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09/09/2018 Moira Weigel: “O discurso contra o politicamente correto é uma retórica que inviabiliza o debate democrático” | Brasil | EL PAÍS

| EL PAÍS Br…

BRASIL

ENTREVISTA | MOIRA WEIGEL, PESQUISADORA DE HARVARD

Moira Weigel: “O discurso contra o politicamente correto é


uma retórica que inviabiliza o debate democrático”
Autora de ‘Um álibi para o autoritarismo’ afirma que expressão foi
apropriada pela direita nos Estados Unidos e mostra como retórica de Jair
Bolsonaro segue os passos de Donald Trump

Moira Weigel, pesquisadora associada de Harvard. JONI STERNBACH

RICARDO DELLA COLETTA

São Paulo - 8 SET 2018 - 18:46 BRT

Há expressões que aparecem de forma tão frequente no nosso dia a


MAIS INFORMAÇÕES
dia que as tratamos como se fossem verdades autoevidentes, sem
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York, 1984), pesquisadora associada da Universidade de Harvard,
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no léxico norte-americano, ganharam especial relevância desde a


meteórica ascensão de Donald Trump à Casa Branca: politicamente
correto. Afinal, como é possível que uma figura pública se refira a
mexicanos como "estupradores" e, diante da indignação coletiva, se
Trump acusa
esquive argumentando que os seus adversários são politicamente
advogado de mentir
sobre o corretos demais? Ou, num contexto mais próximo ao brasileiro, um
financiamento de parlamentar que, depois de afirmar que não estupraria uma
sua campanha
deputada "porque ela não merece", se defenda da reação acusando
seus opositores de o perseguirem numa cruzada em nome do
politicamente correto?

Em Um álibi para o autoritarismo, artigo publicado na última edição


Os imigrantes que
da Serrote, a revista de ensaios do Instituto Moreira Salles (IMS), a
vivem numa das
cidades mais pesquisadora de Harvard detalha como a linguagem é parte
progressistas dos
fundamental da conexão que Trump estabeleceu com seus
EUA
seguidores. O mandatário americano, diz Weigel, recebe apoios
justamente por dizer coisas "ultrajantes", consideradas
inapropriadas pelas convenções que estabelecem os limites do
debate público. Cria empatia com parte expressiva da população
porque "diz o que pensa" e por denunciar uma suposta conspiração
Ortega aumenta
de liberais com a imprensa, que teria o escuso objetivo de controlar
cerco a jornalistas na
Nicarágua inclusive as palavras que as pessoas comuns usam.

Não escapa a um brasileiro que leia o texto de Weigel a memória das explosivas
declarações de Jair Bolsonaro, candidato à presidência da República, que, mesmo após
sofrer um ataque a faca, não se furta de seguir beligerante e sair em fotos simulando ter
uma arma nas mãos. Na verdade, mesmo sem encontrar uma única citação ao capitão
reformado do Exército no ensaio, cuja versão original foi publicada em 2016 no jornal
britânico The Guardian, a associação é quase automática.

— "Sou preconceituoso, com muito orgulho."  (Bolsonaro em entrevista à revista Época,


em 2011)
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dele." (Bolsonaro em debate na TV Câmara, em 2010)
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— “Não te estupro porque você não merece.” (Bolsonaro para a deputada Maria do
Rosário, em 2014)

A partir da gênese do termo, e de como ele foi apropriado por movimentos da extrema
direita norte americana nas últimas décadas, Weigel revela que o politicamente correto
(ou, para ser mais exato, a crítica aos que são politicamente corretos demais) pode ser
usado por uma liderança para se justificar por declarações tão ofensivas como as
listadas acima. O poder vai mais além, alega a pesquisadora: ser antipoliticamente
correto transformou-se numa arma eficaz para um político conectar-se com o seu
eleitorado. De repente, ele passa a ser alguém que "não tem medo de dizer a verdade",
mesmo que essa "verdade" seja um ataque aos direitos de mulheres ou homossexuais,
para citar dois exemplos. "O discurso antipoliticamente correto ecoa nos Estados Unidos
entre um público que havia sido informado durante décadas de que era inaceitável ser
abertamente racista ou misógino. Então, os ataques ao politicamente correto tornaram-
se uma forma de expressar antigas formas de sexismo e de racismo, sem que as
pessoas sintam vergonha por dizer essas coisas", diz a pesquisadora em entrevista ao
EL PAÍS.

Pergunta. Você argumenta que o termo politicamente correto é relativamente recente.


Até quando é possível traças as suas origens?

Resposta. O que eu percebi rapidamente é que, essencialmente, a história do


politicamente correto é a história do antipoliticamente correto. O termo aparece
somente por pessoas atacando quem elas consideram politicamente correto. Nos
Estados Unidos a história da expressão é um pouco misteriosa. Ela aparece em jornais
socialistas de tempos em tempos na década de 1930 e só entra com maior força no
léxico norte-americano nas décadas de 1960 e 1970. Era usado como uma espécie de
brincadeira pelos membros do New Left [movimento de esquerda daquele período nos
EUA], quase como uma piada interna, para tirar sarro daqueles que eram tidos como
virtuosos ou dogmáticos demais. No início dos anos 90, nós vemos de repente um
número grande de artigos de jornais e revistas sobre universidades, afirmando que havia
restrições no que os estudantes podiam dizer, algo mais próximo ao sentido que damos
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ao politicamente correto atualmente. Em 1990, um repórter chamado Richard Bernstein,
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universidades estão sendo politicamente corretos demais".
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O ponto é que ninguém falava muito no termo até os movimentos de direita começarem
a atacar o politicamente correto. Então, eu acho que é uma forma de dar um nome a uma
série de mudanças culturais, demográficas e históricas com as quais a direita não está
contente

P. Você diz no seu artigo que houve um momento em que os movimentos de direita se
apropriaram da expressão. Quando e como isso aconteceu?

R. O termo politicamente correto aparece apenas ocasionalmente na esquerda. É a


direta que o eleva a uma coisa massiva. Nos anos 60 e 70, começa um movimento
dentro do que era a extrema direita americana para deslegitimar determinadas
instituições públicas que produziam conhecimento e para financiar e criar toda uma
gama de instituições e think tanks alternativos. E isso começa a se tornar mais
mainstream no partido Republicano nas décadas de 1980 e 1990. Eu acho que a
narrativa contra o politicamente correto tem um papel muito importante na
deslegitimação de universidades e da imprensa tradicional nos Estados Unidos.

P. E, por tabela, deslegitimar as mudanças sociais e demográficas que estavam


ocorrendo nas universidades naquela época?

R. Sim, certamente. Havia mudanças sociais ocorrendo nas universidades. As mulheres


estavam entrando; havia mais negros nas universidades. Em 1965 há uma reforma
migratória que traz mais pessoas do leste asiático para os Estados Unidos e, no início
dos anos 1990, chegam cada vez mais imigrantes latino-americanos. Em certo modo, a
narrativa contra o politicamente correto é uma reação a uma série de mudanças sociais
e demográficas que estão acontecendo. Mas essa narrativa passa uma ideia de que
existe um pequeno grupo, formado por professores e pela própria imprensa, que está
forçando essas mudanças de cima para baixo, às custas das "pessoas comuns". Num
momento em que muitos norte-americanos brancos estão perdendo seus empregos em
razão da desindustrialização, a história do politicamente correto — sobre um bando de
intelectuais judeus ou não brancos tomando controle das universidades e da imprensa e
fazendo com que as "pessoas comuns" se sintam desempoderadas ou mesmo
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em meio às mudanças demográficas e culturais.
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A narrativa contra o politicamente correto é uma reação a uma


série de mudanças sociais e demográficas que estão
acontecendo

P. Existe a impressão de que criticar o politicamente correto é um ato apolítico. Por que
você discorda disso?

R. O perigoso nesses ataques ao politicamente correto, o que me parece francamente


protoautoritário, é que trata-se de uma manobra retórica que estabelece uma
comunidade política baseada na exclusão, o que torna o debate democrático impossível.
O termo se confunde com "senso comum". Quando alguém diz: "todos nós sabemos que
é verdade que as mulheres são loucas, que os mexicanos são violadores ou que os
muçulmanos são terroristas", estabelece-se um corpo homogêneo — esse "nós" — e os
demais grupos são excluídos. E isso não está aberto à contestação ou ao debate, porque
se transforma em algo que "todos sabemos". Há outra questão que é muito presente na
extrema direta norte-americana. Quando alguém fala: "vamos fazer uma piada sobre
estupro ou sobre linchamento" e enfrenta reações de mulheres ou de negros, a resposta
é: "era só uma brincadeira, por que tanta confusão apenas por uma brincadeira?".
Então, o que a extrema direita norte-americana que o Trump uniu faz é estabelecer-se a
si mesma como a autoridade sobre o discurso, sobre o que é uma brincadeira e sobre o
que é sério.

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Bolsonaro, num evento em que ensinou uma criança a imitar um revólver com os dedos. CARL DE SOUZA (AFP)

P. Você considera que essa confusão entre a oposição ao politicamente correto e o


senso comum é o que permite o uso da expressão por líderes autoritários?

R. Certamente. O mais interessante é que, diante de uma crise global do capitalismo,


nós estamos vendo isso por toda a parte. Nós vemos isso com o [Rodrigo] Duterte nas
Filipinas, com o [Recep] Erdoğan na Turquia; e com a extrema-direita na França e na
Alemanha. Nós estamos vendo versões desses impulsos por toda a parte. E é
interessante que eles são quase como "ditadores do Twitter". São pessoas que vão às
redes sociais para contornar as universidades e a mídia tradicional, que antes eram as
instituições com o poder de decidir o que era permitido dizer e o que não era permitido.
Eu acho que é um gesto proto-autoritário porque é desenhado para criar comunidades
homogêneas que podem concordar com base no senso comum, o que impossibilita o
debate.
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Essa retórica
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que é permitido dizer e o que não é. De certa forma, o que uma universidade deveria
fazer ou mesmo o que uma comunidade deveria ser deixa de estar aberto
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ao debate.
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P. No Brasil, Jair Bolsonaro, um capitão do Exército reformado, critica muito o


politicamente correto para justificar sua linguagem ofensiva. Você considera que é uma
retórica similar ao discurso do Trump que você estudou?

R. Sim, soa realmente similar.

P. Por que você argumenta que a dinâmica do politicamente correto tem a ver com o
sentimento de vergonha?

R. Em termos de política econômica e de política internacional, nos Estados Unidos, os


dois partidos [Democrata e Republicano] estiveram muito próximos um do outro, sem
muitas diferenças nas suas políticas. E em meio à crise global do capitalismo que
estamos vivendo, nós estamos vendo o ressurgimento desses movimentos de extrema
direita e o aumento da sua popularidade porque eles falam para um público que sente
ter sido excluído da história do progresso que deveria ter começado depois do fim da
Guerra Fria. É verdade que os partidos políticos tradicionais não ofereceram muita coisa
para as pessoas. Então, muito da dinâmica social ao redor do politicamente correto tem
a ver com vergonha. Se você olha para os Estados Unidos, um país extremamente
segregado racialmente, há muitas pessoas brancas, e que estão com sérias dificuldades
financeiras, que ligam a tevê e veem uma pessoa rica dizendo que o jeito que elas falam
é racista. E que elas deveriam aprender a falar como alguém que foi à universidade. Isso
cria um sentido real de exclusão política e econômica, que se identifica com a narrativa
do antipoliticamente correto. Então eu acho que a linguagem do Trump faz com que
essas pessoas sintam menos vergonha do que elas dizem, porque ele próprio não tem
nenhum pudor quando fala. 

P. Você acredita que o antipoliticamente correto é uma forma que o Trump encontrou
para estabelecer uma identificação entre ele e os eleitores?

R. Cria-se uma identificação. Veja o Trump, ele é um showman, sequer é um empresário


de sucesso. Ele é um homem da área de entretenimento que consegue fazer com que as
pessoas se identifiquem
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político é muito antidemocrático e não responde muito bem ao que eles querem. Diante
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disso, a história do politicamente correto permite que alguém diga: "você sabe de quem
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é a culpa? É do politicamente correto, dos afro-americanos, dos judeus, das outras


pessoas que vieram de fora e fizeram isso com você". 

P. No seu artigo, você argumenta que, nos Estados Unidos, a crítica ao politicamente
correto se tornou uma forma de mascarar o racismo e o sexismo nas pessoas.

R. Nos Estados Unidos, desde os anos 60, é politicamente inaceitável ser abertamente
racista. Existe um estrategista do partido Republicano que disse numa entrevista que
desde 1968 se tornou inaceitável para um político usar a palavra nigger [forma ofensiva
de se referir à população afro-americana]. O discurso antipoliticamente correto ecoa nos
Estados Unidos entre um público que havia sido informado durante décadas de que era
inaceitável ser abertamente racista ou misógino. Então, os ataques ao politicamente
correto tornaram-se uma forma de expressar antigas formas de sexismo e de racismo
sem que as pessoas sintam vergonha por dizer essas coisas. E eu acho que é uma
estratégia muito eficiente. Por exemplo, se uma pessoa afirma: "eu não sou
politicamente correto, então vou dizer que todas as mulheres são menos inteligentes do
que os homens", qualquer pessoa que venha a corrigi-lo parece alguém que está
tentando patrulhá-lo, ou que simplesmente está mentindo. Então, eu acho que é uma
estratégia muito eficiente porque permite que as pessoas expressem esses
preconceitos sem precisarem sentir vergonha de fazê-lo, além de ser uma forma de se
proteger, de contra-atacar rapidamente qualquer um que venha a contestá-las.

P. Você considera que existe um sentimento antielitista na campanha contra o


politicamente correto?

R. É interessante. Pense no Trump, que consegue se colocar na posição de "homem do


povo". É algo que ele só consegue fazer com a ajuda do discurso do politicamente
correto. Esse discurso ajuda a formar uma aliança entre as pessoas comuns e super-
ricos como o Trump. É incrível imaginar que um trabalhador normal em Nova York, por
exemplo, sinta que tem mais em comum com o Trump do que com um  professor
universitário que ganha mais ou menos o que ele próprio. Esse é o grande truque que o
discurso antipoliticamente correto torna possível: fazer com que as pessoas pobres e
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P. Você considera que a retórica contra o politicamente correto é usado apenas por
Trump ou se tornou um fenômeno global, do qual outros líderes também se aproveitam?

R. Eu acho que é um fenômeno interconectado. A dinâmica da Internet, a forma como


essa mensagem pode ser reapropriada e adaptada a diferentes contextos locais, torna
isso muito global. Eu acho que há conexões literais entre entre as pessoas ao redor do
mundo que são as estrelas desse movimento da extrema direita, como o Steve Bannon
[ex-extrategista de Trump]. A crise do capitalismo à qual elas estão respondendo é
global, então nós veremos versões desse discurso em todos os lugares. As mídias
sociais que elas usam têm alcance global, basta ver como elas são usadas nas Filipinas
ou em Myanmar. Então, como o politicamente correto é um termo muito vago, ele se
adapta a situações nacionais muito específicas. Ele pode ser utilizado para falar dos
direitos das mulheres; nos Estados Unidos sobre imigrantes mexicanos ou sobre a
pobreza da comunidade afro-americana; e na Alemanha tem sido usado para falar sobre
a imigração da Síria. O termo politicamente correto é muito vago e os líderes políticos de
diferentes países podem usá-lo para atacar o seu inimigo da vez.

ARQUIVADO EM:

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