-CEURCA, ISSN 2316-


7
3089.Universidade Regional do Cariri-URCA, Crato-Ceará-Brasil
GONDIM, G.M. et al. O território da Saúde: a organização dos sistemas de saúde e a
territorialização. In. MIRANDA. A. C.; BARCELLOS, C.; MOREIRA, J. C.; MONKEN, M.
(Org). Território, Ambiente e Saúde. 1 ed. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2008,

IBGE. Dados básicos do município de Juazeiro do Norte, Brasil 2010. Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br/cidadesat>. Acessado em 25 de julho de 2012.

LAKATOS, E.M.; MARCONI, M. de A. Fundamentos de metodologia científica, 6.ed.- 3.


Reimpr.- São Paulo: Atlas 2006.

MINAYO, M. C. S. O Desafio do Conhecimento: Pesquisa Qualitativa em Saúde. 10ª Ed.


– São Paulo: Editora Hucitec, 2007.

Ministério da Saúde (BR). Manual de enfermagem. Instituto para o desenvolvimento da


saúde. Brasília: USP; 2001.

Ministério da Saúde (BR). Avaliação normativa do programa saúde da família no Brasil:


monitoramento da implantação e funcionamento das equipes de saúde da família: 2001-2002.
Brasília; 2004.

MONKEN, M.; BARCELLOS, C. Vigilância em saúde e território utilizado:


possibilidades teóricas e metodológicas. Cadernos de Saúde Pública, Rio de
Janeiro, v. 21, n. 3, p. 898-906, maio-jun. 2005.

RAFFESTIN, Claude. Por uma geografia do poder. Tradução de Maria Cecília França. São
Paulo: Ática, 1993.

II Colóquio Sociedade, Políticas Públicas, Cultura e Desenvolvimento-CEURCA, ISSN 2316-


8
3089.Universidade Regional do Cariri-URCA, Crato-Ceará-Brasil

Vous aimerez peut-être aussi