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Tribunal Regional Federal da 5ª Região

PJe - Processo Judicial Eletrônico


Consulta Processual

09/09/2018

Número: 0802530-35.2018.4.05.0000
Classe: HABEAS CORPUS
Partes
Tipo Nome
ADVOGADO ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO
CUSTOS LEGIS MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
IMPETRADO JUÍZO DA 12ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
IMPETRANTE Marcelo Leal de Lima Oliveira
PACIENTE FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO Marcelo Leal de Lima Oliveira

Documentos
Id. Data/Hora Documento Tipo
4050000.1053662 14/03/2018 Habeas Corpus Petição Inicial
6 17:15
4050000.1053662 14/03/2018 02.1 - EXECUÇÃO Parte1 Documento de Comprovação
7 17:15
4050000.1053662 14/03/2018 02.2 - EXECUÇÃO Parte2 Documento de Comprovação
8 17:15
4050000.1053662 14/03/2018 03 - Ato Coator Deusmar Documento de Comprovação
9 17:15
4050000.1053663 14/03/2018 04 - Deusmar Embargos de Declaração Documento de Comprovação
1 17:15
4050000.1053663 14/03/2018 05 - ANDAMENTO RESP Documento de Comprovação
3 17:15
4050000.1053663 14/03/2018 06 - Jurisprudências STF Documento de Comprovação
5 17:15
4050000.1053664 14/03/2018 Certidão de Distribuição Certidão
8 17:16
4050000.1053701 14/03/2018 INFORMAÇÃO DE PREVENÇÃO Informação
3 18:13
4050000.1054408 15/03/2018 Certidão de Retificação de Autuação Certidão de retificação de autuação
8 00:00
4050000.1053707 15/03/2018 Decisão Decisão
2 09:14
4050000.1054579 15/03/2018 Anexos da Comunicação Anexos da Comunicação
3 09:46
4050000.1054579 15/03/2018 Comunicações Comunicações
1 09:46
4050000.1054605 15/03/2018 Comunicações Comunicações
4 09:52
4050000.1054606 15/03/2018 Comunicações Comunicações
0 09:54
4050000.1054606 15/03/2018 Anexos da Comunicação Anexos da Comunicação
1 09:54
4050000.1054607 15/03/2018 Intimação Expediente
8 10:00
4050000.1054620 15/03/2018 Pedido de Extensão de Decisão Liminar Petição
2 10:33
4050000.1054620 15/03/2018 PEDIDO DE EXTENSÃO LIMINAR PRISÃO Documento de Comprovação
3 10:33 CORRÉUS DEUSMAR
4050000.1054620 15/03/2018 02 - Execução Geraldo Documento de Comprovação
6 10:33
4050000.1054620 15/03/2018 02 - EXECUÇÃO IELTON Documento de Comprovação
8 10:33
4050000.1054622 15/03/2018 02 - EXECUÇÃO JERONIMO Documento de Comprovação
5 10:33
4050000.1054660 15/03/2018 Certidão e conclusao ao Relator Certidão
3 11:22
4058100.3421061 15/03/2018 Comunicações Comunicações
14:35
4050000.1054696 15/03/2018 Decisão Decisão
3 15:51
4050000.1054863 15/03/2018 Anexos da Comunicação Anexos da Comunicação
5 16:17
4050000.1054863 15/03/2018 Comunicações Comunicações
4 16:17
4058100.3427258 16/03/2018 Comunicações Comunicações
14:07
4050000.1061947 23/03/2018 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
4 09:15
4050000.1062426 23/03/2018 Petição para sustentação oral Petição
5 17:32
4050000.1062426 23/03/2018 Deusmar TRF5 HC Pedido de sustentação oral Documento de Comprovação
6 17:32
4050000.1063057 25/03/2018 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
9 00:02
4050000.1069681 04/04/2018 Intimação Expediente
0 14:22
4050000.1077399 12/04/2018 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
5 09:37
4050000.1078815 13/04/2018 Parecer nº 5.703/2018 Parecer
6 15:29
4050000.1078816 13/04/2018 2018 FJAF 080 PAR Versão pré-formatada em Documento de Comprovação
2 15:29 pdf
4050000.1084480 19/04/2018 Manutenção da Competência Manifestação
0 11:23
4050000.1084480 19/04/2018 Petição HC TRF5 Manutenção de Competência Documento de Comprovação
1 11:23
4050000.1083398 25/04/2018 Despacho Despacho
5 09:48
4050000.1090105 25/04/2018 Intimação Expediente
3 12:13
4050000.1098527 03/05/2018 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
7 09:55
4050000.1100308 04/05/2018 Preliminar Parecer
1 18:34
4050000.1100308 04/05/2018 Parecer complementar - versão pré-formatada Documento de Comprovação
4 18:34
4050000.1114805 18/05/2018 Intimação de Pauta Intimação de Pauta
8 12:52
4050000.1121870 28/05/2018 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
4 00:07
4050000.1121870 28/05/2018 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
5 00:07
4050000.1121870 28/05/2018 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
6 00:07
4050000.1138752 12/06/2018 Certidão de Pedido de Vista Certidão
2 11:41
4050000.1139003 12/06/2018 Certidão de juntada de Notas Taquigráficas Certidão
1 15:22
4050000.1139003 12/06/2018 NT 0802530-35 Notas Taquigráficas
2 15:22
4050000.1157667 29/06/2018 Certidão de Julgamento Certidão
9 13:05
4050000.1157944 29/06/2018 Certidão de juntada de Notas Taquigráficas Certidão
5 16:54
4050000.1157944 29/06/2018 NT 0802530-35 Notas Taquigráficas
6 16:54
4050000.1138002 11/07/2018 Voto Vista Voto
0 18:48
4050000.1133101 17/07/2018 Relatório Relatório
0 12:57
4050000.1133101 17/07/2018 Voto Relator Voto
3 12:57
4050000.1133101 17/07/2018 Acórdão Acórdão
6 12:57
4050000.1166341 17/07/2018 Inteiro Teor Inteiro Teor do Acórdão
6 12:57
4050000.1166341 17/07/2018 Intimação Expediente
8 12:57
4050000.1172854 17/07/2018 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
5 14:09
4050000.1172915 17/07/2018 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
0 14:44
4050000.1174570 18/07/2018 Embargos de Declaração Embargos de Declaração
0 16:06
4050000.1174570 18/07/2018 Deusmar Embargos de Declaração HC Documento de Comprovação
1 16:06 Liberdade Timbrado
4050000.1178850 23/07/2018 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
8 15:42
4050000.1179920 24/07/2018 2018 FJAF 215 CRED HC 0802530-35.pdf Petição
9 14:57
4050000.1187780 01/08/2018 Tempestividade das contarrazões do MPF Certidão
4 18:12
4050000.1199514 10/08/2018 Intimação de Pauta Intimação de Pauta
3 11:26
4050000.1201626 13/08/2018 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
0 16:01
4050000.1207819 17/08/2018 Pedido de Suspensão da Execução da Pena Petição
7 15:44
4050000.1207825 17/08/2018 Deusmar Pedido de Suspensão da Execução da Documento de Comprovação
0 15:44 Pena
4050000.1207883 17/08/2018 Decisão Decisão
1 17:03
4050000.1207907 17/08/2018 Anexos da Comunicação Anexos da Comunicação
1 17:11
4050000.1207907 17/08/2018 Comunicações Comunicações
0 17:11
4050000.1207907 17/08/2018 Intimação Expediente
8 17:13
4050000.1209460 20/08/2018 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
2 00:02
4050000.1209460 20/08/2018 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
3 00:02
4050000.1209921 20/08/2018 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
9 14:38
4050000.1210174 20/08/2018 PRR5 REGIAO-MANIFESTACAO- Petição
6 18:01 14829_2018.pdf
4050000.1214847 23/08/2018 Pedido de adiamento Petição
4 17:04
4050000.1214847 23/08/2018 Deusmar Pedido de Adiamento HC Liberdade Documento de Comprovação
6 17:04
4050000.1214867 23/08/2018 Decisão Decisão
3 18:10
4050000.1215192 23/08/2018 Intimação Expediente
7 19:09
4050000.1215712 24/08/2018 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
9 10:41
4050000.1216312 24/08/2018 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
8 17:17
4050000.1217931 27/08/2018 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
8 00:00
4050000.1217931 27/08/2018 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
9 00:00
4050000.1219424 28/08/2018 PRR5 REGIAO-MANIFESTACAO- Petição
9 11:19 15440_2018.pdf
4050000.1224253 31/08/2018 Intimação de Pauta Intimação de Pauta
4 13:50
4050000.1224674 31/08/2018 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
9 17:19
4050000.1229533 05/09/2018 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
5 14:16
4050000.1230881 06/09/2018 2018 FJAF 295 PET HC 0802530-35 PERDA Petição
3 14:17 OBJETO com ANEXO.pdf
4050000.1232699 08/09/2018 petição Petição
0 20:57
4050000.1232699 08/09/2018 01 - Deusmar e outros Pedido TRF5 Documento de Comprovação
1 20:57
4050000.1232699 08/09/2018 02 - STJ - Pedido de Prisão MPF Documento de Comprovação
3 20:57
4050000.1232699 08/09/2018 03 - Decisão STJ Documento de Comprovação
4 20:57
4050000.1232699 08/09/2018 04 - Primeira manifestação MP execução Documento de Comprovação
5 20:57
4050000.1232699 08/09/2018 05 - PRIMEIRA DECISÃO DE PRISÃO Documento de Comprovação
6 20:57
4050000.1232699 08/09/2018 06 - Deusmar Manifestação Prisão Vara de Documento de Comprovação
7 20:57 Execução
4050000.1232699 08/09/2018 07 - manifestação Mp execução deusmar Documento de Comprovação
8 20:57
4050000.1232699 08/09/2018 08 - SEGUNDA DECISÃO DE PRISÃO Documento de Comprovação
9 20:57
EXCELENTÍSSIMO DESEMBARGADOR FEDERAL MANOEL DE OLIVEIRA ERHARDT

PRESIDENTE DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO

FRANCISCO CÉSAR ASFOR ROCHA, brasileiro, casado, advogado, inscrito na


OAB/SP nº 329.034, podendo ser localizado no SHIS, QL 14, Conjunto 9, Casa 18, Brasília - DF,
MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA , advogado, inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil sob
o nº 21.932/DF, com endereço profissional na SMDB Conjunto 06, lote 06, Brasília/DF, ANASTACIO
JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO , OAB/CE 8502, CAIO CESAR VIEIRA ROCHA ,
OAB/CE 15.095 e TIAGO ASFOR ROCHA LIMA , OAB/CE 16.386, sócios de Rocha, Marinho e
Sales Advogados S/S, com Endereço na Av. Des. Moreira, 760, 6º andar, Fortaleza - CE, vêm, à presença
deste Sodalício, impetrar

HABEAS CORPUS

(com pedido de liminar)

em favor de FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS , brasileiro, casado, empresário, portador do


CPF nº 024.922.883-15, domiciliado na Av. Beira Mar, nº 2020, Apartamento 1100, Meireles,
Fortaleza/CE, em face da decisão que deu início à execução provisória nº 0805802-55.2016.4.05.8100,
fazendo-o pelas seguintes razões de fato e de direito:

I - BREVE HISTÓRICO PROCESSUAL

1. 1. O Paciente foi condenado nos autos da Ação Penal nº


0012628-43.2010.4.05.8100 pela suposta prática dos crimes previstos nos artigos 7º, IV, da Lei nº

1/10
1.

7.492/86 e 27-C da Lei nº 6.385/76, ocorridos entre os anos de 2000 e 2006. Foi-lhe atribuída a
pena de 15 anos e 10 meses a ser cumprida inicialmente em regime fechado, garantindo-se o direito
de permanecer em liberdade até o trânsito em julgado.

1. 2. Em sede de apelação exclusiva da defesa, este Tribunal Regional Federal da


5ª Região, afastou a condenação em relação ao crime previsto no artigo 27-C da Lei nº 6.385/76,
resultando numa pena final de 09 anos e 02 meses de reclusão.

1. 3. Embora tenha o Ministério Público Federal se contentado com o resultado


alcançado, operando-se o trânsito em julgado para a acusação, o Paciente interpôs, daquele acórdão,
o Recurso Especial nº 1.449.193, cujo trânsito em julgado ainda não ocorreu.

1. 4. Havendo o Ministério Público requerido a prisão do Paciente com fulcro no


que decidiu o Supremo Tribunal Federal acerca da possibilidade da execução provisória da pena
após o exaurimento da instância ordinária, a defesa ingressou com pedido de Tutela Provisória nº
38 perante o Superior Tribunal de Justiça, cuja liminar foi deferida em face da plausibilidade do
direito invocado.

1. 5. Surpreendeu-se a defesa, no entanto, com posterior decisão monocrática,


negando provimento ao Recurso Especial e, em seguida, o reconhecimento da prejudicialidade da
medida cautelar, mormente porque ainda não ocorreu o trânsito em julgado .

1. 6. Com efeito, foram opostos Embargos de Declaração com pedido de


efeitos modificativos, os quais ainda não foram julgados .

1. 7. Embora mencionadas decisões tenham sido objeto dos recursos cabíveis à


espécie, não tendo havido, portanto, o trânsito em julgado, o Ministério Público requereu a
execução provisória da pena, o que foi deferido pela autoridade coatora nos seguintes termos:

"O Ministério Público Federal requereu, novamente, o início da execução da pena, informando que "o
RESp 1.449.193/CE, que apoiava tal tutela provisória, foi julgado e desprovido". Sobre o pedido do
Ministério Público Federal se manifestou a defesa, ao argumento de que a execução da pena implicaria
em reformatio in pejus, pois o título executivo teria sido expresso em afirmar que a prisão dos
sentenciados deveria ocorrer apenas após o trânsito em julgado da sentença.

É o relato necessário. DECIDO.

2. FUNDAMENTAÇÃO

Não é verdade a alegação da defesa, no sentido de que a sentença teria sido expressa ao afirmar que os
condenados somente poderiam ser presos após o trânsito em julgado. Muito pelo contrário: a sentença
foi explícita em indicar que os réus poderiam apelar em liberdade. Eis o quanto consta da sentença:

2/10
89. Quanto ao eventual recurso de apelação, reconheço que, em razão da inexistência de elementos
ensejadores de recolhimento à prisão dos réus, que se encontram soltos, considerando também que, no
transcorrer da instrução, ditos réus não agiram no sentido de dificultar a atividade jurisdicional,
entendo que os mesmos devem apelar em liberdade . (grifei)

A menção ao trânsito em julgado se deu apenas a título de providências finais burocráticas , no sentido
de que, após o trânsito em julgado, deveria ser expedida a respectiva guia de execução.

A propósito, o próprio Ministro Relator que havia concedido a suspensão da presente execução já havia
ponderado:

A expressão constante das sentenças condenatórias, ao determinar a expedição de mandado de prisão


após o trânsito em julgado, não opera coisa julgada em favor do réu, de modo que tal fato não tem o
condão de impedir sua prisão no âmbito da execução provisória da pena. Este tipo de comando
sentencial, com efeito, consta do texto condenatório, em verdade, apenas como norte para o início de
cumprimento de pena, com advento do trânsito em julgado, ou seja, tem por finalidade guiar o feito após
o julgamento definitivo dos recursos, da mesma forma como a determinação de expedição de ofícios para
inscrição no nome do rol de culpados, as determinações para fins de suspensão de direitos políticos,
dentre outras diligências.

Sendo assim, ainda que se acolhesse a tese defensiva (no sentido de que o direito ao recurso em liberdade
faria coisa julgada material se não atacado pelo Ministério Público Federal), a qual realmente vem
encontrando algum apoio dentro do Supremo Tribunal Federal, especialmente de Ministros que foram
vencidos no julgamento a respeito da possibilidade de execução provisória da pena, o caso concreto sob
exame não se amolda faticamente à tese, porquanto, repita-se, a sentença apenas assegurou o direito de
apelar em liberdade.

De todo modo, o entendimento deste juízo é no sentido de que a execução provisória da pena configura
poder-dever do magistrado, que deve determiná-la quando constatado o esgotamento das vias ordinárias
de impugnação. Com efeito, é sabido que, ao decidir sobre o direito de recorrer em liberdade, o juiz
analisa apenas a presença ou não dos requisitos para decretação da prisão preventiva - nada dispondo
sobre a execução provisória da pena. Mas a execução provisória em nada se relaciona a prisão
preventiva e deve ser implementada mesmo que ausentes os requisitos da segregação cautelar, já que,
repito, a execução provisória não possui natureza processual ou cautelar, mas sim de execução
propriamente dita, ainda que provisória.

Ademais, não prospera a alegação de que a execução provisória seria "reformatio in pejus".

Ora, não se está alterando em nada o título judicial em desfavor dos réus. O comando condenatório está
sendo executado na exata medida em que proferido. A "reformatio in pejus" somente ocorre quando um
recurso piora a situação do acusado. E o recurso interposto em nada o prejudicou. Muito pelo contrário:
assegurou que o acusado permanecesse solto durante o julgamento da apelação, tendo, portanto,
melhorado a sua situação. Se não tivesse interposto o recurso, a sentença teria sido imediatamente
executada. A "reformatio in pejus" somente ocorre quando o acusado possa afirmar algo como "seria
melhor se eu não tivesse recorrido...". E, no caso presente, o acusado pode dizer isso? Decerto não, pois,
além de ter tido sua pena reduzida, se manteve solto durante o julgamento da apelação.

São, portanto, dois momentos distintos e duas análises diversas: 1) quando profere a sentença, o juiz
verifica se estão ou não presentes os requisitos da prisão preventiva, e decide pela prisão do sentenciado
ou pelo recurso em liberdade; 2) quando determina a execução provisória, o juiz analisa se está esgotada
a via ordinária recursal, e decide pelo início da pena.

No caso sob exame, esgotada está a via recursal ordinária, pois já julgada a apelação do executado, bem

3/10
como o próprio recurso especial (este monocraticamente, ainda não transitado

em julgado). Acertado, pois, o início da execução provisória da pena, como determinado pelo juízo da
causa e requerido agora pelo Ministério Público Federal.

3. DISPOSITIVO

Pelo exposto, DEFIRO o pedido formulado pelo Ministério Público Federal e DETERMINO o
prosseguimento desta execução provisória, com início da pena imposta ao executado.

Expeça-se mandado de prisão. Considerando que o advogado do executado compareceu no gabinete


deste magistrado e solicitou que, pelas condições pessoais e sociais do réu, este

pudesse se apresentar espontaneamente para início do cumprimento da pena (na eventualidade de


deferimento do pedido do MPF), e tendo em vista que ele respondeu a todo o processo solto e não
demonstrou intenção de fuga, hei por bem acolher o pleito, pelo que DETERMINO que a Polícia Federal
somente dê cumprimento ao mandado após 24h do seu recebimento - lapso durante o qual o executado
deverá se apresentar perante a autoridade policial, sob pena de ser

preso onde for encontrado. Após a expedição do mandado de prisão, dê-se ciência ao advogado do
executado, por telefone.

Efetivada a prisão, fica desde já declinada a competência para a Justiça Estadual, devendo a Secretaria
expedir a respectiva guia de execução.

1. 8. Esta decisão, no entanto, viola frontalmente o princípio do non reformatio in


pejus, ensejando a impetração do presente writ .

II - DA NECESSIDADE DE TRÂNSITO EM JULGADO ESTABELECIDA NO TÍTULO


EXECUTIVO - IMPOSSIBILIDADE DE REFORMATIO IN PEJUS

1. 9. O que se discute neste momento processual em nada se relaciona com a


(in)constitucionalidade da execução provisória da pena.

1. 10. Trata-se, em realidade, de simples, mas importantíssimo pedido de


cumprimento do princípio do non reformatio in pejus e garantia da segurança jurídica advinda de
decisões proferidas em processos penais, dos quais deixou de recorrer a acusação.

1. 11. No caso em tela, não é possível o início da execução provisória da pena


porque o cumprimento da reprimenda está diretamente condicionado ao trânsito em julgado
do processo!!!

4/10
1. 12. É que a sentença, título executivo por excelência, foi expressa ao afirmar que
a prisão dos sentenciados deveria ocorrer apenas "após o trânsito em julgado da sentença".
Confira-se:

1. 13. Não
há margem para dúvida.

1. 14.
Conforme se depreende da
leitura do título que se
pretende executar
provisoriamente, a
execução da pena imposta
ao Paciente depende do
seu trânsito em julgado
para ambas as partes .

1. 15. O
Ministério Público
quedou-se inerte,
satisfazendo-se com o título
executivo obtido em todos
os seus termos. Com isso,
ocorreu, apenas para a
acusação, o trânsito em
julgado. Confira-se:

1. 16. Ora,
ainda que se pretenda
executar provisoriamente a
pena, isto só pode ser feito
nos exatos termos da
sentença, que é expressa
em afirmar que a prisão
somente deve se dar após o
trânsito em julgado.

1. 17. A
questão, portanto, não diz
respeito à possibilidade ou
não da prisão ser decretada após a decisão condenatória proferida em segundo grau em jurisdição.

5/10
1. 18. Na data de ontem, a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal, ao julgar o HC
144.717, referendou esse entendimento!

1. 19. Aliás, é importante destacar que o caso foi desafetado do Plenário


exatamente porque se entendeu que esta matéria específica estaria fora do alcance da discussão
sobre a possibilidade ou não da prisão após condenação de segundo grau.

1. 20. Em que pese o acórdão não tenha sido publicado, o próprio sítio eletrônico
do STF traz a informação:

1. 21. No caso em tela, a alteração do título executivo (sentença), tal como pretende
o Ministério Público, sem que dela tenha recorrido, importaria em flagrante reformatio in pejus.

1. 22. Em outras palavras, se a sentença condenatória expressamente afirma que o


cumprimento da pena deve se dar apenas com o trânsito em julgado e em não havendo recurso por
parte do Ministério Público, é expressamente vedado ao judiciário impor prematuramente,
inexistentes novos requisitos de cautelaridade, a prisão processual ao Paciente.

1. 23. Não tem qualquer procedência o argumento trazido pela autoridade coatora
no sentido de que as "providências finais" seriam meramente burocráticas e que, portanto, não
fariam coisa julgada.

1. 24. Ora, as providências finais, embora burocráticas, integram a parte dispositiva


da sentença, exatamente a parte das sentenças judiciais a respeito das quais não há qualquer dúvida
quanto a estarem acobertadas pelo manto da coisa julgada.

1. 25. Tanto é assim, que a própria autoridade coatora reconheceu exatamente o


oposto em sua fundamentação:

" Este tipo de comando sentencial, com efeito, consta do texto condenatório, em verdade, apenas como
norte para o início de cumprimento de pena, com advento do trânsito em julgado, ou seja, tem por
finalidade guiar o feito após o julgamento definitivo dos recursos ".

1.
6/10
1. 26. É exatamente disso que se está falando! As "providências finais" são, nada
mais nada menos do que o norte para o início do cumprimento da pena...

1. 27. E é evidente que deste norte não pode haver desvio nem para a esquerda nem
para a direita!

1. 28. Com efeito, a parte em que o Magistrado dá ordens ao Ofício é a parte


mandamental por excelência, na qual fixa no tempo e no espaço os limites da execução,
propriamente o que se está argumentando no presente writ .

1. 29. No mais, o princípio de proibição à reformatio in pejus não atende a um


raciocínio tão singelo quanto o utilizado pela autoridade coatora, pois não se refere apenas à mera
vantagem que a defesa teria ao decidir por recorrer ou não da sentença.

1. 30. Não se trata apenas de considerar se " seria melhor que a defesa não tivesse
recorrido ...".

1. 31. Mais do que isso, o nemo reformatio in pejus é uma garantia que dá
sustentação ao princípio do respeito à coisa julgada. Isto é, tem o condão de viabilizar que haja
efetivo respeito à coisa julgada, evitando-se que a situação da defesa venha a ser alterada no meio
do caminho, sem que o órgão acusatório tenha intervindo no momento oportuno.

1. 32. Isto é, tem mais a ver com o não recurso da acusação do que com o recurso
da defesa.

1. 33. O próprio Supremo Tribunal Federal, aliás, vem garantindo a aplicação do


princípio do non reformatio in pejus , condicionando o recolhimento à prisão ao trânsito em julgado
para ambas as partes, nos casos em que assim prevê o título executivo, sem que, com isso, se possa
afirmar o descumprimento do precedente emanado por aquela Corte.

1. 34. Aliás, a própria autoridade coatora reconheceu que esta é a tese que
efetivamente vem sendo aplicada pelo Supremo Tribunal Federal, ainda que a procure desmerecer,
sugerindo que é encampada apenas por Ministros que restaram vencidos quando do julgamento a
respeito da possibilidade da execução provisória da pena em matéria penal.

1. 35. De fato, assim tem decidido, em diversas ocasiões, a nossa Corte Suprema.

1.
7/10
1. 36. Muito ao contrário do sugerido pelo Magistrado, a tese é exatamente a
mesma que vem sido acatada pelo STF, pois em todas tratou-se exatamente de hipótese fática
idêntica, em que ao réu é assegurado apelar em liberdade, determinando-se o início da
execução "após o trânsito em julgado" .

1. 37. Nesse sentido, recentíssima a decisão proferida pelo Min. CELSO DE


MELLO, nos autos do HC nº 152.974/SP, publicada em 06 de março de 2018:

"Tem-se entendido, nesta Suprema Corte, que, em situações como a ora em exame, em que o Ministério
Público sequer se insurgiu contra o pronunciamento do órgão judiciário "a quo" que garantiu ao
paciente o direito de recorrer em liberdade, não pode o Tribunal de superior jurisdição suprimir esse
benefício, em detrimento do condenado, sob pena de ofensa à cláusula final inscrita no art. 617 do
Código de Processo Penal:

"() POSSÍVEL OFENSA AO PRINCÍPIO QUE VEDA A 'REFORMATIO IN PEJUS' (CPP, ART. 617, 'in
fine'), POIS O TRIBUNAL DE INFERIOR JURISDIÇÃO ORDENOU QUE SE PROCEDESSE, EM
PRIMEIRO GRAU, À IMEDIATA EXECUÇÃO ANTECIPADA DA PENA, NÃO OBSTANTE ESSE
COMANDO HOUVESSE SIDO DETERMINADO EM RECURSO EXCLUSIVO DO RÉU CONDENADO,
A QUEM SE ASSEGURARA, NO ENTANTO, EM MOMENTO ANTERIOR, SEM IMPUGNAÇÃO
RECURSAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO, O DIREITO DE AGUARDAR EM LIBERDADE A
CONCLUSÃO DO PROCESSO. ()." (HC 147.452/MG, Rel. Min. CELSO DE MELLO)"

1. 38. Em igual sentido, a decisão monocrática do HC 140.217/DF, de relatoria do


Ministro RICARDO LEWANDOWSKI:

"(...)

Registre-se, também, que a antecipação do cumprimento da pena, em qualquer grau de jurisdição,


somente pode ocorrer mediante um pronunciamento específico e fundamentado que demonstre, à
saciedade, e com base em elementos concretos, a necessidade da custódia cautelar . Assim,
verificando que o caso em espécie se assemelha àquele tratado no HC 140.217/DF, bem como nos HC's
135.951/DF, 142.012/DF e 142.017/DF, todos de minha relatoria, entendo que ocorreu a formação da
coisa julgada do direito de o paciente recorrer em liberdade. Por essas razões, constatada a
excepcionalidade da situação em análise faz necessária a suspensão da execução da pena imposta ao
paciente. Isso posto, tendo em conta que a conclusão a que chego neste habeas corpus em nada
conflita com as decisões majoritárias desta Suprema Corte, acima criticadas, com o respeito de praxe,
confirmando as liminares, concedo a ordem de habeas corpus (art. 192, caput, do RISTF), para que os
pacientes possam aguardar, em liberdade, o trânsito em julgado da sentença penal condenatória
proferida no Processo 2005.01.1.064173-9, sem prejuízo da manutenção ou fixação, pelo juízo
processante, de uma ou mais de uma das medidas cautelares previstas no art. 319 do Código de Processo
Penal, caso entenda necessário. Comunique-se com urgência. Expeça-se alvará de soltura
clausulado. Publique-se. Brasília, 14 de novembro de 2017. Ministro Ricardo Lewandowski Relator

(HC 140217, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, julgado em 14/11/2017, publicado em


PROCESSO ELETRÔNICO DJe-261 DIVULG 16/11/2017 PUBLIC 17/11/2017)"

8/10
1. 39. Da mesma forma, os seguintes julgados: HC 135.951-MC/DF , Rel. Min.
RICARDO LEWANDOWSKI - HC 142.012-MC/DF , Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI -
HC 142.017-MC/DF , Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI - HC 147.428-MC/MG , Rel.
Min. CELSO DE MELLO - HC 148.122-MC/MG , Rel. Min. CELSO DE MELLO - HC
153.431/SP , Rel. Min. CELSO DE MELLO.

III - DOS REQUISITOS PARA A CONCESSÃO DE MEDIDA LIMINAR

1. 40. Presentes se encontram os requisitos para a concessão de liminar na figura do


fumus boni iuris e do periculum in mora .

1. 41. O primeiro salta aos olhos por todos os fundamentos acima elencados e que
demonstram claramente a violação ao princípio do non reformatio in pejus .

1. 42. O perigo da demora, por sua vez, se torna evidente frente à ordem de prisão
em desfavor do Paciente, sendo desnecessária uma descrição pormenorizada do dano de impossível
reparação que a prisão representa na vida de quem vem a ser encarcerado.

IV - DO PEDIDO

1. 43. Ante o exposto, requer seja concedida liminar para obstar o início da
execução da pena do Paciente antes do trânsito em julgado, em flagrante violação do princípio do
non reformatio in pejus , expedindo-se o competente contra-mandado de prisão ou, se já houver
sido cumprida, o necessário alvará de soltura.

1. 44. No mérito, requer seja concedida em definitivo a presente ordem de Habeas


Corpus, garantindo ao Paciente o direito de aguardar o trânsito em julgado para que se dê início ao
cumprimento de pena.

P. deferimento.

Brasília, 14 de março de 2018.

9/10
Marcelo Leal de Lima Oliveira

OAB/DF 21.932

Caio César Vieira Rocha

OAB/CE 15.095

Francisco César Asfor Rocha

OAB/SP 329.034

Tiago Asfor Rocha Lima

OAB/CE 16.386

Anastácio Jorge Matos de Sousa Marinho

OAB/CE 8.502

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado
18031417115167600000010518727
Data e hora da assinatura: 14/03/2018 17:15:26
Identificador: 4050000.10536626
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 10/10
INTEIRO TEOR DA EXECUÇÃO
PROVISÓRIA Nº 0805802-55.2016.4.05.8100

1/246
Tribunal Regional Federal da 5ª Região
PJe - Processo Judicial Eletrônico
Consulta Processual

14/03/2018

Número: 0805802-55.2016.4.05.8100
Classe: EXECUÇÃO PROVISÓRIA
Partes
Tipo Nome
CONDENADO FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO
EXEQUENTE MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

Documentos
Id. Data/Hora Documento Tipo
4058100.1463935 21/06/2016 TERMO DE AUTUAÇÃO Petição Inicial
15:25
4058100.1463936 21/06/2016 0012628-43.2010.4.05.8100 - FRANCISCO Documento de Comprovação
15:25 DEUSMAR DE QUEIRÓS - Parte 1
4058100.1463937 21/06/2016 0012628-43.2010.4.05.8100 - FRANCISCO Documento de Comprovação
15:25 DEUSMAR DE QUEIRÓS - Parte 2
4058100.1463938 21/06/2016 0012628-43.2010.4.05.8100 - FRANCISCO Documento de Comprovação
15:25 DEUSMAR DE QUEIRÓS - Parte 3
4058100.1463947 21/06/2016 Certidão de Distribuição Certidão
15:25
4058100.1480467 28/06/2016 Manifestação Contestação
14:31
4058100.1480469 28/06/2016 Petição - Vara de Execução - DEUSMAR - Documento de Comprovação
14:31 aguardar o trânsito em julgado
4058100.1641793 27/08/2016 Despacho Despacho
01:59
4058100.1641794 27/08/2016 Intimação Expediente
01:59
4058100.1660887 02/09/2016 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
14:58
4058100.1698256 19/09/2016 Cota nº 18127/2016 - MPF Cota
18:45
4058100.1792913 20/10/2016 Execução Penal Execução / Cumprimento de
13:43 Sentença
4058100.1792914 20/10/2016 PET 21032 execucao penal 0805802- Documento de Comprovação
13:43 55.2016.4.05.8100
4058100.1813428 27/10/2016 Petição de Retificação Petição
10:42
4058100.1813429 27/10/2016 PRO 21536 retificacao execucao penal Documento de Comprovação
10:42 0805802-55.2016.4.05.8100
4058100.1941566 12/12/2016 Petição comunicando decisão STJ Petição (3º Interessado)
14:23
4058100.1941567 12/12/2016 Deusmar - Comunicando decisão STJ Documento de Comprovação
14:23
4058100.1941570 12/12/2016 Decisão STJ Documento de Comprovação
14:23
4058100.1941575 12/12/2016 Decisão STJ - publicação Documento de Comprovação
14:23
4058100.1958376 16/12/2016 Telegrama STJ Certidão
14:17
4058100.1958377 16/12/2016 TELEGRAMA STJ 5T 43228-2016 Documento de Comprovação
14:17
4058100.2089618 17/02/2017 Decisão Decisão
14:57
4058100.2224141 29/03/2017 Inspeção Despacho Inspeção
17:05

2/246
4058100.3117660 18/12/2017 Intimação Expediente
14:59
4058100.3118300 18/12/2017 ANDAMENTO PROCESSUAL - PEDIDO DE Certidão
15:46 TUTELA PROVISORIA E RESP
4058100.3118301 18/12/2017 CONSULTA PROCESSUAL - STJ - PEDIDO DE Documento de Comprovação
15:46 TUTELA PROVISÓRIA
4058100.3118305 18/12/2017 CONSULTA PROCESSUAL - STJ - REsp Documento de Comprovação
15:46
4058100.3119782 18/12/2017 Petição Petição
18:32
4058100.3120491 19/12/2017 Certidão de Retificação de Autuação Certidão de retificação de autuação
00:00
4058100.3139891 28/12/2017 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
00:01
4058100.3139892 28/12/2017 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
00:01
4058100.3367801 02/03/2018 Inspeção Despacho Inspeção
12:14
4058100.3386518 07/03/2018 Juntada - Malote Digital com Telegrama STJ Certidão
12:06
4058100.3386519 07/03/2018 DECISÃO MONOCRÁTICA NO PEDIDO DE Documento de Comprovação
12:06 TUTELA PROVISÓRIA
4058100.3402567 12/03/2018 PEDIDO DE EXECUÇÃO Promoção
10:43
4058100.3402568 12/03/2018 PRO 04436 execucao provisoria PM 0805802- Documento de Comprovação
10:43 55.2016.4.05.8100
4058100.3402573 12/03/2018 tp 38 cassacao Documento de Comprovação
10:43
4058100.3402583 12/03/2018 RESP 1449193 Documento de Comprovação
10:43
4058100.3406913 12/03/2018 Manifestação Manifestação
17:17
4058100.3406914 12/03/2018 Deusmar petição violação ao pincípio do non Documento de Comprovação
17:17 reformatio in pejus execução provisória
garimpagem
4058100.3406916 12/03/2018 decisão HC 152.794-SP Documento de Comprovação
17:17
4058100.3417179 14/03/2018 Pedido de reconsideração Pedido de reconsideração
16:12
4058100.3417185 14/03/2018 Deusmar Petição Infomando Decisão STF1 (3) Documento de Comprovação
16:12
4058100.3417226 14/03/2018 Supremo Tribunal Federal - notícia Documento de Comprovação
16:12

3/246
TERMO DE AUTUAÇÃO

Nº PROCESSO

AUTOR: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

RÉU: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS

Nº PROCESSO DE ORIGEM: 0012628-43.2010.4.05.8100

SISTEMA PROCESSO DE ORIGEM: TEBAS

JUSTIFICATIVAS:

Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
FABIO MAGALHAES RODRIGUES - Servidor Cadastrador
16062115212002600000001464929
Data e hora da assinatura: 21/06/2016 15:25:03
Identificador: 4058100.1463935
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 4/246
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Assinado eletronicamente por:
FABIO MAGALHAES RODRIGUES - Servidor Cadastrador
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Identificador: 4058100.1463936
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Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
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FABIO MAGALHAES RODRIGUES - Servidor Cadastrador
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TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL 5ª REGIÃO
12ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
PROCESSO Nº: 0805802-55.2016.4.05.8100
CLASSE: EXECUÇÃO DA PENA
EXEQUENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
EXECUTADO: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS

Certidão de Distribuição

Tipo da Distribuição: Sorteio.


Concorreu(ram): 12ª VARA FEDERAL.
Impedido(s): -
Distribuído para: 12ª VARA FEDERAL.

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Manifestação.

Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO - Advogado
16062814281325300000001481475
Data e hora da assinatura: 28/06/2016 14:31:32
Identificador: 4058100.1480467
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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA 12ª VARA DA SEÇÃO
JUDICIÁRIA DO ESTADO DO CEARÁ.

PROCESSO Nº 0805802-55.2016.4.05.8100
EXEQUENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
EXECUTADO: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS

FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS, brasileiro, casado, empresário,


portador da Carteira de Identidade RG nº 207.206 SSP/CE, residente e domiciliado na
Avenida Beira Mar, 2270, apto. 1300, Fortaleza - CE, vem, com o devido respeito, perante
V. Exa., expor e requerer o seguinte:

I – BREVE HISTÓRICO PROCESSUAL

1. O Requerente foi condenado pela prática dos crimes previstos nos artigos
7º, IV, da Lei nº 7.492/86 e 27-C da Lei nº 6.385/76, supostamente praticados entre os
anos de 2000 e 2006.

2. Embora o Ministério Público tenha se contentado com os termos da


sentença prolatada em primeira instância, a defesa apelou dessa decisão, havendo a 3ª
Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região dado parcial provimento ao recurso,
para afastar a condenação do Peticionante em relação ao crime previsto no artigo 27-C
da Lei nº 6.385/76, bem como para reconhecer a prescrição em relação à parte das
condutas que lhes foram imputadas.

3. Opostos, em duas oportunidades, embargos de declaração, o acórdão foi


mantido, ensejando a interposição de Recurso Especial, pelas alíneas “a” e “c” do artigo
105, III, da CF/88 em favor deste Peticionante.

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4. Ante a evidente violação a normas federais, o recurso foi admitido, sendo
autuado, no Superior Tribunal de Justiça, como REsp nº 1.449.193/CE, sob a relatoria do
Min. FÉLIX FISCHER.

5. Para a surpresa da defesa e apesar de não possuir mais jurisdição sobre


o caso, o juiz da 11ª Vara, invocando a decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal
no julgamento do HC 129.292, determinou que fossem remetidas cópias das principais
peças ao juízo das execuções penais, para o início do cumprimento da reprimenda
aplicada ao Requerente. Confira-se:

“Considerando o entendimento firmado pelo colendo Supremo Tribunal


Federal de que "a possibilidade de início da execução da pena
condenatória após a confirmação da sentença em segundo grau não
ofende o princípio constitucional da presunção da inocência" (HC 126292,
de 17/02/2016 - relator: ministro Teori Zavascki), determino que a
Secretaria extraia as peças discriminadas nos artigos 106 e 109 do
Provimento nº 01, de 25 de março de 2009, da Corregedoria Regional da
Justiça Federal da 5ª. Região, e as remeta ao Setor de Distribuição desta
Seção Judiciária para autuação de Execução Penal (classe 103) em
desfavor dos réus FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS, GERALDO
DE LIMA GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e
JERÔNIMO ALVES BEZERRA e distribuição à 12ª. Vara Federal,
privativa das execuções penais, através do Processo Judicial Eletrônico -
PJE.
2. Após a formação dos autos da Execução Penal, arquivem-se os
presentes autos, com baixa na Distribuição.
3. Expediente de praxe.
4. Cumpra-se.”

6. Tal decisão, no entanto, importa em flagrante constrangimento ilegal,


conforme se passa a demonstrar.

II – DA INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO DA 11ª VARA PARA ORDENAR A FORMAÇÃO


DE AUTOS PARA A EXECUÇÃO DA PENA – EXAURIMENTO DA INSTÂNCIA –
COMPETÊNCIA EXCLUSIVA DO RELATOR DO RECURSO ESPECIAL

7. Inicialmente, salta aos olhos a que o juiz da 11ª Vara não mais possuía
competência para proferir decisão no presente processo, muito menos determinar ou
sugerir o cumprimento antecipado da pena.

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8. É o que sobressai, com clareza solar, do artigo 34, inciso III do Regimento
Interno do Superior Tribunal de Justiça:

“Art. 34. Compete ao Relator:


(…)
XIII – decidir o pedido de carta de sentença e assiná-la”.

9. A decisão sobre a prisão do Peticionante, quando já interposto o Recurso


Especial, portanto, é de responsabilidade do Relator do Recurso Especial.

10. Note-se, portanto, que, in casu, é flagrante a incompetência da 11ª Vara


Federal para determinar o cumprimento da pena. Da mesma forma, a 12ª Vara Federal,
juízo privativo das execuções penais, visto que, com o encaminhamento dos autos à sua
jurisdição, poderia, inadvertidamente, determinar o cumprimento antecipado da pena ao
ora Requerente, materializando-se, de modo precipitado e ilegal, o jus puniendi estatal.

III – DA NECESSIDADE DE TRÂNSITO EM JULGADO ESTABELECIDA NO TÍTULO


EXECUTIVO – IMPOSSIBILIDADE DE REFORMATIO IN PEJUS

11. O caso em tela possui peculiaridade que impede a execução provisória da


pena antes de seu trânsito em julgado.

12. É que a própria sentença, título executivo, foi expresso em afirmar que a
execução da pena deveria ocorrer “após o transito em julgado”. Confira-se:

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13. Na realidade, conforme se depreende de sua leitura, além de determinar
que a prisão do Peticionante somente deveria ocorrer após o transito em julgado, a
sentença chegou a reconhecer inexistirem elementos ensejadores da prisão cautelar.

14. Não existiam naquela época, nem atualmente!

15. De toda forma, certo é que o Ministério Público quedou-se inerte,


satisfazendo-se com o título executivo obtido.

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16. Ora, ainda que se pretenda executar provisoriamente a pena, a execução
está adstrita aos exatos termos da sentença e esta é expressa em afirmar que a prisão
somente deve dar-se após o trânsito em julgado.

17. A questão, portanto, não diz respeito, apenas, sobre a possibilidade ou


não da prisão ser decretada após a decisão proferida em Segundo Grau em jurisdição.

18. No caso em tela, existe uma questão anterior a ser discutida, que
prescinde da análise da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal. É que, no caso
específico, a alteração do título executivo (sentença), sem recurso manejado pelo
Ministério Público, importaria em flagrante reformatio in pejus.

19. Em outras palavras, se a sentença condenatória expressamente afirma


que o cumprimento da pena deve dar-se apenas com o trânsito em julgado, não havendo
recurso por parte do Ministério Público, é expressamente vedado ao judiciário impor a
prisão cautelar do Réu.

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20. Nem se venha argumentar que o Ministério Público não teria recorrido em
face do então entendimento do Supremo Tribunal Federal. Tanto como hoje, a decisão
que orientava aquela Corte havia sido proferida no HC 84.078 da Relatoria do Ministro
EROS GRAU, sem força vinculante.

21. Vale dizer, quisesse a acusação a prisão do Acusado a partir da decisão


de Segundo Grau, deveria ter recorrido desta parte da sentença.

22. Mas não é só. A ausência de pedido do Ministério Público também deixa
às claras outra flagrante violação ao sistema acusatório e aos princípios da iniciativa das
partes e do impulso oficial.

23. Desde o advento da Constituição Federal de 1988 que o processo penal é


regido pelo sistema acusatório, que estabelece uma clara e nítida distinção entre as
funções de acusar, defender e julgar.

24. Corolário disso são os princípios da iniciativa das partes e da inércia ou


impulso oficial segundo os quais a jurisdição somente pode ser exercida se provocada
pela parte ou interessado.

25. É o que dispõe o art. 2º do Código de Processo Civil, aplicável


subsidiariamente à questão:

Art. 2º Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou


o interessado a requerer, nos casos e forma legais.

26. No processo penal este princípio decorre do art. 24 do CPP que


estabelece:

Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia
do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição
do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver
qualidade para representá-lo.

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27. Neste sentido esclarece WLADIMIR ARAS1:

“A consequência imediata do princípio da iniciativa é que o juiz


estará adstrito ao pedido do promovente da ação. Não poderá julgar
além do pedido das partes. Ne eat judex ultra petita partium, pois, caso
contrário, estaria dando início a uma acusação diversa da apresentada,
pois mais ampla. Define-o bem a regra do art. 128 do Código de Processo
Civil, segundo a qual "O juiz decidirá a lide nos limites em que foi
proposta, sendo-lhe defeso conhecer de questões, não suscitadas, a cujo
respeito a lei exige a iniciativa das partes".

28. Por força destes princípios, não poderia o juiz de primeiro grau, sem
provocação do Ministério Público, decretar a prisão do Réu, sob pena de incorrer em
indevida e execrável reformatio in pejus.

29. Neste exato sentido, é a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça:

“HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. CRIME CONTRA O


SISTEMA FINANCEIRO. CONDENAÇÃO MANTIDA, EM SEDE DE
APELAÇÃO. EXPEDIÇÃO DE MANDADO DE PRISÃO ANTES DO
ESGOTAMENTO DAS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS. SENTENÇA QUE
CONDICIONA A EXECUÇÃO DA PENA AO TRÂNSITO EM JULGADO
DA CONDENAÇÃO. REFORMATIO IN PEJUS. IMPOSSIBILIDADE.
1. A execução provisória do julgado somente é possível após o
esgotamento das instâncias ordinárias, o que não se verificou na espécie,
tendo em vista que os embargos de declaração opostos contra o acórdão
proferido em sede de apelação criminal encontram-se pendentes de
julgamento.
2. A sentença condenatória condicionou a prisão do Paciente ao
trânsito em julgado do decreto condenatório e o Parquet não
impugnou a concessão dessa benesse, portanto, não pode o
Tribunal determinar a execução provisória do julgado, sob pena de
reformatio in pejus.
3. Precedentes dos Tribunais Superiores.
4. Ordem concedida para reconhecer o direito do Paciente aguardar em
liberdade o trânsito em julgado da condenação. (HC 63.232/MG, Rel.
Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 27/02/2007, DJ
26/03/2007, p. 264)

“HABEAS CORPUS. CONDENAÇÃO PARCIALMENTE MANTIDA EM


GRAU DE APELAÇÃO CRIMINAL. EXPEDIÇÃO DE MANDADO DE
PRISÃO. RECURSOS ESPECIAL E EXTRAORDINÁRIO PENDENTES
DE PROCESSAMENTO. SENTENÇA QUE CONDICIONOU O INÍCIO DA

1
ARAS, Wladimir. Princípios do processo penal. https://jus.com.br/artigos/2416/principios-do-processo-
penal.

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EXECUÇÃO DA PENA APÓS O TRÂNSITO EM JULGADO.
RESIGNAÇÃO DO PARQUET A QUO. COAÇÃO ILEGAL
EVIDENCIADA. ORDEM CONCEDIDA. CO-RÉU NÃO-PACIENTE QUE
SE ENCONTRA EM SITUAÇÃO FÁTICO-PROCESSUAL IDÊNTICA.
EXTENSÃO DA DECISÃO QUE SE IMPÕE (ART. 580 DO CPP).
1. Caracteriza constrangimento ilegal a determinação do início da
execução da sanção por ocasião do julgamento de apelação
criminal, se a sentença condenatória condicionou a prisão do
paciente apenas após o trânsito em julgado da decisão repressiva e
se, quanto a este aspecto, não houve recurso do Ministério Público e
o decisum encontra-se sub judice, ante o ajuizamento de recursos
especial e extraordinário.
2. Ordem concedida para garantir ao paciente o direito de permanecer em
liberdade até o trânsito em julgado da sentença condenatória,
estendendo-se os efeitos desta decisão ao co-réu não-paciente, ex vi do
disposto no art. 580 do CPP. (HC 106005 / SP, Relator: Ministro JORGE
MUSSI DJe 02/02/2009)

“PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO. DIREITO DE


RECORRER EM LIBERDADE. SENTENÇA QUE DETERMINA A
EXPEDIÇÃO DE MANDADO DE PRISÃO APÓS O TRÂNSITO EM
JULGADO. AUSÊNCIA DE RECURSO DO MINISTÉRIO PÚBLICO.
EXPEDIÇÃO DE MANDADO DE PRISÃO PELO TRIBUNAL A QUO
APÓS O JULGAMENTO DO RECURSO DE APELAÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE. NÃO-APLICAÇÃO DA SÚMULA 267/STJ. ORDEM
CONCEDIDA.
1. Se a sentença assegura ao réu o direito de aguardar em liberdade
o trânsito em julgado da condenação e não há recurso do Ministério
Público, a ordem do Tribunal de origem para que seja expedido
mandado de prisão para o início da execução provisória da pena
configura reformatio in pejus. Precedentes.
2. Na hipótese, não se aplica o enunciado sumular 267 desta Corte, pois
expressamente garantido pela sentença condenatória o direito de
aguardar o trânsito em julgado em liberdade, e não apenas o direito de
recorrer em liberdade.
3. Ordem concedida para que o paciente possa aguardar o trânsito em
julgado da condenação em liberdade, se não estiver presente um dos
motivos ensejadores da prisão cautelar, de acordo com o art. 312 do
Código de Processo Penal. (HC 76563 / SP, Relator Ministro ARNALDO
ESTEVES LIMA, DJ 22/10/2007)

30. Nestas condições, ainda que tenha ocorrido mudança de entendimento na


jurisprudência quanto aos efeitos dos recursos extremos, esta condição não pode
modificar situação já cristalizada pelo manto da coisa julgada, que atingiu indelevelmente
o título executivo, traçando-lhe os limites de atuação do Estado.

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31. O título executivo transitado em julgado – e especialmente a sua parte
dispositiva – caracterizam uma garantia do réu, da qual não se pode, em hipótese
alguma, abrir mão.

IV - DO EQUIVOCADO ENTENDIMENTO QUANTO À REAL EXTENSÃO DA DECISÃO


PROFERIDA PELO STF NO HC Nº 126.292/SP

32. Desde que foi noticiado o julgamento do HC 126.292 pelo STF, quando o
acórdão ainda não havia sido sequer publicado, começaram a pulular pelo País diversas
decisões determinando a prisão indiscriminada a partir de acórdão condenatório de
segundo grau, como se a Corte Suprema tivesse determinado o cumprimento provisório
da pena sempre que um tribunal decidisse pela condenação, independentemente de
requisitos de cautelaridade.

33. O equívoco, no entanto, é patente, seja porque se está fazendo uma


leitura equivocada do quanto decidido pelo Supremo Tribunal Federal, seja pela falha
compreensão sobre o conceito de precedente, violando, assim, cláusula de reserva de
plenário e de barreira previstas no art. 97 da Constituição e na Súmula Vinculante 10 do
Supremo Tribunal Federal. Vejamos.

V - DO VERDADEIRO ALCANCE DA DECISÃO PROFERIDA PELO STF - DA


NECESSIDADE DE FUNDAMENTAÇÃO PARA A ORDEM DE PRISÃO AINDA QUE
DECORRENTE DE DECISÃO CONDENATÓRIA PROFERIDA EM SEGUNDO GRAU DE
JURISDIÇÃO

34. Ao contrário do que parece ter compreendido o juízo da 11ª Vara ao


ordenar a formação de autos para a execução da pena, a decisão proferida pelo Supremo
Tribunal Federal não tornou obrigatória ou automática a prisão de réu condenado em
segundo grau. Aliás, o STF não determinou a prisão de ninguém!

35. Na realidade, a decisão proferida pelo STF no julgamento do HC 126.292


nada mais fez do que repristinar o entendimento anterior à histórica decisão proferida no

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HC 84.078 da Relatoria do Ministro EROS GRAU em 2009, entendendo pela
possibilidade de prisão após decisão de segundo grau, desde que esta decisão fosse
devidamente fundamentada.

36. Em outras palavras, o que o Supremo Tribunal Federal afirmou foi a


possibilidade de, após o julgamento de segundo grau, estando presentes elementos
suficientes, possa o Réu ser preso por decisão fundamentada, da mesma forma como se
entendia antes do julgamento do HC 84.078.

37. Trata-se de leitura sistemática da Constituição em que, ao mesmo tempo


em que restou mitigado o princípio da inocência previsto no inciso LVII, do art. 5º da
Constituição Federal, ressaltou-se a importância do inciso LXI do mesmo artigo acima
citado, que expressamente dispõe que “ninguém será preso senão em flagrante delito ou
por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente”.

38. É o que restou expressamente assentado no voto do Ministro BARROSO


proferido no julgamento do HC 126.292:

“14. O pressuposto para a decretação da prisão no direito brasileiro


não é o esgotamento de qualquer possibilidade de recurso em face
da decisão condenatória, mas a ordem escrita e fundamentada da
autoridade judiciária competente, conforme se extrai do art. 5ª, LXI,
da Carta de 1988 .
15. Para chegar a essa conclusão, basta uma análise conjunta dos dois
preceitos à luz do princípio da unidade da Constituição. Veja-se que,
enquanto o inciso LVII define que “ninguém será considerado culpado até
o trânsito em julgado da sentença penal condenatória”, logo abaixo, o
inciso LXI prevê que “ninguém será preso senão em flagrante delito ou
por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente”.
Como se sabe, a Constituição é um conjunto orgânico e integrado de
normas, que devem ser interpretadas sistematicamente na sua conexão
com todas as demais, e não de forma isolada. Assim, considerando-se
ambos os incisos, é evidente que a Constituição diferencia o regime da
culpabilidade e o da prisão. Tanto isso é verdade que a própria
Constituição, em seu art. 5º, LXVI, ao assentar que “ninguém será levado
à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com
ou sem fiança”, admite a prisão antes do trânsito em julgado, a ser
excepcionada pela concessão de um benefício processual (a liberdade
provisória).
16. Para fins de privação de liberdade, portanto, exige-se
determinação escrita e fundamentada expedida por autoridade
judiciária.”

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39. Este era, exatamente, o entendimento do Superior Tribunal de Justiça
antes da primeira mudança de entendimento do STF no julgamento do HC 84.078 em
2009.

40. Com efeito, a Súmula 267 do STJ já dispunha:

“A interposição de recurso sem efeito suspensivo, contra decisão


condenatória não obsta a expedição de mandado de prisão.”

41. Não obstante, o entendimento daquela Corte jamais foi o de admitir a


prisão incondicional após a confirmação de condenação criminal em segundo grau, mas
sim de admiti-la quando presentes elementos suficientes a justificar a medida de
maneira fundamentada.

42. Aliás, o entendimento corrente sempre foi de que, se o réu esteve em


liberdade ao longo de todo processo, somente fundamentação própria, apontando
requisitos de cautelaridade, justificaria que viesse a ser encarcerado após o julgamento
da apelação, estando pendentes Recursos Especial ou Extraordinário.

43. Neste sentido o HC 47.314/SP, da relatoria do Ministro HÉLIO QUAGLIA


BARBOSA, julgado em 28/03/2006:

HABEAS CORPUS. ARTIGO 159, § 1º, DO CÓDIGO PENAL. AUSÊNCIA


DE PROVAS. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. EXPEDIÇÃO DE
MANDADO DE PRISÃO ANTES DO TRÂNSITO EM JULGADO.
AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL CONFIGURADO. ORDEM CONCEDIDA.
1. Incabível, na via eleita, reexaminar todo o contexto fático-probatório
para aferir a robustez das provas carreadas que embasaram a
condenação. Ademais, uma breve leitura do acórdão vergastado,
evidencia que há provas da participação do paciente no evento criminoso.
2. A Súmula 267 desta Corte deve ser conciliada com o princípio
constitucional da presunção de inocência. Isto significa que, antes
do trânsito em julgado da condenação, a execução provisória deve
pautar-se nos requisitos de cautelaridade, expondo os fatos que
justifiquem a necessidade da segregação cautelar.
3. In casu, a expedição do mandado de prisão foi determinada, tão-
somente, em decorrência do provimento da apelação, sem declinar

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motivos que justificariam a execução da pena antes do trânsito em
julgado da condenação.
4. Ordem concedida para determinar que o paciente permaneça em
liberdade até o trânsito em julgado, salvo expedição de mandado de
prisão devidamente fundamentado.
(HC 47.314/SP, Rel. Ministro HÉLIO QUAGLIA BARBOSA, SEXTA
TURMA, julgado em 28/03/2006, DJ 15/05/2006, p. 297)

44. No mesmo sentido o HC 93.550/RR, relatado pela Ministra MARIA


THEREZA DE ASSIS MOURA, julgado em 13/12/2007:

PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ESTUPRO. CONDENAÇÃO


EM AÇÃO PENAL ORIGINÁRIA. RÉU OCUPANTE DE CARGO DE JUIZ
DE DIREITO. AUSÊNCIA DE TRÂNSITO EM JULGADO. EXPEDIÇÃO
DE MANDADO DE PRISÃO E RETIRADA DO NOME DA FOLHA DE
PAGAMENTO. EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA. OFENSA À
PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA. VERIFICAÇÃO.
1. Toda prisão processual deve ser calcada nos pressupostos e requisitos
do art. 312 do Código de Processo Penal.
2. A determinação da prisão e retirada do nome da folha de
pagamento, após acórdão condenatório em ação penal originária,
mas antes do trânsito em julgado, sem amparo em dados concretos
de cautelaridade, viola a garantia constitucional inserta no art. 5.º,
inciso LVII, da Constituição Federal.
3. Ordem concedida para assegurar ao paciente o direito de aguardar
em liberdade o trânsito em julgado da condenação, ressalvada a
hipótese de surgimento de fatos que revelem a necessidade de seu
encarceramento processual; mantida também a disposição
constante do acórdão condenatório relativa à manutenção do nome
do paciente na folha de pagamento, enquanto ainda perdure a ação
penal.

45. Neste sentido, também, podem-se citar os seguintes julgados, HC


42.849/RO, Rel. Ministro NILSON NAVES, SEXTA TURMA, julgado em 01/09/2005, DJ
06/02/2006, p. 351; HC 73.578/RS, Rel. MIN. CARLOS FERNANDO MATHIAS (JUIZ
CONVOCADO DO TRF 1ª REGIÃO), SEXTA TURMA, julgado em 30/08/2007, DJ
15/10/2007, p. 357; HC 47.314/SP, Rel. Ministro HÉLIO QUAGLIA BARBOSA, SEXTA
TURMA, julgado em 28/03/2006, DJ 15/05/2006, p. 297; HC 51.004/SP, Rel. Ministro
NILSON NAVES, SEXTA TURMA, julgado em 20/04/2006, DJ 12/06/2006, p. 546.

46. Mesmo após o julgamento do HC 126.292 pelo STF, o Superior Tribunal


de Justiça voltou a expressar esse entendimento no julgamento do HC 348.224/SP,
julgado em 26/04/2016:

194/246
12/24
PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO.
INADEQUAÇÃO. TRÁFICO INTERNACIONAL DE DROGAS. REGIME
PRISIONAL MAIS GRAVOSO (FECHADO). PENA INFERIOR A 8 ANOS.
NATUREZA E QUANTIDADE DE DROGAS. FUNDAMENTAÇÃO
SUFICIENTE. PRISÃO CAUTELAR. DECRETAÇÃO EM SEGUNDA
INSTÂNCIA. POSSIBILIDADE. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. GARANTIA
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL. RÉ ESTRANGEIRA. ORDEM NÃO
CONHECIDA.
1. Esta Corte e o Supremo Tribunal Federal pacificaram orientação no
sentido de que não cabe habeas corpus substitutivo do recurso
legalmente previsto para a hipótese, impondo-se o não conhecimento da
impetração, salvo quando constatada a existência de flagrante ilegalidade
no ato judicial impugnado.
2. A obrigatoriedade do regime inicial fechado aos sentenciados por
crimes hediondos e a eles equiparados não mais subsiste, diante da
declaração de inconstitucionalidade, incidenter tantum, do disposto no §
1º do art. 2º da Lei n. 8.072/1990, pelo Supremo Tribunal Federal, no
julgamento do HC 111.840/ES.
3. A jurisprudência desta Corte é no sentido de que, embora a paciente
seja primária e a pena tenha sido estabelecida em 4 anos e 8 meses de
reclusão, não se mostra ilegal a imposição do regime mais severo com
fundamento na natureza e na expressiva quantidade de droga
apreendida, uma vez que tais circunstâncias foram elencadas pelo
próprio legislador como prevalecentes, nos termos do art. 33, § 3º, do
Código Penal, c/c o art. 42 da Lei n. 11.343/2006.
4. In casu, o Tribunal a quo sopesou a quantidade e a natureza da droga
apreendida - 2.398 (duas mil, trezentos e noventa e oito) gramas de
cocaína - na escolha do regime prisional fechado, em consonância com
as diretrizes estabelecidas nos arts. 33 e 59 do Código Penal e 42 da Lei
de Drogas.
5. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do
Habeas Corpus 126.292/SP, entendeu que a possibilidade de início
da execução da pena condenatória após a confirmação da sentença
em segundo grau não ofende o princípio constitucional da
presunção da inocência. Para o relator do caso, Ministro Teori
Zavascki, a manutenção da sentença penal pela segunda instância
encerra a análise de fatos e provas que assentaram a culpa do
condenado, o que autoriza o início da execução da pena.
6. A segregação cautelar é medida excepcional, mesmo no tocante
ao crime de tráfico de entorpecentes. O decreto de prisão processual
exige a especificação de que a segregação atende a pelo menos um
dos requisitos do art. 312 do Código de Processo Penal, sendo certo
que a proibição abstrata da liberdade provisória também se mostra
incompatível com a presunção de inocência, para não antecipar a
reprimenda a ser cumprida no caso de uma possível condenação.
7. Hipótese em que o Tribunal Regional pautou a prisão cautelar na
necessidade de garantia da aplicação da lei penal, uma vez que se trata
de paciente estrangeira, sem qualquer vínculo com o país, em
conformidade com a jurisprudência desta Corte. Precedentes.

195/246
13/24
8. Ordem não conhecida.

47. Este, aliás, também era o entendimento do Supremo Tribunal Federal


antes do julgamento do HC 84.078 em 2009.

48. Com efeito, no julgamento do HC 88174, ocorrido em 12 de dezembro de


2006, restou assentado:

HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. AUSÊNCIA DE


FUNDAMENTO PARA A PRISÃO CAUTELAR. EXECUÇÃO
ANTECIPADA. INCONSTITUCIONALIDADE. A prisão sem fundamento
cautelar, antes de transitada em julgado a condenação,
consubstancia execução antecipada da pena. Violação do disposto no
artigo 5º, inciso LVII da Constituição do Brasil. Ordem concedida.
(HC 88174, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Relator(a) p/
Acórdão: Min. EROS GRAU, Segunda Turma, julgado em 12/12/2006,
DJe-092 DIVULG 30-08-2007 PUBLIC 31-08-2007 DJ 31-08-2007 PP-
00055 EMENT VOL-02287-03 PP-00568 LEXSTF v. 29, n. 345, 2007, p.
458-466)

49. Do mesmo modo entendeu o STF no julgamento do HC 90.895, ocorrido


em 12 de junho de 2007:

EMENTA: PENAL. HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL.


SENTENÇA CONDENATÓRIA. RECOLHIMENTO À PRISÃO PARA
APELAR. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO ADEQUADA. MEDIDA
EXCEPCIONAL. ORDEM CONCEDIDA. I - A determinação de prisão
cautelar que impede o paciente de recorrer em liberdade é medida
excepcional, devendo ser fundamentada de forma individualizada,
com a explicitação dos motivos que levaram o magistrado a impor a
medida extrema. II- Paciente que respondeu ao processo solto deve,
no caso, aguardar o trânsito em julgado em liberdade. III - Ordem
concedida.
(HC 90895, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira
Turma, julgado em 12/06/2007, DJe-047 DIVULG 28-06-2007 PUBLIC 29-
06-2007 DJ 29-06-2007 PP-00059 EMENT VOL-02282-07 PP-01282)

50. Mesmo o Ministro JOAQUIM BARBOSA, conhecido pelo rigor de suas


opiniões e defensor da mitigação do princípio da inocência, reconhecia a necessidade de
fundamentação concreta para cada caso específico e não a prisão indiscriminada a partir
do julgamento de segundo grau.

196/246
14/24
51. Foi como decidiu no julgamento do HC 89.952, julgado em 15 de maio de
2007:
“HABEAS CORPUS. AUSÊNCIA DE TRÂNSITO EM JULGADO DA
SENTENÇA CONDENATÓRIA. AGRAVO DE INSTRUMENTO DE
DECISÃO QUE NÃO ADMITE RECURSO ESPECIAL PENDENTE.
EXECUÇÃO PROVISÓRIA. ANÁLISE DO CASO CONCRETO.
PACIENTE QUE PERMANECEU SOLTO. RECURSO EXCLUSIVO DA
DEFESA. RAZOABILIDADE. ORDEM CONCEDIDA. 1. Até que o Plenário
do Supremo Tribunal Federal decida de modo contrário, prevalece o
entendimento de que é constitucional a execução provisória da pena,
ainda que sem o trânsito em julgado e com recurso especial pendente. 2.
Até pronunciamento definitivo da Corte, a análise sobre a existência de
constrangimento ilegal deve ser feita em cada caso concreto. 3. No caso
em exame, o paciente permaneceu solto desde a instrução até o
momento, além de possuir residência certa. 4. Decreto de prisão que
não é razoável no contexto. 5. Ordem concedida.
(HC 89952, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma,
julgado em 15/05/2007, DJe-047 DIVULG 28-06-2007 PUBLIC 29-06-
2007 DJ 29-06-2007 PP-00144 EMENT VOL-02282-06 PP-01209)

52. Consta do corpo da mencionada decisão:

“Na hipótese sob julgamento, o paciente permaneceu solto até o


momento, tendo sido assegurada tal condição na sentença condenatória
da qual houve recurso exclusivo da defesa.
Assim, em que pese o Recurso Especial não ter sido admitido, conforme
extrato processual colhido no site do Tribunal de Justiça do Estado de
Minas Gerais, cuja juntada ora determino, houve interposição de agravo
de instrumento contra tal decisão, ainda não apreciado. Logo, ainda não
houve trânsito em julgado da sentença condenatória.
Diante desse quadro, considerando-se ainda que o paciente tem
residência certa, bem como que permaneceu solto desde a instrução
do processo até o presente momento, não se mostra razoável sua
prisão.
Ante o exposto, defiro a ordem para que o paciente aguarde em liberdade
o trânsito em julgado da sentença condenatória, ressalvada a hipótese de
estar encarcerado por motivo diverso.”

53. Como se vê, mesmo antes da primeira alteração jurisprudencial, a prisão,


após decisão de segundo grau, não era automática, como hoje se pretende, mas sim,
dependia da existência dos requisitos de cautelaridade expostos em ordem
fundamentada.

197/246
15/24
54. No caso em tela, a ordem de prisão seria expedida sem qualquer
fundamento de cautelaridade, baseada apenas e tão somente na crença de que a decisão
do STF no HC 126.292, determinaria a execução indiscriminada da pena privativa de
liberdade após o julgamento de segundo grau, o que, como visto, não é verdade.

55. Conforme demonstrado, a decisão do STF foi no sentido de repristinar o


entendimento anterior ao HC 84.078 de 2009, devendo ser, igualmente, repristinada a
jurisprudência da época, sob pena de se dar ao novel entendimento da Suprema Corte
efeitos nunca pretendidos.

VI - DA VIOLAÇÃO AO ART. 283 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL E DA


CONSEQUENTE VIOLAÇÃO DA CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO,
EXPRESSA NO ARTIGO 97 DA CONSTITUIÇÃO, E DA SÚMULA VINCULANTE Nº 10

56. Não bastasse todo o exposto, a decisão da 11ª Vara de determinar a


formação de autos para a execução da pena viola, a uma só vez, o art. 283 do Código de
Processo Penal, assim como a cláusula de reserva de plenário expressa no art. 97 da
Constituição Federal e a Súmula Vinculante nº 10.

57. Isto porque o conteúdo do inciso LXII do artigo 5º da CF foi materializado


no art. 283 do Código de Processo Penal, inserido por meio da Lei nº 12.403, de 04 de
maio de 2011.

58. Com esta alteração legislativa o referido dispositivo legal passou a ter a
seguinte redação:

Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por
ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, em
decorrência de sentença condenatória transitada em julgado ou, no curso
da investigação ou do processo, em virtude de prisão temporária ou
prisão preventiva.

59. É o que se chama de constitucionalidade espelhada. Vale dizer, aquilo


que estava implicitamente contido na Constituição foi explicitamente transcrito no texto
infraconstitucional.

198/246
16/24
Constituição Federal Código de Processo Penal
Art. 5º Art. 283
LVII - ninguém será considerado culpado até o Ninguém poderá ser preso senão em flagrante
trânsito em julgado de sentença penal delito ou por ordem escrita e fundamentada da
condenatória; autoridade judiciária competente, em decorrência de
LXI - ninguém será preso senão em flagrante sentença condenatória transitada em julgado ou,
delito ou por ordem escrita e fundamentada de no curso da investigação ou do processo, em
autoridade judiciária competente, salvo nos casos virtude de prisão temporária ou prisão preventiva.
de transgressão militar ou crime propriamente
militar, definidos em lei;

60. Significa dizer que para que o art. 283 não seja aplicado em sua
literalidade é necessário que a matéria seja julgada em sede de arguição de
inconstitucionalidade.

61. Com efeito, dispõe o art. 97 da Constituição Federal que:

Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos
membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público.

62. O comando do mencionado artigo foi evidenciado com a edição da


Súmula Vinculante nº 10, do Supremo Tribunal Federal, ao dispor que:

“Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de


órgão fracionário de Tribunal que embora não declare expressamente a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua
incidência, no todo ou em parte.”

63. Ora, como o STF, no julgamento do HC 126.292 deixou de declarar a


inconstitucionalidade do art. 283 do Código de Processo Penal, à jurisdição
infraconstitucional resta apenas enfrentar a matéria pela via da arguição do incidente de
inconstitucionalidade, já que o Juiz não está autorizado a deixar de aplicar uma lei que se
presume válida.

199/246
17/24
64. Neste sentido, aliás, dispôs de maneira expressa o novo Código de
Processo Civil, aplicável supletivamente ao caso em questão, ao estabelecer em seus
artigos 948 a 950 que:

Art. 948. Arguida, em controle difuso, a inconstitucionalidade de lei ou de


ato normativo do poder público, o relator, após ouvir o Ministério Público e
as partes, submeterá a questão à turma ou à câmara à qual competir o
conhecimento do processo.
Art. 949. Se a arguição for:
I - rejeitada, prosseguirá o julgamento;
II - acolhida, a questão será submetida ao plenário do tribunal ou ao
seu órgão especial, onde houver.
Parágrafo único. Os órgãos fracionários dos tribunais não submeterão ao
plenário ou ao órgão especial a arguição de inconstitucionalidade quando
já houver pronunciamento destes ou do plenário do Supremo Tribunal
Federal sobre a questão.
Art. 950. Remetida cópia do acórdão a todos os juízes, o presidente do
tribunal designará a sessão de julgamento.
§ 1º As pessoas jurídicas de direito público responsáveis pela edição do
ato questionado poderão manifestar-se no incidente de
inconstitucionalidade se assim o requererem, observados os prazos e as
condições previstos no regimento interno do tribunal.
§ 2º A parte legitimada à propositura das ações previstas no art. 103 da
Constituição Federal poderá manifestar-se, por escrito, sobre a questão
constitucional objeto de apreciação, no prazo previsto pelo regimento
interno, sendo-lhe assegurado o direito de apresentar memoriais ou de
requerer a juntada de documentos.
§ 3º Considerando a relevância da matéria e a representatividade dos
postulantes, o relator poderá admitir, por despacho irrecorrível, a
manifestação de outros órgãos ou entidades.

65. Mesmo que o próprio Tribunal Regional Federal da 5ª Região queira


determinar a prisão após decisões proferidas em sede de Recurso de Apelação, a
cláusula de reserva de plenário, insculpida no art. 97 da Constituição e reforçada pela
edição da Súmula Vinculante nº 10, impede que os acórdãos condenatórios prolatados
determinem a execução antecipada da pena à revelia da lei, cuja constitucionalidade
deverá ser arguida incidentalmente perante o plenário da Corte, enquanto não se prolatar
decisão dotada de efeito erga omnes.

66. Não resta dúvida, portanto, de que a decisão de ordenar a formação de


autos para a execução da pena é nula por violação à cláusula de reserva de plenário e da
Súmula Vinculante nº 10 do STF, sendo inaplicável o comando de prisão do Réu.

200/246
18/24
VII - DOS EFEITOS PROSPECTIVOS DA DECISÃO DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL

67. Um dos grandes equívocos do juízo da 11ª Vara é que sua determinação
de formar novos autos para executar a pena parece dar efeito de precedente à decisão
proferida pelo Supremo Tribunal Federal em caso isolado, sem análise de sua dimensão
qualitativa e funcional.

68. Isto porque nem toda decisão judicial pode ser vista como um precedente.
Apenas aquelas “dotadas de potencialidade de se firmar como paradigma para a
orientação dos jurisdicionados e magistrados”2,podem ser assim consideradas.

69. Para que isto ocorra, é necessário que a decisão não se limite a analisar
a interpretação do texto legal ou constitucional, mas é necessário que “a decisão enfrente
todos os principais argumentos relacionados à questão de direito posta na moldura do
caso concreto, até porque os contornos de um precedente podem surgir a partir da
análise de vários casos, ou melhor, mediante uma construção da solução judicial da
questão de direito que passa por diversos casos.”3

70. A decisão proferida no HC 126.292, por sua vez, foi adotada em um caso
isolado e colheu a comunidade jurídica de surpresa, não tendo sido realizado os grandes
debates sobre o tema.

71. De toda forma, ainda que se reconheça à mencionada decisão os efeitos


de precedente, vinculando decisões judiciais e ordenando comportamentos, é necessário
que se reconheça sua força como norma, atraindo a aplicação do adágio segundo o qual
a lei penal não pode retroagir para prejudicar o Réu.

72. Em outras palavras, se a decisão prolatada pelo STF no julgamento do


HC 126.292 está produzindo efeito de lei (precedente), vinculando decisões de

2
MARINONI, Luiz Guilherme. Precedentes obrigatórios. 4ª Ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016, p.
155.
3
Idem.

201/246
19/24
magistrados por todo País, forçoso é se aplicar a ela, também, os efeitos da
irretroatividade da lei penal.

73. Nos países de Comon Law, a alteração de precedente por um tribunal é


chamada de overruling. Quando isto é feito, atingindo os casos futuros, ela é chamada de
prospective overruling ou sunbursting4.

74. O fundamento para a prospective overruling é garantir a confiança que o


jurisdicionado possui nas decisões da própria Corte ou como, no caso concreto, no seu
próprio Supremo Tribunal Federal.

75. Trata-se da aplicação do princípio da segurança jurídica, que garante que


o cidadão não seja surpreendido por um entendimento diverso daquele no qual
depositava a confiança de seus atos.

76. No caso em tela, toda a orientação prestada ao Réu, no que tange a


estratégia de sua defesa, sempre foi pensada a partir da confiança existente no
precedente anterior do HC 84.079. A frustração deste confiança encontra-se exatamente
na possibilidade de o Acusado ser preso, mesmo antes de esgotados os recursos de que
dispõe.

77. A aplicação da alteração de entendimento da jurisprudência das Cortes


Superiores apenas para casos futuros já foi reconhecida pelo próprio Superior Tribunal de
Justiça, no julgamento do HC 25.598, em que se discutia a imediata aplicação do
entendimento de que o prazo para o Ministério Público conta da data da entrada do
processo na instituição e não da data em que o representante ministerial apõe o seu
ciente.

4
O termo "sunbursting" surgiu de um caso julgado pela Suprema Corte dos EUA em 1932, no caso Great
Northern Railway Company v. Sunburst Oil and Refining Company. Sunburst, empresa expedidora,
processou a Great Northern para reaver desta cobrança por taxas excessivas, o que ocorreu, com base em
uma lei da Suprema Corte do Estado de Montana, em 1921. Quando o caso chegou à Corte Superior de
Montana, o Tribunal superou a decisão proferida em 1921 por ele mesmo, mas limitando a aplicação a
casos futuros. (http://www.estudodirecionado.com/2013/09/prospective-overruling-distinguishing-e.html)

202/246
20/24
78. Na ocasião, entendeu-se que a nova interpretação apenas poderia ser
aplicada para casos futuros já que não seria possível antever a mudança do
entendimento jurisprudencial. Confira-se:

HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. TEMPESTIVIDADE DO


RECURSO MINISTERIAL. MUDANÇA DO ENTENDIMENTO
JURISPRUDENCIAL DAS CORTES SUPERIORES. APLICAÇÃO AOS
CASOS FUTUROS.
1. De fato, o Supremo Tribunal Federal, a partir do julgamento plenário do
Habeas Corpus n.º 83.255/SP (informativo n.º 328), decidiu que o prazo
recursal para o Ministério Público conta-se a partir da entrada do
processo nas dependências da Instituição. O Superior Tribunal de Justiça,
por seu turno, aderiu à nova orientação da Suprema Corte.
2. Não se pode olvidar, todavia, que o entendimento jurisprudencial,
até então, há muito sedimentado no STF e no STJ, era justamente no
sentido inverso, ou seja, entendia-se que a intimação pessoal do
Ministério Público se dava com o "ciente" lançado nos autos, quando
efetivamente entregues ao órgão ministerial.
3. Dessa maneira, constata-se que o Procurador de Justiça, nos idos
anos de 2000, tendo em conta a então sedimentada jurisprudência das
Cortes Superiores, valendo-se dela, interpôs o recurso dentro do prazo
legal.
4. Não se poderia, agora, exigir que o órgão ministerial recorrente se
pautasse de modo diverso, como se pudesse antever a mudança do
entendimento jurisprudencial. Essa exigência seria inaceitável, na
medida em que se estaria criando obstáculo insuperável. Vale dizer:
depois de a parte ter realizado o ato processual, segundo a orientação
pretoriana prevalente à época, seria apenada com o não-conhecimento
do recurso, quando não mais pudesse reagir à mudança. Isso se
traduziria, simplesmente, em usurpação sumária do direito de recorrer, o
que não pode existir em um Estado Democrático de Direito, mormente se
a parte recorrente representa e defende o interesse público.
5. Ordem denegada.
(HC 28.598/MG, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado
em 14/06/2005, DJ 01/08/2005, p. 480)

79. Também pela mesma razão, a novel alteração da jurisprudência da


Suprema Corte, somente pode ser aplicada para casos futuros, sob pena da quebra do
princípio da confiança do jurisdicionado.

203/246
21/24
VIII - DA PLAUSIBILIDADE DE EVENTUAL RECURSO ESPECIAL

80. O mais grave, porém, é que a plausibilidade do Recurso Especial


apresentado é flagrante.

81. Na realidade, a violação a normas federais é de tal forma evidente que a


decisão de admissibilidade reconheceu, expressamente, haver sido a matéria pré-
questionada, bem como a desnecessidade de valoração de provas na análise das teses
veiculadas pela defesa. Confira-se:

“Trata-se de recurso especial interposto por FRANCISCO DEUSMAR DE


QUEIROS e OUTROS com fundamento no artigo 105, inciso III, "a", da
Constituição Federal, em face de acórdão proferido por esta Corte que. A
partir de acurado exame dos autos, verifico que foram observados os
requisitos gerais de admissibilidade extrínsecos (tempestividade,
regularidade formal e preparo) e os intrínsecos (cabimento, legitimação,
interesse recursal e inexistência de fato impeditivo do poder de recorrer),
assim como que restou prequestionada a matéria objeto do recurso. À
primeira vista, entendo que uma das matérias suscitadas pelos
recorrentes - ofensa aos arts. 383 e 384 do CPP, ao argumento de
julgamento ultra petita - não envolve a apreciação de provas, mas, sim, de
adequada interpretação do referido dispositivo legal à luz da narrativa
apresentada na peça acusatória. Por tais razões, ADMITO o presente
recurso”

82. A discussão, como reconhecido, é exclusivamente de direito e o principal


ponto do inconformismo repousa na violação ao art. 384 do CPP, na medida em que o
acórdão de Apelação, para manter a condenação, alterou os fatos contidos na denúncia.

83. Com feito, enquanto a denúncia imputava ao Réu a realização de


medição e corretagem desautorizada, condutas pelas quais foi condenado, o Acórdão de
Apelação, após de deparar com a demonstração da inexistência de tais atos, passou a
afirmar que, na realidade, o Denunciado teria realizado a compra e revenda de valores
mobiliários por conta própria, o que jamais foi objeto da acusação.

84. Em outras palavras, o Acusado foi condenado por imputações das quais
jamais lhes foi oportunizado o direito de defesa.

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85. Ainda que superada a violação acima descrita, o Recurso Especial
demonstra que, acaso se entenda válida mutatio libeli realizada em sede de apelação,
com a devida vênia, equivocou-se o Tribunal quanto à correta capitulação dos fatos.

86. Em razão do princípio da especialidade, a compra e revenda de valores


mobiliários por conta própria subsume-se perfeitamente à conduta descrita no artigo 27-E
da Lei nº 6.385/76. Confira-se:

“Art. 27-E. Atuar, ainda que a título gratuito, no mercado de valores


mobiliários, como instituição integrante do sistema de distribuição,
administrador de carteira coletiva ou individual, agente autônomo de
investimento, auditor independente, analista de valores mobiliários,
agente fiduciário ou exercer qualquer cargo, profissão, atividade ou
função, sem estar, para esse fim, autorizado ou registrado junto à
autoridade administrativa competente, quando exigido por lei ou
regulamento.”

87. Afirma-se, igualmente, a violação ao artigo 381, III e IV e 619, ambos do


CPP uma vez que o acórdão proferido pelo TRF, no julgamento do recurso de apelação e
integrado por dois embargos de declaração, deixou de analisar diversas teses defensivas,
especialmente a de atipicidade da conduta dos Réus.

88. Invocou-se, igualmente, a violação ao artigo 155 do CPP em razão de o


Acusado haver sido condenado com provas colhidas exclusivamente na fase inquisitorial.

89. Por fim, o recurso também discute matéria referente à dosimetria da pena
a partir da inexistência de individualização da pena, bem como da improcedência dos
fundamentos utilizados para considerar as circunstâncias judiciais como negativas,
exasperando, assim, a pena base imposta. O que importa em violação aos arts. 59, 68 e
71, todos do Código Penal, cujo reconhecimento da procedência argumentativa poderia
conduzir ao regime aberto para o inicial de cumprimento de pena do Réu.

90. Em outras palavras, toda a discussão é exclusivamente de direito, não


havendo que se falar em violação à Súmula 07 do STJ.

205/246
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91. Por tudo o quanto exposto, demonstrada a plausibilidade do Recurso
Especial, afigura-se desmedida, ilícita e desnecessária a execução provisória da pena na
pendencia de julgamento de recurso que pode absolvê-lo.

IX - DO PEDIDO

92. Assim, requer-se que V. Exa. se abstenha de proferir ou expedir qualquer


ato ou ordem prisional em desfavor do Réu, garantindo-lhe o direito de responder ao
processo em liberdade, até o trânsito em julgado, conforme dispositivo expresso da
sentença.

93. Por fim, requer sejam as publicações alusivas ao presente feito


realizadas exclusivamente em nome do advogado ANASTÁCIO MARINHO, inscrito na
OAB/CE nº 8.502, sob pena de nulidade.

P. deferimento.
Fortaleza, 27 de junho de 2016.

Anastacio Marinho Caio Cesar Rocha Wilson Belchior


OAB/CE 8.502 OAB/CE 15.095 OAB/CE 17.314

Marcelo Leal Benedito Cerezzo Luiz Eduardo Monte


OAB/DF 21932 OAB/SP 142.109 OAB/DF 41.950

Eduardo Ferri Renan Rebouças


OAB/CE 21.310-A OAB/CE 24.499

Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO - Advogado
16062814292340300000001481477
Data e hora da assinatura: 28/06/2016 14:31:32
Identificador: 4058100.1480469
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 206/246
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Ante a respeitável decisão exarada pelo juízo da 11ª Vara Federal do Ceará nos autos da ação penal, que
determinou a formação de processo de execução penal em face do réu, com fundamento no que foi
decidido pelo STF no HC 126.292, intime-se o MPF para, no prazo de 10 dias, requerer o que entender de
direito, bem como para se manifestar sobre a petição apresentada pela defesa do executado.

Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
GUSTAVO HENRIQUE TEIXEIRA DE OLIVEIRA - Magistrado
16082701591162000000001642860
Data e hora da assinatura: 27/08/2016 01:59:11
Identificador: 4058100.1641793
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 207/246
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Ante a respeitável decisão exarada pelo juízo da 11ª Vara Federal do Ceará nos autos da ação penal, que
determinou a formação de processo de execução penal em face do réu, com fundamento no que foi
decidido pelo STF no HC 126.292, intime-se o MPF para, no prazo de 10 dias, requerer o que entender de
direito, bem como para se manifestar sobre a petição apresentada pela defesa do executado.

Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
GUSTAVO HENRIQUE TEIXEIRA DE OLIVEIRA - Magistrado
16082701591194500000001642861
Data e hora da assinatura: 27/08/2016 01:59:12
Identificador: 4058100.1641794
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 208/246
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TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
12º VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
PROCESSO: 0805802-55.2016.4.05.8100 - EXECUÇÃO DA PENA

Polo ativo Polo passivo


MINISTÉRIO PÚBLICO FRANCISCO DEUSMAR DE
EXEQUENTE EXECUTADO
FEDERAL QUEIROS

Outros participantes
Sem registros

CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 02/09/2016 14:58, o(a) MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL foi intimado(a) acerca
de Despacho registrado em 27/08/2016 01:59 nos autos judiciais eletrônicos especificados na epígrafe.

1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 16082701591194500000001642861 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 02/09/2016 14:58 - Seção Judiciária do Ceará.

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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

PROCURADORIA DA REPÚBLICA NO ESTADO DO CEARÁ

Cota nº 18127/2016/MPF/PRCE/AT

Execução Pena l nº : 0805802-55.2016.4.05.8100

Origem: 12ª Vara Federal

MM. Juiz Federal,

Com vista dos autos, este Ministério Público Federal requer que Vossa Excelência determine a
expedição da Carta de Guia e do competente mandado de prisão, a fim de que seja dado início ao cumprimento da pena privativa
de liberdade a que foi condenad o o ré u FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS , em conformidade com a r. sentença
constante destes mesmos autos.

Requer, também, que se oficie à Procuradoria da Fazenda Nacional dando-lhe conhecimento do


débito relativo à multa a ser inscrito em Dívida Ativa, solicitando, ainda, instruções acerca das peças, cujas cópias irá necessitar
para fins de execução fiscal.

210/246
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Termos em que,

Pede deferimento.

Fortaleza (CE), 13 de setembro de 2016

ANASTÁCIO NÓBREGA TAHIM JÚNIOR

Procurador da República

Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
ANASTACIO NOBREGA TAHIM JUNIOR - Procurador
16091613143501600000001699358
Data e hora da assinatura: 19/09/2016 18:45:18
Identificador: 4058100.1698256
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 211/246
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MM Juiza

Segue petição em anexo

Márcio Torres

PR/CE

Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
MARCIO ANDRADE TORRES - Procurador
16102013372232600000001794089
Data e hora da assinatura: 20/10/2016 13:43:10
Identificador: 4058100.1792913
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 212/246
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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
PROCURADORIA DA REPÚBLICA NO ESTADO DO CEARÁ

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA 12ª VARA DA SEÇÃO


JUDICIÁRIA DO ESTADO DO CEARÁ:

PROCESSO Nº: 0805802-55.2016.4.05.8100


CLASSE: EXECUÇÃO DA PENA
EXEQUENTE:MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
EXECUTADO: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS

PETIÇÃO DE EXECUÇÃO PENAL PROVISÓRIA


(Manifestação n° 21032 /2016)

O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, por conduto do


Procurador da República signatário, diante da contestação apresentada pelo executado, vem
reiterar o pedido de EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA SENTENÇA CONDENATÓRIA
proferida pelo juízo da 11ª Vara Federal, em desfavor do réu FRANCISCO DEUSMAR
DE QUEIROS, decisão reformada em parte pelo Egrégio Tribunal Regional Federal da 5ª
Região, na forma a seguir delineada:

O réu FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS foi condenado pelo


Juízo da 11ª Vara Federal pelos crimes previstos no art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/86, à pena de
nove anos e dois meses de reclusã, e pelo crime previsto no art. 27-C da Lei 6385/76, que a
seis anos e oito meses de reclusão, resultando na pena restritiva de liberdade em 15 (quinze)
anos e 10 (dez) meses de reclusão, a ser cumprida inicialmente em regime fechado, bem
como à pena de multa de 250 dias-multa, à razão de 10 salários-mínimos o dia multa.

Diante da referida sentença, o condenado interpôs recurso de


apelação, tendo o TRF da 5ª Região excluído a condenação pelo crime do art. 27-C da Lei n°
6.385/76, resultando em condenação em segunda instância nos seguintes moldes: “ em 09

1
Av. Beira Mar, nº 1064, Praia Treze de Julho – CEP: 49.020-010 – Aracaju - Sergipe
Fone: (79) 3301-3700 – Site: http://www.prse.mpf.mp.br

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(nove) anos e 02 (dois) meses de reclusão, além de 250 (duzentos e cinquenta) dias-multa,
correspondendo cada dia multa a 10 (dez) salários mínimos vigentes à época dos fatos”.

Os fatos ocorreram entre os anos de 2001 e 2006 e foi reconhecida


em favor do sentenciado a prescrição dos fatos mais antigos. A denúncia foi recebida em
29/01/2010. Não há que se falar em prescrição da pretensão executória.

O sentenciado interpôs recursos especial e extraordinário, sendo


admitido apenas o que se dirige ao Superior Tribunal de Justiça. Assim, o acórdão ainda não
transitou em julgado, tratando a hipótese de execução provisória.

A pena a ser cumprida, nessas condições, é de 09 (nove) anos e 02


(dois) meses de reclusão pelo crime contra o sistema financeiro nacional, em regime
fechado, além de 250 (duzentos) dias-multa, à razão de 10 (dez) salários-mínimos.

A defesa, antes mesmo de iniciada a execução da pena, atravessou


petição em que requer a suspensão do cumprimento do acórdão recorrível, sob os seguintes
fundamentos: a) incompetência do juízo da 11ª Vara para ordenar a formação de autos
para a execução provisória da pena; b) fixação, na sentença condenatória, do direito de
apelar em liberdade e de trânsito em julgado para a execução da pena, o que resultaria em
“reformatio in pejus”; c) entendimento equivocado quanto à real extensão do decidido pelo
STF no HC 126.292/SP; d) violação do art. 283 do CPP e da cláusula de reserva do
plenário e da Súmula Vinculante n° 10; e) plausibilidade do recurso especial admitido.

Passo a examinar os argumentos da verdadeira exceção de pré-


executividade penal.

a) Competência para ordenar a formação de autos para a execução provisória da pena

O Código de Processo Penal estabelece, de maneira clara, que cabe


ao juiz da sentença, ou ao juízo da execução da pena, promover a satisfação do título
executivo judicial decorrente de uma sentença condenatória:
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Art. 668. A execução, onde não houver juiz especial, incumbirá ao juiz
da sentença, ou, se a decisão for do Tribunal do Júri, ao seu presidente.

Parágrafo único. Se a decisão for de tribunal superior, nos casos de


sua competência originária, caberá ao respectivo presidente prover-lhe
a execução.

Na mesma toada a Lei de Execução Penal, em seus arts. 2º e 105,


dispõe:
Art. 2º A jurisdição penal dos Juízes ou Tribunais da Justiça ordinária,
em todo o Território Nacional, será exercida, no processo de execução,
na conformidade desta Lei e do Código de Processo Penal.
….
Art. 105. Transitando em julgado a sentença que aplicar pena privativa
de liberdade, se o réu estiver ou vier a ser preso, o Juiz ordenará a
expedição de guia de recolhimento para a execução.

A execução somente estará afetada aos tribunais superiores na


hipótese de competência originária, valendo essa disciplina tanto para a execução definitiva
quanto para a provisória.

O Superior Tribunal de Justiça, a quem cabe a interpretação dessas


normas, nos autos decidiu no Edcl no RESp n° 1.484.415, além da possibilidade de
execução provisória, que a deflagração desta é ato de competência do juízo da condenação.
Do voto do Relator, Min. Rogério Schieti Cruz, destaco a seguinte passagem:

“Dispõe o art. 105 da Lei nº 7.210/1984 (que deve ser, na


espécie, conjugado com o art. 2º da mesma lei, respeitante à
execução provisória da pena): "Transitando em julgado a
sentença que aplicar pena privativa de liberdade, se o réu
estiver ou vier a ser preso, o Juiz ordenará a expedição de
guia de recolhimento para a execução."

Sobre o tema, é apropriado o escólio de Espínola Filho, ao


pontuar que a "regra geral é a de que cabe ao juiz da ação a
competência para a execução da sentença, nela proferida,
afinal". Vale dizer, o início da execução da reprimenda
compete ao juiz "perante o qual correu a ação penal, pouco
importando tenha a executar a sentença por ele próprio
proferida, ou a substituída a essa, em virtude do provimento
dado, no todo ou em parte, a recurso, ordinário,
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extraordinário ou misto (revisão), interposto contra aquela


sentença" (Código de processo penal brasileiro anotado .
Atualizadores: José Geraldo da Silva e Wilson Lavotenti.
Campinas:Bookseller, 2000, p. 352-353).

Essa também é a intelecção de Mirabete, ao enfatizar que


"compete aos tribunais superiores a execução quando se trata
de competência originária da respectiva Corte, ainda que o
acórdão por esta proferido tenha sido reformado pelo
Supremo Tribunal Federal (MIRABETE, Julio Fabrinni.
Execução penal. 11ª ed. rev. e at. por Renato Fabbrini São
Paulo: Atlas, 2004, p. 299).

Desse modo, não visualizo qualquer vício pelo fato do Juízo da 11ª
Vara Federal haver encaminhado as cópias das peças processuais indispensáveis à execução
provisória, cujo processamento, ainda não resultante em ordem de prisão, cabe ao Juízo da
Execução Penal da Seção Judiciária do Ceará.

A competência do STJ no presente caso, a meu sentir, cinge-se a


eventual medida cautelar suspensiva da execução penal provisória, não obtida pelo ora
executado no Recurso Especial por ele manejado.

b) fixação, na sentença condenatória, do direito de apelar em liberdade e de trânsito


em julgado para a execução da pena, o que resultaria em “reformatio in pejus”;

Com efeito, ao prolatar a sentença condenatória, o Juízo da 11ª Vara


Federal reconheceu o direito do réu, ora executado, apelar em liberdade.

Mas isso não impede, sequer de longe, que a sentença venha a ser
executada provisoriamente.

A uma, porque essa parte da sentença obviamente não transita em


julgado e se sujeita à cláusula rebus sic standibus. Se assim não fosse, impossível seria obter
por exemplo uma prisão preventiva na pendência de julgamento de recursos. Tal princípio,
em matéria de processo penal, tem sua concretização no art. 617 do CPP:

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“ Art. 617. O tribunal, câmara ou turma atenderá nas suas decisões ao


disposto nos arts. 383, 386 e 387, no que for aplicável, não podendo,
porém, ser agravada a pena, quando somente o réu houver apelado da
sentença.”

A duas porque não se trata de ofensa ao direito de apelar em


liberdade. Assim foi garantido ao réu que apelou em liberdade, teve seu recurso apreciado e
a pena reduzida, mas esgotada a fase em que se forma o juízo de convencimento sobre a
culpabilidade, o que não se garante mais é que possa manejar os recursos excepcionais sem
ser preso provisoriamente.

Além disso, a aventada preclusão em relação à possibilidade do réu


recorrer em liberdade, a qual foi declarada na sentença de primeiro grau, não se sustenta pelo
simples fato de que esse tópico não era suscetível de reforma, dada a posição consolidada no
sentido de que a execução da pena só se iniciaria após o trânsito em julgado.

Por fim, convenhamos que o novo precedente do Supremo não é


restauração do comando de que o réu tem que se recolher ao cárcere para poder apelar. A
prisão processual do réu, quando da prolação da sentença, continua vinculada à devida
fundamentação do juiz, nos termos do já referido § 1º do art. 387 do Código de Processo
Penal.
Se a sentença determina a prisão processual, mas não a fundamenta,
aí tem-se ilegalidade passível de correção.

Outra é a situação delineada pelo Supremo Tribunal Federal no


julgamento do habeas corpus nº 126.292/SP: solto o réu, mas confirmada a condenação em
grau recursal, pelo Tribunal de 2ª instância competente a tanto, não há mais dúvidas, com
força de obstar a execução provisória da pena, quanto à materialidade e autoria delitivas. Os
recursos ainda cabíveis, de índole excepcional, sequer poderão reexaminar fatos e provas,
podendo em geral no máximo resultar no cômputo da pena.

E, nas hipóteses em que haja gritante ofensa à legislação federal ou


constitucional, nada obsta que o condenado obtenha, nas instâncias respectivas, medida
cautelar suspensiva da execução.
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Para finalizar esse tópico, trago à colação recente julgado do STJ, qu


tem se repetido, o qual afastou a tese da reformatio in pejus defendida na petição que visa
obstar a execução provisória:

“HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO.


INADEQUAÇÃO. MÉRITO.
ANÁLISE DE OFÍCIO. PRISÃO CAUTELAR. CONCUSSÃO E
UTILIZAÇÃO INDEVIDA DE RENDAS E SERVIÇOS PÚBLICOS EM
PROVEITO PRÓPRIO (ART. 1º DO DECRETO-LEI Nº 201/67).
SENTENÇA CONDENATÓRIA CONFIRMADA EM SEGUNDA
INSTÂNCIA (COM MINORAÇÃO DA PENA E ABSOLVIÇÃO
PARCIAL). EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA. POSSIBILIDADE.
RECENTE ENTENDIMENTO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE
INOCÊNCIA. ORDEM NÃO CONHECIDA.
1. O Superior Tribunal de Justiça, seguindo entendimento firmado pelo
Supremo Tribunal Federal, passou a não admitir o conhecimento de
habeas corpus substitutivo de recurso próprio. Precedentes No entanto,
deve-se analisar o pedido formulado na inicial, tendo em vista a
possibilidade de se conceder a ordem de ofício, em razão da existência
de eventual coação ilegal.
2. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, por maioria de votos,
entendeu que A execução provisória de acórdão penal condenatório
proferido em grau de apelação, ainda que sujeito a recurso especial ou
extraordinário, não compromete o princípio constitucional da
presunção de inocência afirmado pelo artigo 5º, inciso LVII da
Constituição Federal. (STF, HC 126292, Relator Min. TEORI
ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado em 17/02/2016, processo
eletrônico DJe-100, divulgado em 16/05/2016, publicado em
17/05/2016).
3. No particular, como a sentença condenatória foi confirmada pelo
Tribunal de origem e porquanto encerrada a jurisdição das instâncias
ordinárias (bem como a análise dos fatos e provas que assentaram a
culpa do condenado), é possível dar início à execução provisória da
pena antes do trânsito em julgado da condenação, sem que isso importe
em violação do princípio constitucional da presunção de inocência.
Ademais, a sentença assegurou ao paciente o direito de recorrer em
liberdade, o que representa a prerrogativa de tão somente apelar em
liberdade, como ocorreu, valendo ressaltar que os recursos especial e
extraordinário não são dotados, regra geral, de efeito suspensivo.
4. De outra parte, não há que se falar em reformatio in pejus, pois a
prisão decorrente de decisão confirmatória de condenação do
Tribunal de apelação não depende do exame dos requisitos previstos
no art. 312 do CP. Está na competência do juízo revisional e
independe de recurso da acusação. Precedentes da Corte.
5. Habeas Corpus não conhecido.
(HC 366.471/SC, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA,
QUINTA TURMA, julgado em 06/10/2016, DJe 14/10/2016)

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Afastada, desse modo, a alegada reformatio in pejus.

c) Do novo entendimento do STF e seus efeitos

No julgamento do HC n.º 126.292/SP, o Supremo Tribunal Federal


reviu seu posicionamento e, resgatando jurisprudência antes consolidada, afirmou a
possibilidade da execução imediata da pena depois da decisão condenatória confirmada em
segunda instância.

Mais recentemente a Suprema Corte, ao indeferir os pedidos


liminares pleiteados nas Ações Declaratórias de Constitucionalidade nos 43 e 44, ratificou o
julgamento suprarreferido, prevalecendo o entendimento de que não há óbice ao início do
cumprimento da pena após esgotadas as instâncias ordinárias.

Conforme o entendimento exarado no precedente da Corte Suprema,


é no juízo de apelação que de regra se exaure, mediante ampla devolutividade da matéria
deduzida na ação penal, o exame sobre os fatos e provas da causa penal, concretizando o
duplo grau de jurisdição.

Assim, como os recursos excepcionais são restritos à matéria de


direito, não tendo aptidão para modificar decisões da primeira instância recursal no que
tange à matéria fático probatória obtida em regime de contraditório no curso da ação penal,
concluiu a Corte Constitucional, por ampla maioria de seus integrantes, que se pode dar
início à execução da pena condenatória nesta fase sem ofensa ao princípio da presunção da
inocência.
Carecendo os recursos excepcionais de efeito suspensivo, não há
óbice para que se executem as penas impostas ao sentenciado. Nesse passo, o E. Superior
Tribunal de Justiça vem aplicando o entendimento da Corte Suprema e determinando a
imediata execução da condenação:

RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS TRÁFICO ILÍCITO


DE ENTORPECENTES. PRISÃO PREVENTIVA. ELEMENTOS QUE
DENOTAM HABITUALIDADE DELITIVA. REINCIDÊNCIA
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ESPECÍFICA. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. SUPERVENIÊNCIA DE


CONDENAÇÃO. AUSÊNCIA DE NOVOS FUNDAMENTOS. NÃO
PREJUDICIALIDADE. SENTENÇA CONFIRMADA EM SEGUNDA
INSTÂNCIA. PRISÃO MANTIDA PELO TRIBUNAL. POSSIBILIDADE.
EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA. LEGALIDADE. RECENTE
ENTENDIMENTO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. AUSÊNCIA
DE VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA.
RECURSO DESPROVIDO. ..EMEN: 1. Mostra-se devidamente
fundamentada a segregação em hipótese na qual o recorrente,
reincidente específico na prática do crime de tráfico ilícito de
entorpecentes, foi flagrado com cerca de 15g de crack, droga de alto
poder destrutivo, e uma balança de precisão, confessando que a droga
se destinava ao ilícito comércio. 2. Encontra-se justificada a prisão
pela necessidade de proteção à ordem pública, dado o risco concreto de
reiteração criminosa, tendo em vista a reincidência específica do
paciente, que voltou a ser preso em flagrante por tráfico a despeito da
condenação anterior, especialmente porque as circunstâncias do
flagrante indicam dedicação a atividades criminosas. 3. Para a Quinta
Turma desta Corte, a sentença condenatória que mantém a prisão
cautelar do réu somente constitui novo título judicial se agregar novos
fundamentos, com base no art. 312 do Código de Processo Penal. 4. O
Plenário do Supremo Tribunal Federal, por maioria de votos, entendeu
que a possibilidade de início da execução da pena condenatória após a
confirmação da sentença em segundo grau não ofende o princípio
constitucional da presunção da inocência (HC n. 126292, julgado no
dia 17 de fevereiro de 2016). 5. No particular, como a sentença
condenatória foi confirmada pelo Tribunal de origem e porquanto
encerrada a jurisdição das instâncias ordinárias (bem como a análise
dos fatos e provas que assentaram a culpa do condenado), é possível
dar início à execução provisória da pena antes do trânsito em julgado
da condenação, sem que isso importe em violação do princípio
constitucional da presunção de inocência. 6. Recurso desprovido.
..EMEN:
(RHC 201500287341, REYNALDO SOARES DA FONSECA, STJ -
QUINTA TURMA, DJE DATA:29/06/2016 ..DTPB:.)

Não há, desse modo, de acordo com a decisão da Corte


Constitucional, qualquer entrave para que se execute as penas impostas ao réu na primeira
instância recursal, até porque o recurso excepcional interposto (REsp), destinado a julgar
questões federais de natureza infraconstitucional, carece do chamado efeito suspensivo (art.
637 do CPP e art. 27, § 2º, da Lei 8.038/1990).

Quanto à necessidade de fundamentar a execução provisória, a


manutenção da sentença penal pela segunda instância encerra a análise de fatos e provas que
assentaram a culpa do condenado, o que autoriza o início da execução da pena por somente

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esse motivo. A segregação do cidadão, após o exaurimento da jurisdição das instâncias


ordinárias, independe do preenchimento dos requisitos do art. 312 do Código de Processo
Penal porque representa a (hoje autorizada) execução provisória da pena,

Nesse sentido, vem decidindo o STJ:

RECURSO ESPECIAL. ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR.


VÍTIMAS CRIANÇAS MENORES DE 14 ANOS. VIOLÊNCIA
PRESUMIDA. REPRESENTAÇÃO. DECADÊNCIA. NÃO
OCORRÊNCIA. CIÊNCIA DO ATO. DILAÇÃO PROBATÓRIA.
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA N. 7 DO STJ. FORMALIDADE.
DESNECESSIDADE. INÉPCIA DA DENÚNCIA. NÃO
OCORRÊNCIA. SUPERVENIÊNCIA DE CONDENAÇÃO.
ABSOLVIÇÃO. PALAVRA DAS VÍTIMAS. HARMONIA COM DEMAIS
PROVAS. SÚMULA N. 7 DO STJ. DESCLASSIFICAÇÃO PARA
CONTRAVENÇÃO DO ART. 61 DO DECRETO-LEI N.3.688/1941.
IMPOSSIBILIDADE. PARTICIPAÇÃO DA RÉ. REEXAME DE
PROVAS. SÚMULA N. 7 DO STJ. PENA-BASE. CULPABILIDADE.
MOTIVAÇÃO IDÔNEA. CONTINUIDADE DELITIVA. FORMA
SIMPLES. PENA READEQUADA. AUSÊNCIA DE
FUNDAMENTAÇÃO E OMISSÃO NO ACÓRDÃO. INEXISTÊNCIA.
RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E NÃO PROVIDO. ORDEM
CONCEDIDA DE OFÍCIO. EXECUÇÃO PROVISÓRIA.
DETERMINAÇÃO.
…...............
15. A Sexta Turma desta Corte Superior decidiu, ao apreciar os EDcl
nos REsps n. 1.484.413/DF e 1.484.415/DF (DJe 14/4/2016), de
minha relatoria, que, nas hipóteses em que não for conferido
efeito suspensivo ao recurso especial, mantida a condenação do réu,
deve ser determinado o início da execução provisória das penas
impostas.
16. Recurso especial conhecido e não provido. Ordem concedida, de
ofício, a fim de reconhecer a ilegalidade quanto à aplicação da
continuidade delitiva específica e reduzir as penas dos réus.
Execução provisória determinada.
(REsp 1273776/SP, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA
TURMA, julgado em 14/06/2016, DJe 21/06/2016)

Nessas condições, diante desse quadro, resta claro que a prisão para execução
provisória difere, por sua própria natureza e finalidade, da prisão preventiva ou de qualquer
outra modalidade de prisão cautelar, resultando tão somente do esgotamento das vias
ordinárias.
Foi essa a lógica da decisão do STF no HC 126.292/SP.

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d) violação do art. 283 do CPP e da cláusula de reserva do plenário e da Súmula


Vinculante n° 10

As alegações não se aplicam ao presente caso, pois a decisão questionada nos


presentes autos não adveio de Tribunal, não se podendo falar de quebra da cláusula de
reserva de plenário.

e) plausibilidade do recurso especial admitido.

Se o recurso especial tem ou não plausibilidade de alterar o status


condenatório do executado é questão a ser resolvido na instância a tanto competente, no caso
o Superior Tribunal de Justiça.

Cabe ao interessado obter, junto àquela Corte, o efeito suspensivo da


execução, sob pena de completa subversão da ordem jurídica na hipótese deste Juízo fazer
tal análise, invadindo a competência reservada ao STJ.

f) Pedido
Ante tais circunstâncias, requer o MPF seja iniciada a execução da
definitiva da pena restritiva de liberdade de 05 (cinco) anos de reclusão e 200 (duzentos
dias-multa) imposta ao réu FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS em regime
semiaberto, com a adoção das seguintes providências:

1) a expedição de carta de guia para que seja a pena


cumprida em regime fechado, dado que a pena privativa de
liberdade é de 09 (nove) anos e 02 (dois) meses de reclusão.
3) remessa à Contadoria para o cálculo da pena de multa,
fixando-se prazo para o adimplemento voluntário, sob pena
de constituição de Dívida Ativa, devendo para tanto ser
oficiada a Procuradoria da Fazenda Nacional.

10

222/246
10/11
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Procuradoria da República no Estado do Ceará

Aguarda deferimento.
Fortaleza/CE, 20 de outubro de 2016.

MÃRCIO ANDRADE TORRES


Procurador da República

11

Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
MARCIO ANDRADE TORRES - Procurador
16102013410753800000001794090
Data e hora da assinatura: 20/10/2016 13:43:10
Identificador: 4058100.1792914
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 223/246
11/11
MM Juiz Federal,

Segue pedido de retificação da execução penal, em anexo.

Márcio Torres

PR/CE

Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
MARCIO ANDRADE TORRES - Procurador
16102710394693000000001814612
Data e hora da assinatura: 27/10/2016 10:42:12
Identificador: 4058100.1813428
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 224/246
1/1
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
PROCURADORIA DA REPÚBLICA NO ESTADO DO CEARÁ

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA 12ª VARA DA SEÇÃO


JUDICIÁRIA DO ESTADO DO CEARÁ:

PROCESSO Nº: 0805802-55.2016.4.05.8100


CLASSE: EXECUÇÃO DA PENA
EXEQUENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
EXECUTADO: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS

PETIÇÃO DE EXECUÇÃO PENAL PROVISÓRIA


(Manifestação n° 21536 /2016)

O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, por conduto do


Procurador da República signatário, diante da contestação apresentada pelo executado, vem
retificar o pedido de EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA SENTENÇA CONDENATÓRIA
proferida pelo juízo da 11ª Vara Federal, em desfavor do réu FRANCISCO DEUSMAR
DE QUEIROS, decisão reformada em parte pelo Egrégio Tribunal Regional Federal da 5ª
Região, na forma a seguir delineada:

Por um lapso, constou na petição de execução o requerimento de


execução provisória da pena restritiva de liberdade de 05 (cinco) anos de reclusão e 200
(duzentos dias-multa), em relação ao sentenciado FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
em regime semiaberto, quando na realidade a pena a ser cumprida, em regime fechado, é
de 09 (nove) anos e 02 (dois) meses de reclusão e 250 dias multa, à razão de 10 salários
mínimos por dia multa.

1
Av. Beira Mar, nº 1064, Praia Treze de Julho – CEP: 49.020-010 – Aracaju - Sergipe
Fone: (79) 3301-3700 – Site: http://www.prse.mpf.mp.br

225/246
1/2
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Procuradoria da República no Estado do Ceará

Desse modo, requer seja considerada a presente retificação para a


expedição da Carta de Guia.
.
Aguarda deferimento.
Fortaleza/CE, 27 de outubro de 2016.

MÃRCIO ANDRADE TORRES


Procurador da República

Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
MARCIO ANDRADE TORRES - Procurador
16102710410632200000001814613
Data e hora da assinatura: 27/10/2016 10:42:12
Identificador: 4058100.1813429
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 226/246
2/2
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DA 12ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO
ESTADO DO CEARÁ.

PROCESSO Nº 0805802-55.2016.4.05.8100

EXEQUENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

EXECUTADO: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS

FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS , já amplamente qualificado no presente feito, vem, com o


devido respeito, COMUNICAR V. Excelência acerca da decisão (doc. anexo) proferida pelo E. Ministro
Felix Fischer, nos autos do Processo nº 2016/0292446-7, a qual deferiu medida liminar para sustar o
início da execução provisória da pena do ora Executado até ulterior julgamento final do processo ,
nos termos a seguir delineados:

Trata-se de pedido de tutela provisória, formulada por FRANCISCO DESMAR DE QUEIROS,


GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES
BEZERRA, consubstanciada na possibilidade de concessão in limine litis de medida cautelar para atribuir
efeito suspensivo a recurso especial anteriormente interposto.

(...)

Assim, temerária seria a deflagração ante tempus de eventual execução provisória antes do julgamento do
mérito do Recurso Especial interposto, razão pela qual defiro a liminar para sustar o início da execução
provisória da pena até ulterior julgamento final do presente pedido de tutela provisória.

Cite-se o requerido, para, querendo, apresentar resposta, no prazo

legal.

Após, vista ao Ministério Público Federal.

227/246
1/2
P. e I.

Brasília (DF), 16 de novembro de 2016.

Ministro Felix Fischer

Relator

Assim, em atendimento à supracitada decisão emanada da Corte Superior de Justiça, requer-se que V.
Exa. digne-se de se abster de proferir ou expedir qualquer ato ou ordem prisional em desfavor do Réu,
garantindo-lhe o direito de responder ao processo em liberdade, até o trânsito em julgado do feito .

Por fim, requer sejam as publicações alusivas ao presente feito realizadas exclusivamente em nome do
advogado ANASTÁCIO MARINHO , inscrito na OAB/CE nº 8.502, sob pena de nulidade.

P. deferimento.

Fortaleza, 09 de dezembro de 2016.

Anastacio Marinho Caio Cesar Rocha Wilson Belchior

OAB/CE 8.502 OAB/CE 15.095 OAB/CE 17.314

Marcelo Leal Benedito Cerezzo Luiz Eduardo Monte

OAB/DF 21932 OAB/SP 142.109 OAB/DF 41.950

Eduardo Ferri Renan Rebouças

OAB/CE 21.310-A OAB/CE 24.499

Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO - Advogado
16121214100749100000001942813
Data e hora da assinatura: 12/12/2016 14:23:25
Identificador: 4058100.1941566
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 228/246
2/2
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DA 12ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA
DO ESTADO DO CEARÁ.

PROCESSO Nº 0805802-55.2016.4.05.8100
EXEQUENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
EXECUTADO: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS

FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS, já amplamente qualificado no


presente feito, vem, com o devido respeito, COMUNICAR V. Excelência acerca da
decisão (doc. anexo) proferida pelo E. Ministro Felix Fischer, nos autos do Processo nº
2016/0292446-7, a qual deferiu medida liminar para sustar o início da execução
provisória da pena do ora Executado até ulterior julgamento final do processo, nos
termos a seguir delineados:

Trata-se de pedido de tutela provisória, formulada por FRANCISCO DESMAR DE


QUEIROS, GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE
OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES BEZERRA, consubstanciada na possibilidade de
concessão in limine litis de medida cautelar para atribuir efeito suspensivo a
recurso especial anteriormente interposto.
(...)
Assim, temerária seria a deflagração ante tempus de eventual execução provisória
antes do julgamento do mérito do Recurso Especial interposto, razão pela qual
defiro a liminar para sustar o início da execução provisória da pena até ulterior
julgamento final do presente pedido de tutela provisória.

Cite-se o requerido, para, querendo, apresentar resposta, no prazo


legal.

Após, vista ao Ministério Público Federal.

P. e I.

Brasília (DF), 16 de novembro de 2016.

Ministro Felix Fischer


Relator

229/246
1/2
Assim, em atendimento à supracitada decisão emanada da Corte
Superior de Justiça, requer-se que V. Exa. digne-se de se abster de proferir ou expedir
qualquer ato ou ordem prisional em desfavor do Réu, garantindo-lhe o direito de
responder ao processo em liberdade, até o trânsito em julgado do feito.

Por fim, requer sejam as publicações alusivas ao presente feito


realizadas exclusivamente em nome do advogado ANASTÁCIO MARINHO, inscrito na
OAB/CE nº 8.502, sob pena de nulidade.

P. deferimento.
Fortaleza, 09 de dezembro de 2016.

Anastacio Marinho Caio Cesar Rocha Wilson Belchior


OAB/CE 8.502 OAB/CE 15.095 OAB/CE 17.314

Marcelo Leal Benedito Cerezzo Luiz Eduardo Monte


OAB/DF 21932 OAB/SP 142.109 OAB/DF 41.950

Eduardo Ferri Renan Rebouças


OAB/CE 21.310-A OAB/CE 24.499

Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO - Advogado
16121214104374200000001942814
Data e hora da assinatura: 12/12/2016 14:23:25
Identificador: 4058100.1941567
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 230/246
2/2
(e-STJ Fl.2164)

Superior Tribunal de Justiça


F6

PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA Nº 38 - CE (2016/0292446-7)

RELATOR : MINISTRO FELIX FISCHER


REQUERENTE : FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
REQUERENTE : GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO
REQUERENTE : IELTON BARRETO DE OLIVEIRA
REQUERENTE : JERÔNIMO ALVES BEZERRA
ADVOGADO : MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA E OUTRO(S) -
DF021932
REQUERIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

DECISÃO

Trata-se de pedido de tutela provisória, formulada por FRANCISCO


DESMAR DE QUEIROS, GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO, IELTON
BARRETO DE OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES BEZERRA, consubstanciada na
possibilidade de concessão in limine litis de medida cautelar para atribuir efeito
suspensivo a recurso especial anteriormente interposto.
Sustentam os requerentes que o periculum in mora que autorizaria a
concessão da medida cingir-se-ia à iminente possibilidade concreta de segregação
(fl. 4), decretada pelo magistrado de primeira instância, ao argumento de que "o fato
de ter sido o decreto de prisão exarado ex officio, sem provocação de qualquer
espécie do órgão acusatório e em flagrante contrariedade ao próprio dispositivo da
sentença, que determinara expressamente que o início da pena ocorresse “após o
trânsito em julgado” e contra o qual não se insurgiu o Ministério Público, sinalizam
fortemente para a verossimilhança do direito alegado" (fl. 5).
Por outro lado, o fumus boni iuris encontrar-se-ia na viabilidade
recursal, consistente em "violação da correlação entre acusação e sentença, falta de
fundamentação na dosimetria da pena, inadequação típica da conduta, e, ainda, a
indicação de omissão reiterada e deliberada na apreciação destas mesmas matérias
amplamente arguidas e prequestionadas desde a origem pela defesa" (fl. 4).
Pugnam, ao final, pela concessão de efeito suspensivo para sustar o
início da execução provisória da pena até ulterior julgamento do mérito da presente

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Signatário(a): MINISTRO Felix Fischer Assinado em: 21/11/2016 18:44:19
Publicação no DJe/STJ nº 2099 de 24/11/2016. Código de Controle do Documento: 1F12ECB1-C1B5-4D76-ABBE-33B098E98A8F

231/246
1/4
(e-STJ Fl.2165)

Superior Tribunal de Justiça


F6

medida acautelatória.
É o relatório.
Decido.
De início, cumpre assentar que, na linha da jurisprudência até então
firmada no âmbito desta Corte, a prisão cautelar deve ser considerada exceção, já
que, por meio desta medida, priva-se o réu de seu jus libertatis antes do
pronunciamento condenatório definitivo, consubstanciado na sentença transitada em
julgado. É por isso que tal medida constritiva só justifica caso demonstrada sua real
indispensabilidade para assegurar a ordem pública, a instrução criminal ou a
aplicação da lei penal, ex vi do artigo 312 do Código de Processo Penal, sob pena de
configurar-se antecipação de pena ou execução provisória, inadmitida, até então,
pela Suprema Corte, com base no HC n. 84.078/MG, da relatoria do em. Ministro
Eros Grau.
Nesse sentido: AgRg no RHC 47.220/MG, 5ª Turma, Rel. Min.
Regina Helena Costa, DJe de 29/8/2014; RHC 36.642/RJ, 6ª Turma, Rel. Min.
Maria Thereza de Assis Moura, DJe de 29/8/2014; HC 296.276/MG, 5ª Turma,
Rel. Min. Marco Aurélio Bellizzee, DJe de 27/8/2014; RHC 48.014/MG, 6ª Turma,
Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, DJe de 26/8/2014; v.g..
Entretanto, recentemente, o Plenário do col. Supremo Tribunal Federal
evoluiu em seu entendimento e, por maioria de votos, indeferiu o pedido formulado
no HC n. 126.292/SP, de relatoria do e. Min. Teori Zavascki, e decidiu pela
possibilidade do início do cumprimento da pena após o julgamento da apelação. Em
outras palavras, está autorizada a execução provisória da pena após o julgamento de
segunda instância, o que ocorreu no caso concreto.
No caso vertente, aduzem os requerentes que ao juiz sentenciante
falece competência para a expedição de mandado de prisão em virtude do início da
execução provisória. Sobre o tema, trago à colação voto-vista por mim proferido nos
autos do habeas corpus n. 352216, em que fiz algumas considerações acerca da
viabilidade de tal expediente, malgrado partir de magistrado de primeira instância.
Eis o excerto:

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232/246
2/4
(e-STJ Fl.2166)

Superior Tribunal de Justiça


F6

"[...] cumpre citar passagem da decisão proferida pelo em. Min. Edson
Fachin, no já apontado habeas corpus 135.752:
"A opção legislativa de dar eficácia à sentença condenatória tão logo
confirmada em segundo grau de jurisdição, e não mais sujeita a recurso com efeito
suspensivo, está consentânea com a razão constitucional da própria existência dos
recursos às instâncias extraordinárias. Sabem todos que o trânsito em julgado, no
sistema recursal brasileiro, depende em algum momento da inércia da parte
sucumbente. Há sempre um recurso oponível a uma decisão, por mais incabível
que seja, por mais estapafúrdias que sejam as razões recursais invocadas. Se
pudéssemos dar à regra do art. 5º, LVII, da CF caráter absoluto, teríamos de
admitir, no limite, que a execução da pena privativa de liberdade só poderia
operar-se quando o réu se conformasse com sua sorte e deixasse de opor novos
embargos declaratórios. Isso significaria dizer que a execução da pena privativa
de liberdade estaria condicionada à concordância do apenado (...)".

Mostrar-se-ia, realmente, ilógico conceber que a liberdade individual


possa ser tolhida por decisão de magistrado de primeiro grau que até mesmo
dispensa a certeza, como no caso das prisões cautelares, adotando-se, no mesmo
compasso, para a decisão de segunda instância, uma compreensão que a
assimilasse com um mero ato de passagem, sem qualquer consequência.
Reitere-se: levado ao limite, o argumento consente com que, por
exemplo, um recurso especial ou extraordinário manejado e não conhecido, de cuja
decisão se interponha um agravo, que seja desprovido, e em relação à qual se
oponham embargos de declaração – quiçá sucessivos -, impeçam a deflagração da
execução.
Ademais, ainda sobre tal argumentação, tem-se que, como é evidente, à
alusão do magistrado de primeiro grau não se pode emprestar força tendente a
afastar a decisão do col. Supremo Tribunal Federal, no habeas corpus 126.292.
Noutros termos, e abstraindo-se aqui o caso concreto, em que a sentença foi
proferida antes da edição do precedente pelo Supremo Tribunal Federal, ainda
que assim não fosse, a verdade é que não se pode conceber que a referência do juiz
de primeira instância, simplesmente por indicar que após o trânsito em julgado
expedir-se-á mandado de prisão, faça írrita uma decisão da eg. Suprema Corte.
A expressão constante das sentenças condenatórias, ao determinar
expedição de mandado de prisão após o trânsito em julgado, não opera coisa
julgada em favor do réu, de modo que tal fato não tem o condão de impedir sua
prisão no âmbito da execução provisória da pena. Este tipo de comando sentencial,
com efeito, consta do texto condenatório, em verdade, apenas como norte para o
início de cumprimento de pena, com o advento do trânsito em julgado, ou seja,
tem por finalidade guiar o feito após o julgamento definitivo dos recursos, da
mesma forma como a determinação de expedição de ofícios para inscrição do
nome no rol de culpados, as determinações para fins de suspensão de direitos
políticos, dentre outras diligências.
Não significa, portanto, que, única e exclusivamente, isto é, que
apenas com o trânsito em julgado, é que se permitirá a expedição do mandado de
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Publicação no DJe/STJ nº 2099 de 24/11/2016. Código de Controle do Documento: 1F12ECB1-C1B5-4D76-ABBE-33B098E98A8F

233/246
3/4
(e-STJ Fl.2167)

Superior Tribunal de Justiça


F6

prisão. No ponto, basta imaginar que determinada pessoa seja condenada a uma
elevada pena de prisão, sendo-lhe conferido o direito de recorrer em liberdade,
com determinação de expedição de mandado de prisão após o trânsito em julgado.
Se antes da apreciação do recurso houver prova robusta da possibilidade de que o
acusado condenado virá a fugir para outro País, de modo a evitar futuro
cumprimento de pena, não se pode dizer que, considerando a determinação
contida na sentença, de expedição de mandado de prisão após o trânsito em
julgado, estaria o Tribunal impedido de decretar a prisão preventiva."

Dessarte, não vislumbro óbice, tampouco ilegalidade, tout court, a


expedição de mandado de prisão realizada por juiz de primeira instância,
independentemente de ressalva por este feita e de os autos encontrarem-se em
trâmite perante as Cortes Superiores.
Sem embargo, dentre os argumentos expendidos na inicial do pedido
de tutela provisória, verifico que em relação a um deles a concessão de liminar, ao
menos neste juízo meramente perfunctório, é medida que se faz premente, ante a
relevância da questão da correta tipificação do delito imputado aos requerentes, se
se trataria de incidir, na hipótese, o delito inserto no art. 27-E da Lei 6.385/76, ou o
delito previsto no art. 7º, inciso IV, da Lei 7.492/86, sem olvidar que eventual
desclassificação da conduta poderia culminar no advento da prescrição.
Assim, temerária seria a deflagração ante tempus de eventual
execução provisória antes do julgamento do mérito do Recurso Especial interposto,
razão pela qual defiro a liminar para sustar o início da execução provisória da pena
até ulterior julgamento final do presente pedido de tutela provisória.
Cite-se o requerido, para, querendo, apresentar resposta, no prazo
legal.
Após, vista ao Ministério Público Federal.
P. e I.

Brasília (DF), 16 de novembro de 2016.

Ministro Felix Fischer


Relator

TP 38 C54242555100;812<05542@ C<05065;0034 94 @
Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100 2016/0292446-7 Documento Página 4 de 4
Assinado eletronicamente por:
Documento eletrônico
ANASTACIOVDA15537415
JORGEassinado
MATOSeletronicamente nos termos do
DE SOUSA MARINHO Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
- Advogado
Signatário(a): MINISTRO Felix Fischer Assinado em: 21/11/2016 18:44:19 16121214140701400000001942817
Publicação noData e hora
DJe/STJ nº da assinatura:
2099 12/12/2016
de 24/11/2016. Código 14:23:25
de Controle do Documento: 1F12ECB1-C1B5-4D76-ABBE-33B098E98A8F
Identificador: 4058100.1941570
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 234/246
4/4
(e-STJ Fl.2169)

Superior Tribunal de Justiça

TP 38/CE

PUBLICAÇÃO

Certifico que foi disponibilizada no Diário da Justiça


Eletrônico/STJ em 23/11/2016 a r. decisão de fls. 2164 e
considerada publicada na data abaixo mencionada, nos
termos do artigo 4º, § 3º, da Lei 11.419/2006.
Brasília, 24 de novembro de 2016.

COORDENADORIA DA QUINTA TURMA


*Assinado por JOSÉ DA LUZ SOUZA FILHO
em 24 de novembro de 2016 às 07:05:54
Documento eletrônico juntado ao processo em 24/11/2016 às 07:08:49 pelo usuário: JOSÉ DA LUZ SOUZA FILHO

Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
* Assinado
ANASTACIOeletronicamente
JORGE MATOS DE nos termos
SOUSA do Art.
MARINHO 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006 16121214143196600000001942822
- Advogado
Data e hora da assinatura: 12/12/2016 14:23:25
Identificador: 4058100.1941575
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 235/246
1/1
12ª Vara Federal do Ceará

Rua João Carvalho, nº 485, 5.º andar, Aldeota, CEP 60.140.140 - Fortaleza/CE

Fone: (85) 3391-5864 / Fax: (85) 3391-5866 / email: vara12@jfce.jus.br

PROCESSO Nº: 0805802-55.2016.4.05.8100 - EXECUÇÃO DA PENA


EXEQUENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
EXECUTADO: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
12ª VARA FEDERAL - JUIZ FEDERAL TITULAR

CERTIDÃO

CERTIFICO que juntei aos presentes autos o (a) Telegrama nº 5T 43228/2016, oriundo do
(a) STJ. O referido é verdade. Dou fé.

Fortaleza, datado eletronicamente.

EDIENE SANTANA DE OLIVEIRA

Analista Judiciária - Matrícula 1488

(assinado eletronicamente)

Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
EDIENE SANTANA DE OLIVEIRA - Servidor Geral
16121614144195800000001959627
Data e hora da assinatura: 16/12/2016 14:17:44
Identificador: 4058100.1958376
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 236/246
1/1
237/246
1/2
Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
EDIENE SANTANA DE OLIVEIRA - Servidor Geral
16121614171967500000001959628
Data e hora da assinatura: 16/12/2016 14:17:44
Identificador: 4058100.1958377
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 238/246
2/2
PROCESSO Nº: 0805802-55.2016.4.05.8100 - EXECUÇÃO DA PENA
ÓRGÃO JULGADOR: 12ª VARA FEDERAL (TITULAR)
JUIZ FEDERAL TITULAR
EXEQUENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
EXECUTADO: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho

DECISÃO

Trata-se de execução penal instaurada em face de FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS, tendo em


vista a confirmação no TRF da 5ª Região do teor condenatório do Juízo de 1º Grau.

Em petição anexada aos autos, a defesa de FRANCISCO DEUSMAR QUEIROS comunicou a este Juízo
a decisão (doc. anexo) proferida pelo E. Ministro Felix Fischer, nos autos do Processo nº 016/0292446-7,
a qual deferiu medida liminar para sustar o início da execução provisória da pena do ora
Executado até ulterior julgamento final do processo , nos termos a seguir delineados:

"(...) Trata-se de pedido de tutela provisória, formulada por FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS,
GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES
BEZERRA, consubstanciada na possibilidade de concessão in limine litis de medida cautelar para atribuir
efeito suspensivo a recurso especial anteriormente interposto.

(...)

Assim, temerária seria a deflagração ante tempus de eventual execução provisória antes do julgamento do
mérito do Recurso Especial interposto, razão pela qual defiro a liminar para sustar o início da execução
provisória da pena até ulterior julgamento final do presente pedido de tutela provisória. (...)"

Sendo assim, em face da decisão do STJ mencionada, DETERMINO o sobrestamento da execução penal
provisória de FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS.

Acautelem-se os autos na Secretaria.

HELOÍSA SILVA DE MELO

Juíza Federal Substituta da 11ª Vara respondendo pela 12ª Vara

Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
HELOISA SILVA DE MELO - Magistrado
17021710514670200000002090926
Data e hora da assinatura: 17/02/2017 14:57:57
Identificador: 4058100.2089618
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 239/246
1/1
12ª Vara Federal do Ceará
Rua João Carvalho, nº 485, 5.º andar, Aldeota, CEP 60.140.140 - Fortaleza/CE

INSPEÇÃO ORDINÁRIA - ANO 2017


(Prazos suspensos: dias 27 a 31 de março de 2017)

Vistos em Inspeção

Ocorrência Data Prazo


Intimar as partes. 17/04/2017

Fortaleza/CE, data infra

Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
HELOISA SILVA DE MELO - Magistrado
17032917041152000000002225553
Data e hora da assinatura: 29/03/2017 17:05:19
Identificador: 4058100.2224141
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 240/246
1/1
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRO GRAU
Seção Judiciária do Ceará
12ª Vara Federal

PROCESSO: EXECUÇÃO PROVISÓRIA - Processo n.


0805802-55.2016.4.05.8100

EXEQUENTE(ES): [MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL]

EXECUTADO(S): [FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS]

CERTIDÃO DE INTIMAÇÃO

Nesta data, realizo a intimação do Ministério Público Federal e da defesa da decisão de ID nº 2089618.

Fortaleza - CE, datado eletronicamente .

Raphael Nogueira Bezerra de Menezes

Analista Judiciário

( assinado eletronicamente )

Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
RAPHAEL NOGUEIRA BEZERRA DE MENEZES - Servidor Geral
17121814524672300000003121184
Data e hora da assinatura: 18/12/2017 14:59:23
Identificador: 4058100.3117660
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 241/246
1/1
12ª Vara Federal do Ceará

Rua João Carvalho, nº 485, 5.º andar, Aldeota, CEP 60.140.140 - Fortaleza/CE

Fone: (85) 3391-5864 / Fax: (85) 3391-5866 / email: vara12@jfce.jus.br

PROCESSO Nº: 0805802-55.2016.4.05.8100 - EXECUÇÃO PROVISÓRIA


EXEQUENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
CONDENADO: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho
12ª VARA FEDERAL - CE (JUIZ FEDERAL TITULAR)

CERTIDÃO

CERTIFICO que juntei aos presentes autos os espelhos de movimentação processual


pertinentes no STJ, alusivos ao réu da presente execução. O referido é verdade. Dou fé.

Fortaleza, datado eletronicamente.

RAPHAEL NOGUEIRA BEZERRA DE MENEZES

Analista Judiciário

(assinado eletronicamente)

Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
RAPHAEL NOGUEIRA BEZERRA DE MENEZES - Servidor Geral
17121815342559400000003121824
Data e hora da assinatura: 18/12/2017 15:46:16
Identificador: 4058100.3118300
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 242/246
1/1
243/246
1/2
Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
RAPHAEL NOGUEIRA BEZERRA DE MENEZES - Servidor Geral
17121815452971400000003121825
Data e hora da assinatura: 18/12/2017 15:46:16
Identificador: 4058100.3118301
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 244/246
2/2
245/246
1/3
Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado
18031417122157300000010518728
Data e hora da assinatura: 14/03/2018 17:15:26
Identificador: 4050000.10536627
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 246/246
2/3
Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
RAPHAEL NOGUEIRA BEZERRA DE MENEZES - Servidor Geral
17121815452971400000003121829
Data e hora da assinatura: 18/12/2017 15:46:16
Identificador: 4058100.3118305
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 1/42
3/3
PR-CE-MANIFESTAÇÃO-23294/2017

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL


PROCURADORIA DA REPÚBLICA - CEARÁ/MARACANAÚ
EXECUÇÃO PENAL PROVISÓRIA 08058025520164058100/CE

EXECUTADO: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS, EXQTE: MPF - MINISTERIO

Documento assinado via Token digitalmente por MARCIO ANDRADE TORRES, em 18/12/2017 18:32. Para verificar a assinatura acesse
PUBLICO FEDERAL

O Ministério Público Federal manifesta-se ciente da decisão que


suspendeu a execução provisória.

Márcio Torres
PR/CE

http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave CB6AE1BE.C35DC4AA.EB09A27D.8569DB5D

Rua 0805802-55.2016.4.05.8100
Processo: João Brígido, Nº 1260 5º Andar Salas 504 E 505, Joaquim Távora - Cep 60135080 - Fortaleza-CE Prce-sac@mpf.mp.br
Assinado eletronicamente por: (85)32667300
MARCIO ANDRADE TORRES - Procurador
17121817322832700000003123307
Data e hora da assinatura: 18/12/2017 18:32:14
Identificador: 4058100.3119782 Pág. 1 de 1
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 2/42
1/1
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
12° VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
PROCESSO: 0805802-55.2016.4.05.8100 - EXECUÇÃO PROVISÓRIA

Polo ativo Polo passivo


MINISTÉRIO PÚBLICO FRANCISCO DEUSMAR DE
EXEQUENTE CONDENADO
FEDERAL QUEIROS
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO

Outros participantes
Sem registros

CERTIDÃO DE RETIFICAÇÃO

Certifico que, em 18/12/2017, procedi à retificação de autuação deste processo para fazer constar:
Data de Operação Usuário
Item Situação anterior Situação atual
alteração realizada responsável
RAPHAEL
18/12/2017 EXECUÇÃO DA EXECUÇÃO NOGUEIRA
Classe Judicial Alteração
14:51 PENA PROVISÓRIA BEZERRA DE
MENEZES

3/42
1/1
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
12º VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
PROCESSO: 0805802-55.2016.4.05.8100 - EXECUÇÃO PROVISÓRIA

Polo ativo Polo passivo


MINISTÉRIO PÚBLICO FRANCISCO DEUSMAR DE
EXEQUENTE CONDENADO
FEDERAL QUEIROS
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO

Outros participantes
Sem registros

CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 27/12/2017 23:59, o(a) Sr(a) FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS foi
intimado(a) acerca de Decisão registrado em 17/02/2017 14:57 nos autos judiciais eletrônicos
especificados na epígrafe.

1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 17121814524672300000003121184 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 28/12/2017 00:01 - Seção Judiciária do Ceará.

4/42
1/1
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
12º VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
PROCESSO: 0805802-55.2016.4.05.8100 - EXECUÇÃO PROVISÓRIA

Polo ativo Polo passivo


MINISTÉRIO PÚBLICO FRANCISCO DEUSMAR DE
EXEQUENTE CONDENADO
FEDERAL QUEIROS
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO

Outros participantes
Sem registros

CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 27/12/2017 23:59, o(a) MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL foi intimado(a) acerca
de Decisão registrado em 17/02/2017 14:57 nos autos judiciais eletrônicos especificados na epígrafe.

1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 17121814524672300000003121184 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 28/12/2017 00:01 - Seção Judiciária do Ceará.

5/42
1/1
12ª Vara Federal do Ceará
Rua João Carvalho, nº 485, 5.º andar, Aldeota, CEP 60.140.140 - Fortaleza/CE

INSPEÇÃO ORDINÁRIA - ANO 2018


(Prazos suspensos: dias 26 a 02 de março de 2017)

Vistos em Inspeção

Certifico que a inspeção desta 12ª Vara foi marcada para o período de 26/02/2018 a 02/03/2018, em que
ficam suspensos todos os prazos, cujo Edital Coletivo de Inspeção foi publicado no Diário da Justiça
Eletrônico SJCE de nº. 234.0/2017, que circulou em 19/12/2017, pag. 01/07, disponibilizado no site
www.trf5.jus.br. Dou fé.

Ocorrência Data Prazo


MANTER OS AUTOS SUSPENSOS 30/03/2018

Fortaleza/CE, data infra

Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
DANILO DIAS VASCONCELOS DE ALMEIDA - Magistrado
18030212133118300000003371920
Data e hora da assinatura: 02/03/2018 12:14:33
Identificador: 4058100.3367801
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 6/42
1/1
12ª Vara Federal do Ceará

Rua João Carvalho, nº 485, 5.º andar, Aldeota, CEP 60.140.140 - Fortaleza/CE

Fone: (85) 3391-5864 / Fax: (85) 3391-5866 / email: vara12@jfce.jus.br

PROCESSO Nº: 0805802-55.2016.4.05.8100 - EXECUÇÃO PROVISÓRIA


EXEQUENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
CONDENADO: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho
12ª VARA FEDERAL - CE (JUIZ FEDERAL TITULAR)

CERTIDÃO

CERTIFICO que juntei aos presentes autos o Malote Digital com Telegrama oriundo do
STJ, encaminhando decisão exarada nos autos do Pedido de Tutela Provisória registrada sob o Nº
2016/0292446-7. O referido é verdade. Dou fé.

Fortaleza, datado eletronicamente.

RAPHAEL NOGUEIRA BEZERRA DE MENEZES

(assinado eletronicamente)

Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
RAPHAEL NOGUEIRA BEZERRA DE MENEZES - Servidor Geral
18030712004035700000003390657
Data e hora da assinatura: 07/03/2018 12:06:08
Identificador: 4058100.3386518
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 7/42
1/1
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
PODER JUDICIÁRIO

MALOTE DIGITAL

Tipo de documento: Informações Processuais


Código de rastreabilidade: 3002018424158
Nome original: tp38.pdf
Data: 02/03/2018 09:19:11
Remetente:
MARIANNE SAUNDERS GUIMARÃES UCHOA
SJCE - Diretoria da 11ª Vara
TRF5
Prioridade: Normal.
Motivo de envio: Para conhecimento.
Assunto: REF. AOS PROCESSOS NºS 0805802-55.2016.4.05.8100, 0805805-10.2016.4.05.8100, 080
5810-32.2016.4.05.8100 e 0805812.4.05.8100 - Classe 103, RÉUS: FRCO DEUSMAR DE Q
UEIRÓS, GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE OLIVEIRA E JERÔN
ES BEZERRA

8/42
1/5
(e-STJ Fl.2214)

Superior Tribunal de Justiça

TELEGRAMA Nº MCD5T-7011

DESTINATÁRIO:

EXMO. SR. DES. FED. PRESIDENTE


TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
CAIS DO APOLO, S/N - EDIFÍCIO DJACI FALCÃO
BAIRRO DO RECIFE
RECIFE-PE
50.030-908

MENSAGEM:

TLG. MCD5T-7011/2018 - QUINTA TURMA

ENCAMINHO A VOSSA EXCELÊNCIA DECISÃO(ÕES) EXARADA(S) NOS AUTOS DO


PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA N.º 38/CE, REGISTRO NR. 2016/0292446-7, (NR. DE
ORIGEM 00126284320104058100 / 126284320104058100 / 9363 / 16272007 / 27622010), EM
QUE FIGURAM COMO REQUERENTE : FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS;
REQUERENTE : GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO; REQUERENTE : IELTON
Documento eletrônico juntado ao processo em 23/02/2018 às 20:55:20 pelo usuário: JOSÉ DE ASSIS REPUBLICANO

BARRETO DE OLIVEIRA; REQUERENTE : JERÔNIMO ALVES BEZERRA;


REQUERIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL; PARA CONHECIMENTO E
PROVIDÊNCIAS CABÍVEIS. ATENCIOSAMENTE, MINISTRO FELIX FISCHER,
RELATOR. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.

Autorizo o envio deste Telegrama Nº MCD5T-7011


BSB, 23/02/2018

_____________________________________

Superior Tribunal de Justiça – SAFS Quadra 6, Lote 1 CEP 70095-900


PABX (61) 3319-8000 -FAX: (61) 3319-8700/8194/8195

C54242555100;812<05542@ pág.: 1 de 1

Código de Controle do Documento: A4D590F0-290D-431D-AE41-8A5306384D90


9/42
2/5
(e-STJ Fl.2211)

Superior Tribunal de Justiça


F2

PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA Nº 38 - CE (2016/0292446-7)

RELATOR : MINISTRO FELIX FISCHER


REQUERENTE : FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
REQUERENTE : GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO
REQUERENTE : IELTON BARRETO DE OLIVEIRA
REQUERENTE : JERÔNIMO ALVES BEZERRA
ADVOGADO : MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA E OUTRO(S) -
DF021932
REQUERIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

DO
EMENTA

TUTELA PROVISÓRIA. PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO AO


RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA.
JULGAMENTO DO FEITO PRINCIPAL. PREJUDICADO PEDIDO.
LIMINAR CASSADA. CA
LI
DECISÃO
Documento eletrônico juntado ao processo em 23/02/2018 às 19:50:00 pelo usuário: JOSÉ DE ASSIS REPUBLICANO

Trata-se de pedido de tutela provisória, formulada por FRANCISCO


B

DESMAR DE QUEIROS, GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO, IELTON


PU

BARRETO DE OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES BEZERRA, consubstanciada na


possibilidade de concessão in limine litis de medida cautelar para atribuir efeito
suspensivo a recurso especial anteriormente interposto.
O

Sustentam os requerentes que o periculum in mora que autorizaria a


concessão da medida cingir-se-ia à iminente possibilidade concreta de segregação


(fl. 4), decretada pelo magistrado de primeira instância, ao argumento de que "o fato
de ter sido o decreto de prisão exarado ex officio, sem provocação de qualquer
espécie do órgão acusatório e em flagrante contrariedade ao próprio dispositivo da
sentença, que determinara expressamente que o início da pena ocorresse “após o
trânsito em julgado” e contra o qual não se insurgiu o Ministério Público, sinalizam
fortemente para a verossimilhança do direito alegado" (fl. 5).

Por outro lado, o fumus boni iuris encontrar-se-ia na viabilidade


recursal, consistente em "violação da correlação entre acusação e sentença, falta de
fundamentação na dosimetria da pena, inadequação típica da conduta, e, ainda, a

TP 38 C54242555100;812<05542@ C04790250<221704@
2016/0292446-7 Documento Página 1 de 3

Documento eletrônico VDA18402632 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
Signatário(a): MINISTRO Felix Fischer Assinado em: 23/02/2018 08:44:17
Código de Controle do Documento: 9BE75E14-537A-494C-9F86-41FB9855F4DD
10/42
3/5
(e-STJ Fl.2212)

Superior Tribunal de Justiça


F2

indicação de omissão reiterada e deliberada na apreciação destas mesmas matérias


amplamente arguidas e prequestionadas desde a origem pela defesa" (fl. 4).

Pugnam, ao final, pela concessão de efeito suspensivo para sustar o


início da execução provisória da pena até ulterior julgamento do mérito da presente
medida acautelatória.

A liminar foi deferida às fls. 2164-2167, para sustar o início da


execução provisória da pena até ulterior julgamento final do presente pedido de

DO
tutela provisória.

É o relatório.

Decido.

O pedido está prejudicado.


CA
LI
Com efeito, o Recurso Especial 1.449.193/CE, do qual esta tutela
Documento eletrônico juntado ao processo em 23/02/2018 às 19:50:00 pelo usuário: JOSÉ DE ASSIS REPUBLICANO

provisória é incidental, foi julgado monocraticamente, tendo sido conhecido em


B

parte e, na extensão, desprovido. No dia 20 de fevereiro deste ano, a col. Quinta


PU

Turma deste Superior Tribunal de Justiça julgou o agravo regimental naquele feito,
negando provimento ao recurso para manter os fundamentos do decisum
monocrático.
O

Em tal contexto, verifico que o presente pedido perdeu o objeto, em


razão da superveniência da decisão de mérito proferida nos autos da ação principal.

Nesse sentido:

"AGRAVO REGIMENTAL NA MEDIDA CAUTELAR.


EFEITO SUSPENSIVO A ARESP. SUPERVENIENTE JULGAMENTO.
PERDA DO OBJETO.
I - A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de
que, uma vez apreciado o recurso cujo efeito suspensivo se visa
atribuir, fica prejudicada a medida cautelar.
II - O agravo em recurso especial cuja presente medida
cautelar é dependente foi apreciado em 27/5/2016. Na oportunidade,
conheci do agravo, para dar parcial provimento ao recurso especial
fixando o regime aberto para o início do cumprimento da pena imposta
ao agravante.

TP 38 C54242555100;812<05542@ C04790250<221704@
2016/0292446-7 Documento Página 2 de 3

Documento eletrônico VDA18402632 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
Signatário(a): MINISTRO Felix Fischer Assinado em: 23/02/2018 08:44:17
Código de Controle do Documento: 9BE75E14-537A-494C-9F86-41FB9855F4DD
11/42
4/5
(e-STJ Fl.2213)

Superior Tribunal de Justiça


F2

III - Agravo regimental prejudicado.


(AgInt na MC 25.653/SC, Quinta Turma, Rel. Min.
Reynaldo Soares da Fonseca, DJe de 26/09/2016).

Ante o exposto, com fulcro no art. 34, XI, do RISTJ, julgo prejudicada
a tutela provisória e a liminar outrora deferida.

P. e I.

DO
Brasília (DF), 22 de fevereiro de 2018.

Ministro Felix Fischer


CARelator
LI
Documento eletrônico juntado ao processo em 23/02/2018 às 19:50:00 pelo usuário: JOSÉ DE ASSIS REPUBLICANO

B
PU
O

TP 38 C54242555100;812<05542@ C04790250<221704@
Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100 2016/0292446-7 Documento Página 3 de 3
Assinado eletronicamente por:
RAPHAEL NOGUEIRA BEZERRA DE MENEZES - Servidor Geral
18030712051229800000003390658
DocumentoDataeletrônico VDA18402632
e hora da assinado 12:06:08
assinatura: 07/03/2018 eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
Signatário(a): MINISTRO
Identificador: Felix Fischer Assinado em: 23/02/2018 08:44:17
4058100.3386519
Código de Para
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Segue pedido de execução provisória da pena, em anexo.

Márcio Torres

PR/CE

Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
MARCIO ANDRADE TORRES - Procurador
18031210402626200000003406724
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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
PROCURADORIA DA REPÚBLICA NO ESTADO DO CEARÁ

EXMO. SR. JUIZ FEDERAL DA 12ª VARA – SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ

PROCESSO Nº: 0805802-55.2016.4.05.8100


CLASSE: EXECUÇÃO DA PENA
EXEQUENTE:MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
EXECUTADO: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS

PROMOÇÃO Nº 04436/2018

O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, por intermédio do seu


Representante Legal subscrito, vem perante Vossa Excelência expor e requerer o seguinte:

O MPF (Id 4058100.1792914) requereu a execução provisória da


pena quanto ao sentenciado FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS, nos seguintes
termos:
“1) a expedição de carta de guia para que seja a pena cumprida em regime fechado,
dado que a pena privativa de liberdade é de 09 (nove) anos e 02 (dois) meses de
reclusão.
3) remessa à Contadoria para o cálculo da pena de multa, fixando-se prazo para o
adimplemento voluntário, sob pena de constituição de Dívida Ativa, devendo para tanto
ser oficiada a Procuradoria da Fazenda Nacional.”

No entanto, por decisão do Superior Tribunal de Justiça na TP 038, em


que foi Relator o Min. Félix Fischer, havia sido concedida tutela suspensiva, que veio a ser
recentemente cassada, de acordo com a seguinte ementa e Telegrama acostado aos autos
pela Corte Superior:
“TUTELA PROVISÓRIA. PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO AO
RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA.
JULGAMENTO DO FEITO PRINCIPAL. PREJUDICADO PEDIDO.
LIMINAR CASSADA.”

14/42
1/2
Por outro lado, o RESp 1.449.193/CE, que apoiava tal tutela provisória
foi julgado e desprovido, como se vê a seguir, estando pendente apenas o julgamento de
embargos de declaração:
PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.
NEGOCIAÇÃO DE TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS SEM
AUTORIZAÇÃO PRÉVIA. ADEQUAÇÃO TÍPICA DA CONDUTA.
REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO.
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. DOSIMETRIA.PENA-BASE
ACIMA DO MÍNIMO LEGAL. CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAS.
FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL.
NÃO COMPROVAÇÃO. DECISÃO MANTIDA.”

Desse modo, nada obsta que se dê início à execução penal, o que ora é
requerido pelo Ministério Público Federal.

Fortaleza, 12 de março de 2018.

MARCIO ANDRADE TORRES


Procurador da República

Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
MARCIO ANDRADE TORRES - Procurador
18031210412046600000003406725
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Superior Tribunal de Justiça
PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA Nº 38 - CE (2016/0292446-7)

RELATOR : MINISTRO FELIX FISCHER


REQUERENTE : FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
REQUERENTE : GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO
REQUERENTE : IELTON BARRETO DE OLIVEIRA
REQUERENTE : JERÔNIMO ALVES BEZERRA
ADVOGADO : MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA E OUTRO(S) -
DF021932
REQUERIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
EMENTA

TUTELA PROVISÓRIA. PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO AO


RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA.
JULGAMENTO DO FEITO PRINCIPAL. PREJUDICADO PEDIDO.
LIMINAR CASSADA.

DECISÃO

Trata-se de pedido de tutela provisória, formulada por FRANCISCO


DESMAR DE QUEIROS, GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO, IELTON
BARRETO DE OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES BEZERRA, consubstanciada na
possibilidade de concessão in limine litis de medida cautelar para atribuir efeito
suspensivo a recurso especial anteriormente interposto.

Sustentam os requerentes que o periculum in mora que autorizaria a


concessão da medida cingir-se-ia à iminente possibilidade concreta de segregação (fl.
4), decretada pelo magistrado de primeira instância, ao argumento de que "o fato de ter
sido o decreto de prisão exarado ex officio, sem provocação de qualquer espécie do
órgão acusatório e em flagrante contrariedade ao próprio dispositivo da sentença,
que determinara expressamente que o início da pena ocorresse “após o trânsito em
julgado” e contra o qual não se insurgiu o Ministério Público, sinalizam fortemente
para a verossimilhança do direito alegado" (fl. 5).

Por outro lado, o fumus boni iuris encontrar-se-ia na viabilidade


recursal, consistente em "violação da correlação entre acusação e sentença, falta de
fundamentação na dosimetria da pena, inadequação típica da conduta, e, ainda, a
indicação de omissão reiterada e deliberada na apreciação destas mesmas matérias

Documento: 80507648 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 28/02/2018 Página 1 de 3

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Superior Tribunal de Justiça
amplamente arguidas e prequestionadas desde a origem pela defesa" (fl. 4).

Pugnam, ao final, pela concessão de efeito suspensivo para sustar o


início da execução provisória da pena até ulterior julgamento do mérito da presente
medida acautelatória.

A liminar foi deferida às fls. 2164-2167, para sustar o início da execução


provisória da pena até ulterior julgamento final do presente pedido de tutela
provisória.

É o relatório.

Decido.

O pedido está prejudicado.

Com efeito, o Recurso Especial 1.449.193/CE, do qual esta tutela


provisória é incidental, foi julgado monocraticamente, tendo sido conhecido em parte
e, na extensão, desprovido. No dia 20 de fevereiro deste ano, a col. Quinta Turma
deste Superior Tribunal de Justiça julgou o agravo regimental naquele feito, negando
provimento ao recurso para manter os fundamentos do decisum monocrático.

Em tal contexto, verifico que o presente pedido perdeu o objeto, em


razão da superveniência da decisão de mérito proferida nos autos da ação principal.
Nesse sentido:

"AGRAVO REGIMENTAL NA MEDIDA CAUTELAR.


EFEITO SUSPENSIVO A ARESP. SUPERVENIENTE JULGAMENTO.
PERDA DO OBJETO.
I - A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de que,
uma vez apreciado o recurso cujo efeito suspensivo se visa atribuir, fica
prejudicada a medida cautelar.
II - O agravo em recurso especial cuja presente medida
cautelar é dependente foi apreciado em 27/5/2016. Na oportunidade,
conheci do agravo, para dar parcial provimento ao recurso especial
fixando o regime aberto para o início do cumprimento da pena imposta
ao agravante.
III - Agravo regimental prejudicado.
(AgInt na MC 25.653/SC, Quinta Turma, Rel. Min.
Reynaldo Soares da Fonseca, DJe de 26/09/2016).
Documento: 80507648 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 28/02/2018 Página 2 de 3

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2/3
Superior Tribunal de Justiça

Ante o exposto, com fulcro no art. 34, XI, do RISTJ, julgo prejudicada a
tutela provisória e a liminar outrora deferida.

P. e I.

Brasília (DF), 22 de fevereiro de 2018.

Ministro Felix Fischer


Relator

Documento: 80507648 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 28/02/2018 Página 3 de 3


Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
MARCIO ANDRADE TORRES - Procurador
18031210413482700000003406730
Data e hora da assinatura: 12/03/2018 10:43:36
Identificador: 4058100.3402573
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 18/42
3/3
Superior Tribunal de Justiça
AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.449.193 - CE (2014/0091750-6)

RELATOR : MINISTRO FELIX FISCHER


AGRAVANTE : FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
AGRAVANTE : JERÔNIMO ALVES BEZERRA
AGRAVANTE : GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO
AGRAVANTE : IELTON BARRETO DE OLIVEIRA
ADVOGADO : MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA E OUTRO(S) -
DF021932
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
EMENTA

PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.


NEGOCIAÇÃO DE TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS SEM
AUTORIZAÇÃO PRÉVIA. ADEQUAÇÃO TÍPICA DA CONDUTA.
REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE.
SÚMULA 7/STJ. DOSIMETRIA. PENA-BASE ACIMA DO MÍNIMO LEGAL.
CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAS. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. DISSÍDIO
JURISPRUDENCIAL. NÃO COMPROVAÇÃO. DECISÃO MANTIDA.
I - As conclusões do eg. Tribunal de origem a respeito da adequação
típica da conduta não podem ser alteradas sem nova incursão no conjunto de
fatos e provas colacionado aos autos. Tal providência não é viável em sede de
recurso especial, a teor do enunciado sumular n. 7 desta Corte.
II - A dosimetria da pena, quando imposta com base em elementos
concretos e observados os limites da discricionariedade vinculada atribuída ao
magistrado sentenciante, impede a revisão da reprimenda por esta Corte
Superior, exceto se for constatada evidente desproporcionalidade entre o delito e
a pena imposta, hipótese em que caberá a reapreciação para a correção de
eventual desacerto quanto ao cálculo das frações de aumento e de diminuição e a
reavaliação das circunstâncias judiciais listadas no art. 59 do Código Penal.
III - In casu, o aumento da pena-base mostra-se, de fato, fundamentado,
pois considerados o modus operandi, a organização, o planejamento e a
estratégia na execução dos delitos, desempenhos por cada um dos agentes. Dessa
forma, o acórdão da origem consignou expressamente os motivos que
acarretaram a exasperação da pena-base, não havendo tampouco
desproporcionalidade no acréscimo.
IV - A interposição do recurso especial, com fulcro na alínea c do
permissivo constitucional exige o atendimento dos requisitos contidos no art.
1028, e § 1º do Código de Processo Civil, e no art. 255, § 1º, do Regimento
Interno do Superior Tribunal de Justiça, para a devida demonstração do alegado
dissídio jurisprudencial, pois, além da transcrição de acórdãos para a
comprovação da divergência, é necessário o cotejo analítico entre o aresto
recorrido e o paradigma, com a constatação da identidade das situações fáticas
e a interpretação diversa emprestada ao mesmo dispositivo de legislação
Documento: 80679228 - EMENTA / ACORDÃO - Site certificado - DJe: 26/02/2018 Página 1 de 2

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Superior Tribunal de Justiça
infraconstitucional, situação que não ocorreu no presente caso.
Agravo regimental desprovido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima


indicadas, acordam os Ministros da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça,
por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental.
Os Srs. Ministros Jorge Mussi, Reynaldo Soares da Fonseca e Joel Ilan
Paciornik votaram com o Sr. Ministro Relator.
Impedido o Sr. Ministro Ribeiro Dantas.

Brasília (DF), 20 de fevereiro de 2018 (Data do Julgamento).

Ministro Felix Fischer


Relator

Documento: 80679228 - EMENTA / ACORDÃO - Site certificado - DJe: 26/02/2018 Página 2 de 2


Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
MARCIO ANDRADE TORRES - Procurador
18031210431625500000003406740
Data e hora da assinatura: 12/03/2018 10:43:36
Identificador: 4058100.3402583
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 20/42
2/2
SEGUE EM PDF

Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO - Advogado
18031217123865000000003411080
Data e hora da assinatura: 12/03/2018 17:17:10
Identificador: 4058100.3406913
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1/1
EXCELENTÍSSIMO JUIZ FEDERAL DA 12ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA
DO ESTADO DO CEARÁ

Ref. Execução Provisória nº 0805802-55.2016.4.05.8100

FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS, já qualificado nos autos do processo


em epígrafe, por seus advogados, comparece à presença de Vossa
Excelência, em face do pedido de execução provisória da condenação que
lhe foi imposta para expor e requerer o quanto segue:

1. O Sentenciado foi condenado pela suposta prática dos


crimes previstos nos artigos 7º, IV, da Lei nº 7.492/86 e 27-C da Lei nº
6.385/76, ocorridos entre os anos de 2000 e 2006.

2. Em sede de Apelação, o TRF da 5ª Região, afastou a


condenação em relação ao crime previsto no artigo 27-C da Lei nº 6.385/76.

3. Embora tenha o Ministério Público se contentado com o


resultado alcançado, operando-se o trânsito em julgado para a acusação, o
Sentenciado interpôs Recurso Especial.

4. Determinada a prisão do Sentenciado, com fulcro no que


decidiu o Supremo Tribunal Federal acerca da possibilidade da execução
provisória da pena após o exaurimento da instância ordinária, a defesa
ingressou com pedido de tutela provisória perante o Superior Tribunal de
Justiça, cuja liminar foi deferida em face da plausibilidade do direito invocado.

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1/6
5. Surpreendeu-se a defesa, no entanto, com posterior decisão
monocrática, negando provimento ao Recurso Especial e, em seguida, o
reconhecimento da prejudicialidade da medida cautelar.

6. Embora mencionadas decisões tenham sido objeto dos


recursos cabíveis à espécie, o Ministério Público requereu a este juízo a
execução provisória da pena que, se deferida, acarretará gravíssimo prejuízo
ao Sentenciado, por patente violação ao princípio do non reformatio in pejus.

7. Por fim, oportuno afirmar que embora este juízo já tenha sido
provocado quanto a mencionada violação, jamais sobre elas se posicionou
em razão da decisão proferida pelo STJ nos autos do pedido de tutela
provisória.

8. Assim, mais uma vez, se demonstram as razões pelas quais


o pedido do Ministério Público há de ser indeferido. Vejamos:

I – DA NECESSIDADE DE TRÂNSITO EM JULGADO ESTABELECIDA NO


TÍTULO EXECUTIVO – IMPOSSIBILIDADE DE REFORMATIO IN PEJUS

9. O que se discute neste momento processual em nada se


relaciona com a (in)constitucionalidade da execução provisória da pena.

10. Trata-se, em realidade, de simples, porém, importantíssimo,


pedido de cumprimento do princípio do non reformatio in pejus e garantia da
segurança jurídica advindas de decisões proferidas em processos penais,
das quais deixe de recorrer a acusação.

11. No caso em tela, não é possível o início da execução


provisória da pena, porque o cumprimento da reprimenda está diretamente
condicionado ao trânsito em julgado do processo.

12. É que a sentença, título executivo, foi expresso em afirmar


que a prisão dos sentenciados deveria ocorrer apenas “após o trânsito em
julgado da sentença”. Confira-se:

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2/6
24/42
3/6
25/42
4/6
18. Em outras palavras, se a sentença condenatória
expressamente afirma que o cumprimento da pena deve se dar apenas com
o trânsito em julgado, não havendo recurso por parte do Ministério Público, é
expressamente vedado ao judiciário impor a prisão cautelar do Sentenciado.

19. O próprio Supremo Tribunal Federal, aliás, vem garantindo a


aplicação do princípio do non reformatio in pejus, condicionando o
recolhimento a prisão ao trânsito em julgado para ambas as partes, nos
casos que assim prevê o título executivo, sem que, com isso, se possa
afirmar o descumprimento do precedente emanado por aquela Corte.

20. Nesse sentido, recentíssima a decisão proferida pelo Min.


CELSO DE MELLO, nos autos do HC nº 152.974/SP, publicada em 06 de
março de 2018:

“Tem-se entendido, nesta Suprema Corte, que, em situações


como a ora em exame, em que o Ministério Público sequer se
insurgiu contra o pronunciamento do órgão judiciário “a quo”
que garantiu ao paciente o direito de recorrer em liberdade,
não pode o Tribunal de superior jurisdição suprimir esse
benefício, em detrimento do condenado, sob pena de ofensa
à cláusula final inscrita no art. 617 do Código de Processo
Penal:
“(…) POSSÍVEL OFENSA AO PRINCÍPIO QUE VEDA A
‘REFORMATIO IN PEJUS’ (CPP, ART. 617, ‘in fine’),
POIS O TRIBUNAL DE INFERIOR JURISDIÇÃO
ORDENOU QUE SE PROCEDESSE, EM PRIMEIRO
GRAU, À IMEDIATA EXECUÇÃO ANTECIPADA DA
PENA, NÃO OBSTANTE ESSE COMANDO
HOUVESSE SIDO DETERMINADO EM RECURSO
EXCLUSIVO DO RÉU CONDENADO, A QUEM SE
ASSEGURARA, NO ENTANTO, EM MOMENTO
ANTERIOR, SEM IMPUGNAÇÃO RECURSAL DO
MINISTÉRIO PÚBLICO, O DIREITO DE AGUARDAR
EM LIBERDADE A CONCLUSÃO DO PROCESSO.
(…).” (HC 147.452/MG, Rel. Min. CELSO DE MELLO)”

21. Da mesma forma, os seguintes julgados: HC 135.951-


MC/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 140.217-MC/DF, Rel.
Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 142.012-MC/DF, Rel. Min. RICARDO
LEWANDOWSKI – HC 142.017-MC/DF, Rel. Min. RICARDO

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LEWANDOWSKI – HC 147.428-MC/MG, Rel. Min. CELSO DE MELLO – HC
148.122-MC/MG, Rel. Min. CELSO DE MELLO – HC 153.431/SP, Rel. Min.
CELSO DE MELLO.

II – DO PEDIDO

22. Ante o exposto, como garantia à segurança do jurisdicionado


às decisões proferidas pelo judiciário, bem como para assegurar a não
violação ao princípio do non reformatio in pejus, requer seja indeferido o
pedido de execução provisória formulado pelo Ministério Público, garantindo-
se ao Sentenciado o direito de aguardar em liberdade o trânsito em julgado
da ação penal a que responde.

P. deferimento.
Fortaleza, 12 de março de 2018.

Marcelo Leal de Lima Oliveiro


OAB/DF 21.932

Anastacio Marinho
OAB/CE 8.502

Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO - Advogado
18031217153084500000003411081
Data e hora da assinatura: 12/03/2018 17:17:10
Identificador: 4058100.3406914
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 27/42
6/6
Supremo Tribunal Federal

MEDIDA CAUTELAR NO HABEAS CORPUS 152.974 SÃO PAULO

RELATOR : MIN. CELSO DE MELLO


PACTE.(S) : OSCAR VICTOR ROLLEMBERG HANSEN
IMPTE.(S) : ANTONIO NABOR AREIAS BULHOES E
OUTRO(A/S)
COATOR(A/S)(ES) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

DECISÃO: Trata-se de “habeas corpus”, com pedido de medida liminar,


impetrado contra decisão que, emanada do E. Superior Tribunal de Justiça,
restou consubstanciada em acórdão assim ementado:

“RECURSOS ESPECIAIS. ADMISSIBILIDADE. ÓBICES


PRELIMINARES. DENÚNCIA ANÔNIMA. INEXISTÊNCIA.
MINISTÉRIO PÚBLICO. INVESTIGAÇÃO. NULIDADE DO
PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO. SIGILO FISCAL E
TELEFÔNICO. QUEBRA. NULIDADES. PERSECUÇÃO
PENAL. ELEMENTOS DE INFORMAÇÃO NÃO
UTILIZADOS PARA DEFLAGRAÇÃO DO PROCESSO
PENAL. MATÉRIAS ANALISADAS EM ‘HABEAS CORPUS’.
SUPERAÇÃO. ATIPICIDADE. NÃO OCORRÊNCIA.
NULIDADES NA INSTRUÇÃO CRIMINAL. NÃO
CONFIGURAÇÃO. OMISSÃO DO ACÓRDÃO.
IMPROCEDÊNCIA. DOSIMETRIA. FLAGRANTE
ILEGALIDADE. RECURSOS ESPECIAIS CONHECIDOS
PARA REDUZIR AS PENAS IMPOSTAS. CONCESSÃO DE
‘HABEAS CORPUS’, DE OFÍCIO, PARA CORRÉUS EM
IDÊNTICA SITUAÇÃO.”
(REsp 1.639.698/SP, Red. p/ o acórdão Min. ROGERIO
SCHIETTI CRUZ – grifei)

Busca-se, em sede liminar, a suspensão cautelar de eficácia do ato que


determinou a execução provisória da condenação penal imposta ao ora paciente.

Sendo esse o contexto, passo a apreciar o pleito em causa.

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28/42
1/7
Supremo Tribunal Federal

HC 152974 MC / SP

Como se sabe, o Supremo Tribunal Federal, a partir da decisão


proferida no HC 126.292/SP e com apoio em sucessivos julgados
emanados do Plenário desta Corte Suprema (ADC 43-MC/DF e ADC 44-
-MC/DF), inclusive em sede de repercussão geral (ARE 964.246-RG/SP), veio
a firmar orientação no sentido da legitimidade constitucional da execução
provisória da pena.

Ao participar dos julgamentos que consagraram os precedentes


referidos, integrei a corrente minoritária, por entender que a tese da
execução provisória de condenações penais ainda recorríveis transgride, de
modo frontal, a presunção constitucional de inocência, que só deixa de
subsistir ante o trânsito em julgado da decisão condenatória (CF, art. 5º,
LVII).

Antes desse momento – é preciso advertir –, o Estado não pode tratar


os indiciados ou os réus como se culpados fossem. A presunção de
inocência impõe, desse modo, ao Poder Público um dever de tratamento
que não pode ser desrespeitado por seus agentes e autoridades, como vinha
advertindo, em sucessivos julgamentos, esta Corte Suprema (HC 96.095/SP,
Rel. Min. CELSO DE MELLO – HC 121.929/TO, Rel. Min. ROBERTO
BARROSO – HC 124.000/SP, Rel. Min. MARCO AURÉLIO –
HC 126.846/SP, Rel. Min. TEORI ZAVASCKI – HC 130.298/SP, Rel. Min.
GILMAR MENDES, v.g.):

“(…) O POSTULADO CONSTITUCIONAL DA


PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA IMPEDE QUE O ESTADO
TRATE, COMO SE CULPADO FOSSE, AQUELE QUE AINDA
NÃO SOFREU CONDENAÇÃO PENAL IRRECORRÍVEL

– A prerrogativa jurídica da liberdade – que possui


extração constitucional (CF, art. 5º, LXI e LXV) – não pode ser
ofendida por interpretações doutrinárias ou jurisprudenciais que,

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29/42
2/7
Supremo Tribunal Federal

HC 152974 MC / SP

fundadas em preocupante discurso de conteúdo autoritário,


culminam por consagrar, paradoxalmente, em detrimento de
direitos e garantias fundamentais proclamados pela Constituição da
República, a ideologia da lei e da ordem.
Mesmo que se trate de pessoa acusada da suposta prática de
crime hediondo, e até que sobrevenha sentença penal condenatória
irrecorrível, não se revela possível – por efeito de insuperável
vedação constitucional (CF, art. 5º, LVII) – presumir-lhe a
culpabilidade.
Ninguém pode ser tratado como culpado, qualquer que seja
a natureza do ilícito penal cuja prática lhe tenha sido atribuída, sem
que exista, a esse respeito, decisão judicial condenatória transitada
em julgado.
O princípio constitucional da presunção de inocência, em
nosso sistema jurídico, consagra, além de outras relevantes
consequências, uma regra de tratamento que impede o Poder
Público de agir e de se comportar, em relação ao suspeito, ao
indiciado, ao denunciado ou ao réu, como se estes já houvessem sido
condenados, definitivamente, por sentença do Poder Judiciário.
Precedentes.”
(HC 93.883/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO)

Assinalo, para efeito de mero registro, que a exigência de trânsito em


julgado da condenação penal não representa peculiaridade do
constitucionalismo brasileiro, pois também encontra correspondência no
plano do direito comparado, como se vê, p. ex., da Constituição da República
Italiana (art. 27) e da Constituição da República Portuguesa (art. 32, n. 2).

São essas as razões que, em apertada síntese, levaram-me a sustentar,


em voto vencido, a tese segundo a qual a execução provisória (ou prematura)
da sentença penal condenatória revela-se frontalmente incompatível com o
direito fundamental do réu de ser presumido inocente até que sobrevenha
o efetivo e real trânsito em julgado de sua condenação criminal, tal como
expressamente assegurado pela própria Constituição da República (CF, art. 5º,
LVII).

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Supremo Tribunal Federal

HC 152974 MC / SP

Não foi por outro motivo que vim a conceder – é certo – medidas
cautelares em sede de “habeas corpus”, embora o fizesse somente
naquelas situações não reveladoras da necessidade de manter-se a prisão do
condenado, sempre segundo avaliação por mim efetivada em cada caso
examinado.

Ocorre, no entanto, que, enquanto não sobrevier alteração do


pensamento jurisprudencial desta Corte sobre o tema em causa, não tenho
como dele dissociar-me.

No que concerne, portanto, ao questionamento referente à execução


antecipada da pena, não obstante entenda tratar-se de medida
incompatível com o nosso modelo constitucional, que consagra, como
direito fundamental, a presunção de inocência (CF, art. 5º, inciso LVII), devo
observar o princípio da colegialidade, além de considerar, na espécie, o fato
de que se mostra iminente o julgamento final da ADC 43/DF e da
ADC 44/DF, de que é Relator o eminente Ministro MARCO AURÉLIO,
ocasião em que esta Corte reapreciará o tema da possibilidade
constitucional de efetivar-se a execução antecipada da sentença penal
condenatória.

Inacolhível, desse modo, sob a perspectiva que venho de expor,


a pretendida concessão de medida cautelar suspensiva da execução
provisória ora impugnada.

Cabe observar, contudo, que esta impetração sustenta-se em outro


fundamento, consistente na alegada transgressão, pelo Tribunal “ad quem”,
do postulado que veda a “reformatio in pejus” (CPP, art. 617, “in fine”).

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Supremo Tribunal Federal

HC 152974 MC / SP

Com efeito, o Desembargador Relator no E. Tribunal de Justiça do


Estado de São Paulo assegurou ao ora paciente o direito de aguardar em
liberdade a conclusão do processo em que proferida a condenação penal
que lhe foi imposta, havendo consignado, expressamente, em relação a
esse mesmo paciente, que o respectivo mandado de prisão somente
deveria ser expedido “Após o trânsito em julgado (…)”.

O E. Superior Tribunal de Justiça, entretanto, determinou, em recurso


exclusivo do réu, ora paciente, fosse instaurada, contra ele, a pertinente
execução provisória da condenação criminal.

Tem-se entendido, nesta Suprema Corte, que, em situações como a


ora em exame, em que o Ministério Público sequer se insurgiu contra o
pronunciamento do órgão judiciário “a quo” que garantiu ao paciente o
direito de recorrer em liberdade, não pode o Tribunal de superior
jurisdição suprimir esse benefício, em detrimento do condenado, sob pena de
ofensa à cláusula final inscrita no art. 617 do Código de Processo Penal:

“(…) POSSÍVEL OFENSA AO PRINCÍPIO QUE VEDA A


‘REFORMATIO IN PEJUS’ (CPP, ART. 617, ‘in fine’), POIS O
TRIBUNAL DE INFERIOR JURISDIÇÃO ORDENOU QUE SE
PROCEDESSE, EM PRIMEIRO GRAU, À IMEDIATA
EXECUÇÃO ANTECIPADA DA PENA, NÃO OBSTANTE ESSE
COMANDO HOUVESSE SIDO DETERMINADO EM
RECURSO EXCLUSIVO DO RÉU CONDENADO, A QUEM SE
ASSEGURARA, NO ENTANTO, EM MOMENTO ANTERIOR,
SEM IMPUGNAÇÃO RECURSAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO,
O DIREITO DE AGUARDAR EM LIBERDADE A
CONCLUSÃO DO PROCESSO. (…).”
(HC 147.452/MG, Rel. Min. CELSO DE MELLO)

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Supremo Tribunal Federal

HC 152974 MC / SP

Vale consignar que se registram, no sentido que venho de expor,


diversas outras decisões proferidas no âmbito do Supremo Tribunal
Federal (HC 135.951-MC/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI –
HC 140.217-MC/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 142.012-
-MC/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 142.017-MC/DF,
Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 147.428-MC/MG, Rel. Min.
CELSO DE MELLO – HC 148.122-MC/MG, Rel. Min. CELSO DE
MELLO – HC 153.431/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.).

Sendo assim, e tendo presentes as razões expostas, defiro o pedido de


medida liminar, para, até final julgamento deste “habeas corpus”, suspender,
cautelarmente, o início da execução da pena determinada nos autos do
REsp nº 1.639.698/SP, do E. Superior Tribunal de Justiça, restando
impossibilitada, em consequência, a efetivação da prisão de Oscar Victor
Rollemberg Hansen em decorrência da condenação criminal (ainda não
transitada em julgado) que lhe foi imposta no Processo-crime nº 0077446-
-88.2009.8.26.0576 (5ª Vara Criminal da comarca de São José do Rio
Preto/SP).

Caso referido paciente já tenha sido preso em razão da ordem


de execução provisória da pena imposta nos autos do Processo-
-crime nº 0077446-88.2009.8.26.0576 (5ª Vara Criminal da comarca de São
José do Rio Preto/SP), deverá ser ele posto imediatamente em liberdade,
se por al não estiver preso.

Comunique-se, com urgência, transmitindo-se cópia desta


decisão ao E. Superior Tribunal de Justiça (REsp nº 1.639.698/SP),
ao E. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (Apelação
Criminal nº 0077446-88.2009.8.26.0576) e ao Juízo de Direito da
5ª Vara Criminal da comarca de São José do Rio Preto/SP (Processo-
-crime nº 0077446-88.2009.8.26.0576).

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Supremo Tribunal Federal

HC 152974 MC / SP

2. Ouça-se a douta Procuradoria-Geral da República sobre o mérito


da presente impetração.

Publique-se.

Brasília, 01 de março de 2018.

Ministro CELSO DE MELLO


Relator

7
Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO - Advogado
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EXCELENTÍSSIMO JUIZ FEDERAL DA 12ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA
DO ESTADO DO CEARÁ

Ref. Execução Provisória nº 0805802-55.2016.4.05.8100


PEDIDO DE RECONSIDERAÇÃO

FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROZ, já qualificado


nos autos do processo em epígrafe, por seus advogados, comparece à
presença de Vossa Excelência, em face do pedido de execução provisória da
condenação que lhe foi imposta e da decisão de V.Exa. datada de
14/03/2018 expor e requerer o quanto segue:

1. A defesa apresentou petição argumentando que o título


executivo representado pela sentença traria disposição expressa no sentido
de que o cumprimento da pena apenas poderia se dar após o trânsito em
julgado de eventual decisão condenatória, o que ainda não ocorreu, sob pena
de reformatio in pejus, uma vez não haver o Ministério Público recorrido.

2. V.Exa. despachou entendendo que não se trata na espécie


de reformatio in pejus porquanto já teria ocorrido o julgamento de segundo
grau, podendo ser executada a sentença, mesmo não tendo ocorrido o
transito em julgado da mesma conforme expressamente confirmado na
sentença e no pedido do Ministério Público.

3. Ocorre que V. Exa. entendeu que o fundamento da referida


petição seria o parágrafo 89 da sentença, no qual resta expresso que os
réus deveriam apelar em liberdade, quando, na verdade, o fundamento
consiste no disposto no parágrafo 90, o qual determina a remessa dos autos

36/42
1/3
para a Vara Federal somente após o trânsito em julgado da sentença,
quando deverá ter início a execução da pena. Verbis:
90. Determino, ainda, imediatamente após o trânsito em julgado
desta sentença, a remessa dos autos à Vara Federal competente
para a execução da pena aqui aplicada.

4. A sentença, portanto, foi clara ao determinar que a execução


da pena somente se dará após o seu trânsito em julgado, não tendo o
Ministério Público recorrido.

5. Data vênia, diante de fatos novos, do próprio teor da


sentença ora discutido e do recente entendimento do STF, impõe-se a
reconsideração da Vossa decisão, conforme se demonstrará:

6. Na data de ontem, a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal,


ao julgar o HC 144.717, referendou o entendimento esposado pela defesa do
peticionante!

7. Aliás, é importante destacar que o caso foi desafetado do


Plenário exatamente porque se entendeu que esta matéria específica estaria
fora do alcance da discussão sobre a possibilidade ou não da prisão após
condenação de segundo grau.

8. Em que pese o acórdão não tenha sido publicado, o próprio


sítio eletrônico do STF traz a informação:

37/42
2/3
9. Assim, ao tempo em que protesta pela juntada do acórdão,
assim que publicado, vem reiterar o pedido de que seja reconsiderada Vossa
Decisão, para não determinar a continuidade do feito, suspendendo a
execução até o transito em julgado do processo, conforme estabelecido na
sentença que transitou em julgado para o MPF, e na jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal, garantindo-se ao Requerente o direito de
aguardar em liberdade o trânsito em julgado da ação penal a que responde.

P. deferimento.
Brasília, 14 de março de 2018.

ANASTACIO MARINHO
OAB CE 8502

Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO - Advogado
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14/03/2018 Supremo Tribunal Federal

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2ª Turma revê decisão que enviou dois habeas corpus para o Plenário
13/03/2018 17h50 - Atualizado há um dia

A Segunda Turma do Supremo Tribunal (STF) decidiu rever as decisões que encaminharam para o Plenário,
em 20 de fevereiro último, dois Habeas Corpus (HCs 136720 e 144717) relatados pelo ministro Ricardo
Lewandowski. Na ocasião, os ministros entenderam que os casos discutiam a chamada execução provisória
da pena, tema que deve ser analisado pelo Plenário no julgamento de mérito das Ações Declaratórias de
Constitucionalidade (ADCs) 43 e 44.

No início da sessão desta terça-feira (13), o ministro Lewandowski levantou questão de ordem para relatar
que, no caso do HC 136720, houve uma decisão superveniente do Superior Tribunal de Justiça (STJ) no sentido
de determinar ao réu prestação de serviços à comunidade, o que levou a defesa a requerer a desistência do
HC. Como não há mais risco à liberdade, o ministro decidiu propor a desafetação do caso e, na sequência,
julgar prejudicada a impetração em razão do pedido de desistência. Acompanharam esse entendimento os
demais ministros presentes à sessão.

Já no HC 144717, que tramita sob segredo de justiça, o ministro explicou que a sentença garantiu ao réu o
direito de apelar em liberdade, decisão mantida em segunda instância (Tribunal de Justiça do Estado de Rio
Grande do Sul) e que não foi questionada pelo Ministério Público, que só veio a pedir a prisão no âmbito do
STJ. Para o relator, como há decisão com trânsito em julgado quanto ao direito de recorrer em liberdade, não
há relação com o caso a ser julgado pelo Plenário relativo à execução provisória da pena. Nesse processo,
acompanharam o relator os ministros Dias To oli e Gilmar Mendes. O ministro Edson Fachin divergiu,
votando pela manutenção da submissão do caso ao Pleno.

MB/AD

Leia mais:
20/02/2018 – 2ª Turma envia para o Plenário HCs que discutem execução penal após condenação em
segundo grau (http://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=370109)

Processo relacionado: HC 144717 (/processos/detalhe.asp?incidente=5202477)

Processo relacionado: HC 136720 (/processos/detalhe.asp?incidente=5041598)

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Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
0805802-55.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
ANASTACIO
Marcelo Leal de
JORGE
Lima Oliveira
MATOS- DE Advogado
SOUSA MARINHO - Advogado
18031416100751300000003421412
18031417122439800000010518729
Data e hora da assinatura: 14/03/2018 17:15:26
16:12:02
http://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=372182
Identificador: 4050000.10536628
4058100.3417226 4/4
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam
https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 42/42
4/4
ATO COATOR

DECISÃO QUE DEU INÍCIO À EXECUÇÃO


PROVISÓRIA Nº 0805802-55.2016.4.05.8100

1/4
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PROCESSO Nº: 0805802-55.2016.4.05.8100 - EXECUÇÃO PROVISÓRIA


EXEQUENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
CONDENADO: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho
12ª VARA FEDERAL - CE (JUIZ FEDERAL TITULAR)

DECISÃO

1. BREVE RELATO

Trata-se de execução provisória da pena imposta a FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS,


condenado a 09 anos e 02 meses de reclusão em regime fechado, além de 250 dias-multa, estes
no valor de 10 salários mínimos vigentes à época dos fatos (pena fixada pelo Tribunal Regional
Federal da 5ª Região).

O Superior Tribunal de Justiça, em decisão monocrática, havia suspendido o início da execução


provisória da pena.

Permaneceu a execução suspensa, desde então.

O Ministério Público Federal requereu, novamente, o início da execução da pena, informando


que "o RESp 1.449.193/CE, que apoiava tal tutela provisória, foi julgado e desprovido".

Sobre o pedido do Ministério Público Federal se manifestou a defesa, ao argumento de que a


execução da pena implicaria em reformatio in pejus, pois o título executivo teria sido expresso
em afirmar que a prisão dos sentenciados deveria ocorrer apenas após o trânsito em julgado da
sentença.

É o relato necessário. DECIDO.

2. FUNDAMENTAÇÃO

Não é verdade a alegação da defesa, no sentido de que a sentença teria sido expressa ao afirmar
que os condenados somente poderiam ser presos após o trânsito em julgado. Muito pelo
contrário: a sentença foi explícita em indicar que os réus poderiam apelar em liberdade. Eis o
quanto consta da sentença:

89. Quanto ao eventual recurso de apelação, reconheço que, em razão da


inexistência de elementos ensejadores de recolhimento à prisão dos réus, que
se encontram soltos, considerando também que, no transcorrer da instrução,
ditos réus não agiram no sentido de dificultar a atividade jurisdicional,
entendo que os mesmos devem apelar em liberdade. (grifei)

A menção ao trânsito em julgado se deu apenas a título de providências finais burocráticas, no


sentido de que, após o trânsito em julgado, deveria ser expedida a respectiva guia de execução.
A propósito, o próprio Ministro Relator que havia concedido a suspensão da presente execução
já havia ponderado:

A expressão constante das sentenças condenatórias, ao determinar a


expedição de mandado de prisão após o trânsito em julgado, não opera coisa
julgada em favor do réu, de modo que tal fato não tem o condão de impedir
sua prisão no âmbito da execução provisória da pena. Este tipo de comando
sentencial, com efeito, consta do texto condenatório, em verdade, apenas

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como norte para o início de cumprimento de pena, com advento do


trânsito em julgado, ou seja, tem por finalidade guiar o feito após o
julgamento definitivo dos recursos, da mesma forma como a
determinação de expedição de ofícios para inscrição no nome do rol de
culpados, as determinações para fins de suspensão de direitos políticos,
dentre outras diligências.

Sendo assim, ainda que se acolhesse a tese defensiva (no sentido de que o direito ao recurso em
liberdade faria coisa julgada material se não atacado pelo Ministério Público Federal), a qual
realmente vem encontrando algum apoio dentro do Supremo Tribunal Federal, especialmente de
Ministros que foram vencidos no julgamento a respeito da possibilidade de execução provisória
da pena, o caso concreto sob exame não se amolda faticamente à tese, porquanto, repita-se, a
sentença apenas assegurou o direito de apelar em liberdade.

De todo modo, o entendimento deste juízo é no sentido de que a execução provisória da pena
configura poder-dever do magistrado, que deve determiná-la quando constatado o esgotamento
das vias ordinárias de impugnação. Com efeito, é sabido que, ao decidir sobre o direito de
recorrer em liberdade, o juiz analisa apenas a presença ou não dos requisitos para decretação da
prisão preventiva - nada dispondo sobre a execução provisória da pena. Mas a execução
provisória em nada se relaciona a prisão preventiva e deve ser implementada mesmo que
ausentes os requisitos da segregação cautelar, já que, repito, a execução provisória não possui
natureza processual ou cautelar, mas sim de execução propriamente dita, ainda que provisória.

Ademais, não prospera a alegação de que a execução provisória seria "reformatio in pejus".
Ora, não se está alterando em nada o título judicial em desfavor dos réus. O comando
condenatório está sendo executado na exata medida em que proferido. A "reformatio in pejus"
somente ocorre quando um recurso piora a situação do acusado. E o recurso interposto em nada
o prejudicou. Muito pelo contrário: assegurou que o acusado permanecesse solto durante o
julgamento da apelação, tendo, portanto, melhorado a sua situação. Se não tivesse interposto o
recurso, a sentença teria sido imediatamente executada. A "reformatio in pejus" somente
ocorre quando o acusado possa afirmar algo como "seria melhor se eu não tivesse
recorrido...". E, no caso presente, o acusado pode dizer isso? Decerto não, pois, além de ter
tido sua pena reduzida, se manteve solto durante o julgamento da apelação.

São, portanto, dois momentos distintos e duas análises diversas: 1) quando profere a sentença, o
juiz verifica se estão ou não presentes os requisitos da prisão preventiva, e decide pela prisão do
sentenciado ou pelo recurso em liberdade; 2) quando determina a execução provisória, o juiz
analisa se está esgotada a via ordinária recursal, e decide pelo início da pena.

No caso sob exame, esgotada está a via recursal ordinária, pois já julgada a apelação do
executado, bem como o próprio recurso especial (este monocraticamente, ainda não transitado
em julgado). Acertado, pois, o início da execução provisória da pena, como determinado pelo
juízo da causa e requerido agora pelo Ministério Público Federal.

3. DISPOSITIVO

Pelo exposto, DEFIRO o pedido formulado pelo Ministério Público Federal e DETERMINO
o prosseguimento desta execução provisória, com início da pena imposta ao executado.

Expeça-se mandado de prisão. Considerando que o advogado do executado compareceu no


gabinete deste magistrado e solicitou que, pelas condições pessoais e sociais do réu, este
pudesse se apresentar espontaneamente para início do cumprimento da pena (na eventualidade

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de deferimento do pedido do MPF), e tendo em vista que ele respondeu a todo o processo solto
e não demonstrou intenção de fuga, hei por bem acolher o pleito, pelo que DETERMINO que a
Polícia Federal somente dê cumprimento ao mandado após 24h do seu recebimento - lapso
durante o qual o executado deverá se apresentar perante a autoridade policial, sob pena de ser
preso onde for encontrado. Após a expedição do mandado de prisão, dê-se ciência ao advogado
do executado, por telefone.

Efetivada a prisão, fica desde já declinada a competência para a Justiça Estadual, devendo a
Secretaria expedir a respectiva guia de execução.

Cumpra-se com prioridade.

Fortaleza, CE, 14 de março de 2018.

Danilo Dias Vasconcelos de Almeida

Juiz Federal Substituto

Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por: 18031310474427400000003413031
DANILO DIAS VASCONCELOS DE
ALMEIDA - Magistrado
Data e hora da assinatura: 14/03/2018 13:24:44
Identificador: 4058100.3408863

Para conferência da autenticidade do


documento:
https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo
/ConsultaDocumento/listView.seam

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado
18031417122755300000010518730
Data e hora da assinatura: 14/03/2018 17:15:26
Identificador: 4050000.10536629
3 de 3 Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 14/03/2018
4/4 14:45
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO OPOSTOS
NO RECURSO ESPECIAL N. 1.449.193 – CE

1/22
EXCELENTÍSSIMO MINISTRO FÉLIX FISHER
DD. RELATOR DO RECURSO ESPECIAL N. 1.449.193 – CE

FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS, JERÔNIMO ALVES


BEZERRA, GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO e IELTON BARRETO DE
OLIVEIRA, todos já qualificados nos autos, à presença de Vossa Excelência
comparecem para, nos termos do art. 619 do Código de Processo Penal, bem
como no artigo 263 e seguinte do Regimento Interno desta Corte, opor os
presentes

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

fazendo-o nos pelas seguintes razões de fato e de direito:

I - BREVE HISTÓRICO PROCESSUAL

1. Os Embargantes foram condenados em primeiro grau pela


suposta prática dos crimes previstos nos artigos 7º, IV, da Lei nº 7.492/86 e 27-
C da Lei nº 6.385/76.

2/22
2. Embora o Ministério Público tenha se contentado com os termos
da sentença, a defesa apelou dessa decisão, havendo a 3ª Turma do Tribunal
Regional da 5ª Região dado parcial provimento ao recurso para afastar a
condenação dos Requerentes em relação ao crime previsto no artigo 27-C da
Lei nº 6.385/76, bem como para reconhecer a prescrição em relação a parte das
condutas que lhes foram imputadas, restando os Agravantes condenados,
todavia, pela suposta prática do crime previsto no art. 7º da Lei 7.492/86.

3. Opostos, em duas oportunidades, embargos de declaração, o


acórdão foi mantido, ensejando a interposição de Recurso Especial pelas alíneas
“a” e “c” do artigo 105, III, da CF/88.

4. Em que pese admitido no Regional, o mencionado Recurso foi


conhecido em parte e nessa extensão rejeitado, por decisão monocrática. Contra
esta decisão foi interposto Agravo Regimental, ao qual foi negado provimento
em decisão assim ementada:

PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.


NEGOCIAÇÃO DE TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS
SEM AUTORIZAÇÃO PRÉVIA. ADEQUAÇÃO TÍPICA DA
CONDUTA. REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-
PROBATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ.
DOSIMETRIA. PENA-BASE ACIMA DO MÍNIMO LEGAL.
CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAS. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA.
DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. NÃO COMPROVAÇÃO.
DECISÃO MANTIDA. I - As conclusões do eg. Tribunal de
origem a respeito da adequação típica da conduta não podem
ser alteradas sem nova incursão no conjunto de fatos e provas
colacionado aos autos. Tal providência não é viável em sede de
recurso especial, a teor do enunciado sumular n. 7 desta Corte.
II - A dosimetria da pena, quando imposta com base em
elementos concretos e observados os limites da
discricionariedade vinculada atribuída ao magistrado
sentenciante, impede a revisão da reprimenda por esta Corte
Superior, exceto se for constatada evidente
desproporcionalidade entre o delito e a pena imposta, hipótese
em que caberá a reapreciação para a correção de eventual
desacerto quanto ao cálculo das frações de aumento e de
diminuição e a reavaliação das circunstâncias judiciais listadas
no art. 59 do Código Penal. III - In casu, o aumento da pena-
base mostra-se, de fato, fundamentado, pois considerados o

3/22
modus operandi, a organização, o planejamento e a estratégia
na execução dos delitos, desempenhos por cada um dos
agentes. Dessa forma, o acórdão da origem consignou
expressamente os motivos que acarretaram a exasperação da
pena-base, não havendo tampouco desproporcionalidade no
acréscimo. IV - A interposição do recurso especial, com fulcro na
alínea c do permissivo constitucional exige o atendimento dos
requisitos contidos no art. 1028, e § 1º do Código de Processo
Civil, e no art. 255, § 1º, do Regimento Interno do Superior
Tribunal de Justiça, para a devida demonstração do alegado
dissídio jurisprudencial, pois, além da transcrição de acórdãos
para a comprovação da divergência, é necessário o cotejo
analítico entre o aresto recorrido e o paradigma, com a
constatação da identidade das situações fáticas e a
interpretação diversa emprestada ao mesmo dispositivo de
legislação infraconstitucional, situação que não ocorreu no
presente caso. Agravo regimental desprovido.

5. Data venia, a mencionada decisão possui omissões e


contradições que devem ser aclaradas pelo presente recurso. Vejamos.

II – PRELIMINARMENTE: DA NULIDADE DO JULGANENTO DO AGRAVO


REGIMENTAL EM RAZÃO DA SURPRESA À DEFESA

6. Os advogados subscritores desta peça, acostumados que estão


a acompanhar julgamentos perante esta Corte cidadã e sabedores de que os
agravos regimentais independem de publicação, sendo levados em mesa,
permaneceram atentos à movimentação no sistema eletrônico de
acompanhamento processual, de molde a detectar a inclusão em mesa na
sessão, oportunidade em que se fariam presentes.

7. A presença dos Advogados, além de legitimar o julgamento, que


há de ser asseguradamente público, era necessária para o esclarecimento de
questões de ordem e de matéria fática.

8. No entanto, o processo foi levado a julgamento sem qualquer


aviso no sistema eletrônico disponível no sítio eletrônico, desobedecendo
a forma usual. Confira-se:

4/22
9. Ora, não se esperava que fossem intimados ou que houvesse
publicação da pauta de julgamento, mas que apenas fosse assegurada a
possibilidade de, diligenciando os causídicos, pudessem ao menos
receber a informação acerca do julgamento.

10. No entanto, não havia nenhuma forma de fazê-lo, ainda que


extraoficialmente, nem por meio de telefonema ao Gabinete ou à Secretaria, nem

5/22
mesmo por meio de presença física, pois o processo foi julgado sem sua
inclusão sequer na pauta que fora disponibilizada na própria Corte, no dia
da sessão, sendo levado literalmente sem qualquer sinalização.

11. Tal fato, portanto, além de surpreender as partes, os


Advogados e interessados, impediu não só a questão de ordem e o
esclarecimento de matéria fática, mas também que a defesa despachasse
memoriais com o próprio Relator e com os demais Ministros que compõem
a Turma.

12. Aliás, o Agravo Regimental já havia sido interposto contra


decisão monocrática, fato que também retirou da defesa o direito de exercer
a ampla defesa, realizando a sustentação oral do Recurso Especial perante
a Turma julgadora.

13. Evidentemente, a posterior submissão à apreciação da Turma


pela via forçada do Agravo Regimental não teve o condão de convalidar a
primeira violação ao princípio da colegialidade, seja em razão do próprio
âmbito de cognição do Recurso, seja, principalmente, em razão da ausência de
permissão para a realização de sustentação oral.

14. O Supremo Tribunal Federal já teve a oportunidade, em diversas


ocasiões, de consignar que a decisão prolatada de forma monocrática, em sede
de recurso especial, mormente quando denegatória, ofende de maneira frontal
o princípio da colegialidade.

15. Neste sentido, vale citar os seguintes julgados, dentre muitos:

“I - O habeas corpus deve ser apresentado ao colegiado após


seu regular processamento, sendo indevida a decisão
monocrática terminativa que examina o mérito da causa.
Hipótese de violação ao princípio da colegialidade. II - Ordem
concedida de ofício para anular a decisão atacada e determinar
a apreciação do mérito pelo colegiado competente. III - Habeas
Corpus prejudicado.”1

1STF, Primeira Turma, HC 100018, Relator Ministro RICARDO LEWANDOWSKI, DJ de


18/06/2010.

6/22
“Habeas corpus. Decisão monocrática do Relator do Superior
Tribunal de Justiça concedendo parcialmente a ordem.
Precedentes da Suprema Corte. 1. O princípio da colegialidade
assentado pela Suprema Corte não autoriza o Relator a
denegar a ordem de habeas corpus enfrentando diretamente o
mérito da impetração. 2. Habeas corpus não conhecido. 3.
Ordem concedida de ofício.”2

16. Com efeito, o Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça,


em seu artigo 34, que cuida das atribuições do Relator, assim prevê em seu
inciso XX:

“b) negar provimento ao recurso ou pedido que for contrário a


tese fixada em julgamento de recurso repetitivo ou de
repercussão geral, a entendimento firmado em incidente de
assunção de competência, a súmula do Supremo Tribunal
Federal ou do Superior Tribunal de Justiça ou, ainda, a
jurisprudência dominante acerca do tema;”

17. Como se verá adiante, a hipótese colocada a julgamento no


Recurso Especial não se adequa à hipótese regimental, já que, ao contrário, a
jurisprudência é precisamente no sentido que o Recurso Especial invocava.

18. Assim, fazia-se necessário, como é óbvio, que o órgão colegiado


competente apreciasse, verificando, no caso concreto, se a moldura fática
incontroversa configurava um ou outro tipo penal.

19. A autorização para a prolação de decisões monocráticas, por


mais que se mostrem sedutoras diante da enorme sobrecarga a que
reconhecidamente estão submetidos os Tribunais Superiores, deve respeitar a
sistemática própria.

20. O julgamento monocrático do Recurso Especial pelo Relator,


obrigando o Recorrente a procurar a sua apreciação perante a Turma julgadora
por meio do Agravo Regimental restringiu, inegavelmente, importantíssimo
direito do Recorrente, que era o de ver seus argumentos apreciados diretamente
por seus julgadores, por meio de sustentação oral realizada por seus

2 STF, Primeira Turma, HC 95472, Realtor Ministro DIAS TOFFOLI, DJ de 23/04/2010.

7/22
advogados.

21. Ora, ainda que tenha sido levado o feito a conhecimento


perante a Turma, pela via posterior do Agravo Regimental, não houve a
oportunidade de sustentação oral, pela própria natureza do recurso e por
expressa previsão regimental vedando-a (artigo 159 do Regimento Interno do
Superior Tribunal de Justiça3).

22. Eliminou-se, assim, de forma indireta, importantíssima


oportunidade de defesa.

23. O direito de sustentação, como expressão do direito à ampla


defesa, é vastamente reconhecido por aquela Corte Cidadã, que, em não poucas
oportunidades, anulou julgamentos para que os advogados pudessem realizar a
sustentação oral:

“HABEAS CORPUS. APELAÇÃO. DEFENSOR CONSTITUÍDO.


PEDIDO EXPRESSO DE SUSTENTAÇÃO ORAL DEFERIDO
PELA RELATORA. AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO PARA
SESSÃO DE JULGAMENTO. CERCEAMENTO DE DEFESA.
NULIDADE ABSOLUTA.
ORDEM CONCEDIDA.
1. A ausência de intimação do defensor constituído para a
sessão de julgamento do recurso de apelação, a despeito de
pedido expresso neste sentido anteriormente deferido,
impossibilitando-o de sustentar suas razões oralmente,
configura cerceamento de defesa.
2. Nulidade absoluta. Precedentes.
3. Ordem concedida para anular o julgamento da Apelação
Criminal n.º 2009.005490-7, em relação ao paciente
SEBASTIÃO LUCIVALDO MORAES CARRIL, a fim de que outro
seja procedido, com a devida ciência da defesa sobre a data da
realização do novo julgamento e em tempo hábil para o preparo
da sustentação oral pretendida.”4

“HABEAS CORPUS. REQUERIMENTO DA DEFESA DE


INTIMAÇÃO DA DATA DA SESSÃO DE JULGAMENTO. WRIT
JULGADO SEM A CIENTIFICAÇÃO DOS ADVOGADOS.
NULIDADE. ORDEM CONCEDIDA.

3 “Art. 159. Não haverá sustentação oral no julgamento de agravo, embargos declaratórios,
argüição de suspeição e medida cautelar”.
4 STJ, Quinta Turma, HC 220614, Rel. Min. JORGE MUSSI, DJ de 07/03/2012.

8/22
1. A bem do prestígio da ampla defesa, a compreensão firmada
pelos Tribunais Superiores é a de que, requerida a intimação
da sessão de julgamento do habeas corpus para a realização
de sustentação oral, é imperiosa a sua realização, sob pena de
nulidade.
2. Ordem concedida para anular a assentada do prévio writ,
renovando-se o julgamento com a prévia intimação dos
impetrantes, para que possam realizar a sustentação oral.”5

24. O Superior Tribunal de Justiça já consingou que, mesmo


havendo vedação regimental, impõe-se a realização de sustentação oral
sempre que solicitada pelo advogado:

“HABEAS CORPUS. SUSTENTAÇÃO ORAL EM EXCEÇÃO DE


INCOMPETÊNCIA. PEDIDO NEGADO. CERCEAMENTO DE
DEFESA CARACTERIZADO. ORDEM CONCEDIDA.
1. O artigo 5º, LV, da Constituição Federal, assegura a todos o
direito ao contraditório e à ampla defesa, com os meios e
recursos a ela inerentes.
2. O impedimento do advogado para fazer a sustentação oral,
quando solicitada, mesmo fundamentado em norma regimental,
caracteriza cerceamento de defesa.
3. Ordem Concedida.”6

25. Mesmo assim, e a despeito dos precedentes de seu próprio


acervo, o Superior Tribunal de Justiça negou ao Embargante o direito à
sustentação oral a que teria direito acaso o Recurso Especial houvesse sido
levado, desde a primeira oportunidade, à apreciação do órgão colegiado.

26. Assim, se era direito seu a realização de sustentação oral, e


esse foi eliminado por ter sobrevindo decisão monocrática denegatória por
parte do Relator, decorre daí uma ilegalidade flagrante, passível, por tanto, de
anulação do julgamento.

27. Deste modo, a inclusão do Agravo em circunstâncias que


também impediam a presença das partes e advogados, causou surpresa,
deslegitimando o julgamento, além de trazer nulidade de natureza absoluta por

5STJ, HC 167932, Rel. Min. MARIA THEREZA, DJ de 01/02/2011.


6STJ, HC 111045, R el. Min. ADILSON VIEIRA MACABU (Desembargador Convocado do
TJ/RJ), DJ de 22/06/2012.

9/22
malferir a garantia constitucional da ampla defesa.

28. Impediu até mesmo a arguição de nulidade como questão de


ordem no momento do julgamento, como é do dever profissional do advogado,
ou a apresentação de questão de ordem visando sustentar oralmente a questão.

29. Em razão de tais fatos e, considerando que a forma como foi


levado a julgamento o Agravo Regimental não atendeu à forma costumeira
adotada pela Corte, surpreendendo a defesa, requer-se, preliminarmente, a
anulação e reprodução do julgamento, após inclusão do feito ao menos no
sistema eletrônico.

30. Por ser matéria de ordem pública, relativa à nulidade de natureza


absoluta, é dever desta Corte a sua apreciação até mesmo de ofício, e em
qualquer via recursal, sob pena de flagrante ilegalidade, com grave reflexo
inclusive sobre a liberdade de locomoção dos Embargantes, contra quem se dará
imediato início à execução da pena.

III- DO MÉRITO DOS EMBARGOS

III.1. – FLAGRANTE OMISSÃO: DA AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO


QUANTO À PRINCIPAL TESE VERSADA NO AGRAVO REGIMENTAL

31. No que diz respeito ao Agravo Regimental, a principal tese de


defesa era exatamente de inaplicabilidade da Súmula 7 desta Corte pela
desnecessidade de revolvimento fático probatório.

32. No ponto, o Agravo Regimental afirmava ser desnecessário o


revolvimento fático probatório para a análise do mérito do Recurso Especial por
dois fundamentos diversos.

33. Quanto à inadequação típica, afirmou-se, em suma, que bastaria


a análise da descrição de conduta contida na denúncia para se realizar a
submissão típica, razão pela qual não seria necessário revolver o conjunto fático

10/22
probatório.

34. Esta questão, no entanto, não foi apreciada no recurso que se


limitou a dizer que o REsp dependeria de análise de fatos e provas, sem, no
entanto, considerar a tese da defesa.

35. Da mesma forma, no que diz respeito à dosimetria, a abordagem


feita no Agravo Regimental demonstrava que a discussão estava restrita à
inidoneidade dos fundamentos utilizados para considerar as
circunstâncias judiciais desfavoráveis, e não no questionamento a
existência destes fatos.

36. A pena foi fixada com base em fundamentos que a


jurisprudência desta Corte há muito vem rechaçando, como foi o caso da
utilização da “plena e elevada consciência da antijuridicidade dos atos” para
aumentar a pena-base dos Embargantes. Isto é, independentemente dos
fatos, não é possível utilizar o próprio conceito de culpabilidade para
implicar em majoração da pena.

37. Portanto, a matéria não dependia de revolvimento fático


probatório. No entanto, esta tese defensiva também não foi apreciada no
julgamento do Agravo.

38. Na prática, todos os argumentos exclusivamente técnicos


trazidos no Agravo Regimental foram desconsiderados, como se o recurso
sequer existisse.

39. A simples afirmação de que a discussão travada no Recurso


Especial demanda análise fático probatória, sem o enfrentamento dos
argumentos trazidos pela defesa que afastam esta hipótese, caracteriza
flagrante omissão que deve ser corrigida pela presente via.

40. Nem se venha dizer que não seria necessário enfrentar todas as
questões trazidas pela parte e que por isso a decisão estaria adequadamente

11/22
fundamentada.

41. Como lecionam DIDIER JR., OLIVEIRA E BRAGA 7, “esse


entendimento jurisprudencial – que já virou um jargão no âmbito dos tribunais
– vem sendo utilizado para justificar a desnecessidade de análise das
alegações da parte mesmo nos casos em que a sua tese foi rejeitada. Esse
mau costume constitui não apenas um erro técnico como também uma forma
de aniquilar o direito de ação e as garantias do contraditório e da ampla
defesa”.

42. Na verdade, o dever de fundamentar as decisões judiciais


previsto no inciso IX do art. 93 da Constituição Federal não permite que esta
fundamentação seja desconectada da discussão trazida pelas partes.

43. Exatamente por isso, o § 1º do art. 489 do Código de Processo


Civil, aplicável supletivamente ao processo penal, dispôs que:

§ 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial,


seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que:
I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato
normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão
decidida;
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o
motivo concreto de sua incidência no caso;
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra
decisão;
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no
processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada
pelo julgador;
V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula,
sem identificar seus fundamentos determinantes nem
demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles
fundamentos;
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou
precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de
distinção no caso em julgamento ou a superação do
entendimento.

7DIDIER JR., Fredie; OLIVEIRA, Rafael Alexandria de; BRAGA, Paula Sarno. In Comentários
ao Novo Código de Processo Civil (Coordenação Antonio do Passo Cabral e Ronaldo
Cramer). Rio de Janeiro: Forense, 2015. P. 715.

12/22
44. No caso, não basta à decisão dizer que o enfrentamento da
matéria importa em violação à Súmula 7 do STJ sem enfrentar os principais
argumentos da defesa no sentido de que bastaria a análise da narrativa fática da
denúncia para se fazer a adequação típica ou que não é necessário mais do que
a leitura da sentença para se perceber o equívoco da fundamentação de
dosimetria.

45. A fundamentação idônea, neste caso, exigiria que esta Corte se


debruçasse sobre o argumento de defesa para refutá-lo, esclarecendo porque
não seria suficiente a leitura da denúncia, sem revolvimento de provas para a
análise da tipicidade ou porque seria necessário revolver provas para se analisar,
por exemplo, se foi ferido o princípio da individualização da pena, quando basta
se comparar a fundamentação da sentença para se perceber que ela foi idêntica
para todos os réus.

46. Em outras palavras, o juiz não pode deixar de apreciar todos os


argumentos da parte vencida que possam, em tese, influenciar o resultado do
processo, pois o contraditório substancial, caracterizado pelo binômio influência
e não-surpresa, confere às partes o poder de participarem do processo,
influenciando o seu resultado, e impede o juiz de decidir sem levar em
consideração os argumentos das partes para a construção desse resultado.

47. Com todo o respeito devotado a esta Corte, os argumentos


jurídicos apresentados para afastar a necessidade de revolvimento fático
probatório simplesmente foram ignorados na decisão vergastada, violando,
assim, o dever de motivação das decisões judiciais.

48. É neste sentido a lição de LUIZ GUILHERME MARINONI ao


afirmar que, “a sentença, por ser resultado do diálogo argumentativo,
obviamente deve justificar as razões pelas quais os argumentos de uma das
partes são rechaçados em prol da outra.

13/22
49. A ausência desta fundamentação não apenas importa em
omissão, mas torna nula a própria decisão atacada.

50. Este Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do Recurso


Especial 1622386/MT, que teve por Relatora a Ministra NANCY ANDRIGHI,
manifestou-se a esse respeito, afirmando que:

Conquanto o julgador não esteja obrigado a rebater, com


minúcias, cada um dos argumentos deduzidos pelas partes, o
novo Código de Processo Civil, exaltando os princípios da
cooperação e do contraditório, impõe-lhe o dever, dentre outros,
de enfrentar todas as questões capazes de, por si sós e em tese,
infirmar a sua conclusão sobre os pedidos formulados, sob pena
de se reputar não fundamentada a decisão proferida (art. 489, §
1º, IV).

51. O Supremo Tribunal Federal já teve oportunidade de se debruçar


sobre o tema, afirmando:

Se o exame de algum fundamento possível seria idôneo, por si


só, a influenciar o resultado do julgamento, não é lícito ao
colegiado deixar de ponderá-lo. Esta é exigência direta do
postulado da inteireza da motivação, corolário da garantia
constitucional da fundamentação necessária das decisões (CF,
art. 93, IX), como bem observa Cândido Rangel Dinamarco. Só
se cumpre o mandamento constitucional, quando o órgão
judicante se não omita sobre questões cujo deslinde possa levá-
lo a decidir de maneira diferente8.

52. Assim, não tendo a decisão atacada enfrentado os fundamentos


recursais da defesa, não há dúvida quanto à sua omissão, tampouco quanto à
correção do apontado vício pela via dos Embargos de Declaração, inclusive com
a possibilidade de se dar a eles efeitos modificativos.

53. Não se trata, portanto, de mero descontentamento com o


teor do julgado, simplesmente pelo fato de que o Recurso Especial não teve
seu teor apreciado!

8 STF, Pleno, ADPF 79-AgR, Rel. Min. Cezar Peluso, DJ de 17.8.2007.

14/22
IV – DAS TESES DEFENSIVAS NÃO ANALISADAS NO ACÓRDÃO
ATACADO

IV.1. DA INADEQUAÇÃO TÍPICA

54. A principal tese da defesa diz respeito à inadequação típica da


condenação. Em suma, o que se afirma é que a conduta descrita na denúncia
e pela qual os Embargantes foram condenados tem sua moldura fática no art.
27-E da lei 6.385/76 e não no art. 7º da lei 7.492/86.

55. Jamais, em qualquer trecho do Recurso Especial ou mesmo


do Agravo Regimental se mencionou qualquer aspecto fático ou
probatório.

56. Toda a discussão é exclusivamente jurídica e se resume em


saber se, dada a moldura fática descrita na denúncia e reconhecida na
sentença, que é incontroversa, a lei a ser aplicada para o caso é a 6.385/76
ou a 7.492/86.

57. A omissão contida no julgado atacado encontra-se justamente


no fato do acórdão não esclarecer porquê esta análise dependeria de
revolvimento de fatos e provas.

58. A transcrição de trechos do acórdão da origem que afirmam que


as provas dos autos demonstrariam um volume elevado e constante de compra
de ações diretamente a particulares por valores abaixo ao do mercado e a
posterior venda destas ações ou que confirmariam a atividade de garimpagem
de ações, não reflete o conteúdo do Recurso Especial.

59. É óbvio que toda decisão de Tribunais inferiores, por se tratarem


de Cortes de cassação, vai se referir a provas, já que a eles compete esta
análise.

15/22
60. Os trechos citados, no entanto, nada dizem com o objeto do
Recurso Especial que se fundamenta na descrição típica trazida na própria
denúncia que, se não tivesse sido confirmada na instrução, geraria a absolvição
por falta de provas.

61. Tudo o que demonstram os trechos citados é que este fato foi
comprovado ao longo da instrução por ser incontroverso.

62. O fundamento do Recurso Especial, no entanto, repousa na


descrição fática contida na denúncia e não na sua confirmação pelas provas
dos autos.

63. Acaso o fato não restasse provado, os Embargantes teriam sido


absolvidos por ausência de materialidade ou autoria.

64. Esta, no entanto, não é a discussão travada no Recurso


Especial. O que se questiona no Resp é a lei a ser aplicada ao caso concreto,
a partir da descrição de conduta descrita na denúncia e reafirmada na sentença
condenatória, sem qualquer necessidade de se adentrar ao conjunto fático
probatório que, aliás, é incontroverso.

65. O que a defesa vem, desde sempre, afirmando, é que a conduta


de atuar no mercado de capitais sem registro da CVM encontra-se descrita no
art. 27-E da Lei 6.385/76, com a alteração introduzida pela 10.303/2001, e não
no art. 7º da Lei 7.492/86.

66. Como esta afirmação decorre da própria descrição do fato


feita na denúncia, não é necessário qualquer revolvimento fático ou probatório.

67. Ao contrário, o que a defesa vem afirmando é que, mesmo


admitindo-se a narrativa da acusação como verdadeira,
independentemente da análise de provas, o tipo penal aplicável não é

16/22
aquele em que os Agravantes foram condenados.

68. A discussão, aliás, não passa sequer por saber se os


supostos prejuízos causados afetaram ou não o sistema financeiro
nacional, o que poderia demandar, minimamente o revolvimento de substrato
fático-probatório.

69. Esta análise, como se demonstrará é absolutamente


dispensável.

70. A pergunta que se propõe seja respondida por esta Corte é


simples: “Admitindo-se a narrativa fática da denúncia como verdadeira, a
conduta imputada aos Agravantes tipifica o crime previsto no art. 7º, inciso IV da
Lei 7.492/86, ou o delito do art. 27-E da Lei 6.385/76?”

71. A resposta deste questionamento não demanda qualquer


análise de fatos ou provas que pudesse atrair a incidência da Súmula 7 desta
Corte.

72. Sobre o tema, afirma a denúncia:

“Entre os anos de 2000 e 2006, a RENDA atuou irregularmente


e de maneira habitual no mercado de valores mobiliários,
desenvolvendo atividade conhecida como 'garimpagem de
ações’. Cuida-se, basicamente, de adquirir com deságio ações
de terceiros, em sua maioria pessoas físicas, para, em seguida,
dentro de um curto espaço de tempo, revendê-las em bolsa a
um preço superior, por intermédio da PAX” (e-STJ Fl.4)
(...)
“Sem que fosse registrada na CVM para essa finalidade,
essa corretora fez da mediação e da corretagem de valores
mobiliários fora da bolsa de valores sua principal e mais
lucrativa atividade durante os anos de 2000 a 2006” (e-STJ Fl.4)
(...)
“Ao desenvolver atividade diversa da que tinha por objeto,
praticando mediação ou corretagem de ações fora da bolsa de
valores, sem contar com a devida autorização da CVM para
tanto, a RENDA, por seus dirigentes acima qualificados, infringiu
o disposto no artigo 16, III e parágrafo único da Lei nº 6.385/76,

17/22
que assim dispõe, in verbis:” “Artigo 16 - Depende de prévia
autorização da Comissão de Valores Mobiliários o exercício das
seguintes atividades: III - mediação ou corretagem de operações
com valores mobiliários; Parágrafo único. Só os agentes
autônomos e as sociedades com registro na Comissão poderão
exercer a atividade de mediação ou corretagem de valores
mobiliários fora da bolsa”. (e-STJ Fl.8)

73. Como se vê, a acusação é de que os Agravantes operavam duas


empresas, a RENDA e a PAX, utilizando a primeira para fazer a captação de
ações com grande deságio para posterior revenda pela segunda no mercado de
capitais. O crime estaria na ausência de autorização da empresa RENDA
para atuar neste mercado.

74. O tipo penal do art. 7º da Lei 7.492/86, no entanto, tipifica não


a ausência de autorização para operar no mercado de capitais, fato descrito
na denúncia, mas sim o comércio de títulos ou valores mobiliários falsos ou
falsificados, sem lastro ou garantia ou sem autorização prévia da
autoridade competente.

75. Dispõe o mencionado dispositivo legal:

Art. 7º Emitir, oferecer ou negociar, de qualquer modo, títulos ou


valores mobiliários:
I - falsos ou falsificados;
II - sem registro prévio de emissão junto à autoridade
competente, em condições divergentes das constantes do
registro ou irregularmente registrados;
III - sem lastro ou garantia suficientes, nos termos da legislação;
IV - sem autorização prévia da autoridade competente, quando
legalmente exigida:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.

76. Fácil perceber que os incisos se referem à parte final do caput


do artigo, títulos ou valores mobiliários e não aos verbos contidos na sua parte
inicial.

77. A confusão talvez se dê porque os incisos II e IV mencionem a


necessidade de manifestação da “autoridade competente”.

18/22
78. Todavia, dependendo do título ou valor mobiliário negociado,
haverá uma dupla necessidade de autorização.

79. Com efeito, todo título ou valor mobiliário depende de prévio


registro e autorização para ser emitido ou negociado (art. 3º, da Lei 4.595/6410,
art. 21, da Lei nº 4.728/6511 e art. 19, da Lei nº 6.385/7612).

80. É possível, assim, existirem regras específicas para a emissão


ou negociação de determinados títulos ou valores mobiliários, como nos
seguintes casos: Art. 21, § 5º, da Lei nº 6.385/76; Art. 30, §2º, da Lei nº 6.404/76;
Art. 73, §4º, da Lei nº 6.404/76; Art. 3º, VI, da Lei nº 4.595/64; Art. 35. Parágrafo
único Lei 4.595/64.

81. Em suma, o que a lei tipifica como crime é a emissão,


oferecimento ou negociação de títulos ou valores mobiliários que não possuam
autorização prévia da autoridade competente, quando legalmente exigida e não
emitir, oferecer ou negociar títulos ou valores mobiliários sem possuir prévia
autorização.

82. Conforme esclarece o Professor THIAGO BOTTINO9, “o objeto


da proteção é a regularidade dos papéis negociados e não a regularidade de
quem os negocia”.

83. A acusação contida na denúncia, como visto acima, não recai


sobre a irregularidade dos papéis negociados, mas sim sobre a
irregularidade da empresa RENDA, que não teria autorização para negociar
papéis em bolsa.

84. Vale dizer, “jamais se imputou a qualquer pessoa física


(FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS, GERALDO LIMA GADELHA, IELTON
BARRETO DE OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVEZ BEZERRA) ou jurídica (PAX
e RENDA) a negociação com títulos ou valores mobiliários irregulares,
objeto de proteção dessa norma incriminadora”.

9 Idem.

19/22
85. Por esta razão, a análise quanto à tipicidade no caso em
questão não depende de revolvimento de substrato fático ou probatório.

86. Por qualquer ângulo que se analise a presente questão, não há


dúvida quanto a incidência do art. 27-E da Lei 6.385/76 em detrimento do art. 7º,
inciso IV, da Lei 7.492/86, conforme se vê do quadro abaixo:

20/22
IV.2. - DA DOSIMETRIA DA PENA – VIOLAÇÃO AOS ARTS. 59, 68 E 71 DO
CÓDIGO PENAL

87. É flagrante a violação do art. 68 do Código de Processo Penal


que estabelece o princípio da individualização da pena.

88. Esta constatação não depende do revolvimento de fatos ou


provas. Não é preciso revolver prova alguma para constatar a flagrante
ilegalidade causada pelo método “recorte e cola” (ctrl-c/ctrl-v) utilizado
pela sentença para igualar situações reconhecidamente distintas.

89. Não há dúvida, portanto, que a violação ao princípio da


individualização das penas torna a sentença nula neste ponto e demanda a
realização de nova dosimetria.

90. Da mesma forma, independe do revolvimento de fatos e provas


a alegação da má valoração da culpabilidade dos Agravantes para aumento de
pena.

91. Tudo o que afirma o Recurso Especial é que a pena foi


aumentada valorando-se a culpabilidade como “extremamente elevada” para o
Primeiro Agravante (FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS) e “elevada”, para
os demais, sem qualquer outra ponderação a respeito, afirmando-se que os
Agravados teriam “plena e elevada consciência da ilicitude dos seus atos”.

92. Ora, afirmar que a culpabilidade é elevada ou extremamente


elevada não diz absolutamente nada! É expressão que serve indistintamente
para qualquer caso, genericamente tomado e esta constatação não depende
de revolvimento fático ou probatório!

93. Em momento algum diz a sentença porque a culpabilidade deve


ser exasperada. Qual a razão a faz ser considerada elevada ou extremamente
elevada? Esta pergunta simplesmente não pode ser respondida pela leitura da
sentença.

21/22
94. Daí a apontada violação ao art. 381, inciso III, do Código de
Processo Penal que determina:

Art. 381. A sentença conterá:


(...)
III – A indicação dos motivos de fato e de direito em que se
fundar a decisão.

95. Reconhecer a inidoneidade deste fundamento para valorar


negativamente a culpabilidade independe do revolvimento do conjunto
fático probatório, não incidindo, também neste ponto, a Súmula 7 desta
Corte.

V – DOS PEDIDOS

96. Ante o exposto, requerem, preliminarmente, seja anulado o


julgamento do Agravo Regimental e reproduzido o julgamento pela Turma após
oportunizada a sustentação oral pela defesa técnica dos Embargantes.

97. No mérito, requerem seja suprida a omissão em que incorreu o


acórdão do Agravo Regimental, que deixou de analisar a matéria do recurso,
notadamente a desnecessidade de revolvimento fático para considerar a
inadequação típica, assim como a inidoneidade dos fundamentos usados para
agravar a pena base dos Embargantes.

P. deferimento.
Brasília, 26 de fevereiro de 2018.

Marcelo Leal de Lima Oliveira Thaís Aroca Datcho Lacava


OAB/DF 21.932 OAB/SP 234.563

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado
18031417123136500000010518732
Data e hora da assinatura: 14/03/2018 17:15:26
Identificador: 4050000.10536631
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 22/22
ANDAMENTO PROCESSUAL DO RECURSO
ESPECIAL N. 1.449.193 – CE

1/7
14/03/2018 STJ - Consulta Processual

Superior Tribunal de Justiça

REsp nº 1449193 / CE (2014/0091750-6) autuado em 24/04/2014

Detalhes

PROCESSO: RECURSO ESPECIAL


RECORRENTE: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
RECORRENTE: JERÔNIMO ALVES BEZERRA
RECORRENTE: GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO
RECORRENTE: IELTON BARRETO DE OLIVEIRA
ADVOGADO: ANASTÁCIO JORGE MATOS DE SOUSA
MARINHO E OUTRO(S) - CE008502
ADVOGADO: ARIANO MELO PONTES - CE015593
ADVOGADO: TIAGO ASFOR ROCHA LIMA - CE016386
ADVOGADO: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA E
OUTRO(S) - DF021932
ADVOGADO: CAIO CESAR VIEIRA ROCHA - CE015095
RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
LOCALIZAÇÃO: Entrada em GABINETE DO MINISTRO FELIX
FISCHER em 08/03/2018
TIPO: Processo eletrônico, com prioridade de
tramitação.
AUTUAÇÃO: 24/04/2014
NÚMERO ÚNICO: 0012628-43.2010.4.05.8100

RELATOR(A): Min. FELIX FISCHER - QUINTA TURMA


RAMO DO DIREITO: DIREITO PENAL
ASSUNTO(S): DIREITO PENAL, Crimes Previstos na
Legislação Extravagante, Crimes contra o
Sistema Financeiro Nacional.
TRIBUNAL DE ORIGEM: TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª
REGIÃO
NÚMEROS DE ORIGEM: 00126284320104058100,
126284320104058100, 16272007,
200881000026810, 2762010, 9363.
1 volume, 6 apensos
ÚLTIMA FASE: 08/03/2018 (16:14) CONCLUSOS PARA
JULGAMENTO AO(À) MINISTRO(A) FELIX
FISCHER (RELATOR)

Fases

08/03/2018 16:14 Conclusos para julgamento ao(à) Ministro(a) FELIX


FISCHER (Relator) (51)
https://ww2.stj.jus.br/processo/pesquisa/?termo=1449193&aplicacao=processos.ea&tipoPesquisa=tipoPesquisaGenerica&chkordem=DESC&chk… 1/6
2/7
14/03/2018 STJ - Consulta Processual

08/03/2018 01:06 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL intimado


eletronicamente da(o) Ementa / Acordão em
08/03/2018 (300104)

07/03/2018 14:20 Juntada de Petição de EMBARGOS DE DECLARAÇÃO


nº 82440/2018 (85)

01/03/2018 15:55 Juntada de Petição de CieMPF - CIÊNCIA PELO MPF


nº 92337/2018 (Juntada Automática) (85)

01/03/2018 15:55 Protocolizada Petição 92337/2018 (CieMPF -


CIÊNCIA PELO MPF) em 01/03/2018 (118)

26/02/2018 19:24 Ato ordinatório praticado (Petição 82440/2018


(EMBARGOS DE DECLARAÇÃO) recebida na
COORDENADORIA DA QUINTA TURMA) (11383)

26/02/2018 19:17 Protocolizada Petição 82440/2018 (EDcl -


EMBARGOS DE DECLARAÇÃO) em 26/02/2018
(118)

26/02/2018 05:53 Disponibilizada intimação eletrônica (Acórdãos)


ao(à) MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL (300105)

26/02/2018 05:36 Publicado EMENTA / ACORDÃO em 26/02/2018


Petição Nº 676112/2017 - AgRg (92)

23/02/2018 18:49 Disponibilizado no DJ Eletrônico - EMENTA /


ACORDÃO (1061)

23/02/2018 10:06 Ato ordinatório praticado - Acórdão


encaminhado(a) à publicação - Petição Nº
676112/2017 - AgRg no REsp 1449193/CE -
Prevista para 26/02/2018 (11383)

20/02/2018 17:00 Recebidos os autos no(a) COORDENADORIA DA


QUINTA TURMA (132)

20/02/2018 13:36 Conhecido o recurso de FRANCISCO DEUSMAR DE


QUEIROS, JERÔNIMO ALVES BEZERRA, GERALDO DE
LIMA GADELHA FILHO e IELTON BARRETO DE
OLIVEIRA e não-provido,por unanimidade, pela
QUINTA TURMA Petição Nº 676112/2017 - AgRg no
REsp 1449193 (239)

20/02/2018 13:36 Proclamação Final de Julgamento: "A Turma, por


unanimidade, negou provimento ao agravo
regimental." Petição Nº 676112/2017 - AgRg no
REsp 1449193 (3001)

18/12/2017 02:13 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL intimado


eletronicamente da(o) Despacho / Decisão em
18/12/2017 (300104)

13/12/2017 15:56 Conclusos para julgamento ao(à) Ministro(a) FELIX


FISCHER (Relator) (51)

13/12/2017 15:49 Juntada de Petição de AGRAVO REGIMENTAL nº


676112/2017 (85)
https://ww2.stj.jus.br/processo/pesquisa/?termo=1449193&aplicacao=processos.ea&tipoPesquisa=tipoPesquisaGenerica&chkordem=DESC&chk… 2/6
3/7
14/03/2018 STJ - Consulta Processual

12/12/2017 07:08 Ato ordinatório praticado (Petição 676112/2017


(AGRAVO REGIMENTAL) recebida na
COORDENADORIA DA QUINTA TURMA) (11383)

11/12/2017 21:08 Protocolizada Petição 676112/2017 (AgRg -


AGRAVO REGIMENTAL) em 11/12/2017 (118)

07/12/2017 16:41 Juntada de Petição de CieMPF - CIÊNCIA PELO MPF


nº 667677/2017 (Juntada Automática) (85)

07/12/2017 16:41 Protocolizada Petição 667677/2017 (CieMPF -


CIÊNCIA PELO MPF) em 07/12/2017 (118)

06/12/2017 05:35 Disponibilizada intimação eletrônica (Decisões e


Vistas) ao(à) MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
(300105)

06/12/2017 05:24 Publicado DESPACHO / DECISÃO em 06/12/2017


(92)

05/12/2017 18:48 Disponibilizado no DJ Eletrônico - DESPACHO /


DECISÃO (1061)

04/12/2017 11:32 Conhecido em parte o recurso de FRANCISCO


DEUSMAR DE QUEIROS, JERÔNIMO ALVES
BEZERRA, GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO e
IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e não-provido
(Publicação prevista para 06/12/2017) (242)

01/12/2017 16:18 Recebidos os autos no(a) COORDENADORIA DA


QUINTA TURMA (132)

25/11/2016 18:47 Conclusos para julgamento ao(à) Ministro(a) FELIX


FISCHER (Relator) (51)

25/11/2016 17:48 Juntada de Petição de nº 591262/2016 (85)

25/11/2016 17:48 Recebidos os autos no(a) COORDENADORIA DA


QUINTA TURMA, após solicitados em 23/11/2016.
(132)

23/11/2016 11:27 Ato ordinatório praticado (Petição 591262/2016


(PETIÇÃO) recebida na COORDENADORIA DA
QUINTA TURMA) (11383)

23/11/2016 10:33 Protocolizada Petição 591262/2016 (PET -


PETIÇÃO) em 23/11/2016 (118)

27/10/2016 16:41 Conclusos para julgamento ao(à) Ministro(a) FELIX


FISCHER (Relator) (51)

27/10/2016 15:52 Juntada de Certidão : Certifico que foi incluído


advogado na autuação dos presentes autos,
conforme petição neles juntada (fls. 900/901) e
instruções decorrentes da Questão de Ordem
Especial na 29ª Sessão Ordinária da Quinta Turma,
realizada em 07/08/2008. (581)

https://ww2.stj.jus.br/processo/pesquisa/?termo=1449193&aplicacao=processos.ea&tipoPesquisa=tipoPesquisaGenerica&chkordem=DESC&chk… 3/6
4/7
14/03/2018 STJ - Consulta Processual

27/10/2016 15:36 Juntada de Petição de


PROCURAÇÃO/SUBSTABELECIMENTO nº
533729/2016 (85)

27/10/2016 15:32 Recebidos os autos eletronicamente no(a)


COORDENADORIA DA QUINTA TURMA depois de
solicitados (132)

21/10/2016 11:02 Ato ordinatório praticado (Petição 533729/2016


(PROCURAÇÃO/SUBSTABELECIMENTO) recebida na
COORDENADORIA DA QUINTA TURMA) (11383)

21/10/2016 10:45 Protocolizada Petição 533729/2016 (PROC -


PROCURAÇÃO/SUBSTABELECIMENTO) em
21/10/2016 (118)

14/10/2015 11:39 Conclusos para julgamento ao(à) Ministro(a) FELIX


FISCHER (Relator) (51)

14/10/2015 10:54 Juntada de Petição de


PROCURAÇÃO/SUBSTABELECIMENTO nº
432111/2015 (85)

14/10/2015 10:31 Recebidos os autos no(a) COORDENADORIA DA


QUINTA TURMA (132)

05/10/2015 12:44 Ato ordinatório praticado (Petição 432111/2015


(PROCURAÇÃO/SUBSTABELECIMENTO) recebida na
COORDENADORIA DA QUINTA TURMA) (11383)

05/10/2015 10:46 Protocolizada Petição 432111/2015 (PROC -


PROCURAÇÃO/SUBSTABELECIMENTO) em
05/10/2015 (118)

03/09/2014 17:05 Conclusos para decisão ao(à) Ministro(a) FELIX


FISCHER (Relator) - pela SJD (51)

03/09/2014 15:07 Redistribuído por prevenção, em razão de sucessão,


ao Ministro FELIX FISCHER - QUINTA TURMA (36)

03/09/2014 14:37 Processo recebido para redistribuição por sucessão


(30075)

04/07/2014 11:20 Conclusos para julgamento ao(à) Ministro(a)


LAURITA VAZ (Relatora) (51)

03/07/2014 11:36 Juntada de Petição de PARECER DO MPF nº


221731/2014 (85)

03/07/2014 11:36 Recebidos os autos eletronicamente no(a)


COORDENADORIA DA QUINTA TURMA do Ministério
Público Federal c/ Parecer (132)

01/07/2014 07:45 Ato ordinatório praticado (Petição 221731/2014


(PARECER DO MPF) recebida na COORDENADORIA
DA QUINTA TURMA) (11383)

27/06/2014 21:13 Protocolizada Petição 221731/2014 (ParMPF -


PARECER DO MPF) em 17/06/2014 (118)

https://ww2.stj.jus.br/processo/pesquisa/?termo=1449193&aplicacao=processos.ea&tipoPesquisa=tipoPesquisaGenerica&chkordem=DESC&chk… 4/6
5/7
14/03/2018 STJ - Consulta Processual

06/05/2014 14:32 Autos com vista ao Ministério Público Federal


(30015)

06/05/2014 12:47 Recebidos os autos no(a) COORDENADORIA DA


QUINTA TURMA do Ministro Relator com r.despacho
determinando vista ao MPF (132)

24/04/2014 14:26 Conclusos para decisão ao(à) Ministro(a) LAURITA


VAZ (Relatora) - pela SJD (51)

24/04/2014 09:00 Distribuído por prevenção de Órgão Julgador à


Ministra LAURITA VAZ - QUINTA TURMA (26)

24/04/2014 07:12 Recebidos os autos eletronicamente no(a)


SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA do TRF5 -
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
(132)

Decisões

AgRg no REsp 1449193 (2014/0091750-6 de 26/02/2018)


EMENTA / ACORDÃO
RELATÓRIO E VOTO - Min. FELIX FISCHER
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
REsp 1449193(2014/0091750-6 - 06/12/2017)
Decisão Monocrática- Ministro FELIX FISCHER

Petições

Petição Nº. Tipo Peticionário


Protocolo Processamento
0092337/2018 CieMPF MPF
01/03/2018 01/03/2018
0082440/2018 EDcl FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS,
26/02/2018 07/03/2018 JERÔNIMO ALVES BEZERRA,
GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO
E IELTON BARRETO DE OLIVEIRA
0676112/2017 AgRg FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS
11/12/2017 13/12/2017
0667677/2017 CieMPF MPF
07/12/2017 07/12/2017
0591262/2016 PET FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS
23/11/2016 25/11/2016
0533729/2016 PROC FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
21/10/2016 27/10/2016 E OUTROS

0432111/2015 PROC FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS


05/10/2015 14/10/2015 E OUTROS
https://ww2.stj.jus.br/processo/pesquisa/?termo=1449193&aplicacao=processos.ea&tipoPesquisa=tipoPesquisaGenerica&chkordem=DESC&chk… 5/6
6/7
14/03/2018 STJ - Consulta Processual

0221731/2014 ParMPF MPF


17/06/2014 03/07/2014

Pautas

Não há pautas.

Impresso Quarta-feira, 14 de Março de 2018.


|
Versão 2.0.25 de 15/02/2018 13:07:45.

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado
18031417123469100000010518734
Data e hora da assinatura: 14/03/2018 17:15:26
https://ww2.stj.jus.br/processo/pesquisa/?termo=1449193&aplicacao=processos.ea&tipoPesquisa=tipoPesquisaGenerica&chkordem=DESC&chk…
Identificador: 4050000.10536633 6/6
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 7/7
JURISPRUDÊNCIAS DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL

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Pesquisa de Jurisprudência

Decisões Monocráticas

HC 135951 MC / DF - DISTRITO FEDERAL


MEDIDA CAUTELAR NO HABEAS CORPUS
Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI
Julgamento: 28/03/2017

Publicação

PROCESSO ELETRÔNICO
DJe-065 DIVULG 30/03/2017 PUBLIC 31/03/2017

Partes

PACTE.(S) : LUIZ CARLOS SANTIAGO PAPA


IMPTE.(S) : DANIELE CRISTINA PAPA
ADV.(A/S) : RAFAEL DE ALENCAR ARARIPE CARNEIRO
COATOR(A/S)(ES) : RELATOR DA MEDIDA CAUTELAR Nº 25.804 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE
JUSTIÇA

Decisão
Trata-se de habeas corpus, com pedido de liminar, impetrado em favor de Luiz
Carlos Santiago Papa, contra decisão que indeferiu o pedido de liminar
formulado na MC 25.804/DF, de relatoria do Ministro Antonio Saldanha
Palheiro do Superior Tribunal de Justiça. A impetrante narra, de início, que
o paciente “[...] foi condenado, em segunda instância, pelo Tribunal de
Justiça do Distrito Federal e Territórios, em 17/10/2012, nos termos do
acórdão condenatório anexo. Ocorre que, após julgamento pelo e. STF do caso
concreto versado no HC nº 126.292, em fevereiro deste ano, no qual a Corte
possibilitou cumprimento provisório da pena na pendência de recursos de
natureza extraordinária, o Ministério Público do Distrito Federal e
Territórios requereu ao Juiz de Direito da 3ª Vara Criminal de Brasília/DF
(Vara de origem) o cumprimento provisório da pena injustamente aplicada pelo
eg. TJDFT. Além do fato de o Tribunal de origem não ter se manifestado sobre
a expedição do mandado de prisão – o que diferencia o caso ora em análise do
que foi apreciado pelo STF no HC 126.292 – o juiz de origem sequer tinha
competência para determinar medida de prisão no processo, visto que os autos
já estavam sob análise do Superior Tribunal de Justiça, demonstrando a
primeira ilegalidade do caso ora analisado. Foi dessa maneira que o
magistrado de piso deferiu o requerimento formulado pelo MPDFT e determinou
a prisão do Paciente, mesmo não havendo trânsito em julgado do acórdão
condenatório – o que configura a segunda, e mais grave, ilegalidade
apresentada. Irresignado com as patentes ilegalidades, o ora Paciente
requereu medida cautelar ao c. STJ, a fim de que se suspendessem os efeitos
do acórdão do TJDFT, para evitar a consumação da prisão inconstitucional
determinada pelo Juiz de origem” (pág. 3 do documento eletrônico 1; grifos
no original). Informa que, “[i]nterposto recurso de agravo interno, a 6ª
Turma do STJ decidiu manter incólume a decisão monocrática então agravada. O
acórdão ainda não foi publicado, motivo pelo qual segue anexa a certidão de
julgamento. Desse modo, por ato da 6ª Turma, que manteve decisão do Exmo.
Ministro Antônio Saldanha, o STJ chancelou a ilegalidade consubstanciada na
determinação da prisão do Paciente, em sede de execução provisória da
condenação” (pág. 6 do documento eletrônico 1; grifos no original). Daí
porque argumenta que o caso sob exame permite a superação da Súmula 691
desta Corte. Contra a decisão do STJ é o presente writ, dirigido a este
Tribunal, no qual a defesa pede a concessão da liminar para suspender a
execução provisória da pena, de modo que seja permitido ao paciente aguardar
o julgamento deste habeas corpus em liberdade. No mérito, requer a
confirmação da medida de urgência “[...] para suspender a execução
provisória da pena no processo criminal originário da 3ª Vara Criminal de
Brasília/DF, até o julgamento final dos recursos de natureza extraordinária
interpostos nos autos do processo de origem” (pág. 13 do documento
eletrônico 1). Em 12/9/2016, os autos vieram conclusos a mim, por força do
que dispõe o art. 38 do RISTF. É o relatório. Decido o pedido de liminar. De

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14/03/2018 Pesquisa de Jurisprudência :: STF - Supremo Tribunal Federal
antemão, consigno que, nos autos do HC 140.217/DF, de minha relatoria,
deferi medida liminar para suspender a execução provisória da pena de
indivíduo, em caso análogo, por constatar a excepcionalidade daquela
situação, utilizando os seguintes fundamentos: “A impetração funda-se na
suposta violação da coisa julgada de parte da sentença condenatória que
teria assegurado ao paciente o direito de recorrer em liberdade. Alega-se,
dessa forma, que, como esse aspecto não foi objeto de recurso por parte do
Ministério Público, e, portanto, na segunda instância, o paciente teria
direito de recorrer em liberdade, porquanto tal situação implicaria a
formação da coisa julgada no ponto. É que, na sentença, determinou-se ‘aos
réus o direito de recorrerem [...] em liberdade, uma vez que, a despeito da
gravidade dos delitos praticados, não se encontram segregados
provisoriamente pelo presente feito, pois ausentes os pressupostos da prisão
preventiva’ (pág. 17 do documento eletrônico 2). E, no acórdão, o recurso
dos réus foi conhecido e parcialmente provido para afastar a pena de multa,
sendo o do Parquet também parcialmente provido, apenas para “decretar a
perda do cargo público de auditor tributário do primeiro e da segunda
apelantes e para estabelecer o regime semiaberto de cumprimento da pena
privativa de liberdade a todos os réus” (pág. 8 do documento eletrônico 4).
Em seguida, o Ministério Público, tendo em conta a decisão deste Tribunal no
julgamento do HC 126.292/SP, Rel. Ministro Teori Zavascki – que afirmou a
possibilidade do início da execução da pena após condenação em segunda
instância –, entendeu haver razão para peticionar ao juízo de primeiro grau
e requerer a prisão do paciente, no que foi atendido. Vê-se, portanto, que a
situação dos autos é teratológica, uma vez que, em decorrência de uma
petição incidental do Parquet, o juízo utilizou-se de uma forma imprópria
para modificar a fundamentação do acórdão, valendo-se de expediente não
agasalhado pela legislação processual penal, o que configura, mutatis
mutandis, uma reformatio in pejus, vedada pelo art. 617 do Código de
Processo Penal . Com efeito, tal capítulo da sentença não foi objeto de
reforma pelo Tribunal de Justiça, não havendo falar, agora, em possibilidade
de alterar-se uma decisão judicial, ainda pendente de recurso nos tribunais
superiores, sem que tal se dê pela via processual apropriada, pela simples
razão de o Supremo Tribunal ter alterado a sua jurisprudência no tocante ao
tema da execução provisória da pena, ainda não confirmada em julgamento de
mérito pelo Plenário - cumpre registrar - de modo a dotá-lo de efeito erga
omnes e força vinculante. Para prender um cidadão é preciso mais do que o
simples acatamento de uma petição ministerial protocolada em primeiro grau,
sobretudo quando estão em jogo valores essenciais à própria existência do
Estado Democrático de Direito como a liberdade e o devido processo legal. A
determinação de que a condenação seria executada apenas após o trânsito em
julgado faz parte das decisões pretorianas prolatadas em primeiro e segundo
graus de jurisdição, as quais em nenhum momento foram atacadas, no ponto,
pelos meios processuais adequados. Trânsito em julgado difere
substancialmente – como é óbvio – de julgamento em segundo grau. A vontade
do magistrado singular e dos juízes que integraram o colegiado recursal
manifestaram, explícita e também implicitamente, a vontade de que a primeira
das duas hipóteses regesse a eventual prisão do paciente. A antecipação do
cumprimento da pena, no caso singular sob exame, somente poderia ocorrer
mediante um pronunciamento específico e justificado que demonstrasse, à
saciedade, e com base em elementos concretos, a necessidade da custódia
cautelar”. Observo que lá, assim como aqui, a impetração está fundada na
suposta violação da coisa julgada de parte da sentença condenatória que
teria assegurado ao paciente o direito de recorrer em liberdade. Isso
porque, como pode se ver, no dispositivo da sentença, ficou consignado que
os acusados, dentre eles o ora paciente, responderam ao processo em
liberdade e, “estando encerrada a instrução e não havendo notícia de mudança
na situação fática, ausentes, pois, os requisitos ensejadores da segregação
de natureza cautelar, CONCEDO AOS ACUSADOS O DIREITO DE RECORRER EM
LIBERDADE, salvo se por outro motivo houverem de ser recolhidos” (pág. 19 do
documento eletrônico 7; grifos no original). Deve ser ressaltado que a
sentença condenatória assegurou ao paciente o direito de recorrer em
liberdade, de modo que, como esse aspecto não foi objeto de recurso por
parte do Ministério Público, o paciente tem o direito de recorrer em
liberdade, porquanto tal situação implicaria a formação da coisa julgada no
ponto. Além disso, no acórdão, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e
dos Territórios, apesar de dar parcial provimento às apelações dos réus e do
Ministério Público (documento eletrônico 9), sequer tratou da parte do
dispositivo da sentença que garantiu ao paciente o direito de permanecer em
liberdade durante a fase recursal. Ocorre que o Ministério Público, levando
em consideração a decisão deste Tribunal no julgamento do HC 126.292/SP, de
relatoria do Ministro Teori Zavascki – que afirmou a possibilidade do início
da execução da pena após condenação em segunda instância, peticionou ao
juízo de primeiro grau requerendo a prisão do paciente, no que foi atendido
(documento eletrônico 5). Vê-se, portanto, assim como constatei nos autos do
HC 140.217/DF, que a situação dos autos também é teratológica, uma vez que,
em decorrência de uma petição incidental do Parquet, o juízo da 3ª Vara
Criminal de Brasília utilizou-se de uma forma imprópria para modificar a
fundamentação do acórdão, valendo-se de expediente não agasalhado pela
legislação processual penal, o que configura, mutatis mutandis, uma

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reformatio in pejus, vedada pelo art. 617 do Código de Processo Penal. Com
efeito, tal capítulo da sentença não foi objeto de reforma pelo Tribunal de
Justiça local, não havendo falar, agora, em possibilidade de alterar-se uma
decisão judicial, ainda pendente de recurso nos tribunais superiores, sem
que tal se dê pela via processual apropriada, pela simples razão de o
Supremo Tribunal ter alterado a sua jurisprudência no tocante ao tema da
execução provisória da pena, ainda não confirmada em julgamento de mérito
pelo Plenário - cumpre registrar - de modo a dotá-lo de efeito erga omnes e
força vinculante. Para prender um cidadão é preciso mais do que o simples
acatamento de uma petição ministerial protocolada em primeiro grau,
sobretudo quando estão em jogo valores essenciais à própria existência do
Estado Democrático de Direito como a liberdade e o devido processo legal. A
determinação de que a condenação seria executada apenas após o trânsito em
julgado faz parte das decisões pretorianas prolatadas em primeiro e segundo
graus de jurisdição, as quais em nenhum momento foram atacadas, no ponto,
pelos meios processuais adequados. Trânsito em julgado difere
substancialmente – como é óbvio – de julgamento em segundo grau. A vontade
do magistrado singular e dos juízes que integraram o colegiado recursal
manifestaram, explícita e também implicitamente, a vontade de que a primeira
das duas hipóteses regesse a eventual prisão do paciente. A antecipação do
cumprimento da pena, no caso singular sob exame, somente poderia ocorrer
mediante um pronunciamento específico e justificado que demonstrasse,
satisfatoriamente, e com base em elementos concretos, a necessidade da
custódia cautelar. Assim, da análise dos autos, verificando que o caso dos
autos se assemelha em tudo àquele tratado no HC 140.217/DF, entendo
aplicáveis aqui os mesmos fundamentos do referido precedente. Por essas
razões, constatada a excepcionalidade da situação em análise, defiro a
medida liminar para que seja suspensa a execução da pena até que o mérito
deste habeas corpus seja julgado pelo colegiado competente. Comunique-se,
com urgência, ao Juízo da 3ª Vara Criminal de Brasília, requisitando-lhe
informações. Após, ouça-se a Procuradoria-Geral da República. Publique-se.
Brasília, 28 de março de 2017. Ministro Ricardo Lewandowski Relator

Legislação

LEG-FED DEL-003689 ANO-1941


ART-00617
CPP-1941 CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
LEG-FED RGI ANO-1980
ART-00038
RISTF-1980 REGIMENTO INTERNO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
LEG-FED SUM-000691
SÚMULA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - STF

Observação

16/01/2018
Legislação feita por:(SSM).

fim do documento

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Decisões Monocráticas

HC 140217 / DF - DISTRITO FEDERAL


HABEAS CORPUS
Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI
Julgamento: 14/11/2017

Publicação

PROCESSO ELETRÔNICO
DJe-261 DIVULG 16/11/2017 PUBLIC 17/11/2017

Partes

PACTE.(S) : SAMI KUPERCHMIT


ADV.(A/S) : ALBERTO ZACHARIAS TORON
ADV.(A/S) : LUISA MORAES ABREU FERREIRA
COATOR(A/S)(ES) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Decisão
Trata-se de habeas corpus, com pedido de liminar, impetrado em favor de
Sami Kuperchmit, contra acórdão da Sexta Turma do Superior Tribunal de
Justiça, assim ementado: "PROCESSUAL PENAL E PENAL. RECURSO EM HABEAS
CORPUS. PRISÃO PREVENTIVA. CORRUPÇÃO PASSIVA E ATIVA. PARTICIPAÇÃO EM
ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. FUNDAMENTAÇÃO CONCRETA. ILEGALIDADE. AUSÊNCIA.
RECURSO EM HABEAS CORPUS IMPROVIDO. 1. Apresentada fundamentação
concreta para a decretação da prisão preventiva, explicitada na participação
do paciente em complexa organização criminosa, e com um alto poderio
econômico, haja vista a participação de empresários, constituída com a
finalidade precípua de lesar o Erário Municipal valendo-se de pagamento de
propinas a membros do Poder Legislativo e Executivo, com escopo de obtenção
de contratos fraudulentos, leis de interesse das empresas envolvidas e
outras condutas tipificadas na legislação criminal, além da posição de
destaque do paciente na organização criminosa, e a vultosa reiteração
delitiva, não há que se falar em ilegalidade a justificar a concessão da
ordem de habeas corpus ou suficiência das medidas cautelares diversas da
prisão. 2. Recurso em habeas corpus improvido". Os impetrantes
narram, de início, que o paciente “foi condenado por sentença que
consignou, de forma expressa, que o início da execução da pena se daria
somente ‘após o trânsito em julgado’ (doc. 1), o que não foi objeto de
recurso por parte do Ministério Público (doc. 2). O eg. TJDFT, ao julgar os
apelos das partes, manteve intacta a r. Decisão de primeiro grau nesse ponto
(doc. 3) e não determinou o início da execução da pena. No entanto,
pendente de julgamento Agravo em Recurso Especial que visa discutir a
fixação da pena do Paciente (doc. 4), o em. magistrado de primeiro grau
determinou o início da execução da pena (doc. 5).” (grifos no original;
págs. 3-4 do documento eletrônico 1). Informam, então, que foi impetrado
writ no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, sendo-lhe
denegada a ordem. Irresignada, a defesa interpôs recurso no STJ, que o
desproveu. Contra o acórdão do STJ é o presente writ, dirigido a este
Tribunal, no qual a defesa pede a concessão da liminar para que seja
permitido ao paciente que aguarde o julgamento deste habeas corpus em
liberdade. No mérito, requer a confirmação da medida de urgência. Em
10/2/2017, deferi o pedido de liminar, requisitei informações e abri vista
ao Ministério Público Federal. A Procuradoria-Geral da República opinou
pelo não conhecimento do writ (documento eletrônico 40). Posteriormente
deferi o pedido de extensão formulado por Sonia Maria de Andrades Santos
(documento eletrônico 37). É o relatório necessário. Decido.
Registro, inicialmente, que, embora o presente habeas corpus tenha sido
impetrado em substituição a recurso extraordinário, não oponho óbice ao seu
conhecimento, na linha do que tem decidido a Segunda Turma deste Supremo
Tribunal. Nesse sentido, cito os seguintes precedentes: HC 126.791-ED/RJ, HC
126.614/SP e HC 126.808-AgR/PA, todos da relatoria do Ministro Dias Toffoli.
Anoto, também, que o art. 192, caput, do Regimento Interno do Supremo

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14/03/2018 Pesquisa de Jurisprudência :: STF - Supremo Tribunal Federal
Tribunal Federal faculta ao Relator denegar ou conceder a ordem de habeas
corpus, ainda que de ofício, quando a matéria for objeto de jurisprudência
consolidada neste Supremo Tribunal. Por este motivo, passo ao exame do
mérito desta impetração. O caso é de concessão da ordem. A questão
trazida neste writ diz respeito à possibilidade ou não de execução
provisória da pena depois de julgado o recurso em segundo grau de
jurisdição, haja vista a tese fixada pelo Plenário desta Suprema Corte no
julgamento do HC 126.292/SP e reafirmada no ARE 964.246/SP, no qual foi
reconhecida repercussão geral da questão constitucional envolvida, ambos de
relatoria do saudoso Ministro Teori Zavascki. Pois bem, a jurisprudência
deste Supremo Tribunal se consolidou no sentido de que ofende o princípio da
presunção de inocência, insculpido no art. 5°, LVII, da Constituição
Federal, a execução da pena privativa de liberdade antes do trânsito em
julgado da sentença condenatória, ressalvada a hipótese de prisão cautelar,
desde que presentes os requisitos autorizadores previstos no art. 312 do
Código de Processo Penal. Esse, aliás, é o entendimento ao qual sempre
me filiei. No julgamento do aludido HC 126.292/SP, em que o Plenário
sinalizou possível mudança de paradigma, assentei, de modo enfático, o
seguinte: Eu vou pedir vênia ao eminente Relator e manter a minha
posição, que vem de longa data, no sentido de prestigiar o princípio da
presunção de inocência, estampado, com todas as letras, no art. 5°, inciso
LVII, da nossa Constituição Federal. Assim como fiz, ao proferir um
longo voto no HC 84.078, relatado pelo eminente Ministro Eros Grau, eu quero
reafirmar que não consigo, assim como expressou o Ministro Marco Aurélio,
ultrapassar a taxatividade desse dispositivo constitucional, que diz que a
presunção de inocência se mantém até o trânsito em julgado. Isso é
absolutamente taxativo, categórico; não vejo como se possa interpretar esse
dispositivo. A Constituição Federal de 1988, ao tratar dos direitos e
deveres individuais e coletivos, garante que “ninguém será considerado
culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. Logo,
o texto constitucional é expresso em afirmar que apenas depois do trânsito
em julgado da sentença penal condenatória alguém poderá ser considerado
culpado. Trata-se do princípio, hoje universal, da presunção de inocência
das pessoas. Como se sabe, a nossa Constituição não é uma mera folha de
papel, que pode ser rasgada sempre que contrarie as forças políticas do
momento. Ao revés, a Constituição da República possui força normativa
suficiente, de modo que os seus preceitos, notadamente aqueles que garantem
aos cidadãos direitos individuais e coletivos, previstos no seu art. 5°,
sejam obrigatoriamente observados, ainda que os anseios momentâneos, mesmo
aqueles mais nobres, a exemplo do combate à corrupção, requeiram solução
diversa, uma vez que, a única saída legítima para qualquer crise consiste,
justamente, no incondicional respeito às normas constitucionais. Isso
porque não se deve fazer política criminal em face da Constituição, mas sim,
com amparo nela. Ora, a Constituição Federal atribuiu ao Supremo
Tribunal Federal inúmeras e relevantíssimas atribuições, dentre as quais a
mais importante é a guarda da própria Constituição (art. 102). Nesse
sentido, com a devida vênia à corrente majoritária que se formou no
julgamento do HC 126.292/SP, naquela assentada, o Plenário da Suprema Corte
extraiu do art. 5°, LVII, da Constituição, um sentido que dele não se pode e
nem, no mais elástico dos entendimentos, se poderia extrair, vulnerando,
consequentemente, mandamento constitucional claro, direto e objetivo,
protegido, inclusive, pelo próprio texto constitucional contra propostas de
emendas constitucionais tendentes a aboli-lo, conforme dispõe o art. 60, §
4°, IV, da Carta. Ressalto que não se mostra possível ultrapassar a
taxatividade daquele dispositivo constitucional, salvo em situações de
cautelaridade, por tratar-se de comando constitucional absolutamente
imperativo, categórico, com relação ao qual não cabe qualquer tergiversação,
pois, como já diziam os jurisconsultos de antanho, in claris cessat
interpretatio. E o texto do inciso LVII do art. 5° da Carta Magna, além de
ser claríssimo, à toda a evidência, não permite uma inflexão jurisprudencial
de maneira a dar-lhe uma interpretação in malam partem. Em consonância
com o dispositivo constitucional supramencionado, o art. 283 do Código de
Processo Penal e o art. 594 do Código de Processo Penal Militar dispõem,
respectivamente, que: “Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em
flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade
judiciária competente, em decorrência de sentença condenatória transitada em
julgado ou, no curso da investigação ou do processo, em virtude de prisão
temporária ou prisão preventiva”. “Art. 594. Transitando em julgado a
sentença que impuser pena privativa da liberdade, se o réu já estiver preso
ou vier a ser preso, o auditor ordenará a expedição da carta de guia, para o
cumprimento da pena”. Muito bem. Ao comentar o dispositivo da lei
processual penal, Eugênio Paccelli (in Comentários ao código de processo
penal e sua jurisprudência. 9. ed. rev. e atual. - São Paulo: Atlas, 2017,
pág. 590) consigna que “a nova redação dada ao art. 283 do CPP constitui,
inegavelmente, empecilho à execução provisória da pena”. O referido autor
continua, afirmando que, “[a]ntes dela (da Lei n° 132.403/11), a
determinação constitucional no sentido de que toda prisão decorreria de
ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente já impunha
a regra da proibição da execução provisória. No entanto, pensamos que a
previsão legal de imposição de prisão antes do trânsito em julgado poderia

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autorizar uma interpretação conforme (à Constituição), para o fim de,
excepcionalmente, aplicar-se a execução provisória, quando ausentes
quaisquer dúvidas a respeito da condenação e da imposição concreta de sua
modificação nas instâncias extraordinárias. Agora, como se vê, também
essa porta parece fechada. A própria Lei impede o juízo de exceção à regra
geral da proibição da execução provisória”. No mesmo sentido é a posição
de Guilherme de Souza Nucci (in Código de processo penal comentado. 16 ed.
rev., atual. e ampl. - Rio de Janeiro: Forense, 2017, pág. 730), para quem
“a solidificação da pena, após a sentença condenatória, perpetua-se em face
do trânsito em julgado”. Segundo o mencionado doutrinador, “essa situação
processual sempre obteve, doutrinária e jurisprudencialmente, uma única
definição: forma-se a coisa julgada material (trânsito em julgado), quando
se esgotam todos os recursos possíveis contra determinada decisão”.
Semelhante raciocínio pode ser transportado para os processos em trâmite na
Justiça Militar. Ademais, deve ser mencionado que a Lei de Execução
Penal também exige, para o início de cumprimento da pena privativa de
liberdade, o trânsito em julgado da sentença condenatória. Essa é a
inteligência do art. 105 combinado com o art. 107, in verbis: “Art. 105.
Transitando em julgado a sentença que aplicar pena privativa de liberdade,
se o réu estiver ou vier a ser preso, o Juiz ordenará a expedição de guia de
recolhimento para a execução. [...] Art. 107. Ninguém será
recolhido, para cumprimento de pena privativa de liberdade, sem a guia
expedida pela autoridade judiciária”. Não pode ser esquecido, também,
que, até o momento, não houve declaração de inconstitucionalidade dos
referidos dispositivos infraconstitucionais, de modo que, com espeque no
art. 5°, LVII, da Constituição, todos são plenamente aplicáveis.
Outrossim, consigno que, em nosso sistema jurídico, desde 1988, o
trânsito em julgado da decisão condenatória sempre se deu com o esgotamento
de todos os recursos e instâncias ordinárias e extraordinárias. Alterar
essa realidade jurídica exigiria novo disciplinamento constitucional e
legal, que só poderia se dar via Congresso Nacional, e não pelo Poder
Judiciário, uma vez que a posição do constituinte originário, ainda que não
agrade àqueles que perfilham da posição até então majoritária nesta Suprema
Corte, exige que seja trilhado o caminho previsto na Constituição Federal,
como se espera de um Estado que, além de democrático, também é de Direito.
Ademais, foi opção do constituinte de 1998 exigir o trânsito em julgado
da decisão condenatória, ao invés do esgotamento do duplo grau de
jurisdição, para considerar o acusado “culpado” pelo cometimento de um
crime. Nesse sentido, ainda que o sistema do duplo grau de jurisdição seja
adotado em outros países, o Estado brasileiro é soberano em suas escolhas
políticas e jurídicas. Feito esse registro, transcrevo agora, por
oportuno, o teor da decisão combatida: “Trata-se de pedido do Ministério
Público para que seja expedida Guia de Execução Provisória e Mandado de
Prisão de condenado(s) nos autos, a partir da execução provisória de pena
privativa de liberdade, a fim de ver aplicado ao presente caso entendimento
recente do Colendo Supremo Tribunal Federal, espelhado no julgamento do
Habeas Corpus n° 126.292/SP. Com razão o órgão ministerial. A
diretriz firmada pela Suprema Corte de Justiça, em 17/02/2016, ao julgar o
Habeas Corpus n° 126.292/SP, no sentido de que "a execução provisória de
acórdão penal condenatório proferido em grau de apelação, ainda que sujeito
a recurso especial ou extraordinário, não compromete o princípio
constitucional da presunção de inocência", constitui avanço interpretativo
que deve ser prestigiado. É sabido que o recurso especial e o
extraordinário, pela sua natureza excepcional, não se prestam à revisão de
aspectos fático-probatórios nem possuem efeito suspensivo (art. 637 do CPP e
art. 27, § 2°, da Lei no 8.038/90). Portanto, não obstam o início da
execução provisória. Além disso, como ressaltado pelo eminente Ministro
Teori Zavascki, por ocasião do referido julgamento, a execução de pena na
pendência desse tipo de recurso não compromete o princípio da não
culpabilidade porque a observância das prerrogativas constitucionais nas
instâncias ordinárias é bastante para preservação do núcleo essencial dessa
garantia. Ao citar lição da ilustre Ministra Ellen Gracie, ex-integrante
dos quadros do STF, a relataria também destacou que "em país nenhum do
mundo, depois de observado o duplo grau de jurisdição, a execução de uma
condenação fica suspensa, aguardando referendo da Suprema Corte". Sabe-se,
de há muito, que no nosso país as distorções do sistema recursal criminal
têm sido usadas com finalidade protelatória, gerando situações absurdas e
infindáveis prescrições, o que deve ser combatido pelos operadores do
direito. Tal posicionamento vem sendo corroborado pelos Tribunais
Pátrios. O Egrégio Superior Tribunal de Justiça ratificou a nova
interpretação, no dia 03/03/2016, quando da apreciação dos Embargos
Declaratórios no Recurso Especial n° 1.484.415/DF, cuja decisão encontra-se
a seguir ementada: […] Os fatos remontam ao ano de 2005. Após o
decreto condenatório, foi proferido acórdão pelo Eg. T JDF, confirmando os
termos (ainda que parcialmente) do decisum de primeiro grau e definindo o
regime prisional semiaberto. Posteriormente, a Defesa Técnica interpôs
recurso especial e recurso extraordinário, os quais se encontram pendentes
de julgamento. Destarte, não há óbice para a execução provisória da pena
dos condenados, porquanto, como se viu, recursos de natureza extraordinária
não estão dotados de efeito suspensivo, bem corno a sentença condenatória

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foi confirmada pelo Tribunal de Justiça. Nesse contexto, percebe-se que
a execução provisória exsurge como imperativo de justiça, com a
relativização do princípio da presunção de inocência, estando preservadas as
garantias constitucionais, a fim de se alcançar uma maior efetividade do
sistema de justiça criminal. Pelas razões expostas, DEFIRO o pedido
formulado pelo Ministério Público (fls. 1590/1591) e DETERMINO a expedição
de Carta de Guia de Execução Provisória e Mandado de Prisão em desfavor de
SAMI KUPERCHMIT” (págs. 2-5 do documento eletrônico 6). Conforme se
verifica, esse decisum contém apenas a remissão a julgado deste Supremo
Tribunal como argumento para decretação do início da execução da pena
imposta ao paciente, não se afigurando, portanto, a meu sentir, revestido de
motivação hábil, sobretudo se contrastada com o art. 5°, LXI, do texto
constitucional, que assegura a todos o direito de não ser preso “senão em
flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade
judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime
propriamente militar, definidos em lei”. E ainda que se possa argumentar
sobre o efeito vinculante resultante do julgamento do ARE 964.246/SP pelo
Plenário desta Corte, em se tratando de cerceamento da liberdade individual,
a decisão judicial correspondente há de ter em conta o princípio da
individualização da pena, abrigado no art. 5°, XLVI, do Texto Magno, que não
admite qualquer prisão baseada em expressões vagas ou genéricas. Em outras
palavras, precisa levar em consideração a situação particular do condenado.
Essa é a orientação pacífica deste Supremo Tribunal, segundo a qual:
“A exigência de motivação da individualização da pena – hoje, garantia
constitucional do condenado (CF, arts. 5º, XLVI, e 93, IX) –, não se
satisfaz com a existência na sentença de frases ou palavras quaisquer, a
pretexto de cumpri-la: a fundamentação há de explicitar a sua base empírica,
e esta, de sua vez, há de guardar relação de pertinência, legalmente
adequada, com a exasperação da sanção penal, que visou a justificar” (HC
69.419/MS, Rel. Min. Sepúlveda Pertence). Não se ignora que, com o
triunfo das revoluções liberais no já longínquo século XVIII, acabou-se com
a obrigatoriedade do cumprimento dos caprichos régios sob a justificativa de
que le roi le veut, ou seja, “o rei o quer”. No mesmo diapasão, é possível
afirmar, com segurança, que não se pode hoje atender a uma determinação
judicial ou, pior, mandar alguém para a prisão simplesmente porque le juge
le veut, quer dizer, porque “o juiz o quer”. Daí a previsão - ainda que
tardiamente acolhida entre nós - dos arts. 5°, LXI, e 93, IX, da
Constituição de 1988, os quais exigem expressamente a motivação das ordens
judiciais, que não podem emanar da simples vontade subjetiva dos julgadores
e nem veicular meras fórmulas legais ou jurisprudenciais desapegadas de um
contexto fenomenológico real e concreto. Registro, ainda, por oportuno,
que o entendimento deste Supremo Tribunal sobre a possibilidade de execução
antecipada da pena após a confirmação da condenação em segunda instância
vem, em boa hora, sofrendo temperamentos, à luz do texto constitucional,
seja sob a ótica do princípio da razoabilidade, em decisões prolatadas pelos
mais distintos tribunais do País. Em recente decisão no HC 366.907/PR, a
Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça entendeu que a “pendência ou
possibilidade de oposição de Embargos de Declaração impedem a execução
antecipada da pena, já que não exaurida a atuação das instâncias
ordinárias”, verbis: “HABEAS CORPUS. ART. 157, § 2º, I, II e V, DO CP.
EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA. DEFERIDO EM SENTENÇA O DIREITO DE RECORRER EM
LIBERDADE. NÃO ESGOTADA A JURISDIÇÃO ORDINÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. ORDEM
CONCEDIDA. 1. Consoante entendimento firmado pelo Supremo Tribunal
Federal no julgamento do ARE n. 964.243, sob a sistemática da repercussão
geral, é possível a execução da pena depois da prolação de acórdão em
segundo grau de jurisdição e antes do trânsito em julgado da condenação,
para garantir a efetividade do direito penal e dos bens jurídicos
constitucionais por ele tutelados. 2. Na hipótese em que foi permitido à
ré recorrer em liberdade, soa desarrazoado que a expedição de mandado de
prisão ocorra de forma automática, tão logo seja prolatado ou confirmado o
acórdão condenatório, ainda passível de integração pelo Tribunal de Justiça.
3. Ordem concedida para, confirmada a liminar, assegurar à paciente o
direito de aguardar em liberdade o esgotamento da jurisdição ordinária” (HC
366.907/PR, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz). No mesmo sentido, já se
anotavam decisões no âmbito do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, das
quais destaco o HC 2017.03.00.002292-3/SP, no qual o Desembargador Federal
Maurício Kato consignou que “o princípio da presunção da inocência, ainda
que não absoluto, obsta a execução provisória da sentença condenatória nos
casos em que se mostre possível assegurar ao acusado o direito à liberdade
provisória”. Aliás, constata-se que, a partir do entendimento do STF, o
qual, por julgamento majoritário, restringiu o princípio constitucional da
presunção de inocência, prisões passaram a ser decretadas, após a prolação
de decisões de segundo grau, de forma automática, na maior parte das vezes,
como já afirmado, sem qualquer fundamentação idônea. Esse retrocesso
jurisprudencial, de resto, como se viu, mereceu o repúdio praticamente
unânime dos especialistas em direito penal e processual penal, em particular
daqueles que militam na área acadêmica. Observe-se, além disso, que a
decisão proferida no HC 126.292/SP, de relatoria do Ministro Teori Zavascki,
não respeitou, necessariamente, o princípio do duplo grau de jurisdição, uma
vez que deu azo ao início do cumprimento de pena tanto do indivíduo

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absolvido em primeiro grau e condenado em segundo grau de jurisdição, bem
como daquele que apenas foi condenado em segunda instância, por ter foro por
prerrogativa de função em Tribunal de Justiça ou em Tribunal Regional
Federal. Essa última hipótese, inclusive, tive a oportunidade de
analisar, no exercício da Presidência (art. 13, VIII do RISTF), quando
deferi a liminar no HC 135.752 MC/PB, de relatoria do Ministro Edson Fachin,
para suspender a execução provisória do paciente, utilizando, dentre outros,
os seguintes fundamentos: “Não bastasse isso, observo que, na hipótese
sob exame, nem ao menos se assegurou ao paciente o duplo grau de jurisdição,
implícito no art. 5º, LV, da CF, como se observa da leitura de trecho
significativo do acórdão combatido: ‘7. É verdade que, na hipótese
presente, como um dos réus tem foro especial por prerrogativa de função, a
Ação Penal é de competência originária do TRF, inexistindo sentença de Juiz
singular anterior ao julgamento por este Órgão Colegiado. No entanto, tal
situação não afasta a aplicação do entendimento do STF, uma vez que está
encerrada a análise fático-probatória da Ação Penal nº 37/PB, com condenação
por Órgão Colegiado. Precedentes do STJ’. Nesse ponto, cumpre ressaltar
que o duplo grau de jurisdição integra a cláusula do due process of law, a
qual compreende não apenas um conjunto de regras de caráter formal e
substantivo destinado a assegurar a regularidade do processo judicial, mas
também uma garantia material de que ninguém será arbitrariamente privado de
seus direitos e liberdades. Para que isso se concretize, na prática, é
preciso que o sistema legal seja dotado de mecanismos que evitem, o mais
possível, a ocorrência de erros judiciários, sob pena de transformar-se em
letra morta o princípio do devido processo legal. O direito ao reexame
das decisões judiciais configura uma garantia constitucional, de caráter
instrumental, pois, ademais de estar compreendida no postulado do devido
princípio legal, configura axioma conatural ao atingimento dos fins últimos
do próprio Estado de Direito, que se assenta, antes de mais nada, no
princípio da legalidade, que não convive com qualquer tipo de arbítrio,
especialmente de cunho judicial. Os recursos, com efeito, têm uma
finalidade eminentemente política, visto que constituem instrumento de
proteção das liberdades individuais contra o despotismo dos agentes
públicos, em geral, e a própria falibilidade dos magistrados, em particular
Desse modo, não se mostra admissível que a interpretação de normas
infraconstitucionais, notadamente daquelas que integram o Código de Processo
Penal – instrumento cuja finalidade última é proteger o jus libertatis do
acusado diante do jus puniendi estatal – derrogue a competência
constitucional estrita fixada pela Carta Magna aos diversos órgão judicantes
e, mais, permita malferir o consagrado postulado do duplo grau de jurisdição
na esfera criminal, nela abrigado, em distintas ocasiões acolhido, de livre
e espontânea vontade, pelo Brasil, após a promulgação daquela, quando aderiu
sem reservas – que fique claro – ao Pacto de San José da Costa Rica, dentre
outras convenções internacionais de proteção aos direitos humanos”.
Registro, no entanto, que o Eminente Relator do feito Ministro Edson
Fachin, posteriormente negou seguimento à impetração, aplicando ao caso o
entendimento consolidado na Súmula 691. Em seguida, no julgamento do agravo
regimental interposto, a Primeira Turma desta Suprema Corte negou provimento
ao recurso. Não custa recordar, nesta oportunidade, que a proibição do
retrocesso, em matéria de direitos fundamentais, encontra-se expressamente
estampada no art. 30 da Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948,
elaborada sob os auspícios da Organização das Nações Unidas, considerada
pelos especialistas verdadeiro jus cogens em matéria de direito
internacional. No que pertine ao art. 637 do CPP, o qual dispõe ser o
recurso extraordinário desprovido de efeito suspensivo, permito-me rememorar
que, por ocasião do julgamento do HC 84.078/MG, de relatoria do Ministro
Eros Grau, trouxe à colação o ensinamento de três eminentes professores,
titulares de legislação processual, da Universidade de São Paulo, os mestres
Ada Pellegrini Grinover, Antônio Magalhães Filho, Antônio Scarance
Fernandes, de cujas lições selecionei um pequeno trecho: “Para o
processo penal, pode-se afirmar que a interposição, pela defesa, do recurso
extraordinário ou especial, e mesmo do agravo da decisão denegatória, obsta
a eficácia imediata do título condenatório penal, ainda militando em favor
do réu a presunção de não culpabilidade, incompatível com a execução
provisória da pena (ressalvados os casos de prisão cautelar)”. O efeito
suspensivo - diziam aqueles professores e dizem ainda, porque a achega
doutrinária deles sobrevive incólume - dos recursos extraordinários, com
relação à aplicação da pena, deriva da própria Constituição, devendo as
regras da lei ordinária, o art. 637 do CPP, serem revistas à luz da Lei
Maior. Com a devida vênia, ouso manifestar ainda a minha perplexidade
diante da guinada jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal com relação à
prisão antes do trânsito em julgado da sentença condenatória, sobretudo
porque ocorreu logo depois de esta Suprema Corte ter assentado, na ADPF 347
e no RE 592.581/RS, que o sistema penitenciário brasileiro se encontra em
situação falimentar. Naquela ocasião, o STF, de forma uníssona, afirmou
que as prisões do País se encontram num estado de coisas inconstitucional.
Não obstante, poucas sessões depois, decidiu facilitar a entrada de acusados
neste verdadeiro inferno de Dante que é o sistema prisional pátrio. Em
outras palavras, abrandou esse princípio maior da Carta Magna, a presunção
de inocência, que configura verdadeira cláusula pétrea. A propósito, em

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recentes decisões, o Ministro Celso de Mello deferiu o pedido de medida
cautelar nos HC 147.452-MC/MG; HC 147.469-MC/SP; e RHC 129.663-ED-AgR/RS
para suspender a execução provisória da pena, por entender que,
“Assentadas tais premissas, passo a examinar o pedido de medida cautelar
ora formulado nesta sede processual. E, ao fazê-lo, saliento que eminentes
Ministros desta Corte, em diversos processos [...] têm concedido provimentos
cautelares (ou, até mesmo, deferido o próprio writ constitucional) em
situações como aquelas, por exemplo, em que Tribunais de inferior
jurisdição, ao ordenarem a expedição de mandados de prisão, para efeito de
‘execução provisória’, (a) limitam-se a simplesmente mencionar, sem qualquer
fundamentação idônea, os precedentes a que aludi logo no início desta
decisão, ou (b) fazem-no sem que ainda tenha sido esgotada a jurisdição
ordinária, pois pendentes de julgamento embargos de declaração ou embargos
infringentes e de nulidade do julgado (CPP, art. 609, parágrafo único), ou,
ainda, (c) determinam a imediata e antecipada efetivação executória de seu
julgado com transgressão ao postulado que veda a reformatio in pejus, eis
que a ordem de prisão é dada em recursos interpostos unicamente pelo réu
condenado a quem se garantira, anteriormente, sem qualquer impugnação do
Ministério Público, o direito de aguardar em liberdade a conclusão do
processo. O caso ora em análise parece ajustar-se às hipóteses sob (a) e
(c), cabendo destacar, quanto a esse último aspecto, que a colenda Segunda
Turma deste Tribunal, em 08/08/2017, iniciou o julgamento, suspenso por
pedido de vista, de uma ação de habeas corpus (HC 136.720/PB), no qual já se
formou maioria pela concessão da ordem, em que o eminente Relator, Ministro
RICARDO LEWANDOWSKI, propôs o deferimento do writ precisamente em virtude de
violação ao princípio que proíbe a reformatio in pejus, em situação na qual
o Tribunal apontado como coator ordenou a imediata execução antecipada da
pena, fazendo-o, contudo, em recurso exclusivo do réu, a quem se assegurara,
sem qualquer oposição recursal do Ministério Público, o direito de aguardar
em liberdade o desfecho do processo, transgredindo-se, desse modo, postulado
fundamental que conforma e condiciona a atuação do Poder Judiciário (HC
142.012-MC/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI - HC 142.017-MC/DF, Rel. Min.
RICARDO LEWANDOWSKI, v.g.)” (grifos no original). Ademais, menciono que,
mesmo após o julgamento do HC 126.292/SP, o Ministro Marco Aurélio deferiu
liminares para suspender a execução provisória da pena, como pode ser visto
nos HCs 144.712-MC/SP; 145.380-MS/SP; e 146.006-MC/PE. Registro, ainda,
que, no julgamento do HC 142.173/SP, pela Segunda Turma, o Ministro Gilmar
Mendes, Relator do feito, adiantou uma mudança do seu posicionamento,
externado no julgamento do HC 126.292/SP, de relatoria do Ministro Teori
Zavascki, ocasião na qual compôs a maioria, consignando em seu voto que:
“No julgamento do HC 126.292/SP, o Ministro Dias Toffoli votou no
sentido de que a execução da pena deveria ficar suspensa com a pendência de
recurso especial ao STJ, mas não de recurso extraordinário ao STF. Para
fundamentar sua posição, sustentou que a instituição do requisito de
repercussão geral dificultou a admissão do recurso extraordinário em matéria
penal, que tende a tratar de tema de natureza individual e não de natureza
geral ao contrário do recurso especial, que abrange situações mais comuns de
conflito de entendimento entre tribunais. Manifesto, desde já, minha
tendência em acompanhar o Ministro Dias Toffoli no sentido de que a execução
da pena com decisão de segundo grau deve aguardar o julgamento do recurso
especial pelo STJ. Assinalo também minha preocupação com a decretação da
prisão preventiva, de modo padronizado, sem que o magistrado aponte
concretamente a necessidade da medida extrema. Registro também que o
STF, com o julgamento do HC 126.292/SP, não legitimou toda e qualquer prisão
decorrente de condenação de segundo grau. Nós admitimos que será permitida a
prisão a partir da decisão de 2º grau, mas não dissemos que ela é
obrigatória. Evidenciado o constrangimento ilegal, em razão da ausência
de demonstração da imprescindibilidade da medida extrema, esta Corte deverá
invalidar a ordem de prisão expedida” (grifei). Em momento posterior, o
Ministro Gilmar Mendes, confirmando a evolução previamente anunciada,
deferiu a liminar no HC 146.815-MC/MG, suspendendo a execução provisória da
pena. Por fim, cumpre registrar que na sentença de primeiro grau
determinou-se "aos réus o direito de recorrerem [...] em liberdade, uma vez
que, a despeito da gravidade dos delitos praticados, não se encontram
segregados provisoriamente pelo presente feito, pois ausentes os
pressupostos da prisão preventiva" (pág. 17 do documento eletrônico 2).
E, no acórdão, o recurso dos réus foi conhecido e parcialmente provido
para afastar a pena de multa, sendo o do Parquet também parcialmente
provido, apenas para “decretar a perda do cargo público de auditor
tributário do primeiro e da segunda apelantes e para estabelecer o regime
semiaberto de cumprimento da pena privativa de liberdade a todos os réus”
(pág. 8 do documento eletrônico 4). Com efeito, ficou consignado no
dispositivo da sentença que, sem a decretação da custódia cautelar, o
paciente poderia apelar em liberdade – comando que, a meu ver, não pode ser
interpretado restritivamente, impedindo, por conseguinte, que o magistrado
de primeiro grau determine sua prisão depois de julgado o recurso de
apelação, sem que o titular da ação penal incondicionada recorresse nesse
sentido. Registre-se, também, que a antecipação do cumprimento da pena,
em qualquer grau de jurisdição, somente pode ocorrer mediante um
pronunciamento específico e fundamentado que demonstre, à saciedade, e com

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base em elementos concretos, a necessidade da custódia cautelar. Assim,
verificando que o caso em espécie se assemelha àquele tratado no HC
140.217/DF, bem como nos HC’s 135.951/DF, 142.012/DF e 142.017/DF, todos de
minha relatoria, entendo que ocorreu a formação da coisa julgada do direito
de o paciente recorrer em liberdade. Por essas razões, constatada a
excepcionalidade da situação em análise faz necessária a suspensão da
execução da pena imposta ao paciente. Isso posto, tendo em conta que a
conclusão a que chego neste habeas corpus em nada conflita com as decisões
majoritárias desta Suprema Corte, acima criticadas, com o respeito de praxe,
confirmando as liminares, concedo a ordem de habeas corpus (art. 192, caput,
do RISTF), para que os pacientes possam aguardar, em liberdade, o trânsito
em julgado da sentença penal condenatória proferida no Processo
2005.01.1.064173-9, sem prejuízo da manutenção ou fixação, pelo juízo
processante, de uma ou mais de uma das medidas cautelares previstas no art.
319 do Código de Processo Penal, caso entenda necessário. Comunique-se
com urgência. Expeça-se alvará de soltura clausulado. Publique-se.
Brasília, 14 de novembro de 2017. Ministro Ricardo Lewandowski Relator

fim do documento

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Decisões Monocráticas

HC 142012 MC / DF - DISTRITO FEDERAL


MEDIDA CAUTELAR NO HABEAS CORPUS
Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI
Julgamento: 26/04/2017

Publicação

PROCESSO ELETRÔNICO
DJe-088 DIVULG 27/04/2017 PUBLIC 28/04/2017

Partes

PACTE.(S) : LUIZ CARLOS SANTIAGO PAPA


IMPTE.(S) : BRUNO RODRIGUES
COATOR(A/S)(ES) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
ADV.(A/S) : SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS

Decisão
Trata-se de habeas corpus, com pedido de liminar, impetrado em favor de Luiz
Carlos Santiago Papa, contra o acórdão proferido pela Sexta Turma do
Superior Tribunal de Justiça - STJ, que negou provimento ao AgR no RHC
71.578/DF, de relatoria do Ministro Antonio Saldanha Palheiro. Inicialmente,
o impetrante narra que o paciente “[...] respondeu à Ação Penal n.
2005.01.1.068173-4, perante o Juízo da 03ª Vara Criminal da Circunscrição
Judiciária de Brasília/DF, pela suposta prática do delito previsto no art.
3º, inc. II c/c art. 11 da Lei n. 8.137/1990, na forma do art. 71 do Código
Penal. Foi condenado em 1ª Instância à pena de 03 (três) anos e 09 (nove)
meses de reclusão, constando expressamente na sentença penal condenatória
que as consequências da condenação estavam condicionadas ao trânsito em
julgado da referida sentença […]. [...] O Paciente interpôs recurso de
apelação, o qual teve parcial provimento, mantida, porém, a condenação pelo
Egrégio TJDFT. O MPDFT também recorreu, todavia não se insurgiu contra a
cláusula expressa estabelecida na sentença de 1º grau no sentido de que
somente após o trânsito em julgado é que se deveria expedir a respectiva
carta de guia para execução. Julgadas as apelações das partes, a pena do
Paciente restou fixada em 04 (quatro) anos e 01 (um) mês de reclusão. Foram
interpostos os respectivos recursos especial e extraordinário. O recurso
especial foi admitido pela presidência do TJDFT. Inadmitido o recurso
extraordinário, foi apresentado agravo” (págs. 4-5 do documento eletrônico
1; grifos no original). Indica que, “[E]mbora não tendo ocorrido o trânsito
em julgado da sentença penal condenatória – condição expressamente
estabelecida no caso concreto para o início da execução da pena – o MM Juízo
de 1º grau, empolgado com as recentes decisões do STF sobre a possibilidade
de cumprimento de pena imediatamente ao julgamento em 02º grau de
jurisdição, proferiu decisão determinando a expedição de ordem de prisão em
desfavor do ora Paciente […]” (pág. 6 do documento eletrônico 1). Ademais,
informa que impetrou habeas corpus no Tribunal de Justiça do Distrito
Federal e dos Territórios – TJDFT, o qual “[…] respaldou a manifesta
ilegalidade perpetrada na decisão proferida pelo juízo de 1º Grau, que
incorreu, na prática, em reformatio in pejus, ante a cláusula expressa da
sentença condenatória – contra a qual o MPDFT não recorreu – condicionando o
início da execução da pena a trânsito em julgado” (pág. 11 do documento
eletrônico 1; grifos no original). Contra a referida decisão, apresentou
recurso ordinário em habeas corpus, ao qual foi negado provimento pelo
Ministro Relator. A decisão foi confirmada no julgamento do agravo
regimental. Contra a decisão do STJ é o presente writ, dirigido a este
Tribunal, no qual a defesa pede a concessão da liminar para determinar a
“sustação da ordem de expedição de guia de execução provisória e mandado de
prisão em desfavor do Paciente nos autos do processo n. 2005.01.1.068173-4”
(pág. 28 do documento eletrônico 1). No mérito, requer a concessão da ordem
para “[...] que se respeite a cláusula constante da sentença de primeiro
grau estabelecendo expressamente que a expedição de guia de execução e de

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mandado de prisão somente poderiam ocorrer após o trânsito em julgado da
sentença penal condenatória, com esgotamento de todos os recursos, bem assim
que se assegure a aplicação do disposto no art. 105 da Lei de Execuções
Penais” (pág. 29 do documento eletrônico 1). É o relatório. Decido o pedido
de liminar. Bem examinados os autos, tenho que o caso é de deferimento do
pleito de urgência. A concessão de liminar em habeas corpus se dá de forma
excepcional, nas hipóteses em que se demonstre, de modo inequívoco, dada a
natureza do próprio pedido, a presença dos requisitos autorizadores da
medida. Na análise que se faz possível nesta fase processual, entendo
estarem presentes tais requisitos. Com efeito, menciono que, nos autos do HC
140.217/DF, de minha relatoria, deferi medida liminar para suspender a
execução provisória da pena de indivíduo, em caso análogo, por constatar a
excepcionalidade daquela situação, utilizando os seguintes fundamentos: “A
impetração funda-se na suposta violação da coisa julgada de parte da
sentença condenatória que teria assegurado ao paciente o direito de recorrer
em liberdade. Alega-se, dessa forma, que, como esse aspecto não foi objeto
de recurso por parte do Ministério Público, e, portanto, na segunda
instância, o paciente teria direito de recorrer em liberdade, porquanto tal
situação implicaria a formação da coisa julgada no ponto. É que, na
sentença, determinou-se ‘aos réus o direito de recorrerem [...] em
liberdade, uma vez que, a despeito da gravidade dos delitos praticados, não
se encontram segregados provisoriamente pelo presente feito, pois ausentes
os pressupostos da prisão preventiva’ (pág. 17 do documento eletrônico 2).
E, no acórdão, o recurso dos réus foi conhecido e parcialmente provido para
afastar a pena de multa, sendo o do Parquet também parcialmente provido,
apenas para “decretar a perda do cargo público de auditor tributário do
primeiro e da segunda apelantes e para estabelecer o regime semiaberto de
cumprimento da pena privativa de liberdade a todos os réus” (pág. 8 do
documento eletrônico 4). Em seguida, o Ministério Público, tendo em conta a
decisão deste Tribunal no julgamento do HC 126.292/SP, Rel. Ministro Teori
Zavascki – que afirmou a possibilidade do início da execução da pena após
condenação em segunda instância –, entendeu haver razão para peticionar ao
juízo de primeiro grau e requerer a prisão do paciente, no que foi atendido.
Vê-se, portanto, que a situação dos autos é teratológica, uma vez que, em
decorrência de uma petição incidental do Parquet, o juízo utilizou-se de uma
forma imprópria para modificar a fundamentação do acórdão, valendo-se de
expediente não agasalhado pela legislação processual penal, o que configura,
mutatis mutandis, uma reformatio in pejus, vedada pelo art. 617 do Código de
Processo Penal . Com efeito, tal capítulo da sentença não foi objeto de
reforma pelo Tribunal de Justiça, não havendo falar, agora, em possibilidade
de alterar-se uma decisão judicial, ainda pendente de recurso nos tribunais
superiores, sem que tal se dê pela via processual apropriada, pela simples
razão de o Supremo Tribunal ter alterado a sua jurisprudência no tocante ao
tema da execução provisória da pena, ainda não confirmada em julgamento de
mérito pelo Plenário - cumpre registrar - de modo a dotá-lo de efeito erga
omnes e força vinculante. Para prender um cidadão é preciso mais do que o
simples acatamento de uma petição ministerial protocolada em primeiro grau,
sobretudo quando estão em jogo valores essenciais à própria existência do
Estado Democrático de Direito como a liberdade e o devido processo legal. A
determinação de que a condenação seria executada apenas após o trânsito em
julgado faz parte das decisões pretorianas prolatadas em primeiro e segundo
graus de jurisdição, as quais em nenhum momento foram atacadas, no ponto,
pelos meios processuais adequados. Trânsito em julgado difere
substancialmente – como é óbvio – de julgamento em segundo grau. A vontade
do magistrado singular e dos juízes que integraram o colegiado recursal
manifestaram, explícita e também implicitamente, a vontade de que a primeira
das duas hipóteses regesse a eventual prisão do paciente. A antecipação do
cumprimento da pena, no caso singular sob exame, somente poderia ocorrer
mediante um pronunciamento específico e justificado que demonstrasse, à
saciedade, e com base em elementos concretos, a necessidade da custódia
cautelar”. Posteriormente, em 28/3/2017, deferi a medida liminar no HC
135.951/DF, também em tudo semelhante, impetrado em favor do ora paciente.
Observo que naqueles casos, assim como aqui, a matéria de fundo diz respeito
à suposta violação da coisa julgada de parte da sentença condenatória que
teria assegurado ao paciente o direito de recorrer em liberdade. Isso
porque, como pode se ver, no dispositivo da sentença, ficou consignado que
os acusados, dentre eles o ora paciente, responderam ao processo em
liberdade e, “estando encerrada a instrução e não havendo notícia de mudança
na situação fática, ausentes, pois, os requisitos ensejadores da segregação
de natureza cautelar, CONCEDO AOS ACUSADOS O DIREITO DE RECORRER EM
LIBERDADE, salvo se por outro motivo houverem de ser recolhidos” (pág. 36 do
documento eletrônico 7; grifos no original). Deve ser ressaltado que a
sentença condenatória assegurou ao paciente o direito de recorrer em
liberdade, de modo que, como esse aspecto não foi objeto de recurso por
parte do Ministério Público, o paciente tem o direito de recorrer em
liberdade, porquanto tal situação implicaria a formação da coisa julgada no
ponto. Além disso, no acórdão, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e
dos Territórios, apesar de dar parcial provimento às apelações dos réus e do
Ministério Público (documento eletrônico 8), sequer tratou da parte do
dispositivo da sentença que garantiu ao paciente o direito de permanecer em

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liberdade durante a fase recursal. Ocorre que o Ministério Público, levando
em consideração a decisão deste Tribunal no julgamento do HC 126.292/SP, de
relatoria do Ministro Teori Zavascki – que afirmou a possibilidade do início
da execução da pena após condenação em segunda instância, peticionou ao
juízo de primeiro grau requerendo a prisão do paciente, no que foi atendido
(documento eletrônico 13). Vê-se, portanto, assim como constatei nos autos
dos HC’s 135.951/DF e 140.217/DF, que a situação dos autos também é
teratológica, uma vez que, em decorrência de uma petição incidental do
Parquet, o juízo da 3ª Vara Criminal de Brasília utilizou-se de uma forma
imprópria para modificar a fundamentação do acórdão, valendo-se de
expediente não agasalhado pela legislação processual penal, o que configura,
mutatis mutandis, uma reformatio in pejus, vedada pelo art. 617 do Código de
Processo Penal. Com efeito, tal capítulo da sentença não foi objeto de
reforma pelo Tribunal de Justiça local, não havendo falar, agora, em
possibilidade de alterar-se uma decisão judicial, ainda pendente de recurso
nos tribunais superiores, sem que tal se dê pela via processual apropriada,
pela simples razão de o Supremo Tribunal ter alterado a sua jurisprudência
no tocante ao tema da execução provisória da pena, ainda não confirmada em
julgamento de mérito pelo Plenário - cumpre registrar - de modo a dotá-lo de
efeito erga omnes e força vinculante. Para prender um cidadão é preciso mais
do que o simples acatamento de uma petição ministerial protocolada em
primeiro grau, sobretudo quando estão em jogo valores essenciais à própria
existência do Estado Democrático de Direito, como a liberdade e o devido
processo legal. A determinação de que a condenação seria executada apenas
após o trânsito em julgado faz parte das decisões pretorianas prolatadas em
primeiro e segundo graus de jurisdição, as quais em nenhum momento foram
atacadas, no ponto, pelos meios processuais adequados. Trânsito em julgado
difere substancialmente – como é óbvio – de julgamento em segundo grau. A
vontade do magistrado singular e dos juízes que integraram o colegiado
recursal manifestaram, explícita e também implicitamente, a vontade de que a
primeira das duas hipóteses regesse a eventual prisão do paciente. A
antecipação do cumprimento da pena, no caso singular sob exame, somente
poderia ocorrer mediante um pronunciamento específico e justificado que
demonstrasse, satisfatoriamente, e com base em elementos concretos, a
necessidade da custódia cautelar. Assim, da análise dos autos, verificando
que o caso se assemelha em tudo àqueles tratados nos HC’s 135.951/DF e
140.217/DF, entendo aplicáveis aqui os mesmos fundamentos por mim adotados
nos referidos precedentes. Por essas razões, constatada a excepcionalidade
da situação em análise, defiro a medida liminar para que seja suspensa a
execução da pena determinada nos autos da Ação Penal 2005.01.1.068173-4, em
trâmite na 3ª Vara Criminal de Brasília, até que o mérito deste habeas
corpus seja julgado pelo colegiado competente. Comunique-se, com urgência,
ao Juízo da 3ª Vara Criminal de Brasília, requisitando-lhe informações.
Após, ouça-se a Procuradoria-Geral da República. Publique-se. Brasília, 26
de abril de 2017. Ministro Ricardo Lewandowski Relator

Legislação

LEG-FED DEL-002848 ANO-1940


ART-00071
CP-1940 CÓDIGO PENAL
LEG-FED LEI-007210 ANO-1984
ART-00105
LEP-1984 LEI DE EXECUÇÃO PENAL
LEG-FED LEI-008137 ANO-1990
ART-00003 INC-00002 ART-00011
LEI ORDINÁRIA

Observação

26/02/2018
Legislação feita por:(NLS).

fim do documento

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Decisões Monocráticas

HC 147428 / MG - MINAS GERAIS


HABEAS CORPUS
Relator(a): Min. CELSO DE MELLO
Julgamento: 04/10/2017

Publicação

PROCESSO ELETRÔNICO
DJe-231 DIVULG 06/10/2017 PUBLIC 09/10/2017

Partes

PACTE.(S) : THIAGO FELIPHE MONTEIRO LOPES DA SILVA


IMPTE.(S) : IGOR LIMA COUY
COATOR(A/S)(ES) : RELATORA DO HC Nº 412.332 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Decisão
EMENTA: A QUESTÃO DA EXECUÇÃO PROVISÓRIA DE CONDENAÇÕES PENAIS NÃO
TRANSITADAS EM JULGADO. INTERPRETAÇÃO DO ART. 5º, INCISO LVII, DA
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. EXIGÊNCIA CONSTITUCIONAL DE PRÉVIO E EFETIVO
TRÂNSITO EM JULGADO DA CONDENAÇÃO CRIMINAL COMO REQUISITO LEGITIMADOR DA
EXECUÇÃO DA PENA. DIREITO COMPARADO: ITÁLIA E PORTUGAL, CUJAS CONSTITUIÇÕES
SOMENTE FAZEM CESSAR A PRESUNÇÃO “JURIS TANTUM” DE INOCÊNCIA COM O ADVENTO
DE SENTENÇA CONDENATÓRIA IRRECORRÍVEL. DISSENSO INTERNO REGISTRADO NO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. POSSÍVEL ALTERAÇÃO DE RECENTE DIRETRIZ
JURISPRUDENCIAL QUE SE FORMOU, NESTA CORTE, POR EXÍGUA MAIORIA (6 VOTOS A
5). POSIÇÃO DO RELATOR (MINISTRO CELSO DE MELLO), INTEGRANTE DA CORRENTE
MINORITÁRIA, QUE ENTENDE NECESSÁRIO O PRÉVIO E EFETIVO TRÂNSITO EM JULGADO
DA CONDENAÇÃO CRIMINAL, PARA EFEITO DE SUA EXECUÇÃO DEFINITIVA (LEP, arts.
105 e 147; CP, art. 50; CPPM, arts. 592, 594 e 604). INADMISSIBILIDADE DE
ANTECIPAÇÃO FICTA DO TRÂNSITO EM JULGADO, QUE CONSTITUI NOÇÃO INEQUÍVOCA EM
MATÉRIA PROCESSUAL. A IMPOSSIBILIDADE CONSTITUCIONAL DE EXECUÇÃO PROVISÓRIA
DA PENA, CONTUDO, NÃO IMPEDE O JUDICIÁRIO, COM APOIO EM SEU PODER GERAL DE
CAUTELA, DE DECRETAR PRISÃO CAUTELAR DO INVESTIGADO OU DO RÉU, SEJA NO
ÂMBITO DE INQUÉRITO POLICIAL, SEJA NO CURSO DO PROCESSO JUDICIAL, SEJA,
AINDA, APÓS SENTENÇA CONDENATÓRIA RECORRÍVEL. A UTILIZAÇÃO DA PRISÃO
CAUTELAR, SEMPRE POSSÍVEL, ATUA COMO IMPORTANTE INSTRUMENTO DE DEFESA
SOCIAL, REVELANDO-SE APTA A NEUTRALIZAR PRÁTICAS CRIMINOSAS QUE SE REGISTREM
NO SEIO DA COLETIVIDADE. CONCESSÃO, NO CASO, DA ORDEM DE “HABEAS CORPUS”
SUSPENSIVA DE EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA CONDENAÇÃO CRIMINAL DO PACIENTE, EM
RAZÃO DE 02 (DOIS) MOTIVOS JURIDICAMENTE RELEVANTES: (a) AUSÊNCIA, NO ATO
DECISÓRIO QUE DETERMINOU O INÍCIO DA EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA, DE
FUNDAMENTAÇÃO, IDÔNEA E ADEQUADA, EXIGIDA PELA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA
(ART. 93, IX) E (b) OFENSA AO PRINCÍPIO QUE VEDA A “REFORMATIO IN PEJUS”
(CPP, ART. 617, “in fine”), POIS O TRIBUNAL DE INFERIOR JURISDIÇÃO ORDENOU
QUE SE PROCEDESSE, EM PRIMEIRO GRAU, À IMEDIATA EXECUÇÃO ANTECIPADA DA PENA,
NÃO OBSTANTE ESSE COMANDO HOUVESSE SIDO DETERMINADO EM RECURSO EXCLUSIVO DO
RÉU CONDENADO, A QUEM SE ASSEGURARA, NO ENTANTO, EM MOMENTO ANTERIOR, SEM
IMPUGNAÇÃO RECURSAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO, O DIREITO DE AGUARDAR EM
LIBERDADE A CONCLUSÃO DO PROCESSO. EXISTÊNCIA, NO SENTIDO DA PRESENTE
DECISÃO, DE DIVERSOS OUTROS ATOS DECISÓRIOS PROFERIDOS NO ÂMBITO DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL. PEDIDO DEFERIDO. DECISÃO: Trata-se de “habeas corpus”
impetrado contra decisão monocrática que, emanada de eminente Ministra do E.
Superior Tribunal de Justiça em sede de outra ação de “habeas corpus” ainda
em curso (HC 412.332/MG), indeferiu pleito cautelar que lhe havia sido
requerido em favor do ora paciente, por entender legítima a “execução
provisória” da condenação penal ainda recorrível proferida ou confirmada por
Tribunal de segunda instância, apoiando-se, para tanto, em precedente desta
Suprema Corte. Busca-se, nesta sede processual, seja garantido ao ora
paciente o direito de estar em liberdade. Registro que, em juízo de estrita
delibação, deferi o pedido de medida liminar formulado nestes autos, por
vislumbrar plausibilidade jurídica na pretensão deduzida pela parte

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impetrante. O Ministério Público Federal, em pronunciamento da lavra do
ilustre Subprocurador-Geral da República Dr. EDSON OLIVEIRA DE ALMEIDA,
opinou pela denegação da ordem de “habeas corpus”. Sendo esse o quadro,
passo a apreciar a admissibilidade do presente “writ”. E, ao fazê-lo, devo
observar que ambas as Turmas do Supremo Tribunal Federal firmaram orientação
no sentido da incognoscibilidade desse remédio constitucional, quando
ajuizado, como no caso em análise, em face de decisão monocrática proferida
por Ministro de Tribunal Superior da União (HC 116.875/AC, Rel. Min. CÁRMEN
LÚCIA – HC 117.346/SP, Rel. Min. CÁRMEN LÚCIA – HC 117.798/SP, Rel. Min.
RICARDO LEWANDOWSKI – HC 118.189/MG, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC
119.821/TO, Rel. Min. GILMAR MENDES – HC 121.684-AgR/SP, Rel. Min. TEORI
ZAVASCKI – HC 122.381-AgR/SP, Rel. Min. DIAS TOFFOLI – HC 122.718/SP, Rel.
Min. ROSA WEBER – RHC 114.737/RN, Rel. Min. CÁRMEN LÚCIA – RHC 114.961/SP,
Rel. Min. DIAS TOFFOLI, v.g.): “’HABEAS CORPUS’. CONSTITUCIONAL. PENAL.
DECISÃO MONOCRÁTICA QUE NEGOU SEGUIMENTO A RECURSO ESPECIAL. SUPRESSÃO DE
INSTÂNCIA. IMPETRAÇÃO NÃO CONHECIDA. I – (…) verifica-se que a decisão
impugnada foi proferida monocraticamente. Desse modo, o pleito não pode ser
conhecido, sob pena de indevida supressão de instância e de extravasamento
dos limites de competência do STF descritos no art. 102 da Constituição
Federal, o qual pressupõe seja a coação praticada por Tribunal Superior.
…...................................................................................................
III – ‘Writ’ não conhecido.” (HC 118.212/MG, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI –
grifei) Esta Suprema Corte, como se vê dos precedentes acima referidos,
compreende que a cognoscibilidade da ação de “habeas corpus” supõe a
existência de decisão colegiada da Corte Superior apontada como coatora,
situação inocorrente na espécie. Tenho respeitosamente dissentido, em
caráter pessoal, dessa diretriz jurisprudencial, por nela vislumbrar grave
restrição ao exercício do remédio constitucional do “habeas corpus”. Não
obstante a minha posição pessoal, venho observando, em recentes julgamentos,
essa orientação restritiva, hoje consolidada na jurisprudência da Corte, em
atenção ao princípio da colegialidade. Assinalo, no entanto, que, mesmo em
impetrações deduzidas contra decisões monocráticas de Ministros de outros
Tribunais Superiores da União, a colenda Segunda Turma do Supremo Tribunal
Federal, ainda que não conhecendo do “writ” constitucional, tem concedido,
“ex officio”, a ordem de “habeas corpus”, quando se evidencie patente a
situação caracterizadora de injusto gravame ao “status libertatis” do
paciente (HC 118.560/SP, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI, v.g.). Por tal
razão, examino a matéria veiculada neste “writ”. E, ao fazê-lo, entendo que
a análise objetiva das razões invocadas na presente impetração revela ser
inquestionável o relevo jurídico da pretensão deduzida pelo impetrante.
Cumpre rememorar que o Supremo Tribunal Federal consagrou diretriz que –
resultante de julgamentos efetuados, em sede cautelar, no âmbito de
processos objetivos de fiscalização concentrada de constitucionalidade (ADC
43-MC/DF, Rel. Min. MARCO AURÉLIO – ADC 44-MC/DF, Rel. Min. MARCO AURÉLIO) –
culminou no reconhecimento da existência de repercussão geral relativa à
questão jurídico-constitucional pertinente à legitimidade da execução
provisória de sentença condenatória criminal (ARE 964.246-RG/SP, Rel. Min.
TEORI ZAVASCKI). Ao participar dos julgamentos que consagraram os
precedentes referidos, integrei a corrente minoritária, por entender que a
tese da execução provisória de condenações penais ainda recorríveis
transgride, de modo frontal, a presunção constitucional de inocência, que só
deixa de subsistir ante o trânsito em julgado (que não pode ser fictício) da
decisão condenatória (CF, art. 5º, LVII). Acentuei, então, que eventual
inefetividade da jurisdição penal ou do sistema punitivo motivada pela
prodigalização de meios recursais, culminando por gerar no meio social a
sensação de impunidade, não pode ser atribuída à declaração constitucional
do direito fundamental de ser presumido inocente, pois não é essa
prerrogativa básica que frustra o sentimento de justiça dos cidadãos ou que
provoca qualquer crise de funcionalidade do aparelho judiciário. Na
realidade, a solução dessa questão há de ser encontrada na reformulação do
sistema processual e na busca de meios que, adotados pelo Poder Legislativo,
confiram maior coeficiente de racionalidade ao modelo recursal, mas não,
como se decidiu, na inaceitável desconsideração de um dos direitos
fundamentais a que fazem jus os cidadãos desta República fundada no conceito
de liberdade e legitimada pelo princípio democrático. A posição que
prevaleceu naqueles julgamentos reflete – segundo entendo – preocupante
inflexão hermenêutica, de índole regressista, em torno do pensamento
jurisprudencial desta Suprema Corte no plano sensível dos direitos e
garantias individuais, retardando, em minha percepção, o avanço de uma
significativa agenda judiciária concretizadora das liberdades fundamentais
em nosso País. O fato incontestável no domínio da presunção constitucional
de inocência reside na circunstância de que nenhuma execução de condenação
criminal em nosso País, mesmo se se tratar de simples pena de multa, pode
ser implementada sem a existência do indispensável título judicial
definitivo, resultante, como sabemos, do necessário trânsito em julgado da
sentença penal condenatória. Antes desse momento – é preciso advertir –, o
Estado não pode tratar os indiciados ou os réus como se culpados fossem. A
presunção de inocência impõe, desse modo, ao Poder Público um dever de
tratamento que não pode ser desrespeitado por seus agentes e autoridades,
como vinha acentuando, em sucessivos julgamentos, esta Corte Suprema (HC

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14/03/2018 Pesquisa de Jurisprudência :: STF - Supremo Tribunal Federal
96.095/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO – HC 121.929/TO, Rel. Min. ROBERTO
BARROSO – HC 124.000/SP, Rel. Min. MARCO AURÉLIO – HC 126.846/SP, Rel. Min.
TEORI ZAVASCKI – HC 130.298/SP, Rel. Min. GILMAR MENDES, v.g.): “(…) O
POSTULADO CONSTITUCIONAL DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA IMPEDE QUE O ESTADO
TRATE, COMO SE CULPADO FOSSE, AQUELE QUE AINDA NÃO SOFREU CONDENAÇÃO PENAL
IRRECORRÍVEL. – A prerrogativa jurídica da liberdade – que possui extração
constitucional (CF, art. 5º, LXI e LXV) – não pode ser ofendida por
interpretações doutrinárias ou jurisprudenciais que, fundadas em preocupante
discurso de conteúdo autoritário, culminam por consagrar, paradoxalmente, em
detrimento de direitos e garantias fundamentais proclamados pela
Constituição da República, a ideologia da lei e da ordem. Mesmo que se trate
de pessoa acusada da suposta prática de crime hediondo, e até que sobrevenha
sentença penal condenatória irrecorrível, não se revela possível – por
efeito de insuperável vedação constitucional (CF, art. 5º, LVII) – presumir-
lhe a culpabilidade. Ninguém pode ser tratado como culpado, qualquer que
seja a natureza do ilícito penal cuja prática lhe tenha sido atribuída, sem
que exista, a esse respeito, decisão judicial condenatória transitada em
julgado. O princípio constitucional da presunção de inocência, em nosso
sistema jurídico, consagra, além de outras relevantes consequências, uma
regra de tratamento que impede o Poder Público de agir e de se comportar, em
relação ao suspeito, ao indiciado, ao denunciado ou ao réu, como se estes já
houvessem sido condenados, definitivamente, por sentença do Poder
Judiciário. Precedentes.” (HC 93.883/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO) Acho
importante destacar, com vênia à corrente majoritária que se formou nesta
Corte, que a presunção de inocência não se esvazia progressivamente, à
medida em que se sucedem os graus de jurisdição. Isso significa, portanto,
que, mesmo confirmada a condenação penal por um Tribunal de segunda
instância, ainda assim subsistirá, segundo entendo, em favor do sentenciado,
esse direito fundamental, que só deixará de prevalecer – repita-se – com o
trânsito em julgado da sentença penal condenatória, como claramente
estabelece, em texto inequívoco, a Constituição da República. São essas as
razões que me levaram, em voto vencido, a sustentar a tese segundo a qual a
execução provisória (ou prematura) da sentença penal condenatória revela-se
frontalmente incompatível com o direito fundamental do réu de ser presumido
inocente até que sobrevenha o trânsito em julgado de sua condenação
criminal, tal como expressamente assegurado pela própria Constituição da
República (CF, art. 5º, LVII). Cumpre assinalar que, em sede de direito
comparado, a exigência de prévio trânsito em julgado da condenação criminal,
como requisito legitimador da execução da pena, não traduz singularidade nem
configura idiossincrasia do constitucionalismo brasileiro, pois a
Constituição da República Italiana de 1947 (art. 27) e a Constituição da
República Portuguesa de 1976 (art. 32, n. 2) também estabelecem que a
presunção de inocência (tal como ocorre na Constituição brasileira de 1988)
somente cessará após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória.
Com efeito, a Constituição italiana prescreve que “L’imputato non è
considerato colpevole sino alla condanna definitiva” (art. 27), enquanto a
Lei Fundamental portuguesa dispõe que “Todo o arguido se presume inocente
até ao trânsito em julgado da sentença de condenação (…)” (art. 32, n. 2).
Cabe observar, de outro lado, que a corrente minoritária por mim integrada –
não obstante entenda que a execução da pena somente se legitima com o
trânsito em julgado (que há de ser real) da condenação criminal, como
determina a própria Constituição da República (art. 5º, inciso LVII) e
dispõe a legislação ordinária (LEP, arts. 105 e 147; CP, art. 50; CPPM,
arts. 592, 594 e 604) – não afasta a possibilidade de o magistrado (ou o
Tribunal) competente decretar a prisão cautelar da pessoa sob persecução
penal, quer durante a fase do inquérito policial, quer no curso de processo
judicial, quer, ainda, após a prolação de sentença condenatória recorrível,
desde que atendidos, de um lado, os pressupostos e indicados, de outro, os
fundamentos concretos referidos pelo art. 312 do Código de Processo Penal.
Vê-se, portanto, que a impossibilidade constitucional de execução provisória
da pena não impede que o Judiciário, com apoio em seu poder geral de
cautela, venha a decretar, contra o investigado ou o réu, a prisão cautelar,
qualquer que seja a sua modalidade (prisão temporária, prisão preventiva,
prisão decorrente de decisão de pronúncia ou prisão motivada por sentença
condenatória recorrível), sem se falar na ocorrência de eventual prisão em
flagrante, que independe de ordem judicial (CF, art. 5º, inciso LXI; CPP,
art. 301), a significar, desse modo, que o ordenamento positivo, ao
instituir em favor do Estado instrumentos de tutela cautelar penal, torna
admissível a utilização, pelo Poder Público e por seus agentes, de
importantes meios de defesa social, cuja eficácia terá o condão de
neutralizar condutas delinquenciais lesivas ao interesse da coletividade,
que não ficará exposta, assim, a práticas criminosas que se registrem em seu
âmbito. Em uma palavra: o sistema jurídico brasileiro, ao disciplinar o
instituto da tutela cautelar penal, outorga ao Estado poderosos instrumentos
que legitimam a adoção de medidas privativas de liberdade, como as diversas
espécies de prisão cautelar, cuja efetivação independe do trânsito em
julgado de eventual condenação criminal, considerada a circunstância –
juridicamente relevante – de que o magistrado dispõe, para tanto, do poder
geral de cautela. É que a prisão cautelar (“carcer ad custodiam”) não se
confunde com a prisão penal (“carcer ad poenam”), que exige, esta sim,

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considerado o disposto na declaração constitucional de direitos inscrita em
nossa Carta Política (art. 5º, inciso LVII), o efetivo trânsito em julgado
da sentença penal condenatória. Assentadas tais premissas, passo a examinar
o pedido ora formulado nesta sede processual. E, ao fazê-lo, saliento que
eminentes Ministros desta Corte, em diversos processos (HC 135.951-MC/DF,
Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 137.494-AgR/DF, Rel. Min. RICARDO
LEWANDOWSKI – HC 140.217-MC/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 142.162-
MC/BA, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 144.712-MC/SP, Rel. Min. MARCO
AURÉLIO – HC 144.908-MC/RS, Rel. Min RICARDO LEWANDOWSKI – HC 145.380- -
MC/SP, Rel. Min. MARCO AURÉLIO – HC 145.560/SP, Rel. Min. RICARDO
LEWANDOWSKI – HC 145.856-MC/SP, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 145.953-
MC/RJ, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 146.006-MC/PE, Rel. Min. MARCO
AURÉLIO, v.g.), têm concedido provimentos cautelares (ou, até mesmo,
deferido o próprio “writ” constitucional) em situações como aquelas, por
exemplo, em que Tribunais de inferior jurisdição, ao ordenarem a expedição
de mandados de prisão, para efeito de “execução provisória”, (a) limitam-se
a simplesmente mencionar, sem qualquer fundamentação idônea, os precedentes
a que aludi logo no início desta decisão, ou (b) fazem-no sem que ainda
tenha sido esgotada a jurisdição ordinária, pois pendentes de julgamento
embargos de declaração ou embargos infringentes e de nulidade do julgado
(CPP, art. 609, parágrafo único), ou, ainda, (c) determinam a imediata e
antecipada efetivação executória de seu julgado com transgressão ao
postulado que veda a “reformatio in pejus”, eis que a ordem de prisão é dada
em recursos interpostos unicamente pelo réu condenado a quem se garantira,
anteriormente, sem qualquer impugnação do Ministério Público, o direito de
aguardar em liberdade a conclusão do processo. O caso ora em análise ajusta-
se às hipóteses sob (a) e (c), cabendo destacar, quanto a este último
aspecto, que a colenda Segunda Turma deste Tribunal, em 08/08/2017, iniciou
o julgamento, suspenso por pedido de vista, de uma ação de “habeas corpus”
(HC 136.720/PB), no qual já se formou maioria pela concessão da ordem, em
que o eminente Relator, Ministro RICARDO LEWANDOWSKI, propôs o deferimento
do “writ” precisamente em virtude de violação ao princípio que proíbe a
“reformatio in pejus”, em situação na qual o Tribunal apontado como coator
ordenou a imediata execução antecipada da pena, fazendo-o, contudo, tal como
sucede na espécie ora em exame, em recurso exclusivo do réu, a quem se
assegurara, sem qualquer oposição recursal do Ministério Público, o direito
de aguardar em liberdade o desfecho do processo, transgredindo-se, desse
modo, postulado fundamental que conforma e condiciona a atuação do Poder
Judiciário (HC 142.012-MC/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 142.017-
MC/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI, v.g.). De outro lado, e como já
salientado, o E. Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, ao
determinar o início da execução provisória da condenação penal, limitou-se,
“sic et simpliciter”, a mencionar o julgamento proferido pelo Supremo
Tribunal Federal nos autos do HC 126.292/SP, abstendo-se, no entanto, de
fundamentar, de modo adequado e idôneo, a ordem de prisão, assim
transgredindo o que prescreve (e impõe) o inciso IX do art. 93 da
Constituição da República, que estabelece que “todos os julgamentos dos
órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as
decisões, sob pena de nulidade (…)” (grifei). É importante advertir, neste
ponto, que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, em orientação que
se reflete na doutrina (FERNANDO DA COSTA TOURINHO FILHO, “Processo Penal”,
vol. 4/183, 11ª ed., 1989, Saraiva, v.g.), posiciona-se no sentido de
reconhecer que a fundamentação constitui pressuposto de legitimidade das
decisões judiciais (HC 80.892/RJ, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.): “– É
inquestionável que a exigência de fundamentação das decisões estatais, mais
do que expressiva imposição consagrada e positivada pela ordem
constitucional, reflete uma poderosa garantia contra eventuais excessos do
Estado, pois, ao torná-la elemento imprescindível e essencial dos atos que
veiculam a privação da liberdade individual, quis o ordenamento jurídico
erigi-la como fator de limitação dos poderes deferidos às autoridades
públicas. – Não se pode jamais esquecer que a exigência de motivação dos
atos judiciais constritivos da liberdade individual deriva de postulado
constitucional inafastável, que traduz expressivo elemento de restrição ao
exercício do próprio poder estatal, além de configurar instrumento essencial
de respeito e proteção às liberdades públicas. – A fundamentação dos atos
decisórios qualifica-se como pressuposto constitucional de validade e
eficácia das decisões emanadas do Poder Judiciário, de tal modo que a
inobservância do dever imposto pelo art. 93, IX, da Constituição Federal,
precisamente por afetar a legitimidade jurídica dessas deliberações
estatais, gera, de maneira irremissível, a sua própria nulidade (…).” (HC
95.034/PE, Rel. Min. CELSO DE MELLO) Sendo assim, e tendo presentes as
razões expostas, defiro o pedido de “habeas corpus”, para suspender – até o
efetivo trânsito em julgado da condenação penal (CF, art. 5º, LVII, e LEP,
art. 105) imposta ao paciente no âmbito do Processo-crime nº 5815460-
82.2009.8.13.0024 – o início da execução da pena que se determinou nos autos
da Apelação Criminal nº 5815460-82.2009.8.13.0024, do E. Tribunal de Justiça
do Estado de Minas Gerais. Comunique-se, com urgência, transmitindo-se cópia
da presente decisão ao E. Superior Tribunal de Justiça (HC 412.332/MG), ao
E. Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais (Apelação Criminal nº
5815460-82.2009.8.13.0024) e ao Juízo do 1º Tribunal do Júri da comarca de

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Belo Horizonte/MG (Processo-crime nº 5815460- -82.2009.8.13.0024). Arquivem-
se estes autos. Publique-se. Brasília, 04 de outubro de 2017. Ministro CELSO
DE MELLO Relator

fim do documento

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Pesquisa de Jurisprudência

Decisões Monocráticas

HC 148122 MC / MG - MINAS GERAIS


MEDIDA CAUTELAR NO HABEAS CORPUS
Relator(a): Min. CELSO DE MELLO
Julgamento: 28/09/2017

Publicação

PROCESSO ELETRÔNICO
DJe-225 DIVULG 02/10/2017 PUBLIC 03/10/2017

Partes

PACTE.(S) : B.A.P.G.
IMPTE.(S) : LEONARDO MARQUES VILELA E OUTRO(A/S)
COATOR(A/S)(ES) : RELATOR DO HC Nº 416.437 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
IMPTE.(S) : JOYCE ARIELE SILVA MEIRELES

Decisão
EMENTA: A QUESTÃO DA EXECUÇÃO PROVISÓRIA DE CONDENAÇÕES PENAIS NÃO
TRANSITADAS EM JULGADO. INTERPRETAÇÃO DO ART. 5º, INCISO LVII, DA
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. DISSENSO INTERNO REGISTRADO NO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL. POSSÍVEL ALTERAÇÃO DE RECENTE DIRETRIZ JURISPRUDENCIAL QUE SE
FORMOU, NESTA CORTE, POR EXÍGUA MAIORIA (6 VOTOS A 5). POSIÇÃO DO RELATOR
(MINISTRO CELSO DE MELLO), INTEGRANTE DA CORRENTE MINORITÁRIA, QUE ENTENDE
NECESSÁRIO O PRÉVIO E EFETIVO TRÂNSITO EM JULGADO DA CONDENAÇÃO CRIMINAL,
PARA EFEITO DE SUA EXECUÇÃO DEFINITIVA (LEP, arts. 105 e 147; CP, art. 50;
CPPM, arts. 592, 594 e 604). INADMISSIBILIDADE DE ANTECIPAÇÃO FICTA DO
TRÂNSITO EM JULGADO, QUE CONSTITUI NOÇÃO INEQUÍVOCA EM MATÉRIA PROCESSUAL. A
IMPOSSIBILIDADE CONSTITUCIONAL DE EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA, CONTUDO, NÃO
IMPEDE O JUDICIÁRIO, COM APOIO EM SEU PODER GERAL DE CAUTELA, DE DECRETAR
PRISÃO CAUTELAR DO INVESTIGADO OU DO RÉU, SEJA NO ÂMBITO DE INQUÉRITO
POLICIAL, SEJA NO CURSO DO PROCESSO JUDICIAL, SEJA, AINDA, APÓS SENTENÇA
CONDENATÓRIA RECORRÍVEL. A UTILIZAÇÃO DA PRISÃO CAUTELAR, SEMPRE POSSÍVEL,
ATUA COMO IMPORTANTE INSTRUMENTO DE DEFESA SOCIAL, REVELANDO-SE APTA A
NEUTRALIZAR PRÁTICAS CRIMINOSAS QUE SE REGISTREM NO SEIO DA COLETIVIDADE.
CONCESSÃO, NO CASO, DE MEDIDA CAUTELAR SUSPENSIVA DE EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA
CONDENAÇÃO CRIMINAL DO PACIENTE, EM RAZÃO DE 02 (DOIS) MOTIVOS JURIDICAMENTE
RELEVANTES: (a) AUSÊNCIA DE NECESSÁRIA FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA E ADEQUADA,
EXIGIDA PELA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA (ART. 93, IX), DO ATO DECISÓRIO QUE
DETERMINOU O INÍCIO DA EXECUÇÃO PROVISÓRIA E (b) POSSÍVEL OFENSA AO
PRINCÍPIO QUE VEDA A “REFORMATIO IN PEJUS” (CPP, ART. 617, “IN FINE”), POIS
O TRIBUNAL DE INFERIOR JURISDIÇÃO ORDENOU QUE SE PROCEDESSE, EM PRIMEIRO
GRAU, À IMEDIATA EXECUÇÃO ANTECIPADA DA PENA, NÃO OBSTANTE ESSE COMANDO
HOUVESSE SIDO DETERMINADO EM RECURSO EXCLUSIVO DO RÉU CONDENADO, A QUEM SE
ASSEGURARA, NO ENTANTO, EM MOMENTO ANTERIOR, SEM IMPUGNAÇÃO RECURSAL DO
MINISTÉRIO PÚBLICO, O DIREITO DE AGUARDAR EM LIBERDADE A CONCLUSÃO DO
PROCESSO. EXISTÊNCIA, NO SENTIDO DA PRESENTE DECISÃO, DE DIVERSOS OUTROS
ATOS DECISÓRIOS PROFERIDOS NO ÂMBITO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. MEDIDA
CAUTELAR DEFERIDA. DECISÃO: Em face da decisão por mim proferida na Pet
4.848/DF, de que fui Relator, e com apoio nas razões dela constantes (DJe nº
251/2010, publicado em 01/02/2011), determino a reautuação desta ação de
“habeas corpus”, em ordem a que não mais prevaleça o regime de sigilo.
Enfatizo, por necessário, que a cláusula de sigilo imposta pelo art. 234-B
do Código Penal incide sobre o processo penal de natureza condenatória “em
que se apuram crimes” contra a dignidade sexual, assim tipificados na
legislação repressiva (CP, arts. 213 a 234). A “ratio” subjacente a essa
previsão legal – que excepcionalmente impõe a nota de sigilo aos
procedimentos de persecução penal – tem por única finalidade proteger a
vítima dos delitos em questão e neutralizar os efeitos negativos decorrentes
do estrépito judiciário motivado pela instauração da “persecutio criminis”,
preservando, desse modo, a intimidade e a honra do ofendido. Vale destacar,
por oportuno, no sentido que venho de expor, a correta observação de JULIO

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FABBRINI MIRABETE e de RENATO N. FABBRINI (“Código Penal Interpretado”, p.
1.463, item n. 234-B.1, 7ª ed., 2011, Atlas): “O dispositivo visa proteger a
vítima das consequências do ‘strepitus judicii’. Embora a regra geral seja a
da publicidade dos atos processuais, a Constituição Federal admite o sigilo
necessário à defesa da intimidade (art. 5º, LX) e o Código de Processo Penal
autoriza a decretação do segredo de justiça para a preservação da
intimidade, vida privada, honra e imagem do ofendido (art. 201, § 6º). Nos
crimes sexuais, além do dano decorrente da própria infração, havia de
suportar a vítima, via de regra, também os malefícios da exposição pública
de sua intimidade decorrente da instauração do processo penal. Com essa
finalidade, a lei estabeleceu, em relação a esses delitos, como regra
obrigatória, o segredo de justiça. (…) Embora se refira a lei somente ao
processo, o sigilo deve alcançar o inquérito policial, incumbindo à
autoridade e ao juiz a adoção nos autos das providências necessárias à
preservação da intimidade da vítima.” (grifei) Tratando-se, porém, de
processo de “habeas corpus”, em cujo âmbito não se concretizam atos de
persecução penal em razão de sua própria natureza e finalidade, mesmo porque
esse “writ” constitucional não se destina, em sua precípua função
instrumental, à apuração e repressão de crimes, torna-se inaplicável, exceto
quanto aos dados de qualificação da vítima, a regra inscrita no art. 234-B
do Código Penal, pois o agente do fato delituoso, nos casos de crimes contra
a dignidade sexual, não é o destinatário dessa especial norma de proteção.
Por tal razão, impõe-se a reautuação acima ordenada, excluindo-se,
unicamente, quando for o caso, o nome da vítima. 2. O presente “habeas
corpus”, com pedido de medida liminar, foi impetrado contra decisão
monocrática que, emanada de eminente Ministro do E. Superior Tribunal de
Justiça em sede de outra ação de “habeas corpus” ainda em curso (HC
416.437/MG), indeferiu pleito cautelar que lhe havia sido requerido em favor
do ora paciente, por entender legítima a “execução provisória” da condenação
penal ainda recorrível proferida ou confirmada por Tribunal de segunda
instância, apoiando-se, para tanto, em precedentes desta Suprema Corte.
Busca-se, em síntese, nesta sede cautelar, seja garantido ao ora paciente o
direito de estar em liberdade até o julgamento final desta impetração. Sendo
esse o quadro, passo a apreciar a admissibilidade do presente “writ”. E, ao
fazê-lo, devo observar que ambas as Turmas do Supremo Tribunal Federal
firmaram orientação no sentido da incognoscibilidade desse remédio
constitucional, quando ajuizado, como no caso em análise, em face de decisão
monocrática proferida por Ministro de Tribunal Superior da União (HC
116.875/AC, Rel. Min. CÁRMEN LÚCIA – HC 117.346/SP, Rel. Min. CÁRMEN LÚCIA –
HC 117.798/SP, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 118.189/MG, Rel. Min.
RICARDO LEWANDOWSKI – HC 119.821/TO, Rel. Min. GILMAR MENDES – HC 121.684-
AgR/SP, Rel. Min. TEORI ZAVASCKI – HC 122.381-AgR/SP, Rel. Min. DIAS TOFFOLI
– HC 122.718/SP, Rel. Min. ROSA WEBER – RHC 114.737/RN, Rel. Min. CÁRMEN
LÚCIA – RHC 114.961/SP, Rel. Min. DIAS TOFFOLI, v.g.): “’HABEAS CORPUS’.
CONSTITUCIONAL. PENAL. DECISÃO MONOCRÁTICA QUE NEGOU SEGUIMENTO A RECURSO
ESPECIAL. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. IMPETRAÇÃO NÃO CONHECIDA. I – (…)
verifica-se que a decisão impugnada foi proferida monocraticamente. Desse
modo, o pleito não pode ser conhecido, sob pena de indevida supressão de
instância e de extravasamento dos limites de competência do STF descritos no
art. 102 da Constituição Federal, o qual pressupõe seja a coação praticada
por Tribunal Superior.
…...................................................................................................
III – ‘Writ’ não conhecido.” (HC 118.212/MG, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI –
grifei) Esta Suprema Corte, como se vê dos precedentes acima referidos,
compreende que a cognoscibilidade da ação de “habeas corpus” supõe, em
contexto idêntico ao de que ora se cuida, a existência de decisão colegiada
da Corte Superior apontada como coatora, situação inocorrente na espécie.
Tenho respeitosamente dissentido, em caráter pessoal, dessa diretriz
jurisprudencial, por nela vislumbrar grave restrição ao exercício do remédio
constitucional do “habeas corpus”. Não obstante a minha posição pessoal,
venho observando, em recentes julgamentos, essa orientação restritiva, hoje
consolidada na jurisprudência da Corte, em atenção ao princípio da
colegialidade. Assinalo, no entanto, que, mesmo em impetrações deduzidas
contra decisões monocráticas de Ministros de outros Tribunais Superiores da
União, a colenda Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal, ainda que não
conhecendo do “writ” constitucional, tem concedido, “ex officio”, a ordem de
“habeas corpus”, quando se evidencie patente a situação caracterizadora de
injusto gravame ao “status libertatis” do paciente (HC 118.560/SP, Rel. Min.
RICARDO LEWANDOWSKI, v.g.). Por tal razão, examino a matéria veiculada neste
“writ”. E, ao fazê-lo, entendo que a análise objetiva das razões invocadas
na presente impetração revela ser inquestionável o relevo jurídico da
pretensão deduzida pelos impetrantes. Cumpre rememorar que o Supremo
Tribunal Federal consagrou diretriz que – resultante de julgamentos
efetuados, em sede cautelar, no âmbito de processos objetivos de
fiscalização concentrada de constitucionalidade (ADC 43-MC/DF, Rel. Min.
MARCO AURÉLIO – ADC 44-MC/DF, Rel. Min. MARCO AURÉLIO) – culminou no
reconhecimento da existência de repercussão geral relativa à questão
jurídico-constitucional pertinente à legitimidade da execução provisória de
sentença condenatória criminal (ARE 964.246-RG/SP, Rel. Min. TEORI
ZAVASCKI). Ao participar dos julgamentos que consagraram os precedentes

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referidos, integrei a corrente minoritária, por entender que a tese da
execução provisória de condenações penais ainda recorríveis transgride, de
modo frontal, a presunção constitucional de inocência, que só deixa de
subsistir ante o trânsito em julgado (que não pode ser fictício) da decisão
condenatória (CF, art. 5º, LVII). Acentuei, então, que eventual
inefetividade da jurisdição penal ou do sistema punitivo motivada pela
prodigalização de meios recursais, culminando por gerar no meio social a
sensação de impunidade, não pode ser atribuída à declaração constitucional
do direito fundamental de ser presumido inocente, pois não é essa
prerrogativa básica que frustra o sentimento de justiça dos cidadãos ou que
provoca qualquer crise de funcionalidade do aparelho judiciário. Na
realidade, a solução dessa questão há de ser encontrada na reformulação do
sistema processual e na busca de meios que, adotados pelo Poder Legislativo,
confiram maior coeficiente de racionalidade ao modelo recursal, mas não,
como se decidiu, na inaceitável desconsideração de um dos direitos
fundamentais a que fazem jus os cidadãos desta República fundada no conceito
de liberdade e legitimada pelo princípio democrático. A posição que
prevaleceu naqueles julgamentos reflete – segundo entendo – preocupante
inflexão hermenêutica, de índole regressista, em torno do pensamento
jurisprudencial desta Suprema Corte no plano sensível dos direitos e
garantias individuais, retardando, em minha percepção, o avanço de uma
significativa agenda judiciária concretizadora das liberdades fundamentais
em nosso País. O fato incontestável no domínio da presunção constitucional
de inocência reside na circunstância de que nenhuma execução de condenação
criminal em nosso País, mesmo se se tratar de simples pena de multa, pode
ser implementada sem a existência do indispensável título judicial
definitivo, resultante, como sabemos, do necessário trânsito em julgado da
sentença penal condenatória. Antes desse momento – é preciso advertir –, o
Estado não pode tratar os indiciados ou os réus como se culpados fossem. A
presunção de inocência impõe, desse modo, ao Poder Público um dever de
tratamento que não pode ser desrespeitado por seus agentes e autoridades,
como vinha acentuando, em sucessivos julgamentos, esta Corte Suprema (HC
96.095/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO – HC 121.929/TO, Rel. Min. ROBERTO
BARROSO – HC 124.000/SP, Rel. Min. MARCO AURÉLIO – HC 126.846/SP, Rel. Min.
TEORI ZAVASCKI – HC 130.298/SP, Rel. Min. GILMAR MENDES, v.g.): “(…) O
POSTULADO CONSTITUCIONAL DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA IMPEDE QUE O ESTADO
TRATE, COMO SE CULPADO FOSSE, AQUELE QUE AINDA NÃO SOFREU CONDENAÇÃO PENAL
IRRECORRÍVEL. – A prerrogativa jurídica da liberdade – que possui extração
constitucional (CF, art. 5º, LXI e LXV) – não pode ser ofendida por
interpretações doutrinárias ou jurisprudenciais que, fundadas em preocupante
discurso de conteúdo autoritário, culminam por consagrar, paradoxalmente, em
detrimento de direitos e garantias fundamentais proclamados pela
Constituição da República, a ideologia da lei e da ordem. Mesmo que se trate
de pessoa acusada da suposta prática de crime hediondo, e até que sobrevenha
sentença penal condenatória irrecorrível, não se revela possível – por
efeito de insuperável vedação constitucional (CF, art. 5º, LVII) – presumir-
lhe a culpabilidade. Ninguém pode ser tratado como culpado, qualquer que
seja a natureza do ilícito penal cuja prática lhe tenha sido atribuída, sem
que exista, a esse respeito, decisão judicial condenatória transitada em
julgado. O princípio constitucional da presunção de inocência, em nosso
sistema jurídico, consagra, além de outras relevantes consequências, uma
regra de tratamento que impede o Poder Público de agir e de se comportar, em
relação ao suspeito, ao indiciado, ao denunciado ou ao réu, como se estes já
houvessem sido condenados, definitivamente, por sentença do Poder
Judiciário. Precedentes.” (HC 93.883/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO) Acho
importante destacar, com vênia à corrente majoritária que se formou nesta
Corte, que a presunção de inocência não se esvazia progressivamente, à
medida em que se sucedem os graus de jurisdição. Isso significa, portanto,
que, mesmo confirmada a condenação penal por um Tribunal de segunda
instância, ainda assim subsistirá, segundo entendo, em favor do sentenciado,
esse direito fundamental, que só deixará de prevalecer – repita-se – com o
trânsito em julgado da sentença penal condenatória, como claramente
estabelece, em texto inequívoco, a Constituição da República. São essas as
razões que me levaram, em voto vencido, a sustentar a tese segundo a qual a
execução provisória (ou prematura) da sentença penal condenatória revela-se
frontalmente incompatível com o direito fundamental do réu de ser presumido
inocente até que sobrevenha o trânsito em julgado de sua condenação
criminal, tal como expressamente assegurado pela própria Constituição da
República (CF, art. 5º, LVII). Os motivos que venho de expor, por isso
mesmo, fizeram-me conceder medida liminar requerida nos autos do HC
135.100/MG, para suspender, cautelarmente, a execução de mandado de prisão
expedido contra o paciente, notadamente porque, no momento em que por mim
deferido aquele provimento cautelar (em 1º/07/2016), havia somente uma
decisão proferida em processo de índole meramente subjetiva (HC 126.292/SP),
vale dizer, uma decisão destituída de eficácia vinculante ou de repercussão
geral, eis que os julgamentos da ADC 43-MC/DF e da ADC 44-MC/DF, em
05/10/2016, e do ARE 964.246/SP, com repercussão geral, em 11/11/2016, não
haviam sido realizados até então. Cabe observar, no entanto, que a corrente
minoritária por mim integrada – não obstante entenda que a execução da pena
somente se legitima com o trânsito em julgado (que há de ser real) da

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condenação criminal, como determina a própria Constituição da República
(art. 5º, inciso LVII) e dispõe a legislação ordinária (LEP, arts. 105 e
147; CP, art. 50; CPPM, arts. 592, 594 e 604) – não afasta a possibilidade
de o magistrado (ou o Tribunal) competente decretar a prisão cautelar da
pessoa sob persecução penal, quer durante a fase do inquérito policial, quer
no curso de processo judicial, quer, ainda, após a prolação de sentença
condenatória recorrível, desde que atendidos, de um lado, os pressupostos e
indicados, de outro, os fundamentos concretos referidos pelo art. 312 do
Código de Processo Penal. Vê-se, portanto, que a impossibilidade
constitucional de execução provisória da pena não impede que o Judiciário,
com apoio em seu poder geral de cautela, venha a decretar, contra o
investigado ou o réu, a prisão cautelar, qualquer que seja a sua modalidade
(prisão temporária, prisão preventiva, prisão decorrente de decisão de
pronúncia ou prisão motivada por sentença condenatória recorrível), sem se
falar na ocorrência de eventual prisão em flagrante, que independe de ordem
judicial (CF, art. 5º, inciso LXI; CPP, art. 301), a significar, desse modo,
que o ordenamento positivo, ao instituir em favor do Estado instrumentos de
tutela cautelar penal, torna admissível a utilização, pelo Poder Público e
por seus agentes, de importantes meios de defesa social, cuja eficácia terá
o condão de neutralizar condutas delinquenciais lesivas ao interesse da
coletividade, que não ficará exposta, assim, a práticas criminosas que se
registrem em seu âmbito. Em uma palavra: o sistema jurídico brasileiro, ao
disciplinar o instituto da tutela cautelar penal, outorga ao Estado
poderosos instrumentos que legitimam a adoção de medidas privativas de
liberdade, como as diversas espécies de prisão cautelar, cuja efetivação
independe do trânsito em julgado de eventual condenação criminal,
considerada a circunstância – juridicamente relevante – de que o magistrado
dispõe, para tanto, do poder geral de cautela. É que a prisão cautelar
(“carcer ad custodiam”) não se confunde com a prisão penal (“carcer ad
poenam”), que exige, esta sim, considerado o disposto na declaração
constitucional de direitos inscrita em nossa Carta Política (art. 5º, inciso
LVII), o efetivo trânsito em julgado da sentença penal condenatória.
Assentadas tais premissas, passo a examinar o pedido de medida cautelar ora
formulado nesta sede processual. E, ao fazê-lo, saliento que eminentes
Ministros desta Corte, em diversos processos (HC 135.951- -MC/DF, Rel. Min.
RICARDO LEWANDOWSKI – HC 137.494-AgR/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC
140.217-MC/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 142.162-MC/BA, Rel. Min.
RICARDO LEWANDOWSKI – HC 144.712-MC/SP, Rel. Min. MARCO AURÉLIO – HC
144.908-MC/RS, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 145.380-MC/SP, Rel. Min.
MARCO AURÉLIO – HC 145.560/SP, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 145.856-
MC/SP, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 145.953-MC/RJ, Rel. Min. RICARDO
LEWANDOWSKI – HC 146.006-MC/PE, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, v.g.), têm
concedido provimentos cautelares (ou, até mesmo, deferido o próprio “writ”
constitucional) em situações como aquelas, por exemplo, em que Tribunais de
inferior jurisdição, ao ordenarem a expedição de mandados de prisão, para
efeito de “execução provisória”, (a) limitam-se a simplesmente mencionar,
sem qualquer fundamentação idônea, os precedentes a que aludi logo no início
desta decisão, ou (b) fazem-no sem que ainda tenha sido esgotada a
jurisdição ordinária, pois pendentes de julgamento embargos de declaração ou
embargos infringentes e de nulidade do julgado (CPP, art. 609, parágrafo
único), ou, ainda, (c) determinam a imediata e antecipada efetivação
executória de seu julgado com transgressão ao postulado que veda a
“reformatio in pejus”, eis que a ordem de prisão é dada em recursos
interpostos unicamente pelo réu condenado a quem se garantira,
anteriormente, sem qualquer impugnação do Ministério Público, o direito de
aguardar em liberdade a conclusão do processo. O caso ora em análise parece
ajustar-se às hipóteses sob (a) e (c), cabendo destacar, quanto a esse
último aspecto, que a colenda Segunda Turma deste Tribunal, em 08/08/2017,
iniciou o julgamento, suspenso por pedido de vista, de uma ação de “habeas
corpus” (HC 136.720/PB), no qual já se formou maioria pela concessão da
ordem, em que o eminente Relator, Ministro RICARDO LEWANDOWSKI, propôs o
deferimento do “writ” precisamente em virtude de violação ao princípio que
proíbe a “reformatio in pejus”, em situação na qual o Tribunal apontado como
coator ordenou a imediata execução antecipada da pena, fazendo-o, contudo,
em recurso exclusivo do réu, a quem se assegurara, sem qualquer oposição
recursal do Ministério Público, o direito de aguardar em liberdade o
desfecho do processo, transgredindo-se, desse modo, postulado fundamental
que conforma e condiciona a atuação do Poder Judiciário (HC 142.012-MC/DF,
Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 142.017-MC/DF, Rel. Min. RICARDO
LEWANDOWSKI, v.g.). De outro lado, e como já salientado, o E. Tribunal de
Justiça do Estado de Minas Gerais, ao determinar a expedição de mandado de
prisão e da guia de execução respectiva, limitou-se, “sic et simpliciter”, a
mencionar os julgamentos que esta Suprema Corte proferiu no exame do ARE
964.246-RG/SP, da ADC 43-MC/DF e da ADC 44-MC/DF, abstendo-se, no entanto,
de fundamentar, de modo adequado e idôneo, a ordem de prisão, assim
transgredindo o que prescreve (e impõe) o inciso IX do art. 93 da
Constituição da República, que estabelece que “todos os julgamentos dos
órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as
decisões, sob pena de nulidade (…)” (grifei). É importante advertir, neste
ponto, que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, em orientação que

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se reflete na doutrina (FERNANDO DA COSTA TOURINHO FILHO, “Processo Penal”,
vol. 4/183, 11ª ed., 1989, Saraiva, v.g.), posiciona-se no sentido de
reconhecer que a fundamentação constitui pressuposto de legitimidade das
decisões judiciais (HC 80.892/RJ, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.): “– É
inquestionável que a exigência de fundamentação das decisões estatais, mais
do que expressiva imposição consagrada e positivada pela ordem
constitucional, reflete uma poderosa garantia contra eventuais excessos do
Estado, pois, ao torná-la elemento imprescindível e essencial dos atos que
veiculam a privação da liberdade individual, quis o ordenamento jurídico
erigi-la como fator de limitação dos poderes deferidos às autoridades
públicas. – Não se pode jamais esquecer que a exigência de motivação dos
atos judiciais constritivos da liberdade individual deriva de postulado
constitucional inafastável, que traduz expressivo elemento de restrição ao
exercício do próprio poder estatal, além de configurar instrumento essencial
de respeito e proteção às liberdades públicas. – A fundamentação dos atos
decisórios qualifica-se como pressuposto constitucional de validade e
eficácia das decisões emanadas do Poder Judiciário, de tal modo que a
inobservância do dever imposto pelo art. 93, IX, da Constituição Federal,
precisamente por afetar a legitimidade jurídica dessas deliberações
estatais, gera, de maneira irremissível, a sua própria nulidade (…).” (HC
95.034/PE, Rel. Min. CELSO DE MELLO) Sendo assim, e tendo presentes as
razões expostas, defiro o pedido de medida liminar, para, até final
julgamento desta ação de “habeas corpus”, suspender, cautelarmente, o início
da execução da pena determinada nos autos da Apelação Criminal nº 0022450-
82.2010.8.13.0216, do E. Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais,
restando impossibilitada, em consequência, a efetivação da prisão de Breno
de Assis Prado Gonçalves em decorrência da condenação criminal (ainda não
transitada em julgado) que lhe foi imposta no Processo-crime nº 0022450-
82.2010.8.13.0216 (Juízo de Direito da 1ª Vara Cível, Criminal e das
Execuções Penais da comarca de Diamantina/MG). Caso referido paciente já
tenha sido preso em razão da ordem de execução provisória da pena imposta
nos autos do Processo-crime nº 0022450-82.2010.8.13.0216 (Juízo de Direito
da 1ª Vara Cível, Criminal e das Execuções Penais da comarca de
Diamantina/MG), deverá ser ele colocado imediatamente em liberdade, se por
al não estiver preso. Comunique-se, com urgência, transmitindo-se cópia
desta decisão ao E. Superior Tribunal de Justiça (HC 416.437/MG), ao E.
Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais (Apelação Criminal nº 0022450-
-82.2010.8.13.0216) e ao Juízo de Direito da 1ª Vara Cível, Criminal e das
Execuções Penais da comarca de Diamantina/MG (Processo- -crime nº 0022450-
82.2010.8.13.0216). 2. Ouça-se a douta Procuradoria-Geral da República sobre
o mérito da presente impetração. Publique-se. Brasília, 28 de setembro de
2017. Ministro CELSO DE MELLO Relator

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Pesquisa de Jurisprudência

Decisões Monocráticas

HC 152974 MC / SP - SÃO PAULO


MEDIDA CAUTELAR NO HABEAS CORPUS
Relator(a): Min. CELSO DE MELLO
Julgamento: 01/03/2018

Publicação

PROCESSO ELETRÔNICO
DJe-042 DIVULG 05/03/2018 PUBLIC 06/03/2018

Partes

PACTE.(S) : OSCAR VICTOR ROLLEMBERG HANSEN


IMPTE.(S) : ANTONIO NABOR AREIAS BULHOES E OUTRO(A/S)
COATOR(A/S)(ES) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
IMPTE.(S) : CAROLINA LUIZA DE LACERDA ABREU

Decisão
DECISÃO: Trata-se de “habeas corpus”, com pedido de medida liminar,
impetrado contra decisão que, emanada do E. Superior Tribunal de Justiça,
restou consubstanciada em acórdão assim ementado: “RECURSOS ESPECIAIS.
ADMISSIBILIDADE. ÓBICES PRELIMINARES. DENÚNCIA ANÔNIMA. INEXISTÊNCIA.
MINISTÉRIO PÚBLICO. INVESTIGAÇÃO. NULIDADE DO PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO.
SIGILO FISCAL E TELEFÔNICO. QUEBRA. NULIDADES. PERSECUÇÃO PENAL. ELEMENTOS
DE INFORMAÇÃO NÃO UTILIZADOS PARA DEFLAGRAÇÃO DO PROCESSO PENAL. MATÉRIAS
ANALISADAS EM ‘HABEAS CORPUS’. SUPERAÇÃO. ATIPICIDADE. NÃO OCORRÊNCIA.
NULIDADES NA INSTRUÇÃO CRIMINAL. NÃO CONFIGURAÇÃO. OMISSÃO DO ACÓRDÃO.
IMPROCEDÊNCIA. DOSIMETRIA. FLAGRANTE ILEGALIDADE. RECURSOS ESPECIAIS
CONHECIDOS PARA REDUZIR AS PENAS IMPOSTAS. CONCESSÃO DE ‘HABEAS CORPUS’, DE
OFÍCIO, PARA CORRÉUS EM IDÊNTICA SITUAÇÃO.” (REsp 1.639.698/SP, Red. p/ o
acórdão Min. ROGERIO SCHIETTI CRUZ – grifei) Busca-se, em sede liminar, a
suspensão cautelar de eficácia do ato que determinou a execução provisória
da condenação penal imposta ao ora paciente. Sendo esse o contexto, passo a
apreciar o pleito em causa. Como se sabe, o Supremo Tribunal Federal, a
partir da decisão proferida no HC 126.292/SP e com apoio em sucessivos
julgados emanados do Plenário desta Corte Suprema (ADC 43-MC/DF e ADC 44- -
MC/DF), inclusive em sede de repercussão geral (ARE 964.246-RG/SP), veio a
firmar orientação no sentido da legitimidade constitucional da execução
provisória da pena. Ao participar dos julgamentos que consagraram os
precedentes referidos, integrei a corrente minoritária, por entender que a
tese da execução provisória de condenações penais ainda recorríveis
transgride, de modo frontal, a presunção constitucional de inocência, que só
deixa de subsistir ante o trânsito em julgado da decisão condenatória (CF,
art. 5º, LVII). Antes desse momento – é preciso advertir –, o Estado não
pode tratar os indiciados ou os réus como se culpados fossem. A presunção de
inocência impõe, desse modo, ao Poder Público um dever de tratamento que não
pode ser desrespeitado por seus agentes e autoridades, como vinha
advertindo, em sucessivos julgamentos, esta Corte Suprema (HC 96.095/SP,
Rel. Min. CELSO DE MELLO – HC 121.929/TO, Rel. Min. ROBERTO BARROSO – HC
124.000/SP, Rel. Min. MARCO AURÉLIO – HC 126.846/SP, Rel. Min. TEORI
ZAVASCKI – HC 130.298/SP, Rel. Min. GILMAR MENDES, v.g.): “(…) O POSTULADO
CONSTITUCIONAL DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA IMPEDE QUE O ESTADO TRATE, COMO SE
CULPADO FOSSE, AQUELE QUE AINDA NÃO SOFREU CONDENAÇÃO PENAL IRRECORRÍVEL – A
prerrogativa jurídica da liberdade – que possui extração constitucional (CF,
art. 5º, LXI e LXV) – não pode ser ofendida por interpretações doutrinárias
ou jurisprudenciais que, fundadas em preocupante discurso de conteúdo
autoritário, culminam por consagrar, paradoxalmente, em detrimento de
direitos e garantias fundamentais proclamados pela Constituição da
República, a ideologia da lei e da ordem. Mesmo que se trate de pessoa
acusada da suposta prática de crime hediondo, e até que sobrevenha sentença
penal condenatória irrecorrível, não se revela possível – por efeito de
insuperável vedação constitucional (CF, art. 5º, LVII) – presumir-lhe a

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culpabilidade. Ninguém pode ser tratado como culpado, qualquer que seja a
natureza do ilícito penal cuja prática lhe tenha sido atribuída, sem que
exista, a esse respeito, decisão judicial condenatória transitada em
julgado. O princípio constitucional da presunção de inocência, em nosso
sistema jurídico, consagra, além de outras relevantes consequências, uma
regra de tratamento que impede o Poder Público de agir e de se comportar, em
relação ao suspeito, ao indiciado, ao denunciado ou ao réu, como se estes já
houvessem sido condenados, definitivamente, por sentença do Poder
Judiciário. Precedentes.” (HC 93.883/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO) Assinalo,
para efeito de mero registro, que a exigência de trânsito em julgado da
condenação penal não representa peculiaridade do constitucionalismo
brasileiro, pois também encontra correspondência no plano do direito
comparado, como se vê, p. ex., da Constituição da República Italiana (art.
27) e da Constituição da República Portuguesa (art. 32, n. 2). São essas as
razões que, em apertada síntese, levaram-me a sustentar, em voto vencido, a
tese segundo a qual a execução provisória (ou prematura) da sentença penal
condenatória revela-se frontalmente incompatível com o direito fundamental
do réu de ser presumido inocente até que sobrevenha o efetivo e real
trânsito em julgado de sua condenação criminal, tal como expressamente
assegurado pela própria Constituição da República (CF, art. 5º, LVII). Não
foi por outro motivo que vim a conceder – é certo – medidas cautelares em
sede de “habeas corpus”, embora o fizesse somente naquelas situações não
reveladoras da necessidade de manter-se a prisão do condenado, sempre
segundo avaliação por mim efetivada em cada caso examinado. Ocorre, no
entanto, que, enquanto não sobrevier alteração do pensamento jurisprudencial
desta Corte sobre o tema em causa, não tenho como dele dissociar-me. No que
concerne, portanto, ao questionamento referente à execução antecipada da
pena, não obstante entenda tratar-se de medida incompatível com o nosso
modelo constitucional, que consagra, como direito fundamental, a presunção
de inocência (CF, art. 5º, inciso LVII), devo observar o princípio da
colegialidade, além de considerar, na espécie, o fato de que se mostra
iminente o julgamento final da ADC 43/DF e da ADC 44/DF, de que é Relator o
eminente Ministro MARCO AURÉLIO, ocasião em que esta Corte reapreciará o
tema da possibilidade constitucional de efetivar-se a execução antecipada da
sentença penal condenatória. Inacolhível, desse modo, sob a perspectiva que
venho de expor, a pretendida concessão de medida cautelar suspensiva da
execução provisória ora impugnada. Cabe observar, contudo, que esta
impetração sustenta-se em outro fundamento, consistente na alegada
transgressão, pelo Tribunal “ad quem”, do postulado que veda a “reformatio
in pejus” (CPP, art. 617, “in fine”). Com efeito, o Desembargador Relator no
E. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo assegurou ao ora paciente o
direito de aguardar em liberdade a conclusão do processo em que proferida a
condenação penal que lhe foi imposta, havendo consignado, expressamente, em
relação a esse mesmo paciente, que o respectivo mandado de prisão somente
deveria ser expedido “Após o trânsito em julgado (…)”. O E. Superior
Tribunal de Justiça, entretanto, determinou, em recurso exclusivo do réu,
ora paciente, fosse instaurada, contra ele, a pertinente execução provisória
da condenação criminal. Tem-se entendido, nesta Suprema Corte, que, em
situações como a ora em exame, em que o Ministério Público sequer se
insurgiu contra o pronunciamento do órgão judiciário “a quo” que garantiu ao
paciente o direito de recorrer em liberdade, não pode o Tribunal de superior
jurisdição suprimir esse benefício, em detrimento do condenado, sob pena de
ofensa à cláusula final inscrita no art. 617 do Código de Processo Penal:
“(…) POSSÍVEL OFENSA AO PRINCÍPIO QUE VEDA A ‘REFORMATIO IN PEJUS’ (CPP,
ART. 617, ‘in fine’), POIS O TRIBUNAL DE INFERIOR JURISDIÇÃO ORDENOU QUE SE
PROCEDESSE, EM PRIMEIRO GRAU, À IMEDIATA EXECUÇÃO ANTECIPADA DA PENA, NÃO
OBSTANTE ESSE COMANDO HOUVESSE SIDO DETERMINADO EM RECURSO EXCLUSIVO DO RÉU
CONDENADO, A QUEM SE ASSEGURARA, NO ENTANTO, EM MOMENTO ANTERIOR, SEM
IMPUGNAÇÃO RECURSAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO, O DIREITO DE AGUARDAR EM
LIBERDADE A CONCLUSÃO DO PROCESSO. (…).” (HC 147.452/MG, Rel. Min. CELSO DE
MELLO) Vale consignar que se registram, no sentido que venho de expor,
diversas outras decisões proferidas no âmbito do Supremo Tribunal Federal
(HC 135.951-MC/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 140.217-MC/DF, Rel.
Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 142.012- -MC/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI
– HC 142.017-MC/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 147.428-MC/MG, Rel.
Min. CELSO DE MELLO – HC 148.122-MC/MG, Rel. Min. CELSO DE MELLO – HC
153.431/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.). Sendo assim, e tendo presentes
as razões expostas, defiro o pedido de medida liminar, para, até final
julgamento deste “habeas corpus”, suspender, cautelarmente, o início da
execução da pena determinada nos autos do REsp nº 1.639.698/SP, do E.
Superior Tribunal de Justiça, restando impossibilitada, em consequência, a
efetivação da prisão de Oscar Victor Rollemberg Hansen em decorrência da
condenação criminal (ainda não transitada em julgado) que lhe foi imposta no
Processo-crime nº 0077446- -88.2009.8.26.0576 (5ª Vara Criminal da comarca
de São José do Rio Preto/SP). Caso referido paciente já tenha sido preso em
razão da ordem de execução provisória da pena imposta nos autos do Processo-
-crime nº 0077446-88.2009.8.26.0576 (5ª Vara Criminal da comarca de São José
do Rio Preto/SP), deverá ser ele posto imediatamente em liberdade, se por al
não estiver preso. Comunique-se, com urgência, transmitindo-se cópia desta
decisão ao E. Superior Tribunal de Justiça (REsp nº 1.639.698/SP), ao E.

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14/03/2018 Pesquisa de Jurisprudência :: STF - Supremo Tribunal Federal
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (Apelação Criminal nº 0077446-
88.2009.8.26.0576) e ao Juízo de Direito da 5ª Vara Criminal da comarca de
São José do Rio Preto/SP (Processo- -crime nº 0077446-88.2009.8.26.0576). 2.
Ouça-se a douta Procuradoria-Geral da República sobre o mérito da presente
impetração. Publique-se. Brasília, 01 de março de 2018. Ministro CELSO DE
MELLO Relator

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Pesquisa de Jurisprudência

Decisões Monocráticas

HC 153431 MC / SP - SÃO PAULO


MEDIDA CAUTELAR NO HABEAS CORPUS
Relator(a): Min. CELSO DE MELLO
Julgamento: 26/02/2018

Publicação

PROCESSO ELETRÔNICO
DJe-038 DIVULG 27/02/2018 PUBLIC 28/02/2018

Partes

PACTE.(S) : AGNALDO LUCIANO PISANELLI


IMPTE.(S) : MARIA CLAUDIA DE SEIXAS
COATOR(A/S)(ES) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Decisão
DECISÃO: Trata-se de “habeas corpus”, com pedido de medida liminar,
impetrado contra decisão que, emanada do E. Superior Tribunal de Justiça,
restou consubstanciada em acórdão assim ementado: “AGRAVO REGIMENTAL NO
‘HABEAS CORPUS’. PRINCÍPIO DA COLEGIALIDADE. INEXISTÊNCIA DE OFENSA.
AUSÊNCIA DE CERCEAMENTO DE DEFESA. EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA.
POSSIBILIDADE. EXAURIMENTO DAS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS. PRECEDENTES DO STF E
DESTA CORTE. AGRAVO DESPROVIDO. 1. Consoante o entendimento desta Corte, não
existe ofensa ao princípio da colegialidade nas hipóteses em que a decisão
monocrática do relator não conhece ‘habeas corpus’ cujo pedido for contrário
a entendimento jurisprudencial sedimentado, como se verificou no caso dos
autos, sobretudo considerando que o julgamento colegiado do agravo
regimental supre eventual vício da decisão agravada. 2. Não há falar em
cerceamento de defesa por eventual supressão ao direito de realização de
sustentação oral, sobretudo quando tal pedido é realizado em sede de agravo
regimental, tendo em vista a inadmissibilidade prevista no art. 159 do
Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça. 3. No julgamento do HC n.
126.292/MG, realizado em 17/2/16, o Supremo Tribunal Federal, em sua
composição plena, passou a admitir a possibilidade de imediato início do
cumprimento provisório da pena após o exaurimento das instâncias ordinárias,
inclusive com restrição da liberdade do condenado, por ser o recurso
extraordinário, assim como o recurso especial, desprovido de efeito
suspensivo, sem que isso implique violação ao princípio da não
culpabilidade. Tal entendimento foi mantido pela Suprema Corte no exame das
Ações Declaratórias de Constitucionalidade n. 43 e 44, em 5/10/2016. O
Superior Tribunal de Justiça também adotou o aludido posicionamento a partir
do julgamento, pela Sexta Turma, dos EDcl no REsp n. 1.484.415/DF, da
relatoria do eminente Ministro ROGÉRIO SCHIETTI CRUZ. 4. ‘In casu’, a prisão
do agravante decorre de sentença condenatória confirmada em sede de apelação
pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, cujos aclaratórios foram
julgados em 5/9/2017, tendo sido interpostos recursos especial e
extraordinário, esgotando-se a via recursal ordinária, nada havendo a ser
reparado no presente recurso. Agravo regimental desprovido.” (HC 396.213-
AgRg/SP, Rel. Min. JOEL ILAN PACIORNIK – grifei) Busca-se, em sede liminar,
a suspensão cautelar de eficácia do ato que determinou a execução provisória
da condenação penal imposta ao ora paciente. Sendo esse o contexto, passo a
apreciar o pleito em causa. Como se sabe, o Supremo Tribunal Federal, a
partir da decisão proferida no HC 126.292/SP e com apoio em sucessivos
julgados emanados do Plenário desta Corte Suprema (ADC 43-MC/DF e ADC 44- -
MC/DF), inclusive em sede de repercussão geral (ARE 964.246-RG/SP), veio a
firmar orientação no sentido da legitimidade constitucional da execução
provisória da pena. Ao participar dos julgamentos que consagraram os
precedentes referidos, integrei a corrente minoritária, por entender que a
tese da execução provisória de condenações penais ainda recorríveis
transgride, de modo frontal, a presunção constitucional de inocência, que só
deixa de subsistir ante o trânsito em julgado da decisão condenatória (CF,

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14/03/2018 Pesquisa de Jurisprudência :: STF - Supremo Tribunal Federal
art. 5º, LVII). Antes desse momento – é preciso advertir –, o Estado não
pode tratar os indiciados ou os réus como se culpados fossem. A presunção de
inocência impõe, desse modo, ao Poder Público um dever de tratamento que não
pode ser desrespeitado por seus agentes e autoridades, como vinha
advertindo, em sucessivos julgamentos, esta Corte Suprema (HC 96.095/SP,
Rel. Min. CELSO DE MELLO – HC 121.929/TO, Rel. Min. ROBERTO BARROSO – HC
124.000/SP, Rel. Min. MARCO AURÉLIO – HC 126.846/SP, Rel. Min. TEORI
ZAVASCKI – HC 130.298/SP, Rel. Min. GILMAR MENDES, v.g.): “(…) O POSTULADO
CONSTITUCIONAL DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA IMPEDE QUE O ESTADO TRATE, COMO SE
CULPADO FOSSE, AQUELE QUE AINDA NÃO SOFREU CONDENAÇÃO PENAL IRRECORRÍVEL – A
prerrogativa jurídica da liberdade – que possui extração constitucional (CF,
art. 5º, LXI e LXV) – não pode ser ofendida por interpretações doutrinárias
ou jurisprudenciais que, fundadas em preocupante discurso de conteúdo
autoritário, culminam por consagrar, paradoxalmente, em detrimento de
direitos e garantias fundamentais proclamados pela Constituição da
República, a ideologia da lei e da ordem. Mesmo que se trate de pessoa
acusada da suposta prática de crime hediondo, e até que sobrevenha sentença
penal condenatória irrecorrível, não se revela possível – por efeito de
insuperável vedação constitucional (CF, art. 5º, LVII) – presumir-lhe a
culpabilidade. Ninguém pode ser tratado como culpado, qualquer que seja a
natureza do ilícito penal cuja prática lhe tenha sido atribuída, sem que
exista, a esse respeito, decisão judicial condenatória transitada em
julgado. O princípio constitucional da presunção de inocência, em nosso
sistema jurídico, consagra, além de outras relevantes consequências, uma
regra de tratamento que impede o Poder Público de agir e de se comportar, em
relação ao suspeito, ao indiciado, ao denunciado ou ao réu, como se estes já
houvessem sido condenados, definitivamente, por sentença do Poder
Judiciário. Precedentes.” (HC 93.883/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO) Assinalo,
para efeito de mero registro, que a exigência de trânsito em julgado da
condenação penal não representa peculiaridade do constitucionalismo
brasileiro, pois também encontra correspondência no plano do direito
comparado, como se vê, p. ex., da Constituição da República Italiana (art.
27) e da Constituição da República Portuguesa (art. 32, n. 2). São essas as
razões que, em apertada síntese, levaram-me a sustentar, em voto vencido, a
tese segundo a qual a execução provisória (ou prematura) da sentença penal
condenatória revela-se frontalmente incompatível com o direito fundamental
do réu de ser presumido inocente até que sobrevenha o efetivo e real
trânsito em julgado de sua condenação criminal, tal como expressamente
assegurado pela própria Constituição da República (CF, art. 5º, LVII). Não
foi por outro motivo que vim a conceder – é certo – medidas cautelares em
sede de “habeas corpus”, embora o fizesse somente naquelas situações não
reveladoras da necessidade de manter-se a prisão do condenado, sempre
segundo avaliação por mim efetivada em cada caso examinado. Ocorre, no
entanto, que, enquanto não sobrevier alteração do pensamento jurisprudencial
desta Corte sobre o tema em causa, não tenho como dele dissociar-me. No que
concerne, portanto, ao questionamento referente à execução antecipada da
pena, não obstante entenda tratar-se de medida incompatível com o nosso
modelo constitucional, que consagra, como direito fundamental, a presunção
de inocência (CF, art. 5º, inciso LVII), devo observar o princípio da
colegialidade, além de considerar, na espécie, o fato de que se mostra
iminente o julgamento final da ADC 43/DF e da ADC 44/DF, de que é Relator o
eminente Ministro MARCO AURÉLIO, ocasião em que esta Corte reapreciará o
tema da possibilidade constitucional de efetivar-se a execução antecipada da
sentença penal condenatória. Inacolhível, desse modo, sob a perspectiva que
venho de expor, a pretendida concessão de medida cautelar suspensiva da
execução provisória ora impugnada. Cabe observar, contudo, que esta
impetração sustenta-se em outro fundamento, consistente na alegada
transgressão, pelo Tribunal “ad quem”, do postulado que veda a “reformatio
in pejus” (CPP, art. 617, “in fine”). Com efeito, a magistrada sentenciante
assegurou ao ora paciente o direito de aguardar em liberdade a conclusão do
processo em que proferida a condenação penal que lhe foi imposta. O Tribunal
de Justiça local, entretanto, determinou, em recurso exclusivo do réu, ora
paciente, fosse instaurada, contra ele, a pertinente execução provisória da
condenação criminal. Tem-se entendido, nesta Suprema Corte, que, em
situações como a ora em exame, em que o Ministério Público sequer se
insurgiu contra o capítulo da sentença que garantiu ao paciente o direito de
recorrer em liberdade, não poderia o Tribunal de superior jurisdição
suprimir esse benefício, em detrimento do condenado, sob pena de ofensa à
cláusula final inscrita no art. 617 do Código de Processo Penal: “(…)
POSSÍVEL OFENSA AO PRINCÍPIO QUE VEDA A ‘REFORMATIO IN PEJUS’ (CPP, ART.
617, ‘in fine’), POIS O TRIBUNAL DE INFERIOR JURISDIÇÃO ORDENOU QUE SE
PROCEDESSE, EM PRIMEIRO GRAU, À IMEDIATA EXECUÇÃO ANTECIPADA DA PENA, NÃO
OBSTANTE ESSE COMANDO HOUVESSE SIDO DETERMINADO EM RECURSO EXCLUSIVO DO RÉU
CONDENADO, A QUEM SE ASSEGURARA, NO ENTANTO, EM MOMENTO ANTERIOR, SEM
IMPUGNAÇÃO RECURSAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO, O DIREITO DE AGUARDAR EM
LIBERDADE A CONCLUSÃO DO PROCESSO. (…).” (HC 147.452/MG, Rel. Min. CELSO DE
MELLO) Vale consignar que se registram, no sentido que venho de expor,
diversas outras decisões proferidas no âmbito do Supremo Tribunal Federal
(HC 135.951-MC/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 140.217-MC/DF, Rel.
Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 142.012- -MC/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI

http://stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudenciaDetalhe.asp?s1=000406003&base=baseMonocraticas 2/3
29/30
14/03/2018 Pesquisa de Jurisprudência :: STF - Supremo Tribunal Federal
– HC 142.017-MC/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 147.428-MC/MG, Rel.
Min. CELSO DE MELLO – HC 148.122-MC/MG, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.).
Impende destacar, quanto a esse aspecto, que a colenda Segunda Turma deste
Tribunal, em 08/08/2017, iniciou o julgamento, suspenso por pedido de vista,
de uma ação de “habeas corpus” (HC 136.720/PB), no qual já se formou maioria
pela concessão da ordem, em que o eminente Relator, Ministro RICARDO
LEWANDOWSKI, propôs o deferimento do “writ” precisamente em virtude de
violação ao princípio que proíbe a “reformatio in pejus”, em situação na
qual o Tribunal apontado como coator ordenou a imediata execução antecipada
da pena, fazendo-o, contudo, tal como sucede na espécie ora em exame, em
recurso exclusivo do réu, a quem se assegurara, sem qualquer oposição
recursal do Ministério Público, o direito de aguardar em liberdade o
desfecho do processo, transgredindo-se, desse modo, postulado fundamental
que conforma e condiciona a atuação do Poder Judiciário. Sendo assim, e
tendo presentes as razões expostas, defiro o pedido de medida liminar, para,
até final julgamento deste “habeas corpus”, suspender, cautelarmente, o
início da execução da pena determinada nos autos da Apelação Criminal nº
0001282-18.2009.8.26.0274, do E. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo,
restando impossibilitada, em consequência, a efetivação da prisão de Agnaldo
Luciano Pisanelli em decorrência da condenação criminal (ainda não
transitada em julgado) que lhe foi imposta no Processo-crime nº 0001282-
18.2009.8.26.0274 (1ª Vara da comarca de Itápolis/SP). Caso referido
paciente já tenha sido preso em razão da ordem de execução provisória da
pena imposta nos autos do Processo- -crime nº 0001282-18.2009.8.26.0274 (1ª
Vara da comarca de Itápolis/SP), deverá ser ele posto imediatamente em
liberdade, se por al não estiver preso. Comunique-se, com urgência,
transmitindo-se cópia desta decisão ao E. Superior Tribunal de Justiça (HC
396.213/SP), ao E. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (Apelação
Criminal nº 0001282- -18.2009.8.26.0274) e ao Juízo de Direito da 1ª Vara da
comarca de Itápolis/SP (Processo-crime nº 0001282-18.2009.8.26.0274). 2.
Ouça-se a douta Procuradoria-Geral da República sobre o mérito da presente
impetração. Publique-se. Brasília, 26 de fevereiro de 2018. Ministro CELSO
DE MELLO Relator

fim do documento

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado
18031417123772100000010518736
Data e hora da assinatura: 14/03/2018 17:15:26
http://stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudenciaDetalhe.asp?s1=000406003&base=baseMonocraticas
Identificador: 4050000.10536635 3/3
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 30/30
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL 5ª REGIÃO
PROCESSO Nº: 0802530-35.2018.4.05.0000
CLASSE: HABEAS CORPUS
IMPETRANTE: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL FRANCISCO ROBERTO MACHADO - 1ª
TURMA

Certidão de Distribuição

Tipo da Distribuição: Sorteio.


Concorreu(ram): 1ª Turma: Gab 2 - Des. ALEXANDRE LUNA FREIRE, Gab 9 - Des. ÉLIO
SIQUEIRA, Gab 5 - Des. ROBERTO MACHADO. 2ª Turma: Gab 4 - Des. LEONARDO CARVALHO,
Gab 7 - Des. PAULO ROBERTO, Gab 12 - Des. VLADIMIR CARVALHO. 3ª Turma: Gab 13 - Des.
ROGÉRIO FIALHO MOREIRA, Gab 8 - Des. FERNANDO BRAGA, Gab 14 - Des. CARLOS
REBELO. 4ª Turma: Gab 1 - Des. LÁZARO GUIMARÃES, Gab 15 - Des. EDILSON NOBRE, Gab 10 -
Des. RUBENS CANUTO.
Impedido(s): -
Distribuído para: 1ª Turma: Gab 5 - Des. ROBERTO MACHADO.

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Data e hora da inclusão: 14/03/2018 17:16:01
Identificador: 4050000.10536648

1/1
PROCESSO Nº: 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
IMPETRANTE: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
PACIENTE: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho e outro
IMPETRADO: JUÍZO DA 12ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
RELATOR(A): Desembargador(a) Federal Francisco Roberto Machado - 1ª Turma
MAGISTRADO CONVOCADO: Desembargador(a) Federal Andre Luis Maia Tobias Granja
INFORMAÇÃO DE PREVENÇÃO

Exmo. Des. Federal Relator,

Informo que, a consulta aos sistemas informatizados ESPARTA e PJE sinalizou a existência de processos
relacionados ao HABEAS CORPUS em epígrafe: HC 4267 CE, ACR 9363 CE e ACR 9539 CE (3ª
Turma). Assim sendo, à luz do art. 61, §§ 2º, 3º e 6º; c/c procedimento corroborado pelo acórdão
prolatado na Questão de Ordem na AR 310-PE, s.m.j. , haveria prevenção para o Des. Carlos Rebelo,
sucessor do relator originário, em face da ACR 9363, em tramitação no STJ.

Recife, 14 de março de 2018.

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
JASIEL MARANHAO DE BARROS - Diretor da Distribuição
18031418105640500000010519114
Data e hora da assinatura: 14/03/2018 18:13:25
Identificador: 4050000.10537013
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 1/1
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
PROCESSO: 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
Gab 5 - Des. ROBERTO MACHADO - 1ª Turma
RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL FRANCISCO ROBERTO MACHADO

Polo ativo Polo passivo


Marcelo Leal de Lima Oliveira IMPETRANTE JUÍZO DA 12ª VARA
FRANCISCO DEUSMAR DE FEDERAL DA SEÇÃO IMPETRADO
PACIENTE JUDICIÁRIA DO CEARÁ
QUEIROS
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira

Outros participantes
MINISTÉRIO PÚBLICO CUSTOS
FEDERAL LEGIS

CERTIDÃO DE RETIFICAÇÃO

Certifico que, em 14/03/2018, procedi à retificação de autuação deste processo para fazer constar:
Data de Operação Usuário
Item Situação anterior Situação atual
alteração realizada responsável
Marcelo Leal de Lima
Marcelo Leal de Lima Oliveira, Marcelo Leal de
Oliveira, Marcelo Leal Lima Oliveira,
URSULA
14/03/2018 de Lima Oliveira, FRANCISCO DEUSMAR
Parte - Polo Ativo Inclusão DAMASCEN
17:44 FRANCISCO DE QUEIROS,
DE BARRO
DEUSMAR DE ANASTACIO JORGE
QUEIROS MATOS DE SOUSA
MARINHO
Pedido de URSULA
14/03/2018
Liminar/Antecipação Alteração Não Sim DAMASCEN
17:38
de Tutela DE BARRO
DIREITO PENAL|Crimes
DIREITO
Previstos na Legislação
PENAL|Crimes
Extravagante|Crimes contra
Previstos na Legislação
o Sistema Financeiro
Extravagante|Crimes
Nacional|, DIREITO
contra o Sistema

1/3
14/03/2018 Financeiro Nacional|, PENAL|Crimes Previstos URSULA
Assunto Inclusão DIREITO na Legislação DAMASCEN
17:38
PENAL|Crimes Extravagante|Crimes contra DE BARRO
Previstos na Legislação o mercado de capitais|,
Extravagante|Crimes DIREITO PROCESSUAL
contra o mercado de PENAL|Ação Penal|Prisão
capitais| Decorrente de Sentença
Condenatória|
DIREITO PENAL|Crimes
Previstos na Legislação
DIREITO
Extravagante|Crimes contra
PENAL|Crimes
o Sistema Financeiro URSULA
14/03/2018 Previstos na Legislação
Assunto Inclusão Nacional|, DIREITO DAMASCEN
17:37 Extravagante|Crimes
PENAL|Crimes Previstos DE BARRO
contra o Sistema
na Legislação
Financeiro Nacional|
Extravagante|Crimes contra
o mercado de capitais|
DIREITO PENAL|Crimes
Previstos na Legislação URSULA
14/03/2018
Assunto Inclusão Extravagante|Crimes contra DAMASCEN
17:37
o Sistema Financeiro DE BARRO
Nacional|
DIREITO
PROCESSUAL
URSULA
14/03/2018 PENAL|Ação
Assunto Exclusão DAMASCEN
17:37 Penal|Prisão Decorrente
DE BARRO
de Sentença
Condenatória|
URSULA
14/03/2018 Parte - Outros MINISTÉRIO PÚBLICO
Inclusão DAMASCEN
17:34 Participantes FEDERAL
DE BARRO
JUÍZO DA 12ª VARA URSULA
14/03/2018
Parte - Polo Passivo Inclusão FEDERAL DA SEÇÃO DAMASCEN
17:34
JUDICIÁRIA DO CEARÁ DE BARRO
Marcelo Leal de Lima
Marcelo Leal de Lima
Oliveira, Marcelo Leal de URSULA
14/03/2018 Oliveira, FRANCISCO
Parte - Polo Ativo Inclusão Lima Oliveira, DAMASCEN
17:30 DEUSMAR DE
FRANCISCO DEUSMAR DE BARRO
QUEIROS
DE QUEIROS
Marcelo Leal de Lima
Oliveira, FRANCISCO
DEUSMAR DE Marcelo Leal de Lima URSULA
14/03/2018
Parte - Polo Ativo Exclusão QUEIROS, Oliveira, FRANCISCO DAMASCEN
17:29
FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS DE BARRO
DEUSMAR DE
QUEIROS
Marcelo Leal de Lima
Marcelo Leal de Lima
Oliveira, FRANCISCO URSULA
14/03/2018 Oliveira, FRANCISCO
Parte - Polo Ativo Inclusão DEUSMAR DE QUEIROS, DAMASCEN
17:28 DEUSMAR DE
FRANCISCO DEUSMAR DE BARRO
QUEIROS
DE QUEIROS
URSULA
14/03/2018
Processo Referência Alteração 08058025520164058100 0805802-55.2016.4.05.8100 DAMASCEN
17:280802530-35.2018.4.05.0000
Processo:
Data e hora da inclusão: 15/03/2018 00:00:00 DE BARRO
Identificador: 4050000.10544088

2/3
PROCESSO Nº: 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
IMPETRANTE: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
PACIENTE: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho e outro
IMPETRADO: JUÍZO DA 12ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
RELATOR(A): Desembargador(a) Federal Francisco Roberto Machado - 1ª Turma

DECISÃO

Trata-se de Habeas Corpus , com pedido liminar, impetrado em favor de FRANCISCO DEUSMAR DE
QUEIROS, apontando como autoridade coatora o Juízo da 12ª Vara Federal do Ceará, objetivando a
suspensão da Execução Provisória da pena que lhe imposta nos autos da Ação Penal nº
0012628-43.2010.4.05.8100, na qual o paciente foi condenado, pela prática do crime do art. 27-C da Lei
nº 6.385/76, a nove (09) anos e dois (02) meses de reclusão, ainda pendente de julgamento de Recurso
Especial no STJ (REsp 1.449.193-CE)).

Relatei, decido.

A partir do exame superficial, próprio desta fase de cognição sumária, tenho que o ato combatido parece
viciado de abuso de poder.

Não se desconhece o entendimento do STF, firmado no HC 126.292/SP, nas ADC's 43 e 44 e no ARE


964.246/SP, admitindo a possibilidade de execução provisória da pena após condenação em segunda
instância, diante da ausência de efeito suspensivo dos recursos extremos.

No caso concreto, todavia, constou expressamente da sentença condenatória: " determino, ainda,
imediatamente após o trânsito em julgado desta sentença, a remessa dos autos à Vara Federal
competente para a execução da pena aqui aplicada ".

Tenho que aludido comando sentencial, a teor de precedente do próprio STF, constitui garantia erigida em
favor do status libertatis do réu, ora paciente, não me parecendo razoável que o famigerado entendimento
firmado pelo STF, de cunho genérico, deva prevalecer sobre uma norma endócrina, expressa na própria
sentença condenatória, diferindo sua execução para depois de seu trânsito em julgado.

Quanto ao perigo da demora, este se mostra evidente, porque o ato combatido determinou o início da
execução da pena imposta a FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS, com a expedição do respectivo
mandado de prisão.

Desse modo, ad cautelam , melhor que não se cumpra, até ulterior deliberação, o ato impugnado.

Assim, defiro a liminar , determinando a suspensão da Execução Provisória da Pena nº


0805802-55.2016.4.05.8100, até julgamento final deste writ .

Intime-se.

Oficie-se ao Juízo originário, para que preste informações, no prazo de 48h.

Depois, sigam os autos ao MPF, para o necessário parecer.

Recife, 15 de março de 2018.

1/2
Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
FRANCISCO ROBERTO MACHADO - Magistrado
18031418272038500000010519173
Data e hora da assinatura: 15/03/2018 09:14:01
Identificador: 4050000.10537072
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 2/2
Tribunal Regional Federal da 5ª Região
PJe - Processo Judicial Eletrônico
Consulta Processual

15/03/2018

Número: 0802530-35.2018.4.05.0000
Classe: HABEAS CORPUS
Partes
Tipo Nome
ADVOGADO ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO
IMPETRANTE Marcelo Leal de Lima Oliveira
PACIENTE FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO Marcelo Leal de Lima Oliveira

Documentos
Id. Data/Hora Documento Tipo
10537 15/03/2018 09:14 Decisão Decisão
072

1/3
PROCESSO Nº: 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
IMPETRANTE: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
PACIENTE: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho e outro
IMPETRADO: JUÍZO DA 12ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
RELATOR(A): Desembargador(a) Federal Francisco Roberto Machado - 1ª Turma

DECISÃO

Trata-se de Habeas Corpus, com pedido liminar, impetrado em favor de FRANCISCO DEUSMAR DE
QUEIROS, apontando como autoridade coatora o Juízo da 12ª Vara Federal do Ceará, objetivando a
suspensão da Execução Provisória da pena que lhe imposta nos autos da Ação Penal nº
0012628-43.2010.4.05.8100, na qual o paciente foi condenado, pela prática do crime do art. 27-C da Lei
nº 6.385/76, a nove (09) anos e dois (02) meses de reclusão, ainda pendente de julgamento de Recurso
Especial no STJ (REsp 1.449.193-CE)).

Relatei, decido.

A partir do exame superficial, próprio desta fase de cognição sumária, tenho que o ato combatido parece
viciado de abuso de poder.

Não se desconhece o entendimento do STF, firmado no HC 126.292/SP, nas ADC's 43 e 44 e no ARE


964.246/SP, admitindo a possibilidade de execução provisória da pena após condenação em segunda
instância, diante da ausência de efeito suspensivo dos recursos extremos.

No caso concreto, todavia, constou expressamente da sentença condenatória: "determino, ainda,


imediatamente após o trânsito em julgado desta sentença, a remessa dos autos à Vara Federal
competente para a execução da pena aqui aplicada".

Tenho que aludido comando sentencial, a teor de precedente do próprio STF, constitui garantia erigida em
favor do status libertatis do réu, ora paciente, não me parecendo razoável que o famigerado entendimento
firmado pelo STF, de cunho genérico, deva prevalecer sobre uma norma endócrina, expressa na própria
sentença condenatória, diferindo sua execução para depois de seu trânsito em julgado.

Quanto ao perigo da demora, este se mostra evidente, porque o ato combatido determinou o início da
execução da pena imposta a FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS, com a expedição do respectivo
mandado de prisão.

Desse modo, ad cautelam, melhor que não se cumpra, até ulterior deliberação, o ato impugnado.

Assim, defiro a liminar, determinando a suspensão da Execução Provisória da Pena nº


0805802-55.2016.4.05.8100, até julgamento final deste writ.

Intime-se.

Oficie-se ao Juízo originário, para que preste informações, no prazo de 48h.

Depois, sigam os autos ao MPF, para o necessário parecer.

Recife, 15 de março de 2018.

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: FRANCISCO ROBERTO MACHADO - Magistrado Num. 10537072 - Pág. 1
https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18031418272038500000010519173
Número do documento: 18031418272038500000010519173
2/3
Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
Assinado eletronicamente.
MAILZE GOMES A Certificação
DE BARROS Digital pertence
- Diretor a: FRANCISCO ROBERTO MACHADO - Magistrado
de Secretaria Num. 10537072 - Pág. 2
18031509464756500000010527872
Data e hora da assinatura: 15/03/2018 09:46:47
https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18031418272038500000010519173
Identificador:
Número do documento: 4050000.10545793
18031418272038500000010519173
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 3/3
PROCESSO Nº: 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
IMPETRANTE: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
PACIENTE: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho e outro
IMPETRADO: JUÍZO DA 12ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
RELATOR(A): Desembargador(a) Federal Francisco Roberto Machado - 1ª Turma
MAGISTRADO CONVOCADO: Desembargador(a) Federal Andre Luis Maia Tobias Granja

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
DIVISÃO DA PRIMEIRA TURMA

OFÍCIO - 1ª TURMA

Excelentíssimo(a) Juiz(a),

De ordem do Exmo Des. ROBERTO MACHADO, dirijo-me a V. Exa. para encaminhar a decisão
proferida nos autos do PJE- HC 0802530-35.2018.4.05.0000 , processo de Ref -
0805802-55.2016.4.05.8100 a fim de prestar informações no prazo de 48h.

Colho do ensejo para manifestar-lhe votos de apreço.

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
MAILZE GOMES DE BARROS - Diretor de Secretaria
18031509464756500000010527870
Data e hora da assinatura: 15/03/2018 09:46:47
Identificador: 4050000.10545791
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 1/1
OFÍCIO - 1ª TURMA

Excelentíssimo(a) Juiz(a),

De ordem do Exmo Des. ROBERTO MACHADO, dirijo-me a V. Exa. para encaminhar a decisão
proferida nos autos do PJE- HC 0802530-35.2018.4.05.0000 , processo de Ref -
0805802-55.2016.4.05.8100 a fim de prestar informações no prazo de 48h.

Colho do ensejo para manifestar-lhe votos de apreço.

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
MAILZE GOMES DE BARROS - Diretor de Secretaria
18031509522335300000010528133
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OFÍCIO - 1ª TURMA

Excelentíssimo(a) Juiz(a),

De ordem do Exmo Des. ROBERTO MACHADO, dirijo-me a V. Exa. para encaminhar a decisão
proferida nos autos do PJE- HC 0802530-35.2018.4.05.0000 , processo de Ref -
0805802-55.2016.4.05.8100 a fim de prestar informações no prazo de 48h.

Colho do ensejo para manifestar-lhe votos de apreço.

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
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MAILZE GOMES DE BARROS - Diretor de Secretaria
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Tribunal Regional Federal da 5ª Região
PJe - Processo Judicial Eletrônico
Consulta Processual

15/03/2018

Número: 0802530-35.2018.4.05.0000
Classe: HABEAS CORPUS
Partes
Tipo Nome
ADVOGADO ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO
IMPETRANTE Marcelo Leal de Lima Oliveira
PACIENTE FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO Marcelo Leal de Lima Oliveira

Documentos
Id. Data/Hora Documento Tipo
10536 14/03/2018 17:15 Habeas Corpus Petição Inicial
626
10536 14/03/2018 17:15 02.1 - EXECUÇÃO Parte1 Documento de Comprovação
627
10536 14/03/2018 17:15 02.2 - EXECUÇÃO Parte2 Documento de Comprovação
628
10536 14/03/2018 17:15 03 - Ato Coator Deusmar Documento de Comprovação
629
10536 14/03/2018 17:15 04 - Deusmar Embargos de Declaração Documento de Comprovação
631
10536 14/03/2018 17:15 05 - ANDAMENTO RESP Documento de Comprovação
633
10536 14/03/2018 17:15 06 - Jurisprudências STF Documento de Comprovação
635
10537 15/03/2018 09:14 Decisão Decisão
072

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EXCELENTÍSSIMO DESEMBARGADOR FEDERAL MANOEL DE OLIVEIRA ERHARDT

PRESIDENTE DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO

FRANCISCO CÉSAR ASFOR ROCHA, brasileiro, casado, advogado, inscrito na


OAB/SP nº 329.034, podendo ser localizado no SHIS, QL 14, Conjunto 9, Casa 18, Brasília - DF,
MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA, advogado, inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil sob
o nº 21.932/DF, com endereço profissional na SMDB Conjunto 06, lote 06, Brasília/DF, ANASTACIO
JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO, OAB/CE 8502, CAIO CESAR VIEIRA ROCHA,
OAB/CE 15.095 e TIAGO ASFOR ROCHA LIMA, OAB/CE 16.386, sócios de Rocha, Marinho e
Sales Advogados S/S, com Endereço na Av. Des. Moreira, 760, 6º andar, Fortaleza - CE, vêm, à presença
deste Sodalício, impetrar

HABEAS CORPUS

(com pedido de liminar)

em favor de FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS, brasileiro, casado, empresário, portador do CPF


nº 024.922.883-15, domiciliado na Av. Beira Mar, nº 2020, Apartamento 1100, Meireles, Fortaleza/CE,
em face da decisão que deu início à execução provisória nº 0805802-55.2016.4.05.8100, fazendo-o pelas
seguintes razões de fato e de direito:

I - BREVE HISTÓRICO PROCESSUAL

1. 1. O Paciente foi condenado nos autos da Ação Penal nº


0012628-43.2010.4.05.8100 pela suposta prática dos crimes previstos nos artigos 7º, IV, da Lei nº
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1.

7.492/86 e 27-C da Lei nº 6.385/76, ocorridos entre os anos de 2000 e 2006. Foi-lhe atribuída a
pena de 15 anos e 10 meses a ser cumprida inicialmente em regime fechado, garantindo-se o direito
de permanecer em liberdade até o trânsito em julgado.

1. 2. Em sede de apelação exclusiva da defesa, este Tribunal Regional Federal da


5ª Região, afastou a condenação em relação ao crime previsto no artigo 27-C da Lei nº 6.385/76,
resultando numa pena final de 09 anos e 02 meses de reclusão.

1. 3. Embora tenha o Ministério Público Federal se contentado com o resultado


alcançado, operando-se o trânsito em julgado para a acusação, o Paciente interpôs, daquele acórdão,
o Recurso Especial nº 1.449.193, cujo trânsito em julgado ainda não ocorreu.

1. 4. Havendo o Ministério Público requerido a prisão do Paciente com fulcro no


que decidiu o Supremo Tribunal Federal acerca da possibilidade da execução provisória da pena
após o exaurimento da instância ordinária, a defesa ingressou com pedido de Tutela Provisória nº
38 perante o Superior Tribunal de Justiça, cuja liminar foi deferida em face da plausibilidade do
direito invocado.

1. 5. Surpreendeu-se a defesa, no entanto, com posterior decisão monocrática,


negando provimento ao Recurso Especial e, em seguida, o reconhecimento da prejudicialidade da
medida cautelar, mormente porque ainda não ocorreu o trânsito em julgado.

1. 6. Com efeito, foram opostos Embargos de Declaração com pedido de


efeitos modificativos, os quais ainda não foram julgados.

1. 7. Embora mencionadas decisões tenham sido objeto dos recursos cabíveis à


espécie, não tendo havido, portanto, o trânsito em julgado, o Ministério Público requereu a
execução provisória da pena, o que foi deferido pela autoridade coatora nos seguintes termos:

"O Ministério Público Federal requereu, novamente, o início da execução da pena, informando que "o
RESp 1.449.193/CE, que apoiava tal tutela provisória, foi julgado e desprovido". Sobre o pedido do
Ministério Público Federal se manifestou a defesa, ao argumento de que a execução da pena implicaria
em reformatio in pejus, pois o título executivo teria sido expresso em afirmar que a prisão dos
sentenciados deveria ocorrer apenas após o trânsito em julgado da sentença.

É o relato necessário. DECIDO.

2. FUNDAMENTAÇÃO

Não é verdade a alegação da defesa, no sentido de que a sentença teria sido expressa ao afirmar que os
condenados somente poderiam ser presos após o trânsito em julgado. Muito pelo contrário: a sentença
foi explícita em indicar que os réus poderiam apelar em liberdade. Eis o quanto consta da sentença:
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89. Quanto ao eventual recurso de apelação, reconheço que, em razão da inexistência de elementos
ensejadores de recolhimento à prisão dos réus, que se encontram soltos, considerando também que, no
transcorrer da instrução, ditos réus não agiram no sentido de dificultar a atividade jurisdicional,
entendo que os mesmos devem apelar em liberdade. (grifei)

A menção ao trânsito em julgado se deu apenas a título de providências finais burocráticas, no sentido de
que, após o trânsito em julgado, deveria ser expedida a respectiva guia de execução.

A propósito, o próprio Ministro Relator que havia concedido a suspensão da presente execução já havia
ponderado:

A expressão constante das sentenças condenatórias, ao determinar a expedição de mandado de prisão


após o trânsito em julgado, não opera coisa julgada em favor do réu, de modo que tal fato não tem o
condão de impedir sua prisão no âmbito da execução provisória da pena. Este tipo de comando
sentencial, com efeito, consta do texto condenatório, em verdade, apenas como norte para o início de
cumprimento de pena, com advento do trânsito em julgado, ou seja, tem por finalidade guiar o feito após
o julgamento definitivo dos recursos, da mesma forma como a determinação de expedição de ofícios para
inscrição no nome do rol de culpados, as determinações para fins de suspensão de direitos políticos,
dentre outras diligências.

Sendo assim, ainda que se acolhesse a tese defensiva (no sentido de que o direito ao recurso em liberdade
faria coisa julgada material se não atacado pelo Ministério Público Federal), a qual realmente vem
encontrando algum apoio dentro do Supremo Tribunal Federal, especialmente de Ministros que foram
vencidos no julgamento a respeito da possibilidade de execução provisória da pena, o caso concreto sob
exame não se amolda faticamente à tese, porquanto, repita-se, a sentença apenas assegurou o direito de
apelar em liberdade.

De todo modo, o entendimento deste juízo é no sentido de que a execução provisória da pena configura
poder-dever do magistrado, que deve determiná-la quando constatado o esgotamento das vias ordinárias
de impugnação. Com efeito, é sabido que, ao decidir sobre o direito de recorrer em liberdade, o juiz
analisa apenas a presença ou não dos requisitos para decretação da prisão preventiva - nada dispondo
sobre a execução provisória da pena. Mas a execução provisória em nada se relaciona a prisão
preventiva e deve ser implementada mesmo que ausentes os requisitos da segregação cautelar, já que,
repito, a execução provisória não possui natureza processual ou cautelar, mas sim de execução
propriamente dita, ainda que provisória.

Ademais, não prospera a alegação de que a execução provisória seria "reformatio in pejus".

Ora, não se está alterando em nada o título judicial em desfavor dos réus. O comando condenatório está
sendo executado na exata medida em que proferido. A "reformatio in pejus" somente ocorre quando um
recurso piora a situação do acusado. E o recurso interposto em nada o prejudicou. Muito pelo contrário:
assegurou que o acusado permanecesse solto durante o julgamento da apelação, tendo, portanto,
melhorado a sua situação. Se não tivesse interposto o recurso, a sentença teria sido imediatamente
executada. A "reformatio in pejus" somente ocorre quando o acusado possa afirmar algo como "seria
melhor se eu não tivesse recorrido...". E, no caso presente, o acusado pode dizer isso? Decerto não, pois,
além de ter tido sua pena reduzida, se manteve solto durante o julgamento da apelação.

São, portanto, dois momentos distintos e duas análises diversas: 1) quando profere a sentença, o juiz
verifica se estão ou não presentes os requisitos da prisão preventiva, e decide pela prisão do sentenciado
ou pelo recurso em liberdade; 2) quando determina a execução provisória, o juiz analisa se está esgotada
a via ordinária recursal, e decide pelo início da pena.

No caso sob exame, esgotada está a via recursal ordinária, pois já julgada a apelação do executado, bem
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como o próprio recurso especial (este monocraticamente, ainda não transitado

em julgado). Acertado, pois, o início da execução provisória da pena, como determinado pelo juízo da
causa e requerido agora pelo Ministério Público Federal.

3. DISPOSITIVO

Pelo exposto, DEFIRO o pedido formulado pelo Ministério Público Federal e DETERMINO o
prosseguimento desta execução provisória, com início da pena imposta ao executado.

Expeça-se mandado de prisão. Considerando que o advogado do executado compareceu no gabinete


deste magistrado e solicitou que, pelas condições pessoais e sociais do réu, este

pudesse se apresentar espontaneamente para início do cumprimento da pena (na eventualidade de


deferimento do pedido do MPF), e tendo em vista que ele respondeu a todo o processo solto e não
demonstrou intenção de fuga, hei por bem acolher o pleito, pelo que DETERMINO que a Polícia Federal
somente dê cumprimento ao mandado após 24h do seu recebimento - lapso durante o qual o executado
deverá se apresentar perante a autoridade policial, sob pena de ser

preso onde for encontrado. Após a expedição do mandado de prisão, dê-se ciência ao advogado do
executado, por telefone.

Efetivada a prisão, fica desde já declinada a competência para a Justiça Estadual, devendo a Secretaria
expedir a respectiva guia de execução.

1. 8. Esta decisão, no entanto, viola frontalmente o princípio do non reformatio in


pejus, ensejando a impetração do presente writ.

II - DA NECESSIDADE DE TRÂNSITO EM JULGADO ESTABELECIDA NO TÍTULO


EXECUTIVO - IMPOSSIBILIDADE DE REFORMATIO IN PEJUS

1. 9. O que se discute neste momento processual em nada se relaciona com a


(in)constitucionalidade da execução provisória da pena.

1. 10. Trata-se, em realidade, de simples, mas importantíssimo pedido de


cumprimento do princípio do non reformatio in pejus e garantia da segurança jurídica advinda de
decisões proferidas em processos penais, dos quais deixou de recorrer a acusação.

1. 11. No caso em tela, não é possível o início da execução provisória da pena


porque o cumprimento da reprimenda está diretamente condicionado ao trânsito em julgado
do processo!!!

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1. 12. É que a sentença, título executivo por excelência, foi expressa ao afirmar que
a prisão dos sentenciados deveria ocorrer apenas "após o trânsito em julgado da sentença".
Confira-se:

1. 13. Não
há margem para dúvida.

1. 14.
Conforme se depreende da
leitura do título que se
pretende executar
provisoriamente, a
execução da pena imposta
ao Paciente depende do
seu trânsito em julgado
para ambas as partes.

1. 15. O
Ministério Público
quedou-se inerte,
satisfazendo-se com o título
executivo obtido em todos
os seus termos. Com isso,
ocorreu, apenas para a
acusação, o trânsito em
julgado. Confira-se:

1. 16. Ora,
ainda que se pretenda
executar provisoriamente a
pena, isto só pode ser feito
nos exatos termos da
sentença, que é expressa
em afirmar que a prisão
somente deve se dar após o
trânsito em julgado.

1. 17. A
questão, portanto, não diz
respeito à possibilidade ou
não da prisão ser decretada após a decisão condenatória proferida em segundo grau em jurisdição.
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1. 18. Na data de ontem, a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal, ao julgar o HC
144.717, referendou esse entendimento!

1. 19. Aliás, é importante destacar que o caso foi desafetado do Plenário


exatamente porque se entendeu que esta matéria específica estaria fora do alcance da discussão
sobre a possibilidade ou não da prisão após condenação de segundo grau.

1. 20. Em que pese o acórdão não tenha sido publicado, o próprio sítio eletrônico
do STF traz a informação:

1. 21. No caso em tela, a alteração do título executivo (sentença), tal como pretende
o Ministério Público, sem que dela tenha recorrido, importaria em flagrante reformatio in pejus.

1. 22. Em outras palavras, se a sentença condenatória expressamente afirma que o


cumprimento da pena deve se dar apenas com o trânsito em julgado e em não havendo recurso por
parte do Ministério Público, é expressamente vedado ao judiciário impor prematuramente,
inexistentes novos requisitos de cautelaridade, a prisão processual ao Paciente.

1. 23. Não tem qualquer procedência o argumento trazido pela autoridade coatora
no sentido de que as "providências finais" seriam meramente burocráticas e que, portanto, não
fariam coisa julgada.

1. 24. Ora, as providências finais, embora burocráticas, integram a parte dispositiva


da sentença, exatamente a parte das sentenças judiciais a respeito das quais não há qualquer dúvida
quanto a estarem acobertadas pelo manto da coisa julgada.

1. 25. Tanto é assim, que a própria autoridade coatora reconheceu exatamente o


oposto em sua fundamentação:

"Este tipo de comando sentencial, com efeito, consta do texto condenatório, em verdade, apenas como
norte para o início de cumprimento de pena, com advento do trânsito em julgado, ou seja, tem por
finalidade guiar o feito após o julgamento definitivo dos recursos".

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1. 26. É exatamente disso que se está falando! As "providências finais" são, nada
mais nada menos do que o norte para o início do cumprimento da pena...

1. 27. E é evidente que deste norte não pode haver desvio nem para a esquerda nem
para a direita!

1. 28. Com efeito, a parte em que o Magistrado dá ordens ao Ofício é a parte


mandamental por excelência, na qual fixa no tempo e no espaço os limites da execução,
propriamente o que se está argumentando no presente writ.

1. 29. No mais, o princípio de proibição à reformatio in pejus não atende a um


raciocínio tão singelo quanto o utilizado pela autoridade coatora, pois não se refere apenas à mera
vantagem que a defesa teria ao decidir por recorrer ou não da sentença.

1. 30. Não se trata apenas de considerar se "seria melhor que a defesa não tivesse
recorrido...".

1. 31. Mais do que isso, o nemo reformatio in pejus é uma garantia que dá
sustentação ao princípio do respeito à coisa julgada. Isto é, tem o condão de viabilizar que haja
efetivo respeito à coisa julgada, evitando-se que a situação da defesa venha a ser alterada no meio
do caminho, sem que o órgão acusatório tenha intervindo no momento oportuno.

1. 32. Isto é, tem mais a ver com o não recurso da acusação do que com o recurso
da defesa.

1. 33. O próprio Supremo Tribunal Federal, aliás, vem garantindo a aplicação do


princípio do non reformatio in pejus, condicionando o recolhimento à prisão ao trânsito em julgado
para ambas as partes, nos casos em que assim prevê o título executivo, sem que, com isso, se possa
afirmar o descumprimento do precedente emanado por aquela Corte.

1. 34. Aliás, a própria autoridade coatora reconheceu que esta é a tese que
efetivamente vem sendo aplicada pelo Supremo Tribunal Federal, ainda que a procure desmerecer,
sugerindo que é encampada apenas por Ministros que restaram vencidos quando do julgamento a
respeito da possibilidade da execução provisória da pena em matéria penal.

1. 35. De fato, assim tem decidido, em diversas ocasiões, a nossa Corte Suprema.

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1. 36. Muito ao contrário do sugerido pelo Magistrado, a tese é exatamente a
mesma que vem sido acatada pelo STF, pois em todas tratou-se exatamente de hipótese fática
idêntica, em que ao réu é assegurado apelar em liberdade, determinando-se o início da
execução "após o trânsito em julgado".

1. 37. Nesse sentido, recentíssima a decisão proferida pelo Min. CELSO DE


MELLO, nos autos do HC nº 152.974/SP, publicada em 06 de março de 2018:

"Tem-se entendido, nesta Suprema Corte, que, em situações como a ora em exame, em que o Ministério
Público sequer se insurgiu contra o pronunciamento do órgão judiciário "a quo" que garantiu ao
paciente o direito de recorrer em liberdade, não pode o Tribunal de superior jurisdição suprimir esse
benefício, em detrimento do condenado, sob pena de ofensa à cláusula final inscrita no art. 617 do
Código de Processo Penal:

"() POSSÍVEL OFENSA AO PRINCÍPIO QUE VEDA A 'REFORMATIO IN PEJUS' (CPP, ART. 617, 'in
fine'), POIS O TRIBUNAL DE INFERIOR JURISDIÇÃO ORDENOU QUE SE PROCEDESSE, EM
PRIMEIRO GRAU, À IMEDIATA EXECUÇÃO ANTECIPADA DA PENA, NÃO OBSTANTE ESSE
COMANDO HOUVESSE SIDO DETERMINADO EM RECURSO EXCLUSIVO DO RÉU CONDENADO,
A QUEM SE ASSEGURARA, NO ENTANTO, EM MOMENTO ANTERIOR, SEM IMPUGNAÇÃO
RECURSAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO, O DIREITO DE AGUARDAR EM LIBERDADE A
CONCLUSÃO DO PROCESSO. ()." (HC 147.452/MG, Rel. Min. CELSO DE MELLO)"

1. 38. Em igual sentido, a decisão monocrática do HC 140.217/DF, de relatoria do


Ministro RICARDO LEWANDOWSKI:

"(...)

Registre-se, também, que a antecipação do cumprimento da pena, em qualquer grau de jurisdição,


somente pode ocorrer mediante um pronunciamento específico e fundamentado que demonstre, à
saciedade, e com base em elementos concretos, a necessidade da custódia cautelar. Assim,
verificando que o caso em espécie se assemelha àquele tratado no HC 140.217/DF, bem como nos HC's
135.951/DF, 142.012/DF e 142.017/DF, todos de minha relatoria, entendo que ocorreu a formação da
coisa julgada do direito de o paciente recorrer em liberdade. Por essas razões, constatada a
excepcionalidade da situação em análise faz necessária a suspensão da execução da pena imposta ao
paciente. Isso posto, tendo em conta que a conclusão a que chego neste habeas corpus em nada
conflita com as decisões majoritárias desta Suprema Corte, acima criticadas, com o respeito de praxe,
confirmando as liminares, concedo a ordem de habeas corpus (art. 192, caput, do RISTF), para que os
pacientes possam aguardar, em liberdade, o trânsito em julgado da sentença penal condenatória
proferida no Processo 2005.01.1.064173-9, sem prejuízo da manutenção ou fixação, pelo juízo
processante, de uma ou mais de uma das medidas cautelares previstas no art. 319 do Código de Processo
Penal, caso entenda necessário. Comunique-se com urgência. Expeça-se alvará de soltura
clausulado. Publique-se. Brasília, 14 de novembro de 2017. Ministro Ricardo Lewandowski Relator

(HC 140217, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, julgado em 14/11/2017, publicado em


PROCESSO ELETRÔNICO DJe-261 DIVULG 16/11/2017 PUBLIC 17/11/2017)"

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1. 39. Da mesma forma, os seguintes julgados: HC 135.951-MC/DF, Rel. Min.
RICARDO LEWANDOWSKI - HC 142.012-MC/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI -
HC 142.017-MC/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI - HC 147.428-MC/MG, Rel. Min.
CELSO DE MELLO - HC 148.122-MC/MG, Rel. Min. CELSO DE MELLO - HC 153.431/SP,
Rel. Min. CELSO DE MELLO.

III - DOS REQUISITOS PARA A CONCESSÃO DE MEDIDA LIMINAR

1. 40. Presentes se encontram os requisitos para a concessão de liminar na figura do


fumus boni iuris e do periculum in mora.

1. 41. O primeiro salta aos olhos por todos os fundamentos acima elencados e que
demonstram claramente a violação ao princípio do non reformatio in pejus.

1. 42. O perigo da demora, por sua vez, se torna evidente frente à ordem de prisão
em desfavor do Paciente, sendo desnecessária uma descrição pormenorizada do dano de impossível
reparação que a prisão representa na vida de quem vem a ser encarcerado.

IV - DO PEDIDO

1. 43. Ante o exposto, requer seja concedida liminar para obstar o início da
execução da pena do Paciente antes do trânsito em julgado, em flagrante violação do princípio do
non reformatio in pejus, expedindo-se o competente contra-mandado de prisão ou, se já houver sido
cumprida, o necessário alvará de soltura.

1. 44. No mérito, requer seja concedida em definitivo a presente ordem de Habeas


Corpus, garantindo ao Paciente o direito de aguardar o trânsito em julgado para que se dê início ao
cumprimento de pena.

P. deferimento.

Brasília, 14 de março de 2018.

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10/364
Marcelo Leal de Lima Oliveira

OAB/DF 21.932

Caio César Vieira Rocha

OAB/CE 15.095

Francisco César Asfor Rocha

OAB/SP 329.034

Tiago Asfor Rocha Lima

OAB/CE 16.386

Anastácio Jorge Matos de Sousa Marinho

OAB/CE 8.502

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INTEIRO TEOR DA EXECUÇÃO
PROVISÓRIA Nº 0805802-55.2016.4.05.8100

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Tribunal Regional Federal da 5ª Região
PJe - Processo Judicial Eletrônico
Consulta Processual

14/03/2018

Número: 0805802-55.2016.4.05.8100
Classe: EXECUÇÃO PROVISÓRIA
Partes
Tipo Nome
CONDENADO FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO
EXEQUENTE MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

Documentos
Id. Data/Hora Documento Tipo
4058100.1463935 21/06/2016 TERMO DE AUTUAÇÃO Petição Inicial
15:25
4058100.1463936 21/06/2016 0012628-43.2010.4.05.8100 - FRANCISCO Documento de Comprovação
15:25 DEUSMAR DE QUEIRÓS - Parte 1
4058100.1463937 21/06/2016 0012628-43.2010.4.05.8100 - FRANCISCO Documento de Comprovação
15:25 DEUSMAR DE QUEIRÓS - Parte 2
4058100.1463938 21/06/2016 0012628-43.2010.4.05.8100 - FRANCISCO Documento de Comprovação
15:25 DEUSMAR DE QUEIRÓS - Parte 3
4058100.1463947 21/06/2016 Certidão de Distribuição Certidão
15:25
4058100.1480467 28/06/2016 Manifestação Contestação
14:31
4058100.1480469 28/06/2016 Petição - Vara de Execução - DEUSMAR - Documento de Comprovação
14:31 aguardar o trânsito em julgado
4058100.1641793 27/08/2016 Despacho Despacho
01:59
4058100.1641794 27/08/2016 Intimação Expediente
01:59
4058100.1660887 02/09/2016 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
14:58
4058100.1698256 19/09/2016 Cota nº 18127/2016 - MPF Cota
18:45
4058100.1792913 20/10/2016 Execução Penal Execução / Cumprimento de
13:43 Sentença
4058100.1792914 20/10/2016 PET 21032 execucao penal 0805802- Documento de Comprovação
13:43 55.2016.4.05.8100
4058100.1813428 27/10/2016 Petição de Retificação Petição
10:42
4058100.1813429 27/10/2016 PRO 21536 retificacao execucao penal Documento de Comprovação
10:42 0805802-55.2016.4.05.8100
4058100.1941566 12/12/2016 Petição comunicando decisão STJ Petição (3º Interessado)
14:23
4058100.1941567 12/12/2016 Deusmar - Comunicando decisão STJ Documento de Comprovação
14:23
4058100.1941570 12/12/2016 Decisão STJ Documento de Comprovação
14:23
4058100.1941575 12/12/2016 Decisão STJ - publicação Documento de Comprovação
14:23
4058100.1958376 16/12/2016 Telegrama STJ Certidão
14:17
4058100.1958377 16/12/2016 TELEGRAMA STJ 5T 43228-2016 Documento de Comprovação
14:17
4058100.2089618 17/02/2017 Decisão Decisão
14:57
4058100.2224141 29/03/2017 Inspeção Despacho Inspeção
17:05
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4058100.3117660 18/12/2017 Intimação Expediente
14:59
4058100.3118300 18/12/2017 ANDAMENTO PROCESSUAL - PEDIDO DE Certidão
15:46 TUTELA PROVISORIA E RESP
4058100.3118301 18/12/2017 CONSULTA PROCESSUAL - STJ - PEDIDO DE Documento de Comprovação
15:46 TUTELA PROVISÓRIA
4058100.3118305 18/12/2017 CONSULTA PROCESSUAL - STJ - REsp Documento de Comprovação
15:46
4058100.3119782 18/12/2017 Petição Petição
18:32
4058100.3120491 19/12/2017 Certidão de Retificação de Autuação Certidão de retificação de autuação
00:00
4058100.3139891 28/12/2017 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
00:01
4058100.3139892 28/12/2017 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
00:01
4058100.3367801 02/03/2018 Inspeção Despacho Inspeção
12:14
4058100.3386518 07/03/2018 Juntada - Malote Digital com Telegrama STJ Certidão
12:06
4058100.3386519 07/03/2018 DECISÃO MONOCRÁTICA NO PEDIDO DE Documento de Comprovação
12:06 TUTELA PROVISÓRIA
4058100.3402567 12/03/2018 PEDIDO DE EXECUÇÃO Promoção
10:43
4058100.3402568 12/03/2018 PRO 04436 execucao provisoria PM 0805802- Documento de Comprovação
10:43 55.2016.4.05.8100
4058100.3402573 12/03/2018 tp 38 cassacao Documento de Comprovação
10:43
4058100.3402583 12/03/2018 RESP 1449193 Documento de Comprovação
10:43
4058100.3406913 12/03/2018 Manifestação Manifestação
17:17
4058100.3406914 12/03/2018 Deusmar petição violação ao pincípio do non Documento de Comprovação
17:17 reformatio in pejus execução provisória
garimpagem
4058100.3406916 12/03/2018 decisão HC 152.794-SP Documento de Comprovação
17:17
4058100.3417179 14/03/2018 Pedido de reconsideração Pedido de reconsideração
16:12
4058100.3417185 14/03/2018 Deusmar Petição Infomando Decisão STF1 (3) Documento de Comprovação
16:12
4058100.3417226 14/03/2018 Supremo Tribunal Federal - notícia Documento de Comprovação
16:12

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TERMO DE AUTUAÇÃO

Nº PROCESSO

AUTOR: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

RÉU: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS

Nº PROCESSO DE ORIGEM: 0012628-43.2010.4.05.8100

SISTEMA PROCESSO DE ORIGEM: TEBAS

JUSTIFICATIVAS:

Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
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Número do documento: 18031417122157300000010518728
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Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
Assinado eletronicamente.
FABIO MAGALHAES A Certificação Digital pertence
RODRIGUES a: Cadastrador
- Servidor Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado Num. 10536627 - Pág. 180
16062115242110700000001464932
Data e hora da assinatura: 21/06/2016 15:25:03
https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18031417122157300000010518728
Identificador:
Número do documento: 4058100.1463938
18031417122157300000010518728
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 191/364
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TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL 5ª REGIÃO
12ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
PROCESSO Nº: 0805802-55.2016.4.05.8100
CLASSE: EXECUÇÃO DA PENA
EXEQUENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
EXECUTADO: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS

Certidão de Distribuição

Tipo da Distribuição: Sorteio.


Concorreu(ram): 12ª VARA FEDERAL.
Impedido(s): -
Distribuído para: 12ª VARA FEDERAL.

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado Num. 10536627 - Pág. 181
https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18031417122157300000010518728
Número do documento: 18031417122157300000010518728
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Manifestação.

Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
Assinado eletronicamente.
ANASTACIO JORGE A Certificação
MATOS Digital pertence
DE SOUSA a: Marcelo- Advogado
MARINHO Leal de Lima Oliveira - Advogado Num. 10536627 - Pág. 182
16062814281325300000001481475
Data e hora da assinatura: 28/06/2016 14:31:32
https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18031417122157300000010518728
Identificador:
Número do documento: 4058100.1480467
18031417122157300000010518728
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 193/364
1/1
EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA 12ª VARA DA SEÇÃO
JUDICIÁRIA DO ESTADO DO CEARÁ.

PROCESSO Nº 0805802-55.2016.4.05.8100
EXEQUENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
EXECUTADO: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS

FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS, brasileiro, casado, empresário,


portador da Carteira de Identidade RG nº 207.206 SSP/CE, residente e domiciliado na
Avenida Beira Mar, 2270, apto. 1300, Fortaleza - CE, vem, com o devido respeito, perante
V. Exa., expor e requerer o seguinte:

I – BREVE HISTÓRICO PROCESSUAL

1. O Requerente foi condenado pela prática dos crimes previstos nos artigos
7º, IV, da Lei nº 7.492/86 e 27-C da Lei nº 6.385/76, supostamente praticados entre os
anos de 2000 e 2006.

2. Embora o Ministério Público tenha se contentado com os termos da


sentença prolatada em primeira instância, a defesa apelou dessa decisão, havendo a 3ª
Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região dado parcial provimento ao recurso,
para afastar a condenação do Peticionante em relação ao crime previsto no artigo 27-C
da Lei nº 6.385/76, bem como para reconhecer a prescrição em relação à parte das
condutas que lhes foram imputadas.

3. Opostos, em duas oportunidades, embargos de declaração, o acórdão foi


mantido, ensejando a interposição de Recurso Especial, pelas alíneas “a” e “c” do artigo
105, III, da CF/88 em favor deste Peticionante.

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado Num. 10536627 - Pág. 183
https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18031417122157300000010518728
Número do documento: 18031417122157300000010518728
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4. Ante a evidente violação a normas federais, o recurso foi admitido, sendo
autuado, no Superior Tribunal de Justiça, como REsp nº 1.449.193/CE, sob a relatoria do
Min. FÉLIX FISCHER.

5. Para a surpresa da defesa e apesar de não possuir mais jurisdição sobre


o caso, o juiz da 11ª Vara, invocando a decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal
no julgamento do HC 129.292, determinou que fossem remetidas cópias das principais
peças ao juízo das execuções penais, para o início do cumprimento da reprimenda
aplicada ao Requerente. Confira-se:

“Considerando o entendimento firmado pelo colendo Supremo Tribunal


Federal de que "a possibilidade de início da execução da pena
condenatória após a confirmação da sentença em segundo grau não
ofende o princípio constitucional da presunção da inocência" (HC 126292,
de 17/02/2016 - relator: ministro Teori Zavascki), determino que a
Secretaria extraia as peças discriminadas nos artigos 106 e 109 do
Provimento nº 01, de 25 de março de 2009, da Corregedoria Regional da
Justiça Federal da 5ª. Região, e as remeta ao Setor de Distribuição desta
Seção Judiciária para autuação de Execução Penal (classe 103) em
desfavor dos réus FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS, GERALDO
DE LIMA GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e
JERÔNIMO ALVES BEZERRA e distribuição à 12ª. Vara Federal,
privativa das execuções penais, através do Processo Judicial Eletrônico -
PJE.
2. Após a formação dos autos da Execução Penal, arquivem-se os
presentes autos, com baixa na Distribuição.
3. Expediente de praxe.
4. Cumpra-se.”

6. Tal decisão, no entanto, importa em flagrante constrangimento ilegal,


conforme se passa a demonstrar.

II – DA INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO DA 11ª VARA PARA ORDENAR A FORMAÇÃO


DE AUTOS PARA A EXECUÇÃO DA PENA – EXAURIMENTO DA INSTÂNCIA –
COMPETÊNCIA EXCLUSIVA DO RELATOR DO RECURSO ESPECIAL

7. Inicialmente, salta aos olhos a que o juiz da 11ª Vara não mais possuía
competência para proferir decisão no presente processo, muito menos determinar ou
sugerir o cumprimento antecipado da pena.

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8. É o que sobressai, com clareza solar, do artigo 34, inciso III do Regimento
Interno do Superior Tribunal de Justiça:

“Art. 34. Compete ao Relator:


(…)
XIII – decidir o pedido de carta de sentença e assiná-la”.

9. A decisão sobre a prisão do Peticionante, quando já interposto o Recurso


Especial, portanto, é de responsabilidade do Relator do Recurso Especial.

10. Note-se, portanto, que, in casu, é flagrante a incompetência da 11ª Vara


Federal para determinar o cumprimento da pena. Da mesma forma, a 12ª Vara Federal,
juízo privativo das execuções penais, visto que, com o encaminhamento dos autos à sua
jurisdição, poderia, inadvertidamente, determinar o cumprimento antecipado da pena ao
ora Requerente, materializando-se, de modo precipitado e ilegal, o jus puniendi estatal.

III – DA NECESSIDADE DE TRÂNSITO EM JULGADO ESTABELECIDA NO TÍTULO


EXECUTIVO – IMPOSSIBILIDADE DE REFORMATIO IN PEJUS

11. O caso em tela possui peculiaridade que impede a execução provisória da


pena antes de seu trânsito em julgado.

12. É que a própria sentença, título executivo, foi expresso em afirmar que a
execução da pena deveria ocorrer “após o transito em julgado”. Confira-se:

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13. Na realidade, conforme se depreende de sua leitura, além de determinar
que a prisão do Peticionante somente deveria ocorrer após o transito em julgado, a
sentença chegou a reconhecer inexistirem elementos ensejadores da prisão cautelar.

14. Não existiam naquela época, nem atualmente!

15. De toda forma, certo é que o Ministério Público quedou-se inerte,


satisfazendo-se com o título executivo obtido.

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16. Ora, ainda que se pretenda executar provisoriamente a pena, a execução
está adstrita aos exatos termos da sentença e esta é expressa em afirmar que a prisão
somente deve dar-se após o trânsito em julgado.

17. A questão, portanto, não diz respeito, apenas, sobre a possibilidade ou


não da prisão ser decretada após a decisão proferida em Segundo Grau em jurisdição.

18. No caso em tela, existe uma questão anterior a ser discutida, que
prescinde da análise da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal. É que, no caso
específico, a alteração do título executivo (sentença), sem recurso manejado pelo
Ministério Público, importaria em flagrante reformatio in pejus.

19. Em outras palavras, se a sentença condenatória expressamente afirma


que o cumprimento da pena deve dar-se apenas com o trânsito em julgado, não havendo
recurso por parte do Ministério Público, é expressamente vedado ao judiciário impor a
prisão cautelar do Réu.

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20. Nem se venha argumentar que o Ministério Público não teria recorrido em
face do então entendimento do Supremo Tribunal Federal. Tanto como hoje, a decisão
que orientava aquela Corte havia sido proferida no HC 84.078 da Relatoria do Ministro
EROS GRAU, sem força vinculante.

21. Vale dizer, quisesse a acusação a prisão do Acusado a partir da decisão


de Segundo Grau, deveria ter recorrido desta parte da sentença.

22. Mas não é só. A ausência de pedido do Ministério Público também deixa
às claras outra flagrante violação ao sistema acusatório e aos princípios da iniciativa das
partes e do impulso oficial.

23. Desde o advento da Constituição Federal de 1988 que o processo penal é


regido pelo sistema acusatório, que estabelece uma clara e nítida distinção entre as
funções de acusar, defender e julgar.

24. Corolário disso são os princípios da iniciativa das partes e da inércia ou


impulso oficial segundo os quais a jurisdição somente pode ser exercida se provocada
pela parte ou interessado.

25. É o que dispõe o art. 2º do Código de Processo Civil, aplicável


subsidiariamente à questão:

Art. 2º Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou


o interessado a requerer, nos casos e forma legais.

26. No processo penal este princípio decorre do art. 24 do CPP que


estabelece:

Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia
do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição
do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver
qualidade para representá-lo.

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27. Neste sentido esclarece WLADIMIR ARAS1:

“A consequência imediata do princípio da iniciativa é que o juiz


estará adstrito ao pedido do promovente da ação. Não poderá julgar
além do pedido das partes. Ne eat judex ultra petita partium, pois, caso
contrário, estaria dando início a uma acusação diversa da apresentada,
pois mais ampla. Define-o bem a regra do art. 128 do Código de Processo
Civil, segundo a qual "O juiz decidirá a lide nos limites em que foi
proposta, sendo-lhe defeso conhecer de questões, não suscitadas, a cujo
respeito a lei exige a iniciativa das partes".

28. Por força destes princípios, não poderia o juiz de primeiro grau, sem
provocação do Ministério Público, decretar a prisão do Réu, sob pena de incorrer em
indevida e execrável reformatio in pejus.

29. Neste exato sentido, é a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça:

“HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. CRIME CONTRA O


SISTEMA FINANCEIRO. CONDENAÇÃO MANTIDA, EM SEDE DE
APELAÇÃO. EXPEDIÇÃO DE MANDADO DE PRISÃO ANTES DO
ESGOTAMENTO DAS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS. SENTENÇA QUE
CONDICIONA A EXECUÇÃO DA PENA AO TRÂNSITO EM JULGADO
DA CONDENAÇÃO. REFORMATIO IN PEJUS. IMPOSSIBILIDADE.
1. A execução provisória do julgado somente é possível após o
esgotamento das instâncias ordinárias, o que não se verificou na espécie,
tendo em vista que os embargos de declaração opostos contra o acórdão
proferido em sede de apelação criminal encontram-se pendentes de
julgamento.
2. A sentença condenatória condicionou a prisão do Paciente ao
trânsito em julgado do decreto condenatório e o Parquet não
impugnou a concessão dessa benesse, portanto, não pode o
Tribunal determinar a execução provisória do julgado, sob pena de
reformatio in pejus.
3. Precedentes dos Tribunais Superiores.
4. Ordem concedida para reconhecer o direito do Paciente aguardar em
liberdade o trânsito em julgado da condenação. (HC 63.232/MG, Rel.
Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 27/02/2007, DJ
26/03/2007, p. 264)

“HABEAS CORPUS. CONDENAÇÃO PARCIALMENTE MANTIDA EM


GRAU DE APELAÇÃO CRIMINAL. EXPEDIÇÃO DE MANDADO DE
PRISÃO. RECURSOS ESPECIAL E EXTRAORDINÁRIO PENDENTES
DE PROCESSAMENTO. SENTENÇA QUE CONDICIONOU O INÍCIO DA

1
ARAS, Wladimir. Princípios do processo penal. https://jus.com.br/artigos/2416/principios-do-processo-
penal.

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EXECUÇÃO DA PENA APÓS O TRÂNSITO EM JULGADO.
RESIGNAÇÃO DO PARQUET A QUO. COAÇÃO ILEGAL
EVIDENCIADA. ORDEM CONCEDIDA. CO-RÉU NÃO-PACIENTE QUE
SE ENCONTRA EM SITUAÇÃO FÁTICO-PROCESSUAL IDÊNTICA.
EXTENSÃO DA DECISÃO QUE SE IMPÕE (ART. 580 DO CPP).
1. Caracteriza constrangimento ilegal a determinação do início da
execução da sanção por ocasião do julgamento de apelação
criminal, se a sentença condenatória condicionou a prisão do
paciente apenas após o trânsito em julgado da decisão repressiva e
se, quanto a este aspecto, não houve recurso do Ministério Público e
o decisum encontra-se sub judice, ante o ajuizamento de recursos
especial e extraordinário.
2. Ordem concedida para garantir ao paciente o direito de permanecer em
liberdade até o trânsito em julgado da sentença condenatória,
estendendo-se os efeitos desta decisão ao co-réu não-paciente, ex vi do
disposto no art. 580 do CPP. (HC 106005 / SP, Relator: Ministro JORGE
MUSSI DJe 02/02/2009)

“PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO. DIREITO DE


RECORRER EM LIBERDADE. SENTENÇA QUE DETERMINA A
EXPEDIÇÃO DE MANDADO DE PRISÃO APÓS O TRÂNSITO EM
JULGADO. AUSÊNCIA DE RECURSO DO MINISTÉRIO PÚBLICO.
EXPEDIÇÃO DE MANDADO DE PRISÃO PELO TRIBUNAL A QUO
APÓS O JULGAMENTO DO RECURSO DE APELAÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE. NÃO-APLICAÇÃO DA SÚMULA 267/STJ. ORDEM
CONCEDIDA.
1. Se a sentença assegura ao réu o direito de aguardar em liberdade
o trânsito em julgado da condenação e não há recurso do Ministério
Público, a ordem do Tribunal de origem para que seja expedido
mandado de prisão para o início da execução provisória da pena
configura reformatio in pejus. Precedentes.
2. Na hipótese, não se aplica o enunciado sumular 267 desta Corte, pois
expressamente garantido pela sentença condenatória o direito de
aguardar o trânsito em julgado em liberdade, e não apenas o direito de
recorrer em liberdade.
3. Ordem concedida para que o paciente possa aguardar o trânsito em
julgado da condenação em liberdade, se não estiver presente um dos
motivos ensejadores da prisão cautelar, de acordo com o art. 312 do
Código de Processo Penal. (HC 76563 / SP, Relator Ministro ARNALDO
ESTEVES LIMA, DJ 22/10/2007)

30. Nestas condições, ainda que tenha ocorrido mudança de entendimento na


jurisprudência quanto aos efeitos dos recursos extremos, esta condição não pode
modificar situação já cristalizada pelo manto da coisa julgada, que atingiu indelevelmente
o título executivo, traçando-lhe os limites de atuação do Estado.

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31. O título executivo transitado em julgado – e especialmente a sua parte
dispositiva – caracterizam uma garantia do réu, da qual não se pode, em hipótese
alguma, abrir mão.

IV - DO EQUIVOCADO ENTENDIMENTO QUANTO À REAL EXTENSÃO DA DECISÃO


PROFERIDA PELO STF NO HC Nº 126.292/SP

32. Desde que foi noticiado o julgamento do HC 126.292 pelo STF, quando o
acórdão ainda não havia sido sequer publicado, começaram a pulular pelo País diversas
decisões determinando a prisão indiscriminada a partir de acórdão condenatório de
segundo grau, como se a Corte Suprema tivesse determinado o cumprimento provisório
da pena sempre que um tribunal decidisse pela condenação, independentemente de
requisitos de cautelaridade.

33. O equívoco, no entanto, é patente, seja porque se está fazendo uma


leitura equivocada do quanto decidido pelo Supremo Tribunal Federal, seja pela falha
compreensão sobre o conceito de precedente, violando, assim, cláusula de reserva de
plenário e de barreira previstas no art. 97 da Constituição e na Súmula Vinculante 10 do
Supremo Tribunal Federal. Vejamos.

V - DO VERDADEIRO ALCANCE DA DECISÃO PROFERIDA PELO STF - DA


NECESSIDADE DE FUNDAMENTAÇÃO PARA A ORDEM DE PRISÃO AINDA QUE
DECORRENTE DE DECISÃO CONDENATÓRIA PROFERIDA EM SEGUNDO GRAU DE
JURISDIÇÃO

34. Ao contrário do que parece ter compreendido o juízo da 11ª Vara ao


ordenar a formação de autos para a execução da pena, a decisão proferida pelo Supremo
Tribunal Federal não tornou obrigatória ou automática a prisão de réu condenado em
segundo grau. Aliás, o STF não determinou a prisão de ninguém!

35. Na realidade, a decisão proferida pelo STF no julgamento do HC 126.292


nada mais fez do que repristinar o entendimento anterior à histórica decisão proferida no

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HC 84.078 da Relatoria do Ministro EROS GRAU em 2009, entendendo pela
possibilidade de prisão após decisão de segundo grau, desde que esta decisão fosse
devidamente fundamentada.

36. Em outras palavras, o que o Supremo Tribunal Federal afirmou foi a


possibilidade de, após o julgamento de segundo grau, estando presentes elementos
suficientes, possa o Réu ser preso por decisão fundamentada, da mesma forma como se
entendia antes do julgamento do HC 84.078.

37. Trata-se de leitura sistemática da Constituição em que, ao mesmo tempo


em que restou mitigado o princípio da inocência previsto no inciso LVII, do art. 5º da
Constituição Federal, ressaltou-se a importância do inciso LXI do mesmo artigo acima
citado, que expressamente dispõe que “ninguém será preso senão em flagrante delito ou
por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente”.

38. É o que restou expressamente assentado no voto do Ministro BARROSO


proferido no julgamento do HC 126.292:

“14. O pressuposto para a decretação da prisão no direito brasileiro


não é o esgotamento de qualquer possibilidade de recurso em face
da decisão condenatória, mas a ordem escrita e fundamentada da
autoridade judiciária competente, conforme se extrai do art. 5ª, LXI,
da Carta de 1988 .
15. Para chegar a essa conclusão, basta uma análise conjunta dos dois
preceitos à luz do princípio da unidade da Constituição. Veja-se que,
enquanto o inciso LVII define que “ninguém será considerado culpado até
o trânsito em julgado da sentença penal condenatória”, logo abaixo, o
inciso LXI prevê que “ninguém será preso senão em flagrante delito ou
por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente”.
Como se sabe, a Constituição é um conjunto orgânico e integrado de
normas, que devem ser interpretadas sistematicamente na sua conexão
com todas as demais, e não de forma isolada. Assim, considerando-se
ambos os incisos, é evidente que a Constituição diferencia o regime da
culpabilidade e o da prisão. Tanto isso é verdade que a própria
Constituição, em seu art. 5º, LXVI, ao assentar que “ninguém será levado
à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com
ou sem fiança”, admite a prisão antes do trânsito em julgado, a ser
excepcionada pela concessão de um benefício processual (a liberdade
provisória).
16. Para fins de privação de liberdade, portanto, exige-se
determinação escrita e fundamentada expedida por autoridade
judiciária.”

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39. Este era, exatamente, o entendimento do Superior Tribunal de Justiça
antes da primeira mudança de entendimento do STF no julgamento do HC 84.078 em
2009.

40. Com efeito, a Súmula 267 do STJ já dispunha:

“A interposição de recurso sem efeito suspensivo, contra decisão


condenatória não obsta a expedição de mandado de prisão.”

41. Não obstante, o entendimento daquela Corte jamais foi o de admitir a


prisão incondicional após a confirmação de condenação criminal em segundo grau, mas
sim de admiti-la quando presentes elementos suficientes a justificar a medida de
maneira fundamentada.

42. Aliás, o entendimento corrente sempre foi de que, se o réu esteve em


liberdade ao longo de todo processo, somente fundamentação própria, apontando
requisitos de cautelaridade, justificaria que viesse a ser encarcerado após o julgamento
da apelação, estando pendentes Recursos Especial ou Extraordinário.

43. Neste sentido o HC 47.314/SP, da relatoria do Ministro HÉLIO QUAGLIA


BARBOSA, julgado em 28/03/2006:

HABEAS CORPUS. ARTIGO 159, § 1º, DO CÓDIGO PENAL. AUSÊNCIA


DE PROVAS. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. EXPEDIÇÃO DE
MANDADO DE PRISÃO ANTES DO TRÂNSITO EM JULGADO.
AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL CONFIGURADO. ORDEM CONCEDIDA.
1. Incabível, na via eleita, reexaminar todo o contexto fático-probatório
para aferir a robustez das provas carreadas que embasaram a
condenação. Ademais, uma breve leitura do acórdão vergastado,
evidencia que há provas da participação do paciente no evento criminoso.
2. A Súmula 267 desta Corte deve ser conciliada com o princípio
constitucional da presunção de inocência. Isto significa que, antes
do trânsito em julgado da condenação, a execução provisória deve
pautar-se nos requisitos de cautelaridade, expondo os fatos que
justifiquem a necessidade da segregação cautelar.
3. In casu, a expedição do mandado de prisão foi determinada, tão-
somente, em decorrência do provimento da apelação, sem declinar

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motivos que justificariam a execução da pena antes do trânsito em
julgado da condenação.
4. Ordem concedida para determinar que o paciente permaneça em
liberdade até o trânsito em julgado, salvo expedição de mandado de
prisão devidamente fundamentado.
(HC 47.314/SP, Rel. Ministro HÉLIO QUAGLIA BARBOSA, SEXTA
TURMA, julgado em 28/03/2006, DJ 15/05/2006, p. 297)

44. No mesmo sentido o HC 93.550/RR, relatado pela Ministra MARIA


THEREZA DE ASSIS MOURA, julgado em 13/12/2007:

PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ESTUPRO. CONDENAÇÃO


EM AÇÃO PENAL ORIGINÁRIA. RÉU OCUPANTE DE CARGO DE JUIZ
DE DIREITO. AUSÊNCIA DE TRÂNSITO EM JULGADO. EXPEDIÇÃO
DE MANDADO DE PRISÃO E RETIRADA DO NOME DA FOLHA DE
PAGAMENTO. EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA. OFENSA À
PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA. VERIFICAÇÃO.
1. Toda prisão processual deve ser calcada nos pressupostos e requisitos
do art. 312 do Código de Processo Penal.
2. A determinação da prisão e retirada do nome da folha de
pagamento, após acórdão condenatório em ação penal originária,
mas antes do trânsito em julgado, sem amparo em dados concretos
de cautelaridade, viola a garantia constitucional inserta no art. 5.º,
inciso LVII, da Constituição Federal.
3. Ordem concedida para assegurar ao paciente o direito de aguardar
em liberdade o trânsito em julgado da condenação, ressalvada a
hipótese de surgimento de fatos que revelem a necessidade de seu
encarceramento processual; mantida também a disposição
constante do acórdão condenatório relativa à manutenção do nome
do paciente na folha de pagamento, enquanto ainda perdure a ação
penal.

45. Neste sentido, também, podem-se citar os seguintes julgados, HC


42.849/RO, Rel. Ministro NILSON NAVES, SEXTA TURMA, julgado em 01/09/2005, DJ
06/02/2006, p. 351; HC 73.578/RS, Rel. MIN. CARLOS FERNANDO MATHIAS (JUIZ
CONVOCADO DO TRF 1ª REGIÃO), SEXTA TURMA, julgado em 30/08/2007, DJ
15/10/2007, p. 357; HC 47.314/SP, Rel. Ministro HÉLIO QUAGLIA BARBOSA, SEXTA
TURMA, julgado em 28/03/2006, DJ 15/05/2006, p. 297; HC 51.004/SP, Rel. Ministro
NILSON NAVES, SEXTA TURMA, julgado em 20/04/2006, DJ 12/06/2006, p. 546.

46. Mesmo após o julgamento do HC 126.292 pelo STF, o Superior Tribunal


de Justiça voltou a expressar esse entendimento no julgamento do HC 348.224/SP,
julgado em 26/04/2016:

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PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO.
INADEQUAÇÃO. TRÁFICO INTERNACIONAL DE DROGAS. REGIME
PRISIONAL MAIS GRAVOSO (FECHADO). PENA INFERIOR A 8 ANOS.
NATUREZA E QUANTIDADE DE DROGAS. FUNDAMENTAÇÃO
SUFICIENTE. PRISÃO CAUTELAR. DECRETAÇÃO EM SEGUNDA
INSTÂNCIA. POSSIBILIDADE. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. GARANTIA
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL. RÉ ESTRANGEIRA. ORDEM NÃO
CONHECIDA.
1. Esta Corte e o Supremo Tribunal Federal pacificaram orientação no
sentido de que não cabe habeas corpus substitutivo do recurso
legalmente previsto para a hipótese, impondo-se o não conhecimento da
impetração, salvo quando constatada a existência de flagrante ilegalidade
no ato judicial impugnado.
2. A obrigatoriedade do regime inicial fechado aos sentenciados por
crimes hediondos e a eles equiparados não mais subsiste, diante da
declaração de inconstitucionalidade, incidenter tantum, do disposto no §
1º do art. 2º da Lei n. 8.072/1990, pelo Supremo Tribunal Federal, no
julgamento do HC 111.840/ES.
3. A jurisprudência desta Corte é no sentido de que, embora a paciente
seja primária e a pena tenha sido estabelecida em 4 anos e 8 meses de
reclusão, não se mostra ilegal a imposição do regime mais severo com
fundamento na natureza e na expressiva quantidade de droga
apreendida, uma vez que tais circunstâncias foram elencadas pelo
próprio legislador como prevalecentes, nos termos do art. 33, § 3º, do
Código Penal, c/c o art. 42 da Lei n. 11.343/2006.
4. In casu, o Tribunal a quo sopesou a quantidade e a natureza da droga
apreendida - 2.398 (duas mil, trezentos e noventa e oito) gramas de
cocaína - na escolha do regime prisional fechado, em consonância com
as diretrizes estabelecidas nos arts. 33 e 59 do Código Penal e 42 da Lei
de Drogas.
5. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do
Habeas Corpus 126.292/SP, entendeu que a possibilidade de início
da execução da pena condenatória após a confirmação da sentença
em segundo grau não ofende o princípio constitucional da
presunção da inocência. Para o relator do caso, Ministro Teori
Zavascki, a manutenção da sentença penal pela segunda instância
encerra a análise de fatos e provas que assentaram a culpa do
condenado, o que autoriza o início da execução da pena.
6. A segregação cautelar é medida excepcional, mesmo no tocante
ao crime de tráfico de entorpecentes. O decreto de prisão processual
exige a especificação de que a segregação atende a pelo menos um
dos requisitos do art. 312 do Código de Processo Penal, sendo certo
que a proibição abstrata da liberdade provisória também se mostra
incompatível com a presunção de inocência, para não antecipar a
reprimenda a ser cumprida no caso de uma possível condenação.
7. Hipótese em que o Tribunal Regional pautou a prisão cautelar na
necessidade de garantia da aplicação da lei penal, uma vez que se trata
de paciente estrangeira, sem qualquer vínculo com o país, em
conformidade com a jurisprudência desta Corte. Precedentes.

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8. Ordem não conhecida.

47. Este, aliás, também era o entendimento do Supremo Tribunal Federal


antes do julgamento do HC 84.078 em 2009.

48. Com efeito, no julgamento do HC 88174, ocorrido em 12 de dezembro de


2006, restou assentado:

HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. AUSÊNCIA DE


FUNDAMENTO PARA A PRISÃO CAUTELAR. EXECUÇÃO
ANTECIPADA. INCONSTITUCIONALIDADE. A prisão sem fundamento
cautelar, antes de transitada em julgado a condenação,
consubstancia execução antecipada da pena. Violação do disposto no
artigo 5º, inciso LVII da Constituição do Brasil. Ordem concedida.
(HC 88174, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Relator(a) p/
Acórdão: Min. EROS GRAU, Segunda Turma, julgado em 12/12/2006,
DJe-092 DIVULG 30-08-2007 PUBLIC 31-08-2007 DJ 31-08-2007 PP-
00055 EMENT VOL-02287-03 PP-00568 LEXSTF v. 29, n. 345, 2007, p.
458-466)

49. Do mesmo modo entendeu o STF no julgamento do HC 90.895, ocorrido


em 12 de junho de 2007:

EMENTA: PENAL. HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL.


SENTENÇA CONDENATÓRIA. RECOLHIMENTO À PRISÃO PARA
APELAR. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO ADEQUADA. MEDIDA
EXCEPCIONAL. ORDEM CONCEDIDA. I - A determinação de prisão
cautelar que impede o paciente de recorrer em liberdade é medida
excepcional, devendo ser fundamentada de forma individualizada,
com a explicitação dos motivos que levaram o magistrado a impor a
medida extrema. II- Paciente que respondeu ao processo solto deve,
no caso, aguardar o trânsito em julgado em liberdade. III - Ordem
concedida.
(HC 90895, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira
Turma, julgado em 12/06/2007, DJe-047 DIVULG 28-06-2007 PUBLIC 29-
06-2007 DJ 29-06-2007 PP-00059 EMENT VOL-02282-07 PP-01282)

50. Mesmo o Ministro JOAQUIM BARBOSA, conhecido pelo rigor de suas


opiniões e defensor da mitigação do princípio da inocência, reconhecia a necessidade de
fundamentação concreta para cada caso específico e não a prisão indiscriminada a partir
do julgamento de segundo grau.

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51. Foi como decidiu no julgamento do HC 89.952, julgado em 15 de maio de
2007:
“HABEAS CORPUS. AUSÊNCIA DE TRÂNSITO EM JULGADO DA
SENTENÇA CONDENATÓRIA. AGRAVO DE INSTRUMENTO DE
DECISÃO QUE NÃO ADMITE RECURSO ESPECIAL PENDENTE.
EXECUÇÃO PROVISÓRIA. ANÁLISE DO CASO CONCRETO.
PACIENTE QUE PERMANECEU SOLTO. RECURSO EXCLUSIVO DA
DEFESA. RAZOABILIDADE. ORDEM CONCEDIDA. 1. Até que o Plenário
do Supremo Tribunal Federal decida de modo contrário, prevalece o
entendimento de que é constitucional a execução provisória da pena,
ainda que sem o trânsito em julgado e com recurso especial pendente. 2.
Até pronunciamento definitivo da Corte, a análise sobre a existência de
constrangimento ilegal deve ser feita em cada caso concreto. 3. No caso
em exame, o paciente permaneceu solto desde a instrução até o
momento, além de possuir residência certa. 4. Decreto de prisão que
não é razoável no contexto. 5. Ordem concedida.
(HC 89952, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma,
julgado em 15/05/2007, DJe-047 DIVULG 28-06-2007 PUBLIC 29-06-
2007 DJ 29-06-2007 PP-00144 EMENT VOL-02282-06 PP-01209)

52. Consta do corpo da mencionada decisão:

“Na hipótese sob julgamento, o paciente permaneceu solto até o


momento, tendo sido assegurada tal condição na sentença condenatória
da qual houve recurso exclusivo da defesa.
Assim, em que pese o Recurso Especial não ter sido admitido, conforme
extrato processual colhido no site do Tribunal de Justiça do Estado de
Minas Gerais, cuja juntada ora determino, houve interposição de agravo
de instrumento contra tal decisão, ainda não apreciado. Logo, ainda não
houve trânsito em julgado da sentença condenatória.
Diante desse quadro, considerando-se ainda que o paciente tem
residência certa, bem como que permaneceu solto desde a instrução
do processo até o presente momento, não se mostra razoável sua
prisão.
Ante o exposto, defiro a ordem para que o paciente aguarde em liberdade
o trânsito em julgado da sentença condenatória, ressalvada a hipótese de
estar encarcerado por motivo diverso.”

53. Como se vê, mesmo antes da primeira alteração jurisprudencial, a prisão,


após decisão de segundo grau, não era automática, como hoje se pretende, mas sim,
dependia da existência dos requisitos de cautelaridade expostos em ordem
fundamentada.

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54. No caso em tela, a ordem de prisão seria expedida sem qualquer
fundamento de cautelaridade, baseada apenas e tão somente na crença de que a decisão
do STF no HC 126.292, determinaria a execução indiscriminada da pena privativa de
liberdade após o julgamento de segundo grau, o que, como visto, não é verdade.

55. Conforme demonstrado, a decisão do STF foi no sentido de repristinar o


entendimento anterior ao HC 84.078 de 2009, devendo ser, igualmente, repristinada a
jurisprudência da época, sob pena de se dar ao novel entendimento da Suprema Corte
efeitos nunca pretendidos.

VI - DA VIOLAÇÃO AO ART. 283 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL E DA


CONSEQUENTE VIOLAÇÃO DA CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO,
EXPRESSA NO ARTIGO 97 DA CONSTITUIÇÃO, E DA SÚMULA VINCULANTE Nº 10

56. Não bastasse todo o exposto, a decisão da 11ª Vara de determinar a


formação de autos para a execução da pena viola, a uma só vez, o art. 283 do Código de
Processo Penal, assim como a cláusula de reserva de plenário expressa no art. 97 da
Constituição Federal e a Súmula Vinculante nº 10.

57. Isto porque o conteúdo do inciso LXII do artigo 5º da CF foi materializado


no art. 283 do Código de Processo Penal, inserido por meio da Lei nº 12.403, de 04 de
maio de 2011.

58. Com esta alteração legislativa o referido dispositivo legal passou a ter a
seguinte redação:

Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por
ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, em
decorrência de sentença condenatória transitada em julgado ou, no curso
da investigação ou do processo, em virtude de prisão temporária ou
prisão preventiva.

59. É o que se chama de constitucionalidade espelhada. Vale dizer, aquilo


que estava implicitamente contido na Constituição foi explicitamente transcrito no texto
infraconstitucional.

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Constituição Federal Código de Processo Penal
Art. 5º Art. 283
LVII - ninguém será considerado culpado até o Ninguém poderá ser preso senão em flagrante
trânsito em julgado de sentença penal delito ou por ordem escrita e fundamentada da
condenatória; autoridade judiciária competente, em decorrência de
LXI - ninguém será preso senão em flagrante sentença condenatória transitada em julgado ou,
delito ou por ordem escrita e fundamentada de no curso da investigação ou do processo, em
autoridade judiciária competente, salvo nos casos virtude de prisão temporária ou prisão preventiva.
de transgressão militar ou crime propriamente
militar, definidos em lei;

60. Significa dizer que para que o art. 283 não seja aplicado em sua
literalidade é necessário que a matéria seja julgada em sede de arguição de
inconstitucionalidade.

61. Com efeito, dispõe o art. 97 da Constituição Federal que:

Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos
membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público.

62. O comando do mencionado artigo foi evidenciado com a edição da


Súmula Vinculante nº 10, do Supremo Tribunal Federal, ao dispor que:

“Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de


órgão fracionário de Tribunal que embora não declare expressamente a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua
incidência, no todo ou em parte.”

63. Ora, como o STF, no julgamento do HC 126.292 deixou de declarar a


inconstitucionalidade do art. 283 do Código de Processo Penal, à jurisdição
infraconstitucional resta apenas enfrentar a matéria pela via da arguição do incidente de
inconstitucionalidade, já que o Juiz não está autorizado a deixar de aplicar uma lei que se
presume válida.

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64. Neste sentido, aliás, dispôs de maneira expressa o novo Código de
Processo Civil, aplicável supletivamente ao caso em questão, ao estabelecer em seus
artigos 948 a 950 que:

Art. 948. Arguida, em controle difuso, a inconstitucionalidade de lei ou de


ato normativo do poder público, o relator, após ouvir o Ministério Público e
as partes, submeterá a questão à turma ou à câmara à qual competir o
conhecimento do processo.
Art. 949. Se a arguição for:
I - rejeitada, prosseguirá o julgamento;
II - acolhida, a questão será submetida ao plenário do tribunal ou ao
seu órgão especial, onde houver.
Parágrafo único. Os órgãos fracionários dos tribunais não submeterão ao
plenário ou ao órgão especial a arguição de inconstitucionalidade quando
já houver pronunciamento destes ou do plenário do Supremo Tribunal
Federal sobre a questão.
Art. 950. Remetida cópia do acórdão a todos os juízes, o presidente do
tribunal designará a sessão de julgamento.
§ 1º As pessoas jurídicas de direito público responsáveis pela edição do
ato questionado poderão manifestar-se no incidente de
inconstitucionalidade se assim o requererem, observados os prazos e as
condições previstos no regimento interno do tribunal.
§ 2º A parte legitimada à propositura das ações previstas no art. 103 da
Constituição Federal poderá manifestar-se, por escrito, sobre a questão
constitucional objeto de apreciação, no prazo previsto pelo regimento
interno, sendo-lhe assegurado o direito de apresentar memoriais ou de
requerer a juntada de documentos.
§ 3º Considerando a relevância da matéria e a representatividade dos
postulantes, o relator poderá admitir, por despacho irrecorrível, a
manifestação de outros órgãos ou entidades.

65. Mesmo que o próprio Tribunal Regional Federal da 5ª Região queira


determinar a prisão após decisões proferidas em sede de Recurso de Apelação, a
cláusula de reserva de plenário, insculpida no art. 97 da Constituição e reforçada pela
edição da Súmula Vinculante nº 10, impede que os acórdãos condenatórios prolatados
determinem a execução antecipada da pena à revelia da lei, cuja constitucionalidade
deverá ser arguida incidentalmente perante o plenário da Corte, enquanto não se prolatar
decisão dotada de efeito erga omnes.

66. Não resta dúvida, portanto, de que a decisão de ordenar a formação de


autos para a execução da pena é nula por violação à cláusula de reserva de plenário e da
Súmula Vinculante nº 10 do STF, sendo inaplicável o comando de prisão do Réu.

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VII - DOS EFEITOS PROSPECTIVOS DA DECISÃO DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL

67. Um dos grandes equívocos do juízo da 11ª Vara é que sua determinação
de formar novos autos para executar a pena parece dar efeito de precedente à decisão
proferida pelo Supremo Tribunal Federal em caso isolado, sem análise de sua dimensão
qualitativa e funcional.

68. Isto porque nem toda decisão judicial pode ser vista como um precedente.
Apenas aquelas “dotadas de potencialidade de se firmar como paradigma para a
orientação dos jurisdicionados e magistrados”2,podem ser assim consideradas.

69. Para que isto ocorra, é necessário que a decisão não se limite a analisar
a interpretação do texto legal ou constitucional, mas é necessário que “a decisão enfrente
todos os principais argumentos relacionados à questão de direito posta na moldura do
caso concreto, até porque os contornos de um precedente podem surgir a partir da
análise de vários casos, ou melhor, mediante uma construção da solução judicial da
questão de direito que passa por diversos casos.”3

70. A decisão proferida no HC 126.292, por sua vez, foi adotada em um caso
isolado e colheu a comunidade jurídica de surpresa, não tendo sido realizado os grandes
debates sobre o tema.

71. De toda forma, ainda que se reconheça à mencionada decisão os efeitos


de precedente, vinculando decisões judiciais e ordenando comportamentos, é necessário
que se reconheça sua força como norma, atraindo a aplicação do adágio segundo o qual
a lei penal não pode retroagir para prejudicar o Réu.

72. Em outras palavras, se a decisão prolatada pelo STF no julgamento do


HC 126.292 está produzindo efeito de lei (precedente), vinculando decisões de

2
MARINONI, Luiz Guilherme. Precedentes obrigatórios. 4ª Ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016, p.
155.
3
Idem.

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magistrados por todo País, forçoso é se aplicar a ela, também, os efeitos da
irretroatividade da lei penal.

73. Nos países de Comon Law, a alteração de precedente por um tribunal é


chamada de overruling. Quando isto é feito, atingindo os casos futuros, ela é chamada de
prospective overruling ou sunbursting4.

74. O fundamento para a prospective overruling é garantir a confiança que o


jurisdicionado possui nas decisões da própria Corte ou como, no caso concreto, no seu
próprio Supremo Tribunal Federal.

75. Trata-se da aplicação do princípio da segurança jurídica, que garante que


o cidadão não seja surpreendido por um entendimento diverso daquele no qual
depositava a confiança de seus atos.

76. No caso em tela, toda a orientação prestada ao Réu, no que tange a


estratégia de sua defesa, sempre foi pensada a partir da confiança existente no
precedente anterior do HC 84.079. A frustração deste confiança encontra-se exatamente
na possibilidade de o Acusado ser preso, mesmo antes de esgotados os recursos de que
dispõe.

77. A aplicação da alteração de entendimento da jurisprudência das Cortes


Superiores apenas para casos futuros já foi reconhecida pelo próprio Superior Tribunal de
Justiça, no julgamento do HC 25.598, em que se discutia a imediata aplicação do
entendimento de que o prazo para o Ministério Público conta da data da entrada do
processo na instituição e não da data em que o representante ministerial apõe o seu
ciente.

4
O termo "sunbursting" surgiu de um caso julgado pela Suprema Corte dos EUA em 1932, no caso Great
Northern Railway Company v. Sunburst Oil and Refining Company. Sunburst, empresa expedidora,
processou a Great Northern para reaver desta cobrança por taxas excessivas, o que ocorreu, com base em
uma lei da Suprema Corte do Estado de Montana, em 1921. Quando o caso chegou à Corte Superior de
Montana, o Tribunal superou a decisão proferida em 1921 por ele mesmo, mas limitando a aplicação a
casos futuros. (http://www.estudodirecionado.com/2013/09/prospective-overruling-distinguishing-e.html)

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78. Na ocasião, entendeu-se que a nova interpretação apenas poderia ser
aplicada para casos futuros já que não seria possível antever a mudança do
entendimento jurisprudencial. Confira-se:

HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. TEMPESTIVIDADE DO


RECURSO MINISTERIAL. MUDANÇA DO ENTENDIMENTO
JURISPRUDENCIAL DAS CORTES SUPERIORES. APLICAÇÃO AOS
CASOS FUTUROS.
1. De fato, o Supremo Tribunal Federal, a partir do julgamento plenário do
Habeas Corpus n.º 83.255/SP (informativo n.º 328), decidiu que o prazo
recursal para o Ministério Público conta-se a partir da entrada do
processo nas dependências da Instituição. O Superior Tribunal de Justiça,
por seu turno, aderiu à nova orientação da Suprema Corte.
2. Não se pode olvidar, todavia, que o entendimento jurisprudencial,
até então, há muito sedimentado no STF e no STJ, era justamente no
sentido inverso, ou seja, entendia-se que a intimação pessoal do
Ministério Público se dava com o "ciente" lançado nos autos, quando
efetivamente entregues ao órgão ministerial.
3. Dessa maneira, constata-se que o Procurador de Justiça, nos idos
anos de 2000, tendo em conta a então sedimentada jurisprudência das
Cortes Superiores, valendo-se dela, interpôs o recurso dentro do prazo
legal.
4. Não se poderia, agora, exigir que o órgão ministerial recorrente se
pautasse de modo diverso, como se pudesse antever a mudança do
entendimento jurisprudencial. Essa exigência seria inaceitável, na
medida em que se estaria criando obstáculo insuperável. Vale dizer:
depois de a parte ter realizado o ato processual, segundo a orientação
pretoriana prevalente à época, seria apenada com o não-conhecimento
do recurso, quando não mais pudesse reagir à mudança. Isso se
traduziria, simplesmente, em usurpação sumária do direito de recorrer, o
que não pode existir em um Estado Democrático de Direito, mormente se
a parte recorrente representa e defende o interesse público.
5. Ordem denegada.
(HC 28.598/MG, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado
em 14/06/2005, DJ 01/08/2005, p. 480)

79. Também pela mesma razão, a novel alteração da jurisprudência da


Suprema Corte, somente pode ser aplicada para casos futuros, sob pena da quebra do
princípio da confiança do jurisdicionado.

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VIII - DA PLAUSIBILIDADE DE EVENTUAL RECURSO ESPECIAL

80. O mais grave, porém, é que a plausibilidade do Recurso Especial


apresentado é flagrante.

81. Na realidade, a violação a normas federais é de tal forma evidente que a


decisão de admissibilidade reconheceu, expressamente, haver sido a matéria pré-
questionada, bem como a desnecessidade de valoração de provas na análise das teses
veiculadas pela defesa. Confira-se:

“Trata-se de recurso especial interposto por FRANCISCO DEUSMAR DE


QUEIROS e OUTROS com fundamento no artigo 105, inciso III, "a", da
Constituição Federal, em face de acórdão proferido por esta Corte que. A
partir de acurado exame dos autos, verifico que foram observados os
requisitos gerais de admissibilidade extrínsecos (tempestividade,
regularidade formal e preparo) e os intrínsecos (cabimento, legitimação,
interesse recursal e inexistência de fato impeditivo do poder de recorrer),
assim como que restou prequestionada a matéria objeto do recurso. À
primeira vista, entendo que uma das matérias suscitadas pelos
recorrentes - ofensa aos arts. 383 e 384 do CPP, ao argumento de
julgamento ultra petita - não envolve a apreciação de provas, mas, sim, de
adequada interpretação do referido dispositivo legal à luz da narrativa
apresentada na peça acusatória. Por tais razões, ADMITO o presente
recurso”

82. A discussão, como reconhecido, é exclusivamente de direito e o principal


ponto do inconformismo repousa na violação ao art. 384 do CPP, na medida em que o
acórdão de Apelação, para manter a condenação, alterou os fatos contidos na denúncia.

83. Com feito, enquanto a denúncia imputava ao Réu a realização de


medição e corretagem desautorizada, condutas pelas quais foi condenado, o Acórdão de
Apelação, após de deparar com a demonstração da inexistência de tais atos, passou a
afirmar que, na realidade, o Denunciado teria realizado a compra e revenda de valores
mobiliários por conta própria, o que jamais foi objeto da acusação.

84. Em outras palavras, o Acusado foi condenado por imputações das quais
jamais lhes foi oportunizado o direito de defesa.

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85. Ainda que superada a violação acima descrita, o Recurso Especial
demonstra que, acaso se entenda válida mutatio libeli realizada em sede de apelação,
com a devida vênia, equivocou-se o Tribunal quanto à correta capitulação dos fatos.

86. Em razão do princípio da especialidade, a compra e revenda de valores


mobiliários por conta própria subsume-se perfeitamente à conduta descrita no artigo 27-E
da Lei nº 6.385/76. Confira-se:

“Art. 27-E. Atuar, ainda que a título gratuito, no mercado de valores


mobiliários, como instituição integrante do sistema de distribuição,
administrador de carteira coletiva ou individual, agente autônomo de
investimento, auditor independente, analista de valores mobiliários,
agente fiduciário ou exercer qualquer cargo, profissão, atividade ou
função, sem estar, para esse fim, autorizado ou registrado junto à
autoridade administrativa competente, quando exigido por lei ou
regulamento.”

87. Afirma-se, igualmente, a violação ao artigo 381, III e IV e 619, ambos do


CPP uma vez que o acórdão proferido pelo TRF, no julgamento do recurso de apelação e
integrado por dois embargos de declaração, deixou de analisar diversas teses defensivas,
especialmente a de atipicidade da conduta dos Réus.

88. Invocou-se, igualmente, a violação ao artigo 155 do CPP em razão de o


Acusado haver sido condenado com provas colhidas exclusivamente na fase inquisitorial.

89. Por fim, o recurso também discute matéria referente à dosimetria da pena
a partir da inexistência de individualização da pena, bem como da improcedência dos
fundamentos utilizados para considerar as circunstâncias judiciais como negativas,
exasperando, assim, a pena base imposta. O que importa em violação aos arts. 59, 68 e
71, todos do Código Penal, cujo reconhecimento da procedência argumentativa poderia
conduzir ao regime aberto para o inicial de cumprimento de pena do Réu.

90. Em outras palavras, toda a discussão é exclusivamente de direito, não


havendo que se falar em violação à Súmula 07 do STJ.

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91. Por tudo o quanto exposto, demonstrada a plausibilidade do Recurso
Especial, afigura-se desmedida, ilícita e desnecessária a execução provisória da pena na
pendencia de julgamento de recurso que pode absolvê-lo.

IX - DO PEDIDO

92. Assim, requer-se que V. Exa. se abstenha de proferir ou expedir qualquer


ato ou ordem prisional em desfavor do Réu, garantindo-lhe o direito de responder ao
processo em liberdade, até o trânsito em julgado, conforme dispositivo expresso da
sentença.

93. Por fim, requer sejam as publicações alusivas ao presente feito


realizadas exclusivamente em nome do advogado ANASTÁCIO MARINHO, inscrito na
OAB/CE nº 8.502, sob pena de nulidade.

P. deferimento.
Fortaleza, 27 de junho de 2016.

Anastacio Marinho Caio Cesar Rocha Wilson Belchior


OAB/CE 8.502 OAB/CE 15.095 OAB/CE 17.314

Marcelo Leal Benedito Cerezzo Luiz Eduardo Monte


OAB/DF 21932 OAB/SP 142.109 OAB/DF 41.950

Eduardo Ferri Renan Rebouças


OAB/CE 21.310-A OAB/CE 24.499

Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
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ANASTACIO JORGE A Certificação
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DE SOUSA a: Marcelo- Advogado
MARINHO Leal de Lima Oliveira - Advogado Num. 10536627 - Pág. 206
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24/24
Ante a respeitável decisão exarada pelo juízo da 11ª Vara Federal do Ceará nos autos da ação penal, que
determinou a formação de processo de execução penal em face do réu, com fundamento no que foi
decidido pelo STF no HC 126.292, intime-se o MPF para, no prazo de 10 dias, requerer o que entender de
direito, bem como para se manifestar sobre a petição apresentada pela defesa do executado.

Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
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1/1
Ante a respeitável decisão exarada pelo juízo da 11ª Vara Federal do Ceará nos autos da ação penal, que
determinou a formação de processo de execução penal em face do réu, com fundamento no que foi
decidido pelo STF no HC 126.292, intime-se o MPF para, no prazo de 10 dias, requerer o que entender de
direito, bem como para se manifestar sobre a petição apresentada pela defesa do executado.

Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
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TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
12º VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
PROCESSO: 0805802-55.2016.4.05.8100 - EXECUÇÃO DA PENA

Polo ativo Polo passivo


MINISTÉRIO PÚBLICO FRANCISCO DEUSMAR DE
EXEQUENTE EXECUTADO
FEDERAL QUEIROS

Outros participantes
Sem registros

CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 02/09/2016 14:58, o(a) MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL foi intimado(a) acerca
de Despacho registrado em 27/08/2016 01:59 nos autos judiciais eletrônicos especificados na epígrafe.

1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 16082701591194500000001642861 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 02/09/2016 14:58 - Seção Judiciária do Ceará.

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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

PROCURADORIA DA REPÚBLICA NO ESTADO DO CEARÁ

Cota nº 18127/2016/MPF/PRCE/AT

Execução Pena l nº : 0805802-55.2016.4.05.8100

Origem: 12ª Vara Federal

MM. Juiz Federal,

Com vista dos autos, este Ministério Público Federal requer que Vossa Excelência determine a
expedição da Carta de Guia e do competente mandado de prisão, a fim de que seja dado início ao cumprimento da pena privativa
de liberdade a que foi condenad o o ré u FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS , em conformidade com a r. sentença
constante destes mesmos autos.

Requer, também, que se oficie à Procuradoria da Fazenda Nacional dando-lhe conhecimento do


débito relativo à multa a ser inscrito em Dívida Ativa, solicitando, ainda, instruções acerca das peças, cujas cópias irá necessitar
para fins de execução fiscal.

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Termos em que,

Pede deferimento.

Fortaleza (CE), 13 de setembro de 2016

ANASTÁCIO NÓBREGA TAHIM JÚNIOR

Procurador da República

Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
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Assinado eletronicamente. A Certificação
ANASTACIO NOBREGA DigitalJUNIOR
TAHIM pertence- Procurador
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18031417122157300000010518728
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MM Juiza

Segue petição em anexo

Márcio Torres

PR/CE

Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
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MARCIO ANDRADE A Certificação
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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
PROCURADORIA DA REPÚBLICA NO ESTADO DO CEARÁ

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA 12ª VARA DA SEÇÃO


JUDICIÁRIA DO ESTADO DO CEARÁ:

PROCESSO Nº: 0805802-55.2016.4.05.8100


CLASSE: EXECUÇÃO DA PENA
EXEQUENTE:MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
EXECUTADO: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS

PETIÇÃO DE EXECUÇÃO PENAL PROVISÓRIA


(Manifestação n° 21032 /2016)

O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, por conduto do


Procurador da República signatário, diante da contestação apresentada pelo executado, vem
reiterar o pedido de EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA SENTENÇA CONDENATÓRIA
proferida pelo juízo da 11ª Vara Federal, em desfavor do réu FRANCISCO DEUSMAR
DE QUEIROS, decisão reformada em parte pelo Egrégio Tribunal Regional Federal da 5ª
Região, na forma a seguir delineada:

O réu FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS foi condenado pelo


Juízo da 11ª Vara Federal pelos crimes previstos no art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/86, à pena de
nove anos e dois meses de reclusã, e pelo crime previsto no art. 27-C da Lei 6385/76, que a
seis anos e oito meses de reclusão, resultando na pena restritiva de liberdade em 15 (quinze)
anos e 10 (dez) meses de reclusão, a ser cumprida inicialmente em regime fechado, bem
como à pena de multa de 250 dias-multa, à razão de 10 salários-mínimos o dia multa.

Diante da referida sentença, o condenado interpôs recurso de


apelação, tendo o TRF da 5ª Região excluído a condenação pelo crime do art. 27-C da Lei n°
6.385/76, resultando em condenação em segunda instância nos seguintes moldes: “ em 09

1
Av. Beira Mar, nº 1064, Praia Treze de Julho – CEP: 49.020-010 – Aracaju - Sergipe
Fone: (79) 3301-3700 – Site: http://www.prse.mpf.mp.br

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(nove) anos e 02 (dois) meses de reclusão, além de 250 (duzentos e cinquenta) dias-multa,
correspondendo cada dia multa a 10 (dez) salários mínimos vigentes à época dos fatos”.

Os fatos ocorreram entre os anos de 2001 e 2006 e foi reconhecida


em favor do sentenciado a prescrição dos fatos mais antigos. A denúncia foi recebida em
29/01/2010. Não há que se falar em prescrição da pretensão executória.

O sentenciado interpôs recursos especial e extraordinário, sendo


admitido apenas o que se dirige ao Superior Tribunal de Justiça. Assim, o acórdão ainda não
transitou em julgado, tratando a hipótese de execução provisória.

A pena a ser cumprida, nessas condições, é de 09 (nove) anos e 02


(dois) meses de reclusão pelo crime contra o sistema financeiro nacional, em regime
fechado, além de 250 (duzentos) dias-multa, à razão de 10 (dez) salários-mínimos.

A defesa, antes mesmo de iniciada a execução da pena, atravessou


petição em que requer a suspensão do cumprimento do acórdão recorrível, sob os seguintes
fundamentos: a) incompetência do juízo da 11ª Vara para ordenar a formação de autos
para a execução provisória da pena; b) fixação, na sentença condenatória, do direito de
apelar em liberdade e de trânsito em julgado para a execução da pena, o que resultaria em
“reformatio in pejus”; c) entendimento equivocado quanto à real extensão do decidido pelo
STF no HC 126.292/SP; d) violação do art. 283 do CPP e da cláusula de reserva do
plenário e da Súmula Vinculante n° 10; e) plausibilidade do recurso especial admitido.

Passo a examinar os argumentos da verdadeira exceção de pré-


executividade penal.

a) Competência para ordenar a formação de autos para a execução provisória da pena

O Código de Processo Penal estabelece, de maneira clara, que cabe


ao juiz da sentença, ou ao juízo da execução da pena, promover a satisfação do título
executivo judicial decorrente de uma sentença condenatória:
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Art. 668. A execução, onde não houver juiz especial, incumbirá ao juiz
da sentença, ou, se a decisão for do Tribunal do Júri, ao seu presidente.

Parágrafo único. Se a decisão for de tribunal superior, nos casos de


sua competência originária, caberá ao respectivo presidente prover-lhe
a execução.

Na mesma toada a Lei de Execução Penal, em seus arts. 2º e 105,


dispõe:
Art. 2º A jurisdição penal dos Juízes ou Tribunais da Justiça ordinária,
em todo o Território Nacional, será exercida, no processo de execução,
na conformidade desta Lei e do Código de Processo Penal.
….
Art. 105. Transitando em julgado a sentença que aplicar pena privativa
de liberdade, se o réu estiver ou vier a ser preso, o Juiz ordenará a
expedição de guia de recolhimento para a execução.

A execução somente estará afetada aos tribunais superiores na


hipótese de competência originária, valendo essa disciplina tanto para a execução definitiva
quanto para a provisória.

O Superior Tribunal de Justiça, a quem cabe a interpretação dessas


normas, nos autos decidiu no Edcl no RESp n° 1.484.415, além da possibilidade de
execução provisória, que a deflagração desta é ato de competência do juízo da condenação.
Do voto do Relator, Min. Rogério Schieti Cruz, destaco a seguinte passagem:

“Dispõe o art. 105 da Lei nº 7.210/1984 (que deve ser, na


espécie, conjugado com o art. 2º da mesma lei, respeitante à
execução provisória da pena): "Transitando em julgado a
sentença que aplicar pena privativa de liberdade, se o réu
estiver ou vier a ser preso, o Juiz ordenará a expedição de
guia de recolhimento para a execução."

Sobre o tema, é apropriado o escólio de Espínola Filho, ao


pontuar que a "regra geral é a de que cabe ao juiz da ação a
competência para a execução da sentença, nela proferida,
afinal". Vale dizer, o início da execução da reprimenda
compete ao juiz "perante o qual correu a ação penal, pouco
importando tenha a executar a sentença por ele próprio
proferida, ou a substituída a essa, em virtude do provimento
dado, no todo ou em parte, a recurso, ordinário,
3

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extraordinário ou misto (revisão), interposto contra aquela


sentença" (Código de processo penal brasileiro anotado .
Atualizadores: José Geraldo da Silva e Wilson Lavotenti.
Campinas:Bookseller, 2000, p. 352-353).

Essa também é a intelecção de Mirabete, ao enfatizar que


"compete aos tribunais superiores a execução quando se trata
de competência originária da respectiva Corte, ainda que o
acórdão por esta proferido tenha sido reformado pelo
Supremo Tribunal Federal (MIRABETE, Julio Fabrinni.
Execução penal. 11ª ed. rev. e at. por Renato Fabbrini São
Paulo: Atlas, 2004, p. 299).

Desse modo, não visualizo qualquer vício pelo fato do Juízo da 11ª
Vara Federal haver encaminhado as cópias das peças processuais indispensáveis à execução
provisória, cujo processamento, ainda não resultante em ordem de prisão, cabe ao Juízo da
Execução Penal da Seção Judiciária do Ceará.

A competência do STJ no presente caso, a meu sentir, cinge-se a


eventual medida cautelar suspensiva da execução penal provisória, não obtida pelo ora
executado no Recurso Especial por ele manejado.

b) fixação, na sentença condenatória, do direito de apelar em liberdade e de trânsito


em julgado para a execução da pena, o que resultaria em “reformatio in pejus”;

Com efeito, ao prolatar a sentença condenatória, o Juízo da 11ª Vara


Federal reconheceu o direito do réu, ora executado, apelar em liberdade.

Mas isso não impede, sequer de longe, que a sentença venha a ser
executada provisoriamente.

A uma, porque essa parte da sentença obviamente não transita em


julgado e se sujeita à cláusula rebus sic standibus. Se assim não fosse, impossível seria obter
por exemplo uma prisão preventiva na pendência de julgamento de recursos. Tal princípio,
em matéria de processo penal, tem sua concretização no art. 617 do CPP:

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“ Art. 617. O tribunal, câmara ou turma atenderá nas suas decisões ao


disposto nos arts. 383, 386 e 387, no que for aplicável, não podendo,
porém, ser agravada a pena, quando somente o réu houver apelado da
sentença.”

A duas porque não se trata de ofensa ao direito de apelar em


liberdade. Assim foi garantido ao réu que apelou em liberdade, teve seu recurso apreciado e
a pena reduzida, mas esgotada a fase em que se forma o juízo de convencimento sobre a
culpabilidade, o que não se garante mais é que possa manejar os recursos excepcionais sem
ser preso provisoriamente.

Além disso, a aventada preclusão em relação à possibilidade do réu


recorrer em liberdade, a qual foi declarada na sentença de primeiro grau, não se sustenta pelo
simples fato de que esse tópico não era suscetível de reforma, dada a posição consolidada no
sentido de que a execução da pena só se iniciaria após o trânsito em julgado.

Por fim, convenhamos que o novo precedente do Supremo não é


restauração do comando de que o réu tem que se recolher ao cárcere para poder apelar. A
prisão processual do réu, quando da prolação da sentença, continua vinculada à devida
fundamentação do juiz, nos termos do já referido § 1º do art. 387 do Código de Processo
Penal.
Se a sentença determina a prisão processual, mas não a fundamenta,
aí tem-se ilegalidade passível de correção.

Outra é a situação delineada pelo Supremo Tribunal Federal no


julgamento do habeas corpus nº 126.292/SP: solto o réu, mas confirmada a condenação em
grau recursal, pelo Tribunal de 2ª instância competente a tanto, não há mais dúvidas, com
força de obstar a execução provisória da pena, quanto à materialidade e autoria delitivas. Os
recursos ainda cabíveis, de índole excepcional, sequer poderão reexaminar fatos e provas,
podendo em geral no máximo resultar no cômputo da pena.

E, nas hipóteses em que haja gritante ofensa à legislação federal ou


constitucional, nada obsta que o condenado obtenha, nas instâncias respectivas, medida
cautelar suspensiva da execução.
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Para finalizar esse tópico, trago à colação recente julgado do STJ, qu


tem se repetido, o qual afastou a tese da reformatio in pejus defendida na petição que visa
obstar a execução provisória:

“HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO.


INADEQUAÇÃO. MÉRITO.
ANÁLISE DE OFÍCIO. PRISÃO CAUTELAR. CONCUSSÃO E
UTILIZAÇÃO INDEVIDA DE RENDAS E SERVIÇOS PÚBLICOS EM
PROVEITO PRÓPRIO (ART. 1º DO DECRETO-LEI Nº 201/67).
SENTENÇA CONDENATÓRIA CONFIRMADA EM SEGUNDA
INSTÂNCIA (COM MINORAÇÃO DA PENA E ABSOLVIÇÃO
PARCIAL). EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA. POSSIBILIDADE.
RECENTE ENTENDIMENTO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE
INOCÊNCIA. ORDEM NÃO CONHECIDA.
1. O Superior Tribunal de Justiça, seguindo entendimento firmado pelo
Supremo Tribunal Federal, passou a não admitir o conhecimento de
habeas corpus substitutivo de recurso próprio. Precedentes No entanto,
deve-se analisar o pedido formulado na inicial, tendo em vista a
possibilidade de se conceder a ordem de ofício, em razão da existência
de eventual coação ilegal.
2. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, por maioria de votos,
entendeu que A execução provisória de acórdão penal condenatório
proferido em grau de apelação, ainda que sujeito a recurso especial ou
extraordinário, não compromete o princípio constitucional da
presunção de inocência afirmado pelo artigo 5º, inciso LVII da
Constituição Federal. (STF, HC 126292, Relator Min. TEORI
ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado em 17/02/2016, processo
eletrônico DJe-100, divulgado em 16/05/2016, publicado em
17/05/2016).
3. No particular, como a sentença condenatória foi confirmada pelo
Tribunal de origem e porquanto encerrada a jurisdição das instâncias
ordinárias (bem como a análise dos fatos e provas que assentaram a
culpa do condenado), é possível dar início à execução provisória da
pena antes do trânsito em julgado da condenação, sem que isso importe
em violação do princípio constitucional da presunção de inocência.
Ademais, a sentença assegurou ao paciente o direito de recorrer em
liberdade, o que representa a prerrogativa de tão somente apelar em
liberdade, como ocorreu, valendo ressaltar que os recursos especial e
extraordinário não são dotados, regra geral, de efeito suspensivo.
4. De outra parte, não há que se falar em reformatio in pejus, pois a
prisão decorrente de decisão confirmatória de condenação do
Tribunal de apelação não depende do exame dos requisitos previstos
no art. 312 do CP. Está na competência do juízo revisional e
independe de recurso da acusação. Precedentes da Corte.
5. Habeas Corpus não conhecido.
(HC 366.471/SC, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA,
QUINTA TURMA, julgado em 06/10/2016, DJe 14/10/2016)

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Afastada, desse modo, a alegada reformatio in pejus.

c) Do novo entendimento do STF e seus efeitos

No julgamento do HC n.º 126.292/SP, o Supremo Tribunal Federal


reviu seu posicionamento e, resgatando jurisprudência antes consolidada, afirmou a
possibilidade da execução imediata da pena depois da decisão condenatória confirmada em
segunda instância.

Mais recentemente a Suprema Corte, ao indeferir os pedidos


liminares pleiteados nas Ações Declaratórias de Constitucionalidade nos 43 e 44, ratificou o
julgamento suprarreferido, prevalecendo o entendimento de que não há óbice ao início do
cumprimento da pena após esgotadas as instâncias ordinárias.

Conforme o entendimento exarado no precedente da Corte Suprema,


é no juízo de apelação que de regra se exaure, mediante ampla devolutividade da matéria
deduzida na ação penal, o exame sobre os fatos e provas da causa penal, concretizando o
duplo grau de jurisdição.

Assim, como os recursos excepcionais são restritos à matéria de


direito, não tendo aptidão para modificar decisões da primeira instância recursal no que
tange à matéria fático probatória obtida em regime de contraditório no curso da ação penal,
concluiu a Corte Constitucional, por ampla maioria de seus integrantes, que se pode dar
início à execução da pena condenatória nesta fase sem ofensa ao princípio da presunção da
inocência.
Carecendo os recursos excepcionais de efeito suspensivo, não há
óbice para que se executem as penas impostas ao sentenciado. Nesse passo, o E. Superior
Tribunal de Justiça vem aplicando o entendimento da Corte Suprema e determinando a
imediata execução da condenação:

RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS TRÁFICO ILÍCITO


DE ENTORPECENTES. PRISÃO PREVENTIVA. ELEMENTOS QUE
DENOTAM HABITUALIDADE DELITIVA. REINCIDÊNCIA
7

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Procuradoria da República no Estado do Ceará

ESPECÍFICA. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. SUPERVENIÊNCIA DE


CONDENAÇÃO. AUSÊNCIA DE NOVOS FUNDAMENTOS. NÃO
PREJUDICIALIDADE. SENTENÇA CONFIRMADA EM SEGUNDA
INSTÂNCIA. PRISÃO MANTIDA PELO TRIBUNAL. POSSIBILIDADE.
EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA. LEGALIDADE. RECENTE
ENTENDIMENTO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. AUSÊNCIA
DE VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA.
RECURSO DESPROVIDO. ..EMEN: 1. Mostra-se devidamente
fundamentada a segregação em hipótese na qual o recorrente,
reincidente específico na prática do crime de tráfico ilícito de
entorpecentes, foi flagrado com cerca de 15g de crack, droga de alto
poder destrutivo, e uma balança de precisão, confessando que a droga
se destinava ao ilícito comércio. 2. Encontra-se justificada a prisão
pela necessidade de proteção à ordem pública, dado o risco concreto de
reiteração criminosa, tendo em vista a reincidência específica do
paciente, que voltou a ser preso em flagrante por tráfico a despeito da
condenação anterior, especialmente porque as circunstâncias do
flagrante indicam dedicação a atividades criminosas. 3. Para a Quinta
Turma desta Corte, a sentença condenatória que mantém a prisão
cautelar do réu somente constitui novo título judicial se agregar novos
fundamentos, com base no art. 312 do Código de Processo Penal. 4. O
Plenário do Supremo Tribunal Federal, por maioria de votos, entendeu
que a possibilidade de início da execução da pena condenatória após a
confirmação da sentença em segundo grau não ofende o princípio
constitucional da presunção da inocência (HC n. 126292, julgado no
dia 17 de fevereiro de 2016). 5. No particular, como a sentença
condenatória foi confirmada pelo Tribunal de origem e porquanto
encerrada a jurisdição das instâncias ordinárias (bem como a análise
dos fatos e provas que assentaram a culpa do condenado), é possível
dar início à execução provisória da pena antes do trânsito em julgado
da condenação, sem que isso importe em violação do princípio
constitucional da presunção de inocência. 6. Recurso desprovido.
..EMEN:
(RHC 201500287341, REYNALDO SOARES DA FONSECA, STJ -
QUINTA TURMA, DJE DATA:29/06/2016 ..DTPB:.)

Não há, desse modo, de acordo com a decisão da Corte


Constitucional, qualquer entrave para que se execute as penas impostas ao réu na primeira
instância recursal, até porque o recurso excepcional interposto (REsp), destinado a julgar
questões federais de natureza infraconstitucional, carece do chamado efeito suspensivo (art.
637 do CPP e art. 27, § 2º, da Lei 8.038/1990).

Quanto à necessidade de fundamentar a execução provisória, a


manutenção da sentença penal pela segunda instância encerra a análise de fatos e provas que
assentaram a culpa do condenado, o que autoriza o início da execução da pena por somente

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esse motivo. A segregação do cidadão, após o exaurimento da jurisdição das instâncias


ordinárias, independe do preenchimento dos requisitos do art. 312 do Código de Processo
Penal porque representa a (hoje autorizada) execução provisória da pena,

Nesse sentido, vem decidindo o STJ:

RECURSO ESPECIAL. ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR.


VÍTIMAS CRIANÇAS MENORES DE 14 ANOS. VIOLÊNCIA
PRESUMIDA. REPRESENTAÇÃO. DECADÊNCIA. NÃO
OCORRÊNCIA. CIÊNCIA DO ATO. DILAÇÃO PROBATÓRIA.
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA N. 7 DO STJ. FORMALIDADE.
DESNECESSIDADE. INÉPCIA DA DENÚNCIA. NÃO
OCORRÊNCIA. SUPERVENIÊNCIA DE CONDENAÇÃO.
ABSOLVIÇÃO. PALAVRA DAS VÍTIMAS. HARMONIA COM DEMAIS
PROVAS. SÚMULA N. 7 DO STJ. DESCLASSIFICAÇÃO PARA
CONTRAVENÇÃO DO ART. 61 DO DECRETO-LEI N.3.688/1941.
IMPOSSIBILIDADE. PARTICIPAÇÃO DA RÉ. REEXAME DE
PROVAS. SÚMULA N. 7 DO STJ. PENA-BASE. CULPABILIDADE.
MOTIVAÇÃO IDÔNEA. CONTINUIDADE DELITIVA. FORMA
SIMPLES. PENA READEQUADA. AUSÊNCIA DE
FUNDAMENTAÇÃO E OMISSÃO NO ACÓRDÃO. INEXISTÊNCIA.
RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E NÃO PROVIDO. ORDEM
CONCEDIDA DE OFÍCIO. EXECUÇÃO PROVISÓRIA.
DETERMINAÇÃO.
…...............
15. A Sexta Turma desta Corte Superior decidiu, ao apreciar os EDcl
nos REsps n. 1.484.413/DF e 1.484.415/DF (DJe 14/4/2016), de
minha relatoria, que, nas hipóteses em que não for conferido
efeito suspensivo ao recurso especial, mantida a condenação do réu,
deve ser determinado o início da execução provisória das penas
impostas.
16. Recurso especial conhecido e não provido. Ordem concedida, de
ofício, a fim de reconhecer a ilegalidade quanto à aplicação da
continuidade delitiva específica e reduzir as penas dos réus.
Execução provisória determinada.
(REsp 1273776/SP, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA
TURMA, julgado em 14/06/2016, DJe 21/06/2016)

Nessas condições, diante desse quadro, resta claro que a prisão para execução
provisória difere, por sua própria natureza e finalidade, da prisão preventiva ou de qualquer
outra modalidade de prisão cautelar, resultando tão somente do esgotamento das vias
ordinárias.
Foi essa a lógica da decisão do STF no HC 126.292/SP.

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d) violação do art. 283 do CPP e da cláusula de reserva do plenário e da Súmula


Vinculante n° 10

As alegações não se aplicam ao presente caso, pois a decisão questionada nos


presentes autos não adveio de Tribunal, não se podendo falar de quebra da cláusula de
reserva de plenário.

e) plausibilidade do recurso especial admitido.

Se o recurso especial tem ou não plausibilidade de alterar o status


condenatório do executado é questão a ser resolvido na instância a tanto competente, no caso
o Superior Tribunal de Justiça.

Cabe ao interessado obter, junto àquela Corte, o efeito suspensivo da


execução, sob pena de completa subversão da ordem jurídica na hipótese deste Juízo fazer
tal análise, invadindo a competência reservada ao STJ.

f) Pedido
Ante tais circunstâncias, requer o MPF seja iniciada a execução da
definitiva da pena restritiva de liberdade de 05 (cinco) anos de reclusão e 200 (duzentos
dias-multa) imposta ao réu FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS em regime
semiaberto, com a adoção das seguintes providências:

1) a expedição de carta de guia para que seja a pena


cumprida em regime fechado, dado que a pena privativa de
liberdade é de 09 (nove) anos e 02 (dois) meses de reclusão.
3) remessa à Contadoria para o cálculo da pena de multa,
fixando-se prazo para o adimplemento voluntário, sob pena
de constituição de Dívida Ativa, devendo para tanto ser
oficiada a Procuradoria da Fazenda Nacional.

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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Procuradoria da República no Estado do Ceará

Aguarda deferimento.
Fortaleza/CE, 20 de outubro de 2016.

MÃRCIO ANDRADE TORRES


Procurador da República

11

Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
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11/11
MM Juiz Federal,

Segue pedido de retificação da execução penal, em anexo.

Márcio Torres

PR/CE

Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
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Assinado eletronicamente.
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Identificador:
Número do documento: 4058100.1813428
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1/1
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
PROCURADORIA DA REPÚBLICA NO ESTADO DO CEARÁ

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA 12ª VARA DA SEÇÃO


JUDICIÁRIA DO ESTADO DO CEARÁ:

PROCESSO Nº: 0805802-55.2016.4.05.8100


CLASSE: EXECUÇÃO DA PENA
EXEQUENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
EXECUTADO: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS

PETIÇÃO DE EXECUÇÃO PENAL PROVISÓRIA


(Manifestação n° 21536 /2016)

O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, por conduto do


Procurador da República signatário, diante da contestação apresentada pelo executado, vem
retificar o pedido de EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA SENTENÇA CONDENATÓRIA
proferida pelo juízo da 11ª Vara Federal, em desfavor do réu FRANCISCO DEUSMAR
DE QUEIROS, decisão reformada em parte pelo Egrégio Tribunal Regional Federal da 5ª
Região, na forma a seguir delineada:

Por um lapso, constou na petição de execução o requerimento de


execução provisória da pena restritiva de liberdade de 05 (cinco) anos de reclusão e 200
(duzentos dias-multa), em relação ao sentenciado FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
em regime semiaberto, quando na realidade a pena a ser cumprida, em regime fechado, é
de 09 (nove) anos e 02 (dois) meses de reclusão e 250 dias multa, à razão de 10 salários
mínimos por dia multa.

1
Av. Beira Mar, nº 1064, Praia Treze de Julho – CEP: 49.020-010 – Aracaju - Sergipe
Fone: (79) 3301-3700 – Site: http://www.prse.mpf.mp.br

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado Num. 10536627 - Pág. 225
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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Procuradoria da República no Estado do Ceará

Desse modo, requer seja considerada a presente retificação para a


expedição da Carta de Guia.
.
Aguarda deferimento.
Fortaleza/CE, 27 de outubro de 2016.

MÃRCIO ANDRADE TORRES


Procurador da República

Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
Assinado eletronicamente.
MARCIO ANDRADE A Certificação
TORRES Digital pertence a: Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado
- Procurador Num. 10536627 - Pág. 226
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Data e hora da assinatura: 27/10/2016 10:42:12
https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18031417122157300000010518728
Identificador:
Número do documento: 4058100.1813429
18031417122157300000010518728
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 237/364
2/2
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DA 12ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO
ESTADO DO CEARÁ.

PROCESSO Nº 0805802-55.2016.4.05.8100

EXEQUENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

EXECUTADO: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS

FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS , já amplamente qualificado no presente feito, vem, com o


devido respeito, COMUNICAR V. Excelência acerca da decisão (doc. anexo) proferida pelo E. Ministro
Felix Fischer, nos autos do Processo nº 2016/0292446-7, a qual deferiu medida liminar para sustar o
início da execução provisória da pena do ora Executado até ulterior julgamento final do processo ,
nos termos a seguir delineados:

Trata-se de pedido de tutela provisória, formulada por FRANCISCO DESMAR DE QUEIROS,


GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES
BEZERRA, consubstanciada na possibilidade de concessão in limine litis de medida cautelar para atribuir
efeito suspensivo a recurso especial anteriormente interposto.

(...)

Assim, temerária seria a deflagração ante tempus de eventual execução provisória antes do julgamento do
mérito do Recurso Especial interposto, razão pela qual defiro a liminar para sustar o início da execução
provisória da pena até ulterior julgamento final do presente pedido de tutela provisória.

Cite-se o requerido, para, querendo, apresentar resposta, no prazo

legal.

Após, vista ao Ministério Público Federal.

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado Num. 10536627 - Pág. 227
https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18031417122157300000010518728
Número do documento: 18031417122157300000010518728
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P. e I.

Brasília (DF), 16 de novembro de 2016.

Ministro Felix Fischer

Relator

Assim, em atendimento à supracitada decisão emanada da Corte Superior de Justiça, requer-se que V.
Exa. digne-se de se abster de proferir ou expedir qualquer ato ou ordem prisional em desfavor do Réu,
garantindo-lhe o direito de responder ao processo em liberdade, até o trânsito em julgado do feito .

Por fim, requer sejam as publicações alusivas ao presente feito realizadas exclusivamente em nome do
advogado ANASTÁCIO MARINHO , inscrito na OAB/CE nº 8.502, sob pena de nulidade.

P. deferimento.

Fortaleza, 09 de dezembro de 2016.

Anastacio Marinho Caio Cesar Rocha Wilson Belchior

OAB/CE 8.502 OAB/CE 15.095 OAB/CE 17.314

Marcelo Leal Benedito Cerezzo Luiz Eduardo Monte

OAB/DF 21932 OAB/SP 142.109 OAB/DF 41.950

Eduardo Ferri Renan Rebouças

OAB/CE 21.310-A OAB/CE 24.499

Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
Assinado eletronicamente.
ANASTACIO JORGE A Certificação
MATOS Digital pertence
DE SOUSA a: Marcelo- Advogado
MARINHO Leal de Lima Oliveira - Advogado Num. 10536627 - Pág. 228
16121214100749100000001942813
Data e hora da assinatura: 12/12/2016 14:23:25
https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18031417122157300000010518728
Identificador:
Número do documento: 4058100.1941566
18031417122157300000010518728
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 239/364
2/2
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DA 12ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA
DO ESTADO DO CEARÁ.

PROCESSO Nº 0805802-55.2016.4.05.8100
EXEQUENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
EXECUTADO: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS

FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS, já amplamente qualificado no


presente feito, vem, com o devido respeito, COMUNICAR V. Excelência acerca da
decisão (doc. anexo) proferida pelo E. Ministro Felix Fischer, nos autos do Processo nº
2016/0292446-7, a qual deferiu medida liminar para sustar o início da execução
provisória da pena do ora Executado até ulterior julgamento final do processo, nos
termos a seguir delineados:

Trata-se de pedido de tutela provisória, formulada por FRANCISCO DESMAR DE


QUEIROS, GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE
OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES BEZERRA, consubstanciada na possibilidade de
concessão in limine litis de medida cautelar para atribuir efeito suspensivo a
recurso especial anteriormente interposto.
(...)
Assim, temerária seria a deflagração ante tempus de eventual execução provisória
antes do julgamento do mérito do Recurso Especial interposto, razão pela qual
defiro a liminar para sustar o início da execução provisória da pena até ulterior
julgamento final do presente pedido de tutela provisória.

Cite-se o requerido, para, querendo, apresentar resposta, no prazo


legal.

Após, vista ao Ministério Público Federal.

P. e I.

Brasília (DF), 16 de novembro de 2016.

Ministro Felix Fischer


Relator

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado Num. 10536627 - Pág. 229
https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18031417122157300000010518728
Número do documento: 18031417122157300000010518728
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Assim, em atendimento à supracitada decisão emanada da Corte
Superior de Justiça, requer-se que V. Exa. digne-se de se abster de proferir ou expedir
qualquer ato ou ordem prisional em desfavor do Réu, garantindo-lhe o direito de
responder ao processo em liberdade, até o trânsito em julgado do feito.

Por fim, requer sejam as publicações alusivas ao presente feito


realizadas exclusivamente em nome do advogado ANASTÁCIO MARINHO, inscrito na
OAB/CE nº 8.502, sob pena de nulidade.

P. deferimento.
Fortaleza, 09 de dezembro de 2016.

Anastacio Marinho Caio Cesar Rocha Wilson Belchior


OAB/CE 8.502 OAB/CE 15.095 OAB/CE 17.314

Marcelo Leal Benedito Cerezzo Luiz Eduardo Monte


OAB/DF 21932 OAB/SP 142.109 OAB/DF 41.950

Eduardo Ferri Renan Rebouças


OAB/CE 21.310-A OAB/CE 24.499

Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
Assinado eletronicamente.
ANASTACIO JORGE A Certificação
MATOS Digital pertence
DE SOUSA a: Marcelo- Advogado
MARINHO Leal de Lima Oliveira - Advogado Num. 10536627 - Pág. 230
16121214104374200000001942814
Data e hora da assinatura: 12/12/2016 14:23:25
https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18031417122157300000010518728
Identificador:
Número do documento: 4058100.1941567
18031417122157300000010518728
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 241/364
2/2
(e-STJ Fl.2164)

Superior Tribunal de Justiça


F6

PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA Nº 38 - CE (2016/0292446-7)

RELATOR : MINISTRO FELIX FISCHER


REQUERENTE : FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
REQUERENTE : GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO
REQUERENTE : IELTON BARRETO DE OLIVEIRA
REQUERENTE : JERÔNIMO ALVES BEZERRA
ADVOGADO : MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA E OUTRO(S) -
DF021932
REQUERIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

DECISÃO

Trata-se de pedido de tutela provisória, formulada por FRANCISCO


DESMAR DE QUEIROS, GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO, IELTON
BARRETO DE OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES BEZERRA, consubstanciada na
possibilidade de concessão in limine litis de medida cautelar para atribuir efeito
suspensivo a recurso especial anteriormente interposto.
Sustentam os requerentes que o periculum in mora que autorizaria a
concessão da medida cingir-se-ia à iminente possibilidade concreta de segregação
(fl. 4), decretada pelo magistrado de primeira instância, ao argumento de que "o fato
de ter sido o decreto de prisão exarado ex officio, sem provocação de qualquer
espécie do órgão acusatório e em flagrante contrariedade ao próprio dispositivo da
sentença, que determinara expressamente que o início da pena ocorresse “após o
trânsito em julgado” e contra o qual não se insurgiu o Ministério Público, sinalizam
fortemente para a verossimilhança do direito alegado" (fl. 5).
Por outro lado, o fumus boni iuris encontrar-se-ia na viabilidade
recursal, consistente em "violação da correlação entre acusação e sentença, falta de
fundamentação na dosimetria da pena, inadequação típica da conduta, e, ainda, a
indicação de omissão reiterada e deliberada na apreciação destas mesmas matérias
amplamente arguidas e prequestionadas desde a origem pela defesa" (fl. 4).
Pugnam, ao final, pela concessão de efeito suspensivo para sustar o
início da execução provisória da pena até ulterior julgamento do mérito da presente

TP 38 C54242555100;812<05542@ C<05065;0034 94 @
2016/0292446-7 Documento Página 1 de 4
Documento
Assinado eletrônico VDA15537415
eletronicamente. assinadoDigital
A Certificação eletronicamente
pertencenos
a: termos
Marcelodo Leal
Art.1ºde
§2ºLima
incisoOliveira
III da Lei-11.419/2006
Advogado
Signatário(a): MINISTRO Felix Fischer Assinado em: 21/11/2016 18:44:19 Num. 10536627 - Pág. 231
Publicação no DJe/STJ nº 2099 de 24/11/2016. Código de Controle do Documento: 1F12ECB1-C1B5-4D76-ABBE-33B098E98A8F
https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18031417122157300000010518728
Número do documento: 18031417122157300000010518728
242/364
1/4
(e-STJ Fl.2165)

Superior Tribunal de Justiça


F6

medida acautelatória.
É o relatório.
Decido.
De início, cumpre assentar que, na linha da jurisprudência até então
firmada no âmbito desta Corte, a prisão cautelar deve ser considerada exceção, já
que, por meio desta medida, priva-se o réu de seu jus libertatis antes do
pronunciamento condenatório definitivo, consubstanciado na sentença transitada em
julgado. É por isso que tal medida constritiva só justifica caso demonstrada sua real
indispensabilidade para assegurar a ordem pública, a instrução criminal ou a
aplicação da lei penal, ex vi do artigo 312 do Código de Processo Penal, sob pena de
configurar-se antecipação de pena ou execução provisória, inadmitida, até então,
pela Suprema Corte, com base no HC n. 84.078/MG, da relatoria do em. Ministro
Eros Grau.
Nesse sentido: AgRg no RHC 47.220/MG, 5ª Turma, Rel. Min.
Regina Helena Costa, DJe de 29/8/2014; RHC 36.642/RJ, 6ª Turma, Rel. Min.
Maria Thereza de Assis Moura, DJe de 29/8/2014; HC 296.276/MG, 5ª Turma,
Rel. Min. Marco Aurélio Bellizzee, DJe de 27/8/2014; RHC 48.014/MG, 6ª Turma,
Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, DJe de 26/8/2014; v.g..
Entretanto, recentemente, o Plenário do col. Supremo Tribunal Federal
evoluiu em seu entendimento e, por maioria de votos, indeferiu o pedido formulado
no HC n. 126.292/SP, de relatoria do e. Min. Teori Zavascki, e decidiu pela
possibilidade do início do cumprimento da pena após o julgamento da apelação. Em
outras palavras, está autorizada a execução provisória da pena após o julgamento de
segunda instância, o que ocorreu no caso concreto.
No caso vertente, aduzem os requerentes que ao juiz sentenciante
falece competência para a expedição de mandado de prisão em virtude do início da
execução provisória. Sobre o tema, trago à colação voto-vista por mim proferido nos
autos do habeas corpus n. 352216, em que fiz algumas considerações acerca da
viabilidade de tal expediente, malgrado partir de magistrado de primeira instância.
Eis o excerto:

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(e-STJ Fl.2166)

Superior Tribunal de Justiça


F6

"[...] cumpre citar passagem da decisão proferida pelo em. Min. Edson
Fachin, no já apontado habeas corpus 135.752:
"A opção legislativa de dar eficácia à sentença condenatória tão logo
confirmada em segundo grau de jurisdição, e não mais sujeita a recurso com efeito
suspensivo, está consentânea com a razão constitucional da própria existência dos
recursos às instâncias extraordinárias. Sabem todos que o trânsito em julgado, no
sistema recursal brasileiro, depende em algum momento da inércia da parte
sucumbente. Há sempre um recurso oponível a uma decisão, por mais incabível
que seja, por mais estapafúrdias que sejam as razões recursais invocadas. Se
pudéssemos dar à regra do art. 5º, LVII, da CF caráter absoluto, teríamos de
admitir, no limite, que a execução da pena privativa de liberdade só poderia
operar-se quando o réu se conformasse com sua sorte e deixasse de opor novos
embargos declaratórios. Isso significaria dizer que a execução da pena privativa
de liberdade estaria condicionada à concordância do apenado (...)".

Mostrar-se-ia, realmente, ilógico conceber que a liberdade individual


possa ser tolhida por decisão de magistrado de primeiro grau que até mesmo
dispensa a certeza, como no caso das prisões cautelares, adotando-se, no mesmo
compasso, para a decisão de segunda instância, uma compreensão que a
assimilasse com um mero ato de passagem, sem qualquer consequência.
Reitere-se: levado ao limite, o argumento consente com que, por
exemplo, um recurso especial ou extraordinário manejado e não conhecido, de cuja
decisão se interponha um agravo, que seja desprovido, e em relação à qual se
oponham embargos de declaração – quiçá sucessivos -, impeçam a deflagração da
execução.
Ademais, ainda sobre tal argumentação, tem-se que, como é evidente, à
alusão do magistrado de primeiro grau não se pode emprestar força tendente a
afastar a decisão do col. Supremo Tribunal Federal, no habeas corpus 126.292.
Noutros termos, e abstraindo-se aqui o caso concreto, em que a sentença foi
proferida antes da edição do precedente pelo Supremo Tribunal Federal, ainda
que assim não fosse, a verdade é que não se pode conceber que a referência do juiz
de primeira instância, simplesmente por indicar que após o trânsito em julgado
expedir-se-á mandado de prisão, faça írrita uma decisão da eg. Suprema Corte.
A expressão constante das sentenças condenatórias, ao determinar
expedição de mandado de prisão após o trânsito em julgado, não opera coisa
julgada em favor do réu, de modo que tal fato não tem o condão de impedir sua
prisão no âmbito da execução provisória da pena. Este tipo de comando sentencial,
com efeito, consta do texto condenatório, em verdade, apenas como norte para o
início de cumprimento de pena, com o advento do trânsito em julgado, ou seja,
tem por finalidade guiar o feito após o julgamento definitivo dos recursos, da
mesma forma como a determinação de expedição de ofícios para inscrição do
nome no rol de culpados, as determinações para fins de suspensão de direitos
políticos, dentre outras diligências.
Não significa, portanto, que, única e exclusivamente, isto é, que
apenas com o trânsito em julgado, é que se permitirá a expedição do mandado de
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(e-STJ Fl.2167)

Superior Tribunal de Justiça


F6

prisão. No ponto, basta imaginar que determinada pessoa seja condenada a uma
elevada pena de prisão, sendo-lhe conferido o direito de recorrer em liberdade,
com determinação de expedição de mandado de prisão após o trânsito em julgado.
Se antes da apreciação do recurso houver prova robusta da possibilidade de que o
acusado condenado virá a fugir para outro País, de modo a evitar futuro
cumprimento de pena, não se pode dizer que, considerando a determinação
contida na sentença, de expedição de mandado de prisão após o trânsito em
julgado, estaria o Tribunal impedido de decretar a prisão preventiva."

Dessarte, não vislumbro óbice, tampouco ilegalidade, tout court, a


expedição de mandado de prisão realizada por juiz de primeira instância,
independentemente de ressalva por este feita e de os autos encontrarem-se em
trâmite perante as Cortes Superiores.
Sem embargo, dentre os argumentos expendidos na inicial do pedido
de tutela provisória, verifico que em relação a um deles a concessão de liminar, ao
menos neste juízo meramente perfunctório, é medida que se faz premente, ante a
relevância da questão da correta tipificação do delito imputado aos requerentes, se
se trataria de incidir, na hipótese, o delito inserto no art. 27-E da Lei 6.385/76, ou o
delito previsto no art. 7º, inciso IV, da Lei 7.492/86, sem olvidar que eventual
desclassificação da conduta poderia culminar no advento da prescrição.
Assim, temerária seria a deflagração ante tempus de eventual
execução provisória antes do julgamento do mérito do Recurso Especial interposto,
razão pela qual defiro a liminar para sustar o início da execução provisória da pena
até ulterior julgamento final do presente pedido de tutela provisória.
Cite-se o requerido, para, querendo, apresentar resposta, no prazo
legal.
Após, vista ao Ministério Público Federal.
P. e I.

Brasília (DF), 16 de novembro de 2016.

Ministro Felix Fischer


Relator

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4/4
(e-STJ Fl.2169)

Superior Tribunal de Justiça

TP 38/CE

PUBLICAÇÃO

Certifico que foi disponibilizada no Diário da Justiça


Eletrônico/STJ em 23/11/2016 a r. decisão de fls. 2164 e
considerada publicada na data abaixo mencionada, nos
termos do artigo 4º, § 3º, da Lei 11.419/2006.
Brasília, 24 de novembro de 2016.

COORDENADORIA DA QUINTA TURMA


*Assinado por JOSÉ DA LUZ SOUZA FILHO
em 24 de novembro de 2016 às 07:05:54
Documento eletrônico juntado ao processo em 24/11/2016 às 07:08:49 pelo usuário: JOSÉ DA LUZ SOUZA FILHO

Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
* Assinado
Assinado ANASTACIO eletronicamente
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DE termos
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MARINHO 1ºde§ Lima
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- Advogado 2º inciso
Oliveira III alínea "b" da Lei 11.419/2006 16121214143196600000001942822
- Advogado Num. 10536627 - Pág. 235
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12ª Vara Federal do Ceará

Rua João Carvalho, nº 485, 5.º andar, Aldeota, CEP 60.140.140 - Fortaleza/CE

Fone: (85) 3391-5864 / Fax: (85) 3391-5866 / email: vara12@jfce.jus.br

PROCESSO Nº: 0805802-55.2016.4.05.8100 - EXECUÇÃO DA PENA


EXEQUENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
EXECUTADO: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
12ª VARA FEDERAL - JUIZ FEDERAL TITULAR

CERTIDÃO

CERTIFICO que juntei aos presentes autos o (a) Telegrama nº 5T 43228/2016, oriundo do
(a) STJ. O referido é verdade. Dou fé.

Fortaleza, datado eletronicamente.

EDIENE SANTANA DE OLIVEIRA

Analista Judiciária - Matrícula 1488

(assinado eletronicamente)

Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
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Número do documento: 4058100.1958376
18031417122157300000010518728
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Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado Num. 10536627 - Pág. 237
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Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
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EDIENE SANTANA A Certificação Digital pertence
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PROCESSO Nº: 0805802-55.2016.4.05.8100 - EXECUÇÃO DA PENA
ÓRGÃO JULGADOR: 12ª VARA FEDERAL (TITULAR)
JUIZ FEDERAL TITULAR
EXEQUENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
EXECUTADO: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho

DECISÃO

Trata-se de execução penal instaurada em face de FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS, tendo em


vista a confirmação no TRF da 5ª Região do teor condenatório do Juízo de 1º Grau.

Em petição anexada aos autos, a defesa de FRANCISCO DEUSMAR QUEIROS comunicou a este Juízo
a decisão (doc. anexo) proferida pelo E. Ministro Felix Fischer, nos autos do Processo nº 016/0292446-7,
a qual deferiu medida liminar para sustar o início da execução provisória da pena do ora
Executado até ulterior julgamento final do processo , nos termos a seguir delineados:

"(...) Trata-se de pedido de tutela provisória, formulada por FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS,
GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES
BEZERRA, consubstanciada na possibilidade de concessão in limine litis de medida cautelar para atribuir
efeito suspensivo a recurso especial anteriormente interposto.

(...)

Assim, temerária seria a deflagração ante tempus de eventual execução provisória antes do julgamento do
mérito do Recurso Especial interposto, razão pela qual defiro a liminar para sustar o início da execução
provisória da pena até ulterior julgamento final do presente pedido de tutela provisória. (...)"

Sendo assim, em face da decisão do STJ mencionada, DETERMINO o sobrestamento da execução penal
provisória de FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS.

Acautelem-se os autos na Secretaria.

HELOÍSA SILVA DE MELO

Juíza Federal Substituta da 11ª Vara respondendo pela 12ª Vara

Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
Assinado eletronicamente.
HELOISA SILVA A Certificação
DE MELO Digital pertence a: Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado
- Magistrado Num. 10536627 - Pág. 239
17021710514670200000002090926
Data e hora da assinatura: 17/02/2017 14:57:57
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Identificador:
Número do documento: 4058100.2089618
18031417122157300000010518728
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1/1
12ª Vara Federal do Ceará
Rua João Carvalho, nº 485, 5.º andar, Aldeota, CEP 60.140.140 - Fortaleza/CE

INSPEÇÃO ORDINÁRIA - ANO 2017


(Prazos suspensos: dias 27 a 31 de março de 2017)

Vistos em Inspeção

Ocorrência Data Prazo


Intimar as partes. 17/04/2017

Fortaleza/CE, data infra

Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
Assinado eletronicamente.
HELOISA SILVA A Certificação
DE MELO Digital pertence a: Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado
- Magistrado Num. 10536627 - Pág. 240
17032917041152000000002225553
Data e hora da assinatura: 29/03/2017 17:05:19
https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18031417122157300000010518728
Identificador:
Número do documento: 4058100.2224141
18031417122157300000010518728
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1/1
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRO GRAU
Seção Judiciária do Ceará
12ª Vara Federal

PROCESSO: EXECUÇÃO PROVISÓRIA - Processo n.


0805802-55.2016.4.05.8100

EXEQUENTE(ES): [MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL]

EXECUTADO(S): [FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS]

CERTIDÃO DE INTIMAÇÃO

Nesta data, realizo a intimação do Ministério Público Federal e da defesa da decisão de ID nº 2089618.

Fortaleza - CE, datado eletronicamente .

Raphael Nogueira Bezerra de Menezes

Analista Judiciário

( assinado eletronicamente )

Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
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RAPHAEL NOGUEIRAA Certificação Digital pertence
BEZERRA a: Marcelo
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Data e hora da assinatura: 18/12/2017 14:59:23
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Identificador:
Número do documento: 4058100.3117660
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12ª Vara Federal do Ceará

Rua João Carvalho, nº 485, 5.º andar, Aldeota, CEP 60.140.140 - Fortaleza/CE

Fone: (85) 3391-5864 / Fax: (85) 3391-5866 / email: vara12@jfce.jus.br

PROCESSO Nº: 0805802-55.2016.4.05.8100 - EXECUÇÃO PROVISÓRIA


EXEQUENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
CONDENADO: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho
12ª VARA FEDERAL - CE (JUIZ FEDERAL TITULAR)

CERTIDÃO

CERTIFICO que juntei aos presentes autos os espelhos de movimentação processual


pertinentes no STJ, alusivos ao réu da presente execução. O referido é verdade. Dou fé.

Fortaleza, datado eletronicamente.

RAPHAEL NOGUEIRA BEZERRA DE MENEZES

Analista Judiciário

(assinado eletronicamente)

Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
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RAPHAEL NOGUEIRAA Certificação Digital pertence
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DE MENEZES Leal de
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17121815452971400000003121825
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Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
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RAPHAEL NOGUEIRAA Certificação Digital pertence
BEZERRA a: Marcelo
DE MENEZES Leal de
- Servidor Lima Oliveira - Advogado
Geral Num. 10536628 - Pág. 1
17121815452971400000003121829
Data e hora da assinatura: 18/12/2017 15:46:16
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Número do documento: 4058100.3118305
18031417122439800000010518729
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3/3
PR-CE-MANIFESTAÇÃO-23294/2017

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL


PROCURADORIA DA REPÚBLICA - CEARÁ/MARACANAÚ
EXECUÇÃO PENAL PROVISÓRIA 08058025520164058100/CE

EXECUTADO: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS, EXQTE: MPF - MINISTERIO

Documento assinado via Token digitalmente por MARCIO ANDRADE TORRES, em 18/12/2017 18:32. Para verificar a assinatura acesse
PUBLICO FEDERAL

O Ministério Público Federal manifesta-se ciente da decisão que


suspendeu a execução provisória.

Márcio Torres
PR/CE

http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave CB6AE1BE.C35DC4AA.EB09A27D.8569DB5D

Rua 0805802-55.2016.4.05.8100
Processo: João Brígido, Nº 1260 5º Andar Salas 504 E 505, Joaquim Távora - Cep 60135080 - Fortaleza-CE Prce-sac@mpf.mp.br
Assinado eletronicamente por: (85)32667300
Assinado eletronicamente.
MARCIO ANDRADE A Certificação
TORRES Digital pertence a: Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado
- Procurador Num. 10536628 - Pág. 2
17121817322832700000003123307
Data e hora da assinatura: 18/12/2017 18:32:14
https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18031417122439800000010518729
Identificador:
Número do documento: 4058100.3119782
18031417122439800000010518729
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1/1
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
12° VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
PROCESSO: 0805802-55.2016.4.05.8100 - EXECUÇÃO PROVISÓRIA

Polo ativo Polo passivo


MINISTÉRIO PÚBLICO FRANCISCO DEUSMAR DE
EXEQUENTE CONDENADO
FEDERAL QUEIROS
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO

Outros participantes
Sem registros

CERTIDÃO DE RETIFICAÇÃO

Certifico que, em 18/12/2017, procedi à retificação de autuação deste processo para fazer constar:
Data de Operação Usuário
Item Situação anterior Situação atual
alteração realizada responsável
RAPHAEL
18/12/2017 EXECUÇÃO DA EXECUÇÃO NOGUEIRA
Classe Judicial Alteração
14:51 PENA PROVISÓRIA BEZERRA DE
MENEZES

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado Num. 10536628 - Pág. 3
https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18031417122439800000010518729
Número do documento: 18031417122439800000010518729
260/364
1/1
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
12º VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
PROCESSO: 0805802-55.2016.4.05.8100 - EXECUÇÃO PROVISÓRIA

Polo ativo Polo passivo


MINISTÉRIO PÚBLICO FRANCISCO DEUSMAR DE
EXEQUENTE CONDENADO
FEDERAL QUEIROS
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO

Outros participantes
Sem registros

CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 27/12/2017 23:59, o(a) Sr(a) FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS foi
intimado(a) acerca de Decisão registrado em 17/02/2017 14:57 nos autos judiciais eletrônicos
especificados na epígrafe.

1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 17121814524672300000003121184 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 28/12/2017 00:01 - Seção Judiciária do Ceará.

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado Num. 10536628 - Pág. 4
https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18031417122439800000010518729
Número do documento: 18031417122439800000010518729
261/364
1/1
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
12º VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
PROCESSO: 0805802-55.2016.4.05.8100 - EXECUÇÃO PROVISÓRIA

Polo ativo Polo passivo


MINISTÉRIO PÚBLICO FRANCISCO DEUSMAR DE
EXEQUENTE CONDENADO
FEDERAL QUEIROS
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO

Outros participantes
Sem registros

CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 27/12/2017 23:59, o(a) MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL foi intimado(a) acerca
de Decisão registrado em 17/02/2017 14:57 nos autos judiciais eletrônicos especificados na epígrafe.

1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 17121814524672300000003121184 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 28/12/2017 00:01 - Seção Judiciária do Ceará.

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado Num. 10536628 - Pág. 5
https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18031417122439800000010518729
Número do documento: 18031417122439800000010518729
262/364
1/1
12ª Vara Federal do Ceará
Rua João Carvalho, nº 485, 5.º andar, Aldeota, CEP 60.140.140 - Fortaleza/CE

INSPEÇÃO ORDINÁRIA - ANO 2018


(Prazos suspensos: dias 26 a 02 de março de 2017)

Vistos em Inspeção

Certifico que a inspeção desta 12ª Vara foi marcada para o período de 26/02/2018 a 02/03/2018, em que
ficam suspensos todos os prazos, cujo Edital Coletivo de Inspeção foi publicado no Diário da Justiça
Eletrônico SJCE de nº. 234.0/2017, que circulou em 19/12/2017, pag. 01/07, disponibilizado no site
www.trf5.jus.br. Dou fé.

Ocorrência Data Prazo


MANTER OS AUTOS SUSPENSOS 30/03/2018

Fortaleza/CE, data infra

Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
Assinado eletronicamente.
DANILO DIASAVASCONCELOS
Certificação Digital
DEpertence
ALMEIDA a: Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado
- Magistrado Num. 10536628 - Pág. 6
18030212133118300000003371920
Data e hora da assinatura: 02/03/2018 12:14:33
https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18031417122439800000010518729
Identificador:
Número do documento: 4058100.3367801
18031417122439800000010518729
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 263/364
1/1
12ª Vara Federal do Ceará

Rua João Carvalho, nº 485, 5.º andar, Aldeota, CEP 60.140.140 - Fortaleza/CE

Fone: (85) 3391-5864 / Fax: (85) 3391-5866 / email: vara12@jfce.jus.br

PROCESSO Nº: 0805802-55.2016.4.05.8100 - EXECUÇÃO PROVISÓRIA


EXEQUENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
CONDENADO: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho
12ª VARA FEDERAL - CE (JUIZ FEDERAL TITULAR)

CERTIDÃO

CERTIFICO que juntei aos presentes autos o Malote Digital com Telegrama oriundo do
STJ, encaminhando decisão exarada nos autos do Pedido de Tutela Provisória registrada sob o Nº
2016/0292446-7. O referido é verdade. Dou fé.

Fortaleza, datado eletronicamente.

RAPHAEL NOGUEIRA BEZERRA DE MENEZES

(assinado eletronicamente)

Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
Assinado eletronicamente.
RAPHAEL NOGUEIRAA Certificação Digital pertence
BEZERRA a: Marcelo
DE MENEZES Leal de
- Servidor Lima Oliveira - Advogado
Geral Num. 10536628 - Pág. 7
18030712004035700000003390657
Data e hora da assinatura: 07/03/2018 12:06:08
https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18031417122439800000010518729
Identificador:
Número do documento: 4058100.3386518
18031417122439800000010518729
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 264/364
1/1
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
PODER JUDICIÁRIO

MALOTE DIGITAL

Tipo de documento: Informações Processuais


Código de rastreabilidade: 3002018424158
Nome original: tp38.pdf
Data: 02/03/2018 09:19:11
Remetente:
MARIANNE SAUNDERS GUIMARÃES UCHOA
SJCE - Diretoria da 11ª Vara
TRF5
Prioridade: Normal.
Motivo de envio: Para conhecimento.
Assunto: REF. AOS PROCESSOS NºS 0805802-55.2016.4.05.8100, 0805805-10.2016.4.05.8100, 080
5810-32.2016.4.05.8100 e 0805812.4.05.8100 - Classe 103, RÉUS: FRCO DEUSMAR DE Q
UEIRÓS, GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE OLIVEIRA E JERÔN
ES BEZERRA

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado Num. 10536628 - Pág. 8
https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18031417122439800000010518729
Número do documento: 18031417122439800000010518729
265/364
1/5
(e-STJ Fl.2214)

Superior Tribunal de Justiça

TELEGRAMA Nº MCD5T-7011

DESTINATÁRIO:

EXMO. SR. DES. FED. PRESIDENTE


TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
CAIS DO APOLO, S/N - EDIFÍCIO DJACI FALCÃO
BAIRRO DO RECIFE
RECIFE-PE
50.030-908

MENSAGEM:

TLG. MCD5T-7011/2018 - QUINTA TURMA

ENCAMINHO A VOSSA EXCELÊNCIA DECISÃO(ÕES) EXARADA(S) NOS AUTOS DO


PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA N.º 38/CE, REGISTRO NR. 2016/0292446-7, (NR. DE
ORIGEM 00126284320104058100 / 126284320104058100 / 9363 / 16272007 / 27622010), EM
QUE FIGURAM COMO REQUERENTE : FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS;
REQUERENTE : GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO; REQUERENTE : IELTON
Documento eletrônico juntado ao processo em 23/02/2018 às 20:55:20 pelo usuário: JOSÉ DE ASSIS REPUBLICANO

BARRETO DE OLIVEIRA; REQUERENTE : JERÔNIMO ALVES BEZERRA;


REQUERIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL; PARA CONHECIMENTO E
PROVIDÊNCIAS CABÍVEIS. ATENCIOSAMENTE, MINISTRO FELIX FISCHER,
RELATOR. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.

Autorizo o envio deste Telegrama Nº MCD5T-7011


BSB, 23/02/2018

_____________________________________

Superior Tribunal de Justiça – SAFS Quadra 6, Lote 1 CEP 70095-900


PABX (61) 3319-8000 -FAX: (61) 3319-8700/8194/8195

C54242555100;812<05542@ pág.: 1 de 1

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado Num. 10536628 - Pág. 9
https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18031417122439800000010518729
Número do documento: 18031417122439800000010518729
Código de Controle do Documento: A4D590F0-290D-431D-AE41-8A5306384D90
266/364
2/5
(e-STJ Fl.2211)

Superior Tribunal de Justiça


F2

PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA Nº 38 - CE (2016/0292446-7)

RELATOR : MINISTRO FELIX FISCHER


REQUERENTE : FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
REQUERENTE : GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO
REQUERENTE : IELTON BARRETO DE OLIVEIRA
REQUERENTE : JERÔNIMO ALVES BEZERRA
ADVOGADO : MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA E OUTRO(S) -
DF021932
REQUERIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

DO
EMENTA

TUTELA PROVISÓRIA. PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO AO


RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA.
CA
JULGAMENTO DO FEITO PRINCIPAL. PREJUDICADO PEDIDO.
LIMINAR CASSADA.
LI
DECISÃO
Documento eletrônico juntado ao processo em 23/02/2018 às 19:50:00 pelo usuário: JOSÉ DE ASSIS REPUBLICANO

Trata-se de pedido de tutela provisória, formulada por FRANCISCO


B

DESMAR DE QUEIROS, GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO, IELTON


PU

BARRETO DE OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES BEZERRA, consubstanciada na


possibilidade de concessão in limine litis de medida cautelar para atribuir efeito
suspensivo a recurso especial anteriormente interposto.
O

Sustentam os requerentes que o periculum in mora que autorizaria a


concessão da medida cingir-se-ia à iminente possibilidade concreta de segregação


(fl. 4), decretada pelo magistrado de primeira instância, ao argumento de que "o fato
de ter sido o decreto de prisão exarado ex officio, sem provocação de qualquer
espécie do órgão acusatório e em flagrante contrariedade ao próprio dispositivo da
sentença, que determinara expressamente que o início da pena ocorresse “após o
trânsito em julgado” e contra o qual não se insurgiu o Ministério Público, sinalizam
fortemente para a verossimilhança do direito alegado" (fl. 5).

Por outro lado, o fumus boni iuris encontrar-se-ia na viabilidade


recursal, consistente em "violação da correlação entre acusação e sentença, falta de
fundamentação na dosimetria da pena, inadequação típica da conduta, e, ainda, a

TP 38 C54242555100;812<05542@ C04790250<221704@
2016/0292446-7 Documento Página 1 de 3

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Signatário(a):
Número MINISTRO
do documento: Felix Fischer Assinado em: 23/02/2018 08:44:17
18031417122439800000010518729
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267/364
3/5
(e-STJ Fl.2212)

Superior Tribunal de Justiça


F2

indicação de omissão reiterada e deliberada na apreciação destas mesmas matérias


amplamente arguidas e prequestionadas desde a origem pela defesa" (fl. 4).

Pugnam, ao final, pela concessão de efeito suspensivo para sustar o


início da execução provisória da pena até ulterior julgamento do mérito da presente
medida acautelatória.

A liminar foi deferida às fls. 2164-2167, para sustar o início da


execução provisória da pena até ulterior julgamento final do presente pedido de

DO
tutela provisória.

É o relatório.

Decido.
CA
O pedido está prejudicado.
LI
Com efeito, o Recurso Especial 1.449.193/CE, do qual esta tutela
Documento eletrônico juntado ao processo em 23/02/2018 às 19:50:00 pelo usuário: JOSÉ DE ASSIS REPUBLICANO

provisória é incidental, foi julgado monocraticamente, tendo sido conhecido em


B

parte e, na extensão, desprovido. No dia 20 de fevereiro deste ano, a col. Quinta


PU

Turma deste Superior Tribunal de Justiça julgou o agravo regimental naquele feito,
negando provimento ao recurso para manter os fundamentos do decisum
monocrático.
O

Em tal contexto, verifico que o presente pedido perdeu o objeto, em


razão da superveniência da decisão de mérito proferida nos autos da ação principal.

Nesse sentido:

"AGRAVO REGIMENTAL NA MEDIDA CAUTELAR.


EFEITO SUSPENSIVO A ARESP. SUPERVENIENTE JULGAMENTO.
PERDA DO OBJETO.
I - A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de
que, uma vez apreciado o recurso cujo efeito suspensivo se visa
atribuir, fica prejudicada a medida cautelar.
II - O agravo em recurso especial cuja presente medida
cautelar é dependente foi apreciado em 27/5/2016. Na oportunidade,
conheci do agravo, para dar parcial provimento ao recurso especial
fixando o regime aberto para o início do cumprimento da pena imposta
ao agravante.

TP 38 C54242555100;812<05542@ C04790250<221704@
2016/0292446-7 Documento Página 2 de 3

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Signatário(a):
Número MINISTRO
do documento: Felix Fischer Assinado em: 23/02/2018 08:44:17
18031417122439800000010518729
Código de Controle do Documento: 9BE75E14-537A-494C-9F86-41FB9855F4DD
268/364
4/5
(e-STJ Fl.2213)

Superior Tribunal de Justiça


F2

III - Agravo regimental prejudicado.


(AgInt na MC 25.653/SC, Quinta Turma, Rel. Min.
Reynaldo Soares da Fonseca, DJe de 26/09/2016).

Ante o exposto, com fulcro no art. 34, XI, do RISTJ, julgo prejudicada
a tutela provisória e a liminar outrora deferida.

P. e I.

DO
Brasília (DF), 22 de fevereiro de 2018.

Ministro Felix Fischer


CARelator
LI
Documento eletrônico juntado ao processo em 23/02/2018 às 19:50:00 pelo usuário: JOSÉ DE ASSIS REPUBLICANO

B
PU
O

TP 38 C54242555100;812<05542@ C04790250<221704@
Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100 2016/0292446-7 Documento Página 3 de 3
Assinado eletronicamente por:
Assinado eletronicamente.
RAPHAEL NOGUEIRAA Certificação Digital pertence
BEZERRA DE MENEZESa: Marcelo Leal de
- Servidor Lima Oliveira - Advogado
Geral Num. 10536628 - Pág. 12
18030712051229800000003390658
DocumentoData eletrônico VDA18402632
e hora da assinado 12:06:08
assinatura: 07/03/2018 eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
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Signatário(a):
Número MINISTRO
Identificador:
do documento: Felix Fischer Assinado em: 23/02/2018 08:44:17
4058100.3386519
18031417122439800000010518729
Código de Para
Controle do Documento: 9BE75E14-537A-494C-9F86-41FB9855F4DD
conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 269/364
5/5
Segue pedido de execução provisória da pena, em anexo.

Márcio Torres

PR/CE

Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
Assinado eletronicamente.
MARCIO ANDRADE A Certificação
TORRES Digital pertence a: Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado
- Procurador Num. 10536628 - Pág. 13
18031210402626200000003406724
Data e hora da assinatura: 12/03/2018 10:43:36
https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18031417122439800000010518729
Identificador:
Número do documento: 4058100.3402567
18031417122439800000010518729
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 270/364
1/1
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
PROCURADORIA DA REPÚBLICA NO ESTADO DO CEARÁ

EXMO. SR. JUIZ FEDERAL DA 12ª VARA – SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ

PROCESSO Nº: 0805802-55.2016.4.05.8100


CLASSE: EXECUÇÃO DA PENA
EXEQUENTE:MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
EXECUTADO: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS

PROMOÇÃO Nº 04436/2018

O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, por intermédio do seu


Representante Legal subscrito, vem perante Vossa Excelência expor e requerer o seguinte:

O MPF (Id 4058100.1792914) requereu a execução provisória da


pena quanto ao sentenciado FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS, nos seguintes
termos:
“1) a expedição de carta de guia para que seja a pena cumprida em regime fechado,
dado que a pena privativa de liberdade é de 09 (nove) anos e 02 (dois) meses de
reclusão.
3) remessa à Contadoria para o cálculo da pena de multa, fixando-se prazo para o
adimplemento voluntário, sob pena de constituição de Dívida Ativa, devendo para tanto
ser oficiada a Procuradoria da Fazenda Nacional.”

No entanto, por decisão do Superior Tribunal de Justiça na TP 038, em


que foi Relator o Min. Félix Fischer, havia sido concedida tutela suspensiva, que veio a ser
recentemente cassada, de acordo com a seguinte ementa e Telegrama acostado aos autos
pela Corte Superior:
“TUTELA PROVISÓRIA. PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO AO
RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA.
JULGAMENTO DO FEITO PRINCIPAL. PREJUDICADO PEDIDO.
LIMINAR CASSADA.”

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Por outro lado, o RESp 1.449.193/CE, que apoiava tal tutela provisória
foi julgado e desprovido, como se vê a seguir, estando pendente apenas o julgamento de
embargos de declaração:
PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.
NEGOCIAÇÃO DE TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS SEM
AUTORIZAÇÃO PRÉVIA. ADEQUAÇÃO TÍPICA DA CONDUTA.
REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO.
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. DOSIMETRIA.PENA-BASE
ACIMA DO MÍNIMO LEGAL. CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAS.
FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL.
NÃO COMPROVAÇÃO. DECISÃO MANTIDA.”

Desse modo, nada obsta que se dê início à execução penal, o que ora é
requerido pelo Ministério Público Federal.

Fortaleza, 12 de março de 2018.

MARCIO ANDRADE TORRES


Procurador da República

Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
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Número do documento: 4058100.3402568
18031417122439800000010518729
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Superior Tribunal de Justiça
PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA Nº 38 - CE (2016/0292446-7)

RELATOR : MINISTRO FELIX FISCHER


REQUERENTE : FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
REQUERENTE : GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO
REQUERENTE : IELTON BARRETO DE OLIVEIRA
REQUERENTE : JERÔNIMO ALVES BEZERRA
ADVOGADO : MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA E OUTRO(S) -
DF021932
REQUERIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
EMENTA

TUTELA PROVISÓRIA. PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO AO


RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA.
JULGAMENTO DO FEITO PRINCIPAL. PREJUDICADO PEDIDO.
LIMINAR CASSADA.

DECISÃO

Trata-se de pedido de tutela provisória, formulada por FRANCISCO


DESMAR DE QUEIROS, GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO, IELTON
BARRETO DE OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES BEZERRA, consubstanciada na
possibilidade de concessão in limine litis de medida cautelar para atribuir efeito
suspensivo a recurso especial anteriormente interposto.

Sustentam os requerentes que o periculum in mora que autorizaria a


concessão da medida cingir-se-ia à iminente possibilidade concreta de segregação (fl.
4), decretada pelo magistrado de primeira instância, ao argumento de que "o fato de ter
sido o decreto de prisão exarado ex officio, sem provocação de qualquer espécie do
órgão acusatório e em flagrante contrariedade ao próprio dispositivo da sentença,
que determinara expressamente que o início da pena ocorresse “após o trânsito em
julgado” e contra o qual não se insurgiu o Ministério Público, sinalizam fortemente
para a verossimilhança do direito alegado" (fl. 5).

Por outro lado, o fumus boni iuris encontrar-se-ia na viabilidade


recursal, consistente em "violação da correlação entre acusação e sentença, falta de
fundamentação na dosimetria da pena, inadequação típica da conduta, e, ainda, a
indicação de omissão reiterada e deliberada na apreciação destas mesmas matérias

Documento: 80507648 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 28/02/2018 Página 1 de 3

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Superior Tribunal de Justiça
amplamente arguidas e prequestionadas desde a origem pela defesa" (fl. 4).

Pugnam, ao final, pela concessão de efeito suspensivo para sustar o


início da execução provisória da pena até ulterior julgamento do mérito da presente
medida acautelatória.

A liminar foi deferida às fls. 2164-2167, para sustar o início da execução


provisória da pena até ulterior julgamento final do presente pedido de tutela
provisória.

É o relatório.

Decido.

O pedido está prejudicado.

Com efeito, o Recurso Especial 1.449.193/CE, do qual esta tutela


provisória é incidental, foi julgado monocraticamente, tendo sido conhecido em parte
e, na extensão, desprovido. No dia 20 de fevereiro deste ano, a col. Quinta Turma
deste Superior Tribunal de Justiça julgou o agravo regimental naquele feito, negando
provimento ao recurso para manter os fundamentos do decisum monocrático.

Em tal contexto, verifico que o presente pedido perdeu o objeto, em


razão da superveniência da decisão de mérito proferida nos autos da ação principal.
Nesse sentido:

"AGRAVO REGIMENTAL NA MEDIDA CAUTELAR.


EFEITO SUSPENSIVO A ARESP. SUPERVENIENTE JULGAMENTO.
PERDA DO OBJETO.
I - A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de que,
uma vez apreciado o recurso cujo efeito suspensivo se visa atribuir, fica
prejudicada a medida cautelar.
II - O agravo em recurso especial cuja presente medida
cautelar é dependente foi apreciado em 27/5/2016. Na oportunidade,
conheci do agravo, para dar parcial provimento ao recurso especial
fixando o regime aberto para o início do cumprimento da pena imposta
ao agravante.
III - Agravo regimental prejudicado.
(AgInt na MC 25.653/SC, Quinta Turma, Rel. Min.
Reynaldo Soares da Fonseca, DJe de 26/09/2016).
Documento: 80507648 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 28/02/2018 Página 2 de 3

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Superior Tribunal de Justiça

Ante o exposto, com fulcro no art. 34, XI, do RISTJ, julgo prejudicada a
tutela provisória e a liminar outrora deferida.

P. e I.

Brasília (DF), 22 de fevereiro de 2018.

Ministro Felix Fischer


Relator

Documento: 80507648 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 28/02/2018 Página 3 de 3


Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
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Superior Tribunal de Justiça
AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.449.193 - CE (2014/0091750-6)

RELATOR : MINISTRO FELIX FISCHER


AGRAVANTE : FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
AGRAVANTE : JERÔNIMO ALVES BEZERRA
AGRAVANTE : GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO
AGRAVANTE : IELTON BARRETO DE OLIVEIRA
ADVOGADO : MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA E OUTRO(S) -
DF021932
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
EMENTA

PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.


NEGOCIAÇÃO DE TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS SEM
AUTORIZAÇÃO PRÉVIA. ADEQUAÇÃO TÍPICA DA CONDUTA.
REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE.
SÚMULA 7/STJ. DOSIMETRIA. PENA-BASE ACIMA DO MÍNIMO LEGAL.
CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAS. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. DISSÍDIO
JURISPRUDENCIAL. NÃO COMPROVAÇÃO. DECISÃO MANTIDA.
I - As conclusões do eg. Tribunal de origem a respeito da adequação
típica da conduta não podem ser alteradas sem nova incursão no conjunto de
fatos e provas colacionado aos autos. Tal providência não é viável em sede de
recurso especial, a teor do enunciado sumular n. 7 desta Corte.
II - A dosimetria da pena, quando imposta com base em elementos
concretos e observados os limites da discricionariedade vinculada atribuída ao
magistrado sentenciante, impede a revisão da reprimenda por esta Corte
Superior, exceto se for constatada evidente desproporcionalidade entre o delito e
a pena imposta, hipótese em que caberá a reapreciação para a correção de
eventual desacerto quanto ao cálculo das frações de aumento e de diminuição e a
reavaliação das circunstâncias judiciais listadas no art. 59 do Código Penal.
III - In casu, o aumento da pena-base mostra-se, de fato, fundamentado,
pois considerados o modus operandi, a organização, o planejamento e a
estratégia na execução dos delitos, desempenhos por cada um dos agentes. Dessa
forma, o acórdão da origem consignou expressamente os motivos que
acarretaram a exasperação da pena-base, não havendo tampouco
desproporcionalidade no acréscimo.
IV - A interposição do recurso especial, com fulcro na alínea c do
permissivo constitucional exige o atendimento dos requisitos contidos no art.
1028, e § 1º do Código de Processo Civil, e no art. 255, § 1º, do Regimento
Interno do Superior Tribunal de Justiça, para a devida demonstração do alegado
dissídio jurisprudencial, pois, além da transcrição de acórdãos para a
comprovação da divergência, é necessário o cotejo analítico entre o aresto
recorrido e o paradigma, com a constatação da identidade das situações fáticas
e a interpretação diversa emprestada ao mesmo dispositivo de legislação
Documento: 80679228 - EMENTA / ACORDÃO - Site certificado - DJe: 26/02/2018 Página 1 de 2

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Superior Tribunal de Justiça
infraconstitucional, situação que não ocorreu no presente caso.
Agravo regimental desprovido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima


indicadas, acordam os Ministros da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça,
por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental.
Os Srs. Ministros Jorge Mussi, Reynaldo Soares da Fonseca e Joel Ilan
Paciornik votaram com o Sr. Ministro Relator.
Impedido o Sr. Ministro Ribeiro Dantas.

Brasília (DF), 20 de fevereiro de 2018 (Data do Julgamento).

Ministro Felix Fischer


Relator

Documento: 80679228 - EMENTA / ACORDÃO - Site certificado - DJe: 26/02/2018 Página 2 de 2


Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
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MARCIO ANDRADE A Certificação
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Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
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MATOS Digital pertence
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18031417122439800000010518729
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EXCELENTÍSSIMO JUIZ FEDERAL DA 12ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA
DO ESTADO DO CEARÁ

Ref. Execução Provisória nº 0805802-55.2016.4.05.8100

FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS, já qualificado nos autos do processo


em epígrafe, por seus advogados, comparece à presença de Vossa
Excelência, em face do pedido de execução provisória da condenação que
lhe foi imposta para expor e requerer o quanto segue:

1. O Sentenciado foi condenado pela suposta prática dos


crimes previstos nos artigos 7º, IV, da Lei nº 7.492/86 e 27-C da Lei nº
6.385/76, ocorridos entre os anos de 2000 e 2006.

2. Em sede de Apelação, o TRF da 5ª Região, afastou a


condenação em relação ao crime previsto no artigo 27-C da Lei nº 6.385/76.

3. Embora tenha o Ministério Público se contentado com o


resultado alcançado, operando-se o trânsito em julgado para a acusação, o
Sentenciado interpôs Recurso Especial.

4. Determinada a prisão do Sentenciado, com fulcro no que


decidiu o Supremo Tribunal Federal acerca da possibilidade da execução
provisória da pena após o exaurimento da instância ordinária, a defesa
ingressou com pedido de tutela provisória perante o Superior Tribunal de
Justiça, cuja liminar foi deferida em face da plausibilidade do direito invocado.

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Número do documento: 18031417122439800000010518729
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5. Surpreendeu-se a defesa, no entanto, com posterior decisão
monocrática, negando provimento ao Recurso Especial e, em seguida, o
reconhecimento da prejudicialidade da medida cautelar.

6. Embora mencionadas decisões tenham sido objeto dos


recursos cabíveis à espécie, o Ministério Público requereu a este juízo a
execução provisória da pena que, se deferida, acarretará gravíssimo prejuízo
ao Sentenciado, por patente violação ao princípio do non reformatio in pejus.

7. Por fim, oportuno afirmar que embora este juízo já tenha sido
provocado quanto a mencionada violação, jamais sobre elas se posicionou
em razão da decisão proferida pelo STJ nos autos do pedido de tutela
provisória.

8. Assim, mais uma vez, se demonstram as razões pelas quais


o pedido do Ministério Público há de ser indeferido. Vejamos:

I – DA NECESSIDADE DE TRÂNSITO EM JULGADO ESTABELECIDA NO


TÍTULO EXECUTIVO – IMPOSSIBILIDADE DE REFORMATIO IN PEJUS

9. O que se discute neste momento processual em nada se


relaciona com a (in)constitucionalidade da execução provisória da pena.

10. Trata-se, em realidade, de simples, porém, importantíssimo,


pedido de cumprimento do princípio do non reformatio in pejus e garantia da
segurança jurídica advindas de decisões proferidas em processos penais,
das quais deixe de recorrer a acusação.

11. No caso em tela, não é possível o início da execução


provisória da pena, porque o cumprimento da reprimenda está diretamente
condicionado ao trânsito em julgado do processo.

12. É que a sentença, título executivo, foi expresso em afirmar


que a prisão dos sentenciados deveria ocorrer apenas “após o trânsito em
julgado da sentença”. Confira-se:

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18. Em outras palavras, se a sentença condenatória
expressamente afirma que o cumprimento da pena deve se dar apenas com
o trânsito em julgado, não havendo recurso por parte do Ministério Público, é
expressamente vedado ao judiciário impor a prisão cautelar do Sentenciado.

19. O próprio Supremo Tribunal Federal, aliás, vem garantindo a


aplicação do princípio do non reformatio in pejus, condicionando o
recolhimento a prisão ao trânsito em julgado para ambas as partes, nos
casos que assim prevê o título executivo, sem que, com isso, se possa
afirmar o descumprimento do precedente emanado por aquela Corte.

20. Nesse sentido, recentíssima a decisão proferida pelo Min.


CELSO DE MELLO, nos autos do HC nº 152.974/SP, publicada em 06 de
março de 2018:

“Tem-se entendido, nesta Suprema Corte, que, em situações


como a ora em exame, em que o Ministério Público sequer se
insurgiu contra o pronunciamento do órgão judiciário “a quo”
que garantiu ao paciente o direito de recorrer em liberdade,
não pode o Tribunal de superior jurisdição suprimir esse
benefício, em detrimento do condenado, sob pena de ofensa
à cláusula final inscrita no art. 617 do Código de Processo
Penal:
“(…) POSSÍVEL OFENSA AO PRINCÍPIO QUE VEDA A
‘REFORMATIO IN PEJUS’ (CPP, ART. 617, ‘in fine’),
POIS O TRIBUNAL DE INFERIOR JURISDIÇÃO
ORDENOU QUE SE PROCEDESSE, EM PRIMEIRO
GRAU, À IMEDIATA EXECUÇÃO ANTECIPADA DA
PENA, NÃO OBSTANTE ESSE COMANDO
HOUVESSE SIDO DETERMINADO EM RECURSO
EXCLUSIVO DO RÉU CONDENADO, A QUEM SE
ASSEGURARA, NO ENTANTO, EM MOMENTO
ANTERIOR, SEM IMPUGNAÇÃO RECURSAL DO
MINISTÉRIO PÚBLICO, O DIREITO DE AGUARDAR
EM LIBERDADE A CONCLUSÃO DO PROCESSO.
(…).” (HC 147.452/MG, Rel. Min. CELSO DE MELLO)”

21. Da mesma forma, os seguintes julgados: HC 135.951-


MC/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 140.217-MC/DF, Rel.
Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 142.012-MC/DF, Rel. Min. RICARDO
LEWANDOWSKI – HC 142.017-MC/DF, Rel. Min. RICARDO

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Número do documento: 18031417122439800000010518729
283/364
5/6
LEWANDOWSKI – HC 147.428-MC/MG, Rel. Min. CELSO DE MELLO – HC
148.122-MC/MG, Rel. Min. CELSO DE MELLO – HC 153.431/SP, Rel. Min.
CELSO DE MELLO.

II – DO PEDIDO

22. Ante o exposto, como garantia à segurança do jurisdicionado


às decisões proferidas pelo judiciário, bem como para assegurar a não
violação ao princípio do non reformatio in pejus, requer seja indeferido o
pedido de execução provisória formulado pelo Ministério Público, garantindo-
se ao Sentenciado o direito de aguardar em liberdade o trânsito em julgado
da ação penal a que responde.

P. deferimento.
Fortaleza, 12 de março de 2018.

Marcelo Leal de Lima Oliveiro


OAB/DF 21.932

Anastacio Marinho
OAB/CE 8.502

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6/6
Supremo Tribunal Federal

MEDIDA CAUTELAR NO HABEAS CORPUS 152.974 SÃO PAULO

RELATOR : MIN. CELSO DE MELLO


PACTE.(S) : OSCAR VICTOR ROLLEMBERG HANSEN
IMPTE.(S) : ANTONIO NABOR AREIAS BULHOES E
OUTRO(A/S)
COATOR(A/S)(ES) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

DECISÃO: Trata-se de “habeas corpus”, com pedido de medida liminar,


impetrado contra decisão que, emanada do E. Superior Tribunal de Justiça,
restou consubstanciada em acórdão assim ementado:

“RECURSOS ESPECIAIS. ADMISSIBILIDADE. ÓBICES


PRELIMINARES. DENÚNCIA ANÔNIMA. INEXISTÊNCIA.
MINISTÉRIO PÚBLICO. INVESTIGAÇÃO. NULIDADE DO
PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO. SIGILO FISCAL E
TELEFÔNICO. QUEBRA. NULIDADES. PERSECUÇÃO
PENAL. ELEMENTOS DE INFORMAÇÃO NÃO
UTILIZADOS PARA DEFLAGRAÇÃO DO PROCESSO
PENAL. MATÉRIAS ANALISADAS EM ‘HABEAS CORPUS’.
SUPERAÇÃO. ATIPICIDADE. NÃO OCORRÊNCIA.
NULIDADES NA INSTRUÇÃO CRIMINAL. NÃO
CONFIGURAÇÃO. OMISSÃO DO ACÓRDÃO.
IMPROCEDÊNCIA. DOSIMETRIA. FLAGRANTE
ILEGALIDADE. RECURSOS ESPECIAIS CONHECIDOS
PARA REDUZIR AS PENAS IMPOSTAS. CONCESSÃO DE
‘HABEAS CORPUS’, DE OFÍCIO, PARA CORRÉUS EM
IDÊNTICA SITUAÇÃO.”
(REsp 1.639.698/SP, Red. p/ o acórdão Min. ROGERIO
SCHIETTI CRUZ – grifei)

Busca-se, em sede liminar, a suspensão cautelar de eficácia do ato que


determinou a execução provisória da condenação penal imposta ao ora paciente.

Sendo esse o contexto, passo a apreciar o pleito em causa.

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1/7
Supremo Tribunal Federal

HC 152974 MC / SP

Como se sabe, o Supremo Tribunal Federal, a partir da decisão


proferida no HC 126.292/SP e com apoio em sucessivos julgados
emanados do Plenário desta Corte Suprema (ADC 43-MC/DF e ADC 44-
-MC/DF), inclusive em sede de repercussão geral (ARE 964.246-RG/SP), veio
a firmar orientação no sentido da legitimidade constitucional da execução
provisória da pena.

Ao participar dos julgamentos que consagraram os precedentes


referidos, integrei a corrente minoritária, por entender que a tese da
execução provisória de condenações penais ainda recorríveis transgride, de
modo frontal, a presunção constitucional de inocência, que só deixa de
subsistir ante o trânsito em julgado da decisão condenatória (CF, art. 5º,
LVII).

Antes desse momento – é preciso advertir –, o Estado não pode tratar


os indiciados ou os réus como se culpados fossem. A presunção de
inocência impõe, desse modo, ao Poder Público um dever de tratamento
que não pode ser desrespeitado por seus agentes e autoridades, como vinha
advertindo, em sucessivos julgamentos, esta Corte Suprema (HC 96.095/SP,
Rel. Min. CELSO DE MELLO – HC 121.929/TO, Rel. Min. ROBERTO
BARROSO – HC 124.000/SP, Rel. Min. MARCO AURÉLIO –
HC 126.846/SP, Rel. Min. TEORI ZAVASCKI – HC 130.298/SP, Rel. Min.
GILMAR MENDES, v.g.):

“(…) O POSTULADO CONSTITUCIONAL DA


PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA IMPEDE QUE O ESTADO
TRATE, COMO SE CULPADO FOSSE, AQUELE QUE AINDA
NÃO SOFREU CONDENAÇÃO PENAL IRRECORRÍVEL

– A prerrogativa jurídica da liberdade – que possui


extração constitucional (CF, art. 5º, LXI e LXV) – não pode ser
ofendida por interpretações doutrinárias ou jurisprudenciais que,

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Supremo Tribunal Federal

HC 152974 MC / SP

fundadas em preocupante discurso de conteúdo autoritário,


culminam por consagrar, paradoxalmente, em detrimento de
direitos e garantias fundamentais proclamados pela Constituição da
República, a ideologia da lei e da ordem.
Mesmo que se trate de pessoa acusada da suposta prática de
crime hediondo, e até que sobrevenha sentença penal condenatória
irrecorrível, não se revela possível – por efeito de insuperável
vedação constitucional (CF, art. 5º, LVII) – presumir-lhe a
culpabilidade.
Ninguém pode ser tratado como culpado, qualquer que seja
a natureza do ilícito penal cuja prática lhe tenha sido atribuída, sem
que exista, a esse respeito, decisão judicial condenatória transitada
em julgado.
O princípio constitucional da presunção de inocência, em
nosso sistema jurídico, consagra, além de outras relevantes
consequências, uma regra de tratamento que impede o Poder
Público de agir e de se comportar, em relação ao suspeito, ao
indiciado, ao denunciado ou ao réu, como se estes já houvessem sido
condenados, definitivamente, por sentença do Poder Judiciário.
Precedentes.”
(HC 93.883/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO)

Assinalo, para efeito de mero registro, que a exigência de trânsito em


julgado da condenação penal não representa peculiaridade do
constitucionalismo brasileiro, pois também encontra correspondência no
plano do direito comparado, como se vê, p. ex., da Constituição da República
Italiana (art. 27) e da Constituição da República Portuguesa (art. 32, n. 2).

São essas as razões que, em apertada síntese, levaram-me a sustentar,


em voto vencido, a tese segundo a qual a execução provisória (ou prematura)
da sentença penal condenatória revela-se frontalmente incompatível com o
direito fundamental do réu de ser presumido inocente até que sobrevenha
o efetivo e real trânsito em julgado de sua condenação criminal, tal como
expressamente assegurado pela própria Constituição da República (CF, art. 5º,
LVII).

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3/7
Supremo Tribunal Federal

HC 152974 MC / SP

Não foi por outro motivo que vim a conceder – é certo – medidas
cautelares em sede de “habeas corpus”, embora o fizesse somente
naquelas situações não reveladoras da necessidade de manter-se a prisão do
condenado, sempre segundo avaliação por mim efetivada em cada caso
examinado.

Ocorre, no entanto, que, enquanto não sobrevier alteração do


pensamento jurisprudencial desta Corte sobre o tema em causa, não tenho
como dele dissociar-me.

No que concerne, portanto, ao questionamento referente à execução


antecipada da pena, não obstante entenda tratar-se de medida
incompatível com o nosso modelo constitucional, que consagra, como
direito fundamental, a presunção de inocência (CF, art. 5º, inciso LVII), devo
observar o princípio da colegialidade, além de considerar, na espécie, o fato
de que se mostra iminente o julgamento final da ADC 43/DF e da
ADC 44/DF, de que é Relator o eminente Ministro MARCO AURÉLIO,
ocasião em que esta Corte reapreciará o tema da possibilidade
constitucional de efetivar-se a execução antecipada da sentença penal
condenatória.

Inacolhível, desse modo, sob a perspectiva que venho de expor,


a pretendida concessão de medida cautelar suspensiva da execução
provisória ora impugnada.

Cabe observar, contudo, que esta impetração sustenta-se em outro


fundamento, consistente na alegada transgressão, pelo Tribunal “ad quem”,
do postulado que veda a “reformatio in pejus” (CPP, art. 617, “in fine”).

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4/7
Supremo Tribunal Federal

HC 152974 MC / SP

Com efeito, o Desembargador Relator no E. Tribunal de Justiça do


Estado de São Paulo assegurou ao ora paciente o direito de aguardar em
liberdade a conclusão do processo em que proferida a condenação penal
que lhe foi imposta, havendo consignado, expressamente, em relação a
esse mesmo paciente, que o respectivo mandado de prisão somente
deveria ser expedido “Após o trânsito em julgado (…)”.

O E. Superior Tribunal de Justiça, entretanto, determinou, em recurso


exclusivo do réu, ora paciente, fosse instaurada, contra ele, a pertinente
execução provisória da condenação criminal.

Tem-se entendido, nesta Suprema Corte, que, em situações como a


ora em exame, em que o Ministério Público sequer se insurgiu contra o
pronunciamento do órgão judiciário “a quo” que garantiu ao paciente o
direito de recorrer em liberdade, não pode o Tribunal de superior
jurisdição suprimir esse benefício, em detrimento do condenado, sob pena de
ofensa à cláusula final inscrita no art. 617 do Código de Processo Penal:

“(…) POSSÍVEL OFENSA AO PRINCÍPIO QUE VEDA A


‘REFORMATIO IN PEJUS’ (CPP, ART. 617, ‘in fine’), POIS O
TRIBUNAL DE INFERIOR JURISDIÇÃO ORDENOU QUE SE
PROCEDESSE, EM PRIMEIRO GRAU, À IMEDIATA
EXECUÇÃO ANTECIPADA DA PENA, NÃO OBSTANTE ESSE
COMANDO HOUVESSE SIDO DETERMINADO EM
RECURSO EXCLUSIVO DO RÉU CONDENADO, A QUEM SE
ASSEGURARA, NO ENTANTO, EM MOMENTO ANTERIOR,
SEM IMPUGNAÇÃO RECURSAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO,
O DIREITO DE AGUARDAR EM LIBERDADE A
CONCLUSÃO DO PROCESSO. (…).”
(HC 147.452/MG, Rel. Min. CELSO DE MELLO)

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5/7
Supremo Tribunal Federal

HC 152974 MC / SP

Vale consignar que se registram, no sentido que venho de expor,


diversas outras decisões proferidas no âmbito do Supremo Tribunal
Federal (HC 135.951-MC/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI –
HC 140.217-MC/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 142.012-
-MC/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 142.017-MC/DF,
Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 147.428-MC/MG, Rel. Min.
CELSO DE MELLO – HC 148.122-MC/MG, Rel. Min. CELSO DE
MELLO – HC 153.431/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.).

Sendo assim, e tendo presentes as razões expostas, defiro o pedido de


medida liminar, para, até final julgamento deste “habeas corpus”, suspender,
cautelarmente, o início da execução da pena determinada nos autos do
REsp nº 1.639.698/SP, do E. Superior Tribunal de Justiça, restando
impossibilitada, em consequência, a efetivação da prisão de Oscar Victor
Rollemberg Hansen em decorrência da condenação criminal (ainda não
transitada em julgado) que lhe foi imposta no Processo-crime nº 0077446-
-88.2009.8.26.0576 (5ª Vara Criminal da comarca de São José do Rio
Preto/SP).

Caso referido paciente já tenha sido preso em razão da ordem


de execução provisória da pena imposta nos autos do Processo-
-crime nº 0077446-88.2009.8.26.0576 (5ª Vara Criminal da comarca de São
José do Rio Preto/SP), deverá ser ele posto imediatamente em liberdade,
se por al não estiver preso.

Comunique-se, com urgência, transmitindo-se cópia desta


decisão ao E. Superior Tribunal de Justiça (REsp nº 1.639.698/SP),
ao E. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (Apelação
Criminal nº 0077446-88.2009.8.26.0576) e ao Juízo de Direito da
5ª Vara Criminal da comarca de São José do Rio Preto/SP (Processo-
-crime nº 0077446-88.2009.8.26.0576).

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Supremo Tribunal Federal

HC 152974 MC / SP

2. Ouça-se a douta Procuradoria-Geral da República sobre o mérito


da presente impetração.

Publique-se.

Brasília, 01 de março de 2018.

Ministro CELSO DE MELLO


Relator

7
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1/1
EXCELENTÍSSIMO JUIZ FEDERAL DA 12ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA
DO ESTADO DO CEARÁ

Ref. Execução Provisória nº 0805802-55.2016.4.05.8100


PEDIDO DE RECONSIDERAÇÃO

FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROZ, já qualificado


nos autos do processo em epígrafe, por seus advogados, comparece à
presença de Vossa Excelência, em face do pedido de execução provisória da
condenação que lhe foi imposta e da decisão de V.Exa. datada de
14/03/2018 expor e requerer o quanto segue:

1. A defesa apresentou petição argumentando que o título


executivo representado pela sentença traria disposição expressa no sentido
de que o cumprimento da pena apenas poderia se dar após o trânsito em
julgado de eventual decisão condenatória, o que ainda não ocorreu, sob pena
de reformatio in pejus, uma vez não haver o Ministério Público recorrido.

2. V.Exa. despachou entendendo que não se trata na espécie


de reformatio in pejus porquanto já teria ocorrido o julgamento de segundo
grau, podendo ser executada a sentença, mesmo não tendo ocorrido o
transito em julgado da mesma conforme expressamente confirmado na
sentença e no pedido do Ministério Público.

3. Ocorre que V. Exa. entendeu que o fundamento da referida


petição seria o parágrafo 89 da sentença, no qual resta expresso que os
réus deveriam apelar em liberdade, quando, na verdade, o fundamento
consiste no disposto no parágrafo 90, o qual determina a remessa dos autos

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para a Vara Federal somente após o trânsito em julgado da sentença,
quando deverá ter início a execução da pena. Verbis:
90. Determino, ainda, imediatamente após o trânsito em julgado
desta sentença, a remessa dos autos à Vara Federal competente
para a execução da pena aqui aplicada.

4. A sentença, portanto, foi clara ao determinar que a execução


da pena somente se dará após o seu trânsito em julgado, não tendo o
Ministério Público recorrido.

5. Data vênia, diante de fatos novos, do próprio teor da


sentença ora discutido e do recente entendimento do STF, impõe-se a
reconsideração da Vossa decisão, conforme se demonstrará:

6. Na data de ontem, a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal,


ao julgar o HC 144.717, referendou o entendimento esposado pela defesa do
peticionante!

7. Aliás, é importante destacar que o caso foi desafetado do


Plenário exatamente porque se entendeu que esta matéria específica estaria
fora do alcance da discussão sobre a possibilidade ou não da prisão após
condenação de segundo grau.

8. Em que pese o acórdão não tenha sido publicado, o próprio


sítio eletrônico do STF traz a informação:

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2/3
9. Assim, ao tempo em que protesta pela juntada do acórdão,
assim que publicado, vem reiterar o pedido de que seja reconsiderada Vossa
Decisão, para não determinar a continuidade do feito, suspendendo a
execução até o transito em julgado do processo, conforme estabelecido na
sentença que transitou em julgado para o MPF, e na jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal, garantindo-se ao Requerente o direito de
aguardar em liberdade o trânsito em julgado da ação penal a que responde.

P. deferimento.
Brasília, 14 de março de 2018.

ANASTACIO MARINHO
OAB CE 8502

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14/03/2018 Supremo Tribunal Federal

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2ª Turma revê decisão que enviou dois habeas corpus para o Plenário
13/03/2018 17h50 - Atualizado há um dia

A Segunda Turma do Supremo Tribunal (STF) decidiu rever as decisões que encaminharam para o Plenário,
em 20 de fevereiro último, dois Habeas Corpus (HCs 136720 e 144717) relatados pelo ministro Ricardo
Lewandowski. Na ocasião, os ministros entenderam que os casos discutiam a chamada execução provisória
da pena, tema que deve ser analisado pelo Plenário no julgamento de mérito das Ações Declaratórias de
Constitucionalidade (ADCs) 43 e 44.

No início da sessão desta terça-feira (13), o ministro Lewandowski levantou questão de ordem para relatar
que, no caso do HC 136720, houve uma decisão superveniente do Superior Tribunal de Justiça (STJ) no sentido
de determinar ao réu prestação de serviços à comunidade, o que levou a defesa a requerer a desistência do
HC. Como não há mais risco à liberdade, o ministro decidiu propor a desafetação do caso e, na sequência,
julgar prejudicada a impetração em razão do pedido de desistência. Acompanharam esse entendimento os
demais ministros presentes à sessão.

Já no HC 144717, que tramita sob segredo de justiça, o ministro explicou que a sentença garantiu ao réu o
direito de apelar em liberdade, decisão mantida em segunda instância (Tribunal de Justiça do Estado de Rio
Grande do Sul) e que não foi questionada pelo Ministério Público, que só veio a pedir a prisão no âmbito do
STJ. Para o relator, como há decisão com trânsito em julgado quanto ao direito de recorrer em liberdade, não
há relação com o caso a ser julgado pelo Plenário relativo à execução provisória da pena. Nesse processo,
acompanharam o relator os ministros Dias To oli e Gilmar Mendes. O ministro Edson Fachin divergiu,
votando pela manutenção da submissão do caso ao Pleno.

MB/AD

Leia mais:
20/02/2018 – 2ª Turma envia para o Plenário HCs que discutem execução penal após condenação em
segundo grau (http://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=370109)

Processo relacionado: HC 144717 (/processos/detalhe.asp?incidente=5202477)

Processo relacionado: HC 136720 (/processos/detalhe.asp?incidente=5041598)

O STF Processos
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RE, AI e ARE - % Distribuição Repercussão Geral em Pauta
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Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
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ANASTACIO JORGE A Certificação
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4/4
ATO COATOR

DECISÃO QUE DEU INÍCIO À EXECUÇÃO


PROVISÓRIA Nº 0805802-55.2016.4.05.8100

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PROCESSO Nº: 0805802-55.2016.4.05.8100 - EXECUÇÃO PROVISÓRIA


EXEQUENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
CONDENADO: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho
12ª VARA FEDERAL - CE (JUIZ FEDERAL TITULAR)

DECISÃO

1. BREVE RELATO

Trata-se de execução provisória da pena imposta a FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS,


condenado a 09 anos e 02 meses de reclusão em regime fechado, além de 250 dias-multa, estes
no valor de 10 salários mínimos vigentes à época dos fatos (pena fixada pelo Tribunal Regional
Federal da 5ª Região).

O Superior Tribunal de Justiça, em decisão monocrática, havia suspendido o início da execução


provisória da pena.

Permaneceu a execução suspensa, desde então.

O Ministério Público Federal requereu, novamente, o início da execução da pena, informando


que "o RESp 1.449.193/CE, que apoiava tal tutela provisória, foi julgado e desprovido".

Sobre o pedido do Ministério Público Federal se manifestou a defesa, ao argumento de que a


execução da pena implicaria em reformatio in pejus, pois o título executivo teria sido expresso
em afirmar que a prisão dos sentenciados deveria ocorrer apenas após o trânsito em julgado da
sentença.

É o relato necessário. DECIDO.

2. FUNDAMENTAÇÃO

Não é verdade a alegação da defesa, no sentido de que a sentença teria sido expressa ao afirmar
que os condenados somente poderiam ser presos após o trânsito em julgado. Muito pelo
contrário: a sentença foi explícita em indicar que os réus poderiam apelar em liberdade. Eis o
quanto consta da sentença:

89. Quanto ao eventual recurso de apelação, reconheço que, em razão da


inexistência de elementos ensejadores de recolhimento à prisão dos réus, que
se encontram soltos, considerando também que, no transcorrer da instrução,
ditos réus não agiram no sentido de dificultar a atividade jurisdicional,
entendo que os mesmos devem apelar em liberdade. (grifei)

A menção ao trânsito em julgado se deu apenas a título de providências finais burocráticas, no


sentido de que, após o trânsito em julgado, deveria ser expedida a respectiva guia de execução.
A propósito, o próprio Ministro Relator que havia concedido a suspensão da presente execução
já havia ponderado:

A expressão constante das sentenças condenatórias, ao determinar a


expedição de mandado de prisão após o trânsito em julgado, não opera coisa
julgada em favor do réu, de modo que tal fato não tem o condão de impedir
sua prisão no âmbito da execução provisória da pena. Este tipo de comando
sentencial, com efeito, consta do texto condenatório, em verdade, apenas
Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado Num. 10536629 - Pág. 2
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como norte para o início de cumprimento de pena, com advento do


trânsito em julgado, ou seja, tem por finalidade guiar o feito após o
julgamento definitivo dos recursos, da mesma forma como a
determinação de expedição de ofícios para inscrição no nome do rol de
culpados, as determinações para fins de suspensão de direitos políticos,
dentre outras diligências.

Sendo assim, ainda que se acolhesse a tese defensiva (no sentido de que o direito ao recurso em
liberdade faria coisa julgada material se não atacado pelo Ministério Público Federal), a qual
realmente vem encontrando algum apoio dentro do Supremo Tribunal Federal, especialmente de
Ministros que foram vencidos no julgamento a respeito da possibilidade de execução provisória
da pena, o caso concreto sob exame não se amolda faticamente à tese, porquanto, repita-se, a
sentença apenas assegurou o direito de apelar em liberdade.

De todo modo, o entendimento deste juízo é no sentido de que a execução provisória da pena
configura poder-dever do magistrado, que deve determiná-la quando constatado o esgotamento
das vias ordinárias de impugnação. Com efeito, é sabido que, ao decidir sobre o direito de
recorrer em liberdade, o juiz analisa apenas a presença ou não dos requisitos para decretação da
prisão preventiva - nada dispondo sobre a execução provisória da pena. Mas a execução
provisória em nada se relaciona a prisão preventiva e deve ser implementada mesmo que
ausentes os requisitos da segregação cautelar, já que, repito, a execução provisória não possui
natureza processual ou cautelar, mas sim de execução propriamente dita, ainda que provisória.

Ademais, não prospera a alegação de que a execução provisória seria "reformatio in pejus".
Ora, não se está alterando em nada o título judicial em desfavor dos réus. O comando
condenatório está sendo executado na exata medida em que proferido. A "reformatio in pejus"
somente ocorre quando um recurso piora a situação do acusado. E o recurso interposto em nada
o prejudicou. Muito pelo contrário: assegurou que o acusado permanecesse solto durante o
julgamento da apelação, tendo, portanto, melhorado a sua situação. Se não tivesse interposto o
recurso, a sentença teria sido imediatamente executada. A "reformatio in pejus" somente
ocorre quando o acusado possa afirmar algo como "seria melhor se eu não tivesse
recorrido...". E, no caso presente, o acusado pode dizer isso? Decerto não, pois, além de ter
tido sua pena reduzida, se manteve solto durante o julgamento da apelação.

São, portanto, dois momentos distintos e duas análises diversas: 1) quando profere a sentença, o
juiz verifica se estão ou não presentes os requisitos da prisão preventiva, e decide pela prisão do
sentenciado ou pelo recurso em liberdade; 2) quando determina a execução provisória, o juiz
analisa se está esgotada a via ordinária recursal, e decide pelo início da pena.

No caso sob exame, esgotada está a via recursal ordinária, pois já julgada a apelação do
executado, bem como o próprio recurso especial (este monocraticamente, ainda não transitado
em julgado). Acertado, pois, o início da execução provisória da pena, como determinado pelo
juízo da causa e requerido agora pelo Ministério Público Federal.

3. DISPOSITIVO

Pelo exposto, DEFIRO o pedido formulado pelo Ministério Público Federal e DETERMINO
o prosseguimento desta execução provisória, com início da pena imposta ao executado.

Expeça-se mandado de prisão. Considerando que o advogado do executado compareceu no


gabinete deste magistrado e solicitou que, pelas condições pessoais e sociais do réu, este
pudesse se apresentar espontaneamente para início do cumprimento da pena (na eventualidade
Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado Num. 10536629 - Pág. 3
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de deferimento do pedido do MPF), e tendo em vista que ele respondeu a todo o processo solto
e não demonstrou intenção de fuga, hei por bem acolher o pleito, pelo que DETERMINO que a
Polícia Federal somente dê cumprimento ao mandado após 24h do seu recebimento - lapso
durante o qual o executado deverá se apresentar perante a autoridade policial, sob pena de ser
preso onde for encontrado. Após a expedição do mandado de prisão, dê-se ciência ao advogado
do executado, por telefone.

Efetivada a prisão, fica desde já declinada a competência para a Justiça Estadual, devendo a
Secretaria expedir a respectiva guia de execução.

Cumpra-se com prioridade.

Fortaleza, CE, 14 de março de 2018.

Danilo Dias Vasconcelos de Almeida

Juiz Federal Substituto

Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por: 18031310474427400000003413031
DANILO DIAS VASCONCELOS DE
ALMEIDA - Magistrado
Data e hora da assinatura: 14/03/2018 13:24:44
Identificador: 4058100.3408863

Para conferência da autenticidade do


documento:
https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo
/ConsultaDocumento/listView.seam

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado Num. 10536629 - Pág. 4
https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18031417122755300000010518730
Número do documento: 18031417122755300000010518730
3 de 3 14/03/2018
303/364 14:45
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO OPOSTOS
NO RECURSO ESPECIAL N. 1.449.193 – CE

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado Num. 10536631 - Pág. 1
https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18031417123136500000010518732
Número do documento: 18031417123136500000010518732
304/364
EXCELENTÍSSIMO MINISTRO FÉLIX FISHER
DD. RELATOR DO RECURSO ESPECIAL N. 1.449.193 – CE

FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS, JERÔNIMO ALVES


BEZERRA, GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO e IELTON BARRETO DE
OLIVEIRA, todos já qualificados nos autos, à presença de Vossa Excelência
comparecem para, nos termos do art. 619 do Código de Processo Penal, bem
como no artigo 263 e seguinte do Regimento Interno desta Corte, opor os
presentes

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

fazendo-o nos pelas seguintes razões de fato e de direito:

I - BREVE HISTÓRICO PROCESSUAL

1. Os Embargantes foram condenados em primeiro grau pela


suposta prática dos crimes previstos nos artigos 7º, IV, da Lei nº 7.492/86 e 27-
C da Lei nº 6.385/76.

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado Num. 10536631 - Pág. 2
https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18031417123136500000010518732
Número do documento: 18031417123136500000010518732
305/364
2. Embora o Ministério Público tenha se contentado com os termos
da sentença, a defesa apelou dessa decisão, havendo a 3ª Turma do Tribunal
Regional da 5ª Região dado parcial provimento ao recurso para afastar a
condenação dos Requerentes em relação ao crime previsto no artigo 27-C da
Lei nº 6.385/76, bem como para reconhecer a prescrição em relação a parte das
condutas que lhes foram imputadas, restando os Agravantes condenados,
todavia, pela suposta prática do crime previsto no art. 7º da Lei 7.492/86.

3. Opostos, em duas oportunidades, embargos de declaração, o


acórdão foi mantido, ensejando a interposição de Recurso Especial pelas alíneas
“a” e “c” do artigo 105, III, da CF/88.

4. Em que pese admitido no Regional, o mencionado Recurso foi


conhecido em parte e nessa extensão rejeitado, por decisão monocrática. Contra
esta decisão foi interposto Agravo Regimental, ao qual foi negado provimento
em decisão assim ementada:

PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.


NEGOCIAÇÃO DE TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS
SEM AUTORIZAÇÃO PRÉVIA. ADEQUAÇÃO TÍPICA DA
CONDUTA. REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-
PROBATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ.
DOSIMETRIA. PENA-BASE ACIMA DO MÍNIMO LEGAL.
CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAS. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA.
DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. NÃO COMPROVAÇÃO.
DECISÃO MANTIDA. I - As conclusões do eg. Tribunal de
origem a respeito da adequação típica da conduta não podem
ser alteradas sem nova incursão no conjunto de fatos e provas
colacionado aos autos. Tal providência não é viável em sede de
recurso especial, a teor do enunciado sumular n. 7 desta Corte.
II - A dosimetria da pena, quando imposta com base em
elementos concretos e observados os limites da
discricionariedade vinculada atribuída ao magistrado
sentenciante, impede a revisão da reprimenda por esta Corte
Superior, exceto se for constatada evidente
desproporcionalidade entre o delito e a pena imposta, hipótese
em que caberá a reapreciação para a correção de eventual
desacerto quanto ao cálculo das frações de aumento e de
diminuição e a reavaliação das circunstâncias judiciais listadas
no art. 59 do Código Penal. III - In casu, o aumento da pena-
base mostra-se, de fato, fundamentado, pois considerados o

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modus operandi, a organização, o planejamento e a estratégia
na execução dos delitos, desempenhos por cada um dos
agentes. Dessa forma, o acórdão da origem consignou
expressamente os motivos que acarretaram a exasperação da
pena-base, não havendo tampouco desproporcionalidade no
acréscimo. IV - A interposição do recurso especial, com fulcro na
alínea c do permissivo constitucional exige o atendimento dos
requisitos contidos no art. 1028, e § 1º do Código de Processo
Civil, e no art. 255, § 1º, do Regimento Interno do Superior
Tribunal de Justiça, para a devida demonstração do alegado
dissídio jurisprudencial, pois, além da transcrição de acórdãos
para a comprovação da divergência, é necessário o cotejo
analítico entre o aresto recorrido e o paradigma, com a
constatação da identidade das situações fáticas e a
interpretação diversa emprestada ao mesmo dispositivo de
legislação infraconstitucional, situação que não ocorreu no
presente caso. Agravo regimental desprovido.

5. Data venia, a mencionada decisão possui omissões e


contradições que devem ser aclaradas pelo presente recurso. Vejamos.

II – PRELIMINARMENTE: DA NULIDADE DO JULGANENTO DO AGRAVO


REGIMENTAL EM RAZÃO DA SURPRESA À DEFESA

6. Os advogados subscritores desta peça, acostumados que estão


a acompanhar julgamentos perante esta Corte cidadã e sabedores de que os
agravos regimentais independem de publicação, sendo levados em mesa,
permaneceram atentos à movimentação no sistema eletrônico de
acompanhamento processual, de molde a detectar a inclusão em mesa na
sessão, oportunidade em que se fariam presentes.

7. A presença dos Advogados, além de legitimar o julgamento, que


há de ser asseguradamente público, era necessária para o esclarecimento de
questões de ordem e de matéria fática.

8. No entanto, o processo foi levado a julgamento sem qualquer


aviso no sistema eletrônico disponível no sítio eletrônico, desobedecendo
a forma usual. Confira-se:

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9. Ora, não se esperava que fossem intimados ou que houvesse
publicação da pauta de julgamento, mas que apenas fosse assegurada a
possibilidade de, diligenciando os causídicos, pudessem ao menos
receber a informação acerca do julgamento.

10. No entanto, não havia nenhuma forma de fazê-lo, ainda que


extraoficialmente, nem por meio de telefonema ao Gabinete ou à Secretaria, nem

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mesmo por meio de presença física, pois o processo foi julgado sem sua
inclusão sequer na pauta que fora disponibilizada na própria Corte, no dia
da sessão, sendo levado literalmente sem qualquer sinalização.

11. Tal fato, portanto, além de surpreender as partes, os


Advogados e interessados, impediu não só a questão de ordem e o
esclarecimento de matéria fática, mas também que a defesa despachasse
memoriais com o próprio Relator e com os demais Ministros que compõem
a Turma.

12. Aliás, o Agravo Regimental já havia sido interposto contra


decisão monocrática, fato que também retirou da defesa o direito de exercer
a ampla defesa, realizando a sustentação oral do Recurso Especial perante
a Turma julgadora.

13. Evidentemente, a posterior submissão à apreciação da Turma


pela via forçada do Agravo Regimental não teve o condão de convalidar a
primeira violação ao princípio da colegialidade, seja em razão do próprio
âmbito de cognição do Recurso, seja, principalmente, em razão da ausência de
permissão para a realização de sustentação oral.

14. O Supremo Tribunal Federal já teve a oportunidade, em diversas


ocasiões, de consignar que a decisão prolatada de forma monocrática, em sede
de recurso especial, mormente quando denegatória, ofende de maneira frontal
o princípio da colegialidade.

15. Neste sentido, vale citar os seguintes julgados, dentre muitos:

“I - O habeas corpus deve ser apresentado ao colegiado após


seu regular processamento, sendo indevida a decisão
monocrática terminativa que examina o mérito da causa.
Hipótese de violação ao princípio da colegialidade. II - Ordem
concedida de ofício para anular a decisão atacada e determinar
a apreciação do mérito pelo colegiado competente. III - Habeas
Corpus prejudicado.”1

1STF, Primeira Turma, HC 100018, Relator Ministro RICARDO LEWANDOWSKI, DJ de


18/06/2010.

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“Habeas corpus. Decisão monocrática do Relator do Superior
Tribunal de Justiça concedendo parcialmente a ordem.
Precedentes da Suprema Corte. 1. O princípio da colegialidade
assentado pela Suprema Corte não autoriza o Relator a
denegar a ordem de habeas corpus enfrentando diretamente o
mérito da impetração. 2. Habeas corpus não conhecido. 3.
Ordem concedida de ofício.”2

16. Com efeito, o Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça,


em seu artigo 34, que cuida das atribuições do Relator, assim prevê em seu
inciso XX:

“b) negar provimento ao recurso ou pedido que for contrário a


tese fixada em julgamento de recurso repetitivo ou de
repercussão geral, a entendimento firmado em incidente de
assunção de competência, a súmula do Supremo Tribunal
Federal ou do Superior Tribunal de Justiça ou, ainda, a
jurisprudência dominante acerca do tema;”

17. Como se verá adiante, a hipótese colocada a julgamento no


Recurso Especial não se adequa à hipótese regimental, já que, ao contrário, a
jurisprudência é precisamente no sentido que o Recurso Especial invocava.

18. Assim, fazia-se necessário, como é óbvio, que o órgão colegiado


competente apreciasse, verificando, no caso concreto, se a moldura fática
incontroversa configurava um ou outro tipo penal.

19. A autorização para a prolação de decisões monocráticas, por


mais que se mostrem sedutoras diante da enorme sobrecarga a que
reconhecidamente estão submetidos os Tribunais Superiores, deve respeitar a
sistemática própria.

20. O julgamento monocrático do Recurso Especial pelo Relator,


obrigando o Recorrente a procurar a sua apreciação perante a Turma julgadora
por meio do Agravo Regimental restringiu, inegavelmente, importantíssimo
direito do Recorrente, que era o de ver seus argumentos apreciados diretamente
por seus julgadores, por meio de sustentação oral realizada por seus

2 STF, Primeira Turma, HC 95472, Realtor Ministro DIAS TOFFOLI, DJ de 23/04/2010.

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advogados.

21. Ora, ainda que tenha sido levado o feito a conhecimento


perante a Turma, pela via posterior do Agravo Regimental, não houve a
oportunidade de sustentação oral, pela própria natureza do recurso e por
expressa previsão regimental vedando-a (artigo 159 do Regimento Interno do
Superior Tribunal de Justiça3).

22. Eliminou-se, assim, de forma indireta, importantíssima


oportunidade de defesa.

23. O direito de sustentação, como expressão do direito à ampla


defesa, é vastamente reconhecido por aquela Corte Cidadã, que, em não poucas
oportunidades, anulou julgamentos para que os advogados pudessem realizar a
sustentação oral:

“HABEAS CORPUS. APELAÇÃO. DEFENSOR CONSTITUÍDO.


PEDIDO EXPRESSO DE SUSTENTAÇÃO ORAL DEFERIDO
PELA RELATORA. AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO PARA
SESSÃO DE JULGAMENTO. CERCEAMENTO DE DEFESA.
NULIDADE ABSOLUTA.
ORDEM CONCEDIDA.
1. A ausência de intimação do defensor constituído para a
sessão de julgamento do recurso de apelação, a despeito de
pedido expresso neste sentido anteriormente deferido,
impossibilitando-o de sustentar suas razões oralmente,
configura cerceamento de defesa.
2. Nulidade absoluta. Precedentes.
3. Ordem concedida para anular o julgamento da Apelação
Criminal n.º 2009.005490-7, em relação ao paciente
SEBASTIÃO LUCIVALDO MORAES CARRIL, a fim de que outro
seja procedido, com a devida ciência da defesa sobre a data da
realização do novo julgamento e em tempo hábil para o preparo
da sustentação oral pretendida.”4

“HABEAS CORPUS. REQUERIMENTO DA DEFESA DE


INTIMAÇÃO DA DATA DA SESSÃO DE JULGAMENTO. WRIT
JULGADO SEM A CIENTIFICAÇÃO DOS ADVOGADOS.
NULIDADE. ORDEM CONCEDIDA.

3 “Art. 159. Não haverá sustentação oral no julgamento de agravo, embargos declaratórios,
argüição de suspeição e medida cautelar”.
4 STJ, Quinta Turma, HC 220614, Rel. Min. JORGE MUSSI, DJ de 07/03/2012.

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1. A bem do prestígio da ampla defesa, a compreensão firmada
pelos Tribunais Superiores é a de que, requerida a intimação
da sessão de julgamento do habeas corpus para a realização
de sustentação oral, é imperiosa a sua realização, sob pena de
nulidade.
2. Ordem concedida para anular a assentada do prévio writ,
renovando-se o julgamento com a prévia intimação dos
impetrantes, para que possam realizar a sustentação oral.”5

24. O Superior Tribunal de Justiça já consingou que, mesmo


havendo vedação regimental, impõe-se a realização de sustentação oral
sempre que solicitada pelo advogado:

“HABEAS CORPUS. SUSTENTAÇÃO ORAL EM EXCEÇÃO DE


INCOMPETÊNCIA. PEDIDO NEGADO. CERCEAMENTO DE
DEFESA CARACTERIZADO. ORDEM CONCEDIDA.
1. O artigo 5º, LV, da Constituição Federal, assegura a todos o
direito ao contraditório e à ampla defesa, com os meios e
recursos a ela inerentes.
2. O impedimento do advogado para fazer a sustentação oral,
quando solicitada, mesmo fundamentado em norma regimental,
caracteriza cerceamento de defesa.
3. Ordem Concedida.”6

25. Mesmo assim, e a despeito dos precedentes de seu próprio


acervo, o Superior Tribunal de Justiça negou ao Embargante o direito à
sustentação oral a que teria direito acaso o Recurso Especial houvesse sido
levado, desde a primeira oportunidade, à apreciação do órgão colegiado.

26. Assim, se era direito seu a realização de sustentação oral, e


esse foi eliminado por ter sobrevindo decisão monocrática denegatória por
parte do Relator, decorre daí uma ilegalidade flagrante, passível, por tanto, de
anulação do julgamento.

27. Deste modo, a inclusão do Agravo em circunstâncias que


também impediam a presença das partes e advogados, causou surpresa,
deslegitimando o julgamento, além de trazer nulidade de natureza absoluta por

5STJ, HC 167932, Rel. Min. MARIA THEREZA, DJ de 01/02/2011.


6STJ, HC 111045, R el. Min. ADILSON VIEIRA MACABU (Desembargador Convocado do
TJ/RJ), DJ de 22/06/2012.

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malferir a garantia constitucional da ampla defesa.

28. Impediu até mesmo a arguição de nulidade como questão de


ordem no momento do julgamento, como é do dever profissional do advogado,
ou a apresentação de questão de ordem visando sustentar oralmente a questão.

29. Em razão de tais fatos e, considerando que a forma como foi


levado a julgamento o Agravo Regimental não atendeu à forma costumeira
adotada pela Corte, surpreendendo a defesa, requer-se, preliminarmente, a
anulação e reprodução do julgamento, após inclusão do feito ao menos no
sistema eletrônico.

30. Por ser matéria de ordem pública, relativa à nulidade de natureza


absoluta, é dever desta Corte a sua apreciação até mesmo de ofício, e em
qualquer via recursal, sob pena de flagrante ilegalidade, com grave reflexo
inclusive sobre a liberdade de locomoção dos Embargantes, contra quem se dará
imediato início à execução da pena.

III- DO MÉRITO DOS EMBARGOS

III.1. – FLAGRANTE OMISSÃO: DA AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO


QUANTO À PRINCIPAL TESE VERSADA NO AGRAVO REGIMENTAL

31. No que diz respeito ao Agravo Regimental, a principal tese de


defesa era exatamente de inaplicabilidade da Súmula 7 desta Corte pela
desnecessidade de revolvimento fático probatório.

32. No ponto, o Agravo Regimental afirmava ser desnecessário o


revolvimento fático probatório para a análise do mérito do Recurso Especial por
dois fundamentos diversos.

33. Quanto à inadequação típica, afirmou-se, em suma, que bastaria


a análise da descrição de conduta contida na denúncia para se realizar a
submissão típica, razão pela qual não seria necessário revolver o conjunto fático

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probatório.

34. Esta questão, no entanto, não foi apreciada no recurso que se


limitou a dizer que o REsp dependeria de análise de fatos e provas, sem, no
entanto, considerar a tese da defesa.

35. Da mesma forma, no que diz respeito à dosimetria, a abordagem


feita no Agravo Regimental demonstrava que a discussão estava restrita à
inidoneidade dos fundamentos utilizados para considerar as
circunstâncias judiciais desfavoráveis, e não no questionamento a
existência destes fatos.

36. A pena foi fixada com base em fundamentos que a


jurisprudência desta Corte há muito vem rechaçando, como foi o caso da
utilização da “plena e elevada consciência da antijuridicidade dos atos” para
aumentar a pena-base dos Embargantes. Isto é, independentemente dos
fatos, não é possível utilizar o próprio conceito de culpabilidade para
implicar em majoração da pena.

37. Portanto, a matéria não dependia de revolvimento fático


probatório. No entanto, esta tese defensiva também não foi apreciada no
julgamento do Agravo.

38. Na prática, todos os argumentos exclusivamente técnicos


trazidos no Agravo Regimental foram desconsiderados, como se o recurso
sequer existisse.

39. A simples afirmação de que a discussão travada no Recurso


Especial demanda análise fático probatória, sem o enfrentamento dos
argumentos trazidos pela defesa que afastam esta hipótese, caracteriza
flagrante omissão que deve ser corrigida pela presente via.

40. Nem se venha dizer que não seria necessário enfrentar todas as
questões trazidas pela parte e que por isso a decisão estaria adequadamente

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fundamentada.

41. Como lecionam DIDIER JR., OLIVEIRA E BRAGA 7, “esse


entendimento jurisprudencial – que já virou um jargão no âmbito dos tribunais
– vem sendo utilizado para justificar a desnecessidade de análise das
alegações da parte mesmo nos casos em que a sua tese foi rejeitada. Esse
mau costume constitui não apenas um erro técnico como também uma forma
de aniquilar o direito de ação e as garantias do contraditório e da ampla
defesa”.

42. Na verdade, o dever de fundamentar as decisões judiciais


previsto no inciso IX do art. 93 da Constituição Federal não permite que esta
fundamentação seja desconectada da discussão trazida pelas partes.

43. Exatamente por isso, o § 1º do art. 489 do Código de Processo


Civil, aplicável supletivamente ao processo penal, dispôs que:

§ 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial,


seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que:
I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato
normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão
decidida;
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o
motivo concreto de sua incidência no caso;
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra
decisão;
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no
processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada
pelo julgador;
V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula,
sem identificar seus fundamentos determinantes nem
demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles
fundamentos;
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou
precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de
distinção no caso em julgamento ou a superação do
entendimento.

7DIDIER JR., Fredie; OLIVEIRA, Rafael Alexandria de; BRAGA, Paula Sarno. In Comentários
ao Novo Código de Processo Civil (Coordenação Antonio do Passo Cabral e Ronaldo
Cramer). Rio de Janeiro: Forense, 2015. P. 715.

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44. No caso, não basta à decisão dizer que o enfrentamento da
matéria importa em violação à Súmula 7 do STJ sem enfrentar os principais
argumentos da defesa no sentido de que bastaria a análise da narrativa fática da
denúncia para se fazer a adequação típica ou que não é necessário mais do que
a leitura da sentença para se perceber o equívoco da fundamentação de
dosimetria.

45. A fundamentação idônea, neste caso, exigiria que esta Corte se


debruçasse sobre o argumento de defesa para refutá-lo, esclarecendo porque
não seria suficiente a leitura da denúncia, sem revolvimento de provas para a
análise da tipicidade ou porque seria necessário revolver provas para se analisar,
por exemplo, se foi ferido o princípio da individualização da pena, quando basta
se comparar a fundamentação da sentença para se perceber que ela foi idêntica
para todos os réus.

46. Em outras palavras, o juiz não pode deixar de apreciar todos os


argumentos da parte vencida que possam, em tese, influenciar o resultado do
processo, pois o contraditório substancial, caracterizado pelo binômio influência
e não-surpresa, confere às partes o poder de participarem do processo,
influenciando o seu resultado, e impede o juiz de decidir sem levar em
consideração os argumentos das partes para a construção desse resultado.

47. Com todo o respeito devotado a esta Corte, os argumentos


jurídicos apresentados para afastar a necessidade de revolvimento fático
probatório simplesmente foram ignorados na decisão vergastada, violando,
assim, o dever de motivação das decisões judiciais.

48. É neste sentido a lição de LUIZ GUILHERME MARINONI ao


afirmar que, “a sentença, por ser resultado do diálogo argumentativo,
obviamente deve justificar as razões pelas quais os argumentos de uma das
partes são rechaçados em prol da outra.

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49. A ausência desta fundamentação não apenas importa em
omissão, mas torna nula a própria decisão atacada.

50. Este Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do Recurso


Especial 1622386/MT, que teve por Relatora a Ministra NANCY ANDRIGHI,
manifestou-se a esse respeito, afirmando que:

Conquanto o julgador não esteja obrigado a rebater, com


minúcias, cada um dos argumentos deduzidos pelas partes, o
novo Código de Processo Civil, exaltando os princípios da
cooperação e do contraditório, impõe-lhe o dever, dentre outros,
de enfrentar todas as questões capazes de, por si sós e em tese,
infirmar a sua conclusão sobre os pedidos formulados, sob pena
de se reputar não fundamentada a decisão proferida (art. 489, §
1º, IV).

51. O Supremo Tribunal Federal já teve oportunidade de se debruçar


sobre o tema, afirmando:

Se o exame de algum fundamento possível seria idôneo, por si


só, a influenciar o resultado do julgamento, não é lícito ao
colegiado deixar de ponderá-lo. Esta é exigência direta do
postulado da inteireza da motivação, corolário da garantia
constitucional da fundamentação necessária das decisões (CF,
art. 93, IX), como bem observa Cândido Rangel Dinamarco. Só
se cumpre o mandamento constitucional, quando o órgão
judicante se não omita sobre questões cujo deslinde possa levá-
lo a decidir de maneira diferente8.

52. Assim, não tendo a decisão atacada enfrentado os fundamentos


recursais da defesa, não há dúvida quanto à sua omissão, tampouco quanto à
correção do apontado vício pela via dos Embargos de Declaração, inclusive com
a possibilidade de se dar a eles efeitos modificativos.

53. Não se trata, portanto, de mero descontentamento com o


teor do julgado, simplesmente pelo fato de que o Recurso Especial não teve
seu teor apreciado!

8 STF, Pleno, ADPF 79-AgR, Rel. Min. Cezar Peluso, DJ de 17.8.2007.

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IV – DAS TESES DEFENSIVAS NÃO ANALISADAS NO ACÓRDÃO
ATACADO

IV.1. DA INADEQUAÇÃO TÍPICA

54. A principal tese da defesa diz respeito à inadequação típica da


condenação. Em suma, o que se afirma é que a conduta descrita na denúncia
e pela qual os Embargantes foram condenados tem sua moldura fática no art.
27-E da lei 6.385/76 e não no art. 7º da lei 7.492/86.

55. Jamais, em qualquer trecho do Recurso Especial ou mesmo


do Agravo Regimental se mencionou qualquer aspecto fático ou
probatório.

56. Toda a discussão é exclusivamente jurídica e se resume em


saber se, dada a moldura fática descrita na denúncia e reconhecida na
sentença, que é incontroversa, a lei a ser aplicada para o caso é a 6.385/76
ou a 7.492/86.

57. A omissão contida no julgado atacado encontra-se justamente


no fato do acórdão não esclarecer porquê esta análise dependeria de
revolvimento de fatos e provas.

58. A transcrição de trechos do acórdão da origem que afirmam que


as provas dos autos demonstrariam um volume elevado e constante de compra
de ações diretamente a particulares por valores abaixo ao do mercado e a
posterior venda destas ações ou que confirmariam a atividade de garimpagem
de ações, não reflete o conteúdo do Recurso Especial.

59. É óbvio que toda decisão de Tribunais inferiores, por se tratarem


de Cortes de cassação, vai se referir a provas, já que a eles compete esta
análise.

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60. Os trechos citados, no entanto, nada dizem com o objeto do
Recurso Especial que se fundamenta na descrição típica trazida na própria
denúncia que, se não tivesse sido confirmada na instrução, geraria a absolvição
por falta de provas.

61. Tudo o que demonstram os trechos citados é que este fato foi
comprovado ao longo da instrução por ser incontroverso.

62. O fundamento do Recurso Especial, no entanto, repousa na


descrição fática contida na denúncia e não na sua confirmação pelas provas
dos autos.

63. Acaso o fato não restasse provado, os Embargantes teriam sido


absolvidos por ausência de materialidade ou autoria.

64. Esta, no entanto, não é a discussão travada no Recurso


Especial. O que se questiona no Resp é a lei a ser aplicada ao caso concreto,
a partir da descrição de conduta descrita na denúncia e reafirmada na sentença
condenatória, sem qualquer necessidade de se adentrar ao conjunto fático
probatório que, aliás, é incontroverso.

65. O que a defesa vem, desde sempre, afirmando, é que a conduta


de atuar no mercado de capitais sem registro da CVM encontra-se descrita no
art. 27-E da Lei 6.385/76, com a alteração introduzida pela 10.303/2001, e não
no art. 7º da Lei 7.492/86.

66. Como esta afirmação decorre da própria descrição do fato


feita na denúncia, não é necessário qualquer revolvimento fático ou probatório.

67. Ao contrário, o que a defesa vem afirmando é que, mesmo


admitindo-se a narrativa da acusação como verdadeira,
independentemente da análise de provas, o tipo penal aplicável não é

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aquele em que os Agravantes foram condenados.

68. A discussão, aliás, não passa sequer por saber se os


supostos prejuízos causados afetaram ou não o sistema financeiro
nacional, o que poderia demandar, minimamente o revolvimento de substrato
fático-probatório.

69. Esta análise, como se demonstrará é absolutamente


dispensável.

70. A pergunta que se propõe seja respondida por esta Corte é


simples: “Admitindo-se a narrativa fática da denúncia como verdadeira, a
conduta imputada aos Agravantes tipifica o crime previsto no art. 7º, inciso IV da
Lei 7.492/86, ou o delito do art. 27-E da Lei 6.385/76?”

71. A resposta deste questionamento não demanda qualquer


análise de fatos ou provas que pudesse atrair a incidência da Súmula 7 desta
Corte.

72. Sobre o tema, afirma a denúncia:

“Entre os anos de 2000 e 2006, a RENDA atuou irregularmente


e de maneira habitual no mercado de valores mobiliários,
desenvolvendo atividade conhecida como 'garimpagem de
ações’. Cuida-se, basicamente, de adquirir com deságio ações
de terceiros, em sua maioria pessoas físicas, para, em seguida,
dentro de um curto espaço de tempo, revendê-las em bolsa a
um preço superior, por intermédio da PAX” (e-STJ Fl.4)
(...)
“Sem que fosse registrada na CVM para essa finalidade,
essa corretora fez da mediação e da corretagem de valores
mobiliários fora da bolsa de valores sua principal e mais
lucrativa atividade durante os anos de 2000 a 2006” (e-STJ Fl.4)
(...)
“Ao desenvolver atividade diversa da que tinha por objeto,
praticando mediação ou corretagem de ações fora da bolsa de
valores, sem contar com a devida autorização da CVM para
tanto, a RENDA, por seus dirigentes acima qualificados, infringiu
o disposto no artigo 16, III e parágrafo único da Lei nº 6.385/76,

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que assim dispõe, in verbis:” “Artigo 16 - Depende de prévia
autorização da Comissão de Valores Mobiliários o exercício das
seguintes atividades: III - mediação ou corretagem de operações
com valores mobiliários; Parágrafo único. Só os agentes
autônomos e as sociedades com registro na Comissão poderão
exercer a atividade de mediação ou corretagem de valores
mobiliários fora da bolsa”. (e-STJ Fl.8)

73. Como se vê, a acusação é de que os Agravantes operavam duas


empresas, a RENDA e a PAX, utilizando a primeira para fazer a captação de
ações com grande deságio para posterior revenda pela segunda no mercado de
capitais. O crime estaria na ausência de autorização da empresa RENDA
para atuar neste mercado.

74. O tipo penal do art. 7º da Lei 7.492/86, no entanto, tipifica não


a ausência de autorização para operar no mercado de capitais, fato descrito
na denúncia, mas sim o comércio de títulos ou valores mobiliários falsos ou
falsificados, sem lastro ou garantia ou sem autorização prévia da
autoridade competente.

75. Dispõe o mencionado dispositivo legal:

Art. 7º Emitir, oferecer ou negociar, de qualquer modo, títulos ou


valores mobiliários:
I - falsos ou falsificados;
II - sem registro prévio de emissão junto à autoridade
competente, em condições divergentes das constantes do
registro ou irregularmente registrados;
III - sem lastro ou garantia suficientes, nos termos da legislação;
IV - sem autorização prévia da autoridade competente, quando
legalmente exigida:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.

76. Fácil perceber que os incisos se referem à parte final do caput


do artigo, títulos ou valores mobiliários e não aos verbos contidos na sua parte
inicial.

77. A confusão talvez se dê porque os incisos II e IV mencionem a


necessidade de manifestação da “autoridade competente”.

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78. Todavia, dependendo do título ou valor mobiliário negociado,
haverá uma dupla necessidade de autorização.

79. Com efeito, todo título ou valor mobiliário depende de prévio


registro e autorização para ser emitido ou negociado (art. 3º, da Lei 4.595/6410,
art. 21, da Lei nº 4.728/6511 e art. 19, da Lei nº 6.385/7612).

80. É possível, assim, existirem regras específicas para a emissão


ou negociação de determinados títulos ou valores mobiliários, como nos
seguintes casos: Art. 21, § 5º, da Lei nº 6.385/76; Art. 30, §2º, da Lei nº 6.404/76;
Art. 73, §4º, da Lei nº 6.404/76; Art. 3º, VI, da Lei nº 4.595/64; Art. 35. Parágrafo
único Lei 4.595/64.

81. Em suma, o que a lei tipifica como crime é a emissão,


oferecimento ou negociação de títulos ou valores mobiliários que não possuam
autorização prévia da autoridade competente, quando legalmente exigida e não
emitir, oferecer ou negociar títulos ou valores mobiliários sem possuir prévia
autorização.

82. Conforme esclarece o Professor THIAGO BOTTINO9, “o objeto


da proteção é a regularidade dos papéis negociados e não a regularidade de
quem os negocia”.

83. A acusação contida na denúncia, como visto acima, não recai


sobre a irregularidade dos papéis negociados, mas sim sobre a
irregularidade da empresa RENDA, que não teria autorização para negociar
papéis em bolsa.

84. Vale dizer, “jamais se imputou a qualquer pessoa física


(FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS, GERALDO LIMA GADELHA, IELTON
BARRETO DE OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVEZ BEZERRA) ou jurídica (PAX
e RENDA) a negociação com títulos ou valores mobiliários irregulares,
objeto de proteção dessa norma incriminadora”.

9 Idem.

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85. Por esta razão, a análise quanto à tipicidade no caso em
questão não depende de revolvimento de substrato fático ou probatório.

86. Por qualquer ângulo que se analise a presente questão, não há


dúvida quanto a incidência do art. 27-E da Lei 6.385/76 em detrimento do art. 7º,
inciso IV, da Lei 7.492/86, conforme se vê do quadro abaixo:

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IV.2. - DA DOSIMETRIA DA PENA – VIOLAÇÃO AOS ARTS. 59, 68 E 71 DO
CÓDIGO PENAL

87. É flagrante a violação do art. 68 do Código de Processo Penal


que estabelece o princípio da individualização da pena.

88. Esta constatação não depende do revolvimento de fatos ou


provas. Não é preciso revolver prova alguma para constatar a flagrante
ilegalidade causada pelo método “recorte e cola” (ctrl-c/ctrl-v) utilizado
pela sentença para igualar situações reconhecidamente distintas.

89. Não há dúvida, portanto, que a violação ao princípio da


individualização das penas torna a sentença nula neste ponto e demanda a
realização de nova dosimetria.

90. Da mesma forma, independe do revolvimento de fatos e provas


a alegação da má valoração da culpabilidade dos Agravantes para aumento de
pena.

91. Tudo o que afirma o Recurso Especial é que a pena foi


aumentada valorando-se a culpabilidade como “extremamente elevada” para o
Primeiro Agravante (FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS) e “elevada”, para
os demais, sem qualquer outra ponderação a respeito, afirmando-se que os
Agravados teriam “plena e elevada consciência da ilicitude dos seus atos”.

92. Ora, afirmar que a culpabilidade é elevada ou extremamente


elevada não diz absolutamente nada! É expressão que serve indistintamente
para qualquer caso, genericamente tomado e esta constatação não depende
de revolvimento fático ou probatório!

93. Em momento algum diz a sentença porque a culpabilidade deve


ser exasperada. Qual a razão a faz ser considerada elevada ou extremamente
elevada? Esta pergunta simplesmente não pode ser respondida pela leitura da
sentença.

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94. Daí a apontada violação ao art. 381, inciso III, do Código de
Processo Penal que determina:

Art. 381. A sentença conterá:


(...)
III – A indicação dos motivos de fato e de direito em que se
fundar a decisão.

95. Reconhecer a inidoneidade deste fundamento para valorar


negativamente a culpabilidade independe do revolvimento do conjunto
fático probatório, não incidindo, também neste ponto, a Súmula 7 desta
Corte.

V – DOS PEDIDOS

96. Ante o exposto, requerem, preliminarmente, seja anulado o


julgamento do Agravo Regimental e reproduzido o julgamento pela Turma após
oportunizada a sustentação oral pela defesa técnica dos Embargantes.

97. No mérito, requerem seja suprida a omissão em que incorreu o


acórdão do Agravo Regimental, que deixou de analisar a matéria do recurso,
notadamente a desnecessidade de revolvimento fático para considerar a
inadequação típica, assim como a inidoneidade dos fundamentos usados para
agravar a pena base dos Embargantes.

P. deferimento.
Brasília, 26 de fevereiro de 2018.

Marcelo Leal de Lima Oliveira Thaís Aroca Datcho Lacava


OAB/DF 21.932 OAB/SP 234.563

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ANDAMENTO PROCESSUAL DO RECURSO
ESPECIAL N. 1.449.193 – CE

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14/03/2018 STJ - Consulta Processual

Superior Tribunal de Justiça

REsp nº 1449193 / CE (2014/0091750-6) autuado em 24/04/2014

Detalhes

PROCESSO: RECURSO ESPECIAL


RECORRENTE: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
RECORRENTE: JERÔNIMO ALVES BEZERRA
RECORRENTE: GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO
RECORRENTE: IELTON BARRETO DE OLIVEIRA
ADVOGADO: ANASTÁCIO JORGE MATOS DE SOUSA
MARINHO E OUTRO(S) - CE008502
ADVOGADO: ARIANO MELO PONTES - CE015593
ADVOGADO: TIAGO ASFOR ROCHA LIMA - CE016386
ADVOGADO: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA E
OUTRO(S) - DF021932
ADVOGADO: CAIO CESAR VIEIRA ROCHA - CE015095
RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
LOCALIZAÇÃO: Entrada em GABINETE DO MINISTRO FELIX
FISCHER em 08/03/2018
TIPO: Processo eletrônico, com prioridade de
tramitação.
AUTUAÇÃO: 24/04/2014
NÚMERO ÚNICO: 0012628-43.2010.4.05.8100

RELATOR(A): Min. FELIX FISCHER - QUINTA TURMA


RAMO DO DIREITO: DIREITO PENAL
ASSUNTO(S): DIREITO PENAL, Crimes Previstos na
Legislação Extravagante, Crimes contra o
Sistema Financeiro Nacional.
TRIBUNAL DE ORIGEM: TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª
REGIÃO
NÚMEROS DE ORIGEM: 00126284320104058100,
126284320104058100, 16272007,
200881000026810, 2762010, 9363.
1 volume, 6 apensos
ÚLTIMA FASE: 08/03/2018 (16:14) CONCLUSOS PARA
JULGAMENTO AO(À) MINISTRO(A) FELIX
FISCHER (RELATOR)

Fases

08/03/2018 16:14 Conclusos para julgamento ao(à) Ministro(a) FELIX


FISCHER (Relator) (51)
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14/03/2018 STJ - Consulta Processual

08/03/2018 01:06 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL intimado


eletronicamente da(o) Ementa / Acordão em
08/03/2018 (300104)

07/03/2018 14:20 Juntada de Petição de EMBARGOS DE DECLARAÇÃO


nº 82440/2018 (85)

01/03/2018 15:55 Juntada de Petição de CieMPF - CIÊNCIA PELO MPF


nº 92337/2018 (Juntada Automática) (85)

01/03/2018 15:55 Protocolizada Petição 92337/2018 (CieMPF -


CIÊNCIA PELO MPF) em 01/03/2018 (118)

26/02/2018 19:24 Ato ordinatório praticado (Petição 82440/2018


(EMBARGOS DE DECLARAÇÃO) recebida na
COORDENADORIA DA QUINTA TURMA) (11383)

26/02/2018 19:17 Protocolizada Petição 82440/2018 (EDcl -


EMBARGOS DE DECLARAÇÃO) em 26/02/2018
(118)

26/02/2018 05:53 Disponibilizada intimação eletrônica (Acórdãos)


ao(à) MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL (300105)

26/02/2018 05:36 Publicado EMENTA / ACORDÃO em 26/02/2018


Petição Nº 676112/2017 - AgRg (92)

23/02/2018 18:49 Disponibilizado no DJ Eletrônico - EMENTA /


ACORDÃO (1061)

23/02/2018 10:06 Ato ordinatório praticado - Acórdão


encaminhado(a) à publicação - Petição Nº
676112/2017 - AgRg no REsp 1449193/CE -
Prevista para 26/02/2018 (11383)

20/02/2018 17:00 Recebidos os autos no(a) COORDENADORIA DA


QUINTA TURMA (132)

20/02/2018 13:36 Conhecido o recurso de FRANCISCO DEUSMAR DE


QUEIROS, JERÔNIMO ALVES BEZERRA, GERALDO DE
LIMA GADELHA FILHO e IELTON BARRETO DE
OLIVEIRA e não-provido,por unanimidade, pela
QUINTA TURMA Petição Nº 676112/2017 - AgRg no
REsp 1449193 (239)

20/02/2018 13:36 Proclamação Final de Julgamento: "A Turma, por


unanimidade, negou provimento ao agravo
regimental." Petição Nº 676112/2017 - AgRg no
REsp 1449193 (3001)

18/12/2017 02:13 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL intimado


eletronicamente da(o) Despacho / Decisão em
18/12/2017 (300104)

13/12/2017 15:56 Conclusos para julgamento ao(à) Ministro(a) FELIX


FISCHER (Relator) (51)

13/12/2017 15:49 Juntada de Petição de AGRAVO REGIMENTAL nº


676112/2017 (85)
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14/03/2018 STJ - Consulta Processual

12/12/2017 07:08 Ato ordinatório praticado (Petição 676112/2017


(AGRAVO REGIMENTAL) recebida na
COORDENADORIA DA QUINTA TURMA) (11383)

11/12/2017 21:08 Protocolizada Petição 676112/2017 (AgRg -


AGRAVO REGIMENTAL) em 11/12/2017 (118)

07/12/2017 16:41 Juntada de Petição de CieMPF - CIÊNCIA PELO MPF


nº 667677/2017 (Juntada Automática) (85)

07/12/2017 16:41 Protocolizada Petição 667677/2017 (CieMPF -


CIÊNCIA PELO MPF) em 07/12/2017 (118)

06/12/2017 05:35 Disponibilizada intimação eletrônica (Decisões e


Vistas) ao(à) MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
(300105)

06/12/2017 05:24 Publicado DESPACHO / DECISÃO em 06/12/2017


(92)

05/12/2017 18:48 Disponibilizado no DJ Eletrônico - DESPACHO /


DECISÃO (1061)

04/12/2017 11:32 Conhecido em parte o recurso de FRANCISCO


DEUSMAR DE QUEIROS, JERÔNIMO ALVES
BEZERRA, GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO e
IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e não-provido
(Publicação prevista para 06/12/2017) (242)

01/12/2017 16:18 Recebidos os autos no(a) COORDENADORIA DA


QUINTA TURMA (132)

25/11/2016 18:47 Conclusos para julgamento ao(à) Ministro(a) FELIX


FISCHER (Relator) (51)

25/11/2016 17:48 Juntada de Petição de nº 591262/2016 (85)

25/11/2016 17:48 Recebidos os autos no(a) COORDENADORIA DA


QUINTA TURMA, após solicitados em 23/11/2016.
(132)

23/11/2016 11:27 Ato ordinatório praticado (Petição 591262/2016


(PETIÇÃO) recebida na COORDENADORIA DA
QUINTA TURMA) (11383)

23/11/2016 10:33 Protocolizada Petição 591262/2016 (PET -


PETIÇÃO) em 23/11/2016 (118)

27/10/2016 16:41 Conclusos para julgamento ao(à) Ministro(a) FELIX


FISCHER (Relator) (51)

27/10/2016 15:52 Juntada de Certidão : Certifico que foi incluído


advogado na autuação dos presentes autos,
conforme petição neles juntada (fls. 900/901) e
instruções decorrentes da Questão de Ordem
Especial na 29ª Sessão Ordinária da Quinta Turma,
realizada em 07/08/2008. (581)

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Número do documento: 18031417123469100000010518734
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14/03/2018 STJ - Consulta Processual

27/10/2016 15:36 Juntada de Petição de


PROCURAÇÃO/SUBSTABELECIMENTO nº
533729/2016 (85)

27/10/2016 15:32 Recebidos os autos eletronicamente no(a)


COORDENADORIA DA QUINTA TURMA depois de
solicitados (132)

21/10/2016 11:02 Ato ordinatório praticado (Petição 533729/2016


(PROCURAÇÃO/SUBSTABELECIMENTO) recebida na
COORDENADORIA DA QUINTA TURMA) (11383)

21/10/2016 10:45 Protocolizada Petição 533729/2016 (PROC -


PROCURAÇÃO/SUBSTABELECIMENTO) em
21/10/2016 (118)

14/10/2015 11:39 Conclusos para julgamento ao(à) Ministro(a) FELIX


FISCHER (Relator) (51)

14/10/2015 10:54 Juntada de Petição de


PROCURAÇÃO/SUBSTABELECIMENTO nº
432111/2015 (85)

14/10/2015 10:31 Recebidos os autos no(a) COORDENADORIA DA


QUINTA TURMA (132)

05/10/2015 12:44 Ato ordinatório praticado (Petição 432111/2015


(PROCURAÇÃO/SUBSTABELECIMENTO) recebida na
COORDENADORIA DA QUINTA TURMA) (11383)

05/10/2015 10:46 Protocolizada Petição 432111/2015 (PROC -


PROCURAÇÃO/SUBSTABELECIMENTO) em
05/10/2015 (118)

03/09/2014 17:05 Conclusos para decisão ao(à) Ministro(a) FELIX


FISCHER (Relator) - pela SJD (51)

03/09/2014 15:07 Redistribuído por prevenção, em razão de sucessão,


ao Ministro FELIX FISCHER - QUINTA TURMA (36)

03/09/2014 14:37 Processo recebido para redistribuição por sucessão


(30075)

04/07/2014 11:20 Conclusos para julgamento ao(à) Ministro(a)


LAURITA VAZ (Relatora) (51)

03/07/2014 11:36 Juntada de Petição de PARECER DO MPF nº


221731/2014 (85)

03/07/2014 11:36 Recebidos os autos eletronicamente no(a)


COORDENADORIA DA QUINTA TURMA do Ministério
Público Federal c/ Parecer (132)

01/07/2014 07:45 Ato ordinatório praticado (Petição 221731/2014


(PARECER DO MPF) recebida na COORDENADORIA
DA QUINTA TURMA) (11383)

27/06/2014 21:13 Protocolizada Petição 221731/2014 (ParMPF -


PARECER DO MPF) em 17/06/2014 (118)
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330/364
14/03/2018 STJ - Consulta Processual

06/05/2014 14:32 Autos com vista ao Ministério Público Federal


(30015)

06/05/2014 12:47 Recebidos os autos no(a) COORDENADORIA DA


QUINTA TURMA do Ministro Relator com r.despacho
determinando vista ao MPF (132)

24/04/2014 14:26 Conclusos para decisão ao(à) Ministro(a) LAURITA


VAZ (Relatora) - pela SJD (51)

24/04/2014 09:00 Distribuído por prevenção de Órgão Julgador à


Ministra LAURITA VAZ - QUINTA TURMA (26)

24/04/2014 07:12 Recebidos os autos eletronicamente no(a)


SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA do TRF5 -
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
(132)

Decisões

AgRg no REsp 1449193 (2014/0091750-6 de 26/02/2018)


EMENTA / ACORDÃO
RELATÓRIO E VOTO - Min. FELIX FISCHER
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
REsp 1449193(2014/0091750-6 - 06/12/2017)
Decisão Monocrática- Ministro FELIX FISCHER

Petições

Petição Nº. Tipo Peticionário


Protocolo Processamento
0092337/2018 CieMPF MPF
01/03/2018 01/03/2018
0082440/2018 EDcl FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS,
26/02/2018 07/03/2018 JERÔNIMO ALVES BEZERRA,
GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO
E IELTON BARRETO DE OLIVEIRA
0676112/2017 AgRg FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS
11/12/2017 13/12/2017
0667677/2017 CieMPF MPF
07/12/2017 07/12/2017
0591262/2016 PET FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS
23/11/2016 25/11/2016
0533729/2016 PROC FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
21/10/2016 27/10/2016 E OUTROS

0432111/2015 PROC FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS


05/10/2015 14/10/2015 E OUTROS
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0221731/2014 ParMPF MPF


17/06/2014 03/07/2014

Pautas

Não há pautas.

Impresso Quarta-feira, 14 de Março de 2018.


|
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JURISPRUDÊNCIAS DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL

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Decisões Monocráticas

HC 135951 MC / DF - DISTRITO FEDERAL


MEDIDA CAUTELAR NO HABEAS CORPUS
Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI
Julgamento: 28/03/2017

Publicação

PROCESSO ELETRÔNICO
DJe-065 DIVULG 30/03/2017 PUBLIC 31/03/2017

Partes

PACTE.(S) : LUIZ CARLOS SANTIAGO PAPA


IMPTE.(S) : DANIELE CRISTINA PAPA
ADV.(A/S) : RAFAEL DE ALENCAR ARARIPE CARNEIRO
COATOR(A/S)(ES) : RELATOR DA MEDIDA CAUTELAR Nº 25.804 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE
JUSTIÇA

Decisão
Trata-se de habeas corpus, com pedido de liminar, impetrado em favor de Luiz
Carlos Santiago Papa, contra decisão que indeferiu o pedido de liminar
formulado na MC 25.804/DF, de relatoria do Ministro Antonio Saldanha
Palheiro do Superior Tribunal de Justiça. A impetrante narra, de início, que
o paciente “[...] foi condenado, em segunda instância, pelo Tribunal de
Justiça do Distrito Federal e Territórios, em 17/10/2012, nos termos do
acórdão condenatório anexo. Ocorre que, após julgamento pelo e. STF do caso
concreto versado no HC nº 126.292, em fevereiro deste ano, no qual a Corte
possibilitou cumprimento provisório da pena na pendência de recursos de
natureza extraordinária, o Ministério Público do Distrito Federal e
Territórios requereu ao Juiz de Direito da 3ª Vara Criminal de Brasília/DF
(Vara de origem) o cumprimento provisório da pena injustamente aplicada pelo
eg. TJDFT. Além do fato de o Tribunal de origem não ter se manifestado sobre
a expedição do mandado de prisão – o que diferencia o caso ora em análise do
que foi apreciado pelo STF no HC 126.292 – o juiz de origem sequer tinha
competência para determinar medida de prisão no processo, visto que os autos
já estavam sob análise do Superior Tribunal de Justiça, demonstrando a
primeira ilegalidade do caso ora analisado. Foi dessa maneira que o
magistrado de piso deferiu o requerimento formulado pelo MPDFT e determinou
a prisão do Paciente, mesmo não havendo trânsito em julgado do acórdão
condenatório – o que configura a segunda, e mais grave, ilegalidade
apresentada. Irresignado com as patentes ilegalidades, o ora Paciente
requereu medida cautelar ao c. STJ, a fim de que se suspendessem os efeitos
do acórdão do TJDFT, para evitar a consumação da prisão inconstitucional
determinada pelo Juiz de origem” (pág. 3 do documento eletrônico 1; grifos
no original). Informa que, “[i]nterposto recurso de agravo interno, a 6ª
Turma do STJ decidiu manter incólume a decisão monocrática então agravada. O
acórdão ainda não foi publicado, motivo pelo qual segue anexa a certidão de
julgamento. Desse modo, por ato da 6ª Turma, que manteve decisão do Exmo.
Ministro Antônio Saldanha, o STJ chancelou a ilegalidade consubstanciada na
determinação da prisão do Paciente, em sede de execução provisória da
condenação” (pág. 6 do documento eletrônico 1; grifos no original). Daí
porque argumenta que o caso sob exame permite a superação da Súmula 691
desta Corte. Contra a decisão do STJ é o presente writ, dirigido a este
Tribunal, no qual a defesa pede a concessão da liminar para suspender a
execução provisória da pena, de modo que seja permitido ao paciente aguardar
o julgamento deste habeas corpus em liberdade. No mérito, requer a
confirmação da medida de urgência “[...] para suspender a execução
provisória da pena no processo criminal originário da 3ª Vara Criminal de
Brasília/DF, até o julgamento final dos recursos de natureza extraordinária
interpostos nos autos do processo de origem” (pág. 13 do documento
eletrônico 1). Em 12/9/2016, os autos vieram conclusos a mim, por força do
que dispõe o art. 38 do RISTF. É o relatório. Decido o pedido de liminar. De
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14/03/2018 Pesquisa de Jurisprudência :: STF - Supremo Tribunal Federal
antemão, consigno que, nos autos do HC 140.217/DF, de minha relatoria,
deferi medida liminar para suspender a execução provisória da pena de
indivíduo, em caso análogo, por constatar a excepcionalidade daquela
situação, utilizando os seguintes fundamentos: “A impetração funda-se na
suposta violação da coisa julgada de parte da sentença condenatória que
teria assegurado ao paciente o direito de recorrer em liberdade. Alega-se,
dessa forma, que, como esse aspecto não foi objeto de recurso por parte do
Ministério Público, e, portanto, na segunda instância, o paciente teria
direito de recorrer em liberdade, porquanto tal situação implicaria a
formação da coisa julgada no ponto. É que, na sentença, determinou-se ‘aos
réus o direito de recorrerem [...] em liberdade, uma vez que, a despeito da
gravidade dos delitos praticados, não se encontram segregados
provisoriamente pelo presente feito, pois ausentes os pressupostos da prisão
preventiva’ (pág. 17 do documento eletrônico 2). E, no acórdão, o recurso
dos réus foi conhecido e parcialmente provido para afastar a pena de multa,
sendo o do Parquet também parcialmente provido, apenas para “decretar a
perda do cargo público de auditor tributário do primeiro e da segunda
apelantes e para estabelecer o regime semiaberto de cumprimento da pena
privativa de liberdade a todos os réus” (pág. 8 do documento eletrônico 4).
Em seguida, o Ministério Público, tendo em conta a decisão deste Tribunal no
julgamento do HC 126.292/SP, Rel. Ministro Teori Zavascki – que afirmou a
possibilidade do início da execução da pena após condenação em segunda
instância –, entendeu haver razão para peticionar ao juízo de primeiro grau
e requerer a prisão do paciente, no que foi atendido. Vê-se, portanto, que a
situação dos autos é teratológica, uma vez que, em decorrência de uma
petição incidental do Parquet, o juízo utilizou-se de uma forma imprópria
para modificar a fundamentação do acórdão, valendo-se de expediente não
agasalhado pela legislação processual penal, o que configura, mutatis
mutandis, uma reformatio in pejus, vedada pelo art. 617 do Código de
Processo Penal . Com efeito, tal capítulo da sentença não foi objeto de
reforma pelo Tribunal de Justiça, não havendo falar, agora, em possibilidade
de alterar-se uma decisão judicial, ainda pendente de recurso nos tribunais
superiores, sem que tal se dê pela via processual apropriada, pela simples
razão de o Supremo Tribunal ter alterado a sua jurisprudência no tocante ao
tema da execução provisória da pena, ainda não confirmada em julgamento de
mérito pelo Plenário - cumpre registrar - de modo a dotá-lo de efeito erga
omnes e força vinculante. Para prender um cidadão é preciso mais do que o
simples acatamento de uma petição ministerial protocolada em primeiro grau,
sobretudo quando estão em jogo valores essenciais à própria existência do
Estado Democrático de Direito como a liberdade e o devido processo legal. A
determinação de que a condenação seria executada apenas após o trânsito em
julgado faz parte das decisões pretorianas prolatadas em primeiro e segundo
graus de jurisdição, as quais em nenhum momento foram atacadas, no ponto,
pelos meios processuais adequados. Trânsito em julgado difere
substancialmente – como é óbvio – de julgamento em segundo grau. A vontade
do magistrado singular e dos juízes que integraram o colegiado recursal
manifestaram, explícita e também implicitamente, a vontade de que a primeira
das duas hipóteses regesse a eventual prisão do paciente. A antecipação do
cumprimento da pena, no caso singular sob exame, somente poderia ocorrer
mediante um pronunciamento específico e justificado que demonstrasse, à
saciedade, e com base em elementos concretos, a necessidade da custódia
cautelar”. Observo que lá, assim como aqui, a impetração está fundada na
suposta violação da coisa julgada de parte da sentença condenatória que
teria assegurado ao paciente o direito de recorrer em liberdade. Isso
porque, como pode se ver, no dispositivo da sentença, ficou consignado que
os acusados, dentre eles o ora paciente, responderam ao processo em
liberdade e, “estando encerrada a instrução e não havendo notícia de mudança
na situação fática, ausentes, pois, os requisitos ensejadores da segregação
de natureza cautelar, CONCEDO AOS ACUSADOS O DIREITO DE RECORRER EM
LIBERDADE, salvo se por outro motivo houverem de ser recolhidos” (pág. 19 do
documento eletrônico 7; grifos no original). Deve ser ressaltado que a
sentença condenatória assegurou ao paciente o direito de recorrer em
liberdade, de modo que, como esse aspecto não foi objeto de recurso por
parte do Ministério Público, o paciente tem o direito de recorrer em
liberdade, porquanto tal situação implicaria a formação da coisa julgada no
ponto. Além disso, no acórdão, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e
dos Territórios, apesar de dar parcial provimento às apelações dos réus e do
Ministério Público (documento eletrônico 9), sequer tratou da parte do
dispositivo da sentença que garantiu ao paciente o direito de permanecer em
liberdade durante a fase recursal. Ocorre que o Ministério Público, levando
em consideração a decisão deste Tribunal no julgamento do HC 126.292/SP, de
relatoria do Ministro Teori Zavascki – que afirmou a possibilidade do início
da execução da pena após condenação em segunda instância, peticionou ao
juízo de primeiro grau requerendo a prisão do paciente, no que foi atendido
(documento eletrônico 5). Vê-se, portanto, assim como constatei nos autos do
HC 140.217/DF, que a situação dos autos também é teratológica, uma vez que,
em decorrência de uma petição incidental do Parquet, o juízo da 3ª Vara
Criminal de Brasília utilizou-se de uma forma imprópria para modificar a
fundamentação do acórdão, valendo-se de expediente não agasalhado pela
Assinado legislação processual
eletronicamente. A penal,
Certificação Digital pertenceoa:que configura,
Marcelo mutatis
Leal de Lima Oliveira mutandis, uma
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reformatio in pejus, vedada pelo art. 617 do Código de Processo Penal. Com
efeito, tal capítulo da sentença não foi objeto de reforma pelo Tribunal de
Justiça local, não havendo falar, agora, em possibilidade de alterar-se uma
decisão judicial, ainda pendente de recurso nos tribunais superiores, sem
que tal se dê pela via processual apropriada, pela simples razão de o
Supremo Tribunal ter alterado a sua jurisprudência no tocante ao tema da
execução provisória da pena, ainda não confirmada em julgamento de mérito
pelo Plenário - cumpre registrar - de modo a dotá-lo de efeito erga omnes e
força vinculante. Para prender um cidadão é preciso mais do que o simples
acatamento de uma petição ministerial protocolada em primeiro grau,
sobretudo quando estão em jogo valores essenciais à própria existência do
Estado Democrático de Direito como a liberdade e o devido processo legal. A
determinação de que a condenação seria executada apenas após o trânsito em
julgado faz parte das decisões pretorianas prolatadas em primeiro e segundo
graus de jurisdição, as quais em nenhum momento foram atacadas, no ponto,
pelos meios processuais adequados. Trânsito em julgado difere
substancialmente – como é óbvio – de julgamento em segundo grau. A vontade
do magistrado singular e dos juízes que integraram o colegiado recursal
manifestaram, explícita e também implicitamente, a vontade de que a primeira
das duas hipóteses regesse a eventual prisão do paciente. A antecipação do
cumprimento da pena, no caso singular sob exame, somente poderia ocorrer
mediante um pronunciamento específico e justificado que demonstrasse,
satisfatoriamente, e com base em elementos concretos, a necessidade da
custódia cautelar. Assim, da análise dos autos, verificando que o caso dos
autos se assemelha em tudo àquele tratado no HC 140.217/DF, entendo
aplicáveis aqui os mesmos fundamentos do referido precedente. Por essas
razões, constatada a excepcionalidade da situação em análise, defiro a
medida liminar para que seja suspensa a execução da pena até que o mérito
deste habeas corpus seja julgado pelo colegiado competente. Comunique-se,
com urgência, ao Juízo da 3ª Vara Criminal de Brasília, requisitando-lhe
informações. Após, ouça-se a Procuradoria-Geral da República. Publique-se.
Brasília, 28 de março de 2017. Ministro Ricardo Lewandowski Relator

Legislação

LEG-FED DEL-003689 ANO-1941


ART-00617
CPP-1941 CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
LEG-FED RGI ANO-1980
ART-00038
RISTF-1980 REGIMENTO INTERNO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
LEG-FED SUM-000691
SÚMULA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - STF

Observação

16/01/2018
Legislação feita por:(SSM).

fim do documento

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Decisões Monocráticas

HC 140217 / DF - DISTRITO FEDERAL


HABEAS CORPUS
Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI
Julgamento: 14/11/2017

Publicação

PROCESSO ELETRÔNICO
DJe-261 DIVULG 16/11/2017 PUBLIC 17/11/2017

Partes

PACTE.(S) : SAMI KUPERCHMIT


ADV.(A/S) : ALBERTO ZACHARIAS TORON
ADV.(A/S) : LUISA MORAES ABREU FERREIRA
COATOR(A/S)(ES) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Decisão
Trata-se de habeas corpus, com pedido de liminar, impetrado em favor de
Sami Kuperchmit, contra acórdão da Sexta Turma do Superior Tribunal de
Justiça, assim ementado: "PROCESSUAL PENAL E PENAL. RECURSO EM HABEAS
CORPUS. PRISÃO PREVENTIVA. CORRUPÇÃO PASSIVA E ATIVA. PARTICIPAÇÃO EM
ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. FUNDAMENTAÇÃO CONCRETA. ILEGALIDADE. AUSÊNCIA.
RECURSO EM HABEAS CORPUS IMPROVIDO. 1. Apresentada fundamentação
concreta para a decretação da prisão preventiva, explicitada na participação
do paciente em complexa organização criminosa, e com um alto poderio
econômico, haja vista a participação de empresários, constituída com a
finalidade precípua de lesar o Erário Municipal valendo-se de pagamento de
propinas a membros do Poder Legislativo e Executivo, com escopo de obtenção
de contratos fraudulentos, leis de interesse das empresas envolvidas e
outras condutas tipificadas na legislação criminal, além da posição de
destaque do paciente na organização criminosa, e a vultosa reiteração
delitiva, não há que se falar em ilegalidade a justificar a concessão da
ordem de habeas corpus ou suficiência das medidas cautelares diversas da
prisão. 2. Recurso em habeas corpus improvido". Os impetrantes
narram, de início, que o paciente “foi condenado por sentença que
consignou, de forma expressa, que o início da execução da pena se daria
somente ‘após o trânsito em julgado’ (doc. 1), o que não foi objeto de
recurso por parte do Ministério Público (doc. 2). O eg. TJDFT, ao julgar os
apelos das partes, manteve intacta a r. Decisão de primeiro grau nesse ponto
(doc. 3) e não determinou o início da execução da pena. No entanto,
pendente de julgamento Agravo em Recurso Especial que visa discutir a
fixação da pena do Paciente (doc. 4), o em. magistrado de primeiro grau
determinou o início da execução da pena (doc. 5).” (grifos no original;
págs. 3-4 do documento eletrônico 1). Informam, então, que foi impetrado
writ no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, sendo-lhe
denegada a ordem. Irresignada, a defesa interpôs recurso no STJ, que o
desproveu. Contra o acórdão do STJ é o presente writ, dirigido a este
Tribunal, no qual a defesa pede a concessão da liminar para que seja
permitido ao paciente que aguarde o julgamento deste habeas corpus em
liberdade. No mérito, requer a confirmação da medida de urgência. Em
10/2/2017, deferi o pedido de liminar, requisitei informações e abri vista
ao Ministério Público Federal. A Procuradoria-Geral da República opinou
pelo não conhecimento do writ (documento eletrônico 40). Posteriormente
deferi o pedido de extensão formulado por Sonia Maria de Andrades Santos
(documento eletrônico 37). É o relatório necessário. Decido.
Registro, inicialmente, que, embora o presente habeas corpus tenha sido
impetrado em substituição a recurso extraordinário, não oponho óbice ao seu
conhecimento, na linha do que tem decidido a Segunda Turma deste Supremo
Tribunal. Nesse sentido, cito os seguintes precedentes: HC 126.791-ED/RJ, HC
126.614/SP e HC 126.808-AgR/PA, todos da relatoria do Ministro Dias Toffoli.
Anoto, também, que o art. 192, caput, do Regimento Interno do Supremo
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Tribunal Federal faculta ao Relator denegar ou conceder a ordem de habeas
corpus, ainda que de ofício, quando a matéria for objeto de jurisprudência
consolidada neste Supremo Tribunal. Por este motivo, passo ao exame do
mérito desta impetração. O caso é de concessão da ordem. A questão
trazida neste writ diz respeito à possibilidade ou não de execução
provisória da pena depois de julgado o recurso em segundo grau de
jurisdição, haja vista a tese fixada pelo Plenário desta Suprema Corte no
julgamento do HC 126.292/SP e reafirmada no ARE 964.246/SP, no qual foi
reconhecida repercussão geral da questão constitucional envolvida, ambos de
relatoria do saudoso Ministro Teori Zavascki. Pois bem, a jurisprudência
deste Supremo Tribunal se consolidou no sentido de que ofende o princípio da
presunção de inocência, insculpido no art. 5°, LVII, da Constituição
Federal, a execução da pena privativa de liberdade antes do trânsito em
julgado da sentença condenatória, ressalvada a hipótese de prisão cautelar,
desde que presentes os requisitos autorizadores previstos no art. 312 do
Código de Processo Penal. Esse, aliás, é o entendimento ao qual sempre
me filiei. No julgamento do aludido HC 126.292/SP, em que o Plenário
sinalizou possível mudança de paradigma, assentei, de modo enfático, o
seguinte: Eu vou pedir vênia ao eminente Relator e manter a minha
posição, que vem de longa data, no sentido de prestigiar o princípio da
presunção de inocência, estampado, com todas as letras, no art. 5°, inciso
LVII, da nossa Constituição Federal. Assim como fiz, ao proferir um
longo voto no HC 84.078, relatado pelo eminente Ministro Eros Grau, eu quero
reafirmar que não consigo, assim como expressou o Ministro Marco Aurélio,
ultrapassar a taxatividade desse dispositivo constitucional, que diz que a
presunção de inocência se mantém até o trânsito em julgado. Isso é
absolutamente taxativo, categórico; não vejo como se possa interpretar esse
dispositivo. A Constituição Federal de 1988, ao tratar dos direitos e
deveres individuais e coletivos, garante que “ninguém será considerado
culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. Logo,
o texto constitucional é expresso em afirmar que apenas depois do trânsito
em julgado da sentença penal condenatória alguém poderá ser considerado
culpado. Trata-se do princípio, hoje universal, da presunção de inocência
das pessoas. Como se sabe, a nossa Constituição não é uma mera folha de
papel, que pode ser rasgada sempre que contrarie as forças políticas do
momento. Ao revés, a Constituição da República possui força normativa
suficiente, de modo que os seus preceitos, notadamente aqueles que garantem
aos cidadãos direitos individuais e coletivos, previstos no seu art. 5°,
sejam obrigatoriamente observados, ainda que os anseios momentâneos, mesmo
aqueles mais nobres, a exemplo do combate à corrupção, requeiram solução
diversa, uma vez que, a única saída legítima para qualquer crise consiste,
justamente, no incondicional respeito às normas constitucionais. Isso
porque não se deve fazer política criminal em face da Constituição, mas sim,
com amparo nela. Ora, a Constituição Federal atribuiu ao Supremo
Tribunal Federal inúmeras e relevantíssimas atribuições, dentre as quais a
mais importante é a guarda da própria Constituição (art. 102). Nesse
sentido, com a devida vênia à corrente majoritária que se formou no
julgamento do HC 126.292/SP, naquela assentada, o Plenário da Suprema Corte
extraiu do art. 5°, LVII, da Constituição, um sentido que dele não se pode e
nem, no mais elástico dos entendimentos, se poderia extrair, vulnerando,
consequentemente, mandamento constitucional claro, direto e objetivo,
protegido, inclusive, pelo próprio texto constitucional contra propostas de
emendas constitucionais tendentes a aboli-lo, conforme dispõe o art. 60, §
4°, IV, da Carta. Ressalto que não se mostra possível ultrapassar a
taxatividade daquele dispositivo constitucional, salvo em situações de
cautelaridade, por tratar-se de comando constitucional absolutamente
imperativo, categórico, com relação ao qual não cabe qualquer tergiversação,
pois, como já diziam os jurisconsultos de antanho, in claris cessat
interpretatio. E o texto do inciso LVII do art. 5° da Carta Magna, além de
ser claríssimo, à toda a evidência, não permite uma inflexão jurisprudencial
de maneira a dar-lhe uma interpretação in malam partem. Em consonância
com o dispositivo constitucional supramencionado, o art. 283 do Código de
Processo Penal e o art. 594 do Código de Processo Penal Militar dispõem,
respectivamente, que: “Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em
flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade
judiciária competente, em decorrência de sentença condenatória transitada em
julgado ou, no curso da investigação ou do processo, em virtude de prisão
temporária ou prisão preventiva”. “Art. 594. Transitando em julgado a
sentença que impuser pena privativa da liberdade, se o réu já estiver preso
ou vier a ser preso, o auditor ordenará a expedição da carta de guia, para o
cumprimento da pena”. Muito bem. Ao comentar o dispositivo da lei
processual penal, Eugênio Paccelli (in Comentários ao código de processo
penal e sua jurisprudência. 9. ed. rev. e atual. - São Paulo: Atlas, 2017,
pág. 590) consigna que “a nova redação dada ao art. 283 do CPP constitui,
inegavelmente, empecilho à execução provisória da pena”. O referido autor
continua, afirmando que, “[a]ntes dela (da Lei n° 132.403/11), a
determinação constitucional no sentido de que toda prisão decorreria de
ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente já impunha
a regra da proibição da execução provisória. No entanto, pensamos que a
Assinado previsão legal
eletronicamente. de imposição
A Certificação dea:prisão
Digital pertence antes
Marcelo Leal do
de Lima trânsito
Oliveira em julgado poderia
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autorizar uma interpretação conforme (à Constituição), para o fim de,
excepcionalmente, aplicar-se a execução provisória, quando ausentes
quaisquer dúvidas a respeito da condenação e da imposição concreta de sua
modificação nas instâncias extraordinárias. Agora, como se vê, também
essa porta parece fechada. A própria Lei impede o juízo de exceção à regra
geral da proibição da execução provisória”. No mesmo sentido é a posição
de Guilherme de Souza Nucci (in Código de processo penal comentado. 16 ed.
rev., atual. e ampl. - Rio de Janeiro: Forense, 2017, pág. 730), para quem
“a solidificação da pena, após a sentença condenatória, perpetua-se em face
do trânsito em julgado”. Segundo o mencionado doutrinador, “essa situação
processual sempre obteve, doutrinária e jurisprudencialmente, uma única
definição: forma-se a coisa julgada material (trânsito em julgado), quando
se esgotam todos os recursos possíveis contra determinada decisão”.
Semelhante raciocínio pode ser transportado para os processos em trâmite na
Justiça Militar. Ademais, deve ser mencionado que a Lei de Execução
Penal também exige, para o início de cumprimento da pena privativa de
liberdade, o trânsito em julgado da sentença condenatória. Essa é a
inteligência do art. 105 combinado com o art. 107, in verbis: “Art. 105.
Transitando em julgado a sentença que aplicar pena privativa de liberdade,
se o réu estiver ou vier a ser preso, o Juiz ordenará a expedição de guia de
recolhimento para a execução. [...] Art. 107. Ninguém será
recolhido, para cumprimento de pena privativa de liberdade, sem a guia
expedida pela autoridade judiciária”. Não pode ser esquecido, também,
que, até o momento, não houve declaração de inconstitucionalidade dos
referidos dispositivos infraconstitucionais, de modo que, com espeque no
art. 5°, LVII, da Constituição, todos são plenamente aplicáveis.
Outrossim, consigno que, em nosso sistema jurídico, desde 1988, o
trânsito em julgado da decisão condenatória sempre se deu com o esgotamento
de todos os recursos e instâncias ordinárias e extraordinárias. Alterar
essa realidade jurídica exigiria novo disciplinamento constitucional e
legal, que só poderia se dar via Congresso Nacional, e não pelo Poder
Judiciário, uma vez que a posição do constituinte originário, ainda que não
agrade àqueles que perfilham da posição até então majoritária nesta Suprema
Corte, exige que seja trilhado o caminho previsto na Constituição Federal,
como se espera de um Estado que, além de democrático, também é de Direito.
Ademais, foi opção do constituinte de 1998 exigir o trânsito em julgado
da decisão condenatória, ao invés do esgotamento do duplo grau de
jurisdição, para considerar o acusado “culpado” pelo cometimento de um
crime. Nesse sentido, ainda que o sistema do duplo grau de jurisdição seja
adotado em outros países, o Estado brasileiro é soberano em suas escolhas
políticas e jurídicas. Feito esse registro, transcrevo agora, por
oportuno, o teor da decisão combatida: “Trata-se de pedido do Ministério
Público para que seja expedida Guia de Execução Provisória e Mandado de
Prisão de condenado(s) nos autos, a partir da execução provisória de pena
privativa de liberdade, a fim de ver aplicado ao presente caso entendimento
recente do Colendo Supremo Tribunal Federal, espelhado no julgamento do
Habeas Corpus n° 126.292/SP. Com razão o órgão ministerial. A
diretriz firmada pela Suprema Corte de Justiça, em 17/02/2016, ao julgar o
Habeas Corpus n° 126.292/SP, no sentido de que "a execução provisória de
acórdão penal condenatório proferido em grau de apelação, ainda que sujeito
a recurso especial ou extraordinário, não compromete o princípio
constitucional da presunção de inocência", constitui avanço interpretativo
que deve ser prestigiado. É sabido que o recurso especial e o
extraordinário, pela sua natureza excepcional, não se prestam à revisão de
aspectos fático-probatórios nem possuem efeito suspensivo (art. 637 do CPP e
art. 27, § 2°, da Lei no 8.038/90). Portanto, não obstam o início da
execução provisória. Além disso, como ressaltado pelo eminente Ministro
Teori Zavascki, por ocasião do referido julgamento, a execução de pena na
pendência desse tipo de recurso não compromete o princípio da não
culpabilidade porque a observância das prerrogativas constitucionais nas
instâncias ordinárias é bastante para preservação do núcleo essencial dessa
garantia. Ao citar lição da ilustre Ministra Ellen Gracie, ex-integrante
dos quadros do STF, a relataria também destacou que "em país nenhum do
mundo, depois de observado o duplo grau de jurisdição, a execução de uma
condenação fica suspensa, aguardando referendo da Suprema Corte". Sabe-se,
de há muito, que no nosso país as distorções do sistema recursal criminal
têm sido usadas com finalidade protelatória, gerando situações absurdas e
infindáveis prescrições, o que deve ser combatido pelos operadores do
direito. Tal posicionamento vem sendo corroborado pelos Tribunais
Pátrios. O Egrégio Superior Tribunal de Justiça ratificou a nova
interpretação, no dia 03/03/2016, quando da apreciação dos Embargos
Declaratórios no Recurso Especial n° 1.484.415/DF, cuja decisão encontra-se
a seguir ementada: […] Os fatos remontam ao ano de 2005. Após o
decreto condenatório, foi proferido acórdão pelo Eg. T JDF, confirmando os
termos (ainda que parcialmente) do decisum de primeiro grau e definindo o
regime prisional semiaberto. Posteriormente, a Defesa Técnica interpôs
recurso especial e recurso extraordinário, os quais se encontram pendentes
de julgamento. Destarte, não há óbice para a execução provisória da pena
dos condenados, porquanto, como se viu, recursos de natureza extraordinária
Assinado não estão dotados
eletronicamente. deDigital
A Certificação efeito suspensivo,
pertence bem
a: Marcelo Leal de corno
Lima Oliveira a sentença condenatória
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foi confirmada pelo Tribunal de Justiça. Nesse contexto, percebe-se que
a execução provisória exsurge como imperativo de justiça, com a
relativização do princípio da presunção de inocência, estando preservadas as
garantias constitucionais, a fim de se alcançar uma maior efetividade do
sistema de justiça criminal. Pelas razões expostas, DEFIRO o pedido
formulado pelo Ministério Público (fls. 1590/1591) e DETERMINO a expedição
de Carta de Guia de Execução Provisória e Mandado de Prisão em desfavor de
SAMI KUPERCHMIT” (págs. 2-5 do documento eletrônico 6). Conforme se
verifica, esse decisum contém apenas a remissão a julgado deste Supremo
Tribunal como argumento para decretação do início da execução da pena
imposta ao paciente, não se afigurando, portanto, a meu sentir, revestido de
motivação hábil, sobretudo se contrastada com o art. 5°, LXI, do texto
constitucional, que assegura a todos o direito de não ser preso “senão em
flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade
judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime
propriamente militar, definidos em lei”. E ainda que se possa argumentar
sobre o efeito vinculante resultante do julgamento do ARE 964.246/SP pelo
Plenário desta Corte, em se tratando de cerceamento da liberdade individual,
a decisão judicial correspondente há de ter em conta o princípio da
individualização da pena, abrigado no art. 5°, XLVI, do Texto Magno, que não
admite qualquer prisão baseada em expressões vagas ou genéricas. Em outras
palavras, precisa levar em consideração a situação particular do condenado.
Essa é a orientação pacífica deste Supremo Tribunal, segundo a qual:
“A exigência de motivação da individualização da pena – hoje, garantia
constitucional do condenado (CF, arts. 5º, XLVI, e 93, IX) –, não se
satisfaz com a existência na sentença de frases ou palavras quaisquer, a
pretexto de cumpri-la: a fundamentação há de explicitar a sua base empírica,
e esta, de sua vez, há de guardar relação de pertinência, legalmente
adequada, com a exasperação da sanção penal, que visou a justificar” (HC
69.419/MS, Rel. Min. Sepúlveda Pertence). Não se ignora que, com o
triunfo das revoluções liberais no já longínquo século XVIII, acabou-se com
a obrigatoriedade do cumprimento dos caprichos régios sob a justificativa de
que le roi le veut, ou seja, “o rei o quer”. No mesmo diapasão, é possível
afirmar, com segurança, que não se pode hoje atender a uma determinação
judicial ou, pior, mandar alguém para a prisão simplesmente porque le juge
le veut, quer dizer, porque “o juiz o quer”. Daí a previsão - ainda que
tardiamente acolhida entre nós - dos arts. 5°, LXI, e 93, IX, da
Constituição de 1988, os quais exigem expressamente a motivação das ordens
judiciais, que não podem emanar da simples vontade subjetiva dos julgadores
e nem veicular meras fórmulas legais ou jurisprudenciais desapegadas de um
contexto fenomenológico real e concreto. Registro, ainda, por oportuno,
que o entendimento deste Supremo Tribunal sobre a possibilidade de execução
antecipada da pena após a confirmação da condenação em segunda instância
vem, em boa hora, sofrendo temperamentos, à luz do texto constitucional,
seja sob a ótica do princípio da razoabilidade, em decisões prolatadas pelos
mais distintos tribunais do País. Em recente decisão no HC 366.907/PR, a
Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça entendeu que a “pendência ou
possibilidade de oposição de Embargos de Declaração impedem a execução
antecipada da pena, já que não exaurida a atuação das instâncias
ordinárias”, verbis: “HABEAS CORPUS. ART. 157, § 2º, I, II e V, DO CP.
EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA. DEFERIDO EM SENTENÇA O DIREITO DE RECORRER EM
LIBERDADE. NÃO ESGOTADA A JURISDIÇÃO ORDINÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. ORDEM
CONCEDIDA. 1. Consoante entendimento firmado pelo Supremo Tribunal
Federal no julgamento do ARE n. 964.243, sob a sistemática da repercussão
geral, é possível a execução da pena depois da prolação de acórdão em
segundo grau de jurisdição e antes do trânsito em julgado da condenação,
para garantir a efetividade do direito penal e dos bens jurídicos
constitucionais por ele tutelados. 2. Na hipótese em que foi permitido à
ré recorrer em liberdade, soa desarrazoado que a expedição de mandado de
prisão ocorra de forma automática, tão logo seja prolatado ou confirmado o
acórdão condenatório, ainda passível de integração pelo Tribunal de Justiça.
3. Ordem concedida para, confirmada a liminar, assegurar à paciente o
direito de aguardar em liberdade o esgotamento da jurisdição ordinária” (HC
366.907/PR, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz). No mesmo sentido, já se
anotavam decisões no âmbito do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, das
quais destaco o HC 2017.03.00.002292-3/SP, no qual o Desembargador Federal
Maurício Kato consignou que “o princípio da presunção da inocência, ainda
que não absoluto, obsta a execução provisória da sentença condenatória nos
casos em que se mostre possível assegurar ao acusado o direito à liberdade
provisória”. Aliás, constata-se que, a partir do entendimento do STF, o
qual, por julgamento majoritário, restringiu o princípio constitucional da
presunção de inocência, prisões passaram a ser decretadas, após a prolação
de decisões de segundo grau, de forma automática, na maior parte das vezes,
como já afirmado, sem qualquer fundamentação idônea. Esse retrocesso
jurisprudencial, de resto, como se viu, mereceu o repúdio praticamente
unânime dos especialistas em direito penal e processual penal, em particular
daqueles que militam na área acadêmica. Observe-se, além disso, que a
decisão proferida no HC 126.292/SP, de relatoria do Ministro Teori Zavascki,
não respeitou, necessariamente, o princípio do duplo grau de jurisdição, uma
Assinado vez que deuA azo
eletronicamente. ao início
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Lima tanto
Oliveira do indivíduo
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absolvido em primeiro grau e condenado em segundo grau de jurisdição, bem
como daquele que apenas foi condenado em segunda instância, por ter foro por
prerrogativa de função em Tribunal de Justiça ou em Tribunal Regional
Federal. Essa última hipótese, inclusive, tive a oportunidade de
analisar, no exercício da Presidência (art. 13, VIII do RISTF), quando
deferi a liminar no HC 135.752 MC/PB, de relatoria do Ministro Edson Fachin,
para suspender a execução provisória do paciente, utilizando, dentre outros,
os seguintes fundamentos: “Não bastasse isso, observo que, na hipótese
sob exame, nem ao menos se assegurou ao paciente o duplo grau de jurisdição,
implícito no art. 5º, LV, da CF, como se observa da leitura de trecho
significativo do acórdão combatido: ‘7. É verdade que, na hipótese
presente, como um dos réus tem foro especial por prerrogativa de função, a
Ação Penal é de competência originária do TRF, inexistindo sentença de Juiz
singular anterior ao julgamento por este Órgão Colegiado. No entanto, tal
situação não afasta a aplicação do entendimento do STF, uma vez que está
encerrada a análise fático-probatória da Ação Penal nº 37/PB, com condenação
por Órgão Colegiado. Precedentes do STJ’. Nesse ponto, cumpre ressaltar
que o duplo grau de jurisdição integra a cláusula do due process of law, a
qual compreende não apenas um conjunto de regras de caráter formal e
substantivo destinado a assegurar a regularidade do processo judicial, mas
também uma garantia material de que ninguém será arbitrariamente privado de
seus direitos e liberdades. Para que isso se concretize, na prática, é
preciso que o sistema legal seja dotado de mecanismos que evitem, o mais
possível, a ocorrência de erros judiciários, sob pena de transformar-se em
letra morta o princípio do devido processo legal. O direito ao reexame
das decisões judiciais configura uma garantia constitucional, de caráter
instrumental, pois, ademais de estar compreendida no postulado do devido
princípio legal, configura axioma conatural ao atingimento dos fins últimos
do próprio Estado de Direito, que se assenta, antes de mais nada, no
princípio da legalidade, que não convive com qualquer tipo de arbítrio,
especialmente de cunho judicial. Os recursos, com efeito, têm uma
finalidade eminentemente política, visto que constituem instrumento de
proteção das liberdades individuais contra o despotismo dos agentes
públicos, em geral, e a própria falibilidade dos magistrados, em particular
Desse modo, não se mostra admissível que a interpretação de normas
infraconstitucionais, notadamente daquelas que integram o Código de Processo
Penal – instrumento cuja finalidade última é proteger o jus libertatis do
acusado diante do jus puniendi estatal – derrogue a competência
constitucional estrita fixada pela Carta Magna aos diversos órgão judicantes
e, mais, permita malferir o consagrado postulado do duplo grau de jurisdição
na esfera criminal, nela abrigado, em distintas ocasiões acolhido, de livre
e espontânea vontade, pelo Brasil, após a promulgação daquela, quando aderiu
sem reservas – que fique claro – ao Pacto de San José da Costa Rica, dentre
outras convenções internacionais de proteção aos direitos humanos”.
Registro, no entanto, que o Eminente Relator do feito Ministro Edson
Fachin, posteriormente negou seguimento à impetração, aplicando ao caso o
entendimento consolidado na Súmula 691. Em seguida, no julgamento do agravo
regimental interposto, a Primeira Turma desta Suprema Corte negou provimento
ao recurso. Não custa recordar, nesta oportunidade, que a proibição do
retrocesso, em matéria de direitos fundamentais, encontra-se expressamente
estampada no art. 30 da Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948,
elaborada sob os auspícios da Organização das Nações Unidas, considerada
pelos especialistas verdadeiro jus cogens em matéria de direito
internacional. No que pertine ao art. 637 do CPP, o qual dispõe ser o
recurso extraordinário desprovido de efeito suspensivo, permito-me rememorar
que, por ocasião do julgamento do HC 84.078/MG, de relatoria do Ministro
Eros Grau, trouxe à colação o ensinamento de três eminentes professores,
titulares de legislação processual, da Universidade de São Paulo, os mestres
Ada Pellegrini Grinover, Antônio Magalhães Filho, Antônio Scarance
Fernandes, de cujas lições selecionei um pequeno trecho: “Para o
processo penal, pode-se afirmar que a interposição, pela defesa, do recurso
extraordinário ou especial, e mesmo do agravo da decisão denegatória, obsta
a eficácia imediata do título condenatório penal, ainda militando em favor
do réu a presunção de não culpabilidade, incompatível com a execução
provisória da pena (ressalvados os casos de prisão cautelar)”. O efeito
suspensivo - diziam aqueles professores e dizem ainda, porque a achega
doutrinária deles sobrevive incólume - dos recursos extraordinários, com
relação à aplicação da pena, deriva da própria Constituição, devendo as
regras da lei ordinária, o art. 637 do CPP, serem revistas à luz da Lei
Maior. Com a devida vênia, ouso manifestar ainda a minha perplexidade
diante da guinada jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal com relação à
prisão antes do trânsito em julgado da sentença condenatória, sobretudo
porque ocorreu logo depois de esta Suprema Corte ter assentado, na ADPF 347
e no RE 592.581/RS, que o sistema penitenciário brasileiro se encontra em
situação falimentar. Naquela ocasião, o STF, de forma uníssona, afirmou
que as prisões do País se encontram num estado de coisas inconstitucional.
Não obstante, poucas sessões depois, decidiu facilitar a entrada de acusados
neste verdadeiro inferno de Dante que é o sistema prisional pátrio. Em
outras palavras, abrandou esse princípio maior da Carta Magna, a presunção
Assinado de inocência,
eletronicamente. que configura
A Certificação verdadeira
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recentes decisões, o Ministro Celso de Mello deferiu o pedido de medida
cautelar nos HC 147.452-MC/MG; HC 147.469-MC/SP; e RHC 129.663-ED-AgR/RS
para suspender a execução provisória da pena, por entender que,
“Assentadas tais premissas, passo a examinar o pedido de medida cautelar
ora formulado nesta sede processual. E, ao fazê-lo, saliento que eminentes
Ministros desta Corte, em diversos processos [...] têm concedido provimentos
cautelares (ou, até mesmo, deferido o próprio writ constitucional) em
situações como aquelas, por exemplo, em que Tribunais de inferior
jurisdição, ao ordenarem a expedição de mandados de prisão, para efeito de
‘execução provisória’, (a) limitam-se a simplesmente mencionar, sem qualquer
fundamentação idônea, os precedentes a que aludi logo no início desta
decisão, ou (b) fazem-no sem que ainda tenha sido esgotada a jurisdição
ordinária, pois pendentes de julgamento embargos de declaração ou embargos
infringentes e de nulidade do julgado (CPP, art. 609, parágrafo único), ou,
ainda, (c) determinam a imediata e antecipada efetivação executória de seu
julgado com transgressão ao postulado que veda a reformatio in pejus, eis
que a ordem de prisão é dada em recursos interpostos unicamente pelo réu
condenado a quem se garantira, anteriormente, sem qualquer impugnação do
Ministério Público, o direito de aguardar em liberdade a conclusão do
processo. O caso ora em análise parece ajustar-se às hipóteses sob (a) e
(c), cabendo destacar, quanto a esse último aspecto, que a colenda Segunda
Turma deste Tribunal, em 08/08/2017, iniciou o julgamento, suspenso por
pedido de vista, de uma ação de habeas corpus (HC 136.720/PB), no qual já se
formou maioria pela concessão da ordem, em que o eminente Relator, Ministro
RICARDO LEWANDOWSKI, propôs o deferimento do writ precisamente em virtude de
violação ao princípio que proíbe a reformatio in pejus, em situação na qual
o Tribunal apontado como coator ordenou a imediata execução antecipada da
pena, fazendo-o, contudo, em recurso exclusivo do réu, a quem se assegurara,
sem qualquer oposição recursal do Ministério Público, o direito de aguardar
em liberdade o desfecho do processo, transgredindo-se, desse modo, postulado
fundamental que conforma e condiciona a atuação do Poder Judiciário (HC
142.012-MC/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI - HC 142.017-MC/DF, Rel. Min.
RICARDO LEWANDOWSKI, v.g.)” (grifos no original). Ademais, menciono que,
mesmo após o julgamento do HC 126.292/SP, o Ministro Marco Aurélio deferiu
liminares para suspender a execução provisória da pena, como pode ser visto
nos HCs 144.712-MC/SP; 145.380-MS/SP; e 146.006-MC/PE. Registro, ainda,
que, no julgamento do HC 142.173/SP, pela Segunda Turma, o Ministro Gilmar
Mendes, Relator do feito, adiantou uma mudança do seu posicionamento,
externado no julgamento do HC 126.292/SP, de relatoria do Ministro Teori
Zavascki, ocasião na qual compôs a maioria, consignando em seu voto que:
“No julgamento do HC 126.292/SP, o Ministro Dias Toffoli votou no
sentido de que a execução da pena deveria ficar suspensa com a pendência de
recurso especial ao STJ, mas não de recurso extraordinário ao STF. Para
fundamentar sua posição, sustentou que a instituição do requisito de
repercussão geral dificultou a admissão do recurso extraordinário em matéria
penal, que tende a tratar de tema de natureza individual e não de natureza
geral ao contrário do recurso especial, que abrange situações mais comuns de
conflito de entendimento entre tribunais. Manifesto, desde já, minha
tendência em acompanhar o Ministro Dias Toffoli no sentido de que a execução
da pena com decisão de segundo grau deve aguardar o julgamento do recurso
especial pelo STJ. Assinalo também minha preocupação com a decretação da
prisão preventiva, de modo padronizado, sem que o magistrado aponte
concretamente a necessidade da medida extrema. Registro também que o
STF, com o julgamento do HC 126.292/SP, não legitimou toda e qualquer prisão
decorrente de condenação de segundo grau. Nós admitimos que será permitida a
prisão a partir da decisão de 2º grau, mas não dissemos que ela é
obrigatória. Evidenciado o constrangimento ilegal, em razão da ausência
de demonstração da imprescindibilidade da medida extrema, esta Corte deverá
invalidar a ordem de prisão expedida” (grifei). Em momento posterior, o
Ministro Gilmar Mendes, confirmando a evolução previamente anunciada,
deferiu a liminar no HC 146.815-MC/MG, suspendendo a execução provisória da
pena. Por fim, cumpre registrar que na sentença de primeiro grau
determinou-se "aos réus o direito de recorrerem [...] em liberdade, uma vez
que, a despeito da gravidade dos delitos praticados, não se encontram
segregados provisoriamente pelo presente feito, pois ausentes os
pressupostos da prisão preventiva" (pág. 17 do documento eletrônico 2).
E, no acórdão, o recurso dos réus foi conhecido e parcialmente provido
para afastar a pena de multa, sendo o do Parquet também parcialmente
provido, apenas para “decretar a perda do cargo público de auditor
tributário do primeiro e da segunda apelantes e para estabelecer o regime
semiaberto de cumprimento da pena privativa de liberdade a todos os réus”
(pág. 8 do documento eletrônico 4). Com efeito, ficou consignado no
dispositivo da sentença que, sem a decretação da custódia cautelar, o
paciente poderia apelar em liberdade – comando que, a meu ver, não pode ser
interpretado restritivamente, impedindo, por conseguinte, que o magistrado
de primeiro grau determine sua prisão depois de julgado o recurso de
apelação, sem que o titular da ação penal incondicionada recorresse nesse
sentido. Registre-se, também, que a antecipação do cumprimento da pena,
em qualquer grau de jurisdição, somente pode ocorrer mediante um
Assinado pronunciamento específico
eletronicamente. A Certificação e fundamentado
Digital pertence a: Marcelo Leal deque
Lima demonstre, à saciedade, e com
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base em elementos concretos, a necessidade da custódia cautelar. Assim,
verificando que o caso em espécie se assemelha àquele tratado no HC
140.217/DF, bem como nos HC’s 135.951/DF, 142.012/DF e 142.017/DF, todos de
minha relatoria, entendo que ocorreu a formação da coisa julgada do direito
de o paciente recorrer em liberdade. Por essas razões, constatada a
excepcionalidade da situação em análise faz necessária a suspensão da
execução da pena imposta ao paciente. Isso posto, tendo em conta que a
conclusão a que chego neste habeas corpus em nada conflita com as decisões
majoritárias desta Suprema Corte, acima criticadas, com o respeito de praxe,
confirmando as liminares, concedo a ordem de habeas corpus (art. 192, caput,
do RISTF), para que os pacientes possam aguardar, em liberdade, o trânsito
em julgado da sentença penal condenatória proferida no Processo
2005.01.1.064173-9, sem prejuízo da manutenção ou fixação, pelo juízo
processante, de uma ou mais de uma das medidas cautelares previstas no art.
319 do Código de Processo Penal, caso entenda necessário. Comunique-se
com urgência. Expeça-se alvará de soltura clausulado. Publique-se.
Brasília, 14 de novembro de 2017. Ministro Ricardo Lewandowski Relator

fim do documento

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Decisões Monocráticas

HC 142012 MC / DF - DISTRITO FEDERAL


MEDIDA CAUTELAR NO HABEAS CORPUS
Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI
Julgamento: 26/04/2017

Publicação

PROCESSO ELETRÔNICO
DJe-088 DIVULG 27/04/2017 PUBLIC 28/04/2017

Partes

PACTE.(S) : LUIZ CARLOS SANTIAGO PAPA


IMPTE.(S) : BRUNO RODRIGUES
COATOR(A/S)(ES) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
ADV.(A/S) : SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS

Decisão
Trata-se de habeas corpus, com pedido de liminar, impetrado em favor de Luiz
Carlos Santiago Papa, contra o acórdão proferido pela Sexta Turma do
Superior Tribunal de Justiça - STJ, que negou provimento ao AgR no RHC
71.578/DF, de relatoria do Ministro Antonio Saldanha Palheiro. Inicialmente,
o impetrante narra que o paciente “[...] respondeu à Ação Penal n.
2005.01.1.068173-4, perante o Juízo da 03ª Vara Criminal da Circunscrição
Judiciária de Brasília/DF, pela suposta prática do delito previsto no art.
3º, inc. II c/c art. 11 da Lei n. 8.137/1990, na forma do art. 71 do Código
Penal. Foi condenado em 1ª Instância à pena de 03 (três) anos e 09 (nove)
meses de reclusão, constando expressamente na sentença penal condenatória
que as consequências da condenação estavam condicionadas ao trânsito em
julgado da referida sentença […]. [...] O Paciente interpôs recurso de
apelação, o qual teve parcial provimento, mantida, porém, a condenação pelo
Egrégio TJDFT. O MPDFT também recorreu, todavia não se insurgiu contra a
cláusula expressa estabelecida na sentença de 1º grau no sentido de que
somente após o trânsito em julgado é que se deveria expedir a respectiva
carta de guia para execução. Julgadas as apelações das partes, a pena do
Paciente restou fixada em 04 (quatro) anos e 01 (um) mês de reclusão. Foram
interpostos os respectivos recursos especial e extraordinário. O recurso
especial foi admitido pela presidência do TJDFT. Inadmitido o recurso
extraordinário, foi apresentado agravo” (págs. 4-5 do documento eletrônico
1; grifos no original). Indica que, “[E]mbora não tendo ocorrido o trânsito
em julgado da sentença penal condenatória – condição expressamente
estabelecida no caso concreto para o início da execução da pena – o MM Juízo
de 1º grau, empolgado com as recentes decisões do STF sobre a possibilidade
de cumprimento de pena imediatamente ao julgamento em 02º grau de
jurisdição, proferiu decisão determinando a expedição de ordem de prisão em
desfavor do ora Paciente […]” (pág. 6 do documento eletrônico 1). Ademais,
informa que impetrou habeas corpus no Tribunal de Justiça do Distrito
Federal e dos Territórios – TJDFT, o qual “[…] respaldou a manifesta
ilegalidade perpetrada na decisão proferida pelo juízo de 1º Grau, que
incorreu, na prática, em reformatio in pejus, ante a cláusula expressa da
sentença condenatória – contra a qual o MPDFT não recorreu – condicionando o
início da execução da pena a trânsito em julgado” (pág. 11 do documento
eletrônico 1; grifos no original). Contra a referida decisão, apresentou
recurso ordinário em habeas corpus, ao qual foi negado provimento pelo
Ministro Relator. A decisão foi confirmada no julgamento do agravo
regimental. Contra a decisão do STJ é o presente writ, dirigido a este
Tribunal, no qual a defesa pede a concessão da liminar para determinar a
“sustação da ordem de expedição de guia de execução provisória e mandado de
prisão em desfavor do Paciente nos autos do processo n. 2005.01.1.068173-4”
(pág. 28 do documento eletrônico 1). No mérito, requer a concessão da ordem
para “[...] que se respeite a cláusula constante da sentença de primeiro
grau estabelecendo expressamente que a expedição de guia de execução e de
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mandado de prisão somente poderiam ocorrer após o trânsito em julgado da
sentença penal condenatória, com esgotamento de todos os recursos, bem assim
que se assegure a aplicação do disposto no art. 105 da Lei de Execuções
Penais” (pág. 29 do documento eletrônico 1). É o relatório. Decido o pedido
de liminar. Bem examinados os autos, tenho que o caso é de deferimento do
pleito de urgência. A concessão de liminar em habeas corpus se dá de forma
excepcional, nas hipóteses em que se demonstre, de modo inequívoco, dada a
natureza do próprio pedido, a presença dos requisitos autorizadores da
medida. Na análise que se faz possível nesta fase processual, entendo
estarem presentes tais requisitos. Com efeito, menciono que, nos autos do HC
140.217/DF, de minha relatoria, deferi medida liminar para suspender a
execução provisória da pena de indivíduo, em caso análogo, por constatar a
excepcionalidade daquela situação, utilizando os seguintes fundamentos: “A
impetração funda-se na suposta violação da coisa julgada de parte da
sentença condenatória que teria assegurado ao paciente o direito de recorrer
em liberdade. Alega-se, dessa forma, que, como esse aspecto não foi objeto
de recurso por parte do Ministério Público, e, portanto, na segunda
instância, o paciente teria direito de recorrer em liberdade, porquanto tal
situação implicaria a formação da coisa julgada no ponto. É que, na
sentença, determinou-se ‘aos réus o direito de recorrerem [...] em
liberdade, uma vez que, a despeito da gravidade dos delitos praticados, não
se encontram segregados provisoriamente pelo presente feito, pois ausentes
os pressupostos da prisão preventiva’ (pág. 17 do documento eletrônico 2).
E, no acórdão, o recurso dos réus foi conhecido e parcialmente provido para
afastar a pena de multa, sendo o do Parquet também parcialmente provido,
apenas para “decretar a perda do cargo público de auditor tributário do
primeiro e da segunda apelantes e para estabelecer o regime semiaberto de
cumprimento da pena privativa de liberdade a todos os réus” (pág. 8 do
documento eletrônico 4). Em seguida, o Ministério Público, tendo em conta a
decisão deste Tribunal no julgamento do HC 126.292/SP, Rel. Ministro Teori
Zavascki – que afirmou a possibilidade do início da execução da pena após
condenação em segunda instância –, entendeu haver razão para peticionar ao
juízo de primeiro grau e requerer a prisão do paciente, no que foi atendido.
Vê-se, portanto, que a situação dos autos é teratológica, uma vez que, em
decorrência de uma petição incidental do Parquet, o juízo utilizou-se de uma
forma imprópria para modificar a fundamentação do acórdão, valendo-se de
expediente não agasalhado pela legislação processual penal, o que configura,
mutatis mutandis, uma reformatio in pejus, vedada pelo art. 617 do Código de
Processo Penal . Com efeito, tal capítulo da sentença não foi objeto de
reforma pelo Tribunal de Justiça, não havendo falar, agora, em possibilidade
de alterar-se uma decisão judicial, ainda pendente de recurso nos tribunais
superiores, sem que tal se dê pela via processual apropriada, pela simples
razão de o Supremo Tribunal ter alterado a sua jurisprudência no tocante ao
tema da execução provisória da pena, ainda não confirmada em julgamento de
mérito pelo Plenário - cumpre registrar - de modo a dotá-lo de efeito erga
omnes e força vinculante. Para prender um cidadão é preciso mais do que o
simples acatamento de uma petição ministerial protocolada em primeiro grau,
sobretudo quando estão em jogo valores essenciais à própria existência do
Estado Democrático de Direito como a liberdade e o devido processo legal. A
determinação de que a condenação seria executada apenas após o trânsito em
julgado faz parte das decisões pretorianas prolatadas em primeiro e segundo
graus de jurisdição, as quais em nenhum momento foram atacadas, no ponto,
pelos meios processuais adequados. Trânsito em julgado difere
substancialmente – como é óbvio – de julgamento em segundo grau. A vontade
do magistrado singular e dos juízes que integraram o colegiado recursal
manifestaram, explícita e também implicitamente, a vontade de que a primeira
das duas hipóteses regesse a eventual prisão do paciente. A antecipação do
cumprimento da pena, no caso singular sob exame, somente poderia ocorrer
mediante um pronunciamento específico e justificado que demonstrasse, à
saciedade, e com base em elementos concretos, a necessidade da custódia
cautelar”. Posteriormente, em 28/3/2017, deferi a medida liminar no HC
135.951/DF, também em tudo semelhante, impetrado em favor do ora paciente.
Observo que naqueles casos, assim como aqui, a matéria de fundo diz respeito
à suposta violação da coisa julgada de parte da sentença condenatória que
teria assegurado ao paciente o direito de recorrer em liberdade. Isso
porque, como pode se ver, no dispositivo da sentença, ficou consignado que
os acusados, dentre eles o ora paciente, responderam ao processo em
liberdade e, “estando encerrada a instrução e não havendo notícia de mudança
na situação fática, ausentes, pois, os requisitos ensejadores da segregação
de natureza cautelar, CONCEDO AOS ACUSADOS O DIREITO DE RECORRER EM
LIBERDADE, salvo se por outro motivo houverem de ser recolhidos” (pág. 36 do
documento eletrônico 7; grifos no original). Deve ser ressaltado que a
sentença condenatória assegurou ao paciente o direito de recorrer em
liberdade, de modo que, como esse aspecto não foi objeto de recurso por
parte do Ministério Público, o paciente tem o direito de recorrer em
liberdade, porquanto tal situação implicaria a formação da coisa julgada no
ponto. Além disso, no acórdão, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e
dos Territórios, apesar de dar parcial provimento às apelações dos réus e do
Ministério Público (documento eletrônico 8), sequer tratou da parte do
Assinado dispositivo
eletronicamente. A da sentença
Certificação Digital que garantiu
pertence ao de
a: Marcelo Leal paciente o - direito
Lima Oliveira Advogado de permanecer em Num. 10536635 - Pág. 13
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liberdade durante a fase recursal. Ocorre que o Ministério Público, levando
em consideração a decisão deste Tribunal no julgamento do HC 126.292/SP, de
relatoria do Ministro Teori Zavascki – que afirmou a possibilidade do início
da execução da pena após condenação em segunda instância, peticionou ao
juízo de primeiro grau requerendo a prisão do paciente, no que foi atendido
(documento eletrônico 13). Vê-se, portanto, assim como constatei nos autos
dos HC’s 135.951/DF e 140.217/DF, que a situação dos autos também é
teratológica, uma vez que, em decorrência de uma petição incidental do
Parquet, o juízo da 3ª Vara Criminal de Brasília utilizou-se de uma forma
imprópria para modificar a fundamentação do acórdão, valendo-se de
expediente não agasalhado pela legislação processual penal, o que configura,
mutatis mutandis, uma reformatio in pejus, vedada pelo art. 617 do Código de
Processo Penal. Com efeito, tal capítulo da sentença não foi objeto de
reforma pelo Tribunal de Justiça local, não havendo falar, agora, em
possibilidade de alterar-se uma decisão judicial, ainda pendente de recurso
nos tribunais superiores, sem que tal se dê pela via processual apropriada,
pela simples razão de o Supremo Tribunal ter alterado a sua jurisprudência
no tocante ao tema da execução provisória da pena, ainda não confirmada em
julgamento de mérito pelo Plenário - cumpre registrar - de modo a dotá-lo de
efeito erga omnes e força vinculante. Para prender um cidadão é preciso mais
do que o simples acatamento de uma petição ministerial protocolada em
primeiro grau, sobretudo quando estão em jogo valores essenciais à própria
existência do Estado Democrático de Direito, como a liberdade e o devido
processo legal. A determinação de que a condenação seria executada apenas
após o trânsito em julgado faz parte das decisões pretorianas prolatadas em
primeiro e segundo graus de jurisdição, as quais em nenhum momento foram
atacadas, no ponto, pelos meios processuais adequados. Trânsito em julgado
difere substancialmente – como é óbvio – de julgamento em segundo grau. A
vontade do magistrado singular e dos juízes que integraram o colegiado
recursal manifestaram, explícita e também implicitamente, a vontade de que a
primeira das duas hipóteses regesse a eventual prisão do paciente. A
antecipação do cumprimento da pena, no caso singular sob exame, somente
poderia ocorrer mediante um pronunciamento específico e justificado que
demonstrasse, satisfatoriamente, e com base em elementos concretos, a
necessidade da custódia cautelar. Assim, da análise dos autos, verificando
que o caso se assemelha em tudo àqueles tratados nos HC’s 135.951/DF e
140.217/DF, entendo aplicáveis aqui os mesmos fundamentos por mim adotados
nos referidos precedentes. Por essas razões, constatada a excepcionalidade
da situação em análise, defiro a medida liminar para que seja suspensa a
execução da pena determinada nos autos da Ação Penal 2005.01.1.068173-4, em
trâmite na 3ª Vara Criminal de Brasília, até que o mérito deste habeas
corpus seja julgado pelo colegiado competente. Comunique-se, com urgência,
ao Juízo da 3ª Vara Criminal de Brasília, requisitando-lhe informações.
Após, ouça-se a Procuradoria-Geral da República. Publique-se. Brasília, 26
de abril de 2017. Ministro Ricardo Lewandowski Relator

Legislação

LEG-FED DEL-002848 ANO-1940


ART-00071
CP-1940 CÓDIGO PENAL
LEG-FED LEI-007210 ANO-1984
ART-00105
LEP-1984 LEI DE EXECUÇÃO PENAL
LEG-FED LEI-008137 ANO-1990
ART-00003 INC-00002 ART-00011
LEI ORDINÁRIA

Observação

26/02/2018
Legislação feita por:(NLS).

fim do documento

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Decisões Monocráticas

HC 147428 / MG - MINAS GERAIS


HABEAS CORPUS
Relator(a): Min. CELSO DE MELLO
Julgamento: 04/10/2017

Publicação

PROCESSO ELETRÔNICO
DJe-231 DIVULG 06/10/2017 PUBLIC 09/10/2017

Partes

PACTE.(S) : THIAGO FELIPHE MONTEIRO LOPES DA SILVA


IMPTE.(S) : IGOR LIMA COUY
COATOR(A/S)(ES) : RELATORA DO HC Nº 412.332 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Decisão
EMENTA: A QUESTÃO DA EXECUÇÃO PROVISÓRIA DE CONDENAÇÕES PENAIS NÃO
TRANSITADAS EM JULGADO. INTERPRETAÇÃO DO ART. 5º, INCISO LVII, DA
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. EXIGÊNCIA CONSTITUCIONAL DE PRÉVIO E EFETIVO
TRÂNSITO EM JULGADO DA CONDENAÇÃO CRIMINAL COMO REQUISITO LEGITIMADOR DA
EXECUÇÃO DA PENA. DIREITO COMPARADO: ITÁLIA E PORTUGAL, CUJAS CONSTITUIÇÕES
SOMENTE FAZEM CESSAR A PRESUNÇÃO “JURIS TANTUM” DE INOCÊNCIA COM O ADVENTO
DE SENTENÇA CONDENATÓRIA IRRECORRÍVEL. DISSENSO INTERNO REGISTRADO NO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. POSSÍVEL ALTERAÇÃO DE RECENTE DIRETRIZ
JURISPRUDENCIAL QUE SE FORMOU, NESTA CORTE, POR EXÍGUA MAIORIA (6 VOTOS A
5). POSIÇÃO DO RELATOR (MINISTRO CELSO DE MELLO), INTEGRANTE DA CORRENTE
MINORITÁRIA, QUE ENTENDE NECESSÁRIO O PRÉVIO E EFETIVO TRÂNSITO EM JULGADO
DA CONDENAÇÃO CRIMINAL, PARA EFEITO DE SUA EXECUÇÃO DEFINITIVA (LEP, arts.
105 e 147; CP, art. 50; CPPM, arts. 592, 594 e 604). INADMISSIBILIDADE DE
ANTECIPAÇÃO FICTA DO TRÂNSITO EM JULGADO, QUE CONSTITUI NOÇÃO INEQUÍVOCA EM
MATÉRIA PROCESSUAL. A IMPOSSIBILIDADE CONSTITUCIONAL DE EXECUÇÃO PROVISÓRIA
DA PENA, CONTUDO, NÃO IMPEDE O JUDICIÁRIO, COM APOIO EM SEU PODER GERAL DE
CAUTELA, DE DECRETAR PRISÃO CAUTELAR DO INVESTIGADO OU DO RÉU, SEJA NO
ÂMBITO DE INQUÉRITO POLICIAL, SEJA NO CURSO DO PROCESSO JUDICIAL, SEJA,
AINDA, APÓS SENTENÇA CONDENATÓRIA RECORRÍVEL. A UTILIZAÇÃO DA PRISÃO
CAUTELAR, SEMPRE POSSÍVEL, ATUA COMO IMPORTANTE INSTRUMENTO DE DEFESA
SOCIAL, REVELANDO-SE APTA A NEUTRALIZAR PRÁTICAS CRIMINOSAS QUE SE REGISTREM
NO SEIO DA COLETIVIDADE. CONCESSÃO, NO CASO, DA ORDEM DE “HABEAS CORPUS”
SUSPENSIVA DE EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA CONDENAÇÃO CRIMINAL DO PACIENTE, EM
RAZÃO DE 02 (DOIS) MOTIVOS JURIDICAMENTE RELEVANTES: (a) AUSÊNCIA, NO ATO
DECISÓRIO QUE DETERMINOU O INÍCIO DA EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA, DE
FUNDAMENTAÇÃO, IDÔNEA E ADEQUADA, EXIGIDA PELA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA
(ART. 93, IX) E (b) OFENSA AO PRINCÍPIO QUE VEDA A “REFORMATIO IN PEJUS”
(CPP, ART. 617, “in fine”), POIS O TRIBUNAL DE INFERIOR JURISDIÇÃO ORDENOU
QUE SE PROCEDESSE, EM PRIMEIRO GRAU, À IMEDIATA EXECUÇÃO ANTECIPADA DA PENA,
NÃO OBSTANTE ESSE COMANDO HOUVESSE SIDO DETERMINADO EM RECURSO EXCLUSIVO DO
RÉU CONDENADO, A QUEM SE ASSEGURARA, NO ENTANTO, EM MOMENTO ANTERIOR, SEM
IMPUGNAÇÃO RECURSAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO, O DIREITO DE AGUARDAR EM
LIBERDADE A CONCLUSÃO DO PROCESSO. EXISTÊNCIA, NO SENTIDO DA PRESENTE
DECISÃO, DE DIVERSOS OUTROS ATOS DECISÓRIOS PROFERIDOS NO ÂMBITO DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL. PEDIDO DEFERIDO. DECISÃO: Trata-se de “habeas corpus”
impetrado contra decisão monocrática que, emanada de eminente Ministra do E.
Superior Tribunal de Justiça em sede de outra ação de “habeas corpus” ainda
em curso (HC 412.332/MG), indeferiu pleito cautelar que lhe havia sido
requerido em favor do ora paciente, por entender legítima a “execução
provisória” da condenação penal ainda recorrível proferida ou confirmada por
Tribunal de segunda instância, apoiando-se, para tanto, em precedente desta
Suprema Corte. Busca-se, nesta sede processual, seja garantido ao ora
paciente o direito de estar em liberdade. Registro que, em juízo de estrita
delibação, deferi o pedido de medida liminar formulado nestes autos, por
vislumbrar plausibilidade jurídica na pretensão deduzida pela parte
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14/03/2018 Pesquisa de Jurisprudência :: STF - Supremo Tribunal Federal
impetrante. O Ministério Público Federal, em pronunciamento da lavra do
ilustre Subprocurador-Geral da República Dr. EDSON OLIVEIRA DE ALMEIDA,
opinou pela denegação da ordem de “habeas corpus”. Sendo esse o quadro,
passo a apreciar a admissibilidade do presente “writ”. E, ao fazê-lo, devo
observar que ambas as Turmas do Supremo Tribunal Federal firmaram orientação
no sentido da incognoscibilidade desse remédio constitucional, quando
ajuizado, como no caso em análise, em face de decisão monocrática proferida
por Ministro de Tribunal Superior da União (HC 116.875/AC, Rel. Min. CÁRMEN
LÚCIA – HC 117.346/SP, Rel. Min. CÁRMEN LÚCIA – HC 117.798/SP, Rel. Min.
RICARDO LEWANDOWSKI – HC 118.189/MG, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC
119.821/TO, Rel. Min. GILMAR MENDES – HC 121.684-AgR/SP, Rel. Min. TEORI
ZAVASCKI – HC 122.381-AgR/SP, Rel. Min. DIAS TOFFOLI – HC 122.718/SP, Rel.
Min. ROSA WEBER – RHC 114.737/RN, Rel. Min. CÁRMEN LÚCIA – RHC 114.961/SP,
Rel. Min. DIAS TOFFOLI, v.g.): “’HABEAS CORPUS’. CONSTITUCIONAL. PENAL.
DECISÃO MONOCRÁTICA QUE NEGOU SEGUIMENTO A RECURSO ESPECIAL. SUPRESSÃO DE
INSTÂNCIA. IMPETRAÇÃO NÃO CONHECIDA. I – (…) verifica-se que a decisão
impugnada foi proferida monocraticamente. Desse modo, o pleito não pode ser
conhecido, sob pena de indevida supressão de instância e de extravasamento
dos limites de competência do STF descritos no art. 102 da Constituição
Federal, o qual pressupõe seja a coação praticada por Tribunal Superior.
…...................................................................................................
III – ‘Writ’ não conhecido.” (HC 118.212/MG, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI –
grifei) Esta Suprema Corte, como se vê dos precedentes acima referidos,
compreende que a cognoscibilidade da ação de “habeas corpus” supõe a
existência de decisão colegiada da Corte Superior apontada como coatora,
situação inocorrente na espécie. Tenho respeitosamente dissentido, em
caráter pessoal, dessa diretriz jurisprudencial, por nela vislumbrar grave
restrição ao exercício do remédio constitucional do “habeas corpus”. Não
obstante a minha posição pessoal, venho observando, em recentes julgamentos,
essa orientação restritiva, hoje consolidada na jurisprudência da Corte, em
atenção ao princípio da colegialidade. Assinalo, no entanto, que, mesmo em
impetrações deduzidas contra decisões monocráticas de Ministros de outros
Tribunais Superiores da União, a colenda Segunda Turma do Supremo Tribunal
Federal, ainda que não conhecendo do “writ” constitucional, tem concedido,
“ex officio”, a ordem de “habeas corpus”, quando se evidencie patente a
situação caracterizadora de injusto gravame ao “status libertatis” do
paciente (HC 118.560/SP, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI, v.g.). Por tal
razão, examino a matéria veiculada neste “writ”. E, ao fazê-lo, entendo que
a análise objetiva das razões invocadas na presente impetração revela ser
inquestionável o relevo jurídico da pretensão deduzida pelo impetrante.
Cumpre rememorar que o Supremo Tribunal Federal consagrou diretriz que –
resultante de julgamentos efetuados, em sede cautelar, no âmbito de
processos objetivos de fiscalização concentrada de constitucionalidade (ADC
43-MC/DF, Rel. Min. MARCO AURÉLIO – ADC 44-MC/DF, Rel. Min. MARCO AURÉLIO) –
culminou no reconhecimento da existência de repercussão geral relativa à
questão jurídico-constitucional pertinente à legitimidade da execução
provisória de sentença condenatória criminal (ARE 964.246-RG/SP, Rel. Min.
TEORI ZAVASCKI). Ao participar dos julgamentos que consagraram os
precedentes referidos, integrei a corrente minoritária, por entender que a
tese da execução provisória de condenações penais ainda recorríveis
transgride, de modo frontal, a presunção constitucional de inocência, que só
deixa de subsistir ante o trânsito em julgado (que não pode ser fictício) da
decisão condenatória (CF, art. 5º, LVII). Acentuei, então, que eventual
inefetividade da jurisdição penal ou do sistema punitivo motivada pela
prodigalização de meios recursais, culminando por gerar no meio social a
sensação de impunidade, não pode ser atribuída à declaração constitucional
do direito fundamental de ser presumido inocente, pois não é essa
prerrogativa básica que frustra o sentimento de justiça dos cidadãos ou que
provoca qualquer crise de funcionalidade do aparelho judiciário. Na
realidade, a solução dessa questão há de ser encontrada na reformulação do
sistema processual e na busca de meios que, adotados pelo Poder Legislativo,
confiram maior coeficiente de racionalidade ao modelo recursal, mas não,
como se decidiu, na inaceitável desconsideração de um dos direitos
fundamentais a que fazem jus os cidadãos desta República fundada no conceito
de liberdade e legitimada pelo princípio democrático. A posição que
prevaleceu naqueles julgamentos reflete – segundo entendo – preocupante
inflexão hermenêutica, de índole regressista, em torno do pensamento
jurisprudencial desta Suprema Corte no plano sensível dos direitos e
garantias individuais, retardando, em minha percepção, o avanço de uma
significativa agenda judiciária concretizadora das liberdades fundamentais
em nosso País. O fato incontestável no domínio da presunção constitucional
de inocência reside na circunstância de que nenhuma execução de condenação
criminal em nosso País, mesmo se se tratar de simples pena de multa, pode
ser implementada sem a existência do indispensável título judicial
definitivo, resultante, como sabemos, do necessário trânsito em julgado da
sentença penal condenatória. Antes desse momento – é preciso advertir –, o
Estado não pode tratar os indiciados ou os réus como se culpados fossem. A
presunção de inocência impõe, desse modo, ao Poder Público um dever de
tratamento que não pode ser desrespeitado por seus agentes e autoridades,
Assinado como vinha Aacentuando,
eletronicamente. em
Certificação Digital sucessivos
pertence julgamentos,
a: Marcelo Leal de Lima Oliveira esta Corte Suprema (HC
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96.095/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO – HC 121.929/TO, Rel. Min. ROBERTO
BARROSO – HC 124.000/SP, Rel. Min. MARCO AURÉLIO – HC 126.846/SP, Rel. Min.
TEORI ZAVASCKI – HC 130.298/SP, Rel. Min. GILMAR MENDES, v.g.): “(…) O
POSTULADO CONSTITUCIONAL DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA IMPEDE QUE O ESTADO
TRATE, COMO SE CULPADO FOSSE, AQUELE QUE AINDA NÃO SOFREU CONDENAÇÃO PENAL
IRRECORRÍVEL. – A prerrogativa jurídica da liberdade – que possui extração
constitucional (CF, art. 5º, LXI e LXV) – não pode ser ofendida por
interpretações doutrinárias ou jurisprudenciais que, fundadas em preocupante
discurso de conteúdo autoritário, culminam por consagrar, paradoxalmente, em
detrimento de direitos e garantias fundamentais proclamados pela
Constituição da República, a ideologia da lei e da ordem. Mesmo que se trate
de pessoa acusada da suposta prática de crime hediondo, e até que sobrevenha
sentença penal condenatória irrecorrível, não se revela possível – por
efeito de insuperável vedação constitucional (CF, art. 5º, LVII) – presumir-
lhe a culpabilidade. Ninguém pode ser tratado como culpado, qualquer que
seja a natureza do ilícito penal cuja prática lhe tenha sido atribuída, sem
que exista, a esse respeito, decisão judicial condenatória transitada em
julgado. O princípio constitucional da presunção de inocência, em nosso
sistema jurídico, consagra, além de outras relevantes consequências, uma
regra de tratamento que impede o Poder Público de agir e de se comportar, em
relação ao suspeito, ao indiciado, ao denunciado ou ao réu, como se estes já
houvessem sido condenados, definitivamente, por sentença do Poder
Judiciário. Precedentes.” (HC 93.883/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO) Acho
importante destacar, com vênia à corrente majoritária que se formou nesta
Corte, que a presunção de inocência não se esvazia progressivamente, à
medida em que se sucedem os graus de jurisdição. Isso significa, portanto,
que, mesmo confirmada a condenação penal por um Tribunal de segunda
instância, ainda assim subsistirá, segundo entendo, em favor do sentenciado,
esse direito fundamental, que só deixará de prevalecer – repita-se – com o
trânsito em julgado da sentença penal condenatória, como claramente
estabelece, em texto inequívoco, a Constituição da República. São essas as
razões que me levaram, em voto vencido, a sustentar a tese segundo a qual a
execução provisória (ou prematura) da sentença penal condenatória revela-se
frontalmente incompatível com o direito fundamental do réu de ser presumido
inocente até que sobrevenha o trânsito em julgado de sua condenação
criminal, tal como expressamente assegurado pela própria Constituição da
República (CF, art. 5º, LVII). Cumpre assinalar que, em sede de direito
comparado, a exigência de prévio trânsito em julgado da condenação criminal,
como requisito legitimador da execução da pena, não traduz singularidade nem
configura idiossincrasia do constitucionalismo brasileiro, pois a
Constituição da República Italiana de 1947 (art. 27) e a Constituição da
República Portuguesa de 1976 (art. 32, n. 2) também estabelecem que a
presunção de inocência (tal como ocorre na Constituição brasileira de 1988)
somente cessará após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória.
Com efeito, a Constituição italiana prescreve que “L’imputato non è
considerato colpevole sino alla condanna definitiva” (art. 27), enquanto a
Lei Fundamental portuguesa dispõe que “Todo o arguido se presume inocente
até ao trânsito em julgado da sentença de condenação (…)” (art. 32, n. 2).
Cabe observar, de outro lado, que a corrente minoritária por mim integrada –
não obstante entenda que a execução da pena somente se legitima com o
trânsito em julgado (que há de ser real) da condenação criminal, como
determina a própria Constituição da República (art. 5º, inciso LVII) e
dispõe a legislação ordinária (LEP, arts. 105 e 147; CP, art. 50; CPPM,
arts. 592, 594 e 604) – não afasta a possibilidade de o magistrado (ou o
Tribunal) competente decretar a prisão cautelar da pessoa sob persecução
penal, quer durante a fase do inquérito policial, quer no curso de processo
judicial, quer, ainda, após a prolação de sentença condenatória recorrível,
desde que atendidos, de um lado, os pressupostos e indicados, de outro, os
fundamentos concretos referidos pelo art. 312 do Código de Processo Penal.
Vê-se, portanto, que a impossibilidade constitucional de execução provisória
da pena não impede que o Judiciário, com apoio em seu poder geral de
cautela, venha a decretar, contra o investigado ou o réu, a prisão cautelar,
qualquer que seja a sua modalidade (prisão temporária, prisão preventiva,
prisão decorrente de decisão de pronúncia ou prisão motivada por sentença
condenatória recorrível), sem se falar na ocorrência de eventual prisão em
flagrante, que independe de ordem judicial (CF, art. 5º, inciso LXI; CPP,
art. 301), a significar, desse modo, que o ordenamento positivo, ao
instituir em favor do Estado instrumentos de tutela cautelar penal, torna
admissível a utilização, pelo Poder Público e por seus agentes, de
importantes meios de defesa social, cuja eficácia terá o condão de
neutralizar condutas delinquenciais lesivas ao interesse da coletividade,
que não ficará exposta, assim, a práticas criminosas que se registrem em seu
âmbito. Em uma palavra: o sistema jurídico brasileiro, ao disciplinar o
instituto da tutela cautelar penal, outorga ao Estado poderosos instrumentos
que legitimam a adoção de medidas privativas de liberdade, como as diversas
espécies de prisão cautelar, cuja efetivação independe do trânsito em
julgado de eventual condenação criminal, considerada a circunstância –
juridicamente relevante – de que o magistrado dispõe, para tanto, do poder
geral de cautela. É que a prisão cautelar (“carcer ad custodiam”) não se
Assinado confunde com
eletronicamente. a prisão
A Certificação penal
Digital (“carcer
pertence ad de
a: Marcelo Leal poenam”),
Lima Oliveira que exige, esta sim,
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considerado o disposto na declaração constitucional de direitos inscrita em
nossa Carta Política (art. 5º, inciso LVII), o efetivo trânsito em julgado
da sentença penal condenatória. Assentadas tais premissas, passo a examinar
o pedido ora formulado nesta sede processual. E, ao fazê-lo, saliento que
eminentes Ministros desta Corte, em diversos processos (HC 135.951-MC/DF,
Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 137.494-AgR/DF, Rel. Min. RICARDO
LEWANDOWSKI – HC 140.217-MC/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 142.162-
MC/BA, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 144.712-MC/SP, Rel. Min. MARCO
AURÉLIO – HC 144.908-MC/RS, Rel. Min RICARDO LEWANDOWSKI – HC 145.380- -
MC/SP, Rel. Min. MARCO AURÉLIO – HC 145.560/SP, Rel. Min. RICARDO
LEWANDOWSKI – HC 145.856-MC/SP, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 145.953-
MC/RJ, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 146.006-MC/PE, Rel. Min. MARCO
AURÉLIO, v.g.), têm concedido provimentos cautelares (ou, até mesmo,
deferido o próprio “writ” constitucional) em situações como aquelas, por
exemplo, em que Tribunais de inferior jurisdição, ao ordenarem a expedição
de mandados de prisão, para efeito de “execução provisória”, (a) limitam-se
a simplesmente mencionar, sem qualquer fundamentação idônea, os precedentes
a que aludi logo no início desta decisão, ou (b) fazem-no sem que ainda
tenha sido esgotada a jurisdição ordinária, pois pendentes de julgamento
embargos de declaração ou embargos infringentes e de nulidade do julgado
(CPP, art. 609, parágrafo único), ou, ainda, (c) determinam a imediata e
antecipada efetivação executória de seu julgado com transgressão ao
postulado que veda a “reformatio in pejus”, eis que a ordem de prisão é dada
em recursos interpostos unicamente pelo réu condenado a quem se garantira,
anteriormente, sem qualquer impugnação do Ministério Público, o direito de
aguardar em liberdade a conclusão do processo. O caso ora em análise ajusta-
se às hipóteses sob (a) e (c), cabendo destacar, quanto a este último
aspecto, que a colenda Segunda Turma deste Tribunal, em 08/08/2017, iniciou
o julgamento, suspenso por pedido de vista, de uma ação de “habeas corpus”
(HC 136.720/PB), no qual já se formou maioria pela concessão da ordem, em
que o eminente Relator, Ministro RICARDO LEWANDOWSKI, propôs o deferimento
do “writ” precisamente em virtude de violação ao princípio que proíbe a
“reformatio in pejus”, em situação na qual o Tribunal apontado como coator
ordenou a imediata execução antecipada da pena, fazendo-o, contudo, tal como
sucede na espécie ora em exame, em recurso exclusivo do réu, a quem se
assegurara, sem qualquer oposição recursal do Ministério Público, o direito
de aguardar em liberdade o desfecho do processo, transgredindo-se, desse
modo, postulado fundamental que conforma e condiciona a atuação do Poder
Judiciário (HC 142.012-MC/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 142.017-
MC/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI, v.g.). De outro lado, e como já
salientado, o E. Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, ao
determinar o início da execução provisória da condenação penal, limitou-se,
“sic et simpliciter”, a mencionar o julgamento proferido pelo Supremo
Tribunal Federal nos autos do HC 126.292/SP, abstendo-se, no entanto, de
fundamentar, de modo adequado e idôneo, a ordem de prisão, assim
transgredindo o que prescreve (e impõe) o inciso IX do art. 93 da
Constituição da República, que estabelece que “todos os julgamentos dos
órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as
decisões, sob pena de nulidade (…)” (grifei). É importante advertir, neste
ponto, que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, em orientação que
se reflete na doutrina (FERNANDO DA COSTA TOURINHO FILHO, “Processo Penal”,
vol. 4/183, 11ª ed., 1989, Saraiva, v.g.), posiciona-se no sentido de
reconhecer que a fundamentação constitui pressuposto de legitimidade das
decisões judiciais (HC 80.892/RJ, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.): “– É
inquestionável que a exigência de fundamentação das decisões estatais, mais
do que expressiva imposição consagrada e positivada pela ordem
constitucional, reflete uma poderosa garantia contra eventuais excessos do
Estado, pois, ao torná-la elemento imprescindível e essencial dos atos que
veiculam a privação da liberdade individual, quis o ordenamento jurídico
erigi-la como fator de limitação dos poderes deferidos às autoridades
públicas. – Não se pode jamais esquecer que a exigência de motivação dos
atos judiciais constritivos da liberdade individual deriva de postulado
constitucional inafastável, que traduz expressivo elemento de restrição ao
exercício do próprio poder estatal, além de configurar instrumento essencial
de respeito e proteção às liberdades públicas. – A fundamentação dos atos
decisórios qualifica-se como pressuposto constitucional de validade e
eficácia das decisões emanadas do Poder Judiciário, de tal modo que a
inobservância do dever imposto pelo art. 93, IX, da Constituição Federal,
precisamente por afetar a legitimidade jurídica dessas deliberações
estatais, gera, de maneira irremissível, a sua própria nulidade (…).” (HC
95.034/PE, Rel. Min. CELSO DE MELLO) Sendo assim, e tendo presentes as
razões expostas, defiro o pedido de “habeas corpus”, para suspender – até o
efetivo trânsito em julgado da condenação penal (CF, art. 5º, LVII, e LEP,
art. 105) imposta ao paciente no âmbito do Processo-crime nº 5815460-
82.2009.8.13.0024 – o início da execução da pena que se determinou nos autos
da Apelação Criminal nº 5815460-82.2009.8.13.0024, do E. Tribunal de Justiça
do Estado de Minas Gerais. Comunique-se, com urgência, transmitindo-se cópia
da presente decisão ao E. Superior Tribunal de Justiça (HC 412.332/MG), ao
E. Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais (Apelação Criminal nº
Assinado 5815460-82.2009.8.13.0024) e ao
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a: Marcelo dode1º Tribunal
Lima do Júri da comarca de
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Belo Horizonte/MG (Processo-crime nº 5815460- -82.2009.8.13.0024). Arquivem-
se estes autos. Publique-se. Brasília, 04 de outubro de 2017. Ministro CELSO
DE MELLO Relator

fim do documento

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Pesquisa de Jurisprudência

Decisões Monocráticas

HC 148122 MC / MG - MINAS GERAIS


MEDIDA CAUTELAR NO HABEAS CORPUS
Relator(a): Min. CELSO DE MELLO
Julgamento: 28/09/2017

Publicação

PROCESSO ELETRÔNICO
DJe-225 DIVULG 02/10/2017 PUBLIC 03/10/2017

Partes

PACTE.(S) : B.A.P.G.
IMPTE.(S) : LEONARDO MARQUES VILELA E OUTRO(A/S)
COATOR(A/S)(ES) : RELATOR DO HC Nº 416.437 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
IMPTE.(S) : JOYCE ARIELE SILVA MEIRELES

Decisão
EMENTA: A QUESTÃO DA EXECUÇÃO PROVISÓRIA DE CONDENAÇÕES PENAIS NÃO
TRANSITADAS EM JULGADO. INTERPRETAÇÃO DO ART. 5º, INCISO LVII, DA
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. DISSENSO INTERNO REGISTRADO NO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL. POSSÍVEL ALTERAÇÃO DE RECENTE DIRETRIZ JURISPRUDENCIAL QUE SE
FORMOU, NESTA CORTE, POR EXÍGUA MAIORIA (6 VOTOS A 5). POSIÇÃO DO RELATOR
(MINISTRO CELSO DE MELLO), INTEGRANTE DA CORRENTE MINORITÁRIA, QUE ENTENDE
NECESSÁRIO O PRÉVIO E EFETIVO TRÂNSITO EM JULGADO DA CONDENAÇÃO CRIMINAL,
PARA EFEITO DE SUA EXECUÇÃO DEFINITIVA (LEP, arts. 105 e 147; CP, art. 50;
CPPM, arts. 592, 594 e 604). INADMISSIBILIDADE DE ANTECIPAÇÃO FICTA DO
TRÂNSITO EM JULGADO, QUE CONSTITUI NOÇÃO INEQUÍVOCA EM MATÉRIA PROCESSUAL. A
IMPOSSIBILIDADE CONSTITUCIONAL DE EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA, CONTUDO, NÃO
IMPEDE O JUDICIÁRIO, COM APOIO EM SEU PODER GERAL DE CAUTELA, DE DECRETAR
PRISÃO CAUTELAR DO INVESTIGADO OU DO RÉU, SEJA NO ÂMBITO DE INQUÉRITO
POLICIAL, SEJA NO CURSO DO PROCESSO JUDICIAL, SEJA, AINDA, APÓS SENTENÇA
CONDENATÓRIA RECORRÍVEL. A UTILIZAÇÃO DA PRISÃO CAUTELAR, SEMPRE POSSÍVEL,
ATUA COMO IMPORTANTE INSTRUMENTO DE DEFESA SOCIAL, REVELANDO-SE APTA A
NEUTRALIZAR PRÁTICAS CRIMINOSAS QUE SE REGISTREM NO SEIO DA COLETIVIDADE.
CONCESSÃO, NO CASO, DE MEDIDA CAUTELAR SUSPENSIVA DE EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA
CONDENAÇÃO CRIMINAL DO PACIENTE, EM RAZÃO DE 02 (DOIS) MOTIVOS JURIDICAMENTE
RELEVANTES: (a) AUSÊNCIA DE NECESSÁRIA FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA E ADEQUADA,
EXIGIDA PELA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA (ART. 93, IX), DO ATO DECISÓRIO QUE
DETERMINOU O INÍCIO DA EXECUÇÃO PROVISÓRIA E (b) POSSÍVEL OFENSA AO
PRINCÍPIO QUE VEDA A “REFORMATIO IN PEJUS” (CPP, ART. 617, “IN FINE”), POIS
O TRIBUNAL DE INFERIOR JURISDIÇÃO ORDENOU QUE SE PROCEDESSE, EM PRIMEIRO
GRAU, À IMEDIATA EXECUÇÃO ANTECIPADA DA PENA, NÃO OBSTANTE ESSE COMANDO
HOUVESSE SIDO DETERMINADO EM RECURSO EXCLUSIVO DO RÉU CONDENADO, A QUEM SE
ASSEGURARA, NO ENTANTO, EM MOMENTO ANTERIOR, SEM IMPUGNAÇÃO RECURSAL DO
MINISTÉRIO PÚBLICO, O DIREITO DE AGUARDAR EM LIBERDADE A CONCLUSÃO DO
PROCESSO. EXISTÊNCIA, NO SENTIDO DA PRESENTE DECISÃO, DE DIVERSOS OUTROS
ATOS DECISÓRIOS PROFERIDOS NO ÂMBITO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. MEDIDA
CAUTELAR DEFERIDA. DECISÃO: Em face da decisão por mim proferida na Pet
4.848/DF, de que fui Relator, e com apoio nas razões dela constantes (DJe nº
251/2010, publicado em 01/02/2011), determino a reautuação desta ação de
“habeas corpus”, em ordem a que não mais prevaleça o regime de sigilo.
Enfatizo, por necessário, que a cláusula de sigilo imposta pelo art. 234-B
do Código Penal incide sobre o processo penal de natureza condenatória “em
que se apuram crimes” contra a dignidade sexual, assim tipificados na
legislação repressiva (CP, arts. 213 a 234). A “ratio” subjacente a essa
previsão legal – que excepcionalmente impõe a nota de sigilo aos
procedimentos de persecução penal – tem por única finalidade proteger a
vítima dos delitos em questão e neutralizar os efeitos negativos decorrentes
do estrépito judiciário motivado pela instauração da “persecutio criminis”,
preservando, desse modo, a intimidade e a honra do ofendido. Vale destacar,
por oportuno, no sentido que venho de expor, a correta observação de JULIO
Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado Num. 10536635 - Pág. 20
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FABBRINI MIRABETE e de RENATO N. FABBRINI (“Código Penal Interpretado”, p.
1.463, item n. 234-B.1, 7ª ed., 2011, Atlas): “O dispositivo visa proteger a
vítima das consequências do ‘strepitus judicii’. Embora a regra geral seja a
da publicidade dos atos processuais, a Constituição Federal admite o sigilo
necessário à defesa da intimidade (art. 5º, LX) e o Código de Processo Penal
autoriza a decretação do segredo de justiça para a preservação da
intimidade, vida privada, honra e imagem do ofendido (art. 201, § 6º). Nos
crimes sexuais, além do dano decorrente da própria infração, havia de
suportar a vítima, via de regra, também os malefícios da exposição pública
de sua intimidade decorrente da instauração do processo penal. Com essa
finalidade, a lei estabeleceu, em relação a esses delitos, como regra
obrigatória, o segredo de justiça. (…) Embora se refira a lei somente ao
processo, o sigilo deve alcançar o inquérito policial, incumbindo à
autoridade e ao juiz a adoção nos autos das providências necessárias à
preservação da intimidade da vítima.” (grifei) Tratando-se, porém, de
processo de “habeas corpus”, em cujo âmbito não se concretizam atos de
persecução penal em razão de sua própria natureza e finalidade, mesmo porque
esse “writ” constitucional não se destina, em sua precípua função
instrumental, à apuração e repressão de crimes, torna-se inaplicável, exceto
quanto aos dados de qualificação da vítima, a regra inscrita no art. 234-B
do Código Penal, pois o agente do fato delituoso, nos casos de crimes contra
a dignidade sexual, não é o destinatário dessa especial norma de proteção.
Por tal razão, impõe-se a reautuação acima ordenada, excluindo-se,
unicamente, quando for o caso, o nome da vítima. 2. O presente “habeas
corpus”, com pedido de medida liminar, foi impetrado contra decisão
monocrática que, emanada de eminente Ministro do E. Superior Tribunal de
Justiça em sede de outra ação de “habeas corpus” ainda em curso (HC
416.437/MG), indeferiu pleito cautelar que lhe havia sido requerido em favor
do ora paciente, por entender legítima a “execução provisória” da condenação
penal ainda recorrível proferida ou confirmada por Tribunal de segunda
instância, apoiando-se, para tanto, em precedentes desta Suprema Corte.
Busca-se, em síntese, nesta sede cautelar, seja garantido ao ora paciente o
direito de estar em liberdade até o julgamento final desta impetração. Sendo
esse o quadro, passo a apreciar a admissibilidade do presente “writ”. E, ao
fazê-lo, devo observar que ambas as Turmas do Supremo Tribunal Federal
firmaram orientação no sentido da incognoscibilidade desse remédio
constitucional, quando ajuizado, como no caso em análise, em face de decisão
monocrática proferida por Ministro de Tribunal Superior da União (HC
116.875/AC, Rel. Min. CÁRMEN LÚCIA – HC 117.346/SP, Rel. Min. CÁRMEN LÚCIA –
HC 117.798/SP, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 118.189/MG, Rel. Min.
RICARDO LEWANDOWSKI – HC 119.821/TO, Rel. Min. GILMAR MENDES – HC 121.684-
AgR/SP, Rel. Min. TEORI ZAVASCKI – HC 122.381-AgR/SP, Rel. Min. DIAS TOFFOLI
– HC 122.718/SP, Rel. Min. ROSA WEBER – RHC 114.737/RN, Rel. Min. CÁRMEN
LÚCIA – RHC 114.961/SP, Rel. Min. DIAS TOFFOLI, v.g.): “’HABEAS CORPUS’.
CONSTITUCIONAL. PENAL. DECISÃO MONOCRÁTICA QUE NEGOU SEGUIMENTO A RECURSO
ESPECIAL. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. IMPETRAÇÃO NÃO CONHECIDA. I – (…)
verifica-se que a decisão impugnada foi proferida monocraticamente. Desse
modo, o pleito não pode ser conhecido, sob pena de indevida supressão de
instância e de extravasamento dos limites de competência do STF descritos no
art. 102 da Constituição Federal, o qual pressupõe seja a coação praticada
por Tribunal Superior.
…...................................................................................................
III – ‘Writ’ não conhecido.” (HC 118.212/MG, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI –
grifei) Esta Suprema Corte, como se vê dos precedentes acima referidos,
compreende que a cognoscibilidade da ação de “habeas corpus” supõe, em
contexto idêntico ao de que ora se cuida, a existência de decisão colegiada
da Corte Superior apontada como coatora, situação inocorrente na espécie.
Tenho respeitosamente dissentido, em caráter pessoal, dessa diretriz
jurisprudencial, por nela vislumbrar grave restrição ao exercício do remédio
constitucional do “habeas corpus”. Não obstante a minha posição pessoal,
venho observando, em recentes julgamentos, essa orientação restritiva, hoje
consolidada na jurisprudência da Corte, em atenção ao princípio da
colegialidade. Assinalo, no entanto, que, mesmo em impetrações deduzidas
contra decisões monocráticas de Ministros de outros Tribunais Superiores da
União, a colenda Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal, ainda que não
conhecendo do “writ” constitucional, tem concedido, “ex officio”, a ordem de
“habeas corpus”, quando se evidencie patente a situação caracterizadora de
injusto gravame ao “status libertatis” do paciente (HC 118.560/SP, Rel. Min.
RICARDO LEWANDOWSKI, v.g.). Por tal razão, examino a matéria veiculada neste
“writ”. E, ao fazê-lo, entendo que a análise objetiva das razões invocadas
na presente impetração revela ser inquestionável o relevo jurídico da
pretensão deduzida pelos impetrantes. Cumpre rememorar que o Supremo
Tribunal Federal consagrou diretriz que – resultante de julgamentos
efetuados, em sede cautelar, no âmbito de processos objetivos de
fiscalização concentrada de constitucionalidade (ADC 43-MC/DF, Rel. Min.
MARCO AURÉLIO – ADC 44-MC/DF, Rel. Min. MARCO AURÉLIO) – culminou no
reconhecimento da existência de repercussão geral relativa à questão
jurídico-constitucional pertinente à legitimidade da execução provisória de
sentença condenatória criminal (ARE 964.246-RG/SP, Rel. Min. TEORI
Assinado ZAVASCKI). Ao
eletronicamente. A participar
Certificação dos julgamentos
Digital pertence a: Marcelo Leal deque
Lima consagraram
Oliveira - Advogadoos precedentes Num. 10536635 - Pág. 21
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referidos, integrei a corrente minoritária, por entender que a tese da
execução provisória de condenações penais ainda recorríveis transgride, de
modo frontal, a presunção constitucional de inocência, que só deixa de
subsistir ante o trânsito em julgado (que não pode ser fictício) da decisão
condenatória (CF, art. 5º, LVII). Acentuei, então, que eventual
inefetividade da jurisdição penal ou do sistema punitivo motivada pela
prodigalização de meios recursais, culminando por gerar no meio social a
sensação de impunidade, não pode ser atribuída à declaração constitucional
do direito fundamental de ser presumido inocente, pois não é essa
prerrogativa básica que frustra o sentimento de justiça dos cidadãos ou que
provoca qualquer crise de funcionalidade do aparelho judiciário. Na
realidade, a solução dessa questão há de ser encontrada na reformulação do
sistema processual e na busca de meios que, adotados pelo Poder Legislativo,
confiram maior coeficiente de racionalidade ao modelo recursal, mas não,
como se decidiu, na inaceitável desconsideração de um dos direitos
fundamentais a que fazem jus os cidadãos desta República fundada no conceito
de liberdade e legitimada pelo princípio democrático. A posição que
prevaleceu naqueles julgamentos reflete – segundo entendo – preocupante
inflexão hermenêutica, de índole regressista, em torno do pensamento
jurisprudencial desta Suprema Corte no plano sensível dos direitos e
garantias individuais, retardando, em minha percepção, o avanço de uma
significativa agenda judiciária concretizadora das liberdades fundamentais
em nosso País. O fato incontestável no domínio da presunção constitucional
de inocência reside na circunstância de que nenhuma execução de condenação
criminal em nosso País, mesmo se se tratar de simples pena de multa, pode
ser implementada sem a existência do indispensável título judicial
definitivo, resultante, como sabemos, do necessário trânsito em julgado da
sentença penal condenatória. Antes desse momento – é preciso advertir –, o
Estado não pode tratar os indiciados ou os réus como se culpados fossem. A
presunção de inocência impõe, desse modo, ao Poder Público um dever de
tratamento que não pode ser desrespeitado por seus agentes e autoridades,
como vinha acentuando, em sucessivos julgamentos, esta Corte Suprema (HC
96.095/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO – HC 121.929/TO, Rel. Min. ROBERTO
BARROSO – HC 124.000/SP, Rel. Min. MARCO AURÉLIO – HC 126.846/SP, Rel. Min.
TEORI ZAVASCKI – HC 130.298/SP, Rel. Min. GILMAR MENDES, v.g.): “(…) O
POSTULADO CONSTITUCIONAL DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA IMPEDE QUE O ESTADO
TRATE, COMO SE CULPADO FOSSE, AQUELE QUE AINDA NÃO SOFREU CONDENAÇÃO PENAL
IRRECORRÍVEL. – A prerrogativa jurídica da liberdade – que possui extração
constitucional (CF, art. 5º, LXI e LXV) – não pode ser ofendida por
interpretações doutrinárias ou jurisprudenciais que, fundadas em preocupante
discurso de conteúdo autoritário, culminam por consagrar, paradoxalmente, em
detrimento de direitos e garantias fundamentais proclamados pela
Constituição da República, a ideologia da lei e da ordem. Mesmo que se trate
de pessoa acusada da suposta prática de crime hediondo, e até que sobrevenha
sentença penal condenatória irrecorrível, não se revela possível – por
efeito de insuperável vedação constitucional (CF, art. 5º, LVII) – presumir-
lhe a culpabilidade. Ninguém pode ser tratado como culpado, qualquer que
seja a natureza do ilícito penal cuja prática lhe tenha sido atribuída, sem
que exista, a esse respeito, decisão judicial condenatória transitada em
julgado. O princípio constitucional da presunção de inocência, em nosso
sistema jurídico, consagra, além de outras relevantes consequências, uma
regra de tratamento que impede o Poder Público de agir e de se comportar, em
relação ao suspeito, ao indiciado, ao denunciado ou ao réu, como se estes já
houvessem sido condenados, definitivamente, por sentença do Poder
Judiciário. Precedentes.” (HC 93.883/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO) Acho
importante destacar, com vênia à corrente majoritária que se formou nesta
Corte, que a presunção de inocência não se esvazia progressivamente, à
medida em que se sucedem os graus de jurisdição. Isso significa, portanto,
que, mesmo confirmada a condenação penal por um Tribunal de segunda
instância, ainda assim subsistirá, segundo entendo, em favor do sentenciado,
esse direito fundamental, que só deixará de prevalecer – repita-se – com o
trânsito em julgado da sentença penal condenatória, como claramente
estabelece, em texto inequívoco, a Constituição da República. São essas as
razões que me levaram, em voto vencido, a sustentar a tese segundo a qual a
execução provisória (ou prematura) da sentença penal condenatória revela-se
frontalmente incompatível com o direito fundamental do réu de ser presumido
inocente até que sobrevenha o trânsito em julgado de sua condenação
criminal, tal como expressamente assegurado pela própria Constituição da
República (CF, art. 5º, LVII). Os motivos que venho de expor, por isso
mesmo, fizeram-me conceder medida liminar requerida nos autos do HC
135.100/MG, para suspender, cautelarmente, a execução de mandado de prisão
expedido contra o paciente, notadamente porque, no momento em que por mim
deferido aquele provimento cautelar (em 1º/07/2016), havia somente uma
decisão proferida em processo de índole meramente subjetiva (HC 126.292/SP),
vale dizer, uma decisão destituída de eficácia vinculante ou de repercussão
geral, eis que os julgamentos da ADC 43-MC/DF e da ADC 44-MC/DF, em
05/10/2016, e do ARE 964.246/SP, com repercussão geral, em 11/11/2016, não
haviam sido realizados até então. Cabe observar, no entanto, que a corrente
minoritária por mim integrada – não obstante entenda que a execução da pena
Assinado somente se Alegitima
eletronicamente. com o
Certificação Digital trânsito
pertence emLeal
a: Marcelo julgado (que - há
de Lima Oliveira de ser real) da
Advogado Num. 10536635 - Pág. 22
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condenação criminal, como determina a própria Constituição da República
(art. 5º, inciso LVII) e dispõe a legislação ordinária (LEP, arts. 105 e
147; CP, art. 50; CPPM, arts. 592, 594 e 604) – não afasta a possibilidade
de o magistrado (ou o Tribunal) competente decretar a prisão cautelar da
pessoa sob persecução penal, quer durante a fase do inquérito policial, quer
no curso de processo judicial, quer, ainda, após a prolação de sentença
condenatória recorrível, desde que atendidos, de um lado, os pressupostos e
indicados, de outro, os fundamentos concretos referidos pelo art. 312 do
Código de Processo Penal. Vê-se, portanto, que a impossibilidade
constitucional de execução provisória da pena não impede que o Judiciário,
com apoio em seu poder geral de cautela, venha a decretar, contra o
investigado ou o réu, a prisão cautelar, qualquer que seja a sua modalidade
(prisão temporária, prisão preventiva, prisão decorrente de decisão de
pronúncia ou prisão motivada por sentença condenatória recorrível), sem se
falar na ocorrência de eventual prisão em flagrante, que independe de ordem
judicial (CF, art. 5º, inciso LXI; CPP, art. 301), a significar, desse modo,
que o ordenamento positivo, ao instituir em favor do Estado instrumentos de
tutela cautelar penal, torna admissível a utilização, pelo Poder Público e
por seus agentes, de importantes meios de defesa social, cuja eficácia terá
o condão de neutralizar condutas delinquenciais lesivas ao interesse da
coletividade, que não ficará exposta, assim, a práticas criminosas que se
registrem em seu âmbito. Em uma palavra: o sistema jurídico brasileiro, ao
disciplinar o instituto da tutela cautelar penal, outorga ao Estado
poderosos instrumentos que legitimam a adoção de medidas privativas de
liberdade, como as diversas espécies de prisão cautelar, cuja efetivação
independe do trânsito em julgado de eventual condenação criminal,
considerada a circunstância – juridicamente relevante – de que o magistrado
dispõe, para tanto, do poder geral de cautela. É que a prisão cautelar
(“carcer ad custodiam”) não se confunde com a prisão penal (“carcer ad
poenam”), que exige, esta sim, considerado o disposto na declaração
constitucional de direitos inscrita em nossa Carta Política (art. 5º, inciso
LVII), o efetivo trânsito em julgado da sentença penal condenatória.
Assentadas tais premissas, passo a examinar o pedido de medida cautelar ora
formulado nesta sede processual. E, ao fazê-lo, saliento que eminentes
Ministros desta Corte, em diversos processos (HC 135.951- -MC/DF, Rel. Min.
RICARDO LEWANDOWSKI – HC 137.494-AgR/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC
140.217-MC/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 142.162-MC/BA, Rel. Min.
RICARDO LEWANDOWSKI – HC 144.712-MC/SP, Rel. Min. MARCO AURÉLIO – HC
144.908-MC/RS, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 145.380-MC/SP, Rel. Min.
MARCO AURÉLIO – HC 145.560/SP, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 145.856-
MC/SP, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 145.953-MC/RJ, Rel. Min. RICARDO
LEWANDOWSKI – HC 146.006-MC/PE, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, v.g.), têm
concedido provimentos cautelares (ou, até mesmo, deferido o próprio “writ”
constitucional) em situações como aquelas, por exemplo, em que Tribunais de
inferior jurisdição, ao ordenarem a expedição de mandados de prisão, para
efeito de “execução provisória”, (a) limitam-se a simplesmente mencionar,
sem qualquer fundamentação idônea, os precedentes a que aludi logo no início
desta decisão, ou (b) fazem-no sem que ainda tenha sido esgotada a
jurisdição ordinária, pois pendentes de julgamento embargos de declaração ou
embargos infringentes e de nulidade do julgado (CPP, art. 609, parágrafo
único), ou, ainda, (c) determinam a imediata e antecipada efetivação
executória de seu julgado com transgressão ao postulado que veda a
“reformatio in pejus”, eis que a ordem de prisão é dada em recursos
interpostos unicamente pelo réu condenado a quem se garantira,
anteriormente, sem qualquer impugnação do Ministério Público, o direito de
aguardar em liberdade a conclusão do processo. O caso ora em análise parece
ajustar-se às hipóteses sob (a) e (c), cabendo destacar, quanto a esse
último aspecto, que a colenda Segunda Turma deste Tribunal, em 08/08/2017,
iniciou o julgamento, suspenso por pedido de vista, de uma ação de “habeas
corpus” (HC 136.720/PB), no qual já se formou maioria pela concessão da
ordem, em que o eminente Relator, Ministro RICARDO LEWANDOWSKI, propôs o
deferimento do “writ” precisamente em virtude de violação ao princípio que
proíbe a “reformatio in pejus”, em situação na qual o Tribunal apontado como
coator ordenou a imediata execução antecipada da pena, fazendo-o, contudo,
em recurso exclusivo do réu, a quem se assegurara, sem qualquer oposição
recursal do Ministério Público, o direito de aguardar em liberdade o
desfecho do processo, transgredindo-se, desse modo, postulado fundamental
que conforma e condiciona a atuação do Poder Judiciário (HC 142.012-MC/DF,
Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 142.017-MC/DF, Rel. Min. RICARDO
LEWANDOWSKI, v.g.). De outro lado, e como já salientado, o E. Tribunal de
Justiça do Estado de Minas Gerais, ao determinar a expedição de mandado de
prisão e da guia de execução respectiva, limitou-se, “sic et simpliciter”, a
mencionar os julgamentos que esta Suprema Corte proferiu no exame do ARE
964.246-RG/SP, da ADC 43-MC/DF e da ADC 44-MC/DF, abstendo-se, no entanto,
de fundamentar, de modo adequado e idôneo, a ordem de prisão, assim
transgredindo o que prescreve (e impõe) o inciso IX do art. 93 da
Constituição da República, que estabelece que “todos os julgamentos dos
órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as
decisões, sob pena de nulidade (…)” (grifei). É importante advertir, neste
Assinado ponto, que Aa Certificação
eletronicamente. jurisprudência doa:Supremo
Digital pertence Marcelo LealTribunal Federal,
de Lima Oliveira - Advogadoem orientação que Num. 10536635 - Pág. 23
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se reflete na doutrina (FERNANDO DA COSTA TOURINHO FILHO, “Processo Penal”,
vol. 4/183, 11ª ed., 1989, Saraiva, v.g.), posiciona-se no sentido de
reconhecer que a fundamentação constitui pressuposto de legitimidade das
decisões judiciais (HC 80.892/RJ, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.): “– É
inquestionável que a exigência de fundamentação das decisões estatais, mais
do que expressiva imposição consagrada e positivada pela ordem
constitucional, reflete uma poderosa garantia contra eventuais excessos do
Estado, pois, ao torná-la elemento imprescindível e essencial dos atos que
veiculam a privação da liberdade individual, quis o ordenamento jurídico
erigi-la como fator de limitação dos poderes deferidos às autoridades
públicas. – Não se pode jamais esquecer que a exigência de motivação dos
atos judiciais constritivos da liberdade individual deriva de postulado
constitucional inafastável, que traduz expressivo elemento de restrição ao
exercício do próprio poder estatal, além de configurar instrumento essencial
de respeito e proteção às liberdades públicas. – A fundamentação dos atos
decisórios qualifica-se como pressuposto constitucional de validade e
eficácia das decisões emanadas do Poder Judiciário, de tal modo que a
inobservância do dever imposto pelo art. 93, IX, da Constituição Federal,
precisamente por afetar a legitimidade jurídica dessas deliberações
estatais, gera, de maneira irremissível, a sua própria nulidade (…).” (HC
95.034/PE, Rel. Min. CELSO DE MELLO) Sendo assim, e tendo presentes as
razões expostas, defiro o pedido de medida liminar, para, até final
julgamento desta ação de “habeas corpus”, suspender, cautelarmente, o início
da execução da pena determinada nos autos da Apelação Criminal nº 0022450-
82.2010.8.13.0216, do E. Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais,
restando impossibilitada, em consequência, a efetivação da prisão de Breno
de Assis Prado Gonçalves em decorrência da condenação criminal (ainda não
transitada em julgado) que lhe foi imposta no Processo-crime nº 0022450-
82.2010.8.13.0216 (Juízo de Direito da 1ª Vara Cível, Criminal e das
Execuções Penais da comarca de Diamantina/MG). Caso referido paciente já
tenha sido preso em razão da ordem de execução provisória da pena imposta
nos autos do Processo-crime nº 0022450-82.2010.8.13.0216 (Juízo de Direito
da 1ª Vara Cível, Criminal e das Execuções Penais da comarca de
Diamantina/MG), deverá ser ele colocado imediatamente em liberdade, se por
al não estiver preso. Comunique-se, com urgência, transmitindo-se cópia
desta decisão ao E. Superior Tribunal de Justiça (HC 416.437/MG), ao E.
Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais (Apelação Criminal nº 0022450-
-82.2010.8.13.0216) e ao Juízo de Direito da 1ª Vara Cível, Criminal e das
Execuções Penais da comarca de Diamantina/MG (Processo- -crime nº 0022450-
82.2010.8.13.0216). 2. Ouça-se a douta Procuradoria-Geral da República sobre
o mérito da presente impetração. Publique-se. Brasília, 28 de setembro de
2017. Ministro CELSO DE MELLO Relator

fim do documento

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado Num. 10536635 - Pág. 24
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Pesquisa de Jurisprudência

Decisões Monocráticas

HC 152974 MC / SP - SÃO PAULO


MEDIDA CAUTELAR NO HABEAS CORPUS
Relator(a): Min. CELSO DE MELLO
Julgamento: 01/03/2018

Publicação

PROCESSO ELETRÔNICO
DJe-042 DIVULG 05/03/2018 PUBLIC 06/03/2018

Partes

PACTE.(S) : OSCAR VICTOR ROLLEMBERG HANSEN


IMPTE.(S) : ANTONIO NABOR AREIAS BULHOES E OUTRO(A/S)
COATOR(A/S)(ES) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
IMPTE.(S) : CAROLINA LUIZA DE LACERDA ABREU

Decisão
DECISÃO: Trata-se de “habeas corpus”, com pedido de medida liminar,
impetrado contra decisão que, emanada do E. Superior Tribunal de Justiça,
restou consubstanciada em acórdão assim ementado: “RECURSOS ESPECIAIS.
ADMISSIBILIDADE. ÓBICES PRELIMINARES. DENÚNCIA ANÔNIMA. INEXISTÊNCIA.
MINISTÉRIO PÚBLICO. INVESTIGAÇÃO. NULIDADE DO PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO.
SIGILO FISCAL E TELEFÔNICO. QUEBRA. NULIDADES. PERSECUÇÃO PENAL. ELEMENTOS
DE INFORMAÇÃO NÃO UTILIZADOS PARA DEFLAGRAÇÃO DO PROCESSO PENAL. MATÉRIAS
ANALISADAS EM ‘HABEAS CORPUS’. SUPERAÇÃO. ATIPICIDADE. NÃO OCORRÊNCIA.
NULIDADES NA INSTRUÇÃO CRIMINAL. NÃO CONFIGURAÇÃO. OMISSÃO DO ACÓRDÃO.
IMPROCEDÊNCIA. DOSIMETRIA. FLAGRANTE ILEGALIDADE. RECURSOS ESPECIAIS
CONHECIDOS PARA REDUZIR AS PENAS IMPOSTAS. CONCESSÃO DE ‘HABEAS CORPUS’, DE
OFÍCIO, PARA CORRÉUS EM IDÊNTICA SITUAÇÃO.” (REsp 1.639.698/SP, Red. p/ o
acórdão Min. ROGERIO SCHIETTI CRUZ – grifei) Busca-se, em sede liminar, a
suspensão cautelar de eficácia do ato que determinou a execução provisória
da condenação penal imposta ao ora paciente. Sendo esse o contexto, passo a
apreciar o pleito em causa. Como se sabe, o Supremo Tribunal Federal, a
partir da decisão proferida no HC 126.292/SP e com apoio em sucessivos
julgados emanados do Plenário desta Corte Suprema (ADC 43-MC/DF e ADC 44- -
MC/DF), inclusive em sede de repercussão geral (ARE 964.246-RG/SP), veio a
firmar orientação no sentido da legitimidade constitucional da execução
provisória da pena. Ao participar dos julgamentos que consagraram os
precedentes referidos, integrei a corrente minoritária, por entender que a
tese da execução provisória de condenações penais ainda recorríveis
transgride, de modo frontal, a presunção constitucional de inocência, que só
deixa de subsistir ante o trânsito em julgado da decisão condenatória (CF,
art. 5º, LVII). Antes desse momento – é preciso advertir –, o Estado não
pode tratar os indiciados ou os réus como se culpados fossem. A presunção de
inocência impõe, desse modo, ao Poder Público um dever de tratamento que não
pode ser desrespeitado por seus agentes e autoridades, como vinha
advertindo, em sucessivos julgamentos, esta Corte Suprema (HC 96.095/SP,
Rel. Min. CELSO DE MELLO – HC 121.929/TO, Rel. Min. ROBERTO BARROSO – HC
124.000/SP, Rel. Min. MARCO AURÉLIO – HC 126.846/SP, Rel. Min. TEORI
ZAVASCKI – HC 130.298/SP, Rel. Min. GILMAR MENDES, v.g.): “(…) O POSTULADO
CONSTITUCIONAL DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA IMPEDE QUE O ESTADO TRATE, COMO SE
CULPADO FOSSE, AQUELE QUE AINDA NÃO SOFREU CONDENAÇÃO PENAL IRRECORRÍVEL – A
prerrogativa jurídica da liberdade – que possui extração constitucional (CF,
art. 5º, LXI e LXV) – não pode ser ofendida por interpretações doutrinárias
ou jurisprudenciais que, fundadas em preocupante discurso de conteúdo
autoritário, culminam por consagrar, paradoxalmente, em detrimento de
direitos e garantias fundamentais proclamados pela Constituição da
República, a ideologia da lei e da ordem. Mesmo que se trate de pessoa
acusada da suposta prática de crime hediondo, e até que sobrevenha sentença
penal condenatória irrecorrível, não se revela possível – por efeito de
insuperável vedação constitucional (CF, art. 5º, LVII) – presumir-lhe a
Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado Num. 10536635 - Pág. 25
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culpabilidade. Ninguém pode ser tratado como culpado, qualquer que seja a
natureza do ilícito penal cuja prática lhe tenha sido atribuída, sem que
exista, a esse respeito, decisão judicial condenatória transitada em
julgado. O princípio constitucional da presunção de inocência, em nosso
sistema jurídico, consagra, além de outras relevantes consequências, uma
regra de tratamento que impede o Poder Público de agir e de se comportar, em
relação ao suspeito, ao indiciado, ao denunciado ou ao réu, como se estes já
houvessem sido condenados, definitivamente, por sentença do Poder
Judiciário. Precedentes.” (HC 93.883/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO) Assinalo,
para efeito de mero registro, que a exigência de trânsito em julgado da
condenação penal não representa peculiaridade do constitucionalismo
brasileiro, pois também encontra correspondência no plano do direito
comparado, como se vê, p. ex., da Constituição da República Italiana (art.
27) e da Constituição da República Portuguesa (art. 32, n. 2). São essas as
razões que, em apertada síntese, levaram-me a sustentar, em voto vencido, a
tese segundo a qual a execução provisória (ou prematura) da sentença penal
condenatória revela-se frontalmente incompatível com o direito fundamental
do réu de ser presumido inocente até que sobrevenha o efetivo e real
trânsito em julgado de sua condenação criminal, tal como expressamente
assegurado pela própria Constituição da República (CF, art. 5º, LVII). Não
foi por outro motivo que vim a conceder – é certo – medidas cautelares em
sede de “habeas corpus”, embora o fizesse somente naquelas situações não
reveladoras da necessidade de manter-se a prisão do condenado, sempre
segundo avaliação por mim efetivada em cada caso examinado. Ocorre, no
entanto, que, enquanto não sobrevier alteração do pensamento jurisprudencial
desta Corte sobre o tema em causa, não tenho como dele dissociar-me. No que
concerne, portanto, ao questionamento referente à execução antecipada da
pena, não obstante entenda tratar-se de medida incompatível com o nosso
modelo constitucional, que consagra, como direito fundamental, a presunção
de inocência (CF, art. 5º, inciso LVII), devo observar o princípio da
colegialidade, além de considerar, na espécie, o fato de que se mostra
iminente o julgamento final da ADC 43/DF e da ADC 44/DF, de que é Relator o
eminente Ministro MARCO AURÉLIO, ocasião em que esta Corte reapreciará o
tema da possibilidade constitucional de efetivar-se a execução antecipada da
sentença penal condenatória. Inacolhível, desse modo, sob a perspectiva que
venho de expor, a pretendida concessão de medida cautelar suspensiva da
execução provisória ora impugnada. Cabe observar, contudo, que esta
impetração sustenta-se em outro fundamento, consistente na alegada
transgressão, pelo Tribunal “ad quem”, do postulado que veda a “reformatio
in pejus” (CPP, art. 617, “in fine”). Com efeito, o Desembargador Relator no
E. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo assegurou ao ora paciente o
direito de aguardar em liberdade a conclusão do processo em que proferida a
condenação penal que lhe foi imposta, havendo consignado, expressamente, em
relação a esse mesmo paciente, que o respectivo mandado de prisão somente
deveria ser expedido “Após o trânsito em julgado (…)”. O E. Superior
Tribunal de Justiça, entretanto, determinou, em recurso exclusivo do réu,
ora paciente, fosse instaurada, contra ele, a pertinente execução provisória
da condenação criminal. Tem-se entendido, nesta Suprema Corte, que, em
situações como a ora em exame, em que o Ministério Público sequer se
insurgiu contra o pronunciamento do órgão judiciário “a quo” que garantiu ao
paciente o direito de recorrer em liberdade, não pode o Tribunal de superior
jurisdição suprimir esse benefício, em detrimento do condenado, sob pena de
ofensa à cláusula final inscrita no art. 617 do Código de Processo Penal:
“(…) POSSÍVEL OFENSA AO PRINCÍPIO QUE VEDA A ‘REFORMATIO IN PEJUS’ (CPP,
ART. 617, ‘in fine’), POIS O TRIBUNAL DE INFERIOR JURISDIÇÃO ORDENOU QUE SE
PROCEDESSE, EM PRIMEIRO GRAU, À IMEDIATA EXECUÇÃO ANTECIPADA DA PENA, NÃO
OBSTANTE ESSE COMANDO HOUVESSE SIDO DETERMINADO EM RECURSO EXCLUSIVO DO RÉU
CONDENADO, A QUEM SE ASSEGURARA, NO ENTANTO, EM MOMENTO ANTERIOR, SEM
IMPUGNAÇÃO RECURSAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO, O DIREITO DE AGUARDAR EM
LIBERDADE A CONCLUSÃO DO PROCESSO. (…).” (HC 147.452/MG, Rel. Min. CELSO DE
MELLO) Vale consignar que se registram, no sentido que venho de expor,
diversas outras decisões proferidas no âmbito do Supremo Tribunal Federal
(HC 135.951-MC/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 140.217-MC/DF, Rel.
Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 142.012- -MC/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI
– HC 142.017-MC/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 147.428-MC/MG, Rel.
Min. CELSO DE MELLO – HC 148.122-MC/MG, Rel. Min. CELSO DE MELLO – HC
153.431/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.). Sendo assim, e tendo presentes
as razões expostas, defiro o pedido de medida liminar, para, até final
julgamento deste “habeas corpus”, suspender, cautelarmente, o início da
execução da pena determinada nos autos do REsp nº 1.639.698/SP, do E.
Superior Tribunal de Justiça, restando impossibilitada, em consequência, a
efetivação da prisão de Oscar Victor Rollemberg Hansen em decorrência da
condenação criminal (ainda não transitada em julgado) que lhe foi imposta no
Processo-crime nº 0077446- -88.2009.8.26.0576 (5ª Vara Criminal da comarca
de São José do Rio Preto/SP). Caso referido paciente já tenha sido preso em
razão da ordem de execução provisória da pena imposta nos autos do Processo-
-crime nº 0077446-88.2009.8.26.0576 (5ª Vara Criminal da comarca de São José
do Rio Preto/SP), deverá ser ele posto imediatamente em liberdade, se por al
não estiver preso. Comunique-se, com urgência, transmitindo-se cópia desta
Assinado decisão ao AE.
eletronicamente. Superior
Certificação Tribunal
Digital de Justiça
pertence a: Marcelo (REsp
Leal de Lima nº- Advogado
Oliveira 1.639.698/SP), ao E.
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Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (Apelação Criminal nº 0077446-
88.2009.8.26.0576) e ao Juízo de Direito da 5ª Vara Criminal da comarca de
São José do Rio Preto/SP (Processo- -crime nº 0077446-88.2009.8.26.0576). 2.
Ouça-se a douta Procuradoria-Geral da República sobre o mérito da presente
impetração. Publique-se. Brasília, 01 de março de 2018. Ministro CELSO DE
MELLO Relator

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Pesquisa de Jurisprudência

Decisões Monocráticas

HC 153431 MC / SP - SÃO PAULO


MEDIDA CAUTELAR NO HABEAS CORPUS
Relator(a): Min. CELSO DE MELLO
Julgamento: 26/02/2018

Publicação

PROCESSO ELETRÔNICO
DJe-038 DIVULG 27/02/2018 PUBLIC 28/02/2018

Partes

PACTE.(S) : AGNALDO LUCIANO PISANELLI


IMPTE.(S) : MARIA CLAUDIA DE SEIXAS
COATOR(A/S)(ES) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Decisão
DECISÃO: Trata-se de “habeas corpus”, com pedido de medida liminar,
impetrado contra decisão que, emanada do E. Superior Tribunal de Justiça,
restou consubstanciada em acórdão assim ementado: “AGRAVO REGIMENTAL NO
‘HABEAS CORPUS’. PRINCÍPIO DA COLEGIALIDADE. INEXISTÊNCIA DE OFENSA.
AUSÊNCIA DE CERCEAMENTO DE DEFESA. EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA.
POSSIBILIDADE. EXAURIMENTO DAS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS. PRECEDENTES DO STF E
DESTA CORTE. AGRAVO DESPROVIDO. 1. Consoante o entendimento desta Corte, não
existe ofensa ao princípio da colegialidade nas hipóteses em que a decisão
monocrática do relator não conhece ‘habeas corpus’ cujo pedido for contrário
a entendimento jurisprudencial sedimentado, como se verificou no caso dos
autos, sobretudo considerando que o julgamento colegiado do agravo
regimental supre eventual vício da decisão agravada. 2. Não há falar em
cerceamento de defesa por eventual supressão ao direito de realização de
sustentação oral, sobretudo quando tal pedido é realizado em sede de agravo
regimental, tendo em vista a inadmissibilidade prevista no art. 159 do
Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça. 3. No julgamento do HC n.
126.292/MG, realizado em 17/2/16, o Supremo Tribunal Federal, em sua
composição plena, passou a admitir a possibilidade de imediato início do
cumprimento provisório da pena após o exaurimento das instâncias ordinárias,
inclusive com restrição da liberdade do condenado, por ser o recurso
extraordinário, assim como o recurso especial, desprovido de efeito
suspensivo, sem que isso implique violação ao princípio da não
culpabilidade. Tal entendimento foi mantido pela Suprema Corte no exame das
Ações Declaratórias de Constitucionalidade n. 43 e 44, em 5/10/2016. O
Superior Tribunal de Justiça também adotou o aludido posicionamento a partir
do julgamento, pela Sexta Turma, dos EDcl no REsp n. 1.484.415/DF, da
relatoria do eminente Ministro ROGÉRIO SCHIETTI CRUZ. 4. ‘In casu’, a prisão
do agravante decorre de sentença condenatória confirmada em sede de apelação
pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, cujos aclaratórios foram
julgados em 5/9/2017, tendo sido interpostos recursos especial e
extraordinário, esgotando-se a via recursal ordinária, nada havendo a ser
reparado no presente recurso. Agravo regimental desprovido.” (HC 396.213-
AgRg/SP, Rel. Min. JOEL ILAN PACIORNIK – grifei) Busca-se, em sede liminar,
a suspensão cautelar de eficácia do ato que determinou a execução provisória
da condenação penal imposta ao ora paciente. Sendo esse o contexto, passo a
apreciar o pleito em causa. Como se sabe, o Supremo Tribunal Federal, a
partir da decisão proferida no HC 126.292/SP e com apoio em sucessivos
julgados emanados do Plenário desta Corte Suprema (ADC 43-MC/DF e ADC 44- -
MC/DF), inclusive em sede de repercussão geral (ARE 964.246-RG/SP), veio a
firmar orientação no sentido da legitimidade constitucional da execução
provisória da pena. Ao participar dos julgamentos que consagraram os
precedentes referidos, integrei a corrente minoritária, por entender que a
tese da execução provisória de condenações penais ainda recorríveis
transgride, de modo frontal, a presunção constitucional de inocência, que só
deixa de subsistir ante o trânsito em julgado da decisão condenatória (CF,
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art. 5º, LVII). Antes desse momento – é preciso advertir –, o Estado não
pode tratar os indiciados ou os réus como se culpados fossem. A presunção de
inocência impõe, desse modo, ao Poder Público um dever de tratamento que não
pode ser desrespeitado por seus agentes e autoridades, como vinha
advertindo, em sucessivos julgamentos, esta Corte Suprema (HC 96.095/SP,
Rel. Min. CELSO DE MELLO – HC 121.929/TO, Rel. Min. ROBERTO BARROSO – HC
124.000/SP, Rel. Min. MARCO AURÉLIO – HC 126.846/SP, Rel. Min. TEORI
ZAVASCKI – HC 130.298/SP, Rel. Min. GILMAR MENDES, v.g.): “(…) O POSTULADO
CONSTITUCIONAL DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA IMPEDE QUE O ESTADO TRATE, COMO SE
CULPADO FOSSE, AQUELE QUE AINDA NÃO SOFREU CONDENAÇÃO PENAL IRRECORRÍVEL – A
prerrogativa jurídica da liberdade – que possui extração constitucional (CF,
art. 5º, LXI e LXV) – não pode ser ofendida por interpretações doutrinárias
ou jurisprudenciais que, fundadas em preocupante discurso de conteúdo
autoritário, culminam por consagrar, paradoxalmente, em detrimento de
direitos e garantias fundamentais proclamados pela Constituição da
República, a ideologia da lei e da ordem. Mesmo que se trate de pessoa
acusada da suposta prática de crime hediondo, e até que sobrevenha sentença
penal condenatória irrecorrível, não se revela possível – por efeito de
insuperável vedação constitucional (CF, art. 5º, LVII) – presumir-lhe a
culpabilidade. Ninguém pode ser tratado como culpado, qualquer que seja a
natureza do ilícito penal cuja prática lhe tenha sido atribuída, sem que
exista, a esse respeito, decisão judicial condenatória transitada em
julgado. O princípio constitucional da presunção de inocência, em nosso
sistema jurídico, consagra, além de outras relevantes consequências, uma
regra de tratamento que impede o Poder Público de agir e de se comportar, em
relação ao suspeito, ao indiciado, ao denunciado ou ao réu, como se estes já
houvessem sido condenados, definitivamente, por sentença do Poder
Judiciário. Precedentes.” (HC 93.883/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO) Assinalo,
para efeito de mero registro, que a exigência de trânsito em julgado da
condenação penal não representa peculiaridade do constitucionalismo
brasileiro, pois também encontra correspondência no plano do direito
comparado, como se vê, p. ex., da Constituição da República Italiana (art.
27) e da Constituição da República Portuguesa (art. 32, n. 2). São essas as
razões que, em apertada síntese, levaram-me a sustentar, em voto vencido, a
tese segundo a qual a execução provisória (ou prematura) da sentença penal
condenatória revela-se frontalmente incompatível com o direito fundamental
do réu de ser presumido inocente até que sobrevenha o efetivo e real
trânsito em julgado de sua condenação criminal, tal como expressamente
assegurado pela própria Constituição da República (CF, art. 5º, LVII). Não
foi por outro motivo que vim a conceder – é certo – medidas cautelares em
sede de “habeas corpus”, embora o fizesse somente naquelas situações não
reveladoras da necessidade de manter-se a prisão do condenado, sempre
segundo avaliação por mim efetivada em cada caso examinado. Ocorre, no
entanto, que, enquanto não sobrevier alteração do pensamento jurisprudencial
desta Corte sobre o tema em causa, não tenho como dele dissociar-me. No que
concerne, portanto, ao questionamento referente à execução antecipada da
pena, não obstante entenda tratar-se de medida incompatível com o nosso
modelo constitucional, que consagra, como direito fundamental, a presunção
de inocência (CF, art. 5º, inciso LVII), devo observar o princípio da
colegialidade, além de considerar, na espécie, o fato de que se mostra
iminente o julgamento final da ADC 43/DF e da ADC 44/DF, de que é Relator o
eminente Ministro MARCO AURÉLIO, ocasião em que esta Corte reapreciará o
tema da possibilidade constitucional de efetivar-se a execução antecipada da
sentença penal condenatória. Inacolhível, desse modo, sob a perspectiva que
venho de expor, a pretendida concessão de medida cautelar suspensiva da
execução provisória ora impugnada. Cabe observar, contudo, que esta
impetração sustenta-se em outro fundamento, consistente na alegada
transgressão, pelo Tribunal “ad quem”, do postulado que veda a “reformatio
in pejus” (CPP, art. 617, “in fine”). Com efeito, a magistrada sentenciante
assegurou ao ora paciente o direito de aguardar em liberdade a conclusão do
processo em que proferida a condenação penal que lhe foi imposta. O Tribunal
de Justiça local, entretanto, determinou, em recurso exclusivo do réu, ora
paciente, fosse instaurada, contra ele, a pertinente execução provisória da
condenação criminal. Tem-se entendido, nesta Suprema Corte, que, em
situações como a ora em exame, em que o Ministério Público sequer se
insurgiu contra o capítulo da sentença que garantiu ao paciente o direito de
recorrer em liberdade, não poderia o Tribunal de superior jurisdição
suprimir esse benefício, em detrimento do condenado, sob pena de ofensa à
cláusula final inscrita no art. 617 do Código de Processo Penal: “(…)
POSSÍVEL OFENSA AO PRINCÍPIO QUE VEDA A ‘REFORMATIO IN PEJUS’ (CPP, ART.
617, ‘in fine’), POIS O TRIBUNAL DE INFERIOR JURISDIÇÃO ORDENOU QUE SE
PROCEDESSE, EM PRIMEIRO GRAU, À IMEDIATA EXECUÇÃO ANTECIPADA DA PENA, NÃO
OBSTANTE ESSE COMANDO HOUVESSE SIDO DETERMINADO EM RECURSO EXCLUSIVO DO RÉU
CONDENADO, A QUEM SE ASSEGURARA, NO ENTANTO, EM MOMENTO ANTERIOR, SEM
IMPUGNAÇÃO RECURSAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO, O DIREITO DE AGUARDAR EM
LIBERDADE A CONCLUSÃO DO PROCESSO. (…).” (HC 147.452/MG, Rel. Min. CELSO DE
MELLO) Vale consignar que se registram, no sentido que venho de expor,
diversas outras decisões proferidas no âmbito do Supremo Tribunal Federal
(HC 135.951-MC/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 140.217-MC/DF, Rel.
Assinado Min. RICARDO
eletronicamente. LEWANDOWSKI
A Certificação – HC a:
Digital pertence 142.012-
Marcelo Leal-MC/DF, Rel.- Advogado
de Lima Oliveira Min. RICARDO LEWANDOWSKI
Num. 10536635 - Pág. 29
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14/03/2018 Pesquisa de Jurisprudência :: STF - Supremo Tribunal Federal
– HC 142.017-MC/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 147.428-MC/MG, Rel.
Min. CELSO DE MELLO – HC 148.122-MC/MG, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.).
Impende destacar, quanto a esse aspecto, que a colenda Segunda Turma deste
Tribunal, em 08/08/2017, iniciou o julgamento, suspenso por pedido de vista,
de uma ação de “habeas corpus” (HC 136.720/PB), no qual já se formou maioria
pela concessão da ordem, em que o eminente Relator, Ministro RICARDO
LEWANDOWSKI, propôs o deferimento do “writ” precisamente em virtude de
violação ao princípio que proíbe a “reformatio in pejus”, em situação na
qual o Tribunal apontado como coator ordenou a imediata execução antecipada
da pena, fazendo-o, contudo, tal como sucede na espécie ora em exame, em
recurso exclusivo do réu, a quem se assegurara, sem qualquer oposição
recursal do Ministério Público, o direito de aguardar em liberdade o
desfecho do processo, transgredindo-se, desse modo, postulado fundamental
que conforma e condiciona a atuação do Poder Judiciário. Sendo assim, e
tendo presentes as razões expostas, defiro o pedido de medida liminar, para,
até final julgamento deste “habeas corpus”, suspender, cautelarmente, o
início da execução da pena determinada nos autos da Apelação Criminal nº
0001282-18.2009.8.26.0274, do E. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo,
restando impossibilitada, em consequência, a efetivação da prisão de Agnaldo
Luciano Pisanelli em decorrência da condenação criminal (ainda não
transitada em julgado) que lhe foi imposta no Processo-crime nº 0001282-
18.2009.8.26.0274 (1ª Vara da comarca de Itápolis/SP). Caso referido
paciente já tenha sido preso em razão da ordem de execução provisória da
pena imposta nos autos do Processo- -crime nº 0001282-18.2009.8.26.0274 (1ª
Vara da comarca de Itápolis/SP), deverá ser ele posto imediatamente em
liberdade, se por al não estiver preso. Comunique-se, com urgência,
transmitindo-se cópia desta decisão ao E. Superior Tribunal de Justiça (HC
396.213/SP), ao E. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (Apelação
Criminal nº 0001282- -18.2009.8.26.0274) e ao Juízo de Direito da 1ª Vara da
comarca de Itápolis/SP (Processo-crime nº 0001282-18.2009.8.26.0274). 2.
Ouça-se a douta Procuradoria-Geral da República sobre o mérito da presente
impetração. Publique-se. Brasília, 26 de fevereiro de 2018. Ministro CELSO
DE MELLO Relator

fim do documento

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado Num. 10536635 - Pág. 30
https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18031417123772100000010518736
http://stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudenciaDetalhe.asp?s1=000406003&base=baseMonocraticas 3/3
Número do documento: 18031417123772100000010518736
362/364
PROCESSO Nº: 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
IMPETRANTE: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
PACIENTE: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho e outro
IMPETRADO: JUÍZO DA 12ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
RELATOR(A): Desembargador(a) Federal Francisco Roberto Machado - 1ª Turma

DECISÃO

Trata-se de Habeas Corpus, com pedido liminar, impetrado em favor de FRANCISCO DEUSMAR DE
QUEIROS, apontando como autoridade coatora o Juízo da 12ª Vara Federal do Ceará, objetivando a
suspensão da Execução Provisória da pena que lhe imposta nos autos da Ação Penal nº
0012628-43.2010.4.05.8100, na qual o paciente foi condenado, pela prática do crime do art. 27-C da Lei
nº 6.385/76, a nove (09) anos e dois (02) meses de reclusão, ainda pendente de julgamento de Recurso
Especial no STJ (REsp 1.449.193-CE)).

Relatei, decido.

A partir do exame superficial, próprio desta fase de cognição sumária, tenho que o ato combatido parece
viciado de abuso de poder.

Não se desconhece o entendimento do STF, firmado no HC 126.292/SP, nas ADC's 43 e 44 e no ARE


964.246/SP, admitindo a possibilidade de execução provisória da pena após condenação em segunda
instância, diante da ausência de efeito suspensivo dos recursos extremos.

No caso concreto, todavia, constou expressamente da sentença condenatória: "determino, ainda,


imediatamente após o trânsito em julgado desta sentença, a remessa dos autos à Vara Federal
competente para a execução da pena aqui aplicada".

Tenho que aludido comando sentencial, a teor de precedente do próprio STF, constitui garantia erigida em
favor do status libertatis do réu, ora paciente, não me parecendo razoável que o famigerado entendimento
firmado pelo STF, de cunho genérico, deva prevalecer sobre uma norma endócrina, expressa na própria
sentença condenatória, diferindo sua execução para depois de seu trânsito em julgado.

Quanto ao perigo da demora, este se mostra evidente, porque o ato combatido determinou o início da
execução da pena imposta a FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS, com a expedição do respectivo
mandado de prisão.

Desse modo, ad cautelam, melhor que não se cumpra, até ulterior deliberação, o ato impugnado.

Assim, defiro a liminar, determinando a suspensão da Execução Provisória da Pena nº


0805802-55.2016.4.05.8100, até julgamento final deste writ.

Intime-se.

Oficie-se ao Juízo originário, para que preste informações, no prazo de 48h.

Depois, sigam os autos ao MPF, para o necessário parecer.

Recife, 15 de março de 2018.

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: FRANCISCO ROBERTO MACHADO - Magistrado Num. 10537072 - Pág. 1
https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18031418272038500000010519173
Número do documento: 18031418272038500000010519173
363/364
Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
Assinado eletronicamente.
MAILZE GOMES A Certificação
DE BARROS Digital pertence
- Diretor a: FRANCISCO ROBERTO MACHADO - Magistrado
de Secretaria Num. 10537072 - Pág. 2
18031509544982100000010528140
Data e hora da assinatura: 15/03/2018 09:54:51
https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18031418272038500000010519173
Identificador:
Número do documento: 4050000.10546061
18031418272038500000010519173
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 364/364
PROCESSO Nº: 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
IMPETRANTE: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
PACIENTE: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho e outro
IMPETRADO: JUÍZO DA 12ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
RELATOR(A): Desembargador(a) Federal Francisco Roberto Machado - 1ª Turma

DECISÃO

Trata-se de Habeas Corpus , com pedido liminar, impetrado em favor de FRANCISCO DEUSMAR DE
QUEIROS, apontando como autoridade coatora o Juízo da 12ª Vara Federal do Ceará, objetivando a
suspensão da Execução Provisória da pena que lhe imposta nos autos da Ação Penal nº
0012628-43.2010.4.05.8100, na qual o paciente foi condenado, pela prática do crime do art. 27-C da Lei
nº 6.385/76, a nove (09) anos e dois (02) meses de reclusão, ainda pendente de julgamento de Recurso
Especial no STJ (REsp 1.449.193-CE)).

Relatei, decido.

A partir do exame superficial, próprio desta fase de cognição sumária, tenho que o ato combatido parece
viciado de abuso de poder.

Não se desconhece o entendimento do STF, firmado no HC 126.292/SP, nas ADC's 43 e 44 e no ARE


964.246/SP, admitindo a possibilidade de execução provisória da pena após condenação em segunda
instância, diante da ausência de efeito suspensivo dos recursos extremos.

No caso concreto, todavia, constou expressamente da sentença condenatória: " determino, ainda,
imediatamente após o trânsito em julgado desta sentença, a remessa dos autos à Vara Federal
competente para a execução da pena aqui aplicada ".

Tenho que aludido comando sentencial, a teor de precedente do próprio STF, constitui garantia erigida em
favor do status libertatis do réu, ora paciente, não me parecendo razoável que o famigerado entendimento
firmado pelo STF, de cunho genérico, deva prevalecer sobre uma norma endócrina, expressa na própria
sentença condenatória, diferindo sua execução para depois de seu trânsito em julgado.

Quanto ao perigo da demora, este se mostra evidente, porque o ato combatido determinou o início da
execução da pena imposta a FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS, com a expedição do respectivo
mandado de prisão.

Desse modo, ad cautelam , melhor que não se cumpra, até ulterior deliberação, o ato impugnado.

Assim, defiro a liminar , determinando a suspensão da Execução Provisória da Pena nº


0805802-55.2016.4.05.8100, até julgamento final deste writ .

Intime-se.

Oficie-se ao Juízo originário, para que preste informações, no prazo de 48h.

Depois, sigam os autos ao MPF, para o necessário parecer.

Recife, 15 de março de 2018.

1/2
Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
ANDREA CARVALHO DE MELLO REGO - Diretor de Secretaria
18031509591268100000010528157
Data e hora da assinatura: 15/03/2018 10:00:07
Identificador: 4050000.10546078
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EXCELENTÍSSIMO DESEMBARGADOR ROBERTO MACHADO,

DD. RELATOR DO HC Nº 0802530-35.2018.4.05.0000

URGENTE!

FRANCISCO CÉSAR ASFOR ROCHA, brasileiro, casado, advogado, inscrito na OAB/SP nº 329.034,
podendo ser localizado no SHIS, QL 14, Conjunto 9, Casa 18, Brasília - DF, MARCELO LEAL DE
LIMA OLIVEIRA , advogado, inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil sob o nº 21.932/DF, com
endereço profissional na SMDB Conjunto 06, lote 06, Brasília/DF, ANASTACIO JORGE MATOS
DE SOUSA MARINHO , OAB/CE 8502, CAIO CESAR VIEIRA ROCHA , OAB/CE 15.095 e
TIAGO ASFOR ROCHA LIMA , OAB/CE 16.386, sócios de Rocha, Marinho e Sales Advogados S/S,
com Endereço na Av. Des. Moreira, 760, 6º andar, Fortaleza - CE, vêm, à presença deste Sodalício,
requerer

PEDIDO DE EXTENSÃO

(com pedido de liminar)

da liminar concedida no HC nº 0802530-35.2018.4.05.0000 em favor de IELTON BARRETO DE


OLIVEIRA , brasileiro, casado, advogado, portador do RG nº 1078182, domiciliado na Rua Silva Jatahy,
nº 220, Apartamento 1600, Fortaleza/CE, GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO , brasileiro,
casado, advogado, portador do CPF nº 950.021.727-86, domiciliado na Rua Joaquim Nabuco, nº 1400,
Apartamento 602, Fortaleza/CE, JERÔNIMO ALVEZ BEZERRA , brasileiro, solteiro, securitário,
portador do CPF nº 232.814.993-68, domiciliado na Rua Paula Ney, nº 827, Apartamento 1301, Aldeota,
Fortaleza/CE, em face das decisões que deram início às execuções provisórias, respectivamente sob o nº
0805810-32.2016.4.05.8100; nº 0805805-10.2016.4.05.8100; e nº 0805812-02.2016.4.05.8100, oriundas
da mesma ação penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100, e com base fática e tese exatamente idênticas,
fazendo-o pelas seguintes razões de fato e de direito:

I - BREVÍSSIMO HISTÓRICO PROCESSUAL

1.
1/15
1. 1. O Requerente foi condenado nos autos da Ação Penal nº
0012628-43.2010.4.05.8100 pela suposta prática dos crimes previstos nos artigos 7º, IV, da Lei nº
7.492/86 e 27-C da Lei nº 6.385/76, ocorridos entre os anos de 2000 e 2006. Foi-lhe atribuída a
pena de 10 anos de reclusão em regime inicial fechado, garantindo-se o direito de permanecer em
liberdade até o trânsito em julgado.

1. 2. Em sede de apelação exclusiva da defesa, este Tribunal Regional Federal da


5ª Região, afastou a condenação em relação ao crime previsto no artigo 27-C da Lei nº 6.385/76,
resultando numa pena final de 05 anos de reclusão.

1. 3. Embora tenha o Ministério Público Federal se contentado com o resultado


alcançado, operando-se o trânsito em julgado para a acusação, o Paciente interpôs, daquele acórdão,
o Recurso Especial nº 1.449.193, cujo trânsito em julgado ainda não ocorreu.

1. 4. Havendo o Ministério Público requerido a prisão do Paciente com fulcro no


que decidiu o Supremo Tribunal Federal acerca da possibilidade da execução provisória da pena
após o exaurimento da instância ordinária, a defesa ingressou com pedido de Tutela Provisória nº
38 perante o Superior Tribunal de Justiça, cuja liminar foi deferida em face da plausibilidade do
direito invocado.

1. 5. Surpreendeu-se a defesa, no entanto, com posterior decisão monocrática,


negando provimento ao Recurso Especial e, em seguida, o reconhecimento da prejudicialidade da
medida cautelar, mormente porque ainda não ocorreu o trânsito em julgado .

1. 6. Com efeito, foram opostos Embargos de Declaração com pedido de


efeitos modificativos, os quais ainda não foram julgados .

1. 7. Embora mencionadas decisões tenham sido objeto dos recursos cabíveis à


espécie, não tendo havido, portanto, o trânsito em julgado, o Ministério Público requereu a
execução provisória da pena, o que foi deferido pela autoridade coatora nos seguintes termos:

"O Ministério Público Federal requereu, novamente, o início da execução da pena, informando que "o
RESp 1.449.193/CE, que apoiava tal tutela provisória, foi julgado e desprovido". Sobre o pedido do
Ministério Público Federal se manifestou a defesa, ao argumento de que a execução da pena implicaria
em reformatio in pejus, pois o título executivo teria sido expresso em afirmar que a prisão dos
sentenciados deveria ocorrer apenas após o trânsito em julgado da sentença.

É o relato necessário. DECIDO.

2. FUNDAMENTAÇÃO

Não é verdade a alegação da defesa, no sentido de que a sentença teria sido expressa ao afirmar que os
condenados somente poderiam ser presos após o trânsito em julgado. Muito pelo contrário: a sentença

2/15
foi explícita em indicar que os réus poderiam apelar em liberdade. Eis o quanto consta da sentença:

89. Quanto ao eventual recurso de apelação, reconheço que, em razão da inexistência de elementos
ensejadores de recolhimento à prisão dos réus, que se encontram soltos, considerando também que, no
transcorrer da instrução, ditos réus não agiram no sentido de dificultar a atividade jurisdicional,
entendo que os mesmos devem apelar em liberdade . (grifei)

A menção ao trânsito em julgado se deu apenas a título de providências finais burocráticas , no sentido
de que, após o trânsito em julgado, deveria ser expedida a respectiva guia de execução.

A propósito, o próprio Ministro Relator que havia concedido a suspensão da presente execução já havia
ponderado:

A expressão constante das sentenças condenatórias, ao determinar a expedição de mandado de prisão


após o trânsito em julgado, não opera coisa julgada em favor do réu, de modo que tal fato não tem o
condão de impedir sua prisão no âmbito da execução provisória da pena. Este tipo de comando
sentencial, com efeito, consta do texto condenatório, em verdade, apenas como norte para o início de
cumprimento de pena, com advento do trânsito em julgado, ou seja, tem por finalidade guiar o feito após
o julgamento definitivo dos recursos, da mesma forma como a determinação de expedição de ofícios para
inscrição no nome do rol de culpados, as determinações para fins de suspensão de direitos políticos,
dentre outras diligências.

Sendo assim, ainda que se acolhesse a tese defensiva (no sentido de que o direito ao recurso em liberdade
faria coisa julgada material se não atacado pelo Ministério Público Federal), a qual realmente vem
encontrando algum apoio dentro do Supremo Tribunal Federal, especialmente de Ministros que foram
vencidos no julgamento a respeito da possibilidade de execução provisória da pena, o caso concreto sob
exame não se amolda faticamente à tese, porquanto, repita-se, a sentença apenas assegurou o direito de
apelar em liberdade.

De todo modo, o entendimento deste juízo é no sentido de que a execução provisória da pena configura
poder-dever do magistrado, que deve determiná-la quando constatado o esgotamento das vias ordinárias
de impugnação. Com efeito, é sabido que, ao decidir sobre o direito de recorrer em liberdade, o juiz
analisa apenas a presença ou não dos requisitos para decretação da prisão preventiva - nada dispondo
sobre a execução provisória da pena. Mas a execução provisória em nada se relaciona a prisão
preventiva e deve ser implementada mesmo que ausentes os requisitos da segregação cautelar, já que,
repito, a execução provisória não possui natureza processual ou cautelar, mas sim de execução
propriamente dita, ainda que provisória.

Ademais, não prospera a alegação de que a execução provisória seria "reformatio in pejus".

Ora, não se está alterando em nada o título judicial em desfavor dos réus. O comando condenatório está
sendo executado na exata medida em que proferido. A "reformatio in pejus" somente ocorre quando um
recurso piora a situação do acusado. E o recurso interposto em nada o prejudicou. Muito pelo contrário:
assegurou que o acusado permanecesse solto durante o julgamento da apelação, tendo, portanto,
melhorado a sua situação. Se não tivesse interposto o recurso, a sentença teria sido imediatamente
executada. A "reformatio in pejus" somente ocorre quando o acusado possa afirmar algo como "seria
melhor se eu não tivesse recorrido...". E, no caso presente, o acusado pode dizer isso? Decerto não, pois,
além de ter tido sua pena reduzida, se manteve solto durante o julgamento da apelação.

São, portanto, dois momentos distintos e duas análises diversas: 1) quando profere a sentença, o juiz
verifica se estão ou não presentes os requisitos da prisão preventiva, e decide pela prisão do sentenciado
ou pelo recurso em liberdade; 2) quando determina a execução provisória, o juiz analisa se está esgotada
a via ordinária recursal, e decide pelo início da pena.

3/15
No caso sob exame, esgotada está a via recursal ordinária, pois já julgada a apelação do executado, bem
como o próprio recurso especial (este monocraticamente, ainda não transitado

em julgado). Acertado, pois, o início da execução provisória da pena, como determinado pelo juízo da
causa e requerido agora pelo Ministério Público Federal.

3. DISPOSITIVO

Pelo exposto, DEFIRO o pedido formulado pelo Ministério Público Federal e DETERMINO o
prosseguimento desta execução provisória, com início da pena imposta ao executado.

Expeça-se mandado de prisão. Considerando que o advogado do executado compareceu no gabinete


deste magistrado e solicitou que, pelas condições pessoais e sociais do réu, este

pudesse se apresentar espontaneamente para início do cumprimento da pena (na eventualidade de


deferimento do pedido do MPF), e tendo em vista que ele respondeu a todo o processo solto e não
demonstrou intenção de fuga, hei por bem acolher o pleito, pelo que DETERMINO que a Polícia Federal
somente dê cumprimento ao mandado após 24h do seu recebimento - lapso durante o qual o executado
deverá se apresentar perante a autoridade policial, sob pena de ser

preso onde for encontrado. Após a expedição do mandado de prisão, dê-se ciência ao advogado do
executado, por telefone.

Efetivada a prisão, fica desde já declinada a competência para a Justiça Estadual, devendo a Secretaria
expedir a respectiva guia de execução."

1. 8. Esta decisão, no entanto, viola frontalmente o princípio do non reformatio in


pejus , demandando a pronta intervenção desta Corte para fazer cessar incontinenti a gravíssima
coação ao direito de locomoção do Requerente.

II - DA NECESSIDADE DE TRÂNSITO EM JULGADO ESTABELECIDA NO TÍTULO


EXECUTIVO - IMPOSSIBILIDADE DE REFORMATIO IN PEJUS

1. 9. O que se discute neste momento processual em nada se relaciona com a


(in)constitucionalidade da execução provisória da pena.

1. 10. Trata-se, em realidade, de simples, mas importantíssimo pedido de


cumprimento do princípio do non reformatio in pejus e garantia da segurança jurídica advinda de
decisões proferidas em processos penais, dos quais deixou de recorrer a acusação.

1. 11. No caso em tela, não é possível o início da execução provisória da pena


porque o cumprimento da reprimenda está diretamente condicionado ao trânsito em julgado

4/15
1.

do processo!!!

1. 12. É que a sentença, título executivo por excelência, foi expressa ao afirmar que
a prisão dos sentenciados deveria ocorrer apenas "após o trânsito em julgado da sentença".
Confira-se:

5/15
1. 13. Não há margem para dúvida.

1. 14. Conforme se depreende da leitura do título que se pretende executar


provisoriamente, a execução da pena imposta ao Paciente depende do seu trânsito em julgado
para ambas as partes .

1. 15. O Ministério Público quedou-se inerte, satisfazendo-se com o título


executivo obtido em todos os seus termos. Com isso, ocorreu, apenas para a acusação, o trânsito em
julgado. Confira-se:

6/15
1. 16. Ora, ainda que se pretenda executar provisoriamente a pena, isto só pode ser
feito nos exatos termos da sentença, que é expressa em afirmar que a prisão somente deve se dar
após o trânsito em julgado.

1. 17. A questão, portanto, não diz respeito à possibilidade ou não da prisão ser
decretada após a decisão condenatória proferida em segundo grau em jurisdição.

1. 18. Na data de ontem, a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal, ao julgar o HC


144.717, referendou esse entendimento!

1. 19. Aliás, é importante destacar que o caso foi desafetado do Plenário


exatamente porque se entendeu que esta matéria específica estaria fora do alcance da discussão
sobre a possibilidade ou não da prisão após condenação de segundo grau.

1. 20. Em que pese o acórdão não tenha sido publicado, o próprio sítio eletrônico
do STF traz a informação:

1. 21. No caso em tela, a alteração do título executivo (sentença), tal como pretende
o Ministério Público, sem que dela tenha recorrido, importaria em flagrante reformatio in pejus.

1. 22. Em outras palavras, se a sentença condenatória expressamente afirma que o


cumprimento da pena deve se dar apenas com o trânsito em julgado e em não havendo recurso por
parte do Ministério Público, é expressamente vedado ao judiciário impor prematuramente,
inexistentes novos requisitos de cautelaridade, a prisão processual do Paciente.

1. 23. Não tem qualquer procedência o argumento trazido pela autoridade coatora
no sentido de que as "providências finais" seriam meramente burocráticas e que, portanto, não
fariam coisa julgada.

1. 24. Ora, as providências finais, embora burocráticas, integram a parte dispositiva


da sentença, exatamente a parte das sentenças judiciais a respeito das quais não há qualquer dúvida
quanto a estarem acobertadas pelo manto da coisa julgada.

7/15
1. 25. Tanto é assim, que a própria autoridade coatora reconheceu exatamente o
oposto em sua fundamentação:

" Este tipo de comando sentencial, com efeito, consta do texto condenatório, em verdade, apenas como
norte para o início de cumprimento de pena, com advento do trânsito em julgado, ou seja, tem por
finalidade guiar o feito após o julgamento definitivo dos recursos ".

1. 26. É exatamente disso que se está falando! As "providências finais" são, nada
mais nada menos do que o norte para o início do cumprimento da pena...

1. 27. E é evidente que deste norte não pode haver desvio nem para a esquerda nem
para a direita!

1. 28. Com efeito, a parte em que o Magistrado dá ordens ao Ofício é a parte


mandamental por excelência, na qual fixa no tempo e no espaço os limites da execução,
propriamente o que se está argumentando no presente writ .

1. 29. No mais, o princípio de proibição à reformatio in pejus não atende a um


raciocínio tão singelo quanto o utilizado pela autoridade coatora, pois não se refere apenas à mera
vantagem que a defesa teria ao decidir por recorrer ou não da sentença.

1. 30. Não se trata apenas de considerar se " seria melhor que a defesa não tivesse
recorrido ...".

1. 31. Mais do que isso, o nemo reformatio in pejus é uma garantia que dá
sustentação ao princípio do respeito à coisa julgada. Isto é, tem o condão de viabilizar que haja
efetivo respeito à coisa julgada, evitando-se que a situação da defesa venha a ser alterada no meio
do caminho, sem que o órgão acusatório tenha intervindo no momento oportuno.

1. 32. Isto é, tem mais a ver com o não recurso da acusação do que com o recurso
da defesa.

1. 33. O próprio Supremo Tribunal Federal, aliás, vem garantindo a aplicação do


princípio do non reformatio in pejus , condicionando o recolhimento à prisão ao trânsito em julgado
para ambas as partes, nos casos em que assim prevê o título executivo, sem que, com isso, se possa

8/15
1.

afirmar o descumprimento do precedente emanado por aquela Corte.

1. 34. Aliás, a própria autoridade coatora reconheceu que esta é a tese que
efetivamente vem sendo aplicada pelo Supremo Tribunal Federal, ainda que a procure desmerecer,
sugerindo que é encampada apenas por Ministros que restaram vencidos quando do julgamento a
respeito da possibilidade da execução provisória da pena em matéria penal.

1. 35. De fato, assim tem decidido, em diversas ocasiões, a nossa Corte Suprema.

1. 36. Muito ao contrário do sugerido pelo Magistrado, a tese é exatamente a


mesma que vem sido acatada pelo STF, pois em todas tratou-se exatamente de hipótese fática
idêntica, em que ao réu é assegurado apelar em liberdade, determinando-se o início da
execução "após o trânsito em julgado" .

1. 37. Nesse sentido, recentíssima a decisão proferida pelo Min. CELSO DE


MELLO, nos autos do HC nº 152.974/SP, publicada em 06 de março de 2018:

"Tem-se entendido, nesta Suprema Corte, que, em situações como a ora em exame, em que o Ministério
Público sequer se insurgiu contra o pronunciamento do órgão judiciário "a quo" que garantiu ao
paciente o direito de recorrer em liberdade, não pode o Tribunal de superior jurisdição suprimir esse
benefício, em detrimento do condenado, sob pena de ofensa à cláusula final inscrita no art. 617 do
Código de Processo Penal:

"() POSSÍVEL OFENSA AO PRINCÍPIO QUE VEDA A 'REFORMATIO IN PEJUS' (CPP, ART. 617, 'in
fine'), POIS O TRIBUNAL DE INFERIOR JURISDIÇÃO ORDENOU QUE SE PROCEDESSE, EM
PRIMEIRO GRAU, À IMEDIATA EXECUÇÃO ANTECIPADA DA PENA, NÃO OBSTANTE ESSE
COMANDO HOUVESSE SIDO DETERMINADO EM RECURSO EXCLUSIVO DO RÉU CONDENADO,
A QUEM SE ASSEGURARA, NO ENTANTO, EM MOMENTO ANTERIOR, SEM IMPUGNAÇÃO
RECURSAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO, O DIREITO DE AGUARDAR EM LIBERDADE A
CONCLUSÃO DO PROCESSO. ()." (HC 147.452/MG, Rel. Min. CELSO DE MELLO)"

1. 38. Em igual sentido, a decisão monocrática do HC 140.217/DF, de relatoria do


Ministro RICARDO LEWANDOWSKI:

"(...) Registre-se, também, que a antecipação do cumprimento da pena, em qualquer grau de jurisdição,
somente pode ocorrer mediante um pronunciamento específico e fundamentado que demonstre, à
saciedade, e com base em elementos concretos, a necessidade da custódia cautelar . Assim,
verificando que o caso em espécie se assemelha àquele tratado no HC 140.217/DF, bem como nos HC's
135.951/DF, 142.012/DF e 142.017/DF, todos de minha relatoria, entendo que ocorreu a formação da
coisa julgada do direito de o paciente recorrer em liberdade. Por essas razões, constatada a
excepcionalidade da situação em análise faz necessária a suspensão da execução da pena imposta ao
paciente. Isso posto, tendo em conta que a conclusão a que chego neste habeas corpus em nada
conflita com as decisões majoritárias desta Suprema Corte, acima criticadas, com o respeito de praxe,

9/15
confirmando as liminares, concedo a ordem de habeas corpus (art. 192, caput, do RISTF), para que os
pacientes possam aguardar, em liberdade, o trânsito em julgado da sentença penal condenatória
proferida no Processo 2005.01.1.064173-9, sem prejuízo da manutenção ou fixação, pelo juízo
processante, de uma ou mais de uma das medidas cautelares previstas no art. 319 do Código de Processo
Penal, caso entenda necessário. Comunique-se com urgência. Expeça-se alvará de soltura
clausulado. Publique-se. Brasília, 14 de novembro de 2017. Ministro Ricardo Lewandowski Relator

(HC 140217, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, julgado em 14/11/2017, publicado em


PROCESSO ELETRÔNICO DJe-261 DIVULG 16/11/2017 PUBLIC 17/11/2017)"

1. 39. Da mesma forma, os seguintes julgados: HC 135.951-MC/DF , Rel. Min.


RICARDO LEWANDOWSKI - HC 142.012-MC/DF , Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI -
HC 142.017-MC/DF , Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI - HC 147.428-MC/MG , Rel.
Min. CELSO DE MELLO - HC 148.122-MC/MG , Rel. Min. CELSO DE MELLO - HC
153.431/SP , Rel. Min. CELSO DE MELLO.

IV - DA CONCESSÃO DE LIMINAR POR ESTE RELATOR EM HABEAS CORPUS


IMPETRADO EM FAVOR DE CORRÉU NA MESMA AÇÃO PENAL, EM SITUAÇÃO
ABSOLUTAMENTE IDÊNTICA

1. 40. Em razão dos mesmos fatos narrados acima, impetrou-se ordem de habeas
corpus em favor do Paciente FRANCISCO DESUMAR DE QUEIRÓS, que recebeu o número nº
0802530-35.2018.4.05.0000, recaindo a Relatoria a Vossa Excelência.

1. 41. Na data de hoje, foi concedida liminar, garantindo ao Paciente a suspensão


da execução provisória de sua pena, até julgamento final do writ .

10/15
11/15
1. 42. Eis os termos em que foi posta a liminar:

"Decisão

Trata-se de Habeas Corpus , com pedido de liminar, impetrado em favor de FRANCISCO DEUSMAR DE
QUEIROS, apontando como autoridade coatora o Juízo da 12ª Vara Federal do Ceará, objetivando a
suspensão da Execução Provisória da pena que lhe imposta nos autos da Ação Penal nº
0012628-43.2010.4.05.8100, na qual o paciente foi condenado, pela prática do crime do art. 27-C da Lei
nº 6.385/76, a nove (09) anos e dois (02) meses de reclusão, ainda pendente de julgamento de Recurso
Especial no STJ (REsp 1.449.493-CE).

Relatei, decido.

A partir do exame superficial, próprio desta fase de cognição sumária, tenho que o ato combatido parece
viciado de abuso de poder.

Não se desconhece o entendimento do STF, firmado no HC 126.292/SP, nas ADC's 43 e 44 e no ARE


964.246/SP, admitindo a possibilidade de execução provisória da pena após condenação em segunda
instância, diante de ausência de efeito suspensivo dos recursos extremos.

No caso concreto, todavia, constou expressamente da sentença condenatória: " determino, ainda,
imediatamente após o trânsito em julgado desta sentença, a remessa dos autos à Vara Federal competente
para a execução da pena aqui aplicada".

Tenho que aludido comando sentencia, a teor de precedente do próprio STF, constitui garantia erigida
em favor do status libertatis do réu, ora paciente, não me parecendo razoável que o famigerado
entendimento firmado pelo STF, de cunho genérico, deva prevalecer sobre uma norma endócrina,
expressa na própria sentença condenatória, diferindo sua execução para depois do trânsito em julgado.

Quanto ao perigo da demora, este se mostra evidente, porque o ato combatido determinou o início da
execução da pena imposta a FRANCICSO DESUAMR DE QUEIROS, com a expedição do respectivo
mandado de prisão.

Desse modo, ad cautelam , melhor que não se cumpra, até ulterior deliberação, o ato impugnado.

Assim, defiro a liminar, determinando a suspensão da Execução Provisória da Pena nº


0805802-55.2016.4.05.8100 até o julgamento final desse writ .

Intime-se.

Oficie-se o Juízo originário, para que preste informações, no prazo de 48h;

Depois, sigam os autos ao MPF, para o necessário parecer.

Recife, 15 de março de 2018."

1. 43. Ora, o presente pedido de extensão cuida da mesmíssima matéria,


referindo-se à mesma sentença e à mesmíssima hipótese, apenas ocorrendo que o número da
execução da pena é distinto, pois, como é sabido, a execução de cada réu ocorre em autos
apartados .

12/15
1. 44. Com efeito, aqui, trata-se das Execuções Provisórias nº
0805810-32.2016.4.05.8100; nº 0805805-10.2016.4.05.8100; e nº 0805812-02.2016.4.05.8100, em
curso perante a Justiça Federal do Ceará. Estas execuções, todavia, destinam-se a executar as penas
impostas a cada um dos réus na ação penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100.

1. 45. É exatamente a mesma ação penal que de origem à Execução Provisória


0805802-55.2016.4.05.8100, em desfavor de FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROZ, corréu
beneficiado pela liminar desta Corte.

1. 46. Na execução de todos os corréus, houve decisão idêntica ao ato coator


apontado no writ cuja extensão liminar se busca alcançar.

1. 47. Neste sentido, para manutenção da segurança jurídica, e, ainda, de forma a


barrar a mesma coação que de forma idêntica recai sobre os corréus em situação idêntica, impõe-se
a extensão da mesma liminar, destinada a suspender o início da execução provisória, até o
julgamento final do writ .

V - DOS REQUISITOS PARA A CONCESSÃO DE MEDIDA LIMINAR

1. 48. Presentes se encontram os requisitos para a concessão de liminar, nos


mesmos moldes da que já foi concedida no habeas corpus nº 0802530-35.2018.4.05.0000, uma vez
presentes o fumus boni iuris e o periculum in mora .

1. 49. O primeiro salta aos olhos por todos os fundamentos acima elencados e que
demonstram claramente a violação ao princípio do non reformatio in pejus , acrescidos da
informação de que liminar idêntica já foi concedida a corréu em situação processual idêntica.

1. 50. O perigo da demora, por sua vez, se torna evidente frente à ordem de prisão
em desfavor dos Requerentes, sendo desnecessária uma descrição pormenorizada do dano de
impossível reparação que a prisão representa na vida de quem vem a ser encarcerado.

13/15
VI - DO PEDIDO

1. 51. Ante o exposto, requer seja deferida a extensão da liminar concedida no


habeas corpus nº 0802530-35.2018.4.05.0000, para obstar o início da execução da pena dos
Requerentes antes do trânsito em julgado, expedindo-se o competente contra-mandados de prisão
ou, se já houver sido cumprida, o necessário alvará de soltura.

1. 52. Acaso não entendida a existência dos requisitos para a extensão, requer seja
recebido o pedido como novo writ , figurando os Requerentes como Pacientes e deferindo-se a
liminar requerida.

P. deferimento.

Brasília, 15 de março de 2018.

Marcelo Leal de Lima Oliveira

OAB/DF 21.932

Caio César Vieira Rocha

OAB/CE 15.095

Francisco César Asfor Rocha

OAB/SP 329.034

Tiago Asfor Rocha Lima

OAB/CE 16.386

Anastácio Jorge Matos de Sousa Marinho

OAB/CE 8.502

14/15
Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado
18031510285492300000010528281
Data e hora da assinatura: 15/03/2018 10:33:29
Identificador: 4050000.10546202
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 15/15
EXCELENTÍSSIMO DESEMBARGADOR ROBERTO MACHADO,
DD. RELATOR DO HC Nº 0802530-35.2018.4.05.0000

URGENTE!

FRANCISCO CÉSAR ASFOR ROCHA, brasileiro, casado, advogado, inscrito


na OAB/SP nº 329.034, podendo ser localizado no SHIS, QL 14, Conjunto 9, Casa 18, Brasília
– DF, MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA, advogado, inscrito na Ordem dos Advogados do
Brasil sob o nº 21.932/DF, com endereço profissional na SMDB Conjunto 06, lote 06,
Brasília/DF, ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO, OAB/CE 8502, CAIO
CESAR VIEIRA ROCHA, OAB/CE 15.095 e TIAGO ASFOR ROCHA LIMA, OAB/CE 16.386,
sócios de Rocha, Marinho e Sales Advogados S/S, com Endereço na Av. Des. Moreira, 760, 6º
andar, Fortaleza – CE, vêm, à presença deste Sodalício, requerer

PEDIDO DE EXTENSÃO
(com pedido de liminar)

da liminar concedida no HC nº 0802530-35.2018.4.05.0000 em favor de IELTON BARRETO


DE OLIVEIRA, brasileiro, casado, advogado, portador do RG nº 1078182, domiciliado na Rua
Silva Jatahy, nº 220, Apartamento 1600, Fortaleza/CE, GERALDO DE LIMA GADELHA
FILHO, brasileiro, casado, advogado, portador do CPF nº 950.021.727-86, domiciliado na Rua
Joaquim Nabuco, nº 1400, Apartamento 602, Fortaleza/CE, JERÔNIMO ALVEZ BEZERRA,
brasileiro, solteiro, securitário, portador do CPF nº 232.814.993-68, domiciliado na Rua Paula
Ney, nº 827, Apartamento 1301, Aldeota, Fortaleza/CE, em face das decisões que deram início
às execuções provisórias, respectivamente sob o nº 0805810-32.2016.4.05.8100; nº 0805805-
10.2016.4.05.8100; e nº 0805812-02.2016.4.05.8100, oriundas da mesma ação penal nº
0012628-43.2010.4.05.8100, e com base fática e tese exatamente idênticas, fazendo-o pelas
seguintes razões de fato e de direito:

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I - BREVÍSSIMO HISTÓRICO PROCESSUAL

1. O Requerente foi condenado nos autos da Ação Penal nº 0012628-


43.2010.4.05.8100 pela suposta prática dos crimes previstos nos artigos 7º, IV, da Lei nº
7.492/86 e 27-C da Lei nº 6.385/76, ocorridos entre os anos de 2000 e 2006. Foi-lhe atribuída a
pena de 10 anos de reclusão em regime inicial fechado, garantindo-se o direito de permanecer
em liberdade até o trânsito em julgado.

2. Em sede de apelação exclusiva da defesa, este Tribunal Regional Federal da


5ª Região, afastou a condenação em relação ao crime previsto no artigo 27-C da Lei nº
6.385/76, resultando numa pena final de 05 anos de reclusão.

3. Embora tenha o Ministério Público Federal se contentado com o resultado


alcançado, operando-se o trânsito em julgado para a acusação, o Paciente interpôs, daquele
acórdão, o Recurso Especial nº 1.449.193, cujo trânsito em julgado ainda não ocorreu.

4. Havendo o Ministério Público requerido a prisão do Paciente com fulcro no


que decidiu o Supremo Tribunal Federal acerca da possibilidade da execução provisória da
pena após o exaurimento da instância ordinária, a defesa ingressou com pedido de Tutela
Provisória nº 38 perante o Superior Tribunal de Justiça, cuja liminar foi deferida em face da
plausibilidade do direito invocado.

5. Surpreendeu-se a defesa, no entanto, com posterior decisão monocrática,


negando provimento ao Recurso Especial e, em seguida, o reconhecimento da
prejudicialidade da medida cautelar, mormente porque ainda não ocorreu o trânsito em
julgado.

6. Com efeito, foram opostos Embargos de Declaração com pedido de


efeitos modificativos, os quais ainda não foram julgados.

7. Embora mencionadas decisões tenham sido objeto dos recursos cabíveis à


espécie, não tendo havido, portanto, o trânsito em julgado, o Ministério Público requereu a
execução provisória da pena, o que foi deferido pela autoridade coatora nos seguintes termos:

“O Ministério Público Federal requereu, novamente, o início da execução da


pena, informando que "o RESp 1.449.193/CE, que apoiava tal tutela
provisória, foi julgado e desprovido". Sobre o pedido do Ministério Público

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Federal se manifestou a defesa, ao argumento de que a execução da pena
implicaria em reformatio in pejus, pois o título executivo teria sido expresso
em afirmar que a prisão dos sentenciados deveria ocorrer apenas após o
trânsito em julgado da sentença.
É o relato necessário. DECIDO.
2. FUNDAMENTAÇÃO
Não é verdade a alegação da defesa, no sentido de que a sentença teria sido
expressa ao afirmar que os condenados somente poderiam ser presos após o
trânsito em julgado. Muito pelo contrário: a sentença foi explícita em indicar
que os réus poderiam apelar em liberdade. Eis o quanto consta da sentença:

89. Quanto ao eventual recurso de apelação, reconheço que, em razão da


inexistência de elementos ensejadores de recolhimento à prisão dos réus,
que se encontram soltos, considerando também que, no transcorrer da
instrução, ditos réus não agiram no sentido de dificultar a atividade
jurisdicional, entendo que os mesmos devem apelar em liberdade. (grifei)

A menção ao trânsito em julgado se deu apenas a título de providências finais


burocráticas, no sentido de que, após o trânsito em julgado, deveria ser
expedida a respectiva guia de execução.
A propósito, o próprio Ministro Relator que havia concedido a suspensão da
presente execução já havia ponderado:
A expressão constante das sentenças condenatórias, ao determinar a
expedição de mandado de prisão após o trânsito em julgado, não opera coisa
julgada em favor do réu, de modo que tal fato não tem o condão de impedir
sua prisão no âmbito da execução provisória da pena. Este tipo de comando
sentencial, com efeito, consta do texto condenatório, em verdade, apenas
como norte para o início de cumprimento de pena, com advento do trânsito
em julgado, ou seja, tem por finalidade guiar o feito após o julgamento
definitivo dos recursos, da mesma forma como a determinação de expedição
de ofícios para inscrição no nome do rol de culpados, as determinações para
fins de suspensão de direitos políticos, dentre outras diligências.
Sendo assim, ainda que se acolhesse a tese defensiva (no sentido de que o
direito ao recurso em liberdade faria coisa julgada material se não atacado
pelo Ministério Público Federal), a qual realmente vem encontrando algum
apoio dentro do Supremo Tribunal Federal, especialmente de Ministros que
foram vencidos no julgamento a respeito da possibilidade de execução
provisória da pena, o caso concreto sob exame não se amolda faticamente à
tese, porquanto, repita-se, a sentença apenas assegurou o direito de apelar
em liberdade.
De todo modo, o entendimento deste juízo é no sentido de que a execução
provisória da pena configura poder-dever do magistrado, que deve determiná-
la quando constatado o esgotamento das vias ordinárias de impugnação.
Com efeito, é sabido que, ao decidir sobre o direito de recorrer em liberdade,
o juiz analisa apenas a presença ou não dos requisitos para decretação da
prisão preventiva - nada dispondo sobre a execução provisória da pena. Mas
a execução provisória em nada se relaciona a prisão preventiva e deve ser
implementada mesmo que ausentes os requisitos da segregação cautelar, já
que, repito, a execução provisória não possui natureza processual ou
cautelar, mas sim de execução propriamente dita, ainda que provisória.
Ademais, não prospera a alegação de que a execução provisória seria
"reformatio in pejus".
Ora, não se está alterando em nada o título judicial em desfavor dos réus. O
comando condenatório está sendo executado na exata medida em que
proferido. A "reformatio in pejus" somente ocorre quando um recurso piora a
situação do acusado. E o recurso interposto em nada o prejudicou. Muito pelo
contrário: assegurou que o acusado permanecesse solto durante o
julgamento da apelação, tendo, portanto, melhorado a sua situação. Se não

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tivesse interposto o recurso, a sentença teria sido imediatamente executada.
A "reformatio in pejus" somente ocorre quando o acusado possa afirmar algo
como "seria melhor se eu não tivesse recorrido...". E, no caso presente, o
acusado pode dizer isso? Decerto não, pois, além de ter tido sua pena
reduzida, se manteve solto durante o julgamento da apelação.
São, portanto, dois momentos distintos e duas análises diversas: 1) quando
profere a sentença, o juiz verifica se estão ou não presentes os requisitos da
prisão preventiva, e decide pela prisão do sentenciado ou pelo recurso em
liberdade; 2) quando determina a execução provisória, o juiz analisa se está
esgotada a via ordinária recursal, e decide pelo início da pena.
No caso sob exame, esgotada está a via recursal ordinária, pois já julgada a
apelação do executado, bem como o próprio recurso especial (este
monocraticamente, ainda não transitado
em julgado). Acertado, pois, o início da execução provisória da pena, como
determinado pelo juízo da causa e requerido agora pelo Ministério Público
Federal.
3. DISPOSITIVO
Pelo exposto, DEFIRO o pedido formulado pelo Ministério Público Federal e
DETERMINO o prosseguimento desta execução provisória, com início da
pena imposta ao executado.
Expeça-se mandado de prisão. Considerando que o advogado do executado
compareceu no gabinete deste magistrado e solicitou que, pelas condições
pessoais e sociais do réu, este
pudesse se apresentar espontaneamente para início do cumprimento da pena
(na eventualidade de deferimento do pedido do MPF), e tendo em vista que
ele respondeu a todo o processo solto e não demonstrou intenção de fuga,
hei por bem acolher o pleito, pelo que DETERMINO que a Polícia Federal
somente dê cumprimento ao mandado após 24h do seu recebimento – lapso
durante o qual o executado deverá se apresentar perante a autoridade
policial, sob pena de ser
preso onde for encontrado. Após a expedição do mandado de prisão, dê-se
ciência ao advogado do executado, por telefone.
Efetivada a prisão, fica desde já declinada a competência para a Justiça
Estadual, devendo a Secretaria expedir a respectiva guia de execução.”

8. Esta decisão, no entanto, viola frontalmente o princípio do non reformatio in


pejus, demandando a pronta intervenção desta Corte para fazer cessar incontinenti a
gravíssima coação ao direito de locomoção do Requerente.

II – DA NECESSIDADE DE TRÂNSITO EM JULGADO ESTABELECIDA NO TÍTULO


EXECUTIVO – IMPOSSIBILIDADE DE REFORMATIO IN PEJUS

9. O que se discute neste momento processual em nada se relaciona com a


(in)constitucionalidade da execução provisória da pena.

10. Trata-se, em realidade, de simples, mas importantíssimo pedido de


cumprimento do princípio do non reformatio in pejus e garantia da segurança jurídica advinda
de decisões proferidas em processos penais, dos quais deixou de recorrer a acusação.

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11. No caso em tela, não é possível o início da execução provisória da pena
porque o cumprimento da reprimenda está diretamente condicionado ao trânsito em
julgado do processo!!!

12. É que a sentença, título executivo por excelência, foi expressa ao afirmar que
a prisão dos sentenciados deveria ocorrer apenas “após o trânsito em julgado da sentença”.
Confira-se:

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13. Não há margem para dúvida.

14. Conforme se depreende da leitura do título que se pretende executar


provisoriamente, a execução da pena imposta ao Paciente depende do seu trânsito em
julgado para ambas as partes.

15. O Ministério Público quedou-se inerte, satisfazendo-se com o título executivo


obtido em todos os seus termos. Com isso, ocorreu, apenas para a acusação, o trânsito em
julgado. Confira-se:

16. Ora, ainda que se pretenda executar provisoriamente a pena, isto só pode ser
feito nos exatos termos da sentença, que é expressa em afirmar que a prisão somente deve se
dar após o trânsito em julgado.

17. A questão, portanto, não diz respeito à possibilidade ou não da prisão ser
decretada após a decisão condenatória proferida em segundo grau em jurisdição.

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18. Na data de ontem, a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal, ao julgar o HC
144.717, referendou esse entendimento!

19. Aliás, é importante destacar que o caso foi desafetado do Plenário


exatamente porque se entendeu que esta matéria específica estaria fora do alcance da
discussão sobre a possibilidade ou não da prisão após condenação de segundo grau.

20. Em que pese o acórdão não tenha sido publicado, o próprio sítio eletrônico do
STF traz a informação:

21. No caso em tela, a alteração do título executivo (sentença), tal como pretende
o Ministério Público, sem que dela tenha recorrido, importaria em flagrante reformatio in pejus.

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22. Em outras palavras, se a sentença condenatória expressamente afirma que o
cumprimento da pena deve se dar apenas com o trânsito em julgado e em não havendo
recurso por parte do Ministério Público, é expressamente vedado ao judiciário impor
prematuramente, inexistentes novos requisitos de cautelaridade, a prisão processual do
Paciente.

23. Não tem qualquer procedência o argumento trazido pela autoridade coatora
no sentido de que as “providências finais” seriam meramente burocráticas e que, portanto, não
fariam coisa julgada.

24. Ora, as providências finais, embora burocráticas, integram a parte dispositiva


da sentença, exatamente a parte das sentenças judiciais a respeito das quais não há qualquer
dúvida quanto a estarem acobertadas pelo manto da coisa julgada.

25. Tanto é assim, que a própria autoridade coatora reconheceu exatamente o


oposto em sua fundamentação:

“Este tipo de comando sentencial, com efeito, consta do texto


condenatório, em verdade, apenas como norte para o início de
cumprimento de pena, com advento do trânsito em julgado, ou seja, tem
por finalidade guiar o feito após o julgamento definitivo dos recursos”.

26. É exatamente disso que se está falando! As “providências finais” são, nada
mais nada menos do que o norte para o início do cumprimento da pena...

27. E é evidente que deste norte não pode haver desvio nem para a esquerda
nem para a direita!

28. Com efeito, a parte em que o Magistrado dá ordens ao Ofício é a parte


mandamental por excelência, na qual fixa no tempo e no espaço os limites da execução,
propriamente o que se está argumentando no presente writ.

29. No mais, o princípio de proibição à reformatio in pejus não atende a um


raciocínio tão singelo quanto o utilizado pela autoridade coatora, pois não se refere apenas à
mera vantagem que a defesa teria ao decidir por recorrer ou não da sentença.

30. Não se trata apenas de considerar se “seria melhor que a defesa não tivesse
recorrido...”.

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31. Mais do que isso, o nemo reformatio in pejus é uma garantia que dá
sustentação ao princípio do respeito à coisa julgada. Isto é, tem o condão de viabilizar que haja
efetivo respeito à coisa julgada, evitando-se que a situação da defesa venha a ser alterada no
meio do caminho, sem que o órgão acusatório tenha intervindo no momento oportuno.

32. Isto é, tem mais a ver com o não recurso da acusação do que com o recurso
da defesa.

33. O próprio Supremo Tribunal Federal, aliás, vem garantindo a aplicação do


princípio do non reformatio in pejus, condicionando o recolhimento à prisão ao trânsito em
julgado para ambas as partes, nos casos em que assim prevê o título executivo, sem que, com
isso, se possa afirmar o descumprimento do precedente emanado por aquela Corte.

34. Aliás, a própria autoridade coatora reconheceu que esta é a tese que
efetivamente vem sendo aplicada pelo Supremo Tribunal Federal, ainda que a procure
desmerecer, sugerindo que é encampada apenas por Ministros que restaram vencidos quando
do julgamento a respeito da possibilidade da execução provisória da pena em matéria penal.

35. De fato, assim tem decidido, em diversas ocasiões, a nossa Corte Suprema.

36. Muito ao contrário do sugerido pelo Magistrado, a tese é exatamente a


mesma que vem sido acatada pelo STF, pois em todas tratou-se exatamente de hipótese
fática idêntica, em que ao réu é assegurado apelar em liberdade, determinando-se o
início da execução “após o trânsito em julgado”.

37. Nesse sentido, recentíssima a decisão proferida pelo Min. CELSO DE


MELLO, nos autos do HC nº 152.974/SP, publicada em 06 de março de 2018:

“Tem-se entendido, nesta Suprema Corte, que, em situações como a


ora em exame, em que o Ministério Público sequer se insurgiu contra o
pronunciamento do órgão judiciário “a quo” que garantiu ao paciente o direito
de recorrer em liberdade, não pode o Tribunal de superior jurisdição suprimir
esse benefício, em detrimento do condenado, sob pena de ofensa à cláusula
final inscrita no art. 617 do Código de Processo Penal:
“(…) POSSÍVEL OFENSA AO PRINCÍPIO QUE VEDA A
‘REFORMATIO IN PEJUS’ (CPP, ART. 617, ‘in fine’), POIS O
TRIBUNAL DE INFERIOR JURISDIÇÃO ORDENOU QUE SE
PROCEDESSE, EM PRIMEIRO GRAU, À IMEDIATA EXECUÇÃO
ANTECIPADA DA PENA, NÃO OBSTANTE ESSE COMANDO
HOUVESSE SIDO DETERMINADO EM RECURSO EXCLUSIVO DO
RÉU CONDENADO, A QUEM SE ASSEGURARA, NO ENTANTO, EM
MOMENTO ANTERIOR, SEM IMPUGNAÇÃO RECURSAL DO
MINISTÉRIO PÚBLICO, O DIREITO DE AGUARDAR EM LIBERDADE

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A CONCLUSÃO DO PROCESSO. (…).” (HC 147.452/MG, Rel. Min.
CELSO DE MELLO)”

38. Em igual sentido, a decisão monocrática do HC 140.217/DF, de relatoria do


Ministro RICARDO LEWANDOWSKI:

“(...) Registre-se, também, que a antecipação do cumprimento da


pena, em qualquer grau de jurisdição, somente pode ocorrer mediante
um pronunciamento específico e fundamentado que demonstre, à
saciedade, e com base em elementos concretos, a necessidade da
custódia cautelar. Assim, verificando que o caso em espécie se
assemelha àquele tratado no HC 140.217/DF, bem como nos HC’s
135.951/DF, 142.012/DF e 142.017/DF, todos de minha relatoria, entendo que
ocorreu a formação da coisa julgada do direito de o paciente recorrer em
liberdade. Por essas razões, constatada a excepcionalidade da situação
em análise faz necessária a suspensão da execução da pena imposta ao
paciente. Isso posto, tendo em conta que a conclusão a que chego neste
habeas corpus em nada conflita com as decisões majoritárias desta Suprema
Corte, acima criticadas, com o respeito de praxe, confirmando as
liminares, concedo a ordem de habeas corpus (art. 192, caput, do RISTF),
para que os pacientes possam aguardar, em liberdade, o trânsito em julgado
da sentença penal condenatória proferida no Processo 2005.01.1.064173-9,
sem prejuízo da manutenção ou fixação, pelo juízo processante, de uma ou
mais de uma das medidas cautelares previstas no art. 319 do Código de
Processo Penal, caso entenda necessário. Comunique-se com urgência.
Expeça-se alvará de soltura clausulado. Publique-se. Brasília, 14 de
novembro de 2017. Ministro Ricardo Lewandowski Relator

(HC 140217, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, julgado em


14/11/2017, publicado em PROCESSO ELETRÔNICO DJe-261 DIVULG
16/11/2017 PUBLIC 17/11/2017)”

39. Da mesma forma, os seguintes julgados: HC 135.951-MC/DF, Rel. Min.


RICARDO LEWANDOWSKI – HC 142.012-MC/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC
142.017-MC/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 147.428-MC/MG, Rel. Min.
CELSO DE MELLO – HC 148.122-MC/MG, Rel. Min. CELSO DE MELLO – HC 153.431/SP,
Rel. Min. CELSO DE MELLO.

IV – DA CONCESSÃO DE LIMINAR POR ESTE RELATOR EM HABEAS CORPUS


IMPETRADO EM FAVOR DE CORRÉU NA MESMA AÇÃO PENAL, EM SITUAÇÃO
ABSOLUTAMENTE IDÊNTICA

40. Em razão dos mesmos fatos narrados acima, impetrou-se ordem de habeas
corpus em favor do Paciente FRANCISCO DESUMAR DE QUEIRÓS, que recebeu o número
nº 0802530-35.2018.4.05.0000, recaindo a Relatoria a Vossa Excelência.

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41. Na data de hoje, foi concedida liminar, garantindo ao Paciente a suspensão
da execução provisória de sua pena, até julgamento final do writ.

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42. Eis os termos em que foi posta a liminar:

“Decisão
Trata-se de Habeas Corpus, com pedido de liminar, impetrado em favor
de FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS, apontando como
autoridade coatora o Juízo da 12ª Vara Federal do Ceará, objetivando
a suspensão da Execução Provisória da pena que lhe imposta nos
autos da Ação Penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100, na qual o
paciente foi condenado, pela prática do crime do art. 27-C da Lei nº
6.385/76, a nove (09) anos e dois (02) meses de reclusão, ainda
pendente de julgamento de Recurso Especial no STJ (REsp 1.449.493-
CE).
Relatei, decido.
A partir do exame superficial, próprio desta fase de cognição sumária,
tenho que o ato combatido parece viciado de abuso de poder.
Não se desconhece o entendimento do STF, firmado no HC
126.292/SP, nas ADC’s 43 e 44 e no ARE 964.246/SP, admitindo a
possibilidade de execução provisória da pena após condenação em
segunda instância, diante de ausência de efeito suspensivo dos
recursos extremos.
No caso concreto, todavia, constou expressamente da sentença
condenatória: “determino, ainda, imediatamente após o trânsito em
julgado desta sentença, a remessa dos autos à Vara Federal
competente para a execução da pena aqui aplicada”.
Tenho que aludido comando sentencia, a teor de precedente do próprio
STF, constitui garantia erigida em favor do status libertatis do réu, ora
paciente, não me parecendo razoável que o famigerado entendimento
firmado pelo STF, de cunho genérico, deva prevalecer sobre uma
norma endócrina, expressa na própria sentença condenatória, diferindo
sua execução para depois do trânsito em julgado.
Quanto ao perigo da demora, este se mostra evidente, porque o ato
combatido determinou o início da execução da pena imposta a
FRANCICSO DESUAMR DE QUEIROS, com a expedição do
respectivo mandado de prisão.
Desse modo, ad cautelam, melhor que não se cumpra, até ulterior
deliberação, o ato impugnado.
Assim, defiro a liminar, determinando a suspensão da Execução
Provisória da Pena nº 0805802-55.2016.4.05.8100 até o julgamento
final desse writ.
Intime-se.
Oficie-se o Juízo originário, para que preste informações, no prazo de
48h;
Depois, sigam os autos ao MPF, para o necessário parecer.
Recife, 15 de março de 2018.”

43. Ora, o presente pedido de extensão cuida da mesmíssima matéria, referindo-


se à mesma sentença e à mesmíssima hipótese, apenas ocorrendo que o número da
execução da pena é distinto, pois, como é sabido, a execução de cada réu ocorre em
autos apartados.

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44. Com efeito, aqui, trata-se das Execuções Provisórias nº 0805810-
32.2016.4.05.8100; nº 0805805-10.2016.4.05.8100; e nº 0805812-02.2016.4.05.8100, em curso
perante a Justiça Federal do Ceará. Estas execuções, todavia, destinam-se a executar as
penas impostas a cada um dos réus na ação penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100.

45. É exatamente a mesma ação penal que de origem à Execução Provisória


0805802-55.2016.4.05.8100, em desfavor de FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROZ, corréu
beneficiado pela liminar desta Corte.

46. Na execução de todos os corréus, houve decisão idêntica ao ato coator


apontado no writ cuja extensão liminar se busca alcançar.

47. Neste sentido, para manutenção da segurança jurídica, e, ainda, de forma a


barrar a mesma coação que de forma idêntica recai sobre os corréus em situação idêntica,
impõe-se a extensão da mesma liminar, destinada a suspender o início da execução provisória,
até o julgamento final do writ.

V – DOS REQUISITOS PARA A CONCESSÃO DE MEDIDA LIMINAR

48. Presentes se encontram os requisitos para a concessão de liminar, nos


mesmos moldes da que já foi concedida no habeas corpus nº 0802530-35.2018.4.05.0000,
uma vez presentes o fumus boni iuris e o periculum in mora.

49. O primeiro salta aos olhos por todos os fundamentos acima elencados e que
demonstram claramente a violação ao princípio do non reformatio in pejus, acrescidos da
informação de que liminar idêntica já foi concedida a corréu em situação processual idêntica.

50. O perigo da demora, por sua vez, se torna evidente frente à ordem de prisão
em desfavor dos Requerentes, sendo desnecessária uma descrição pormenorizada do dano de
impossível reparação que a prisão representa na vida de quem vem a ser encarcerado.

VI – DO PEDIDO

51. Ante o exposto, requer seja deferida a extensão da liminar concedida no


habeas corpus nº 0802530-35.2018.4.05.0000, para obstar o início da execução da pena

13/14
dos Requerentes antes do trânsito em julgado, expedindo-se o competente contra-mandados
de prisão ou, se já houver sido cumprida, o necessário alvará de soltura.

52. Acaso não entendida a existência dos requisitos para a extensão, requer seja
recebido o pedido como novo writ, figurando os Requerentes como Pacientes e deferindo-se a
liminar requerida.

P. deferimento.
Brasília, 15 de março de 2018.

Marcelo Leal de Lima Oliveira


OAB/DF 21.932

Caio César Vieira Rocha


OAB/CE 15.095

Francisco César Asfor Rocha


OAB/SP 329.034

Tiago Asfor Rocha Lima


OAB/CE 16.386

Anastácio Jorge Matos de Sousa Marinho


OAB/CE 8.502

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado
18031510302534800000010528282
Data e hora da assinatura: 15/03/2018 10:33:29
Identificador: 4050000.10546203
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 14/14
INTEIRO TEOR DA EXECUÇÃO
PROVISÓRIA Nº 0805805-10.2016.4.05.8100

1/262
Tribunal Regional Federal da 5ª Região
PJe - Processo Judicial Eletrônico
Consulta Processual

14/03/2018

Número: 0805805-10.2016.4.05.8100
Classe: EXECUÇÃO PROVISÓRIA
Partes
Tipo Nome
CONDENADO GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO
ADVOGADO ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO
EXEQUENTE MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

Documentos
Id. Data/Hora Documento Tipo
4058100.1464019 21/06/2016 TERMO DE AUTUAÇÃO Petição Inicial
15:40
4058100.1464060 21/06/2016 0012628-43.2010.4.05.8100 - GERALDO DE Documento de Comprovação
15:40 LIMA GADELHA FILHO - Parte 1
4058100.1464061 21/06/2016 0012628-43.2010.4.05.8100 - GERALDO DE Documento de Comprovação
15:40 LIMA GADELHA FILHO - Parte 2
4058100.1464063 21/06/2016 0012628-43.2010.4.05.8100 - GERALDO DE Documento de Comprovação
15:40 LIMA GADELHA FILHO - Parte 3
4058100.1464069 21/06/2016 Certidão de Distribuição Certidão
15:40
4058100.1480554 28/06/2016 Manifestação Contestação
14:36
4058100.1480555 28/06/2016 Petição - Vara de Execução - Geraldo Gadelha - Documento de Comprovação
14:36 aguardar o trânsito em julgado
4058100.1749622 05/10/2016 Despacho Despacho
15:01
4058100.1768625 11/10/2016 Retificação de autuação Certidão
14:43
4058100.1768626 11/10/2016 Intimação Expediente
14:43
4058100.1787012 18/10/2016 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
19:43
4058100.1792257 20/10/2016 Peticao Execucao Execução / Cumprimento de
11:42 Sentença
4058100.1792258 20/10/2016 PET execucao penal 0805805- Documento de Comprovação
11:42 10.2016.4.05.8100
4058100.1941392 12/12/2016 Petição comunicando decisão STJ Petição
13:55
4058100.1941394 12/12/2016 Geraldo - Comunicando decisão STJ Documento de Comprovação
13:55
4058100.1941397 12/12/2016 Decisão STJ Documento de Comprovação
13:55
4058100.1941405 12/12/2016 Decisão STJ - publicação Documento de Comprovação
13:55
4058100.1958408 16/12/2016 Telegrama Certidão
14:23
4058100.1958409 16/12/2016 TELEGRAMA STJ 5T 43228-2016 Documento de Comprovação
14:23
4058100.2223589 29/03/2017 Inspeção Despacho Inspeção
17:01
4058100.2446611 07/06/2017 Despacho Despacho
11:15
4058100.2696108 21/08/2017 Intimação Expediente
11:12
4058100.2736455 31/08/2017 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
00:00

2/262
4058100.2739606 31/08/2017 CIENCIA Cota
15:11
4058100.2739719 31/08/2017 CIENCIA Cota
15:21
4058100.2739720 31/08/2017 CIE 16095 suspensao execucao provisoria PM Documento de Comprovação
15:21 0805805-10.2016.4.05.8100
4058100.3367800 02/03/2018 Inspeção Despacho Inspeção
12:14
4058100.3402404 12/03/2018 PEDIDO DE EXECUÇÃO Promoção
10:19
4058100.3402405 12/03/2018 PRO 04434 execucao provisoria PM 0805805- Documento de Comprovação
10:19 10.2016.4.05.8100
4058100.3402406 12/03/2018 tp 38 cassacao Documento de Comprovação
10:19
4058100.3402409 12/03/2018 RESP 1449193 Documento de Comprovação
10:19
4058100.3407397 12/03/2018 Manifestação Manifestação
18:35
4058100.3407398 12/03/2018 GERALDO GADELHA - PET VIOLAÇÃO Documento de Comprovação
18:35 PRINCIPIO NON REFORMATIO IN PEJUS
EXEC PROV
4058100.3407400 12/03/2018 decisão HC 152.794-SP Documento de Comprovação
18:35

3/262
TERMO DE AUTUAÇÃO

Nº PROCESSO

AUTOR: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

RÉU:GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO

Nº PROCESSO DE ORIGEM: 0012628-43.2010.4.05.8100

SISTEMA PROCESSO DE ORIGEM: TEBAS

JUSTIFICATIVAS:

Processo: 0805805-10.2016.4.05.8100
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Processo: 0805805-10.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
FABIO MAGALHAES RODRIGUES - Servidor Cadastrador
16062115393979200000001465057
Data e hora da assinatura: 21/06/2016 15:40:18
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TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL 5ª REGIÃO
12ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
PROCESSO Nº: 0805805-10.2016.4.05.8100
CLASSE: EXECUÇÃO DA PENA
EXEQUENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
EXECUTADO: GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO

Certidão de Distribuição

Tipo da Distribuição: Sorteio.


Concorreu(ram): 12ª VARA FEDERAL.
Impedido(s): -
Distribuído para: 12ª VARA FEDERAL.

180/262
1/1
Manifestação.

Processo: 0805805-10.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO - Advogado
16062814353780800000001481562
Data e hora da assinatura: 28/06/2016 14:36:43
Identificador: 4058100.1480554
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 181/262
1/1
EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA 12ª VARA DA SEÇÃO
JUDICIÁRIA DO ESTADO DO CEARÁ.

PROCESSO Nº 0805805-10.2016.4.05.8100
EXEQUENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
EXECUTADO: GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO

GERALDO GADELHA FILHO, brasileiro, casado, advogado, portador do


RG nº 950.021.727-86 SSP/CE, residente e domiciliado à Rua Joaquim Nabuco, nº 1400,
apt. 602, Fortaleza/CE, vem, com o devido respeito, perante V. Exa., expor e requerer o
seguinte:

I – BREVE HISTÓRICO PROCESSUAL

1. O Requerente foi condenado pela prática dos crimes previstos nos artigos
7º, IV, da Lei nº 7.492/86 e 27-C da Lei nº 6.385/76, supostamente praticados entre os
anos de 2000 e 2006.

2. Embora o Ministério Público tenha se contentado com os termos da


sentença prolatada em primeira instância, a defesa apelou dessa decisão, havendo a 3ª
Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região dado parcial provimento ao recurso,
para afastar a condenação do Peticionante em relação ao crime previsto no artigo 27-C
da Lei nº 6.385/76, bem como para reconhecer a prescrição em relação à parte das
condutas que lhes foram imputadas.

3. Opostos, em duas oportunidades, embargos de declaração, o acórdão foi


mantido, ensejando a interposição de Recurso Especial, pelas alíneas “a” e “c” do artigo
105, III, da CF/88 em favor deste Peticionante.

182/262
1/24
4. Ante a evidente violação a normas federais, o recurso foi admitido, sendo
autuado, no Superior Tribunal de Justiça, como REsp nº 1.449.193/CE, sob a relatoria do
Min. FÉLIX FISCHER.

5. Para a surpresa da defesa e apesar de não possuir mais jurisdição sobre


o caso, o juiz da 11ª Vara, invocando a decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal
no julgamento do HC 129.292, determinou que fossem remetidas cópias das principais
peças ao juízo das execuções penais, para o início do cumprimento da reprimenda
aplicada ao Requerente. Confira-se:

“Considerando o entendimento firmado pelo colendo Supremo Tribunal


Federal de que "a possibilidade de início da execução da pena
condenatória após a confirmação da sentença em segundo grau não
ofende o princípio constitucional da presunção da inocência" (HC 126292,
de 17/02/2016 - relator: ministro Teori Zavascki), determino que a
Secretaria extraia as peças discriminadas nos artigos 106 e 109 do
Provimento nº 01, de 25 de março de 2009, da Corregedoria Regional da
Justiça Federal da 5ª. Região, e as remeta ao Setor de Distribuição desta
Seção Judiciária para autuação de Execução Penal (classe 103) em
desfavor dos réus FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS, GERALDO
DE LIMA GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e
JERÔNIMO ALVES BEZERRA e distribuição à 12ª. Vara Federal,
privativa das execuções penais, através do Processo Judicial Eletrônico -
PJE.
2. Após a formação dos autos da Execução Penal, arquivem-se os
presentes autos, com baixa na Distribuição.
3. Expediente de praxe.
4. Cumpra-se.”

6. Tal decisão, no entanto, importa em flagrante constrangimento ilegal,


conforme se passa a demonstrar.

II – DA INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO DA 11ª VARA PARA ORDENAR A FORMAÇÃO


DE AUTOS PARA A EXECUÇÃO DA PENA – EXAURIMENTO DA INSTÂNCIA –
COMPETÊNCIA EXCLUSIVA DO RELATOR DO RECURSO ESPECIAL

7. Inicialmente, salta aos olhos a que o juiz da 11ª Vara não mais possuía
competência para proferir decisão no presente processo, muito menos determinar ou
sugerir o cumprimento antecipado da pena.

183/262
2/24
8. É o que sobressai, com clareza solar, do artigo 34, inciso III do Regimento
Interno do Superior Tribunal de Justiça:

“Art. 34. Compete ao Relator:


(…)
XIII – decidir o pedido de carta de sentença e assiná-la”.

9. A decisão sobre a prisão do Peticionante, quando já interposto o Recurso


Especial, portanto, é de responsabilidade do Relator do Recurso Especial.

10. Note-se, portanto, que, in casu, é flagrante a incompetência da 11ª Vara


Federal para determinar o cumprimento da pena. Da mesma forma, a 12ª Vara Federal,
juízo privativo das execuções penais, visto que, com o encaminhamento dos autos à sua
jurisdição, poderia, inadvertidamente, determinar o cumprimento antecipado da pena ao
ora Requerente, materializando-se, de modo precipitado e ilegal, o jus puniendi estatal.

III – DA NECESSIDADE DE TRÂNSITO EM JULGADO ESTABELECIDA NO TÍTULO


EXECUTIVO – IMPOSSIBILIDADE DE REFORMATIO IN PEJUS

11. O caso em tela possui peculiaridade que impede a execução provisória da


pena antes de seu trânsito em julgado.

12. É que a própria sentença, título executivo, foi expresso em afirmar que a
execução da pena deveria ocorrer “após o transito em julgado”. Confira-se:

184/262
3/24
13. Na realidade, conforme se depreende de sua leitura, além de determinar
que a prisão do Peticionante somente deveria ocorrer após o transito em julgado, a
sentença chegou a reconhecer inexistirem elementos ensejadores da prisão cautelar.

14. Não existiam naquela época, nem atualmente!

15. De toda forma, certo é que o Ministério Público quedou-se inerte,


satisfazendo-se com o título executivo obtido.

185/262
4/24
16. Ora, ainda que se pretenda executar provisoriamente a pena, a execução
está adstrita aos exatos termos da sentença e esta é expressa em afirmar que a prisão
somente deve dar-se após o trânsito em julgado.

17. A questão, portanto, não diz respeito, apenas, sobre a possibilidade ou


não da prisão ser decretada após a decisão proferida em Segundo Grau em jurisdição.

18. No caso em tela, existe uma questão anterior a ser discutida, que
prescinde da análise da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal. É que, no caso
específico, a alteração do título executivo (sentença), sem recurso manejado pelo
Ministério Público, importaria em flagrante reformatio in pejus.

19. Em outras palavras, se a sentença condenatória expressamente afirma


que o cumprimento da pena deve dar-se apenas com o trânsito em julgado, não havendo
recurso por parte do Ministério Público, é expressamente vedado ao judiciário impor a
prisão cautelar do Réu.

186/262
5/24
20. Nem se venha argumentar que o Ministério Público não teria recorrido em
face do então entendimento do Supremo Tribunal Federal. Tanto como hoje, a decisão
que orientava aquela Corte havia sido proferida no HC 84.078 da Relatoria do Ministro
EROS GRAU, sem força vinculante.

21. Vale dizer, quisesse a acusação a prisão do Acusado a partir da decisão


de Segundo Grau, deveria ter recorrido desta parte da sentença.

22. Mas não é só. A ausência de pedido do Ministério Público também deixa
às claras outra flagrante violação ao sistema acusatório e aos princípios da iniciativa das
partes e do impulso oficial.

23. Desde o advento da Constituição Federal de 1988 que o processo penal é


regido pelo sistema acusatório, que estabelece uma clara e nítida distinção entre as
funções de acusar, defender e julgar.

24. Corolário disso são os princípios da iniciativa das partes e da inércia ou


impulso oficial segundo os quais a jurisdição somente pode ser exercida se provocada
pela parte ou interessado.

25. É o que dispõe o art. 2º do Código de Processo Civil, aplicável


subsidiariamente à questão:

Art. 2º Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou


o interessado a requerer, nos casos e forma legais.

26. No processo penal este princípio decorre do art. 24 do CPP que


estabelece:

Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia
do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição
do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver
qualidade para representá-lo.

187/262
6/24
27. Neste sentido esclarece WLADIMIR ARAS1:

“A consequência imediata do princípio da iniciativa é que o juiz


estará adstrito ao pedido do promovente da ação. Não poderá julgar
além do pedido das partes. Ne eat judex ultra petita partium, pois, caso
contrário, estaria dando início a uma acusação diversa da apresentada,
pois mais ampla. Define-o bem a regra do art. 128 do Código de Processo
Civil, segundo a qual "O juiz decidirá a lide nos limites em que foi
proposta, sendo-lhe defeso conhecer de questões, não suscitadas, a cujo
respeito a lei exige a iniciativa das partes".

28. Por força destes princípios, não poderia o juiz de primeiro grau, sem
provocação do Ministério Público, decretar a prisão do Réu, sob pena de incorrer em
indevida e execrável reformatio in pejus.

29. Neste exato sentido, é a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça:

“HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. CRIME CONTRA O


SISTEMA FINANCEIRO. CONDENAÇÃO MANTIDA, EM SEDE DE
APELAÇÃO. EXPEDIÇÃO DE MANDADO DE PRISÃO ANTES DO
ESGOTAMENTO DAS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS. SENTENÇA QUE
CONDICIONA A EXECUÇÃO DA PENA AO TRÂNSITO EM JULGADO
DA CONDENAÇÃO. REFORMATIO IN PEJUS. IMPOSSIBILIDADE.
1. A execução provisória do julgado somente é possível após o
esgotamento das instâncias ordinárias, o que não se verificou na espécie,
tendo em vista que os embargos de declaração opostos contra o acórdão
proferido em sede de apelação criminal encontram-se pendentes de
julgamento.
2. A sentença condenatória condicionou a prisão do Paciente ao
trânsito em julgado do decreto condenatório e o Parquet não
impugnou a concessão dessa benesse, portanto, não pode o
Tribunal determinar a execução provisória do julgado, sob pena de
reformatio in pejus.
3. Precedentes dos Tribunais Superiores.
4. Ordem concedida para reconhecer o direito do Paciente aguardar em
liberdade o trânsito em julgado da condenação. (HC 63.232/MG, Rel.
Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 27/02/2007, DJ
26/03/2007, p. 264)

“HABEAS CORPUS. CONDENAÇÃO PARCIALMENTE MANTIDA EM


GRAU DE APELAÇÃO CRIMINAL. EXPEDIÇÃO DE MANDADO DE
PRISÃO. RECURSOS ESPECIAL E EXTRAORDINÁRIO PENDENTES
DE PROCESSAMENTO. SENTENÇA QUE CONDICIONOU O INÍCIO DA

1
ARAS, Wladimir. Princípios do processo penal. https://jus.com.br/artigos/2416/principios-do-processo-
penal.

188/262
7/24
EXECUÇÃO DA PENA APÓS O TRÂNSITO EM JULGADO.
RESIGNAÇÃO DO PARQUET A QUO. COAÇÃO ILEGAL
EVIDENCIADA. ORDEM CONCEDIDA. CO-RÉU NÃO-PACIENTE QUE
SE ENCONTRA EM SITUAÇÃO FÁTICO-PROCESSUAL IDÊNTICA.
EXTENSÃO DA DECISÃO QUE SE IMPÕE (ART. 580 DO CPP).
1. Caracteriza constrangimento ilegal a determinação do início da
execução da sanção por ocasião do julgamento de apelação
criminal, se a sentença condenatória condicionou a prisão do
paciente apenas após o trânsito em julgado da decisão repressiva e
se, quanto a este aspecto, não houve recurso do Ministério Público e
o decisum encontra-se sub judice, ante o ajuizamento de recursos
especial e extraordinário.
2. Ordem concedida para garantir ao paciente o direito de permanecer em
liberdade até o trânsito em julgado da sentença condenatória,
estendendo-se os efeitos desta decisão ao co-réu não-paciente, ex vi do
disposto no art. 580 do CPP. (HC 106005 / SP, Relator: Ministro JORGE
MUSSI DJe 02/02/2009)

“PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO. DIREITO DE


RECORRER EM LIBERDADE. SENTENÇA QUE DETERMINA A
EXPEDIÇÃO DE MANDADO DE PRISÃO APÓS O TRÂNSITO EM
JULGADO. AUSÊNCIA DE RECURSO DO MINISTÉRIO PÚBLICO.
EXPEDIÇÃO DE MANDADO DE PRISÃO PELO TRIBUNAL A QUO
APÓS O JULGAMENTO DO RECURSO DE APELAÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE. NÃO-APLICAÇÃO DA SÚMULA 267/STJ. ORDEM
CONCEDIDA.
1. Se a sentença assegura ao réu o direito de aguardar em liberdade
o trânsito em julgado da condenação e não há recurso do Ministério
Público, a ordem do Tribunal de origem para que seja expedido
mandado de prisão para o início da execução provisória da pena
configura reformatio in pejus. Precedentes.
2. Na hipótese, não se aplica o enunciado sumular 267 desta Corte, pois
expressamente garantido pela sentença condenatória o direito de
aguardar o trânsito em julgado em liberdade, e não apenas o direito de
recorrer em liberdade.
3. Ordem concedida para que o paciente possa aguardar o trânsito em
julgado da condenação em liberdade, se não estiver presente um dos
motivos ensejadores da prisão cautelar, de acordo com o art. 312 do
Código de Processo Penal. (HC 76563 / SP, Relator Ministro ARNALDO
ESTEVES LIMA, DJ 22/10/2007)

30. Nestas condições, ainda que tenha ocorrido mudança de entendimento na


jurisprudência quanto aos efeitos dos recursos extremos, esta condição não pode
modificar situação já cristalizada pelo manto da coisa julgada, que atingiu indelevelmente
o título executivo, traçando-lhe os limites de atuação do Estado.

189/262
8/24
31. O título executivo transitado em julgado – e especialmente a sua parte
dispositiva – caracterizam uma garantia do réu, da qual não se pode, em hipótese
alguma, abrir mão.

IV - DO EQUIVOCADO ENTENDIMENTO QUANTO À REAL EXTENSÃO DA DECISÃO


PROFERIDA PELO STF NO HC Nº 126.292/SP

32. Desde que foi noticiado o julgamento do HC 126.292 pelo STF, quando o
acórdão ainda não havia sido sequer publicado, começaram a pulular pelo País diversas
decisões determinando a prisão indiscriminada a partir de acórdão condenatório de
segundo grau, como se a Corte Suprema tivesse determinado o cumprimento provisório
da pena sempre que um tribunal decidisse pela condenação, independentemente de
requisitos de cautelaridade.

33. O equívoco, no entanto, é patente, seja porque se está fazendo uma


leitura equivocada do quanto decidido pelo Supremo Tribunal Federal, seja pela falha
compreensão sobre o conceito de precedente, violando, assim, cláusula de reserva de
plenário e de barreira previstas no art. 97 da Constituição e na Súmula Vinculante 10 do
Supremo Tribunal Federal. Vejamos.

V - DO VERDADEIRO ALCANCE DA DECISÃO PROFERIDA PELO STF - DA


NECESSIDADE DE FUNDAMENTAÇÃO PARA A ORDEM DE PRISÃO AINDA QUE
DECORRENTE DE DECISÃO CONDENATÓRIA PROFERIDA EM SEGUNDO GRAU DE
JURISDIÇÃO

34. Ao contrário do que parece ter compreendido o juízo da 11ª Vara ao


ordenar a formação de autos para a execução da pena, a decisão proferida pelo Supremo
Tribunal Federal não tornou obrigatória ou automática a prisão de réu condenado em
segundo grau. Aliás, o STF não determinou a prisão de ninguém!

35. Na realidade, a decisão proferida pelo STF no julgamento do HC 126.292


nada mais fez do que repristinar o entendimento anterior à histórica decisão proferida no

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9/24
HC 84.078 da Relatoria do Ministro EROS GRAU em 2009, entendendo pela
possibilidade de prisão após decisão de segundo grau, desde que esta decisão fosse
devidamente fundamentada.

36. Em outras palavras, o que o Supremo Tribunal Federal afirmou foi a


possibilidade de, após o julgamento de segundo grau, estando presentes elementos
suficientes, possa o Réu ser preso por decisão fundamentada, da mesma forma como se
entendia antes do julgamento do HC 84.078.

37. Trata-se de leitura sistemática da Constituição em que, ao mesmo tempo


em que restou mitigado o princípio da inocência previsto no inciso LVII, do art. 5º da
Constituição Federal, ressaltou-se a importância do inciso LXI do mesmo artigo acima
citado, que expressamente dispõe que “ninguém será preso senão em flagrante delito ou
por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente”.

38. É o que restou expressamente assentado no voto do Ministro BARROSO


proferido no julgamento do HC 126.292:

“14. O pressuposto para a decretação da prisão no direito brasileiro


não é o esgotamento de qualquer possibilidade de recurso em face
da decisão condenatória, mas a ordem escrita e fundamentada da
autoridade judiciária competente, conforme se extrai do art. 5ª, LXI,
da Carta de 1988 .
15. Para chegar a essa conclusão, basta uma análise conjunta dos dois
preceitos à luz do princípio da unidade da Constituição. Veja-se que,
enquanto o inciso LVII define que “ninguém será considerado culpado até
o trânsito em julgado da sentença penal condenatória”, logo abaixo, o
inciso LXI prevê que “ninguém será preso senão em flagrante delito ou
por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente”.
Como se sabe, a Constituição é um conjunto orgânico e integrado de
normas, que devem ser interpretadas sistematicamente na sua conexão
com todas as demais, e não de forma isolada. Assim, considerando-se
ambos os incisos, é evidente que a Constituição diferencia o regime da
culpabilidade e o da prisão. Tanto isso é verdade que a própria
Constituição, em seu art. 5º, LXVI, ao assentar que “ninguém será levado
à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com
ou sem fiança”, admite a prisão antes do trânsito em julgado, a ser
excepcionada pela concessão de um benefício processual (a liberdade
provisória).
16. Para fins de privação de liberdade, portanto, exige-se
determinação escrita e fundamentada expedida por autoridade
judiciária.”

191/262
10/24
39. Este era, exatamente, o entendimento do Superior Tribunal de Justiça
antes da primeira mudança de entendimento do STF no julgamento do HC 84.078 em
2009.

40. Com efeito, a Súmula 267 do STJ já dispunha:

“A interposição de recurso sem efeito suspensivo, contra decisão


condenatória não obsta a expedição de mandado de prisão.”

41. Não obstante, o entendimento daquela Corte jamais foi o de admitir a


prisão incondicional após a confirmação de condenação criminal em segundo grau, mas
sim de admiti-la quando presentes elementos suficientes a justificar a medida de
maneira fundamentada.

42. Aliás, o entendimento corrente sempre foi de que, se o réu esteve em


liberdade ao longo de todo processo, somente fundamentação própria, apontando
requisitos de cautelaridade, justificaria que viesse a ser encarcerado após o julgamento
da apelação, estando pendentes Recursos Especial ou Extraordinário.

43. Neste sentido o HC 47.314/SP, da relatoria do Ministro HÉLIO QUAGLIA


BARBOSA, julgado em 28/03/2006:

HABEAS CORPUS. ARTIGO 159, § 1º, DO CÓDIGO PENAL. AUSÊNCIA


DE PROVAS. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. EXPEDIÇÃO DE
MANDADO DE PRISÃO ANTES DO TRÂNSITO EM JULGADO.
AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL CONFIGURADO. ORDEM CONCEDIDA.
1. Incabível, na via eleita, reexaminar todo o contexto fático-probatório
para aferir a robustez das provas carreadas que embasaram a
condenação. Ademais, uma breve leitura do acórdão vergastado,
evidencia que há provas da participação do paciente no evento criminoso.
2. A Súmula 267 desta Corte deve ser conciliada com o princípio
constitucional da presunção de inocência. Isto significa que, antes
do trânsito em julgado da condenação, a execução provisória deve
pautar-se nos requisitos de cautelaridade, expondo os fatos que
justifiquem a necessidade da segregação cautelar.
3. In casu, a expedição do mandado de prisão foi determinada, tão-
somente, em decorrência do provimento da apelação, sem declinar

192/262
11/24
motivos que justificariam a execução da pena antes do trânsito em
julgado da condenação.
4. Ordem concedida para determinar que o paciente permaneça em
liberdade até o trânsito em julgado, salvo expedição de mandado de
prisão devidamente fundamentado.
(HC 47.314/SP, Rel. Ministro HÉLIO QUAGLIA BARBOSA, SEXTA
TURMA, julgado em 28/03/2006, DJ 15/05/2006, p. 297)

44. No mesmo sentido o HC 93.550/RR, relatado pela Ministra MARIA


THEREZA DE ASSIS MOURA, julgado em 13/12/2007:

PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ESTUPRO. CONDENAÇÃO


EM AÇÃO PENAL ORIGINÁRIA. RÉU OCUPANTE DE CARGO DE JUIZ
DE DIREITO. AUSÊNCIA DE TRÂNSITO EM JULGADO. EXPEDIÇÃO
DE MANDADO DE PRISÃO E RETIRADA DO NOME DA FOLHA DE
PAGAMENTO. EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA. OFENSA À
PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA. VERIFICAÇÃO.
1. Toda prisão processual deve ser calcada nos pressupostos e requisitos
do art. 312 do Código de Processo Penal.
2. A determinação da prisão e retirada do nome da folha de
pagamento, após acórdão condenatório em ação penal originária,
mas antes do trânsito em julgado, sem amparo em dados concretos
de cautelaridade, viola a garantia constitucional inserta no art. 5.º,
inciso LVII, da Constituição Federal.
3. Ordem concedida para assegurar ao paciente o direito de aguardar
em liberdade o trânsito em julgado da condenação, ressalvada a
hipótese de surgimento de fatos que revelem a necessidade de seu
encarceramento processual; mantida também a disposição
constante do acórdão condenatório relativa à manutenção do nome
do paciente na folha de pagamento, enquanto ainda perdure a ação
penal.

45. Neste sentido, também, podem-se citar os seguintes julgados, HC


42.849/RO, Rel. Ministro NILSON NAVES, SEXTA TURMA, julgado em 01/09/2005, DJ
06/02/2006, p. 351; HC 73.578/RS, Rel. MIN. CARLOS FERNANDO MATHIAS (JUIZ
CONVOCADO DO TRF 1ª REGIÃO), SEXTA TURMA, julgado em 30/08/2007, DJ
15/10/2007, p. 357; HC 47.314/SP, Rel. Ministro HÉLIO QUAGLIA BARBOSA, SEXTA
TURMA, julgado em 28/03/2006, DJ 15/05/2006, p. 297; HC 51.004/SP, Rel. Ministro
NILSON NAVES, SEXTA TURMA, julgado em 20/04/2006, DJ 12/06/2006, p. 546.

46. Mesmo após o julgamento do HC 126.292 pelo STF, o Superior Tribunal


de Justiça voltou a expressar esse entendimento no julgamento do HC 348.224/SP,
julgado em 26/04/2016:

193/262
12/24
PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO.
INADEQUAÇÃO. TRÁFICO INTERNACIONAL DE DROGAS. REGIME
PRISIONAL MAIS GRAVOSO (FECHADO). PENA INFERIOR A 8 ANOS.
NATUREZA E QUANTIDADE DE DROGAS. FUNDAMENTAÇÃO
SUFICIENTE. PRISÃO CAUTELAR. DECRETAÇÃO EM SEGUNDA
INSTÂNCIA. POSSIBILIDADE. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. GARANTIA
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL. RÉ ESTRANGEIRA. ORDEM NÃO
CONHECIDA.
1. Esta Corte e o Supremo Tribunal Federal pacificaram orientação no
sentido de que não cabe habeas corpus substitutivo do recurso
legalmente previsto para a hipótese, impondo-se o não conhecimento da
impetração, salvo quando constatada a existência de flagrante ilegalidade
no ato judicial impugnado.
2. A obrigatoriedade do regime inicial fechado aos sentenciados por
crimes hediondos e a eles equiparados não mais subsiste, diante da
declaração de inconstitucionalidade, incidenter tantum, do disposto no §
1º do art. 2º da Lei n. 8.072/1990, pelo Supremo Tribunal Federal, no
julgamento do HC 111.840/ES.
3. A jurisprudência desta Corte é no sentido de que, embora a paciente
seja primária e a pena tenha sido estabelecida em 4 anos e 8 meses de
reclusão, não se mostra ilegal a imposição do regime mais severo com
fundamento na natureza e na expressiva quantidade de droga
apreendida, uma vez que tais circunstâncias foram elencadas pelo
próprio legislador como prevalecentes, nos termos do art. 33, § 3º, do
Código Penal, c/c o art. 42 da Lei n. 11.343/2006.
4. In casu, o Tribunal a quo sopesou a quantidade e a natureza da droga
apreendida - 2.398 (duas mil, trezentos e noventa e oito) gramas de
cocaína - na escolha do regime prisional fechado, em consonância com
as diretrizes estabelecidas nos arts. 33 e 59 do Código Penal e 42 da Lei
de Drogas.
5. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do
Habeas Corpus 126.292/SP, entendeu que a possibilidade de início
da execução da pena condenatória após a confirmação da sentença
em segundo grau não ofende o princípio constitucional da
presunção da inocência. Para o relator do caso, Ministro Teori
Zavascki, a manutenção da sentença penal pela segunda instância
encerra a análise de fatos e provas que assentaram a culpa do
condenado, o que autoriza o início da execução da pena.
6. A segregação cautelar é medida excepcional, mesmo no tocante
ao crime de tráfico de entorpecentes. O decreto de prisão processual
exige a especificação de que a segregação atende a pelo menos um
dos requisitos do art. 312 do Código de Processo Penal, sendo certo
que a proibição abstrata da liberdade provisória também se mostra
incompatível com a presunção de inocência, para não antecipar a
reprimenda a ser cumprida no caso de uma possível condenação.
7. Hipótese em que o Tribunal Regional pautou a prisão cautelar na
necessidade de garantia da aplicação da lei penal, uma vez que se trata
de paciente estrangeira, sem qualquer vínculo com o país, em
conformidade com a jurisprudência desta Corte. Precedentes.

194/262
13/24
8. Ordem não conhecida.

47. Este, aliás, também era o entendimento do Supremo Tribunal Federal


antes do julgamento do HC 84.078 em 2009.

48. Com efeito, no julgamento do HC 88174, ocorrido em 12 de dezembro de


2006, restou assentado:

HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. AUSÊNCIA DE


FUNDAMENTO PARA A PRISÃO CAUTELAR. EXECUÇÃO
ANTECIPADA. INCONSTITUCIONALIDADE. A prisão sem fundamento
cautelar, antes de transitada em julgado a condenação,
consubstancia execução antecipada da pena. Violação do disposto no
artigo 5º, inciso LVII da Constituição do Brasil. Ordem concedida.
(HC 88174, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Relator(a) p/
Acórdão: Min. EROS GRAU, Segunda Turma, julgado em 12/12/2006,
DJe-092 DIVULG 30-08-2007 PUBLIC 31-08-2007 DJ 31-08-2007 PP-
00055 EMENT VOL-02287-03 PP-00568 LEXSTF v. 29, n. 345, 2007, p.
458-466)

49. Do mesmo modo entendeu o STF no julgamento do HC 90.895, ocorrido


em 12 de junho de 2007:

EMENTA: PENAL. HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL.


SENTENÇA CONDENATÓRIA. RECOLHIMENTO À PRISÃO PARA
APELAR. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO ADEQUADA. MEDIDA
EXCEPCIONAL. ORDEM CONCEDIDA. I - A determinação de prisão
cautelar que impede o paciente de recorrer em liberdade é medida
excepcional, devendo ser fundamentada de forma individualizada,
com a explicitação dos motivos que levaram o magistrado a impor a
medida extrema. II- Paciente que respondeu ao processo solto deve,
no caso, aguardar o trânsito em julgado em liberdade. III - Ordem
concedida.
(HC 90895, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira
Turma, julgado em 12/06/2007, DJe-047 DIVULG 28-06-2007 PUBLIC 29-
06-2007 DJ 29-06-2007 PP-00059 EMENT VOL-02282-07 PP-01282)

50. Mesmo o Ministro JOAQUIM BARBOSA, conhecido pelo rigor de suas


opiniões e defensor da mitigação do princípio da inocência, reconhecia a necessidade de
fundamentação concreta para cada caso específico e não a prisão indiscriminada a partir
do julgamento de segundo grau.

195/262
14/24
51. Foi como decidiu no julgamento do HC 89.952, julgado em 15 de maio de
2007:
“HABEAS CORPUS. AUSÊNCIA DE TRÂNSITO EM JULGADO DA
SENTENÇA CONDENATÓRIA. AGRAVO DE INSTRUMENTO DE
DECISÃO QUE NÃO ADMITE RECURSO ESPECIAL PENDENTE.
EXECUÇÃO PROVISÓRIA. ANÁLISE DO CASO CONCRETO.
PACIENTE QUE PERMANECEU SOLTO. RECURSO EXCLUSIVO DA
DEFESA. RAZOABILIDADE. ORDEM CONCEDIDA. 1. Até que o Plenário
do Supremo Tribunal Federal decida de modo contrário, prevalece o
entendimento de que é constitucional a execução provisória da pena,
ainda que sem o trânsito em julgado e com recurso especial pendente. 2.
Até pronunciamento definitivo da Corte, a análise sobre a existência de
constrangimento ilegal deve ser feita em cada caso concreto. 3. No caso
em exame, o paciente permaneceu solto desde a instrução até o
momento, além de possuir residência certa. 4. Decreto de prisão que
não é razoável no contexto. 5. Ordem concedida.
(HC 89952, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma,
julgado em 15/05/2007, DJe-047 DIVULG 28-06-2007 PUBLIC 29-06-
2007 DJ 29-06-2007 PP-00144 EMENT VOL-02282-06 PP-01209)

52. Consta do corpo da mencionada decisão:

“Na hipótese sob julgamento, o paciente permaneceu solto até o


momento, tendo sido assegurada tal condição na sentença condenatória
da qual houve recurso exclusivo da defesa.
Assim, em que pese o Recurso Especial não ter sido admitido, conforme
extrato processual colhido no site do Tribunal de Justiça do Estado de
Minas Gerais, cuja juntada ora determino, houve interposição de agravo
de instrumento contra tal decisão, ainda não apreciado. Logo, ainda não
houve trânsito em julgado da sentença condenatória.
Diante desse quadro, considerando-se ainda que o paciente tem
residência certa, bem como que permaneceu solto desde a instrução
do processo até o presente momento, não se mostra razoável sua
prisão.
Ante o exposto, defiro a ordem para que o paciente aguarde em liberdade
o trânsito em julgado da sentença condenatória, ressalvada a hipótese de
estar encarcerado por motivo diverso.”

53. Como se vê, mesmo antes da primeira alteração jurisprudencial, a prisão,


após decisão de segundo grau, não era automática, como hoje se pretende, mas sim,
dependia da existência dos requisitos de cautelaridade expostos em ordem
fundamentada.

196/262
15/24
54. No caso em tela, a ordem de prisão seria expedida sem qualquer
fundamento de cautelaridade, baseada apenas e tão somente na crença de que a decisão
do STF no HC 126.292, determinaria a execução indiscriminada da pena privativa de
liberdade após o julgamento de segundo grau, o que, como visto, não é verdade.

55. Conforme demonstrado, a decisão do STF foi no sentido de repristinar o


entendimento anterior ao HC 84.078 de 2009, devendo ser, igualmente, repristinada a
jurisprudência da época, sob pena de se dar ao novel entendimento da Suprema Corte
efeitos nunca pretendidos.

VI - DA VIOLAÇÃO AO ART. 283 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL E DA


CONSEQUENTE VIOLAÇÃO DA CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO,
EXPRESSA NO ARTIGO 97 DA CONSTITUIÇÃO, E DA SÚMULA VINCULANTE Nº 10

56. Não bastasse todo o exposto, a decisão da 11ª Vara de determinar a


formação de autos para a execução da pena viola, a uma só vez, o art. 283 do Código de
Processo Penal, assim como a cláusula de reserva de plenário expressa no art. 97 da
Constituição Federal e a Súmula Vinculante nº 10.

57. Isto porque o conteúdo do inciso LXII do artigo 5º da CF foi materializado


no art. 283 do Código de Processo Penal, inserido por meio da Lei nº 12.403, de 04 de
maio de 2011.

58. Com esta alteração legislativa o referido dispositivo legal passou a ter a
seguinte redação:

Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por
ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, em
decorrência de sentença condenatória transitada em julgado ou, no curso
da investigação ou do processo, em virtude de prisão temporária ou
prisão preventiva.

59. É o que se chama de constitucionalidade espelhada. Vale dizer, aquilo


que estava implicitamente contido na Constituição foi explicitamente transcrito no texto
infraconstitucional.

197/262
16/24
Constituição Federal Código de Processo Penal
Art. 5º Art. 283
LVII - ninguém será considerado culpado até o Ninguém poderá ser preso senão em flagrante
trânsito em julgado de sentença penal delito ou por ordem escrita e fundamentada da
condenatória; autoridade judiciária competente, em decorrência de
LXI - ninguém será preso senão em flagrante sentença condenatória transitada em julgado ou,
delito ou por ordem escrita e fundamentada de no curso da investigação ou do processo, em
autoridade judiciária competente, salvo nos casos virtude de prisão temporária ou prisão preventiva.
de transgressão militar ou crime propriamente
militar, definidos em lei;

60. Significa dizer que para que o art. 283 não seja aplicado em sua
literalidade é necessário que a matéria seja julgada em sede de arguição de
inconstitucionalidade.

61. Com efeito, dispõe o art. 97 da Constituição Federal que:

Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos
membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público.

62. O comando do mencionado artigo foi evidenciado com a edição da


Súmula Vinculante nº 10, do Supremo Tribunal Federal, ao dispor que:

“Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de


órgão fracionário de Tribunal que embora não declare expressamente a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua
incidência, no todo ou em parte.”

63. Ora, como o STF, no julgamento do HC 126.292 deixou de declarar a


inconstitucionalidade do art. 283 do Código de Processo Penal, à jurisdição
infraconstitucional resta apenas enfrentar a matéria pela via da arguição do incidente de
inconstitucionalidade, já que o Juiz não está autorizado a deixar de aplicar uma lei que se
presume válida.

198/262
17/24
64. Neste sentido, aliás, dispôs de maneira expressa o novo Código de
Processo Civil, aplicável supletivamente ao caso em questão, ao estabelecer em seus
artigos 948 a 950 que:

Art. 948. Arguida, em controle difuso, a inconstitucionalidade de lei ou de


ato normativo do poder público, o relator, após ouvir o Ministério Público e
as partes, submeterá a questão à turma ou à câmara à qual competir o
conhecimento do processo.
Art. 949. Se a arguição for:
I - rejeitada, prosseguirá o julgamento;
II - acolhida, a questão será submetida ao plenário do tribunal ou ao
seu órgão especial, onde houver.
Parágrafo único. Os órgãos fracionários dos tribunais não submeterão ao
plenário ou ao órgão especial a arguição de inconstitucionalidade quando
já houver pronunciamento destes ou do plenário do Supremo Tribunal
Federal sobre a questão.
Art. 950. Remetida cópia do acórdão a todos os juízes, o presidente do
tribunal designará a sessão de julgamento.
§ 1º As pessoas jurídicas de direito público responsáveis pela edição do
ato questionado poderão manifestar-se no incidente de
inconstitucionalidade se assim o requererem, observados os prazos e as
condições previstos no regimento interno do tribunal.
§ 2º A parte legitimada à propositura das ações previstas no art. 103 da
Constituição Federal poderá manifestar-se, por escrito, sobre a questão
constitucional objeto de apreciação, no prazo previsto pelo regimento
interno, sendo-lhe assegurado o direito de apresentar memoriais ou de
requerer a juntada de documentos.
§ 3º Considerando a relevância da matéria e a representatividade dos
postulantes, o relator poderá admitir, por despacho irrecorrível, a
manifestação de outros órgãos ou entidades.

65. Mesmo que o próprio Tribunal Regional Federal da 5ª Região queira


determinar a prisão após decisões proferidas em sede de Recurso de Apelação, a
cláusula de reserva de plenário, insculpida no art. 97 da Constituição e reforçada pela
edição da Súmula Vinculante nº 10, impede que os acórdãos condenatórios prolatados
determinem a execução antecipada da pena à revelia da lei, cuja constitucionalidade
deverá ser arguida incidentalmente perante o plenário da Corte, enquanto não se prolatar
decisão dotada de efeito erga omnes.

66. Não resta dúvida, portanto, de que a decisão de ordenar a formação de


autos para a execução da pena é nula por violação à cláusula de reserva de plenário e da
Súmula Vinculante nº 10 do STF, sendo inaplicável o comando de prisão do Réu.

199/262
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VII - DOS EFEITOS PROSPECTIVOS DA DECISÃO DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL

67. Um dos grandes equívocos do juízo da 11ª Vara é que sua determinação
de formar novos autos para executar a pena parece dar efeito de precedente à decisão
proferida pelo Supremo Tribunal Federal em caso isolado, sem análise de sua dimensão
qualitativa e funcional.

68. Isto porque nem toda decisão judicial pode ser vista como um precedente.
Apenas aquelas “dotadas de potencialidade de se firmar como paradigma para a
orientação dos jurisdicionados e magistrados”2,podem ser assim consideradas.

69. Para que isto ocorra, é necessário que a decisão não se limite a analisar
a interpretação do texto legal ou constitucional, mas é necessário que “a decisão enfrente
todos os principais argumentos relacionados à questão de direito posta na moldura do
caso concreto, até porque os contornos de um precedente podem surgir a partir da
análise de vários casos, ou melhor, mediante uma construção da solução judicial da
questão de direito que passa por diversos casos.”3

70. A decisão proferida no HC 126.292, por sua vez, foi adotada em um caso
isolado e colheu a comunidade jurídica de surpresa, não tendo sido realizado os grandes
debates sobre o tema.

71. De toda forma, ainda que se reconheça à mencionada decisão os efeitos


de precedente, vinculando decisões judiciais e ordenando comportamentos, é necessário
que se reconheça sua força como norma, atraindo a aplicação do adágio segundo o qual
a lei penal não pode retroagir para prejudicar o Réu.

72. Em outras palavras, se a decisão prolatada pelo STF no julgamento do


HC 126.292 está produzindo efeito de lei (precedente), vinculando decisões de

2
MARINONI, Luiz Guilherme. Precedentes obrigatórios. 4ª Ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016, p.
155.
3
Idem.

200/262
19/24
magistrados por todo País, forçoso é se aplicar a ela, também, os efeitos da
irretroatividade da lei penal.

73. Nos países de Comon Law, a alteração de precedente por um tribunal é


chamada de overruling. Quando isto é feito, atingindo os casos futuros, ela é chamada de
prospective overruling ou sunbursting4.

74. O fundamento para a prospective overruling é garantir a confiança que o


jurisdicionado possui nas decisões da própria Corte ou como, no caso concreto, no seu
próprio Supremo Tribunal Federal.

75. Trata-se da aplicação do princípio da segurança jurídica, que garante que


o cidadão não seja surpreendido por um entendimento diverso daquele no qual
depositava a confiança de seus atos.

76. No caso em tela, toda a orientação prestada ao Réu, no que tange a


estratégia de sua defesa, sempre foi pensada a partir da confiança existente no
precedente anterior do HC 84.079. A frustração deste confiança encontra-se exatamente
na possibilidade de o Acusado ser preso, mesmo antes de esgotados os recursos de que
dispõe.

77. A aplicação da alteração de entendimento da jurisprudência das Cortes


Superiores apenas para casos futuros já foi reconhecida pelo próprio Superior Tribunal de
Justiça, no julgamento do HC 25.598, em que se discutia a imediata aplicação do
entendimento de que o prazo para o Ministério Público conta da data da entrada do
processo na instituição e não da data em que o representante ministerial apõe o seu
ciente.

4
O termo "sunbursting" surgiu de um caso julgado pela Suprema Corte dos EUA em 1932, no caso Great
Northern Railway Company v. Sunburst Oil and Refining Company. Sunburst, empresa expedidora,
processou a Great Northern para reaver desta cobrança por taxas excessivas, o que ocorreu, com base em
uma lei da Suprema Corte do Estado de Montana, em 1921. Quando o caso chegou à Corte Superior de
Montana, o Tribunal superou a decisão proferida em 1921 por ele mesmo, mas limitando a aplicação a
casos futuros. (http://www.estudodirecionado.com/2013/09/prospective-overruling-distinguishing-e.html)

201/262
20/24
78. Na ocasião, entendeu-se que a nova interpretação apenas poderia ser
aplicada para casos futuros já que não seria possível antever a mudança do
entendimento jurisprudencial. Confira-se:

HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. TEMPESTIVIDADE DO


RECURSO MINISTERIAL. MUDANÇA DO ENTENDIMENTO
JURISPRUDENCIAL DAS CORTES SUPERIORES. APLICAÇÃO AOS
CASOS FUTUROS.
1. De fato, o Supremo Tribunal Federal, a partir do julgamento plenário do
Habeas Corpus n.º 83.255/SP (informativo n.º 328), decidiu que o prazo
recursal para o Ministério Público conta-se a partir da entrada do
processo nas dependências da Instituição. O Superior Tribunal de Justiça,
por seu turno, aderiu à nova orientação da Suprema Corte.
2. Não se pode olvidar, todavia, que o entendimento jurisprudencial,
até então, há muito sedimentado no STF e no STJ, era justamente no
sentido inverso, ou seja, entendia-se que a intimação pessoal do
Ministério Público se dava com o "ciente" lançado nos autos, quando
efetivamente entregues ao órgão ministerial.
3. Dessa maneira, constata-se que o Procurador de Justiça, nos idos
anos de 2000, tendo em conta a então sedimentada jurisprudência das
Cortes Superiores, valendo-se dela, interpôs o recurso dentro do prazo
legal.
4. Não se poderia, agora, exigir que o órgão ministerial recorrente se
pautasse de modo diverso, como se pudesse antever a mudança do
entendimento jurisprudencial. Essa exigência seria inaceitável, na
medida em que se estaria criando obstáculo insuperável. Vale dizer:
depois de a parte ter realizado o ato processual, segundo a orientação
pretoriana prevalente à época, seria apenada com o não-conhecimento
do recurso, quando não mais pudesse reagir à mudança. Isso se
traduziria, simplesmente, em usurpação sumária do direito de recorrer, o
que não pode existir em um Estado Democrático de Direito, mormente se
a parte recorrente representa e defende o interesse público.
5. Ordem denegada.
(HC 28.598/MG, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado
em 14/06/2005, DJ 01/08/2005, p. 480)

79. Também pela mesma razão, a novel alteração da jurisprudência da


Suprema Corte, somente pode ser aplicada para casos futuros, sob pena da quebra do
princípio da confiança do jurisdicionado.

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21/24
VIII - DA PLAUSIBILIDADE DE EVENTUAL RECURSO ESPECIAL

80. O mais grave, porém, é que a plausibilidade do Recurso Especial


apresentado é flagrante.

81. Na realidade, a violação a normas federais é de tal forma evidente que a


decisão de admissibilidade reconheceu, expressamente, haver sido a matéria pré-
questionada, bem como a desnecessidade de valoração de provas na análise das teses
veiculadas pela defesa. Confira-se:

“Trata-se de recurso especial interposto por FRANCISCO DEUSMAR DE


QUEIROS e OUTROS com fundamento no artigo 105, inciso III, "a", da
Constituição Federal, em face de acórdão proferido por esta Corte que. A
partir de acurado exame dos autos, verifico que foram observados os
requisitos gerais de admissibilidade extrínsecos (tempestividade,
regularidade formal e preparo) e os intrínsecos (cabimento, legitimação,
interesse recursal e inexistência de fato impeditivo do poder de recorrer),
assim como que restou prequestionada a matéria objeto do recurso. À
primeira vista, entendo que uma das matérias suscitadas pelos
recorrentes - ofensa aos arts. 383 e 384 do CPP, ao argumento de
julgamento ultra petita - não envolve a apreciação de provas, mas, sim, de
adequada interpretação do referido dispositivo legal à luz da narrativa
apresentada na peça acusatória. Por tais razões, ADMITO o presente
recurso”

82. A discussão, como reconhecido, é exclusivamente de direito e o principal


ponto do inconformismo repousa na violação ao art. 384 do CPP, na medida em que o
acórdão de Apelação, para manter a condenação, alterou os fatos contidos na denúncia.

83. Com feito, enquanto a denúncia imputava ao Réu a realização de


medição e corretagem desautorizada, condutas pelas quais foi condenado, o Acórdão de
Apelação, após de deparar com a demonstração da inexistência de tais atos, passou a
afirmar que, na realidade, o Denunciado teria realizado a compra e revenda de valores
mobiliários por conta própria, o que jamais foi objeto da acusação.

84. Em outras palavras, o Acusado foi condenado por imputações das quais
jamais lhes foi oportunizado o direito de defesa.

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85. Ainda que superada a violação acima descrita, o Recurso Especial
demonstra que, acaso se entenda válida mutatio libeli realizada em sede de apelação,
com a devida vênia, equivocou-se o Tribunal quanto à correta capitulação dos fatos.

86. Em razão do princípio da especialidade, a compra e revenda de valores


mobiliários por conta própria subsume-se perfeitamente à conduta descrita no artigo 27-E
da Lei nº 6.385/76. Confira-se:

“Art. 27-E. Atuar, ainda que a título gratuito, no mercado de valores


mobiliários, como instituição integrante do sistema de distribuição,
administrador de carteira coletiva ou individual, agente autônomo de
investimento, auditor independente, analista de valores mobiliários,
agente fiduciário ou exercer qualquer cargo, profissão, atividade ou
função, sem estar, para esse fim, autorizado ou registrado junto à
autoridade administrativa competente, quando exigido por lei ou
regulamento.”

87. Afirma-se, igualmente, a violação ao artigo 381, III e IV e 619, ambos do


CPP uma vez que o acórdão proferido pelo TRF, no julgamento do recurso de apelação e
integrado por dois embargos de declaração, deixou de analisar diversas teses defensivas,
especialmente a de atipicidade da conduta dos Réus.

88. Invocou-se, igualmente, a violação ao artigo 155 do CPP em razão de o


Acusado haver sido condenado com provas colhidas exclusivamente na fase inquisitorial.

89. Por fim, o recurso também discute matéria referente à dosimetria da pena
a partir da inexistência de individualização da pena, bem como da improcedência dos
fundamentos utilizados para considerar as circunstâncias judiciais como negativas,
exasperando, assim, a pena base imposta. O que importa em violação aos arts. 59, 68 e
71, todos do Código Penal, cujo reconhecimento da procedência argumentativa poderia
conduzir ao regime aberto para o inicial de cumprimento de pena do Réu.

90. Em outras palavras, toda a discussão é exclusivamente de direito, não


havendo que se falar em violação à Súmula 07 do STJ.

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91. Por tudo o quanto exposto, demonstrada a plausibilidade do Recurso
Especial, afigura-se desmedida, ilícita e desnecessária a execução provisória da pena na
pendencia de julgamento de recurso que pode absolvê-lo.

IX - DO PEDIDO

92. Assim, requer-se que V. Exa. se abstenha de proferir ou expedir qualquer


ato ou ordem prisional em desfavor do Réu, garantindo-lhe o direito de responder ao
processo em liberdade, até o trânsito em julgado, conforme dispositivo expresso da
sentença.

93. Por fim, requer sejam as publicações alusivas ao presente feito


realizadas exclusivamente em nome do advogado ANASTÁCIO MARINHO, inscrito na
OAB/CE nº 8.502, sob pena de nulidade.

P. deferimento.
Fortaleza, 27 de junho de 2016.

Anastacio Marinho Caio Cesar Rocha Wilson Belchior


OAB/CE 8.502 OAB/CE 15.095 OAB/CE 17.314

Marcelo Leal Benedito Cerezzo Luiz Eduardo Monte


OAB/DF 21932 OAB/SP 142.109 OAB/DF 41.950

Eduardo Ferri Renan Rebouças


OAB/CE 21.310-A OAB/CE 24.499

Processo: 0805805-10.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO - Advogado
16062814360893800000001481563
Data e hora da assinatura: 28/06/2016 14:36:43
Identificador: 4058100.1480555
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 205/262
24/24
PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRA INSTÂNCIA

Seção Judiciária do Estado do Ceará

12ª Vara Federal

DESPACHO

Primeiramente, determino a correção da autuação para Classe "Execução Provisória". Após, remetam-se
os autos ao representante do parquet , a fim de se manifestar sobre a petição da defesa, bem como sobre a
execução, com supedâneo no HC. 126.292/SP.

Expedientes cabíveis.

Processo: 0805805-10.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
DANIELLE MACEDO PEIXOTO DE CARVALHO - Magistrado
16100415370842100000001750753
Data e hora da assinatura: 05/10/2016 15:01:47
Identificador: 4058100.1749622
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 206/262
1/1
12ª Vara Federal do Ceará

Rua João Carvalho, nº 485, 5.º andar, Aldeota, CEP 60.140.140 - Fortaleza/CE

PROCESSO Nº: 0805805-10.2016.4.05.8100 - EXECUÇÃO DA PENA


EXEQUENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
EXECUTADO: GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO
12ª VARA FEDERAL - JUIZ FEDERAL TITULAR

CERTIFICO que, em cumprimento ao despacho retro, procedi à correção da autuação para a Classe "Execução Provisória". O
referido é verdade. Dou fé.

Fortaleza, datado eletronicamente.

EDIENE SANTANA DE OLIVEIRA

Analista Judiciária - Matrícula 1488

(assinado eletronicamente)

Processo: 0805805-10.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
EDIENE SANTANA DE OLIVEIRA - Servidor Geral
16101114413851800000001769777
Data e hora da assinatura: 11/10/2016 14:43:09
Identificador: 4058100.1768625
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 207/262
1/1
PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRA INSTÂNCIA

Seção Judiciária do Estado do Ceará

12ª Vara Federal

DESPACHO

Primeiramente, determino a correção da autuação para Classe "Execução Provisória". Após, remetam-se
os autos ao representante do parquet , a fim de se manifestar sobre a petição da defesa, bem como sobre a
execução, com supedâneo no HC. 126.292/SP.

Expedientes cabíveis.

Processo: 0805805-10.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
EDIENE SANTANA DE OLIVEIRA - Servidor Geral
16101114432710300000001769778
Data e hora da assinatura: 11/10/2016 14:43:52
Identificador: 4058100.1768626
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 208/262
1/1
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
12º VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
PROCESSO: 0805805-10.2016.4.05.8100 - EXECUÇÃO PROVISÓRIA

Polo ativo Polo passivo


MINISTÉRIO PÚBLICO GERALDO DE LIMA
EXEQUENTE CONDENADO
FEDERAL GADELHA FILHO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO

Outros participantes
Sem registros

CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 18/10/2016 19:43, o(a) MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL foi intimado(a) acerca
de Despacho registrado em 05/10/2016 15:01 nos autos judiciais eletrônicos especificados na epígrafe.

1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 16101114432710300000001769778 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 18/10/2016 19:43 - Seção Judiciária do Ceará.

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1/1
MM Juíza Federal

Segue petição em anexo.

Márcio Torres

PR/CE

Processo: 0805805-10.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
MARCIO ANDRADE TORRES - Procurador
16102011394282500000001793431
Data e hora da assinatura: 20/10/2016 11:42:17
Identificador: 4058100.1792257
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 210/262
1/1
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
PROCURADORIA DA REPÚBLICA NO ESTADO DO CEARÁ

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA 12ª VARA DA SEÇÃO


JUDICIÁRIA DO ESTADO DO CEARÁ:

PROCESSO Nº: 0805805-10.2016.4.05.8100


CLASSE: EXECUÇÃO DA PENA
EXEQUENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
EXECUTADO: GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO

PETIÇÃO DE EXECUÇÃO PENAL PROVISÓRIA


(Manifestação n° 21005 /2016)

O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, por conduto do


Procurador da República signatário, diante do despacho de V. Exa (id 4058100.1732511),
vem requerer a EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA SENTENÇA CONDENATÓRIA
proferida pelo juízo da 11ª Vara Federal, em desfavor do réu GERALDO DE LIMA
GADELHA FILHO, decisão reformada em parte pelo Egrégio Tribunal Regional Federal da
5ª Região, na forma a seguir delineada:

O réu GERALDO LIMA DE GADELHA FILHO foi condenado


pelo Juízo da 11ª Vara Federal pelos crimes previstos no art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/86 que
passa, portanto, a ser de 5 (cinco) anos de reclusão, e pelo crime do art. 27-C da Lei
6385/76, a 5 (cinco) anos de reclusão, resultando na pena restritiva de liberdade em 10
(dez) anos de reclusão, a ser cumprida inicialmente em regime fechado.

Diante da referida sentença, o condenado interpôs recurso de


apelação, tendo o TRF da 5ª Região excluído a condenação pelo crime do art. 27-C da Lei n°
6.385/76, resultando em condenação em segunda instância nos seguintes moldes: “ Geraldo
de Lima Gadelha Filho, em 05 (cinco) anos de reclusão, além de 200 (duzentos) dias-
multa, à razão de 01 (um) salário mínimo”.

1
Av. Beira Mar, nº 1064, Praia Treze de Julho – CEP: 49.020-010 – Aracaju - Sergipe
Fone: (79) 3301-3700 – Site: http://www.prse.mpf.mp.br

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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Procuradoria da República no Estado do Ceará

Os fatos ocorreram entre os anos de 2001 e 2006 e foi reconhecida


em favor do sentenciado a prescrição dos fatos mais antigos. A denúncia foi recebida em
29/01/2010. Não há que se falar em prescrição da pretensão executória.

O sentenciado interpôs recursos especial e extraordinário, sendo


admitido apenas o que se dirige ao Superior Tribunal de Justiça. Assim, o acórdão ainda não
transitou em julgado, tratando a hipótese de execução provisória.

A pena a ser cumprida, nessas condições, é de 05 (cinco) anos pelo


crime contra o sistema financeiro nacional, em regime semiaberto.

A defesa, antes mesmo de iniciada a execução da pena, atravessou


petição em que requer a suspensão do cumprimento do acórdão recorrível, sob os seguintes
fundamentos: a) incompetência do juízo da 11ª Vara para ordenar a formação de autos
para a execução provisória da pena; b) fixação, na sentença condenatória, do direito de
apelar em liberdade e de trânsito em julgado para a execução da pena, o que resultaria em
“reformatio in pejus”; c) entendimento equivocado quanto à real extensão do decidido pelo
STF no HC 126.292/SP; d) violação do art. 283 do CPP e da cláusula de reserva do
plenário e da Súmula Vinculante n° 10; e) plausibilidade do recurso especial admitido.

Passo a examinar os argumentos da verdadeira exceção de pré-


executividade penal.

a) Competência para ordenar a formação de autos para a execução provisória da pena

O Código de Processo Penal estabelece, de maneira clara, que cabe


ao juiz da sentença, ou ao juízo da execução da pena, promover a satisfação do título
executivo judicial decorrente de uma sentença condenatória:

Art. 668. A execução, onde não houver juiz especial, incumbirá ao juiz
da sentença, ou, se a decisão for do Tribunal do Júri, ao seu presidente.

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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Procuradoria da República no Estado do Ceará

Parágrafo único. Se a decisão for de tribunal superior, nos casos de


sua competência originária, caberá ao respectivo presidente prover-lhe
a execução.

Na mesma toada a Lei de Execução Penal, em seus arts. 2º e 105,


dispõe:
Art. 2º A jurisdição penal dos Juízes ou Tribunais da Justiça ordinária,
em todo o Território Nacional, será exercida, no processo de execução,
na conformidade desta Lei e do Código de Processo Penal.
….
Art. 105. Transitando em julgado a sentença que aplicar pena privativa
de liberdade, se o réu estiver ou vier a ser preso, o Juiz ordenará a
expedição de guia de recolhimento para a execução.

A execução somente estará afetada aos tribunais superiores na


hipótese de competência originária, valendo essa disciplina tanto para a execução definitiva
quanto para a provisória.

O Superior Tribunal de Justiça, a quem cabe a interpretação dessas


normas, nos autos decidiu no Edcl no RESp n° 1.484.415, além da possibilidade de
execução provisória, que a deflagração desta é ato de competência do juízo da condenação.
Do voto do Relator, Min. Rogério Schieti Cruz, destaco a seguinte passagem:

“Dispõe o art. 105 da Lei nº 7.210/1984 (que deve ser, na


espécie, conjugado com o art. 2º da mesma lei, respeitante à
execução provisória da pena): "Transitando em julgado a
sentença que aplicar pena privativa de liberdade, se o réu
estiver ou vier a ser preso, o Juiz ordenará a expedição de
guia de recolhimento para a execução."

Sobre o tema, é apropriado o escólio de Espínola Filho, ao


pontuar que a "regra geral é a de que cabe ao juiz da ação a
competência para a execução da sentença, nela proferida,
afinal". Vale dizer, o início da execução da reprimenda
compete ao juiz "perante o qual correu a ação penal, pouco
importando tenha a executar a sentença por ele próprio
proferida, ou a substituída a essa, em virtude do provimento
dado, no todo ou em parte, a recurso, ordinário,
extraordinário ou misto (revisão), interposto contra aquela
sentença" (Código de processo penal brasileiro anotado .
Atualizadores: José Geraldo da Silva e Wilson Lavotenti.
Campinas:Bookseller, 2000, p. 352-353).
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Essa também é a intelecção de Mirabete, ao enfatizar que


"compete aos tribunais superiores a execução quando se trata
de competência originária da respectiva Corte, ainda que o
acórdão por esta proferido tenha sido reformado pelo
Supremo Tribunal Federal (MIRABETE, Julio Fabrinni.
Execução penal. 11ª ed. rev. e at. por Renato Fabbrini São
Paulo: Atlas, 2004, p. 299).

Desse modo, não visualizo qualquer vício pelo fato do Juízo da 11ª
Vara Federal haver encaminhado as cópias das peças processuais indispensáveis à execução
provisória, cujo processamento, ainda não resultante em ordem de prisão, cabe ao Juízo da
Execução Penal da Seção Judiciária do Ceará.

A competência do STJ no presente caso, a meu sentir, cinge-se a


eventual medida cautelar suspensiva da execução penal provisória, não obtida pelo ora
executado no Recurso Especial por ele manejado.

b) fixação, na sentença condenatória, do direito de apelar em liberdade e de trânsito


em julgado para a execução da pena, o que resultaria em “reformatio in pejus”;

Com efeito, ao prolatar a sentença condenatória, o Juízo da 11ª Vara


Federal reconheceu o direito do réu, ora executado, apelar em liberdade.

Mas isso não impede, sequer de longe, que a sentença venha a ser
executada provisoriamente.

A uma, porque essa parte da sentença obviamente não transita em


julgado e se sujeita à cláusula rebus sic standibus. Se assim não fosse, impossível seria obter
por exemplo uma prisão preventiva na pendência de julgamento de recursos. Tal princípio,
em matéria de processo penal, tem sua concretização no art. 617 do CPP:

“ Art. 617. O tribunal, câmara ou turma atenderá nas suas decisões ao


disposto nos arts. 383, 386 e 387, no que for aplicável, não podendo,
porém, ser agravada a pena, quando somente o réu houver apelado da
sentença.”
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A duas porque não se trata de ofensa ao direito de apelar em


liberdade. Assim foi garantido ao réu que apelou em liberdade, teve seu recurso apreciado e
a pena reduzida, mas esgotada a fase em que se forma o juízo de convencimento sobre a
culpabilidade, o que não se garante mais é que possa manejar os recursos excepcionais sem
ser preso provisoriamente.

Além disso, a aventada preclusão em relação à possibilidade do réu


recorrer em liberdade, a qual foi declarada na sentença de primeiro grau, não se sustenta pelo
simples fato de que esse tópico não era suscetível de reforma, dada a posição consolidada no
sentido de que a execução da pena só se iniciaria após o trânsito em julgado.

Por fim, convenhamos que o novo precedente do Supremo não é


restauração do comando de que o réu tem que se recolher ao cárcere para poder apelar. A
prisão processual do réu, quando da prolação da sentença, continua vinculada à devida
fundamentação do juiz, nos termos do já referido § 1º do art. 387 do Código de Processo
Penal.
Se a sentença determina a prisão processual, mas não a fundamenta,
aí tem-se ilegalidade passível de correção.

Outra é a situação delineada pelo Supremo Tribunal Federal no


julgamento do habeas corpus nº 126.292/SP: solto o réu, mas confirmada a condenação em
grau recursal, pelo Tribunal de 2ª instância competente a tanto, não há mais dúvidas, com
força de obstar a execução provisória da pena, quanto à materialidade e autoria delitivas. Os
recursos ainda cabíveis, de índole excepcional, sequer poderão reexaminar fatos e provas,
podendo em geral no máximo resultar no cômputo da pena.

E, nas hipóteses em que haja gritante ofensa à legislação federal ou


constitucional, nada obsta que o condenado obtenha, nas instâncias respectivas, medida
cautelar suspensiva da execução.

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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Procuradoria da República no Estado do Ceará

Para finalizar esse tópico, trago à colação recente julgado do STJ, qu


tem se repetido, o qual afastou a tese da reformatio in pejus defendida na petição que visa
obstar a execução provisória:

“HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO.


INADEQUAÇÃO. MÉRITO.
ANÁLISE DE OFÍCIO. PRISÃO CAUTELAR. CONCUSSÃO E
UTILIZAÇÃO INDEVIDA DE RENDAS E SERVIÇOS PÚBLICOS EM
PROVEITO PRÓPRIO (ART. 1º DO DECRETO-LEI Nº 201/67).
SENTENÇA CONDENATÓRIA CONFIRMADA EM SEGUNDA
INSTÂNCIA (COM MINORAÇÃO DA PENA E ABSOLVIÇÃO
PARCIAL). EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA. POSSIBILIDADE.
RECENTE ENTENDIMENTO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE
INOCÊNCIA. ORDEM NÃO CONHECIDA.
1. O Superior Tribunal de Justiça, seguindo entendimento firmado pelo
Supremo Tribunal Federal, passou a não admitir o conhecimento de
habeas corpus substitutivo de recurso próprio. Precedentes No entanto,
deve-se analisar o pedido formulado na inicial, tendo em vista a
possibilidade de se conceder a ordem de ofício, em razão da existência
de eventual coação ilegal.
2. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, por maioria de votos,
entendeu que A execução provisória de acórdão penal condenatório
proferido em grau de apelação, ainda que sujeito a recurso especial ou
extraordinário, não compromete o princípio constitucional da
presunção de inocência afirmado pelo artigo 5º, inciso LVII da
Constituição Federal. (STF, HC 126292, Relator Min. TEORI
ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado em 17/02/2016, processo
eletrônico DJe-100, divulgado em 16/05/2016, publicado em
17/05/2016).
3. No particular, como a sentença condenatória foi confirmada pelo
Tribunal de origem e porquanto encerrada a jurisdição das instâncias
ordinárias (bem como a análise dos fatos e provas que assentaram a
culpa do condenado), é possível dar início à execução provisória da
pena antes do trânsito em julgado da condenação, sem que isso importe
em violação do princípio constitucional da presunção de inocência.
Ademais, a sentença assegurou ao paciente o direito de recorrer em
liberdade, o que representa a prerrogativa de tão somente apelar em
liberdade, como ocorreu, valendo ressaltar que os recursos especial e
extraordinário não são dotados, regra geral, de efeito suspensivo.
4. De outra parte, não há que se falar em reformatio in pejus, pois a
prisão decorrente de decisão confirmatória de condenação do
Tribunal de apelação não depende do exame dos requisitos previstos
no art. 312 do CP. Está na competência do juízo revisional e
independe de recurso da acusação. Precedentes da Corte.
5. Habeas Corpus não conhecido.
(HC 366.471/SC, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA,
QUINTA TURMA, julgado em 06/10/2016, DJe 14/10/2016)

Afastada, desse modo, a alegada reformatio in pejus.

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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Procuradoria da República no Estado do Ceará

c) Do novo entendimento do STF e seus efeitos

No julgamento do HC n.º 126.292/SP, o Supremo Tribunal Federal


reviu seu posicionamento e, resgatando jurisprudência antes consolidada, afirmou a
possibilidade da execução imediata da pena depois da decisão condenatória confirmada em
segunda instância.

Mais recentemente a Suprema Corte, ao indeferir os pedidos


liminares pleiteados nas Ações Declaratórias de Constitucionalidade nos 43 e 44, ratificou o
julgamento suprarreferido, prevalecendo o entendimento de que não há óbice ao início do
cumprimento da pena após esgotadas as instâncias ordinárias.

Conforme o entendimento exarado no precedente da Corte Suprema,


é no juízo de apelação que de regra se exaure, mediante ampla devolutividade da matéria
deduzida na ação penal, o exame sobre os fatos e provas da causa penal, concretizando o
duplo grau de jurisdição.

Assim, como os recursos excepcionais são restritos à matéria de


direito, não tendo aptidão para modificar decisões da primeira instância recursal no que
tange à matéria fático probatória obtida em regime de contraditório no curso da ação penal,
concluiu a Corte Constitucional, por ampla maioria de seus integrantes, que se pode dar
início à execução da pena condenatória nesta fase sem ofensa ao princípio da presunção da
inocência.
Carecendo os recursos excepcionais de efeito suspensivo, não há
óbice para que se executem as penas impostas ao sentenciado. Nesse passo, o E. Superior
Tribunal de Justiça vem aplicando o entendimento da Corte Suprema e determinando a
imediata execução da condenação:

RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS TRÁFICO ILÍCITO


DE ENTORPECENTES. PRISÃO PREVENTIVA. ELEMENTOS QUE
DENOTAM HABITUALIDADE DELITIVA. REINCIDÊNCIA
ESPECÍFICA. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. SUPERVENIÊNCIA DE
CONDENAÇÃO. AUSÊNCIA DE NOVOS FUNDAMENTOS. NÃO
1

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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Procuradoria da República no Estado do Ceará

PREJUDICIALIDADE. SENTENÇA CONFIRMADA EM SEGUNDA


INSTÂNCIA. PRISÃO MANTIDA PELO TRIBUNAL. POSSIBILIDADE.
EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA. LEGALIDADE. RECENTE
ENTENDIMENTO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. AUSÊNCIA
DE VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA.
RECURSO DESPROVIDO. ..EMEN: 1. Mostra-se devidamente
fundamentada a segregação em hipótese na qual o recorrente,
reincidente específico na prática do crime de tráfico ilícito de
entorpecentes, foi flagrado com cerca de 15g de crack, droga de alto
poder destrutivo, e uma balança de precisão, confessando que a droga
se destinava ao ilícito comércio. 2. Encontra-se justificada a prisão
pela necessidade de proteção à ordem pública, dado o risco concreto de
reiteração criminosa, tendo em vista a reincidência específica do
paciente, que voltou a ser preso em flagrante por tráfico a despeito da
condenação anterior, especialmente porque as circunstâncias do
flagrante indicam dedicação a atividades criminosas. 3. Para a Quinta
Turma desta Corte, a sentença condenatória que mantém a prisão
cautelar do réu somente constitui novo título judicial se agregar novos
fundamentos, com base no art. 312 do Código de Processo Penal. 4. O
Plenário do Supremo Tribunal Federal, por maioria de votos, entendeu
que a possibilidade de início da execução da pena condenatória após a
confirmação da sentença em segundo grau não ofende o princípio
constitucional da presunção da inocência (HC n. 126292, julgado no
dia 17 de fevereiro de 2016). 5. No particular, como a sentença
condenatória foi confirmada pelo Tribunal de origem e porquanto
encerrada a jurisdição das instâncias ordinárias (bem como a análise
dos fatos e provas que assentaram a culpa do condenado), é possível
dar início à execução provisória da pena antes do trânsito em julgado
da condenação, sem que isso importe em violação do princípio
constitucional da presunção de inocência. 6. Recurso desprovido.
..EMEN:
(RHC 201500287341, REYNALDO SOARES DA FONSECA, STJ -
QUINTA TURMA, DJE DATA:29/06/2016 ..DTPB:.)

Não há, desse modo, de acordo com a decisão da Corte


Constitucional, qualquer entrave para que se execute as penas impostas ao réu na primeira
instância recursal, até porque o recurso excepcional interposto (REsp), destinado a julgar
questões federais de natureza infraconstitucional, carece do chamado efeito suspensivo (art.
637 do CPP e art. 27, § 2º, da Lei 8.038/1990).

Quanto à necessidade de fundamentar a execução provisória, a


manutenção da sentença penal pela segunda instância encerra a análise de fatos e provas que
assentaram a culpa do condenado, o que autoriza o início da execução da pena por somente
esse motivo. A segregação do cidadão, após o exaurimento da jurisdição das instâncias

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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
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ordinárias, independe do preenchimento dos requisitos do art. 312 do Código de Processo


Penal porque representa a (hoje autorizada) execução provisória da pena,

Nesse sentido, vem decidindo o STJ:

RECURSO ESPECIAL. ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR.


VÍTIMAS CRIANÇAS MENORES DE 14 ANOS. VIOLÊNCIA
PRESUMIDA. REPRESENTAÇÃO. DECADÊNCIA. NÃO
OCORRÊNCIA. CIÊNCIA DO ATO. DILAÇÃO PROBATÓRIA.
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA N. 7 DO STJ. FORMALIDADE.
DESNECESSIDADE. INÉPCIA DA DENÚNCIA. NÃO
OCORRÊNCIA. SUPERVENIÊNCIA DE CONDENAÇÃO.
ABSOLVIÇÃO. PALAVRA DAS VÍTIMAS. HARMONIA COM DEMAIS
PROVAS. SÚMULA N. 7 DO STJ. DESCLASSIFICAÇÃO PARA
CONTRAVENÇÃO DO ART. 61 DO DECRETO-LEI N.3.688/1941.
IMPOSSIBILIDADE. PARTICIPAÇÃO DA RÉ. REEXAME DE
PROVAS. SÚMULA N. 7 DO STJ. PENA-BASE. CULPABILIDADE.
MOTIVAÇÃO IDÔNEA. CONTINUIDADE DELITIVA. FORMA
SIMPLES. PENA READEQUADA. AUSÊNCIA DE
FUNDAMENTAÇÃO E OMISSÃO NO ACÓRDÃO. INEXISTÊNCIA.
RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E NÃO PROVIDO. ORDEM
CONCEDIDA DE OFÍCIO. EXECUÇÃO PROVISÓRIA.
DETERMINAÇÃO.
…...............
15. A Sexta Turma desta Corte Superior decidiu, ao apreciar os EDcl
nos REsps n. 1.484.413/DF e 1.484.415/DF (DJe 14/4/2016), de
minha relatoria, que, nas hipóteses em que não for conferido
efeito suspensivo ao recurso especial, mantida a condenação do réu,
deve ser determinado o início da execução provisória das penas
impostas.
16. Recurso especial conhecido e não provido. Ordem concedida, de
ofício, a fim de reconhecer a ilegalidade quanto à aplicação da
continuidade delitiva específica e reduzir as penas dos réus.
Execução provisória determinada.
(REsp 1273776/SP, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA
TURMA, julgado em 14/06/2016, DJe 21/06/2016)

Nessas condições, diante desse quadro, resta claro que a prisão para execução
provisória difere, por sua própria natureza e finalidade, da prisão preventiva ou de qualquer
outra modalidade de prisão cautelar, resultando tão somente do esgotamento das vias
ordinárias.
Foi essa a lógica da decisão do STF no HC 126.292/SP.

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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Procuradoria da República no Estado do Ceará

d) violação do art. 283 do CPP e da cláusula de reserva do plenário e da Súmula


Vinculante n° 10

As alegações não se aplicam ao presente caso, pois a decisão questionada nos


presentes autos não adveio de Tribunal, não se podendo falar de quebra da cláusula de
reserva de plenário.

e) plausibilidade do recurso especial admitido.

Se o recurso especial tem ou não plausibilidade de alterar o status


condenatório do executado é questão a ser resolvido na instância a tanto competente, no caso
o Superior Tribunal de Justiça.

Cabe ao interessado obter, junto àquela Corte, o efeito suspensivo da


execução, sob pena de completa subversão da ordem jurídica na hipótese deste Juízo fazer
tal análise, invadindo a competência reservada ao STJ.

f) Pedido
Ante tais circunstâncias, requer o MPF seja iniciada a execução da
definitiva da pena restritiva de liberdade de 05 (cinco) anos de reclusão imposta ao réu
GERALDO LIMA DE GADELHA FILHO em regime semiaberto, com a adoção das
seguintes providências:

1) a expedição de carta de guia para que seja a pena


cumprida em regime semiaberto, em estabelecimento
compatível com o disposto no art. 91 da LEP;
2) na falta de estabelecimento onde possa ser cumprida a
pena, como é o caso do Estado do Ceará, requer o MPF,
desde logo, seja determinado o monitoramento eletrônico do

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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Procuradoria da República no Estado do Ceará

sentenciado, em recolhimento domiciliar, fixando-se para


tanto a realização de audiência admonitória.

Aguarda deferimento.
Fortaleza/CE, 20 de outubro de 2016.

MÃRCIO ANDRADE TORRES


Procurador da República

Processo: 0805805-10.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
MARCIO ANDRADE TORRES - Procurador
16102011411975400000001793432
Data e hora da assinatura: 20/10/2016 11:42:17
Identificador: 4058100.1792258
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 221/262
11/11
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DA 12ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO
ESTADO DO CEARÁ.

PROCESSO Nº 0805805-10.2016.4.05.8100

EXEQUENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

EXECUTADO: GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO

GERALDO GADELHA FILHO , já amplamente qualificado no presente feito, vem, com o devido
respeito, COMUNICAR V. Excelência acerca da decisão (doc. anexo) proferida pelo E. Ministro Felix
Fischer, nos autos do Processo nº 2016/0292446-7, a qual deferiu medida liminar para sustar o início
da execução provisória da pena do ora Executado até ulterior julgamento final do processo , nos
termos a seguir delineados:

Trata-se de pedido de tutela provisória, formulada por FRANCISCO DESMAR DE QUEIROS,


GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES
BEZERRA, consubstanciada na possibilidade de concessão in limine litis de medida cautelar para atribuir
efeito suspensivo a recurso especial anteriormente interposto.

(...)

Assim, temerária seria a deflagração ante tempus de eventual execução provisória antes do julgamento do
mérito do Recurso Especial interposto, razão pela qual defiro a liminar para sustar o início da execução
provisória da pena até ulterior julgamento final do presente pedido de tutela provisória.

Cite-se o requerido, para, querendo, apresentar resposta, no prazo

legal.

Após, vista ao Ministério Público Federal.

222/262
1/2
P. e I.

Brasília (DF), 16 de novembro de 2016.

Ministro Felix Fischer

Relator

Assim, em atendimento à supracitada decisão emanada da Corte Superior de Justiça, requer-se que V.
Exa. digne-se de se abster de proferir ou expedir qualquer ato ou ordem prisional em desfavor do Réu,
garantindo-lhe o direito de responder ao processo em liberdade, até o trânsito em julgado do feito .

Por fim, requer sejam as publicações alusivas ao presente feito realizadas exclusivamente em nome do
advogado ANASTÁCIO MARINHO , inscrito na OAB/CE nº 8.502, sob pena de nulidade.

P. deferimento.

Fortaleza, 09 de dezembro de 2016.

Anastacio Marinho Caio Cesar Rocha Wilson Belchior

OAB/CE 8.502 OAB/CE 15.095 OAB/CE 17.314

Marcelo Leal Benedito Cerezzo Luiz Eduardo Monte

OAB/DF 21932 OAB/SP 142.109 OAB/DF 41.950

Eduardo Ferri Renan Rebouças

OAB/CE 21.310-A OAB/CE 24.499

Processo: 0805805-10.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO - Advogado
16121213515375000000001942639
Data e hora da assinatura: 12/12/2016 13:55:59
Identificador: 4058100.1941392
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 223/262
2/2
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DA 12ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA
DO ESTADO DO CEARÁ.

PROCESSO Nº 0805805-10.2016.4.05.8100
EXEQUENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
EXECUTADO: GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO

GERALDO GADELHA FILHO, já amplamente qualificado no presente


feito, vem, com o devido respeito, COMUNICAR V. Excelência acerca da decisão (doc.
anexo) proferida pelo E. Ministro Felix Fischer, nos autos do Processo nº 2016/0292446-
7, a qual deferiu medida liminar para sustar o início da execução provisória da pena
do ora Executado até ulterior julgamento final do processo, nos termos a seguir
delineados:

Trata-se de pedido de tutela provisória, formulada por FRANCISCO DESMAR DE


QUEIROS, GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE
OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES BEZERRA, consubstanciada na possibilidade de
concessão in limine litis de medida cautelar para atribuir efeito suspensivo a
recurso especial anteriormente interposto.
(...)
Assim, temerária seria a deflagração ante tempus de eventual execução provisória
antes do julgamento do mérito do Recurso Especial interposto, razão pela qual
defiro a liminar para sustar o início da execução provisória da pena até ulterior
julgamento final do presente pedido de tutela provisória.

Cite-se o requerido, para, querendo, apresentar resposta, no prazo


legal.

Após, vista ao Ministério Público Federal.

P. e I.

Brasília (DF), 16 de novembro de 2016.

Ministro Felix Fischer


Relator

224/262
1/2
Assim, em atendimento à supracitada decisão emanada da Corte
Superior de Justiça, requer-se que V. Exa. digne-se de se abster de proferir ou expedir
qualquer ato ou ordem prisional em desfavor do Réu, garantindo-lhe o direito de
responder ao processo em liberdade, até o trânsito em julgado do feito.

Por fim, requer sejam as publicações alusivas ao presente feito


realizadas exclusivamente em nome do advogado ANASTÁCIO MARINHO, inscrito na
OAB/CE nº 8.502, sob pena de nulidade.

P. deferimento.
Fortaleza, 09 de dezembro de 2016.

Anastacio Marinho Caio Cesar Rocha Wilson Belchior


OAB/CE 8.502 OAB/CE 15.095 OAB/CE 17.314

Marcelo Leal Benedito Cerezzo Luiz Eduardo Monte


OAB/DF 21932 OAB/SP 142.109 OAB/DF 41.950

Eduardo Ferri Renan Rebouças


OAB/CE 21.310-A OAB/CE 24.499

Processo: 0805805-10.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO - Advogado
16121213531524300000001942641
Data e hora da assinatura: 12/12/2016 13:55:59
Identificador: 4058100.1941394
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 225/262
2/2
(e-STJ Fl.2164)

Superior Tribunal de Justiça


F6

PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA Nº 38 - CE (2016/0292446-7)

RELATOR : MINISTRO FELIX FISCHER


REQUERENTE : FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
REQUERENTE : GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO
REQUERENTE : IELTON BARRETO DE OLIVEIRA
REQUERENTE : JERÔNIMO ALVES BEZERRA
ADVOGADO : MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA E OUTRO(S) -
DF021932
REQUERIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

DECISÃO

Trata-se de pedido de tutela provisória, formulada por FRANCISCO


DESMAR DE QUEIROS, GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO, IELTON
BARRETO DE OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES BEZERRA, consubstanciada na
possibilidade de concessão in limine litis de medida cautelar para atribuir efeito
suspensivo a recurso especial anteriormente interposto.
Sustentam os requerentes que o periculum in mora que autorizaria a
concessão da medida cingir-se-ia à iminente possibilidade concreta de segregação
(fl. 4), decretada pelo magistrado de primeira instância, ao argumento de que "o fato
de ter sido o decreto de prisão exarado ex officio, sem provocação de qualquer
espécie do órgão acusatório e em flagrante contrariedade ao próprio dispositivo da
sentença, que determinara expressamente que o início da pena ocorresse “após o
trânsito em julgado” e contra o qual não se insurgiu o Ministério Público, sinalizam
fortemente para a verossimilhança do direito alegado" (fl. 5).
Por outro lado, o fumus boni iuris encontrar-se-ia na viabilidade
recursal, consistente em "violação da correlação entre acusação e sentença, falta de
fundamentação na dosimetria da pena, inadequação típica da conduta, e, ainda, a
indicação de omissão reiterada e deliberada na apreciação destas mesmas matérias
amplamente arguidas e prequestionadas desde a origem pela defesa" (fl. 4).
Pugnam, ao final, pela concessão de efeito suspensivo para sustar o
início da execução provisória da pena até ulterior julgamento do mérito da presente

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Documento eletrônico VDA15537415 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
Signatário(a): MINISTRO Felix Fischer Assinado em: 21/11/2016 18:44:19
Publicação no DJe/STJ nº 2099 de 24/11/2016. Código de Controle do Documento: 1F12ECB1-C1B5-4D76-ABBE-33B098E98A8F

226/262
1/4
(e-STJ Fl.2165)

Superior Tribunal de Justiça


F6

medida acautelatória.
É o relatório.
Decido.
De início, cumpre assentar que, na linha da jurisprudência até então
firmada no âmbito desta Corte, a prisão cautelar deve ser considerada exceção, já
que, por meio desta medida, priva-se o réu de seu jus libertatis antes do
pronunciamento condenatório definitivo, consubstanciado na sentença transitada em
julgado. É por isso que tal medida constritiva só justifica caso demonstrada sua real
indispensabilidade para assegurar a ordem pública, a instrução criminal ou a
aplicação da lei penal, ex vi do artigo 312 do Código de Processo Penal, sob pena de
configurar-se antecipação de pena ou execução provisória, inadmitida, até então,
pela Suprema Corte, com base no HC n. 84.078/MG, da relatoria do em. Ministro
Eros Grau.
Nesse sentido: AgRg no RHC 47.220/MG, 5ª Turma, Rel. Min.
Regina Helena Costa, DJe de 29/8/2014; RHC 36.642/RJ, 6ª Turma, Rel. Min.
Maria Thereza de Assis Moura, DJe de 29/8/2014; HC 296.276/MG, 5ª Turma,
Rel. Min. Marco Aurélio Bellizzee, DJe de 27/8/2014; RHC 48.014/MG, 6ª Turma,
Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, DJe de 26/8/2014; v.g..
Entretanto, recentemente, o Plenário do col. Supremo Tribunal Federal
evoluiu em seu entendimento e, por maioria de votos, indeferiu o pedido formulado
no HC n. 126.292/SP, de relatoria do e. Min. Teori Zavascki, e decidiu pela
possibilidade do início do cumprimento da pena após o julgamento da apelação. Em
outras palavras, está autorizada a execução provisória da pena após o julgamento de
segunda instância, o que ocorreu no caso concreto.
No caso vertente, aduzem os requerentes que ao juiz sentenciante
falece competência para a expedição de mandado de prisão em virtude do início da
execução provisória. Sobre o tema, trago à colação voto-vista por mim proferido nos
autos do habeas corpus n. 352216, em que fiz algumas considerações acerca da
viabilidade de tal expediente, malgrado partir de magistrado de primeira instância.
Eis o excerto:

TP 38 C54242555100;812<05542@ C<05065;0034 94 @
2016/0292446-7 Documento Página 2 de 4
Documento eletrônico VDA15537415 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
Signatário(a): MINISTRO Felix Fischer Assinado em: 21/11/2016 18:44:19
Publicação no DJe/STJ nº 2099 de 24/11/2016. Código de Controle do Documento: 1F12ECB1-C1B5-4D76-ABBE-33B098E98A8F

227/262
2/4
(e-STJ Fl.2166)

Superior Tribunal de Justiça


F6

"[...] cumpre citar passagem da decisão proferida pelo em. Min. Edson
Fachin, no já apontado habeas corpus 135.752:
"A opção legislativa de dar eficácia à sentença condenatória tão logo
confirmada em segundo grau de jurisdição, e não mais sujeita a recurso com efeito
suspensivo, está consentânea com a razão constitucional da própria existência dos
recursos às instâncias extraordinárias. Sabem todos que o trânsito em julgado, no
sistema recursal brasileiro, depende em algum momento da inércia da parte
sucumbente. Há sempre um recurso oponível a uma decisão, por mais incabível
que seja, por mais estapafúrdias que sejam as razões recursais invocadas. Se
pudéssemos dar à regra do art. 5º, LVII, da CF caráter absoluto, teríamos de
admitir, no limite, que a execução da pena privativa de liberdade só poderia
operar-se quando o réu se conformasse com sua sorte e deixasse de opor novos
embargos declaratórios. Isso significaria dizer que a execução da pena privativa
de liberdade estaria condicionada à concordância do apenado (...)".

Mostrar-se-ia, realmente, ilógico conceber que a liberdade individual


possa ser tolhida por decisão de magistrado de primeiro grau que até mesmo
dispensa a certeza, como no caso das prisões cautelares, adotando-se, no mesmo
compasso, para a decisão de segunda instância, uma compreensão que a
assimilasse com um mero ato de passagem, sem qualquer consequência.
Reitere-se: levado ao limite, o argumento consente com que, por
exemplo, um recurso especial ou extraordinário manejado e não conhecido, de cuja
decisão se interponha um agravo, que seja desprovido, e em relação à qual se
oponham embargos de declaração – quiçá sucessivos -, impeçam a deflagração da
execução.
Ademais, ainda sobre tal argumentação, tem-se que, como é evidente, à
alusão do magistrado de primeiro grau não se pode emprestar força tendente a
afastar a decisão do col. Supremo Tribunal Federal, no habeas corpus 126.292.
Noutros termos, e abstraindo-se aqui o caso concreto, em que a sentença foi
proferida antes da edição do precedente pelo Supremo Tribunal Federal, ainda
que assim não fosse, a verdade é que não se pode conceber que a referência do juiz
de primeira instância, simplesmente por indicar que após o trânsito em julgado
expedir-se-á mandado de prisão, faça írrita uma decisão da eg. Suprema Corte.
A expressão constante das sentenças condenatórias, ao determinar
expedição de mandado de prisão após o trânsito em julgado, não opera coisa
julgada em favor do réu, de modo que tal fato não tem o condão de impedir sua
prisão no âmbito da execução provisória da pena. Este tipo de comando sentencial,
com efeito, consta do texto condenatório, em verdade, apenas como norte para o
início de cumprimento de pena, com o advento do trânsito em julgado, ou seja,
tem por finalidade guiar o feito após o julgamento definitivo dos recursos, da
mesma forma como a determinação de expedição de ofícios para inscrição do
nome no rol de culpados, as determinações para fins de suspensão de direitos
políticos, dentre outras diligências.
Não significa, portanto, que, única e exclusivamente, isto é, que
apenas com o trânsito em julgado, é que se permitirá a expedição do mandado de
TP 38 C54242555100;812<05542@ C<05065;0034 94 @
2016/0292446-7 Documento Página 3 de 4
Documento eletrônico VDA15537415 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
Signatário(a): MINISTRO Felix Fischer Assinado em: 21/11/2016 18:44:19
Publicação no DJe/STJ nº 2099 de 24/11/2016. Código de Controle do Documento: 1F12ECB1-C1B5-4D76-ABBE-33B098E98A8F

228/262
3/4
(e-STJ Fl.2167)

Superior Tribunal de Justiça


F6

prisão. No ponto, basta imaginar que determinada pessoa seja condenada a uma
elevada pena de prisão, sendo-lhe conferido o direito de recorrer em liberdade,
com determinação de expedição de mandado de prisão após o trânsito em julgado.
Se antes da apreciação do recurso houver prova robusta da possibilidade de que o
acusado condenado virá a fugir para outro País, de modo a evitar futuro
cumprimento de pena, não se pode dizer que, considerando a determinação
contida na sentença, de expedição de mandado de prisão após o trânsito em
julgado, estaria o Tribunal impedido de decretar a prisão preventiva."

Dessarte, não vislumbro óbice, tampouco ilegalidade, tout court, a


expedição de mandado de prisão realizada por juiz de primeira instância,
independentemente de ressalva por este feita e de os autos encontrarem-se em
trâmite perante as Cortes Superiores.
Sem embargo, dentre os argumentos expendidos na inicial do pedido
de tutela provisória, verifico que em relação a um deles a concessão de liminar, ao
menos neste juízo meramente perfunctório, é medida que se faz premente, ante a
relevância da questão da correta tipificação do delito imputado aos requerentes, se
se trataria de incidir, na hipótese, o delito inserto no art. 27-E da Lei 6.385/76, ou o
delito previsto no art. 7º, inciso IV, da Lei 7.492/86, sem olvidar que eventual
desclassificação da conduta poderia culminar no advento da prescrição.
Assim, temerária seria a deflagração ante tempus de eventual
execução provisória antes do julgamento do mérito do Recurso Especial interposto,
razão pela qual defiro a liminar para sustar o início da execução provisória da pena
até ulterior julgamento final do presente pedido de tutela provisória.
Cite-se o requerido, para, querendo, apresentar resposta, no prazo
legal.
Após, vista ao Ministério Público Federal.
P. e I.

Brasília (DF), 16 de novembro de 2016.

Ministro Felix Fischer


Relator

TP 38 C54242555100;812<05542@ C<05065;0034 94 @
Processo: 0805805-10.2016.4.05.8100 2016/0292446-7 Documento Página 4 de 4
Assinado eletronicamente por:
Documento eletrônico
ANASTACIOVDA15537415
JORGEassinado
MATOSeletronicamente nos termos do
DE SOUSA MARINHO Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
- Advogado
Signatário(a): MINISTRO Felix Fischer Assinado em: 21/11/2016 18:44:19 16121213534876800000001942644
Publicação noData e hora
DJe/STJ nº da assinatura:
2099 12/12/2016
de 24/11/2016. Código 13:55:59
de Controle do Documento: 1F12ECB1-C1B5-4D76-ABBE-33B098E98A8F
Identificador: 4058100.1941397
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 229/262
4/4
(e-STJ Fl.2169)

Superior Tribunal de Justiça

TP 38/CE

PUBLICAÇÃO

Certifico que foi disponibilizada no Diário da Justiça


Eletrônico/STJ em 23/11/2016 a r. decisão de fls. 2164 e
considerada publicada na data abaixo mencionada, nos
termos do artigo 4º, § 3º, da Lei 11.419/2006.
Brasília, 24 de novembro de 2016.

COORDENADORIA DA QUINTA TURMA


*Assinado por JOSÉ DA LUZ SOUZA FILHO
em 24 de novembro de 2016 às 07:05:54
Documento eletrônico juntado ao processo em 24/11/2016 às 07:08:49 pelo usuário: JOSÉ DA LUZ SOUZA FILHO

Processo: 0805805-10.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
* Assinado
ANASTACIOeletronicamente
JORGE MATOS DE nos termos
SOUSA do Art.
MARINHO 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006 16121213550998800000001942652
- Advogado
Data e hora da assinatura: 12/12/2016 13:55:59
Identificador: 4058100.1941405
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 230/262
1/1
12ª Vara Federal do Ceará

Rua João Carvalho, nº 485, 5.º andar, Aldeota, CEP 60.140.140 - Fortaleza/CE

Fone: (85) 3391-5864 / Fax: (85) 3391-5866 / email: vara12@jfce.jus.br

PROCESSO Nº: 0805805-10.2016.4.05.8100 - EXECUÇÃO PROVISÓRIA


EXEQUENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
CONDENADO: GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO
ADVOGADO: ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO
12ª VARA FEDERAL - JUIZ FEDERAL TITULAR

CERTIDÃO

CERTIFICO que juntei aos presentes autos o (a) Telegrama nº 5T 43228/2016, oriundo do
(a) STJ. O referido é verdade. Dou fé.

Fortaleza, datado eletronicamente.

EDIENE SANTANA DE OLIVEIRA

Analista Judiciária - Matrícula 1488

(assinado eletronicamente)

Processo: 0805805-10.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
EDIENE SANTANA DE OLIVEIRA - Servidor Geral
16121614210933500000001959659
Data e hora da assinatura: 16/12/2016 14:23:09
Identificador: 4058100.1958408
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 231/262
1/1
232/262
1/2
Processo: 0805805-10.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
EDIENE SANTANA DE OLIVEIRA - Servidor Geral
16121614223846900000001959660
Data e hora da assinatura: 16/12/2016 14:23:09
Identificador: 4058100.1958409
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 233/262
2/2
12ª Vara Federal do Ceará
Rua João Carvalho, nº 485, 5.º andar, Aldeota, CEP 60.140.140 - Fortaleza/CE

INSPEÇÃO ORDINÁRIA - ANO 2017


(Prazos suspensos: dias 27 a 31 de março de 2017)

Vistos em Inspeção

Ocorrência Data Prazo


Minutar 24/04/2017

Fortaleza/CE, data infra

Processo: 0805805-10.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
HELOISA SILVA DE MELO - Magistrado
17032916263554000000002225001
Data e hora da assinatura: 29/03/2017 17:01:44
Identificador: 4058100.2223589
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 234/262
1/1
PROCESSO Nº: 0805805-10.2016.4.05.8100 - EXECUÇÃO PROVISÓRIA
EXEQUENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
CONDENADO: GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho
12ª VARA FEDERAL - CE (JUIZ FEDERAL TITULAR)

DESPACHO

Diante da juntada aos autos da decisão exarada pelo STJ e da petição do executado, abra-se vista ao MPF
para manifestação .

Expedientes necessários.

Fortaleza/CE, 6 de junho de 2017.

Maria Izabel Gomes Sant'Anna

Juiz Federal Substituto da 12ª Vara Federal/CE no exercício da titularidade

Processo: 0805805-10.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
MARIA IZABEL GOMES SANT ANNA - Magistrado
17060614130067100000002448408
Data e hora da assinatura: 07/06/2017 11:15:05
Identificador: 4058100.2446611
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 235/262
1/1
PROCESSO Nº: 0805805-10.2016.4.05.8100 - EXECUÇÃO PROVISÓRIA
EXEQUENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
CONDENADO: GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho
12ª VARA FEDERAL - CE (JUIZ FEDERAL TITULAR)
Dê-se vista ao Ministério Público Federal.

Processo: 0805805-10.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
KLECIUS MESQUITA DE SOUSA - Servidor Geral
17082111100415500000002698417
Data e hora da assinatura: 21/08/2017 11:12:33
Identificador: 4058100.2696108
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 236/262
1/1
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
12º VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
PROCESSO: 0805805-10.2016.4.05.8100 - EXECUÇÃO PROVISÓRIA

Polo ativo Polo passivo


MINISTÉRIO PÚBLICO GERALDO DE LIMA
EXEQUENTE CONDENADO
FEDERAL GADELHA FILHO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO

Outros participantes
Sem registros

CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 30/08/2017 23:59, o(a) MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL foi intimado(a) acerca
de Despacho registrado em 07/06/2017 11:15 nos autos judiciais eletrônicos especificados na epígrafe.

1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 17082111100415500000002698417 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 31/08/2017 00:00 - Seção Judiciária do Ceará.

237/262
1/1
Segue cota em separado.

Processo: 0805805-10.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
MARCIO ANDRADE TORRES - Procurador
17083115095901500000002741973
Data e hora da assinatura: 31/08/2017 15:11:26
Identificador: 4058100.2739606
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 238/262
1/1
Segue cota em separado

Processo: 0805805-10.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
MARCIO ANDRADE TORRES - Procurador
17083115183124000000002742086
Data e hora da assinatura: 31/08/2017 15:21:21
Identificador: 4058100.2739719
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 239/262
1/1
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
PROCURADORIA DA REPÚBLICA NO ESTADO DO CEARÁ

EXMO. SR. JUIZ FEDERAL DA 12ª VARA – SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ

PROCESSO: 0805805-10.2016.4.05.8100

COTA Nº 16095/2017
(CIÊNCIA)

O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, por intermédio do seu


Representante Legal subscrito, vem perante Vossa Excelência declarar-se ciente da decisão
que suspendeu a execução provisória da pena (fls. 223-226), em razão do que deve ser
acolhido o pedido formulado pela defesa do executado, devendo ficar sobrestados os
presentes autos.

Fortaleza, 31 de agosto de 2017.

MARCIO ANDRADE TORRES


Procurador da República

Processo: 0805805-10.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
MARCIO ANDRADE TORRES - Procurador
17083115194190500000002742087
Data e hora da assinatura: 31/08/2017 15:21:21
Identificador: 4058100.2739720
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 240/262
1/1
12ª Vara Federal do Ceará
Rua João Carvalho, nº 485, 5.º andar, Aldeota, CEP 60.140.140 - Fortaleza/CE

INSPEÇÃO ORDINÁRIA - ANO 2018


(Prazos suspensos: dias 26 a 02 de março de 2017)

Vistos em Inspeção

Certifico que a inspeção desta 12ª Vara foi marcada para o período de 26/02/2018 a 02/03/2018, em que
ficam suspensos todos os prazos, cujo Edital Coletivo de Inspeção foi publicado no Diário da Justiça
Eletrônico SJCE de nº. 234.0/2017, que circulou em 19/12/2017, pag. 01/07, disponibilizado no site
www.trf5.jus.br. Dou fé.

Ocorrência Data Prazo


CERTIFICAR 28/03/2018

Fortaleza/CE, data infra

Processo: 0805805-10.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
DANILO DIAS VASCONCELOS DE ALMEIDA - Magistrado
18030212133112400000003371919
Data e hora da assinatura: 02/03/2018 12:14:33
Identificador: 4058100.3367800
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 241/262
1/1
MM Juiz

Segue pedido de execução, em separado.

Márcio Torres

PR/CE

Processo: 0805805-10.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
MARCIO ANDRADE TORRES - Procurador, MARCIO ANDRADE TORRES - Procurador
18031210153240400000003406561
Data e hora da assinatura: 12/03/2018 10:19:19
Identificador: 4058100.3402404
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 242/262
1/1
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
PROCURADORIA DA REPÚBLICA NO ESTADO DO CEARÁ

EXMO. SR. JUIZ FEDERAL DA 12ª VARA – SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ

PROCESSO: 0805805-10.2016.4.05.8100
Execução Provisória
Executado: GERALDO DE LIMA GADELHA NETO

PETIÇÃO DE EXECUÇÃO PENAL PROVISÓRIA

PROMOÇÃO Nº 04434/2018

O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, por intermédio do seu


Representante Legal subscrito, vem perante Vossa Excelência expor e requerer o seguinte:

O MPF (Id 4058100.1792258) requereu a execução provisória da


pena quanto ao sentenciado GERALDO DE LIMA GADELHA NETO, nos seguintes
termos:
“Ante tais circunstâncias, requer o MPF seja iniciada a execução da definitiva da pena
restritiva de liberdade de 05 (cinco) anos de reclusão imposta ao réu GERALDO LIMA
DE GADELHA FILHO em regime semiaberto, com a adoção das seguintes
providências: ) a expedição de carta de guia para que seja a pena cumprida em regime
semiaberto, em estabeleCimento compatível com o disposto no art. 91 da LEP; 2) na
falta de estabelecimento onde possa ser cumprida a pena, como é o caso do Estado do
Ceará, requer o MPF, desde logo, seja determinado o monitoramento eletrônico do
sentenciado, em recolhimento domiciliar, fixando-se para tanto a realização de
audiência admonitória.”

No entanto, por decisão do Superior Tribunal de Justiça na TP 038, em


que foi Relator o Min. Félix Fischer, havia sido concedida tutela suspensiva, que veio a ser
recentemente cassada, de acordo com a seguinte ementa:

243/262
1/2
“TUTELA PROVISÓRIA. PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO AO
RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA.
JULGAMENTO DO FEITO PRINCIPAL. PREJUDICADO PEDIDO.
LIMINAR CASSADA.”

Por outro lado, o RESp 1.449.193/CE, que apoiava tal tutela provisória
foi julgado e desprovido, como se vê a seguir, estando pendente apenas o julgamento de
embargos de declaração:
PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.
NEGOCIAÇÃO DE TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS SEM
AUTORIZAÇÃO PRÉVIA. ADEQUAÇÃO TÍPICA DA CONDUTA.
REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO.
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. DOSIMETRIA.PENA-BASE
ACIMA DO MÍNIMO LEGAL. CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAS.
FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL.
NÃO COMPROVAÇÃO. DECISÃO MANTIDA.”

Desse modo, nada obsta que se dê início à execução penal, o que ora é
requerido pelo Ministério Público Federal.

Fortaleza, 12 de março de 2018.

MARCIO ANDRADE TORRES


Procurador da República

Processo: 0805805-10.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
MARCIO ANDRADE TORRES - Procurador
18031210173230400000003406562
Data e hora da assinatura: 12/03/2018 10:19:19
Identificador: 4058100.3402405
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 244/262
2/2
Superior Tribunal de Justiça
PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA Nº 38 - CE (2016/0292446-7)

RELATOR : MINISTRO FELIX FISCHER


REQUERENTE : FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
REQUERENTE : GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO
REQUERENTE : IELTON BARRETO DE OLIVEIRA
REQUERENTE : JERÔNIMO ALVES BEZERRA
ADVOGADO : MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA E OUTRO(S) -
DF021932
REQUERIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
EMENTA

TUTELA PROVISÓRIA. PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO AO


RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA.
JULGAMENTO DO FEITO PRINCIPAL. PREJUDICADO PEDIDO.
LIMINAR CASSADA.

DECISÃO

Trata-se de pedido de tutela provisória, formulada por FRANCISCO


DESMAR DE QUEIROS, GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO, IELTON
BARRETO DE OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES BEZERRA, consubstanciada na
possibilidade de concessão in limine litis de medida cautelar para atribuir efeito
suspensivo a recurso especial anteriormente interposto.

Sustentam os requerentes que o periculum in mora que autorizaria a


concessão da medida cingir-se-ia à iminente possibilidade concreta de segregação (fl.
4), decretada pelo magistrado de primeira instância, ao argumento de que "o fato de ter
sido o decreto de prisão exarado ex officio, sem provocação de qualquer espécie do
órgão acusatório e em flagrante contrariedade ao próprio dispositivo da sentença,
que determinara expressamente que o início da pena ocorresse “após o trânsito em
julgado” e contra o qual não se insurgiu o Ministério Público, sinalizam fortemente
para a verossimilhança do direito alegado" (fl. 5).

Por outro lado, o fumus boni iuris encontrar-se-ia na viabilidade


recursal, consistente em "violação da correlação entre acusação e sentença, falta de
fundamentação na dosimetria da pena, inadequação típica da conduta, e, ainda, a
indicação de omissão reiterada e deliberada na apreciação destas mesmas matérias

Documento: 80507648 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 28/02/2018 Página 1 de 3

245/262
1/3
Superior Tribunal de Justiça
amplamente arguidas e prequestionadas desde a origem pela defesa" (fl. 4).

Pugnam, ao final, pela concessão de efeito suspensivo para sustar o


início da execução provisória da pena até ulterior julgamento do mérito da presente
medida acautelatória.

A liminar foi deferida às fls. 2164-2167, para sustar o início da execução


provisória da pena até ulterior julgamento final do presente pedido de tutela
provisória.

É o relatório.

Decido.

O pedido está prejudicado.

Com efeito, o Recurso Especial 1.449.193/CE, do qual esta tutela


provisória é incidental, foi julgado monocraticamente, tendo sido conhecido em parte
e, na extensão, desprovido. No dia 20 de fevereiro deste ano, a col. Quinta Turma
deste Superior Tribunal de Justiça julgou o agravo regimental naquele feito, negando
provimento ao recurso para manter os fundamentos do decisum monocrático.

Em tal contexto, verifico que o presente pedido perdeu o objeto, em


razão da superveniência da decisão de mérito proferida nos autos da ação principal.
Nesse sentido:

"AGRAVO REGIMENTAL NA MEDIDA CAUTELAR.


EFEITO SUSPENSIVO A ARESP. SUPERVENIENTE JULGAMENTO.
PERDA DO OBJETO.
I - A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de que,
uma vez apreciado o recurso cujo efeito suspensivo se visa atribuir, fica
prejudicada a medida cautelar.
II - O agravo em recurso especial cuja presente medida
cautelar é dependente foi apreciado em 27/5/2016. Na oportunidade,
conheci do agravo, para dar parcial provimento ao recurso especial
fixando o regime aberto para o início do cumprimento da pena imposta
ao agravante.
III - Agravo regimental prejudicado.
(AgInt na MC 25.653/SC, Quinta Turma, Rel. Min.
Reynaldo Soares da Fonseca, DJe de 26/09/2016).
Documento: 80507648 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 28/02/2018 Página 2 de 3

246/262
2/3
Superior Tribunal de Justiça

Ante o exposto, com fulcro no art. 34, XI, do RISTJ, julgo prejudicada a
tutela provisória e a liminar outrora deferida.

P. e I.

Brasília (DF), 22 de fevereiro de 2018.

Ministro Felix Fischer


Relator

Documento: 80507648 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 28/02/2018 Página 3 de 3


Processo: 0805805-10.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
MARCIO ANDRADE TORRES - Procurador
18031210175227100000003406563
Data e hora da assinatura: 12/03/2018 10:19:19
Identificador: 4058100.3402406
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 247/262
3/3
Superior Tribunal de Justiça
AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.449.193 - CE (2014/0091750-6)

RELATOR : MINISTRO FELIX FISCHER


AGRAVANTE : FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
AGRAVANTE : JERÔNIMO ALVES BEZERRA
AGRAVANTE : GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO
AGRAVANTE : IELTON BARRETO DE OLIVEIRA
ADVOGADO : MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA E OUTRO(S) -
DF021932
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
EMENTA

PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.


NEGOCIAÇÃO DE TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS SEM
AUTORIZAÇÃO PRÉVIA. ADEQUAÇÃO TÍPICA DA CONDUTA.
REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE.
SÚMULA 7/STJ. DOSIMETRIA. PENA-BASE ACIMA DO MÍNIMO LEGAL.
CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAS. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. DISSÍDIO
JURISPRUDENCIAL. NÃO COMPROVAÇÃO. DECISÃO MANTIDA.
I - As conclusões do eg. Tribunal de origem a respeito da adequação
típica da conduta não podem ser alteradas sem nova incursão no conjunto de
fatos e provas colacionado aos autos. Tal providência não é viável em sede de
recurso especial, a teor do enunciado sumular n. 7 desta Corte.
II - A dosimetria da pena, quando imposta com base em elementos
concretos e observados os limites da discricionariedade vinculada atribuída ao
magistrado sentenciante, impede a revisão da reprimenda por esta Corte
Superior, exceto se for constatada evidente desproporcionalidade entre o delito e
a pena imposta, hipótese em que caberá a reapreciação para a correção de
eventual desacerto quanto ao cálculo das frações de aumento e de diminuição e a
reavaliação das circunstâncias judiciais listadas no art. 59 do Código Penal.
III - In casu, o aumento da pena-base mostra-se, de fato, fundamentado,
pois considerados o modus operandi, a organização, o planejamento e a
estratégia na execução dos delitos, desempenhos por cada um dos agentes. Dessa
forma, o acórdão da origem consignou expressamente os motivos que
acarretaram a exasperação da pena-base, não havendo tampouco
desproporcionalidade no acréscimo.
IV - A interposição do recurso especial, com fulcro na alínea c do
permissivo constitucional exige o atendimento dos requisitos contidos no art.
1028, e § 1º do Código de Processo Civil, e no art. 255, § 1º, do Regimento
Interno do Superior Tribunal de Justiça, para a devida demonstração do alegado
dissídio jurisprudencial, pois, além da transcrição de acórdãos para a
comprovação da divergência, é necessário o cotejo analítico entre o aresto
recorrido e o paradigma, com a constatação da identidade das situações fáticas
e a interpretação diversa emprestada ao mesmo dispositivo de legislação
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Superior Tribunal de Justiça
infraconstitucional, situação que não ocorreu no presente caso.
Agravo regimental desprovido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima


indicadas, acordam os Ministros da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça,
por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental.
Os Srs. Ministros Jorge Mussi, Reynaldo Soares da Fonseca e Joel Ilan
Paciornik votaram com o Sr. Ministro Relator.
Impedido o Sr. Ministro Ribeiro Dantas.

Brasília (DF), 20 de fevereiro de 2018 (Data do Julgamento).

Ministro Felix Fischer


Relator

Documento: 80679228 - EMENTA / ACORDÃO - Site certificado - DJe: 26/02/2018 Página 2 de 2


Processo: 0805805-10.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
MARCIO ANDRADE TORRES - Procurador
18031210180830600000003406566
Data e hora da assinatura: 12/03/2018 10:19:19
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2/2
Seguem documentos.

Processo: 0805805-10.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO - Advogado
18031218260875200000003411564
Data e hora da assinatura: 12/03/2018 18:35:28
Identificador: 4058100.3407397
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1/1
EXCELENTÍSSIMO JUIZ FEDERAL DA 12ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA
DO ESTADO DO CEARÁ

Ref. Execução Provisória nº 0805805-10.2016.4.05.8100

GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO, já qualificado nos


autos do processo em epígrafe, por seus advogados, comparece à presença
de Vossa Excelência, em face do pedido de execução provisória da
condenação que lhe foi imposta para expor e requerer o quanto segue:

1. O Sentenciado foi condenado pela suposta prática dos crimes


previstos nos artigos 7º, IV, da Lei nº 7.492/86 e 27-C da Lei nº 6.385/76,
ocorridos entre os anos de 2000 e 2006.

2. Em sede de Apelação, o TRF da 5ª Região, afastou a


condenação em relação ao crime previsto no artigo 27-C da Lei nº 6.385/76.

3. Embora tenha o Ministério Público se contentado com o


resultado alcançado, operando-se o trânsito em julgado para a acusação, o
Sentenciado interpôs Recurso Especial.

4. Determinada a prisão do Sentenciado, com fulcro no que


decidiu o Supremo Tribunal Federal acerca da possibilidade da execução
provisória da pena após o exaurimento da instância ordinária, a defesa
ingressou com pedido de tutela provisória perante o Superior Tribunal de
Justiça, cuja liminar foi deferida em face da plausibilidade do direito invocado.

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5. Surpreendeu-se a defesa, no entanto, com posterior decisão
monocrática, negando provimento ao Recurso Especial e, em seguida, o
reconhecimento da prejudicialidade da medida cautelar.

6. Embora mencionadas decisões tenham sido objeto dos


recursos cabíveis à espécie, o Ministério Público requereu a este juízo a
execução provisória da pena que, se deferida, acarretará gravíssimo prejuízo
ao Sentenciado, por patente violação ao princípio do non reformatio in pejus.

7. Por fim, oportuno afirmar que embora este juízo já tenha sido
provocado quanto a mencionada violação, jamais sobre elas se posicionou em
razão da decisão proferida pelo STJ nos autos do pedido de tutela provisória.

8. Assim, mais uma vez, se demonstram as razões pelas quais o


pedido do Ministério Público há de ser indeferido. Vejamos:

I – DA NECESSIDADE DE TRÂNSITO EM JULGADO ESTABELECIDA NO


TÍTULO EXECUTIVO – IMPOSSIBILIDADE DE REFORMATIO IN PEJUS

9. O que se discute neste momento processual em nada se


relaciona com a (in)constitucionalidade da execução provisória da pena.

10. Trata-se, em realidade, de simples, porém, importantíssimo,


pedido de cumprimento do princípio do non reformatio in pejus e garantia da
segurança jurídica advindas de decisões proferidas em processos penais, das
quais deixe de recorrer a acusação.

11. No caso em tela, não é possível o início da execução provisória


da pena, porque o cumprimento da reprimenda está diretamente condicionado
ao trânsito em julgado do processo.

12. É que a sentença, título executivo, foi expresso em afirmar que


a prisão dos sentenciados deveria ocorrer apenas “após o trânsito em julgado
da sentença”.

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13. Não há margem para dúvida. Conforme se depreende da
leitura do título que se pretende executar provisoriamente, a execução da
pena imposta ao Sentenciado dependeria de seu trânsito em julgado para
ambas as partes.

14. O Ministério Público, todavia, quedou-se inerte, satisfazendo-se


com o título executivo obtido em todos os seus termos, havendo, apenas para
si, ocorrido o transito em julgado. Confira-se:

15. Ora, ainda que se pretenda executar provisoriamente a pena, a


execução está adstrita aos exatos termos da sentença e esta é expressa em
afirmar que a prisão somente deve se dar após o trânsito em julgado.

16. A questão, portanto, não diz respeito, a possibilidade ou não da


prisão ser decretada após a decisão proferida em Segundo Grau em jurisdição.

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17. No caso em tela, a alteração do título executivo (sentença), tal
como pretende o Ministério Público, sem que dela tenha recorrido, importaria
em flagrante reformatio in pejus.

18. Em outras palavras, se a sentença condenatória


expressamente afirma que o cumprimento da pena deve se dar apenas com o
trânsito em julgado, não havendo recurso por parte do Ministério Público, é
expressamente vedado ao judiciário impor a prisão cautelar do Sentenciado.

19. O próprio Supremo Tribunal Federal, aliás, vem garantindo a


aplicação do princípio do non reformatio in pejus, condicionando o recolhimento
a prisão ao trânsito em julgado para ambas as partes, nos casos que assim
prevê o título executivo, sem que, com isso, se possa afirmar o
descumprimento do precedente emanado por aquela Corte.

20. Nesse sentido, recentíssima a decisão proferida pelo Min.


CELSO DE MELLO, nos autos do HC nº 152.974/SP, publicada em 06 de
março de 2018:

“Tem-se entendido, nesta Suprema Corte, que, em situações


como a ora em exame, em que o Ministério Público sequer se
insurgiu contra o pronunciamento do órgão judiciário “a quo”
que garantiu ao paciente o direito de recorrer em liberdade, não
pode o Tribunal de superior jurisdição suprimir esse benefício,
em detrimento do condenado, sob pena de ofensa à cláusula
final inscrita no art. 617 do Código de Processo Penal:
“(…) POSSÍVEL OFENSA AO PRINCÍPIO QUE VEDA A
‘REFORMATIO IN PEJUS’ (CPP, ART. 617, ‘in fine’),
POIS O TRIBUNAL DE INFERIOR JURISDIÇÃO
ORDENOU QUE SE PROCEDESSE, EM PRIMEIRO
GRAU, À IMEDIATA EXECUÇÃO ANTECIPADA DA
PENA, NÃO OBSTANTE ESSE COMANDO HOUVESSE
SIDO DETERMINADO EM RECURSO EXCLUSIVO DO
RÉU CONDENADO, A QUEM SE ASSEGURARA, NO
ENTANTO, EM MOMENTO ANTERIOR, SEM
IMPUGNAÇÃO RECURSAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO,
O DIREITO DE AGUARDAR EM LIBERDADE A
CONCLUSÃO DO PROCESSO. (…).” (HC 147.452/MG,
Rel. Min. CELSO DE MELLO)”

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21. Da mesma forma, os seguintes julgados: HC 135.951-MC/DF,
Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 140.217-MC/DF, Rel. Min.
RICARDO LEWANDOWSKI – HC 142.012-MC/DF, Rel. Min. RICARDO
LEWANDOWSKI – HC 142.017-MC/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI
– HC 147.428-MC/MG, Rel. Min. CELSO DE MELLO – HC 148.122-MC/MG,
Rel. Min. CELSO DE MELLO – HC 153.431/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO.

II – DO PEDIDO

22. Ante o exposto, como garantia à segurança do jurisdicionado


às decisões proferidas pelo judiciário, bem como para assegurar a não violação
ao princípio do non reformatio in pejus, requer seja indeferido o pedido de
execução provisória formulado pelo Ministério Público, garantindo-se ao
Sentenciado o direito de aguardar em liberdade o trânsito em julgado da ação
penal a que responde.

P. deferimento.
Fortaleza, 12 de março de 2018.

Marcelo Leal de Lima Oliveiro


OAB/DF 21.932

Anastacio Marinho
OAB/CE 8.502

Processo: 0805805-10.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO - Advogado
18031218330917500000003411565
Data e hora da assinatura: 12/03/2018 18:35:28
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5/5
Supremo Tribunal Federal

MEDIDA CAUTELAR NO HABEAS CORPUS 152.974 SÃO PAULO

RELATOR : MIN. CELSO DE MELLO


PACTE.(S) : OSCAR VICTOR ROLLEMBERG HANSEN
IMPTE.(S) : ANTONIO NABOR AREIAS BULHOES E
OUTRO(A/S)
COATOR(A/S)(ES) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

DECISÃO: Trata-se de “habeas corpus”, com pedido de medida liminar,


impetrado contra decisão que, emanada do E. Superior Tribunal de Justiça,
restou consubstanciada em acórdão assim ementado:

“RECURSOS ESPECIAIS. ADMISSIBILIDADE. ÓBICES


PRELIMINARES. DENÚNCIA ANÔNIMA. INEXISTÊNCIA.
MINISTÉRIO PÚBLICO. INVESTIGAÇÃO. NULIDADE DO
PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO. SIGILO FISCAL E
TELEFÔNICO. QUEBRA. NULIDADES. PERSECUÇÃO
PENAL. ELEMENTOS DE INFORMAÇÃO NÃO
UTILIZADOS PARA DEFLAGRAÇÃO DO PROCESSO
PENAL. MATÉRIAS ANALISADAS EM ‘HABEAS CORPUS’.
SUPERAÇÃO. ATIPICIDADE. NÃO OCORRÊNCIA.
NULIDADES NA INSTRUÇÃO CRIMINAL. NÃO
CONFIGURAÇÃO. OMISSÃO DO ACÓRDÃO.
IMPROCEDÊNCIA. DOSIMETRIA. FLAGRANTE
ILEGALIDADE. RECURSOS ESPECIAIS CONHECIDOS
PARA REDUZIR AS PENAS IMPOSTAS. CONCESSÃO DE
‘HABEAS CORPUS’, DE OFÍCIO, PARA CORRÉUS EM
IDÊNTICA SITUAÇÃO.”
(REsp 1.639.698/SP, Red. p/ o acórdão Min. ROGERIO
SCHIETTI CRUZ – grifei)

Busca-se, em sede liminar, a suspensão cautelar de eficácia do ato que


determinou a execução provisória da condenação penal imposta ao ora paciente.

Sendo esse o contexto, passo a apreciar o pleito em causa.

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Supremo Tribunal Federal

HC 152974 MC / SP

Como se sabe, o Supremo Tribunal Federal, a partir da decisão


proferida no HC 126.292/SP e com apoio em sucessivos julgados
emanados do Plenário desta Corte Suprema (ADC 43-MC/DF e ADC 44-
-MC/DF), inclusive em sede de repercussão geral (ARE 964.246-RG/SP), veio
a firmar orientação no sentido da legitimidade constitucional da execução
provisória da pena.

Ao participar dos julgamentos que consagraram os precedentes


referidos, integrei a corrente minoritária, por entender que a tese da
execução provisória de condenações penais ainda recorríveis transgride, de
modo frontal, a presunção constitucional de inocência, que só deixa de
subsistir ante o trânsito em julgado da decisão condenatória (CF, art. 5º,
LVII).

Antes desse momento – é preciso advertir –, o Estado não pode tratar


os indiciados ou os réus como se culpados fossem. A presunção de
inocência impõe, desse modo, ao Poder Público um dever de tratamento
que não pode ser desrespeitado por seus agentes e autoridades, como vinha
advertindo, em sucessivos julgamentos, esta Corte Suprema (HC 96.095/SP,
Rel. Min. CELSO DE MELLO – HC 121.929/TO, Rel. Min. ROBERTO
BARROSO – HC 124.000/SP, Rel. Min. MARCO AURÉLIO –
HC 126.846/SP, Rel. Min. TEORI ZAVASCKI – HC 130.298/SP, Rel. Min.
GILMAR MENDES, v.g.):

“(…) O POSTULADO CONSTITUCIONAL DA


PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA IMPEDE QUE O ESTADO
TRATE, COMO SE CULPADO FOSSE, AQUELE QUE AINDA
NÃO SOFREU CONDENAÇÃO PENAL IRRECORRÍVEL

– A prerrogativa jurídica da liberdade – que possui


extração constitucional (CF, art. 5º, LXI e LXV) – não pode ser
ofendida por interpretações doutrinárias ou jurisprudenciais que,

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2/7
Supremo Tribunal Federal

HC 152974 MC / SP

fundadas em preocupante discurso de conteúdo autoritário,


culminam por consagrar, paradoxalmente, em detrimento de
direitos e garantias fundamentais proclamados pela Constituição da
República, a ideologia da lei e da ordem.
Mesmo que se trate de pessoa acusada da suposta prática de
crime hediondo, e até que sobrevenha sentença penal condenatória
irrecorrível, não se revela possível – por efeito de insuperável
vedação constitucional (CF, art. 5º, LVII) – presumir-lhe a
culpabilidade.
Ninguém pode ser tratado como culpado, qualquer que seja
a natureza do ilícito penal cuja prática lhe tenha sido atribuída, sem
que exista, a esse respeito, decisão judicial condenatória transitada
em julgado.
O princípio constitucional da presunção de inocência, em
nosso sistema jurídico, consagra, além de outras relevantes
consequências, uma regra de tratamento que impede o Poder
Público de agir e de se comportar, em relação ao suspeito, ao
indiciado, ao denunciado ou ao réu, como se estes já houvessem sido
condenados, definitivamente, por sentença do Poder Judiciário.
Precedentes.”
(HC 93.883/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO)

Assinalo, para efeito de mero registro, que a exigência de trânsito em


julgado da condenação penal não representa peculiaridade do
constitucionalismo brasileiro, pois também encontra correspondência no
plano do direito comparado, como se vê, p. ex., da Constituição da República
Italiana (art. 27) e da Constituição da República Portuguesa (art. 32, n. 2).

São essas as razões que, em apertada síntese, levaram-me a sustentar,


em voto vencido, a tese segundo a qual a execução provisória (ou prematura)
da sentença penal condenatória revela-se frontalmente incompatível com o
direito fundamental do réu de ser presumido inocente até que sobrevenha
o efetivo e real trânsito em julgado de sua condenação criminal, tal como
expressamente assegurado pela própria Constituição da República (CF, art. 5º,
LVII).

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3/7
Supremo Tribunal Federal

HC 152974 MC / SP

Não foi por outro motivo que vim a conceder – é certo – medidas
cautelares em sede de “habeas corpus”, embora o fizesse somente
naquelas situações não reveladoras da necessidade de manter-se a prisão do
condenado, sempre segundo avaliação por mim efetivada em cada caso
examinado.

Ocorre, no entanto, que, enquanto não sobrevier alteração do


pensamento jurisprudencial desta Corte sobre o tema em causa, não tenho
como dele dissociar-me.

No que concerne, portanto, ao questionamento referente à execução


antecipada da pena, não obstante entenda tratar-se de medida
incompatível com o nosso modelo constitucional, que consagra, como
direito fundamental, a presunção de inocência (CF, art. 5º, inciso LVII), devo
observar o princípio da colegialidade, além de considerar, na espécie, o fato
de que se mostra iminente o julgamento final da ADC 43/DF e da
ADC 44/DF, de que é Relator o eminente Ministro MARCO AURÉLIO,
ocasião em que esta Corte reapreciará o tema da possibilidade
constitucional de efetivar-se a execução antecipada da sentença penal
condenatória.

Inacolhível, desse modo, sob a perspectiva que venho de expor,


a pretendida concessão de medida cautelar suspensiva da execução
provisória ora impugnada.

Cabe observar, contudo, que esta impetração sustenta-se em outro


fundamento, consistente na alegada transgressão, pelo Tribunal “ad quem”,
do postulado que veda a “reformatio in pejus” (CPP, art. 617, “in fine”).

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4/7
Supremo Tribunal Federal

HC 152974 MC / SP

Com efeito, o Desembargador Relator no E. Tribunal de Justiça do


Estado de São Paulo assegurou ao ora paciente o direito de aguardar em
liberdade a conclusão do processo em que proferida a condenação penal
que lhe foi imposta, havendo consignado, expressamente, em relação a
esse mesmo paciente, que o respectivo mandado de prisão somente
deveria ser expedido “Após o trânsito em julgado (…)”.

O E. Superior Tribunal de Justiça, entretanto, determinou, em recurso


exclusivo do réu, ora paciente, fosse instaurada, contra ele, a pertinente
execução provisória da condenação criminal.

Tem-se entendido, nesta Suprema Corte, que, em situações como a


ora em exame, em que o Ministério Público sequer se insurgiu contra o
pronunciamento do órgão judiciário “a quo” que garantiu ao paciente o
direito de recorrer em liberdade, não pode o Tribunal de superior
jurisdição suprimir esse benefício, em detrimento do condenado, sob pena de
ofensa à cláusula final inscrita no art. 617 do Código de Processo Penal:

“(…) POSSÍVEL OFENSA AO PRINCÍPIO QUE VEDA A


‘REFORMATIO IN PEJUS’ (CPP, ART. 617, ‘in fine’), POIS O
TRIBUNAL DE INFERIOR JURISDIÇÃO ORDENOU QUE SE
PROCEDESSE, EM PRIMEIRO GRAU, À IMEDIATA
EXECUÇÃO ANTECIPADA DA PENA, NÃO OBSTANTE ESSE
COMANDO HOUVESSE SIDO DETERMINADO EM
RECURSO EXCLUSIVO DO RÉU CONDENADO, A QUEM SE
ASSEGURARA, NO ENTANTO, EM MOMENTO ANTERIOR,
SEM IMPUGNAÇÃO RECURSAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO,
O DIREITO DE AGUARDAR EM LIBERDADE A
CONCLUSÃO DO PROCESSO. (…).”
(HC 147.452/MG, Rel. Min. CELSO DE MELLO)

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5/7
Supremo Tribunal Federal

HC 152974 MC / SP

Vale consignar que se registram, no sentido que venho de expor,


diversas outras decisões proferidas no âmbito do Supremo Tribunal
Federal (HC 135.951-MC/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI –
HC 140.217-MC/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 142.012-
-MC/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 142.017-MC/DF,
Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 147.428-MC/MG, Rel. Min.
CELSO DE MELLO – HC 148.122-MC/MG, Rel. Min. CELSO DE
MELLO – HC 153.431/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.).

Sendo assim, e tendo presentes as razões expostas, defiro o pedido de


medida liminar, para, até final julgamento deste “habeas corpus”, suspender,
cautelarmente, o início da execução da pena determinada nos autos do
REsp nº 1.639.698/SP, do E. Superior Tribunal de Justiça, restando
impossibilitada, em consequência, a efetivação da prisão de Oscar Victor
Rollemberg Hansen em decorrência da condenação criminal (ainda não
transitada em julgado) que lhe foi imposta no Processo-crime nº 0077446-
-88.2009.8.26.0576 (5ª Vara Criminal da comarca de São José do Rio
Preto/SP).

Caso referido paciente já tenha sido preso em razão da ordem


de execução provisória da pena imposta nos autos do Processo-
-crime nº 0077446-88.2009.8.26.0576 (5ª Vara Criminal da comarca de São
José do Rio Preto/SP), deverá ser ele posto imediatamente em liberdade,
se por al não estiver preso.

Comunique-se, com urgência, transmitindo-se cópia desta


decisão ao E. Superior Tribunal de Justiça (REsp nº 1.639.698/SP),
ao E. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (Apelação
Criminal nº 0077446-88.2009.8.26.0576) e ao Juízo de Direito da
5ª Vara Criminal da comarca de São José do Rio Preto/SP (Processo-
-crime nº 0077446-88.2009.8.26.0576).

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Supremo Tribunal Federal

HC 152974 MC / SP

2. Ouça-se a douta Procuradoria-Geral da República sobre o mérito


da presente impetração.

Publique-se.

Brasília, 01 de março de 2018.

Ministro CELSO DE MELLO


Relator

7
Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
0805805-10.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
ANASTACIO
Marcelo Leal de
JORGE
Lima Oliveira
MATOS- DE Advogado
SOUSA MARINHO - Advogado
18031218335670100000003411567
18031510303827500000010528284
Documento assinado
Data e hora dadigitalmente conforme
assinatura: 15/03/2018
12/03/2018 MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
18:35:28
10:33:29
documento pode ser acessado
Identificador: no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 14441922.
4058100.3407400
4050000.10546206
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INTEIRO TEOR DA EXECUÇÃO
PROVISÓRIA Nº 0805810-32.2016.4.05.8100

1/269
Tribunal Regional Federal da 5ª Região
PJe - Processo Judicial Eletrônico
Consulta Processual

14/03/2018

Número: 0805810-32.2016.4.05.8100
Classe: EXECUÇÃO PROVISÓRIA
Partes
Tipo Nome
CONDENADO IELTON BARRETO DE OLIVEIRA
ADVOGADO ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO
EXEQUENTE MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

Documentos
Id. Data/Hora Documento Tipo
4058100.1464128 21/06/2016 TERMO DE AUTUAÇÃO Petição Inicial
15:46
4058100.1464129 21/06/2016 0012628-43.2010.4.05.8100 - IELTON Documento de Comprovação
15:46 BARRETO DE OLIVEIRA - Parte 1
4058100.1464131 21/06/2016 0012628-43.2010.4.05.8100 - IELTON Documento de Comprovação
15:46 BARRETO DE OLIVEIRA - Parte 2
4058100.1464132 21/06/2016 0012628-43.2010.4.05.8100 - IELTON Documento de Comprovação
15:46 BARRETO DE OLIVEIRA - Parte 3
4058100.1464136 21/06/2016 Certidão de Distribuição Certidão
15:47
4058100.1480574 28/06/2016 Manifestação Contestação
14:40
4058100.1480575 28/06/2016 Petição - Vara de Execução - Ielton Barreto - Documento de Comprovação
14:40 aguardar o trânsito em julgado
4058100.1749661 05/10/2016 Despacho Despacho
15:00
4058100.1768603 11/10/2016 Retificação de autuação Certidão
14:38
4058100.1768610 11/10/2016 Intimação Expediente
14:39
4058100.1791218 20/10/2016 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
08:26
4058100.1792690 20/10/2016 Petição de Execução Execução / Cumprimento de
13:05 Sentença
4058100.1792691 20/10/2016 PET 21021 execucao penal 0805810- Documento de Comprovação
13:05 32.2016.4.05.8100
4058100.1941298 12/12/2016 Petição comunicando decisão STJ Petição
13:46
4058100.1941299 12/12/2016 Ielton - Comunicando decisão STJ Documento de Comprovação
13:46
4058100.1941300 12/12/2016 Decisão STJ Documento de Comprovação
13:46
4058100.1941301 12/12/2016 Decisão STJ - publicação Documento de Comprovação
13:46
4058100.1958417 16/12/2016 Telegrama Certidão
14:25
4058100.1958418 16/12/2016 TELEGRAMA STJ 5T 43228-2016 Documento de Comprovação
14:25
4058100.2089637 17/02/2017 Decisão Decisão
13:02
4058100.2223588 29/03/2017 Inspeção Despacho Inspeção
17:01
4058100.2935596 26/10/2017 Intimação Expediente
13:21
4058100.2936326 26/10/2017 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
14:55

2/269
4058100.2936347 26/10/2017 CIENCIA Cota
14:57
4058100.2943660 27/10/2017 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
17:07
4058100.3367799 02/03/2018 Inspeção Despacho Inspeção
12:14
4058100.3402898 12/03/2018 PPEDIDO DE EXECUCAO Promoção
11:08
4058100.3402899 12/03/2018 PRO 04441 execucao provisoria PM 0805810- Documento de Comprovação
11:08 32.2016.4.05.8100
4058100.3402919 12/03/2018 tp 38 cassacao Documento de Comprovação
11:08
4058100.3402925 12/03/2018 RESP 1449193 Documento de Comprovação
11:08
4058100.3407046 12/03/2018 MANIFESTAÇÃO Manifestação
17:31
4058100.3407047 12/03/2018 IELTON BARRETO - PET VIOLAÇÃO Documento de Comprovação
17:31 PRINCIPIO NON REFORMATIO IN PEJUS
EXEC PROV
4058100.3407050 12/03/2018 decisão HC 152.794-SP Documento de Comprovação
17:31
4058100.3417356 14/03/2018 Pedido de Reconsideração Pedido de reconsideração
16:28
4058100.3417357 14/03/2018 Ielton Petição Infomando Decisão STF1 (3) Documento de Comprovação
16:28
4058100.3417363 14/03/2018 Supremo Tribunal Federal - notícia Documento de Comprovação
16:28

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TERMO DE AUTUAÇÃO

Nº PROCESSO

AUTOR: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

RÉU: IELTON BARRETO DE OLIVEIRA

Nº PROCESSO DE ORIGEM: 0012628-43.2010.4.05.8100

SISTEMA PROCESSO DE ORIGEM: TEBAS

JUSTIFICATIVAS:

Processo: 0805810-32.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
FABIO MAGALHAES RODRIGUES - Servidor Cadastrador
16062115450650900000001465122
Data e hora da assinatura: 21/06/2016 15:46:46
Identificador: 4058100.1464128
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 4/269
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Identificador: 4058100.1464129
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 68/269
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Processo: 0805810-32.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
FABIO MAGALHAES RODRIGUES - Servidor Cadastrador
16062115460339900000001465126
Data e hora da assinatura: 21/06/2016 15:46:46
Identificador: 4058100.1464132
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TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL 5ª REGIÃO
12ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
PROCESSO Nº: 0805810-32.2016.4.05.8100
CLASSE: EXECUÇÃO DA PENA
EXEQUENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
EXECUTADO: IELTON BARRETO DE OLIVEIRA

Certidão de Distribuição

Tipo da Distribuição: Sorteio.


Concorreu(ram): 12ª VARA FEDERAL.
Impedido(s): -
Distribuído para: 12ª VARA FEDERAL.

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Manifestação.

Processo: 0805810-32.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO - Advogado
16062814391601800000001481582
Data e hora da assinatura: 28/06/2016 14:40:27
Identificador: 4058100.1480574
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 181/269
1/1
EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA 12ª VARA DA SEÇÃO
JUDICIÁRIA DO ESTADO DO CEARÁ.

PROCESSO Nº 0805810-32.2016.4.05.8100
EXEQUENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
EXECUTADO: IELTON BARRETO DE OLIVEIRA

IELTON BARRETO DE OLIVEIRA, brasileiro, separado judicialmente,


economista, portador do RG nº 10.781-82 SSP/CE, residente e domiciliado à Rua Silva
Jatahy, nº 220, apt. 1600, Fortaleza/CE, vem, com o devido respeito, perante V. Exa.,
expor e requerer o seguinte:

I – BREVE HISTÓRICO PROCESSUAL

1. O Requerente foi condenado pela prática dos crimes previstos nos artigos
7º, IV, da Lei nº 7.492/86 e 27-C da Lei nº 6.385/76, supostamente praticados entre os
anos de 2000 e 2006.

2. Embora o Ministério Público tenha se contentado com os termos da


sentença prolatada em primeira instância, a defesa apelou dessa decisão, havendo a 3ª
Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região dado parcial provimento ao recurso,
para afastar a condenação do Peticionante em relação ao crime previsto no artigo 27-C
da Lei nº 6.385/76, bem como para reconhecer a prescrição em relação à parte das
condutas que lhes foram imputadas.

3. Opostos, em duas oportunidades, embargos de declaração, o acórdão foi


mantido, ensejando a interposição de Recurso Especial, pelas alíneas “a” e “c” do artigo
105, III, da CF/88 em favor deste Peticionante.

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4. Ante a evidente violação a normas federais, o recurso foi admitido, sendo
autuado, no Superior Tribunal de Justiça, como REsp nº 1.449.193/CE, sob a relatoria do
Min. FÉLIX FISCHER.

5. Para a surpresa da defesa e apesar de não possuir mais jurisdição sobre


o caso, o juiz da 11ª Vara, invocando a decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal
no julgamento do HC 129.292, determinou que fossem remetidas cópias das principais
peças ao juízo das execuções penais, para o início do cumprimento da reprimenda
aplicada ao Requerente. Confira-se:

“Considerando o entendimento firmado pelo colendo Supremo Tribunal


Federal de que "a possibilidade de início da execução da pena
condenatória após a confirmação da sentença em segundo grau não
ofende o princípio constitucional da presunção da inocência" (HC 126292,
de 17/02/2016 - relator: ministro Teori Zavascki), determino que a
Secretaria extraia as peças discriminadas nos artigos 106 e 109 do
Provimento nº 01, de 25 de março de 2009, da Corregedoria Regional da
Justiça Federal da 5ª. Região, e as remeta ao Setor de Distribuição desta
Seção Judiciária para autuação de Execução Penal (classe 103) em
desfavor dos réus FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS, GERALDO
DE LIMA GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e
JERÔNIMO ALVES BEZERRA e distribuição à 12ª. Vara Federal,
privativa das execuções penais, através do Processo Judicial Eletrônico -
PJE.
2. Após a formação dos autos da Execução Penal, arquivem-se os
presentes autos, com baixa na Distribuição.
3. Expediente de praxe.
4. Cumpra-se.”

6. Tal decisão, no entanto, importa em flagrante constrangimento ilegal,


conforme se passa a demonstrar.

II – DA INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO DA 11ª VARA PARA ORDENAR A FORMAÇÃO


DE AUTOS PARA A EXECUÇÃO DA PENA – EXAURIMENTO DA INSTÂNCIA –
COMPETÊNCIA EXCLUSIVA DO RELATOR DO RECURSO ESPECIAL

7. Inicialmente, salta aos olhos a que o juiz da 11ª Vara não mais possuía
competência para proferir decisão no presente processo, muito menos determinar ou
sugerir o cumprimento antecipado da pena.

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8. É o que sobressai, com clareza solar, do artigo 34, inciso III do Regimento
Interno do Superior Tribunal de Justiça:

“Art. 34. Compete ao Relator:


(…)
XIII – decidir o pedido de carta de sentença e assiná-la”.

9. A decisão sobre a prisão do Peticionante, quando já interposto o Recurso


Especial, portanto, é de responsabilidade do Relator do Recurso Especial.

10. Note-se, portanto, que, in casu, é flagrante a incompetência da 11ª Vara


Federal para determinar o cumprimento da pena. Da mesma forma, a 12ª Vara Federal,
juízo privativo das execuções penais, visto que, com o encaminhamento dos autos à sua
jurisdição, poderia, inadvertidamente, determinar o cumprimento antecipado da pena ao
ora Requerente, materializando-se, de modo precipitado e ilegal, o jus puniendi estatal.

III – DA NECESSIDADE DE TRÂNSITO EM JULGADO ESTABELECIDA NO TÍTULO


EXECUTIVO – IMPOSSIBILIDADE DE REFORMATIO IN PEJUS

11. O caso em tela possui peculiaridade que impede a execução provisória da


pena antes de seu trânsito em julgado.

12. É que a própria sentença, título executivo, foi expresso em afirmar que a
execução da pena deveria ocorrer “após o transito em julgado”. Confira-se:

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13. Na realidade, conforme se depreende de sua leitura, além de determinar
que a prisão do Peticionante somente deveria ocorrer após o transito em julgado, a
sentença chegou a reconhecer inexistirem elementos ensejadores da prisão cautelar.

14. Não existiam naquela época, nem atualmente!

15. De toda forma, certo é que o Ministério Público quedou-se inerte,


satisfazendo-se com o título executivo obtido.

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16. Ora, ainda que se pretenda executar provisoriamente a pena, a execução
está adstrita aos exatos termos da sentença e esta é expressa em afirmar que a prisão
somente deve dar-se após o trânsito em julgado.

17. A questão, portanto, não diz respeito, apenas, sobre a possibilidade ou


não da prisão ser decretada após a decisão proferida em Segundo Grau em jurisdição.

18. No caso em tela, existe uma questão anterior a ser discutida, que
prescinde da análise da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal. É que, no caso
específico, a alteração do título executivo (sentença), sem recurso manejado pelo
Ministério Público, importaria em flagrante reformatio in pejus.

19. Em outras palavras, se a sentença condenatória expressamente afirma


que o cumprimento da pena deve dar-se apenas com o trânsito em julgado, não havendo
recurso por parte do Ministério Público, é expressamente vedado ao judiciário impor a
prisão cautelar do Réu.

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20. Nem se venha argumentar que o Ministério Público não teria recorrido em
face do então entendimento do Supremo Tribunal Federal. Tanto como hoje, a decisão
que orientava aquela Corte havia sido proferida no HC 84.078 da Relatoria do Ministro
EROS GRAU, sem força vinculante.

21. Vale dizer, quisesse a acusação a prisão do Acusado a partir da decisão


de Segundo Grau, deveria ter recorrido desta parte da sentença.

22. Mas não é só. A ausência de pedido do Ministério Público também deixa
às claras outra flagrante violação ao sistema acusatório e aos princípios da iniciativa das
partes e do impulso oficial.

23. Desde o advento da Constituição Federal de 1988 que o processo penal é


regido pelo sistema acusatório, que estabelece uma clara e nítida distinção entre as
funções de acusar, defender e julgar.

24. Corolário disso são os princípios da iniciativa das partes e da inércia ou


impulso oficial segundo os quais a jurisdição somente pode ser exercida se provocada
pela parte ou interessado.

25. É o que dispõe o art. 2º do Código de Processo Civil, aplicável


subsidiariamente à questão:

Art. 2º Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou


o interessado a requerer, nos casos e forma legais.

26. No processo penal este princípio decorre do art. 24 do CPP que


estabelece:

Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia
do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição
do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver
qualidade para representá-lo.

187/269
6/24
27. Neste sentido esclarece WLADIMIR ARAS1:

“A consequência imediata do princípio da iniciativa é que o juiz


estará adstrito ao pedido do promovente da ação. Não poderá julgar
além do pedido das partes. Ne eat judex ultra petita partium, pois, caso
contrário, estaria dando início a uma acusação diversa da apresentada,
pois mais ampla. Define-o bem a regra do art. 128 do Código de Processo
Civil, segundo a qual "O juiz decidirá a lide nos limites em que foi
proposta, sendo-lhe defeso conhecer de questões, não suscitadas, a cujo
respeito a lei exige a iniciativa das partes".

28. Por força destes princípios, não poderia o juiz de primeiro grau, sem
provocação do Ministério Público, decretar a prisão do Réu, sob pena de incorrer em
indevida e execrável reformatio in pejus.

29. Neste exato sentido, é a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça:

“HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. CRIME CONTRA O


SISTEMA FINANCEIRO. CONDENAÇÃO MANTIDA, EM SEDE DE
APELAÇÃO. EXPEDIÇÃO DE MANDADO DE PRISÃO ANTES DO
ESGOTAMENTO DAS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS. SENTENÇA QUE
CONDICIONA A EXECUÇÃO DA PENA AO TRÂNSITO EM JULGADO
DA CONDENAÇÃO. REFORMATIO IN PEJUS. IMPOSSIBILIDADE.
1. A execução provisória do julgado somente é possível após o
esgotamento das instâncias ordinárias, o que não se verificou na espécie,
tendo em vista que os embargos de declaração opostos contra o acórdão
proferido em sede de apelação criminal encontram-se pendentes de
julgamento.
2. A sentença condenatória condicionou a prisão do Paciente ao
trânsito em julgado do decreto condenatório e o Parquet não
impugnou a concessão dessa benesse, portanto, não pode o
Tribunal determinar a execução provisória do julgado, sob pena de
reformatio in pejus.
3. Precedentes dos Tribunais Superiores.
4. Ordem concedida para reconhecer o direito do Paciente aguardar em
liberdade o trânsito em julgado da condenação. (HC 63.232/MG, Rel.
Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 27/02/2007, DJ
26/03/2007, p. 264)

“HABEAS CORPUS. CONDENAÇÃO PARCIALMENTE MANTIDA EM


GRAU DE APELAÇÃO CRIMINAL. EXPEDIÇÃO DE MANDADO DE
PRISÃO. RECURSOS ESPECIAL E EXTRAORDINÁRIO PENDENTES
DE PROCESSAMENTO. SENTENÇA QUE CONDICIONOU O INÍCIO DA

1
ARAS, Wladimir. Princípios do processo penal. https://jus.com.br/artigos/2416/principios-do-processo-
penal.

188/269
7/24
EXECUÇÃO DA PENA APÓS O TRÂNSITO EM JULGADO.
RESIGNAÇÃO DO PARQUET A QUO. COAÇÃO ILEGAL
EVIDENCIADA. ORDEM CONCEDIDA. CO-RÉU NÃO-PACIENTE QUE
SE ENCONTRA EM SITUAÇÃO FÁTICO-PROCESSUAL IDÊNTICA.
EXTENSÃO DA DECISÃO QUE SE IMPÕE (ART. 580 DO CPP).
1. Caracteriza constrangimento ilegal a determinação do início da
execução da sanção por ocasião do julgamento de apelação
criminal, se a sentença condenatória condicionou a prisão do
paciente apenas após o trânsito em julgado da decisão repressiva e
se, quanto a este aspecto, não houve recurso do Ministério Público e
o decisum encontra-se sub judice, ante o ajuizamento de recursos
especial e extraordinário.
2. Ordem concedida para garantir ao paciente o direito de permanecer em
liberdade até o trânsito em julgado da sentença condenatória,
estendendo-se os efeitos desta decisão ao co-réu não-paciente, ex vi do
disposto no art. 580 do CPP. (HC 106005 / SP, Relator: Ministro JORGE
MUSSI DJe 02/02/2009)

“PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO. DIREITO DE


RECORRER EM LIBERDADE. SENTENÇA QUE DETERMINA A
EXPEDIÇÃO DE MANDADO DE PRISÃO APÓS O TRÂNSITO EM
JULGADO. AUSÊNCIA DE RECURSO DO MINISTÉRIO PÚBLICO.
EXPEDIÇÃO DE MANDADO DE PRISÃO PELO TRIBUNAL A QUO
APÓS O JULGAMENTO DO RECURSO DE APELAÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE. NÃO-APLICAÇÃO DA SÚMULA 267/STJ. ORDEM
CONCEDIDA.
1. Se a sentença assegura ao réu o direito de aguardar em liberdade
o trânsito em julgado da condenação e não há recurso do Ministério
Público, a ordem do Tribunal de origem para que seja expedido
mandado de prisão para o início da execução provisória da pena
configura reformatio in pejus. Precedentes.
2. Na hipótese, não se aplica o enunciado sumular 267 desta Corte, pois
expressamente garantido pela sentença condenatória o direito de
aguardar o trânsito em julgado em liberdade, e não apenas o direito de
recorrer em liberdade.
3. Ordem concedida para que o paciente possa aguardar o trânsito em
julgado da condenação em liberdade, se não estiver presente um dos
motivos ensejadores da prisão cautelar, de acordo com o art. 312 do
Código de Processo Penal. (HC 76563 / SP, Relator Ministro ARNALDO
ESTEVES LIMA, DJ 22/10/2007)

30. Nestas condições, ainda que tenha ocorrido mudança de entendimento na


jurisprudência quanto aos efeitos dos recursos extremos, esta condição não pode
modificar situação já cristalizada pelo manto da coisa julgada, que atingiu indelevelmente
o título executivo, traçando-lhe os limites de atuação do Estado.

189/269
8/24
31. O título executivo transitado em julgado – e especialmente a sua parte
dispositiva – caracterizam uma garantia do réu, da qual não se pode, em hipótese
alguma, abrir mão.

IV - DO EQUIVOCADO ENTENDIMENTO QUANTO À REAL EXTENSÃO DA DECISÃO


PROFERIDA PELO STF NO HC Nº 126.292/SP

32. Desde que foi noticiado o julgamento do HC 126.292 pelo STF, quando o
acórdão ainda não havia sido sequer publicado, começaram a pulular pelo País diversas
decisões determinando a prisão indiscriminada a partir de acórdão condenatório de
segundo grau, como se a Corte Suprema tivesse determinado o cumprimento provisório
da pena sempre que um tribunal decidisse pela condenação, independentemente de
requisitos de cautelaridade.

33. O equívoco, no entanto, é patente, seja porque se está fazendo uma


leitura equivocada do quanto decidido pelo Supremo Tribunal Federal, seja pela falha
compreensão sobre o conceito de precedente, violando, assim, cláusula de reserva de
plenário e de barreira previstas no art. 97 da Constituição e na Súmula Vinculante 10 do
Supremo Tribunal Federal. Vejamos.

V - DO VERDADEIRO ALCANCE DA DECISÃO PROFERIDA PELO STF - DA


NECESSIDADE DE FUNDAMENTAÇÃO PARA A ORDEM DE PRISÃO AINDA QUE
DECORRENTE DE DECISÃO CONDENATÓRIA PROFERIDA EM SEGUNDO GRAU DE
JURISDIÇÃO

34. Ao contrário do que parece ter compreendido o juízo da 11ª Vara ao


ordenar a formação de autos para a execução da pena, a decisão proferida pelo Supremo
Tribunal Federal não tornou obrigatória ou automática a prisão de réu condenado em
segundo grau. Aliás, o STF não determinou a prisão de ninguém!

35. Na realidade, a decisão proferida pelo STF no julgamento do HC 126.292


nada mais fez do que repristinar o entendimento anterior à histórica decisão proferida no

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9/24
HC 84.078 da Relatoria do Ministro EROS GRAU em 2009, entendendo pela
possibilidade de prisão após decisão de segundo grau, desde que esta decisão fosse
devidamente fundamentada.

36. Em outras palavras, o que o Supremo Tribunal Federal afirmou foi a


possibilidade de, após o julgamento de segundo grau, estando presentes elementos
suficientes, possa o Réu ser preso por decisão fundamentada, da mesma forma como se
entendia antes do julgamento do HC 84.078.

37. Trata-se de leitura sistemática da Constituição em que, ao mesmo tempo


em que restou mitigado o princípio da inocência previsto no inciso LVII, do art. 5º da
Constituição Federal, ressaltou-se a importância do inciso LXI do mesmo artigo acima
citado, que expressamente dispõe que “ninguém será preso senão em flagrante delito ou
por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente”.

38. É o que restou expressamente assentado no voto do Ministro BARROSO


proferido no julgamento do HC 126.292:

“14. O pressuposto para a decretação da prisão no direito brasileiro


não é o esgotamento de qualquer possibilidade de recurso em face
da decisão condenatória, mas a ordem escrita e fundamentada da
autoridade judiciária competente, conforme se extrai do art. 5ª, LXI,
da Carta de 1988 .
15. Para chegar a essa conclusão, basta uma análise conjunta dos dois
preceitos à luz do princípio da unidade da Constituição. Veja-se que,
enquanto o inciso LVII define que “ninguém será considerado culpado até
o trânsito em julgado da sentença penal condenatória”, logo abaixo, o
inciso LXI prevê que “ninguém será preso senão em flagrante delito ou
por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente”.
Como se sabe, a Constituição é um conjunto orgânico e integrado de
normas, que devem ser interpretadas sistematicamente na sua conexão
com todas as demais, e não de forma isolada. Assim, considerando-se
ambos os incisos, é evidente que a Constituição diferencia o regime da
culpabilidade e o da prisão. Tanto isso é verdade que a própria
Constituição, em seu art. 5º, LXVI, ao assentar que “ninguém será levado
à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com
ou sem fiança”, admite a prisão antes do trânsito em julgado, a ser
excepcionada pela concessão de um benefício processual (a liberdade
provisória).
16. Para fins de privação de liberdade, portanto, exige-se
determinação escrita e fundamentada expedida por autoridade
judiciária.”

191/269
10/24
39. Este era, exatamente, o entendimento do Superior Tribunal de Justiça
antes da primeira mudança de entendimento do STF no julgamento do HC 84.078 em
2009.

40. Com efeito, a Súmula 267 do STJ já dispunha:

“A interposição de recurso sem efeito suspensivo, contra decisão


condenatória não obsta a expedição de mandado de prisão.”

41. Não obstante, o entendimento daquela Corte jamais foi o de admitir a


prisão incondicional após a confirmação de condenação criminal em segundo grau, mas
sim de admiti-la quando presentes elementos suficientes a justificar a medida de
maneira fundamentada.

42. Aliás, o entendimento corrente sempre foi de que, se o réu esteve em


liberdade ao longo de todo processo, somente fundamentação própria, apontando
requisitos de cautelaridade, justificaria que viesse a ser encarcerado após o julgamento
da apelação, estando pendentes Recursos Especial ou Extraordinário.

43. Neste sentido o HC 47.314/SP, da relatoria do Ministro HÉLIO QUAGLIA


BARBOSA, julgado em 28/03/2006:

HABEAS CORPUS. ARTIGO 159, § 1º, DO CÓDIGO PENAL. AUSÊNCIA


DE PROVAS. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. EXPEDIÇÃO DE
MANDADO DE PRISÃO ANTES DO TRÂNSITO EM JULGADO.
AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL CONFIGURADO. ORDEM CONCEDIDA.
1. Incabível, na via eleita, reexaminar todo o contexto fático-probatório
para aferir a robustez das provas carreadas que embasaram a
condenação. Ademais, uma breve leitura do acórdão vergastado,
evidencia que há provas da participação do paciente no evento criminoso.
2. A Súmula 267 desta Corte deve ser conciliada com o princípio
constitucional da presunção de inocência. Isto significa que, antes
do trânsito em julgado da condenação, a execução provisória deve
pautar-se nos requisitos de cautelaridade, expondo os fatos que
justifiquem a necessidade da segregação cautelar.
3. In casu, a expedição do mandado de prisão foi determinada, tão-
somente, em decorrência do provimento da apelação, sem declinar

192/269
11/24
motivos que justificariam a execução da pena antes do trânsito em
julgado da condenação.
4. Ordem concedida para determinar que o paciente permaneça em
liberdade até o trânsito em julgado, salvo expedição de mandado de
prisão devidamente fundamentado.
(HC 47.314/SP, Rel. Ministro HÉLIO QUAGLIA BARBOSA, SEXTA
TURMA, julgado em 28/03/2006, DJ 15/05/2006, p. 297)

44. No mesmo sentido o HC 93.550/RR, relatado pela Ministra MARIA


THEREZA DE ASSIS MOURA, julgado em 13/12/2007:

PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ESTUPRO. CONDENAÇÃO


EM AÇÃO PENAL ORIGINÁRIA. RÉU OCUPANTE DE CARGO DE JUIZ
DE DIREITO. AUSÊNCIA DE TRÂNSITO EM JULGADO. EXPEDIÇÃO
DE MANDADO DE PRISÃO E RETIRADA DO NOME DA FOLHA DE
PAGAMENTO. EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA. OFENSA À
PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA. VERIFICAÇÃO.
1. Toda prisão processual deve ser calcada nos pressupostos e requisitos
do art. 312 do Código de Processo Penal.
2. A determinação da prisão e retirada do nome da folha de
pagamento, após acórdão condenatório em ação penal originária,
mas antes do trânsito em julgado, sem amparo em dados concretos
de cautelaridade, viola a garantia constitucional inserta no art. 5.º,
inciso LVII, da Constituição Federal.
3. Ordem concedida para assegurar ao paciente o direito de aguardar
em liberdade o trânsito em julgado da condenação, ressalvada a
hipótese de surgimento de fatos que revelem a necessidade de seu
encarceramento processual; mantida também a disposição
constante do acórdão condenatório relativa à manutenção do nome
do paciente na folha de pagamento, enquanto ainda perdure a ação
penal.

45. Neste sentido, também, podem-se citar os seguintes julgados, HC


42.849/RO, Rel. Ministro NILSON NAVES, SEXTA TURMA, julgado em 01/09/2005, DJ
06/02/2006, p. 351; HC 73.578/RS, Rel. MIN. CARLOS FERNANDO MATHIAS (JUIZ
CONVOCADO DO TRF 1ª REGIÃO), SEXTA TURMA, julgado em 30/08/2007, DJ
15/10/2007, p. 357; HC 47.314/SP, Rel. Ministro HÉLIO QUAGLIA BARBOSA, SEXTA
TURMA, julgado em 28/03/2006, DJ 15/05/2006, p. 297; HC 51.004/SP, Rel. Ministro
NILSON NAVES, SEXTA TURMA, julgado em 20/04/2006, DJ 12/06/2006, p. 546.

46. Mesmo após o julgamento do HC 126.292 pelo STF, o Superior Tribunal


de Justiça voltou a expressar esse entendimento no julgamento do HC 348.224/SP,
julgado em 26/04/2016:

193/269
12/24
PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO.
INADEQUAÇÃO. TRÁFICO INTERNACIONAL DE DROGAS. REGIME
PRISIONAL MAIS GRAVOSO (FECHADO). PENA INFERIOR A 8 ANOS.
NATUREZA E QUANTIDADE DE DROGAS. FUNDAMENTAÇÃO
SUFICIENTE. PRISÃO CAUTELAR. DECRETAÇÃO EM SEGUNDA
INSTÂNCIA. POSSIBILIDADE. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. GARANTIA
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL. RÉ ESTRANGEIRA. ORDEM NÃO
CONHECIDA.
1. Esta Corte e o Supremo Tribunal Federal pacificaram orientação no
sentido de que não cabe habeas corpus substitutivo do recurso
legalmente previsto para a hipótese, impondo-se o não conhecimento da
impetração, salvo quando constatada a existência de flagrante ilegalidade
no ato judicial impugnado.
2. A obrigatoriedade do regime inicial fechado aos sentenciados por
crimes hediondos e a eles equiparados não mais subsiste, diante da
declaração de inconstitucionalidade, incidenter tantum, do disposto no §
1º do art. 2º da Lei n. 8.072/1990, pelo Supremo Tribunal Federal, no
julgamento do HC 111.840/ES.
3. A jurisprudência desta Corte é no sentido de que, embora a paciente
seja primária e a pena tenha sido estabelecida em 4 anos e 8 meses de
reclusão, não se mostra ilegal a imposição do regime mais severo com
fundamento na natureza e na expressiva quantidade de droga
apreendida, uma vez que tais circunstâncias foram elencadas pelo
próprio legislador como prevalecentes, nos termos do art. 33, § 3º, do
Código Penal, c/c o art. 42 da Lei n. 11.343/2006.
4. In casu, o Tribunal a quo sopesou a quantidade e a natureza da droga
apreendida - 2.398 (duas mil, trezentos e noventa e oito) gramas de
cocaína - na escolha do regime prisional fechado, em consonância com
as diretrizes estabelecidas nos arts. 33 e 59 do Código Penal e 42 da Lei
de Drogas.
5. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do
Habeas Corpus 126.292/SP, entendeu que a possibilidade de início
da execução da pena condenatória após a confirmação da sentença
em segundo grau não ofende o princípio constitucional da
presunção da inocência. Para o relator do caso, Ministro Teori
Zavascki, a manutenção da sentença penal pela segunda instância
encerra a análise de fatos e provas que assentaram a culpa do
condenado, o que autoriza o início da execução da pena.
6. A segregação cautelar é medida excepcional, mesmo no tocante
ao crime de tráfico de entorpecentes. O decreto de prisão processual
exige a especificação de que a segregação atende a pelo menos um
dos requisitos do art. 312 do Código de Processo Penal, sendo certo
que a proibição abstrata da liberdade provisória também se mostra
incompatível com a presunção de inocência, para não antecipar a
reprimenda a ser cumprida no caso de uma possível condenação.
7. Hipótese em que o Tribunal Regional pautou a prisão cautelar na
necessidade de garantia da aplicação da lei penal, uma vez que se trata
de paciente estrangeira, sem qualquer vínculo com o país, em
conformidade com a jurisprudência desta Corte. Precedentes.

194/269
13/24
8. Ordem não conhecida.

47. Este, aliás, também era o entendimento do Supremo Tribunal Federal


antes do julgamento do HC 84.078 em 2009.

48. Com efeito, no julgamento do HC 88174, ocorrido em 12 de dezembro de


2006, restou assentado:

HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. AUSÊNCIA DE


FUNDAMENTO PARA A PRISÃO CAUTELAR. EXECUÇÃO
ANTECIPADA. INCONSTITUCIONALIDADE. A prisão sem fundamento
cautelar, antes de transitada em julgado a condenação,
consubstancia execução antecipada da pena. Violação do disposto no
artigo 5º, inciso LVII da Constituição do Brasil. Ordem concedida.
(HC 88174, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Relator(a) p/
Acórdão: Min. EROS GRAU, Segunda Turma, julgado em 12/12/2006,
DJe-092 DIVULG 30-08-2007 PUBLIC 31-08-2007 DJ 31-08-2007 PP-
00055 EMENT VOL-02287-03 PP-00568 LEXSTF v. 29, n. 345, 2007, p.
458-466)

49. Do mesmo modo entendeu o STF no julgamento do HC 90.895, ocorrido


em 12 de junho de 2007:

EMENTA: PENAL. HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL.


SENTENÇA CONDENATÓRIA. RECOLHIMENTO À PRISÃO PARA
APELAR. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO ADEQUADA. MEDIDA
EXCEPCIONAL. ORDEM CONCEDIDA. I - A determinação de prisão
cautelar que impede o paciente de recorrer em liberdade é medida
excepcional, devendo ser fundamentada de forma individualizada,
com a explicitação dos motivos que levaram o magistrado a impor a
medida extrema. II- Paciente que respondeu ao processo solto deve,
no caso, aguardar o trânsito em julgado em liberdade. III - Ordem
concedida.
(HC 90895, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira
Turma, julgado em 12/06/2007, DJe-047 DIVULG 28-06-2007 PUBLIC 29-
06-2007 DJ 29-06-2007 PP-00059 EMENT VOL-02282-07 PP-01282)

50. Mesmo o Ministro JOAQUIM BARBOSA, conhecido pelo rigor de suas


opiniões e defensor da mitigação do princípio da inocência, reconhecia a necessidade de
fundamentação concreta para cada caso específico e não a prisão indiscriminada a partir
do julgamento de segundo grau.

195/269
14/24
51. Foi como decidiu no julgamento do HC 89.952, julgado em 15 de maio de
2007:
“HABEAS CORPUS. AUSÊNCIA DE TRÂNSITO EM JULGADO DA
SENTENÇA CONDENATÓRIA. AGRAVO DE INSTRUMENTO DE
DECISÃO QUE NÃO ADMITE RECURSO ESPECIAL PENDENTE.
EXECUÇÃO PROVISÓRIA. ANÁLISE DO CASO CONCRETO.
PACIENTE QUE PERMANECEU SOLTO. RECURSO EXCLUSIVO DA
DEFESA. RAZOABILIDADE. ORDEM CONCEDIDA. 1. Até que o Plenário
do Supremo Tribunal Federal decida de modo contrário, prevalece o
entendimento de que é constitucional a execução provisória da pena,
ainda que sem o trânsito em julgado e com recurso especial pendente. 2.
Até pronunciamento definitivo da Corte, a análise sobre a existência de
constrangimento ilegal deve ser feita em cada caso concreto. 3. No caso
em exame, o paciente permaneceu solto desde a instrução até o
momento, além de possuir residência certa. 4. Decreto de prisão que
não é razoável no contexto. 5. Ordem concedida.
(HC 89952, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma,
julgado em 15/05/2007, DJe-047 DIVULG 28-06-2007 PUBLIC 29-06-
2007 DJ 29-06-2007 PP-00144 EMENT VOL-02282-06 PP-01209)

52. Consta do corpo da mencionada decisão:

“Na hipótese sob julgamento, o paciente permaneceu solto até o


momento, tendo sido assegurada tal condição na sentença condenatória
da qual houve recurso exclusivo da defesa.
Assim, em que pese o Recurso Especial não ter sido admitido, conforme
extrato processual colhido no site do Tribunal de Justiça do Estado de
Minas Gerais, cuja juntada ora determino, houve interposição de agravo
de instrumento contra tal decisão, ainda não apreciado. Logo, ainda não
houve trânsito em julgado da sentença condenatória.
Diante desse quadro, considerando-se ainda que o paciente tem
residência certa, bem como que permaneceu solto desde a instrução
do processo até o presente momento, não se mostra razoável sua
prisão.
Ante o exposto, defiro a ordem para que o paciente aguarde em liberdade
o trânsito em julgado da sentença condenatória, ressalvada a hipótese de
estar encarcerado por motivo diverso.”

53. Como se vê, mesmo antes da primeira alteração jurisprudencial, a prisão,


após decisão de segundo grau, não era automática, como hoje se pretende, mas sim,
dependia da existência dos requisitos de cautelaridade expostos em ordem
fundamentada.

196/269
15/24
54. No caso em tela, a ordem de prisão seria expedida sem qualquer
fundamento de cautelaridade, baseada apenas e tão somente na crença de que a decisão
do STF no HC 126.292, determinaria a execução indiscriminada da pena privativa de
liberdade após o julgamento de segundo grau, o que, como visto, não é verdade.

55. Conforme demonstrado, a decisão do STF foi no sentido de repristinar o


entendimento anterior ao HC 84.078 de 2009, devendo ser, igualmente, repristinada a
jurisprudência da época, sob pena de se dar ao novel entendimento da Suprema Corte
efeitos nunca pretendidos.

VI - DA VIOLAÇÃO AO ART. 283 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL E DA


CONSEQUENTE VIOLAÇÃO DA CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO,
EXPRESSA NO ARTIGO 97 DA CONSTITUIÇÃO, E DA SÚMULA VINCULANTE Nº 10

56. Não bastasse todo o exposto, a decisão da 11ª Vara de determinar a


formação de autos para a execução da pena viola, a uma só vez, o art. 283 do Código de
Processo Penal, assim como a cláusula de reserva de plenário expressa no art. 97 da
Constituição Federal e a Súmula Vinculante nº 10.

57. Isto porque o conteúdo do inciso LXII do artigo 5º da CF foi materializado


no art. 283 do Código de Processo Penal, inserido por meio da Lei nº 12.403, de 04 de
maio de 2011.

58. Com esta alteração legislativa o referido dispositivo legal passou a ter a
seguinte redação:

Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por
ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, em
decorrência de sentença condenatória transitada em julgado ou, no curso
da investigação ou do processo, em virtude de prisão temporária ou
prisão preventiva.

59. É o que se chama de constitucionalidade espelhada. Vale dizer, aquilo


que estava implicitamente contido na Constituição foi explicitamente transcrito no texto
infraconstitucional.

197/269
16/24
Constituição Federal Código de Processo Penal
Art. 5º Art. 283
LVII - ninguém será considerado culpado até o Ninguém poderá ser preso senão em flagrante
trânsito em julgado de sentença penal delito ou por ordem escrita e fundamentada da
condenatória; autoridade judiciária competente, em decorrência de
LXI - ninguém será preso senão em flagrante sentença condenatória transitada em julgado ou,
delito ou por ordem escrita e fundamentada de no curso da investigação ou do processo, em
autoridade judiciária competente, salvo nos casos virtude de prisão temporária ou prisão preventiva.
de transgressão militar ou crime propriamente
militar, definidos em lei;

60. Significa dizer que para que o art. 283 não seja aplicado em sua
literalidade é necessário que a matéria seja julgada em sede de arguição de
inconstitucionalidade.

61. Com efeito, dispõe o art. 97 da Constituição Federal que:

Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos
membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público.

62. O comando do mencionado artigo foi evidenciado com a edição da


Súmula Vinculante nº 10, do Supremo Tribunal Federal, ao dispor que:

“Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de


órgão fracionário de Tribunal que embora não declare expressamente a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua
incidência, no todo ou em parte.”

63. Ora, como o STF, no julgamento do HC 126.292 deixou de declarar a


inconstitucionalidade do art. 283 do Código de Processo Penal, à jurisdição
infraconstitucional resta apenas enfrentar a matéria pela via da arguição do incidente de
inconstitucionalidade, já que o Juiz não está autorizado a deixar de aplicar uma lei que se
presume válida.

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64. Neste sentido, aliás, dispôs de maneira expressa o novo Código de
Processo Civil, aplicável supletivamente ao caso em questão, ao estabelecer em seus
artigos 948 a 950 que:

Art. 948. Arguida, em controle difuso, a inconstitucionalidade de lei ou de


ato normativo do poder público, o relator, após ouvir o Ministério Público e
as partes, submeterá a questão à turma ou à câmara à qual competir o
conhecimento do processo.
Art. 949. Se a arguição for:
I - rejeitada, prosseguirá o julgamento;
II - acolhida, a questão será submetida ao plenário do tribunal ou ao
seu órgão especial, onde houver.
Parágrafo único. Os órgãos fracionários dos tribunais não submeterão ao
plenário ou ao órgão especial a arguição de inconstitucionalidade quando
já houver pronunciamento destes ou do plenário do Supremo Tribunal
Federal sobre a questão.
Art. 950. Remetida cópia do acórdão a todos os juízes, o presidente do
tribunal designará a sessão de julgamento.
§ 1º As pessoas jurídicas de direito público responsáveis pela edição do
ato questionado poderão manifestar-se no incidente de
inconstitucionalidade se assim o requererem, observados os prazos e as
condições previstos no regimento interno do tribunal.
§ 2º A parte legitimada à propositura das ações previstas no art. 103 da
Constituição Federal poderá manifestar-se, por escrito, sobre a questão
constitucional objeto de apreciação, no prazo previsto pelo regimento
interno, sendo-lhe assegurado o direito de apresentar memoriais ou de
requerer a juntada de documentos.
§ 3º Considerando a relevância da matéria e a representatividade dos
postulantes, o relator poderá admitir, por despacho irrecorrível, a
manifestação de outros órgãos ou entidades.

65. Mesmo que o próprio Tribunal Regional Federal da 5ª Região queira


determinar a prisão após decisões proferidas em sede de Recurso de Apelação, a
cláusula de reserva de plenário, insculpida no art. 97 da Constituição e reforçada pela
edição da Súmula Vinculante nº 10, impede que os acórdãos condenatórios prolatados
determinem a execução antecipada da pena à revelia da lei, cuja constitucionalidade
deverá ser arguida incidentalmente perante o plenário da Corte, enquanto não se prolatar
decisão dotada de efeito erga omnes.

66. Não resta dúvida, portanto, de que a decisão de ordenar a formação de


autos para a execução da pena é nula por violação à cláusula de reserva de plenário e da
Súmula Vinculante nº 10 do STF, sendo inaplicável o comando de prisão do Réu.

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VII - DOS EFEITOS PROSPECTIVOS DA DECISÃO DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL

67. Um dos grandes equívocos do juízo da 11ª Vara é que sua determinação
de formar novos autos para executar a pena parece dar efeito de precedente à decisão
proferida pelo Supremo Tribunal Federal em caso isolado, sem análise de sua dimensão
qualitativa e funcional.

68. Isto porque nem toda decisão judicial pode ser vista como um precedente.
Apenas aquelas “dotadas de potencialidade de se firmar como paradigma para a
orientação dos jurisdicionados e magistrados”2,podem ser assim consideradas.

69. Para que isto ocorra, é necessário que a decisão não se limite a analisar
a interpretação do texto legal ou constitucional, mas é necessário que “a decisão enfrente
todos os principais argumentos relacionados à questão de direito posta na moldura do
caso concreto, até porque os contornos de um precedente podem surgir a partir da
análise de vários casos, ou melhor, mediante uma construção da solução judicial da
questão de direito que passa por diversos casos.”3

70. A decisão proferida no HC 126.292, por sua vez, foi adotada em um caso
isolado e colheu a comunidade jurídica de surpresa, não tendo sido realizado os grandes
debates sobre o tema.

71. De toda forma, ainda que se reconheça à mencionada decisão os efeitos


de precedente, vinculando decisões judiciais e ordenando comportamentos, é necessário
que se reconheça sua força como norma, atraindo a aplicação do adágio segundo o qual
a lei penal não pode retroagir para prejudicar o Réu.

72. Em outras palavras, se a decisão prolatada pelo STF no julgamento do


HC 126.292 está produzindo efeito de lei (precedente), vinculando decisões de

2
MARINONI, Luiz Guilherme. Precedentes obrigatórios. 4ª Ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016, p.
155.
3
Idem.

200/269
19/24
magistrados por todo País, forçoso é se aplicar a ela, também, os efeitos da
irretroatividade da lei penal.

73. Nos países de Comon Law, a alteração de precedente por um tribunal é


chamada de overruling. Quando isto é feito, atingindo os casos futuros, ela é chamada de
prospective overruling ou sunbursting4.

74. O fundamento para a prospective overruling é garantir a confiança que o


jurisdicionado possui nas decisões da própria Corte ou como, no caso concreto, no seu
próprio Supremo Tribunal Federal.

75. Trata-se da aplicação do princípio da segurança jurídica, que garante que


o cidadão não seja surpreendido por um entendimento diverso daquele no qual
depositava a confiança de seus atos.

76. No caso em tela, toda a orientação prestada ao Réu, no que tange a


estratégia de sua defesa, sempre foi pensada a partir da confiança existente no
precedente anterior do HC 84.079. A frustração deste confiança encontra-se exatamente
na possibilidade de o Acusado ser preso, mesmo antes de esgotados os recursos de que
dispõe.

77. A aplicação da alteração de entendimento da jurisprudência das Cortes


Superiores apenas para casos futuros já foi reconhecida pelo próprio Superior Tribunal de
Justiça, no julgamento do HC 25.598, em que se discutia a imediata aplicação do
entendimento de que o prazo para o Ministério Público conta da data da entrada do
processo na instituição e não da data em que o representante ministerial apõe o seu
ciente.

4
O termo "sunbursting" surgiu de um caso julgado pela Suprema Corte dos EUA em 1932, no caso Great
Northern Railway Company v. Sunburst Oil and Refining Company. Sunburst, empresa expedidora,
processou a Great Northern para reaver desta cobrança por taxas excessivas, o que ocorreu, com base em
uma lei da Suprema Corte do Estado de Montana, em 1921. Quando o caso chegou à Corte Superior de
Montana, o Tribunal superou a decisão proferida em 1921 por ele mesmo, mas limitando a aplicação a
casos futuros. (http://www.estudodirecionado.com/2013/09/prospective-overruling-distinguishing-e.html)

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78. Na ocasião, entendeu-se que a nova interpretação apenas poderia ser
aplicada para casos futuros já que não seria possível antever a mudança do
entendimento jurisprudencial. Confira-se:

HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. TEMPESTIVIDADE DO


RECURSO MINISTERIAL. MUDANÇA DO ENTENDIMENTO
JURISPRUDENCIAL DAS CORTES SUPERIORES. APLICAÇÃO AOS
CASOS FUTUROS.
1. De fato, o Supremo Tribunal Federal, a partir do julgamento plenário do
Habeas Corpus n.º 83.255/SP (informativo n.º 328), decidiu que o prazo
recursal para o Ministério Público conta-se a partir da entrada do
processo nas dependências da Instituição. O Superior Tribunal de Justiça,
por seu turno, aderiu à nova orientação da Suprema Corte.
2. Não se pode olvidar, todavia, que o entendimento jurisprudencial,
até então, há muito sedimentado no STF e no STJ, era justamente no
sentido inverso, ou seja, entendia-se que a intimação pessoal do
Ministério Público se dava com o "ciente" lançado nos autos, quando
efetivamente entregues ao órgão ministerial.
3. Dessa maneira, constata-se que o Procurador de Justiça, nos idos
anos de 2000, tendo em conta a então sedimentada jurisprudência das
Cortes Superiores, valendo-se dela, interpôs o recurso dentro do prazo
legal.
4. Não se poderia, agora, exigir que o órgão ministerial recorrente se
pautasse de modo diverso, como se pudesse antever a mudança do
entendimento jurisprudencial. Essa exigência seria inaceitável, na
medida em que se estaria criando obstáculo insuperável. Vale dizer:
depois de a parte ter realizado o ato processual, segundo a orientação
pretoriana prevalente à época, seria apenada com o não-conhecimento
do recurso, quando não mais pudesse reagir à mudança. Isso se
traduziria, simplesmente, em usurpação sumária do direito de recorrer, o
que não pode existir em um Estado Democrático de Direito, mormente se
a parte recorrente representa e defende o interesse público.
5. Ordem denegada.
(HC 28.598/MG, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado
em 14/06/2005, DJ 01/08/2005, p. 480)

79. Também pela mesma razão, a novel alteração da jurisprudência da


Suprema Corte, somente pode ser aplicada para casos futuros, sob pena da quebra do
princípio da confiança do jurisdicionado.

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VIII - DA PLAUSIBILIDADE DE EVENTUAL RECURSO ESPECIAL

80. O mais grave, porém, é que a plausibilidade do Recurso Especial


apresentado é flagrante.

81. Na realidade, a violação a normas federais é de tal forma evidente que a


decisão de admissibilidade reconheceu, expressamente, haver sido a matéria pré-
questionada, bem como a desnecessidade de valoração de provas na análise das teses
veiculadas pela defesa. Confira-se:

“Trata-se de recurso especial interposto por FRANCISCO DEUSMAR DE


QUEIROS e OUTROS com fundamento no artigo 105, inciso III, "a", da
Constituição Federal, em face de acórdão proferido por esta Corte que. A
partir de acurado exame dos autos, verifico que foram observados os
requisitos gerais de admissibilidade extrínsecos (tempestividade,
regularidade formal e preparo) e os intrínsecos (cabimento, legitimação,
interesse recursal e inexistência de fato impeditivo do poder de recorrer),
assim como que restou prequestionada a matéria objeto do recurso. À
primeira vista, entendo que uma das matérias suscitadas pelos
recorrentes - ofensa aos arts. 383 e 384 do CPP, ao argumento de
julgamento ultra petita - não envolve a apreciação de provas, mas, sim, de
adequada interpretação do referido dispositivo legal à luz da narrativa
apresentada na peça acusatória. Por tais razões, ADMITO o presente
recurso”

82. A discussão, como reconhecido, é exclusivamente de direito e o principal


ponto do inconformismo repousa na violação ao art. 384 do CPP, na medida em que o
acórdão de Apelação, para manter a condenação, alterou os fatos contidos na denúncia.

83. Com feito, enquanto a denúncia imputava ao Réu a realização de


medição e corretagem desautorizada, condutas pelas quais foi condenado, o Acórdão de
Apelação, após de deparar com a demonstração da inexistência de tais atos, passou a
afirmar que, na realidade, o Denunciado teria realizado a compra e revenda de valores
mobiliários por conta própria, o que jamais foi objeto da acusação.

84. Em outras palavras, o Acusado foi condenado por imputações das quais
jamais lhes foi oportunizado o direito de defesa.

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85. Ainda que superada a violação acima descrita, o Recurso Especial
demonstra que, acaso se entenda válida mutatio libeli realizada em sede de apelação,
com a devida vênia, equivocou-se o Tribunal quanto à correta capitulação dos fatos.

86. Em razão do princípio da especialidade, a compra e revenda de valores


mobiliários por conta própria subsume-se perfeitamente à conduta descrita no artigo 27-E
da Lei nº 6.385/76. Confira-se:

“Art. 27-E. Atuar, ainda que a título gratuito, no mercado de valores


mobiliários, como instituição integrante do sistema de distribuição,
administrador de carteira coletiva ou individual, agente autônomo de
investimento, auditor independente, analista de valores mobiliários,
agente fiduciário ou exercer qualquer cargo, profissão, atividade ou
função, sem estar, para esse fim, autorizado ou registrado junto à
autoridade administrativa competente, quando exigido por lei ou
regulamento.”

87. Afirma-se, igualmente, a violação ao artigo 381, III e IV e 619, ambos do


CPP uma vez que o acórdão proferido pelo TRF, no julgamento do recurso de apelação e
integrado por dois embargos de declaração, deixou de analisar diversas teses defensivas,
especialmente a de atipicidade da conduta dos Réus.

88. Invocou-se, igualmente, a violação ao artigo 155 do CPP em razão de o


Acusado haver sido condenado com provas colhidas exclusivamente na fase inquisitorial.

89. Por fim, o recurso também discute matéria referente à dosimetria da pena
a partir da inexistência de individualização da pena, bem como da improcedência dos
fundamentos utilizados para considerar as circunstâncias judiciais como negativas,
exasperando, assim, a pena base imposta. O que importa em violação aos arts. 59, 68 e
71, todos do Código Penal, cujo reconhecimento da procedência argumentativa poderia
conduzir ao regime aberto para o inicial de cumprimento de pena do Réu.

90. Em outras palavras, toda a discussão é exclusivamente de direito, não


havendo que se falar em violação à Súmula 07 do STJ.

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91. Por tudo o quanto exposto, demonstrada a plausibilidade do Recurso
Especial, afigura-se desmedida, ilícita e desnecessária a execução provisória da pena na
pendencia de julgamento de recurso que pode absolvê-lo.

IX - DO PEDIDO

92. Assim, requer-se que V. Exa. se abstenha de proferir ou expedir qualquer


ato ou ordem prisional em desfavor do Réu, garantindo-lhe o direito de responder ao
processo em liberdade, até o trânsito em julgado, conforme dispositivo expresso da
sentença.

93. Por fim, requer sejam as publicações alusivas ao presente feito


realizadas exclusivamente em nome do advogado ANASTÁCIO MARINHO, inscrito na
OAB/CE nº 8.502, sob pena de nulidade.

P. deferimento.
Fortaleza, 27 de junho de 2016.

Anastacio Marinho Caio Cesar Rocha Wilson Belchior


OAB/CE 8.502 OAB/CE 15.095 OAB/CE 17.314

Marcelo Leal Benedito Cerezzo Luiz Eduardo Monte


OAB/DF 21932 OAB/SP 142.109 OAB/DF 41.950

Eduardo Ferri Renan Rebouças


OAB/CE 21.310-A OAB/CE 24.499

Processo: 0805810-32.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO - Advogado
16062814394435700000001481583
Data e hora da assinatura: 28/06/2016 14:40:27
Identificador: 4058100.1480575
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 205/269
24/24
PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRA INSTÂNCIA

Seção Judiciária do Estado do Ceará

12ª Vara Federal

DESPACHO

Primeiramente, determino a correção da autuação para a Classe "Execução Provisória". Após, remetam-se
os autos ao representante do parquet , a fim de se manifestar sobre a petição da defesa, bem como sobre a
execução, com supedâneo no HC. 126.292/SP.

Expedientes cabíveis.

Processo: 0805810-32.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
DANIELLE MACEDO PEIXOTO DE CARVALHO - Magistrado
16100415415238300000001750792
Data e hora da assinatura: 05/10/2016 15:00:22
Identificador: 4058100.1749661
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 206/269
1/1
12ª Vara Federal do Ceará

Rua João Carvalho, nº 485, 5.º andar, Aldeota, CEP 60.140.140 - Fortaleza/CE

PROCESSO Nº: 0805810-32.2016.4.05.8100 - EXECUÇÃO PROVISÓRIA


EXEQUENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
CONDENADO: IELTON BARRETO DE OLIVEIRA
ADVOGADO: ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO
12ª VARA FEDERAL - JUIZ FEDERAL TITULAR

CERTIFICO que, em cumprimento ao despacho retro, procedi à correção da autuação para a Classe "Execução Provisória". O
referido é verdade. Dou fé.

Fortaleza, datado eletronicamente.

EDIENE SANTANA DE OLIVEIRA

Analista Judiciária - Matrícula 1488

(assinado eletronicamente)

Processo: 0805810-32.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
EDIENE SANTANA DE OLIVEIRA - Servidor Geral
16101114363659700000001769755
Data e hora da assinatura: 11/10/2016 14:38:57
Identificador: 4058100.1768603
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 207/269
1/1
PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRA INSTÂNCIA

Seção Judiciária do Estado do Ceará

12ª Vara Federal

DESPACHO

Primeiramente, determino a correção da autuação para a Classe "Execução Provisória". Após, remetam-se
os autos ao representante do parquet , a fim de se manifestar sobre a petição da defesa, bem como sobre a
execução, com supedâneo no HC. 126.292/SP.

Expedientes cabíveis.

Processo: 0805810-32.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
EDIENE SANTANA DE OLIVEIRA - Servidor Geral
16101114392539700000001769762
Data e hora da assinatura: 11/10/2016 14:39:50
Identificador: 4058100.1768610
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 208/269
1/1
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
12º VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
PROCESSO: 0805810-32.2016.4.05.8100 - EXECUÇÃO PROVISÓRIA

Polo ativo Polo passivo


MINISTÉRIO PÚBLICO IELTON BARRETO DE
EXEQUENTE CONDENADO
FEDERAL OLIVEIRA
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO

Outros participantes
Sem registros

CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 20/10/2016 08:26, o(a) MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL foi intimado(a) acerca
de Despacho registrado em 05/10/2016 15:00 nos autos judiciais eletrônicos especificados na epígrafe.

1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 16101114392539700000001769762 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 20/10/2016 08:26 - Seção Judiciária do Ceará.

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1/1
MM Juíza Federal

Segue petição em anexo.

Márcio Torres

PR/CE

Processo: 0805810-32.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
MARCIO ANDRADE TORRES - Procurador
16102013022992900000001793866
Data e hora da assinatura: 20/10/2016 13:05:16
Identificador: 4058100.1792690
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 210/269
1/1
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
PROCURADORIA DA REPÚBLICA NO ESTADO DO CEARÁ

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA 12ª VARA DA SEÇÃO


JUDICIÁRIA DO ESTADO DO CEARÁ:

PROCESSO Nº: 0805810-32.2016.4.05.8100


CLASSE: EXECUÇÃO DA PENA
EXEQUENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
EXECUTADO: ILELTON BARRETO DE OLIVEIRA

PETIÇÃO DE EXECUÇÃO PENAL PROVISÓRIA


(Manifestação n° 21021/2016)

O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, por conduto do


Procurador da República signatário, diante do despacho de V. Exa (id 4058100.1732511),
vem requerer a EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA SENTENÇA CONDENATÓRIA
proferida pelo juízo da 11ª Vara Federal, em desfavor do réu IELTON BARRETO DE
OLIVEIRA, decisão reformada em parte pelo Egrégio Tribunal Regional Federal da 5ª
Região, na forma a seguir delineada:

O réu IELTON BARRETO DE OLIVEIRA foi condenado pelo


Juízo da 11ª Vara Federal pelos crimes previstos no art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/86 que passa,
portanto, a ser de 5 (cinco) anos de reclusão, e pelo crime do art. 27-C da Lei 6385/76, a 5
(cinco) anos de reclusão, resultando na pena restritiva de liberdade em 10 (dez) anos de
reclusão, a ser cumprida inicialmente em regime fechado, bem como à ulta de 200
(duzentos) dias-multa, à razão de 01 (um) salário-mínimo.

Diante da referida sentença, o condenado interpôs recurso de


apelação, tendo o TRF da 5ª Região excluído a condenação pelo crime do art. 27-C da Lei n°
6.385/76, resultando em condenação em segunda instância nos seguintes moldes: “ Ielton

1
Av. Beira Mar, nº 1064, Praia Treze de Julho – CEP: 49.020-010 – Aracaju - Sergipe
Fone: (79) 3301-3700 – Site: http://www.prse.mpf.mp.br

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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Procuradoria da República no Estado do Ceará

Barreto de Oliveira, em 05 (cinco) anos de reclusão, além de 200 (duzentos) dias-multa, à


razão de 01 (um) salário mínimo;”.

Os fatos ocorreram entre os anos de 2001 e 2006 e foi reconhecida


em favor do sentenciado a prescrição dos fatos mais antigos. A denúncia foi recebida em
29/01/2010. Não há que se falar em prescrição da pretensão executória.

O sentenciado interpôs recursos especial e extraordinário, sendo


admitido apenas o que se dirige ao Superior Tribunal de Justiça. Assim, o acórdão ainda não
transitou em julgado, tratando a hipótese de execução provisória.

A pena a ser cumprida, nessas condições, é de 05 (cinco) anos pelo


crime contra o sistema financeiro nacional, em regime semiaberto, além de 200
(duzentos) dias-multa, à razão de 01 (um) salário-mínimo.

A defesa, antes mesmo de iniciada a execução da pena, atravessou


petição em que requer a suspensão do cumprimento do acórdão recorrível, sob os seguintes
fundamentos: a) incompetência do juízo da 11ª Vara para ordenar a formação de autos
para a execução provisória da pena; b) fixação, na sentença condenatória, do direito de
apelar em liberdade e de trânsito em julgado para a execução da pena, o que resultaria em
“reformatio in pejus”; c) entendimento equivocado quanto à real extensão do decidido pelo
STF no HC 126.292/SP; d) violação do art. 283 do CPP e da cláusula de reserva do
plenário e da Súmula Vinculante n° 10; e) plausibilidade do recurso especial admitido.

Passo a examinar os argumentos da verdadeira exceção de pré-


executividade penal.

a) Competência para ordenar a formação de autos para a execução provisória da pena

O Código de Processo Penal estabelece, de maneira clara, que cabe


ao juiz da sentença, ou ao juízo da execução da pena, promover a satisfação do título
executivo judicial decorrente de uma sentença condenatória:
2

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Art. 668. A execução, onde não houver juiz especial, incumbirá ao juiz
da sentença, ou, se a decisão for do Tribunal do Júri, ao seu presidente.

Parágrafo único. Se a decisão for de tribunal superior, nos casos de


sua competência originária, caberá ao respectivo presidente prover-lhe
a execução.

Na mesma toada a Lei de Execução Penal, em seus arts. 2º e 105,


dispõe:
Art. 2º A jurisdição penal dos Juízes ou Tribunais da Justiça ordinária,
em todo o Território Nacional, será exercida, no processo de execução,
na conformidade desta Lei e do Código de Processo Penal.
….
Art. 105. Transitando em julgado a sentença que aplicar pena privativa
de liberdade, se o réu estiver ou vier a ser preso, o Juiz ordenará a
expedição de guia de recolhimento para a execução.

A execução somente estará afetada aos tribunais superiores na


hipótese de competência originária, valendo essa disciplina tanto para a execução definitiva
quanto para a provisória.

O Superior Tribunal de Justiça, a quem cabe a interpretação dessas


normas, nos autos decidiu no Edcl no RESp n° 1.484.415, além da possibilidade de
execução provisória, que a deflagração desta é ato de competência do juízo da condenação.
Do voto do Relator, Min. Rogério Schieti Cruz, destaco a seguinte passagem:

“Dispõe o art. 105 da Lei nº 7.210/1984 (que deve ser, na


espécie, conjugado com o art. 2º da mesma lei, respeitante à
execução provisória da pena): "Transitando em julgado a
sentença que aplicar pena privativa de liberdade, se o réu
estiver ou vier a ser preso, o Juiz ordenará a expedição de
guia de recolhimento para a execução."

Sobre o tema, é apropriado o escólio de Espínola Filho, ao


pontuar que a "regra geral é a de que cabe ao juiz da ação a
competência para a execução da sentença, nela proferida,
afinal". Vale dizer, o início da execução da reprimenda
compete ao juiz "perante o qual correu a ação penal, pouco
importando tenha a executar a sentença por ele próprio
proferida, ou a substituída a essa, em virtude do provimento
dado, no todo ou em parte, a recurso, ordinário,
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extraordinário ou misto (revisão), interposto contra aquela


sentença" (Código de processo penal brasileiro anotado .
Atualizadores: José Geraldo da Silva e Wilson Lavotenti.
Campinas:Bookseller, 2000, p. 352-353).

Essa também é a intelecção de Mirabete, ao enfatizar que


"compete aos tribunais superiores a execução quando se trata
de competência originária da respectiva Corte, ainda que o
acórdão por esta proferido tenha sido reformado pelo
Supremo Tribunal Federal (MIRABETE, Julio Fabrinni.
Execução penal. 11ª ed. rev. e at. por Renato Fabbrini São
Paulo: Atlas, 2004, p. 299).

Desse modo, não visualizo qualquer vício pelo fato do Juízo da 11ª
Vara Federal haver encaminhado as cópias das peças processuais indispensáveis à execução
provisória, cujo processamento, ainda não resultante em ordem de prisão, cabe ao Juízo da
Execução Penal da Seção Judiciária do Ceará.

A competência do STJ no presente caso, a meu sentir, cinge-se a


eventual medida cautelar suspensiva da execução penal provisória, não obtida pelo ora
executado no Recurso Especial por ele manejado.

b) fixação, na sentença condenatória, do direito de apelar em liberdade e de trânsito


em julgado para a execução da pena, o que resultaria em “reformatio in pejus”;

Com efeito, ao prolatar a sentença condenatória, o Juízo da 11ª Vara


Federal reconheceu o direito do réu, ora executado, apelar em liberdade.

Mas isso não impede, sequer de longe, que a sentença venha a ser
executada provisoriamente.

A uma, porque essa parte da sentença obviamente não transita em


julgado e se sujeita à cláusula rebus sic standibus. Se assim não fosse, impossível seria obter
por exemplo uma prisão preventiva na pendência de julgamento de recursos. Tal princípio,
em matéria de processo penal, tem sua concretização no art. 617 do CPP:

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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Procuradoria da República no Estado do Ceará

“ Art. 617. O tribunal, câmara ou turma atenderá nas suas decisões ao


disposto nos arts. 383, 386 e 387, no que for aplicável, não podendo,
porém, ser agravada a pena, quando somente o réu houver apelado da
sentença.”

A duas porque não se trata de ofensa ao direito de apelar em


liberdade. Assim foi garantido ao réu que apelou em liberdade, teve seu recurso apreciado e
a pena reduzida, mas esgotada a fase em que se forma o juízo de convencimento sobre a
culpabilidade, o que não se garante mais é que possa manejar os recursos excepcionais sem
ser preso provisoriamente.

Além disso, a aventada preclusão em relação à possibilidade do réu


recorrer em liberdade, a qual foi declarada na sentença de primeiro grau, não se sustenta pelo
simples fato de que esse tópico não era suscetível de reforma, dada a posição consolidada no
sentido de que a execução da pena só se iniciaria após o trânsito em julgado.

Por fim, convenhamos que o novo precedente do Supremo não é


restauração do comando de que o réu tem que se recolher ao cárcere para poder apelar. A
prisão processual do réu, quando da prolação da sentença, continua vinculada à devida
fundamentação do juiz, nos termos do já referido § 1º do art. 387 do Código de Processo
Penal.
Se a sentença determina a prisão processual, mas não a fundamenta,
aí tem-se ilegalidade passível de correção.

Outra é a situação delineada pelo Supremo Tribunal Federal no


julgamento do habeas corpus nº 126.292/SP: solto o réu, mas confirmada a condenação em
grau recursal, pelo Tribunal de 2ª instância competente a tanto, não há mais dúvidas, com
força de obstar a execução provisória da pena, quanto à materialidade e autoria delitivas. Os
recursos ainda cabíveis, de índole excepcional, sequer poderão reexaminar fatos e provas,
podendo em geral no máximo resultar no cômputo da pena.

E, nas hipóteses em que haja gritante ofensa à legislação federal ou


constitucional, nada obsta que o condenado obtenha, nas instâncias respectivas, medida
cautelar suspensiva da execução.
5

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Para finalizar esse tópico, trago à colação recente julgado do STJ, qu


tem se repetido, o qual afastou a tese da reformatio in pejus defendida na petição que visa
obstar a execução provisória:

“HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO.


INADEQUAÇÃO. MÉRITO.
ANÁLISE DE OFÍCIO. PRISÃO CAUTELAR. CONCUSSÃO E
UTILIZAÇÃO INDEVIDA DE RENDAS E SERVIÇOS PÚBLICOS EM
PROVEITO PRÓPRIO (ART. 1º DO DECRETO-LEI Nº 201/67).
SENTENÇA CONDENATÓRIA CONFIRMADA EM SEGUNDA
INSTÂNCIA (COM MINORAÇÃO DA PENA E ABSOLVIÇÃO
PARCIAL). EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA. POSSIBILIDADE.
RECENTE ENTENDIMENTO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE
INOCÊNCIA. ORDEM NÃO CONHECIDA.
1. O Superior Tribunal de Justiça, seguindo entendimento firmado pelo
Supremo Tribunal Federal, passou a não admitir o conhecimento de
habeas corpus substitutivo de recurso próprio. Precedentes No entanto,
deve-se analisar o pedido formulado na inicial, tendo em vista a
possibilidade de se conceder a ordem de ofício, em razão da existência
de eventual coação ilegal.
2. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, por maioria de votos,
entendeu que A execução provisória de acórdão penal condenatório
proferido em grau de apelação, ainda que sujeito a recurso especial ou
extraordinário, não compromete o princípio constitucional da
presunção de inocência afirmado pelo artigo 5º, inciso LVII da
Constituição Federal. (STF, HC 126292, Relator Min. TEORI
ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado em 17/02/2016, processo
eletrônico DJe-100, divulgado em 16/05/2016, publicado em
17/05/2016).
3. No particular, como a sentença condenatória foi confirmada pelo
Tribunal de origem e porquanto encerrada a jurisdição das instâncias
ordinárias (bem como a análise dos fatos e provas que assentaram a
culpa do condenado), é possível dar início à execução provisória da
pena antes do trânsito em julgado da condenação, sem que isso importe
em violação do princípio constitucional da presunção de inocência.
Ademais, a sentença assegurou ao paciente o direito de recorrer em
liberdade, o que representa a prerrogativa de tão somente apelar em
liberdade, como ocorreu, valendo ressaltar que os recursos especial e
extraordinário não são dotados, regra geral, de efeito suspensivo.
4. De outra parte, não há que se falar em reformatio in pejus, pois a
prisão decorrente de decisão confirmatória de condenação do
Tribunal de apelação não depende do exame dos requisitos previstos
no art. 312 do CP. Está na competência do juízo revisional e
independe de recurso da acusação. Precedentes da Corte.
5. Habeas Corpus não conhecido.
(HC 366.471/SC, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA,
QUINTA TURMA, julgado em 06/10/2016, DJe 14/10/2016)

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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Procuradoria da República no Estado do Ceará

Afastada, desse modo, a alegada reformatio in pejus.

c) Do novo entendimento do STF e seus efeitos

No julgamento do HC n.º 126.292/SP, o Supremo Tribunal Federal


reviu seu posicionamento e, resgatando jurisprudência antes consolidada, afirmou a
possibilidade da execução imediata da pena depois da decisão condenatória confirmada em
segunda instância.

Mais recentemente a Suprema Corte, ao indeferir os pedidos


liminares pleiteados nas Ações Declaratórias de Constitucionalidade nos 43 e 44, ratificou o
julgamento suprarreferido, prevalecendo o entendimento de que não há óbice ao início do
cumprimento da pena após esgotadas as instâncias ordinárias.

Conforme o entendimento exarado no precedente da Corte Suprema,


é no juízo de apelação que de regra se exaure, mediante ampla devolutividade da matéria
deduzida na ação penal, o exame sobre os fatos e provas da causa penal, concretizando o
duplo grau de jurisdição.

Assim, como os recursos excepcionais são restritos à matéria de


direito, não tendo aptidão para modificar decisões da primeira instância recursal no que
tange à matéria fático probatória obtida em regime de contraditório no curso da ação penal,
concluiu a Corte Constitucional, por ampla maioria de seus integrantes, que se pode dar
início à execução da pena condenatória nesta fase sem ofensa ao princípio da presunção da
inocência.
Carecendo os recursos excepcionais de efeito suspensivo, não há
óbice para que se executem as penas impostas ao sentenciado. Nesse passo, o E. Superior
Tribunal de Justiça vem aplicando o entendimento da Corte Suprema e determinando a
imediata execução da condenação:

RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS TRÁFICO ILÍCITO


DE ENTORPECENTES. PRISÃO PREVENTIVA. ELEMENTOS QUE
DENOTAM HABITUALIDADE DELITIVA. REINCIDÊNCIA
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Procuradoria da República no Estado do Ceará

ESPECÍFICA. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. SUPERVENIÊNCIA DE


CONDENAÇÃO. AUSÊNCIA DE NOVOS FUNDAMENTOS. NÃO
PREJUDICIALIDADE. SENTENÇA CONFIRMADA EM SEGUNDA
INSTÂNCIA. PRISÃO MANTIDA PELO TRIBUNAL. POSSIBILIDADE.
EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA. LEGALIDADE. RECENTE
ENTENDIMENTO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. AUSÊNCIA
DE VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA.
RECURSO DESPROVIDO. ..EMEN: 1. Mostra-se devidamente
fundamentada a segregação em hipótese na qual o recorrente,
reincidente específico na prática do crime de tráfico ilícito de
entorpecentes, foi flagrado com cerca de 15g de crack, droga de alto
poder destrutivo, e uma balança de precisão, confessando que a droga
se destinava ao ilícito comércio. 2. Encontra-se justificada a prisão
pela necessidade de proteção à ordem pública, dado o risco concreto de
reiteração criminosa, tendo em vista a reincidência específica do
paciente, que voltou a ser preso em flagrante por tráfico a despeito da
condenação anterior, especialmente porque as circunstâncias do
flagrante indicam dedicação a atividades criminosas. 3. Para a Quinta
Turma desta Corte, a sentença condenatória que mantém a prisão
cautelar do réu somente constitui novo título judicial se agregar novos
fundamentos, com base no art. 312 do Código de Processo Penal. 4. O
Plenário do Supremo Tribunal Federal, por maioria de votos, entendeu
que a possibilidade de início da execução da pena condenatória após a
confirmação da sentença em segundo grau não ofende o princípio
constitucional da presunção da inocência (HC n. 126292, julgado no
dia 17 de fevereiro de 2016). 5. No particular, como a sentença
condenatória foi confirmada pelo Tribunal de origem e porquanto
encerrada a jurisdição das instâncias ordinárias (bem como a análise
dos fatos e provas que assentaram a culpa do condenado), é possível
dar início à execução provisória da pena antes do trânsito em julgado
da condenação, sem que isso importe em violação do princípio
constitucional da presunção de inocência. 6. Recurso desprovido.
..EMEN:
(RHC 201500287341, REYNALDO SOARES DA FONSECA, STJ -
QUINTA TURMA, DJE DATA:29/06/2016 ..DTPB:.)

Não há, desse modo, de acordo com a decisão da Corte


Constitucional, qualquer entrave para que se execute as penas impostas ao réu na primeira
instância recursal, até porque o recurso excepcional interposto (REsp), destinado a julgar
questões federais de natureza infraconstitucional, carece do chamado efeito suspensivo (art.
637 do CPP e art. 27, § 2º, da Lei 8.038/1990).

Quanto à necessidade de fundamentar a execução provisória, a


manutenção da sentença penal pela segunda instância encerra a análise de fatos e provas que
assentaram a culpa do condenado, o que autoriza o início da execução da pena por somente

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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
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esse motivo. A segregação do cidadão, após o exaurimento da jurisdição das instâncias


ordinárias, independe do preenchimento dos requisitos do art. 312 do Código de Processo
Penal porque representa a (hoje autorizada) execução provisória da pena,

Nesse sentido, vem decidindo o STJ:

RECURSO ESPECIAL. ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR.


VÍTIMAS CRIANÇAS MENORES DE 14 ANOS. VIOLÊNCIA
PRESUMIDA. REPRESENTAÇÃO. DECADÊNCIA. NÃO
OCORRÊNCIA. CIÊNCIA DO ATO. DILAÇÃO PROBATÓRIA.
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA N. 7 DO STJ. FORMALIDADE.
DESNECESSIDADE. INÉPCIA DA DENÚNCIA. NÃO
OCORRÊNCIA. SUPERVENIÊNCIA DE CONDENAÇÃO.
ABSOLVIÇÃO. PALAVRA DAS VÍTIMAS. HARMONIA COM DEMAIS
PROVAS. SÚMULA N. 7 DO STJ. DESCLASSIFICAÇÃO PARA
CONTRAVENÇÃO DO ART. 61 DO DECRETO-LEI N.3.688/1941.
IMPOSSIBILIDADE. PARTICIPAÇÃO DA RÉ. REEXAME DE
PROVAS. SÚMULA N. 7 DO STJ. PENA-BASE. CULPABILIDADE.
MOTIVAÇÃO IDÔNEA. CONTINUIDADE DELITIVA. FORMA
SIMPLES. PENA READEQUADA. AUSÊNCIA DE
FUNDAMENTAÇÃO E OMISSÃO NO ACÓRDÃO. INEXISTÊNCIA.
RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E NÃO PROVIDO. ORDEM
CONCEDIDA DE OFÍCIO. EXECUÇÃO PROVISÓRIA.
DETERMINAÇÃO.
…...............
15. A Sexta Turma desta Corte Superior decidiu, ao apreciar os EDcl
nos REsps n. 1.484.413/DF e 1.484.415/DF (DJe 14/4/2016), de
minha relatoria, que, nas hipóteses em que não for conferido
efeito suspensivo ao recurso especial, mantida a condenação do réu,
deve ser determinado o início da execução provisória das penas
impostas.
16. Recurso especial conhecido e não provido. Ordem concedida, de
ofício, a fim de reconhecer a ilegalidade quanto à aplicação da
continuidade delitiva específica e reduzir as penas dos réus.
Execução provisória determinada.
(REsp 1273776/SP, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA
TURMA, julgado em 14/06/2016, DJe 21/06/2016)

Nessas condições, diante desse quadro, resta claro que a prisão para execução
provisória difere, por sua própria natureza e finalidade, da prisão preventiva ou de qualquer
outra modalidade de prisão cautelar, resultando tão somente do esgotamento das vias
ordinárias.
Foi essa a lógica da decisão do STF no HC 126.292/SP.

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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Procuradoria da República no Estado do Ceará

d) violação do art. 283 do CPP e da cláusula de reserva do plenário e da Súmula


Vinculante n° 10

As alegações não se aplicam ao presente caso, pois a decisão questionada nos


presentes autos não adveio de Tribunal, não se podendo falar de quebra da cláusula de
reserva de plenário.

e) plausibilidade do recurso especial admitido.

Se o recurso especial tem ou não plausibilidade de alterar o status


condenatório do executado é questão a ser resolvido na instância a tanto competente, no caso
o Superior Tribunal de Justiça.

Cabe ao interessado obter, junto àquela Corte, o efeito suspensivo da


execução, sob pena de completa subversão da ordem jurídica na hipótese deste Juízo fazer
tal análise, invadindo a competência reservada ao STJ.

f) Pedido
Ante tais circunstâncias, requer o MPF seja iniciada a execução da
definitiva da pena restritiva de liberdade de 05 (cinco) anos de reclusão e 200 (duzentos
dias-multa) imposta ao réu IELTON BARRETO DE OLIVEIRA em regime
semiaberto, com a adoção das seguintes providências:

1) a expedição de carta de guia para que seja a pena


cumprida em regime semiaberto, em estabelecimento
compatível com o disposto no art. 91 da LEP;
2) na falta de estabelecimento onde possa ser cumprida a
pena, como é o caso do Estado do Ceará, requer o MPF,
desde logo, seja determinado o monitoramento eletrônico do
sentenciado, em recolhimento domiciliar, fixando-se para
tanto a realização de audiência admonitória;
10

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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Procuradoria da República no Estado do Ceará

3) remessa à Contadoria para o cálculo da pena de multa,


fixando-se prazo para o adimplemento voluntário.

Aguarda deferimento.
Fortaleza/CE, 20 de outubro de 2016.

MÃRCIO ANDRADE TORRES


Procurador da República

11

Processo: 0805810-32.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
MARCIO ANDRADE TORRES - Procurador
16102013043423100000001793867
Data e hora da assinatura: 20/10/2016 13:05:16
Identificador: 4058100.1792691
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 221/269
11/11
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DA 12ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO
ESTADO DO CEARÁ.

PROCESSO Nº 0805810-32.2016.4.05.8100

EXEQUENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

EXECUTADO: IELTON BARRETO DE OLIVEIRA

IELTON BARRETO DE OLIVEIRA , já amplamente qualificado no presente feito, vem, com o devido
respeito, COMUNICAR V. Excelência acerca da decisão (doc. anexo) proferida pelo E. Ministro Felix
Fischer, nos autos do Processo nº 2016/0292446-7, a qual deferiu medida liminar para sustar o início
da execução provisória da pena do ora Executado até ulterior julgamento final do processo , nos
termos a seguir delineados:

Trata-se de pedido de tutela provisória, formulada por FRANCISCO DESMAR DE QUEIROS,


GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES
BEZERRA, consubstanciada na possibilidade de concessão in limine litis de medida cautelar para atribuir
efeito suspensivo a recurso especial anteriormente interposto.

(...)

Assim, temerária seria a deflagração ante tempus de eventual execução provisória antes do julgamento do
mérito do Recurso Especial interposto, razão pela qual defiro a liminar para sustar o início da execução
provisória da pena até ulterior julgamento final do presente pedido de tutela provisória.

Cite-se o requerido, para, querendo, apresentar resposta, no prazo

legal.

Após, vista ao Ministério Público Federal.

222/269
1/2
P. e I.

Brasília (DF), 16 de novembro de 2016.

Ministro Felix Fischer

Relator

Assim, em atendimento à supracitada decisão emanada da Corte Superior de Justiça, requer-se que V.
Exa. digne-se de se abster de proferir ou expedir qualquer ato ou ordem prisional em desfavor do Réu,
garantindo-lhe o direito de responder ao processo em liberdade, até o trânsito em julgado do feito .

Por fim, requer sejam as publicações alusivas ao presente feito realizadas exclusivamente em nome do
advogado ANASTÁCIO MARINHO , inscrito na OAB/CE nº 8.502, sob pena de nulidade.

P. deferimento.

Fortaleza, 09 de dezembro de 2016.

Anastacio Marinho Caio Cesar Rocha Wilson Belchior

OAB/CE 8.502 OAB/CE 15.095 OAB/CE 17.314

Marcelo Leal Benedito Cerezzo Luiz Eduardo Monte

OAB/DF 21932 OAB/SP 142.109 OAB/DF 41.950

Eduardo Ferri Renan Rebouças

OAB/CE 21.310-A OAB/CE 24.499

Processo: 0805810-32.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO - Advogado
16121213263575700000001942545
Data e hora da assinatura: 12/12/2016 13:46:34
Identificador: 4058100.1941298
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 223/269
2/2
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DA 12ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA
DO ESTADO DO CEARÁ.

PROCESSO Nº 0805810-32.2016.4.05.8100
EXEQUENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
EXECUTADO: IELTON BARRETO DE OLIVEIRA

IELTON BARRETO DE OLIVEIRA, já amplamente qualificado no


presente feito, vem, com o devido respeito, COMUNICAR V. Excelência acerca da
decisão (doc. anexo) proferida pelo E. Ministro Felix Fischer, nos autos do Processo nº
2016/0292446-7, a qual deferiu medida liminar para sustar o início da execução
provisória da pena do ora Executado até ulterior julgamento final do processo, nos
termos a seguir delineados:

Trata-se de pedido de tutela provisória, formulada por FRANCISCO DESMAR DE


QUEIROS, GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE
OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES BEZERRA, consubstanciada na possibilidade de
concessão in limine litis de medida cautelar para atribuir efeito suspensivo a
recurso especial anteriormente interposto.
(...)
Assim, temerária seria a deflagração ante tempus de eventual execução provisória
antes do julgamento do mérito do Recurso Especial interposto, razão pela qual
defiro a liminar para sustar o início da execução provisória da pena até ulterior
julgamento final do presente pedido de tutela provisória.

Cite-se o requerido, para, querendo, apresentar resposta, no prazo


legal.

Após, vista ao Ministério Público Federal.

P. e I.

Brasília (DF), 16 de novembro de 2016.

Ministro Felix Fischer


Relator

224/269
1/2
Assim, em atendimento à supracitada decisão emanada da Corte
Superior de Justiça, requer-se que V. Exa. digne-se de se abster de proferir ou expedir
qualquer ato ou ordem prisional em desfavor do Réu, garantindo-lhe o direito de
responder ao processo em liberdade, até o trânsito em julgado do feito.

Por fim, requer sejam as publicações alusivas ao presente feito


realizadas exclusivamente em nome do advogado ANASTÁCIO MARINHO, inscrito na
OAB/CE nº 8.502, sob pena de nulidade.

P. deferimento.
Fortaleza, 09 de dezembro de 2016.

Anastacio Marinho Caio Cesar Rocha Wilson Belchior


OAB/CE 8.502 OAB/CE 15.095 OAB/CE 17.314

Marcelo Leal Benedito Cerezzo Luiz Eduardo Monte


OAB/DF 21932 OAB/SP 142.109 OAB/DF 41.950

Eduardo Ferri Renan Rebouças


OAB/CE 21.310-A OAB/CE 24.499

Processo: 0805810-32.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO - Advogado
16121213292942800000001942546
Data e hora da assinatura: 12/12/2016 13:46:34
Identificador: 4058100.1941299
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 225/269
2/2
(e-STJ Fl.2164)

Superior Tribunal de Justiça


F6

PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA Nº 38 - CE (2016/0292446-7)

RELATOR : MINISTRO FELIX FISCHER


REQUERENTE : FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
REQUERENTE : GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO
REQUERENTE : IELTON BARRETO DE OLIVEIRA
REQUERENTE : JERÔNIMO ALVES BEZERRA
ADVOGADO : MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA E OUTRO(S) -
DF021932
REQUERIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

DECISÃO

Trata-se de pedido de tutela provisória, formulada por FRANCISCO


DESMAR DE QUEIROS, GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO, IELTON
BARRETO DE OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES BEZERRA, consubstanciada na
possibilidade de concessão in limine litis de medida cautelar para atribuir efeito
suspensivo a recurso especial anteriormente interposto.
Sustentam os requerentes que o periculum in mora que autorizaria a
concessão da medida cingir-se-ia à iminente possibilidade concreta de segregação
(fl. 4), decretada pelo magistrado de primeira instância, ao argumento de que "o fato
de ter sido o decreto de prisão exarado ex officio, sem provocação de qualquer
espécie do órgão acusatório e em flagrante contrariedade ao próprio dispositivo da
sentença, que determinara expressamente que o início da pena ocorresse “após o
trânsito em julgado” e contra o qual não se insurgiu o Ministério Público, sinalizam
fortemente para a verossimilhança do direito alegado" (fl. 5).
Por outro lado, o fumus boni iuris encontrar-se-ia na viabilidade
recursal, consistente em "violação da correlação entre acusação e sentença, falta de
fundamentação na dosimetria da pena, inadequação típica da conduta, e, ainda, a
indicação de omissão reiterada e deliberada na apreciação destas mesmas matérias
amplamente arguidas e prequestionadas desde a origem pela defesa" (fl. 4).
Pugnam, ao final, pela concessão de efeito suspensivo para sustar o
início da execução provisória da pena até ulterior julgamento do mérito da presente

TP 38 C54242555100;812<05542@ C<05065;0034 94 @
2016/0292446-7 Documento Página 1 de 4
Documento eletrônico VDA15537415 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
Signatário(a): MINISTRO Felix Fischer Assinado em: 21/11/2016 18:44:19
Publicação no DJe/STJ nº 2099 de 24/11/2016. Código de Controle do Documento: 1F12ECB1-C1B5-4D76-ABBE-33B098E98A8F

226/269
1/4
(e-STJ Fl.2165)

Superior Tribunal de Justiça


F6

medida acautelatória.
É o relatório.
Decido.
De início, cumpre assentar que, na linha da jurisprudência até então
firmada no âmbito desta Corte, a prisão cautelar deve ser considerada exceção, já
que, por meio desta medida, priva-se o réu de seu jus libertatis antes do
pronunciamento condenatório definitivo, consubstanciado na sentença transitada em
julgado. É por isso que tal medida constritiva só justifica caso demonstrada sua real
indispensabilidade para assegurar a ordem pública, a instrução criminal ou a
aplicação da lei penal, ex vi do artigo 312 do Código de Processo Penal, sob pena de
configurar-se antecipação de pena ou execução provisória, inadmitida, até então,
pela Suprema Corte, com base no HC n. 84.078/MG, da relatoria do em. Ministro
Eros Grau.
Nesse sentido: AgRg no RHC 47.220/MG, 5ª Turma, Rel. Min.
Regina Helena Costa, DJe de 29/8/2014; RHC 36.642/RJ, 6ª Turma, Rel. Min.
Maria Thereza de Assis Moura, DJe de 29/8/2014; HC 296.276/MG, 5ª Turma,
Rel. Min. Marco Aurélio Bellizzee, DJe de 27/8/2014; RHC 48.014/MG, 6ª Turma,
Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, DJe de 26/8/2014; v.g..
Entretanto, recentemente, o Plenário do col. Supremo Tribunal Federal
evoluiu em seu entendimento e, por maioria de votos, indeferiu o pedido formulado
no HC n. 126.292/SP, de relatoria do e. Min. Teori Zavascki, e decidiu pela
possibilidade do início do cumprimento da pena após o julgamento da apelação. Em
outras palavras, está autorizada a execução provisória da pena após o julgamento de
segunda instância, o que ocorreu no caso concreto.
No caso vertente, aduzem os requerentes que ao juiz sentenciante
falece competência para a expedição de mandado de prisão em virtude do início da
execução provisória. Sobre o tema, trago à colação voto-vista por mim proferido nos
autos do habeas corpus n. 352216, em que fiz algumas considerações acerca da
viabilidade de tal expediente, malgrado partir de magistrado de primeira instância.
Eis o excerto:

TP 38 C54242555100;812<05542@ C<05065;0034 94 @
2016/0292446-7 Documento Página 2 de 4
Documento eletrônico VDA15537415 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
Signatário(a): MINISTRO Felix Fischer Assinado em: 21/11/2016 18:44:19
Publicação no DJe/STJ nº 2099 de 24/11/2016. Código de Controle do Documento: 1F12ECB1-C1B5-4D76-ABBE-33B098E98A8F

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Superior Tribunal de Justiça


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"[...] cumpre citar passagem da decisão proferida pelo em. Min. Edson
Fachin, no já apontado habeas corpus 135.752:
"A opção legislativa de dar eficácia à sentença condenatória tão logo
confirmada em segundo grau de jurisdição, e não mais sujeita a recurso com efeito
suspensivo, está consentânea com a razão constitucional da própria existência dos
recursos às instâncias extraordinárias. Sabem todos que o trânsito em julgado, no
sistema recursal brasileiro, depende em algum momento da inércia da parte
sucumbente. Há sempre um recurso oponível a uma decisão, por mais incabível
que seja, por mais estapafúrdias que sejam as razões recursais invocadas. Se
pudéssemos dar à regra do art. 5º, LVII, da CF caráter absoluto, teríamos de
admitir, no limite, que a execução da pena privativa de liberdade só poderia
operar-se quando o réu se conformasse com sua sorte e deixasse de opor novos
embargos declaratórios. Isso significaria dizer que a execução da pena privativa
de liberdade estaria condicionada à concordância do apenado (...)".

Mostrar-se-ia, realmente, ilógico conceber que a liberdade individual


possa ser tolhida por decisão de magistrado de primeiro grau que até mesmo
dispensa a certeza, como no caso das prisões cautelares, adotando-se, no mesmo
compasso, para a decisão de segunda instância, uma compreensão que a
assimilasse com um mero ato de passagem, sem qualquer consequência.
Reitere-se: levado ao limite, o argumento consente com que, por
exemplo, um recurso especial ou extraordinário manejado e não conhecido, de cuja
decisão se interponha um agravo, que seja desprovido, e em relação à qual se
oponham embargos de declaração – quiçá sucessivos -, impeçam a deflagração da
execução.
Ademais, ainda sobre tal argumentação, tem-se que, como é evidente, à
alusão do magistrado de primeiro grau não se pode emprestar força tendente a
afastar a decisão do col. Supremo Tribunal Federal, no habeas corpus 126.292.
Noutros termos, e abstraindo-se aqui o caso concreto, em que a sentença foi
proferida antes da edição do precedente pelo Supremo Tribunal Federal, ainda
que assim não fosse, a verdade é que não se pode conceber que a referência do juiz
de primeira instância, simplesmente por indicar que após o trânsito em julgado
expedir-se-á mandado de prisão, faça írrita uma decisão da eg. Suprema Corte.
A expressão constante das sentenças condenatórias, ao determinar
expedição de mandado de prisão após o trânsito em julgado, não opera coisa
julgada em favor do réu, de modo que tal fato não tem o condão de impedir sua
prisão no âmbito da execução provisória da pena. Este tipo de comando sentencial,
com efeito, consta do texto condenatório, em verdade, apenas como norte para o
início de cumprimento de pena, com o advento do trânsito em julgado, ou seja,
tem por finalidade guiar o feito após o julgamento definitivo dos recursos, da
mesma forma como a determinação de expedição de ofícios para inscrição do
nome no rol de culpados, as determinações para fins de suspensão de direitos
políticos, dentre outras diligências.
Não significa, portanto, que, única e exclusivamente, isto é, que
apenas com o trânsito em julgado, é que se permitirá a expedição do mandado de
TP 38 C54242555100;812<05542@ C<05065;0034 94 @
2016/0292446-7 Documento Página 3 de 4
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Superior Tribunal de Justiça


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prisão. No ponto, basta imaginar que determinada pessoa seja condenada a uma
elevada pena de prisão, sendo-lhe conferido o direito de recorrer em liberdade,
com determinação de expedição de mandado de prisão após o trânsito em julgado.
Se antes da apreciação do recurso houver prova robusta da possibilidade de que o
acusado condenado virá a fugir para outro País, de modo a evitar futuro
cumprimento de pena, não se pode dizer que, considerando a determinação
contida na sentença, de expedição de mandado de prisão após o trânsito em
julgado, estaria o Tribunal impedido de decretar a prisão preventiva."

Dessarte, não vislumbro óbice, tampouco ilegalidade, tout court, a


expedição de mandado de prisão realizada por juiz de primeira instância,
independentemente de ressalva por este feita e de os autos encontrarem-se em
trâmite perante as Cortes Superiores.
Sem embargo, dentre os argumentos expendidos na inicial do pedido
de tutela provisória, verifico que em relação a um deles a concessão de liminar, ao
menos neste juízo meramente perfunctório, é medida que se faz premente, ante a
relevância da questão da correta tipificação do delito imputado aos requerentes, se
se trataria de incidir, na hipótese, o delito inserto no art. 27-E da Lei 6.385/76, ou o
delito previsto no art. 7º, inciso IV, da Lei 7.492/86, sem olvidar que eventual
desclassificação da conduta poderia culminar no advento da prescrição.
Assim, temerária seria a deflagração ante tempus de eventual
execução provisória antes do julgamento do mérito do Recurso Especial interposto,
razão pela qual defiro a liminar para sustar o início da execução provisória da pena
até ulterior julgamento final do presente pedido de tutela provisória.
Cite-se o requerido, para, querendo, apresentar resposta, no prazo
legal.
Após, vista ao Ministério Público Federal.
P. e I.

Brasília (DF), 16 de novembro de 2016.

Ministro Felix Fischer


Relator

TP 38 C54242555100;812<05542@ C<05065;0034 94 @
Processo: 0805810-32.2016.4.05.8100 2016/0292446-7 Documento Página 4 de 4
Assinado eletronicamente por:
Documento eletrônico
ANASTACIOVDA15537415
JORGEassinado
MATOSeletronicamente nos termos do
DE SOUSA MARINHO Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
- Advogado
Signatário(a): MINISTRO Felix Fischer Assinado em: 21/11/2016 18:44:19 16121213294504700000001942547
Publicação noData e hora
DJe/STJ nº da assinatura:
2099 12/12/2016
de 24/11/2016. Código 13:46:34
de Controle do Documento: 1F12ECB1-C1B5-4D76-ABBE-33B098E98A8F
Identificador: 4058100.1941300
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 229/269
4/4
(e-STJ Fl.2169)

Superior Tribunal de Justiça

TP 38/CE

PUBLICAÇÃO

Certifico que foi disponibilizada no Diário da Justiça


Eletrônico/STJ em 23/11/2016 a r. decisão de fls. 2164 e
considerada publicada na data abaixo mencionada, nos
termos do artigo 4º, § 3º, da Lei 11.419/2006.
Brasília, 24 de novembro de 2016.

COORDENADORIA DA QUINTA TURMA


*Assinado por JOSÉ DA LUZ SOUZA FILHO
em 24 de novembro de 2016 às 07:05:54
Documento eletrônico juntado ao processo em 24/11/2016 às 07:08:49 pelo usuário: JOSÉ DA LUZ SOUZA FILHO

Processo: 0805810-32.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
* Assinado
ANASTACIOeletronicamente
JORGE MATOS DE nos termos
SOUSA do Art.
MARINHO 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006 16121213300173900000001942548
- Advogado
Data e hora da assinatura: 12/12/2016 13:46:34
Identificador: 4058100.1941301
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 230/269
1/1
12ª Vara Federal do Ceará

Rua João Carvalho, nº 485, 5.º andar, Aldeota, CEP 60.140.140 - Fortaleza/CE

Fone: (85) 3391-5864 / Fax: (85) 3391-5866 / email: vara12@jfce.jus.br

PROCESSO Nº: 0805810-32.2016.4.05.8100 - EXECUÇÃO PROVISÓRIA


EXEQUENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
CONDENADO: IELTON BARRETO DE OLIVEIRA
ADVOGADO: ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO
12ª VARA FEDERAL - JUIZ FEDERAL TITULAR

CERTIDÃO

CERTIFICO que juntei aos presentes autos o (a) Telegrama nº 5T 43228/2016, oriundo do
(a) STJ. O referido é verdade. Dou fé.

Fortaleza, datado eletronicamente.

EDIENE SANTANA DE OLIVEIRA

Analista Judiciária - Matrícula 1488

(assinado eletronicamente)

Processo: 0805810-32.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
EDIENE SANTANA DE OLIVEIRA - Servidor Geral
16121614235146600000001959668
Data e hora da assinatura: 16/12/2016 14:25:37
Identificador: 4058100.1958417
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 231/269
1/1
232/269
1/2
Processo: 0805810-32.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
EDIENE SANTANA DE OLIVEIRA - Servidor Geral
16121614251646500000001959669
Data e hora da assinatura: 16/12/2016 14:25:37
Identificador: 4058100.1958418
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 233/269
2/2
PROCESSO Nº: 0805810-32.2016.4.05.8100 - EXECUÇÃO PROVISÓRIA
ÓRGÃO JULGADOR: 12ª VARA FEDERAL (TITULAR)
JUIZ FEDERAL TITULAR
EXEQUENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
CONDENADO: IELTON BARRETO DE OLIVEIRA
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho

DECISÃO

Trata-se de execução penal instaurada em face de IELTON BARRETO DE OLIVEIRA, tendo em vista a
confirmação no TRF da 5ª Região do teor condenatório do Juízo de 1º Grau.

Em petição anexada aos autos, a defesa de IELTON BARRETO DE OLIVEIRA comunicou a este Juízo a
decisão (doc. anexo) proferida pelo E. Ministro Felix Fischer, nos autos do Processo nº 016/0292446-7, a
qual deferiu medida liminar para sustar o início da execução provisória da pena do ora Executado
até ulterior julgamento final do processo , nos termos a seguir delineados:

"(...) Trata-se de pedido de tutela provisória, formulada por FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS,
GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES
BEZERRA, consubstanciada na possibilidade de concessão in limine litis de medida cautelar para atribuir
efeito suspensivo a recurso especial anteriormente interposto.

(...)

Assim, temerária seria a deflagração ante tempus de eventual execução provisória antes do julgamento do
mérito do Recurso Especial interposto, razão pela qual defiro a liminar para sustar o início da execução
provisória da pena até ulterior julgamento final do presente pedido de tutela provisória. (...)"

Sendo assim, em face da decisão do STJ mencionada, DETERMINO o sobrestamento da execução penal
provisória de IELTON BARRETO DE OLIVEIRA.

Acautelem-se os autos na Secretaria.

HELOÍSA SILVA DE MELO

Juíza Federal Substituta da 11ª Vara respondendo pela 12ª Vara

Processo: 0805810-32.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
HELOISA SILVA DE MELO - Magistrado
17021710565851600000002090945
Data e hora da assinatura: 17/02/2017 13:02:24
Identificador: 4058100.2089637
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 234/269
1/1
12ª Vara Federal do Ceará
Rua João Carvalho, nº 485, 5.º andar, Aldeota, CEP 60.140.140 - Fortaleza/CE

INSPEÇÃO ORDINÁRIA - ANO 2017


(Prazos suspensos: dias 27 a 31 de março de 2017)

Vistos em Inspeção

Processo sem ocorrências

Fortaleza/CE, data infra

Processo: 0805810-32.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
HELOISA SILVA DE MELO - Magistrado
17032916263526200000002225000
Data e hora da assinatura: 29/03/2017 17:01:45
Identificador: 4058100.2223588
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 235/269
1/1
PROCESSO Nº: 0805810-32.2016.4.05.8100 - EXECUÇÃO PROVISÓRIA
ÓRGÃO JULGADOR: 12ª VARA FEDERAL (TITULAR)
JUIZ FEDERAL TITULAR
EXEQUENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
CONDENADO: IELTON BARRETO DE OLIVEIRA
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho

DECISÃO

Trata-se de execução penal instaurada em face de IELTON BARRETO DE OLIVEIRA, tendo em vista a
confirmação no TRF da 5ª Região do teor condenatório do Juízo de 1º Grau.

Em petição anexada aos autos, a defesa de IELTON BARRETO DE OLIVEIRA comunicou a este Juízo a
decisão (doc. anexo) proferida pelo E. Ministro Felix Fischer, nos autos do Processo nº 016/0292446-7, a
qual deferiu medida liminar para sustar o início da execução provisória da pena do ora Executado
até ulterior julgamento final do processo , nos termos a seguir delineados:

"(...) Trata-se de pedido de tutela provisória, formulada por FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS,
GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES
BEZERRA, consubstanciada na possibilidade de concessão in limine litis de medida cautelar para atribuir
efeito suspensivo a recurso especial anteriormente interposto.

(...)

Assim, temerária seria a deflagração ante tempus de eventual execução provisória antes do julgamento do
mérito do Recurso Especial interposto, razão pela qual defiro a liminar para sustar o início da execução
provisória da pena até ulterior julgamento final do presente pedido de tutela provisória. (...)"

Sendo assim, em face da decisão do STJ mencionada, DETERMINO o sobrestamento da execução penal
provisória de IELTON BARRETO DE OLIVEIRA.

Acautelem-se os autos na Secretaria.

HELOÍSA SILVA DE MELO

Juíza Federal Substituta da 11ª Vara respondendo pela 12ª Vara

Processo: 0805810-32.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
MAXWELL TEIXEIRA DE PAULA - Servidor Geral
17102613203755300000002938703
Data e hora da assinatura: 26/10/2017 13:21:26
Identificador: 4058100.2935596
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 236/269
1/1
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
12º VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
PROCESSO: 0805810-32.2016.4.05.8100 - EXECUÇÃO PROVISÓRIA

Polo ativo Polo passivo


MINISTÉRIO PÚBLICO IELTON BARRETO DE
EXEQUENTE CONDENADO
FEDERAL OLIVEIRA
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO

Outros participantes
Sem registros

CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 26/10/2017 14:55, o(a) MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL foi intimado(a) acerca
de Decisão registrado em 17/02/2017 13:02 nos autos judiciais eletrônicos especificados na epígrafe.

1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 17102613203755300000002938703 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 26/10/2017 14:55 - Seção Judiciária do Ceará.

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1/1
MM Juíza

Ciente o MPF da suspensão da execução da pena (decisão de Id : 4058100.20896)

Márcio Andrade

PR/CE

Processo: 0805810-32.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
MARCIO ANDRADE TORRES - Procurador
17102614551769800000002939457
Data e hora da assinatura: 26/10/2017 14:57:13
Identificador: 4058100.2936347
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 238/269
1/1
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
12º VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
PROCESSO: 0805810-32.2016.4.05.8100 - EXECUÇÃO PROVISÓRIA

Polo ativo Polo passivo


MINISTÉRIO PÚBLICO IELTON BARRETO DE
EXEQUENTE CONDENADO
FEDERAL OLIVEIRA
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO

Outros participantes
Sem registros

CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 27/10/2017 17:07, o(a) Sr(a) IELTON BARRETO DE OLIVEIRA foi intimado(a)
acerca de Decisão registrado em 17/02/2017 13:02 nos autos judiciais eletrônicos especificados na
epígrafe.

1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 17102613203755300000002938703 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 27/10/2017 17:07 - Seção Judiciária do Ceará.

239/269
1/1
12ª Vara Federal do Ceará
Rua João Carvalho, nº 485, 5.º andar, Aldeota, CEP 60.140.140 - Fortaleza/CE

INSPEÇÃO ORDINÁRIA - ANO 2018


(Prazos suspensos: dias 26 a 02 de março de 2017)

Vistos em Inspeção

Certifico que a inspeção desta 12ª Vara foi marcada para o período de 26/02/2018 a 02/03/2018, em que
ficam suspensos todos os prazos, cujo Edital Coletivo de Inspeção foi publicado no Diário da Justiça
Eletrônico SJCE de nº. 234.0/2017, que circulou em 19/12/2017, pag. 01/07, disponibilizado no site
www.trf5.jus.br. Dou fé.

Processo sem ocorrências

Fortaleza/CE, data infra

Processo: 0805810-32.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
DANILO DIAS VASCONCELOS DE ALMEIDA - Magistrado
18030212133097400000003371918
Data e hora da assinatura: 02/03/2018 12:14:33
Identificador: 4058100.3367799
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 240/269
1/1
MM Juiz,

Segue pedido de execução

Márcio Torres

PR/CE

Processo: 0805810-32.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
MARCIO ANDRADE TORRES - Procurador
18031211052113900000003407055
Data e hora da assinatura: 12/03/2018 11:08:51
Identificador: 4058100.3402898
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 241/269
1/1
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
PROCURADORIA DA REPÚBLICA NO ESTADO DO CEARÁ

EXMO. SR. JUIZ FEDERAL DA 12ª VARA – SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ

PROCESSO Nº: 0805810-32.2016.4.05.8100


CLASSE: EXECUÇÃO DA PENA
EXEQUENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
EXECUTADO: ILELTON BARRETO DE OLIVEIRA

PROMOÇÃO Nº 04441/2018

O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, por intermédio do seu


Representante Legal subscrito, vem perante Vossa Excelência expor e requerer o seguinte:

O MPF (Id 4058100.1792691) requereu a execução provisória da


pena quanto ao sentenciado IELTON BARRETO DE OLIVEIRA, nos seguintes termos:

“Ante tais circunstâncias, requer o MPF seja iniciada a execução da pena restritiva de
liberdade de 05 (cinco) anos de reclusão e 200 (duzentos dias-multa) imposta ao réu
IELTON BARRETO DE OLIVEIRA em regime semiaberto, com a adoção das
seguintes providências:
1) a expedição de carta de guia para que seja a pena cumprida em regime semiaberto,
em estabelecimento compatível com o disposto no art. 91 da LEP;
2) na falta de estabelecimento onde possa ser cumprida a pena, como é o caso do Estado
do Ceará, requer o MPF, desde logo, seja determinado o monitoramento eletrônico do
sentenciado, em recolhimento domiciliar, fixando-se para tanto a realização de
audiência admonitória;”

No entanto, por decisão do Superior Tribunal de Justiça na TP 038, em


que foi Relator o Min. Félix Fischer, havia sido concedida tutela suspensiva, que veio a ser
recentemente cassada, de acordo com a seguinte ementa, acostada aos autos:

242/269
1/2
“TUTELA PROVISÓRIA. PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO AO
RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA.
JULGAMENTO DO FEITO PRINCIPAL. PREJUDICADO PEDIDO.
LIMINAR CASSADA.”

Por outro lado, o RESp 1.449.193/CE, que apoiava tal tutela provisória
foi julgado e desprovido, como se vê a seguir, estando pendente apenas o julgamento de
embargos de declaração:
PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.
NEGOCIAÇÃO DE TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS SEM
AUTORIZAÇÃO PRÉVIA. ADEQUAÇÃO TÍPICA DA CONDUTA.
REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO.
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. DOSIMETRIA.PENA-BASE
ACIMA DO MÍNIMO LEGAL. CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAS.
FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL.
NÃO COMPROVAÇÃO. DECISÃO MANTIDA.”

Desse modo, nada obsta que se dê início à execução penal, o que ora é
requerido pelo Ministério Público Federal.

Fortaleza, 12 de março de 2018.

MARCIO ANDRADE TORRES


Procurador da República

Processo: 0805810-32.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
MARCIO ANDRADE TORRES - Procurador
18031211060706800000003407056
Data e hora da assinatura: 12/03/2018 11:08:51
Identificador: 4058100.3402899
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 243/269
2/2
Superior Tribunal de Justiça
PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA Nº 38 - CE (2016/0292446-7)

RELATOR : MINISTRO FELIX FISCHER


REQUERENTE : FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
REQUERENTE : GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO
REQUERENTE : IELTON BARRETO DE OLIVEIRA
REQUERENTE : JERÔNIMO ALVES BEZERRA
ADVOGADO : MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA E OUTRO(S) -
DF021932
REQUERIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
EMENTA

TUTELA PROVISÓRIA. PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO AO


RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA.
JULGAMENTO DO FEITO PRINCIPAL. PREJUDICADO PEDIDO.
LIMINAR CASSADA.

DECISÃO

Trata-se de pedido de tutela provisória, formulada por FRANCISCO


DESMAR DE QUEIROS, GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO, IELTON
BARRETO DE OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES BEZERRA, consubstanciada na
possibilidade de concessão in limine litis de medida cautelar para atribuir efeito
suspensivo a recurso especial anteriormente interposto.

Sustentam os requerentes que o periculum in mora que autorizaria a


concessão da medida cingir-se-ia à iminente possibilidade concreta de segregação (fl.
4), decretada pelo magistrado de primeira instância, ao argumento de que "o fato de ter
sido o decreto de prisão exarado ex officio, sem provocação de qualquer espécie do
órgão acusatório e em flagrante contrariedade ao próprio dispositivo da sentença,
que determinara expressamente que o início da pena ocorresse “após o trânsito em
julgado” e contra o qual não se insurgiu o Ministério Público, sinalizam fortemente
para a verossimilhança do direito alegado" (fl. 5).

Por outro lado, o fumus boni iuris encontrar-se-ia na viabilidade


recursal, consistente em "violação da correlação entre acusação e sentença, falta de
fundamentação na dosimetria da pena, inadequação típica da conduta, e, ainda, a
indicação de omissão reiterada e deliberada na apreciação destas mesmas matérias

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Superior Tribunal de Justiça
amplamente arguidas e prequestionadas desde a origem pela defesa" (fl. 4).

Pugnam, ao final, pela concessão de efeito suspensivo para sustar o


início da execução provisória da pena até ulterior julgamento do mérito da presente
medida acautelatória.

A liminar foi deferida às fls. 2164-2167, para sustar o início da execução


provisória da pena até ulterior julgamento final do presente pedido de tutela
provisória.

É o relatório.

Decido.

O pedido está prejudicado.

Com efeito, o Recurso Especial 1.449.193/CE, do qual esta tutela


provisória é incidental, foi julgado monocraticamente, tendo sido conhecido em parte
e, na extensão, desprovido. No dia 20 de fevereiro deste ano, a col. Quinta Turma
deste Superior Tribunal de Justiça julgou o agravo regimental naquele feito, negando
provimento ao recurso para manter os fundamentos do decisum monocrático.

Em tal contexto, verifico que o presente pedido perdeu o objeto, em


razão da superveniência da decisão de mérito proferida nos autos da ação principal.
Nesse sentido:

"AGRAVO REGIMENTAL NA MEDIDA CAUTELAR.


EFEITO SUSPENSIVO A ARESP. SUPERVENIENTE JULGAMENTO.
PERDA DO OBJETO.
I - A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de que,
uma vez apreciado o recurso cujo efeito suspensivo se visa atribuir, fica
prejudicada a medida cautelar.
II - O agravo em recurso especial cuja presente medida
cautelar é dependente foi apreciado em 27/5/2016. Na oportunidade,
conheci do agravo, para dar parcial provimento ao recurso especial
fixando o regime aberto para o início do cumprimento da pena imposta
ao agravante.
III - Agravo regimental prejudicado.
(AgInt na MC 25.653/SC, Quinta Turma, Rel. Min.
Reynaldo Soares da Fonseca, DJe de 26/09/2016).
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Superior Tribunal de Justiça

Ante o exposto, com fulcro no art. 34, XI, do RISTJ, julgo prejudicada a
tutela provisória e a liminar outrora deferida.

P. e I.

Brasília (DF), 22 de fevereiro de 2018.

Ministro Felix Fischer


Relator

Documento: 80507648 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 28/02/2018 Página 3 de 3


Processo: 0805810-32.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
MARCIO ANDRADE TORRES - Procurador
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3/3
Superior Tribunal de Justiça
AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.449.193 - CE (2014/0091750-6)

RELATOR : MINISTRO FELIX FISCHER


AGRAVANTE : FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
AGRAVANTE : JERÔNIMO ALVES BEZERRA
AGRAVANTE : GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO
AGRAVANTE : IELTON BARRETO DE OLIVEIRA
ADVOGADO : MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA E OUTRO(S) -
DF021932
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
EMENTA

PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.


NEGOCIAÇÃO DE TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS SEM
AUTORIZAÇÃO PRÉVIA. ADEQUAÇÃO TÍPICA DA CONDUTA.
REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE.
SÚMULA 7/STJ. DOSIMETRIA. PENA-BASE ACIMA DO MÍNIMO LEGAL.
CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAS. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. DISSÍDIO
JURISPRUDENCIAL. NÃO COMPROVAÇÃO. DECISÃO MANTIDA.
I - As conclusões do eg. Tribunal de origem a respeito da adequação
típica da conduta não podem ser alteradas sem nova incursão no conjunto de
fatos e provas colacionado aos autos. Tal providência não é viável em sede de
recurso especial, a teor do enunciado sumular n. 7 desta Corte.
II - A dosimetria da pena, quando imposta com base em elementos
concretos e observados os limites da discricionariedade vinculada atribuída ao
magistrado sentenciante, impede a revisão da reprimenda por esta Corte
Superior, exceto se for constatada evidente desproporcionalidade entre o delito e
a pena imposta, hipótese em que caberá a reapreciação para a correção de
eventual desacerto quanto ao cálculo das frações de aumento e de diminuição e a
reavaliação das circunstâncias judiciais listadas no art. 59 do Código Penal.
III - In casu, o aumento da pena-base mostra-se, de fato, fundamentado,
pois considerados o modus operandi, a organização, o planejamento e a
estratégia na execução dos delitos, desempenhos por cada um dos agentes. Dessa
forma, o acórdão da origem consignou expressamente os motivos que
acarretaram a exasperação da pena-base, não havendo tampouco
desproporcionalidade no acréscimo.
IV - A interposição do recurso especial, com fulcro na alínea c do
permissivo constitucional exige o atendimento dos requisitos contidos no art.
1028, e § 1º do Código de Processo Civil, e no art. 255, § 1º, do Regimento
Interno do Superior Tribunal de Justiça, para a devida demonstração do alegado
dissídio jurisprudencial, pois, além da transcrição de acórdãos para a
comprovação da divergência, é necessário o cotejo analítico entre o aresto
recorrido e o paradigma, com a constatação da identidade das situações fáticas
e a interpretação diversa emprestada ao mesmo dispositivo de legislação
Documento: 80679228 - EMENTA / ACORDÃO - Site certificado - DJe: 26/02/2018 Página 1 de 2

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1/2
Superior Tribunal de Justiça
infraconstitucional, situação que não ocorreu no presente caso.
Agravo regimental desprovido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima


indicadas, acordam os Ministros da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça,
por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental.
Os Srs. Ministros Jorge Mussi, Reynaldo Soares da Fonseca e Joel Ilan
Paciornik votaram com o Sr. Ministro Relator.
Impedido o Sr. Ministro Ribeiro Dantas.

Brasília (DF), 20 de fevereiro de 2018 (Data do Julgamento).

Ministro Felix Fischer


Relator

Documento: 80679228 - EMENTA / ACORDÃO - Site certificado - DJe: 26/02/2018 Página 2 de 2


Processo: 0805810-32.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
MARCIO ANDRADE TORRES - Procurador
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2/2
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Processo: 0805810-32.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO - Advogado
18031217300258500000003411213
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1/1
EXCELENTÍSSIMO JUIZ FEDERAL DA 12ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA
DO ESTADO DO CEARÁ

Ref. Execução Provisória nº 0805810-32.2016.4.05.8100

IELTON BARRETO DE OLIVEIRA, já qualificado nos autos do processo em


epígrafe, por seus advogados, comparece à presença de Vossa Excelência,
em face do pedido de execução provisória da condenação que lhe foi imposta
para expor e requerer o quanto segue:

1. O Sentenciado foi condenado pela suposta prática dos crimes


previstos nos artigos 7º, IV, da Lei nº 7.492/86 e 27-C da Lei nº 6.385/76,
ocorridos entre os anos de 2000 e 2006.

2. Em sede de Apelação, o TRF da 5ª Região, afastou a


condenação em relação ao crime previsto no artigo 27-C da Lei nº 6.385/76.

3. Embora tenha o Ministério Público se contentado com o


resultado alcançado, operando-se o trânsito em julgado para a acusação, o
Sentenciado interpôs Recurso Especial.

4. Determinada a prisão do Sentenciado, com fulcro no que


decidiu o Supremo Tribunal Federal acerca da possibilidade da execução
provisória da pena após o exaurimento da instância ordinária, a defesa
ingressou com pedido de tutela provisória perante o Superior Tribunal de
Justiça, cuja liminar foi deferida em face da plausibilidade do direito invocado.

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1/5
5. Surpreendeu-se a defesa, no entanto, com posterior decisão
monocrática, negando provimento ao Recurso Especial e, em seguida, o
reconhecimento da prejudicialidade da medida cautelar.

6. Embora mencionadas decisões tenham sido objeto dos


recursos cabíveis à espécie, o Ministério Público requereu a este juízo a
execução provisória da pena que, se deferida, acarretará gravíssimo prejuízo
ao Sentenciado, por patente violação ao princípio do non reformatio in pejus.

7. Por fim, oportuno afirmar que embora este juízo já tenha sido
provocado quanto a mencionada violação, jamais sobre elas se posicionou em
razão da decisão proferida pelo STJ nos autos do pedido de tutela provisória.

8. Assim, mais uma vez, se demonstram as razões pelas quais o


pedido do Ministério Público há de ser indeferido. Vejamos:

I – DA NECESSIDADE DE TRÂNSITO EM JULGADO ESTABELECIDA NO


TÍTULO EXECUTIVO – IMPOSSIBILIDADE DE REFORMATIO IN PEJUS

9. O que se discute neste momento processual em nada se


relaciona com a (in)constitucionalidade da execução provisória da pena.

10. Trata-se, em realidade, de simples, porém, importantíssimo,


pedido de cumprimento do princípio do non reformatio in pejus e garantia da
segurança jurídica advindas de decisões proferidas em processos penais, das
quais deixe de recorrer a acusação.

11. No caso em tela, não é possível o início da execução provisória


da pena, porque o cumprimento da reprimenda está diretamente condicionado
ao trânsito em julgado do processo.

12. É que a sentença, título executivo, foi expresso em afirmar que


a prisão dos sentenciados deveria ocorrer apenas “após o trânsito em julgado
da sentença”.

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13. Não há margem para dúvida. Conforme se depreende da
leitura do título que se pretende executar provisoriamente, a execução da
pena imposta ao Sentenciado dependeria de seu trânsito em julgado para
ambas as partes.

14. O Ministério Público, todavia, quedou-se inerte, satisfazendo-se


com o título executivo obtido em todos os seus termos, havendo, apenas para
si, ocorrido o transito em julgado. Confira-se:

15. Ora, ainda que se pretenda executar provisoriamente a pena, a


execução está adstrita aos exatos termos da sentença e esta é expressa em
afirmar que a prisão somente deve se dar após o trânsito em julgado.

16. A questão, portanto, não diz respeito, a possibilidade ou não da


prisão ser decretada após a decisão proferida em Segundo Grau em jurisdição.

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17. No caso em tela, a alteração do título executivo (sentença), tal
como pretende o Ministério Público, sem que dela tenha recorrido, importaria
em flagrante reformatio in pejus.

18. Em outras palavras, se a sentença condenatória


expressamente afirma que o cumprimento da pena deve se dar apenas com o
trânsito em julgado, não havendo recurso por parte do Ministério Público, é
expressamente vedado ao judiciário impor a prisão cautelar do Sentenciado.

19. O próprio Supremo Tribunal Federal, aliás, vem garantindo a


aplicação do princípio do non reformatio in pejus, condicionando o recolhimento
a prisão ao trânsito em julgado para ambas as partes, nos casos que assim
prevê o título executivo, sem que, com isso, se possa afirmar o
descumprimento do precedente emanado por aquela Corte.

20. Nesse sentido, recentíssima a decisão proferida pelo Min.


CELSO DE MELLO, nos autos do HC nº 152.974/SP, publicada em 06 de
março de 2018:

“Tem-se entendido, nesta Suprema Corte, que, em situações


como a ora em exame, em que o Ministério Público sequer se
insurgiu contra o pronunciamento do órgão judiciário “a quo”
que garantiu ao paciente o direito de recorrer em liberdade, não
pode o Tribunal de superior jurisdição suprimir esse benefício,
em detrimento do condenado, sob pena de ofensa à cláusula
final inscrita no art. 617 do Código de Processo Penal:
“(…) POSSÍVEL OFENSA AO PRINCÍPIO QUE VEDA A
‘REFORMATIO IN PEJUS’ (CPP, ART. 617, ‘in fine’),
POIS O TRIBUNAL DE INFERIOR JURISDIÇÃO
ORDENOU QUE SE PROCEDESSE, EM PRIMEIRO
GRAU, À IMEDIATA EXECUÇÃO ANTECIPADA DA
PENA, NÃO OBSTANTE ESSE COMANDO HOUVESSE
SIDO DETERMINADO EM RECURSO EXCLUSIVO DO
RÉU CONDENADO, A QUEM SE ASSEGURARA, NO
ENTANTO, EM MOMENTO ANTERIOR, SEM
IMPUGNAÇÃO RECURSAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO,
O DIREITO DE AGUARDAR EM LIBERDADE A
CONCLUSÃO DO PROCESSO. (…).” (HC 147.452/MG,
Rel. Min. CELSO DE MELLO)”

253/269
4/5
21. Da mesma forma, os seguintes julgados: HC 135.951-MC/DF,
Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 140.217-MC/DF, Rel. Min.
RICARDO LEWANDOWSKI – HC 142.012-MC/DF, Rel. Min. RICARDO
LEWANDOWSKI – HC 142.017-MC/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI
– HC 147.428-MC/MG, Rel. Min. CELSO DE MELLO – HC 148.122-MC/MG,
Rel. Min. CELSO DE MELLO – HC 153.431/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO.

II – DO PEDIDO

22. Ante o exposto, como garantia à segurança do jurisdicionado


às decisões proferidas pelo judiciário, bem como para assegurar a não violação
ao princípio do non reformatio in pejus, requer seja indeferido o pedido de
execução provisória formulado pelo Ministério Público, garantindo-se ao
Sentenciado o direito de aguardar em liberdade o trânsito em julgado da ação
penal a que responde.

P. deferimento.
Fortaleza, 12 de março de 2018.

Marcelo Leal de Lima Oliveiro


OAB/DF 21.932

Anastacio Marinho
OAB/CE 8.502

Processo: 0805810-32.2016.4.05.8100
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5/5
Supremo Tribunal Federal

MEDIDA CAUTELAR NO HABEAS CORPUS 152.974 SÃO PAULO

RELATOR : MIN. CELSO DE MELLO


PACTE.(S) : OSCAR VICTOR ROLLEMBERG HANSEN
IMPTE.(S) : ANTONIO NABOR AREIAS BULHOES E
OUTRO(A/S)
COATOR(A/S)(ES) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

DECISÃO: Trata-se de “habeas corpus”, com pedido de medida liminar,


impetrado contra decisão que, emanada do E. Superior Tribunal de Justiça,
restou consubstanciada em acórdão assim ementado:

“RECURSOS ESPECIAIS. ADMISSIBILIDADE. ÓBICES


PRELIMINARES. DENÚNCIA ANÔNIMA. INEXISTÊNCIA.
MINISTÉRIO PÚBLICO. INVESTIGAÇÃO. NULIDADE DO
PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO. SIGILO FISCAL E
TELEFÔNICO. QUEBRA. NULIDADES. PERSECUÇÃO
PENAL. ELEMENTOS DE INFORMAÇÃO NÃO
UTILIZADOS PARA DEFLAGRAÇÃO DO PROCESSO
PENAL. MATÉRIAS ANALISADAS EM ‘HABEAS CORPUS’.
SUPERAÇÃO. ATIPICIDADE. NÃO OCORRÊNCIA.
NULIDADES NA INSTRUÇÃO CRIMINAL. NÃO
CONFIGURAÇÃO. OMISSÃO DO ACÓRDÃO.
IMPROCEDÊNCIA. DOSIMETRIA. FLAGRANTE
ILEGALIDADE. RECURSOS ESPECIAIS CONHECIDOS
PARA REDUZIR AS PENAS IMPOSTAS. CONCESSÃO DE
‘HABEAS CORPUS’, DE OFÍCIO, PARA CORRÉUS EM
IDÊNTICA SITUAÇÃO.”
(REsp 1.639.698/SP, Red. p/ o acórdão Min. ROGERIO
SCHIETTI CRUZ – grifei)

Busca-se, em sede liminar, a suspensão cautelar de eficácia do ato que


determinou a execução provisória da condenação penal imposta ao ora paciente.

Sendo esse o contexto, passo a apreciar o pleito em causa.

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255/269
1/7
Supremo Tribunal Federal

HC 152974 MC / SP

Como se sabe, o Supremo Tribunal Federal, a partir da decisão


proferida no HC 126.292/SP e com apoio em sucessivos julgados
emanados do Plenário desta Corte Suprema (ADC 43-MC/DF e ADC 44-
-MC/DF), inclusive em sede de repercussão geral (ARE 964.246-RG/SP), veio
a firmar orientação no sentido da legitimidade constitucional da execução
provisória da pena.

Ao participar dos julgamentos que consagraram os precedentes


referidos, integrei a corrente minoritária, por entender que a tese da
execução provisória de condenações penais ainda recorríveis transgride, de
modo frontal, a presunção constitucional de inocência, que só deixa de
subsistir ante o trânsito em julgado da decisão condenatória (CF, art. 5º,
LVII).

Antes desse momento – é preciso advertir –, o Estado não pode tratar


os indiciados ou os réus como se culpados fossem. A presunção de
inocência impõe, desse modo, ao Poder Público um dever de tratamento
que não pode ser desrespeitado por seus agentes e autoridades, como vinha
advertindo, em sucessivos julgamentos, esta Corte Suprema (HC 96.095/SP,
Rel. Min. CELSO DE MELLO – HC 121.929/TO, Rel. Min. ROBERTO
BARROSO – HC 124.000/SP, Rel. Min. MARCO AURÉLIO –
HC 126.846/SP, Rel. Min. TEORI ZAVASCKI – HC 130.298/SP, Rel. Min.
GILMAR MENDES, v.g.):

“(…) O POSTULADO CONSTITUCIONAL DA


PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA IMPEDE QUE O ESTADO
TRATE, COMO SE CULPADO FOSSE, AQUELE QUE AINDA
NÃO SOFREU CONDENAÇÃO PENAL IRRECORRÍVEL

– A prerrogativa jurídica da liberdade – que possui


extração constitucional (CF, art. 5º, LXI e LXV) – não pode ser
ofendida por interpretações doutrinárias ou jurisprudenciais que,

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256/269
2/7
Supremo Tribunal Federal

HC 152974 MC / SP

fundadas em preocupante discurso de conteúdo autoritário,


culminam por consagrar, paradoxalmente, em detrimento de
direitos e garantias fundamentais proclamados pela Constituição da
República, a ideologia da lei e da ordem.
Mesmo que se trate de pessoa acusada da suposta prática de
crime hediondo, e até que sobrevenha sentença penal condenatória
irrecorrível, não se revela possível – por efeito de insuperável
vedação constitucional (CF, art. 5º, LVII) – presumir-lhe a
culpabilidade.
Ninguém pode ser tratado como culpado, qualquer que seja
a natureza do ilícito penal cuja prática lhe tenha sido atribuída, sem
que exista, a esse respeito, decisão judicial condenatória transitada
em julgado.
O princípio constitucional da presunção de inocência, em
nosso sistema jurídico, consagra, além de outras relevantes
consequências, uma regra de tratamento que impede o Poder
Público de agir e de se comportar, em relação ao suspeito, ao
indiciado, ao denunciado ou ao réu, como se estes já houvessem sido
condenados, definitivamente, por sentença do Poder Judiciário.
Precedentes.”
(HC 93.883/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO)

Assinalo, para efeito de mero registro, que a exigência de trânsito em


julgado da condenação penal não representa peculiaridade do
constitucionalismo brasileiro, pois também encontra correspondência no
plano do direito comparado, como se vê, p. ex., da Constituição da República
Italiana (art. 27) e da Constituição da República Portuguesa (art. 32, n. 2).

São essas as razões que, em apertada síntese, levaram-me a sustentar,


em voto vencido, a tese segundo a qual a execução provisória (ou prematura)
da sentença penal condenatória revela-se frontalmente incompatível com o
direito fundamental do réu de ser presumido inocente até que sobrevenha
o efetivo e real trânsito em julgado de sua condenação criminal, tal como
expressamente assegurado pela própria Constituição da República (CF, art. 5º,
LVII).

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257/269
3/7
Supremo Tribunal Federal

HC 152974 MC / SP

Não foi por outro motivo que vim a conceder – é certo – medidas
cautelares em sede de “habeas corpus”, embora o fizesse somente
naquelas situações não reveladoras da necessidade de manter-se a prisão do
condenado, sempre segundo avaliação por mim efetivada em cada caso
examinado.

Ocorre, no entanto, que, enquanto não sobrevier alteração do


pensamento jurisprudencial desta Corte sobre o tema em causa, não tenho
como dele dissociar-me.

No que concerne, portanto, ao questionamento referente à execução


antecipada da pena, não obstante entenda tratar-se de medida
incompatível com o nosso modelo constitucional, que consagra, como
direito fundamental, a presunção de inocência (CF, art. 5º, inciso LVII), devo
observar o princípio da colegialidade, além de considerar, na espécie, o fato
de que se mostra iminente o julgamento final da ADC 43/DF e da
ADC 44/DF, de que é Relator o eminente Ministro MARCO AURÉLIO,
ocasião em que esta Corte reapreciará o tema da possibilidade
constitucional de efetivar-se a execução antecipada da sentença penal
condenatória.

Inacolhível, desse modo, sob a perspectiva que venho de expor,


a pretendida concessão de medida cautelar suspensiva da execução
provisória ora impugnada.

Cabe observar, contudo, que esta impetração sustenta-se em outro


fundamento, consistente na alegada transgressão, pelo Tribunal “ad quem”,
do postulado que veda a “reformatio in pejus” (CPP, art. 617, “in fine”).

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258/269
4/7
Supremo Tribunal Federal

HC 152974 MC / SP

Com efeito, o Desembargador Relator no E. Tribunal de Justiça do


Estado de São Paulo assegurou ao ora paciente o direito de aguardar em
liberdade a conclusão do processo em que proferida a condenação penal
que lhe foi imposta, havendo consignado, expressamente, em relação a
esse mesmo paciente, que o respectivo mandado de prisão somente
deveria ser expedido “Após o trânsito em julgado (…)”.

O E. Superior Tribunal de Justiça, entretanto, determinou, em recurso


exclusivo do réu, ora paciente, fosse instaurada, contra ele, a pertinente
execução provisória da condenação criminal.

Tem-se entendido, nesta Suprema Corte, que, em situações como a


ora em exame, em que o Ministério Público sequer se insurgiu contra o
pronunciamento do órgão judiciário “a quo” que garantiu ao paciente o
direito de recorrer em liberdade, não pode o Tribunal de superior
jurisdição suprimir esse benefício, em detrimento do condenado, sob pena de
ofensa à cláusula final inscrita no art. 617 do Código de Processo Penal:

“(…) POSSÍVEL OFENSA AO PRINCÍPIO QUE VEDA A


‘REFORMATIO IN PEJUS’ (CPP, ART. 617, ‘in fine’), POIS O
TRIBUNAL DE INFERIOR JURISDIÇÃO ORDENOU QUE SE
PROCEDESSE, EM PRIMEIRO GRAU, À IMEDIATA
EXECUÇÃO ANTECIPADA DA PENA, NÃO OBSTANTE ESSE
COMANDO HOUVESSE SIDO DETERMINADO EM
RECURSO EXCLUSIVO DO RÉU CONDENADO, A QUEM SE
ASSEGURARA, NO ENTANTO, EM MOMENTO ANTERIOR,
SEM IMPUGNAÇÃO RECURSAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO,
O DIREITO DE AGUARDAR EM LIBERDADE A
CONCLUSÃO DO PROCESSO. (…).”
(HC 147.452/MG, Rel. Min. CELSO DE MELLO)

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259/269
5/7
Supremo Tribunal Federal

HC 152974 MC / SP

Vale consignar que se registram, no sentido que venho de expor,


diversas outras decisões proferidas no âmbito do Supremo Tribunal
Federal (HC 135.951-MC/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI –
HC 140.217-MC/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 142.012-
-MC/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 142.017-MC/DF,
Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 147.428-MC/MG, Rel. Min.
CELSO DE MELLO – HC 148.122-MC/MG, Rel. Min. CELSO DE
MELLO – HC 153.431/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.).

Sendo assim, e tendo presentes as razões expostas, defiro o pedido de


medida liminar, para, até final julgamento deste “habeas corpus”, suspender,
cautelarmente, o início da execução da pena determinada nos autos do
REsp nº 1.639.698/SP, do E. Superior Tribunal de Justiça, restando
impossibilitada, em consequência, a efetivação da prisão de Oscar Victor
Rollemberg Hansen em decorrência da condenação criminal (ainda não
transitada em julgado) que lhe foi imposta no Processo-crime nº 0077446-
-88.2009.8.26.0576 (5ª Vara Criminal da comarca de São José do Rio
Preto/SP).

Caso referido paciente já tenha sido preso em razão da ordem


de execução provisória da pena imposta nos autos do Processo-
-crime nº 0077446-88.2009.8.26.0576 (5ª Vara Criminal da comarca de São
José do Rio Preto/SP), deverá ser ele posto imediatamente em liberdade,
se por al não estiver preso.

Comunique-se, com urgência, transmitindo-se cópia desta


decisão ao E. Superior Tribunal de Justiça (REsp nº 1.639.698/SP),
ao E. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (Apelação
Criminal nº 0077446-88.2009.8.26.0576) e ao Juízo de Direito da
5ª Vara Criminal da comarca de São José do Rio Preto/SP (Processo-
-crime nº 0077446-88.2009.8.26.0576).

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260/269
6/7
Supremo Tribunal Federal

HC 152974 MC / SP

2. Ouça-se a douta Procuradoria-Geral da República sobre o mérito


da presente impetração.

Publique-se.

Brasília, 01 de março de 2018.

Ministro CELSO DE MELLO


Relator

7
Processo: 0805810-32.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO - Advogado
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EXCELENTÍSSIMO JUIZ FEDERAL DA 12ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA
DO ESTADO DO CEARÁ

Ref. Execução Provisória nº 0805810-32.2016.4.05.8100


PEDIDO DE RECONSIDERAÇÃO

IELTON BARRETO DE OLIVEIRA, já qualificado nos


autos do processo em epígrafe, por seus advogados, comparece à presença
de Vossa Excelência, em face do pedido de execução provisória da
condenação que lhe foi imposta e da decisão de V.Exa. datada de
14/03/2018 expor e requerer o quanto segue:

1. A defesa apresentou petição argumentando que o título


executivo representado pela sentença traria disposição expressa no sentido
de que o cumprimento da pena apenas poderia se dar após o trânsito em
julgado de eventual decisão condenatória, o que ainda não ocorreu, sob pena
de reformatio in pejus, uma vez não haver o Ministério Público recorrido.

2. V.Exa. despachou entendendo que não se trata na espécie


de reformatio in pejus porquanto já teria ocorrido o julgamento de segundo
grau, podendo ser executada a sentença, mesmo não tendo ocorrido o
transito em julgado da mesma conforme expressamente confirmado na
sentença e no pedido do Ministério Público.

3. Ocorre que V. Exa. entendeu que o fundamento da referida


petição seria o parágrafo 89 da sentença, no qual resta expresso que os
réus deveriam apelar em liberdade, quando, na verdade, o fundamento
consiste no disposto no parágrafo 90, o qual determina a remessa dos autos

263/269
1/3
para a Vara Federal somente após o trânsito em julgado da sentença,
quando deverá ter início a execução da pena. Verbis:
90. Determino, ainda, imediatamente após o trânsito em julgado
desta sentença, a remessa dos autos à Vara Federal competente
para a execução da pena aqui aplicada.

4. A sentença, portanto, foi clara ao determinar que a execução


da pena somente se dará após o seu trânsito em julgado, não tendo o
Ministério Público recorrido.

5. Data vênia, diante de fatos novos, do próprio teor da


sentença ora discutido e do recente entendimento do STF, impõe-se a
reconsideração da Vossa decisão, conforme se demonstrará:

6. Na data de ontem, a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal,


ao julgar o HC 144.717, referendou o entendimento esposado pela defesa do
peticionante!

7. Aliás, é importante destacar que o caso foi desafetado do


Plenário exatamente porque se entendeu que esta matéria específica estaria
fora do alcance da discussão sobre a possibilidade ou não da prisão após
condenação de segundo grau.

8. Em que pese o acórdão não tenha sido publicado, o próprio


sítio eletrônico do STF traz a informação:

264/269
2/3
9. Assim, ao tempo em que protesta pela juntada do acórdão,
assim que publicado, vem reiterar o pedido de que seja reconsiderada Vossa
Decisão, para não determinar a continuidade do feito, suspendendo a
execução até o transito em julgado do processo, conforme estabelecido na
sentença que transitou em julgado para o MPF, e na jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal, garantindo-se ao Requerente o direito de
aguardar em liberdade o trânsito em julgado da ação penal a que responde.

P. deferimento.
Brasília, 14 de março de 2018.

ANASTACIO MARINHO
OAB CE 8502

Processo: 0805810-32.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO - Advogado
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14/03/2018 Supremo Tribunal Federal

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2ª Turma revê decisão que enviou dois habeas corpus para o Plenário
13/03/2018 17h50 - Atualizado há um dia

A Segunda Turma do Supremo Tribunal (STF) decidiu rever as decisões que encaminharam para o Plenário,
em 20 de fevereiro último, dois Habeas Corpus (HCs 136720 e 144717) relatados pelo ministro Ricardo
Lewandowski. Na ocasião, os ministros entenderam que os casos discutiam a chamada execução provisória
da pena, tema que deve ser analisado pelo Plenário no julgamento de mérito das Ações Declaratórias de
Constitucionalidade (ADCs) 43 e 44.

No início da sessão desta terça-feira (13), o ministro Lewandowski levantou questão de ordem para relatar
que, no caso do HC 136720, houve uma decisão superveniente do Superior Tribunal de Justiça (STJ) no sentido
de determinar ao réu prestação de serviços à comunidade, o que levou a defesa a requerer a desistência do
HC. Como não há mais risco à liberdade, o ministro decidiu propor a desafetação do caso e, na sequência,
julgar prejudicada a impetração em razão do pedido de desistência. Acompanharam esse entendimento os
demais ministros presentes à sessão.

Já no HC 144717, que tramita sob segredo de justiça, o ministro explicou que a sentença garantiu ao réu o
direito de apelar em liberdade, decisão mantida em segunda instância (Tribunal de Justiça do Estado de Rio
Grande do Sul) e que não foi questionada pelo Ministério Público, que só veio a pedir a prisão no âmbito do
STJ. Para o relator, como há decisão com trânsito em julgado quanto ao direito de recorrer em liberdade, não
há relação com o caso a ser julgado pelo Plenário relativo à execução provisória da pena. Nesse processo,
acompanharam o relator os ministros Dias To oli e Gilmar Mendes. O ministro Edson Fachin divergiu,
votando pela manutenção da submissão do caso ao Pleno.

MB/AD

Leia mais:
20/02/2018 – 2ª Turma envia para o Plenário HCs que discutem execução penal após condenação em
segundo grau (http://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=370109)

Processo relacionado: HC 144717 (/processos/detalhe.asp?incidente=5202477)

Processo relacionado: HC 136720 (/processos/detalhe.asp?incidente=5041598)

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4/4
INTEIRO TEOR DA EXECUÇÃO
PROVISÓRIA Nº 0805812-02.2016.4.05.8100

1/294
Tribunal Regional Federal da 5ª Região
PJe - Processo Judicial Eletrônico
Consulta Processual

14/03/2018

Número: 0805812-02.2016.4.05.8100
Classe: EXECUÇÃO PROVISÓRIA
Partes
Tipo Nome
CONDENADO JERONIMO ALVES BEZERRA
ADVOGADO Caio Cesar Vieira Rocha
ADVOGADO ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO
EXEQUENTE MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

Documentos
Id. Data/Hora Documento Tipo
4058100.1464149 21/06/2016 TERMO DE AUTUAÇÃO Petição Inicial
15:49
4058100.1464150 21/06/2016 0012628-43.2010.4.05.8100 - JERÔNIMO Documento de Comprovação
15:49 ALVES BEZERRA - Parte 1
4058100.1464152 21/06/2016 0012628-43.2010.4.05.8100 - JERÔNIMO Documento de Comprovação
15:49 ALVES BEZERRA - Parte 2
4058100.1464153 21/06/2016 0012628-43.2010.4.05.8100 - JERÔNIMO Documento de Comprovação
15:49 ALVES BEZERRA - Parte 3
4058100.1464159 21/06/2016 Certidão de Distribuição Certidão
15:49
4058100.1480587 28/06/2016 Manifestação Contestação
14:42
4058100.1480588 28/06/2016 Petição - Vara de Execução - Jerônimo - Documento de Comprovação
14:42 aguardar o trânsito em julgado
4058100.1749680 05/10/2016 Despacho Despacho
15:06
4058100.1767857 11/10/2016 Retificação de autuação Certidão
12:56
4058100.1767873 11/10/2016 Intimação Expediente
12:58
4058100.1791243 20/10/2016 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
08:38
4058100.1792794 20/10/2016 Execução Penal Execução / Cumprimento de
13:21 Sentença
4058100.1792795 20/10/2016 PET 21024 execucao penal 0805812- Documento de Comprovação
13:21 02.2016.4.05.8100
4058100.1941368 12/12/2016 Petição comunicando decisão STJ Petição
13:51
4058100.1941369 12/12/2016 Jerônimo - Comunicando decisão STJ Documento de Comprovação
13:51
4058100.1941374 12/12/2016 Decisão STJ Documento de Comprovação
13:51
4058100.1941377 12/12/2016 Decisão STJ - publicação Documento de Comprovação
13:51
4058100.1958428 16/12/2016 Telegrama Certidão
14:28
4058100.1958429 16/12/2016 TELEGRAMA STJ 5T 43228-2016 Documento de Comprovação
14:28
4058100.2223587 29/03/2017 Inspeção Despacho Inspeção
17:01
4058100.2432091 06/06/2017 Decisão Decisão
12:45
4058100.3294594 21/02/2018 Certidão - JULGAMENTO AINDA PENDENTE Certidão
13:58 NO STJ

2/294
4058100.3294595 21/02/2018 STJ - Consulta Processual - PEDIDO DE Documento de Comprovação
13:58 TUTELA PROVISÓRIA NO STJ
4058100.3294649 21/02/2018 Intimação Expediente
14:07
4058100.3295631 21/02/2018 Ciencia Cota
16:13
4058100.3313771 26/02/2018 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
17:17
4058100.3367798 02/03/2018 Inspeção Despacho Inspeção
12:14
4058100.3402659 12/03/2018 PEDIDO DE EXECUÇÃO Promoção
10:52
4058100.3402660 12/03/2018 PRO 04439 execucao provisoria PM 0805812- Documento de Comprovação
10:52 02.2016.4.05.8100
4058100.3402665 12/03/2018 tp 38 cassacao Documento de Comprovação
10:52
4058100.3402667 12/03/2018 RESP 1449193 Documento de Comprovação
10:52
4058100.3402708 12/03/2018 PPEDIDO DE EXECUÇÃO Promoção
10:57
4058100.3402709 12/03/2018 PRO 04439 execucao provisoria PM 0805812- Documento de Comprovação
10:57 02.2016.4.05.8100
4058100.3402711 12/03/2018 tp 38 cassacao Documento de Comprovação
10:57
4058100.3402713 12/03/2018 RESP 1449193 Documento de Comprovação
10:57
4058100.3407094 12/03/2018 Manifestação Memoriais
17:38
4058100.3407095 12/03/2018 IELTON BARRETO - PET VIOLAÇÃO Documento de Comprovação
17:38 PRINCIPIO NON REFORMATIO IN PEJUS
EXEC PROV
4058100.3407109 12/03/2018 decisão HC 152.794-SP Documento de Comprovação
17:38
4058100.3407171 12/03/2018 Manifestação Manifestação
17:44
4058100.3407172 12/03/2018 JERÔNIMO A BEZERRA - PET VIOLAÇÃO Documento de Comprovação
17:44 PRINCIPIO NON REFORMATIO IN PEJUS -
EXC PROV
4058100.3407176 12/03/2018 decisão HC 152.794-SP Documento de Comprovação
17:44
4058100.3417290 14/03/2018 Petido de Reconsideração Pedido de reconsideração
16:25
4058100.3417291 14/03/2018 Jerônimo Petição Infomando Decisão STF1 (3) Documento de Comprovação
16:25
4058100.3417298 14/03/2018 Supremo Tribunal Federal - notícia Documento de Comprovação
16:25

3/294
TERMO DE AUTUAÇÃO

Nº PROCESSO

AUTOR: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

RÉU: JERÔNIMO ALVES BEZERRA

Nº PROCESSO DE ORIGEM: 0012628-43.2010.4.05.8100

SISTEMA PROCESSO DE ORIGEM: TEBAS

JUSTIFICATIVAS:

Processo: 0805812-02.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
FABIO MAGALHAES RODRIGUES - Servidor Cadastrador
16062115481419100000001465143
Data e hora da assinatura: 21/06/2016 15:49:24
Identificador: 4058100.1464149
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 4/294
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Processo: 0805812-02.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
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Identificador: 4058100.1464150
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 68/294
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Assinado eletronicamente por:
FABIO MAGALHAES RODRIGUES - Servidor Cadastrador
16062115484955200000001465146
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Identificador: 4058100.1464152
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 131/294
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46/48
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Processo: 0805812-02.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
FABIO MAGALHAES RODRIGUES - Servidor Cadastrador
16062115484955300000001465147
Data e hora da assinatura: 21/06/2016 15:49:24
Identificador: 4058100.1464153
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 179/294
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TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL 5ª REGIÃO
12ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
PROCESSO Nº: 0805812-02.2016.4.05.8100
CLASSE: EXECUÇÃO DA PENA
EXEQUENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
EXECUTADO: JERONIMO ALVES BEZERRA

Certidão de Distribuição

Tipo da Distribuição: Sorteio.


Concorreu(ram): 12ª VARA FEDERAL.
Impedido(s): -
Distribuído para: 12ª VARA FEDERAL.

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Manifestação.

Processo: 0805812-02.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO - Advogado
16062814413195200000001481595
Data e hora da assinatura: 28/06/2016 14:42:43
Identificador: 4058100.1480587
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 181/294
1/1
EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA 12ª VARA DA SEÇÃO
JUDICIÁRIA DO ESTADO DO CEARÁ.

PROCESSO Nº 0805812-02.2016.4.05.8100
EXEQUENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
EXECUTADO: JERONIMO ALVES BEZERRA

JERÔNIMO ALVES BEZERRA, brasileiro, solteiro, inscrito no CPF/MF


sob o nº 232.814.993-68, residente e domiciliado à Rua Paula Ney, nº 827, apt. 1301,
Aldeota, Fortaleza/CE, vem, com o devido respeito, perante V. Exa., expor e requerer o
seguinte:

I – BREVE HISTÓRICO PROCESSUAL

1. O Requerente foi condenado pela prática dos crimes previstos nos artigos
7º, IV, da Lei nº 7.492/86 e 27-C da Lei nº 6.385/76, supostamente praticados entre os
anos de 2000 e 2006.

2. Embora o Ministério Público tenha se contentado com os termos da


sentença prolatada em primeira instância, a defesa apelou dessa decisão, havendo a 3ª
Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região dado parcial provimento ao recurso,
para afastar a condenação do Peticionante em relação ao crime previsto no artigo 27-C
da Lei nº 6.385/76, bem como para reconhecer a prescrição em relação à parte das
condutas que lhes foram imputadas.

3. Opostos, em duas oportunidades, embargos de declaração, o acórdão foi


mantido, ensejando a interposição de Recurso Especial, pelas alíneas “a” e “c” do artigo
105, III, da CF/88 em favor deste Peticionante.

182/294
1/24
4. Ante a evidente violação a normas federais, o recurso foi admitido, sendo
autuado, no Superior Tribunal de Justiça, como REsp nº 1.449.193/CE, sob a relatoria do
Min. FÉLIX FISCHER.

5. Para a surpresa da defesa e apesar de não possuir mais jurisdição sobre


o caso, o juiz da 11ª Vara, invocando a decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal
no julgamento do HC 129.292, determinou que fossem remetidas cópias das principais
peças ao juízo das execuções penais, para o início do cumprimento da reprimenda
aplicada ao Requerente. Confira-se:

“Considerando o entendimento firmado pelo colendo Supremo Tribunal


Federal de que "a possibilidade de início da execução da pena
condenatória após a confirmação da sentença em segundo grau não
ofende o princípio constitucional da presunção da inocência" (HC 126292,
de 17/02/2016 - relator: ministro Teori Zavascki), determino que a
Secretaria extraia as peças discriminadas nos artigos 106 e 109 do
Provimento nº 01, de 25 de março de 2009, da Corregedoria Regional da
Justiça Federal da 5ª. Região, e as remeta ao Setor de Distribuição desta
Seção Judiciária para autuação de Execução Penal (classe 103) em
desfavor dos réus FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS, GERALDO
DE LIMA GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e
JERÔNIMO ALVES BEZERRA e distribuição à 12ª. Vara Federal,
privativa das execuções penais, através do Processo Judicial Eletrônico -
PJE.
2. Após a formação dos autos da Execução Penal, arquivem-se os
presentes autos, com baixa na Distribuição.
3. Expediente de praxe.
4. Cumpra-se.”

6. Tal decisão, no entanto, importa em flagrante constrangimento ilegal,


conforme se passa a demonstrar.

II – DA INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO DA 11ª VARA PARA ORDENAR A FORMAÇÃO


DE AUTOS PARA A EXECUÇÃO DA PENA – EXAURIMENTO DA INSTÂNCIA –
COMPETÊNCIA EXCLUSIVA DO RELATOR DO RECURSO ESPECIAL

7. Inicialmente, salta aos olhos a que o juiz da 11ª Vara não mais possuía
competência para proferir decisão no presente processo, muito menos determinar ou
sugerir o cumprimento antecipado da pena.

183/294
2/24
8. É o que sobressai, com clareza solar, do artigo 34, inciso III do Regimento
Interno do Superior Tribunal de Justiça:

“Art. 34. Compete ao Relator:


(…)
XIII – decidir o pedido de carta de sentença e assiná-la”.

9. A decisão sobre a prisão do Peticionante, quando já interposto o Recurso


Especial, portanto, é de responsabilidade do Relator do Recurso Especial.

10. Note-se, portanto, que, in casu, é flagrante a incompetência da 11ª Vara


Federal para determinar o cumprimento da pena. Da mesma forma, a 12ª Vara Federal,
juízo privativo das execuções penais, visto que, com o encaminhamento dos autos à sua
jurisdição, poderia, inadvertidamente, determinar o cumprimento antecipado da pena ao
ora Requerente, materializando-se, de modo precipitado e ilegal, o jus puniendi estatal.

III – DA NECESSIDADE DE TRÂNSITO EM JULGADO ESTABELECIDA NO TÍTULO


EXECUTIVO – IMPOSSIBILIDADE DE REFORMATIO IN PEJUS

11. O caso em tela possui peculiaridade que impede a execução provisória da


pena antes de seu trânsito em julgado.

12. É que a própria sentença, título executivo, foi expresso em afirmar que a
execução da pena deveria ocorrer “após o transito em julgado”. Confira-se:

184/294
3/24
13. Na realidade, conforme se depreende de sua leitura, além de determinar
que a prisão do Peticionante somente deveria ocorrer após o transito em julgado, a
sentença chegou a reconhecer inexistirem elementos ensejadores da prisão cautelar.

14. Não existiam naquela época, nem atualmente!

15. De toda forma, certo é que o Ministério Público quedou-se inerte,


satisfazendo-se com o título executivo obtido.

185/294
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16. Ora, ainda que se pretenda executar provisoriamente a pena, a execução
está adstrita aos exatos termos da sentença e esta é expressa em afirmar que a prisão
somente deve dar-se após o trânsito em julgado.

17. A questão, portanto, não diz respeito, apenas, sobre a possibilidade ou


não da prisão ser decretada após a decisão proferida em Segundo Grau em jurisdição.

18. No caso em tela, existe uma questão anterior a ser discutida, que
prescinde da análise da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal. É que, no caso
específico, a alteração do título executivo (sentença), sem recurso manejado pelo
Ministério Público, importaria em flagrante reformatio in pejus.

19. Em outras palavras, se a sentença condenatória expressamente afirma


que o cumprimento da pena deve dar-se apenas com o trânsito em julgado, não havendo
recurso por parte do Ministério Público, é expressamente vedado ao judiciário impor a
prisão cautelar do Réu.

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20. Nem se venha argumentar que o Ministério Público não teria recorrido em
face do então entendimento do Supremo Tribunal Federal. Tanto como hoje, a decisão
que orientava aquela Corte havia sido proferida no HC 84.078 da Relatoria do Ministro
EROS GRAU, sem força vinculante.

21. Vale dizer, quisesse a acusação a prisão do Acusado a partir da decisão


de Segundo Grau, deveria ter recorrido desta parte da sentença.

22. Mas não é só. A ausência de pedido do Ministério Público também deixa
às claras outra flagrante violação ao sistema acusatório e aos princípios da iniciativa das
partes e do impulso oficial.

23. Desde o advento da Constituição Federal de 1988 que o processo penal é


regido pelo sistema acusatório, que estabelece uma clara e nítida distinção entre as
funções de acusar, defender e julgar.

24. Corolário disso são os princípios da iniciativa das partes e da inércia ou


impulso oficial segundo os quais a jurisdição somente pode ser exercida se provocada
pela parte ou interessado.

25. É o que dispõe o art. 2º do Código de Processo Civil, aplicável


subsidiariamente à questão:

Art. 2º Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou


o interessado a requerer, nos casos e forma legais.

26. No processo penal este princípio decorre do art. 24 do CPP que


estabelece:

Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia
do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição
do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver
qualidade para representá-lo.

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27. Neste sentido esclarece WLADIMIR ARAS1:

“A consequência imediata do princípio da iniciativa é que o juiz


estará adstrito ao pedido do promovente da ação. Não poderá julgar
além do pedido das partes. Ne eat judex ultra petita partium, pois, caso
contrário, estaria dando início a uma acusação diversa da apresentada,
pois mais ampla. Define-o bem a regra do art. 128 do Código de Processo
Civil, segundo a qual "O juiz decidirá a lide nos limites em que foi
proposta, sendo-lhe defeso conhecer de questões, não suscitadas, a cujo
respeito a lei exige a iniciativa das partes".

28. Por força destes princípios, não poderia o juiz de primeiro grau, sem
provocação do Ministério Público, decretar a prisão do Réu, sob pena de incorrer em
indevida e execrável reformatio in pejus.

29. Neste exato sentido, é a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça:

“HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. CRIME CONTRA O


SISTEMA FINANCEIRO. CONDENAÇÃO MANTIDA, EM SEDE DE
APELAÇÃO. EXPEDIÇÃO DE MANDADO DE PRISÃO ANTES DO
ESGOTAMENTO DAS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS. SENTENÇA QUE
CONDICIONA A EXECUÇÃO DA PENA AO TRÂNSITO EM JULGADO
DA CONDENAÇÃO. REFORMATIO IN PEJUS. IMPOSSIBILIDADE.
1. A execução provisória do julgado somente é possível após o
esgotamento das instâncias ordinárias, o que não se verificou na espécie,
tendo em vista que os embargos de declaração opostos contra o acórdão
proferido em sede de apelação criminal encontram-se pendentes de
julgamento.
2. A sentença condenatória condicionou a prisão do Paciente ao
trânsito em julgado do decreto condenatório e o Parquet não
impugnou a concessão dessa benesse, portanto, não pode o
Tribunal determinar a execução provisória do julgado, sob pena de
reformatio in pejus.
3. Precedentes dos Tribunais Superiores.
4. Ordem concedida para reconhecer o direito do Paciente aguardar em
liberdade o trânsito em julgado da condenação. (HC 63.232/MG, Rel.
Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 27/02/2007, DJ
26/03/2007, p. 264)

“HABEAS CORPUS. CONDENAÇÃO PARCIALMENTE MANTIDA EM


GRAU DE APELAÇÃO CRIMINAL. EXPEDIÇÃO DE MANDADO DE
PRISÃO. RECURSOS ESPECIAL E EXTRAORDINÁRIO PENDENTES
DE PROCESSAMENTO. SENTENÇA QUE CONDICIONOU O INÍCIO DA

1
ARAS, Wladimir. Princípios do processo penal. https://jus.com.br/artigos/2416/principios-do-processo-
penal.

188/294
7/24
EXECUÇÃO DA PENA APÓS O TRÂNSITO EM JULGADO.
RESIGNAÇÃO DO PARQUET A QUO. COAÇÃO ILEGAL
EVIDENCIADA. ORDEM CONCEDIDA. CO-RÉU NÃO-PACIENTE QUE
SE ENCONTRA EM SITUAÇÃO FÁTICO-PROCESSUAL IDÊNTICA.
EXTENSÃO DA DECISÃO QUE SE IMPÕE (ART. 580 DO CPP).
1. Caracteriza constrangimento ilegal a determinação do início da
execução da sanção por ocasião do julgamento de apelação
criminal, se a sentença condenatória condicionou a prisão do
paciente apenas após o trânsito em julgado da decisão repressiva e
se, quanto a este aspecto, não houve recurso do Ministério Público e
o decisum encontra-se sub judice, ante o ajuizamento de recursos
especial e extraordinário.
2. Ordem concedida para garantir ao paciente o direito de permanecer em
liberdade até o trânsito em julgado da sentença condenatória,
estendendo-se os efeitos desta decisão ao co-réu não-paciente, ex vi do
disposto no art. 580 do CPP. (HC 106005 / SP, Relator: Ministro JORGE
MUSSI DJe 02/02/2009)

“PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO. DIREITO DE


RECORRER EM LIBERDADE. SENTENÇA QUE DETERMINA A
EXPEDIÇÃO DE MANDADO DE PRISÃO APÓS O TRÂNSITO EM
JULGADO. AUSÊNCIA DE RECURSO DO MINISTÉRIO PÚBLICO.
EXPEDIÇÃO DE MANDADO DE PRISÃO PELO TRIBUNAL A QUO
APÓS O JULGAMENTO DO RECURSO DE APELAÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE. NÃO-APLICAÇÃO DA SÚMULA 267/STJ. ORDEM
CONCEDIDA.
1. Se a sentença assegura ao réu o direito de aguardar em liberdade
o trânsito em julgado da condenação e não há recurso do Ministério
Público, a ordem do Tribunal de origem para que seja expedido
mandado de prisão para o início da execução provisória da pena
configura reformatio in pejus. Precedentes.
2. Na hipótese, não se aplica o enunciado sumular 267 desta Corte, pois
expressamente garantido pela sentença condenatória o direito de
aguardar o trânsito em julgado em liberdade, e não apenas o direito de
recorrer em liberdade.
3. Ordem concedida para que o paciente possa aguardar o trânsito em
julgado da condenação em liberdade, se não estiver presente um dos
motivos ensejadores da prisão cautelar, de acordo com o art. 312 do
Código de Processo Penal. (HC 76563 / SP, Relator Ministro ARNALDO
ESTEVES LIMA, DJ 22/10/2007)

30. Nestas condições, ainda que tenha ocorrido mudança de entendimento na


jurisprudência quanto aos efeitos dos recursos extremos, esta condição não pode
modificar situação já cristalizada pelo manto da coisa julgada, que atingiu indelevelmente
o título executivo, traçando-lhe os limites de atuação do Estado.

189/294
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31. O título executivo transitado em julgado – e especialmente a sua parte
dispositiva – caracterizam uma garantia do réu, da qual não se pode, em hipótese
alguma, abrir mão.

IV - DO EQUIVOCADO ENTENDIMENTO QUANTO À REAL EXTENSÃO DA DECISÃO


PROFERIDA PELO STF NO HC Nº 126.292/SP

32. Desde que foi noticiado o julgamento do HC 126.292 pelo STF, quando o
acórdão ainda não havia sido sequer publicado, começaram a pulular pelo País diversas
decisões determinando a prisão indiscriminada a partir de acórdão condenatório de
segundo grau, como se a Corte Suprema tivesse determinado o cumprimento provisório
da pena sempre que um tribunal decidisse pela condenação, independentemente de
requisitos de cautelaridade.

33. O equívoco, no entanto, é patente, seja porque se está fazendo uma


leitura equivocada do quanto decidido pelo Supremo Tribunal Federal, seja pela falha
compreensão sobre o conceito de precedente, violando, assim, cláusula de reserva de
plenário e de barreira previstas no art. 97 da Constituição e na Súmula Vinculante 10 do
Supremo Tribunal Federal. Vejamos.

V - DO VERDADEIRO ALCANCE DA DECISÃO PROFERIDA PELO STF - DA


NECESSIDADE DE FUNDAMENTAÇÃO PARA A ORDEM DE PRISÃO AINDA QUE
DECORRENTE DE DECISÃO CONDENATÓRIA PROFERIDA EM SEGUNDO GRAU DE
JURISDIÇÃO

34. Ao contrário do que parece ter compreendido o juízo da 11ª Vara ao


ordenar a formação de autos para a execução da pena, a decisão proferida pelo Supremo
Tribunal Federal não tornou obrigatória ou automática a prisão de réu condenado em
segundo grau. Aliás, o STF não determinou a prisão de ninguém!

35. Na realidade, a decisão proferida pelo STF no julgamento do HC 126.292


nada mais fez do que repristinar o entendimento anterior à histórica decisão proferida no

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HC 84.078 da Relatoria do Ministro EROS GRAU em 2009, entendendo pela
possibilidade de prisão após decisão de segundo grau, desde que esta decisão fosse
devidamente fundamentada.

36. Em outras palavras, o que o Supremo Tribunal Federal afirmou foi a


possibilidade de, após o julgamento de segundo grau, estando presentes elementos
suficientes, possa o Réu ser preso por decisão fundamentada, da mesma forma como se
entendia antes do julgamento do HC 84.078.

37. Trata-se de leitura sistemática da Constituição em que, ao mesmo tempo


em que restou mitigado o princípio da inocência previsto no inciso LVII, do art. 5º da
Constituição Federal, ressaltou-se a importância do inciso LXI do mesmo artigo acima
citado, que expressamente dispõe que “ninguém será preso senão em flagrante delito ou
por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente”.

38. É o que restou expressamente assentado no voto do Ministro BARROSO


proferido no julgamento do HC 126.292:

“14. O pressuposto para a decretação da prisão no direito brasileiro


não é o esgotamento de qualquer possibilidade de recurso em face
da decisão condenatória, mas a ordem escrita e fundamentada da
autoridade judiciária competente, conforme se extrai do art. 5ª, LXI,
da Carta de 1988 .
15. Para chegar a essa conclusão, basta uma análise conjunta dos dois
preceitos à luz do princípio da unidade da Constituição. Veja-se que,
enquanto o inciso LVII define que “ninguém será considerado culpado até
o trânsito em julgado da sentença penal condenatória”, logo abaixo, o
inciso LXI prevê que “ninguém será preso senão em flagrante delito ou
por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente”.
Como se sabe, a Constituição é um conjunto orgânico e integrado de
normas, que devem ser interpretadas sistematicamente na sua conexão
com todas as demais, e não de forma isolada. Assim, considerando-se
ambos os incisos, é evidente que a Constituição diferencia o regime da
culpabilidade e o da prisão. Tanto isso é verdade que a própria
Constituição, em seu art. 5º, LXVI, ao assentar que “ninguém será levado
à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com
ou sem fiança”, admite a prisão antes do trânsito em julgado, a ser
excepcionada pela concessão de um benefício processual (a liberdade
provisória).
16. Para fins de privação de liberdade, portanto, exige-se
determinação escrita e fundamentada expedida por autoridade
judiciária.”

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39. Este era, exatamente, o entendimento do Superior Tribunal de Justiça
antes da primeira mudança de entendimento do STF no julgamento do HC 84.078 em
2009.

40. Com efeito, a Súmula 267 do STJ já dispunha:

“A interposição de recurso sem efeito suspensivo, contra decisão


condenatória não obsta a expedição de mandado de prisão.”

41. Não obstante, o entendimento daquela Corte jamais foi o de admitir a


prisão incondicional após a confirmação de condenação criminal em segundo grau, mas
sim de admiti-la quando presentes elementos suficientes a justificar a medida de
maneira fundamentada.

42. Aliás, o entendimento corrente sempre foi de que, se o réu esteve em


liberdade ao longo de todo processo, somente fundamentação própria, apontando
requisitos de cautelaridade, justificaria que viesse a ser encarcerado após o julgamento
da apelação, estando pendentes Recursos Especial ou Extraordinário.

43. Neste sentido o HC 47.314/SP, da relatoria do Ministro HÉLIO QUAGLIA


BARBOSA, julgado em 28/03/2006:

HABEAS CORPUS. ARTIGO 159, § 1º, DO CÓDIGO PENAL. AUSÊNCIA


DE PROVAS. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. EXPEDIÇÃO DE
MANDADO DE PRISÃO ANTES DO TRÂNSITO EM JULGADO.
AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL CONFIGURADO. ORDEM CONCEDIDA.
1. Incabível, na via eleita, reexaminar todo o contexto fático-probatório
para aferir a robustez das provas carreadas que embasaram a
condenação. Ademais, uma breve leitura do acórdão vergastado,
evidencia que há provas da participação do paciente no evento criminoso.
2. A Súmula 267 desta Corte deve ser conciliada com o princípio
constitucional da presunção de inocência. Isto significa que, antes
do trânsito em julgado da condenação, a execução provisória deve
pautar-se nos requisitos de cautelaridade, expondo os fatos que
justifiquem a necessidade da segregação cautelar.
3. In casu, a expedição do mandado de prisão foi determinada, tão-
somente, em decorrência do provimento da apelação, sem declinar

192/294
11/24
motivos que justificariam a execução da pena antes do trânsito em
julgado da condenação.
4. Ordem concedida para determinar que o paciente permaneça em
liberdade até o trânsito em julgado, salvo expedição de mandado de
prisão devidamente fundamentado.
(HC 47.314/SP, Rel. Ministro HÉLIO QUAGLIA BARBOSA, SEXTA
TURMA, julgado em 28/03/2006, DJ 15/05/2006, p. 297)

44. No mesmo sentido o HC 93.550/RR, relatado pela Ministra MARIA


THEREZA DE ASSIS MOURA, julgado em 13/12/2007:

PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ESTUPRO. CONDENAÇÃO


EM AÇÃO PENAL ORIGINÁRIA. RÉU OCUPANTE DE CARGO DE JUIZ
DE DIREITO. AUSÊNCIA DE TRÂNSITO EM JULGADO. EXPEDIÇÃO
DE MANDADO DE PRISÃO E RETIRADA DO NOME DA FOLHA DE
PAGAMENTO. EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA. OFENSA À
PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA. VERIFICAÇÃO.
1. Toda prisão processual deve ser calcada nos pressupostos e requisitos
do art. 312 do Código de Processo Penal.
2. A determinação da prisão e retirada do nome da folha de
pagamento, após acórdão condenatório em ação penal originária,
mas antes do trânsito em julgado, sem amparo em dados concretos
de cautelaridade, viola a garantia constitucional inserta no art. 5.º,
inciso LVII, da Constituição Federal.
3. Ordem concedida para assegurar ao paciente o direito de aguardar
em liberdade o trânsito em julgado da condenação, ressalvada a
hipótese de surgimento de fatos que revelem a necessidade de seu
encarceramento processual; mantida também a disposição
constante do acórdão condenatório relativa à manutenção do nome
do paciente na folha de pagamento, enquanto ainda perdure a ação
penal.

45. Neste sentido, também, podem-se citar os seguintes julgados, HC


42.849/RO, Rel. Ministro NILSON NAVES, SEXTA TURMA, julgado em 01/09/2005, DJ
06/02/2006, p. 351; HC 73.578/RS, Rel. MIN. CARLOS FERNANDO MATHIAS (JUIZ
CONVOCADO DO TRF 1ª REGIÃO), SEXTA TURMA, julgado em 30/08/2007, DJ
15/10/2007, p. 357; HC 47.314/SP, Rel. Ministro HÉLIO QUAGLIA BARBOSA, SEXTA
TURMA, julgado em 28/03/2006, DJ 15/05/2006, p. 297; HC 51.004/SP, Rel. Ministro
NILSON NAVES, SEXTA TURMA, julgado em 20/04/2006, DJ 12/06/2006, p. 546.

46. Mesmo após o julgamento do HC 126.292 pelo STF, o Superior Tribunal


de Justiça voltou a expressar esse entendimento no julgamento do HC 348.224/SP,
julgado em 26/04/2016:

193/294
12/24
PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO.
INADEQUAÇÃO. TRÁFICO INTERNACIONAL DE DROGAS. REGIME
PRISIONAL MAIS GRAVOSO (FECHADO). PENA INFERIOR A 8 ANOS.
NATUREZA E QUANTIDADE DE DROGAS. FUNDAMENTAÇÃO
SUFICIENTE. PRISÃO CAUTELAR. DECRETAÇÃO EM SEGUNDA
INSTÂNCIA. POSSIBILIDADE. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. GARANTIA
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL. RÉ ESTRANGEIRA. ORDEM NÃO
CONHECIDA.
1. Esta Corte e o Supremo Tribunal Federal pacificaram orientação no
sentido de que não cabe habeas corpus substitutivo do recurso
legalmente previsto para a hipótese, impondo-se o não conhecimento da
impetração, salvo quando constatada a existência de flagrante ilegalidade
no ato judicial impugnado.
2. A obrigatoriedade do regime inicial fechado aos sentenciados por
crimes hediondos e a eles equiparados não mais subsiste, diante da
declaração de inconstitucionalidade, incidenter tantum, do disposto no §
1º do art. 2º da Lei n. 8.072/1990, pelo Supremo Tribunal Federal, no
julgamento do HC 111.840/ES.
3. A jurisprudência desta Corte é no sentido de que, embora a paciente
seja primária e a pena tenha sido estabelecida em 4 anos e 8 meses de
reclusão, não se mostra ilegal a imposição do regime mais severo com
fundamento na natureza e na expressiva quantidade de droga
apreendida, uma vez que tais circunstâncias foram elencadas pelo
próprio legislador como prevalecentes, nos termos do art. 33, § 3º, do
Código Penal, c/c o art. 42 da Lei n. 11.343/2006.
4. In casu, o Tribunal a quo sopesou a quantidade e a natureza da droga
apreendida - 2.398 (duas mil, trezentos e noventa e oito) gramas de
cocaína - na escolha do regime prisional fechado, em consonância com
as diretrizes estabelecidas nos arts. 33 e 59 do Código Penal e 42 da Lei
de Drogas.
5. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do
Habeas Corpus 126.292/SP, entendeu que a possibilidade de início
da execução da pena condenatória após a confirmação da sentença
em segundo grau não ofende o princípio constitucional da
presunção da inocência. Para o relator do caso, Ministro Teori
Zavascki, a manutenção da sentença penal pela segunda instância
encerra a análise de fatos e provas que assentaram a culpa do
condenado, o que autoriza o início da execução da pena.
6. A segregação cautelar é medida excepcional, mesmo no tocante
ao crime de tráfico de entorpecentes. O decreto de prisão processual
exige a especificação de que a segregação atende a pelo menos um
dos requisitos do art. 312 do Código de Processo Penal, sendo certo
que a proibição abstrata da liberdade provisória também se mostra
incompatível com a presunção de inocência, para não antecipar a
reprimenda a ser cumprida no caso de uma possível condenação.
7. Hipótese em que o Tribunal Regional pautou a prisão cautelar na
necessidade de garantia da aplicação da lei penal, uma vez que se trata
de paciente estrangeira, sem qualquer vínculo com o país, em
conformidade com a jurisprudência desta Corte. Precedentes.

194/294
13/24
8. Ordem não conhecida.

47. Este, aliás, também era o entendimento do Supremo Tribunal Federal


antes do julgamento do HC 84.078 em 2009.

48. Com efeito, no julgamento do HC 88174, ocorrido em 12 de dezembro de


2006, restou assentado:

HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. AUSÊNCIA DE


FUNDAMENTO PARA A PRISÃO CAUTELAR. EXECUÇÃO
ANTECIPADA. INCONSTITUCIONALIDADE. A prisão sem fundamento
cautelar, antes de transitada em julgado a condenação,
consubstancia execução antecipada da pena. Violação do disposto no
artigo 5º, inciso LVII da Constituição do Brasil. Ordem concedida.
(HC 88174, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Relator(a) p/
Acórdão: Min. EROS GRAU, Segunda Turma, julgado em 12/12/2006,
DJe-092 DIVULG 30-08-2007 PUBLIC 31-08-2007 DJ 31-08-2007 PP-
00055 EMENT VOL-02287-03 PP-00568 LEXSTF v. 29, n. 345, 2007, p.
458-466)

49. Do mesmo modo entendeu o STF no julgamento do HC 90.895, ocorrido


em 12 de junho de 2007:

EMENTA: PENAL. HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL.


SENTENÇA CONDENATÓRIA. RECOLHIMENTO À PRISÃO PARA
APELAR. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO ADEQUADA. MEDIDA
EXCEPCIONAL. ORDEM CONCEDIDA. I - A determinação de prisão
cautelar que impede o paciente de recorrer em liberdade é medida
excepcional, devendo ser fundamentada de forma individualizada,
com a explicitação dos motivos que levaram o magistrado a impor a
medida extrema. II- Paciente que respondeu ao processo solto deve,
no caso, aguardar o trânsito em julgado em liberdade. III - Ordem
concedida.
(HC 90895, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira
Turma, julgado em 12/06/2007, DJe-047 DIVULG 28-06-2007 PUBLIC 29-
06-2007 DJ 29-06-2007 PP-00059 EMENT VOL-02282-07 PP-01282)

50. Mesmo o Ministro JOAQUIM BARBOSA, conhecido pelo rigor de suas


opiniões e defensor da mitigação do princípio da inocência, reconhecia a necessidade de
fundamentação concreta para cada caso específico e não a prisão indiscriminada a partir
do julgamento de segundo grau.

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51. Foi como decidiu no julgamento do HC 89.952, julgado em 15 de maio de
2007:
“HABEAS CORPUS. AUSÊNCIA DE TRÂNSITO EM JULGADO DA
SENTENÇA CONDENATÓRIA. AGRAVO DE INSTRUMENTO DE
DECISÃO QUE NÃO ADMITE RECURSO ESPECIAL PENDENTE.
EXECUÇÃO PROVISÓRIA. ANÁLISE DO CASO CONCRETO.
PACIENTE QUE PERMANECEU SOLTO. RECURSO EXCLUSIVO DA
DEFESA. RAZOABILIDADE. ORDEM CONCEDIDA. 1. Até que o Plenário
do Supremo Tribunal Federal decida de modo contrário, prevalece o
entendimento de que é constitucional a execução provisória da pena,
ainda que sem o trânsito em julgado e com recurso especial pendente. 2.
Até pronunciamento definitivo da Corte, a análise sobre a existência de
constrangimento ilegal deve ser feita em cada caso concreto. 3. No caso
em exame, o paciente permaneceu solto desde a instrução até o
momento, além de possuir residência certa. 4. Decreto de prisão que
não é razoável no contexto. 5. Ordem concedida.
(HC 89952, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma,
julgado em 15/05/2007, DJe-047 DIVULG 28-06-2007 PUBLIC 29-06-
2007 DJ 29-06-2007 PP-00144 EMENT VOL-02282-06 PP-01209)

52. Consta do corpo da mencionada decisão:

“Na hipótese sob julgamento, o paciente permaneceu solto até o


momento, tendo sido assegurada tal condição na sentença condenatória
da qual houve recurso exclusivo da defesa.
Assim, em que pese o Recurso Especial não ter sido admitido, conforme
extrato processual colhido no site do Tribunal de Justiça do Estado de
Minas Gerais, cuja juntada ora determino, houve interposição de agravo
de instrumento contra tal decisão, ainda não apreciado. Logo, ainda não
houve trânsito em julgado da sentença condenatória.
Diante desse quadro, considerando-se ainda que o paciente tem
residência certa, bem como que permaneceu solto desde a instrução
do processo até o presente momento, não se mostra razoável sua
prisão.
Ante o exposto, defiro a ordem para que o paciente aguarde em liberdade
o trânsito em julgado da sentença condenatória, ressalvada a hipótese de
estar encarcerado por motivo diverso.”

53. Como se vê, mesmo antes da primeira alteração jurisprudencial, a prisão,


após decisão de segundo grau, não era automática, como hoje se pretende, mas sim,
dependia da existência dos requisitos de cautelaridade expostos em ordem
fundamentada.

196/294
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54. No caso em tela, a ordem de prisão seria expedida sem qualquer
fundamento de cautelaridade, baseada apenas e tão somente na crença de que a decisão
do STF no HC 126.292, determinaria a execução indiscriminada da pena privativa de
liberdade após o julgamento de segundo grau, o que, como visto, não é verdade.

55. Conforme demonstrado, a decisão do STF foi no sentido de repristinar o


entendimento anterior ao HC 84.078 de 2009, devendo ser, igualmente, repristinada a
jurisprudência da época, sob pena de se dar ao novel entendimento da Suprema Corte
efeitos nunca pretendidos.

VI - DA VIOLAÇÃO AO ART. 283 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL E DA


CONSEQUENTE VIOLAÇÃO DA CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO,
EXPRESSA NO ARTIGO 97 DA CONSTITUIÇÃO, E DA SÚMULA VINCULANTE Nº 10

56. Não bastasse todo o exposto, a decisão da 11ª Vara de determinar a


formação de autos para a execução da pena viola, a uma só vez, o art. 283 do Código de
Processo Penal, assim como a cláusula de reserva de plenário expressa no art. 97 da
Constituição Federal e a Súmula Vinculante nº 10.

57. Isto porque o conteúdo do inciso LXII do artigo 5º da CF foi materializado


no art. 283 do Código de Processo Penal, inserido por meio da Lei nº 12.403, de 04 de
maio de 2011.

58. Com esta alteração legislativa o referido dispositivo legal passou a ter a
seguinte redação:

Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por
ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, em
decorrência de sentença condenatória transitada em julgado ou, no curso
da investigação ou do processo, em virtude de prisão temporária ou
prisão preventiva.

59. É o que se chama de constitucionalidade espelhada. Vale dizer, aquilo


que estava implicitamente contido na Constituição foi explicitamente transcrito no texto
infraconstitucional.

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Constituição Federal Código de Processo Penal
Art. 5º Art. 283
LVII - ninguém será considerado culpado até o Ninguém poderá ser preso senão em flagrante
trânsito em julgado de sentença penal delito ou por ordem escrita e fundamentada da
condenatória; autoridade judiciária competente, em decorrência de
LXI - ninguém será preso senão em flagrante sentença condenatória transitada em julgado ou,
delito ou por ordem escrita e fundamentada de no curso da investigação ou do processo, em
autoridade judiciária competente, salvo nos casos virtude de prisão temporária ou prisão preventiva.
de transgressão militar ou crime propriamente
militar, definidos em lei;

60. Significa dizer que para que o art. 283 não seja aplicado em sua
literalidade é necessário que a matéria seja julgada em sede de arguição de
inconstitucionalidade.

61. Com efeito, dispõe o art. 97 da Constituição Federal que:

Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos
membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público.

62. O comando do mencionado artigo foi evidenciado com a edição da


Súmula Vinculante nº 10, do Supremo Tribunal Federal, ao dispor que:

“Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de


órgão fracionário de Tribunal que embora não declare expressamente a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua
incidência, no todo ou em parte.”

63. Ora, como o STF, no julgamento do HC 126.292 deixou de declarar a


inconstitucionalidade do art. 283 do Código de Processo Penal, à jurisdição
infraconstitucional resta apenas enfrentar a matéria pela via da arguição do incidente de
inconstitucionalidade, já que o Juiz não está autorizado a deixar de aplicar uma lei que se
presume válida.

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64. Neste sentido, aliás, dispôs de maneira expressa o novo Código de
Processo Civil, aplicável supletivamente ao caso em questão, ao estabelecer em seus
artigos 948 a 950 que:

Art. 948. Arguida, em controle difuso, a inconstitucionalidade de lei ou de


ato normativo do poder público, o relator, após ouvir o Ministério Público e
as partes, submeterá a questão à turma ou à câmara à qual competir o
conhecimento do processo.
Art. 949. Se a arguição for:
I - rejeitada, prosseguirá o julgamento;
II - acolhida, a questão será submetida ao plenário do tribunal ou ao
seu órgão especial, onde houver.
Parágrafo único. Os órgãos fracionários dos tribunais não submeterão ao
plenário ou ao órgão especial a arguição de inconstitucionalidade quando
já houver pronunciamento destes ou do plenário do Supremo Tribunal
Federal sobre a questão.
Art. 950. Remetida cópia do acórdão a todos os juízes, o presidente do
tribunal designará a sessão de julgamento.
§ 1º As pessoas jurídicas de direito público responsáveis pela edição do
ato questionado poderão manifestar-se no incidente de
inconstitucionalidade se assim o requererem, observados os prazos e as
condições previstos no regimento interno do tribunal.
§ 2º A parte legitimada à propositura das ações previstas no art. 103 da
Constituição Federal poderá manifestar-se, por escrito, sobre a questão
constitucional objeto de apreciação, no prazo previsto pelo regimento
interno, sendo-lhe assegurado o direito de apresentar memoriais ou de
requerer a juntada de documentos.
§ 3º Considerando a relevância da matéria e a representatividade dos
postulantes, o relator poderá admitir, por despacho irrecorrível, a
manifestação de outros órgãos ou entidades.

65. Mesmo que o próprio Tribunal Regional Federal da 5ª Região queira


determinar a prisão após decisões proferidas em sede de Recurso de Apelação, a
cláusula de reserva de plenário, insculpida no art. 97 da Constituição e reforçada pela
edição da Súmula Vinculante nº 10, impede que os acórdãos condenatórios prolatados
determinem a execução antecipada da pena à revelia da lei, cuja constitucionalidade
deverá ser arguida incidentalmente perante o plenário da Corte, enquanto não se prolatar
decisão dotada de efeito erga omnes.

66. Não resta dúvida, portanto, de que a decisão de ordenar a formação de


autos para a execução da pena é nula por violação à cláusula de reserva de plenário e da
Súmula Vinculante nº 10 do STF, sendo inaplicável o comando de prisão do Réu.

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VII - DOS EFEITOS PROSPECTIVOS DA DECISÃO DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL

67. Um dos grandes equívocos do juízo da 11ª Vara é que sua determinação
de formar novos autos para executar a pena parece dar efeito de precedente à decisão
proferida pelo Supremo Tribunal Federal em caso isolado, sem análise de sua dimensão
qualitativa e funcional.

68. Isto porque nem toda decisão judicial pode ser vista como um precedente.
Apenas aquelas “dotadas de potencialidade de se firmar como paradigma para a
orientação dos jurisdicionados e magistrados”2,podem ser assim consideradas.

69. Para que isto ocorra, é necessário que a decisão não se limite a analisar
a interpretação do texto legal ou constitucional, mas é necessário que “a decisão enfrente
todos os principais argumentos relacionados à questão de direito posta na moldura do
caso concreto, até porque os contornos de um precedente podem surgir a partir da
análise de vários casos, ou melhor, mediante uma construção da solução judicial da
questão de direito que passa por diversos casos.”3

70. A decisão proferida no HC 126.292, por sua vez, foi adotada em um caso
isolado e colheu a comunidade jurídica de surpresa, não tendo sido realizado os grandes
debates sobre o tema.

71. De toda forma, ainda que se reconheça à mencionada decisão os efeitos


de precedente, vinculando decisões judiciais e ordenando comportamentos, é necessário
que se reconheça sua força como norma, atraindo a aplicação do adágio segundo o qual
a lei penal não pode retroagir para prejudicar o Réu.

72. Em outras palavras, se a decisão prolatada pelo STF no julgamento do


HC 126.292 está produzindo efeito de lei (precedente), vinculando decisões de

2
MARINONI, Luiz Guilherme. Precedentes obrigatórios. 4ª Ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016, p.
155.
3
Idem.

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magistrados por todo País, forçoso é se aplicar a ela, também, os efeitos da
irretroatividade da lei penal.

73. Nos países de Comon Law, a alteração de precedente por um tribunal é


chamada de overruling. Quando isto é feito, atingindo os casos futuros, ela é chamada de
prospective overruling ou sunbursting4.

74. O fundamento para a prospective overruling é garantir a confiança que o


jurisdicionado possui nas decisões da própria Corte ou como, no caso concreto, no seu
próprio Supremo Tribunal Federal.

75. Trata-se da aplicação do princípio da segurança jurídica, que garante que


o cidadão não seja surpreendido por um entendimento diverso daquele no qual
depositava a confiança de seus atos.

76. No caso em tela, toda a orientação prestada ao Réu, no que tange a


estratégia de sua defesa, sempre foi pensada a partir da confiança existente no
precedente anterior do HC 84.079. A frustração deste confiança encontra-se exatamente
na possibilidade de o Acusado ser preso, mesmo antes de esgotados os recursos de que
dispõe.

77. A aplicação da alteração de entendimento da jurisprudência das Cortes


Superiores apenas para casos futuros já foi reconhecida pelo próprio Superior Tribunal de
Justiça, no julgamento do HC 25.598, em que se discutia a imediata aplicação do
entendimento de que o prazo para o Ministério Público conta da data da entrada do
processo na instituição e não da data em que o representante ministerial apõe o seu
ciente.

4
O termo "sunbursting" surgiu de um caso julgado pela Suprema Corte dos EUA em 1932, no caso Great
Northern Railway Company v. Sunburst Oil and Refining Company. Sunburst, empresa expedidora,
processou a Great Northern para reaver desta cobrança por taxas excessivas, o que ocorreu, com base em
uma lei da Suprema Corte do Estado de Montana, em 1921. Quando o caso chegou à Corte Superior de
Montana, o Tribunal superou a decisão proferida em 1921 por ele mesmo, mas limitando a aplicação a
casos futuros. (http://www.estudodirecionado.com/2013/09/prospective-overruling-distinguishing-e.html)

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78. Na ocasião, entendeu-se que a nova interpretação apenas poderia ser
aplicada para casos futuros já que não seria possível antever a mudança do
entendimento jurisprudencial. Confira-se:

HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. TEMPESTIVIDADE DO


RECURSO MINISTERIAL. MUDANÇA DO ENTENDIMENTO
JURISPRUDENCIAL DAS CORTES SUPERIORES. APLICAÇÃO AOS
CASOS FUTUROS.
1. De fato, o Supremo Tribunal Federal, a partir do julgamento plenário do
Habeas Corpus n.º 83.255/SP (informativo n.º 328), decidiu que o prazo
recursal para o Ministério Público conta-se a partir da entrada do
processo nas dependências da Instituição. O Superior Tribunal de Justiça,
por seu turno, aderiu à nova orientação da Suprema Corte.
2. Não se pode olvidar, todavia, que o entendimento jurisprudencial,
até então, há muito sedimentado no STF e no STJ, era justamente no
sentido inverso, ou seja, entendia-se que a intimação pessoal do
Ministério Público se dava com o "ciente" lançado nos autos, quando
efetivamente entregues ao órgão ministerial.
3. Dessa maneira, constata-se que o Procurador de Justiça, nos idos
anos de 2000, tendo em conta a então sedimentada jurisprudência das
Cortes Superiores, valendo-se dela, interpôs o recurso dentro do prazo
legal.
4. Não se poderia, agora, exigir que o órgão ministerial recorrente se
pautasse de modo diverso, como se pudesse antever a mudança do
entendimento jurisprudencial. Essa exigência seria inaceitável, na
medida em que se estaria criando obstáculo insuperável. Vale dizer:
depois de a parte ter realizado o ato processual, segundo a orientação
pretoriana prevalente à época, seria apenada com o não-conhecimento
do recurso, quando não mais pudesse reagir à mudança. Isso se
traduziria, simplesmente, em usurpação sumária do direito de recorrer, o
que não pode existir em um Estado Democrático de Direito, mormente se
a parte recorrente representa e defende o interesse público.
5. Ordem denegada.
(HC 28.598/MG, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado
em 14/06/2005, DJ 01/08/2005, p. 480)

79. Também pela mesma razão, a novel alteração da jurisprudência da


Suprema Corte, somente pode ser aplicada para casos futuros, sob pena da quebra do
princípio da confiança do jurisdicionado.

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VIII - DA PLAUSIBILIDADE DE EVENTUAL RECURSO ESPECIAL

80. O mais grave, porém, é que a plausibilidade do Recurso Especial


apresentado é flagrante.

81. Na realidade, a violação a normas federais é de tal forma evidente que a


decisão de admissibilidade reconheceu, expressamente, haver sido a matéria pré-
questionada, bem como a desnecessidade de valoração de provas na análise das teses
veiculadas pela defesa. Confira-se:

“Trata-se de recurso especial interposto por FRANCISCO DEUSMAR DE


QUEIROS e OUTROS com fundamento no artigo 105, inciso III, "a", da
Constituição Federal, em face de acórdão proferido por esta Corte que. A
partir de acurado exame dos autos, verifico que foram observados os
requisitos gerais de admissibilidade extrínsecos (tempestividade,
regularidade formal e preparo) e os intrínsecos (cabimento, legitimação,
interesse recursal e inexistência de fato impeditivo do poder de recorrer),
assim como que restou prequestionada a matéria objeto do recurso. À
primeira vista, entendo que uma das matérias suscitadas pelos
recorrentes - ofensa aos arts. 383 e 384 do CPP, ao argumento de
julgamento ultra petita - não envolve a apreciação de provas, mas, sim, de
adequada interpretação do referido dispositivo legal à luz da narrativa
apresentada na peça acusatória. Por tais razões, ADMITO o presente
recurso”

82. A discussão, como reconhecido, é exclusivamente de direito e o principal


ponto do inconformismo repousa na violação ao art. 384 do CPP, na medida em que o
acórdão de Apelação, para manter a condenação, alterou os fatos contidos na denúncia.

83. Com feito, enquanto a denúncia imputava ao Réu a realização de


medição e corretagem desautorizada, condutas pelas quais foi condenado, o Acórdão de
Apelação, após de deparar com a demonstração da inexistência de tais atos, passou a
afirmar que, na realidade, o Denunciado teria realizado a compra e revenda de valores
mobiliários por conta própria, o que jamais foi objeto da acusação.

84. Em outras palavras, o Acusado foi condenado por imputações das quais
jamais lhes foi oportunizado o direito de defesa.

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85. Ainda que superada a violação acima descrita, o Recurso Especial
demonstra que, acaso se entenda válida mutatio libeli realizada em sede de apelação,
com a devida vênia, equivocou-se o Tribunal quanto à correta capitulação dos fatos.

86. Em razão do princípio da especialidade, a compra e revenda de valores


mobiliários por conta própria subsume-se perfeitamente à conduta descrita no artigo 27-E
da Lei nº 6.385/76. Confira-se:

“Art. 27-E. Atuar, ainda que a título gratuito, no mercado de valores


mobiliários, como instituição integrante do sistema de distribuição,
administrador de carteira coletiva ou individual, agente autônomo de
investimento, auditor independente, analista de valores mobiliários,
agente fiduciário ou exercer qualquer cargo, profissão, atividade ou
função, sem estar, para esse fim, autorizado ou registrado junto à
autoridade administrativa competente, quando exigido por lei ou
regulamento.”

87. Afirma-se, igualmente, a violação ao artigo 381, III e IV e 619, ambos do


CPP uma vez que o acórdão proferido pelo TRF, no julgamento do recurso de apelação e
integrado por dois embargos de declaração, deixou de analisar diversas teses defensivas,
especialmente a de atipicidade da conduta dos Réus.

88. Invocou-se, igualmente, a violação ao artigo 155 do CPP em razão de o


Acusado haver sido condenado com provas colhidas exclusivamente na fase inquisitorial.

89. Por fim, o recurso também discute matéria referente à dosimetria da pena
a partir da inexistência de individualização da pena, bem como da improcedência dos
fundamentos utilizados para considerar as circunstâncias judiciais como negativas,
exasperando, assim, a pena base imposta. O que importa em violação aos arts. 59, 68 e
71, todos do Código Penal, cujo reconhecimento da procedência argumentativa poderia
conduzir ao regime aberto para o inicial de cumprimento de pena do Réu.

90. Em outras palavras, toda a discussão é exclusivamente de direito, não


havendo que se falar em violação à Súmula 07 do STJ.

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91. Por tudo o quanto exposto, demonstrada a plausibilidade do Recurso
Especial, afigura-se desmedida, ilícita e desnecessária a execução provisória da pena na
pendencia de julgamento de recurso que pode absolvê-lo.

IX - DO PEDIDO

92. Assim, requer-se que V. Exa. se abstenha de proferir ou expedir qualquer


ato ou ordem prisional em desfavor do Réu, garantindo-lhe o direito de responder ao
processo em liberdade, até o trânsito em julgado, conforme dispositivo expresso da
sentença.

93. Por fim, requer sejam as publicações alusivas ao presente feito


realizadas exclusivamente em nome do advogado ANASTÁCIO MARINHO, inscrito na
OAB/CE nº 8.502, sob pena de nulidade.

P. deferimento.
Fortaleza, 27 de junho de 2016.

Anastacio Marinho Caio Cesar Rocha Wilson Belchior


OAB/CE 8.502 OAB/CE 15.095 OAB/CE 17.314

Marcelo Leal Benedito Cerezzo Luiz Eduardo Monte


OAB/DF 21932 OAB/SP 142.109 OAB/DF 41.950

Eduardo Ferri Renan Rebouças


OAB/CE 21.310-A OAB/CE 24.499

Processo: 0805812-02.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO - Advogado
16062814415879900000001481596
Data e hora da assinatura: 28/06/2016 14:42:43
Identificador: 4058100.1480588
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 205/294
24/24
PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRA INSTÂNCIA

Seção Judiciária do Estado do Ceará

12ª Vara Federal

DESPACHO

Primeiramente, determino a correção da autuação para Classe "Execução Provisória". Após, remetam-se
os autos ao representante do parquet , a fim de se manifestar sobre a petição da defesa, bem como sobre a
execução, com supedâneo no HC. 126.292/SP.

Expedientes cabíveis.

Processo: 0805812-02.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
DANIELLE MACEDO PEIXOTO DE CARVALHO - Magistrado
16100415444071800000001750811
Data e hora da assinatura: 05/10/2016 15:06:45
Identificador: 4058100.1749680
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 206/294
1/1
12ª Vara Federal do Ceará

Rua João Carvalho, nº 485, 5.º andar, Aldeota, CEP 60.140.140 - Fortaleza/CE

PROCESSO Nº: 0805812-02.2016.4.05.8100 - EXECUÇÃO PROVISÓRIA


EXEQUENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
CONDENADO: JERONIMO ALVES BEZERRA
ADVOGADO: CAIO CESAR VIEIRA ROCHA (e outro)
12ª VARA FEDERAL - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO

CERTIFICO que, em cumprimento ao despacho retro, procedi à correção da autuação para Classe "Execução Provisória". O
referido é verdade. Dou fé.

Fortaleza, datado eletronicamente.

EDIENE SANTANA DE OLIVEIRA

Analista Judiciária - Matrícula 1488

(assinado eletronicamente)

Processo: 0805812-02.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
EDIENE SANTANA DE OLIVEIRA - Servidor Geral
16101112544126300000001769006
Data e hora da assinatura: 11/10/2016 12:56:32
Identificador: 4058100.1767857
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 207/294
1/1
PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRA INSTÂNCIA

Seção Judiciária do Estado do Ceará

12ª Vara Federal

DESPACHO

Primeiramente, determino a correção da autuação para Classe "Execução Provisória". Após, remetam-se
os autos ao representante do parquet , a fim de se manifestar sobre a petição da defesa, bem como sobre a
execução, com supedâneo no HC. 126.292/SP.

Expedientes cabíveis.

Processo: 0805812-02.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
EDIENE SANTANA DE OLIVEIRA - Servidor Geral
16101112570796700000001769022
Data e hora da assinatura: 11/10/2016 12:58:56
Identificador: 4058100.1767873
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 208/294
1/1
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
12º VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
PROCESSO: 0805812-02.2016.4.05.8100 - EXECUÇÃO PROVISÓRIA

Polo ativo Polo passivo


MINISTÉRIO PÚBLICO JERONIMO ALVES
EXEQUENTE CONDENADO
FEDERAL BEZERRA
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO

Outros participantes
Sem registros

CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 20/10/2016 08:38, o(a) MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL foi intimado(a) acerca
de Despacho registrado em 05/10/2016 15:06 nos autos judiciais eletrônicos especificados na epígrafe.

1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 16101112570796700000001769022 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 20/10/2016 08:38 - Seção Judiciária do Ceará.

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MM Juíza

Segue petição em anexo.

Márcio Torres

PR/CE

Processo: 0805812-02.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
MARCIO ANDRADE TORRES - Procurador
16102013183883200000001793970
Data e hora da assinatura: 20/10/2016 13:21:58
Identificador: 4058100.1792794
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 210/294
1/1
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
PROCURADORIA DA REPÚBLICA NO ESTADO DO CEARÁ

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA 12ª VARA DA SEÇÃO


JUDICIÁRIA DO ESTADO DO CEARÁ:

PROCESSO Nº: 0805812-02.2016.4.05.8100 - EXECUÇÃO PROVISÓRIA


EXEQUENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
CONDENADO: JERONIMO ALVES BEZERRA

PETIÇÃO DE EXECUÇÃO PENAL PROVISÓRIA


(Manifestação n° 21024 /2016)

O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, por conduto do


Procurador da República signatário, diante do despacho de V. Exa (id 4058100.1732511),
vem requerer a EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA SENTENÇA CONDENATÓRIA
proferida pelo juízo da 11ª Vara Federal, em desfavor do réu JERONIMO ALVES
BEZERRA, decisão reformada em parte pelo Egrégio Tribunal Regional Federal da 5ª
Região, na forma a seguir delineada:

O réu JERONIMO ALVES BEZERRA foi condenado pelo Juízo da


11ª Vara Federal pelos crimes previstos no art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/86 que passa,
portanto, a ser de 5 (cinco) anos de reclusão, e pelo crime do art. 27-C da Lei 6385/76, a 5
(cinco) anos de reclusão, resultando na pena restritiva de liberdade em 10 (dez) anos de
reclusão, a ser cumprida inicialmente em regime fechado, bem como à ulta de 200
(duzentos) dias-multa, à razão de 01 (um) salário-mínimo.

Diante da referida sentença, o condenado interpôs recurso de


apelação, tendo o TRF da 5ª Região excluído a condenação pelo crime do art. 27-C da Lei n°
6.385/76, resultando em condenação em segunda instância nos seguintes moldes: “
Jerônimo Alves Bezerra, em 05 (cinco) anos de reclusão, além de 200 (duzentos) dias-multa,
à razão de 01 (um) salário mínimo”.
1
Av. Beira Mar, nº 1064, Praia Treze de Julho – CEP: 49.020-010 – Aracaju - Sergipe
Fone: (79) 3301-3700 – Site: http://www.prse.mpf.mp.br

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Procuradoria da República no Estado do Ceará

Os fatos ocorreram entre os anos de 2001 e 2006 e foi reconhecida


em favor do sentenciado a prescrição dos fatos mais antigos. A denúncia foi recebida em
29/01/2010. Não há que se falar em prescrição da pretensão executória.

O sentenciado interpôs recursos especial e extraordinário, sendo


admitido apenas o que se dirige ao Superior Tribunal de Justiça. Assim, o acórdão ainda não
transitou em julgado, tratando a hipótese de execução provisória.

A pena a ser cumprida, nessas condições, é de 05 (cinco) anos pelo


crime contra o sistema financeiro nacional, em regime semiaberto, além de 200
(duzentos) dias-multa, à razão de 01 (um) salário-mínimo.

A defesa, antes mesmo de iniciada a execução da pena, atravessou


petição em que requer a suspensão do cumprimento do acórdão recorrível, sob os seguintes
fundamentos: a) incompetência do juízo da 11ª Vara para ordenar a formação de autos
para a execução provisória da pena; b) fixação, na sentença condenatória, do direito de
apelar em liberdade e de trânsito em julgado para a execução da pena, o que resultaria em
“reformatio in pejus”; c) entendimento equivocado quanto à real extensão do decidido pelo
STF no HC 126.292/SP; d) violação do art. 283 do CPP e da cláusula de reserva do
plenário e da Súmula Vinculante n° 10; e) plausibilidade do recurso especial admitido.

Passo a examinar os argumentos da verdadeira exceção de pré-


executividade penal.

a) Competência para ordenar a formação de autos para a execução provisória da pena

O Código de Processo Penal estabelece, de maneira clara, que cabe


ao juiz da sentença, ou ao juízo da execução da pena, promover a satisfação do título
executivo judicial decorrente de uma sentença condenatória:

Art. 668. A execução, onde não houver juiz especial, incumbirá ao juiz
da sentença, ou, se a decisão for do Tribunal do Júri, ao seu presidente.
2

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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Procuradoria da República no Estado do Ceará

Parágrafo único. Se a decisão for de tribunal superior, nos casos de


sua competência originária, caberá ao respectivo presidente prover-lhe
a execução.

Na mesma toada a Lei de Execução Penal, em seus arts. 2º e 105,


dispõe:
Art. 2º A jurisdição penal dos Juízes ou Tribunais da Justiça ordinária,
em todo o Território Nacional, será exercida, no processo de execução,
na conformidade desta Lei e do Código de Processo Penal.
….
Art. 105. Transitando em julgado a sentença que aplicar pena privativa
de liberdade, se o réu estiver ou vier a ser preso, o Juiz ordenará a
expedição de guia de recolhimento para a execução.

A execução somente estará afetada aos tribunais superiores na


hipótese de competência originária, valendo essa disciplina tanto para a execução definitiva
quanto para a provisória.

O Superior Tribunal de Justiça, a quem cabe a interpretação dessas


normas, nos autos decidiu no Edcl no RESp n° 1.484.415, além da possibilidade de
execução provisória, que a deflagração desta é ato de competência do juízo da condenação.
Do voto do Relator, Min. Rogério Schieti Cruz, destaco a seguinte passagem:

“Dispõe o art. 105 da Lei nº 7.210/1984 (que deve ser, na


espécie, conjugado com o art. 2º da mesma lei, respeitante à
execução provisória da pena): "Transitando em julgado a
sentença que aplicar pena privativa de liberdade, se o réu
estiver ou vier a ser preso, o Juiz ordenará a expedição de
guia de recolhimento para a execução."

Sobre o tema, é apropriado o escólio de Espínola Filho, ao


pontuar que a "regra geral é a de que cabe ao juiz da ação a
competência para a execução da sentença, nela proferida,
afinal". Vale dizer, o início da execução da reprimenda
compete ao juiz "perante o qual correu a ação penal, pouco
importando tenha a executar a sentença por ele próprio
proferida, ou a substituída a essa, em virtude do provimento
dado, no todo ou em parte, a recurso, ordinário,
extraordinário ou misto (revisão), interposto contra aquela
sentença" (Código de processo penal brasileiro anotado .

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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Procuradoria da República no Estado do Ceará

Atualizadores: José Geraldo da Silva e Wilson Lavotenti.


Campinas:Bookseller, 2000, p. 352-353).

Essa também é a intelecção de Mirabete, ao enfatizar que


"compete aos tribunais superiores a execução quando se trata
de competência originária da respectiva Corte, ainda que o
acórdão por esta proferido tenha sido reformado pelo
Supremo Tribunal Federal (MIRABETE, Julio Fabrinni.
Execução penal. 11ª ed. rev. e at. por Renato Fabbrini São
Paulo: Atlas, 2004, p. 299).

Desse modo, não visualizo qualquer vício pelo fato do Juízo da 11ª
Vara Federal haver encaminhado as cópias das peças processuais indispensáveis à execução
provisória, cujo processamento, ainda não resultante em ordem de prisão, cabe ao Juízo da
Execução Penal da Seção Judiciária do Ceará.

A competência do STJ no presente caso, a meu sentir, cinge-se a


eventual medida cautelar suspensiva da execução penal provisória, não obtida pelo ora
executado no Recurso Especial por ele manejado.

b) fixação, na sentença condenatória, do direito de apelar em liberdade e de trânsito


em julgado para a execução da pena, o que resultaria em “reformatio in pejus”;

Com efeito, ao prolatar a sentença condenatória, o Juízo da 11ª Vara


Federal reconheceu o direito do réu, ora executado, apelar em liberdade.

Mas isso não impede, sequer de longe, que a sentença venha a ser
executada provisoriamente.

A uma, porque essa parte da sentença obviamente não transita em


julgado e se sujeita à cláusula rebus sic standibus. Se assim não fosse, impossível seria obter
por exemplo uma prisão preventiva na pendência de julgamento de recursos. Tal princípio,
em matéria de processo penal, tem sua concretização no art. 617 do CPP:

“ Art. 617. O tribunal, câmara ou turma atenderá nas suas decisões ao


disposto nos arts. 383, 386 e 387, no que for aplicável, não podendo,
4

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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Procuradoria da República no Estado do Ceará

porém, ser agravada a pena, quando somente o réu houver apelado da


sentença.”

A duas porque não se trata de ofensa ao direito de apelar em


liberdade. Assim foi garantido ao réu que apelou em liberdade, teve seu recurso apreciado e
a pena reduzida, mas esgotada a fase em que se forma o juízo de convencimento sobre a
culpabilidade, o que não se garante mais é que possa manejar os recursos excepcionais sem
ser preso provisoriamente.

Além disso, a aventada preclusão em relação à possibilidade do réu


recorrer em liberdade, a qual foi declarada na sentença de primeiro grau, não se sustenta pelo
simples fato de que esse tópico não era suscetível de reforma, dada a posição consolidada no
sentido de que a execução da pena só se iniciaria após o trânsito em julgado.

Por fim, convenhamos que o novo precedente do Supremo não é


restauração do comando de que o réu tem que se recolher ao cárcere para poder apelar. A
prisão processual do réu, quando da prolação da sentença, continua vinculada à devida
fundamentação do juiz, nos termos do já referido § 1º do art. 387 do Código de Processo
Penal.
Se a sentença determina a prisão processual, mas não a fundamenta,
aí tem-se ilegalidade passível de correção.

Outra é a situação delineada pelo Supremo Tribunal Federal no


julgamento do habeas corpus nº 126.292/SP: solto o réu, mas confirmada a condenação em
grau recursal, pelo Tribunal de 2ª instância competente a tanto, não há mais dúvidas, com
força de obstar a execução provisória da pena, quanto à materialidade e autoria delitivas. Os
recursos ainda cabíveis, de índole excepcional, sequer poderão reexaminar fatos e provas,
podendo em geral no máximo resultar no cômputo da pena.

E, nas hipóteses em que haja gritante ofensa à legislação federal ou


constitucional, nada obsta que o condenado obtenha, nas instâncias respectivas, medida
cautelar suspensiva da execução.

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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Procuradoria da República no Estado do Ceará

Para finalizar esse tópico, trago à colação recente julgado do STJ, qu


tem se repetido, o qual afastou a tese da reformatio in pejus defendida na petição que visa
obstar a execução provisória:

“HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO.


INADEQUAÇÃO. MÉRITO.
ANÁLISE DE OFÍCIO. PRISÃO CAUTELAR. CONCUSSÃO E
UTILIZAÇÃO INDEVIDA DE RENDAS E SERVIÇOS PÚBLICOS EM
PROVEITO PRÓPRIO (ART. 1º DO DECRETO-LEI Nº 201/67).
SENTENÇA CONDENATÓRIA CONFIRMADA EM SEGUNDA
INSTÂNCIA (COM MINORAÇÃO DA PENA E ABSOLVIÇÃO
PARCIAL). EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA. POSSIBILIDADE.
RECENTE ENTENDIMENTO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE
INOCÊNCIA. ORDEM NÃO CONHECIDA.
1. O Superior Tribunal de Justiça, seguindo entendimento firmado pelo
Supremo Tribunal Federal, passou a não admitir o conhecimento de
habeas corpus substitutivo de recurso próprio. Precedentes No entanto,
deve-se analisar o pedido formulado na inicial, tendo em vista a
possibilidade de se conceder a ordem de ofício, em razão da existência
de eventual coação ilegal.
2. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, por maioria de votos,
entendeu que A execução provisória de acórdão penal condenatório
proferido em grau de apelação, ainda que sujeito a recurso especial ou
extraordinário, não compromete o princípio constitucional da
presunção de inocência afirmado pelo artigo 5º, inciso LVII da
Constituição Federal. (STF, HC 126292, Relator Min. TEORI
ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado em 17/02/2016, processo
eletrônico DJe-100, divulgado em 16/05/2016, publicado em
17/05/2016).
3. No particular, como a sentença condenatória foi confirmada pelo
Tribunal de origem e porquanto encerrada a jurisdição das instâncias
ordinárias (bem como a análise dos fatos e provas que assentaram a
culpa do condenado), é possível dar início à execução provisória da
pena antes do trânsito em julgado da condenação, sem que isso importe
em violação do princípio constitucional da presunção de inocência.
Ademais, a sentença assegurou ao paciente o direito de recorrer em
liberdade, o que representa a prerrogativa de tão somente apelar em
liberdade, como ocorreu, valendo ressaltar que os recursos especial e
extraordinário não são dotados, regra geral, de efeito suspensivo.
4. De outra parte, não há que se falar em reformatio in pejus, pois a
prisão decorrente de decisão confirmatória de condenação do
Tribunal de apelação não depende do exame dos requisitos previstos
no art. 312 do CP. Está na competência do juízo revisional e
independe de recurso da acusação. Precedentes da Corte.
5. Habeas Corpus não conhecido.
(HC 366.471/SC, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA,
QUINTA TURMA, julgado em 06/10/2016, DJe 14/10/2016)

Afastada, desse modo, a alegada reformatio in pejus.

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c) Do novo entendimento do STF e seus efeitos

No julgamento do HC n.º 126.292/SP, o Supremo Tribunal Federal


reviu seu posicionamento e, resgatando jurisprudência antes consolidada, afirmou a
possibilidade da execução imediata da pena depois da decisão condenatória confirmada em
segunda instância.

Mais recentemente a Suprema Corte, ao indeferir os pedidos


liminares pleiteados nas Ações Declaratórias de Constitucionalidade nos 43 e 44, ratificou o
julgamento suprarreferido, prevalecendo o entendimento de que não há óbice ao início do
cumprimento da pena após esgotadas as instâncias ordinárias.

Conforme o entendimento exarado no precedente da Corte Suprema,


é no juízo de apelação que de regra se exaure, mediante ampla devolutividade da matéria
deduzida na ação penal, o exame sobre os fatos e provas da causa penal, concretizando o
duplo grau de jurisdição.

Assim, como os recursos excepcionais são restritos à matéria de


direito, não tendo aptidão para modificar decisões da primeira instância recursal no que
tange à matéria fático probatória obtida em regime de contraditório no curso da ação penal,
concluiu a Corte Constitucional, por ampla maioria de seus integrantes, que se pode dar
início à execução da pena condenatória nesta fase sem ofensa ao princípio da presunção da
inocência.
Carecendo os recursos excepcionais de efeito suspensivo, não há
óbice para que se executem as penas impostas ao sentenciado. Nesse passo, o E. Superior
Tribunal de Justiça vem aplicando o entendimento da Corte Suprema e determinando a
imediata execução da condenação:

RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS TRÁFICO ILÍCITO


DE ENTORPECENTES. PRISÃO PREVENTIVA. ELEMENTOS QUE
DENOTAM HABITUALIDADE DELITIVA. REINCIDÊNCIA
ESPECÍFICA. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. SUPERVENIÊNCIA DE
CONDENAÇÃO. AUSÊNCIA DE NOVOS FUNDAMENTOS. NÃO
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Procuradoria da República no Estado do Ceará

PREJUDICIALIDADE. SENTENÇA CONFIRMADA EM SEGUNDA


INSTÂNCIA. PRISÃO MANTIDA PELO TRIBUNAL. POSSIBILIDADE.
EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA. LEGALIDADE. RECENTE
ENTENDIMENTO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. AUSÊNCIA
DE VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA.
RECURSO DESPROVIDO. ..EMEN: 1. Mostra-se devidamente
fundamentada a segregação em hipótese na qual o recorrente,
reincidente específico na prática do crime de tráfico ilícito de
entorpecentes, foi flagrado com cerca de 15g de crack, droga de alto
poder destrutivo, e uma balança de precisão, confessando que a droga
se destinava ao ilícito comércio. 2. Encontra-se justificada a prisão
pela necessidade de proteção à ordem pública, dado o risco concreto de
reiteração criminosa, tendo em vista a reincidência específica do
paciente, que voltou a ser preso em flagrante por tráfico a despeito da
condenação anterior, especialmente porque as circunstâncias do
flagrante indicam dedicação a atividades criminosas. 3. Para a Quinta
Turma desta Corte, a sentença condenatória que mantém a prisão
cautelar do réu somente constitui novo título judicial se agregar novos
fundamentos, com base no art. 312 do Código de Processo Penal. 4. O
Plenário do Supremo Tribunal Federal, por maioria de votos, entendeu
que a possibilidade de início da execução da pena condenatória após a
confirmação da sentença em segundo grau não ofende o princípio
constitucional da presunção da inocência (HC n. 126292, julgado no
dia 17 de fevereiro de 2016). 5. No particular, como a sentença
condenatória foi confirmada pelo Tribunal de origem e porquanto
encerrada a jurisdição das instâncias ordinárias (bem como a análise
dos fatos e provas que assentaram a culpa do condenado), é possível
dar início à execução provisória da pena antes do trânsito em julgado
da condenação, sem que isso importe em violação do princípio
constitucional da presunção de inocência. 6. Recurso desprovido.
..EMEN:
(RHC 201500287341, REYNALDO SOARES DA FONSECA, STJ -
QUINTA TURMA, DJE DATA:29/06/2016 ..DTPB:.)

Não há, desse modo, de acordo com a decisão da Corte


Constitucional, qualquer entrave para que se execute as penas impostas ao réu na primeira
instância recursal, até porque o recurso excepcional interposto (REsp), destinado a julgar
questões federais de natureza infraconstitucional, carece do chamado efeito suspensivo (art.
637 do CPP e art. 27, § 2º, da Lei 8.038/1990).

Quanto à necessidade de fundamentar a execução provisória, a


manutenção da sentença penal pela segunda instância encerra a análise de fatos e provas que
assentaram a culpa do condenado, o que autoriza o início da execução da pena por somente
esse motivo. A segregação do cidadão, após o exaurimento da jurisdição das instâncias

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ordinárias, independe do preenchimento dos requisitos do art. 312 do Código de Processo


Penal porque representa a (hoje autorizada) execução provisória da pena,

Nesse sentido, vem decidindo o STJ:

RECURSO ESPECIAL. ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR.


VÍTIMAS CRIANÇAS MENORES DE 14 ANOS. VIOLÊNCIA
PRESUMIDA. REPRESENTAÇÃO. DECADÊNCIA. NÃO
OCORRÊNCIA. CIÊNCIA DO ATO. DILAÇÃO PROBATÓRIA.
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA N. 7 DO STJ. FORMALIDADE.
DESNECESSIDADE. INÉPCIA DA DENÚNCIA. NÃO
OCORRÊNCIA. SUPERVENIÊNCIA DE CONDENAÇÃO.
ABSOLVIÇÃO. PALAVRA DAS VÍTIMAS. HARMONIA COM DEMAIS
PROVAS. SÚMULA N. 7 DO STJ. DESCLASSIFICAÇÃO PARA
CONTRAVENÇÃO DO ART. 61 DO DECRETO-LEI N.3.688/1941.
IMPOSSIBILIDADE. PARTICIPAÇÃO DA RÉ. REEXAME DE
PROVAS. SÚMULA N. 7 DO STJ. PENA-BASE. CULPABILIDADE.
MOTIVAÇÃO IDÔNEA. CONTINUIDADE DELITIVA. FORMA
SIMPLES. PENA READEQUADA. AUSÊNCIA DE
FUNDAMENTAÇÃO E OMISSÃO NO ACÓRDÃO. INEXISTÊNCIA.
RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E NÃO PROVIDO. ORDEM
CONCEDIDA DE OFÍCIO. EXECUÇÃO PROVISÓRIA.
DETERMINAÇÃO.
…...............
15. A Sexta Turma desta Corte Superior decidiu, ao apreciar os EDcl
nos REsps n. 1.484.413/DF e 1.484.415/DF (DJe 14/4/2016), de
minha relatoria, que, nas hipóteses em que não for conferido
efeito suspensivo ao recurso especial, mantida a condenação do réu,
deve ser determinado o início da execução provisória das penas
impostas.
16. Recurso especial conhecido e não provido. Ordem concedida, de
ofício, a fim de reconhecer a ilegalidade quanto à aplicação da
continuidade delitiva específica e reduzir as penas dos réus.
Execução provisória determinada.
(REsp 1273776/SP, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA
TURMA, julgado em 14/06/2016, DJe 21/06/2016)

Nessas condições, diante desse quadro, resta claro que a prisão para execução
provisória difere, por sua própria natureza e finalidade, da prisão preventiva ou de qualquer
outra modalidade de prisão cautelar, resultando tão somente do esgotamento das vias
ordinárias.
Foi essa a lógica da decisão do STF no HC 126.292/SP.

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Procuradoria da República no Estado do Ceará

d) violação do art. 283 do CPP e da cláusula de reserva do plenário e da Súmula


Vinculante n° 10

As alegações não se aplicam ao presente caso, pois a decisão questionada nos


presentes autos não adveio de Tribunal, não se podendo falar de quebra da cláusula de
reserva de plenário.

e) plausibilidade do recurso especial admitido.

Se o recurso especial tem ou não plausibilidade de alterar o status


condenatório do executado é questão a ser resolvido na instância a tanto competente, no caso
o Superior Tribunal de Justiça.

Cabe ao interessado obter, junto àquela Corte, o efeito suspensivo da


execução, sob pena de completa subversão da ordem jurídica na hipótese deste Juízo fazer
tal análise, invadindo a competência reservada ao STJ.

f) Pedido
Ante tais circunstâncias, requer o MPF seja iniciada a execução da
definitiva da pena restritiva de liberdade de 05 (cinco) anos de reclusão e 200 (duzentos
dias-multa) imposta ao réu JERONIMO ALVES BEZERRA em regime semiaberto,
com a adoção das seguintes providências:

1) a expedição de carta de guia para que seja a pena


cumprida em regime semiaberto, em estabelecimento
compatível com o disposto no art. 91 da LEP;
2) na falta de estabelecimento onde possa ser cumprida a
pena, como é o caso do Estado do Ceará, requer o MPF,
desde logo, seja determinado o monitoramento eletrônico do
sentenciado, em recolhimento domiciliar, fixando-se para
tanto a realização de audiência admonitória;
10

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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Procuradoria da República no Estado do Ceará

3) remessa à Contadoria para o cálculo da pena de multa,


fixando-se prazo para o adimplemento voluntário.

Aguarda deferimento.
Fortaleza/CE, 20 de outubro de 2016.

MÃRCIO ANDRADE TORRES


Procurador da República

11

Processo: 0805812-02.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
MARCIO ANDRADE TORRES - Procurador
16102013193738200000001793971
Data e hora da assinatura: 20/10/2016 13:21:58
Identificador: 4058100.1792795
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 221/294
11/11
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DA 12ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO
ESTADO DO CEARÁ.

PROCESSO Nº 0805812-02.2016.4.05.8100

EXEQUENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

EXECUTADO: JERONIMO ALVES BEZERRA

JERÔNIMO ALVES BEZERRA , já amplamente qualificado no presente feito, vem, com o devido
respeito, COMUNICAR V. Excelência acerca da decisão (doc. anexo) proferida pelo E. Ministro Felix
Fischer, nos autos do Processo nº 2016/0292446-7, a qual deferiu medida liminar para sustar o início
da execução provisória da pena do ora Executado até ulterior julgamento final do processo , nos
termos a seguir delineados:

Trata-se de pedido de tutela provisória, formulada por FRANCISCO DESMAR DE QUEIROS,


GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES
BEZERRA, consubstanciada na possibilidade de concessão in limine litis de medida cautelar para atribuir
efeito suspensivo a recurso especial anteriormente interposto.

(...)

Assim, temerária seria a deflagração ante tempus de eventual execução provisória antes do julgamento do
mérito do Recurso Especial interposto, razão pela qual defiro a liminar para sustar o início da execução
provisória da pena até ulterior julgamento final do presente pedido de tutela provisória.

Cite-se o requerido, para, querendo, apresentar resposta, no prazo

legal.

Após, vista ao Ministério Público Federal.

222/294
1/2
P. e I.

Brasília (DF), 16 de novembro de 2016.

Ministro Felix Fischer

Relator

Assim, em atendimento à supracitada decisão emanada da Corte Superior de Justiça, requer-se que V.
Exa. digne-se de se abster de proferir ou expedir qualquer ato ou ordem prisional em desfavor do Réu,
garantindo-lhe o direito de responder ao processo em liberdade, até o trânsito em julgado do feito .

Por fim, requer sejam as publicações alusivas ao presente feito realizadas exclusivamente em nome do
advogado ANASTÁCIO MARINHO , inscrito na OAB/CE nº 8.502, sob pena de nulidade.

P. deferimento.

Fortaleza, 09 de dezembro de 2016.

Anastacio Marinho Caio Cesar Rocha Wilson Belchior

OAB/CE 8.502 OAB/CE 15.095 OAB/CE 17.314

Marcelo Leal Benedito Cerezzo Luiz Eduardo Monte

OAB/DF 21932 OAB/SP 142.109 OAB/DF 41.950

Eduardo Ferri Renan Rebouças

OAB/CE 21.310-A OAB/CE 24.499

Processo: 0805812-02.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO - Advogado
16121213473906600000001942615
Data e hora da assinatura: 12/12/2016 13:51:19
Identificador: 4058100.1941368
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 223/294
2/2
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DA 12ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA
DO ESTADO DO CEARÁ.

PROCESSO Nº 0805812-02.2016.4.05.8100
EXEQUENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
EXECUTADO: JERONIMO ALVES BEZERRA

JERÔNIMO ALVES BEZERRA, já amplamente qualificado no presente


feito, vem, com o devido respeito, COMUNICAR V. Excelência acerca da decisão (doc.
anexo) proferida pelo E. Ministro Felix Fischer, nos autos do Processo nº 2016/0292446-
7, a qual deferiu medida liminar para sustar o início da execução provisória da pena
do ora Executado até ulterior julgamento final do processo, nos termos a seguir
delineados:

Trata-se de pedido de tutela provisória, formulada por FRANCISCO DESMAR DE


QUEIROS, GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE
OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES BEZERRA, consubstanciada na possibilidade de
concessão in limine litis de medida cautelar para atribuir efeito suspensivo a
recurso especial anteriormente interposto.
(...)
Assim, temerária seria a deflagração ante tempus de eventual execução provisória
antes do julgamento do mérito do Recurso Especial interposto, razão pela qual
defiro a liminar para sustar o início da execução provisória da pena até ulterior
julgamento final do presente pedido de tutela provisória.

Cite-se o requerido, para, querendo, apresentar resposta, no prazo


legal.

Após, vista ao Ministério Público Federal.

P. e I.

Brasília (DF), 16 de novembro de 2016.

Ministro Felix Fischer


Relator

224/294
1/2
Assim, em atendimento à supracitada decisão emanada da Corte
Superior de Justiça, requer-se que V. Exa. digne-se de se abster de proferir ou expedir
qualquer ato ou ordem prisional em desfavor do Réu, garantindo-lhe o direito de
responder ao processo em liberdade, até o trânsito em julgado do feito.

Por fim, requer sejam as publicações alusivas ao presente feito


realizadas exclusivamente em nome do advogado ANASTÁCIO MARINHO, inscrito na
OAB/CE nº 8.502, sob pena de nulidade.

P. deferimento.
Fortaleza, 09 de dezembro de 2016.

Anastacio Marinho Caio Cesar Rocha Wilson Belchior


OAB/CE 8.502 OAB/CE 15.095 OAB/CE 17.314

Marcelo Leal Benedito Cerezzo Luiz Eduardo Monte


OAB/DF 21932 OAB/SP 142.109 OAB/DF 41.950

Eduardo Ferri Renan Rebouças


OAB/CE 21.310-A OAB/CE 24.499

Processo: 0805812-02.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO - Advogado
16121213485116300000001942616
Data e hora da assinatura: 12/12/2016 13:51:19
Identificador: 4058100.1941369
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 225/294
2/2
(e-STJ Fl.2164)

Superior Tribunal de Justiça


F6

PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA Nº 38 - CE (2016/0292446-7)

RELATOR : MINISTRO FELIX FISCHER


REQUERENTE : FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
REQUERENTE : GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO
REQUERENTE : IELTON BARRETO DE OLIVEIRA
REQUERENTE : JERÔNIMO ALVES BEZERRA
ADVOGADO : MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA E OUTRO(S) -
DF021932
REQUERIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

DECISÃO

Trata-se de pedido de tutela provisória, formulada por FRANCISCO


DESMAR DE QUEIROS, GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO, IELTON
BARRETO DE OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES BEZERRA, consubstanciada na
possibilidade de concessão in limine litis de medida cautelar para atribuir efeito
suspensivo a recurso especial anteriormente interposto.
Sustentam os requerentes que o periculum in mora que autorizaria a
concessão da medida cingir-se-ia à iminente possibilidade concreta de segregação
(fl. 4), decretada pelo magistrado de primeira instância, ao argumento de que "o fato
de ter sido o decreto de prisão exarado ex officio, sem provocação de qualquer
espécie do órgão acusatório e em flagrante contrariedade ao próprio dispositivo da
sentença, que determinara expressamente que o início da pena ocorresse “após o
trânsito em julgado” e contra o qual não se insurgiu o Ministério Público, sinalizam
fortemente para a verossimilhança do direito alegado" (fl. 5).
Por outro lado, o fumus boni iuris encontrar-se-ia na viabilidade
recursal, consistente em "violação da correlação entre acusação e sentença, falta de
fundamentação na dosimetria da pena, inadequação típica da conduta, e, ainda, a
indicação de omissão reiterada e deliberada na apreciação destas mesmas matérias
amplamente arguidas e prequestionadas desde a origem pela defesa" (fl. 4).
Pugnam, ao final, pela concessão de efeito suspensivo para sustar o
início da execução provisória da pena até ulterior julgamento do mérito da presente

TP 38 C54242555100;812<05542@ C<05065;0034 94 @
2016/0292446-7 Documento Página 1 de 4
Documento eletrônico VDA15537415 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
Signatário(a): MINISTRO Felix Fischer Assinado em: 21/11/2016 18:44:19
Publicação no DJe/STJ nº 2099 de 24/11/2016. Código de Controle do Documento: 1F12ECB1-C1B5-4D76-ABBE-33B098E98A8F

226/294
1/4
(e-STJ Fl.2165)

Superior Tribunal de Justiça


F6

medida acautelatória.
É o relatório.
Decido.
De início, cumpre assentar que, na linha da jurisprudência até então
firmada no âmbito desta Corte, a prisão cautelar deve ser considerada exceção, já
que, por meio desta medida, priva-se o réu de seu jus libertatis antes do
pronunciamento condenatório definitivo, consubstanciado na sentença transitada em
julgado. É por isso que tal medida constritiva só justifica caso demonstrada sua real
indispensabilidade para assegurar a ordem pública, a instrução criminal ou a
aplicação da lei penal, ex vi do artigo 312 do Código de Processo Penal, sob pena de
configurar-se antecipação de pena ou execução provisória, inadmitida, até então,
pela Suprema Corte, com base no HC n. 84.078/MG, da relatoria do em. Ministro
Eros Grau.
Nesse sentido: AgRg no RHC 47.220/MG, 5ª Turma, Rel. Min.
Regina Helena Costa, DJe de 29/8/2014; RHC 36.642/RJ, 6ª Turma, Rel. Min.
Maria Thereza de Assis Moura, DJe de 29/8/2014; HC 296.276/MG, 5ª Turma,
Rel. Min. Marco Aurélio Bellizzee, DJe de 27/8/2014; RHC 48.014/MG, 6ª Turma,
Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, DJe de 26/8/2014; v.g..
Entretanto, recentemente, o Plenário do col. Supremo Tribunal Federal
evoluiu em seu entendimento e, por maioria de votos, indeferiu o pedido formulado
no HC n. 126.292/SP, de relatoria do e. Min. Teori Zavascki, e decidiu pela
possibilidade do início do cumprimento da pena após o julgamento da apelação. Em
outras palavras, está autorizada a execução provisória da pena após o julgamento de
segunda instância, o que ocorreu no caso concreto.
No caso vertente, aduzem os requerentes que ao juiz sentenciante
falece competência para a expedição de mandado de prisão em virtude do início da
execução provisória. Sobre o tema, trago à colação voto-vista por mim proferido nos
autos do habeas corpus n. 352216, em que fiz algumas considerações acerca da
viabilidade de tal expediente, malgrado partir de magistrado de primeira instância.
Eis o excerto:

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(e-STJ Fl.2166)

Superior Tribunal de Justiça


F6

"[...] cumpre citar passagem da decisão proferida pelo em. Min. Edson
Fachin, no já apontado habeas corpus 135.752:
"A opção legislativa de dar eficácia à sentença condenatória tão logo
confirmada em segundo grau de jurisdição, e não mais sujeita a recurso com efeito
suspensivo, está consentânea com a razão constitucional da própria existência dos
recursos às instâncias extraordinárias. Sabem todos que o trânsito em julgado, no
sistema recursal brasileiro, depende em algum momento da inércia da parte
sucumbente. Há sempre um recurso oponível a uma decisão, por mais incabível
que seja, por mais estapafúrdias que sejam as razões recursais invocadas. Se
pudéssemos dar à regra do art. 5º, LVII, da CF caráter absoluto, teríamos de
admitir, no limite, que a execução da pena privativa de liberdade só poderia
operar-se quando o réu se conformasse com sua sorte e deixasse de opor novos
embargos declaratórios. Isso significaria dizer que a execução da pena privativa
de liberdade estaria condicionada à concordância do apenado (...)".

Mostrar-se-ia, realmente, ilógico conceber que a liberdade individual


possa ser tolhida por decisão de magistrado de primeiro grau que até mesmo
dispensa a certeza, como no caso das prisões cautelares, adotando-se, no mesmo
compasso, para a decisão de segunda instância, uma compreensão que a
assimilasse com um mero ato de passagem, sem qualquer consequência.
Reitere-se: levado ao limite, o argumento consente com que, por
exemplo, um recurso especial ou extraordinário manejado e não conhecido, de cuja
decisão se interponha um agravo, que seja desprovido, e em relação à qual se
oponham embargos de declaração – quiçá sucessivos -, impeçam a deflagração da
execução.
Ademais, ainda sobre tal argumentação, tem-se que, como é evidente, à
alusão do magistrado de primeiro grau não se pode emprestar força tendente a
afastar a decisão do col. Supremo Tribunal Federal, no habeas corpus 126.292.
Noutros termos, e abstraindo-se aqui o caso concreto, em que a sentença foi
proferida antes da edição do precedente pelo Supremo Tribunal Federal, ainda
que assim não fosse, a verdade é que não se pode conceber que a referência do juiz
de primeira instância, simplesmente por indicar que após o trânsito em julgado
expedir-se-á mandado de prisão, faça írrita uma decisão da eg. Suprema Corte.
A expressão constante das sentenças condenatórias, ao determinar
expedição de mandado de prisão após o trânsito em julgado, não opera coisa
julgada em favor do réu, de modo que tal fato não tem o condão de impedir sua
prisão no âmbito da execução provisória da pena. Este tipo de comando sentencial,
com efeito, consta do texto condenatório, em verdade, apenas como norte para o
início de cumprimento de pena, com o advento do trânsito em julgado, ou seja,
tem por finalidade guiar o feito após o julgamento definitivo dos recursos, da
mesma forma como a determinação de expedição de ofícios para inscrição do
nome no rol de culpados, as determinações para fins de suspensão de direitos
políticos, dentre outras diligências.
Não significa, portanto, que, única e exclusivamente, isto é, que
apenas com o trânsito em julgado, é que se permitirá a expedição do mandado de
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(e-STJ Fl.2167)

Superior Tribunal de Justiça


F6

prisão. No ponto, basta imaginar que determinada pessoa seja condenada a uma
elevada pena de prisão, sendo-lhe conferido o direito de recorrer em liberdade,
com determinação de expedição de mandado de prisão após o trânsito em julgado.
Se antes da apreciação do recurso houver prova robusta da possibilidade de que o
acusado condenado virá a fugir para outro País, de modo a evitar futuro
cumprimento de pena, não se pode dizer que, considerando a determinação
contida na sentença, de expedição de mandado de prisão após o trânsito em
julgado, estaria o Tribunal impedido de decretar a prisão preventiva."

Dessarte, não vislumbro óbice, tampouco ilegalidade, tout court, a


expedição de mandado de prisão realizada por juiz de primeira instância,
independentemente de ressalva por este feita e de os autos encontrarem-se em
trâmite perante as Cortes Superiores.
Sem embargo, dentre os argumentos expendidos na inicial do pedido
de tutela provisória, verifico que em relação a um deles a concessão de liminar, ao
menos neste juízo meramente perfunctório, é medida que se faz premente, ante a
relevância da questão da correta tipificação do delito imputado aos requerentes, se
se trataria de incidir, na hipótese, o delito inserto no art. 27-E da Lei 6.385/76, ou o
delito previsto no art. 7º, inciso IV, da Lei 7.492/86, sem olvidar que eventual
desclassificação da conduta poderia culminar no advento da prescrição.
Assim, temerária seria a deflagração ante tempus de eventual
execução provisória antes do julgamento do mérito do Recurso Especial interposto,
razão pela qual defiro a liminar para sustar o início da execução provisória da pena
até ulterior julgamento final do presente pedido de tutela provisória.
Cite-se o requerido, para, querendo, apresentar resposta, no prazo
legal.
Após, vista ao Ministério Público Federal.
P. e I.

Brasília (DF), 16 de novembro de 2016.

Ministro Felix Fischer


Relator

TP 38 C54242555100;812<05542@ C<05065;0034 94 @
Processo: 0805812-02.2016.4.05.8100 2016/0292446-7 Documento Página 4 de 4
Assinado eletronicamente por:
Documento eletrônico
ANASTACIOVDA15537415
JORGEassinado
MATOSeletronicamente nos termos do
DE SOUSA MARINHO Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
- Advogado
Signatário(a): MINISTRO Felix Fischer Assinado em: 21/11/2016 18:44:19 16121213491519500000001942621
Publicação noData e hora
DJe/STJ nº da assinatura:
2099 12/12/2016
de 24/11/2016. Código 13:51:19
de Controle do Documento: 1F12ECB1-C1B5-4D76-ABBE-33B098E98A8F
Identificador: 4058100.1941374
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 229/294
4/4
(e-STJ Fl.2169)

Superior Tribunal de Justiça

TP 38/CE

PUBLICAÇÃO

Certifico que foi disponibilizada no Diário da Justiça


Eletrônico/STJ em 23/11/2016 a r. decisão de fls. 2164 e
considerada publicada na data abaixo mencionada, nos
termos do artigo 4º, § 3º, da Lei 11.419/2006.
Brasília, 24 de novembro de 2016.

COORDENADORIA DA QUINTA TURMA


*Assinado por JOSÉ DA LUZ SOUZA FILHO
em 24 de novembro de 2016 às 07:05:54
Documento eletrônico juntado ao processo em 24/11/2016 às 07:08:49 pelo usuário: JOSÉ DA LUZ SOUZA FILHO

Processo: 0805812-02.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
* Assinado
ANASTACIOeletronicamente
JORGE MATOS DE nos termos
SOUSA do Art.
MARINHO 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006 16121213492555200000001942624
- Advogado
Data e hora da assinatura: 12/12/2016 13:51:19
Identificador: 4058100.1941377
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 230/294
1/1
12ª Vara Federal do Ceará

Rua João Carvalho, nº 485, 5.º andar, Aldeota, CEP 60.140.140 - Fortaleza/CE

Fone: (85) 3391-5864 / Fax: (85) 3391-5866 / email: vara12@jfce.jus.br

PROCESSO Nº: 0805812-02.2016.4.05.8100 - EXECUÇÃO PROVISÓRIA


EXEQUENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
CONDENADO: JERONIMO ALVES BEZERRA
ADVOGADO: CAIO CESAR VIEIRA ROCHA (e outro)
12ª VARA FEDERAL - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO

CERTIDÃO

CERTIFICO que juntei aos presentes autos o (a) Telegrama nº 5T 43228/2016, oriundo do
(a) STJ. O referido é verdade. Dou fé.

Fortaleza, datado eletronicamente.

EDIENE SANTANA DE OLIVEIRA

Analista Judiciária - Matrícula 1488

(assinado eletronicamente)

Processo: 0805812-02.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
EDIENE SANTANA DE OLIVEIRA - Servidor Geral
16121614264445400000001959679
Data e hora da assinatura: 16/12/2016 14:28:30
Identificador: 4058100.1958428
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 231/294
1/1
232/294
1/2
Processo: 0805812-02.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
EDIENE SANTANA DE OLIVEIRA - Servidor Geral
16121614280780900000001959680
Data e hora da assinatura: 16/12/2016 14:28:30
Identificador: 4058100.1958429
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 233/294
2/2
12ª Vara Federal do Ceará
Rua João Carvalho, nº 485, 5.º andar, Aldeota, CEP 60.140.140 - Fortaleza/CE

INSPEÇÃO ORDINÁRIA - ANO 2017


(Prazos suspensos: dias 27 a 31 de março de 2017)

Vistos em Inspeção

Ocorrência Data Prazo


Minutar 29/05/2017

Fortaleza/CE, data infra

Processo: 0805812-02.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
HELOISA SILVA DE MELO - Magistrado
17032916263494300000002224999
Data e hora da assinatura: 29/03/2017 17:01:45
Identificador: 4058100.2223587
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 234/294
1/1
DECISÃO

Trata-se de Execução Penal provisória em face de JERONIMO ALVES BEZERRA, condenado em


segunda instância à pena privativa de liberdade de 5 (cinco) anos de reclusão para o crime do art.7º, IV,
da Lei nº 7.492/86 e à pena de multa de 200 (duzentos) dias-multa, correspondendo cada dia-multa a 1
(um) salário mínimo.

Registro que, por meio de Malote Digital, Maria da Graça Reis Braga, Servidora da Subsecretaria de
Recursos Extraordinários, Especiais e Ordinários do Egrégio Tribunal Regional Federal da 5ª Região,
encaminhou para este Juízo (12ª Vara Federal) o telegrama STJ 5T 43228/2016 comunicando a decisão
prolatada no Pedido de Tutela Provisória 38/CE, referente ao processo ACR9363 CE
00126284320104058100, em que são partes Francisco Deusmar de Queiros e outros e Ministério Público
Federal.

Ressalto que referido telegrama (TLG. MCD5T - 43228/2016 - Quinta Turma - SOJ (AOS), datado de
17/11/2016, comunicou que nos autos do Pedido de Tutela Provisória N/O38/CE, registro nº
2016/0292446-7 (Nº de origem
00126284320104058100/12628432010458100/9363/16272007/27622010), em que figuram como
requerentes: Francisco Deusmar de Queiros, Geraldo de Lima Gadelha filho, Ielton Barreto de Oliveira e
Jerônimo Alves Bezerra e como Requerido: Ministério Público Federal, foi proferida decisão pelo
eminente Ministro Relator Felix Fischer, do Colendo Superior Tribunal de Justiça, em que deferiu a
liminar para sustar o início da execução provisória da pena até ulterior julgamento final do presente
pedido de tutela provisória (fls. 04/05 do PJE).

Autuados os documentos necessários ao processamento da execução penal, vieram-me os autos


conclusos.

É o relatório . Decido .

Em consulta realizada no sítio do Colendo Superior Tribunal de Justiça, verifiquei, na Certidão relativa ao
Pedido de Tutela Provisória nº 38/CE, do qual é Relator o Excelentíssimo Ministro Felix Fischer e no
qual figuram, como Requerentes: Francisco Deusmar de Queiros, Geraldo de Lima Gadelha filho, Ielton
Barreto de Oliveira e Jerônimo Alves Bezerra e como Requerido: Ministério Público Federal, que a
concessão da medida liminar deste pedido ocorreu na data de 22 de novembro de 2016 e que ele se
encontra na seguinte fase: "(...) em 11 de Janeiro de 2017, CONCLUSOS PARA JULGAMENTO AO(Á)
MINISTRO (A) FELIX FISCHER (RELATOR). (...)".

Ante o exposto, DETERMINO o cumprimento da decisão exarada, no Pedido de Tutela Provisória nº


38/CE, pelo eminente Ministro Relator Felix Fischer relativamente à concessão de liminar de sustação da
presente Execução Penal provisória em face de JERONIMO ALVES BEZERRA, até ulterior julgamento
final daquele feito.

Intimem-se.

Expedientes necessários.

Fortaleza/CE, 1 de junho de 2017.

MARIA IZABEL GOMES SANT'ANNA

Juíza Federal Substituta da 12ª Vara Federal/CE em exercício da titularidade

235/294
1/2
Processo: 0805812-02.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
MARIA IZABEL GOMES SANT ANNA - Magistrado
17060113483998700000002433852
Data e hora da assinatura: 06/06/2017 12:45:07
Identificador: 4058100.2432091
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 236/294
2/2
12ª Vara Federal do Ceará

Rua João Carvalho, nº 485, 5.º andar, Aldeota, CEP 60.140.140 - Fortaleza/CE

Fone: (85) 3391-5864 / Fax: (85) 3391-5866 / email: vara12@jfce.jus.br

PROCESSO Nº: 0805812-02.2016.4.05.8100 - EXECUÇÃO PROVISÓRIA


EXEQUENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
CONDENADO: JERONIMO ALVES BEZERRA
ADVOGADO: Caio Cesar Vieira Rocha e outro
12ª VARA FEDERAL - CE (JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO)

CERTIDÃO

CERTIFICO que juntei aos presentes autos a consulta ao andamento do Pedido de Tutela
Provisória interposto pelo réu perante o STJ. O referido é verdade. Dou fé.

Fortaleza, datado eletronicamente.

RAPHAEL NOGUEIRA BEZERRA DE MENEZES

(assinado eletronicamente)

Processo: 0805812-02.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
RAPHAEL NOGUEIRA BEZERRA DE MENEZES - Servidor Geral
18022113555950200000003298569
Data e hora da assinatura: 21/02/2018 13:58:07
Identificador: 4058100.3294594
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 237/294
1/1
238/294
1/3
239/294
2/3
Processo: 0805812-02.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
RAPHAEL NOGUEIRA BEZERRA DE MENEZES - Servidor Geral
18022113573381000000003298570
Data e hora da assinatura: 21/02/2018 13:58:07
Identificador: 4058100.3294595
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 240/294
3/3
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRO GRAU
Seção Judiciária do Ceará
12ª Vara Federal

PROCESSO: EXECUÇÃO PROVISÓRIA - Processo n.


0805812-02.2016.4.05.8100

EXEQUENTE(ES): [MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL]

EXECUTADO(S): [JERONIMO ALVES BEZERRA]

CERTIDÃO DE INTIMAÇÃO

Certifico que, nesta data, providenciei a intimação das partes, via sistema, acerca da decisão de ID nº
2432091.

Fortaleza - CE, datado eletronicamente .

( assinado eletronicamente )

Processo: 0805812-02.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
RAPHAEL NOGUEIRA BEZERRA DE MENEZES - Servidor Geral
18022114053344800000003298624
Data e hora da assinatura: 21/02/2018 14:07:19
Identificador: 4058100.3294649
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 241/294
1/1
Ciente o MPF da pendência, no STJ, do julgamento da TP n° 38.

Nada a requerer no momento.

Márcio Torres

PR/CE

Processo: 0805812-02.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
MARCIO ANDRADE TORRES - Procurador
18022116123127400000003299611
Data e hora da assinatura: 21/02/2018 16:13:21
Identificador: 4058100.3295631
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 242/294
1/1
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
12º VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
PROCESSO: 0805812-02.2016.4.05.8100 - EXECUÇÃO PROVISÓRIA

Polo ativo Polo passivo


MINISTÉRIO PÚBLICO JERONIMO ALVES
EXEQUENTE CONDENADO
FEDERAL BEZERRA
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO

Outros participantes
Sem registros

CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 26/02/2018 17:17, o(a) Sr(a) JERONIMO ALVES BEZERRA foi intimado(a)
acerca de Decisão registrado em 06/06/2017 12:45 nos autos judiciais eletrônicos especificados na
epígrafe.

1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 18022114053344800000003298624 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 26/02/2018 17:17 - Seção Judiciária do Ceará.

243/294
1/1
12ª Vara Federal do Ceará
Rua João Carvalho, nº 485, 5.º andar, Aldeota, CEP 60.140.140 - Fortaleza/CE

INSPEÇÃO ORDINÁRIA - ANO 2018


(Prazos suspensos: dias 26 a 02 de março de 2017)

Vistos em Inspeção

Certifico que a inspeção desta 12ª Vara foi marcada para o período de 26/02/2018 a 02/03/2018, em que
ficam suspensos todos os prazos, cujo Edital Coletivo de Inspeção foi publicado no Diário da Justiça
Eletrônico SJCE de nº. 234.0/2017, que circulou em 19/12/2017, pag. 01/07, disponibilizado no site
www.trf5.jus.br. Dou fé.

Ocorrência Data Prazo


MANTER OS AUTOS SUSPENSOS 30/03/2018

Fortaleza/CE, data infra

Processo: 0805812-02.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
DANILO DIAS VASCONCELOS DE ALMEIDA - Magistrado
18030212133091400000003371917
Data e hora da assinatura: 02/03/2018 12:14:33
Identificador: 4058100.3367798
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 244/294
1/1
Segue pedido de execução provisória

Márcio Torres

PR/CE

Processo: 0805812-02.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
MARCIO ANDRADE TORRES - Procurador
18031210504045500000003406816
Data e hora da assinatura: 12/03/2018 10:52:12
Identificador: 4058100.3402659
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 245/294
1/1
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
PROCURADORIA DA REPÚBLICA NO ESTADO DO CEARÁ

EXMO. SR. JUIZ FEDERAL DA 12ª VARA – SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ

PROCESSO Nº: 0805812-02.2016.4.05.8100


EXECUÇÃO PROVISÓRIA
EXEQUENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
CONDENADO: JERONIMO ALVES BEZERRA

PROMOÇÃO Nº 04439/2018

O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, por intermédio do seu


Representante Legal subscrito, vem perante Vossa Excelência expor e requerer o seguinte:

O MPF (Id 4058100.1792795) requereu a execução provisória da


pena quanto ao sentenciado JERONIMO ALVES BEZERRA, nos seguintes termos:

Ante tais circunstâncias, requer o MPF seja iniciada a execução da pena restritiva de
liberdade de 05 (cinco) anos de reclusão e 200 (duzentos dias-multa) imposta ao réu
JERONIMO ALVES BEZERRA em regime semiaberto, com a adoção das seguintes
providências:
1) a expedição de carta de guia para que seja a pena cumprida em regime semiaberto,
em estabelecimento compatível com o disposto no art. 91 da LEP;
2) na falta de estabelecimento onde possa ser cumprida a pena, como é o caso do Estado
do Ceará, requer o MPF, desde logo, seja determinado o monitoramento eletrônico do
sentenciado, em recolhimento domiciliar, fixando-se para tanto a realização de
audiência admonitória;”

No entanto, por decisão do Superior Tribunal de Justiça na TP 038, em


que foi Relator o Min. Félix Fischer, havia sido concedida tutela suspensiva, que veio a ser
recentemente cassada, de acordo com a seguinte ementa e Telegrama acostado aos autos
pela Corte Superior:

246/294
1/2
“TUTELA PROVISÓRIA. PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO AO
RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA.
JULGAMENTO DO FEITO PRINCIPAL. PREJUDICADO PEDIDO.
LIMINAR CASSADA.”

Por outro lado, o RESp 1.449.193/CE, que apoiava tal tutela provisória
foi julgado e desprovido, como se vê a seguir, estando pendente apenas o julgamento de
embargos de declaração:
PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.
NEGOCIAÇÃO DE TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS SEM
AUTORIZAÇÃO PRÉVIA. ADEQUAÇÃO TÍPICA DA CONDUTA.
REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO.
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. DOSIMETRIA.PENA-BASE
ACIMA DO MÍNIMO LEGAL. CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAS.
FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL.
NÃO COMPROVAÇÃO. DECISÃO MANTIDA.”

Desse modo, nada obsta que se dê início à execução penal, o que ora é
requerido pelo Ministério Público Federal.

Fortaleza, 12 de março de 2018.

MARCIO ANDRADE TORRES


Procurador da República

Processo: 0805812-02.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
MARCIO ANDRADE TORRES - Procurador
18031210511895800000003406817
Data e hora da assinatura: 12/03/2018 10:52:12
Identificador: 4058100.3402660
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 247/294
2/2
Superior Tribunal de Justiça
PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA Nº 38 - CE (2016/0292446-7)

RELATOR : MINISTRO FELIX FISCHER


REQUERENTE : FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
REQUERENTE : GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO
REQUERENTE : IELTON BARRETO DE OLIVEIRA
REQUERENTE : JERÔNIMO ALVES BEZERRA
ADVOGADO : MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA E OUTRO(S) -
DF021932
REQUERIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
EMENTA

TUTELA PROVISÓRIA. PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO AO


RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA.
JULGAMENTO DO FEITO PRINCIPAL. PREJUDICADO PEDIDO.
LIMINAR CASSADA.

DECISÃO

Trata-se de pedido de tutela provisória, formulada por FRANCISCO


DESMAR DE QUEIROS, GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO, IELTON
BARRETO DE OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES BEZERRA, consubstanciada na
possibilidade de concessão in limine litis de medida cautelar para atribuir efeito
suspensivo a recurso especial anteriormente interposto.

Sustentam os requerentes que o periculum in mora que autorizaria a


concessão da medida cingir-se-ia à iminente possibilidade concreta de segregação (fl.
4), decretada pelo magistrado de primeira instância, ao argumento de que "o fato de ter
sido o decreto de prisão exarado ex officio, sem provocação de qualquer espécie do
órgão acusatório e em flagrante contrariedade ao próprio dispositivo da sentença,
que determinara expressamente que o início da pena ocorresse “após o trânsito em
julgado” e contra o qual não se insurgiu o Ministério Público, sinalizam fortemente
para a verossimilhança do direito alegado" (fl. 5).

Por outro lado, o fumus boni iuris encontrar-se-ia na viabilidade


recursal, consistente em "violação da correlação entre acusação e sentença, falta de
fundamentação na dosimetria da pena, inadequação típica da conduta, e, ainda, a
indicação de omissão reiterada e deliberada na apreciação destas mesmas matérias

Documento: 80507648 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 28/02/2018 Página 1 de 3

248/294
1/3
Superior Tribunal de Justiça
amplamente arguidas e prequestionadas desde a origem pela defesa" (fl. 4).

Pugnam, ao final, pela concessão de efeito suspensivo para sustar o


início da execução provisória da pena até ulterior julgamento do mérito da presente
medida acautelatória.

A liminar foi deferida às fls. 2164-2167, para sustar o início da execução


provisória da pena até ulterior julgamento final do presente pedido de tutela
provisória.

É o relatório.

Decido.

O pedido está prejudicado.

Com efeito, o Recurso Especial 1.449.193/CE, do qual esta tutela


provisória é incidental, foi julgado monocraticamente, tendo sido conhecido em parte
e, na extensão, desprovido. No dia 20 de fevereiro deste ano, a col. Quinta Turma
deste Superior Tribunal de Justiça julgou o agravo regimental naquele feito, negando
provimento ao recurso para manter os fundamentos do decisum monocrático.

Em tal contexto, verifico que o presente pedido perdeu o objeto, em


razão da superveniência da decisão de mérito proferida nos autos da ação principal.
Nesse sentido:

"AGRAVO REGIMENTAL NA MEDIDA CAUTELAR.


EFEITO SUSPENSIVO A ARESP. SUPERVENIENTE JULGAMENTO.
PERDA DO OBJETO.
I - A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de que,
uma vez apreciado o recurso cujo efeito suspensivo se visa atribuir, fica
prejudicada a medida cautelar.
II - O agravo em recurso especial cuja presente medida
cautelar é dependente foi apreciado em 27/5/2016. Na oportunidade,
conheci do agravo, para dar parcial provimento ao recurso especial
fixando o regime aberto para o início do cumprimento da pena imposta
ao agravante.
III - Agravo regimental prejudicado.
(AgInt na MC 25.653/SC, Quinta Turma, Rel. Min.
Reynaldo Soares da Fonseca, DJe de 26/09/2016).
Documento: 80507648 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 28/02/2018 Página 2 de 3

249/294
2/3
Superior Tribunal de Justiça

Ante o exposto, com fulcro no art. 34, XI, do RISTJ, julgo prejudicada a
tutela provisória e a liminar outrora deferida.

P. e I.

Brasília (DF), 22 de fevereiro de 2018.

Ministro Felix Fischer


Relator

Documento: 80507648 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 28/02/2018 Página 3 de 3


Processo: 0805812-02.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
MARCIO ANDRADE TORRES - Procurador
18031210513279800000003406822
Data e hora da assinatura: 12/03/2018 10:52:12
Identificador: 4058100.3402665
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 250/294
3/3
Superior Tribunal de Justiça
AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.449.193 - CE (2014/0091750-6)

RELATOR : MINISTRO FELIX FISCHER


AGRAVANTE : FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
AGRAVANTE : JERÔNIMO ALVES BEZERRA
AGRAVANTE : GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO
AGRAVANTE : IELTON BARRETO DE OLIVEIRA
ADVOGADO : MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA E OUTRO(S) -
DF021932
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
EMENTA

PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.


NEGOCIAÇÃO DE TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS SEM
AUTORIZAÇÃO PRÉVIA. ADEQUAÇÃO TÍPICA DA CONDUTA.
REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE.
SÚMULA 7/STJ. DOSIMETRIA. PENA-BASE ACIMA DO MÍNIMO LEGAL.
CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAS. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. DISSÍDIO
JURISPRUDENCIAL. NÃO COMPROVAÇÃO. DECISÃO MANTIDA.
I - As conclusões do eg. Tribunal de origem a respeito da adequação
típica da conduta não podem ser alteradas sem nova incursão no conjunto de
fatos e provas colacionado aos autos. Tal providência não é viável em sede de
recurso especial, a teor do enunciado sumular n. 7 desta Corte.
II - A dosimetria da pena, quando imposta com base em elementos
concretos e observados os limites da discricionariedade vinculada atribuída ao
magistrado sentenciante, impede a revisão da reprimenda por esta Corte
Superior, exceto se for constatada evidente desproporcionalidade entre o delito e
a pena imposta, hipótese em que caberá a reapreciação para a correção de
eventual desacerto quanto ao cálculo das frações de aumento e de diminuição e a
reavaliação das circunstâncias judiciais listadas no art. 59 do Código Penal.
III - In casu, o aumento da pena-base mostra-se, de fato, fundamentado,
pois considerados o modus operandi, a organização, o planejamento e a
estratégia na execução dos delitos, desempenhos por cada um dos agentes. Dessa
forma, o acórdão da origem consignou expressamente os motivos que
acarretaram a exasperação da pena-base, não havendo tampouco
desproporcionalidade no acréscimo.
IV - A interposição do recurso especial, com fulcro na alínea c do
permissivo constitucional exige o atendimento dos requisitos contidos no art.
1028, e § 1º do Código de Processo Civil, e no art. 255, § 1º, do Regimento
Interno do Superior Tribunal de Justiça, para a devida demonstração do alegado
dissídio jurisprudencial, pois, além da transcrição de acórdãos para a
comprovação da divergência, é necessário o cotejo analítico entre o aresto
recorrido e o paradigma, com a constatação da identidade das situações fáticas
e a interpretação diversa emprestada ao mesmo dispositivo de legislação
Documento: 80679228 - EMENTA / ACORDÃO - Site certificado - DJe: 26/02/2018 Página 1 de 2

251/294
1/2
Superior Tribunal de Justiça
infraconstitucional, situação que não ocorreu no presente caso.
Agravo regimental desprovido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima


indicadas, acordam os Ministros da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça,
por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental.
Os Srs. Ministros Jorge Mussi, Reynaldo Soares da Fonseca e Joel Ilan
Paciornik votaram com o Sr. Ministro Relator.
Impedido o Sr. Ministro Ribeiro Dantas.

Brasília (DF), 20 de fevereiro de 2018 (Data do Julgamento).

Ministro Felix Fischer


Relator

Documento: 80679228 - EMENTA / ACORDÃO - Site certificado - DJe: 26/02/2018 Página 2 de 2


Processo: 0805812-02.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
MARCIO ANDRADE TORRES - Procurador
18031210514757200000003406824
Data e hora da assinatura: 12/03/2018 10:52:12
Identificador: 4058100.3402667
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 252/294
2/2
Segue pedido de execução em anexo.

Márcio Torres

PR/CE

Processo: 0805812-02.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
MARCIO ANDRADE TORRES - Procurador, MARCIO ANDRADE TORRES - Procurador
18031210540026600000003406865
Data e hora da assinatura: 12/03/2018 10:57:55
Identificador: 4058100.3402708
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 253/294
1/1
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
PROCURADORIA DA REPÚBLICA NO ESTADO DO CEARÁ

EXMO. SR. JUIZ FEDERAL DA 12ª VARA – SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ

PROCESSO Nº: 0805812-02.2016.4.05.8100


EXECUÇÃO PROVISÓRIA
EXEQUENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
CONDENADO: JERONIMO ALVES BEZERRA

PROMOÇÃO Nº 04439/2018

O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, por intermédio do seu


Representante Legal subscrito, vem perante Vossa Excelência expor e requerer o seguinte:

O MPF (Id 4058100.1792795) requereu a execução provisória da


pena quanto ao sentenciado JERONIMO ALVES BEZERRA, nos seguintes termos:

Ante tais circunstâncias, requer o MPF seja iniciada a execução da pena restritiva de
liberdade de 05 (cinco) anos de reclusão e 200 (duzentos dias-multa) imposta ao réu
JERONIMO ALVES BEZERRA em regime semiaberto, com a adoção das seguintes
providências:
1) a expedição de carta de guia para que seja a pena cumprida em regime semiaberto,
em estabelecimento compatível com o disposto no art. 91 da LEP;
2) na falta de estabelecimento onde possa ser cumprida a pena, como é o caso do Estado
do Ceará, requer o MPF, desde logo, seja determinado o monitoramento eletrônico do
sentenciado, em recolhimento domiciliar, fixando-se para tanto a realização de
audiência admonitória;”

No entanto, por decisão do Superior Tribunal de Justiça na TP 038, em


que foi Relator o Min. Félix Fischer, havia sido concedida tutela suspensiva, que veio a ser
recentemente cassada, de acordo com a seguinte ementa e Telegrama acostado aos autos
pela Corte Superior:

254/294
1/2
“TUTELA PROVISÓRIA. PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO AO
RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA.
JULGAMENTO DO FEITO PRINCIPAL. PREJUDICADO PEDIDO.
LIMINAR CASSADA.”

Por outro lado, o RESp 1.449.193/CE, que apoiava tal tutela provisória
foi julgado e desprovido, como se vê a seguir, estando pendente apenas o julgamento de
embargos de declaração:
PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.
NEGOCIAÇÃO DE TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS SEM
AUTORIZAÇÃO PRÉVIA. ADEQUAÇÃO TÍPICA DA CONDUTA.
REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO.
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. DOSIMETRIA.PENA-BASE
ACIMA DO MÍNIMO LEGAL. CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAS.
FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL.
NÃO COMPROVAÇÃO. DECISÃO MANTIDA.”

Desse modo, nada obsta que se dê início à execução penal, o que ora é
requerido pelo Ministério Público Federal.

Fortaleza, 12 de março de 2018.

MARCIO ANDRADE TORRES


Procurador da República

Processo: 0805812-02.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
MARCIO ANDRADE TORRES - Procurador, MARCIO ANDRADE TORRES - Procurador
18031210562184600000003406866
Data e hora da assinatura: 12/03/2018 10:57:55
Identificador: 4058100.3402709
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 255/294
2/2
Superior Tribunal de Justiça
PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA Nº 38 - CE (2016/0292446-7)

RELATOR : MINISTRO FELIX FISCHER


REQUERENTE : FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
REQUERENTE : GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO
REQUERENTE : IELTON BARRETO DE OLIVEIRA
REQUERENTE : JERÔNIMO ALVES BEZERRA
ADVOGADO : MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA E OUTRO(S) -
DF021932
REQUERIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
EMENTA

TUTELA PROVISÓRIA. PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO AO


RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA.
JULGAMENTO DO FEITO PRINCIPAL. PREJUDICADO PEDIDO.
LIMINAR CASSADA.

DECISÃO

Trata-se de pedido de tutela provisória, formulada por FRANCISCO


DESMAR DE QUEIROS, GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO, IELTON
BARRETO DE OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES BEZERRA, consubstanciada na
possibilidade de concessão in limine litis de medida cautelar para atribuir efeito
suspensivo a recurso especial anteriormente interposto.

Sustentam os requerentes que o periculum in mora que autorizaria a


concessão da medida cingir-se-ia à iminente possibilidade concreta de segregação (fl.
4), decretada pelo magistrado de primeira instância, ao argumento de que "o fato de ter
sido o decreto de prisão exarado ex officio, sem provocação de qualquer espécie do
órgão acusatório e em flagrante contrariedade ao próprio dispositivo da sentença,
que determinara expressamente que o início da pena ocorresse “após o trânsito em
julgado” e contra o qual não se insurgiu o Ministério Público, sinalizam fortemente
para a verossimilhança do direito alegado" (fl. 5).

Por outro lado, o fumus boni iuris encontrar-se-ia na viabilidade


recursal, consistente em "violação da correlação entre acusação e sentença, falta de
fundamentação na dosimetria da pena, inadequação típica da conduta, e, ainda, a
indicação de omissão reiterada e deliberada na apreciação destas mesmas matérias

Documento: 80507648 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 28/02/2018 Página 1 de 3

256/294
1/3
Superior Tribunal de Justiça
amplamente arguidas e prequestionadas desde a origem pela defesa" (fl. 4).

Pugnam, ao final, pela concessão de efeito suspensivo para sustar o


início da execução provisória da pena até ulterior julgamento do mérito da presente
medida acautelatória.

A liminar foi deferida às fls. 2164-2167, para sustar o início da execução


provisória da pena até ulterior julgamento final do presente pedido de tutela
provisória.

É o relatório.

Decido.

O pedido está prejudicado.

Com efeito, o Recurso Especial 1.449.193/CE, do qual esta tutela


provisória é incidental, foi julgado monocraticamente, tendo sido conhecido em parte
e, na extensão, desprovido. No dia 20 de fevereiro deste ano, a col. Quinta Turma
deste Superior Tribunal de Justiça julgou o agravo regimental naquele feito, negando
provimento ao recurso para manter os fundamentos do decisum monocrático.

Em tal contexto, verifico que o presente pedido perdeu o objeto, em


razão da superveniência da decisão de mérito proferida nos autos da ação principal.
Nesse sentido:

"AGRAVO REGIMENTAL NA MEDIDA CAUTELAR.


EFEITO SUSPENSIVO A ARESP. SUPERVENIENTE JULGAMENTO.
PERDA DO OBJETO.
I - A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de que,
uma vez apreciado o recurso cujo efeito suspensivo se visa atribuir, fica
prejudicada a medida cautelar.
II - O agravo em recurso especial cuja presente medida
cautelar é dependente foi apreciado em 27/5/2016. Na oportunidade,
conheci do agravo, para dar parcial provimento ao recurso especial
fixando o regime aberto para o início do cumprimento da pena imposta
ao agravante.
III - Agravo regimental prejudicado.
(AgInt na MC 25.653/SC, Quinta Turma, Rel. Min.
Reynaldo Soares da Fonseca, DJe de 26/09/2016).
Documento: 80507648 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 28/02/2018 Página 2 de 3

257/294
2/3
Superior Tribunal de Justiça

Ante o exposto, com fulcro no art. 34, XI, do RISTJ, julgo prejudicada a
tutela provisória e a liminar outrora deferida.

P. e I.

Brasília (DF), 22 de fevereiro de 2018.

Ministro Felix Fischer


Relator

Documento: 80507648 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 28/02/2018 Página 3 de 3


Processo: 0805812-02.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
MARCIO ANDRADE TORRES - Procurador, MARCIO ANDRADE TORRES - Procurador
18031210563829200000003406868
Data e hora da assinatura: 12/03/2018 10:57:55
Identificador: 4058100.3402711
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 258/294
3/3
Superior Tribunal de Justiça
AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.449.193 - CE (2014/0091750-6)

RELATOR : MINISTRO FELIX FISCHER


AGRAVANTE : FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
AGRAVANTE : JERÔNIMO ALVES BEZERRA
AGRAVANTE : GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO
AGRAVANTE : IELTON BARRETO DE OLIVEIRA
ADVOGADO : MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA E OUTRO(S) -
DF021932
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
EMENTA

PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.


NEGOCIAÇÃO DE TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS SEM
AUTORIZAÇÃO PRÉVIA. ADEQUAÇÃO TÍPICA DA CONDUTA.
REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE.
SÚMULA 7/STJ. DOSIMETRIA. PENA-BASE ACIMA DO MÍNIMO LEGAL.
CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAS. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. DISSÍDIO
JURISPRUDENCIAL. NÃO COMPROVAÇÃO. DECISÃO MANTIDA.
I - As conclusões do eg. Tribunal de origem a respeito da adequação
típica da conduta não podem ser alteradas sem nova incursão no conjunto de
fatos e provas colacionado aos autos. Tal providência não é viável em sede de
recurso especial, a teor do enunciado sumular n. 7 desta Corte.
II - A dosimetria da pena, quando imposta com base em elementos
concretos e observados os limites da discricionariedade vinculada atribuída ao
magistrado sentenciante, impede a revisão da reprimenda por esta Corte
Superior, exceto se for constatada evidente desproporcionalidade entre o delito e
a pena imposta, hipótese em que caberá a reapreciação para a correção de
eventual desacerto quanto ao cálculo das frações de aumento e de diminuição e a
reavaliação das circunstâncias judiciais listadas no art. 59 do Código Penal.
III - In casu, o aumento da pena-base mostra-se, de fato, fundamentado,
pois considerados o modus operandi, a organização, o planejamento e a
estratégia na execução dos delitos, desempenhos por cada um dos agentes. Dessa
forma, o acórdão da origem consignou expressamente os motivos que
acarretaram a exasperação da pena-base, não havendo tampouco
desproporcionalidade no acréscimo.
IV - A interposição do recurso especial, com fulcro na alínea c do
permissivo constitucional exige o atendimento dos requisitos contidos no art.
1028, e § 1º do Código de Processo Civil, e no art. 255, § 1º, do Regimento
Interno do Superior Tribunal de Justiça, para a devida demonstração do alegado
dissídio jurisprudencial, pois, além da transcrição de acórdãos para a
comprovação da divergência, é necessário o cotejo analítico entre o aresto
recorrido e o paradigma, com a constatação da identidade das situações fáticas
e a interpretação diversa emprestada ao mesmo dispositivo de legislação
Documento: 80679228 - EMENTA / ACORDÃO - Site certificado - DJe: 26/02/2018 Página 1 de 2

259/294
1/2
Superior Tribunal de Justiça
infraconstitucional, situação que não ocorreu no presente caso.
Agravo regimental desprovido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima


indicadas, acordam os Ministros da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça,
por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental.
Os Srs. Ministros Jorge Mussi, Reynaldo Soares da Fonseca e Joel Ilan
Paciornik votaram com o Sr. Ministro Relator.
Impedido o Sr. Ministro Ribeiro Dantas.

Brasília (DF), 20 de fevereiro de 2018 (Data do Julgamento).

Ministro Felix Fischer


Relator

Documento: 80679228 - EMENTA / ACORDÃO - Site certificado - DJe: 26/02/2018 Página 2 de 2


Processo: 0805812-02.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
MARCIO ANDRADE TORRES - Procurador, MARCIO ANDRADE TORRES - Procurador
18031210565013600000003406870
Data e hora da assinatura: 12/03/2018 10:57:55
Identificador: 4058100.3402713
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 260/294
2/2
SEGUE EM PDF

Processo: 0805812-02.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO - Advogado
18031217352243800000003411261
Data e hora da assinatura: 12/03/2018 17:38:17
Identificador: 4058100.3407094
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 261/294
1/1
EXCELENTÍSSIMO JUIZ FEDERAL DA 12ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA
DO ESTADO DO CEARÁ

Ref. Execução Provisória nº 0805810-32.2016.4.05.8100

IELTON BARRETO DE OLIVEIRA, já qualificado nos autos do processo em


epígrafe, por seus advogados, comparece à presença de Vossa Excelência,
em face do pedido de execução provisória da condenação que lhe foi imposta
para expor e requerer o quanto segue:

1. O Sentenciado foi condenado pela suposta prática dos crimes


previstos nos artigos 7º, IV, da Lei nº 7.492/86 e 27-C da Lei nº 6.385/76,
ocorridos entre os anos de 2000 e 2006.

2. Em sede de Apelação, o TRF da 5ª Região, afastou a


condenação em relação ao crime previsto no artigo 27-C da Lei nº 6.385/76.

3. Embora tenha o Ministério Público se contentado com o


resultado alcançado, operando-se o trânsito em julgado para a acusação, o
Sentenciado interpôs Recurso Especial.

4. Determinada a prisão do Sentenciado, com fulcro no que


decidiu o Supremo Tribunal Federal acerca da possibilidade da execução
provisória da pena após o exaurimento da instância ordinária, a defesa
ingressou com pedido de tutela provisória perante o Superior Tribunal de
Justiça, cuja liminar foi deferida em face da plausibilidade do direito invocado.

262/294
1/5
5. Surpreendeu-se a defesa, no entanto, com posterior decisão
monocrática, negando provimento ao Recurso Especial e, em seguida, o
reconhecimento da prejudicialidade da medida cautelar.

6. Embora mencionadas decisões tenham sido objeto dos


recursos cabíveis à espécie, o Ministério Público requereu a este juízo a
execução provisória da pena que, se deferida, acarretará gravíssimo prejuízo
ao Sentenciado, por patente violação ao princípio do non reformatio in pejus.

7. Por fim, oportuno afirmar que embora este juízo já tenha sido
provocado quanto a mencionada violação, jamais sobre elas se posicionou em
razão da decisão proferida pelo STJ nos autos do pedido de tutela provisória.

8. Assim, mais uma vez, se demonstram as razões pelas quais o


pedido do Ministério Público há de ser indeferido. Vejamos:

I – DA NECESSIDADE DE TRÂNSITO EM JULGADO ESTABELECIDA NO


TÍTULO EXECUTIVO – IMPOSSIBILIDADE DE REFORMATIO IN PEJUS

9. O que se discute neste momento processual em nada se


relaciona com a (in)constitucionalidade da execução provisória da pena.

10. Trata-se, em realidade, de simples, porém, importantíssimo,


pedido de cumprimento do princípio do non reformatio in pejus e garantia da
segurança jurídica advindas de decisões proferidas em processos penais, das
quais deixe de recorrer a acusação.

11. No caso em tela, não é possível o início da execução provisória


da pena, porque o cumprimento da reprimenda está diretamente condicionado
ao trânsito em julgado do processo.

12. É que a sentença, título executivo, foi expresso em afirmar que


a prisão dos sentenciados deveria ocorrer apenas “após o trânsito em julgado
da sentença”.

263/294
2/5
13. Não há margem para dúvida. Conforme se depreende da
leitura do título que se pretende executar provisoriamente, a execução da
pena imposta ao Sentenciado dependeria de seu trânsito em julgado para
ambas as partes.

14. O Ministério Público, todavia, quedou-se inerte, satisfazendo-se


com o título executivo obtido em todos os seus termos, havendo, apenas para
si, ocorrido o transito em julgado. Confira-se:

15. Ora, ainda que se pretenda executar provisoriamente a pena, a


execução está adstrita aos exatos termos da sentença e esta é expressa em
afirmar que a prisão somente deve se dar após o trânsito em julgado.

16. A questão, portanto, não diz respeito, a possibilidade ou não da


prisão ser decretada após a decisão proferida em Segundo Grau em jurisdição.

264/294
3/5
17. No caso em tela, a alteração do título executivo (sentença), tal
como pretende o Ministério Público, sem que dela tenha recorrido, importaria
em flagrante reformatio in pejus.

18. Em outras palavras, se a sentença condenatória


expressamente afirma que o cumprimento da pena deve se dar apenas com o
trânsito em julgado, não havendo recurso por parte do Ministério Público, é
expressamente vedado ao judiciário impor a prisão cautelar do Sentenciado.

19. O próprio Supremo Tribunal Federal, aliás, vem garantindo a


aplicação do princípio do non reformatio in pejus, condicionando o recolhimento
a prisão ao trânsito em julgado para ambas as partes, nos casos que assim
prevê o título executivo, sem que, com isso, se possa afirmar o
descumprimento do precedente emanado por aquela Corte.

20. Nesse sentido, recentíssima a decisão proferida pelo Min.


CELSO DE MELLO, nos autos do HC nº 152.974/SP, publicada em 06 de
março de 2018:

“Tem-se entendido, nesta Suprema Corte, que, em situações


como a ora em exame, em que o Ministério Público sequer se
insurgiu contra o pronunciamento do órgão judiciário “a quo”
que garantiu ao paciente o direito de recorrer em liberdade, não
pode o Tribunal de superior jurisdição suprimir esse benefício,
em detrimento do condenado, sob pena de ofensa à cláusula
final inscrita no art. 617 do Código de Processo Penal:
“(…) POSSÍVEL OFENSA AO PRINCÍPIO QUE VEDA A
‘REFORMATIO IN PEJUS’ (CPP, ART. 617, ‘in fine’),
POIS O TRIBUNAL DE INFERIOR JURISDIÇÃO
ORDENOU QUE SE PROCEDESSE, EM PRIMEIRO
GRAU, À IMEDIATA EXECUÇÃO ANTECIPADA DA
PENA, NÃO OBSTANTE ESSE COMANDO HOUVESSE
SIDO DETERMINADO EM RECURSO EXCLUSIVO DO
RÉU CONDENADO, A QUEM SE ASSEGURARA, NO
ENTANTO, EM MOMENTO ANTERIOR, SEM
IMPUGNAÇÃO RECURSAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO,
O DIREITO DE AGUARDAR EM LIBERDADE A
CONCLUSÃO DO PROCESSO. (…).” (HC 147.452/MG,
Rel. Min. CELSO DE MELLO)”

265/294
4/5
21. Da mesma forma, os seguintes julgados: HC 135.951-MC/DF,
Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 140.217-MC/DF, Rel. Min.
RICARDO LEWANDOWSKI – HC 142.012-MC/DF, Rel. Min. RICARDO
LEWANDOWSKI – HC 142.017-MC/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI
– HC 147.428-MC/MG, Rel. Min. CELSO DE MELLO – HC 148.122-MC/MG,
Rel. Min. CELSO DE MELLO – HC 153.431/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO.

II – DO PEDIDO

22. Ante o exposto, como garantia à segurança do jurisdicionado


às decisões proferidas pelo judiciário, bem como para assegurar a não violação
ao princípio do non reformatio in pejus, requer seja indeferido o pedido de
execução provisória formulado pelo Ministério Público, garantindo-se ao
Sentenciado o direito de aguardar em liberdade o trânsito em julgado da ação
penal a que responde.

P. deferimento.
Fortaleza, 12 de março de 2018.

Marcelo Leal de Lima Oliveiro


OAB/DF 21.932

Anastacio Marinho
OAB/CE 8.502

Processo: 0805812-02.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO - Advogado
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Data e hora da assinatura: 12/03/2018 17:38:17
Identificador: 4058100.3407095
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 266/294
5/5
Supremo Tribunal Federal

MEDIDA CAUTELAR NO HABEAS CORPUS 152.974 SÃO PAULO

RELATOR : MIN. CELSO DE MELLO


PACTE.(S) : OSCAR VICTOR ROLLEMBERG HANSEN
IMPTE.(S) : ANTONIO NABOR AREIAS BULHOES E
OUTRO(A/S)
COATOR(A/S)(ES) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

DECISÃO: Trata-se de “habeas corpus”, com pedido de medida liminar,


impetrado contra decisão que, emanada do E. Superior Tribunal de Justiça,
restou consubstanciada em acórdão assim ementado:

“RECURSOS ESPECIAIS. ADMISSIBILIDADE. ÓBICES


PRELIMINARES. DENÚNCIA ANÔNIMA. INEXISTÊNCIA.
MINISTÉRIO PÚBLICO. INVESTIGAÇÃO. NULIDADE DO
PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO. SIGILO FISCAL E
TELEFÔNICO. QUEBRA. NULIDADES. PERSECUÇÃO
PENAL. ELEMENTOS DE INFORMAÇÃO NÃO
UTILIZADOS PARA DEFLAGRAÇÃO DO PROCESSO
PENAL. MATÉRIAS ANALISADAS EM ‘HABEAS CORPUS’.
SUPERAÇÃO. ATIPICIDADE. NÃO OCORRÊNCIA.
NULIDADES NA INSTRUÇÃO CRIMINAL. NÃO
CONFIGURAÇÃO. OMISSÃO DO ACÓRDÃO.
IMPROCEDÊNCIA. DOSIMETRIA. FLAGRANTE
ILEGALIDADE. RECURSOS ESPECIAIS CONHECIDOS
PARA REDUZIR AS PENAS IMPOSTAS. CONCESSÃO DE
‘HABEAS CORPUS’, DE OFÍCIO, PARA CORRÉUS EM
IDÊNTICA SITUAÇÃO.”
(REsp 1.639.698/SP, Red. p/ o acórdão Min. ROGERIO
SCHIETTI CRUZ – grifei)

Busca-se, em sede liminar, a suspensão cautelar de eficácia do ato que


determinou a execução provisória da condenação penal imposta ao ora paciente.

Sendo esse o contexto, passo a apreciar o pleito em causa.

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267/294
1/7
Supremo Tribunal Federal

HC 152974 MC / SP

Como se sabe, o Supremo Tribunal Federal, a partir da decisão


proferida no HC 126.292/SP e com apoio em sucessivos julgados
emanados do Plenário desta Corte Suprema (ADC 43-MC/DF e ADC 44-
-MC/DF), inclusive em sede de repercussão geral (ARE 964.246-RG/SP), veio
a firmar orientação no sentido da legitimidade constitucional da execução
provisória da pena.

Ao participar dos julgamentos que consagraram os precedentes


referidos, integrei a corrente minoritária, por entender que a tese da
execução provisória de condenações penais ainda recorríveis transgride, de
modo frontal, a presunção constitucional de inocência, que só deixa de
subsistir ante o trânsito em julgado da decisão condenatória (CF, art. 5º,
LVII).

Antes desse momento – é preciso advertir –, o Estado não pode tratar


os indiciados ou os réus como se culpados fossem. A presunção de
inocência impõe, desse modo, ao Poder Público um dever de tratamento
que não pode ser desrespeitado por seus agentes e autoridades, como vinha
advertindo, em sucessivos julgamentos, esta Corte Suprema (HC 96.095/SP,
Rel. Min. CELSO DE MELLO – HC 121.929/TO, Rel. Min. ROBERTO
BARROSO – HC 124.000/SP, Rel. Min. MARCO AURÉLIO –
HC 126.846/SP, Rel. Min. TEORI ZAVASCKI – HC 130.298/SP, Rel. Min.
GILMAR MENDES, v.g.):

“(…) O POSTULADO CONSTITUCIONAL DA


PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA IMPEDE QUE O ESTADO
TRATE, COMO SE CULPADO FOSSE, AQUELE QUE AINDA
NÃO SOFREU CONDENAÇÃO PENAL IRRECORRÍVEL

– A prerrogativa jurídica da liberdade – que possui


extração constitucional (CF, art. 5º, LXI e LXV) – não pode ser
ofendida por interpretações doutrinárias ou jurisprudenciais que,

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268/294
2/7
Supremo Tribunal Federal

HC 152974 MC / SP

fundadas em preocupante discurso de conteúdo autoritário,


culminam por consagrar, paradoxalmente, em detrimento de
direitos e garantias fundamentais proclamados pela Constituição da
República, a ideologia da lei e da ordem.
Mesmo que se trate de pessoa acusada da suposta prática de
crime hediondo, e até que sobrevenha sentença penal condenatória
irrecorrível, não se revela possível – por efeito de insuperável
vedação constitucional (CF, art. 5º, LVII) – presumir-lhe a
culpabilidade.
Ninguém pode ser tratado como culpado, qualquer que seja
a natureza do ilícito penal cuja prática lhe tenha sido atribuída, sem
que exista, a esse respeito, decisão judicial condenatória transitada
em julgado.
O princípio constitucional da presunção de inocência, em
nosso sistema jurídico, consagra, além de outras relevantes
consequências, uma regra de tratamento que impede o Poder
Público de agir e de se comportar, em relação ao suspeito, ao
indiciado, ao denunciado ou ao réu, como se estes já houvessem sido
condenados, definitivamente, por sentença do Poder Judiciário.
Precedentes.”
(HC 93.883/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO)

Assinalo, para efeito de mero registro, que a exigência de trânsito em


julgado da condenação penal não representa peculiaridade do
constitucionalismo brasileiro, pois também encontra correspondência no
plano do direito comparado, como se vê, p. ex., da Constituição da República
Italiana (art. 27) e da Constituição da República Portuguesa (art. 32, n. 2).

São essas as razões que, em apertada síntese, levaram-me a sustentar,


em voto vencido, a tese segundo a qual a execução provisória (ou prematura)
da sentença penal condenatória revela-se frontalmente incompatível com o
direito fundamental do réu de ser presumido inocente até que sobrevenha
o efetivo e real trânsito em julgado de sua condenação criminal, tal como
expressamente assegurado pela própria Constituição da República (CF, art. 5º,
LVII).

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269/294
3/7
Supremo Tribunal Federal

HC 152974 MC / SP

Não foi por outro motivo que vim a conceder – é certo – medidas
cautelares em sede de “habeas corpus”, embora o fizesse somente
naquelas situações não reveladoras da necessidade de manter-se a prisão do
condenado, sempre segundo avaliação por mim efetivada em cada caso
examinado.

Ocorre, no entanto, que, enquanto não sobrevier alteração do


pensamento jurisprudencial desta Corte sobre o tema em causa, não tenho
como dele dissociar-me.

No que concerne, portanto, ao questionamento referente à execução


antecipada da pena, não obstante entenda tratar-se de medida
incompatível com o nosso modelo constitucional, que consagra, como
direito fundamental, a presunção de inocência (CF, art. 5º, inciso LVII), devo
observar o princípio da colegialidade, além de considerar, na espécie, o fato
de que se mostra iminente o julgamento final da ADC 43/DF e da
ADC 44/DF, de que é Relator o eminente Ministro MARCO AURÉLIO,
ocasião em que esta Corte reapreciará o tema da possibilidade
constitucional de efetivar-se a execução antecipada da sentença penal
condenatória.

Inacolhível, desse modo, sob a perspectiva que venho de expor,


a pretendida concessão de medida cautelar suspensiva da execução
provisória ora impugnada.

Cabe observar, contudo, que esta impetração sustenta-se em outro


fundamento, consistente na alegada transgressão, pelo Tribunal “ad quem”,
do postulado que veda a “reformatio in pejus” (CPP, art. 617, “in fine”).

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270/294
4/7
Supremo Tribunal Federal

HC 152974 MC / SP

Com efeito, o Desembargador Relator no E. Tribunal de Justiça do


Estado de São Paulo assegurou ao ora paciente o direito de aguardar em
liberdade a conclusão do processo em que proferida a condenação penal
que lhe foi imposta, havendo consignado, expressamente, em relação a
esse mesmo paciente, que o respectivo mandado de prisão somente
deveria ser expedido “Após o trânsito em julgado (…)”.

O E. Superior Tribunal de Justiça, entretanto, determinou, em recurso


exclusivo do réu, ora paciente, fosse instaurada, contra ele, a pertinente
execução provisória da condenação criminal.

Tem-se entendido, nesta Suprema Corte, que, em situações como a


ora em exame, em que o Ministério Público sequer se insurgiu contra o
pronunciamento do órgão judiciário “a quo” que garantiu ao paciente o
direito de recorrer em liberdade, não pode o Tribunal de superior
jurisdição suprimir esse benefício, em detrimento do condenado, sob pena de
ofensa à cláusula final inscrita no art. 617 do Código de Processo Penal:

“(…) POSSÍVEL OFENSA AO PRINCÍPIO QUE VEDA A


‘REFORMATIO IN PEJUS’ (CPP, ART. 617, ‘in fine’), POIS O
TRIBUNAL DE INFERIOR JURISDIÇÃO ORDENOU QUE SE
PROCEDESSE, EM PRIMEIRO GRAU, À IMEDIATA
EXECUÇÃO ANTECIPADA DA PENA, NÃO OBSTANTE ESSE
COMANDO HOUVESSE SIDO DETERMINADO EM
RECURSO EXCLUSIVO DO RÉU CONDENADO, A QUEM SE
ASSEGURARA, NO ENTANTO, EM MOMENTO ANTERIOR,
SEM IMPUGNAÇÃO RECURSAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO,
O DIREITO DE AGUARDAR EM LIBERDADE A
CONCLUSÃO DO PROCESSO. (…).”
(HC 147.452/MG, Rel. Min. CELSO DE MELLO)

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271/294
5/7
Supremo Tribunal Federal

HC 152974 MC / SP

Vale consignar que se registram, no sentido que venho de expor,


diversas outras decisões proferidas no âmbito do Supremo Tribunal
Federal (HC 135.951-MC/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI –
HC 140.217-MC/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 142.012-
-MC/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 142.017-MC/DF,
Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 147.428-MC/MG, Rel. Min.
CELSO DE MELLO – HC 148.122-MC/MG, Rel. Min. CELSO DE
MELLO – HC 153.431/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.).

Sendo assim, e tendo presentes as razões expostas, defiro o pedido de


medida liminar, para, até final julgamento deste “habeas corpus”, suspender,
cautelarmente, o início da execução da pena determinada nos autos do
REsp nº 1.639.698/SP, do E. Superior Tribunal de Justiça, restando
impossibilitada, em consequência, a efetivação da prisão de Oscar Victor
Rollemberg Hansen em decorrência da condenação criminal (ainda não
transitada em julgado) que lhe foi imposta no Processo-crime nº 0077446-
-88.2009.8.26.0576 (5ª Vara Criminal da comarca de São José do Rio
Preto/SP).

Caso referido paciente já tenha sido preso em razão da ordem


de execução provisória da pena imposta nos autos do Processo-
-crime nº 0077446-88.2009.8.26.0576 (5ª Vara Criminal da comarca de São
José do Rio Preto/SP), deverá ser ele posto imediatamente em liberdade,
se por al não estiver preso.

Comunique-se, com urgência, transmitindo-se cópia desta


decisão ao E. Superior Tribunal de Justiça (REsp nº 1.639.698/SP),
ao E. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (Apelação
Criminal nº 0077446-88.2009.8.26.0576) e ao Juízo de Direito da
5ª Vara Criminal da comarca de São José do Rio Preto/SP (Processo-
-crime nº 0077446-88.2009.8.26.0576).

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
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272/294
6/7
Supremo Tribunal Federal

HC 152974 MC / SP

2. Ouça-se a douta Procuradoria-Geral da República sobre o mérito


da presente impetração.

Publique-se.

Brasília, 01 de março de 2018.

Ministro CELSO DE MELLO


Relator

7
Processo: 0805812-02.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO - Advogado
18031217371987900000003411276
Documento assinado
Data e hora dadigitalmente conforme
assinatura: 12/03/2018 MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
17:38:17
documento pode ser acessado
Identificador: no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 14441922.
4058100.3407109
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 273/2947/7
SEGUE EM PDF

Processo: 0805812-02.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO - Advogado
18031217420697600000003411338
Data e hora da assinatura: 12/03/2018 17:44:01
Identificador: 4058100.3407171
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 274/294
1/1
EXCELENTÍSSIMO JUIZ FEDERAL DA 12ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA
DO ESTADO DO CEARÁ

Ref. Execução Provisória nº 0805812-02.2016.4.05.8100

JERÔNIMO ALVEZ BEZERRA, já qualificado nos autos do processo em


epígrafe, por seus advogados, comparece à presença de Vossa Excelência,
em face do pedido de execução provisória da condenação que lhe foi imposta
para expor e requerer o quanto segue:

1. O Sentenciado foi condenado pela suposta prática dos crimes


previstos nos artigos 7º, IV, da Lei nº 7.492/86 e 27-C da Lei nº 6.385/76,
ocorridos entre os anos de 2000 e 2006.

2. Em sede de Apelação, o TRF da 5ª Região, afastou a


condenação em relação ao crime previsto no artigo 27-C da Lei nº 6.385/76.

3. Embora tenha o Ministério Público se contentado com o


resultado alcançado, operando-se o trânsito em julgado para a acusação, o
Sentenciado interpôs Recurso Especial.

4. Determinada a prisão do Sentenciado, com fulcro no que


decidiu o Supremo Tribunal Federal acerca da possibilidade da execução
provisória da pena após o exaurimento da instância ordinária, a defesa
ingressou com pedido de tutela provisória perante o Superior Tribunal de
Justiça, cuja liminar foi deferida em face da plausibilidade do direito invocado.

275/294
1/5
5. Surpreendeu-se a defesa, no entanto, com posterior decisão
monocrática, negando provimento ao Recurso Especial e, em seguida, o
reconhecimento da prejudicialidade da medida cautelar.

6. Embora mencionadas decisões tenham sido objeto dos


recursos cabíveis à espécie, o Ministério Público requereu a este juízo a
execução provisória da pena que, se deferida, acarretará gravíssimo prejuízo
ao Sentenciado, por patente violação ao princípio do non reformatio in pejus.

7. Por fim, oportuno afirmar que embora este juízo já tenha sido
provocado quanto a mencionada violação, jamais sobre elas se posicionou em
razão da decisão proferida pelo STJ nos autos do pedido de tutela provisória.

8. Assim, mais uma vez, se demonstram as razões pelas quais o


pedido do Ministério Público há de ser indeferido. Vejamos:

I – DA NECESSIDADE DE TRÂNSITO EM JULGADO ESTABELECIDA NO


TÍTULO EXECUTIVO – IMPOSSIBILIDADE DE REFORMATIO IN PEJUS

9. O que se discute neste momento processual em nada se


relaciona com a (in)constitucionalidade da execução provisória da pena.

10. Trata-se, em realidade, de simples, porém, importantíssimo,


pedido de cumprimento do princípio do non reformatio in pejus e garantia da
segurança jurídica advindas de decisões proferidas em processos penais, das
quais deixe de recorrer a acusação.

11. No caso em tela, não é possível o início da execução provisória


da pena, porque o cumprimento da reprimenda está diretamente condicionado
ao trânsito em julgado do processo.

12. É que a sentença, título executivo, foi expresso em afirmar que


a prisão dos sentenciados deveria ocorrer apenas “após o trânsito em julgado
da sentença”.

276/294
2/5
13. Não há margem para dúvida. Conforme se depreende da
leitura do título que se pretende executar provisoriamente, a execução da
pena imposta ao Sentenciado dependeria de seu trânsito em julgado para
ambas as partes.

14. O Ministério Público, todavia, quedou-se inerte, satisfazendo-se


com o título executivo obtido em todos os seus termos, havendo, apenas para
si, ocorrido o transito em julgado. Confira-se:

15. Ora, ainda que se pretenda executar provisoriamente a pena, a


execução está adstrita aos exatos termos da sentença e esta é expressa em
afirmar que a prisão somente deve se dar após o trânsito em julgado.

16. A questão, portanto, não diz respeito, a possibilidade ou não da


prisão ser decretada após a decisão proferida em Segundo Grau em jurisdição.

277/294
3/5
17. No caso em tela, a alteração do título executivo (sentença), tal
como pretende o Ministério Público, sem que dela tenha recorrido, importaria
em flagrante reformatio in pejus.

18. Em outras palavras, se a sentença condenatória


expressamente afirma que o cumprimento da pena deve se dar apenas com o
trânsito em julgado, não havendo recurso por parte do Ministério Público, é
expressamente vedado ao judiciário impor a prisão cautelar do Sentenciado.

19. O próprio Supremo Tribunal Federal, aliás, vem garantindo a


aplicação do princípio do non reformatio in pejus, condicionando o recolhimento
a prisão ao trânsito em julgado para ambas as partes, nos casos que assim
prevê o título executivo, sem que, com isso, se possa afirmar o
descumprimento do precedente emanado por aquela Corte.

20. Nesse sentido, recentíssima a decisão proferida pelo Min.


CELSO DE MELLO, nos autos do HC nº 152.974/SP, publicada em 06 de
março de 2018:

“Tem-se entendido, nesta Suprema Corte, que, em situações


como a ora em exame, em que o Ministério Público sequer se
insurgiu contra o pronunciamento do órgão judiciário “a quo”
que garantiu ao paciente o direito de recorrer em liberdade, não
pode o Tribunal de superior jurisdição suprimir esse benefício,
em detrimento do condenado, sob pena de ofensa à cláusula
final inscrita no art. 617 do Código de Processo Penal:
“(…) POSSÍVEL OFENSA AO PRINCÍPIO QUE VEDA A
‘REFORMATIO IN PEJUS’ (CPP, ART. 617, ‘in fine’),
POIS O TRIBUNAL DE INFERIOR JURISDIÇÃO
ORDENOU QUE SE PROCEDESSE, EM PRIMEIRO
GRAU, À IMEDIATA EXECUÇÃO ANTECIPADA DA
PENA, NÃO OBSTANTE ESSE COMANDO HOUVESSE
SIDO DETERMINADO EM RECURSO EXCLUSIVO DO
RÉU CONDENADO, A QUEM SE ASSEGURARA, NO
ENTANTO, EM MOMENTO ANTERIOR, SEM
IMPUGNAÇÃO RECURSAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO,
O DIREITO DE AGUARDAR EM LIBERDADE A
CONCLUSÃO DO PROCESSO. (…).” (HC 147.452/MG,
Rel. Min. CELSO DE MELLO)”

278/294
4/5
21. Da mesma forma, os seguintes julgados: HC 135.951-MC/DF,
Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 140.217-MC/DF, Rel. Min.
RICARDO LEWANDOWSKI – HC 142.012-MC/DF, Rel. Min. RICARDO
LEWANDOWSKI – HC 142.017-MC/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI
– HC 147.428-MC/MG, Rel. Min. CELSO DE MELLO – HC 148.122-MC/MG,
Rel. Min. CELSO DE MELLO – HC 153.431/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO.

II – DO PEDIDO

22. Ante o exposto, como garantia à segurança do jurisdicionado


às decisões proferidas pelo judiciário, bem como para assegurar a não violação
ao princípio do non reformatio in pejus, requer seja indeferido o pedido de
execução provisória formulado pelo Ministério Público, garantindo-se ao
Sentenciado o direito de aguardar em liberdade o trânsito em julgado da ação
penal a que responde.

P. deferimento.
Fortaleza, 12 de março de 2018.

Marcelo Leal de Lima Oliveiro


OAB/DF 21.932

Anastacio Marinho
OAB/CE 8.502

Processo: 0805812-02.2016.4.05.8100
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ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO - Advogado
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5/5
Supremo Tribunal Federal

MEDIDA CAUTELAR NO HABEAS CORPUS 152.974 SÃO PAULO

RELATOR : MIN. CELSO DE MELLO


PACTE.(S) : OSCAR VICTOR ROLLEMBERG HANSEN
IMPTE.(S) : ANTONIO NABOR AREIAS BULHOES E
OUTRO(A/S)
COATOR(A/S)(ES) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

DECISÃO: Trata-se de “habeas corpus”, com pedido de medida liminar,


impetrado contra decisão que, emanada do E. Superior Tribunal de Justiça,
restou consubstanciada em acórdão assim ementado:

“RECURSOS ESPECIAIS. ADMISSIBILIDADE. ÓBICES


PRELIMINARES. DENÚNCIA ANÔNIMA. INEXISTÊNCIA.
MINISTÉRIO PÚBLICO. INVESTIGAÇÃO. NULIDADE DO
PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO. SIGILO FISCAL E
TELEFÔNICO. QUEBRA. NULIDADES. PERSECUÇÃO
PENAL. ELEMENTOS DE INFORMAÇÃO NÃO
UTILIZADOS PARA DEFLAGRAÇÃO DO PROCESSO
PENAL. MATÉRIAS ANALISADAS EM ‘HABEAS CORPUS’.
SUPERAÇÃO. ATIPICIDADE. NÃO OCORRÊNCIA.
NULIDADES NA INSTRUÇÃO CRIMINAL. NÃO
CONFIGURAÇÃO. OMISSÃO DO ACÓRDÃO.
IMPROCEDÊNCIA. DOSIMETRIA. FLAGRANTE
ILEGALIDADE. RECURSOS ESPECIAIS CONHECIDOS
PARA REDUZIR AS PENAS IMPOSTAS. CONCESSÃO DE
‘HABEAS CORPUS’, DE OFÍCIO, PARA CORRÉUS EM
IDÊNTICA SITUAÇÃO.”
(REsp 1.639.698/SP, Red. p/ o acórdão Min. ROGERIO
SCHIETTI CRUZ – grifei)

Busca-se, em sede liminar, a suspensão cautelar de eficácia do ato que


determinou a execução provisória da condenação penal imposta ao ora paciente.

Sendo esse o contexto, passo a apreciar o pleito em causa.

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280/294
1/7
Supremo Tribunal Federal

HC 152974 MC / SP

Como se sabe, o Supremo Tribunal Federal, a partir da decisão


proferida no HC 126.292/SP e com apoio em sucessivos julgados
emanados do Plenário desta Corte Suprema (ADC 43-MC/DF e ADC 44-
-MC/DF), inclusive em sede de repercussão geral (ARE 964.246-RG/SP), veio
a firmar orientação no sentido da legitimidade constitucional da execução
provisória da pena.

Ao participar dos julgamentos que consagraram os precedentes


referidos, integrei a corrente minoritária, por entender que a tese da
execução provisória de condenações penais ainda recorríveis transgride, de
modo frontal, a presunção constitucional de inocência, que só deixa de
subsistir ante o trânsito em julgado da decisão condenatória (CF, art. 5º,
LVII).

Antes desse momento – é preciso advertir –, o Estado não pode tratar


os indiciados ou os réus como se culpados fossem. A presunção de
inocência impõe, desse modo, ao Poder Público um dever de tratamento
que não pode ser desrespeitado por seus agentes e autoridades, como vinha
advertindo, em sucessivos julgamentos, esta Corte Suprema (HC 96.095/SP,
Rel. Min. CELSO DE MELLO – HC 121.929/TO, Rel. Min. ROBERTO
BARROSO – HC 124.000/SP, Rel. Min. MARCO AURÉLIO –
HC 126.846/SP, Rel. Min. TEORI ZAVASCKI – HC 130.298/SP, Rel. Min.
GILMAR MENDES, v.g.):

“(…) O POSTULADO CONSTITUCIONAL DA


PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA IMPEDE QUE O ESTADO
TRATE, COMO SE CULPADO FOSSE, AQUELE QUE AINDA
NÃO SOFREU CONDENAÇÃO PENAL IRRECORRÍVEL

– A prerrogativa jurídica da liberdade – que possui


extração constitucional (CF, art. 5º, LXI e LXV) – não pode ser
ofendida por interpretações doutrinárias ou jurisprudenciais que,

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Supremo Tribunal Federal

HC 152974 MC / SP

fundadas em preocupante discurso de conteúdo autoritário,


culminam por consagrar, paradoxalmente, em detrimento de
direitos e garantias fundamentais proclamados pela Constituição da
República, a ideologia da lei e da ordem.
Mesmo que se trate de pessoa acusada da suposta prática de
crime hediondo, e até que sobrevenha sentença penal condenatória
irrecorrível, não se revela possível – por efeito de insuperável
vedação constitucional (CF, art. 5º, LVII) – presumir-lhe a
culpabilidade.
Ninguém pode ser tratado como culpado, qualquer que seja
a natureza do ilícito penal cuja prática lhe tenha sido atribuída, sem
que exista, a esse respeito, decisão judicial condenatória transitada
em julgado.
O princípio constitucional da presunção de inocência, em
nosso sistema jurídico, consagra, além de outras relevantes
consequências, uma regra de tratamento que impede o Poder
Público de agir e de se comportar, em relação ao suspeito, ao
indiciado, ao denunciado ou ao réu, como se estes já houvessem sido
condenados, definitivamente, por sentença do Poder Judiciário.
Precedentes.”
(HC 93.883/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO)

Assinalo, para efeito de mero registro, que a exigência de trânsito em


julgado da condenação penal não representa peculiaridade do
constitucionalismo brasileiro, pois também encontra correspondência no
plano do direito comparado, como se vê, p. ex., da Constituição da República
Italiana (art. 27) e da Constituição da República Portuguesa (art. 32, n. 2).

São essas as razões que, em apertada síntese, levaram-me a sustentar,


em voto vencido, a tese segundo a qual a execução provisória (ou prematura)
da sentença penal condenatória revela-se frontalmente incompatível com o
direito fundamental do réu de ser presumido inocente até que sobrevenha
o efetivo e real trânsito em julgado de sua condenação criminal, tal como
expressamente assegurado pela própria Constituição da República (CF, art. 5º,
LVII).

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Supremo Tribunal Federal

HC 152974 MC / SP

Não foi por outro motivo que vim a conceder – é certo – medidas
cautelares em sede de “habeas corpus”, embora o fizesse somente
naquelas situações não reveladoras da necessidade de manter-se a prisão do
condenado, sempre segundo avaliação por mim efetivada em cada caso
examinado.

Ocorre, no entanto, que, enquanto não sobrevier alteração do


pensamento jurisprudencial desta Corte sobre o tema em causa, não tenho
como dele dissociar-me.

No que concerne, portanto, ao questionamento referente à execução


antecipada da pena, não obstante entenda tratar-se de medida
incompatível com o nosso modelo constitucional, que consagra, como
direito fundamental, a presunção de inocência (CF, art. 5º, inciso LVII), devo
observar o princípio da colegialidade, além de considerar, na espécie, o fato
de que se mostra iminente o julgamento final da ADC 43/DF e da
ADC 44/DF, de que é Relator o eminente Ministro MARCO AURÉLIO,
ocasião em que esta Corte reapreciará o tema da possibilidade
constitucional de efetivar-se a execução antecipada da sentença penal
condenatória.

Inacolhível, desse modo, sob a perspectiva que venho de expor,


a pretendida concessão de medida cautelar suspensiva da execução
provisória ora impugnada.

Cabe observar, contudo, que esta impetração sustenta-se em outro


fundamento, consistente na alegada transgressão, pelo Tribunal “ad quem”,
do postulado que veda a “reformatio in pejus” (CPP, art. 617, “in fine”).

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4/7
Supremo Tribunal Federal

HC 152974 MC / SP

Com efeito, o Desembargador Relator no E. Tribunal de Justiça do


Estado de São Paulo assegurou ao ora paciente o direito de aguardar em
liberdade a conclusão do processo em que proferida a condenação penal
que lhe foi imposta, havendo consignado, expressamente, em relação a
esse mesmo paciente, que o respectivo mandado de prisão somente
deveria ser expedido “Após o trânsito em julgado (…)”.

O E. Superior Tribunal de Justiça, entretanto, determinou, em recurso


exclusivo do réu, ora paciente, fosse instaurada, contra ele, a pertinente
execução provisória da condenação criminal.

Tem-se entendido, nesta Suprema Corte, que, em situações como a


ora em exame, em que o Ministério Público sequer se insurgiu contra o
pronunciamento do órgão judiciário “a quo” que garantiu ao paciente o
direito de recorrer em liberdade, não pode o Tribunal de superior
jurisdição suprimir esse benefício, em detrimento do condenado, sob pena de
ofensa à cláusula final inscrita no art. 617 do Código de Processo Penal:

“(…) POSSÍVEL OFENSA AO PRINCÍPIO QUE VEDA A


‘REFORMATIO IN PEJUS’ (CPP, ART. 617, ‘in fine’), POIS O
TRIBUNAL DE INFERIOR JURISDIÇÃO ORDENOU QUE SE
PROCEDESSE, EM PRIMEIRO GRAU, À IMEDIATA
EXECUÇÃO ANTECIPADA DA PENA, NÃO OBSTANTE ESSE
COMANDO HOUVESSE SIDO DETERMINADO EM
RECURSO EXCLUSIVO DO RÉU CONDENADO, A QUEM SE
ASSEGURARA, NO ENTANTO, EM MOMENTO ANTERIOR,
SEM IMPUGNAÇÃO RECURSAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO,
O DIREITO DE AGUARDAR EM LIBERDADE A
CONCLUSÃO DO PROCESSO. (…).”
(HC 147.452/MG, Rel. Min. CELSO DE MELLO)

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Supremo Tribunal Federal

HC 152974 MC / SP

Vale consignar que se registram, no sentido que venho de expor,


diversas outras decisões proferidas no âmbito do Supremo Tribunal
Federal (HC 135.951-MC/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI –
HC 140.217-MC/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 142.012-
-MC/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 142.017-MC/DF,
Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – HC 147.428-MC/MG, Rel. Min.
CELSO DE MELLO – HC 148.122-MC/MG, Rel. Min. CELSO DE
MELLO – HC 153.431/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.).

Sendo assim, e tendo presentes as razões expostas, defiro o pedido de


medida liminar, para, até final julgamento deste “habeas corpus”, suspender,
cautelarmente, o início da execução da pena determinada nos autos do
REsp nº 1.639.698/SP, do E. Superior Tribunal de Justiça, restando
impossibilitada, em consequência, a efetivação da prisão de Oscar Victor
Rollemberg Hansen em decorrência da condenação criminal (ainda não
transitada em julgado) que lhe foi imposta no Processo-crime nº 0077446-
-88.2009.8.26.0576 (5ª Vara Criminal da comarca de São José do Rio
Preto/SP).

Caso referido paciente já tenha sido preso em razão da ordem


de execução provisória da pena imposta nos autos do Processo-
-crime nº 0077446-88.2009.8.26.0576 (5ª Vara Criminal da comarca de São
José do Rio Preto/SP), deverá ser ele posto imediatamente em liberdade,
se por al não estiver preso.

Comunique-se, com urgência, transmitindo-se cópia desta


decisão ao E. Superior Tribunal de Justiça (REsp nº 1.639.698/SP),
ao E. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (Apelação
Criminal nº 0077446-88.2009.8.26.0576) e ao Juízo de Direito da
5ª Vara Criminal da comarca de São José do Rio Preto/SP (Processo-
-crime nº 0077446-88.2009.8.26.0576).

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Supremo Tribunal Federal

HC 152974 MC / SP

2. Ouça-se a douta Procuradoria-Geral da República sobre o mérito


da presente impetração.

Publique-se.

Brasília, 01 de março de 2018.

Ministro CELSO DE MELLO


Relator

7
Processo: 0805812-02.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO - Advogado
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1/1
EXCELENTÍSSIMO JUIZ FEDERAL DA 12ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA
DO ESTADO DO CEARÁ

Ref. Execução Provisória nº 0805812-02.2016.4.05.8100


PEDIDO DE RECONSIDERAÇÃO

JERÔNIMO ALVES BEZERRA, já qualificado nos autos


do processo em epígrafe, por seus advogados, comparece à presença de
Vossa Excelência, em face do pedido de execução provisória da condenação
que lhe foi imposta e da decisão de V.Exa. datada de 14/03/2018 expor e
requerer o quanto segue:

1. A defesa apresentou petição argumentando que o título


executivo representado pela sentença traria disposição expressa no sentido
de que o cumprimento da pena apenas poderia se dar após o trânsito em
julgado de eventual decisão condenatória, o que ainda não ocorreu, sob pena
de reformatio in pejus, uma vez não haver o Ministério Público recorrido.

2. V.Exa. despachou entendendo que não se trata na espécie


de reformatio in pejus porquanto já teria ocorrido o julgamento de segundo
grau, podendo ser executada a sentença, mesmo não tendo ocorrido o
transito em julgado da mesma conforme expressamente confirmado na
sentença e no pedido do Ministério Público.

3. Ocorre que V. Exa. entendeu que o fundamento da referida


petição seria o parágrafo 89 da sentença, no qual resta expresso que os
réus deveriam apelar em liberdade, quando, na verdade, o fundamento
consiste no disposto no parágrafo 90, o qual determina a remessa dos autos

288/294
1/3
para a Vara Federal somente após o trânsito em julgado da sentença,
quando deverá ter início a execução da pena. Verbis:
90. Determino, ainda, imediatamente após o trânsito em julgado
desta sentença, a remessa dos autos à Vara Federal competente
para a execução da pena aqui aplicada.

4. A sentença, portanto, foi clara ao determinar que a execução


da pena somente se dará após o seu trânsito em julgado, não tendo o
Ministério Público recorrido.

5. Data vênia, diante de fatos novos, do próprio teor da


sentença ora discutido e do recente entendimento do STF, impõe-se a
reconsideração da Vossa decisão, conforme se demonstrará:

6. Na data de ontem, a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal,


ao julgar o HC 144.717, referendou o entendimento esposado pela defesa do
peticionante!

7. Aliás, é importante destacar que o caso foi desafetado do


Plenário exatamente porque se entendeu que esta matéria específica estaria
fora do alcance da discussão sobre a possibilidade ou não da prisão após
condenação de segundo grau.

8. Em que pese o acórdão não tenha sido publicado, o próprio


sítio eletrônico do STF traz a informação:

289/294
2/3
9. Assim, ao tempo em que protesta pela juntada do acórdão,
assim que publicado, vem reiterar o pedido de que seja reconsiderada Vossa
Decisão, para não determinar a continuidade do feito, suspendendo a
execução até o transito em julgado do processo, conforme estabelecido na
sentença que transitou em julgado para o MPF, e na jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal, garantindo-se ao Requerente o direito de
aguardar em liberdade o trânsito em julgado da ação penal a que responde.

P. deferimento.
Brasília, 14 de março de 2018.

ANASTACIO MARINHO
OAB CE 8502

Processo: 0805812-02.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO - Advogado
18031416164701100000003421477
Data e hora da assinatura: 14/03/2018 16:25:15
Identificador: 4058100.3417291
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 290/294
3/3
14/03/2018 Supremo Tribunal Federal

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2ª Turma revê decisão que enviou dois habeas corpus para o Plenário
13/03/2018 17h50 - Atualizado há um dia

A Segunda Turma do Supremo Tribunal (STF) decidiu rever as decisões que encaminharam para o Plenário,
em 20 de fevereiro último, dois Habeas Corpus (HCs 136720 e 144717) relatados pelo ministro Ricardo
Lewandowski. Na ocasião, os ministros entenderam que os casos discutiam a chamada execução provisória
da pena, tema que deve ser analisado pelo Plenário no julgamento de mérito das Ações Declaratórias de
Constitucionalidade (ADCs) 43 e 44.

No início da sessão desta terça-feira (13), o ministro Lewandowski levantou questão de ordem para relatar
que, no caso do HC 136720, houve uma decisão superveniente do Superior Tribunal de Justiça (STJ) no sentido
de determinar ao réu prestação de serviços à comunidade, o que levou a defesa a requerer a desistência do
HC. Como não há mais risco à liberdade, o ministro decidiu propor a desafetação do caso e, na sequência,
julgar prejudicada a impetração em razão do pedido de desistência. Acompanharam esse entendimento os
demais ministros presentes à sessão.

Já no HC 144717, que tramita sob segredo de justiça, o ministro explicou que a sentença garantiu ao réu o
direito de apelar em liberdade, decisão mantida em segunda instância (Tribunal de Justiça do Estado de Rio
Grande do Sul) e que não foi questionada pelo Ministério Público, que só veio a pedir a prisão no âmbito do
STJ. Para o relator, como há decisão com trânsito em julgado quanto ao direito de recorrer em liberdade, não
há relação com o caso a ser julgado pelo Plenário relativo à execução provisória da pena. Nesse processo,
acompanharam o relator os ministros Dias To oli e Gilmar Mendes. O ministro Edson Fachin divergiu,
votando pela manutenção da submissão do caso ao Pleno.

MB/AD

Leia mais:
20/02/2018 – 2ª Turma envia para o Plenário HCs que discutem execução penal após condenação em
segundo grau (http://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=370109)

Processo relacionado: HC 144717 (/processos/detalhe.asp?incidente=5202477)

Processo relacionado: HC 136720 (/processos/detalhe.asp?incidente=5041598)

O STF Processos

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292/294
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14/03/2018 Supremo Tribunal Federal
Aplicação das Súmulas no STF Código de Ética do STF
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14/03/2018 Supremo Tribunal Federal
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Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
0805812-02.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por:
ANASTACIO
Marcelo Leal de
JORGE
Lima Oliveira
MATOS- DE Advogado
SOUSA MARINHO - Advogado
18031416172633500000003421484
18031510304960300000010528304
Data e hora da assinatura: 15/03/2018
14/03/2018 10:33:29
16:25:15
http://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=372182
Identificador: 4050000.10546225
4058100.3417298 4/4
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam
https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 294/294
4/4
Poder Judiciário
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
DIVISÃO DA PRIMEIRA TURMA

CERTIDÃO

Certifico que o Impetrante peticionou requerendo a extensão da liminar (ID.: 4050000.10546202), razão pela qual submeto a
presente á superior consideração . O referido é verdade e dou fé. Do que eu lavrei este termo.

Recife, 15 de Março de 2018

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
ANDREA CARVALHO DE MELLO REGO - Diretor de Secretaria
18031511204746800000010528683
Data e hora da assinatura: 15/03/2018 11:22:41
Identificador: 4050000.10546603
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 1/1
PROCESSO Nº: 0805802-55.2016.4.05.8100 - EXECUÇÃO PROVISÓRIA
EXEQUENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
CONDENADO: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho
12ª VARA FEDERAL - CE (JUIZ FEDERAL TITULAR)

Excelentíssimo Desembargador Relator :

Impetrou-se habeas corpus em favor de FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS, com a finalidade de


suspender a execução penal provisória que tramita em seu desfavor, até que ocorra o trânsito em julgado
da decisão condenatória.

Sustenta o impetrante, em resumo, que a sentença teria assegurado que a execução só ocorreria após o
trânsito em julgado, motivo pelo qual seria inviável determinar a execução provisória com base no
entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal acerca da viabilidade da execução provisória no
âmbito criminal após esgotamento dos recursos de natureza ordinária.

Deferiu-se o pedido liminar neste habeas corpus . Informo que este juízo já proferiu despacho
determinando a suspensão da execução, em cumprimento à decisão liminar.

Pois bem.

Entendo que o inconformismo dos impetrantes não merece prosperar.

Com efeito, a decisão atacada esclareceu de modo bastante claro que a sentença em questão não
assegurou ao impetrante o direito de que recorresse (em sentido amplo) em liberdade, mas apenas
garantiu que ele apelasse em liberdade. Eis o quanto consta da sentença:

89. Quanto ao eventual recurso de apelação, reconheço que, em razão da inexistência


de elementos ensejadores de recolhimento à prisão dos réus, que se encontram soltos,
considerando também que, no transcorrer da instrução, ditos réus não agiram no
sentido de dificultar a atividade jurisdicional, entendo que os mesmos devem apelar
em liberdade . (grifei)

Os impetrantes invocam o item 90 da sentença, que possui o seguinte teor:

90. Determino, ainda, imediatamente após o trânsito em julgado desta sentença, a


remessa dos autos à Vara Federal competente para a execução da pena aqui aplicada.

Entendo que a sentença deve ser interpretada em sua totalidade, e não apenas um parágrafo isoladamente.
Aliás, o próprio juízo da causa que determinou a execução provisória, sendo certo que é ele quem melhor
pode interpretar a própria decisão.

Como já fiz constar na decisão atacada, tal passagem da sentença invocada pelo impetrante, à evidência,
possui natureza meramente burocrática e é claramente desprovida de carga decisória . A propósito, o
próprio Ministro Relator de pedido de tutela provisória, formulado perante o Superior Tribunal de Justiça,
que havia concedido a suspensão da execução, já havia ponderado:

A expressão constante das sentenças condenatórias, ao determinar a expedição de


mandado de prisão após o trânsito em julgado, não opera coisa julgada em favor do
réu, de modo que tal fato não tem o condão de impedir sua prisão no âmbito da
execução provisória da pena. Este tipo de comando sentencial, com efeito, consta do

1/3
texto condenatório, em verdade, apenas como norte para o início de cumprimento
de pena, com advento do trânsito em julgado, ou seja, tem por finalidade guiar o
feito após o julgamento definitivo dos recursos, da mesma forma como a
determinação de expedição de ofícios para inscrição no nome do rol de culpados,
as determinações para fins de suspensão de direitos políticos, dentre outras
diligências .

Parágrafos como o invocado pelo impetrante para afastar um importantíssimo efeito da decisão (a
própria efetividade do quanto decidido) constam, ordinariamente, de qualquer sentença condenatória .
A prevalecer esse raciocínio, nenhuma sentença poderá ser executada provisoriamente, em claríssima
burla ao quanto decidido pelo Supremo Tribunal Federal. A determinação de expedição de guia de
execução após o trânsito em julgado está muito longe de garantir o julgamento de todos os recursos em
liberdade, sendo apenas um indicativo, à Secretaria do juízo, das providências burocráticas que devem ser
adotadas em determinado momento processual (assim como o "oficie-se" ou o "intime-se").

Sendo assim, ainda que se acolhesse a tese defensiva (no sentido de que o direito ao recurso em liberdade
faria coisa julgada material se não atacado pelo Ministério Público Federal), a qual realmente vem
encontrando algum apoio dentro do Supremo Tribunal Federal, especialmente de Ministros que foram
vencidos no julgamento a respeito da possibilidade de execução provisória da pena, o caso concreto sob
exame não se amolda faticamente à tese , porquanto, repita-se, a sentença apenas assegurou o direito de
apelar em liberdade.

De todo modo, o entendimento deste juízo é no sentido de que a execução provisória da pena configura
poder-dever do magistrado, que deve determiná-la quando constatado o esgotamento das vias ordinárias
de impugnação. Com efeito, é sabido que, ao decidir sobre o direito de recorrer em liberdade, o juiz
analisa apenas a presença ou não dos requisitos para decretação da prisão preventiva - nada dispondo
sobre a execução provisória da pena. Mas a execução provisória em nada se relaciona a prisão
preventiva e deve ser implementada mesmo que ausentes os requisitos da segregação cautelar, já que,
repito, a execução provisória não possui natureza processual ou cautelar, mas sim de execução
propriamente dita, ainda que provisória.

Ademais, não prospera a alegação de que a execução provisória seria "reformatio in pejus" . Ora, não se
está alterando em nada o título judicial em desfavor dos réus. O comando condenatório está sendo
executado na exata medida em que proferido. A "reformatio in pejus" somente ocorre quando um recurso
piora a situação do acusado. E o recurso interposto em nada o prejudicou. Muito pelo contrário: assegurou
que o acusado permanecesse solto durante o julgamento da apelação, tendo, portanto, melhorado a sua
situação. Se não tivesse interposto o recurso, a sentença teria sido imediatamente executada. A
"reformatio in pejus" somente ocorre quando o acusado possa afirmar algo como "seria melhor se
eu não tivesse recorrido..." . E, no caso presente, o acusado pode dizer isso? Decerto não, pois, além
de ter tido sua pena reduzida, se manteve solto durante o julgamento da apelação .

São, portanto, dois momentos distintos e duas análises diversas: 1) quando profere a sentença, o juiz
verifica se estão ou não presentes os requisitos da prisão preventiva, e decide pela prisão do sentenciado
ou pelo recurso em liberdade; 2) quando determina a execução provisória, o juiz analisa se está esgotada a
via ordinária recursal, e decide pelo início da pena.

No caso sob exame, esgotada está a via recursal ordinária, pois já julgada a apelação do executado, bem
como o próprio recurso especial (este monocraticamente, ainda não transitado em julgado). Acertado,
pois, o início da execução provisória da pena, como determinado pelo juízo da causa, requerido agora
pelo Ministério Público Federal e determinado por este juízo.

São as informações que tenho a prestar. Este juízo permanece à disposição para qualquer esclarecimento
adicional que se mostre necessário.

Respeitosamente,

2/3
Danilo Dias Vasconcelos de Almeida

Juiz Federal Substituto

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
DANILO DIAS VASCONCELOS DE ALMEIDA
18031514355840900000010529677
Data e hora da assinatura: 15/03/2018 14:35:58
Identificador: 4058100.3421061
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 3/3
PROCESSO Nº: 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
IMPETRANTE: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
PACIENTE: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho e outro
IMPETRADO: JUÍZO DA 12ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
RELATOR(A): Desembargador(a) Federal Francisco Roberto Machado - 1ª Turma

DECISÃO

Trata-se de pedido de extensão da liminar concedida neste Habeas Corpus , objetivando a suspensão do
início das Execuções Provisórias das penas impostas aos réus IELTON BARRETO DE OLIVEIRA,
GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO e JERÔNIMO ALVEZ BEZERRA na Ação Penal nº
0012628-43.2010.4.05.8100, na qual foram condenados a 5 (cinco) anos de reclusão pela prática do crime
do art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/86, ainda pendente de julgamento de Recurso Especial no STJ (REsp
1.449.193-CE).

Relatei, decido.

A partir do exame superficial, próprio desta fase de cognição sumária, tenho que estão preenchidos os
requisitos para a extensão da liminar concedida.

O art. 580 do CPP prevê que, no concurso de agentes, a decisão do recurso interposto por um dos réus, se
fundado em motivos que não sejam de caráter exclusivamente pessoal, aproveitará aos outros.

Ainda que o Habeas Corpus não se trate de recurso, a aplicação do disposto no art. 580 do CPP, a fim de
garantir a extensão da ordem do remédio heroico, é plenamente cabível, a teor da jurisprudência do STJ.

No caso concreto, a liminar neste writ foi concedida porque entendi que o comando sentencial
condenatório (no qual constou, expressamente: " determino, ainda, imediatamente após o trânsito em
julgado desta sentença, a remessa dos autos à Vara Federal competente para a execução da pena aqui
aplicada ") constitui garantia erigida em favor do status libertatis do réu, devendo prevalecer sobre o
entendimento firmado pelo STF a favor da execução antecipada da pena.

Desse modo, como a liminar foi concedida elencando apenas elementos eminentemente objetivos, resta
evidenciada situação análoga em relação aos peticionantes IELTON BARRETO DE OLIVEIRA,
GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO e JERÔNIMO ALVEZ BEZERRA, inexistindo, pelo menos a
princípio, qualquer peculiaridade que diferencie a situação deles da do paciente FRANCISCO
DEUSMAR DE QUEIROS.

Assim, defiro o pedido de id. 10546202 , determinando a extensão da liminar concedida neste Habeas
Corpus a IELTON BARRETO DE OLIVEIRA, GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO e
JERÔNIMO ALVEZ BEZERRA, com a consequente suspensão das Execuções Provisórias n os
0805810-32.2016.4.05.8100, 0805805-10.2016.4.05.8100 e 0805812-02.2016.4.05.8100, até julgamento
final deste writ .

Intime-se.

Comunique-se o teor desta decisão ao Juízo originário, com urgência.

Recife, 15 de março de 2018.

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
FRANCISCO ROBERTO MACHADO - Magistrado
18031512333946800000010529042
Data e hora da assinatura: 15/03/2018 15:51:15
Identificador: 4050000.10546963
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 1/1
Tribunal Regional Federal da 5ª Região
PJe - Processo Judicial Eletrônico
Consulta Processual

15/03/2018

Número: 0802530-35.2018.4.05.0000
Classe: HABEAS CORPUS
Partes
Tipo Nome
ADVOGADO ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO
IMPETRANTE Marcelo Leal de Lima Oliveira
PACIENTE FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO Marcelo Leal de Lima Oliveira

Documentos
Id. Data/Hora Documento Tipo
10536 14/03/2018 17:15 Habeas Corpus Petição Inicial
626
10546 15/03/2018 15:51 Decisão Decisão
963

1/12
EXCELENTÍSSIMO DESEMBARGADOR FEDERAL MANOEL DE OLIVEIRA ERHARDT

PRESIDENTE DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO

FRANCISCO CÉSAR ASFOR ROCHA, brasileiro, casado, advogado, inscrito na


OAB/SP nº 329.034, podendo ser localizado no SHIS, QL 14, Conjunto 9, Casa 18, Brasília - DF,
MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA, advogado, inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil sob
o nº 21.932/DF, com endereço profissional na SMDB Conjunto 06, lote 06, Brasília/DF, ANASTACIO
JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO, OAB/CE 8502, CAIO CESAR VIEIRA ROCHA,
OAB/CE 15.095 e TIAGO ASFOR ROCHA LIMA, OAB/CE 16.386, sócios de Rocha, Marinho e
Sales Advogados S/S, com Endereço na Av. Des. Moreira, 760, 6º andar, Fortaleza - CE, vêm, à presença
deste Sodalício, impetrar

HABEAS CORPUS

(com pedido de liminar)

em favor de FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS, brasileiro, casado, empresário, portador do CPF


nº 024.922.883-15, domiciliado na Av. Beira Mar, nº 2020, Apartamento 1100, Meireles, Fortaleza/CE,
em face da decisão que deu início à execução provisória nº 0805802-55.2016.4.05.8100, fazendo-o pelas
seguintes razões de fato e de direito:

I - BREVE HISTÓRICO PROCESSUAL

1. 1. O Paciente foi condenado nos autos da Ação Penal nº


0012628-43.2010.4.05.8100 pela suposta prática dos crimes previstos nos artigos 7º, IV, da Lei nº
Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado Num. 10536626 - Pág. 1
https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18031417115167600000010518727
Número do documento: 18031417115167600000010518727
2/12
1.

7.492/86 e 27-C da Lei nº 6.385/76, ocorridos entre os anos de 2000 e 2006. Foi-lhe atribuída a
pena de 15 anos e 10 meses a ser cumprida inicialmente em regime fechado, garantindo-se o direito
de permanecer em liberdade até o trânsito em julgado.

1. 2. Em sede de apelação exclusiva da defesa, este Tribunal Regional Federal da


5ª Região, afastou a condenação em relação ao crime previsto no artigo 27-C da Lei nº 6.385/76,
resultando numa pena final de 09 anos e 02 meses de reclusão.

1. 3. Embora tenha o Ministério Público Federal se contentado com o resultado


alcançado, operando-se o trânsito em julgado para a acusação, o Paciente interpôs, daquele acórdão,
o Recurso Especial nº 1.449.193, cujo trânsito em julgado ainda não ocorreu.

1. 4. Havendo o Ministério Público requerido a prisão do Paciente com fulcro no


que decidiu o Supremo Tribunal Federal acerca da possibilidade da execução provisória da pena
após o exaurimento da instância ordinária, a defesa ingressou com pedido de Tutela Provisória nº
38 perante o Superior Tribunal de Justiça, cuja liminar foi deferida em face da plausibilidade do
direito invocado.

1. 5. Surpreendeu-se a defesa, no entanto, com posterior decisão monocrática,


negando provimento ao Recurso Especial e, em seguida, o reconhecimento da prejudicialidade da
medida cautelar, mormente porque ainda não ocorreu o trânsito em julgado.

1. 6. Com efeito, foram opostos Embargos de Declaração com pedido de


efeitos modificativos, os quais ainda não foram julgados.

1. 7. Embora mencionadas decisões tenham sido objeto dos recursos cabíveis à


espécie, não tendo havido, portanto, o trânsito em julgado, o Ministério Público requereu a
execução provisória da pena, o que foi deferido pela autoridade coatora nos seguintes termos:

"O Ministério Público Federal requereu, novamente, o início da execução da pena, informando que "o
RESp 1.449.193/CE, que apoiava tal tutela provisória, foi julgado e desprovido". Sobre o pedido do
Ministério Público Federal se manifestou a defesa, ao argumento de que a execução da pena implicaria
em reformatio in pejus, pois o título executivo teria sido expresso em afirmar que a prisão dos
sentenciados deveria ocorrer apenas após o trânsito em julgado da sentença.

É o relato necessário. DECIDO.

2. FUNDAMENTAÇÃO

Não é verdade a alegação da defesa, no sentido de que a sentença teria sido expressa ao afirmar que os
condenados somente poderiam ser presos após o trânsito em julgado. Muito pelo contrário: a sentença
foi explícita em indicar que os réus poderiam apelar em liberdade. Eis o quanto consta da sentença:
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89. Quanto ao eventual recurso de apelação, reconheço que, em razão da inexistência de elementos
ensejadores de recolhimento à prisão dos réus, que se encontram soltos, considerando também que, no
transcorrer da instrução, ditos réus não agiram no sentido de dificultar a atividade jurisdicional,
entendo que os mesmos devem apelar em liberdade. (grifei)

A menção ao trânsito em julgado se deu apenas a título de providências finais burocráticas, no sentido de
que, após o trânsito em julgado, deveria ser expedida a respectiva guia de execução.

A propósito, o próprio Ministro Relator que havia concedido a suspensão da presente execução já havia
ponderado:

A expressão constante das sentenças condenatórias, ao determinar a expedição de mandado de prisão


após o trânsito em julgado, não opera coisa julgada em favor do réu, de modo que tal fato não tem o
condão de impedir sua prisão no âmbito da execução provisória da pena. Este tipo de comando
sentencial, com efeito, consta do texto condenatório, em verdade, apenas como norte para o início de
cumprimento de pena, com advento do trânsito em julgado, ou seja, tem por finalidade guiar o feito após
o julgamento definitivo dos recursos, da mesma forma como a determinação de expedição de ofícios para
inscrição no nome do rol de culpados, as determinações para fins de suspensão de direitos políticos,
dentre outras diligências.

Sendo assim, ainda que se acolhesse a tese defensiva (no sentido de que o direito ao recurso em liberdade
faria coisa julgada material se não atacado pelo Ministério Público Federal), a qual realmente vem
encontrando algum apoio dentro do Supremo Tribunal Federal, especialmente de Ministros que foram
vencidos no julgamento a respeito da possibilidade de execução provisória da pena, o caso concreto sob
exame não se amolda faticamente à tese, porquanto, repita-se, a sentença apenas assegurou o direito de
apelar em liberdade.

De todo modo, o entendimento deste juízo é no sentido de que a execução provisória da pena configura
poder-dever do magistrado, que deve determiná-la quando constatado o esgotamento das vias ordinárias
de impugnação. Com efeito, é sabido que, ao decidir sobre o direito de recorrer em liberdade, o juiz
analisa apenas a presença ou não dos requisitos para decretação da prisão preventiva - nada dispondo
sobre a execução provisória da pena. Mas a execução provisória em nada se relaciona a prisão
preventiva e deve ser implementada mesmo que ausentes os requisitos da segregação cautelar, já que,
repito, a execução provisória não possui natureza processual ou cautelar, mas sim de execução
propriamente dita, ainda que provisória.

Ademais, não prospera a alegação de que a execução provisória seria "reformatio in pejus".

Ora, não se está alterando em nada o título judicial em desfavor dos réus. O comando condenatório está
sendo executado na exata medida em que proferido. A "reformatio in pejus" somente ocorre quando um
recurso piora a situação do acusado. E o recurso interposto em nada o prejudicou. Muito pelo contrário:
assegurou que o acusado permanecesse solto durante o julgamento da apelação, tendo, portanto,
melhorado a sua situação. Se não tivesse interposto o recurso, a sentença teria sido imediatamente
executada. A "reformatio in pejus" somente ocorre quando o acusado possa afirmar algo como "seria
melhor se eu não tivesse recorrido...". E, no caso presente, o acusado pode dizer isso? Decerto não, pois,
além de ter tido sua pena reduzida, se manteve solto durante o julgamento da apelação.

São, portanto, dois momentos distintos e duas análises diversas: 1) quando profere a sentença, o juiz
verifica se estão ou não presentes os requisitos da prisão preventiva, e decide pela prisão do sentenciado
ou pelo recurso em liberdade; 2) quando determina a execução provisória, o juiz analisa se está esgotada
a via ordinária recursal, e decide pelo início da pena.

No caso sob exame, esgotada está a via recursal ordinária, pois já julgada a apelação do executado, bem
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como o próprio recurso especial (este monocraticamente, ainda não transitado

em julgado). Acertado, pois, o início da execução provisória da pena, como determinado pelo juízo da
causa e requerido agora pelo Ministério Público Federal.

3. DISPOSITIVO

Pelo exposto, DEFIRO o pedido formulado pelo Ministério Público Federal e DETERMINO o
prosseguimento desta execução provisória, com início da pena imposta ao executado.

Expeça-se mandado de prisão. Considerando que o advogado do executado compareceu no gabinete


deste magistrado e solicitou que, pelas condições pessoais e sociais do réu, este

pudesse se apresentar espontaneamente para início do cumprimento da pena (na eventualidade de


deferimento do pedido do MPF), e tendo em vista que ele respondeu a todo o processo solto e não
demonstrou intenção de fuga, hei por bem acolher o pleito, pelo que DETERMINO que a Polícia Federal
somente dê cumprimento ao mandado após 24h do seu recebimento - lapso durante o qual o executado
deverá se apresentar perante a autoridade policial, sob pena de ser

preso onde for encontrado. Após a expedição do mandado de prisão, dê-se ciência ao advogado do
executado, por telefone.

Efetivada a prisão, fica desde já declinada a competência para a Justiça Estadual, devendo a Secretaria
expedir a respectiva guia de execução.

1. 8. Esta decisão, no entanto, viola frontalmente o princípio do non reformatio in


pejus, ensejando a impetração do presente writ.

II - DA NECESSIDADE DE TRÂNSITO EM JULGADO ESTABELECIDA NO TÍTULO


EXECUTIVO - IMPOSSIBILIDADE DE REFORMATIO IN PEJUS

1. 9. O que se discute neste momento processual em nada se relaciona com a


(in)constitucionalidade da execução provisória da pena.

1. 10. Trata-se, em realidade, de simples, mas importantíssimo pedido de


cumprimento do princípio do non reformatio in pejus e garantia da segurança jurídica advinda de
decisões proferidas em processos penais, dos quais deixou de recorrer a acusação.

1. 11. No caso em tela, não é possível o início da execução provisória da pena


porque o cumprimento da reprimenda está diretamente condicionado ao trânsito em julgado
do processo!!!

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1. 12. É que a sentença, título executivo por excelência, foi expressa ao afirmar que
a prisão dos sentenciados deveria ocorrer apenas "após o trânsito em julgado da sentença".
Confira-se:

1. 13. Não
há margem para dúvida.

1. 14.
Conforme se depreende da
leitura do título que se
pretende executar
provisoriamente, a
execução da pena imposta
ao Paciente depende do
seu trânsito em julgado
para ambas as partes.

1. 15. O
Ministério Público
quedou-se inerte,
satisfazendo-se com o título
executivo obtido em todos
os seus termos. Com isso,
ocorreu, apenas para a
acusação, o trânsito em
julgado. Confira-se:

1. 16. Ora,
ainda que se pretenda
executar provisoriamente a
pena, isto só pode ser feito
nos exatos termos da
sentença, que é expressa
em afirmar que a prisão
somente deve se dar após o
trânsito em julgado.

1. 17. A
questão, portanto, não diz
respeito à possibilidade ou
não da prisão ser decretada após a decisão condenatória proferida em segundo grau em jurisdição.
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1. 18. Na data de ontem, a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal, ao julgar o HC
144.717, referendou esse entendimento!

1. 19. Aliás, é importante destacar que o caso foi desafetado do Plenário


exatamente porque se entendeu que esta matéria específica estaria fora do alcance da discussão
sobre a possibilidade ou não da prisão após condenação de segundo grau.

1. 20. Em que pese o acórdão não tenha sido publicado, o próprio sítio eletrônico
do STF traz a informação:

1. 21. No caso em tela, a alteração do título executivo (sentença), tal como pretende
o Ministério Público, sem que dela tenha recorrido, importaria em flagrante reformatio in pejus.

1. 22. Em outras palavras, se a sentença condenatória expressamente afirma que o


cumprimento da pena deve se dar apenas com o trânsito em julgado e em não havendo recurso por
parte do Ministério Público, é expressamente vedado ao judiciário impor prematuramente,
inexistentes novos requisitos de cautelaridade, a prisão processual ao Paciente.

1. 23. Não tem qualquer procedência o argumento trazido pela autoridade coatora
no sentido de que as "providências finais" seriam meramente burocráticas e que, portanto, não
fariam coisa julgada.

1. 24. Ora, as providências finais, embora burocráticas, integram a parte dispositiva


da sentença, exatamente a parte das sentenças judiciais a respeito das quais não há qualquer dúvida
quanto a estarem acobertadas pelo manto da coisa julgada.

1. 25. Tanto é assim, que a própria autoridade coatora reconheceu exatamente o


oposto em sua fundamentação:

"Este tipo de comando sentencial, com efeito, consta do texto condenatório, em verdade, apenas como
norte para o início de cumprimento de pena, com advento do trânsito em julgado, ou seja, tem por
finalidade guiar o feito após o julgamento definitivo dos recursos".

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1. 26. É exatamente disso que se está falando! As "providências finais" são, nada
mais nada menos do que o norte para o início do cumprimento da pena...

1. 27. E é evidente que deste norte não pode haver desvio nem para a esquerda nem
para a direita!

1. 28. Com efeito, a parte em que o Magistrado dá ordens ao Ofício é a parte


mandamental por excelência, na qual fixa no tempo e no espaço os limites da execução,
propriamente o que se está argumentando no presente writ.

1. 29. No mais, o princípio de proibição à reformatio in pejus não atende a um


raciocínio tão singelo quanto o utilizado pela autoridade coatora, pois não se refere apenas à mera
vantagem que a defesa teria ao decidir por recorrer ou não da sentença.

1. 30. Não se trata apenas de considerar se "seria melhor que a defesa não tivesse
recorrido...".

1. 31. Mais do que isso, o nemo reformatio in pejus é uma garantia que dá
sustentação ao princípio do respeito à coisa julgada. Isto é, tem o condão de viabilizar que haja
efetivo respeito à coisa julgada, evitando-se que a situação da defesa venha a ser alterada no meio
do caminho, sem que o órgão acusatório tenha intervindo no momento oportuno.

1. 32. Isto é, tem mais a ver com o não recurso da acusação do que com o recurso
da defesa.

1. 33. O próprio Supremo Tribunal Federal, aliás, vem garantindo a aplicação do


princípio do non reformatio in pejus, condicionando o recolhimento à prisão ao trânsito em julgado
para ambas as partes, nos casos em que assim prevê o título executivo, sem que, com isso, se possa
afirmar o descumprimento do precedente emanado por aquela Corte.

1. 34. Aliás, a própria autoridade coatora reconheceu que esta é a tese que
efetivamente vem sendo aplicada pelo Supremo Tribunal Federal, ainda que a procure desmerecer,
sugerindo que é encampada apenas por Ministros que restaram vencidos quando do julgamento a
respeito da possibilidade da execução provisória da pena em matéria penal.

1. 35. De fato, assim tem decidido, em diversas ocasiões, a nossa Corte Suprema.

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1. 36. Muito ao contrário do sugerido pelo Magistrado, a tese é exatamente a
mesma que vem sido acatada pelo STF, pois em todas tratou-se exatamente de hipótese fática
idêntica, em que ao réu é assegurado apelar em liberdade, determinando-se o início da
execução "após o trânsito em julgado".

1. 37. Nesse sentido, recentíssima a decisão proferida pelo Min. CELSO DE


MELLO, nos autos do HC nº 152.974/SP, publicada em 06 de março de 2018:

"Tem-se entendido, nesta Suprema Corte, que, em situações como a ora em exame, em que o Ministério
Público sequer se insurgiu contra o pronunciamento do órgão judiciário "a quo" que garantiu ao
paciente o direito de recorrer em liberdade, não pode o Tribunal de superior jurisdição suprimir esse
benefício, em detrimento do condenado, sob pena de ofensa à cláusula final inscrita no art. 617 do
Código de Processo Penal:

"() POSSÍVEL OFENSA AO PRINCÍPIO QUE VEDA A 'REFORMATIO IN PEJUS' (CPP, ART. 617, 'in
fine'), POIS O TRIBUNAL DE INFERIOR JURISDIÇÃO ORDENOU QUE SE PROCEDESSE, EM
PRIMEIRO GRAU, À IMEDIATA EXECUÇÃO ANTECIPADA DA PENA, NÃO OBSTANTE ESSE
COMANDO HOUVESSE SIDO DETERMINADO EM RECURSO EXCLUSIVO DO RÉU CONDENADO,
A QUEM SE ASSEGURARA, NO ENTANTO, EM MOMENTO ANTERIOR, SEM IMPUGNAÇÃO
RECURSAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO, O DIREITO DE AGUARDAR EM LIBERDADE A
CONCLUSÃO DO PROCESSO. ()." (HC 147.452/MG, Rel. Min. CELSO DE MELLO)"

1. 38. Em igual sentido, a decisão monocrática do HC 140.217/DF, de relatoria do


Ministro RICARDO LEWANDOWSKI:

"(...)

Registre-se, também, que a antecipação do cumprimento da pena, em qualquer grau de jurisdição,


somente pode ocorrer mediante um pronunciamento específico e fundamentado que demonstre, à
saciedade, e com base em elementos concretos, a necessidade da custódia cautelar. Assim,
verificando que o caso em espécie se assemelha àquele tratado no HC 140.217/DF, bem como nos HC's
135.951/DF, 142.012/DF e 142.017/DF, todos de minha relatoria, entendo que ocorreu a formação da
coisa julgada do direito de o paciente recorrer em liberdade. Por essas razões, constatada a
excepcionalidade da situação em análise faz necessária a suspensão da execução da pena imposta ao
paciente. Isso posto, tendo em conta que a conclusão a que chego neste habeas corpus em nada
conflita com as decisões majoritárias desta Suprema Corte, acima criticadas, com o respeito de praxe,
confirmando as liminares, concedo a ordem de habeas corpus (art. 192, caput, do RISTF), para que os
pacientes possam aguardar, em liberdade, o trânsito em julgado da sentença penal condenatória
proferida no Processo 2005.01.1.064173-9, sem prejuízo da manutenção ou fixação, pelo juízo
processante, de uma ou mais de uma das medidas cautelares previstas no art. 319 do Código de Processo
Penal, caso entenda necessário. Comunique-se com urgência. Expeça-se alvará de soltura
clausulado. Publique-se. Brasília, 14 de novembro de 2017. Ministro Ricardo Lewandowski Relator

(HC 140217, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, julgado em 14/11/2017, publicado em


PROCESSO ELETRÔNICO DJe-261 DIVULG 16/11/2017 PUBLIC 17/11/2017)"

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1. 39. Da mesma forma, os seguintes julgados: HC 135.951-MC/DF, Rel. Min.
RICARDO LEWANDOWSKI - HC 142.012-MC/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI -
HC 142.017-MC/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI - HC 147.428-MC/MG, Rel. Min.
CELSO DE MELLO - HC 148.122-MC/MG, Rel. Min. CELSO DE MELLO - HC 153.431/SP,
Rel. Min. CELSO DE MELLO.

III - DOS REQUISITOS PARA A CONCESSÃO DE MEDIDA LIMINAR

1. 40. Presentes se encontram os requisitos para a concessão de liminar na figura do


fumus boni iuris e do periculum in mora.

1. 41. O primeiro salta aos olhos por todos os fundamentos acima elencados e que
demonstram claramente a violação ao princípio do non reformatio in pejus.

1. 42. O perigo da demora, por sua vez, se torna evidente frente à ordem de prisão
em desfavor do Paciente, sendo desnecessária uma descrição pormenorizada do dano de impossível
reparação que a prisão representa na vida de quem vem a ser encarcerado.

IV - DO PEDIDO

1. 43. Ante o exposto, requer seja concedida liminar para obstar o início da
execução da pena do Paciente antes do trânsito em julgado, em flagrante violação do princípio do
non reformatio in pejus, expedindo-se o competente contra-mandado de prisão ou, se já houver sido
cumprida, o necessário alvará de soltura.

1. 44. No mérito, requer seja concedida em definitivo a presente ordem de Habeas


Corpus, garantindo ao Paciente o direito de aguardar o trânsito em julgado para que se dê início ao
cumprimento de pena.

P. deferimento.

Brasília, 14 de março de 2018.

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Marcelo Leal de Lima Oliveira

OAB/DF 21.932

Caio César Vieira Rocha

OAB/CE 15.095

Francisco César Asfor Rocha

OAB/SP 329.034

Tiago Asfor Rocha Lima

OAB/CE 16.386

Anastácio Jorge Matos de Sousa Marinho

OAB/CE 8.502

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PROCESSO Nº: 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
IMPETRANTE: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
PACIENTE: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho e outro
IMPETRADO: JUÍZO DA 12ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
RELATOR(A): Desembargador(a) Federal Francisco Roberto Machado - 1ª Turma

DECISÃO

Trata-se de pedido de extensão da liminar concedida neste Habeas Corpus, objetivando a suspensão do
início das Execuções Provisórias das penas impostas aos réus IELTON BARRETO DE OLIVEIRA,
GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO e JERÔNIMO ALVEZ BEZERRA na Ação Penal nº
0012628-43.2010.4.05.8100, na qual foram condenados a 5 (cinco) anos de reclusão pela prática do crime
do art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/86, ainda pendente de julgamento de Recurso Especial no STJ (REsp
1.449.193-CE).

Relatei, decido.

A partir do exame superficial, próprio desta fase de cognição sumária, tenho que estão preenchidos os
requisitos para a extensão da liminar concedida.

O art. 580 do CPP prevê que, no concurso de agentes, a decisão do recurso interposto por um dos réus, se
fundado em motivos que não sejam de caráter exclusivamente pessoal, aproveitará aos outros.

Ainda que o Habeas Corpus não se trate de recurso, a aplicação do disposto no art. 580 do CPP, a fim de
garantir a extensão da ordem do remédio heroico, é plenamente cabível, a teor da jurisprudência do STJ.

No caso concreto, a liminar neste writ foi concedida porque entendi que o comando sentencial
condenatório (no qual constou, expressamente: "determino, ainda, imediatamente após o trânsito em
julgado desta sentença, a remessa dos autos à Vara Federal competente para a execução da pena aqui
aplicada") constitui garantia erigida em favor do status libertatis do réu, devendo prevalecer sobre o
entendimento firmado pelo STF a favor da execução antecipada da pena.

Desse modo, como a liminar foi concedida elencando apenas elementos eminentemente objetivos, resta
evidenciada situação análoga em relação aos peticionantes IELTON BARRETO DE OLIVEIRA,
GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO e JERÔNIMO ALVEZ BEZERRA, inexistindo, pelo menos a
princípio, qualquer peculiaridade que diferencie a situação deles da do paciente FRANCISCO
DEUSMAR DE QUEIROS.

Assim, defiro o pedido de id. 10546202, determinando a extensão da liminar concedida neste Habeas
Corpus a IELTON BARRETO DE OLIVEIRA, GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO e
JERÔNIMO ALVEZ BEZERRA, com a consequente suspensão das Execuções Provisórias nos
0805810-32.2016.4.05.8100, 0805805-10.2016.4.05.8100 e 0805812-02.2016.4.05.8100, até julgamento
final deste writ.

Intime-se.

Comunique-se o teor desta decisão ao Juízo originário, com urgência.

Recife, 15 de março de 2018.

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
Assinado eletronicamente.
ENEIDE FONTES A Certificação
RIBEIRO Digital pertence a: FRANCISCO
DE ALBUQUERQUE - Diretor deROBERTO
Secretaria MACHADO - Magistrado Num. 10546963 - Pág. 1
18031516174972000000010530714
Data e hora da assinatura: 15/03/2018 16:17:49
https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18031512333946800000010529042
Identificador:
Número do documento: 4050000.10548635
18031512333946800000010529042
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 12/12
OFÍCIO Nº 2017/ Recife, 15 de Março de 2018

Senhor(a). Diretor(a).,

De ordem do Excelentíssimo Desembargador Federal Relator Roberto Machado, envio


a Vossa Senhoria, para as devidas providências, cópia da Decisão (id. 4050000.10546963 ), proferida nos
autos do Habeas Corpus PJE nº 0802530-35.2018.4.05.0000 , (processo de referência nº
0805802-55.2016.4.05.8100), em epígrafe.

Atenciosamente,

Eneide F.R. de Albuquerque


Técnico Judiciário

Ilmo.(a) Sr(a).
Diretor(a) da Secretaria da 12 ª Vara Federal da Seção Judiciária do Ceará
-

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
ENEIDE FONTES RIBEIRO DE ALBUQUERQUE - Diretor de Secretaria
18031516174972000000010530713
Data e hora da assinatura: 15/03/2018 16:17:49
Identificador: 4050000.10548634
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 1/1
PROCESSO Nº: 0805802-55.2016.4.05.8100 - EXECUÇÃO PROVISÓRIA
EXEQUENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
CONDENADO: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho
12ª VARA FEDERAL - CE (JUIZ FEDERAL TITULAR)

Excelentíssimo Desembargador Relator:

Em complemento à informação anteriormente prestada, e tendo em vista nova decisão proferida por
Vossa Excelência no sentido de suspender também as execuções penais relativas aos demais condenados
na mesma ação penal em que FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS foi condenado, esclareço que, na
presente data, proferi despachos nas execuções provisórias respectivas, suspendendo-as da mesma forma,
até que haja ulterior deliberação por parte dessa Corte Regional.

No mais, reporto-me ao quanto já informado anteriormente.

Permaneço à disposição para eventuais esclarecimentos adicionais que se mostrarem necessários.

Respeitosamente,

Danilo Dias Vasconcelos de Almeida

Juiz Federal Substituto

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
DANILO DIAS VASCONCELOS DE ALMEIDA
18031614071688800000010542030
Data e hora da assinatura: 16/03/2018 14:07:17
Identificador: 4058100.3427258
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 1/1
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
PROCESSO: 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
Gab 5 - Des. ROBERTO MACHADO - 1ª Turma
RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL FRANCISCO ROBERTO MACHADO

Polo ativo Polo passivo


Marcelo Leal de Lima Oliveira IMPETRANTE JUÍZO DA 12ª VARA
FRANCISCO DEUSMAR DE FEDERAL DA SEÇÃO IMPETRADO
PACIENTE JUDICIÁRIA DO CEARÁ
QUEIROS
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira

Outros participantes
MINISTÉRIO PÚBLICO CUSTOS
FEDERAL LEGIS

CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 23/03/2018 09:15, o(a) Sr(a) FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS foi
intimado(a) acerca de Decisão registrado em 15/03/2018 09:14 nos autos judiciais eletrônicos
especificados na epígrafe.

1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 18031509591268100000010528157 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 23/03/2018 09:15 - Tribunal Regional Federal 5ª Região.

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Data e hora da inclusão: 23/03/2018 09:15:14
Identificador: 4050000.10619474

1/1
EXCELENTÍSSIMO DESEMBARGADOR FEDERAL ROBERTO MACHADO,

DD. RELATOR DO HC Nº 0802530-35.2018.4.05.0000

MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA , impetrante do presente Habeas Corpus nº


0802530-35.2018.4.05.0000, vem, à presença de Vossa Excelência, com fulcro nos artigos 135 [1] e 137,
§1º [2] , do Regimento Interno deste TRF-5, requerer seja cientificado em tempo hábil da data de
julgamento para que possa realizar sustentação oral, visto que possui domicílio em estado diverso desta
Corte.

Conquanto o writ em comento possua outros quatro impetrantes, é estratégia da defesa que este signatário
ocupe a tribuna quando do julgamento do mérito.

Termos em que p. deferimento

De Brasília para Recife, 23 de março de 2018.

Marcelo Leal de Lima Oliveira

OAB/DF 21.932

[1] Art. 135. Poderão as partes e o Ministério Público Federal, antes do início da sessão, pedir preferência
para julgamento, requerendo, se for o caso, a sustentação oral.

[2] Art. 137. Não haverá sustentação oral no julgamento de:

(...)

1/2
§ 1º. Nos demais julgamentos, o Presidente do Plenário ou da Turma, feito o relatório, dará a palavra,
sucessivamente, ao autor, recorrente ou impetrante, e ao réu, recorrido ou impetrado, para sustentação de
suas alegações.

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado
18032317311893400000010606286
Data e hora da assinatura: 23/03/2018 17:32:58
Identificador: 4050000.10624265
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 2/2
EXCELENTÍSSIMO DESEMBARGADOR FEDERAL ROBERTO
MACHADO,
DD. RELATOR DO HC Nº 0802530-35.2018.4.05.0000

MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA, impetrante do


presente Habeas Corpus nº 0802530-35.2018.4.05.0000, vem, à presença de
Vossa Excelência, com fulcro nos artigos 1351 e 137, §1º2, do Regimento
Interno deste TRF-5, requerer seja cientificado em tempo hábil da data de
julgamento para que possa realizar sustentação oral, visto que possui domicílio
em estado diverso desta Corte.

Conquanto o writ em comento possua outros quatro


impetrantes, é estratégia da defesa que este signatário ocupe a tribuna quando
do julgamento do mérito.

Termos em que p. deferimento


De Brasília para Recife, 23 de março de 2018.

Marcelo Leal de Lima Oliveira


OAB/DF 21.932

1 Art. 135. Poderão as partes e o Ministério Público Federal, antes do início da sessão, pedir
preferência para julgamento, requerendo, se for o caso, a sustentação oral.
2 Art. 137. Não haverá sustentação oral no julgamento de:

(...)
§ 1º. Nos demais julgamentos, o Presidente do Plenário ou da Turma, feito o relatório, dará a
palavra, sucessivamente, ao autor, recorrente ou impetrante, e ao réu, recorrido ou impetrado,
para sustentação de suas alegações.

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado
18032317321872000000010606287
Data e hora da assinatura: 23/03/2018 17:32:58
Identificador: 4050000.10624266
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 1/1
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
PROCESSO: 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
Gab 5 - Des. ROBERTO MACHADO - 1ª Turma
RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL FRANCISCO ROBERTO MACHADO

Polo ativo Polo passivo


Marcelo Leal de Lima Oliveira IMPETRANTE JUÍZO DA 12ª VARA
FRANCISCO DEUSMAR DE FEDERAL DA SEÇÃO IMPETRADO
PACIENTE JUDICIÁRIA DO CEARÁ
QUEIROS
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira

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MINISTÉRIO PÚBLICO CUSTOS
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CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 24/03/2018 23:59, o(a) Sr(a) Marcelo Leal de Lima Oliveira foi intimado(a) acerca
de Decisão registrado em 15/03/2018 09:14 nos autos judiciais eletrônicos especificados na epígrafe.

1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 18031509591268100000010528157 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 25/03/2018 00:02 - Tribunal Regional Federal 5ª Região.

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Data e hora da inclusão: 25/03/2018 00:02:43
Identificador: 4050000.10630579

1/1
PROCESSO Nº: 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
IMPETRANTE: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
PACIENTE: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho e outro
IMPETRADO: JUÍZO DA 12ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
RELATOR(A): Desembargador(a) Federal Francisco Roberto Machado - 1ª Turma

DECISÃO

Trata-se de pedido de extensão da liminar concedida neste Habeas Corpus , objetivando a suspensão do
início das Execuções Provisórias das penas impostas aos réus IELTON BARRETO DE OLIVEIRA,
GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO e JERÔNIMO ALVEZ BEZERRA na Ação Penal nº
0012628-43.2010.4.05.8100, na qual foram condenados a 5 (cinco) anos de reclusão pela prática do crime
do art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/86, ainda pendente de julgamento de Recurso Especial no STJ (REsp
1.449.193-CE).

Relatei, decido.

A partir do exame superficial, próprio desta fase de cognição sumária, tenho que estão preenchidos os
requisitos para a extensão da liminar concedida.

O art. 580 do CPP prevê que, no concurso de agentes, a decisão do recurso interposto por um dos réus, se
fundado em motivos que não sejam de caráter exclusivamente pessoal, aproveitará aos outros.

Ainda que o Habeas Corpus não se trate de recurso, a aplicação do disposto no art. 580 do CPP, a fim de
garantir a extensão da ordem do remédio heroico, é plenamente cabível, a teor da jurisprudência do STJ.

No caso concreto, a liminar neste writ foi concedida porque entendi que o comando sentencial
condenatório (no qual constou, expressamente: " determino, ainda, imediatamente após o trânsito em
julgado desta sentença, a remessa dos autos à Vara Federal competente para a execução da pena aqui
aplicada ") constitui garantia erigida em favor do status libertatis do réu, devendo prevalecer sobre o
entendimento firmado pelo STF a favor da execução antecipada da pena.

Desse modo, como a liminar foi concedida elencando apenas elementos eminentemente objetivos, resta
evidenciada situação análoga em relação aos peticionantes IELTON BARRETO DE OLIVEIRA,
GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO e JERÔNIMO ALVEZ BEZERRA, inexistindo, pelo menos a
princípio, qualquer peculiaridade que diferencie a situação deles da do paciente FRANCISCO
DEUSMAR DE QUEIROS.

Assim, defiro o pedido de id. 10546202 , determinando a extensão da liminar concedida neste Habeas
Corpus a IELTON BARRETO DE OLIVEIRA, GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO e
JERÔNIMO ALVEZ BEZERRA, com a consequente suspensão das Execuções Provisórias n os
0805810-32.2016.4.05.8100, 0805805-10.2016.4.05.8100 e 0805812-02.2016.4.05.8100, até julgamento
final deste writ .

Intime-se.

Comunique-se o teor desta decisão ao Juízo originário, com urgência.

Recife, 15 de março de 2018.

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
EDVALDO ALMEIDA DO NASCIMENTO - Diretor de Secretaria
18040414221513500000010678743
Data e hora da assinatura: 04/04/2018 14:22:32
Identificador: 4050000.10696810
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 1/1
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
PROCESSO: 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
Gab 5 - Des. ROBERTO MACHADO - 1ª Turma
RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL FRANCISCO ROBERTO MACHADO

Polo ativo Polo passivo


Marcelo Leal de Lima Oliveira IMPETRANTE JUÍZO DA 12ª VARA
FRANCISCO DEUSMAR DE FEDERAL DA SEÇÃO IMPETRADO
PACIENTE JUDICIÁRIA DO CEARÁ
QUEIROS
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira

Outros participantes
MINISTÉRIO PÚBLICO CUSTOS
FEDERAL LEGIS

CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 12/04/2018 09:37, o(a) MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL foi intimado(a) acerca
de Decisão registrado em 15/03/2018 15:51 nos autos judiciais eletrônicos especificados na epígrafe.

1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 18040414221513500000010678743 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 12/04/2018 09:37 - Tribunal Regional Federal 5ª Região.

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Data e hora da inclusão: 12/04/2018 09:37:29
Identificador: 4050000.10773995

1/1
Excelentíssimo Desembargador Federal Relator dessa Colenda Turma do Egrégio Tribunal
Regional Federal da 5ª Região

Ref. Processo nº 0802530-35.2018.4.05.0000

Classe : Habeas corpus

Impte : Marcelo Leal de Lima Oliveira

Pacte : Francisco Deusmar de Queiros

Impdo : Juízo da 12ª Vara Federal do Ceará

Relator : Desembargador Federal Roberto Machado - 1ª Turma

Parecer nº 5.703/2018

FJAF 080

HABEAS CORPUS . PREVENÇÃO. REDISTRIBUIÇÃO. NECESSIDADE.


EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA. POSSIBILIDADE. DETERMINAÇÃO, NAS
DISPOSIÇÕES GERAIS DA DECISÃO, DE PROVIDÊNCIAS BUROCRÁTICAS
QUE DEVEM SER ADOTADAS. FÓRMULA (QUE NÃO FAZ COISA JULGADA)
REPETIDA EM, PRATICAMENTE, TODAS SENTENÇAS. VIOLAÇÃO AO
PRINCÍPIO DA "NON REFORMATIO IN PEJUS". INOCORRÊNCIA.

1. O Relator que conhecer da apelação criminal ou quem lhe haja sucedido na Turma ficará
prevento para apreciar eventuais agravos, incidentes ou habeas corpus relativos à execução
penal.

2. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, por maioria de votos, entendeu que a


possibilidade de início da execução da pena condenatória após a confirmação da sentença
em segundo grau não ofende o princípio constitucional da presunção da inocência (HC n.
126292, julgado no dia 17 de fevereiro de 2016).

3. Não integra o dispositivo da sentença a determinação de expedição de guia de execução


após o trânsito em julgado. Trata-se de mero indicativo à Secretaria do juízo das
providências burocráticas que devem ser adotadas em determinado momento processual
(assim como o "oficie-se" ou o "intime-se").

4. A execução provisória da pena não representa violação ao princípio da non reformatio in

1/8
pejus, pois não houve piora da situação do réu, mas simples cumprimento de sentença
condenatória submetida a três graus de jurisdição.

5. É possível a execução provisória da pena, ainda que concedido na sentença condenatória,


ou mesmo no acórdão que julgou o recurso de apelação o direito de recorrer em liberdade
até o trânsito em julgado da condenação, sem que isso caracterize violação a coisa julgada
ou "reformatio in pejus". (STJ, AgRg no HC 410.103/SP, T6, DJe 15/02/2018).

6. Parecer pela denegação da ordem.

I. Relatório

Cuida-se de habeas corpus impetrado em favor de FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS contra


decisão que, no Processo nº 0012628-43.2010.4.05.8100, determinou a execução provisória da pena de 9
(nove) anos e 2 (dois) meses de reclusão, em regime inicial fechado, pelo crime do art. 7º, IV, da Lei nº
7.492/86, confirmada por esse Egrégio Tribunal Regional Federal em 11 de julho de 2013.

2. Em síntese, aduz o impetrante que a condenação do paciente não transitou em julgado e que obteve, no
STJ, provimento liminar na Tutela Provisória 38 para conferir efeito suspensivo ao recurso especial
interposto (REsp 1449193/CE).

3. Alega que o cumprimento da pena está condicionado ao trânsito em julgado da condenação porque
haveria na sentença determinação de se remeter, imediatamente após o trânsito em julgado da sentença, os
autos à Vara Federal competente para a execução da pena aplicada.

4. Liminar deferida para suspender a Execução Provisória da Pena nº 0805802-55.2016.4.05.8100 [Id.


4050000.10537072].

5. Em seguida, o impetrante pediu a extensão dos efeitos dessa liminar em favor de IELTON BARRETO
DE OLIVEIRA, GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO e JERÔNIMO ALVEZ BEZERRA,
condenados na mesma ação penal.

6. Com fundamento no art. 580 do CPP, deferiu-se a extensão (Id. 4050000.10546963).

7. Em suas informações (Id. 4058100.3421061), a autoridade apontada como coatora esclareceu que a
sentença apenas assegurou o direito de apelar em liberdade e que a determinação de expedição de guia de
execução após o trânsito em julgado é mero indicativo, à Secretaria do juízo, das providências
burocráticas que devem ser adotadas em determinado momento processual (assim como o "oficie-se" ou o
"intime-se").

8. É o que importa relatar, passo à análise.

II. Fundamentação

II.1. Preliminar: competência da Colenda Terceira Turma. Distribuição por prevenção

9. Preliminarmente, cumpre destacar que o presente habeas corpus deveria ter sido distribuído por
prevenção para o Excelentíssimo Desembargador Federal Carlos Rebêlo Júnior, sucessor do relator da
apelação criminal (ACR 9363-CE) no Processo nº 0012628-43.2010.4.05.8100 julgada na Colenda
Terceira Turma desse Egrégio Tribunal Regional Federal da 5ª Região.

10. Essa informação, ademais, foi certificada (Id. 4050000.10537013) nos autos:

2/8
Informo que, a consulta aos sistemas informatizados ESPARTA e PJE sinalizou a existência
de processos relacionados ao HABEAS CORPUS em epígrafe: HC 4267 CE, ACR 9363 CE e
ACR 9539 CE (3ª Turma). Assim sendo, à luz do art. 61, §§ 2º, 3º e 6º; c/c procedimento
corroborado pelo acórdão prolatado na Questão de Ordem na AR 310-PE, s.m.j., haveria
prevenção para o Des. Carlos Rebelo, sucessor do relator originário, em face da ACR 9363,
em tramitação no STJ .

11. Se o presente habeas corpus ataca a execução de pena fixada em apelação criminal julgada pela
Colenda Terceira Turma, o presente writ deveria ter sido distribuído para o relator daquela apelação ou
para quem lhe haja sucedido naquele mesmo órgão desse Egrégio Tribunal.

12. Com efeito, o Relator que conhecer da apelação criminal ficará prevento para apreciar eventuais
agravos, incidentes ou habeas corpus relativos à execução penal. É o que se conclui do art. 61 do
Regimento Interno desse Egrégio Tribunal Regional Federal da 5ª Região. Verbis :

Art. 61. O Relator que primeiro conhecer de um processo, ou de qualquer incidente ou


recurso, ficará prevento para todos os recursos posteriores e seus novos incidentes.

§ 1º. Se o Relator deixar o Tribunal, assumir a Presidência, Vice-Presidência, Corregedoria


ou remover-se de Turma, a prevenção será do órgão julgador .

13. Assim, esta Procuradoria Regional da República pugna para que o presente habeas corpus seja
redistribuído para o Excelentíssimo Desembargador Federal Carlos Rebêlo Júnior, sucessor do relator
originário da ACR 9363.

II.2. Mérito: possibilidade de execução provisória da pena. Inexistência de violação ao princípio da


"non reformatio in pejus"

14. Quanto ao mérito, entende esta Procuradoria Regional da República que a ordem deve ser denegada.

15. O paciente, FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS, na Ação Penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100,


em 9/7/2012, foi condenado pelos crimes do art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/1986 e do art. 27-C da Lei
6385/76, à pena de 15 (quinze) anos e 10 (dez) meses de reclusão. Em julho de 2013, a Colenda Terceira
Turma deu parcial provimento à apelação dos réus e reduziu a pena do ora paciente para 9 (nove) anos e 2
(dois) meses de reclusão.

16. Inconformado, interpôs recurso especial (REsp 1449193 - CE). Todavia, em 6/12/2017, o
Excelentíssimo Senhor Ministro FÉLIX FISCHER, conheceu em parte o recurso e, nessa extensão,
negou-lhe provimento!

17. Contra essa decisão, o ora paciente, interpôs agravo regimental, ao qual foi negado provimento no dia
26/2/2018. O acórdão recebeu a seguinte ementa:

PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. NEGOCIAÇÃO DE TÍTULOS


OU VALORES MOBILIÁRIOS SEM AUTORIZAÇÃO PRÉVIA. ADEQUAÇÃO TÍPICA DA
CONDUTA. REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE.
SÚMULA 7/STJ. DOSIMETRIA. PENA-BASE ACIMA DO MÍNIMO LEGAL.
CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAS. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. DISSÍDIO
JURISPRUDENCIAL. NÃO COMPROVAÇÃO. DECISÃO MANTIDA.

I - As conclusões do eg. Tribunal de origem a respeito da adequação típica da conduta não

3/8
podem ser alteradas sem nova incursão no conjunto de fatos e provas colacionado aos autos.
Tal providência não é viável em sede de recurso especial, a teor do enunciado sumular n. 7
desta Corte.

II - A dosimetria da pena, quando imposta com base em elementos concretos e observados os


limites da discricionariedade vinculada atribuída ao magistrado sentenciante, impede a
revisão da reprimenda por esta Corte Superior, exceto se for constatada evidente
desproporcionalidade entre o delito e a pena imposta, hipótese em que caberá a
reapreciação para a correção de eventual desacerto quanto ao cálculo das frações de
aumento e de diminuição e a reavaliação das circunstâncias judiciais listadas no art. 59 do
Código Penal.

III - In casu, o aumento da pena-base mostra-se, de fato, fundamentado, pois considerados o


modus operandi, a organização, o planejamento e a estratégia na execução dos delitos,
desempenhos por cada um dos agentes. Dessa forma, o acórdão da origem consignou
expressamente os motivos que acarretaram a exasperação da pena-base, não havendo
tampouco desproporcionalidade no acréscimo.

IV - A interposição do recurso especial, com fulcro na alínea c do permissivo constitucional


exige o atendimento dos requisitos contidos no art. 1028, e § 1º do Código de Processo Civil,
e no art.

255, § 1º, do Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça, para a devida


demonstração do alegado dissídio jurisprudencial, pois, além da transcrição de acórdãos
para a comprovação da divergência, é necessário o cotejo analítico entre o aresto recorrido
e o paradigma, com a constatação da identidade das situações fáticas e a interpretação
diversa emprestada ao mesmo dispositivo de legislação infraconstitucional, situação que não
ocorreu no presente caso.

Agravo regimental desprovido.

(AgRg no REsp 1449193/CE, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em
20/02/2018, DJe 26/02/2018) .

18. Contra esse acórdão, o recorrente opôs embargos de declaração, tudo a indicar um nítido propósito
meramente procrastinatório. Merece destaque, nessa esteira, que a Tutela Provisória nº 38 deferida ao ora
paciente para conferir efeito suspensivo ao seu recurso especial perdeu o objeto, conforme decidiu o
Excelentíssimo Senhor Ministro FÉLIX FISCHER, em 28/2/2018.

19. Interessante destacar que, entre o recebimento da denúncia (20.10.2010) e a sentença (9/7/2012)
passaram-se menos de dois anos, ao passo que, na fase recursal, já se passaram mais que o dobro desse
lapso com a perspectiva de durar ainda mais. Na fase atual, por certo, inexiste dúvida acerca da tipicidade,
materialidade, autoria e validade processual. O ora paciente já foi condenado em três instâncias.

20. Esse contexto, segundo a esmadora maioria dos precedentes do Supremo Tribunal Federal e do
Superior Tribunal de Justiça, autoriza o início imediato da execução provisória da pena. Não se pode
olvidar que essa tese foi afirmada pelo Plenário do STF em recurso extraordinário com repercussão geral:

CONSTITUCIONAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA


PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA (CF, ART. 5º, LVII). ACÓRDÃO PENAL CONDENATÓRIO.
EXECUÇÃO PROVISÓRIA. POSSIBILIDADE. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA.
JURISPRUDÊNCIA REAFIRMADA.

4/8
1. Em regime de repercussão geral, fica reafirmada a jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal no sentido de que a execução provisória de acórdão penal condenatório proferido
em grau recursal, ainda que sujeito a recurso especial ou extraordinário, não compromete o
princípio constitucional da presunção de inocência afirmado pelo artigo 5º, inciso LVII, da
Constituição Federal.

2. Recurso extraordinário a que se nega provimento, com o reconhecimento da repercussão


geral do tema e a reafirmação da jurisprudência sobre a matéria.

(ARE 964246 RG, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, julgado em 10/11/2016, PROCESSO
ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-251 DIVULG 24-11-2016 PUBLIC
25-11-2016)

21. Demais disso, para tal desiderato não é obstáculo o magistrado, na sentença, determinar à Secretaria
do Juízo providências burocráticas como a expedição de guia de recolhimento após o trânsito em julgado,
como ocorreu no presente caso. Vejamos, então, o seguinte parágrafo da sentença que o impetrante afirma
ser uma vedação ao início do cumprimento da execução provisória da pena:

90. Determino, ainda, imediatamente após o trânsito em julgado desta sentença, a remessa
dos autos à Vara Federal competente para a execução da pena aqui aplicada .

22. Por certo, a respeito desse parágrafo na sentença, conforme esclareceu a autoridade apontada como
coatora, em suas informações, trata-se de mero indicativo, à Secretaria do juízo, das providências
burocráticas que devem ser adotadas em determinado momento processual (assim como o "oficie-se" ou o
"intime-se"). Verbis:

Parágrafos como o invocado pelo impetrante para afastar um importantíssimo efeito da


decisão (a própria efetividade do quanto decidido) constam, ordinariamente, de qualquer
sentença condenatória. A prevalecer esse raciocínio, nenhuma sentença poderá ser
executada provisoriamente, em claríssima burla ao quanto decidido pelo Supremo Tribunal
Federal. A determinação de expedição de guia de execução após o trânsito em julgado está
muito longe de garantir o julgamento de todos os recursos em liberdade, sendo apenas um
indicativo, à Secretaria do juízo, das providências burocráticas que devem ser adotadas em
determinado momento processual (assim como o "oficie-se" ou o "intime-se").

Sendo assim, ainda que se acolhesse a tese defensiva (no sentido de que o direito ao recurso
em liberdade faria coisa julgada material se não atacado pelo Ministério Público Federal), a
qual realmente vem encontrando algum apoio dentro do Supremo Tribunal Federal,
especialmente de Ministros que foram vencidos no julgamento a respeito da possibilidade de
execução provisória da pena, o caso concreto sob exame não se amolda faticamente à tese,
porquanto, repita-se, a sentença apenas assegurou o direito de apelar em liberdade.

De todo modo, o entendimento deste juízo é no sentido de que a execução provisória da pena
configura poder-dever do magistrado, que deve determiná-la quando constatado o
esgotamento das vias ordinárias de impugnação. Com efeito, é sabido que, ao decidir sobre
o direito de recorrer em liberdade, o juiz analisa apenas a presença ou não dos requisitos
para decretação da prisão preventiva - nada dispondo sobre a execução provisória da pena.
Mas a execução provisória em nada se relaciona a prisão preventiva e deve ser
implementada mesmo que ausentes os requisitos da segregação cautelar, já que, repito, a

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execução provisória não possui natureza processual ou cautelar, mas sim de execução
propriamente dita, ainda que provisória.

Ademais, não prospera a alegação de que a execução provisória seria "reformatio in pejus".
Ora, não se está alterando em nada o título judicial em desfavor dos réus. O comando
condenatório está sendo executado na exata medida em que proferido. A "reformatio in
pejus" somente ocorre quando um recurso piora a situação do acusado. E o recurso
interposto em nada o prejudicou. Muito pelo contrário: assegurou que o acusado
permanecesse solto durante o julgamento da apelação, tendo, portanto, melhorado a sua
situação. Se não tivesse interposto o recurso, a sentença teria sido imediatamente executada.
A "reformatio in pejus" somente ocorre quando o acusado possa afirmar algo como "seria
melhor se eu não tivesse recorrido...". E, no caso presente, o acusado pode dizer isso?
Decerto não, pois, além de ter tido sua pena reduzida, se manteve solto durante o julgamento
da apelação.

São, portanto, dois momentos distintos e duas análises diversas: 1) quando profere a
sentença, o juiz verifica se estão ou não presentes os requisitos da prisão preventiva, e
decide pela prisão do sentenciado ou pelo recurso em liberdade; 2) quando determina a
execução provisória, o juiz analisa se está esgotada a via ordinária recursal, e decide pelo
início da pena.

No caso sob exame, esgotada está a via recursal ordinária, pois já julgada a apelação do
executado, bem como o próprio recurso especial (este monocraticamente, ainda não
transitado em julgado). Acertado, pois, o início da execução provisória da pena, como
determinado pelo juízo da causa, requerido agora pelo Ministério Público Federal e
determinado por este juízo .

23. Portanto, ao contrário do que sustenta o impetrante, a sentença não condicionou o início de
cumprimento de pena ao trânsito em julgado, apenas afirmou que com o advento deste efeito, os autos
deveriam ser remetidos à Vara de Execuções Penais. Nada mais natural. Isso não integra o dispositivo da
sentença.

24. Demais disso, conforme precedentes do STJ, a determinação de execução provisória da pena
encontra-se dentre as competências do Juízo revisional, independe de recurso da acusação e pode ser
determinada, em qualquer grau de jurisdição, após a confirmação da condenação.

25. O Superior Tribunal de Justiça já firmou orientação no sentido de que não há falar em reformatio in
pejus , pois a prisão decorrente de acórdão confirmatório de condenação prescinde do exame dos
requisitos previstos no art. 312 do Código Penal. Entende-se que a determinação de execução provisória
da pena encontra-se dentre as competências do Juízo revisional e independe de recurso da acusação.

26. Nesse sentido:

HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO (ORDINÁRIO OU ESPECIAL).


INADEQUAÇÃO. MÉRITO. ANÁLISE DE OFÍCIO. ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR. PRISÃO
DETERMINADA PELO TRIBUNAL APÓS O JULGAMENTO DA APELAÇÃO. POSSIBILIDADE.
EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA. LEGALIDADE. RECENTE ENTENDIMENTO DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO EVIDENCIADO. ORDEM NÃO CONHECIDA. 1. O Superior Tribunal
de Justiça, seguindo entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal, passou a não admitir o conhecimento
de habeas corpus substitutivo de recurso próprio. Precedentes. No entanto, deve-se analisar o pedido formulado na
inicial, tendo em vista a possibilidade de se conceder a ordem de ofício, em razão da existência de eventual coação
ilegal.

2. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, por maioria de votos, entendeu que A execução provisória de acórdão

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penal condenatório proferido em grau de apelação, ainda que sujeito a recurso especial ou extraordinário, não
compromete o princípio constitucional da presunção de inocência afirmado pelo artigo 5º, inciso LVII da
Constituição Federal. (STF, HC 126292, Relator Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado em
17/02/2016, processo eletrônico DJe-100, divulgado em 16/05/2016, publicado em 17/05/2016).

3. No particular, a sentença condenatória foi reformada pelo Tribunal de origem apenas para alterar o regime
prisional (semiaberto) e porquanto encerrada a jurisdição das instâncias ordinárias (bem como a análise dos fatos e
provas que assentaram a culpa do condenado), é possível dar início à execução provisória da pena antes do trânsito
em julgado da condenação, sem que isso importe em violação do princípio constitucional da presunção de
inocência.

4. O Superior Tribunal de Justiça já firmou orientação no sentido de que não há falar em reformatio in
pejus, pois a prisão decorrente de acórdão confirmatório de condenação prescinde do exame dos requisitos
previstos no art. 312 do Código Penal. Entende-se que a determinação de execução provisória da pena
encontra-se dentre as competências do Juízo revisional e independe de recurso da acusação. Precedentes.

5. Habeas Corpus não conhecido.

(HC 431.212/RS, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em
22/03/2018, DJe 02/04/2018). (Sem destaque no original).

AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA. INEXISTENTE


OFENSA À COISA JULGADA FORMAL NEM REFORMATIO IN PEJUS. AUSÊNCIA DE RECURSO COM
EFEITO SUSPENSIVO. TESE DE INAPLICABILIDADE DO ENTENDIMENTO DO STF QUANDO O
DIREITO DE AGUARDAR EM LIBERDADE O TRÂNSITO EM JULGADO DA CONDENAÇÃO FOI
ASSEGURADO EM DECISÃO ANTERIOR. IMPOSSIBILIDADE. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO
EM RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO. DECISÃO TRANSITADA EM JULGADO NESTA CORTE
SUPERIOR. CONSTRANGIMENTO ILEGAL INEXISTENTE. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO.

1. De acordo com a jurisprudência deste Tribunal Superior a simples interposição de recurso especial, sem a
concessão de efeito suspensivo, não obsta a execução provisória da pena privativa de liberdade. Precedentes.

2. É possível a execução provisória da pena, ainda que concedido na sentença condenatória, ou mesmo no
acórdão que julgou o recurso de apelação o direito de recorrer em liberdade até o trânsito em julgado da
condenação, sem que isso caracterize violação a coisa julgada ou reformatio in pejus .

3. Certificado o trânsito em julgado da condenação, nesta Corte Superior, ficam superadas as alegações sobre a
ilegalidade da execução provisória da pena.

4. Não sendo aptos os argumentos trazidos na insurgência para desconstituir a decisão agravada, ela dever ser
mantida pelos seus próprios fundamentos.

5. Agravo regimental improvido.

(AgRg no HC 410.103/SP, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 12/12/2017, DJe
15/02/2018). (Sem destaque no original) .

27. Por certo, não se pode considerar que a parte da sentença ou acórdão que determina a expedição de
mandados de prisão após o trânsito em julgado da condenação faça coisa julgada, pois não integra o
dispositivo da decisão, tratando-se de mera determinação procedimental a ser seguida pela secretaria
judiciária, repetida de igual forma em, praticamente, todas as decisões.

28. Nesse contexto, com a devida vênia, a determinação da execução provisória da pena não representa

7/8
violação ao princípio da non reformatio in pejus , pois não houve piora da situação do réu, mas
simplesmente cumprimento de sentença condenatória submetida a três graus de jurisdição .

29. Com efeito, a execução provisória da pena pode ser determinada tanto pelo Juízo de primeiro grau,
quanto pelos Tribunais de Justiça, pelo STJ e pelo STF, mesmo em sede de recurso exclusivo da defesa,
desde que verificada a confirmação da condenação em segunda instância.

30. A decisão proferida pelo STF no julgamento do ARE n. 964.246/SP é dotada de eficácia vinculante
erga omnes . Assim, eventual revogação desse precedente somente poderá ocorrer em situações especiais,
quando se esteja diante de hipótese em que cabível o instituto da "superação do precedente" ( overruling
).

31. Além disso, não se pode olvidar que esse precedente foi, recentemente, reafirmado pelo Plenário do
STF, no julgamento do HC nº 152.752, em 8 de abril de 2018.

32. Com a devida vênia, conforme asseverado pela autoridade apontada como coatora em suas
informações, a tese sustentada pelos impetrantes significa inequívoca burla ao quanto decidido pelo
Supremo Tribunal Federal em regime de repercussão geral.

III. Conclusão

33. Ante o exposto, esta Procuradoria Regional da República manifesta-se, preliminarmente, pelo
reconhecimento da prevenção do Excelentíssimo Desembargador Federal Carlos Rebêlo Júnior para
relatar o presente habeas corpus; no mérito, pela denegação da ordem e consequente revogação da liminar
e de sua extensão.

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
FERNANDO JOSE ARAUJO FERREIRA - Procurador, FERNANDO JOSE ARAUJO FERREIRA - Procurador
18041315212967600000010769938
Data e hora da assinatura: 13/04/2018 15:29:38
Identificador: 4050000.10788156
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 8/8
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
PROCURADORIA REGIONAL DA REPÚBLICA – 5ª REGIÃO

EXCELENTÍSSIMO DESEMBARGADOR FEDERAL RELATOR DESSA COLENDA


TURMA DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO

Ref. Processo nº 0802530-35.2018.4.05.0000


Classe : Habeas corpus
Impte : Marcelo Leal de Lima Oliveira
Pacte : Francisco Deusmar de Queiros
Impdo : Juízo da 12ª Vara Federal do Ceará
Relator : Desembargador Federal Roberto Machado – 1ª
Turma

Parecer nº 5.703/2018
FJAF 080
HABEAS CORPUS. PREVENÇÃO. REDISTRIBUIÇÃO.
NECESSIDADE. EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA.
POSSIBILIDADE. DETERMINAÇÃO, NAS DISPOSIÇÕES GERAIS DA
DECISÃO, DE PROVIDÊNCIAS BUROCRÁTICAS QUE DEVEM SER
ADOTADAS. FÓRMULA (QUE NÃO FAZ COISA JULGADA)
REPETIDA EM, PRATICAMENTE, TODAS SENTENÇAS. VIOLAÇÃO
AO PRINCÍPIO DA “NON REFORMATIO IN PEJUS”.
INOCORRÊNCIA.
1. O Relator que conhecer da apelação criminal ou quem lhe haja
sucedido na Turma ficará prevento para apreciar eventuais agravos,
incidentes ou habeas corpus relativos à execução penal.
2. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, por maioria de votos,
entendeu que a possibilidade de início da execução da pena
condenatória após a confirmação da sentença em segundo grau não
ofende o princípio constitucional da presunção da inocência (HC n.
126292, julgado no dia 17 de fevereiro de 2016).
3. Não integra o dispositivo da sentença a determinação de expedição
de guia de execução após o trânsito em julgado. Trata-se de mero
indicativo à Secretaria do juízo das providências burocráticas que
devem ser adotadas em determinado momento processual (assim como
o "oficie-se" ou o "intime-se").
4. A execução provisória da pena não representa violação ao princípio
da non reformatio in pejus, pois não houve piora da situação do réu,
mas simples cumprimento de sentença condenatória submetida a três
graus de jurisdição.
5. É possível a execução provisória da pena, ainda que concedido na
sentença condenatória, ou mesmo no acórdão que julgou o recurso de
apelação o direito de recorrer em liberdade até o trânsito em julgado da
condenação, sem que isso caracterize violação a coisa julgada ou
“reformatio in pejus”. (STJ, AgRg no HC 410.103/SP, T6, DJe
15/02/2018).
6. Parecer pela denegação da ordem.

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I. RELATÓRIO

Cuida-se de habeas corpus impetrado em favor de


FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS contra decisão que, no
Processo nº 0012628-43.2010.4.05.8100, determinou a execução
provisória da pena de 9 (nove) anos e 2 (dois) meses de reclusão,
em regime inicial fechado, pelo crime do art. 7º, IV, da Lei nº
7.492/86, confirmada por esse Egrégio Tribunal Regional Federal
em 11 de julho de 2013.

2. Em síntese, aduz o impetrante que a condenação do


paciente não transitou em julgado e que obteve, no STJ,
provimento liminar na Tutela Provisória 38 para conferir efeito
suspensivo ao recurso especial interposto (REsp 1449193/CE).

3. Alega que o cumprimento da pena está condicionado


ao trânsito em julgado da condenação porque haveria na sentença
determinação de se remeter, imediatamente após o trânsito em
julgado da sentença, os autos à Vara Federal competente para a
execução da pena aplicada.

4. Liminar deferida para suspender a Execução Provisória


da Pena nº 0805802-55.2016.4.05.8100 [Id. 4050000.10537072].

5. Em seguida, o impetrante pediu a extensão dos efeitos


dessa liminar em favor de IELTON BARRETO DE OLIVEIRA,
GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO e JERÔNIMO ALVEZ
BEZERRA, condenados na mesma ação penal.

6. Com fundamento no art. 580 do CPP, deferiu-se a


extensão (Id. 4050000.10546963).

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7. Em suas informações (Id. 4058100.3421061), a


autoridade apontada como coatora esclareceu que a sentença
apenas assegurou o direito de apelar em liberdade e que a
determinação de expedição de guia de execução após o trânsito em
julgado é mero indicativo, à Secretaria do juízo, das providências
burocráticas que devem ser adotadas em determinado momento
processual (assim como o "oficie-se" ou o "intime-se").

8. É o que importa relatar, passo à análise.

II. FUNDAMENTAÇÃO

II.1. PRELIMINAR: COMPETÊNCIA DA COLENDA TERCEIRA TURMA.


DISTRIBUIÇÃO POR PREVENÇÃO

9. Preliminarmente, cumpre destacar que o presente


habeas corpus deveria ter sido distribuído por prevenção para o
Excelentíssimo Desembargador Federal Carlos Rebêlo Júnior,
sucessor do relator da apelação criminal (ACR 9363-CE) no
Processo nº 0012628-43.2010.4.05.8100 julgada na Colenda
Terceira Turma desse Egrégio Tribunal Regional Federal da 5ª
Região.

10. Essa informação, ademais, foi certificada (Id.


4050000.10537013) nos autos:

Informo que, a consulta aos sistemas informatizados ESPARTA e


PJE sinalizou a existência de processos relacionados ao HABEAS
CORPUS em epígrafe: HC 4267 CE, ACR 9363 CE e ACR 9539 CE
(3ª Turma). Assim sendo, à luz do art. 61, §§ 2º, 3º e 6º; c/c
procedimento corroborado pelo acórdão prolatado na Questão de
Ordem na AR 310-PE, s.m.j., haveria prevenção para o Des.
Carlos Rebelo, sucessor do relator originário, em face da
ACR 9363, em tramitação no STJ.

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11. Se o presente habeas corpus ataca a execução de pena


fixada em apelação criminal julgada pela Colenda Terceira Turma,
o presente writ deveria ter sido distribuído para o relator daquela
apelação ou para quem lhe haja sucedido naquele mesmo órgão
desse Egrégio Tribunal.

12. Com efeito, o Relator que conhecer da apelação


criminal ficará prevento para apreciar eventuais agravos,
incidentes ou habeas corpus relativos à execução penal. É o que
se conclui do art. 61 do Regimento Interno desse Egrégio Tribunal
Regional Federal da 5ª Região. Verbis:

Art. 61. O Relator que primeiro conhecer de um processo,


ou de qualquer incidente ou recurso, ficará prevento para
todos os recursos posteriores e seus novos incidentes.
§ 1º. Se o Relator deixar o Tribunal, assumir a Presidência, Vice-
Presidência, Corregedoria ou remover-se de Turma, a prevenção
será do órgão julgador.

13. Assim, esta Procuradoria Regional da República pugna


para que o presente habeas corpus seja redistribuído para o
Excelentíssimo Desembargador Federal Carlos Rebêlo Júnior,
sucessor do relator originário da ACR 9363.

II.2. MÉRITO: POSSIBILIDADE DE EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA.


INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA “NON REFORMATIO IN
PEJUS”

14. Quanto ao mérito, entende esta Procuradoria Regional


da República que a ordem deve ser denegada.

15. O paciente, FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS, na


Ação Penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100, em 9/7/2012, foi
condenado pelos crimes do art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/1986 e do

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art. 27-C da Lei 6385/76, à pena de 15 (quinze) anos e 10 (dez)


meses de reclusão. Em julho de 2013, a Colenda Terceira Turma
deu parcial provimento à apelação dos réus e reduziu a pena do
ora paciente para 9 (nove) anos e 2 (dois) meses de reclusão.

16. Inconformado, interpôs recurso especial (REsp


1449193 – CE). Todavia, em 6/12/2017, o Excelentíssimo Senhor
Ministro FÉLIX FISCHER, conheceu em parte o recurso e, nessa
extensão, negou-lhe provimento!

17. Contra essa decisão, o ora paciente, interpôs agravo


regimental, ao qual foi negado provimento no dia 26/2/2018. O
acórdão recebeu a seguinte ementa:

PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.


NEGOCIAÇÃO DE TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS SEM
AUTORIZAÇÃO PRÉVIA. ADEQUAÇÃO TÍPICA DA CONDUTA.
REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO.
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. DOSIMETRIA. PENA-BASE
ACIMA DO MÍNIMO LEGAL. CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAS.
FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. NÃO
COMPROVAÇÃO. DECISÃO MANTIDA. I - As conclusões do eg.
Tribunal de origem a respeito da adequação típica da conduta
não podem ser alteradas sem nova incursão no conjunto de fatos
e provas colacionado aos autos. Tal providência não é viável em
sede de recurso especial, a teor do enunciado sumular n. 7 desta
Corte.
II - A dosimetria da pena, quando imposta com base em
elementos concretos e observados os limites da discricionariedade
vinculada atribuída ao magistrado sentenciante, impede a revisão
da reprimenda por esta Corte Superior, exceto se for constatada
evidente desproporcionalidade entre o delito e a pena imposta,
hipótese em que caberá a reapreciação para a correção de
eventual desacerto quanto ao cálculo das frações de aumento e
de diminuição e a reavaliação das circunstâncias judiciais
listadas no art. 59 do Código Penal.
III - In casu, o aumento da pena-base mostra-se, de fato,
fundamentado, pois considerados o modus operandi, a
organização, o planejamento e a estratégia na execução dos
delitos, desempenhos por cada um dos agentes. Dessa forma, o

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acórdão da origem consignou expressamente os motivos que


acarretaram a exasperação da pena-base, não havendo tampouco
desproporcionalidade no acréscimo.
IV - A interposição do recurso especial, com fulcro na alínea c do
permissivo constitucional exige o atendimento dos requisitos
contidos no art. 1028, e § 1º do Código de Processo Civil, e no art.
255, § 1º, do Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça,
para a devida demonstração do alegado dissídio jurisprudencial,
pois, além da transcrição de acórdãos para a comprovação da
divergência, é necessário o cotejo analítico entre o aresto recorrido
e o paradigma, com a constatação da identidade das situações
fáticas e a interpretação diversa emprestada ao mesmo
dispositivo de legislação infraconstitucional, situação que não
ocorreu no presente caso.
Agravo regimental desprovido.
(AgRg no REsp 1449193/CE, Rel. Ministro FELIX FISCHER,
QUINTA TURMA, julgado em 20/02/2018, DJe 26/02/2018).

18. Contra esse acórdão, o recorrente opôs embargos de


declaração, tudo a indicar um nítido propósito meramente
procrastinatório. Merece destaque, nessa esteira, que a Tutela
Provisória nº 38 deferida ao ora paciente para conferir efeito
suspensivo ao seu recurso especial perdeu o objeto, conforme
decidiu o Excelentíssimo Senhor Ministro FÉLIX FISCHER, em
28/2/2018.

19. Interessante destacar que, entre o recebimento da


denúncia (20.10.2010) e a sentença (9/7/2012) passaram-se
menos de dois anos, ao passo que, na fase recursal, já se
passaram mais que o dobro desse lapso com a perspectiva de
durar ainda mais. Na fase atual, por certo, inexiste dúvida acerca
da tipicidade, materialidade, autoria e validade processual. O ora
paciente já foi condenado em três instâncias.

20. Esse contexto, segundo a esmadora maioria dos


precedentes do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal

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de Justiça, autoriza o início imediato da execução provisória da


pena. Não se pode olvidar que essa tese foi afirmada pelo Plenário
do STF em recurso extraordinário com repercussão geral:

CONSTITUCIONAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. PRINCÍPIO


CONSTITUCIONAL DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA (CF, ART. 5º,
LVII). ACÓRDÃO PENAL CONDENATÓRIO. EXECUÇÃO
PROVISÓRIA. POSSIBILIDADE. REPERCUSSÃO GERAL
RECONHECIDA. JURISPRUDÊNCIA REAFIRMADA.
1. Em regime de repercussão geral, fica reafirmada a
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no sentido de que a
execução provisória de acórdão penal condenatório proferido em
grau recursal, ainda que sujeito a recurso especial ou
extraordinário, não compromete o princípio constitucional da
presunção de inocência afirmado pelo artigo 5º, inciso LVII, da
Constituição Federal.
2. Recurso extraordinário a que se nega provimento, com o
reconhecimento da repercussão geral do tema e a reafirmação da
jurisprudência sobre a matéria.
(ARE 964246 RG, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, julgado em
10/11/2016, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL -
MÉRITO DJe-251 DIVULG 24-11-2016 PUBLIC 25-11-2016)

21. Demais disso, para tal desiderato não é obstáculo o


magistrado, na sentença, determinar à Secretaria do Juízo
providências burocráticas como a expedição de guia de
recolhimento após o trânsito em julgado, como ocorreu no
presente caso. Vejamos, então, o seguinte parágrafo da sentença
que o impetrante afirma ser uma vedação ao início do
cumprimento da execução provisória da pena:

90. Determino, ainda, imediatamente após o trânsito em julgado


desta sentença, a remessa dos autos à Vara Federal competente
para a execução da pena aqui aplicada.

22. Por certo, a respeito desse parágrafo na sentença,


conforme esclareceu a autoridade apontada como coatora, em
suas informações, trata-se de mero indicativo, à Secretaria do

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juízo, das providências burocráticas que devem ser adotadas em


determinado momento processual (assim como o "oficie-se" ou o
"intime-se"). Verbis:

Parágrafos como o invocado pelo impetrante para afastar um


importantíssimo efeito da decisão (a própria efetividade do quanto
decidido) constam, ordinariamente, de qualquer sentença
condenatória. A prevalecer esse raciocínio, nenhuma
sentença poderá ser executada provisoriamente, em
claríssima burla ao quanto decidido pelo Supremo Tribunal
Federal. A determinação de expedição de guia de execução após
o trânsito em julgado está muito longe de garantir o julgamento de
todos os recursos em liberdade, sendo apenas um indicativo, à
Secretaria do juízo, das providências burocráticas que devem ser
adotadas em determinado momento processual (assim como o
"oficie-se" ou o "intime-se").
Sendo assim, ainda que se acolhesse a tese defensiva (no sentido
de que o direito ao recurso em liberdade faria coisa julgada
material se não atacado pelo Ministério Público Federal), a qual
realmente vem encontrando algum apoio dentro do Supremo
Tribunal Federal, especialmente de Ministros que foram vencidos
no julgamento a respeito da possibilidade de execução provisória
da pena, o caso concreto sob exame não se amolda faticamente à
tese, porquanto, repita-se, a sentença apenas assegurou o direito
de apelar em liberdade.
De todo modo, o entendimento deste juízo é no sentido de que a
execução provisória da pena configura poder-dever do
magistrado, que deve determiná-la quando constatado o
esgotamento das vias ordinárias de impugnação. Com efeito, é
sabido que, ao decidir sobre o direito de recorrer em liberdade, o
juiz analisa apenas a presença ou não dos requisitos para
decretação da prisão preventiva - nada dispondo sobre a
execução provisória da pena. Mas a execução provisória em nada
se relaciona a prisão preventiva e deve ser implementada mesmo
que ausentes os requisitos da segregação cautelar, já que, repito,
a execução provisória não possui natureza processual ou
cautelar, mas sim de execução propriamente dita, ainda que
provisória.
Ademais, não prospera a alegação de que a execução provisória
seria "reformatio in pejus". Ora, não se está alterando em nada o
título judicial em desfavor dos réus. O comando condenatório está
sendo executado na exata medida em que proferido. A "reformatio
in pejus" somente ocorre quando um recurso piora a situação do

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acusado. E o recurso interposto em nada o prejudicou. Muito pelo


contrário: assegurou que o acusado permanecesse solto durante o
julgamento da apelação, tendo, portanto, melhorado a sua
situação. Se não tivesse interposto o recurso, a sentença teria
sido imediatamente executada. A "reformatio in pejus" somente
ocorre quando o acusado possa afirmar algo como "seria melhor
se eu não tivesse recorrido...". E, no caso presente, o acusado
pode dizer isso? Decerto não, pois, além de ter tido sua pena
reduzida, se manteve solto durante o julgamento da apelação.
São, portanto, dois momentos distintos e duas análises diversas:
1) quando profere a sentença, o juiz verifica se estão ou não
presentes os requisitos da prisão preventiva, e decide pela prisão
do sentenciado ou pelo recurso em liberdade; 2) quando
determina a execução provisória, o juiz analisa se está esgotada
a via ordinária recursal, e decide pelo início da pena.
No caso sob exame, esgotada está a via recursal ordinária, pois já
julgada a apelação do executado, bem como o próprio recurso
especial (este monocraticamente, ainda não transitado em
julgado). Acertado, pois, o início da execução provisória da pena,
como determinado pelo juízo da causa, requerido agora pelo
Ministério Público Federal e determinado por este juízo.

23. Portanto, ao contrário do que sustenta o impetrante, a


sentença não condicionou o início de cumprimento de pena ao
trânsito em julgado, apenas afirmou que com o advento deste
efeito, os autos deveriam ser remetidos à Vara de Execuções
Penais. Nada mais natural. Isso não integra o dispositivo da
sentença.

24. Demais disso, conforme precedentes do STJ, a


determinação de execução provisória da pena encontra-se dentre
as competências do Juízo revisional, independe de recurso da
acusação e pode ser determinada, em qualquer grau de jurisdição,
após a confirmação da condenação.

25. O Superior Tribunal de Justiça já firmou orientação


no sentido de que não há falar em reformatio in pejus, pois a

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Gabinete do Procurador Regional da República Fernando José Araújo Ferreira

prisão decorrente de acórdão confirmatório de condenação


prescinde do exame dos requisitos previstos no art. 312 do Código
Penal. Entende-se que a determinação de execução provisória da
pena encontra-se dentre as competências do Juízo revisional e
independe de recurso da acusação.

26. Nesse sentido:

HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO


(ORDINÁRIO OU ESPECIAL). INADEQUAÇÃO. MÉRITO. ANÁLISE
DE OFÍCIO. ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR. PRISÃO
DETERMINADA PELO TRIBUNAL APÓS O JULGAMENTO DA
APELAÇÃO. POSSIBILIDADE. EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA.
LEGALIDADE. RECENTE ENTENDIMENTO DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO
DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL
NÃO EVIDENCIADO. ORDEM NÃO CONHECIDA. 1. O Superior
Tribunal de Justiça, seguindo entendimento firmado pelo Supremo
Tribunal Federal, passou a não admitir o conhecimento de habeas
corpus substitutivo de recurso próprio. Precedentes. No entanto,
deve-se analisar o pedido formulado na inicial, tendo em vista a
possibilidade de se conceder a ordem de ofício, em razão da
existência de eventual coação ilegal.
2. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, por maioria de votos,
entendeu que A execução provisória de acórdão penal
condenatório proferido em grau de apelação, ainda que sujeito a
recurso especial ou extraordinário, não compromete o princípio
constitucional da presunção de inocência afirmado pelo artigo 5º,
inciso LVII da Constituição Federal. (STF, HC 126292, Relator
Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado em 17/02/2016,
processo eletrônico DJe-100, divulgado em 16/05/2016,
publicado em 17/05/2016).
3. No particular, a sentença condenatória foi reformada pelo
Tribunal de origem apenas para alterar o regime prisional
(semiaberto) e porquanto encerrada a jurisdição das instâncias
ordinárias (bem como a análise dos fatos e provas que
assentaram a culpa do condenado), é possível dar início à
execução provisória da pena antes do trânsito em julgado da
condenação, sem que isso importe em violação do princípio
constitucional da presunção de inocência.
4. O Superior Tribunal de Justiça já firmou orientação no
sentido de que não há falar em reformatio in pejus, pois a

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prisão decorrente de acórdão confirmatório de condenação


prescinde do exame dos requisitos previstos no art. 312 do
Código Penal. Entende-se que a determinação de execução
provisória da pena encontra-se dentre as competências do
Juízo revisional e independe de recurso da acusação.
Precedentes.
5. Habeas Corpus não conhecido.
(HC 431.212/RS, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA
FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 22/03/2018, DJe
02/04/2018). (Sem destaque no original).

AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO


PROVISÓRIA DA PENA. INEXISTENTE OFENSA À COISA
JULGADA FORMAL NEM REFORMATIO IN PEJUS. AUSÊNCIA DE
RECURSO COM EFEITO SUSPENSIVO. TESE DE
INAPLICABILIDADE DO ENTENDIMENTO DO STF QUANDO O
DIREITO DE AGUARDAR EM LIBERDADE O TRÂNSITO EM
JULGADO DA CONDENAÇÃO FOI ASSEGURADO EM DECISÃO
ANTERIOR. IMPOSSIBILIDADE. AGRAVO REGIMENTAL NO
AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO. DECISÃO
TRANSITADA EM JULGADO NESTA CORTE SUPERIOR.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL INEXISTENTE. AGRAVO
REGIMENTAL IMPROVIDO.
1. De acordo com a jurisprudência deste Tribunal Superior a
simples interposição de recurso especial, sem a concessão de
efeito suspensivo, não obsta a execução provisória da pena
privativa de liberdade. Precedentes.
2. É possível a execução provisória da pena, ainda que
concedido na sentença condenatória, ou mesmo no acórdão
que julgou o recurso de apelação o direito de recorrer em
liberdade até o trânsito em julgado da condenação, sem
que isso caracterize violação a coisa julgada ou reformatio
in pejus.
3. Certificado o trânsito em julgado da condenação, nesta Corte
Superior, ficam superadas as alegações sobre a ilegalidade da
execução provisória da pena.
4. Não sendo aptos os argumentos trazidos na insurgência para
desconstituir a decisão agravada, ela dever ser mantida pelos
seus próprios fundamentos.
5. Agravo regimental improvido.
(AgRg no HC 410.103/SP, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA
TURMA, julgado em 12/12/2017, DJe 15/02/2018). (Sem
destaque no original).

27. Por certo, não se pode considerar que a parte da

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sentença ou acórdão que determina a expedição de mandados de


prisão após o trânsito em julgado da condenação faça coisa
julgada, pois não integra o dispositivo da decisão, tratando-se de
mera determinação procedimental a ser seguida pela secretaria
judiciária, repetida de igual forma em, praticamente, todas as
decisões.

28. Nesse contexto, com a devida vênia, a determinação da


execução provisória da pena não representa violação ao princípio
da non reformatio in pejus, pois não houve piora da situação do
réu, mas simplesmente cumprimento de sentença condenatória
submetida a três graus de jurisdição.

29. Com efeito, a execução provisória da pena pode ser


determinada tanto pelo Juízo de primeiro grau, quanto pelos
Tribunais de Justiça, pelo STJ e pelo STF, mesmo em sede de
recurso exclusivo da defesa, desde que verificada a confirmação da
condenação em segunda instância.

30. A decisão proferida pelo STF no julgamento do ARE n.


964.246/SP é dotada de eficácia vinculante erga omnes. Assim,
eventual revogação desse precedente somente poderá ocorrer em
situações especiais, quando se esteja diante de hipótese em que
cabível o instituto da “superação do precedente” (overruling).

31. Além disso, não se pode olvidar que esse precedente


foi, recentemente, reafirmado pelo Plenário do STF, no julgamento
do HC nº 152.752, em 8 de abril de 2018.

32. Com a devida vênia, conforme asseverado pela


autoridade apontada como coatora em suas informações, a tese

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sustentada pelos impetrantes significa inequívoca burla ao quanto


decidido pelo Supremo Tribunal Federal em regime de repercussão
geral.

III. CONCLUSÃO

33. Ante o exposto, esta Procuradoria Regional da


República manifesta-se, preliminarmente, pelo reconhecimento da
prevenção do Excelentíssimo Desembargador Federal Carlos
Rebêlo Júnior para relatar o presente habeas corpus; no mérito,
pela denegação da ordem e consequente revogação da liminar e de
sua extensão.

Recife, 13 de abril de 2018.

FERNANDO JOSÉ ARAÚJO FERREIRA


Procurador Regional da República

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
FERNANDO JOSE ARAUJO FERREIRA - Procurador, FERNANDO JOSE ARAUJO 13/13
FERREIRA - Procurador
18041315275997200000010769944
Data e hora da assinatura: 13/04/2018 15:29:38
Identificador: 4050000.10788162
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 13/13
Segue peça em PDF

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO - Advogado
18041911204164000000010826506
Data e hora da assinatura: 19/04/2018 11:23:57
Identificador: 4050000.10844800
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 1/1
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO
ROBERTO MACHADO, RELATOR DO HABEAS CORPUS N° 0802530-
35.2018.4.05.0000, EM CURSO PERANTE A EGRÉGIA 1ª TURMA DO
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL.

Processo nº 0802530-35.2018.4.05.0000
Classe: Habeas corpus
Impetrante: Francisco Cesar Asfor Rocha e Outros
Paciente: Francisco Deusmar de Queiros
Impetrado: Juízo da 12ª Vara Federal do Ceará

FRANCISCO CESAR ASFOR ROCHA, MARCELO LEAL DE


LIMA OLIVEIRA, ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO, CAIO
CESAR VIEIRA ROCHA e TIAGO ASFOR ROCHA LIMA, todos já previamente
qualificados, na qualidade de Impetrantes do Habeas Corpus manejado em favor
de favor de FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS, vêm, à presença de Vossa
Excelência, manifestar-se a respeito do Parecer de n° 5.073/2018, exarado pelo
Ministério Público Federal, o que faz segundo as razões adiante expostas:

1. Trata-se de habeas corpus manejado em favor de


FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS tendo como autoridade coatora o Juízo
da 12ª Vara Federal da Seção Judiciária do Ceará, objetivando a suspensão da
execução provisória da pena imposta nos autos da Ação Penal n° 0012628-
43.2010.4.05.8100.

2. Em sede de apreciação liminar, o d. Desembargador Relator


compreendeu que existiam elementos suficientes para revelar, ainda que em
cognição sumária, abuso de poder no ato combatido pelo mandamus, razão pela

1/7
qual deferiu, ad cautelam, o pleito liminar para suspender os procedimentos de
execução provisória da pena até o julgamento do writ.

3. Na oportunidade, destacou-se que, embora seja conhecido


o posicionamento do STF acerca da possibilidade de execução provisória da
pena enquanto pendente o julgamento de recurso extremo, sem efeito
suspensivo, no caso peculiar enfrentado por este habeas corpus, atesta-se que
a sentença condenatória consignou de forma expressa, em um de seus
capítulos, que o cumprimento da sanção somente ocorreria após o trânsito em
julgado da ação, não tendo o MPF se dignado a recorrer desta parte específica
do comando sentencial.

4. Portanto, nesta apreciação inicial dos fundamentos do


habeas corpus, prevaleceu o entendimento de que deve ser mantida incólume a
garantia tendente a proteger o status libertatis do paciente e demais réus
beneficiados pela extensão dos efeitos da liminar (IELTON BARRETO DE
OLIVEIRA, GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO e JERÔNIMO ALVEZ
BEZERRA).

5. Recentemente, sob as vestes de custos legis, o MPF exarou


Parecer n° 5.073/2018, assim ementado:

HABEAS CORPUS. PREVENÇÃO. REDISTRIBUIÇÃO.


NECESSIDADE. EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA.
POSSIBILIDADE. DETERMINAÇÃO, NAS DISPOSIÇÕES GERAIS
DA DECISÃO, DE PROVIDÊNCIAS BUROCRÁTICAS QUE DEVEM
SER ADOTADAS. FÓRMULA (QUE NÃO FAZ COISA JULGADA)
REPETIDA EM, PRATICAMENTE, TODAS SENTENÇAS. VIOLAÇÃO
AO PRINCÍPIO DA "NON REFORMATIO IN PEJUS".
INOCORRÊNCIA.

1. O Relator que conhecer da apelação criminal ou quem lhe haja


sucedido na Turma ficará prevento para apreciar eventuais agravos,
incidentes ou habeas corpus relativos à execução penal.

2. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, por maioria de votos,


entendeu que a possibilidade de início da execução da pena
condenatória após a confirmação da sentença em segundo grau não
ofende o princípio constitucional da presunção da inocência (HC n.
126292, julgado no dia 17 de fevereiro de 2016).

2/7
3. Não integra o dispositivo da sentença a determinação de expedição
de guia de execução após o trânsito em julgado. Trata-se de mero
indicativo à Secretaria do juízo das providências burocráticas que
devem ser adotadas em determinado momento processual (assim
como o "oficie-se" ou o "intime-se").

4. A execução provisória da pena não representa violação ao princípio


da non reformatio in pejus, pois não houve piora da situação do réu,
mas simples cumprimento de sentença condenatória submetida a três
graus de jurisdição.

5. É possível a execução provisória da pena, ainda que concedido na


sentença condenatória, ou mesmo no acórdão que julgou o recurso de
apelação o direito de recorrer em liberdade até o trânsito em julgado
da condenação, sem que isso caracterize violação a coisa julgada ou
"reformatio in pejus". (STJ, AgRg no HC 410.103/SP, T6, DJe
15/02/2018).

6. Parecer pela denegação da ordem.

6. Com efeito, em relação aos temas de fundo levantados pelo


MPF, exsurgem desarrazoados os fundamentos erguidos pelo Parquet, na
medida em que não se pode considerar uma singela diretriz ou orientação
simples a ser seguida ou não pelo Juízo da Execução, a depender do arbítrio
deste, um capítulo expresso do comando sentencial que, sem margem para
divagações, deixa explícito que o cumprimento da pena somente ocorrerá após
o trânsito em julgado (item 90 da sentença condenatória).

7. Tampouco se está a discutir o entendimento do STF a


respeito da possibilidade, em tese, de execução provisória da pena.

8. O que se debate, aqui, são os limites previamente


delineados pela sentença condenatória, não tendo o MPF se dignado a recorrer
da parte específica da condenação que vincula a execução ao trânsito em
julgado e, agora, apercebendo-se que dormitou sem exercer, quando da fase
recursal, a impugnação desse comando específico da condenação, pretende ver
imposta prematuramente o cumprimento da sanção, cujos parâmetros, aliás,
ainda podem ser revistos.

9. Pois bem, no que diz respeito a esses temas, as razões


lançadas no writ são mais do que suficientes para rechaçar esse espírito
3

3/7
persecutório que tomou conta do Juízo de Execução e do MPF, provavelmente,
influenciados pelas repercussões recentes de casos que não podem ser
primariamente transplantados para a situação vertente, pelo menos, sem
desconsiderar os próprios termos da condenação.

10. Quanto à preliminar sustentada pelo MPF, e aqui reside o


principal aspecto a ser controvertido nesta petição incidental, tem-se que o
Parquet se posicionou no sentido de que o presente writ deveria ser redistribuído
por prevenção para o d. Desembargador Federal Carlos Rebêlo Júnior, apontado
como sucessor do relator da Apelação Criminal (ACR 9363-CE) no Processo nº
0012628-43.2010.4.05.8100, julgada na Colenda Terceira Turma desse Egrégio
Tribunal Regional Federal da 5ª Região.

11. Após indicar consulta aos sistemas informatizados


ESPARTA e PJE (que verificou processos relacionados ao habeas corpus sob
análise), o MPF se apoiou na Certificação contida no ID 4050000.10537013 e
exaltou, como subsídio para respaldar a redistribuição para a 3ª Turma, o
conteúdo do art. 61, §§1º, 2º, 3º e 6º do Regimento Interno deste Egrégio
Tribunal (RITRF5), cuja redação é a seguinte:

Art. 61. O Relator que primeiro conhecer de um processo, ou de


qualquer incidente ou recurso, ficará prevento para todos os recursos
posteriores e seus novos incidentes.

§ 1º. Se o Relator deixar o Tribunal, assumir a Presidência, Vice-


Presidência, Corregedoria ou remover-se de Turma, a prevenção será
do órgão julgador.

§ 2º. A prevenção de que trata este artigo também se refere às ações


penais reunidas por conexão e aos feitos originários conexos.

§ 3º. Prevalece o disposto neste artigo, ainda que a Turma haja


submetido a causa, ou algum de seus incidentes, ao julgamento do
Plenário.

(...)

§ 6º. Firma a prevenção do Relator ou do órgão julgador a decisão que


deixar de tomar conhecimento do feito ou, simplesmente, declarar
prejudicado o pedido.

4/7
12. Ocorre que, provavelmente por açodamento, o MPF
obliterou a redação do §5º do mesmo art. 61 do Regimento Interno desta Corte,
cujo texto está assim disposto: “§ 5º. Cessará a prevenção se da Turma não
fizer parte nenhum dos Desembargadores Federais que funcionaram em
julgamento anterior”.

13. E é exatamente a disposição expressa no §5º que assegura


a competência do Excelentíssimo Desembargador Francisco Roberto Machado.

Vejamos.

14. De fato, basta compulsar as informações dos processos


relacionados ao caso que tramitaram perante a 3ª. Turma do TRF5 e perceber,
de forma clarividente, que todos os outrora integrantes da d. 3ª. Turma que
participaram desses julgamentos não mais compõem o colegiado da
mesma, cessando, portanto, a prevenção e justificando a distribuição automática
do presente habeas corpus.

15. Nesse sentido, as apelações criminais tiveram como


membros julgadores da 3ª Turma, em 11 de julho de 2013, o Relator
Desembargador Federal Marcelo Navarro e os Desembargadores Federais Luiz
Alberto e Élio Wanderley (convocado), cuja mesma composição também
apreciou os Embargos de Declaração julgados em 26 de setembro de 2013. É o
que se extrai da própria consulta processual da referida Apelação:

5/7
16. Posteriormente, em 14 de novembro de 2013, a 3ª Turma,
pelo Relator Desembargador Federal Marcelo Navarro e os Desembargadores
Federais Rubens Canuto (convocado) e Élio Wanderley (convocado), apreciou
e julgou novos embargos de declaração movidos pelos réus. Veja-se:

17. Por outro lado, a composição atual da Egrégia 3ª Turma


está composta pelos Exmos. Desembargadores Federais Rogério de Meneses
Fialho Moreira (Presidente), Fernando Braga Damasceno e Carlos Rebêlo
Júnior.

18. Ou seja, não integram a atual composição da 3ª Turma


quaisquer dos julgadores anteriores dos processos relacionados ao
presente habeas corpus, de maneira que se faz primordial a obediência à
determinação constante do art. 61, §5º, do Regimento Interno do TRF5.

6/7
19. Diante do exposto, requer-se que seja mantida a
competência sob a relatoria do Desembargador Federal Francisco Roberto
Machado, integrante da 1ª Turma do Tribunal Regional Federal, respeitando-se,
assim, a regra estampada no §5º, do art. 61, do RITRF5, bem como sejam
rechaçadas todas as razões de mérito lançadas pelo MPF no Parecer n°
5.073/2018.

20. Reitera-se, outrossim, o pedido de intimação dos


impetrantes da sessão de julgamento do presente Habeas Corpus, a fim de que
possam promover a defesa oral dos Pacientes.

Nestes termos,

Pede e espera deferimento.

Recife/PE, 18 de abril de 2018.

Francisco César Asfor Rocha Marcelo Leal de Lima Oliveira


OAB/SP 329.034 OAB/DF 21.932

Caio César Vieira Rocha Tiago Asfor Rocha Lima


OAB/CE 15.095 OAB/CE 16.386

Anastácio Jorge Matos de Sousa Marinho


OAB/CE 8.502

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000 7
Assinado eletronicamente por:
ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO - Advogado
18041911230803000000010826507
Data e hora da assinatura: 19/04/2018 11:23:57
Identificador: 4050000.10844801
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 7/7
PROCESSO Nº: 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
IMPETRANTE: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
PACIENTE: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho e outro
IMPETRADO: JUÍZO DA 12ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
RELATOR(A): Desembargador(a) Federal Francisco Roberto Machado - 1ª Turma
MAGISTRADO CONVOCADO: Desembargador(a) Federal Leonardo Resende Martins

DESPACHO

Trata-se de Habeas Corpus , com pedido liminar, impetrado em favor de FRANCISCO DEUSMAR DE
QUEIROS, apontando como autoridade coatora o Juízo da 12ª Vara Federal do Ceará, objetivando a
suspensão da Execução Provisória da pena que lhe foi imposta nos autos da Ação Penal nº
0012628-43.2010.4.05.8100.

O Desembargador Federal Roberto Machado deferiu a liminar, suspendendo a Execução Provisória da


Pena nº 0805802-55.2016.4.05.8100, até julgamento final deste writ . (id. 10537072). Empós, determinou
a extensão da liminar concedida neste Habeas Corpus a IELTON BARRETO DE OLIVEIRA,
GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO e JERÔNIMO ALVEZ BEZERRA, com a consequente
suspensão das Execuções Provisórias n os 0805810-32.2016.4.05.8100, 0805805-10.2016.4.05.8100 e
0805812-02.2016.4.05.8100, também até julgamento final deste writ (id. 10546963).

Em parecer, o MPF opinou, preliminarmente, pelo reconhecimento da prevenção do Desembargador


Federal Carlos Rebêlo Júnior para relatar este Habeas Corpus e, no mérito, pela denegação da ordem (id.
10788156).

Através da petição de id. 10844801, os impetrantes pugnam pela manutenção da competência sob a
relatoria do Desembargador Federal Roberto Machado, em respeito à regra do art. 61, § 5º, do Regimento
Interno deste Tribunal.

Relatei.

Remetam-se os autos novamente ao Parquet Federal, para que opine sobre o pedido de id. 10844801,
formulado pelos impetrantes, especialmente sobre o disposto no art. 61, § 5º, do Regimento Interno deste
Tribunal [1] .

Recife, 25 de abril de 2018.

[1] Art. 61. O Relator que primeiro conhecer de um processo, ou de qualquer incidente ou recurso, ficará
prevento para todos os recursos posteriores e seus novos incidentes.

[...]

§ 5º. Cessará a prevenção se da Turma não fizer parte nenhum dos Desembargadores Federais que
funcionaram em julgamento anterior.

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
LEONARDO RESENDE MARTINS - Magistrado
18041814551407700000010815703
Data e hora da assinatura: 25/04/2018 09:48:22
Identificador: 4050000.10833985
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 1/1
PROCESSO Nº: 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
IMPETRANTE: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
PACIENTE: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho e outro
IMPETRADO: JUÍZO DA 12ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
RELATOR(A): Desembargador(a) Federal Francisco Roberto Machado - 1ª Turma
MAGISTRADO CONVOCADO: Desembargador(a) Federal Leonardo Resende Martins

DESPACHO

Trata-se de Habeas Corpus , com pedido liminar, impetrado em favor de FRANCISCO DEUSMAR DE
QUEIROS, apontando como autoridade coatora o Juízo da 12ª Vara Federal do Ceará, objetivando a
suspensão da Execução Provisória da pena que lhe foi imposta nos autos da Ação Penal nº
0012628-43.2010.4.05.8100.

O Desembargador Federal Roberto Machado deferiu a liminar, suspendendo a Execução Provisória da


Pena nº 0805802-55.2016.4.05.8100, até julgamento final deste writ . (id. 10537072). Empós, determinou
a extensão da liminar concedida neste Habeas Corpus a IELTON BARRETO DE OLIVEIRA,
GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO e JERÔNIMO ALVEZ BEZERRA, com a consequente
suspensão das Execuções Provisórias n os 0805810-32.2016.4.05.8100, 0805805-10.2016.4.05.8100 e
0805812-02.2016.4.05.8100, também até julgamento final deste writ (id. 10546963).

Em parecer, o MPF opinou, preliminarmente, pelo reconhecimento da prevenção do Desembargador


Federal Carlos Rebêlo Júnior para relatar este Habeas Corpus e, no mérito, pela denegação da ordem (id.
10788156).

Através da petição de id. 10844801, os impetrantes pugnam pela manutenção da competência sob a
relatoria do Desembargador Federal Roberto Machado, em respeito à regra do art. 61, § 5º, do Regimento
Interno deste Tribunal.

Relatei.

Remetam-se os autos novamente ao Parquet Federal, para que opine sobre o pedido de id. 10844801,
formulado pelos impetrantes, especialmente sobre o disposto no art. 61, § 5º, do Regimento Interno deste
Tribunal [1] .

Recife, 25 de abril de 2018.

[1] Art. 61. O Relator que primeiro conhecer de um processo, ou de qualquer incidente ou recurso, ficará
prevento para todos os recursos posteriores e seus novos incidentes.

[...]

§ 5º. Cessará a prevenção se da Turma não fizer parte nenhum dos Desembargadores Federais que
funcionaram em julgamento anterior.

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
EDVALDO ALMEIDA DO NASCIMENTO - Diretor de Secretaria
18042512131298000000010882655
Data e hora da assinatura: 25/04/2018 12:13:30
Identificador: 4050000.10901053
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 1/1
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
PROCESSO: 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
Gab 5 - Des. ROBERTO MACHADO - 1ª Turma
RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL FRANCISCO ROBERTO MACHADO

Polo ativo Polo passivo


Marcelo Leal de Lima Oliveira IMPETRANTE JUÍZO DA 12ª VARA
FRANCISCO DEUSMAR DE FEDERAL DA SEÇÃO IMPETRADO
PACIENTE JUDICIÁRIA DO CEARÁ
QUEIROS
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira

Outros participantes
MINISTÉRIO PÚBLICO CUSTOS
FEDERAL LEGIS

CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 03/05/2018 09:55, o(a) MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL foi intimado(a) acerca
de Despacho registrado em 25/04/2018 09:48 nos autos judiciais eletrônicos especificados na epígrafe.

1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 18042512131298000000010882655 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 03/05/2018 09:55 - Tribunal Regional Federal 5ª Região.

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Data e hora da inclusão: 03/05/2018 09:55:35
Identificador: 4050000.10985277

1/1
Excelentíssimo Desembargador Federal Relator dessa Colenda Turma do Egrégio Tribunal
Regional Federal da 5ª Região

Ref. Processo nº 0802530-35.2018.4.05.0000

Classe : Habeas corpus

Impte : Marcelo Leal de Lima Oliveira

Pacte : Francisco Deusmar de Queiros

Impdo : Juízo da 12ª Vara Federal do Ceará

Relator : Desembargador Federal Roberto Machado - 1ª Turma

Parecer nº 7.099/2018

FJAF 123

Cuida-se de habeas corpus impetrado em favor de FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS contra


decisão que, no Processo nº 0012628-43.2010.4.05.8100, determinou a execução provisória da pena de 9
(nove) anos e 2 (dois) meses de reclusão, em regime inicial fechado, pelo crime do art. 7º, IV, da Lei nº
7.492/86, confirmada por esse Egrégio Tribunal Regional Federal em 11 de julho de 2013.

2. Instada a se manifestar como fiscal da ordem jurídica, esta Procuradoria Regional da República ofertou
o Parecer nº 5.703/2018 (Id.4050000.10788156).

3. Nessa oportunidade, a partir do que fora certificado nos autos (certidão de Id. 4050000.10537013),
opinou-se pela redistribuição do feito ao Excelentíssimo Desembargador Federal Carlos Rebêlo Júnior,
que estaria prevento após suceder o relator da apelação criminal (ACR 9363-CE) no Processo nº
0012628-43.2010.4.05.8100 julgada na Colenda Terceira Turma desse Egrégio Tribunal Regional Federal
da 5ª Região.

4. Todavia, a composição da Colenda Terceira Turma foi completamente alterada e, hoje, não mais
remanesce nenhum dos excelentíssimos desembargadores que participaram do julgamento da ACR

1/2
9363-CE.

5. Desse modo, não se aplica a prevenção mencionada na certidão de Id. 4050000.10537013 e,


inicialmente, acolhida por este órgão do MPF. Não foi confirmada, na oportunidade, quem eram os
membros que participaram do julgamento daquela apelação criminal.

6. Com efeito, o § 5º do art. 61 do RITRF5 dispõe que cessará a prevenção se da Turma não fizer parte
nenhum dos Desembargadores Federais que funcionaram em julgamento anterior. É o caso.

7. Ante o exposto, esta Procuradoria Regional da República retifica a manifestação anterior (Parecer nº
5.703/2018 de Id.4050000.10788156) apenas no tocante à preliminar, afastando-a.

8. De outro lado, quanto ao mérito nada há a acrescentar, ratifica-se em sua totalidade.

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
FERNANDO JOSE ARAUJO FERREIRA - Procurador
18050418311304200000010984459
Data e hora da assinatura: 04/05/2018 18:34:32
Identificador: 4050000.11003081
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 2/2
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
PROCURADORIA REGIONAL DA REPÚBLICA – 5ª REGIÃO

EXCELENTÍSSIMO DESEMBARGADOR FEDERAL RELATOR DESSA COLENDA


TURMA DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO

Ref. Processo nº 0802530-35.2018.4.05.0000


Classe : Habeas corpus
Impte : Marcelo Leal de Lima Oliveira
Pacte : Francisco Deusmar de Queiros
Impdo : Juízo da 12ª Vara Federal do Ceará
Relator : Desembargador Federal Roberto Machado – 1ª
Turma

Parecer nº 7.099/2018
FJAF 123

Cuida-se de habeas corpus impetrado em favor de


FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS contra decisão que, no Processo
nº 0012628-43.2010.4.05.8100, determinou a execução provisória da
pena de 9 (nove) anos e 2 (dois) meses de reclusão, em regime inicial
fechado, pelo crime do art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/86, confirmada por
esse Egrégio Tribunal Regional Federal em 11 de julho de 2013.

2. Instada a se manifestar como fiscal da ordem jurídica, esta


Procuradoria Regional da República ofertou o Parecer nº 5.703/2018
(Id.4050000.10788156).

3. Nessa oportunidade, a partir do que fora certificado nos


autos (certidão de Id. 4050000.10537013), opinou-se pela
redistribuição do feito ao Excelentíssimo Desembargador Federal Carlos
Rebêlo Júnior, que estaria prevento após suceder o relator da apelação
criminal (ACR 9363-CE) no Processo nº 0012628-43.2010.4.05.8100
julgada na Colenda Terceira Turma desse Egrégio Tribunal Regional
Federal da 5ª Região.

1/2
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
PROCURADORIA REGIONAL DA REPÚBLICA – 5ª REGIÃO

Gabinete do Procurador Regional da República Fernando José Araújo Ferreira

4. Todavia, a composição da Colenda Terceira Turma foi


completamente alterada e, hoje, não mais remanesce nenhum dos
excelentíssimos desembargadores que participaram do julgamento
da ACR 9363-CE.

5. Desse modo, não se aplica a prevenção mencionada na


certidão de Id. 4050000.10537013 e, inicialmente, acolhida por
este órgão do MPF. Não foi confirmada, na oportunidade, quem
eram os membros que participaram do julgamento daquela
apelação criminal.

6. Com efeito, o § 5º do art. 61 do RITRF5 dispõe que


cessará a prevenção se da Turma não fizer parte nenhum dos
Desembargadores Federais que funcionaram em julgamento
anterior. É o caso.

7. Ante o exposto, esta Procuradoria Regional da


República retifica a manifestação anterior (Parecer nº 5.703/2018
de Id.4050000.10788156) apenas no tocante à preliminar,
afastando-a.

8. De outro lado, quanto ao mérito nada há a acrescentar,


ratifica-se em sua totalidade.

Recife, 3 de abril de 2018.

FERNANDO JOSÉ ARAÚJO FERREIRA


Procurador Regional da República

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
FERNANDO JOSE ARAUJO FERREIRA - Procurador 2/2 18050418333476100000010984462
Data e hora da assinatura: 04/05/2018 18:34:32
Identificador: 4050000.11003084
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 2/2
PROCESSO Nº: 0802530-35.2018.4.05.0000
IMPETRANTE: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
PACIENTE: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO e outro
IMPETRADO: JUÍZO DA 12ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
RELATOR(A): Desembargador(a) Federal Francisco Roberto Machado - 1ª Turma

Intime-se para a sessão de julgamento do(a) 1ª Turma a ser realizada em 07/06/2018 às 09:00:00 no(a)
Sala das Turmas - Pavimento Sul

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
SALVINO BEZERRA DE ANDRADE VASCONCELOS - Secretário da Sessão, SALVINO BEZERRA DE ANDRADE VASCONCELOS - Secretário da Sessão
18051812462110000000011129223
Data e hora da assinatura: 18/05/2018 12:57:43
Identificador: 4050000.11148058
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 1/1
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
PROCESSO: 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
Gab 5 - Des. ROBERTO MACHADO - 1ª Turma
RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL FRANCISCO ROBERTO MACHADO

Polo ativo Polo passivo


Marcelo Leal de Lima Oliveira IMPETRANTE JUÍZO DA 12ª VARA
FRANCISCO DEUSMAR DE FEDERAL DA SEÇÃO IMPETRADO
PACIENTE JUDICIÁRIA DO CEARÁ
QUEIROS
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira

Outros participantes
MINISTÉRIO PÚBLICO CUSTOS
FEDERAL LEGIS

CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 27/05/2018 23:59, o(a) Sr(a) FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS foi
intimado(a) do expediente registrado em 18/05/2018 12:52.

1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 18051812462110000000011129223 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 28/05/2018 00:07 - Tribunal Regional Federal 5ª Região.

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Data e hora da inclusão: 28/05/2018 00:07:00
Identificador: 4050000.11218704

1/1
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
PROCESSO: 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
Gab 5 - Des. ROBERTO MACHADO - 1ª Turma
RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL FRANCISCO ROBERTO MACHADO

Polo ativo Polo passivo


Marcelo Leal de Lima Oliveira IMPETRANTE JUÍZO DA 12ª VARA
FRANCISCO DEUSMAR DE FEDERAL DA SEÇÃO IMPETRADO
PACIENTE JUDICIÁRIA DO CEARÁ
QUEIROS
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira

Outros participantes
MINISTÉRIO PÚBLICO CUSTOS
FEDERAL LEGIS

CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 27/05/2018 23:59, o(a) Sr(a) Marcelo Leal de Lima Oliveira foi intimado(a) do
expediente registrado em 18/05/2018 12:52.

1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 18051812462110000000011129223 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 28/05/2018 00:07 - Tribunal Regional Federal 5ª Região.

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Data e hora da inclusão: 28/05/2018 00:07:01
Identificador: 4050000.11218705

1/1
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
PROCESSO: 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
Gab 5 - Des. ROBERTO MACHADO - 1ª Turma
RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL FRANCISCO ROBERTO MACHADO

Polo ativo Polo passivo


Marcelo Leal de Lima Oliveira IMPETRANTE JUÍZO DA 12ª VARA
FRANCISCO DEUSMAR DE FEDERAL DA SEÇÃO IMPETRADO
PACIENTE JUDICIÁRIA DO CEARÁ
QUEIROS
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira

Outros participantes
MINISTÉRIO PÚBLICO CUSTOS
FEDERAL LEGIS

CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 27/05/2018 23:59, o(a) MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL foi intimado(a) do
expediente registrado em 18/05/2018 12:52.

1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 18051812462110000000011129223 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 28/05/2018 00:07 - Tribunal Regional Federal 5ª Região.

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Data e hora da inclusão: 28/05/2018 00:07:02
Identificador: 4050000.11218706

1/1
Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000

Certidão

Pedido de Vista

PROCESSO Nº: 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS


IMPETRANTE: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
PACIENTE: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho e outro
IMPETRADO: JUÍZO DA 12ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
RELATOR(A): Desembargador(a) Federal Francisco Roberto Machado - 1ª Turma

PEDIDO DE VISTA :

Após o voto do relator, concedendo a ordem, pediu vista o Desembargador Federal ÉLIO WANDERLEY
DE SIQUEIRA FILHO. Aguarda o Desembargador Federal IVAN LIRA DE CARVALHO.

Recife, 07 de junho de 2018. (Data do julgamento)

Procurador: WELLINGTON CABRAL SARAIVA


Presentes: IVAN LIRA DE CARVALHO (CONV. ALEXANDRE LUNA FREIRE), ELIO
WANDERLEY DE SIQUEIRA FILHO, FRANCISCO ROBERTO MACHADO

Sustentação Oral: TIAGO ASFOR ROCHA- OAB/CE 16386

Participaram do Julgamento os Desembargadores Federais IVAN LIRA DE CARVALHO, FRANCISCO


ROBERTO MACHADO, ELIO WANDERLEY DE SIQUEIRA FILHO.

EDVALDO ALMEIDA DO NASCIMENTO

Secretário(a)

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
EDVALDO ALMEIDA DO NASCIMENTO - Secretário da Sessão
18061211392297500000011368287
Data e hora da assinatura: 12/06/2018 11:41:15
Identificador: 4050000.11387522
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 1/1
PROCESSO Nº: 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
IMPETRANTE: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
PACIENTE: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho e outro
IMPETRADO: JUÍZO DA 12ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
RELATOR(A): Desembargador(a) Federal Francisco Roberto Machado - 1ª Turma

CERTIDÃO

Certifico que, em razão do julgamento no presente processo, anexo ao mesmo as Notas Taquigráficas da
Sessão de Julgamento de 07/06/2018. O referido é verdade e dou fé.

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
ISOLDA LUCIA MAGALHAES - Diretor de Secretaria
18061215221285500000011370805
Data e hora da assinatura: 12/06/2018 15:22:54
Identificador: 4050000.11390031
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 1/1
10h50min – Kátia 1ª Turma – 07.06.18

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO

PROCESSO JUDICIAL ELETRÔNICO Nº 0802530-35.2018


RELATÓRIO E VOTO (NO GABINETE)

O EXMO. SR. DESEMBARGADOR FEDERAL ROBERTO MACHADO


(RELATOR): Concedo a ordem de habeas corpus, estendendo-a em relação aos
demais pacientes

O EXMO. SR. DESEMBARGADOR FEDERAL ÉLIO SIQUEIRA FILHO: Peço


vista dos autos.

DECISÃO: Após o voto do relator, concedendo a ordem de habeas corpus, pediu


vista dos autos o Desembargador Federal Élio Siqueira Filho. Aguarda o
Desembargador Federal Ivan Lira de Carvalho.

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
ISOLDA LUCIA MAGALHAES - Diretor de Secretaria
18061215224432400000011370806
Data e hora da assinatura: 12/06/2018 15:22:54
Identificador: 4050000.11390032
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 1/1
Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000

Certidão

Proclamação do Julgamento:

PROCESSO Nº: 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS


IMPETRANTE: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
PACIENTE: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho e outro
IMPETRADO: JUÍZO DA 12ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
RELATOR(A): Desembargador(a) Federal Francisco Roberto Machado - 1ª Turma

VOTO-VISTA

Prosseguindo o julgamento, decide a Primeira Turma do egrégio Tribunal Regional Federal da 5.ª
Região, por unanimidade, conceder parcialmente a ordem, nos termos das notas taquigráficas constantes
dos autos, que ficam fazendo parte do presente julgado.

Recife, 28 de junho de 2018. (Data do julgamento)

Procurador: JOAQUIM JOSE DE BARROS DIAS


Presentes: IVAN LIRA DE CARVALHO (CONV. ALEXANDRE LUNA FEIRE), ELIO
WANDERLEY DE SIQUEIRA FILHO, FRANCISCO ROBERTO MACHADO

Participaram do Julgamento os Desembargadores Federais IVAN LIRA DE CARVALHO, FRANCISCO


ROBERTO MACHADO, ELIO WANDERLEY DE SIQUEIRA FILHO.

ANDREA CARVALHO DE MELLO REGO

Secretário(a)

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
ANDREA CARVALHO DE MELLO REGO - Secretário da Sessão
18062912585121100000011557243
Data e hora da assinatura: 29/06/2018 13:05:00
Identificador: 4050000.11576679
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 1/1
PROCESSO Nº: 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
IMPETRANTE: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
PACIENTE: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho e outro
IMPETRADO: JUÍZO DA 12ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
RELATOR(A): Desembargador(a) Federal Francisco Roberto Machado - 1ª Turma

CERTIDÃO

Certifico que, em razão do julgamento no presente processo, anexo ao mesmo as Notas Taquigráficas da
Sessão de Julgamento d e 28/06/2018. O referido é verdade e dou fé.

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
ISOLDA LUCIA MAGALHAES - Diretor de Secretaria
18062916534871300000011560009
Data e hora da assinatura: 29/06/2018 16:54:58
Identificador: 4050000.11579445
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 1/1
11h10min – Aleksándros 1ª Turma - 28.06.18

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO

HABEAS CORPUS Nº 0802530-35*


VOTO VISTA (NO GABINETE)

O EXMO. SR. DESEMBARGADOR FEDERAL ÉLIO SIQUEIRA FILHO: Atento à


peculiaridade deste caso concreto, consistente no efeito suspensivo concedido ao
recurso especial Nº “tal”, concedo parcialmente a ordem, para, em observância à
liminar anteriormente deferida pelo relator, no Superior Tribunal de Justiça,
suspender a execução provisória da pena imposta ao paciente, e aos demais que
entraram posteriormente, uma vez que aqui se pede extensão, até o julgamento
final do pedido de tutela provisória Nº 38 ali em tramitação. Então, concedo
parcialmente a ordem de habeas corpus, porque estou somente mandando aplicar
a decisão do ministro, nos termos em que S. Exa. fixou.

*
RELATOR: O EXMO. SR. DESEMBARGADOR FEDERAL ROBERTO MACHADO

1/4
11h10min – Aleksándros 1ª Turma - 28.06.18

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO

HABEAS CORPUS Nº 0802530-35*


VOTO

O EXMO. SR. DESEMBARGADOR FEDERAL IVAN LIRA DE CARVALHO:


Egrégia Turma, não posso desconhecer, assim como o desembargador relator
também não desconheceu, assim como o desembargador Élio Siqueira Filho
também não desconheceu, a força que têm as decisões tomadas pelo Supremo
Tribunal Federal em casos que guardam semelhança com o presente. Então, eu
recordo que foi dado timbre de repercussão geral ao tema prisão com julgamento
em segundo e a consequente execução penal na ADC Nº 43 e na ADC Nº 44.
Recordo também que, quando este Tribunal, em composição plena, foi chamado a
se posicionar acerca de um assunto desse jaez, envolvendo um ex-prefeito, ou
prefeito, não me recordo direito, do sertão da Paraíba, praticamente todos os
membros do Tribunal fizeram registro da sua ressalva de entendimento, ou seja,
da posição pessoal de cada um, entendendo que trânsito em julgado é quando
não cabe mais recurso algum. Essa é a leitura clara que se extrai da Constituição.
Entretanto, no julgamento desses dois feitos, ou seja, das ADC Nº 43 e Nº 44, e
de tantos outros que se seguiram, o Supremo Tribunal Federal tem feito uma
temperança na aplicação do Art. 283 do Código Penal, dando o que ele chama de
interpretação conforme, e, louvado em decisões de cortes internacionais, inclusive
onde o Brasil figura como demandado, entendeu que o julgamento em tribunal de
apelação, ou seja, segundo grau, já é suficiente para autorizar a deflagração do
cumprimento da sentença condenatória. Então, este é o quadro. Eu continuo
fazendo a minha ressalva: não é essa a leitura que faço da Constituição
republicana brasileira. Não é a mesma leitura que o Supremo Tribunal Federal faz
do Art. 283 da Constituição que eu faço, em termos de efetividade, entretanto,
reconheço que, havendo repercussão geral, tenho o dever, como magistrado, de
fazer cumprir a rota que é indicada pelo Tribunal que, constitucionalmente, me é
superior, o Supremo Tribunal Federal.

>>>

*
RELATOR: O EXMO. SR. DESEMBARGADOR FEDERAL ROBERTO MACHADO

2/4
11h20min - Edilene 1ª Turma – 28.06.18
PJE Nº 0802530-35*
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
VOTO (cont.) DF IL

-2-

Nada obstante estas observações, há um dado, no caso específico que se julga,


que merece redobrada atenção e foi levantado no voto do Desembargador Federal
Élio Siqueira Filho. É que existe uma decisão do Superior Tribunal de Justiça, da
lavra do Ministro Félix Fischer, determinando em grau provisório que seja sustado
o início da execução penal do caso do paciente que se aprecia. Então, da mesma
forma que devo obediência ao Supremo Tribunal Federal quando ele proclama em
sede de repercussão geral que a execução deve ser feita logo após o julgamento
de 2º Grau, eu devo também obediência a essa determinação do Superior
Tribunal de Justiça, dizendo que, naquele caso específico, pelas razões que
S.Exa. o Ministro Félix Fischer entendeu, e a mim não cabe contestar nem
sindicar, que nesse caso aguarde-se uma decisão posterior dele próprio; ou seja,
do Superior Tribunal de Justiça. Então, o que estamos apreciando aqui é:
podemos determinar o início da execução penal dos pacientes ou devemos
atentar para essa decisão do Superior Tribunal de Justiça? E eu acho corretíssima
a decisão que se assume aqui e, com a devida vênia do Desembargador Federal
Francisco Roberto Machado, vou divergir parcialmente da fundamentação e me
acostar ao voto do Desembargador Federal Élio Siqueira Filho que, em verdade,
anda paralelo em muitos pontos com o voto do Relator, mas, nesse particular
dando por fundamento do não cumprimento imediato da pena a atenção que
devemos à decisão do Ministro Félix Fischer aqui reportada. Com estas
considerações, sou pela concessão do habeas corpus.

*
RELATOR: O EXMO. SR. DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO ROBERTO
MACHADO.

3/4
11h20min - Edilene 1ª Turma – 28.06.18
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO

PROCESSO JUDICIAL ELETRÔNICO Nº 0802530-35


RETIFICAÇÃO DE VOTO

O EXMO. SR. DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO ROBERTO


MACHADO (RELATOR): Quero fazer o registro de que no dia em que trouxe esse
voto eu não me recordo se já havia essa decisão do Ministro Félix Fischer. Se eu
tivesse conhecimento talvez tivesse votado diferente. Então, adéquo meu voto ao
do Desembargador Federal Élio Wanderley de Siqueira Filho para concedermos
em parte o habeas corpus.

DECISÃO: A Turma, por unanimidade, concedeu em parte o habeas corpus, nos


termos do voto do Relator.

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
ISOLDA LUCIA MAGALHAES - Diretor de Secretaria
18062916544542600000011560010
Data e hora da assinatura: 29/06/2018 16:54:58
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Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 4/4
PROCESSO Nº 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
IMPETRANTE: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
PACIENTE: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho e outro
IMPETRADO: JUÍZO DA 12ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
RELATOR(A): Desembargador(a) Federal Francisco Roberto Machado - 1ª Turma

VOTO - VISTA

Trata-se de habeas corpus impetrado em favor de FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS, com o fito
de ser suspensa a execução provisória da pena de 9 (nove) anos e 2 (dois) meses de reclusão, em regime
inicialmente fechado, imposta ao referido paciente, nos autos da Ação Penal nº 0012628.43.2010.
4.05.8100.

Em sede de liminar, o eminente Relator concedeu a ordem, determinando a suspensão dos procedimentos
de execução provisória até o julgamento do presente writ , por vislumbrar a presença de garantia erigida
em favor do status libertatis do paciente, a impedir o início da execução antes do trânsito em julgado da
sentença.

Da mesma forma, ao julgar o mérito, o Relator entendeu que a presença de capítulo na sentença,
vinculando a execução da pena ao trânsito em julgado da decisão condenatória configura verdadeira
garantia em favor do status libertatis do réu, a impedir a determinação de execução provisória antes do
referido trânsito.

Peço vênia para discordar do eminente relator no que pertine ao fundamento da concessão da ordem.

De fato, consta da sentença a assertiva com o seguinte conteúdo: "Determino, ainda, imediatamente após
o trânsito em julgado desta sentença, a remessa dos autos à Vara Federal competente para a execução da
pena aqui aplicada". Em caso semelhante, quando do julgamento do HC nº 6352, de minha relatoria,
entendi também pela impossibilidade de execução provisória por constar, na sentença, comando
específico, condicionando a remessa ao juízo da execução ao trânsito em julgado da decisão condenatória.

Analisando melhor as recentes decisões do Supremo Tribunal Federal, especificamente os julgamentos do


HC nº 126292, das medidas cautelares na ADC nº 43 e na ADC nº 44 e do ARE nº 964.246 (julgado sob a
sistemática da repercussão geral), revi meu posicionamento, para deixar de vislumbrar aquele tipo de
comando como fundamento, por si só, capaz de impedir a execução provisória (e não, definitiva) da pena,
quando do julgamento final dos recursos em segunda instância.

É que, a partir daqueles precedentes, o Supremo Tribunal Federal retomou a orientação antes
predominante na Corte, para autorizar a prisão após a condenação em segundo grau, ainda que sujeito o
acórdão a recursos especial e extraordinário, por entender que esse início da execução provisória não
compromete o princípio constitucional da presunção de inocência, afirmado no art. 5º, inciso LVII, da CF.

Essa orientação tenta harmonizar a previsão do art. 283 do CPP, cuja dicção prevê a prisão "em
decorrência de sentença condenatória transitada em julgado", com os dispositivos que, ao regularem os
recursos excepcionais, preveem efeitos tão somente devolutivos, mesmo no âmbito criminal.

Destarte, a meu ver, a eventual menção em sentença da possibilidade de o réu recorrer em liberdade ou o
fato de se referir ao trânsito em julgado como o momento da remessa dos autos ao juízo da execução não
inviabiliza, em regra, a execução provisória, a partir do encerramento da jurisdição das instâncias
ordinárias, pois tal comando não equivale à concessão de efeito suspensivo aos recursos especial e
extraordinário. Ao Juízo de primeiro grau é possível, tão somente, assegurar a prerrogativa de o réu apelar
em liberdade, o que já foi garantido no caso concreto.

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Aliás, nesse sentido, o Superior Tribunal de Justiça tem afastado as alegações de reformatio in pejus , em
situações análogas, pois a prisão decorrente do encerramento da jurisdição ordinária prescinde da análise
dos requisitos do art. 312 do CP. In verbis:

"AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA


PENA. INEXISTÊNCIA DE REFORMATIO IN PEJUS . AUSÊNCIA DE RECURSO COM
EFEITO SUSPENSIVO. IMPOSIÇÃO DE REGIME INICIAL FECHADO.
FUNDAMENTADO. SANÇÃO FINAL SUPERIOR A 4 ANOS. PENA-BASE ACIMA DO
MÍNIMO. AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE FLAGRANTE. AGRAVO REGIMENTAL
IMPROVIDO.

1. De acordo com a jurisprudência deste Tribunal Superior, a simples interposição de


recursos especial e/ou extraordinário, sem a concessão de efeito suspensivo, não obsta a
execução provisória da pena privativa de liberdade. Precedentes.

2. É possível a execução provisória da pena, ainda que concedido na sentença condenatória,


ou mesmo no acórdão que julgou o recurso de apelação, o direito de recorrer em liberdade até
o trânsito em julgado da condenação, sem que isso caracterize violação a coisa julgada ou
reformatio in pejus .

3. Não se vislumbra a ocorrência de flagrante ilegalidade na imposição de regime inicial


fechado, nos casos em que a sanção final é superior a 4 anos de reclusão, e a pena-base foi
fixada acima do mínimo legal, nos termos do art. 33, § 3º, do CP.

4. Agravo regimental improvido."

(AgRg no Habeas Corpus nº 421.323 - PR - 2017/0272673-1)

"PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA. SÚMULA 182/STJ.
AGRAVO REGIMENTAL NÃO CONHECIDO. EXECUÇÃO PROVISÓRIA DEFERIDA.

1. É inviável o agravo regimental ou interno que deixa de atacar especificamente todos os


fundamentos da decisão agravada, consoante o disposto no art. 1.021, § 1º, do CPC e na
Súmula 182 do STJ. Precedentes.

2. A execução provisória da pena não caracteriza violação à coisa julgada ou reformatio in


pejus , ainda que concedido o direito de recorrer em liberdade até o trânsito em julgado da
sentença condenatória.

3. Agravo regimental não conhecido e deferida a execução provisória da pena."

(AgRg no Agravo em Recurso Especial nº 830.983 - SP)

Tenho, até, dúvida sobre a natureza decisória da parte da sentença que se refere à remessa dos autos da
ação penal ao Juízo das Execuções, após o trânsito em julgado. Em tese, é possível enquadrá-la como
despacho de mero expediente, sob o ponto de vista material, ou, mesmo, como ato ordinatório, por
constituir consequência inexorável da condenação definitiva, como também o é o lançamento no rol de
culpados.

Registre-se que, a toda evidência, esta alusão ao envio dos autos diz respeito à execução definitiva, que se
dá nos próprios autos da Ação Penal, e não, à execução provisória, que acontece em autos apartados e tem
outros pressupostos.

Por outro lado, não me parece razoável supor que esta frase isolada da sentença traduz o propósito de
permitir postergar a execução, alcançando etapas futuras em que o feito se encontrará fora dos limites da
competência do magistrado de primeira instância. Seria, praticamente, uma "usurpação" da competência

2/3
dos Ministros Relatores do Recurso Especial e do Recurso Extraordinário, a quem incumbe atribuir efeito
suspensivo aos mesmos, que, em essência, é excepcional. O julgador de primeiro grau estaria deferindo,
por antecipação, o referido efeito suspensivo a eventuais recursos especial e extraordinário a serem
interpostos, o que não se sustenta, no sistema jurídico brasileiro.

Deixo, portanto, de acompanhar a fundamentação do eminente relator para a concessão da ordem. No


entanto, entendo que a hipótese é de se manter a suspensão da execução, por fundamentação diversa e
com termo ad quem distinto.

É que, neste caso, após a impetração do Recurso Especial nº 1.449.193/CE pela defesa do paciente,
formulou-se o Pedido de Tutela Provisória nº 38, requerendo a concessão de liminar para atribuir efeito
suspensivo ao recurso especial anteriormente mencionado. Em decisão monocrática, o Ministro FÉLIX
FISCHER deferiu a liminar, para "sustar o início da execução provisória da pena até ulterior julgamento
final do presente pedido de tutela antecipada ".

Disto decorre, a meu ver, a impossibilidade de execução provisória da pena, até que se ultime o momento
determinado na decisão liminar proferida na superior instância. Perceba-se que o Ministro foi muito claro,
não sustando até deliberação posterior dele próprio, monocraticamente, ou do colegiado a que vinculado,
mas até o julgamento final, que ainda não houve, até a presente data.

Como mencionado, a decisão do Supremo Tribunal Federal, ao retomar o entendimento da possibilidade


de início da execução provisória antes do trânsito em julgado, busca harmonizar o teor do art. 283 do CPP
com a regra geral de efeito meramente devolutivo dos recursos excepcionais. Entretanto, uma vez
concedido o efeito suspensivo a tais recursos, é a essa determinação que se deve atentar, para não se
incorrer em violação à garantia processual deferida.

Consultando o sítio do STJ, constato que o próprio Ministro Relator prolatou, mais adiante, nova decisão
monocrática, em que reputou prejudicado o pedido de tutela provisória, em razão do julgamento do
próprio Recurso Especial, sendo interposto agravo regimental, que também já foi apreciado pelo
colegiado. Acontece que não há registro do trânsito em julgado deste pronunciamento judicial, motivo
pelo qual ainda não existe, até o presente momento, o "julgamento final", a que se refere a decisão que
deferiu, liminarmente, a aludida tutela provisória.

Penso que é da competência do Ministro Relator, e não, deste Tribunal Regional Federal, a atribuição do
efeito suspensivo e, consequentemente, a fixação das condições em que ele está sendo atribuído, o que
abrange, por certo, a definição do seu alcance temporal. Logo, resta aguardar o termo ad quem definido
no âmbito do Superior Tribunal de Justiça. Até o momento, não se sabem os desdobramentos que terão as
decisões tomadas naquela Corte, seja no que diz respeito ao Recurso Especial, seja no que se refere à
tutela provisória, que poderão ter implicações quanto ao aludido efeito suspensivo.

Atento, portanto, à peculiaridade deste caso concreto, consistente no efeito suspensivo concedido ao
Recurso Especial nº 1.449.193/CE, CONCEDO, PARCIALMENTE, A ORDEM, para, em observância ao
teor da liminar anteriormente deferida pelo Relator, no Superior Tribunal de Justiça, suspender a
execução provisória da pena imposta ao paciente até o julgamento final do Pedido de Tutela Provisória nº
38, ali em tramitação, com a extensão da ordem aos corréus Ielton Barreto de Oliveira, Geraldo de Lima
Gadelha Filho e Jerônimo Alves Bezerra.

É como voto.

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
ELIO WANDERLEY DE SIQUEIRA FILHO - Magistrado, ELIO WANDERLEY DE SIQUEIRA FILHO - Magistrado
18061117335693500000011360797
Data e hora da assinatura: 11/07/2018 18:49:42
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PROCESSO Nº: 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
IMPETRANTE: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
PACIENTE: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho e outro
IMPETRADO: JUÍZO DA 12ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
RELATOR(A): Desembargador(a) Federal Francisco Roberto Machado - 1ª Turma

RELATÓRIO

O DESEMBARGADOR FEDERAL ROBERTO MACHADO (Relator): Trata-se de Habeas Corpus


impetrado em favor de FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS, apontando como ilegal decisão do
Juízo da 12ª Vara Federal do Ceará, que determinou a Execução Provisória da pena imposta ao paciente
na Ação Penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100 ( 9 anos e 2 meses de reclusão, além de 250 dias-multa,
pela prática do crime previsto no art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/86 ), ainda pendente de julgamento de
recurso no STJ (EDcl no AgRg no REsp 1.449.193-CE)

Os impetrantes alegam: 1) na Ação Penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100, em razão da prática do crime


previsto no art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/86, o paciente foi condenado a 9 (nove) anos e dois 2 (dois) meses
de reclusão, a ser cumprida inicialmente em regime fechado, mais multa; 2) ainda pendente de julgamento
o Recurso Especial REsp 1.449.193-CE, no STJ, interposto pela defesa; 3) o pedido de execução
provisória da pena privativa de liberdade, formulado pelo MPF, viola o princípio do non reformatio in
pejus e a garantia da segurança jurídica, porque a acusação não recorreu da parte da sentença que
condicionou a execução ao trânsito em julgado da decisão condenatória; 4) o que se discute, neste
momento processual, em nada se relaciona com a (in)constitucionalidade da execução provisória da pena;
5) as providências finais, as quais integram a parte dispositiva da sentença, estão acobertadas pelo manto
da coisa julgada; 6) o STF vem condicionando o recolhimento à prisão ao trânsito em julgado para ambas
as partes, nos casos em que assim previsto no título executivo, sem que isso ofenda o entendimento
daquela Suprema Corte no sentido da possibilidade de execução provisória da pena privativa de liberdade
(id. 10536626, fls. 03/12).

Deferi o pedido liminar, determinando a suspensão da Execução Provisória da Pena nº


0805802-55.2016.4.05.8100, até julgamento final deste writ (id. 10537072, fls. 368/369).

A autoridade coatora prestou as informações de estilo (id. 3421061, fls, 1.597/1.599).

Depois, deferi o pedido de extensão da liminar para os corréus IELTON BARRETO DE OLIVEIRA,
GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO e JERÔNIMO ALVES BEZERRA, com a consequente
suspensão das Execuções Provisórias n os 0805810-32.2016.4.05.8100, 0805805-10.2016.4.05.8100 e
0805812-02.2016.4.05.8100, também até o final do julgamento deste writ (id. 10546963, fl. 1.600).

Ouvido, o MPF se manifestou, preliminarmente, pelo reconhecimento da prevenção do Desembargador


Federal Carlos Rebêlo Júnior para relatar o presente Habeas Corpus e, no mérito, pela denegação da
ordem (id. 10788156, fls. 1.622/1.629).

Os impetrantes requereram a manutenção da competência do Desembargador Federal Roberto Machado,


integrante da Primeira Turma deste Tribunal, em respeito à regra do art. 61, § 5º, do Regimento Interno
(id. 19844801, fls. 1.644/1.650).

Em novo parecer, o MPF retificou a manifestação anterior, no tocante à preliminar suscitada, afastando-a,
mas ratificou suas razões de mérito (id. 11003081, fls. 1.654/1.655).

É o relatório.
Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
FRANCISCO ROBERTO MACHADO - Magistrado
18060707342884900000011311887
Data e hora da assinatura: 17/07/2018 12:57:08
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Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 1/2
PROCESSO Nº: 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
IMPETRANTE: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
PACIENTE: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho e outro
IMPETRADO: JUÍZO DA 12ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
RELATOR(A): Desembargador(a) Federal Francisco Roberto Machado - 1ª Turma

VOTO

O DESEMBARGADOR FEDERAL ROBERTO MACHADO (Relator): Inicialmente, firmo a


competência desta Primeira Turma para processar e julgar este Habeas Corpus , porque, apesar de a
Apelação Criminal nº 9.363-CE (Ação Penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100) ter sido apreciada pela
Terceira Turma ( Relator: Desembargador Federal Marcelo Navarro ), sua composição foi
completamente alterada, não remanescendo nenhum dos Desembargadores que participaram do
julgamento do recurso (art. 61, § 5º, do RITRF5 [1] ).

No mérito, cinge-se a controvérsia acerca da possibilidade de executar provisoriamente uma condenação


penal confirmada em segunda instância, quando há um comando sentencial, não alterado neste Tribunal,
que, segundo os impetrantes, obsta a execução antes do trânsito em julgado da sentença.

Sobre a questão, penso que, conforme precedentes do STF [2] , havendo capítulo na sentença que vincule
a execução da pena ao trânsito em julgado da decisão condenatória, como uma garantia erigida em favor
do status libertatis do réu, não modificada por recurso da acusação, a norma endócrina do julgado deve
prevalecer sobre o entendimento firmado pelo Pretório Excelso no HC 126.292/SP [3] , nas Medidas
Cautelares nas ADC's 43 e 44 [4] e no ARE 964.246/SP [5] ( os quais admitiram a possibilidade de
execução provisória da pena após condenação em segunda instância, diante da ausência de efeito
suspensivo dos recursos extremos ). Do contrário, estar-se-ia violando o postulado que veda a reformatio
in pejus (art. 617 do CPP).

No caso concreto, restou consignado na sentença condenatória, proferida pelo Juízo da 11ª Vara Federal
do Ceará, in verbis (fl. 503):

" 90. Determino, ainda, imediatamente após o trânsito em julgado desta sentença, a remessa dos autos à Vara Federal
competente para a execução da pena aqui aplicada."

A Terceira Turma deste Tribunal, apreciando as Apelações interpostas pelos réus FRANCISO
DEUSMAR DE QUEIRÓS, GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE
OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES BEZERRA (ACR 9.363-CE), não alterou esta parte da sentença (fls.
507/523).

Portanto, a teor do item 90 da sentença ( em nenhum momento atacado pela acusação ), a condenação só
poderá ser executada após o seu trânsito em julgado, o que é diferente, por óbvio, do julgamento em
segundo grau de jurisdição. Desse modo, em respeito à coisa julgada, deve-se garantir ao paciente o
direito de aguardar em liberdade a conclusão do processo.

Neste contexto, mostra-se ilegal a decisão do Juízo da 12ª Vara Federal do Ceará que determinou o
prosseguimento da Execução Provisória nº 0805802-55.2016.4.05.8100.

Prossigo.

O art. 580 do CPP prevê que, no concurso de agentes, a decisão do recurso interposto por um dos réus, se
fundado em motivos que não sejam de caráter exclusivamente pessoal, aproveitará aos outros.

Ainda que o Habeas Corpus não se trate de recurso, a aplicação do disposto no art. 580 do CPP, a fim de

1/2
garantir a extensão da ordem do remédio heroico, é plenamente cabível, a teor da jurisprudência do STJ
[6] .

No caso concreto, entendi que o comando sentencial condenatório (no qual constou, expressamente: "
determino, ainda, imediatamente após o trânsito em julgado desta sentença, a remessa dos autos à Vara
Federal competente para a execução da pena aqui aplicada ") constitui garantia erigida em favor do
status libertatis do réu, devendo prevalecer sobre o entendimento firmado pelo STF a favor da execução
antecipada da pena.

Desse modo, como se está elencando, para fins de concessão da ordem, apenas elementos eminentemente
objetivos, resta evidenciada situação análoga em relação a IELTON BARRETO DE OLIVEIRA,
GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO e JERÔNIMO ALVES BEZERRA, todos também
condenados nos autos da Ação Penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100 ( cada um a 5 anos de reclusão e
multa, pela prática do crime do art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/86, pendente de julgamento de recurso no STJ
), porque inexiste qualquer peculiaridade que diferencie a situação deles da do paciente FRANCISCO
DEUSMAR DE QUEIRÓS.

Assim, concedo a ordem de Habeas Corpus , determinando-se a extinção da Execução Provisória nº


0805802-55.2016.4.05.8100, proposta contra FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS , com
extensão da ordem a IELTON BARRETO DE OLIVEIRA, GERALDO DE LIMA GADELHA
FILHO e JERÔNIMO ALVES BEZERRA, com a consequente extinção das Execuções Provisórias
n os 0805810-32.2016.4.05.8100, 0805805-10.2016.4.05.8100 e 0805812-02.2016.4.05.8100 .

É como voto.

[1] Art. 61. O Relator que primeiro conhecer de um processo, ou de qualquer incidente ou recurso, ficará
prevento para todos os recursos posteriores e seus novos incidentes. [...]

§ 5º Cessará a prevenção se da Turma não fizer parte nenhum dos Desembargadores Federais que
funcionaram em julgamento anterior.

[2] HC 152974 MC, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, julgado em 01/03/2018, publicado em
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-042 DIVULG 05/03/2018 PUBLIC 06/03/2018; HC 140217,
Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, julgado em 14/11/2017, publicado em PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-261 DIVULG 16/11/2017 PUBLIC 17/11/2017.

[3] HC 126292, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado em 17/02/2016,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-100 DIVULG 16-05-2016 PUBLIC 17-05-2016.

[4] ADC 43 MC e ADC 44 MC, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: Min.
EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em 05/10/2016, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-043
DIVULG 06-03-2018 PUBLIC 07-03-2018.

[5] ARE 964246 RG, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, julgado em 10/11/2016, PROCESSO
ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-251 DIVULG 24-11-2016 PUBLIC
25-11-2016.

[6] HC 445.607/PR, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado
em 22/05/2018, DJe 30/05/2018.

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
FRANCISCO ROBERTO MACHADO - Magistrado
18060707342886000000011311890
Data e hora da assinatura: 17/07/2018 12:57:08
Identificador: 4050000.11331013
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 2/2
PROCESSO Nº: 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
IMPETRANTE: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
PACIENTE: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho e outro
IMPETRADO: JUÍZO DA 12ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
RELATOR(A): Desembargador(a) Federal Francisco Roberto Machado - 1ª Turma

ACÓRDÃO

Vistos e relatados os presentes autos, DECIDE a Primeira Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª
Região, por unanimidade, conceder parcialmente a ordem de Habeas Corpus , para suspender a execução
provisória da pena imposta ao paciente até o julgamento final, pelo STJ, do Pedido de Tutela Provisória nº
38 no REsp nº 1.449.193/CE, com a extensão da ordem aos corréus IBO, GLGF e JAB, nos termos do
relatório e voto anexos, que passam a integrar o presente julgamento.

Recife, 28 de junho de 2018. (Data do julgamento)

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
FRANCISCO ROBERTO MACHADO - Magistrado
18060707342895200000011311893
Data e hora da assinatura: 17/07/2018 12:57:10
Identificador: 4050000.11331016
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 1/1
PROCESSO Nº: 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
IMPETRANTE: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
PACIENTE: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho e outro
IMPETRADO: JUÍZO DA 12ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
RELATOR(A): Desembargador(a) Federal Francisco Roberto Machado - 1ª Turma

RELATÓRIO

O DESEMBARGADOR FEDERAL ROBERTO MACHADO (Relator): Trata-se de Habeas Corpus


impetrado em favor de FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS, apontando como ilegal decisão do
Juízo da 12ª Vara Federal do Ceará, que determinou a Execução Provisória da pena imposta ao paciente
na Ação Penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100 ( 9 anos e 2 meses de reclusão, além de 250 dias-multa,
pela prática do crime previsto no art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/86 ), ainda pendente de julgamento de
recurso no STJ (EDcl no AgRg no REsp 1.449.193-CE)

Os impetrantes alegam: 1) na Ação Penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100, em razão da prática do crime


previsto no art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/86, o paciente foi condenado a 9 (nove) anos e dois 2 (dois) meses
de reclusão, a ser cumprida inicialmente em regime fechado, mais multa; 2) ainda pendente de julgamento
o Recurso Especial REsp 1.449.193-CE, no STJ, interposto pela defesa; 3) o pedido de execução
provisória da pena privativa de liberdade, formulado pelo MPF, viola o princípio do non reformatio in
pejus e a garantia da segurança jurídica, porque a acusação não recorreu da parte da sentença que
condicionou a execução ao trânsito em julgado da decisão condenatória; 4) o que se discute, neste
momento processual, em nada se relaciona com a (in)constitucionalidade da execução provisória da pena;
5) as providências finais, as quais integram a parte dispositiva da sentença, estão acobertadas pelo manto
da coisa julgada; 6) o STF vem condicionando o recolhimento à prisão ao trânsito em julgado para ambas
as partes, nos casos em que assim previsto no título executivo, sem que isso ofenda o entendimento
daquela Suprema Corte no sentido da possibilidade de execução provisória da pena privativa de liberdade
(id. 10536626, fls. 03/12).

Deferi o pedido liminar, determinando a suspensão da Execução Provisória da Pena nº


0805802-55.2016.4.05.8100, até julgamento final deste writ (id. 10537072, fls. 368/369).

A autoridade coatora prestou as informações de estilo (id. 3421061, fls, 1.597/1.599).

Depois, deferi o pedido de extensão da liminar para os corréus IELTON BARRETO DE OLIVEIRA,
GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO e JERÔNIMO ALVES BEZERRA, com a consequente
suspensão das Execuções Provisórias n os 0805810-32.2016.4.05.8100, 0805805-10.2016.4.05.8100 e
0805812-02.2016.4.05.8100, também até o final do julgamento deste writ (id. 10546963, fl. 1.600).

Ouvido, o MPF se manifestou, preliminarmente, pelo reconhecimento da prevenção do Desembargador


Federal Carlos Rebêlo Júnior para relatar o presente Habeas Corpus e, no mérito, pela denegação da
ordem (id. 10788156, fls. 1.622/1.629).

Os impetrantes requereram a manutenção da competência do Desembargador Federal Roberto Machado,


integrante da Primeira Turma deste Tribunal, em respeito à regra do art. 61, § 5º, do Regimento Interno
(id. 19844801, fls. 1.644/1.650).

Em novo parecer, o MPF retificou a manifestação anterior, no tocante à preliminar suscitada, afastando-a,
mas ratificou suas razões de mérito (id. 11003081, fls. 1.654/1.655).

É o relatório.

1/8
PROCESSO Nº: 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
IMPETRANTE: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
PACIENTE: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho e outro
IMPETRADO: JUÍZO DA 12ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
RELATOR(A): Desembargador(a) Federal Francisco Roberto Machado - 1ª Turma

VOTO

O DESEMBARGADOR FEDERAL ROBERTO MACHADO (Relator): Inicialmente, firmo a


competência desta Primeira Turma para processar e julgar este Habeas Corpus , porque, apesar de a
Apelação Criminal nº 9.363-CE (Ação Penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100) ter sido apreciada pela
Terceira Turma ( Relator: Desembargador Federal Marcelo Navarro ), sua composição foi
completamente alterada, não remanescendo nenhum dos Desembargadores que participaram do
julgamento do recurso (art. 61, § 5º, do RITRF5 [1] ).

No mérito, cinge-se a controvérsia acerca da possibilidade de executar provisoriamente uma condenação


penal confirmada em segunda instância, quando há um comando sentencial, não alterado neste Tribunal,
que, segundo os impetrantes, obsta a execução antes do trânsito em julgado da sentença.

Sobre a questão, penso que, conforme precedentes do STF [2] , havendo capítulo na sentença que vincule
a execução da pena ao trânsito em julgado da decisão condenatória, como uma garantia erigida em favor
do status libertatis do réu, não modificada por recurso da acusação, a norma endócrina do julgado deve
prevalecer sobre o entendimento firmado pelo Pretório Excelso no HC 126.292/SP [3] , nas Medidas
Cautelares nas ADC's 43 e 44 [4] e no ARE 964.246/SP [5] ( os quais admitiram a possibilidade de
execução provisória da pena após condenação em segunda instância, diante da ausência de efeito
suspensivo dos recursos extremos ). Do contrário, estar-se-ia violando o postulado que veda a reformatio
in pejus (art. 617 do CPP).

No caso concreto, restou consignado na sentença condenatória, proferida pelo Juízo da 11ª Vara Federal
do Ceará, in verbis (fl. 503):

" 90. Determino, ainda, imediatamente após o trânsito em julgado desta sentença, a remessa dos autos à Vara Federal
competente para a execução da pena aqui aplicada."

A Terceira Turma deste Tribunal, apreciando as Apelações interpostas pelos réus FRANCISO
DEUSMAR DE QUEIRÓS, GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE
OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES BEZERRA (ACR 9.363-CE), não alterou esta parte da sentença (fls.
507/523).

Portanto, a teor do item 90 da sentença ( em nenhum momento atacado pela acusação ), a condenação só
poderá ser executada após o seu trânsito em julgado, o que é diferente, por óbvio, do julgamento em
segundo grau de jurisdição. Desse modo, em respeito à coisa julgada, deve-se garantir ao paciente o
direito de aguardar em liberdade a conclusão do processo.

Neste contexto, mostra-se ilegal a decisão do Juízo da 12ª Vara Federal do Ceará que determinou o
prosseguimento da Execução Provisória nº 0805802-55.2016.4.05.8100.

Prossigo.

O art. 580 do CPP prevê que, no concurso de agentes, a decisão do recurso interposto por um dos réus, se
fundado em motivos que não sejam de caráter exclusivamente pessoal, aproveitará aos outros.

2/8
Ainda que o Habeas Corpus não se trate de recurso, a aplicação do disposto no art. 580 do CPP, a fim de
garantir a extensão da ordem do remédio heroico, é plenamente cabível, a teor da jurisprudência do STJ
[6] .

No caso concreto, entendi que o comando sentencial condenatório (no qual constou, expressamente: "
determino, ainda, imediatamente após o trânsito em julgado desta sentença, a remessa dos autos à Vara
Federal competente para a execução da pena aqui aplicada ") constitui garantia erigida em favor do
status libertatis do réu, devendo prevalecer sobre o entendimento firmado pelo STF a favor da execução
antecipada da pena.

Desse modo, como se está elencando, para fins de concessão da ordem, apenas elementos eminentemente
objetivos, resta evidenciada situação análoga em relação a IELTON BARRETO DE OLIVEIRA,
GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO e JERÔNIMO ALVES BEZERRA, todos também
condenados nos autos da Ação Penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100 ( cada um a 5 anos de reclusão e
multa, pela prática do crime do art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/86, pendente de julgamento de recurso no STJ
), porque inexiste qualquer peculiaridade que diferencie a situação deles da do paciente FRANCISCO
DEUSMAR DE QUEIRÓS.

Assim, concedo a ordem de Habeas Corpus , determinando-se a extinção da Execução Provisória nº


0805802-55.2016.4.05.8100, proposta contra FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS , com
extensão da ordem a IELTON BARRETO DE OLIVEIRA, GERALDO DE LIMA GADELHA
FILHO e JERÔNIMO ALVES BEZERRA, com a consequente extinção das Execuções Provisórias
n os 0805810-32.2016.4.05.8100, 0805805-10.2016.4.05.8100 e 0805812-02.2016.4.05.8100 .

É como voto.

[1] Art. 61. O Relator que primeiro conhecer de um processo, ou de qualquer incidente ou recurso, ficará
prevento para todos os recursos posteriores e seus novos incidentes. [...]

§ 5º Cessará a prevenção se da Turma não fizer parte nenhum dos Desembargadores Federais que
funcionaram em julgamento anterior.

[2] HC 152974 MC, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, julgado em 01/03/2018, publicado em
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-042 DIVULG 05/03/2018 PUBLIC 06/03/2018; HC 140217,
Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, julgado em 14/11/2017, publicado em PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-261 DIVULG 16/11/2017 PUBLIC 17/11/2017.

[3] HC 126292, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado em 17/02/2016,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-100 DIVULG 16-05-2016 PUBLIC 17-05-2016.

[4] ADC 43 MC e ADC 44 MC, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: Min.
EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em 05/10/2016, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-043
DIVULG 06-03-2018 PUBLIC 07-03-2018.

[5] ARE 964246 RG, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, julgado em 10/11/2016, PROCESSO
ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-251 DIVULG 24-11-2016 PUBLIC
25-11-2016.

[6] HC 445.607/PR, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado
em 22/05/2018, DJe 30/05/2018.

3/8
PROCESSO Nº 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
IMPETRANTE: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
PACIENTE: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho e outro
IMPETRADO: JUÍZO DA 12ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
RELATOR(A): Desembargador(a) Federal Francisco Roberto Machado - 1ª Turma

VOTO - VISTA

Trata-se de habeas corpus impetrado em favor de FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS, com o fito
de ser suspensa a execução provisória da pena de 9 (nove) anos e 2 (dois) meses de reclusão, em regime
inicialmente fechado, imposta ao referido paciente, nos autos da Ação Penal nº 0012628.43.2010.
4.05.8100.

Em sede de liminar, o eminente Relator concedeu a ordem, determinando a suspensão dos procedimentos
de execução provisória até o julgamento do presente writ , por vislumbrar a presença de garantia erigida
em favor do status libertatis do paciente, a impedir o início da execução antes do trânsito em julgado da
sentença.

Da mesma forma, ao julgar o mérito, o Relator entendeu que a presença de capítulo na sentença,
vinculando a execução da pena ao trânsito em julgado da decisão condenatória configura verdadeira
garantia em favor do status libertatis do réu, a impedir a determinação de execução provisória antes do
referido trânsito.

Peço vênia para discordar do eminente relator no que pertine ao fundamento da concessão da ordem.

De fato, consta da sentença a assertiva com o seguinte conteúdo: "Determino, ainda, imediatamente após
o trânsito em julgado desta sentença, a remessa dos autos à Vara Federal competente para a execução da
pena aqui aplicada". Em caso semelhante, quando do julgamento do HC nº 6352, de minha relatoria,
entendi também pela impossibilidade de execução provisória por constar, na sentença, comando
específico, condicionando a remessa ao juízo da execução ao trânsito em julgado da decisão condenatória.

Analisando melhor as recentes decisões do Supremo Tribunal Federal, especificamente os julgamentos do


HC nº 126292, das medidas cautelares na ADC nº 43 e na ADC nº 44 e do ARE nº 964.246 (julgado sob a
sistemática da repercussão geral), revi meu posicionamento, para deixar de vislumbrar aquele tipo de
comando como fundamento, por si só, capaz de impedir a execução provisória (e não, definitiva) da pena,
quando do julgamento final dos recursos em segunda instância.

É que, a partir daqueles precedentes, o Supremo Tribunal Federal retomou a orientação antes
predominante na Corte, para autorizar a prisão após a condenação em segundo grau, ainda que sujeito o
acórdão a recursos especial e extraordinário, por entender que esse início da execução provisória não
compromete o princípio constitucional da presunção de inocência, afirmado no art. 5º, inciso LVII, da CF.

Essa orientação tenta harmonizar a previsão do art. 283 do CPP, cuja dicção prevê a prisão "em
decorrência de sentença condenatória transitada em julgado", com os dispositivos que, ao regularem os
recursos excepcionais, preveem efeitos tão somente devolutivos, mesmo no âmbito criminal.

Destarte, a meu ver, a eventual menção em sentença da possibilidade de o réu recorrer em liberdade ou o
fato de se referir ao trânsito em julgado como o momento da remessa dos autos ao juízo da execução não
inviabiliza, em regra, a execução provisória, a partir do encerramento da jurisdição das instâncias
ordinárias, pois tal comando não equivale à concessão de efeito suspensivo aos recursos especial e
extraordinário. Ao Juízo de primeiro grau é possível, tão somente, assegurar a prerrogativa de o réu apelar
em liberdade, o que já foi garantido no caso concreto.

4/8
Aliás, nesse sentido, o Superior Tribunal de Justiça tem afastado as alegações de reformatio in pejus , em
situações análogas, pois a prisão decorrente do encerramento da jurisdição ordinária prescinde da análise
dos requisitos do art. 312 do CP. In verbis:

"AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA


PENA. INEXISTÊNCIA DE REFORMATIO IN PEJUS . AUSÊNCIA DE RECURSO COM
EFEITO SUSPENSIVO. IMPOSIÇÃO DE REGIME INICIAL FECHADO.
FUNDAMENTADO. SANÇÃO FINAL SUPERIOR A 4 ANOS. PENA-BASE ACIMA DO
MÍNIMO. AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE FLAGRANTE. AGRAVO REGIMENTAL
IMPROVIDO.

1. De acordo com a jurisprudência deste Tribunal Superior, a simples interposição de


recursos especial e/ou extraordinário, sem a concessão de efeito suspensivo, não obsta a
execução provisória da pena privativa de liberdade. Precedentes.

2. É possível a execução provisória da pena, ainda que concedido na sentença condenatória,


ou mesmo no acórdão que julgou o recurso de apelação, o direito de recorrer em liberdade até
o trânsito em julgado da condenação, sem que isso caracterize violação a coisa julgada ou
reformatio in pejus .

3. Não se vislumbra a ocorrência de flagrante ilegalidade na imposição de regime inicial


fechado, nos casos em que a sanção final é superior a 4 anos de reclusão, e a pena-base foi
fixada acima do mínimo legal, nos termos do art. 33, § 3º, do CP.

4. Agravo regimental improvido."

(AgRg no Habeas Corpus nº 421.323 - PR - 2017/0272673-1)

"PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA. SÚMULA 182/STJ.
AGRAVO REGIMENTAL NÃO CONHECIDO. EXECUÇÃO PROVISÓRIA DEFERIDA.

1. É inviável o agravo regimental ou interno que deixa de atacar especificamente todos os


fundamentos da decisão agravada, consoante o disposto no art. 1.021, § 1º, do CPC e na
Súmula 182 do STJ. Precedentes.

2. A execução provisória da pena não caracteriza violação à coisa julgada ou reformatio in


pejus , ainda que concedido o direito de recorrer em liberdade até o trânsito em julgado da
sentença condenatória.

3. Agravo regimental não conhecido e deferida a execução provisória da pena."

(AgRg no Agravo em Recurso Especial nº 830.983 - SP)

Tenho, até, dúvida sobre a natureza decisória da parte da sentença que se refere à remessa dos autos da
ação penal ao Juízo das Execuções, após o trânsito em julgado. Em tese, é possível enquadrá-la como
despacho de mero expediente, sob o ponto de vista material, ou, mesmo, como ato ordinatório, por
constituir consequência inexorável da condenação definitiva, como também o é o lançamento no rol de
culpados.

Registre-se que, a toda evidência, esta alusão ao envio dos autos diz respeito à execução definitiva, que se
dá nos próprios autos da Ação Penal, e não, à execução provisória, que acontece em autos apartados e tem
outros pressupostos.

Por outro lado, não me parece razoável supor que esta frase isolada da sentença traduz o propósito de
permitir postergar a execução, alcançando etapas futuras em que o feito se encontrará fora dos limites da

5/8
competência do magistrado de primeira instância. Seria, praticamente, uma "usurpação" da competência
dos Ministros Relatores do Recurso Especial e do Recurso Extraordinário, a quem incumbe atribuir efeito
suspensivo aos mesmos, que, em essência, é excepcional. O julgador de primeiro grau estaria deferindo,
por antecipação, o referido efeito suspensivo a eventuais recursos especial e extraordinário a serem
interpostos, o que não se sustenta, no sistema jurídico brasileiro.

Deixo, portanto, de acompanhar a fundamentação do eminente relator para a concessão da ordem. No


entanto, entendo que a hipótese é de se manter a suspensão da execução, por fundamentação diversa e
com termo ad quem distinto.

É que, neste caso, após a impetração do Recurso Especial nº 1.449.193/CE pela defesa do paciente,
formulou-se o Pedido de Tutela Provisória nº 38, requerendo a concessão de liminar para atribuir efeito
suspensivo ao recurso especial anteriormente mencionado. Em decisão monocrática, o Ministro FÉLIX
FISCHER deferiu a liminar, para "sustar o início da execução provisória da pena até ulterior julgamento
final do presente pedido de tutela antecipada ".

Disto decorre, a meu ver, a impossibilidade de execução provisória da pena, até que se ultime o momento
determinado na decisão liminar proferida na superior instância. Perceba-se que o Ministro foi muito claro,
não sustando até deliberação posterior dele próprio, monocraticamente, ou do colegiado a que vinculado,
mas até o julgamento final, que ainda não houve, até a presente data.

Como mencionado, a decisão do Supremo Tribunal Federal, ao retomar o entendimento da possibilidade


de início da execução provisória antes do trânsito em julgado, busca harmonizar o teor do art. 283 do CPP
com a regra geral de efeito meramente devolutivo dos recursos excepcionais. Entretanto, uma vez
concedido o efeito suspensivo a tais recursos, é a essa determinação que se deve atentar, para não se
incorrer em violação à garantia processual deferida.

Consultando o sítio do STJ, constato que o próprio Ministro Relator prolatou, mais adiante, nova decisão
monocrática, em que reputou prejudicado o pedido de tutela provisória, em razão do julgamento do
próprio Recurso Especial, sendo interposto agravo regimental, que também já foi apreciado pelo
colegiado. Acontece que não há registro do trânsito em julgado deste pronunciamento judicial, motivo
pelo qual ainda não existe, até o presente momento, o "julgamento final", a que se refere a decisão que
deferiu, liminarmente, a aludida tutela provisória.

Penso que é da competência do Ministro Relator, e não, deste Tribunal Regional Federal, a atribuição do
efeito suspensivo e, consequentemente, a fixação das condições em que ele está sendo atribuído, o que
abrange, por certo, a definição do seu alcance temporal. Logo, resta aguardar o termo ad quem definido
no âmbito do Superior Tribunal de Justiça. Até o momento, não se sabem os desdobramentos que terão as
decisões tomadas naquela Corte, seja no que diz respeito ao Recurso Especial, seja no que se refere à
tutela provisória, que poderão ter implicações quanto ao aludido efeito suspensivo.

Atento, portanto, à peculiaridade deste caso concreto, consistente no efeito suspensivo concedido ao
Recurso Especial nº 1.449.193/CE, CONCEDO, PARCIALMENTE, A ORDEM, para, em observância ao
teor da liminar anteriormente deferida pelo Relator, no Superior Tribunal de Justiça, suspender a
execução provisória da pena imposta ao paciente até o julgamento final do Pedido de Tutela Provisória nº
38, ali em tramitação, com a extensão da ordem aos corréus Ielton Barreto de Oliveira, Geraldo de Lima
Gadelha Filho e Jerônimo Alves Bezerra.

É como voto.

PROCESSO Nº: 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS


IMPETRANTE: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
PACIENTE: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS

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ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho e outro
IMPETRADO: JUÍZO DA 12ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
RELATOR(A): Desembargador(a) Federal Francisco Roberto Machado - 1ª Turma

EMENTA. PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS . EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA


PENA (STF - HC nº 126292, ADC Nº 43, ADC Nº 44, ARE Nº 964.246). REFORMATIO IN PEJUS .
NORMA ENDÓCRINA. RECURSO ESPECIAL. CONCESSÃO DE TUTELA PROVISÓRIA PELO
STJ. CONCESSÃO PARCIAL DA ORDEM. CORRÉUS NÃO IMPETRANTES. EXTENSÃO DA
ORDEM (ART. 580 DO CPP). POSSIBILIDADE.

1. Habeas Corpus impetrado em favor de FDQ, apontando como ilegal decisão do Juízo da 12ª Vara
Federal do Ceará, que determinou a Execução Provisória da pena imposta ao paciente na Ação Penal nº
0012628-43.2010.4.05.8100 ( 9 anos e 2 meses de reclusão, além de 250 dias-multa, pela prática do
crime previsto no art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/86 ), ainda pendente de julgamento de recurso no STJ (EDcl
no AgRg no REsp 1.449.193-CE).

2. Cinge-se a controvérsia acerca da possibilidade de executar provisoriamente condenação penal


confirmada em segunda instância, quando há comando sentencial, não alterado neste Tribunal, que,
segundo os impetrantes, obsta a execução antes do trânsito em julgado da sentença.

3. Inobstante os argumentos lançados na impetração, bem como as possíveis divergências, nesta Primeira
Turma, quanto à possibilidade de execução provisória da pena, em face da existência de norma endócrina
que condiciona a execução ao trânsito em julgado da sentença condenatória, deve-se atentar para as
circunstâncias específicas do caso. Nesse sentido, verifica-se que, após a interposição do Recurso
Especial nº 1.449.193/CE pela própria defesa do paciente, formulou-se o Pedido de Tutela Provisória nº
38, requerendo a concessão de liminar para atribuir efeito suspensivo ao apelo extremo. Em decisão
monocrática, o eminente Relator, Min. FÉLIX FISCHER, deferiu a liminar, para " sustar o início da
execução provisória da pena até ulterior julgamento final do presente pedido de tutela antecipada ".

4. Portanto, é da competência do Ministro Relator no STJ, não deste TRF5, a atribuição do efeito
suspensivo e, consequentemente, a fixação das condições em que tal efeito foi atribuído ao recurso, o que
abrange, por certo, a definição do seu alcance temporal. Logo, resta aguardar o termo ad quem definido
no âmbito do próprio STJ.

5. Ainda que o Habeas Corpus não se trate de recurso, a aplicação do disposto no art. 580 do CPP, a fim
de garantir a extensão da ordem do remédio heroico, é plenamente cabível, a teor da jurisprudência do
STJ. No caso concreto, como se está elencando, para fins de concessão da ordem, apenas elementos
eminentemente objetivos, resta evidenciada situação análoga em relação a IBO, GLGF e JAB, todos
também condenados nos autos da Ação Penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100.

6. Ordem parcialmente concedida, para suspender a execução provisória da pena imposta ao paciente até
o julgamento final, pelo STJ, do Pedido de Tutela Provisória nº 38 no REsp nº 1.449.193/CE, com a
extensão da ordem aos corréus IBO, GLGF e JAB.

PROCESSO Nº: 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS


IMPETRANTE: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
PACIENTE: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho e outro
IMPETRADO: JUÍZO DA 12ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
RELATOR(A): Desembargador(a) Federal Francisco Roberto Machado - 1ª Turma

7/8
ACÓRDÃO

Vistos e relatados os presentes autos, DECIDE a Primeira Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª
Região, por unanimidade, conceder parcialmente a ordem de Habeas Corpus , para suspender a execução
provisória da pena imposta ao paciente até o julgamento final, pelo STJ, do Pedido de Tutela Provisória nº
38 no REsp nº 1.449.193/CE, com a extensão da ordem aos corréus IBO, GLGF e JAB, nos termos do
relatório e voto anexos, que passam a integrar o presente julgamento.

Recife, 28 de junho de 2018. (Data do julgamento)

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
FRANCISCO ROBERTO MACHADO - Magistrado
18071013280784200000011643857
Data e hora da assinatura: 17/07/2018 12:57:10
Identificador: 4050000.11663416
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 8/8
PROCESSO Nº: 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
IMPETRANTE: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
PACIENTE: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho e outro
IMPETRADO: JUÍZO DA 12ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
RELATOR(A): Desembargador(a) Federal Francisco Roberto Machado - 1ª Turma

RELATÓRIO

O DESEMBARGADOR FEDERAL ROBERTO MACHADO (Relator): Trata-se de Habeas Corpus


impetrado em favor de FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS, apontando como ilegal decisão do
Juízo da 12ª Vara Federal do Ceará, que determinou a Execução Provisória da pena imposta ao paciente
na Ação Penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100 ( 9 anos e 2 meses de reclusão, além de 250 dias-multa,
pela prática do crime previsto no art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/86 ), ainda pendente de julgamento de
recurso no STJ (EDcl no AgRg no REsp 1.449.193-CE)

Os impetrantes alegam: 1) na Ação Penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100, em razão da prática do crime


previsto no art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/86, o paciente foi condenado a 9 (nove) anos e dois 2 (dois) meses
de reclusão, a ser cumprida inicialmente em regime fechado, mais multa; 2) ainda pendente de julgamento
o Recurso Especial REsp 1.449.193-CE, no STJ, interposto pela defesa; 3) o pedido de execução
provisória da pena privativa de liberdade, formulado pelo MPF, viola o princípio do non reformatio in
pejus e a garantia da segurança jurídica, porque a acusação não recorreu da parte da sentença que
condicionou a execução ao trânsito em julgado da decisão condenatória; 4) o que se discute, neste
momento processual, em nada se relaciona com a (in)constitucionalidade da execução provisória da pena;
5) as providências finais, as quais integram a parte dispositiva da sentença, estão acobertadas pelo manto
da coisa julgada; 6) o STF vem condicionando o recolhimento à prisão ao trânsito em julgado para ambas
as partes, nos casos em que assim previsto no título executivo, sem que isso ofenda o entendimento
daquela Suprema Corte no sentido da possibilidade de execução provisória da pena privativa de liberdade
(id. 10536626, fls. 03/12).

Deferi o pedido liminar, determinando a suspensão da Execução Provisória da Pena nº


0805802-55.2016.4.05.8100, até julgamento final deste writ (id. 10537072, fls. 368/369).

A autoridade coatora prestou as informações de estilo (id. 3421061, fls, 1.597/1.599).

Depois, deferi o pedido de extensão da liminar para os corréus IELTON BARRETO DE OLIVEIRA,
GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO e JERÔNIMO ALVES BEZERRA, com a consequente
suspensão das Execuções Provisórias n os 0805810-32.2016.4.05.8100, 0805805-10.2016.4.05.8100 e
0805812-02.2016.4.05.8100, também até o final do julgamento deste writ (id. 10546963, fl. 1.600).

Ouvido, o MPF se manifestou, preliminarmente, pelo reconhecimento da prevenção do Desembargador


Federal Carlos Rebêlo Júnior para relatar o presente Habeas Corpus e, no mérito, pela denegação da
ordem (id. 10788156, fls. 1.622/1.629).

Os impetrantes requereram a manutenção da competência do Desembargador Federal Roberto Machado,


integrante da Primeira Turma deste Tribunal, em respeito à regra do art. 61, § 5º, do Regimento Interno
(id. 19844801, fls. 1.644/1.650).

Em novo parecer, o MPF retificou a manifestação anterior, no tocante à preliminar suscitada, afastando-a,
mas ratificou suas razões de mérito (id. 11003081, fls. 1.654/1.655).

É o relatório.

1/8
PROCESSO Nº: 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
IMPETRANTE: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
PACIENTE: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho e outro
IMPETRADO: JUÍZO DA 12ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
RELATOR(A): Desembargador(a) Federal Francisco Roberto Machado - 1ª Turma

VOTO

O DESEMBARGADOR FEDERAL ROBERTO MACHADO (Relator): Inicialmente, firmo a


competência desta Primeira Turma para processar e julgar este Habeas Corpus , porque, apesar de a
Apelação Criminal nº 9.363-CE (Ação Penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100) ter sido apreciada pela
Terceira Turma ( Relator: Desembargador Federal Marcelo Navarro ), sua composição foi
completamente alterada, não remanescendo nenhum dos Desembargadores que participaram do
julgamento do recurso (art. 61, § 5º, do RITRF5 [1] ).

No mérito, cinge-se a controvérsia acerca da possibilidade de executar provisoriamente uma condenação


penal confirmada em segunda instância, quando há um comando sentencial, não alterado neste Tribunal,
que, segundo os impetrantes, obsta a execução antes do trânsito em julgado da sentença.

Sobre a questão, penso que, conforme precedentes do STF [2] , havendo capítulo na sentença que vincule
a execução da pena ao trânsito em julgado da decisão condenatória, como uma garantia erigida em favor
do status libertatis do réu, não modificada por recurso da acusação, a norma endócrina do julgado deve
prevalecer sobre o entendimento firmado pelo Pretório Excelso no HC 126.292/SP [3] , nas Medidas
Cautelares nas ADC's 43 e 44 [4] e no ARE 964.246/SP [5] ( os quais admitiram a possibilidade de
execução provisória da pena após condenação em segunda instância, diante da ausência de efeito
suspensivo dos recursos extremos ). Do contrário, estar-se-ia violando o postulado que veda a reformatio
in pejus (art. 617 do CPP).

No caso concreto, restou consignado na sentença condenatória, proferida pelo Juízo da 11ª Vara Federal
do Ceará, in verbis (fl. 503):

" 90. Determino, ainda, imediatamente após o trânsito em julgado desta sentença, a remessa dos autos à Vara Federal
competente para a execução da pena aqui aplicada."

A Terceira Turma deste Tribunal, apreciando as Apelações interpostas pelos réus FRANCISO
DEUSMAR DE QUEIRÓS, GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE
OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES BEZERRA (ACR 9.363-CE), não alterou esta parte da sentença (fls.
507/523).

Portanto, a teor do item 90 da sentença ( em nenhum momento atacado pela acusação ), a condenação só
poderá ser executada após o seu trânsito em julgado, o que é diferente, por óbvio, do julgamento em
segundo grau de jurisdição. Desse modo, em respeito à coisa julgada, deve-se garantir ao paciente o
direito de aguardar em liberdade a conclusão do processo.

Neste contexto, mostra-se ilegal a decisão do Juízo da 12ª Vara Federal do Ceará que determinou o
prosseguimento da Execução Provisória nº 0805802-55.2016.4.05.8100.

Prossigo.

O art. 580 do CPP prevê que, no concurso de agentes, a decisão do recurso interposto por um dos réus, se
fundado em motivos que não sejam de caráter exclusivamente pessoal, aproveitará aos outros.

2/8
Ainda que o Habeas Corpus não se trate de recurso, a aplicação do disposto no art. 580 do CPP, a fim de
garantir a extensão da ordem do remédio heroico, é plenamente cabível, a teor da jurisprudência do STJ
[6] .

No caso concreto, entendi que o comando sentencial condenatório (no qual constou, expressamente: "
determino, ainda, imediatamente após o trânsito em julgado desta sentença, a remessa dos autos à Vara
Federal competente para a execução da pena aqui aplicada ") constitui garantia erigida em favor do
status libertatis do réu, devendo prevalecer sobre o entendimento firmado pelo STF a favor da execução
antecipada da pena.

Desse modo, como se está elencando, para fins de concessão da ordem, apenas elementos eminentemente
objetivos, resta evidenciada situação análoga em relação a IELTON BARRETO DE OLIVEIRA,
GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO e JERÔNIMO ALVES BEZERRA, todos também
condenados nos autos da Ação Penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100 ( cada um a 5 anos de reclusão e
multa, pela prática do crime do art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/86, pendente de julgamento de recurso no STJ
), porque inexiste qualquer peculiaridade que diferencie a situação deles da do paciente FRANCISCO
DEUSMAR DE QUEIRÓS.

Assim, concedo a ordem de Habeas Corpus , determinando-se a extinção da Execução Provisória nº


0805802-55.2016.4.05.8100, proposta contra FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS , com
extensão da ordem a IELTON BARRETO DE OLIVEIRA, GERALDO DE LIMA GADELHA
FILHO e JERÔNIMO ALVES BEZERRA, com a consequente extinção das Execuções Provisórias
n os 0805810-32.2016.4.05.8100, 0805805-10.2016.4.05.8100 e 0805812-02.2016.4.05.8100 .

É como voto.

[1] Art. 61. O Relator que primeiro conhecer de um processo, ou de qualquer incidente ou recurso, ficará
prevento para todos os recursos posteriores e seus novos incidentes. [...]

§ 5º Cessará a prevenção se da Turma não fizer parte nenhum dos Desembargadores Federais que
funcionaram em julgamento anterior.

[2] HC 152974 MC, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, julgado em 01/03/2018, publicado em
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-042 DIVULG 05/03/2018 PUBLIC 06/03/2018; HC 140217,
Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, julgado em 14/11/2017, publicado em PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-261 DIVULG 16/11/2017 PUBLIC 17/11/2017.

[3] HC 126292, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado em 17/02/2016,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-100 DIVULG 16-05-2016 PUBLIC 17-05-2016.

[4] ADC 43 MC e ADC 44 MC, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: Min.
EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em 05/10/2016, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-043
DIVULG 06-03-2018 PUBLIC 07-03-2018.

[5] ARE 964246 RG, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, julgado em 10/11/2016, PROCESSO
ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-251 DIVULG 24-11-2016 PUBLIC
25-11-2016.

[6] HC 445.607/PR, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado
em 22/05/2018, DJe 30/05/2018.

3/8
PROCESSO Nº 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
IMPETRANTE: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
PACIENTE: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho e outro
IMPETRADO: JUÍZO DA 12ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
RELATOR(A): Desembargador(a) Federal Francisco Roberto Machado - 1ª Turma

VOTO - VISTA

Trata-se de habeas corpus impetrado em favor de FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS, com o fito
de ser suspensa a execução provisória da pena de 9 (nove) anos e 2 (dois) meses de reclusão, em regime
inicialmente fechado, imposta ao referido paciente, nos autos da Ação Penal nº 0012628.43.2010.
4.05.8100.

Em sede de liminar, o eminente Relator concedeu a ordem, determinando a suspensão dos procedimentos
de execução provisória até o julgamento do presente writ , por vislumbrar a presença de garantia erigida
em favor do status libertatis do paciente, a impedir o início da execução antes do trânsito em julgado da
sentença.

Da mesma forma, ao julgar o mérito, o Relator entendeu que a presença de capítulo na sentença,
vinculando a execução da pena ao trânsito em julgado da decisão condenatória configura verdadeira
garantia em favor do status libertatis do réu, a impedir a determinação de execução provisória antes do
referido trânsito.

Peço vênia para discordar do eminente relator no que pertine ao fundamento da concessão da ordem.

De fato, consta da sentença a assertiva com o seguinte conteúdo: "Determino, ainda, imediatamente após
o trânsito em julgado desta sentença, a remessa dos autos à Vara Federal competente para a execução da
pena aqui aplicada". Em caso semelhante, quando do julgamento do HC nº 6352, de minha relatoria,
entendi também pela impossibilidade de execução provisória por constar, na sentença, comando
específico, condicionando a remessa ao juízo da execução ao trânsito em julgado da decisão condenatória.

Analisando melhor as recentes decisões do Supremo Tribunal Federal, especificamente os julgamentos do


HC nº 126292, das medidas cautelares na ADC nº 43 e na ADC nº 44 e do ARE nº 964.246 (julgado sob a
sistemática da repercussão geral), revi meu posicionamento, para deixar de vislumbrar aquele tipo de
comando como fundamento, por si só, capaz de impedir a execução provisória (e não, definitiva) da pena,
quando do julgamento final dos recursos em segunda instância.

É que, a partir daqueles precedentes, o Supremo Tribunal Federal retomou a orientação antes
predominante na Corte, para autorizar a prisão após a condenação em segundo grau, ainda que sujeito o
acórdão a recursos especial e extraordinário, por entender que esse início da execução provisória não
compromete o princípio constitucional da presunção de inocência, afirmado no art. 5º, inciso LVII, da CF.

Essa orientação tenta harmonizar a previsão do art. 283 do CPP, cuja dicção prevê a prisão "em
decorrência de sentença condenatória transitada em julgado", com os dispositivos que, ao regularem os
recursos excepcionais, preveem efeitos tão somente devolutivos, mesmo no âmbito criminal.

Destarte, a meu ver, a eventual menção em sentença da possibilidade de o réu recorrer em liberdade ou o
fato de se referir ao trânsito em julgado como o momento da remessa dos autos ao juízo da execução não
inviabiliza, em regra, a execução provisória, a partir do encerramento da jurisdição das instâncias
ordinárias, pois tal comando não equivale à concessão de efeito suspensivo aos recursos especial e
extraordinário. Ao Juízo de primeiro grau é possível, tão somente, assegurar a prerrogativa de o réu apelar
em liberdade, o que já foi garantido no caso concreto.

4/8
Aliás, nesse sentido, o Superior Tribunal de Justiça tem afastado as alegações de reformatio in pejus , em
situações análogas, pois a prisão decorrente do encerramento da jurisdição ordinária prescinde da análise
dos requisitos do art. 312 do CP. In verbis:

"AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA


PENA. INEXISTÊNCIA DE REFORMATIO IN PEJUS . AUSÊNCIA DE RECURSO COM
EFEITO SUSPENSIVO. IMPOSIÇÃO DE REGIME INICIAL FECHADO.
FUNDAMENTADO. SANÇÃO FINAL SUPERIOR A 4 ANOS. PENA-BASE ACIMA DO
MÍNIMO. AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE FLAGRANTE. AGRAVO REGIMENTAL
IMPROVIDO.

1. De acordo com a jurisprudência deste Tribunal Superior, a simples interposição de


recursos especial e/ou extraordinário, sem a concessão de efeito suspensivo, não obsta a
execução provisória da pena privativa de liberdade. Precedentes.

2. É possível a execução provisória da pena, ainda que concedido na sentença condenatória,


ou mesmo no acórdão que julgou o recurso de apelação, o direito de recorrer em liberdade até
o trânsito em julgado da condenação, sem que isso caracterize violação a coisa julgada ou
reformatio in pejus .

3. Não se vislumbra a ocorrência de flagrante ilegalidade na imposição de regime inicial


fechado, nos casos em que a sanção final é superior a 4 anos de reclusão, e a pena-base foi
fixada acima do mínimo legal, nos termos do art. 33, § 3º, do CP.

4. Agravo regimental improvido."

(AgRg no Habeas Corpus nº 421.323 - PR - 2017/0272673-1)

"PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA. SÚMULA 182/STJ.
AGRAVO REGIMENTAL NÃO CONHECIDO. EXECUÇÃO PROVISÓRIA DEFERIDA.

1. É inviável o agravo regimental ou interno que deixa de atacar especificamente todos os


fundamentos da decisão agravada, consoante o disposto no art. 1.021, § 1º, do CPC e na
Súmula 182 do STJ. Precedentes.

2. A execução provisória da pena não caracteriza violação à coisa julgada ou reformatio in


pejus , ainda que concedido o direito de recorrer em liberdade até o trânsito em julgado da
sentença condenatória.

3. Agravo regimental não conhecido e deferida a execução provisória da pena."

(AgRg no Agravo em Recurso Especial nº 830.983 - SP)

Tenho, até, dúvida sobre a natureza decisória da parte da sentença que se refere à remessa dos autos da
ação penal ao Juízo das Execuções, após o trânsito em julgado. Em tese, é possível enquadrá-la como
despacho de mero expediente, sob o ponto de vista material, ou, mesmo, como ato ordinatório, por
constituir consequência inexorável da condenação definitiva, como também o é o lançamento no rol de
culpados.

Registre-se que, a toda evidência, esta alusão ao envio dos autos diz respeito à execução definitiva, que se
dá nos próprios autos da Ação Penal, e não, à execução provisória, que acontece em autos apartados e tem
outros pressupostos.

Por outro lado, não me parece razoável supor que esta frase isolada da sentença traduz o propósito de
permitir postergar a execução, alcançando etapas futuras em que o feito se encontrará fora dos limites da

5/8
competência do magistrado de primeira instância. Seria, praticamente, uma "usurpação" da competência
dos Ministros Relatores do Recurso Especial e do Recurso Extraordinário, a quem incumbe atribuir efeito
suspensivo aos mesmos, que, em essência, é excepcional. O julgador de primeiro grau estaria deferindo,
por antecipação, o referido efeito suspensivo a eventuais recursos especial e extraordinário a serem
interpostos, o que não se sustenta, no sistema jurídico brasileiro.

Deixo, portanto, de acompanhar a fundamentação do eminente relator para a concessão da ordem. No


entanto, entendo que a hipótese é de se manter a suspensão da execução, por fundamentação diversa e
com termo ad quem distinto.

É que, neste caso, após a impetração do Recurso Especial nº 1.449.193/CE pela defesa do paciente,
formulou-se o Pedido de Tutela Provisória nº 38, requerendo a concessão de liminar para atribuir efeito
suspensivo ao recurso especial anteriormente mencionado. Em decisão monocrática, o Ministro FÉLIX
FISCHER deferiu a liminar, para "sustar o início da execução provisória da pena até ulterior julgamento
final do presente pedido de tutela antecipada ".

Disto decorre, a meu ver, a impossibilidade de execução provisória da pena, até que se ultime o momento
determinado na decisão liminar proferida na superior instância. Perceba-se que o Ministro foi muito claro,
não sustando até deliberação posterior dele próprio, monocraticamente, ou do colegiado a que vinculado,
mas até o julgamento final, que ainda não houve, até a presente data.

Como mencionado, a decisão do Supremo Tribunal Federal, ao retomar o entendimento da possibilidade


de início da execução provisória antes do trânsito em julgado, busca harmonizar o teor do art. 283 do CPP
com a regra geral de efeito meramente devolutivo dos recursos excepcionais. Entretanto, uma vez
concedido o efeito suspensivo a tais recursos, é a essa determinação que se deve atentar, para não se
incorrer em violação à garantia processual deferida.

Consultando o sítio do STJ, constato que o próprio Ministro Relator prolatou, mais adiante, nova decisão
monocrática, em que reputou prejudicado o pedido de tutela provisória, em razão do julgamento do
próprio Recurso Especial, sendo interposto agravo regimental, que também já foi apreciado pelo
colegiado. Acontece que não há registro do trânsito em julgado deste pronunciamento judicial, motivo
pelo qual ainda não existe, até o presente momento, o "julgamento final", a que se refere a decisão que
deferiu, liminarmente, a aludida tutela provisória.

Penso que é da competência do Ministro Relator, e não, deste Tribunal Regional Federal, a atribuição do
efeito suspensivo e, consequentemente, a fixação das condições em que ele está sendo atribuído, o que
abrange, por certo, a definição do seu alcance temporal. Logo, resta aguardar o termo ad quem definido
no âmbito do Superior Tribunal de Justiça. Até o momento, não se sabem os desdobramentos que terão as
decisões tomadas naquela Corte, seja no que diz respeito ao Recurso Especial, seja no que se refere à
tutela provisória, que poderão ter implicações quanto ao aludido efeito suspensivo.

Atento, portanto, à peculiaridade deste caso concreto, consistente no efeito suspensivo concedido ao
Recurso Especial nº 1.449.193/CE, CONCEDO, PARCIALMENTE, A ORDEM, para, em observância ao
teor da liminar anteriormente deferida pelo Relator, no Superior Tribunal de Justiça, suspender a
execução provisória da pena imposta ao paciente até o julgamento final do Pedido de Tutela Provisória nº
38, ali em tramitação, com a extensão da ordem aos corréus Ielton Barreto de Oliveira, Geraldo de Lima
Gadelha Filho e Jerônimo Alves Bezerra.

É como voto.

PROCESSO Nº: 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS


IMPETRANTE: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
PACIENTE: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS

6/8
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho e outro
IMPETRADO: JUÍZO DA 12ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
RELATOR(A): Desembargador(a) Federal Francisco Roberto Machado - 1ª Turma

EMENTA. PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS . EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA


PENA (STF - HC nº 126292, ADC Nº 43, ADC Nº 44, ARE Nº 964.246). REFORMATIO IN PEJUS .
NORMA ENDÓCRINA. RECURSO ESPECIAL. CONCESSÃO DE TUTELA PROVISÓRIA PELO
STJ. CONCESSÃO PARCIAL DA ORDEM. CORRÉUS NÃO IMPETRANTES. EXTENSÃO DA
ORDEM (ART. 580 DO CPP). POSSIBILIDADE.

1. Habeas Corpus impetrado em favor de FDQ, apontando como ilegal decisão do Juízo da 12ª Vara
Federal do Ceará, que determinou a Execução Provisória da pena imposta ao paciente na Ação Penal nº
0012628-43.2010.4.05.8100 ( 9 anos e 2 meses de reclusão, além de 250 dias-multa, pela prática do
crime previsto no art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/86 ), ainda pendente de julgamento de recurso no STJ (EDcl
no AgRg no REsp 1.449.193-CE).

2. Cinge-se a controvérsia acerca da possibilidade de executar provisoriamente condenação penal


confirmada em segunda instância, quando há comando sentencial, não alterado neste Tribunal, que,
segundo os impetrantes, obsta a execução antes do trânsito em julgado da sentença.

3. Inobstante os argumentos lançados na impetração, bem como as possíveis divergências, nesta Primeira
Turma, quanto à possibilidade de execução provisória da pena, em face da existência de norma endócrina
que condiciona a execução ao trânsito em julgado da sentença condenatória, deve-se atentar para as
circunstâncias específicas do caso. Nesse sentido, verifica-se que, após a interposição do Recurso
Especial nº 1.449.193/CE pela própria defesa do paciente, formulou-se o Pedido de Tutela Provisória nº
38, requerendo a concessão de liminar para atribuir efeito suspensivo ao apelo extremo. Em decisão
monocrática, o eminente Relator, Min. FÉLIX FISCHER, deferiu a liminar, para " sustar o início da
execução provisória da pena até ulterior julgamento final do presente pedido de tutela antecipada ".

4. Portanto, é da competência do Ministro Relator no STJ, não deste TRF5, a atribuição do efeito
suspensivo e, consequentemente, a fixação das condições em que tal efeito foi atribuído ao recurso, o que
abrange, por certo, a definição do seu alcance temporal. Logo, resta aguardar o termo ad quem definido
no âmbito do próprio STJ.

5. Ainda que o Habeas Corpus não se trate de recurso, a aplicação do disposto no art. 580 do CPP, a fim
de garantir a extensão da ordem do remédio heroico, é plenamente cabível, a teor da jurisprudência do
STJ. No caso concreto, como se está elencando, para fins de concessão da ordem, apenas elementos
eminentemente objetivos, resta evidenciada situação análoga em relação a IBO, GLGF e JAB, todos
também condenados nos autos da Ação Penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100.

6. Ordem parcialmente concedida, para suspender a execução provisória da pena imposta ao paciente até
o julgamento final, pelo STJ, do Pedido de Tutela Provisória nº 38 no REsp nº 1.449.193/CE, com a
extensão da ordem aos corréus IBO, GLGF e JAB.

PROCESSO Nº: 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS


IMPETRANTE: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
PACIENTE: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho e outro
IMPETRADO: JUÍZO DA 12ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
RELATOR(A): Desembargador(a) Federal Francisco Roberto Machado - 1ª Turma

7/8
ACÓRDÃO

Vistos e relatados os presentes autos, DECIDE a Primeira Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª
Região, por unanimidade, conceder parcialmente a ordem de Habeas Corpus , para suspender a execução
provisória da pena imposta ao paciente até o julgamento final, pelo STJ, do Pedido de Tutela Provisória nº
38 no REsp nº 1.449.193/CE, com a extensão da ordem aos corréus IBO, GLGF e JAB, nos termos do
relatório e voto anexos, que passam a integrar o presente julgamento.

Recife, 28 de junho de 2018. (Data do julgamento)

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
FRANCISCO ROBERTO MACHADO - Magistrado
18071013281181700000011643859
Data e hora da assinatura: 17/07/2018 12:57:10
Identificador: 4050000.11663418
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 8/8
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
PROCESSO: 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
Gab 5 - Des. ROBERTO MACHADO - 1ª Turma
RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL FRANCISCO ROBERTO MACHADO

Polo ativo Polo passivo


Marcelo Leal de Lima Oliveira IMPETRANTE JUÍZO DA 12ª VARA
FRANCISCO DEUSMAR DE FEDERAL DA SEÇÃO IMPETRADO
PACIENTE JUDICIÁRIA DO CEARÁ
QUEIROS
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira

Outros participantes
MINISTÉRIO PÚBLICO CUSTOS
FEDERAL LEGIS

CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 17/07/2018 14:09, o(a) Sr(a) FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS foi
intimado(a) acerca de Inteiro Teor do Acórdão registrado em 17/07/2018 12:57 nos autos judiciais
eletrônicos especificados na epígrafe.

1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 18071013281181700000011643859 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 17/07/2018 14:09 - Tribunal Regional Federal 5ª Região.

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Data e hora da inclusão: 17/07/2018 14:09:49
Identificador: 4050000.11728545

1/1
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
PROCESSO: 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
Gab 5 - Des. ROBERTO MACHADO - 1ª Turma
RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL FRANCISCO ROBERTO MACHADO

Polo ativo Polo passivo


Marcelo Leal de Lima Oliveira IMPETRANTE JUÍZO DA 12ª VARA
FRANCISCO DEUSMAR DE FEDERAL DA SEÇÃO IMPETRADO
PACIENTE JUDICIÁRIA DO CEARÁ
QUEIROS
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira

Outros participantes
MINISTÉRIO PÚBLICO CUSTOS
FEDERAL LEGIS

CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 17/07/2018 14:44, o(a) Sr(a) Marcelo Leal de Lima Oliveira foi intimado(a) acerca
de Inteiro Teor do Acórdão registrado em 17/07/2018 12:57 nos autos judiciais eletrônicos especificados
na epígrafe.

1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 18071013281181700000011643859 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 17/07/2018 14:44 - Tribunal Regional Federal 5ª Região.

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Data e hora da inclusão: 17/07/2018 14:44:39
Identificador: 4050000.11729150

1/1
EXCELENTÍSSIMO DESEMBARGADOR FEDERAL ROBERTO MACHADO

DD. RELATOR DO HABEAS CORPUS Nº 0802530-35.2018.4.05.0000

MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA , Impetrante do presente habeas corpus,


por si, advogados substabelecidos, CESAR ASFOR ROCHA, CAIO CESAR ROCHA, ANASTACIO
MARINHO, TIAGO ASFOR ROCHA e pelos Pacientes FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS,
GERALDO GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES
BEZERRA , todos já qualificados, à presença de Vossa Excelência comparecem para opor

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

em face do acórdão publicado nestes autos, expondo e requerendo o que segue:

I - BREVE HISTÓRICO PROCESSUAL

1. 1. O presente habeas corpus foi impetrado ao argumento de que o ato coator


estaria ferindo a coisa julgada uma vez que a sentença de primeiro grau determinava que a prisão

1/9
1.

dos Pacientes apenas poderia ocorrer após o trânsito em julgado, não havendo o Ministério Público
recorrido desta decisão.

1. 2. O habeas corpus foi parcialmente concedido sustando a possibilidade de


prisão até o trânsito em julgado da Tutela Provisória 38, na qual o Ministro Félix Fisher, relator do
caso no STJ, havia proferido decisão sustando os efeitos da condenação até o trânsito em julgado
daquela medida.

1. 3. Referida decisão, no entanto, padece dos vícios de obscuridade que impede a


exata compreensão da decisão proferida, razão dos presentes aclaratórios.

II - DA DÚVIDA SOBRE O TRÂNSITO EM JULGADO DA TUTELA PROVISÓRIA OU DO


PROCESSO - NECESSÁRIO ACLARAMENTO

1. 4. O voto que capitaneou o entendimento final do acórdão foi proferido pelo


Desembargador ÉLIO WANDERLEY DE SIQUEIRA FILHO.

1. 5. Do referido voto se colhe:

Deixo, portanto, de acompanhar a fundamentação do eminente relator para a concessão da ordem. No


entanto, entendo que a hipótese é de se manter a suspensão da execução, por fundamentação diversa e
com termo ad quem distinto.

É que, neste caso, após a impetração do Recurso Especial nº 1.449.193/CE pela defesa do paciente,
formulou-se o Pedido de Tutela Provisória nº 38, requerendo a concessão de liminar para atribuir efeito
suspensivo ao recurso especial anteriormente mencionado. Em decisão monocrática, o Ministro FÉLIX
FISCHER deferiu a liminar, para "sustar o início da execução provisória da pena até ulterior julgamento
final do presente pedido de tutela antecipada".

Disto decorre, a meu ver, a impossibilidade de execução provisória da pena, até que se ultime o momento
determinado na decisão liminar proferida na superior instância. Perceba-se que o Ministro foi muito
claro, não sustando até deliberação posterior dele próprio, monocraticamente, ou do colegiado a que
vinculado, mas até o julgamento final, que ainda não houve, até a presente data.

Como mencionado, a decisão do Supremo Tribunal Federal, ao retomar o entendimento da possibilidade


de início da execução provisória antes do trânsito em julgado, busca harmonizar o teor do art. 283 do
CPP com a regra geral de efeito meramente devolutivo dos recursos excepcionais. Entretanto, uma vez
concedido o efeito suspensivo a tais recursos, é a essa determinação que se deve atentar, para não se
incorrer em violação à garantia processual deferida.

Consultando o sítio do STJ, constato que o próprio Ministro Relator prolatou, mais adiante, nova decisão
monocrática, em que reputou prejudicado o pedido de tutela provisória, em razão do julgamento do
próprio Recurso Especial, sendo interposto agravo regimental, que também já foi apreciado pelo

2/9
colegiado. Acontece que não há registro do trânsito em julgado deste pronunciamento judicial, motivo
pelo qual ainda não existe, até o presente momento, o "julgamento final", a que se refere a decisão que
deferiu, liminarmente, a aludida tutela provisória.

Penso que é da competência do Ministro Relator, e não, deste Tribunal Regional Federal, a atribuição do
efeito suspensivo e, consequentemente, a fixação das condições em que ele está sendo atribuído, o que
abrange, por certo, a definição do seu alcance temporal. Logo, resta aguardar o termo ad quem definido
no âmbito do Superior Tribunal de Justiça. Até o momento, não se sabem os desdobramentos que terão as
decisões tomadas naquela Corte, seja no que diz respeito ao Recurso Especial, seja no que se refere à
tutela provisória, que poderão ter implicações quanto ao aludido efeito suspensivo.

Atento, portanto, à peculiaridade deste caso concreto, consistente no efeito suspensivo concedido ao
Recurso Especial nº 1.449.193/CE, CONCEDO, PARCIALMENTE, A ORDEM, para, em observância ao
teor da liminar anteriormente deferida pelo Relator, no Superior Tribunal de Justiça, suspender a
execução provisória da pena imposta ao paciente até o julgamento final do Pedido de Tutela Provisória
nº 38, ali em tramitação, com a extensão da ordem aos corréus Ielton Barreto de Oliveira, Geraldo de
Lima Gadelha Filho e Jerônimo Alves Bezerra.

É como voto.

1. 6. Apenas a título de informação, é importante esclarecer que ainda não


ocorreu o trânsito em julgado da Tutela Provisória 38, cujo prazo encontra-se suspenso pelo recesso
dos Tribunais Superiores, tendo a defesa interessem recorrer.

1. 7. A dúvida que ressai do mencionado ponto repousa em saber que o


fundamento para a suspensão do processo envolve tão somente a Tutela Provisória ou o próprio
Recurso Especial e seus consectários.

1. 8. É que a Tutela Provisória, de caráter cautelar, acompanha o destino do


próprio processo.

1. 9. Além disso, foi a plausibilidade do próprio recurso que fundamentou a


concessão da liminar mencionada no voto-vista do Desembargador ÉLIO WANDERLEY
SIQUEIRA.

DA NECESSIDADE DE FUNDAMENTAÇÃO CAUTELAR PARA A EXECUÇÃO


PROVISÓRIA - DO REAL ENTENDIMENTO DO STF ACERCA DA EXECUÇÃO
PROVISÓRIA DA PENA

1. 10. Além da obscuridade acima apontada, a decisão acabou por gerar omissão a
ser esclarecida por meio dos presentes embargos.

3/9
1. 11. É que ao negar a tese principal veiculada no presente habeas corpus,
referente a violação da coisa julgada em face da sentença ser expressa quanto ao cumprimento da
pena apenas após o trânsito em julgado da decisão, o acórdão acabou por reafirmar o entendimento
do Supremo Tribunal Federal. O entendimento da Corte Suprema, no entanto, parece estar sendo
mal compreendido em diversos Tribunais.

1. 12. Com efeito, desde que foi noticiado o julgamento do HC 126.292 pelo
Supremo Tribunal Federal, quando o acórdão ainda não havia sido sequer publicado, começaram a
pulular pelo País diversas decisões determinando a prisão indiscriminada a partir de acórdão
condenatório de segundo grau, como se a Corte Suprema tivesse determinado o cumprimento
provisório da pena sempre que um tribunal decidisse pela condenação, independentemente de
requisitos de cautelaridade.

1. 13. O equívoco, no entanto, é patente.

1. 14. Ao contrário do que parece ter compreendido a decisão atacada, o Supremo


Tribunal Federal não tornou obrigatória ou automática a prisão de réu condenado em
segundo grau . Aliás, o STF não determinou a prisão de ninguém!

1. 15. Na realidade, a decisão proferida pelo STF no julgamento do HC 126.292


nada mais fez do que repristinar o entendimento anterior à histórica decisão proferida no HC 84.078
da Relatoria do Ministro EROS GRAU em 2009, entendendo pela possibilidade de prisão após
decisão de segundo grau, desde que esta decisão fosse devidamente fundamentada .

1. 16. Em outras palavras, o que o Supremo Tribunal Federal afirmou foi a


possibilidade de, após o julgamento de segundo grau, estando presentes elementos suficientes,
possa o Réu ser preso por decisão fundamentada , da mesma forma como se entendia antes do
julgamento do HC 84.078.

1. 17. Trata-se de leitura sistemática da constituição em que, ao mesmo tempo em


que restou mitigado o princípio da inocência previsto no inciso LVII, do art. 5º da Constituição
Federal, ressaltou-se a importância do inciso LXI do mesmo artigo acima citado que expressamente
dispõe que "ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada
de autoridade judiciária competente ".

1. 18. É o que restou expressamente assentado no voto do Ministro BARROSO


proferido no julgamento do HC 126.292:

"14. O pressuposto para a decretação da prisão no direito brasileiro não é o esgotamento de qualquer
possibilidade de recurso em face da decisão condenatória, mas a ordem escrita e fundamentada da

4/9
autoridade judiciária competente, conforme se extrai do art. 5ª, LXI, da Carta de 1988 .

15. Para chegar a essa conclusão, basta uma análise conjunta dos dois preceitos à luz do princípio da
unidade da Constituição. Veja-se que, enquanto o inciso LVII define que "ninguém será considerado
culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória", logo abaixo, o inciso LXI prevê que
"ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade
judiciária competente". Como se sabe, a Constituição é um conjunto orgânico e integrado de normas,
que devem ser interpretadas sistematicamente na sua conexão com todas as demais, e não de forma
isolada. Assim, considerando-se ambos os incisos, é evidente que a Constituição diferencia o regime da
culpabilidade e o da prisão. Tanto isso é verdade que a própria Constituição, em seu art. 5º, LXVI, ao
assentar que "ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória,
com ou sem fiança", admite a prisão antes do trânsito em julgado, a ser excepcionada pela concessão de
um benefício processual (a liberdade provisória).

16. Para fins de privação de liberdade, portanto, exige-se determinação escrita e fundamentada
expedida por autoridade judiciária ."

1. 19. Este era, exatamente, o entendimento do Superior Tribunal de Justiça antes


da primeira mudança de entendimento do STF no julgamento do HC 84.078 em 2009.

1. 20. Com efeito, a Súmula 267 do STJ já dispunha:

"A interposição de recurso sem efeito suspensivo, contra decisão condenatória não obsta a expedição de
mandado de prisão."

1. 21. Não obstante, o entendimento daquela Corte jamais foi o de admitir a prisão
incondicional após a confirmação de condenação criminal em segundo grau, mas sim de admiti-la
quando presentes elementos suficientes a justificar a medida de maneira fundamentada .

1. 22. Aliás, o entendimento corrente sempre foi de que, se o réu esteve em


liberdade ao longo de todo processo, somente fundamentação própria apontando requisitos de
cautelaridade, justificaria que viesse a ser encarcerado após o julgamento da apelação, estando
pendentes Recursos Especial ou Extraordinário.

1. 23. Antes mesmo do julgamento do HC 84.078 em 2009, assim entendia a Corte


Suprema.

1. 24. Com efeito, no julgamento do HC 88.174, ocorrido em 12 de dezembro de


2006, restou assentado:

5/9
"HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTO PARA A PRISÃO
CAUTELAR. EXECUÇÃO ANTECIPADA. INCONSTITUCIONALIDADE. A prisão sem fundamento
cautelar, antes de transitada em julgado a condenação, consubstancia execução antecipada da pena .
Violação do disposto no artigo 5º, inciso LVII da Constituição do Brasil. Ordem concedida." (HC 88174,
Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Relator(a) p/ Acórdão: Min. EROS GRAU, Segunda Turma,
julgado em 12/12/2006, DJe-092 DIVULG 30-08-2007 PUBLIC 31-08-2007 DJ 31-08-2007 PP-00055
EMENT VOL-02287-03 PP-00568 LEXSTF v. 29, n. 345, 2007, p. 458-466)

1. 25. Do mesmo modo, no julgamento do HC 90.895, também desta Corte,


ocorrido em 12 de junho de 2007:

PENAL. HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. SENTENÇA CONDENATÓRIA. RECOLHIMENTO


À PRISÃO PARA APELAR. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO ADEQUADA. MEDIDA
EXCEPCIONAL. ORDEM CONCEDIDA. I - A determinação de prisão cautelar que impede o paciente
de recorrer em liberdade é medida excepcional, devendo ser fundamentada de forma individualizada,
com a explicitação dos motivos que levaram o magistrado a impor a medida extrema. II- Paciente que
respondeu ao processo solto deve, no caso, aguardar o trânsito em julgado em liberdade. III - Ordem
concedida . (HC 90895, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira Turma, julgado em
12/06/2007, DJe-047 DIVULG 28-06-2007 PUBLIC 29-06-2007 DJ 29-06-2007 PP-00059 EMENT
VOL-02282-07 PP-01282)

1. 26. Mesmo o Ministro JOAQUIM BARBOSA, conhecido pelo rigor de suas


opiniões e defensor da mitigação do princípio da inocência, reconhecia a necessidade de
fundamentação concreta para cada caso específico e não a prisão indiscriminada a partir do
julgamento de segundo grau.

1. 27. Foi como decidiu no julgamento do HC 89.952, julgado em 15 de maio de


2007:

"HABEAS CORPUS. AUSÊNCIA DE TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA CONDENATÓRIA.


AGRAVO DE INSTRUMENTO DE DECISÃO QUE NÃO ADMITE RECURSO ESPECIAL PENDENTE.
EXECUÇÃO PROVISÓRIA. ANÁLISE DO CASO CONCRETO. PACIENTE QUE PERMANECEU
SOLTO. RECURSO EXCLUSIVO DA DEFESA. RAZOABILIDADE. ORDEM CONCEDIDA. 1. Até que o
Plenário do Supremo Tribunal Federal decida de modo contrário, prevalece o entendimento de que é
constitucional a execução provisória da pena, ainda que sem o trânsito em julgado e com recurso
especial pendente. 2. Até pronunciamento definitivo da Corte, a análise sobre a existência de
constrangimento ilegal deve ser feita em cada caso concreto. 3. No caso em exame, o paciente
permaneceu solto desde a instrução até o momento, além de possuir residência certa. 4. Decreto de

6/9
prisão que não é razoável no contexto. 5. Ordem concedida.
(HC 89952, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma, julgado em 15/05/2007, DJe-047
DIVULG 28-06-2007 PUBLIC 29-06-2007 DJ 29-06-2007 PP-00144 EMENT VOL-02282-06
PP-01209) "

1. 28. Consta do corpo da mencionada decisão:

"Na hipótese sob julgamento, o paciente permaneceu solto até o momento, tendo sido assegurada tal
condição na sentença condenatória da qual houve recurso exclusivo da defesa.

Assim, em que pese o Recurso Especial não ter sido admitido, conforme extrato processual colhido no
site do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, cuja juntada ora determino, houve interposição
de agravo de instrumento contra tal decisão, ainda não apreciado. Logo, ainda não houve trânsito em
julgado da sentença condenatória.

Diante desse quadro, considerando-se ainda que o paciente tem residência certa, bem como que
permaneceu solto desde a instrução do processo até o presente momento, não se mostra razoável sua
prisão.

Ante o exposto, defiro a ordem para que o paciente aguarde em liberdade o trânsito em julgado da
sentença condenatória, ressalvada a hipótese de estar encarcerado por motivo diverso."

1. 29. Com o julgamento do ARE 964.246, desta feita com repercussão geral, mais
uma vez, o Min. LUÍS ROBERTO BARROSO reafirmou a necessidade de o decreto prisional
apresentar os requisitos de cautelaridade para que a ordem de prisão fosse emitida. Nesse sentido,
colhe-se da ementa de seu voto:

DIREITO CONSTITUCIONAL E PENAL. AGRAVO EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. PRINCÍPIO


DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA OU DA NÃO CULPABILIDADE. EXECUÇÃO DA PENA APÓS
JULGAMENTO DE SEGUNDO GRAU. REPERCUSSÃO GERAL . REAFIRMAÇÃO DE
JURISPRUDÊNCIA .

1. Nos termos das recentes decisões proferidas por este STF no HC 126.292 e nas ADC 43 e 44 MC, a
execução da pena após a decisão condenatória em segundo grau de jurisdição e antes do trânsito em
julgado não ofende o princípio da presunção de inocência ou da não culpabilidade (CF/1988, art. 5º,
LVII).

2. A prisão, neste caso, justifica-se pela conjugação de três fundamentos jurídicos:

(i) a Constituição brasileira não condiciona a prisão - mas sim a culpabilidade - ao trânsito em julgado
da sentença penal condenatória. O pressuposto para a privação de liberdade é a ordem escrita e
fundamentada da autoridade judiciária competente, e não sua irrecorribilidade. Leitura sistemática dos
incisos LVII e LXI do art. 5º da Carta de 1988;

(ii) a presunção de inocência é princípio (e não regra) e, como tal, pode ser aplicada com maior ou
menor intensidade, quando ponderada com outros princípios ou bens jurídicos constitucionais colidentes.
No caso específico da condenação em segundo grau de jurisdição, na medida em que já houve
demonstração segura da responsabilidade penal do réu e finalizou-se a apreciação de fatos e provas, o
princípio da presunção de inocência adquire menor peso ao ser ponderado com o interesse

7/9
constitucional na efetividade da lei penal para a proteção dos bens jurídicos tutelados pelo direito penal,
como a vida, a segurança e a integridade física e moral das pessoas (CF/1988, arts. 5º, caput e LXXVIII
e 144);

(iii) com o acórdão penal condenatório proferido em grau de apelação esgotam-se as instâncias
ordinárias e a execução da pena passa a constituir, em regra, exigência de ordem pública, necessária
para assegurar a credibilidade do Poder Judiciário e do sistema penal. A mesma lógica se aplica ao
julgamento por órgão colegiado nos casos de foro por prerrogativa.

3. Reconhecimento da repercussão geral da questão constitucional suscitada, com reafirmação da


jurisprudência da Corte sobre a matéria. Fixação da seguinte tese: "A execução de decisão penal
condenatória proferida em segundo grau de jurisdição, ainda que sujeita a recurso especial ou
extraordinário, não viola o princípio constitucional da presunção de inocência ou não culpabilidade".
Recurso conhecido e provido.

1. 30. Como se vê, mesmo antes da primeira alteração jurisprudencial, a prisão,


após decisão de segundo grau, não era automática, como hoje se pretende, mas sim, dependia da
existência dos requisitos de cautelaridade expostos em ordem fundamentada.

1. 31. No caso em tela, a ordem de prisão foi determinada sem qualquer


fundamento de cautelaridade , baseada apenas e tão somente na crença de que a decisão proferida
nos autos do HC 126.292, determinaria a execução indiscriminada da pena privativa de liberdade
após o julgamento de segundo grau, o que, como visto, não é verdade.

1. 32. Conforme demonstrado, a decisão do STF foi no sentido de repristinar o


entendimento anterior ao HC 84.078 de 2009, devendo ser, igualmente, repristinada a
jurisprudência da época, sob pena de se dar ao entendimento deste Supremo Tribunal Federal
efeitos nunca pretendidos.

III - DO PEDIDO

1. 33. Assim, servem os presentes embargos para requerer seja esclarecido se a


suspensão da execução deve se dar até o trânsito em julgado da Tutela Provisória ou da própria
Ação Penal, com o julgamento final do Recurso Especial e seus consectários.

1. 34. Requer, também, seja esclarecido se a execução provisória da pena deve ter
fundamento cautelar ou aplicação automática, concedendo-se a ordem de habeas corpus em face da
ausência de fundamento de cautelaridade no ato coator atacado.

1. 35. Requer, também, sejam mantidos os efeitos da liminar anteriormente


concedida que sustava a execução provisória da pena até ao menos o julgamento dos presentes

8/9
1.

Embargos.

P. deferimento.

Brasília, 17 de julho de 2018.

Cesar Asfor Rocha Caio Cesar Rocha

OAB/SP 329.034 OAB/CE 15.095

Anastacio Marinho Tiago Asfor Rocha

OAB/CE 8.502 OAB/CE 16.386

Marcelo Leal de Lima Oliveira

OAB/DF 21.932

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado
18071816033841500000011726003
Data e hora da assinatura: 18/07/2018 16:06:36
Identificador: 4050000.11745700
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 9/9
EXCELENTÍSSIMO DESEMBARGADOR FEDERAL ROBERTO MACHADO
DD. RELATOR DO HABEAS CORPUS Nº 0802530-35.2018.4.05.0000

MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA, Impetrante do presente


habeas corpus, por si, advogados substabelecidos, CESAR ASFOR ROCHA,
CAIO CESAR ROCHA, ANASTACIO MARINHO, TIAGO ASFOR ROCHA e
pelos Pacientes FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS, GERALDO
GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES
BEZERRA, todos já qualificados, à presença de Vossa Excelência comparecem
para opor

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

em face do acórdão publicado nestes autos, expondo e requerendo o que segue:

I – BREVE HISTÓRICO PROCESSUAL

1. O presente habeas corpus foi impetrado ao argumento de que o


ato coator estaria ferindo a coisa julgada uma vez que a sentença de primeiro
grau determinava que a prisão dos Pacientes apenas poderia ocorrer após o
trânsito em julgado, não havendo o Ministério Público recorrido desta decisão.

1/11
2. O habeas corpus foi parcialmente concedido sustando a
possibilidade de prisão até o trânsito em julgado da Tutela Provisória 38, na qual
o Ministro Félix Fisher, relator do caso no STJ, havia proferido decisão sustando
os efeitos da condenação até o trânsito em julgado daquela medida.

3. Referida decisão, no entanto, padece dos vícios de obscuridade


que impede a exata compreensão da decisão proferida, razão dos presentes
aclaratórios.

II - DA DÚVIDA SOBRE O TRÂNSITO EM JULGADO DA TUTELA


PROVISÓRIA OU DO PROCESSO – NECESSÁRIO ACLARAMENTO

4. O voto que capitaneou o entendimento final do acórdão foi


proferido pelo Desembargador ÉLIO WANDERLEY DE SIQUEIRA FILHO.

5. Do referido voto se colhe:

Deixo, portanto, de acompanhar a fundamentação do eminente


relator para a concessão da ordem. No entanto, entendo que a
hipótese é de se manter a suspensão da execução, por
fundamentação diversa e com termo ad quem distinto.
É que, neste caso, após a impetração do Recurso Especial nº
1.449.193/CE pela defesa do paciente, formulou-se o Pedido de
Tutela Provisória nº 38, requerendo a concessão de liminar para
atribuir efeito suspensivo ao recurso especial anteriormente
mencionado. Em decisão monocrática, o Ministro FÉLIX
FISCHER deferiu a liminar, para "sustar o início da execução
provisória da pena até ulterior julgamento final do presente
pedido de tutela antecipada".
Disto decorre, a meu ver, a impossibilidade de execução
provisória da pena, até que se ultime o momento determinado
na decisão liminar proferida na superior instância. Perceba-se
que o Ministro foi muito claro, não sustando até deliberação
posterior dele próprio, monocraticamente, ou do colegiado a que
vinculado, mas até o julgamento final, que ainda não houve, até
a presente data.
Como mencionado, a decisão do Supremo Tribunal Federal, ao
retomar o entendimento da possibilidade de início da execução
provisória antes do trânsito em julgado, busca harmonizar o teor
do art. 283 do CPP com a regra geral de efeito meramente

2/11
devolutivo dos recursos excepcionais. Entretanto, uma vez
concedido o efeito suspensivo a tais recursos, é a essa
determinação que se deve atentar, para não se incorrer em
violação à garantia processual deferida.
Consultando o sítio do STJ, constato que o próprio Ministro
Relator prolatou, mais adiante, nova decisão monocrática, em
que reputou prejudicado o pedido de tutela provisória, em razão
do julgamento do próprio Recurso Especial, sendo interposto
agravo regimental, que também já foi apreciado pelo colegiado.
Acontece que não há registro do trânsito em julgado deste
pronunciamento judicial, motivo pelo qual ainda não existe, até
o presente momento, o "julgamento final", a que se refere a
decisão que deferiu, liminarmente, a aludida tutela provisória.
Penso que é da competência do Ministro Relator, e não, deste
Tribunal Regional Federal, a atribuição do efeito suspensivo e,
consequentemente, a fixação das condições em que ele está
sendo atribuído, o que abrange, por certo, a definição do seu
alcance temporal. Logo, resta aguardar o termo ad quem
definido no âmbito do Superior Tribunal de Justiça. Até o
momento, não se sabem os desdobramentos que terão as
decisões tomadas naquela Corte, seja no que diz respeito ao
Recurso Especial, seja no que se refere à tutela provisória, que
poderão ter implicações quanto ao aludido efeito suspensivo.
Atento, portanto, à peculiaridade deste caso concreto,
consistente no efeito suspensivo concedido ao Recurso Especial
nº 1.449.193/CE, CONCEDO, PARCIALMENTE, A ORDEM,
para, em observância ao teor da liminar anteriormente deferida
pelo Relator, no Superior Tribunal de Justiça, suspender a
execução provisória da pena imposta ao paciente até o
julgamento final do Pedido de Tutela Provisória nº 38, ali em
tramitação, com a extensão da ordem aos corréus Ielton Barreto
de Oliveira, Geraldo de Lima Gadelha Filho e Jerônimo Alves
Bezerra.
É como voto.

6. Apenas a título de informação, é importante esclarecer que ainda


não ocorreu o trânsito em julgado da Tutela Provisória 38, cujo prazo encontra-
se suspenso pelo recesso dos Tribunais Superiores, tendo a defesa interessem
recorrer.

7. A dúvida que ressai do mencionado ponto repousa em saber que


o fundamento para a suspensão do processo envolve tão somente a Tutela
Provisória ou o próprio Recurso Especial e seus consectários.

3/11
8. É que a Tutela Provisória, de caráter cautelar, acompanha o
destino do próprio processo.

9. Além disso, foi a plausibilidade do próprio recurso que


fundamentou a concessão da liminar mencionada no voto-vista do
Desembargador ÉLIO WANDERLEY SIQUEIRA.

DA NECESSIDADE DE FUNDAMENTAÇÃO CAUTELAR PARA A


EXECUÇÃO PROVISÓRIA – DO REAL ENTENDIMENTO DO STF ACERCA
DA EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA

10. Além da obscuridade acima apontada, a decisão acabou por


gerar omissão a ser esclarecida por meio dos presentes embargos.

11. É que ao negar a tese principal veiculada no presente habeas


corpus, referente a violação da coisa julgada em face da sentença ser expressa
quanto ao cumprimento da pena apenas após o trânsito em julgado da decisão,
o acórdão acabou por reafirmar o entendimento do Supremo Tribunal Federal. O
entendimento da Corte Suprema, no entanto, parece estar sendo mal
compreendido em diversos Tribunais.

12. Com efeito, desde que foi noticiado o julgamento do HC 126.292


pelo Supremo Tribunal Federal, quando o acórdão ainda não havia sido sequer
publicado, começaram a pulular pelo País diversas decisões determinando a
prisão indiscriminada a partir de acórdão condenatório de segundo grau, como
se a Corte Suprema tivesse determinado o cumprimento provisório da pena
sempre que um tribunal decidisse pela condenação, independentemente de
requisitos de cautelaridade.

13. O equívoco, no entanto, é patente.

14. Ao contrário do que parece ter compreendido a decisão atacada,


o Supremo Tribunal Federal não tornou obrigatória ou automática a prisão

4/11
de réu condenado em segundo grau. Aliás, o STF não determinou a prisão de
ninguém!

15. Na realidade, a decisão proferida pelo STF no julgamento do HC


126.292 nada mais fez do que repristinar o entendimento anterior à histórica
decisão proferida no HC 84.078 da Relatoria do Ministro EROS GRAU em 2009,
entendendo pela possibilidade de prisão após decisão de segundo grau, desde
que esta decisão fosse devidamente fundamentada.

16. Em outras palavras, o que o Supremo Tribunal Federal afirmou


foi a possibilidade de, após o julgamento de segundo grau, estando
presentes elementos suficientes, possa o Réu ser preso por decisão
fundamentada, da mesma forma como se entendia antes do julgamento do HC
84.078.

17. Trata-se de leitura sistemática da constituição em que, ao


mesmo tempo em que restou mitigado o princípio da inocência previsto no inciso
LVII, do art. 5º da Constituição Federal, ressaltou-se a importância do inciso LXI
do mesmo artigo acima citado que expressamente dispõe que “ninguém será
preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de
autoridade judiciária competente”.

18. É o que restou expressamente assentado no voto do Ministro


BARROSO proferido no julgamento do HC 126.292:

“14. O pressuposto para a decretação da prisão no direito


brasileiro não é o esgotamento de qualquer possibilidade de
recurso em face da decisão condenatória, mas a ordem
escrita e fundamentada da autoridade judiciária
competente, conforme se extrai do art. 5ª, LXI, da Carta de
1988 .
15. Para chegar a essa conclusão, basta uma análise conjunta
dos dois preceitos à luz do princípio da unidade da Constituição.
Veja-se que, enquanto o inciso LVII define que “ninguém será
considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal
condenatória”, logo abaixo, o inciso LXI prevê que “ninguém será
preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada de autoridade judiciária competente”. Como se

5/11
sabe, a Constituição é um conjunto orgânico e integrado de
normas, que devem ser interpretadas sistematicamente na sua
conexão com todas as demais, e não de forma isolada. Assim,
considerando-se ambos os incisos, é evidente que a
Constituição diferencia o regime da culpabilidade e o da prisão.
Tanto isso é verdade que a própria Constituição, em seu art. 5º,
LXVI, ao assentar que “ninguém será levado à prisão ou nela
mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem
fiança”, admite a prisão antes do trânsito em julgado, a ser
excepcionada pela concessão de um benefício processual (a
liberdade provisória).
16. Para fins de privação de liberdade, portanto, exige-se
determinação escrita e fundamentada expedida por
autoridade judiciária.”

19. Este era, exatamente, o entendimento do Superior Tribunal de


Justiça antes da primeira mudança de entendimento do STF no julgamento do
HC 84.078 em 2009.

20. Com efeito, a Súmula 267 do STJ já dispunha:

“A interposição de recurso sem efeito suspensivo, contra


decisão condenatória não obsta a expedição de mandado de
prisão.”

21. Não obstante, o entendimento daquela Corte jamais foi o de


admitir a prisão incondicional após a confirmação de condenação criminal em
segundo grau, mas sim de admiti-la quando presentes elementos suficientes
a justificar a medida de maneira fundamentada.

22. Aliás, o entendimento corrente sempre foi de que, se o réu


esteve em liberdade ao longo de todo processo, somente fundamentação própria
apontando requisitos de cautelaridade, justificaria que viesse a ser encarcerado
após o julgamento da apelação, estando pendentes Recursos Especial ou
Extraordinário.

23. Antes mesmo do julgamento do HC 84.078 em 2009, assim


entendia a Corte Suprema.

6/11
24. Com efeito, no julgamento do HC 88.174, ocorrido em 12 de
dezembro de 2006, restou assentado:

“HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. AUSÊNCIA DE


FUNDAMENTO PARA A PRISÃO CAUTELAR. EXECUÇÃO
ANTECIPADA. INCONSTITUCIONALIDADE. A prisão sem
fundamento cautelar, antes de transitada em julgado a
condenação, consubstancia execução antecipada da pena.
Violação do disposto no artigo 5º, inciso LVII da Constituição do
Brasil. Ordem concedida.” (HC 88174, Relator(a):  Min.
JOAQUIM BARBOSA, Relator(a) p/ Acórdão:  Min. EROS
GRAU, Segunda Turma, julgado em 12/12/2006, DJe-092
DIVULG 30-08-2007 PUBLIC 31-08-2007 DJ 31-08-2007 PP-
00055 EMENT VOL-02287-03 PP-00568 LEXSTF v. 29, n. 345,
2007, p. 458-466)

25. Do mesmo modo, no julgamento do HC 90.895, também desta


Corte, ocorrido em 12 de junho de 2007:

PENAL. HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL.


SENTENÇA CONDENATÓRIA. RECOLHIMENTO À PRISÃO
PARA APELAR. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO
ADEQUADA. MEDIDA EXCEPCIONAL. ORDEM CONCEDIDA.
I - A determinação de prisão cautelar que impede o paciente
de recorrer em liberdade é medida excepcional, devendo ser
fundamentada de forma individualizada, com a explicitação
dos motivos que levaram o magistrado a impor a medida
extrema. II- Paciente que respondeu ao processo solto deve,
no caso, aguardar o trânsito em julgado em liberdade. III -
Ordem concedida. (HC 90895, Relator(a):  Min. RICARDO
LEWANDOWSKI, Primeira Turma, julgado em 12/06/2007, DJe-
047 DIVULG 28-06-2007 PUBLIC 29-06-2007 DJ 29-06-2007
PP-00059 EMENT VOL-02282-07 PP-01282)

26. Mesmo o Ministro JOAQUIM BARBOSA, conhecido pelo rigor de


suas opiniões e defensor da mitigação do princípio da inocência, reconhecia a

7/11
necessidade de fundamentação concreta para cada caso específico e não a
prisão indiscriminada a partir do julgamento de segundo grau.

27. Foi como decidiu no julgamento do HC 89.952, julgado em 15 de


maio de 2007:

“HABEAS CORPUS. AUSÊNCIA DE TRÂNSITO EM JULGADO


DA SENTENÇA CONDENATÓRIA. AGRAVO DE
INSTRUMENTO DE DECISÃO QUE NÃO ADMITE RECURSO
ESPECIAL PENDENTE. EXECUÇÃO PROVISÓRIA. ANÁLISE
DO CASO CONCRETO. PACIENTE QUE PERMANECEU
SOLTO. RECURSO EXCLUSIVO DA DEFESA.
RAZOABILIDADE. ORDEM CONCEDIDA. 1. Até que o Plenário
do Supremo Tribunal Federal decida de modo contrário,
prevalece o entendimento de que é constitucional a execução
provisória da pena, ainda que sem o trânsito em julgado e com
recurso especial pendente. 2. Até pronunciamento definitivo da
Corte, a análise sobre a existência de constrangimento ilegal
deve ser feita em cada caso concreto. 3. No caso em exame, o
paciente permaneceu solto desde a instrução até o
momento, além de possuir residência certa. 4. Decreto de
prisão que não é razoável no contexto. 5. Ordem concedida.
(HC 89952, Relator(a):  Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda
Turma, julgado em 15/05/2007, DJe-047 DIVULG 28-06-2007
PUBLIC 29-06-2007 DJ 29-06-2007 PP-00144 EMENT VOL-
02282-06 PP-01209) “

28. Consta do corpo da mencionada decisão:

“Na hipótese sob julgamento, o paciente permaneceu solto até o


momento, tendo sido assegurada tal condição na sentença
condenatória da qual houve recurso exclusivo da defesa.
Assim, em que pese o Recurso Especial não ter sido admitido,
conforme extrato processual colhido no site do Tribunal de
Justiça do Estado de Minas Gerais, cuja juntada ora determino,
houve interposição de agravo de instrumento contra tal decisão,
ainda não apreciado. Logo, ainda não houve trânsito em julgado
da sentença condenatória.
Diante desse quadro, considerando-se ainda que o paciente
tem residência certa, bem como que permaneceu solto
desde a instrução do processo até o presente momento, não
se mostra razoável sua prisão.
Ante o exposto, defiro a ordem para que o paciente aguarde em
liberdade o trânsito em julgado da sentença condenatória,
ressalvada a hipótese de estar encarcerado por motivo diverso.”

8/11
29. Com o julgamento do ARE 964.246, desta feita com repercussão
geral, mais uma vez, o Min. LUÍS ROBERTO BARROSO reafirmou a
necessidade de o decreto prisional apresentar os requisitos de cautelaridade
para que a ordem de prisão fosse emitida. Nesse sentido, colhe-se da ementa
de seu voto:

DIREITO CONSTITUCIONAL E PENAL. AGRAVO EM


RECURSO EXTRAORDINÁRIO. PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO
DE INOCÊNCIA OU DA NÃO CULPABILIDADE. EXECUÇÃO
DA PENA APÓS JULGAMENTO DE SEGUNDO GRAU.
REPERCUSSÃO GERAL . REAFIRMAÇÃO DE
JURISPRUDÊNCIA .
1. Nos termos das recentes decisões proferidas por este STF no
HC 126.292 e nas ADC 43 e 44 MC, a execução da pena após
a decisão condenatória em segundo grau de jurisdição e antes
do trânsito em julgado não ofende o princípio da presunção de
inocência ou da não culpabilidade (CF/1988, art. 5º, LVII).
2. A prisão, neste caso, justifica-se pela conjugação de três
fundamentos jurídicos:
(i) a Constituição brasileira não condiciona a prisão – mas
sim a culpabilidade – ao trânsito em julgado da sentença
penal condenatória. O pressuposto para a privação de
liberdade é a ordem escrita e fundamentada da autoridade
judiciária competente, e não sua irrecorribilidade. Leitura
sistemática dos incisos LVII e LXI do art. 5º da Carta de 1988;
(ii) a presunção de inocência é princípio (e não regra) e, como
tal, pode ser aplicada com maior ou menor intensidade, quando
ponderada com outros princípios ou bens jurídicos
constitucionais colidentes. No caso específico da condenação
em segundo grau de jurisdição, na medida em que já houve
demonstração segura da responsabilidade penal do réu e
finalizou-se a apreciação de fatos e provas, o princípio da
presunção de inocência adquire menor peso ao ser ponderado
com o interesse constitucional na efetividade da lei penal para a
proteção dos bens jurídicos tutelados pelo direito penal, como a
vida, a segurança e a integridade física e moral das pessoas
(CF/1988, arts. 5º, caput e LXXVIII e 144);
(iii) com o acórdão penal condenatório proferido em grau de
apelação esgotam-se as instâncias ordinárias e a execução da
pena passa a constituir, em regra, exigência de ordem pública,
necessária para assegurar a credibilidade do Poder Judiciário e
do sistema penal. A mesma lógica se aplica ao julgamento por
órgão colegiado nos casos de foro por prerrogativa.
3. Reconhecimento da repercussão geral da questão
constitucional suscitada, com reafirmação da jurisprudência da

9/11
Corte sobre a matéria. Fixação da seguinte tese: “A execução
de decisão penal condenatória proferida em segundo grau de
jurisdição, ainda que sujeita a recurso especial ou extraordinário,
não viola o princípio constitucional da presunção de inocência
ou não culpabilidade”. Recurso conhecido e provido.

30. Como se vê, mesmo antes da primeira alteração jurisprudencial,


a prisão, após decisão de segundo grau, não era automática, como hoje se
pretende, mas sim, dependia da existência dos requisitos de cautelaridade
expostos em ordem fundamentada.

31. No caso em tela, a ordem de prisão foi determinada sem


qualquer fundamento de cautelaridade, baseada apenas e tão somente na
crença de que a decisão proferida nos autos do HC 126.292, determinaria a
execução indiscriminada da pena privativa de liberdade após o julgamento de
segundo grau, o que, como visto, não é verdade.

32. Conforme demonstrado, a decisão do STF foi no sentido de


repristinar o entendimento anterior ao HC 84.078 de 2009, devendo ser,
igualmente, repristinada a jurisprudência da época, sob pena de se dar ao
entendimento deste Supremo Tribunal Federal efeitos nunca pretendidos.

III – DO PEDIDO

33. Assim, servem os presentes embargos para requerer seja


esclarecido se a suspensão da execução deve se dar até o trânsito em julgado
da Tutela Provisória ou da própria Ação Penal, com o julgamento final do
Recurso Especial e seus consectários.

34. Requer, também, seja esclarecido se a execução provisória da


pena deve ter fundamento cautelar ou aplicação automática, concedendo-se a
ordem de habeas corpus em face da ausência de fundamento de cautelaridade
no ato coator atacado.

10/11
35. Requer, também, sejam mantidos os efeitos da liminar
anteriormente concedida que sustava a execução provisória da pena até ao
menos o julgamento dos presentes Embargos.

P. deferimento.
Brasília, 17 de julho de 2018.

Cesar Asfor Rocha Caio Cesar Rocha


OAB/SP 329.034 OAB/CE 15.095

Anastacio Marinho Tiago Asfor Rocha


OAB/CE 8.502 OAB/CE 16.386

Marcelo Leal de Lima Oliveira


OAB/DF 21.932

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado
18071816051470700000011726004
Data e hora da assinatura: 18/07/2018 16:06:36
Identificador: 4050000.11745701
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 11/11
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
PROCESSO: 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
Gab 5 - Des. ROBERTO MACHADO - 1ª Turma
RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL FRANCISCO ROBERTO MACHADO

Polo ativo Polo passivo


Marcelo Leal de Lima Oliveira IMPETRANTE JUÍZO DA 12ª VARA
FRANCISCO DEUSMAR DE FEDERAL DA SEÇÃO IMPETRADO
PACIENTE JUDICIÁRIA DO CEARÁ
QUEIROS
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira

Outros participantes
MINISTÉRIO PÚBLICO CUSTOS
FEDERAL LEGIS

CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 23/07/2018 15:42, o(a) MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL foi intimado(a) acerca
de Inteiro Teor do Acórdão registrado em 17/07/2018 12:57 nos autos judiciais eletrônicos especificados
na epígrafe.

1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 18071013281181700000011643859 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 23/07/2018 15:42 - Tribunal Regional Federal 5ª Região.

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Data e hora da inclusão: 23/07/2018 15:42:36
Identificador: 4050000.11788508

1/1
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
PROCURADORIA REGIONAL DA REPÚBLICA – 5ª REGIÃO

EXCELENTÍSSIMO DESEMBARGADOR FEDERAL RELATOR DESSA COLENDA

Documento assinado via Token digitalmente por FERNANDO JOSE ARAUJO FERREIRA, em 24/07/2018 14:57. Para verificar a assinatura acesse
TURMA DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO

Ref. Processo nº 0802530-35.2018.4.05.0000


Classe : Habeas corpus
Impte : Marcelo Leal de Lima Oliveira
Pacte : Francisco Deusmar de Queiros
Impdo : Juízo da 12ª Vara Federal do Ceará (Fortaleza/CE)
Relator : Desembargador Federal Roberto Machado – 1ª

http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave 66DC1047.024865AD.4D8178B5.A2474DD1


Turma

O Ministério Público Federal, pelo Procurador


Regional da República adiante assinado, no uso de suas atribuições
legais e constitucionais, vem apresentar

CONTRARRAZÕES

aos Embargos Declaratórios opostos por


MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA contra o Acórdão prolatado
pela Primeira Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região.

Recife (PE), 23 de julho de 2018.

FERNANDO JOSÉ ARAÚJO FERREIRA


Procurador Regional da República

1/7
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
PROCURADORIA REGIONAL DA REPÚBLICA – 5ª REGIÃO

EXCELENTÍSSIMO DESEMBARGADOR FEDERAL RELATOR DESSA COLENDA

Documento assinado via Token digitalmente por FERNANDO JOSE ARAUJO FERREIRA, em 24/07/2018 14:57. Para verificar a assinatura acesse
TURMA DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO

Ref. Processo nº 0802530-35.2018.4.05.0000


Classe : Habeas corpus
Impte : Marcelo Leal de Lima Oliveira
Pacte : Francisco Deusmar de Queiros
Impdo : Juízo da 12ª Vara Federal do Ceará (Fortaleza/CE)
Relator : Desembargador Federal Roberto Machado – 1ª
Turma

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Contrarrazões a embargos de declaração nº 12.730/2018
FJAF 215

I. Relatório

Cuida-se de embargos de declaração opostos por


MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA em face do acórdão que
concedeu, parcialmente, a ordem de habeas corpus, para suspender
a execução provisória da pena imposta ao paciente até o julgamento
final, pelo STJ, do Pedido de Tutela Provisória nº 38 no REsp nº
1.449.193/CE, com a extensão da ordem aos corréus IBO, GLGF e
JAB.

2. Entendeu-se, em síntese, que enquanto não certificado o


trânsito em julgado, no STJ, da decisão que reputou prejudicado o
pedido de tutela provisória, não se poderia dar início à execução da
pena. Eis a ementa do julgado:

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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
PROCURADORIA REGIONAL DA REPÚBLICA – 5ª REGIÃO

Gabinete do Procurador Regional da República Fernando José Araújo Ferreira

PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO


PROVISÓRIA DA PENA (STF - HC nº 126292, ADC Nº 43, ADC Nº 44,
ARE Nº 964.246). REFORMATIO IN PEJUS. NORMA ENDÓCRINA.
RECURSO ESPECIAL. CONCESSÃO DE TUTELA PROVISÓRIA PELO
STJ. CONCESSÃO PARCIAL DA ORDEM. CORRÉUS NÃO

Documento assinado via Token digitalmente por FERNANDO JOSE ARAUJO FERREIRA, em 24/07/2018 14:57. Para verificar a assinatura acesse
IMPETRANTES. EXTENSÃO DA ORDEM (ART. 580 DO CPP).
POSSIBILIDADE.
1. Habeas Corpus impetrado em favor de FDQ, apontando como
ilegal decisão do Juízo da 12ª Vara Federal do Ceará, que
determinou a Execução Provisória da pena imposta ao paciente na
Ação Penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100 (9 anos e 2 meses de
reclusão, além de 250 dias-multa, pela prática do crime previsto no
art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/86), ainda pendente de julgamento de
recurso no STJ (EDcl no AgRg no REsp 1.449.193-CE).
2. Cinge-se a controvérsia acerca da possibilidade de executar
provisoriamente condenação penal confirmada em segunda
instância, quando há comando sentencial, não alterado neste

http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave 66DC1047.024865AD.4D8178B5.A2474DD1


Tribunal, que, segundo os impetrantes, obsta a execução antes do
trânsito em julgado da sentença.
3. Inobstante os argumentos lançados na impetração, bem
como as possíveis divergências, nesta Primeira Turma, quanto
à possibilidade de execução provisória da pena, em face da
existência de norma endócrina que condiciona a execução ao
trânsito em julgado da sentença condenatória, deve-se atentar
para as circunstâncias específicas do caso. Nesse sentido,
verifica-se que, após a interposição do Recurso Especial nº
1.449.193/CE pela própria defesa do paciente, formulou-se o
Pedido de Tutela Provisória nº 38, requerendo a concessão de
liminar para atribuir efeito suspensivo ao apelo extremo. Em
decisão monocrática, o eminente Relator, Min. FÉLIX
FISCHER, deferiu a liminar, para "sustar o início da execução
provisória da pena até ulterior julgamento final do presente
pedido de tutela antecipada".
4. Portanto, é da competência do Ministro Relator no STJ, não
deste TRF5, a atribuição do efeito suspensivo e,
consequentemente, a fixação das condições em que tal efeito
foi atribuído ao recurso, o que abrange, por certo, a definição
do seu alcance temporal. Logo, resta aguardar o termo ad
quem definido no âmbito do próprio STJ.
5. Ainda que o Habeas Corpus não se trate de recurso, a aplicação
do disposto no art. 580 do CPP, a fim de garantir a extensão da
ordem do remédio heroico, é plenamente cabível, a teor da
jurisprudência do STJ. No caso concreto, como se está elencando,
para fins de concessão da ordem, apenas elementos eminentemente
objetivos, resta evidenciada situação análoga em relação a IBO,
GLGF e JAB, todos também condenados nos autos da Ação Penal nº

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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
PROCURADORIA REGIONAL DA REPÚBLICA – 5ª REGIÃO

Gabinete do Procurador Regional da República Fernando José Araújo Ferreira

0012628-43.2010.4.05.8100.
6. Ordem parcialmente concedida, para suspender a execução
provisória da pena imposta ao paciente até o julgamento final, pelo
STJ, do Pedido de Tutela Provisória nº 38 no REsp nº 1.449.193/CE,
com a extensão da ordem aos corréus IBO, GLGF e JAB.

Documento assinado via Token digitalmente por FERNANDO JOSE ARAUJO FERREIRA, em 24/07/2018 14:57. Para verificar a assinatura acesse
3. O embargante alega que o acórdão suscita dúvida quanto
à suspensão do processo, se envolve tão somente a Tutela Provisória
ou o próprio Recurso Especial e seus consectários. Demais disso,
argumenta que a execução da pena, após a condenação em segunda
instância, exige fundamentação que aponte sua justificativa cautelar.

4. Vieram os autos a esta Procuradoria Regional da


República da 5ª Região.

http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave 66DC1047.024865AD.4D8178B5.A2474DD1


5. É o relevante; passo à análise

II. FUNDAMENTAÇÃO

6. Inicialmente, cumpre ressaltar que os embargos de


declaração têm, essencialmente, caráter integrativo ou explicativo de
uma decisão.

7. Nesse contexto, necessariamente, deverão versar sobre


matéria questionada no recurso e omitida ou exposta de forma
contraditória pelo acórdão embargado.

8. In casu, verifica-se que o embargante pretende renovar


as teses defendidas, não incorrendo o acórdão em qualquer
omissão ou contradição, tampouco em obscuridade ou
ambiguidade.

9. O objetivo do embargante repousa na intenção de se obter


nova análise da matéria debatida, incabível nos estreitos limites da
via eleita.

3/6

4/7
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
PROCURADORIA REGIONAL DA REPÚBLICA – 5ª REGIÃO

Gabinete do Procurador Regional da República Fernando José Araújo Ferreira

10. Alega que o acórdão foi obscuro no tocante à suspensão


do processo e omisso com relação à necessidade de se fundamentar a
execução da pena, após a condenação em segunda instância.

Documento assinado via Token digitalmente por FERNANDO JOSE ARAUJO FERREIRA, em 24/07/2018 14:57. Para verificar a assinatura acesse
11. Todavia, ao contrário do que sustenta o embargante, o
voto-vista foi claro em dispor que a suspensão da execução da pena
está condicionada apenas ao trânsito em julgado da Tutela Provisória
nº 38, no STJ.

12. Igualmente, inexiste omissão no julgado.

13. O seguinte excerto do voto, portanto, já é suficiente para

http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave 66DC1047.024865AD.4D8178B5.A2474DD1


demonstrar a inexistência dos vícios indigitados pelo embargante:

Consultando o sítio do STJ, constato que o próprio Ministro


Relator prolatou, mais adiante, nova decisão monocrática, em que
reputou prejudicado o pedido de tutela provisória, em razão do
julgamento do próprio Recurso Especial, sendo interposto agravo
regimental, que também já foi apreciado pelo colegiado. Acontece que
não há registro do trânsito em julgado deste pronunciamento judicial,
motivo pelo qual ainda não existe, até o presente momento, o
"julgamento final", a que se refere a decisão que deferiu,
liminarmente, a aludida tutela provisória.

Penso que é da competência do Ministro Relator, e não, deste


Tribunal Regional Federal, a atribuição do efeito suspensivo e,
consequentemente, a fixação das condições em que ele está sendo
atribuído, o que abrange, por certo, a definição do seu alcance
temporal. Logo, resta aguardar o termo ad quem definido no âmbito
do Superior Tribunal de Justiça. Até o momento, não se sabem os
desdobramentos que terão as decisões tomadas naquela Corte, seja
no que diz respeito ao Recurso Especial, seja no que se refere à tutela
provisória, que poderão ter implicações quanto ao aludido efeito
suspensivo.

Atento, portanto, à peculiaridade deste caso concreto,


consistente no efeito suspensivo concedido ao Recurso Especial nº
1.449.193/CE, CONCEDO, PARCIALMENTE, A ORDEM, para, em
observância ao teor da liminar anteriormente deferida pelo Relator,
no Superior Tribunal de Justiça, suspender a execução provisória da
pena imposta ao paciente até o julgamento final do Pedido de Tutela
Provisória nº 38, ali em tramitação, com a extensão da ordem aos

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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
PROCURADORIA REGIONAL DA REPÚBLICA – 5ª REGIÃO

Gabinete do Procurador Regional da República Fernando José Araújo Ferreira

corréus Ielton Barreto de Oliveira, Geraldo de Lima Gadelha Filho e


Jerônimo Alves Bezerra.

14. A jurisprudência pátria, ademais, não admite a oposição

Documento assinado via Token digitalmente por FERNANDO JOSE ARAUJO FERREIRA, em 24/07/2018 14:57. Para verificar a assinatura acesse
de embargos de declaração com vistas a se obter o reexame da
matéria discutida e decidida em sentido contrário à pretensão do
embargante.

15. Nesse sentido, transcrevem-se os seguintes acórdãos


abaixo ementados:

DIREITO PROCESSUAL PENAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO


RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. INOCORRÊNCIA DE
OBSCURIDADE, OMISSÃO OU CONTRADIÇÃO. PRETENSÃO DE

http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave 66DC1047.024865AD.4D8178B5.A2474DD1


REDISCUSSÃO DA MATÉRIA. EMBARGOS REJEITADOS. 1. Os
embargos de declaração são cabíveis para devolver ao órgão
jurisdicional a oportunidade de pronunciar-se no sentido de aclarar
julgamento obscuro, completar decisão omissa ou dirimir contradição
de que se reveste o julgado. 2. No julgamento dos embargos de
declaração, a regra é a de que não há prolação de nova
decisão ou julgamento, mas sim apenas clareamento do que já
foi julgado. 3. Não houve obscuridade, omissão ou contradição no
julgamento do writ perante esta Corte, tendo o voto sido claro quanto
ao improvimento do recurso ordinário em habeas corpus com base na
inexistência de nulidade processual e na impossibilidade de análise
de alegações que demandem o reexame do conjunto fático-probatório.
4. Assim, resta nítida a intenção do embargante de ver novamente
apreciada a pretensão deduzida neste RHC 97.667, a despeito de
haver sido analisado o mérito do recurso ordinário. 5. Embargos de
declaração rejeitados.
(RHC-ED 97667, ELLEN GRACIE, STF)

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. REEXAME


DA MATÉRIA DE MÉRITO. IMPOSSIBILIDADE. 1. Não há que se falar
em omissão quando todas as questões necessárias ao deslinde da
controvérsia foram analisadas e decididas, ainda que de forma
contrária às pretensões dos recorrentes. 2. O acórdão embargado foi
claro ao afirmar a inviabilidade da conversão do Agravo Interno em
habeas corpus, pois não havia no recurso, nenhum dos elementos
caracterizadores do mandamus, como indicação a constrangimento,
ilegalidade ou a autoridade coatora. 3. De acordo com o art. 619 do
CPP, os embargos de declaração destinam-se a corrigir no julgado
eventual omissão, contradição ou obscuridade, não se
caracterizando, em regra, via própria à rediscussão do mérito da

5/6

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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
PROCURADORIA REGIONAL DA REPÚBLICA – 5ª REGIÃO

Gabinete do Procurador Regional da República Fernando José Araújo Ferreira

causa. 4. Embargos de declaração rejeitados. (EDAGA


200901371540, CELSO LIMONGI (DESEMBARGADOR CONVOCADO
DO TJ/SP), STJ - SEXTA TURMA, 18/12/2009)

16. Por fim, conforme assentado pelo Egrégio STJ,

Documento assinado via Token digitalmente por FERNANDO JOSE ARAUJO FERREIRA, em 24/07/2018 14:57. Para verificar a assinatura acesse
(…) o julgador não está obrigado a responder a todas as questões
suscitadas pelas partes, quando já tenha encontrado motivo
suficiente para proferir a decisão. A prescrição trazida pelo art. 489
do CPC/2015 veio confirmar a jurisprudência já sedimentada pelo
Colendo Superior Tribunal de Justiça, sendo dever do julgador
apenas enfrentar as questões capazes de infirmar a conclusão
adotada na decisão recorrida. (EDcl no AgRg nos EREsp
1483155/BA, Rel. Ministro OG FERNANDES, CORTE ESPECIAL,
julgado em 15/06/2016, DJe 03/08/2016).

17. Se a pretensão é a de um novo julgamento da causa, tal

http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave 66DC1047.024865AD.4D8178B5.A2474DD1


não se comporta em sede de embargos de declaração.

18. Com efeito, não havendo omissão ou obscuridade a ser


sanada, deverão ser improvidos os presentes embargos de
declaração.

III. CONCLUSÃO

19. Ante o exposto, requer esta Procuradoria Regional da


República o não provimento do recurso.

Recife (PE), 23 de julho de 2018.

FERNANDO JOSÉ ARAÚJO FERREIRA


Procurador Regional da República

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
FERNANDO JOSE ARAUJO FERREIRA - Procurador 6/6 18072415174751600000011779431
Data e hora da assinatura: 24/07/2018 14:57:30
Identificador: 4050000.11799209
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 7/7
Poder Judiciário
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
DIVISÃO DA PRIMEIRA TURMA

PROCESSO Nº: 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS


IMPETRANTE: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
PACIENTE: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho e outro
IMPETRADO: JUÍZO DA 12ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
RELATOR(A): Desembargador(a) Federal Francisco Roberto Machado - 1ª Turma

CERTIDÃO

Certifico que a parte embargada; Ministério Público Federal apresentou contrarrazões aos embargos de declaração,
tempestivamente. O referido é verdade e dou fé. Do que eu lavrei este termo.

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
EDVALDO ALMEIDA DO NASCIMENTO - Diretor de Secretaria
18080118104700500000011857950
Data e hora da assinatura: 01/08/2018 18:12:34
Identificador: 4050000.11877804
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 1/1
PROCESSO Nº: 0802530-35.2018.4.05.0000
IMPETRANTE: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
PACIENTE: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO e outro
IMPETRADO: JUÍZO DA 12ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
RELATOR(A): Desembargador(a) Federal Francisco Roberto Machado - 1ª Turma

Intime-se para a sessão de julgamento do(a) 1ª Turma a ser realizada em 30/08/2018 às 09:00:00 no(a)
Sala das Turmas - Pavimento Sul

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Data e hora da inclusão: 10/08/2018 11:26:07
Identificador: 4050000.11995143

1/1
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
PROCESSO: 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
Gab 5 - Des. ROBERTO MACHADO - 1ª Turma
RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL FRANCISCO ROBERTO MACHADO

Polo ativo Polo passivo


Marcelo Leal de Lima Oliveira IMPETRANTE JUÍZO DA 12ª VARA
FRANCISCO DEUSMAR DE FEDERAL DA SEÇÃO IMPETRADO
PACIENTE JUDICIÁRIA DO CEARÁ
QUEIROS
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira

Outros participantes
MINISTÉRIO PÚBLICO CUSTOS
FEDERAL LEGIS

CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 13/08/2018 16:01, o(a) Sr(a) FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS foi
intimado(a) do expediente registrado em 10/08/2018 11:26.

1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 18081011260724700000011974991 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 13/08/2018 16:01 - Tribunal Regional Federal 5ª Região.

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Data e hora da inclusão: 13/08/2018 16:01:32
Identificador: 4050000.12016260

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EXCELENTÍSSIMO DESEMBARGADOR FEDERAL ROBERTO MACHADO

DD. RELATOR DO HABEAS CORPUS Nº 0802530-35.2018.4.05.0000

MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA , Impetrante do presente habeas corpus ,


assim como os advogados substabelecidos, CESAR ASFOR ROCHA, CAIO CESAR ROCHA,
ANASTACIO MARINHO, TIAGO ASFOR ROCHA, em defesa dos Pacientes FRANCISCO
DEUSMAR DE QUEIRÓS, GERALDO GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE OLIVEIRA
e JERÔNIMO ALVES BEZERRA , todos já qualificados, à presença de Vossa Excelência comparecem
para expor e requerer o que segue:

I - BREVE HISTÓRICO PROCESSUAL

1. 1. O presente habeas corpus foi impetrado ao argumento de que o ato coator estaria ferindo a
coisa julgada uma vez que a sentença de primeiro grau determinava que a prisão dos Pacientes
apenas poderia ocorrer após o trânsito em julgado, não havendo o Ministério Público recorrido
desta decisão.

1. 2. O habeas corpus foi parcialmente concedido sustando a possibilidade de


prisão até o trânsito em julgado da Tutela Provisória 38, na qual o Ministro Félix Fisher, relator do
caso no STJ, havia proferido decisão neste mesmo sentido.

1. 3. Entendendo haver obscuridade na mencionada decisão, foram opostos


embargos de declaração objetivando esclarecer:

1/6
a) se a suspensão da execução deve se dar até o trânsito em julgado da Tutela Provisória ou da própria
Ação Penal, com o julgamento final do Recurso Especial e seus consectários;

b) se a execução provisória da pena deve ter fundamento cautelar ou aplicação automática,


concedendo-se a ordem de habeas corpus em face da ausência de fundamento de cautelaridade no ato
coator atacado.

1. 4. Requereu-se, também, fossem mantidos os efeitos da liminar anteriormente


concedida que sustava a execução provisória da pena até ao menos o julgamento dos mencionados
Embargos.

1. 5. Na data de hoje, no entanto, os Requerentes tomaram conhecimento de que o


Ministério Público Federal protocolou petição nos autos da Execução Provisória da pena, em curso
perante a 12ª vara da Seção Judiciária do Ceará requerendo fosse dado seguimento à execução da
pena, com a consequente prisão dos Pacientes, uma vez que, segundo seu entendimento
"considerando que a liminar concedida na TP 38 foi cassada pelo próprio Superior Tribunal de
Justiça, nada obsta que se dê início à execução penal".

II. DA NECESSIDADE DE MANIFESTAÇÃO QUANTO AO COMANDO DETERMINADO NO


PRESENTE JULGADO

1. 6. Conforme se percebe da leitura do pedido formulado pelo MPF no Juízo da


Execução, a pretensão de dar início imediato à execução da pena decorre do fato de a decisão
liminar concedida na TP 38 perante o STJ haver sido cassada posteriormente.

1. 7. Este fato, no entanto, não passou desapercebido no acórdão do presente


habeas corpus.

1. 8. Com efeito, consta expressamente do voto que capitaneou o entendimento


final do acórdão, proferido pelo Desembargador ÉLIO WANDERLEY DE SIQUEIRA FILHO:

Deixo, portanto, de acompanhar a fundamentação do eminente relator para a concessão da ordem. No


entanto, entendo que a hipótese é de se manter a suspensão da execução, por fundamentação diversa e
com termo ad quem distinto.

É que, neste caso, após a impetração do Recurso Especial nº 1.449.193/CE pela defesa do paciente,
formulou-se o Pedido de Tutela Provisória nº 38, requerendo a concessão de liminar para atribuir efeito
suspensivo ao recurso especial anteriormente mencionado. Em decisão monocrática, o Ministro FÉLIX

2/6
FISCHER deferiu a liminar, para "sustar o início da execução provisória da pena até ulterior julgamento
final do presente pedido de tutela antecipada".

Disto decorre, a meu ver, a impossibilidade de execução provisória da pena, até que se ultime o momento
determinado na decisão liminar proferida na superior instância. Perceba-se que o Ministro foi muito
claro, não sustando até deliberação posterior dele próprio, monocraticamente, ou do colegiado a que
vinculado, mas até o julgamento final, que ainda não houve, até a presente data.

Como mencionado, a decisão do Supremo Tribunal Federal, ao retomar o entendimento da possibilidade


de início da execução provisória antes do trânsito em julgado, busca harmonizar o teor do art. 283 do
CPP com a regra geral de efeito meramente devolutivo dos recursos excepcionais. Entretanto, uma vez
concedido o efeito suspensivo a tais recursos, é a essa determinação que se deve atentar, para não se
incorrer em violação à garantia processual deferida.

Consultando o sítio do STJ, constato que o próprio Ministro Relator prolatou, mais adiante, nova
decisão monocrática, em que reputou prejudicado o pedido de tutela provisória, em razão do
julgamento do próprio Recurso Especial, sendo interposto agravo regimental, que também já foi
apreciado pelo colegiado. Acontece que não há registro do trânsito em julgado deste pronunciamento
judicial, motivo pelo qual ainda não existe, até o presente momento, o "julgamento final", a que se
refere a decisão que deferiu, liminarmente, a aludida tutela provisória.

Penso que é da competência do Ministro Relator, e não, deste Tribunal Regional Federal, a atribuição do
efeito suspensivo e, consequentemente, a fixação das condições em que ele está sendo atribuído, o que
abrange, por certo, a definição do seu alcance temporal. Logo, resta aguardar o termo ad quem definido
no âmbito do Superior Tribunal de Justiça. Até o momento, não se sabem os desdobramentos que terão as
decisões tomadas naquela Corte, seja no que diz respeito ao Recurso Especial, seja no que se refere à
tutela provisória, que poderão ter implicações quanto ao aludido efeito suspensivo.

Atento, portanto, à peculiaridade deste caso concreto, consistente no efeito suspensivo concedido ao
Recurso Especial nº 1.449.193/CE, CONCEDO, PARCIALMENTE, A ORDEM, para, em observância ao
teor da liminar anteriormente deferida pelo Relator, no Superior Tribunal de Justiça, suspender a
execução provisória da pena imposta ao paciente até o julgamento final do Pedido de Tutela Provisória
nº 38, ali em tramitação, com a extensão da ordem aos corréus Ielton Barreto de Oliveira, Geraldo de
Lima Gadelha Filho e Jerônimo Alves Bezerra.

É como voto.

1. 9. Exatamente por isso foram opostos embargos de declaração a fim de que


fosse esclarecido se a suspensão da execução deve levar em conta o trânsito em julgado da TP 38,
ou do recurso especial em si.

1. 10. De toda forma, é incontestável que o comando final constante da ementa do


acórdão proferido neste HC é no sentido de "suspender a execução provisória da pena imposta ao
paciente até o julgamento final, pelo STJ, do Pedido de Tutela Provisória nº 38 no REsp nº
1.449.193/CE , com a extensão da ordem aos corréus IBO, GLGF e JAB".

1. 11. Ora, conforme se vê do andamento anexo, a mencionada TP 38 ainda não


transitou em julgado, estando atualmente conclusa ao Ministro Relator, após a interposição de
recurso extraordinário:

3/6
1. 12. Foi por este fundamento, aliás, que Vossa Excelência, ao apreciar pedido de
liminar formulado no HC 0802530-35.2018.4.05.0000 impetrado em favor dos mesmos Pacientes
deste writ a fim de discutir matéria relacionada à dosimetria da pena, indeferiu a liminar. Na
ocasião afirmou Vossa Excelência:

Além disso, não me parece presente, neste azo, o requisito do perigo da demora, porque inexiste risco
eminente das penas serem executadas. Afinal, a decisão condenatória, proferida na Ação Penal nº
0012628-43.2010.4.05.8100, ainda não transitou em julgado. E, mesmo que se pretenda executá-la
provisoriamente, tem-se que, nos autos do HC nº 0802530-35.2018.4.05.0000, apreciado em 28/06/2018,
a Primeira Turma deste Tribunal concedeu parcialmente a ordem em favor de FRANCISCO DEUSMAR,
suspendendo aludida execução até o julgamento final, pelo STJ, do Pedido de Tutela Provisória nº 38 no
REsp nº 1.449.193/CE, com a extensão da ordem aos corréus IELTON, GERALDO e JERÔNIMO.
Portanto, enquanto não transitada em julgado a decisão proferida naquele pedido de Tutela Provisória
perante o STJ, inexiste risco que voltar a correr as Execuções Provisórias propostas em face dos
pacientes.

1. 13. Como se isso não bastasse, um dos fundamentos dos embargos opostos é
justamente para que seja esclarecido se a ordem de prisão após o julgamento de segundo grau deve
ser automática ou se depende de requisitos de cautelaridade.

1. 14. É que ao negar a tese principal veiculada no presente habeas corpus,


referente à violação da coisa julgada em face da sentença ser expressa quanto ao cumprimento da
pena apenas após o trânsito em julgado da decisão, o acórdão acabou por reafirmar o entendimento
do Supremo Tribunal Federal. O entendimento da Corte Suprema, no entanto, parece estar sendo
mal compreendido em diversos Tribunais.

1. 15. Com efeito, desde que foi noticiado o julgamento do HC 126.292 pelo
Supremo Tribunal Federal, quando o acórdão ainda não havia sido sequer publicado, começaram a
pulular pelo País diversas decisões determinando a prisão indiscriminada a partir de acórdão
condenatório de segundo grau, como se a Corte Suprema tivesse determinado o cumprimento
provisório da pena sempre que um tribunal decidisse pela condenação, independentemente de
requisitos de cautelaridade.

1. 16. O equívoco, no entanto, é patente.

1. 17. Conforme amplamente discutido nos embargos opostos, ao contrário do que


parece ter compreendido a decisão atacada, o Supremo Tribunal Federal não tornou obrigatória
ou automática a prisão de réu condenado em segundo grau .

III. DA IMINENTE USURPAÇÃO DE COMPETÊNCIA DESTA CORTE

4/6
1. 18. Por fim, não há dúvidas de que eventual manifestação da Vara de Execução
Penais interpretando a decisão desta Corte, ainda pendente de Embargos de Declaração, importaria
em evidente usurpação de competência, já que somente este Juízo possui autoridade para aclarar
suas próprias decisões

IV. DO PEDIDO

1. 19. Assim, a fim de evitar que seja tomada decisão pelo Juízo de Execução, antes
da manifestação desta Corte quanto aos Embargos de Declaração opostos, assim como, levando-se
em conta o comando constante do acórdão que determina a suspensão da execução da pena até o
trânsito em julgado perante o STJ, requer seja reafirmada a autoridade deste TRF, determinando-se
à 12ª Vara de Execução Penal do Ceará que mantenha suspensa a execução provisória da pena
imposta aos Pacientes, respeitando o quanto determinado no acórdão já proferido no presente
habeas corpus.

P. deferimento.

Brasília, 17 de agosto de 2018.

Cesar Asfor Rocha Caio Cesar Rocha

OAB/SP 329.034 OAB/CE 15.095

Anastacio Marinho Tiago Asfor Rocha

OAB/CE 8.502 OAB/CE 16.386

Marcelo Leal de Lima Oliveira


Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por: OAB/DF 21.932
Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado
18081715364309000000012057906
Data e hora da assinatura: 17/08/2018 15:44:40
Identificador: 4050000.12078197
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 5/6
EXCELENTÍSSIMO DESEMBARGADOR FEDERAL ROBERTO MACHADO
DD. RELATOR DO HABEAS CORPUS Nº 0802530-35.2018.4.05.0000

MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA, Impetrante do presente


habeas corpus, assim como os advogados substabelecidos, CESAR ASFOR
ROCHA, CAIO CESAR ROCHA, ANASTACIO MARINHO, TIAGO ASFOR
ROCHA, em defesa dos Pacientes FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS,
GERALDO GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e
JERÔNIMO ALVES BEZERRA, todos já qualificados, à presença de Vossa
Excelência comparecem para expor e requerer o que segue:

I – BREVE HISTÓRICO PROCESSUAL

1. O presente habeas corpus foi impetrado ao argumento de que o ato coator


estaria ferindo a coisa julgada uma vez que a sentença de primeiro grau
determinava que a prisão dos Pacientes apenas poderia ocorrer após o trânsito
em julgado, não havendo o Ministério Público recorrido desta decisão.

2. O habeas corpus foi parcialmente concedido sustando a


possibilidade de prisão até o trânsito em julgado da Tutela Provisória 38, na qual
o Ministro Félix Fisher, relator do caso no STJ, havia proferido decisão neste
mesmo sentido.

3. Entendendo haver obscuridade na mencionada decisão, foram


opostos embargos de declaração objetivando esclarecer:

1/7
a) se a suspensão da execução deve se dar até o trânsito em julgado da
Tutela Provisória ou da própria Ação Penal, com o julgamento final do
Recurso Especial e seus consectários;
b) se a execução provisória da pena deve ter fundamento cautelar ou
aplicação automática, concedendo-se a ordem de habeas corpus em face
da ausência de fundamento de cautelaridade no ato coator atacado.

4. Requereu-se, também, fossem mantidos os efeitos da liminar


anteriormente concedida que sustava a execução provisória da pena até ao
menos o julgamento dos mencionados Embargos.

5. Na data de hoje, no entanto, os Requerentes tomaram


conhecimento de que o Ministério Público Federal protocolou petição nos autos
da Execução Provisória da pena, em curso perante a 12ª vara da Seção
Judiciária do Ceará requerendo fosse dado seguimento à execução da pena,
com a consequente prisão dos Pacientes, uma vez que, segundo seu
entendimento “considerando que a liminar concedida na TP 38 foi cassada pelo
próprio Superior Tribunal de Justiça, nada obsta que se dê início à execução
penal”.

II. DA NECESSIDADE DE MANIFESTAÇÃO QUANTO AO COMANDO


DETERMINADO NO PRESENTE JULGADO

6. Conforme se percebe da leitura do pedido formulado pelo MPF


no Juízo da Execução, a pretensão de dar início imediato à execução da pena
decorre do fato de a decisão liminar concedida na TP 38 perante o STJ haver
sido cassada posteriormente.

7. Este fato, no entanto, não passou desapercebido no acórdão do


presente habeas corpus.

8. Com efeito, consta expressamente do voto que capitaneou o


entendimento final do acórdão, proferido pelo Desembargador ÉLIO
WANDERLEY DE SIQUEIRA FILHO:

2/7
Deixo, portanto, de acompanhar a fundamentação do eminente
relator para a concessão da ordem. No entanto, entendo que a
hipótese é de se manter a suspensão da execução, por
fundamentação diversa e com termo ad quem distinto.
É que, neste caso, após a impetração do Recurso Especial nº
1.449.193/CE pela defesa do paciente, formulou-se o Pedido de
Tutela Provisória nº 38, requerendo a concessão de liminar para
atribuir efeito suspensivo ao recurso especial anteriormente
mencionado. Em decisão monocrática, o Ministro FÉLIX
FISCHER deferiu a liminar, para "sustar o início da execução
provisória da pena até ulterior julgamento final do presente
pedido de tutela antecipada".
Disto decorre, a meu ver, a impossibilidade de execução
provisória da pena, até que se ultime o momento determinado
na decisão liminar proferida na superior instância. Perceba-se
que o Ministro foi muito claro, não sustando até deliberação
posterior dele próprio, monocraticamente, ou do colegiado a que
vinculado, mas até o julgamento final, que ainda não houve, até
a presente data.
Como mencionado, a decisão do Supremo Tribunal Federal, ao
retomar o entendimento da possibilidade de início da execução
provisória antes do trânsito em julgado, busca harmonizar o teor
do art. 283 do CPP com a regra geral de efeito meramente
devolutivo dos recursos excepcionais. Entretanto, uma vez
concedido o efeito suspensivo a tais recursos, é a essa
determinação que se deve atentar, para não se incorrer em
violação à garantia processual deferida.
Consultando o sítio do STJ, constato que o próprio Ministro
Relator prolatou, mais adiante, nova decisão monocrática,
em que reputou prejudicado o pedido de tutela provisória,
em razão do julgamento do próprio Recurso Especial, sendo
interposto agravo regimental, que também já foi apreciado
pelo colegiado. Acontece que não há registro do trânsito em
julgado deste pronunciamento judicial, motivo pelo qual
ainda não existe, até o presente momento, o "julgamento
final", a que se refere a decisão que deferiu, liminarmente, a
aludida tutela provisória.
Penso que é da competência do Ministro Relator, e não, deste
Tribunal Regional Federal, a atribuição do efeito suspensivo e,
consequentemente, a fixação das condições em que ele está
sendo atribuído, o que abrange, por certo, a definição do seu
alcance temporal. Logo, resta aguardar o termo ad quem
definido no âmbito do Superior Tribunal de Justiça. Até o
momento, não se sabem os desdobramentos que terão as
decisões tomadas naquela Corte, seja no que diz respeito ao
Recurso Especial, seja no que se refere à tutela provisória, que
poderão ter implicações quanto ao aludido efeito suspensivo.
Atento, portanto, à peculiaridade deste caso concreto,
consistente no efeito suspensivo concedido ao Recurso Especial

3/7
nº 1.449.193/CE, CONCEDO, PARCIALMENTE, A ORDEM,
para, em observância ao teor da liminar anteriormente deferida
pelo Relator, no Superior Tribunal de Justiça, suspender a
execução provisória da pena imposta ao paciente até o
julgamento final do Pedido de Tutela Provisória nº 38, ali em
tramitação, com a extensão da ordem aos corréus Ielton Barreto
de Oliveira, Geraldo de Lima Gadelha Filho e Jerônimo Alves
Bezerra.
É como voto.

9. Exatamente por isso foram opostos embargos de declaração a


fim de que fosse esclarecido se a suspensão da execução deve levar em conta
o trânsito em julgado da TP 38, ou do recurso especial em si.

10. De toda forma, é incontestável que o comando final constante


da ementa do acórdão proferido neste HC é no sentido de “suspender a
execução provisória da pena imposta ao paciente até o julgamento final, pelo
STJ, do Pedido de Tutela Provisória nº 38 no REsp nº 1.449.193/CE, com a
extensão da ordem aos corréus IBO, GLGF e JAB”.

11. Ora, conforme se vê do andamento anexo, a mencionada TP 38


ainda não transitou em julgado, estando atualmente conclusa ao Ministro
Relator, após a interposição de recurso extraordinário:

4/7
12. Foi por este fundamento, aliás, que Vossa Excelência, ao
apreciar pedido de liminar formulado no HC 0802530-35.2018.4.05.0000
impetrado em favor dos mesmos Pacientes deste writ a fim de discutir matéria
relacionada à dosimetria da pena, indeferiu a liminar. Na ocasião afirmou Vossa
Excelência:

Além disso, não me parece presente, neste azo, o requisito do


perigo da demora, porque inexiste risco eminente das penas
serem executadas. Afinal, a decisão condenatória, proferida na
Ação Penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100, ainda não transitou
em julgado. E, mesmo que se pretenda executá-la
provisoriamente, tem-se que, nos autos do HC nº 0802530-
35.2018.4.05.0000, apreciado em 28/06/2018, a Primeira Turma
deste Tribunal concedeu parcialmente a ordem em favor de
FRANCISCO DEUSMAR, suspendendo aludida execução até o
julgamento final, pelo STJ, do Pedido de Tutela Provisória nº 38
no REsp nº 1.449.193/CE, com a extensão da ordem aos
corréus IELTON, GERALDO e JERÔNIMO. Portanto, enquanto
não transitada em julgado a decisão proferida naquele pedido de
Tutela Provisória perante o STJ, inexiste risco que voltar a correr
as Execuções Provisórias propostas em face dos pacientes.

13. Como se isso não bastasse, um dos fundamentos dos embargos


opostos é justamente para que seja esclarecido se a ordem de prisão após o
julgamento de segundo grau deve ser automática ou se depende de requisitos
de cautelaridade.

14. É que ao negar a tese principal veiculada no presente habeas


corpus, referente à violação da coisa julgada em face da sentença ser expressa
quanto ao cumprimento da pena apenas após o trânsito em julgado da decisão,
o acórdão acabou por reafirmar o entendimento do Supremo Tribunal Federal. O
entendimento da Corte Suprema, no entanto, parece estar sendo mal
compreendido em diversos Tribunais.

15. Com efeito, desde que foi noticiado o julgamento do HC 126.292


pelo Supremo Tribunal Federal, quando o acórdão ainda não havia sido sequer
publicado, começaram a pulular pelo País diversas decisões determinando a
prisão indiscriminada a partir de acórdão condenatório de segundo grau, como

5/7
se a Corte Suprema tivesse determinado o cumprimento provisório da pena
sempre que um tribunal decidisse pela condenação, independentemente de
requisitos de cautelaridade.

16. O equívoco, no entanto, é patente.

17. Conforme amplamente discutido nos embargos opostos, ao


contrário do que parece ter compreendido a decisão atacada, o Supremo
Tribunal Federal não tornou obrigatória ou automática a prisão de réu
condenado em segundo grau.

III. DA IMINENTE USURPAÇÃO DE COMPETÊNCIA DESTA CORTE

18. Por fim, não há dúvidas de que eventual manifestação da Vara


de Execução Penais interpretando a decisão desta Corte, ainda pendente de
Embargos de Declaração, importaria em evidente usurpação de competência, já
que somente este Juízo possui autoridade para aclarar suas próprias decisões

IV. DO PEDIDO

19. Assim, a fim de evitar que seja tomada decisão pelo Juízo de
Execução, antes da manifestação desta Corte quanto aos Embargos de
Declaração opostos, assim como, levando-se em conta o comando constante do
acórdão que determina a suspensão da execução da pena até o trânsito em
julgado perante o STJ, requer seja reafirmada a autoridade deste TRF,
determinando-se à 12ª Vara de Execução Penal do Ceará que mantenha
suspensa a execução provisória da pena imposta aos Pacientes, respeitando o
quanto determinado no acórdão já proferido no presente habeas corpus.

P. deferimento.
Brasília, 17 de agosto de 2018.

6/7
Cesar Asfor Rocha Caio Cesar Rocha
OAB/SP 329.034 OAB/CE 15.095

Anastacio Marinho Tiago Asfor Rocha


OAB/CE 8.502 OAB/CE 16.386

Marcelo Leal de Lima Oliveira


OAB/DF 21.932

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado
18081715435992900000012057959
Data e hora da assinatura: 17/08/2018 15:44:40
Identificador: 4050000.12078250
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 7/7
PROCESSO Nº: 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
IMPETRANTE: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
PACIENTE: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho e outro
IMPETRADO: JUÍZO DA 12ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
RELATOR(A): Desembargador(a) Federal Francisco Roberto Machado - 1ª Turma

DECISÃO

Através da petição de id. 12078250, MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA, impetrante deste Habeas
Corpus , requer:

IV. DO PEDIDO

19. Assim, a fim de evitar que seja tomada decisão pelo Juízo de Execução, antes da manifestação desta Corte quanto aos
Embargos de Declaração opostos, assim como, levando-se em conta o comando constante do acórdão que determina a
suspensão da execução da pena até o trânsito em julgado perante o STJ, requer seja reafirmada a autoridade deste TRF,
determinando-se à 12ª Vara de Execução Penal do Ceará que mantenha suspensa a execução provisória da pena imposta aos
Pacientes, respeitando o quanto determinado no acórdão já proferido no presente habeas corpus .

Considerando a possibilidade de atribuição de efeitos infringentes aos Embargos de Declaração opostos


contra o acórdão da Primeira Turma, proferido em 28/06/2018, defiro o pedido de id. 12078250 .

Assim, determino que permaneçam suspensas as Execuções Provisórias Penais n os


0805802-55.2016.4.05.8100, 0805810-32.2016.4.05.8100, 0805805-10.2016.4.05.8100 e
0805812-02.2016.4.05.8100 ( decorrentes das condenações impostas a FRANCISCO DEUSMAR DE
QUEIRÓS, IELTON BARRETO DE OLIVEIRA, GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO e JERÔNIMO
ALVES BEZERRA, nos autos da Ação Penal nº 0012628.43.2010.4.05.8100 ), até o julgamento dos
Embargos de Declaração interpostos pela defesa, pautados para julgamento na sessão da Primeira Turma
de 30/08/2016.

Intimem-se.

Comunique, com urgência, ao Juízo da 12ª Vara Federal do Ceará.

Recife, 17 de agosto de 2018.

Desembargador Federal ROBERTO MACHADO

Relator

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
FRANCISCO ROBERTO MACHADO - Magistrado
18081716431705600000012058540
Data e hora da assinatura: 17/08/2018 17:03:27
Identificador: 4050000.12078831
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 1/1
Tribunal Regional Federal da 5ª Região
PJe - Processo Judicial Eletrônico
Consulta Processual

17/08/2018

Número: 0802530-35.2018.4.05.0000
Classe: HABEAS CORPUS
Partes
Tipo Nome
ADVOGADO ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO
IMPETRANTE Marcelo Leal de Lima Oliveira
PACIENTE FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO Marcelo Leal de Lima Oliveira

Documentos
Id. Data/Hora Documento Tipo
12078 17/08/2018 17:03 Decisão Decisão
831

1/2
PROCESSO Nº: 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
IMPETRANTE: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
PACIENTE: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho e outro
IMPETRADO: JUÍZO DA 12ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
RELATOR(A): Desembargador(a) Federal Francisco Roberto Machado - 1ª Turma

DECISÃO

Através da petição de id. 12078250, MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA, impetrante deste Habeas
Corpus, requer:

IV. DO PEDIDO

19. Assim, a fim de evitar que seja tomada decisão pelo Juízo de Execução, antes da manifestação desta Corte quanto aos
Embargos de Declaração opostos, assim como, levando-se em conta o comando constante do acórdão que determina a
suspensão da execução da pena até o trânsito em julgado perante o STJ, requer seja reafirmada a autoridade deste TRF,
determinando-se à 12ª Vara de Execução Penal do Ceará que mantenha suspensa a execução provisória da pena imposta aos
Pacientes, respeitando o quanto determinado no acórdão já proferido no presente habeas corpus.

Considerando a possibilidade de atribuição de efeitos infringentes aos Embargos de Declaração opostos


contra o acórdão da Primeira Turma, proferido em 28/06/2018, defiro o pedido de id. 12078250.

Assim, determino que permaneçam suspensas as Execuções Provisórias Penais n os


0805802-55.2016.4.05.8100, 0805810-32.2016.4.05.8100, 0805805-10.2016.4.05.8100 e
0805812-02.2016.4.05.8100 (decorrentes das condenações impostas a FRANCISCO DEUSMAR DE
QUEIRÓS, IELTON BARRETO DE OLIVEIRA, GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO e JERÔNIMO
ALVES BEZERRA, nos autos da Ação Penal nº 0012628.43.2010.4.05.8100), até o julgamento dos
Embargos de Declaração interpostos pela defesa, pautados para julgamento na sessão da Primeira Turma
de 30/08/2016.

Intimem-se.

Comunique, com urgência, ao Juízo da 12ª Vara Federal do Ceará.

Recife, 17 de agosto de 2018.

Desembargador Federal ROBERTO MACHADO

Relator

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
Assinado eletronicamente.
JOSE FABIANO A Certificação
SILVA BARBOSADigital pertence a: FRANCISCO
- Diretor de Secretaria ROBERTO MACHADO - Magistrado Num. 12078831 - Pág. 1
18081717111650800000012058780
Data e hora da assinatura: 17/08/2018 17:11:16
https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18081716431705600000012058540
Identificador:
Número do documento: 4050000.12079071
18081716431705600000012058540
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 2/2
PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO

DIVISÃO DA 1ª TURMA

De ordem do Excelentíssimo Des. Federal Roberto Machado, comunico o inteiro teor da decisão liminar
proferida no presente processo, para ciência e cumprimento. O referido é verdade. Dou fé.

Recife, 17 de Agosto de 2018

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
JOSE FABIANO SILVA BARBOSA - Diretor de Secretaria
18081717111650800000012058779
Data e hora da assinatura: 17/08/2018 17:11:16
Identificador: 4050000.12079070
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 1/1
PROCESSO Nº: 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
IMPETRANTE: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
PACIENTE: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho e outro
IMPETRADO: JUÍZO DA 12ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
RELATOR(A): Desembargador(a) Federal Francisco Roberto Machado - 1ª Turma

DECISÃO

Através da petição de id. 12078250, MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA, impetrante deste Habeas
Corpus , requer:

IV. DO PEDIDO

19. Assim, a fim de evitar que seja tomada decisão pelo Juízo de Execução, antes da manifestação desta Corte quanto aos
Embargos de Declaração opostos, assim como, levando-se em conta o comando constante do acórdão que determina a
suspensão da execução da pena até o trânsito em julgado perante o STJ, requer seja reafirmada a autoridade deste TRF,
determinando-se à 12ª Vara de Execução Penal do Ceará que mantenha suspensa a execução provisória da pena imposta aos
Pacientes, respeitando o quanto determinado no acórdão já proferido no presente habeas corpus .

Considerando a possibilidade de atribuição de efeitos infringentes aos Embargos de Declaração opostos


contra o acórdão da Primeira Turma, proferido em 28/06/2018, defiro o pedido de id. 12078250 .

Assim, determino que permaneçam suspensas as Execuções Provisórias Penais n os


0805802-55.2016.4.05.8100, 0805810-32.2016.4.05.8100, 0805805-10.2016.4.05.8100 e
0805812-02.2016.4.05.8100 ( decorrentes das condenações impostas a FRANCISCO DEUSMAR DE
QUEIRÓS, IELTON BARRETO DE OLIVEIRA, GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO e JERÔNIMO
ALVES BEZERRA, nos autos da Ação Penal nº 0012628.43.2010.4.05.8100 ), até o julgamento dos
Embargos de Declaração interpostos pela defesa, pautados para julgamento na sessão da Primeira Turma
de 30/08/2016.

Intimem-se.

Comunique, com urgência, ao Juízo da 12ª Vara Federal do Ceará.

Recife, 17 de agosto de 2018.

Desembargador Federal ROBERTO MACHADO

Relator

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
JOSE FABIANO SILVA BARBOSA - Diretor de Secretaria
18081717122045700000012058787
Data e hora da assinatura: 17/08/2018 17:13:16
Identificador: 4050000.12079078
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 1/1
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
PROCESSO: 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
Gab 5 - Des. ROBERTO MACHADO - 1ª Turma
RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL FRANCISCO ROBERTO MACHADO

Polo ativo Polo passivo


Marcelo Leal de Lima Oliveira IMPETRANTE JUÍZO DA 12ª VARA
FRANCISCO DEUSMAR DE FEDERAL DA SEÇÃO IMPETRADO
PACIENTE JUDICIÁRIA DO CEARÁ
QUEIROS
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira

Outros participantes
MINISTÉRIO PÚBLICO CUSTOS
FEDERAL LEGIS

CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 19/08/2018 23:59, o(a) Sr(a) Marcelo Leal de Lima Oliveira foi intimado(a) do
expediente registrado em 10/08/2018 11:26.

1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 18081011260724700000011974991 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 20/08/2018 00:02 - Tribunal Regional Federal 5ª Região.

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Data e hora da inclusão: 20/08/2018 00:02:04
Identificador: 4050000.12094602

1/1
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
PROCESSO: 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
Gab 5 - Des. ROBERTO MACHADO - 1ª Turma
RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL FRANCISCO ROBERTO MACHADO

Polo ativo Polo passivo


Marcelo Leal de Lima Oliveira IMPETRANTE JUÍZO DA 12ª VARA
FRANCISCO DEUSMAR DE FEDERAL DA SEÇÃO IMPETRADO
PACIENTE JUDICIÁRIA DO CEARÁ
QUEIROS
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira

Outros participantes
MINISTÉRIO PÚBLICO CUSTOS
FEDERAL LEGIS

CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 19/08/2018 23:59, o(a) MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL foi intimado(a) do
expediente registrado em 10/08/2018 11:26.

1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 18081011260724700000011974991 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 20/08/2018 00:02 - Tribunal Regional Federal 5ª Região.

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Data e hora da inclusão: 20/08/2018 00:02:04
Identificador: 4050000.12094603

1/1
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
PROCESSO: 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
Gab 5 - Des. ROBERTO MACHADO - 1ª Turma
RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL FRANCISCO ROBERTO MACHADO

Polo ativo Polo passivo


Marcelo Leal de Lima Oliveira IMPETRANTE JUÍZO DA 12ª VARA
FRANCISCO DEUSMAR DE FEDERAL DA SEÇÃO IMPETRADO
PACIENTE JUDICIÁRIA DO CEARÁ
QUEIROS
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira

Outros participantes
MINISTÉRIO PÚBLICO CUSTOS
FEDERAL LEGIS

CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 20/08/2018 14:38, o(a) Sr(a) FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS foi
intimado(a) acerca de Decisão registrado em 17/08/2018 17:03 nos autos judiciais eletrônicos
especificados na epígrafe.

1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 18081717122045700000012058787 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 20/08/2018 14:38 - Tribunal Regional Federal 5ª Região.

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Data e hora da inclusão: 20/08/2018 14:38:35
Identificador: 4050000.12099219

1/1
PRR5ª REGIÃO-MANIFESTAÇÃO-14829/2018

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL


PRR/5ª REGIÃO - RECIFE

HABEAS CORPUS 08025303520184050000/CE

Documento assinado via Token digitalmente por FERNANDO JOSE ARAUJO FERREIRA, em 20/08/2018 18:01. Para verificar a assinatura acesse
IMPETRANTE: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
IMPETRADO: JUÍZO DA 12ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
PACIENTE: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
RELATOR: DES. FED. FRANCISCO ROBERTO MACHADO

O Ministério Público Federal manifesta-se ciente da decisão (Id.


4050000.12078831) que deferiu o pedido de suspensão da execução provisória até o julgamento
dos embargos declaratórios opostos pela defesa, pautados para julgamento na sessão da Primeira
Turma de 30/8/2018.

http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave 843755AF.C3861FCA.3D2D24BB.8CFEAB71

Processo: Avenida Frei Matias Teves, Nº 65, Paissandú - Cep 50070450 - Recife-PE Prr5-cooradm@mpf.mp.br (81)21219800
0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
FERNANDO JOSE ARAUJO FERREIRA - Procurador
18082018032822400000012081423
Data e hora da assinatura: 20/08/2018 18:01:56
Identificador: 4050000.12101746 Pág. 1 de 1
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 1/1
EXCELENTÍSSIMO DESEMBARGADOR FEDERAL ROBERTO MACHADO

DD. RELATOR DO HABEAS CORPUS Nº 0802530-35.2018.4.05.0000

MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA , impetrante do presente habeas corpus ,


no qual figuram como Pacientes FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS, GERALDO GADELHA
FILHO, IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES BEZERRA , todos já
qualificados, à presença de Vossa Excelência comparece para expor e requerer o quanto segue:

1. 1. Após a impetração deste writ que discute a possibilidade de prisão após o


julgamento em segunda instância , a defesa impetrou o HC 0811322-75.2018.4.05.0000 em que
pretende seja analisada matéria de dosimetria que, se julgada procedente, alteraria o regime de
cumprimento da pena imposta aos Pacientes.

1. 2. Ora, levando-se em conta que a eventual concessão da ordem de habeas


corpus no outro writ poderia levar à diminuição da pena e, inclusive, na possibilidade desta ser
convertida em restritivas de direito, é imperioso que os dois processos sejam julgados na mesma
assentada.

1. 3. Assim, estando o HC 0811322-75.2018.4.05.0000 pronto para julgamento,


mas sem previsão para ser levado em mesa, requer seja adiado o julgamento do presente feito
previsto para o dia 30 de agosto de 2018, a fim de que os dois habeas corpus sejam julgados na

1/2
1.

mesma data.

1. 4. Requer, também, nos termos dos artigos 135 [1] e 137, §1º [2] , do
Regimento Interno deste TRF-5, seja o primeiro subscritor (MARCELO LEAL DE LIMA
OLIVEIRA) cientificado, em tempo hábil, da data de julgamento para que possa realizar
sustentação oral, visto que possui domicílio em estado diverso desta Corte, mediante publicação
prévia de pauta.

P. deferimento.

Brasília, 23 de agosto de 2018.

Marcelo Leal de Lima Oliveira Tiago Asfor Rocha

OAB/DF 21.932 OAB/CE 16.386

[1] Art. 135. Poderão as partes e o Ministério Público Federal, antes do início da sessão, pedir preferência
para julgamento, requerendo, se for o caso, a sustentação oral.

[2] Art. 137. Não haverá sustentação oral no julgamento de:

(...)

§ 1º. Nos demais julgamentos, o Presidente do Plenário ou da Turma, feito o relatório, dará a palavra,
sucessivamente, ao autor, recorrente ou impetrante, e ao réu, recorrido ou impetrado, para sustentação de
suas alegações.

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado
18082317034043800000012128085
Data e hora da assinatura: 23/08/2018 17:04:48
Identificador: 4050000.12148474
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 2/2
EXCELENTÍSSIMO DESEMBARGADOR FEDERAL ROBERTO MACHADO
DD. RELATOR DO HABEAS CORPUS Nº 0802530-35.2018.4.05.0000

MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA, impetrante do presente


habeas corpus, no qual figuram como Pacientes FRANCISCO DEUSMAR DE
QUEIRÓS, GERALDO GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e
JERÔNIMO ALVES BEZERRA, todos já qualificados, à presença de Vossa
Excelência comparece para expor e requerer o quanto segue:

1. Após a impetração deste writ que discute a possibilidade de


prisão após o julgamento em segunda instância, a defesa impetrou o HC
0811322-75.2018.4.05.0000 em que pretende seja analisada matéria de
dosimetria que, se julgada procedente, alteraria o regime de cumprimento da
pena imposta aos Pacientes.

2. Ora, levando-se em conta que a eventual concessão da ordem


de habeas corpus no outro writ poderia levar à diminuição da pena e, inclusive,
na possibilidade desta ser convertida em restritivas de direito, é imperioso que
os dois processos sejam julgados na mesma assentada.

3. Assim, estando o HC 0811322-75.2018.4.05.0000 pronto para


julgamento, mas sem previsão para ser levado em mesa, requer seja adiado o

1/2
julgamento do presente feito previsto para o dia 30 de agosto de 2018, a fim de
que os dois habeas corpus sejam julgados na mesma data.

4. Requer, também, nos termos dos artigos 1351 e 137, §1º2, do


Regimento Interno deste TRF-5, seja o primeiro subscritor (MARCELO LEAL DE
LIMA OLIVEIRA) cientificado, em tempo hábil, da data de julgamento para que
possa realizar sustentação oral, visto que possui domicílio em estado diverso
desta Corte, mediante publicação prévia de pauta.

P. deferimento.
Brasília, 23 de agosto de 2018.

Marcelo Leal de Lima Oliveira Tiago Asfor Rocha


OAB/DF 21.932 OAB/CE 16.386

1 Art. 135. Poderão as partes e o Ministério Público Federal, antes do início da sessão, pedir
preferência para julgamento, requerendo, se for o caso, a sustentação oral.
2 Art. 137. Não haverá sustentação oral no julgamento de:

(...)
§ 1º. Nos demais julgamentos, o Presidente do Plenário ou da Turma, feito o relatório, dará a
palavra, sucessivamente, ao autor, recorrente ou impetrante, e ao réu, recorrido ou impetrado,
para sustentação de suas alegações.

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado
18082317040044500000012128087
Data e hora da assinatura: 23/08/2018 17:04:48
Identificador: 4050000.12148476
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 2/2
PROCESSO Nº: 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
IMPETRANTE: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
PACIENTE: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho e outro
IMPETRADO: JUÍZO DA 12ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
RELATOR(A): Desembargador(a) Federal Francisco Roberto Machado - 1ª Turma

DECISÃO

Vistos etc.

É firme a jurisprudência do STJ sobre a necessidade de intimação sobre a data de julgamento do Habeas
Corpus quando houver pedido expresso, sob pena de nulidade, em razão do cerceamento do direito de
defesa [1] .

Além disso, é certo que este writ e o Habeas Corpus nº 08011322-75.2018.4.05.0000 ( concluso para
julgamento, ainda não incluído em pauta ) cuidam de aspectos decorrentes de condenação nos autos da
Ação Penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100.

Assim, d efiro o pedido de id. 12148476 , determinando a reinclusão em pauta do presente writ , bem
como a inclusão em pauta do Habeas Corpus nº 08011322-75.2018.4.05.0000, de modo que as duas
ações sejam apreciadas na mesma sessão da Primeira Turma deste Tribunal.

Intimem-se.

Recife, 23 de agosto de 2018.

[1] RHC 99.166/PB, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 26/06/2018, DJe
01/08/2018; RHC 94.147/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA,
julgado em 12/06/2018, DJe 22/06/2018.

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
FRANCISCO ROBERTO MACHADO - Magistrado
18082317311667200000012128284
Data e hora da assinatura: 23/08/2018 18:10:30
Identificador: 4050000.12148673
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 1/1
PROCESSO Nº: 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
IMPETRANTE: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
PACIENTE: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho e outro
IMPETRADO: JUÍZO DA 12ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
RELATOR(A): Desembargador(a) Federal Francisco Roberto Machado - 1ª Turma

DECISÃO

Vistos etc.

É firme a jurisprudência do STJ sobre a necessidade de intimação sobre a data de julgamento do Habeas
Corpus quando houver pedido expresso, sob pena de nulidade, em razão do cerceamento do direito de
defesa [1] .

Além disso, é certo que este writ e o Habeas Corpus nº 08011322-75.2018.4.05.0000 ( concluso para
julgamento, ainda não incluído em pauta ) cuidam de aspectos decorrentes de condenação nos autos da
Ação Penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100.

Assim, d efiro o pedido de id. 12148476 , determinando a reinclusão em pauta do presente writ , bem
como a inclusão em pauta do Habeas Corpus nº 08011322-75.2018.4.05.0000, de modo que as duas
ações sejam apreciadas na mesma sessão da Primeira Turma deste Tribunal.

Intimem-se.

Recife, 23 de agosto de 2018.

[1] RHC 99.166/PB, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 26/06/2018, DJe
01/08/2018; RHC 94.147/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA,
julgado em 12/06/2018, DJe 22/06/2018.

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
ENEIDE FONTES RIBEIRO DE ALBUQUERQUE - Diretor de Secretaria
18082319075935200000012131529
Data e hora da assinatura: 23/08/2018 19:09:19
Identificador: 4050000.12151927
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 1/1
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
PROCESSO: 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
Gab 5 - Des. ROBERTO MACHADO - 1ª Turma
RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL FRANCISCO ROBERTO MACHADO

Polo ativo Polo passivo


Marcelo Leal de Lima Oliveira IMPETRANTE JUÍZO DA 12ª VARA
FRANCISCO DEUSMAR DE FEDERAL DA SEÇÃO IMPETRADO
PACIENTE JUDICIÁRIA DO CEARÁ
QUEIROS
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira

Outros participantes
MINISTÉRIO PÚBLICO CUSTOS
FEDERAL LEGIS

CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 24/08/2018 10:41, o(a) Sr(a) Marcelo Leal de Lima Oliveira foi intimado(a) acerca
de Decisão registrado em 23/08/2018 18:10 nos autos judiciais eletrônicos especificados na epígrafe.

1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 18082319075935200000012131529 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 24/08/2018 10:41 - Tribunal Regional Federal 5ª Região.

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Data e hora da inclusão: 24/08/2018 10:41:51
Identificador: 4050000.12157129

1/1
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
PROCESSO: 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
Gab 5 - Des. ROBERTO MACHADO - 1ª Turma
RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL FRANCISCO ROBERTO MACHADO

Polo ativo Polo passivo


Marcelo Leal de Lima Oliveira IMPETRANTE JUÍZO DA 12ª VARA
FRANCISCO DEUSMAR DE FEDERAL DA SEÇÃO IMPETRADO
PACIENTE JUDICIÁRIA DO CEARÁ
QUEIROS
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira

Outros participantes
MINISTÉRIO PÚBLICO CUSTOS
FEDERAL LEGIS

CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 24/08/2018 17:17, o(a) Sr(a) ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA
MARINHO foi intimado(a) acerca de Decisão registrado em 23/08/2018 18:10 nos autos judiciais
eletrônicos especificados na epígrafe.

1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 18082319075935200000012131529 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 24/08/2018 17:17 - Tribunal Regional Federal 5ª Região.

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Data e hora da inclusão: 24/08/2018 17:17:00
Identificador: 4050000.12163128

1/1
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
PROCESSO: 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
Gab 5 - Des. ROBERTO MACHADO - 1ª Turma
RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL FRANCISCO ROBERTO MACHADO

Polo ativo Polo passivo


Marcelo Leal de Lima Oliveira IMPETRANTE JUÍZO DA 12ª VARA
FRANCISCO DEUSMAR DE FEDERAL DA SEÇÃO IMPETRADO
PACIENTE JUDICIÁRIA DO CEARÁ
QUEIROS
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira

Outros participantes
MINISTÉRIO PÚBLICO CUSTOS
FEDERAL LEGIS

CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 26/08/2018 23:59, o(a) Sr(a) Marcelo Leal de Lima Oliveira foi intimado(a) acerca
de Decisão registrado em 17/08/2018 17:03 nos autos judiciais eletrônicos especificados na epígrafe.

1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 18081717122045700000012058787 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 27/08/2018 00:00 - Tribunal Regional Federal 5ª Região.

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Data e hora da inclusão: 27/08/2018 00:00:22
Identificador: 4050000.12179318

1/1
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
PROCESSO: 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
Gab 5 - Des. ROBERTO MACHADO - 1ª Turma
RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL FRANCISCO ROBERTO MACHADO

Polo ativo Polo passivo


Marcelo Leal de Lima Oliveira IMPETRANTE JUÍZO DA 12ª VARA
FRANCISCO DEUSMAR DE FEDERAL DA SEÇÃO IMPETRADO
PACIENTE JUDICIÁRIA DO CEARÁ
QUEIROS
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira

Outros participantes
MINISTÉRIO PÚBLICO CUSTOS
FEDERAL LEGIS

CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 26/08/2018 23:59, o(a) MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL foi intimado(a) acerca
de Decisão registrado em 17/08/2018 17:03 nos autos judiciais eletrônicos especificados na epígrafe.

1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 18081717122045700000012058787 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 27/08/2018 00:00 - Tribunal Regional Federal 5ª Região.

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Data e hora da inclusão: 27/08/2018 00:00:22
Identificador: 4050000.12179319

1/1
PRR5ª REGIÃO-MANIFESTAÇÃO-15440/2018

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL


PRR/5ª REGIÃO - RECIFE

HABEAS CORPUS 08025303520184050000/CE

Documento assinado via Token digitalmente por FERNANDO JOSE ARAUJO FERREIRA, em 28/08/2018 11:19. Para verificar a assinatura acesse
IMPETRADO: JUÍZO DA 12ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ,
IMPETRANTE: Marcelo Leal de Lima Oliveira
PACIENTE: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS
RELATOR: DES. FED. FRANCISCO ROBERTO MACHADO

O Ministério Público Federal manifesta-se ciente da decisão determinou a


reinclusão em pauto do presente habeas corpus e a inclusão do HC nº 08011322-
75.2018.4.05.0000 para julgamento conjunto na mesma sessão.

http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave A1CD583B.BBC34333.DE776CEA.638AFEA0

Processo: Avenida Frei Matias Teves, Nº 65, Paissandú - Cep 50070450 - Recife-PE Prr5-cooradm@mpf.mp.br (81)21219800
0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
FERNANDO JOSE ARAUJO FERREIRA - Procurador
18082811203480300000012173778
Data e hora da assinatura: 28/08/2018 11:19:51
Identificador: 4050000.12194249 Pág. 1 de 1
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 1/1
PROCESSO Nº: 0802530-35.2018.4.05.0000
IMPETRANTE: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
PACIENTE: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO e outro
IMPETRADO: JUÍZO DA 12ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
RELATOR(A): Desembargador(a) Federal Francisco Roberto Machado - 1ª Turma

Intime-se para a sessão de julgamento do(a) 1ª Turma a ser realizada em 20/09/2018 às 09:00:00 no(a)
Sala das Turmas - Pavimento Sul

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
SALVINO BEZERRA DE ANDRADE VASCONCELOS - Secretário da Sessão
18083113305977600000012221969
Data e hora da assinatura: 31/08/2018 13:50:56
Identificador: 4050000.12242534
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 1/1
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
PROCESSO: 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
Gab 5 - Des. ROBERTO MACHADO - 1ª Turma
RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL FRANCISCO ROBERTO MACHADO

Polo ativo Polo passivo


Marcelo Leal de Lima Oliveira IMPETRANTE JUÍZO DA 12ª VARA
FRANCISCO DEUSMAR DE FEDERAL DA SEÇÃO IMPETRADO
PACIENTE JUDICIÁRIA DO CEARÁ
QUEIROS
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira

Outros participantes
MINISTÉRIO PÚBLICO CUSTOS
FEDERAL LEGIS

CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 31/08/2018 17:19, o(a) Sr(a) FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS foi
intimado(a) do expediente registrado em 31/08/2018 13:50.

1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 18083113305977600000012221969 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 31/08/2018 17:19 - Tribunal Regional Federal 5ª Região.

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Data e hora da inclusão: 31/08/2018 17:19:56
Identificador: 4050000.12246749

1/1
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
PROCESSO: 0802530-35.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
Gab 5 - Des. ROBERTO MACHADO - 1ª Turma
RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL FRANCISCO ROBERTO MACHADO

Polo ativo Polo passivo


Marcelo Leal de Lima Oliveira IMPETRANTE JUÍZO DA 12ª VARA
FRANCISCO DEUSMAR DE FEDERAL DA SEÇÃO IMPETRADO
PACIENTE JUDICIÁRIA DO CEARÁ
QUEIROS
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira

Outros participantes
MINISTÉRIO PÚBLICO CUSTOS
FEDERAL LEGIS

CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 05/09/2018 14:16, o(a) Sr(a) Marcelo Leal de Lima Oliveira foi intimado(a) do
expediente registrado em 31/08/2018 13:50.

1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 18083113305977600000012221969 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 05/09/2018 14:16 - Tribunal Regional Federal 5ª Região.

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Data e hora da inclusão: 05/09/2018 14:16:51
Identificador: 4050000.12295335

1/1
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
PROCURADORIA REGIONAL DA REPÚBLICA – 5ª REGIÃO

EXCELENTÍSSIMO DESEMBARGADOR FEDERAL RELATOR DESSA COLENDA


TURMA DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO

Documento assinado via Token digitalmente por FERNANDO JOSE ARAUJO FERREIRA, em 06/09/2018 14:17. Para verificar a assinatura acesse
Ref. Processo nº 0802530-35.2018.4.05.0000
Classe : Habeas corpus
Impte : Marcelo Leal de Lima Oliveira
Pacte : Francisco Deusmar de Queiros
Impdo : Juízo da 12ª Vara Federal do Ceará
Relator : Desembargador Federal Roberto Machado – 1ª Turma

http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave CA8A1D10.193D7F1E.6D33830E.79BADDE9


Petição nº 17.393/2018
FJAF 295

Cuida-se de habeas corpus impetrado em favor de


FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS contra decisão que, no Processo
nº 0012628-43.2010.4.05.8100, determinou a execução provisória da
pena de 9 (nove) anos e 2 (dois) meses de reclusão, em regime inicial
fechado, pelo crime do art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/86, confirmada por
esse Egrégio Tribunal Regional Federal em 11 de julho de 2013.

2. Em síntese, aduziu o impetrante que a condenação do


paciente não transitou em julgado e que obteve, no STJ, provimento
liminar na Tutela Provisória 38 para conferir efeito suspensivo ao
recurso especial interposto (REsp 1449193/CE).

1/8
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
PROCURADORIA REGIONAL DA REPÚBLICA – 5ª REGIÃO

Gabinete do Procurador Regional da República Fernando José Araújo Ferreira

3. Alegou que o cumprimento da pena está condicionado ao


trânsito em julgado da condenação porque haveria na sentença
determinação de se remeter, imediatamente após o trânsito em julgado

Documento assinado via Token digitalmente por FERNANDO JOSE ARAUJO FERREIRA, em 06/09/2018 14:17. Para verificar a assinatura acesse
da sentença, os autos à Vara Federal competente para a execução da
pena aplicada.

4. Liminar deferida para suspender a Execução Provisória da


Pena nº 0805802-55.2016.4.05.8100 [Id. 4050000.10537072].

5. Em seguida, o impetrante pediu a extensão dos efeitos dessa


liminar em favor de IELTON BARRETO DE OLIVEIRA, GERALDO DE
LIMA GADELHA FILHO e JERÔNIMO ALVEZ BEZERRA, condenados na

http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave CA8A1D10.193D7F1E.6D33830E.79BADDE9


mesma ação penal.

6. Com fundamento no art. 580 do CPP, deferiu-se a extensão


(Id. 4050000.10546963).

7. Em suas informações (Id. 4058100.3421061), a autoridade


apontada como coatora esclareceu que a sentença apenas assegurou o
direito de apelar em liberdade e que a determinação de expedição de guia
de execução após o trânsito em julgado é mero indicativo, à Secretaria do
juízo, das providências burocráticas que devem ser adotadas em
determinado momento processual (assim como o "oficie-se" ou o "intime-
se").

8. Esta Procuradoria Regional da República manifestou-se pela


denegação da ordem em parecer que recebeu a seguinte ementa:

HABEAS CORPUS. PREVENÇÃO. REDISTRIBUIÇÃO. NECESSIDADE.


EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA. POSSIBILIDADE. DETERMINAÇÃO,
NAS DISPOSIÇÕES GERAIS DA DECISÃO, DE PROVIDÊNCIAS
BUROCRÁTICAS QUE DEVEM SER ADOTADAS. FÓRMULA (QUE NÃO
FAZ COISA JULGADA) REPETIDA EM, PRATICAMENTE, TODAS
SENTENÇAS. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA “NON REFORMATIO IN
PEJUS”. INOCORRÊNCIA.

2/6

2/8
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
PROCURADORIA REGIONAL DA REPÚBLICA – 5ª REGIÃO

Gabinete do Procurador Regional da República Fernando José Araújo Ferreira

1. O Relator que conhecer da apelação criminal ou quem lhe haja


sucedido na Turma ficará prevento para apreciar eventuais agravos,
incidentes ou habeas corpus relativos à execução penal.
2. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, por maioria de votos,

Documento assinado via Token digitalmente por FERNANDO JOSE ARAUJO FERREIRA, em 06/09/2018 14:17. Para verificar a assinatura acesse
entendeu que a possibilidade de início da execução da pena
condenatória após a confirmação da sentença em segundo grau não
ofende o princípio constitucional da presunção da inocência (HC n.
126292, julgado no dia 17 de fevereiro de 2016).
3. Não integra o dispositivo da sentença a determinação de expedição de
guia de execução após o trânsito em julgado. Trata-se de mero indicativo
à Secretaria do juízo das providências burocráticas que devem ser
adotadas em determinado momento processual (assim como o "oficie-se"
ou o "intime-se").
4. A execução provisória da pena não representa violação ao princípio da
non reformatio in pejus, pois não houve piora da situação do réu, mas
simples cumprimento de sentença condenatória submetida a três graus
de jurisdição.

http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave CA8A1D10.193D7F1E.6D33830E.79BADDE9


5. É possível a execução provisória da pena, ainda que concedido na
sentença condenatória, ou mesmo no acórdão que julgou o recurso de
apelação o direito de recorrer em liberdade até o trânsito em julgado da
condenação, sem que isso caracterize violação a coisa julgada ou
“reformatio in pejus”. (STJ, AgRg no HC 410.103/SP, T6, DJe
15/02/2018).
6. Parecer pela denegação da ordem.

9. Em 17/7/2018, essa Colenda Turma concedeu, parcialmente,


a ordem, para, em observância ao teor da liminar anteriormente deferida
pelo Relator, no Superior Tribunal de Justiça, suspender a execução
provisória da pena imposta ao paciente até o julgamento final do Pedido
de Tutela Provisória nº 38, ali em tramitação, com a extensão da ordem
aos corréus Ielton Barreto de Oliveira, Geraldo de Lima Gadelha Filho e
Jerônimo Alves Bezerra.

10. O acórdão recebeu, então, a seguinte ementa:

PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO


PROVISÓRIA DA PENA (STF - HC nº 126292, ADC Nº 43, ADC Nº 44, ARE
Nº 964.246). REFORMATIO IN PEJUS. NORMA ENDÓCRINA. RECURSO
ESPECIAL. CONCESSÃO DE TUTELA PROVISÓRIA PELO STJ.
CONCESSÃO PARCIAL DA ORDEM. CORRÉUS NÃO IMPETRANTES.
EXTENSÃO DA ORDEM (ART. 580 DO CPP). POSSIBILIDADE.
1. Habeas Corpus impetrado em favor de FDQ, apontando como ilegal

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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
PROCURADORIA REGIONAL DA REPÚBLICA – 5ª REGIÃO

Gabinete do Procurador Regional da República Fernando José Araújo Ferreira

decisão do Juízo da 12ª Vara Federal do Ceará, que determinou a


Execução Provisória da pena imposta ao paciente na Ação Penal nº
0012628-43.2010.4.05.8100 (9 anos e 2 meses de reclusão, além de 250
dias-multa, pela prática do crime previsto no art. 7º, IV, da Lei nº

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7.492/86), ainda pendente de julgamento de recurso no STJ (EDcl no
AgRg no REsp 1.449.193-CE).
2. Cinge-se a controvérsia acerca da possibilidade de executar
provisoriamente condenação penal confirmada em segunda instância,
quando há comando sentencial, não alterado neste Tribunal, que,
segundo os impetrantes, obsta a execução antes do trânsito em julgado
da sentença.
3. Inobstante os argumentos lançados na impetração, bem como as
possíveis divergências, nesta Primeira Turma, quanto à possibilidade de
execução provisória da pena, em face da existência de norma endócrina
que condiciona a execução ao trânsito em julgado da sentença
condenatória, deve-se atentar para as circunstâncias específicas do caso.
Nesse sentido, verifica-se que, após a interposição do Recurso Especial nº

http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave CA8A1D10.193D7F1E.6D33830E.79BADDE9


1.449.193/CE pela própria defesa do paciente, formulou-se o Pedido de
Tutela Provisória nº 38, requerendo a concessão de liminar para atribuir
efeito suspensivo ao apelo extremo. Em decisão monocrática, o eminente
Relator, Min. FÉLIX FISCHER, deferiu a liminar, para "sustar o início da
execução provisória da pena até ulterior julgamento final do presente
pedido de tutela antecipada".
4. Portanto, é da competência do Ministro Relator no STJ, não deste
TRF5, a atribuição do efeito suspensivo e, consequentemente, a fixação
das condições em que tal efeito foi atribuído ao recurso, o que abrange,
por certo, a definição do seu alcance temporal. Logo, resta aguardar o
termo ad quem definido no âmbito do próprio STJ.
5. Ainda que o Habeas Corpus não se trate de recurso, a aplicação do
disposto no art. 580 do CPP, a fim de garantir a extensão da ordem do
remédio heroico, é plenamente cabível, a teor da jurisprudência do STJ.
No caso concreto, como se está elencando, para fins de concessão da
ordem, apenas elementos eminentemente objetivos, resta evidenciada
situação análoga em relação a IBO, GLGF e JAB, todos também
condenados nos autos da Ação Penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100.
6. Ordem parcialmente concedida, para suspender a execução provisória
da pena imposta ao paciente até o julgamento final, pelo STJ, do Pedido
de Tutela Provisória nº 38 no REsp nº 1.449.193/CE, com a extensão da
ordem aos corréus IBO, GLGF e JAB.

11. Inconformado, o impetrante opôs embargos de declaração.


Alegou que o acórdão suscitava dúvida quanto à suspensão do processo,
se envolvia tão somente a Tutela Provisória ou o próprio Recurso
Especial e seus consectários. Demais disso, argumentou que a execução

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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
PROCURADORIA REGIONAL DA REPÚBLICA – 5ª REGIÃO

Gabinete do Procurador Regional da República Fernando José Araújo Ferreira

da pena, após a condenação em segunda instância, exige fundamentação


que aponte sua justificativa cautelar.

12. Considerando a possibilidade de atribuição de efeitos

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infringentes aos Embargos de Declaração, foi deferido o pedido de
manutenção de suspensão da execução provisória da pena imposta aos
Pacientes, conforme decisão de Id. 4050000.12078831.

13. Esta Procuradoria Regional da República, nas contrarrazões,


pugnou pelo não provimento dos embargos, pautados para a sessão de
de julgamento da 1ª Turma a ser realizada em 20/9/2018 às 9h na Sala
das Turmas - Pavimento Sul.

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14. Todavia, em 4 de setembro de 2018, o Ministro FÉLIX
FISCHER, relator da PetExe nos EDcl nos EDcl no AgRg no RECURSO
ESPECIAL Nº 1.449.193, conforme decisão anexa a esta manifestação,
deferiu o pedido do MPF e determinou que, independentemente, da
certificação do trânsito em julgado, a Coordenadoria da Quinta
Turma adotasse as providências necessárias para que se procedesse
à execução provisória das penas dos pacientes.

15. Vejamos, nessa esteira, o seguinte excerto da decisão:

No caso, verifica-se que, com o julgamento do recurso especial, além


do agravo regimental e dos consequentes embargos de declaração, houve
o esgotamento da jurisdição pela eg. Quinta Turma deste Superior
Tribunal de Justiça, sendo que, por tal razão, houve a perda de objeto do
pedido de tutela provisório anteriormente deferido na TP 38/CE.
Assim, com a interposição do recurso de embargos de divergência
(fls. 1206-1301), o pedido de efeito suspensivo deve ser dirigido ao órgão
competência para julgamento da impugnação.
Diante disso, defiro o pedido formulado, determinando que,
independentemente da certificação do trânsito em julgado, a
Coordenadoria da Quinta Turma remeta cópia da r. sentença, do v.
acórdão proferido em grau de apelação e das decisões proferidas nesta
Corte para o MM. Juiz de primeira instância, a fim de que se proceda à
execução provisória das penas.

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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
PROCURADORIA REGIONAL DA REPÚBLICA – 5ª REGIÃO

Gabinete do Procurador Regional da República Fernando José Araújo Ferreira

16. Por certo, diante dessa decisão do Excelentíssimo Senhor


Ministro FÉLIX FISCHER, determinando o início da execução provisória

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da pena, independentemente, da certificação do trânsito em julgado, o
presente habeas corpus perdeu o objeto.

17. Com efeito, a decisão que, hoje, determina o início da


execução provisória da pena, suspensa por essa Colenda Primeira
Turma, não é mais aquela proferida pelo Juízo da 12ª Vara Federal do
Ceará. Este deixou de ser autoridade coatora.

18. Portanto, para se contrapor ao início da execução provisória

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da pena, pela via do habeas corpus, deve a parte interessada impetrá-lo
no STF, órgão jurisdicional a quem caberia sindicar a decisão de Ministro
do STJ, nos termos do art. 102, I, “i”, da CRFB/88.

19. Não mais existindo a decisão combatida no presente remédio


constitucional, sua extinção sem exame do mérito, em face da perda
superveniente do objeto, é a medida que se impõe.

20. Ante o exposto, esta Procuradoria Regional da República


pugna pelo reconhecimento da perda superveniente do objeto do
presente habeas corpus por essa Colenda Turma.

Recife, 9 de setembro de 2018.

FERNANDO JOSÉ ARAÚJO FERREIRA


Procurador Regional da República

P.S. A seguir, segue anexa a decisão do Excelentíssimo Senhor Ministro


FÉLIX FISCHER, na PetExe nos EDcl nos EDcl no AgRg no RECURSO
ESPECIAL Nº 1.449.193.

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Superior Tribunal de Justiça
DIÁRIO DA JUSTIÇA ELETRÔNICO
Edição nº 2509 - Brasília, Disponibilização: Quarta-feira, 05 de Setembro de 2018 Publicação: Quinta-feira, 06 de Setembro de 2018

PetExe nos EDcl nos EDcl no AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.449.193


- CE (2014/0091750-6)

RELATOR : MINISTRO FELIX FISCHER


REQUERENTE : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
REQUERIDO : FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
REQUERIDO : JERÔNIMO ALVES BEZERRA

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REQUERIDO : GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO
REQUERIDO : IELTON BARRETO DE OLIVEIRA
ADVOGADO : MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA E OUTRO(S) -
DF021932

DECISÃO

O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, por meio de petição (fl.


1181-1196), requer a execução provisória das reprimendas impostas aos
requeridos.

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Em resposta apresentada às fls. 1.200-1.205, os requeridos
sustentam ser incabível o pedido de execução provisória da pena, porquanto
não houve o esgotamento da jurisdição.

É o breve relato.

Decido.

O Supremo Tribunal Federal, julgando o HC n. 126.292/SP, sob


relatoria do Exmo. Sr. Ministro Teori Zavascki, passou a entender que o
cumprimento provisório de pena não contraria o disposto no art. 5º, inciso
LVII, da Constituição Federal, uma vez que, com o pronunciamento de
Tribunal de hierarquia imediatamente superior, fica exaurido o exame sobre os
fatos e provas, concretizando-se assim, o duplo grau de jurisdição, cujo acesso
em liberdade, respeitadas as hipóteses de segregação cautelar, é
constitucionalmente assegurado.

Na mesma esteira, o entendimento deste Superior Tribunal de


Justiça que, "[...] pendente o trânsito em julgado apenas pela interposição de
recurso de natureza extraordinária, é possível iniciar-se o cumprimento da
pena [...]. Nesses moldes, é possível iniciar-se o cumprimento da pena [...]

Documento: 87323057 Página 1 de 2

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Superior Tribunal de Justiça
DIÁRIO DA JUSTIÇA ELETRÔNICO
Edição nº 2509 - Brasília, Disponibilização: Quarta-feira, 05 de Setembro de 2018 Publicação: Quinta-feira, 06 de Setembro de 2018

porque eventual recurso de natureza extraordinária não é, em regra, dotado


de efeito suspensivo" (QO na APn n. 675/GO, Corte Especial, Rel. Min. Nancy
Andrighi, DJe de 26/4/2016).

Ademais, não prosperam as alegações apresentadas pelos ora


requeridos.

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No caso, verifica-se que, com o julgamento do recurso especial,
além do agravo regimental e dos consequentes embargos de declaração, houve
o esgotamento da jurisdição pela eg. Quinta Turma deste Superior Tribunal de
Justiça, sendo que, por tal razão, houve a perda de objeto do pedido de tutela
provisório anteriormente deferido na TP 38/CE.

Assim, com a interposição do recurso de embargos de divergência


(fls. 1206-1301), o pedido de efeito suspensivo deve ser dirigido ao órgão

http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave CA8A1D10.193D7F1E.6D33830E.79BADDE9


competência para julgamento da impugnação.

Diante disso, defiro o pedido formulado, determinando que,


independentemente da certificação do trânsito em julgado, a Coordenadoria da
Quinta Turma remeta cópia da r. sentença, do v. acórdão proferido em grau de
apelação e das decisões proferidas nesta Corte para o MM. Juiz de primeira
instância, a fim de que se proceda à execução provisória das penas.

P. e I.

Brasília (DF), 04 de setembro de 2018.

Ministro Felix Fischer


Relator

Documento: 87323057 Página 2 de 2


Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
FERNANDO JOSE ARAUJO FERREIRA - Procurador
18090614175661700000012288158
Data e hora da assinatura: 06/09/2018 14:17:48
Identificador: 4050000.12308813
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 8/8
petição anexa

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado
18090820545214700000012306287
Data e hora da assinatura: 08/09/2018 20:57:07
Identificador: 4050000.12326990
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 1/1
EXCELENTÍSSIMO DESEMBARGADOR FEDERAL ROBERTO MACHADO
DD. RELATOR DO HABEAS CORPUS Nº 0802530-35.2018.4.05.0000

FRANCISCO CÉSAR ASFOR ROCHA, MARCELO LEAL DE


LIMA OLIVEIRA e LUIZ EDUARDO R. B. DO MONTE, ANASTACIO JORGE
MATOS DE SOUSA MARINHO, CAIO CESAR VIEIRA ROCHA, e TIAGO
ASFOR ROCHA LIMA, subscritores do habeas corpus epigrafado, impetrado
em favor de FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS, GERALDO GADELHA
FILHO, IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES BEZERRA,
todos também já qualificados nos autos, à presença de Vossa Excelência
comparece para expor e requerer o que segue:

1. Na data de ontem, 07 de setembro de 2018, em que pese ordem


expressa de Vossa Excelência determinando a suspensão da execução
provisória da pena, houve por bem a Juíza da 12 Vara de Execução Penal do
Ceará, determinar o imediato cumprimento de ordem de prisão.

2. Referida decisão encontra-se lastreada no envio de cópias das


decisões condenatórias promovido pelo Relator do Recurso Especial no STJ,
Ministro FÉLIX FISCHER que, ao apreciar pedido formulado pelo Ministério
Público, determinou que se procedesse a execução provisória das penas
aplicadas ao Requerente.

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3. Em que pese proferida por Ministro do Superior Tribunal de
Justiça, a decisão acima citada não revogou a determinação de Vossa
Excelência nos presentes autos, que não foi sequer objeto de recurso por
parte do Ministério Público e que expressamente dispõe:

Considerando a possibilidade de atribuição de efeitos


infringentes aos Embargos de Declaração opostos contra o
acórdão da Primeira Turma, proferido em 28/06/2018, defiro o
pedido de id. 12078250.
Assim, determino que permaneçam suspensas as
Execuções Provisórias Penais nos 0805802-
55.2016.4.05.8100, 0805810-32.2016.4.05.8100, 0805805-
10.2016.4.05.8100 e 0805812-02.2016.4.05.8100 (decorrentes
das condenações impostas a FRANCISCO DEUSMAR DE
QUEIRÓS, IELTON BARRETO DE OLIVEIRA, GERALDO DE
LIMA GADELHA FILHO e JERÔNIMO ALVES BEZERRA, nos
autos da Ação Penal nº 0012628.43.2010.4.05.8100), até o
julgamento dos Embargos de Declaração interpostos pela
defesa, pautados para julgamento na sessão da Primeira Turma
de 30/08/2018.

4. Esta decisão jamais foi atacada ou reformada e encontra-se


em plena vigência!!!!!

5. Não obstante, o Ministério Público, ao invés de recorrer da


decisão acima, resolveu, per saltum, requerer a prisão diretamente ao STJ, sem
informar dos embargos de declaração opostos e da decisão acima
mencionada, fundamentando seu pedido exatamente na contradição
identificada pela defesa no acórdão do Regional e sobre a qual não
manifestou oposição.

6. Em razão desse requerimento, o Ministro Relator do Recurso


Especial no STJ proferiu decisão “determinando que, independentemente da
certificação do trânsito em julgado, a Coordenadoria da Quinta Turma remeta
cópia da r. sentença, do v. acórdão proferido em primeiro grau de apelação e
das decisões proferidas nesta Corte para o MM. Juiz de primeira instância, a fim
de que se proceda à execução provisória das penas”.

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7. Remetidos os documentos à Vara de Execução Penal, o próprio
MPF, inicialmente, reconheceu que a decisão proferida por Vossa Excelência
continua em pleno vigor, lançando a seguinte cota nos autos:

8. Estranhamente, após manifestação da defesa ressaltando o


evidente equívoco, o mesmo Procurador protocolou parecer em sentido diverso,
fundamentando seu novo entendimento na afirmação de que “o STJ, intérprete
autêntico de suas próprias decisões, determinou a execução provisória das
penas, independentemente do trânsito em julgado das decisões proferidas no
âmbito da Corte Especial, tanto na TP 38 quanto no RESP 1449193”, nada
mencionando sobre a decisão proferida por Vossa Excelência.

9. Como se vê, existe evidente dúvida quanto ao alcance da


decisão proferida pelo STJ, especialmente se ela revoga a decisão proferida por
Vossa Excelência que jamais foi atacada por qualquer recurso pelo Ministério

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Público, o que está gerando verdadeiro tumulto processual que só pode ser
resolvida a favor do Réu, ao menos até que se possa ter a certeza quanto ao
seu alcance, o que certamente pode ser feito oficiando-se o próprio STJ no
primeiro horário de segunda-feira.

10. Assim, requer seja determinado ao Juízo da 12ª Vara de


Execução Penal do Ceará, que suspenda o cumprimento da ordem de prisão até
que seja confirmado se a decisão proferida pelo STJ revoga a decisão de Vossa
Excelência que, repita-se, não foi objeto de recurso pelo Ministério Público.

P. deferimento.
Brasília, 08 de setembro de 2018.

Francisco César Asfor Rocha Marcelo Leal De Lima Oliveira


OAB/SP nº 329.034 OAB/DF 21.932

Caio Cesar Vieira Rocha Anastácio Jorge Matos de Sousa Marinho


OAB/CE 15.095 OAB/CE 8502

Tiago Asfor Rocha Lima Luiz Eduardo R. B. do Monte


OAB/CE 16.386 OAB/DF 41.950

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado
18090820551409200000012306288
Data e hora da assinatura: 08/09/2018 20:57:07
Identificador: 4050000.12326991
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 4/4
STJ-Petição Eletrônica (PetExe) 00483498/2018 recebida em 30/08/2018 09:43:26 (e-STJ Fl.1181)

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL


PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICA

Documento assinado via Token digitalmente por FRANCISCO DE ASSIS VIEIRA SANSEVERINO, em 30/08/2018 09:41. Para verificar a assinatura acesse
EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO RELATOR,

PETIÇÃO N. 11.637/2018-FAVS

RECURSO ESPECIAL Nº 1.449.193/CE (2014/0091750-6)


RELATOR : MINISTRO FÉLIX FISCHER – QUINTA TURMA
RECORRENTE : FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
RECORRENTE : JERÔNIMO ALVES BEZERRA
RECORRENTE : GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO
RECORRENTE : IELTON BARRETO DE OLIVEIRA
ADVOGADO : EVÂNIO JOSÉ DE MOURA SANTOS E OUTRO (S)
RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave F3C13188.60F688D7.A9B55D97.AC533F3F


EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA DE
CONDENAÇÃO PROFERIDA EM PRIMEIRA
INSTÂNCIA, CONFIRMADA PELO TRF/5ª
REGIÃO E PELA 5ª TURMA DO STJ.
- PRECEDENTES DO STF E DO STJ.
Petição Eletrônica juntada ao processo em 30/08/2018 ?s 09:51:03 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA

O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, pelo Subprocurador-Geral da


República signatário, vem, perante V. Exa., expor e, ao final, requerer a

EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA

com base nos seguintes fundamentos:

G:\PGR_GABSUB_GABSUB14-FAVS\2 - MINUTAS DE PARECERES\13 - MINUTAS PARA REVISÃO\4 - Ao STJ\

Documento eletrônico e-Pet nº 3235699 com assinatura digital


Signatário(a): FRANCISCO DE ASSIS VIEIRA SANSEVERINO NºSérie Certificado: 3690262208959145798
Id Carimbo de Tempo: 4117586 Data e Hora: 30/08/2018 09:43:26hs
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STJ-Petição Eletrônica (PetExe) 00483498/2018 recebida em 30/08/2018 09:43:26 (e-STJ Fl.1182)

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL


Petição no RECURSO ESPECIAL Nº 1.449.193/CE

I – BREVE HISTÓRICO

Documento assinado via Token digitalmente por FRANCISCO DE ASSIS VIEIRA SANSEVERINO, em 30/08/2018 09:41. Para verificar a assinatura acesse
1. Em 19-10-2010, o MPF ofereceu denúncia contra os réus ANDRÉA
JUCÁ TERCEIRO, FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS, GERALDO DE LIMA
GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES
BEZERRA, como incursos no art. 7º, IV, da Lei n° 7.492/86, pela prática, em síntese, dos
seguintes fatos: a) nos períodos de 14 a 18-8-2006 e de 21 a 24-11-2006, em decorrência de
reclamação do investidor José Bismarque Coelho Guerra, o Ministério Público Federal e a
Comissão de Valores Mobiliários realizaram inspeção na empresa RENDA CORRETORA
DE MERCADORIAS S/C LTDA., então dirigida pelos sócios FRANCISCO DEUSMAR DE
QUEIRÓS e IELTON BARRETO DE OLIVEIRA; b) o investidor José Bismarque Coelho
Guerra vendeu ações de emissão do Banco do Estado do Ceará (BEC) à empresa RENDA

http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave F3C13188.60F688D7.A9B55D97.AC533F3F


CORRETORA DE MERCADORIAS S/C LTDA. por valor correspondente à metade do
preço vigente no mercado; c) a CVM constatou que a empresa RENDA CORRETORA DE
MERCADORIAS S/C LTDA. atuava em conjunto com a PAX CORRETORA DE
VALORES E CÂMBIO LTDA.; FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS era o seu
principal acionista e sócio-administrador; as empresas confundiam-se; dividiam o mesmo
espaço físico; o mesmo dirigente e o mesmo escopo operacional; d) GERALDO DE LIMA
GADELHA FILHO e JERÔNIMO ALVES BEZERRA atuavam como 'longa manus' de
Petição Eletrônica juntada ao processo em 30/08/2018 ?s 09:51:03 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA

FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS na gestão das empresas RENDA e PAX, embora


não figurassem nos contratos sociais como sócios, controladores ou acionistas; e) entre os
anos de 2000 e 2006, a empresa RENDA atuou irregularmente e de maneira habitual no
mercado de valores mobiliários, desenvolvendo atividade conhecida como 'garimpagem de
ações' (adquirir com deságio ações de terceiros, em sua maioria pessoas físicas, para, em
seguida, dentro de um curto espaço de tempo, revendê-las em bolsa a um preço superior), por
intermédio da empresa PAX; f) ANDRÉA JUCÁ TERCEIRO figurava como cliente das
coirmãs RENDA e PAX; adquiria ações de emissão de companhias telefônicas de seus
titulares originais e do extinto Banco do Estado do Ceará – BEC para transferi-las para suas
contas de custódia na PAX e aliená-las em curto espaço de tempo na bolsa de valores;
atividade típica de agente autônomo de investimento, para a qual não estava autorizada; o
lucro estimado obtido nas operações de intermediação irregular de ações no período de 2000 a
2006 foi de R$ 2.840.026,32; g) a empresa RENDA fez mediação e corretagem de valores

2.

Documento eletrônico e-Pet nº 3235699 com assinatura digital


Signatário(a): FRANCISCO DE ASSIS VIEIRA SANSEVERINO NºSérie Certificado: 3690262208959145798
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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL


Petição no RECURSO ESPECIAL Nº 1.449.193/CE

mobiliários fora da bolsa de valores durante os anos de 2000 a 2006, sem que fosse registrada
na CVM (fls. 2-11).

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2. Em 19-11-2010, o Juízo Federal da 11ª Vara da Seção Judiciária do
Ceará/CE recebeu a denúncia (fls. 12-3).

3. Em 05-07-2012, o Juízo Federal da 11ª Vara da Seção Judiciária do


Ceará/CE proferiu sentença na qual condenou os réus como incursos nos crimes do art. 7º,
inciso IV, da Lei n° 7.492/86, c.c o art. 27-C da Lei n° 6.385/76, na forma do art. 71 do CP
(crime continuado), nos seguintes termos (fls. 380-420):

3.1. condenou o réu FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS a 9 anos e 2 meses


de reclusão pela prática do crime de emitir, oferecer ou negociar, de qualquer

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modo, títulos ou valores mobiliários, sem autorização prévia da autoridade
competente, quando legalmente exigida (art. 7º, IV, da Lei n° 7.492 c.c o art. 71 do
CP), e ao pagamento de 250 dias-multa; a 6 anos e 8 meses de reclusão pela prática
do crime de realizar operações simuladas ou executar outras manobras
fraudulentas, com a finalidade de alterar artificialmente o regular funcionamento
dos mercados de valores mobiliários em bolsa de valores, de mercadorias e de
futuros, no mercado de balcão ou no mercado de balcão organizado, com o fim de
obter vantagem indevida ou lucro, para si ou para outrem, ou causar dano a
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terceiros (art. 27-C da Lei n° 6.385/76), e ao pagamento de 3 vezes o montante da


vantagem ilícita obtida em decorrência do crime, em regime inicial fechado;

3.2. condenou o réu GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO a 5 anos de


reclusão pela prática do crime de emitir, oferecer ou negociar, de qualquer modo,
títulos ou valores mobiliários, sem autorização prévia da autoridade competente,
quando legalmente exigida (art. 7º, IV, da Lei n° 7.492 c.c o art. 71 do CP), e ao
pagamento de 200 dias-multa; a 5 anos de reclusão pela prática do crime de realizar
operações simuladas ou executar outras manobras fraudulentas, com a finalidade de
alterar artificialmente o regular funcionamento dos mercados de valores mobiliários
em bolsa de valores, de mercadorias e de futuros, no mercado de balcão ou no
mercado de balcão organizado, com o fim de obter vantagem indevida ou lucro,
para si ou para outrem, ou causar dano a terceiros (art. 27-C da Lei n° 6.385/76), e
ao pagamento de 3 vezes o montante da vantagem ilícita obtida em decorrência do
crime, em regime inicial fechado;

3.

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Petição no RECURSO ESPECIAL Nº 1.449.193/CE

3.3. condenou o réu IELTON BARRETO DE OLIVEIRA a 5 anos de reclusão


pela prática do crime de emitir, oferecer ou negociar, de qualquer modo, títulos ou
valores mobiliários, sem autorização prévia da autoridade competente, quando

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legalmente exigida (art. 7º, IV, da Lei n° 7.492 c.c o art. 71 do CP), e ao
pagamento de 200 dias-multa; a 5 anos de reclusão pela prática do crime de realizar
operações simuladas ou executar outras manobras fraudulentas, com a finalidade de
alterar artificialmente o regular funcionamento dos mercados de valores mobiliários
em bolsa de valores, de mercadorias e de futuros, no mercado de balcão ou no
mercado de balcão organizado, com o fim de obter vantagem indevida ou lucro,
para si ou para outrem, ou causar dano a terceiros (art. 27-C da Lei n° 6.385/76), e
ao pagamento de 3 vezes o montante da vantagem ilícita obtida em decorrência do
crime, em regime inicial fechado;

3.4. condenou o réu JERÔNIMO ALVES BEZERRA a 5 anos de reclusão pela


prática do crime de emitir, oferecer ou negociar, de qualquer modo, títulos ou

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valores mobiliários, sem autorização prévia da autoridade competente, quando
legalmente exigida (art. 7º, IV, da Lei n° 7.492 c.c o art. 71 do CP), e ao
pagamento de 200 dias-multa; a 5 anos de reclusão pela prática do crime de realizar
operações simuladas ou executar outras manobras fraudulentas, com a finalidade de
alterar artificialmente o regular funcionamento dos mercados de valores mobiliários
em bolsa de valores, de mercadorias e de futuros, no mercado de balcão ou no
mercado de balcão organizado, com o fim de obter vantagem indevida ou lucro,
para si ou para outrem, ou causar dano a terceiros (art. 27-C da Lei n° 6.385/76), e
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ao pagamento de 3 vezes o montante da vantagem ilícita obtida em decorrência do


crime, em regime inicial fechado (fls. 380-420).

4. Em 24-07-2012, a defesa dos réus FRANCISCO DEUSMAR DE


QUEIRÓS, GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE
OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES BEZERRA interpôs recurso de Apelação (fls. 454-5; 476-
554).

5. Em 11-07-2013, a 3ª Turma do TRF/5ª Região deu parcial provimento


à Apelação Criminal n° 0012628-43.2010.4.05.8100 para excluir a condenação dos réus da
prática do crime do art. 27-C da Lei n° 6.385/76; manter a condenação pela prática do crime
do art. 7º, IV, da Lei n° 7.492 c.c o art. 71 do CP (fls. 588-9; 592-604).

4.

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Petição no RECURSO ESPECIAL Nº 1.449.193/CE

6. Em 25-07-2013, a defesa dos réus FRANCISCO DEUSMAR DE


QUEIRÓS, GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE
OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES BEZERRA opôs embargos de declaração (fls. 607-18).

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7. Em 14-08-2013, o MPF ofereceu contrarrazões aos embargos de
declaração (fls. 622-30).

8. Em 26-09-2013, a 3ª Turma do TRF/5ª Região deu provimento aos


embargos de declaração para sanar a omissão quanto à incidência do art. 71 do CP (fls. 639-
45; 647-8).

9. Em 07-10-2013, a defesa dos réus FRANCISCO DEUSMAR DE


QUEIRÓS, GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE
OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES BEZERRA opôs embargos de declaração (fls. 651-70).

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10. Em 14-11-2013, a 3ª Turma do TRF/5ª Região negou provimento aos
embargos de declaração (fls. 681-3; 685).

11. Em 09-12-2013, a defesa dos réus FRANCISCO DEUSMAR DE


QUEIRÓS, GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE
OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES BEZERRA interpôs recurso especial, com base no art.
105, inciso III, alínea 'a' e 'c' da CF, no qual alega, em síntese, o seguinte: (1) nulidade da
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sentença do Juízo Federal da 11ª Vara da Seção Judiciária do Ceará/CE; julgado citra petita;
atipicidade das condutas imputadas aos réus; ausência de provas de materialidade dos crimes;
ausência de individualização das condutas dos réus; ausência de fundamentação da sentença
condenatória; aumento excessivo da pena-base com base na gravidade abstrata do crime;
violação do art. 381, III e IV e do art. 619 do CPP; aumento máximo pela continuidade
delitiva sem a devida demonstração da quantidade de crimes; violação do art. 71 do CP; (2)
nulidade do acórdão; julgado ultra petita; manutenção da condenação com fundamento em
acusação não expressada na denúncia; violação do art. 383 e do art. 384 do CPP; (3)
cerceamento de defesa; errônea tipificação; o art. 27-E da Lei n° 6.385/76 trata
especificamente da atuação sem autorização da CVM; (4) condenação com base nos
elementos colhidos na fase investigatória; violação do art. 155 do CPP; ao final requer a
nulidade da sentença do Juízo Federal da 11ª Vara da Seção Judiciária do Ceará/CE; nulidade

5.

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do acórdão da 3ª Turma do TRF/5ª Região; reconhecer a extinção da punibilidade; absolver os


réus; reduzir as penas dos réus (fls. 686; 692-763).

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12. Em 09-12-2013, a defesa dos réus FRANCISCO DEUSMAR DE
QUEIRÓS, GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE
OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES BEZERRA interpôs recurso extraordinário (fls. 764-5;
771-823).

13. Em 21-02-2014, o Vice-Presidente do TRF/5ª Região admitiu o recurso


especial (fl. 855).

14. Em 21-02-2014, o Vice-Presidente do TRF/5ª Região julgou


prejudicado o recurso extraordinário dos réus quanto à alegação de ofensa ao art. 93, IX da
CF; não admitiu o recurso extraordinário quanto à alegação de ofensa ao art. 5°, XLVI, LIV,

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LV e LVII, da CF (fls. 856-7).

15. Em 04-11-2016, a Defesa ajuizou a TP nº 38/CE, com a finalidade de


atribuir efeito suspensivo ao recurso especial (REsp nº 1.449.193/CE) (consulta ao site do
STJ).

16. Em 16-11-2016, o Relator, Min. Félix Fischer, deferiu a liminar “para


sustar a execução provisória da pena até ulterior julgamento final do presente pedido de
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tutela provisória.” (consulta ao site do STJ, TP nº 38/CE).

17. Em 30-11-2017, o Relator, ao apreciar o REsp nº 1.449.193/CE da


Defesa, conheceu, em parte, do recurso especial e, nessa extensão, negou-lhe provimento
(consulta ao site do STJ).

18. Em 13-12-2017, a Defesa interpôs agravo regimental neste REsp nº


1.449.193/CE (consulta ao site do STJ).

19. Em 20-02-2018, a 5ª Turma do STJ, por unanimidade, negou


provimento ao agravo regimental (consulta ao site do STJ).

20. Em 22-02-2018, o Relator da TP nº 38/CE julgou prejudicada a tutela


provisória e a liminar antes deferida, com base na seguinte fundamentação: “Com efeito, o

6.

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Petição no RECURSO ESPECIAL Nº 1.449.193/CE

Recurso Especial 1.449.193/CE, do qual esta tutela provisória é incidental, foi julgado
monocraticamente, tendo sido conhecido em parte e, na extensão, desprovido. No dia 20 de
fevereiro deste ano, a col. Quinta Turma deste Superior Tribunal de Justiça julgou o agravo

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regimental naquele feito, negando provimento ao recurso para manter os fundamentos do
decisum monocrático. Em tal contexto, verifico que o presente pedido perdeu o objeto, em
razão da superveniência da decisão de mérito proferida nos autos da ação principal.”
(consulta ao site do STJ; TP nº 38/CE)

21. Em 1º-03-2018, a Defesa interpôs agravo regimental contra a decisão do


Relator da TP nº 38/CE que julgou prejudicada a tutela provisória e cassou a liminar antes
deferida (consulta ao site do STJ).

22. Em 07-03-2018, a Defesa opôs embargos de declaração no AgRg no


REsp nº 1.449.193/CE (consulta ao site do STJ).

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23. Em 07-06-2018, a 5ª Turma do STJ rejeitou os embargos de
declaração opostos no AgRg no REsp nº 1.449.193/CE (consulta ao site do STJ).

24. Em 12-06-2018, a 5ª Turma do STJ negou provimento ao agravo


regimental interposto na TP nº 38/CE (consulta ao site do STJ).

25. Em 29-06-2018, a Defesa opôs novos embargos de declaração (ainda


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pendentes de julgamento), nos embargos de declaração, opostos no AgRg no REsp nº


1.449.193/CE, (consulta ao site do STJ).

26. Em 14-08-2018, a 5ª Turma do STJ, à unanimidade de votos, mais uma


vez, rejeitou os embargos de declaração opostos nos EDcl no AgRg no REsp nº
1.449.193/CE, em acórdão assim ementado (site STJ):

“EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO


AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. OMISSÃO.
INEXISTÊNCIA. REEXAME DA CAUSA. INVIABILIDADE. INOVAÇÃO
RECURSAL. IMPOSSIBILIDADE.
I - Os embargos declaratórios não constituem recurso de revisão, sendo
inadmissíveis se a decisão embargada não padecer dos vícios que autorizariam a
sua oposição (obscuridade, contradição e omissão). Na espécie, à conta de omissão
no v. acórdão embargado, pretendem os embargantes a rediscussão da matéria
já apreciada.

7.

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Petição no RECURSO ESPECIAL Nº 1.449.193/CE

II - É vedado, em sede de agravo regimental ou embargos de declaração,


ampliar a matéria veiculada no recurso, inovando em questões não suscitadas
anteriormente.
Embargos de declaração rejeitados.” (Grifos nossos).

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26.1. Em 17-08-2018, o Desembargador Relator do TRF/5ª Região deferiu
liminar no HC nº 0802530-35.2018.4.05.0000, em razão da possibilidade de serem atribuídos
efeitos infringentes aos embargos de declaração opostos em 28-06-2018, e determinou a
suspensão das Execuções Provisórias nº 0805802-55.2016.4.05.8100, 0805810-
32.2016.4.05.8100, 0805-10.2016.4.05.8100 e 0805812-02.2016.4.05.8100, decorrentes das
condenações dos réus FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS, IELTON BARRETO DE
OLIVEIRA, GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO e JERÔNIMO ALVES BEZERRA ,
nos autos da Ação Penal nº 0012628.43.2010.4.05.8100 (site TRF/5ª Região).

26.2. Em 20-08-2018, o acórdão da 5ª Turma do STJ que rejeitou os

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embargos de declaração opostos nos EDcl no AgRg no REsp nº 1.449.193/CE foi publicado
(site STJ).

II - Execução Provisória da Pena


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27. Cabe registrar acórdão proferido pelo TRF/5ª Região, no HC nº 0802530-


35.2018.4.05.0000 (segredo de justiça), impetrado em benefício de FRANCISCO
DEUSMAR DE QUEIROS, no qual a Turma, por maioria, concedeu a ordem
“determinando-se a extinção da Execução Provisória nº 0805802-55.2016.4.05.8100,
proposta contra FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS, com extensão da ordem a IELTON
BARRETO DE OLIVEIRA, GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO e JERÔNIMO ALVES
BEZERRA, com a consequente extinção das Execuções Provisórias nºs 0805810-
32.2016.4.05.8100, 0805805-10.2016.4.05.8100 e 0805812-02.2016.4.05.8100”; a saber:

“Relatório

O DESEMBARGADOR FEDERAL ROBERTO MACHADO (Relator): Trata-se de


Habeas Corpus impetrado em favor de FRANCISCO DESUMAR DE QUEIRÓS,
apontando como ilegal decisão do Juízo da 12ª Vara Federal do Ceará, que determinou

8.

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Petição no RECURSO ESPECIAL Nº 1.449.193/CE

a Execução Provisória da pena imposta na Ação Penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100


(9 anos e 2 meses de reclusão, além de 250 dias-multa, pela prática do crime previsto
no art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/86), ainda pendente de julgamento de recurso no STJ

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(EDcl no AgRg no REsp 1.449.193-CE).

Os impetrantes alegam: 1) na Ação Penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100, em razão da


prática do crime previsto no art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/86, o paciente foi condenado a 9
(nove) anos e 2 (dois) meses de reclusão, a ser cumprida inicialmente em regime
fechado, mais multa; 2) ainda pendente de julgamento o Recurso Especial REsp
1.449.193-CE, no STJ, interposto pela defesa; 3) o pedido de execução provisória da
pena privativa de liberdade, formulado pelo MPF, viola o princípio do non reformatio
in pejus e a garantia da segurança jurídica, porque a acusação não recorreu da parte da
sentença que condicionou a execução ao trânsito em julgado da decisão condenatória;
4) o que se discute, neste momento processual, em nada se relaciona com a (in)
constitucionalidade da execução provisória da pena; 5) as providências finais, as quais
integram a parte dispositiva da sentença, estão acobertadas pelo manto da coisa julgada;

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6) o STF vem condicionando o recolhimento à prisão ao trânsito em julgado para
ambas as partes, nos casos em que assim previsto no título executivo, sem que isso
ofenda o entendimento daquela Suprema Corte no sentido da possibilidade de execução
provisória da pena privativa de liberdade (…).

Deferi o pedido liminar, determinando a suspensão da Execução Provisória da Pena nº


0805802-55.2016.4.05.8100, até julgamento final deste writ (…).

Depois, deferi o pedido de extensão da liminar para os correus IELTON BARRETO


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DE OLIVEIRA, GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO e JERÔNIMO ALVES


BEZERRA, com a consequente suspensão das Execuções Provisórias nºs 805810-
32.2016.4.05.8100, 0805805-10.2016.4.05.8100 e 0805812-02.2016.4.05.8100,
também até o final do julgamento deste writ (…).

VOTO

(…).

No mérito, cinge-se a controvérsia acerca da possibilidade de executar provisoriamente


uma condenação penal confirmada em segunda instância, quando há um comando
sentencial, não alterado neste Tribunal, que, segundo os impetrantes, obsta a execução
antes do trânsito em julgado da sentença.

Sobre a questão, penso que, conforme precedentes do STF, havendo capítulo na


sentença que vincule a execução da pena ao trânsito em julgado da decisão

9.

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Petição no RECURSO ESPECIAL Nº 1.449.193/CE

condenatória, como uma garantia erigida em favor do status libertatis do réu, não
modificada por recurso da acusação, a norma endócrina do julgado deve prevalecer
sobre o entendimento firmado pelo Pretório Excelso no HC 126.292/SP, nas Medidas

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Cautelares nas ADC's 43 e 44 e no ARE 964.246/SP (os quais admitiram a
possibilidade de execução provisória da pena após condenação em segunda instância,
diante da ausência de efeito suspensivo dos recursos extremos). Do contrário, estar-se-
ia violando o postulado que veda a reformatio in pejus (art. 617 do CPP).

No caso concreto, restou consignado na sentença condenatória, proferida pelo Juízo da


11ª Vara Federal do Ceará, in verbis (fl. 503):

“90. Determino, ainda, imediatamente após o trânsito em julgado desta sentença, a


remessa dos autos à Vara Federal competente para a execução da pena aqui aplicada.”.

A Terceira Turma deste Tribunal, apreciando as Apelações interpostas pelos réus


FRANCISCO DESUMAR DE QUEIRÓS, IELTON BARRETO DE OLIVEIRA,

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GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO e JERÔNIMO ALVES BEZERRA, não
alterou esta parte da sentença (fls. 507/523).

Portanto, o teor do item 90 da sentença (em nenhum momento atacado pela acusação),
a condenação só poderá ser executada após o seu trânsito em julgado, o que é diferente,
por óbvio, do julgamento em segundo grau de jurisdição. Desse modo, em respeito à
coisa julgada, deve-se garantir ao paciente o direito de aguardar em liberdade a
conclusão do processo.
Petição Eletrônica juntada ao processo em 30/08/2018 ?s 09:51:03 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA

Neste contexto, mostra-se ilegal a decisão do Juízo da 12ª Vara Federal do Ceará que
determinou o prosseguimento da Execução Provisória nº 0805802-55.2016.4.05.8100.

Prossigo.

O art. 580 do CPP prevê que, no concurso de agentes, a decisão do recurso interposto
por um dos réus, se fundado em motivos que não sejam de caráter exclusivamente
pessoal, aproveitará aos outros.

(…).

Desse modo, com se está elencado, para fins de concessão da ordem, apenas elementos
eminentemente objetivos, resta evidenciada situação análoga em relação a IELTON
BARRETO DE OLIVEIRA, GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO e JERÔNIMO
ALVES BEZERRA, todos também condenados nos autos da Ação Penal nº 0012628-
43.2010.4.05.8100 (cada um a 5 anos de reclusão e multa, pela prática do crime do art.
7º, IV, da Lei nº 7.492/86, pendente de julgamento no STJ), porque inexiste qualquer

10.

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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL


Petição no RECURSO ESPECIAL Nº 1.449.193/CE

peculiaridade que diferencie a situação deles da do paciente FRANCISCO DEUSMAR


QUEIRÓS.

Assim, concedo a ordem de habeas corpus, determinando-se a extinção da Execução

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Provisória nº 0805802-55.2016.4.05.8100, proposta contra FRANCISCO DEUSMAR
DE QUEIRÓS, com extensão da ordem a IELTON BARRETO DE OLIVEIRA,
GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO e JERÔNIMO ALVES BEZERRA, com a
consequente extinção das Execuções Provisórias nºs 805810-32.2016.4.05.8100,
0805805-10.2016.4.05.8100 e 0805812-02.2016.4.05.8100.

É como voto.”

28. Sobre o tema, o entendimento do STJ orienta-se no sentido de que ainda


que a sentença condenatória tenha condicionado a prisão do réu ao trânsito em julgado da

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condenação, esse comando não vincula os tribunais superiores, sendo cabível, confirmada
a condenação pelo Tribunal, a imediata execução provisória da pena. O comando da
sentença constitui em mero efeito da condenação.

29. “Com efeito, a 3ª Seção, ao julgar o HC 19.406/PR, da Relatoria do


Ministro José Arnaldo, consignou que mesmo que o Julgador de 1º grau condicione a
expedição de mandado prisional ao trânsito em julgado da condenação, tal limitação não
vincula o Tribunal de 2º grau de jurisdição, ainda que o Ministério Público deixe de interpor
Petição Eletrônica juntada ao processo em 30/08/2018 ?s 09:51:03 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA

recurso.” (HC nº 48.296/SP, Rel. Min. Gilson Dipp, j. em 11-04-2006).

30. Assim, a condicionante existente na sentença condenatória, por não


vincular os Tribunais Superiores, não é causa de óbice à execução provisória da pena.

31. Superado o óbice anterior, o MPF requer V. Exa. determine a imediata


execução provisória da pena.

32. No caso concreto, verifica-se que, em 05-07-2012, o Juízo Federal da 11ª


Vara Federal da Seção Judiciária do Ceará/DF proferiu sentença condenatória, na qual
condenou os réus como incursos nos crimes do art. 7º, inciso IV, da Lei n° 7.492/86, c.c o art.
27-C da Lei n° 6.385/76, na forma do art. 71 do CP (crime continuado), nos seguintes termos
(fls. 380-420):

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Petição no RECURSO ESPECIAL Nº 1.449.193/CE

“3.1. condenou o réu FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS a 9 anos e 2 meses


de reclusão pela prática do crime de emitir, oferecer ou negociar, de qualquer
modo, títulos ou valores mobiliários, sem autorização prévia da autoridade

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competente, quando legalmente exigida (art. 7º, IV, da Lei n° 7.492 c.c o art. 71 do
CP), e ao pagamento de 250 dias-multa; a 6 anos e 8 meses de reclusão pela prática
do crime de realizar operações simuladas ou executar outras manobras fraudulentas,
com a finalidade de alterar artificialmente o regular funcionamento dos mercados
de valores mobiliários em bolsa de valores, de mercadorias e de futuros, no
mercado de balcão ou no mercado de balcão organizado, com o fim de obter
vantagem indevida ou lucro, para si ou para outrem, ou causar dano a terceiros (art.
27-C da Lei n° 6.385/76), e ao pagamento de 3 vezes o montante da vantagem
ilícita obtida em decorrência do crime, em regime inicial fechado;

3.2. condenou o réu GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO a 5 anos de


reclusão pela prática do crime de emitir, oferecer ou negociar, de qualquer modo,

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títulos ou valores mobiliários, sem autorização prévia da autoridade competente,
quando legalmente exigida (art. 7º, IV, da Lei n° 7.492 c.c o art. 71 do CP), e ao
pagamento de 200 dias-multa; a 5 anos de reclusão pela prática do crime de realizar
operações simuladas ou executar outras manobras fraudulentas, com a finalidade de
alterar artificialmente o regular funcionamento dos mercados de valores mobiliários
em bolsa de valores, de mercadorias e de futuros, no mercado de balcão ou no
mercado de balcão organizado, com o fim de obter vantagem indevida ou lucro,
para si ou para outrem, ou causar dano a terceiros (art. 27-C da Lei n° 6.385/76), e
Petição Eletrônica juntada ao processo em 30/08/2018 ?s 09:51:03 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA

ao pagamento de 3 vezes o montante da vantagem ilícita obtida em decorrência do


crime, em regime inicial fechado;

3.3. condenou o réu IELTON BARRETO DE OLIVEIRA a 5 anos de reclusão pela


prática do crime de emitir, oferecer ou negociar, de qualquer modo, títulos ou
valores mobiliários, sem autorização prévia da autoridade competente, quando
legalmente exigida (art. 7º, IV, da Lei n° 7.492 c.c o art. 71 do CP), e ao pagamento
de 200 dias-multa; a 5 anos de reclusão pela prática do crime de realizar operações
simuladas ou executar outras manobras fraudulentas, com a finalidade de alterar
artificialmente o regular funcionamento dos mercados de valores mobiliários em
bolsa de valores, de mercadorias e de futuros, no mercado de balcão ou no mercado
de balcão organizado, com o fim de obter vantagem indevida ou lucro, para si ou
para outrem, ou causar dano a terceiros (art. 27-C da Lei n° 6.385/76), e ao
pagamento de 3 vezes o montante da vantagem ilícita obtida em decorrência do
crime, em regime inicial fechado;

12.

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Petição no RECURSO ESPECIAL Nº 1.449.193/CE

3.4. condenou o réu JERÔNIMO ALVES BEZERRA a 5 anos de reclusão pela


prática do crime de emitir, oferecer ou negociar, de qualquer modo, títulos ou
valores mobiliários, sem autorização prévia da autoridade competente, quando

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legalmente exigida (art. 7º, IV, da Lei n° 7.492 c.c o art. 71 do CP), e ao pagamento
de 200 dias-multa; a 5 anos de reclusão pela prática do crime de realizar operações
simuladas ou executar outras manobras fraudulentas, com a finalidade de alterar
artificialmente o regular funcionamento dos mercados de valores mobiliários em
bolsa de valores, de mercadorias e de futuros, no mercado de balcão ou no mercado
de balcão organizado, com o fim de obter vantagem indevida ou lucro, para si ou
para outrem, ou causar dano a terceiros (art. 27-C da Lei n° 6.385/76), e ao
pagamento de 3 vezes o montante da vantagem ilícita obtida em decorrência do
crime, em regime inicial fechado (fls. 380-420).

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33. Em 11-7-2013, a 3ª Turma do TRF/5ª Região deu parcial provimento à
Apelação Criminal n° 0012628-43.2010.4.05.8100 para excluir a condenação dos réus da
prática do crime do art. 27-C da Lei n° 6.385/76; manter a condenação pela prática do crime
do art. 7º, IV, da Lei n° 7.492 c.c o art. 71 do CP (fls. 588-9; 592-604; complementado fls.
639-45; 647-8).

34. Assim, no caso concreto, a sentença condenatória foi confirmada pela 3ª


Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região.
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35. Em 17-02-2016, o Pleno do Supremo Tribunal Federal decidiu, por


maioria de votos, que a execução provisória da pena não fere o princípio constitucional
da presunção de inocência quando a sentença condenatória for confirmada pelo Tribunal e
estiverem pendentes de julgamento o recurso especial ou o recurso extraordinário (HC
126.292, Rel. Min. Teori Zavascki, j. em 17-02-2016).

36. Em 05-10-2016, o Pleno do STF, em controle concentrado de


constitucionalidade, por maioria de votos, indeferiu liminar na ADC nº 43, ajuizada pelo
Partido Ecológico Nacional (PEN), e na ADC nº 44, ajuizada pela OAB do Brasil, as quais
têm por objeto a declaração de constitucionalidade do art. 283 do CPP 1, diante a possibilidade

1 Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da
autoridade judiciária competente, em decorrência de sentença condenatória transitada em julgado ou, no
curso da investigação ou do processo, em virtude de prisão temporária ou prisão preventiva. (Redação dada
pela Lei nº 12.403, de 2011).

13.

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Petição no RECURSO ESPECIAL Nº 1.449.193/CE

de execução provisória da pena, a partir da decisão proferida pelo STF no HC nº 126.292, na


qual o Tribunal Pleno do STF passou a considerar válido o cumprimento da pena de prisão
antes do trânsito em julgado da condenação após decisão de órgão colegiado.

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37. O Pleno do STF, indeferiu a liminar na ADC nº 43 e na ADC nº 44,
e confirmou o entendimento firmado no HC nº 126.292.

38. Em 10-11-2016, o STF julgou o Agravo em Recurso Extraordinário nº


964.246/SP, com repercussão geral, e consolidou o entendimento de que “a execução
provisória de acórdão penal condenatório proferido em grau recursal, ainda que sujeito a
recurso especial ou extraordinário, não compromete o princípio constitucional da
presunção de inocência”; é a seguinte ementa:

“CONSTITUCIONAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO.


PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA PRESUNÇÃO DE

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INOCÊNCIA (CF, ART. 5º, LVII). ACÓRDÃO PENAL
CONDENATÓRIO. EXECUÇÃO PROVISÓRIA. POSSIBILIDADE.
REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. JURISPRUDÊNCIA
REAFIRMADA.
1. Em regime de repercussão geral, fica reafirmada a
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no sentido de que a
execução provisória de acórdão penal condenatório proferido em
grau recursal, ainda que sujeito a recurso especial ou
extraordinário, não compromete o princípio constitucional da
presunção de inocência afirmado pelo artigo 5º, inciso LVII, da
Constituição Federal.
Petição Eletrônica juntada ao processo em 30/08/2018 ?s 09:51:03 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA

2. Recurso extraordinário a que se nega provimento, com o


reconhecimento da repercussão geral do tema e a reafirmação da
jurisprudência sobre a matéria.”
(ARE 964246 RG, Relator: Min. TEORI ZAVASCKI, julgado em
10/11/2016, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL -
MÉRITO DJe-251 DIVULG 24-11-2016 PUBLIC 25-11-2016 )

39. O Superior Tribunal de Justiça, a requerimento do MPF, seguiu o


entendimento do STF, a saber: REsp nº 1.484.413 e REsp nº 1.484.415, e determinou a
expedição de mandado de prisão em face dos réus. Vejamos o posicionamento da 5ª e 6ª
Turmas do STJ:

“(...)
IV - Por ocasião do julgamento do ARE n. 964.246, submetido à sistemática
da repercussão geral, o Plenário do col. Pretório Excelso reafirmou sua
jurisprudência no sentido de que "a execução provisória de acórdão penal
condenatório proferido em grau recursal, ainda que sujeito a recurso

14.

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Petição no RECURSO ESPECIAL Nº 1.449.193/CE

especial ou extraordinário, não compromete o princípio constitucional da


presunção de inocência afirmado pelo artigo 5º, inciso LVII, da
Constituição Federal" (ARE n. 964.246/SP, Tribunal Pleno, Rel. Min. Teori
Zavascki, DJe de 25/11/16).

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V - Os recursos às instâncias superiores carecem de efeito suspensivo e a
execução provisória da pena é consectário lógico do esgotamento da jurisdição
das instâncias ordinárias, não necessitando de fundamentação a determinação do
cumprimento provisório da pena fixada.
VI - Autorizada a execução provisória da pena após o julgamento de
segunda instância, o que ocorreu no caso concreto, não há que se falar em
prisão preventiva e, de consequência, nos requisitos do art. 312 para sua
decretação. (Precedentes).
Habeas Corpus não conhecido.
(HC 390.664/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado
em 21/11/2017, DJe 28/11/2017)

“(...)
1. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do HC n. 126.292/SP, das
ADCs n. 43 e 44 e, posteriormente, do ARE n. 964.246, sob a sistemática da
repercussão geral, firmou o entendimento de que é possível a execução da
pena depois da prolação de acórdão em segundo grau de jurisdição e antes
do trânsito em julgado da condenação, para garantir a efetividade do

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direito penal e dos bens jurídicos constitucionais por ele tutelados.
2. No caso, o Tribunal de Justiça julgou o recurso de apelação por unanimidade,
o que evidencia que não há mais possibilidade de interposição de recurso
vocacionado à imersão no acervo fático-probatório, de maneira que, encerrada a
análise de fatos e de provas pelas instâncias ordinárias, deve ser determinada a
execução imediata da pena, porquanto ocorreu o exaurimento da instância
ordinária.
3. Agravo regimental não provido.
(AgRg no AREsp 706.238/SP, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ,
SEXTA TURMA, julgado em 19/10/2017, DJe 27/10/2017).
Petição Eletrônica juntada ao processo em 30/08/2018 ?s 09:51:03 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA

40. Nestas circunstâncias, pode-se afirmar que o recurso especial (Resp nº


1.449.193/CE) e a TP nº 38, a qual restou julgada prejudicada, não têm efeito suspensivo
(Lei n. 8038, art. 27-§2º); não o terão também os recursos que doravante forem interpostos.

41. Verifica-se, ainda, após consulta realizada no portal eletrônico do STJ e


do STF, que não houve qualquer decisão atribuindo efeito suspensivo aos recursos interpostos
pela defesa dos réus contra as condenações.

42. Por fim, cumpre ressaltar que os embargos de declaração opostos em 28-
06-2018, que serviram de fundamento para que o Desembargador Relator do TRF/5ª Região
deferir liminar no HC nº 0802530-35.2018.4.05.0000, foi julgado em 14-08-2018
(publicado em 20-08-2018), tendo a 5ª Turma do STJ, à unanimidade de votos, os
rejeitado, por entendê-los incabíveis (site STJ).

15.

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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL


Petição no RECURSO ESPECIAL Nº 1.449.193/CE

III

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43. Em face do exposto, o MPF REQUER a V. Exa., com fundamento no
art. 637 do CPP, ordenar a imediata execução provisória da pena imposta aos réus
FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS, GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO,
IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES BEZERRA.

Brasília, 29 de agosto de 2018.

FRANCISCO DE ASSIS VIEIRA SANSEVERINO


Subprocurador-Geral da República

FAVS/PL/APSS

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Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por: 16.
Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado
18090820552799000000012306290
Data e hora
Documento eletrônico danºassinatura:
e-Pet 3235699 com08/09/2018
assinatura20:57:07
digital
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FRANCISCO DE 4050000.12326993
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Id Carimbo de Tempo: 4117586 Data e Hora: 30/08/2018 09:43:26hs https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam
Para conferência da autenticidade do documento: 16/16
(e-SÍJ FI . 1305)

?
V ír / s/c / mí &ra

* . , ,

PetExe nos EDcl nos EDcI no AgRg no RECURSO ESPECIAL N° 1.449.193 CE - .

(2014/0091750-6)

RELATOR : MINISTRO FELIX FISCHER


REQUERENTE : MINISTÉ RIO P Ú BLICO FEDERAL
REQUERIDO : FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS
REQUERIDO : JER ÔNIMO ALVES BEZERRA • , '

REQUERIDO : GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO


REQUERIDO : IELTON BARRETO DE OLIVEIRA
ADVOGADO : MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA E OUTRO(S) -
DF021932
/"

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ê .

DECISÃO
fllilfc
' '
1
O MINISTÉ RIO PÚ BLICO FEDERAL, por meio de peti ção (fl .
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A® : A| '
• . ' . . ,

. 1181-1196), requer a execu çã o provisória das reprimendas impostas aos requeridos . J

Em resposta apresentada às fls. T .200-1.205, os requeridos sustentam


r . . i
ser incab ível o pedido de execuçãojpfovisória da pena, porquanto não houve o
.
; .. . .. .

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esgotamento da jurisdição . í.
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< É o breve relato m m
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<
> O Supremo Tribunal Federal, julgando o HC n. 126.292 /SP, sob
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ZJ relatoria do Exrno. Sr. Ministro Teori Zavascki, passou a entender que o


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cumprimento provisó rio de pena n ão contraria o disposto no art. 5o, inciso LVII, da
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oo Constituição Federal, uma vez que, com o pronunciamento de Tribunal de hierarquia
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imediatámente superior , fica exaurido o exame sobre os fatos e provas,
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I concretizando-se assim, o duplo grau de jurisdi ção, cujo acesso em liberdade,
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respeitadas as hipóteses de segregaçã o cautelar, é constitucionalmente assegurado .
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O Na mesma esteira, o entendimento deste Superior Tribunal de Justi ç a
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o que, "[...] pendente o trânsito em julgado apenas pela interposição de recurso de
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ÍU natureza extraordinária, é possí vel iniciar-se o cumprimento da pena [... ]. Nesses
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moldes, é possí vel iniciar -se o cumprimento da pena [...] porque eventual recurso
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de natureza extraordinária não é, em regra, dotado de efeito suspensivo" (QO na
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2014 009175,0 6. - Dotumesdo P á gina 1 de 2
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Documento eletró nico VDA19808022 assinado eletronicamente nos termos do Art. Io §2° inciso III da Lei 11.419/ 2006
Siqnatá rio(a ):
MINISTRO Felix Fischer Assinado em: 0.4/09/ 2018 18: 44:25 I
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Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Q Assinado eletronicamente por:assinado eletronicamente nos termos do Art . l 0 §2 inciso III da Lei 11.419 2006
Documento eletrónico VDA19808022 ° /
(a ): MINISTRO
Siqnatá rioMarcelo Felix Fischer
Leal de Lima Oliveira Assinado
- Advogadoem : 04/09/ 2018 18:44:25 18090820553922100000012306291
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08/09/2018 20:57:07 -
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Processo Judicial Eletrônico: https://pje.jfce.jus.br/pje/Painel/painel_usuario/documentoHTML.seam...

MM Juíza,

Ciente o MPF da juntada do malote digitat oriundo do STJ, informando que no âmbito daquela
Corte nada obsta a execução provisória.

No entanto, o TRF da 5ª Região, por decisão liminar do Des. Roberto Machado, ainda manteve
a suspensão da presente execução provisória.

Márcio Torres

PR-CE

Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por: 18090311365255500000004358370
MARCIO ANDRADE TORRES - Procurador
Data e hora da assinatura: 03/09/2018 11:39:28
Identificador: 4058100.4352478

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Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado
18090820554948000000012306292
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1 de 1 Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 1/1 15:33
08/09/2018
Processo Judicial Eletrônico: https://pje.jfce.jus.br/pje/Painel/painel_usuario/documentoHTML.seam...

PROCESSO Nº: 0805802-55.2016.4.05.8100 - EXECUÇÃO PROVISÓRIA


EXEQUENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
CONDENADO: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: Marcelo Leal De Lima Oliveira e outro
12ª VARA FEDERAL - CE (JUIZ FEDERAL TITULAR)

DECISÃO

Trata-se de execução penal provisória em face de FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS,


pelo cometimento dos delitos previstos no art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/1986 e no art. 27-C da Lei
6385/76, na forma do art. 71 do Código Penal. Foi condenado a uma pena de 15 (quinze) anos e
10 (dez) meses de reclusão, a ser cumprida inicialmente em regime fechado e a pena de multa
no valor de 250 (duzentos e cinqüenta) dias-multa, correspondendo cada dia-multa a 10 (dez)
salários mínimos vigente à época dos fatos no que diz respeito ao crime previsto no art. 7º, IV,
da Lei nº 7.492/86 e multa de 03 (três) vezes o montante da vantagem ilícita obtida em
decorrência do crime, qual seja três vezes os valores das operações detectadas pela CVM no que
diz respeito ao crime previsto no art. 27-C da Lei 6385/76. Os valores serão corrigidos
monetariamente.

O Tribunal Regional Federal da 5ª deu parcial provimento ao apelo da defesa para afastar a
condenação pelo delito previsto no art. 27-C da Lei n. 6.385/1976, mas manteve a condenação
pelos delitos previstos do art. 7º, IV, da Lei n. 7.492/1986, na forma do art. 71 do Código Penal.
A pena ficou em 09 (nove) anos e 02(dois) meses de reclusão em regime fechado, além de 250
dias-multa, estes no valor de 10 salários mínimos vigentes à época dos fatos. (ID
4058100.1463938)

Juntada decisão monocrática da Primeira Turma do TRF5 "(...) Assim, determino que
permaneçam suspensas as Execuções Provisórias Penais nos 0805802-55.2016.4.05.8100,
0805810-32.2016.4.05.8100, 0805805-10.2016.4.05.8100 e 0805812-02.2016.4.05.8100
(decorrentes das condenações impostas a FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS, IELTON
BARRETO DE OLIVEIRA, GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO e JERÔNIMO ALVES
BEZERRA, nos autos da Ação Penal nº 0012628.43.2010.4.05.8100), até o julgamento dos
Embargos de Declaração interpostos pela defesa, pautados para julgamento na sessão da
Primeira Turma de 30/08/2016. (...)" (ID 4050000.12079070).

Foi este juízo comunicado da decisão do e. Superior Tribunal de Justiça determinando o início
da execução provisória das penas.

É o relato necessário. DECIDO.

1 de 3 1/3 20:43
08/09/2018
Processo Judicial Eletrônico: https://pje.jfce.jus.br/pje/Painel/painel_usuario/documentoHTML.seam...

Ante a decisão do Superior Tribunal de Justiça, DETERMINO o prosseguimento desta


execução provisória, com início da pena imposta ao executado.

Expeça-se mandado de prisão. Considerando que o advogado do executado compareceu no


gabinete do magistrado que estava em substituição a essa vara e solicitou que, pelas condições
pessoais e sociais do réu, este pudesse se apresentar espontaneamente para início do
cumprimento da pena, e tendo em vista que ele respondeu a todo o processo solto e não
demonstrou intenção de fuga, hei por bem acolher o pleito, pelo que DETERMINO que a
Polícia Federal somente dê cumprimento ao mandado após 24h do seu recebimento - lapso
durante o qual o executado deverá se apresentar perante a autoridade policial, sob pena de ser
preso onde for encontrado. Após a expedição do mandado de prisão, dê-se ciência ao advogado
do executado, por telefone.

Efetivada a prisão, fica desde já declinada a competência para a Justiça Estadual, devendo a
Secretaria expedir a respectiva guia de execução.

Cumpra-se com prioridade.

Intimem-se as partes.

Expedientes necessários.

Fortaleza, (datado eletronicamente).

Cintia Menezes Brunetta

Juiz Federal Titular da 35ª Vara Federal/CE, respondendo pela titularidade da 12ª Vara
Federal/CE.

(assinado eletronicamente)

Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por: 18090610571431500000004660870
CINTIA MENEZES BRUNETTA - Magistrado
Data e hora da assinatura: 07/09/2018 15:40:33

2 de 3 2/3 20:43
08/09/2018
Processo Judicial Eletrônico: https://pje.jfce.jus.br/pje/Painel/painel_usuario/documentoHTML.seam...

Identificador: 4058100.4654884

Para conferência da autenticidade do


documento:
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/ConsultaDocumento/listView.seam

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado
18090820560038500000012306293
Data e hora da assinatura: 08/09/2018 20:57:07
Identificador: 4050000.12326996
3 de 3 Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 3/3 20:43
08/09/2018
EXCELENTÍSSIMA JUÍZA DA 12ª VARA DE EXECUÇÃO PENAL DO CEARÁ

Execução Provisória nº 0805802-55.2016.4.05.8100

FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS, já qualificado nos


autos epigrafados, por seus advogados ao final assinados, à presença de Vossa
Excelência comparece para expor e requerer o que segue:

1. Houve por bem Vossa Excelência determinar o imediato


cumprimento da execução provisória da pena imposta ao Requerente.

2. Referida decisão encontra-se lastreada no envio de cópias das


decisões condenatórias promovido pelo Relator do Recurso Especial no STJ,
Ministro FÉLIX FISCHER que, ao apreciar pedido formulado pelo Ministério
Público, determinou que se procedesse a execução provisória das penas
aplicadas ao Requerente.

3. Em que pese proferida por Ministro do Superior Tribunal de


Justiça, a decisão acima citada não revogou a determinação do
Desembargador Federal da 5ª Região, relator do habeas corpus nº 0802530-
35.2018.4.05.0000, que não foi sequer objeto de recurso por parte do Ministério
Público. Explica-se:

1/6
1/6
4. Com base no novel entendimento do Supremo Tribunal Federal
sobre a possibilidade de prisão após decisão de segundo grau, o Ministério
Público Federal requereu fosse dado início à execução provisória da pena, o que
foi inicialmente deferido por Vossa Excelência.

5. Em razão disso, a defesa impetrou habeas corpus perante o


Tribunal Regional Federal da 5ª Região alegando violação ao princípio do non
reformatio in pejus, uma vez que constou da sentença, da qual a acusação não
recorreu, que a prisão estaria condicionada ao trânsito em julgado da
condenação, havendo sido concedida liminar suspendendo a ordem de prisão
até o julgamento final do writ.

6. Levado a julgamento, foi dado parcial provimento ao HC acima


mencionado, a fim de garantir a liberdade do Requerente até o trânsito em
julgado de Tutela Provisória ingressada perante o STJ, o que ainda não
ocorreu.

7. Entendendo ser a decisão contraditória, a defesa opôs


embargos de declaração, alegando, entre outras coisas, que a suspensão
deveria vigorar até o exaurimento da discussão perante o Superior Tribunal de
Justiça no processo principal e não na Tutela Provisória, ao menos, e que
qualquer ordem de prisão deveria ser devidamente fundamentada.

8. Estando pendente o julgamento dos Embargos opostos


exclusivamente pela defesa, o Ministério Público Federal, atuando perante
esta Vara de Execuções requereu o prosseguimento do feito fundamentando-se,
exatamente, no ponto apontado como contraditório pela defesa.

9. Atenta a toda movimentação, a defesa formulou pedido ao


Relator do HC nº 0802530-35.2018.4.05.0000, relatando o fato e requerendo
fosse reafirmada a decisão proferida pelo Tribunal Federal Regional da 5ª
Região, a fim determinar à 12ª Vara de Execução Penal do Ceará que
mantivesse suspensa a execução provisória da pena imposta ao Requerente,

2/6
2/6
respeitando o quanto determinado no acórdão já proferido naquele habeas
corpus.

10. Em face dessa manifestação o Relator do mencionado writ


proferiu decisão nos seguintes termos:

Considerando a possibilidade de atribuição de efeitos


infringentes aos Embargos de Declaração opostos contra o
acórdão da Primeira Turma, proferido em 28/06/2018, defiro o
pedido de id. 12078250.
Assim, determino que permaneçam suspensas as
Execuções Provisórias Penais nos 0805802-
55.2016.4.05.8100, 0805810-32.2016.4.05.8100, 0805805-
10.2016.4.05.8100 e 0805812-02.2016.4.05.8100 (decorrentes
das condenações impostas a FRANCISCO DEUSMAR DE
QUEIRÓS, IELTON BARRETO DE OLIVEIRA, GERALDO DE
LIMA GADELHA FILHO e JERÔNIMO ALVES BEZERRA, nos
autos da Ação Penal nº 0012628.43.2010.4.05.8100), até o
julgamento dos Embargos de Declaração interpostos pela
defesa, pautados para julgamento na sessão da Primeira Turma
de 30/08/2018.

11. Esta decisão jamais foi atacada ou reformada e encontra-se


em plena vigência!!!!!

12. Não obstante, o Ministério Público, ao invés de recorrer da


decisão acima, resolveu, per saltum, requerer a prisão diretamente ao STJ, sem
informar dos embargos de declaração opostos e da decisão acima
mencionada, fundamentando seu pedido exatamente na contradição
identificada pela defesa no acórdão do Regional e sobre a qual não
manifestou oposição.

13. Em razão desse requerimento, o Ministro Relator do Recurso


Especial no STJ proferiu decisão “determinando que, independentemente da
certificação do trânsito em julgado, a Coordenadoria da Quinta Turma remeta
cópia da r. sentença, do v. acórdão proferido em primeiro grau de apelação e
das decisões proferidas nesta Corte para o MM. Juiz de primeira instância, a fim
de que se proceda à execução provisória das penas”.

3/6
3/6
14. Todavia, como visto acima, existe ordem judicial não atacada
e em vigor, proferida por Desembargador do TRF5, suspendendo a
execução provisória da pena.

15. Tanto isso é verdade que após a juntada do malote digital


oriundo do STJ com a decisão proferida pelo Ministro Relator do Recurso
Especial, O PRÓPRIO MINISTÉRIO PÚBLICO OFICIANTE PERANTE ESTA
VARA DE EXECUÇÃO PENAL SE MANIFESTOU NO SENTIDO DE QUE A
DECISÃO DE SUSPENSÃO DA EXECUÇÃO PROFERIDA PELO TRF5 AINDA
SE ENCONTRA EM VIGOR.

16. Ora, se o próprio Ministério Público se manifesta pelo


reconhecimento da suspensão da execução em face da validade de decisão

4/6
4/6
judicial impedindo o prosseguimento do feito, nada justifica a imediata expedição
de ordem de prisão.

17. É importante destacar, por fim, que a mencionada decisão deve


vigorar até o julgamento do habeas corpus, já aprazado para ser realizado no
dia 20 de setembro de 2018, por tanto em apenas 12 dias.

18. Na mesma oportunidade será levado a julgamento outro habeas


corpus impetrado pela defesa deste Requerente em que se discute matéria de
dosimetria que pode levar à alteração de regime de cumprimento de pena.

19. No mencionado HC, aliás, a defesa chegou a requerer liminar


que apenas não foi concedida ao argumento de que não existiria perigo na
demora exatamente por estar em vigor a decisão proferida no habeas corpus
anteriormente mencionado (HC 0802530-35.2018.4.05.0000), confira-se:

Além disso, não me parece presente, neste azo, o requisito do


perigo da demora, porque inexiste risco eminente das penas
serem executadas. Afinal, a decisão condenatória, proferida na
Ação Penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100, ainda não transitou
em julgado. E, mesmo que se pretenda executá-la
provisoriamente, tem-se que, nos autos do HC nº 0802530-
35.2018.4.05.0000, apreciado em 28/06/2018, a Primeira Turma

5/6
5/6
deste Tribunal concedeu parcialmente a ordem em favor de
FRANCISCO DEUSMAR, suspendendo aludida execução até o
julgamento final, pelo STJ, do Pedido de Tutela Provisória nº 38
no REsp nº 1.449.193/CE, com a extensão da ordem aos
corréus IELTON, GERALDO e JERÔNIMO. Portanto, enquanto
não transitada em julgado a decisão proferida naquele pedido de
Tutela Provisória perante o STJ, inexiste risco que voltar a correr
as Execuções Provisórias propostas em face dos pacientes.

20. Assim, estando em vigor decisão que suspende o curso da


execução provisória da pena, o que é reconhecido pelo próprio Ministério
Público Federal, não há dúvida que, não obstante a remessa de cópias de
decisões para esta Vara, determinada pelo relator do Recurso Especial, existe
ordem judicial impedindo o prosseguimento do feito que deve ser
respeitada, razão pela qual requer seja dada contraordem de prisão, recolhendo-
se os mandados eventualmente expedidos.

21. Caso ainda subsista dúvida quanto ao alegado, requer que,


antes de dar cumprimento a ordem de prisão, seja efetuada consulta ao Relator
do HC nº 0802530-35.2018.4.05.0000 em curso perante o Tribunal Regional
Federal da 5ª Região para que este informe se a decisão de suspensão da
execução continua em vigor.

P. deferimento.
Brasília, 08 de setembro de 2018.

Francisco César Asfor Rocha Marcelo Leal De Lima Oliveira


OAB/SP nº 329.034 OAB/DF 21.932

Caio Cesar Vieira Rocha Anastácio Jorge Matos de Sousa Marinho


OAB/CE 15.095 OAB/CE 8502

Tiago Asfor Rocha Lima Luiz Eduardo R. B. do Monte


OAB/CE 16.386 OAB/DF 41.950

Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente
Assinado eletronicamente por: por:
Marcelo Leal
Marcelo Leal de Lima
de Lima Oliveira
Oliveira - Advogado
- Advogado
18090816211281700000004936084
18090820561534300000012306294
Data e e
Data hora
hora da assinatura:
da assinatura: 08/09/2018
08/09/2018 20:57:07 16:21:46
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Processo Judicial Eletrônico: https://pje.jfce.jus.br/pje/Painel/painel_usuario/documentoHTML.seam

MM Juíza Federal,

Não assiste razão à zelosa defesa dos sentenciados FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS E
OUTROS.

Com efeito, antes da decisão do Exmo. Min. Relator do STJ Felix Fischer, objeto de comunicação a
esse juizo para fins de ser iniciada a execução penal, o MPF havia reconhecido que as execuções
penais deveriam manter-se suspensas, por força de uma segunda decisão liminar proferida pelo
Desembargador Federal Roberto Machado, nos autos do HC 0802825-30.2018.4.05.0000.

Em tal decisão, como reconhece a defesa, ficou determinada a suspensão das execuções até o
julgamento dos embargos de declaração interpostos no referido HC, em que a defesa pretende
modificar o entendimento da 1ª Turma do TRF da 5ª Região, em que foi vencedor o voto do Des.
Elio Wanderley, assim ementado: "Vistos e relatados os presentes autos, DECIDE a Primeira Turma
do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, por unanimidade, conceder parcialmente a ordem de
Habeas Corpus, para suspender a execução provisória da pena imposta ao paciente até o
julgamento final, pelo STJ, do Pedido de Tutela Provisória nº 38 no REsp nº 1.449.193/CE, com a
extensão da ordem aos corréus IBO, GLGF e JAB, nos termos do relatório e voto anexos, que
passam a integrar o presente julgamento

Ocorre que o STJ, intérprete autêntico de suas próprias decisões, determinou a execução
provisória das penas, independentemente do trânsito em julgado das decisões proferidas no
âmbito da Corte Especial, tanto na TP 38 quanto no RESP 1449193:

"No caso, verifica-se que, com o julgamento do recurso especial, além do agravo regimental e dos
consequentes embargos de declaração, houve o esgotamento da jurisdição pela eg. Quinta Turma
deste Superior Tribunal de Justiça, sendo que, por tal razão, houve a perda de objeto do pedido de
tutela provisório anteriormente deferido na TP 38/CE.

Assim, com a interposição do recurso de embargos de divergência (fls. 1206-1301), o pedido de


efeito suspensivo deve ser dirigido ao órgão competência para julgamento da impugnação.

Diante disso, defiro o pedido formulado, determinando que,independentemente da certificação


do trânsito em julgado, a Coordenadoria da Quinta Turma remeta cópia da r. sentença, do v.
acórdão proferido em grau de apelação e das decisões proferidas nesta Corte para o MM.
Juiz de primeira instância, a fim de que se proceda à execução provisória das penas."

O fato e que não se pode negar vigência à decisão do STJ proferida na PetExe nos EDcl nos EDcl
no AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.449.193 - CE (2014/0091750-6), a qual deverá ser
atacada pela defesa nas vias própria, seja na 2ª Seção, competente para conhecer dos embargos de
divergência já interpostos pelos combatentes advogados, seja no STF, onde inclusive já foi
manejado o remédio heroico e se encontra sob a relatoria do Min. Edson Fachin (HC 161.949),
para quem os autos foram conclusos após nova petição da defesa.

1 de 2 1/2
08/09/2018 18
Processo Judicial Eletrônico: https://pje.jfce.jus.br/pje/Painel/painel_usuario/documentoHTML.seam

A ser assim, considerando a necessidade de dar efetividade à decisão proferida pelo Min. Relator
Felix Fischer, que está sendo atacada pela defesa no STF por intermédio do HC 161.949), ainda
sem decisão do Relator, requer o MPF a manutenção da decisão que determinou a prisão dos
executados, desta feita sem a necessidade de se aguardar o prazo espontâneo de 24h para
cumprimento, uma vez que não notícia de intenção de comparecimento espontâneo.

Na oportunidade, anexo a petição de execução protocolizada pelo órgão do MPF atuante junto ao
STJ, para conhecimento desse juízo e o extrato de processamento do HC 161.949.

Requer ainda o MPF seja considerado o presente parecer nas execuções provisórias
08005810-32.2016.4.05.8100, 0805805-10.2016.4.05.8100 e 0805812-02.2016.4.05.8100.

E. Deferimento,

Data de assinatura eletrônica

MARCIO ANDRADE TORRES

Procurador da República

Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por: 18090817595257600000004946753
MARCIO ANDRADE TORRES - Procurador,
MARCIO ANDRADE TORRES - Procurador
Data e hora da assinatura: 08/09/2018 18:45:36
Identificador: 4058100.4940762

Para conferência da autenticidade do documento:


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Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado
18090820562841800000012306295
Data e hora da assinatura: 08/09/2018 20:57:07
Identificador: 4050000.12326998
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08/09/2018 18
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PROCESSO Nº: 0805802-55.2016.4.05.8100 - EXECUÇÃO PROVISÓRIA


EXEQUENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
CONDENADO: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: Marcelo Leal De Lima Oliveira e outro
12ª VARA FEDERAL - CE (JUIZ FEDERAL TITULAR)

DECISÃO

Trata-se de pedido formulado pela defesa no sentido de ver reconsiderada decisão prolatada por
este juízo na data de ontem, a qual determinava a adoção das providências necessárias para o
início da execução provisória das penas, nos termos da decisão proferida pelo c. Superior
Tribunal de Justiça.

Sustenta o requerente, em brevíssima síntese, que a decisão em relação a qual se pede


reconsideração teria culminado por descumprir ordem do Exmo. Desembargador Relator do
habeas corpus nº 080253035.2018.4.05.0000, que determinava expressamente a suspensão das
execuções provisórias penais respectivas.

Assim, requer "seja dada contraordem de prisão, recolhendo-se os mandados eventualmente


expedidos", alternativamente pleiteia que "antes de dar cumprimento a ordem de prisão, seja
efetuada consulta ao Relator do HC nº 0802530-35.2018.4.05.0000 em curso perante o
Tribunal Regional Federal da 5ª Região para que este informe se a decisão de suspensão da
execução continua em vigor".

O Ministério Público Federal apresentou parecer pelo indeferimento do pedido.

Pois bem, esse sendo o relatório, no essencial, DECIDO.

Compulsando os autos e as inúmeras decisões prolatadas no feito que gerou a presente execução
provisória penal, observo que tem razão o Ministério Público ao sustentar a prevalência da
decisão prolatada pelo Exmo. Ministro Felix Fischer sobre aquelas proferidas por este juízo ou
pelo do c. Tribunal Regional Federal da 5ª Região.

Como bem apontou o Parquet, o STJ, intérprete autêntico de suas próprias decisões, foi claro
ao determinar, em decisão anexada aos autos, o início da execução provisória das penas,
independentemente do trânsito em julgado das decisões proferidas no âmbito da Corte Especial,
tanto na TP 38 quanto no RESP 1449193.

Tanto isso é verdade que, nos autos do HC nº 080253035.2018.4.05.0000, em que foram


suspensas as execuções provisórias das penas de FRANCISCO DEUSMAR, IELTON,
GERALDO e JERÔNIMO, o c. Primeira Turma do e. Tribunal Regional Federal da 5ª Região
assim, decidiu, conforme ementa (grifos ausentes no original):

EMENTA. PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO


PROVISÓRIA DA PENA (STF - HC nº 126292, ADC Nº 43, ADC Nº 44, ARE Nº 964.246).
REFORMATIO IN PEJUS. NORMA ENDÓCRINA. RECURSO ESPECIAL. CONCESSÃO
DE TUTELA PROVISÓRIA PELO STJ. CONCESSÃO PARCIAL DA ORDEM. CORRÉUS

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NÃO IMPETRANTES. EXTENSÃO DA ORDEM (ART. 580 DO CPP). POSSIBILIDADE.

1. Habeas Corpus impetrado em favor de FDQ, apontando como ilegal decisão do Juízo da 12ª
Vara Federal do Ceará, que determinou a Execução Provisória da pena imposta ao paciente na
Ação Penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100 (9 anos e 2 meses de reclusão, além de 250
dias-multa, pela prática do crime previsto no art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/86), ainda pendente de
julgamento de recurso no STJ (EDcl no AgRg no REsp 1.449.193-CE).

2. Cinge-se a controvérsia acerca da possibilidade de executar provisoriamente condenação


penal confirmada em segunda instância, quando há comando sentencial, não alterado neste
Tribunal, que, segundo os impetrantes, obsta a execução antes do trânsito em julgado da
sentença.

3. Inobstante os argumentos lançados na impetração, bem como as possíveis divergências, nesta


Primeira Turma, quanto à possibilidade de execução provisória da pena, em face da existência
de norma endócrina que condiciona a execução ao trânsito em julgado da sentença
condenatória, deve-se atentar para as circunstâncias específicas do caso. Nesse sentido,
verifica-se que, após a interposição do Recurso Especial nº 1.449.193/CE pela própria defesa do
paciente, formulou-se o Pedido de Tutela Provisória nº 38, requerendo a concessão de liminar
para atribuir efeito suspensivo ao apelo extremo. Em decisão monocrática, o eminente Relator,
Min. FÉLIX FISCHER, deferiu a liminar, para "sustar o início da execução provisória da pena
até ulterior julgamento final do presente pedido de tutela antecipada".

4. Portanto, é da competência do Ministro Relator no STJ, não deste TRF5, a atribuição do


efeito suspensivo e, consequentemente, a fixação das condições em que tal efeito foi atribuído
ao recurso, o que abrange, por certo, a definição do seu alcance temporal. Logo, resta aguardar
o termo ad quem definido no âmbito do próprio STJ.

5. Ainda que o Habeas Corpus não se trate de recurso, a aplicação do disposto no art. 580 do
CPP, a fim de garantir a extensão da ordem do remédio heroico, é plenamente cabível, a teor da
jurisprudência do STJ. No caso concreto, como se está elencando, para fins de concessão da
ordem, apenas elementos eminentemente objetivos, resta evidenciada situação análoga em
relação a IBO, GLGF e JAB, todos também condenados nos autos da Ação Penal nº
0012628-43.2010.4.05.8100.

6. Ordem parcialmente concedida, para suspender a execução provisória da pena imposta ao


paciente até o julgamento final, pelo STJ, do Pedido de Tutela Provisória nº 38 no REsp nº
1.449.193/CE, com a extensão da ordem aos corréus IBO, GLGF e JAB.

Em sendo assim, não vejo qualquer razão para a reconsideração da decisão que determinou a
expedição do mandado de prisão em desfavor do executado, pelo que a mantenho incólume,
frisando que a mesma deve ser cumprida no caso de não apresentação espontânea do executado
até a meia-noite do dia de hoje.

Providências necessárias.

Processo: 0805802-55.2016.4.05.8100
Assinado eletronicamente por: 18090819254355300000004953810
CINTIA MENEZES BRUNETTA - Magistrado

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Data e hora da assinatura: 08/09/2018 19:27:16


Identificador: 4058100.4947819

Para conferência da autenticidade do


documento:
https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo
/ConsultaDocumento/listView.seam

Processo: 0802530-35.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado
18090820563906400000012306296
Data e hora da assinatura: 08/09/2018 20:57:07
Identificador: 4050000.12326999
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