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1ª edição
Análise de Impactos Ambientais
C
CM
MY
CY
CMY
K
ANÁLISE DE IMPACTOS
AMBIENTAIS
autora
MARINA VIANNA
1ª edição
SESES
rio de janeiro 2015
Conselho editorial regiane burger; roberto paes; gladis linhares; karen bortoloti;
tânia maria bulhões figueira
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2015.
isbn: 978-85-60923-58-8
Prefácio 7
Objetivos 34
2.1 Avaliação de Impacto Ambiental – histórico, política e
legislação ambiental 35
2.1.1 Legislações de proteção dos recursos ambientais e a
Política Nacional do Meio Ambiente 36
2.1.2 Lei de Crimes Ambientais 40
2.2 Licenciamento Ambiental 42
2.3 Gestão Ambiental 45
2.3.1 A norma ambiental ISO 14000 46
2.3.2 Certificação Ambiental 50
Atividades 50
Reflexão 51
Referências bibliográficas 52
3. Métodos para Avaliação de Impacto Ambiental 53
Objetivos 54
3.1 Métodos para Avaliação de Impacto Ambiental 55
3.1.1 Avaliação de Impacto Ambiental 55
3.1.1.1 Escopo ou Termo de Referência 58
3.1.1.2 Diagnóstico 59
3.1.2 Métodos para Avaliação de Impacto Ambiental 59
3.1.3 Biomas brasileiros - Caracterização 62
3.2 Métodos de Avaliação de Impacto Ambiental 65
Atividades 75
Reflexão 75
Referências bibliográficas 76
Objetivos 78
4.1 Cenários e Prognósticos – considerações de risco,
incerteza e irreversibilidade 79
4.1.1 Cenários ambientais e construção de cenários 80
4.1.2 Métodos prospectivos 83
4.1.2.1 Método Delphi 83
4.1.2.2 Métodos de Cenários múltiplos 88
4.1.3 Técnicas de cenários 89
4.2 Risco ambiental 91
4.2.1 Avaliação de risco ambiental 92
4.3 Incertezas 95
4.3.1 Vulnerabilidade 97
4.3.2 Desastres 98
Atividades 98
Reflexão 99
Referências bibliográficas 100
5. Programas e Relatórios de Monitoramento
Ambiental 101
Objetivos 102
5.1 Programas e Relatórios de Monitoramento Ambiental 103
5.1.1 Componentes de uma Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) 106
5.1.1.1 EIA 106
5.1.1.2 RIMA 109
5.2 Monitoramento ambiental 113
5.3 Outros documentos para avaliação de impactos ambientais 117
5.4 Medidas mitigadoras 120
Atividades 122
Reflexão 122
Referências bibliográficas 123
Gabarito 124
Prefácio
Prezados(as) alunos(as),
Bons estudos!
7
1
Introdução ao
Estudo de Impacto
Ambiental
No primeiro capítulo iremos discutir o conceito de Impacto Ambiental, suas
diferentes abordagens, principais classificações. Veremos também a relação
do homem com a natureza desde o início das civilizações e como isso inter-
feriu no aumento e na gravidade dos impactos ambientais. E por fim anali-
saremos as principais fontes de impacto ambiental, e abordaremos alguns
critérios de classificação de impactos para realização de estudo e relatórios
de impacto específicos.
Vamos lá?
OBJETIVOS
• Definir o que é Impacto Ambiental;
• Classificar os impactos ambientais: positivo/negativo; direto/indireto; local/regional; cur-
to/longo prazo; reversível/irreversível;
• Relacionar a evolução humana com os impactos ambientais;
• Identificar as principais fontes de impacto ambiental;
• Compreender o que é uma Avaliação de Impacto Ambiental, quais os critérios de classifi-
cação de impactos utilizados para a avaliação.
10 • capítulo 1
1.1 Introdução ao Estudo de Impacto
Ambiental
capítulo 1 • 11
Projeto iniciado Situação
sem projeto
Indicador ambiental
Impacto
ambiental
Situação com
projeto
Tempo
12 • capítulo 1
Para dar início à discussão sobre os impactos ambientais, é importante des-
tacar as principais classificações desses impactos.
Impacto é dito local quando sua ação afeta o próprio sítio e suas imedia-
ções. Exemplo: desmatamento de uma área específica.
Impacto regional é quando a ação afeta além das imediações locais.
Exemplo: a poluição do ar atingindo outros territórios. Porém, um impac-
to, à primeira vista local, pode ter também consequências em escala global.
Exemplo: a devastação de florestas pelas queimadas para a introdução de pas-
tagens pode provocar desequilíbrios no ecossistema por causar a extinção de
espécies, o empobrecimento do solo, assoreamento dos rios, ...
capítulo 1 • 13
Impactos imediatos ou a médio e longo prazo
Descoberta do fogo
A primeira fase tem início com os primeiros Homo sapiens e termina quan-
do começam a surgir as primeiras práticas agrícolas. Nesse período, as fontes
14 • capítulo 1
de energia alimentar vinham basicamente da caça e da pesca. As populações
eram nômades e, a medida que os recursos locais iam se esgotando, as popu-
lações mudavam para outras áreas. O domínio do fogo representou a primeira
forma de alteração do ambiente de forma significativa. Esse foi o início dos pri-
meiros registros de impactos ambientais.
Essa fase tem início com o surgimento dos primeiros sistemas agrícolas, in-
cluindo a horticultura e o pastoreio. A agricultura surge como uma opção para
a maior obtenção de alimento. As populações começam a se fixar por mais tem-
po nas regiões e o tamanho das populações começa a aumentar. Embora as so-
ciedades agrícolas primitivas provocassem maior impacto sobre o ambiente do
que as de caçadores-coletores, a extensão e a frequência dessas alterações não
causavam impactos tão relevantes como os observados nas fases posteriores.
Essa fase teve início quando os primeiros seres humanos passaram a vi-
ver em cidades. As populações urbanas dependiam do alimento produzido no
campo e se mantinham pelo comércio de produtos manufaturados e não ma-
nufaturados, entre as diferentes sociedades. Com isso aumentou o comércio, o
consumo de bens, a produção de lixo e consequentemente, aumentou também
a quantidade e gravidade dos impactos ambientais.
Revolução Industrial
Considerada como a fase de alto consumo de energia que teve início com
a Revolução Industrial e perdura até os dias atuais. Os grandes avanços tec-
nológicos alcançados resultaram na melhoria geral das condições de vida das
pessoas, embora de forma muito mais acelerada nos países industrializados.
Maior oferta de alimentos, moradias, entre outros, resultaram em aumento da
natalidade e da sobrevivência, de forma que o crescimento populacional huma-
no tornou-se exponencial.
A partir daí tem início os primeiros registros de impactos ambientais de
maior escala.
capítulo 1 • 15
1.1.2 Impactos Ambientais - Relação causa e consequência
Impacto Ambiental é sempre o resultado de uma ação, que é a sua causa. De-
vemos ter em mente a diferença entre causa e consequência. Uma rodovia, por
exemplo, não é um impacto ambiental, ela é a causa dos impactos futuros. E
do mesmo modo, um reflorestamento com espécies nativas, por exemplo, tam-
bém não pode ser apontado como um impacto ambiental benéfico, mas uma
ação que tem o propósito de proteger o solo, recompor uma área, esses seriam
os impactos resultantes.
Sánchez (2013) faz uso dos termos “aspecto” e “impacto”. Assim, a emissão
de um poluente não é um impacto ambiental; o impacto é a alteração da quali-
dade ambiental que resulta dessa emissão. As ações são as causas e os impac-
tos, as consequências, como vemos na figura 1.2 e na tabela 1.1.
Ações humanas:
Atividades Aspectos Impactos
ambientais ambientais
produtos
Serviços
Figura 1.2 – Relação entre ações humanas, aspectos e impactos ambientais. Fonte: Adaptado
de Sánchez (2013).
ASPECTO IMPACTO
ATIVIDADE AMBIENTAL AMBIENTAL
Redução na
Lavagem de roupa Consumo de água
disponibilidade hídrica
16 • capítulo 1
ASPECTO IMPACTO
ATIVIDADE AMBIENTAL AMBIENTAL
Tabela 1.1 – Exemplo de relações atividade – aspecto – impacto ambiental. Fonte: Adaptado
de Sánchez (2013).
CONEXÃO
O documentário “A História das Coisas” é a versão em português do “The Story of Stuff”, de
Anne Leonard: um documentário de curta duração que aborda a sociedade de consumo,
apontando para a necessidade de vivermos de forma mais justa e sustentável. Esta obra
aponta, de maneira brilhante e muito didática, o papel da mídia sobre o nosso padrão de
consumo e como nossas relações estão intrinsecamente ligadas à economia de mercado.
Esse documentário nos lembra que tudo o que consumimos tem uma história oculta, cujo fim
possivelmente chama-se lixo, e este nem sempre pode ser - ou é, de fato - reaproveitado ou
mesmo reciclado. Como as matérias-primas são limitadas, podemos afirmar que este sistema
baseado no consumo desenfreado não pode sobreviver por muito tempo. Podemos assim,
estabelecer uma relação entre o conteúdo visto nessa unidade e a mensagem passada pelo
documentário. Você pode assistir ao documentário no link:
https://www.youtube.com/watch?v=Q3YqeDSfdfk
capítulo 1 • 17
A partir do princípio de que impactos locais podem gerar efeitos negativos
em escalas muito maiores, é possível observar pequenas ações locais gerando
impactos globais. E nesse sentido, torna-se importante destacarmos as princi-
pais fontes de impactos ambientais.
Desmatamento florestal
Erosão
Efeito Estufa
18 • capítulo 1
Diminuição da camada de ozônio
Inversão térmica
Chuva ácida
Lixo
capítulo 1 • 19
lixo/dia, valor que pode ultrapassar 1 kg em países desenvolvidos (BRAGA et al.,
2006). Em muitos locais, o lixo é despejado nos chamados Lixões, locais sem es-
trutura para o tratamento dos resíduos, trazendo sérios problemas para o meio
ambiente e para a população.
De todos esses aspectos causadores de impactos, as principais consequên-
cias para a população são:
20 • capítulo 1
Supressão de elementos do ambiente
Inserção de elementos no ambiente
Sobrecarga
Impactos
Situação atual do ambiente
ambientais
Qualidade ambiental
Qualidade ambiental
modificada
Natureza
Extensão Efeito
Magnitude Significância
Impacto
Ambiental
Duração Probabilidade
Frequencia Reversibilidade
capítulo 1 • 21
Desse modo, podem-se classificar os diferentes impactos da seguinte ma-
neira, de acordo com as normas da NBR ISO 14000:
Magnitude do impacto
• Baixa (1)
• Média (2)
• Elevada (3)
Significância do impacto
• Desprezível (1)
• Tolerável (2)
• Significativo (3)
• Moderado (4)
• Crítico (5)
Extensão do impacto
Duração do impacto
22 • capítulo 1
• Curto (ex: ruído de construção)
• Longo (ex: inundação do solo pela construção de uma barragem)
• Intermitente (ex: explosão)
• Duradouro (ex: campos eletromagnéticos de linhas elétricas)
Frequência do impacto
Ou
Reversibilidade do impacto
Probabilidade de ocorrência
capítulo 1 • 23
A tabela 1.2 mostra a classificação dos impactos segundo dois critérios: a
natureza do impacto (benéfico ou adverso) e possibilidade de ocorrência do
impacto.
COMPONENTES
FÍSICO BIÓTICO SOCIOECONÔMICO
Patrimônio paisagismo
Patriônio arqueológico
Ecossistema aquático
Recursos hídricos
Porto de Santos
Economia local
Natureza do impacto
P (positivo) – N (negativo)
Possibilidade de ocorrência
C (certa) – Pr (provável) – In (incerta)
P P
Recrutamento de mão de obra
C C
N N N N N N N N
Desmatamento e limpeza do terreno
Pr Pr C C Pr In C Pr
jazidas mineiras Pr C In In In
N N N N N
N N N
Implantação de diques periféricos
Pr Pr Pr
o canal e o cais Pr Pr
N N
Execução do aterro hidráulico
Pr Pr
não aproveitáveis Pr Pr P
construção civil C C
24 • capítulo 1
1.1.4 Avaliação de Impacto Ambiental
capítulo 1 • 25
A concepção de AIA é um processo mais amplo que inclui:
EIA – Estudo de Impacto Ambiental
RIMA – Relatório de Impacto Ambiental
AAE – Avaliação Ambiental Estratégica
RAP – Relatório Ambiental Preliminar
EIV- Estudo de Impacto de Vizinhança
RIVI- Relatório de Impacto de Vizinhança
Análise de Risco
CONEXÃO
A RESOLUÇÃO CONAMA Nº 001, de 23 de janeiro de 1986, publicado no D. O . U de 17
/2/86; dispõe sobre procedimentos relativos ao Estudo de Impacto Ambiental. O CONSE-
LHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA, no uso das atribuições que lhe confere
o artigo 48 do Decreto nº 88.351, de 1º de junho de 1983, para efetivo exercício das res-
ponsabilidades que lhe são atribuídas pelo artigo 18 do mesmo decreto, e considerando a
necessidade de se estabelecerem as definições, as responsabilidades, os critérios básicos e
as diretrizes gerais para uso e implementação da Avaliação de Impacto Ambiental como um
dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente.
Você pode ver a Resolução na íntegra no link abaixo:
http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res0186.html
26 • capítulo 1
Descrição do projeto
São medidas que podem ser tomadas de modo a prevenir, atenuar ou eli-
minar eventuais efeitos negativos do empreendimento e, se possível, melho-
rar a qualidade do meio ambiente. Para os efeitos positivos ou benéficos, são
propostas medidas potencializadoras para otimizar a utilização dos recursos.
Medidas compensatórias só serão utilizadas quando, após esgotadas as medi-
das preventivas e mitigadoras, ainda restem impactos negativos do projeto em
questão.
capítulo 1 • 27
Monitoramento
1.1.5 EIA/Rima
EIA
28 • capítulo 1
III. Definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente afe-
tada pelos impactos, denominada área de influência do projeto, considerando,
em todos os casos, a bacia hidrográfica na qual se localiza.
IV. considerar os planos e programas governamentais, propostos e em im-
plantação, na área de influência do projeto e sua compatibilidade.
Rima
capítulo 1 • 29
Resumo do processo decisório para habilitação ao licenciamento no estado de SP
1. O empreendedor deverá entregar, na Secretaria do Meio Ambiente (SMA), os
seguintes documentos:
• requerimento do pedido de análise do EIA/Rima
• 6 cópias do EIA e do Rima, bem como súmula do EIA/Rima
• cópia da publicação sobre o empreendimento em periódico do local ou região
• comprovante de regularização a que esteja filiada a empresa consultora respon-
sável pela elaboração do EIA/Rima
2. A SMA procederá sequencialmente:
• análise preliminar, em até 15 dias, para saber se o EIA/Rima está de acordo
com a legislação
• análise do EIA/Rima com emissão de parecer técnico em até 3 meses
• envio do parecer técnico e respectiva súmula indicando a aprovação, repro-
vação ou aprovação com exigências complementares ao Conselho Estadual do
Meio Ambiente (CONSEMA).
ATIVIDADES
01. Defina Impacto Ambiental.
02. Analise a matriz de interações apresentada na tabela 1.2 desse capítulo e discuta ao
menos 03 impactos positivos e/ou negativos presentes na fase de implantação do projeto
em questão.
REFLEXÃO
Para um melhor entendimento sobre Avaliação de Impacto Ambiental, precisamos compre-
ender o que são os impactos ambientais, quais as principais fontes de impacto, e sempre
tendo em mente que os impactos podem ser positivos ou negativos.
A Avaliação de Impacto Ambiental é um dos instrumentos mais importantes para a prote-
ção dos recursos ambientais e se tornou instrumento previsto na lei para autorização de em-
preendimentos ou atividades potencialmente causadoras de degradação ambiental e deve
ser elaborada por pessoas habilitadas numa equipe multidisciplinar, atendendo às exigências
mínimas de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e de um Relatório de Impacto do Meio
30 • capítulo 1
Ambiente (Rima). Existem inúmeras atividades que estão sujeitas à elaboração de um estudo
de impacto ambiental, porém existem outras que não constam desse rol e poderão sujeitar-
se às mesmas exigências. A decisão dos órgãos competentes sobre a possibilidade ou não
de autorização de um empreendimento ou atividade, sujeitas à elaboração de um EIA vai
depender das condições dos impactos, e merece ser observado que o referido estudo não se
limita a demonstrar os efeitos da realização do projeto sobre o meio ambiente, mas analisa,
também, as consequências de sua não execução.
LEITURA
SILVA, M. M. A.; LACERDA E MEDEIROS, M. J.; SILVA, P. K. SILVA, M. M. P. Impactos
Ambientais causados em decorrência do rompimento da Barragem Camará no município de
Alagoa Grande, PB. Revista de Biologia e Ciências da Terra, v.6, n.1, p.20-34, 2006.
O artigo em questão trata dos impactos ambientais causados em decorrência do rom-
pimento da Barragem de Camará no município de Alagoa Grande / PB, mostrando que o
rompimento da barragem ocorreu devido a falhas em sua construção, trouxe diversos impac-
tos negativos, como: perda de bens materiais, de imóveis, do patrimônio público, da reserva
hídrica, a morte de animais e de seres humanos, desequilíbrios emocionais, econômicos,
ecológicos e agrícolas; e como impacto positivo, a solidariedade. Várias espécies animais e
vegetais foram afetadas. Os autores afirmam que é preciso motivar a realização de Educação
Ambiental no município, no sentido de fomentar mudanças e resgate da autoestima local.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRAGA, B. et al. Introdução à Engenharia Ambiental. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2ª dição, 318
pp., 2006.
Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, Brasil. Resolução n° 001. Brasília, 1986.
GRANATO, S. F.; SIMÕES, N. Lixo: problema nosso de cada dia. Editora: Saraiva, 1ªedição, 64 pp.,
2005.
KORMONDY, E. J.; BROWN, D. E. Ecologia humana. São Paulo: Atheneu, 503 pp., 2002.
NBR ISO 14001:2004. 2004. Sistemas da Gestão Ambiental – Requisitos com orientações para o
uso, 20 p.
PHILIPPI JR., A.; ROMÉRO. M. A.; BRUNA, G. C. Curso de Gestão Ambiental. Editora Manole, 2ª
edição atualizada e ampliada, 1245pp., 2014.
capítulo 1 • 31
RIBEIRO, H. Estudo de Impacto Ambiental como instrumento de planejamento. IN: PHILIPPI
JR., A.; ROMÉRO. M. A.; BRUNA, G. C. Curso de Gestão Ambiental. Editora Manole, 2ª edição
atualizada e ampliada, p. 853-882, 2014.
SANCHES, L. E. Avaliação de Impacto Ambiental – conceitos e métodos. Oficina de textos,
2ªedição, 583 pp., 2013.
32 • capítulo 1
2
Avaliação de
Impacto Ambiental
- Histórico, Política
e Legislação
Ambiental
No segundo capítulo iremos conhecer um pouco mais sobre as políticas am-
bientais. Quais as principais leis, resoluções que tratam da questão ambiental
no Brasil e como elas se relacionam com o processo de Avaliação de Impacto
Ambiental.
Veremos também o que é Gestão Ambiental, o Sistema de Gestão Ambiental
baseado na norma ISO 14001. E por fim analisaremos o processo de certifica-
ção ambiental, os passos, requisitos necessários e aplicações. Vamos lá?
OBJETIVOS
• Conhecer as principais leis e resoluções relativas ao Meio Ambiente e um breve histórico
desse processo;
• Identificar os principais instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, com ênfase
no zoneamento ambiental, Avaliação de Impactos Ambientais e Licenciamento Ambiental;
• Identificar os principais pontos da Lei de Crimes Ambientais;
• Compreender as etapas do processo de licenciamento ambiental, as diferentes formas de
licença ambiental;
• Ampliar os conhecimentos sobre o Sistema de Gestão Ambiental (SGA), certificação am-
biental e a norma ISO 14001.
34 • capítulo 2
2.1 Avaliação de Impacto Ambiental –
histórico, política e legislação ambiental
capítulo 2 • 35
VI. promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a cons-
cientização pública para a preservação do meio ambiente;
VII. proteger a fauna e a flora, vedadas na forma da lei, as práticas que co-
loquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou
submetam os animais à crueldade;
§ 2° – Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o
meio ambiente degradado, de acordo coma solução técnica exigida pelo órgão
público competente, na forma da lei.
§ 3° – As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujei-
tarão aos infratores, pessoas físicas ou jurídicas, sanções penais e administrati-
vas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
§ 4° – A Floresta Amazônica Brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o
Pantanal Matogrossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utili-
zação far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preserva-
ção do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.
§ 5° – São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadas pelos Estados, por
ações discriminatórias, necessárias a proteção dos ecossistemas naturais.
§ 6° – As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização
definida em Lei Federal, sem o que não poderão ser instaladas.
36 • capítulo 2
É importante notar que a Lei n° 6.938/81 ampliou o conceito de poluição,
definindo como “degradação da qualidade ambiental” e inclui, não apenas o
lançamento de matéria e poluentes nas águas, solo e no ar, e também qualquer
atividade que, direta ou indiretamente, cause os efeitos descritos na lei.
O artigo 2º da Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a pre-
servação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, vi-
sando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos
interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana,
atendidos os seguintes princípios, como vemos abaixo (BRASIL, 1981):
capítulo 2 • 37
I. órgão superior: o Conselho de Governo, com a função de assessorar o
Presidente da República na formulação da política nacional e nas diretrizes go-
vernamentais para o meio ambiente e os recursos ambientais; (Redação dada
pelo(a) Lei nº 8.028, de 1990).
II. órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente
CONAMA, com a finalidade de assessorar, estudar e propor ao Conselho de
Governo, diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os
recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e
padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e es-
sencial à sadia qualidade de vida; (Redação dada pelo(a) Lei nº 8.028, de 1990).
III. órgão central: a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da
República, com a finalidade de planejar, coordenar, supervisionar e controlar,
como Órgão Federal, a política nacional e as diretrizes governamentais fixadas
para o meio ambiente; (Redação dada pelo(a) Lei nº 8.028, de 1990).
IV. órgão executor: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis, com a finalidade de executar e fazer executar, como Órgão
Federal, a política e diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente;
(Redação dada pelo(a) Lei nº 8.028, de 1990).
V. órgãos seccionais: os órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela
execução de programas, projetos e pelo controle e fiscalização de atividades ca-
pazes de provocar degradação ambiental.
VI. órgãos locais: os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo
controle e fiscalização dessas atividades, nas suas respectivas jurisdições.
(Redação dada pelo(a) Lei nº 8.028, de 1990).
§ 1º Os Estados, na esfera de suas competências e nas áreas de sua jurisdi-
ção, elaborarão normas supletivas e complementares e padrões relacionados
com o meio ambiente, observados os que forem estabelecidos pelo CONAMA.
§ 2º Os Municípios, observadas as normas e os padrões federais e estaduais,
também poderão elaborar as normas mencionadas no parágrafo anterior.
§ 3º Os órgãos central, setoriais, seccionais e locais mencionados neste arti-
go deverão fornecer os resultados das análises efetuadas e sua fundamentação,
quando solicitados por pessoa legitimamente interessada.
§ 4º De acordo com a legislação em vigor, é o Poder Executivo autorizado a
criar uma fundação de apoio técnico e científico às atividades do IBAMA.
A seguir são listados os instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente,
conforme a artigo 9° da Lei n° 6.938/81, com suas alterações posteriores.
38 • capítulo 2
Art. 9º – São Instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente:
I. o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental;
II. o zoneamento ambiental;
III. a avaliação de impactos ambientais;
IV. o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente
poluidoras;
V. os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou
absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental;
VI. a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder
Público federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental,
de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas;
VII. o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente;
VIII. o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa
Ambiental;
IX. as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento
das medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental.
X. a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser di-
vulgado anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos
Naturais Renováveis - IBAMA; (Incluído pela Lei nº 7.804/89).
XI. a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente,
obrigando-se o Poder Público a produzi-las, quando inexistentes; (Incluído
pela Lei nº 7.804/89).
XII. o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/
ou utilizadoras dos recursos ambientais. (Incluído pela Lei nº 7.804/89).
XIII. instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão am-
biental, seguro ambiental e outros.
capítulo 2 • 39
O Estudo de Impacto Ambiental faz parte da Avaliação de Impacto Ambiental, outro
importante instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente. Os Estudos de Impacto
Ambiental exigidos em processos de licenciamento ambiental. A avaliação da capacidade
de suporte do meio diante de uma ação definida, ao ser previamente contemplada por um
zoneamento ambiental, pode contribuir para o Estudo de Impacto Ambiental, fornecendo
respostas importantes para a tomada de decisão relacionada ao empreendimento proposto.
Braga et al. (2006), relata que a Lei n° 9.605/98 é um dos instrumentos legais
que ganhou bastante destaque dentro do conjunto de normas para o controle
da qualidade ambiental. Essa lei passou a ser conhecida como Lei de Crimes
Ambientais, e dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de
condutas lesivas ao meio ambiente e dá outras providências.
Diferentemente do que ocorria no passado, a lei define a responsabilidade
das pessoas jurídicas, permitindo que grandes empresas sejam responsabili-
zadas criminalmente pelos danos que seus empreendimentos possam causar
à natureza. Um exemplo, matar animais continua sendo crime, exceto para sa-
ciar a fome do agente ou da sua família; os maus-tratos, as experiências doloro-
sas ou cruéis, o desmatamento não autorizado, a fabricação, venda, transporte
ou soltura de balões, hoje são crimes que sujeitam o infrator à prisão.
De acordo com a Lei de Crimes Ambientais (Lei N.º 9.605/98), os crimes am-
bientais são classificados em cinco tipos diferentes:
40 • capítulo 2
• Crimes contra a flora (art. 38 a 53): Causar destruição à vegetação de Áreas
de Preservação Permanente (APPs), em qualquer estágio, ou a Unidades de
Conservação (UC); provocar incêndio em mata ou floresta ou fabricar, vender,
transportar ou soltar balões que possam provocá-lo em qualquer área; extração,
corte, aquisição, venda, exposição para fins comerciais de madeira, lenha, carvão
e outros produtos de origem vegetal sem a devida autorização ou em desacordo
com esta; extrair de florestas de domínio público ou de preservação permanente
pedra, areia, cal ou qualquer espécie de mineral; impedir ou dificultar a regenera-
ção natural de qualquer forma de vegetação; destruir, danificar, lesar ou maltra-
tar plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade privada
alheia; comercializar ou utilizar motosserras sem a devida autorização.
• Da poluição e outros crimes ambientais (art. 54 a 61): Todas as atividades
humanas produzem poluentes (lixo, resíduos, e afins), no entanto, apenas será
considerado crime ambiental passível de penalização a poluição acima dos li-
mites estabelecidos por lei. Além desta, também é criminosa a poluição que
provoque ou possa provocar danos à saúde humana, mortandade de animais
e destruição significativa da flora. Assim como, aquela que torne locais impró-
prios para uso ou ocupação humana, a poluição hídrica que torne necessária a
interrupção do abastecimento público e a não adoção de medidas preventivas
em caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível. São considerados cri-
mes ambientais a pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem auto-
rização ou em desacordo com a obtida e a não recuperação da área explorada;
a produção, processamento, embalagem, importação, exportação, comerciali-
zação, fornecimento, transporte, armazenamento, guarda, abandono ou uso
de substâncias tóxicas, perigosas ou nocivas à saúde humana ou em desacordo
com as leis; a operação de empreendimentos de potencial poluidor sem licença
ambiental ou em desacordo com esta; também se encaixam nesta categoria de
crime ambiental a disseminação de doenças, pragas ou espécies que possam
causar dano à agricultura, à pecuária, à fauna, à flora e aos ecossistemas.
• Crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural (art. 62 a
65): Ambiente é um conceito amplo, que não se limita aos elementos naturais
(solo, ar, água, flora, fauna). Na verdade, o meio ambiente é a interação destes,
com elementos artificiais -- aqueles formados pelo espaço urbano construído e
alterado pelo homem - e culturais que, juntos, propiciam um desenvolvimento
equilibrado da vida. Desta forma, a violação da ordem urbana e/ou da cultura
também configura um crime ambiental.
capítulo 2 • 41
• Crimes contra a administração ambiental (art. 66 a 69): São as condutas
que dificultam ou impedem que o Poder Público exerça a sua função fiscaliza-
dora e protetora do meio ambiente, seja ela praticada por particulares ou por
funcionários do próprio Poder Público. Comete crime ambiental o funcionário
público que faz afirmação falsa ou enganosa, omitir a verdade, sonegar infor-
mações ou dados técnico-científicos em procedimentos de autorização ou de
licenciamento ambiental; ou aquele que concede licença, autorização ou per-
missão em desacordo com as normas ambientais, para as atividades, obras ou
serviços cuja realização depende de ato autorizativo do Poder Público. Também
comete crime ambiental a pessoa que deixar de cumprir obrigação de relevante
interesse ambiental, quando tem o dever legal ou contratual de fazê-la, ou que
dificulta a ação fiscalizadora sobre o meio ambiente.
CONEXÃO
A Lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, conhecida como Lei de Crimes Ambientais, dispões
sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas lesivas ao meio ambiente,
e dá outras providências. O capítulo V, em especial, trata dos Crimes contra o Meio Ambiente.
Você pode ter acesso a Lei na íntegra pelo link abaixo:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9605.htm
42 • capítulo 2
• do município – se os impactos diretos forem locais;
• do estado - se os impactos diretos atingirem dois ou mais municípios;
• do IBAMA- se os impactos diretos se derem em dois ou mais estados.
A Lei n° 6.938/81 deu origem ao sistema de tríplice licença, instituído por meio da
resolução CONAMA n° 237, de 19.12.1997:
Licença Prévia (LP) – fase preliminar do planejamento da atividade, contendo re-
quisitos básicos a serem atendidos nas fases de localização, instalação e operação,
observados os planos municipais, estaduais ou federais de uso do solo. É nessa fase
que deve ser solicitado, quando for o caso, o estudo de impacto ambiental.
Licença de Instalação (LI) – autoriza o início da implantação, de acordo com as
especificações constantes do projeto executivo aprovado.
Licença de Operação (LO) – autoriza, após as verificações necessárias, o início da
operação da atividade licenciada e o funcionamento de seus equipamentos, de acordo
com o estabelecido nas licenças prévias e de instalação.
Parágrafo único - As licenças ambientais poderão ser expedidas isolada ou su-
cessivamente, de acordo com a natureza, características e fase do empreendimento
ou atividade.
capítulo 2 • 43
Atividades elencadas no Anexo I da resolução CONAMA n° 237/97:
CONEXÃO
O Anexo I da resolução CONAMA n° 237/97 traz a lista de todas as atividades que estão
sujeitas a licenciamento ambiental e os setores que necessitam de tal procedimento. Você
pode ver a lista completa no link abaixo:
http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res97/res23797.html
44 • capítulo 2
O cancelamento de uma licença se dá automaticamente nos seguintes
casos:
• Estrutura organizacional
• Responsabilidades
• Procedimentos
• Processos e recursos
capítulo 2 • 45
Um Sistema de Gestão Ambiental busca:
46 • capítulo 2
Gestão Ambiental
ISO 14000
Sistema gestão
ambiental Análise ciclo de vida
Organização Produto
Figura 2.1 – Divisão das normas ISO 14000 em normas orientadas para produtos e para
processos. Fonte: Pombo & Magrini (2008).
A seguir, a família das normas da ISO 14000, que aborda a gestão ambiental
por meio de vários grupos de normas (figura 2.2).
Figura 2.2 – As normas NBR-ISO publicadas até o momento. Fonte: Pombo & Magrini, 2008.
Da subsérie, a mais importante é a ISO 14001, que trata dos requisitos com
orientações para uso de um Sistema de Gestão Ambiental e é passível de certi-
ficação junto a terceiros.
capítulo 2 • 47
Requisitos do Sistema de Gestão Ambiental
A figura 2.3 traz a abordagem básica com relação os requisitos estabeleci-
dos pela ISO 14001.
Implementação e Operação
• Estrutura e responsabilidades
Checagem e Ação Corretiva
• Treinamento, conscientização
• Monitoramento e medição
e competências
• Não conformidades e ações
• Comunicação
corretivas
• Documentação do SGA
• Registros
• Controle operacional
Auditoria do SGA
• Controle de emergências e
responsabilidades
48 • capítulo 2
• Verificação e ações corretivas: são necessários procedimentos estabeleci-
dos para monitorar e medir as principais características das operações e ativi-
dades que podem causar impacto ao meio ambiente e devem ser estabelecidas
ações corretivas para eliminar as causas reais ou potenciais, que poderiam re-
sultar em impactos ambientais.
• Revisão do gerenciamento: a administração da organização deve, em in-
tervalos predefinidos, revisar o Sistema de Gestão Ambiental (SGA), asseguran-
do que ele continue adequado e efetivo.
Assim, as quatro fases de execução de um SGA são:
• Definição e comunicação do projeto, onde é produzido um documento de
trabalho que irá detalhar e especificar como será implantado o SGA.
• Planejamento do SGA, realizando uma revisão ambiental inicial e plane-
jando o sistema.
• Instalação do SGA.
• Auditoria e certificações.
Um SGA desenvolvido e implantado com base na norma ISO 14001 pode ser
certificado por uma organização independente ou, então, pode ser usado para
que a empresa emita uma autodeclaração de conformidade com a norma, de
maneira a melhor se posicionar no mercado (BRAGA et al., 2006).
Nos controles da documentação de um SGA, deve-se assegurar que
(FORTE, 2007):
Quando uma empresa reduz de modo eficiente suas despesas com recursos
naturais e eliminação de rejeitos, ela diminui suas despesas, podendo, portan-
to, até reduzir o preço de seus produtos. Esse aumento na produtividade e, con-
sequentemente, na competitividade, permite que a empresa supere a concor-
rência, tanto no mercado interno, quanto no mercado externo.
capítulo 2 • 49
2.3.2 Certificação Ambiental
ATIVIDADES
01. Qual a diferença entre licenciamento ambiental e licença ambiental?
02. Quais são as principais licenças ambientais e quais os principais requisitos para sua
obtenção?
03. Faça uma pesquisa sobre outras licenças ambientais específicas, definidas pelo CO-
NAMA.
50 • capítulo 2
REFLEXÃO
Por fim...
“Não se gerencia o que não se mede,
não se mede o que não se define,
não se define o que não se entende,
e não há sucesso no que não se gerencia”
LEITURA
GRAVINA, M. G. P. 2008. O processo de certificação ISO 14001. Estudo de caso: a usina
siderúrgica da ArcelorMittal em Juiz de Fora – mg. Trabalho de conclusão de curso, Curso
de Especialização em Análise Ambiental, Universidade Federal de Juiz de Fora, 70 p.
O Trabalho faz uma boa revisão sobre a norma ISO 14001, justificando a importância
para diferentes tipos de empreendimentos. Várias experiências têm demonstrado as van-
tagens de se obter uma certificação ISO 14001. Entre os principais benefícios podem ser
citados: a economia, resultante de uma maior eficiência nos processos produtivos; a conquis-
ta de novos mercados e os benefícios para o meio ambiente. O trabalho tem como objetivo
servir de fonte de informação para as empresas, apresentando um estudo de caso que de-
monstra a estruturação do Sistema de Gestão Ambiental (SGA) de uma empresa do ramo
siderúrgico, a unidade da ArcelorMittal, em Juiz de Fora, MG. O estudo permitiu ilustrar em
termos práticos o funcionamento de um SGA, elucidando como cada requisito da norma é
cumprido nesta empresa. Como complementação, são sugeridas algumas adaptações para a
implantação da ISO 14001 nas pequenas e médias empresas.
capítulo 2 • 51
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, NBR ISO 14001. Sistemas de Gestão Ambiental:
especificação e diretrizes para o uso, 2004.
BRAGA, B. et al. Introdução à Engenharia Ambiental. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2ª dição,
318 pp., 2006.
BRASIL. Lei n° 6.938, de 31 de agosto de 1981 – Política Nacional do Meio Ambiente.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, 1988. São Paulo: editora Revista dos
Tribunais, 1989.
BRASIL. Lei n° 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 – Lei de Crimes Ambientais.
Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, Brasil. Resolução n° 001. Brasília, 1986.
Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, Brasil. Resolução n° 237. Brasília, 1997.
FORTE, A. P. S. O. Auditoria ambiental: um estudo de caso em uma Empresa de geração de energia
elétrica. Monografia de conclusão de curso, UFSC, 64pp., 2007.
GRANATO, S. F.; SIMÕES, N. Lixo: problema nosso de cada dia. Editora: Saraiva, 1ªedição, 64 pp.,
2005.
KORMONDY, E. J.; BROWN, D. E. Ecologia humana. São Paulo: Atheneu, 503 pp., 2002.
MONTAÑO, M.; OLIVEIRA, I. S. D.; RANIERI, V. E. L.; FONTES, A. T.; SOUZA, M. P. O zoneamento
ambiental e a sua importância para a localização de atividades Revista Pesquisa e Desenvolvimento
Engenharia de Produção, N.6, p.49– 64, Jun., 2007.
POMBO, F. R.; MAGRINI, A. Panorama de aplicação da norma ISO 14001 no Brasil. Revista Gest. Prod.,
v.15, n.1, p.1-10, jan.-abr. 2008.
PHILIPPI JR., A.; ROMÉRO. M. A.; BRUNA, G. C. Curso de Gestão Ambiental. Editora Manole, 2ª
edição atualizada e ampliada, 1245pp., 2014.
SANCHES, L. E. Avaliação de Impacto Ambiental – conceitos e métodos. Oficina de textos,
2ªedição, 583 pp., 2013.
52 • capítulo 2
3
Métodos para
Avaliação de
Impacto Ambiental
No capítulo 3 iremos aprofundar nosso estudo sobre a Avaliação de Impac-
to Ambiental (AIA). Começaremos a discutir como é realizado o processo de
avaliação, em especial, o diagnóstico da área de influência, ou seja, a caracte-
rização do ambiente (meios físico, biótico e socioeconômico), primeiro passo
dentro de uma avaliação. Veremos as características dos principais biomas bra-
sileiros e fecharemos o capítulo analisando os principais métodos de análise de
impactos ambientais, instrumentos importantes para a Avaliação de Impacto
Ambiental.
Vamos lá?
OBJETIVOS
• Analisar as etapas de uma Avaliação de Impacto Ambiental (AIA);
• Conhecer os componentes necessários para um Estudo de Impacto Ambiental (EIA);
• Discutir como é realizada a etapa de diagnóstico ambiental para uma AIA, uma das etapas
iniciais do processo;
• Discorrer sobre a caracterização ambiental dos principais biomas brasileiros, importante
também para uma AIA;
• Analisar os principais métodos utilizados em AIA para caracterização dos impactos am-
bientais de um projeto – diferentes métodos, aplicações, vantagens e desvantagens de cada
um deles.
54 • capítulo 3
3.1 Métodos para Avaliação de Impacto
Ambiental
capítulo 3 • 55
• Oleodutos, gasodutos, emissários de esgoto sanitário;
• Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos;
• Extração de combustível fóssil;
• Aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos ou
perigosos;
• Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de energia
primária.
• Seleção;
• Escopo (Termo de Referência);
• Diagnóstico;
• Avaliação de Impactos Ambientais;
• Prognósticos;
• Planejamento Ambiental;
• Diretrizes gerais para a implantação do empreendimento;
• Relatório de Impacto Ambiental (RIMA);
• Revisão;
• Tomada de decisão;
• Envolvimento público.
Existem outros elementos que podem ser incluídos, tais como: participação
de órgãos do governo e agências que são parte integrante do processo, previsão
de melhorias contínuas durante as fases de implantação do empreendimento,
etc...
56 • capítulo 3
Identificação da necessidade
Descrição da proposta
Seleção
Exame inicial do
Requer EIA Não requer EIA
Meio Ambiente
Identificação do impacto
avaliação ambiental (AIA)
Análise do impacto/previsão Envolvimento público
Significância do impacto ocorre tipicamente nestas fases.
Isto pode ocorrer para qualquer
outro estágio do EIA
Relatório
Revisão
Qualidade do documento
Envolvimento público
Participação dos interessados
Aceitabilidade da proposta
Não Aprovado
Aprovado
Auditoria e
Revisão avaliação do EIA
Resubmissão
capítulo 3 • 57
A seleção serve para identificar quais projetos ou atividades deverão passar
pelo processo de Estudo de Impacto Ambiental (EIA). Depois de identificadas,
deverá ser definido também, qual o nível de avaliação que devem receber, par-
cial ou completa (STAMM, 2003).
Há diferentes maneiras ou estilos para preparar os termos de referência. Alguns são ex-
tremamente detalhados, podendo estabelecer obrigações para o empreendedor e seu
consultor quanto à metodologia a ser utilizadas para levantamentos de campo, quanto
à forma e frequência de consultas públicas a serem realizadas durante o período de
preparação do estudo de impacto ambiental, e ainda quanto à forma de apresentação
dos estudos. Outros listam os pontos principais que devem ser abordados, deixando ao
empreendedor e seu consultor a escolha das metodologias e procedimentos (Sánchez,
2013). O atendimento às orientações dos termos de referência pode tomar várias for-
mas num EIA. Algumas exigências podem ser tratadas no texto principal, enquanto a
compreensão de estudos de detalhe pode ser facilitada se o estudo for apresentado de
forma completa em anexo.
58 • capítulo 3
3.1.1.2 Diagnóstico
O diagnóstico ambiental permite uma visão geral da área de estudo. São feitas
observações dos aspectos ambientais das situações que podem ser modifica-
das com a implantação do empreendimento.
No item referente ao diagnóstico ambiental deve ser realizado:
capítulo 3 • 59
2. Como serão coletadas essas informações?
3. Onde serão coletadas?
4. Durante quanto tempo, com qual frequência e em que época do ano
serão coletadas?
Meio físico
• Qualidade do ar da região;
• Níveis de ruído da região;
• Formação geológica da área potencialmente atingida pelo
empreendimento;
• Formação geomorfológica da área potencialmente atingida pelo
empreendimento;
• Solos da região que serão potencialmente atingidos pelo empreendimento;
• Recursos hídricos, abordando hidrologia superficial, hidrogeologia, oce-
anografia física, qualidade das águas e uso da água.
60 • capítulo 3
Meio socioeconômico
Figura 3.2 – Exemplo de estrutura de diagnóstico ambiental em EIAs. Fonte: Sánchez (2013).
capítulo 3 • 61
CONEXÃO
O diagnóstico ambiental é de fundamental importância para uma boa avaliação de impactos
ambientais. Abdon (2004) faz uma excelente revisão sobre Avaliação de Impactos Ambien-
tais, Diagnóstico Ambiental e dá ênfase aos os impactos ambientais no meio físico – Erosão
e assoreamento.
Você pode ter acesso à tese na íntegra pelo link abaixo:
http://www.dsr.inpe.br/site_bhrt/download/Tese.pdf
Biomas litorâneos
62 • capítulo 3
Caatinga
Campos
Cerrado
Encontrado nos estados de MT, MS, GO, TO com áreas no PA, MA, PI e SP.
Apresenta:
capítulo 3 • 63
Amazônia
Mata Atlântica
64 • capítulo 3
Apresenta:
Pantanal
• Fase de planejamento
• Fase preparatória
• Fase de implantação
• Fase de operação
• Fase de desativação
• Fase de fechamento
capítulo 3 • 65
possíveis de ocorrer e suas respectivas quantidades e qualidades de informações
em cada um desses projetos, não existe um método específico para ser utilizado
em todos os tipos de projeto. Cada método tem seus pontos fortes e fracos e exis-
te uma gama de projetos onde sua aplicação é mais proveitosa.
Os métodos de AIA são utilizados para identificar, coletar, organizar e apre-
sentar dados sobre impactos ambientais, de maneira compreensível e objetiva.
Os principais métodos utilizados em AIA são:
• Ad Hoc
• Listas de controle (Checklist)
• Simples
• Descritivas
• Escalares
• Questionários
• Multiatributos
• Matrizes de Interação
• Redes de Interação
• Sobreposição de mapas
• Diagramas de sistema
• Modelos de Simulação
• Combinação de Métodos
Método Ad hoc
66 • capítulo 3
A tabela 3.1 ilustra a aplicação desse método.
IMPACTO AMBIENTAL
ÁREA AMBIENTAL EL EP EN B EA P CP LP R I
Vida selvagem x x x
Espécies ameaçadas x
Vegetação x x x
Vegetação exótica x
Aragem x x x x
Características do solo x
Drenagem natural x
Água subterrânea x x
Ruído x x
Pavimentação x
Recreação x
Qualidade do ar x x x x
Comprometimento estático x
Áreas virgens x x x x
Saúde e segurança x
Valores econômicos x x x
Utilidades publicas (incluindo escolas) x x x
Serviços públicos x
Compatibilidade com planos regionais x x x
EL Efeito Nulo EP Efeito Positivo EN Efeito Negativo B Efeito Benéfico EA Efeito Adverso
P Problemático CP Curto Prazo LP Longo Prazo R Reversível I Irreversível
capítulo 3 • 67
ligadas à implantação do projeto. Listas de controle escalares servem para
análise de projetos com várias alternativas de viabilização, permitindo a com-
paração entre elas. Questionários são usados na falta de dados específicos e
confiáveis, ou devido aos custos elevados para obtenção da informação. Listas
de multiatributos devem ser empregadas na análise de projetos que envolvam
mais de uma alternativa, com diferentes tipos de impactos que necessitem ser
avaliados (STAMM, 2003).
A seguir, dois exemplos de listagem de controle (tabelas 3.2 e 3.3).
CONSTRUÇÃO OPERAÇÃO
IMPACTO AMBIENTAL EFEITO EFEITO EFEITO EFEITO EFEITO EFEITO
ADVERSO NULO BENÉFICO ADVERSO NULO BENÉFICO
B – USO DA TERRA
a) Espaço aberto
b) Recreacional
c) Agrícola
d) Residencial
e) Comercial
f) Industrial
C – RECURSOS DE ÁGUA
a) Qualidade
b) Irrigação
c) Drenagem
d) Água do solo
D – QUALIDADE DE AR
a) Óxidos (sultato,
carbono, nitrogênio)
b) Água de percolação
c) Químico
d) Odores
e) Gases
E – SERVIÇOS
a) Escolas
b) Polícias
c) Proteção ao fogo
d) Abastecimento de
água e de energia
e) Sistema de esgotos
Tabela 3.2 – Listagem de controle por área de impacto. Fonte: Braga (2006)
68 • capítulo 3
ECOSSISTEMAS TERRESTRES
a) Qualquer dos ecossistemas listados a seguir pode ser classificado como significativo ou único pela
natureza de seu tamanho, abundância ou tipo?
• floresta Sim ____ Não ____ Desconhecido
• savana Sim ____ Não ____ Desconhecido
• campo Sim ____ Não ____ Desconhecido
• deserto Sim ____ Não ____ Desconhecido
c) Observa-se a tendência de alteração desses ecossistemas por corte, queimada etc. para uso
agrícola, industrial ou urbano?
Sim ____ Não ____ Desconhecido
capítulo 3 • 69
COMPONENTES
FÍSICO BIÓTICO SOCIOECONÔMICO
Patrimônio paisagismo
Patriônio arqueológico
Ecossistema aquático
Recursos hídricos
Porto de Santos
Economia local
Natureza do impacto
P (positivo) – N (negativo)
Possibilidade de ocorrência
C (certa) – Pr (provável) – In (incerta)
P P
Recrutamento de mão de obra
C C
N N N N N N N N
Desmatamento e limpeza do terreno
Pr Pr C C Pr In C Pr
jazidas mineiras Pr C In In In
N N N N N
N N N
Implantação de diques periféricos
Pr Pr Pr
o canal e o cais Pr Pr
N N
Execução do aterro hidráulico
Pr Pr
não aproveitáveis Pr Pr P
construção civil C C
70 • capítulo 3
Método de Redes de interação
capítulo 3 • 71
Método de Superposição de mapas
Customers
Streets
Parcels
Elevation
Land usage
Real world
Figura 3.3 – Exemplo do método de sobreposição de mapas para análise dos impactos am-
bientais. Fonte: http://cier.uchicago.edu/gis/gis.htm
72 • capítulo 3
Método de Modelos de Simulação
Combinação de Métodos
capítulo 3 • 73
Onde: UIA = unidade de impacto ambiental / UIP = unidade de importância /
Q.A. = índice de qualidade ambiental.
A contabilização final é feita através do cálculo de um índice global de impacto.
UIA (projeto), dado pela diferença entre a UIA total com a realização do projeto e a UIA
sem a realização do projeto, ou seja: UIA (com projeto) - UIA (sem projeto) = UIA (por
projeto)
CONEXÃO
Você pode ver a aplicação prática de um dos métodos de Avaliação de Impacto Ambiental
nessa pesquisa que avaliou os impactos ambientais que originam a poluição e o compro-
metimento dos recursos naturais da bacia hidrográfica do rio Piabanha, RJ. O modelo de
desenvolvimento adotado associado à rápida urbanização ocorrida nas sete cidades que
formam esta bacia acarretaram uma série de problemas ambientais e para a qualidade de
vida da população. Esse estudo buscou contribuir para o desenvolvimento de ferramentas
de AIA, através da aplicação do Método de Battelle, e de forma a quantificar os parâmetros
de impactos ambientais e definir um índice de impacto global. Também é importante realçar
que os agentes causadores da degradação ambiental repercutem, diretamente, na saúde da
população. O estudo, na íntegra, pode ser acessado pelo link abaixo:
http://arca.icict.fiocruz.br/bitstream/icica/4961/2/841.pdf
74 • capítulo 3
ATIVIDADES
01. Quais fatores devem ser considerados na escolha do método de avaliação dos impactos
ambientais?
02. Descreva três dos principais métodos de avaliação de impactos ambientais e aponte
suas principais vantagens e desvantagens.
REFLEXÃO
Para realização da Avaliação de Impacto Ambiental (AIA), é necessário compreender como
e quando cada método é mais adequado para ser utilizado como uma ferramenta para iden-
tificação de impactos e suas causas. Segundo Stamm (2003), há três tarefas principais nor-
malmente envolvidas na fase de avaliação:
capítulo 3 • 75
LEITURA
PIMENTEL, G.; PIRES, S. H. Metodologias de avaliação de impacto ambiental – aplicações
e seus limites. Revista de Administração Pública, volume 26, número 1, pag. 56-68, jan/mar
1992.
O artigo escolhido trata da conceituação da avaliação de impacto ambiental, mostra
quais são os métodos mais utilizados e citados na literatura. Distingue entre metodologia,
métodos e técnicas, apontando as vantagens e desvantagens dos diversos métodos e técni-
cas. Termina o artigo mostrando uma avaliação da aplicação desses métodos no âmbito dos
empreendimentos do setor elétrico.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABDON, M. M. Os impactos ambientais no meio físico – erosão e assoreamento. Tese de
Doutorado, EESC-USP, 332pp., 2004.
BRAGA, B. et al. Introdução à Engenharia Ambiental. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2ª edição,
318 pp., 2006.
COUTINHO, L. M. O conceito de bioma. Revista Acta Botanica Brasilica, v.20, n.1, p. 13-23, Jan./
Mar. 2006.
KLING, A. S. M. Aplicação do Método Battelle na avaliação do impacto ambiental na Bacia hidrográfica
do rio Piabanha. Dissertação de Mestrado, Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz,
121pp., 2005.
PIMENTEL, G.; PIRES, S. H. Metodologias de avaliação de impacto ambiental – aplicações e
seus limites. Revista de Administração Pública, v. 26, n. 1, p. 56-68, jan/mar 1992.
RICKLEFS, R. E. Economia da Natureza. Editora Guanabara Koogan, 6ªedição, 570pp., 2010.
SANCHES, L. E. Avaliação de Impacto Ambiental – conceitos e métodos. Oficina de textos,
2ªedição, 583 pp., 2013.
STAMM, H. R. Método para avaliação de impacto ambiental (aia) em projetos de grande porte: Estudo
de caso de uma usina termelétrica. Tese de Doutorado, UFSC, 265 pp., 2003.
76 • capítulo 3
4
Cenários e
Prognósticos –
Considerações de
Risco, Incerteza e
Irreversibilidade
No capítulo 04 iremos aprofundar nosso estudo sobre Avaliação de Impacto
Ambiental. Já analisamos os itens iniciais de um EIA, como: diagnóstico am-
biental e a caracterização dos diferentes meios (físico, biótico e socioeconômi-
co). Vimos os principais métodos de análise dos impactos ambientais.
Agora iremos analisar as técnicas de prognóstico ambiental, com ênfase na
construção de cenários ambientais, cenários contando com a mitigação dos
impactos ambientais, cenários sem correção dos impactos, etc. Também trata-
remos das avaliações de risco ambiental, análise de viabilidade de um plano e
irreversibilidade de impactos ambientais.
Vamos lá?
OBJETIVOS
• Compreender o que são cenários ambientais e qual a importância da construção de cená-
rios para uma Avaliação de Impacto Ambiental.;
• correlacionar os termos: diagnóstico e prognóstico ambiental com os diferentes tipos de
cenários;
• conhecer diferentes métodos prospectivos e suas características principais;
• Analisar o fator: risco ambiental e sua importância numa Avaliação de Impacto Ambiental;
• Compreender a função de uma Análise de Risco Ambiental (ARA);
• Discorrer incerteza, irreversibilidade de impactos, viabilidade de um plano.
78 • capítulo 4
4.1 Cenários e Prognósticos –
considerações de risco, incerteza e
irreversibilidade
Até os anos de 1950, as técnicas de planejamento se baseavam na projeção
para o futuro, do que havia ocorrido no passado. Porém as projeções eram feitas
sempre dentro de certos limites e horizontes de tempo curtos (CARDOSO et al.,
2005). Com as mudanças políticas, econômicas, o desenvolvimento tecnológico,
surgiu a necessidade de planejamentos a longo prazo e, as técnicas tradicionais
passaram a não atender mais as demandas das organizações nessa área.
Surge então, a visão prospectiva de planejamento. Trata-se de planejar, mas
lidando sempre com a realidade turbulenta e em constante modificação. Desse
modo o futuro não pode mais ser considerado uma continuação do passado.
Devemos trabalhar com as ideias de futuros múltiplos e incertos, e a projeção
do passado é apenas uma das possibilidades dentro desse rol todo (figura 4.1).
Figura 4.1 – Alternativas para a construção de futuros. Fonte: Cardoso et al. (2005).
Cardoso et al. (2005) também afirma que, já que o futuro não está defini-
do pelo passado, é possível atuar sobre as variáveis que determinam o futuro,
capítulo 4 • 79
construindo futuros desejáveis ou evitando futuros indesejáveis, trabalhando en-
tão com o chamado Planejamento Prospectivo. No Brasil, o uso do planejamento
prospectivo é ainda relativamente recente, mas já vem sendo usado por impor-
tantes organizações e empresas, como Petrobrás, Banco do Brasil, EMBRAPA.
Fazer previsões sobre o futuro é uma profissão antiga. Os primeiros estudio-
sos que buscaram padrões objetivos para prospecção do futuro foram os egíp-
cios, que empregavam sua experiência na avaliação das condições gerais do Rio
Nilo, na sua cabeceira, em busca de perspectivas para cheias ou estiagens, fa-
tores determinantes para as futuras colheitas e para toda a economia da nação
(GRISI & BRITTO, 2003).
Grisi & Britti (2003) mostram em seu trabalho diversas técnicas e metodolo-
gias de pesquisa que vem sendo usadas com o intuito de realizar prospecções
ambientais e de futuro. São identificadas 14 técnicas de análise das variáveis am-
bientais utilizados por grandes empresas: Opinião de Especialistas, Extrapolação
de Tendências; Cenários alternados; Cenários simples; Simulação de mode-
los; Brainstorming; Modelos causais; Projeções Delphi; Análise de Impactos
Cruzados; Análise de Inputs e Outputs; Previsões exponenciais; Monitoramento
de sinais; Árvore de relevância; Análise morfológica. Diversos autores também
propõem uma divisão nas técnicas de previsão quantitativas e qualitativas.
80 • capítulo 4
• Especialistas de diversas áreas;
• Acadêmicos;
• Demais possíveis envolvidos.
• Cada cenário procura estabelecer uma sucessão lógica de eventos, par-
tindo-se do presente, e torna-se possível prever como se pode atingir, passo a
passo, uma situação futura.
• Nesse sentido, um cenário completo abrange cinco componentes:
• A filosofia do cenário, que sintetiza o movimento ou a direção do sistema
considerado;
• Um cenário não seria uma ferramenta capaz de sanar todos os problemas
de uma única vez, havendo a necessidade de construí-lo com a finalidade espe-
cífica de resolver uma questão ou decisão a ser tomada.
• Um conjunto de variáveis ou fatores chave que representam os elementos
essenciais do sistema;
Há diversos fatores chave que conduzirão a situação atual até o momento fu-
turo que se avalia. Alguns desses fatores não irão mudar dentro desse período
de tempo, sendo considerados aqui como Constantes. Exemplos típicos são: o
clima, a geografia em geral, mas podem ser elencados aqui outros itens que, den-
tro do período de tempo estudado, não irão se transformar. Os fatores Evolutivos
são aqueles que tendem a mudar, mas de modo razoavelmente previsível, como o
crescimento da população, os índices de preços (para períodos curtos de tempo)
entre outros. Já os fatores Erráticos são aqueles cuja performance ao longo do
período avaliado é totalmente imprevisível, requerendo a construção de cenários
alternativos que contemplem suas múltiplas possibilidades.
capítulo 4 • 81
Podemos então, definir a técnica de cenários como sendo um conjunto de
técnicas investigativas que visam a identificar os vários futuros possíveis e os
caminhos que nos conduzirão até algum deles.
82 • capítulo 4
4.1.2 Métodos prospectivos
Cardoso et al. (2005) relata que esse método tem sido um dos instrumentos
mais utilizados na realização de estudos prospectivos.
Sua estrutura básica é bastante simples. Um questionário interativo circula
repetidas vezes por um grupo de peritos em busca da formação de consenso en-
tre os participantes. Na primeira rodada, os especialistas recebem um questio-
nário, preparado por uma equipe de coordenação, e a eles é solicitado respon-
der individualmente todas as questões. As respostas das questões quantitativas
são tabuladas, recebendo um tratamento estatístico simples, definindo-se a
mediana e os quartis, e os resultados são devolvidos aos participantes na roda-
da seguinte. Quando há justificativas e opiniões qualitativas associadas a previ-
sões quantitativas, a coordenação busca relacionar os argumentos às projeções
quantitativas correspondentes. A cada nova rodada, as perguntas são repetidas
e os participantes devem reavaliar suas respostas à luz das respostas numéricas
e das justificativas dadas pelos demais respondentes na rodada anterior. São
solicitadas novas previsões com justificativas, particularmente se estas previ-
sões divergirem das respostas centrais do grupo.
Esse processo é repetido por sucessivas rodadas do questionário e a respos-
ta da última rodada é considerada como a previsão do grupo para o cenário em
questão.
Cardoso et al. (2005), apontam quem são necessárias três condições para
que se assegure a autenticidade do método:
capítulo 4 • 83
• Tratamento estatístico das respostas, posicionando cada especialista em
relação ao grupo. Assim a equipe de coordenação também pode acompanhar a
evolução das respostas buscando um consenso do grupo.
Vantagens do método
Grisi & Britto (2003) relatam que, apesar de todas as suas vantagens, o uso incor-
reto da técnica pode gerar graves problemas aos organizadores.
84 • capítulo 4
• Sucessivas rodadas, envolvendo especialistas de fora da instituição, sem
uma remuneração ou contrato, frequentemente implicam a desistência não
anunciada de alguns participantes, sendo comum que, entre a primeira e a úl-
tima rodadas, o abandono gire em torno de 50% dos participantes originais;
• É ideal também que não se elabore um número excessivo de questões. Um
número em torno de 25 questões costuma ser o mais plausível;
• Os prazos para realização de pesquisas usando esse método costumam
ser elevados, pois envolvem a elaboração do questionário, sua aplicação, tabu-
lação, análise das respostas, reformulação, replicação do questionário, elabo-
ração das conclusões e parecer final.
EXEMPLO QUALITATIVO
EXEMPLO 1: PERGUNTA SOBRE FINANCIAMENTO
capítulo 4 • 85
Pergunta: Considerando as variáveis apresentadas e sua evolução, qual é, na sua opi-
nião, a amplitude atual do financiamento público e qual seria a futura para os três
cenários apresentados? Use a escala a seguir.
1 2 3 4 5
Muito baixa Baixa Média Alta Muito alta
Observações:
EXEMPLO QUANTITATIVO
EXEMPLO 2: PERGUNTA SOBRE DÉFICIT HABITACIONAL
86 • capítulo 4
6,0
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
0,0
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1995
1996
1997
1998
1999
2000
Fontes e notas: Adaptado de Construbusiness(1999), Um mapeamento do déficit habitacional
brasileiro 1981-1995, Robson R. Gonçalves, 1998 e Fundação João Pinheiro. Déficit
habitacional no Brasil 2000. Fundação João Pinheiro, BH, 2001. Os valores de 1991 e 2000
foram obtidos com metodologia diferentes dos demais anos.
Pergunta: Tendo em vista que as causas do déficit habitacional são as mesmas que
determinam o acesso à habitação, já avaliadas nas questões anteriores, como este
evoluirá no futuro, considerando os três cenários apresentados?
5,4
Observações:
capítulo 4 • 87
4.1.2.2 Métodos de Cenários múltiplos
De modo geral, o importante é aprender a lidar não com apenas um, mas
com vários futuros possíveis, havendo igual relevância entre discutir sobre o
futuro que nos aguarda e o modo como podemos alcançá-lo (figura 4.2).
Futuro
alternativo A
Futuro
alternativo B
Visão
retrospectiva
Situação
+ Possíveis Cenários
futura livre de
Situação Extrapolação variações tendenciais
surpresas
atual da tendência
+
Condicionantes
do futuro Futuro
alternativo N
88 • capítulo 4
4.1.3 Técnicas de cenários
Nesse contexto, são criadas as técnicas de cenários, que são conjuntos de téc-
nicas investigativas que visam identificar os vários futuros possíveis e os cami-
nhos que nos conduzirão até o melhor deles.
capítulo 4 • 89
Cenários Ambientais
Definição das escalas
Espaço-temporais
Abordagens
Quantitativa Qualitativa
Construção (premissas
e nomenclaturas): por
especialista e/ou
Representação participativa
90 • capítulo 4
CONEXÃO
Sabe-se que a Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) é considerada uma ferramenta impor-
tantíssima na avaliação de impactos ambientais, que considera os riscos e as oportunidades
inerentes à região de estudo. A AAE visa diminuir os impactos negativos à região, construin-
do um futuro desejável de responsabilidade sustentável. A construção de cenários futuros
desejáveis se dará com a avaliação. Você pode analisar um estudo que trata da Avaliação
Ambiental Estratégica vista como reguladora das práticas de desenvolvimento regional, com
exemplo do caso da implementação no pólo industrial e de serviços de Anchieta, através do
link abaixo:
http://www.fucape.br/premio_excelencia_academica/upld/trab/10/sergio.pdf
Muitas vezes os termos risco e incerteza são confundidos e usados como si-
nônimos. Kirchhoff (2004) afirma que incerteza é a condição soba a qual não se
tem a necessária informação para atribuir probabilidades para os resultados, o
que dificulta a definição do problema e identificação de soluções alternativas.
Assim, Risco será definido como o produto da probabilidade de ocorrência
de um determinado evento pela magnitude das consequências.
capítulo 4 • 91
Riscos agudos apresentam efeito imediato e visível, como por exemplo, o
vazamento de petróleo de um duto ou navio. Riscos crônicos trazem efeito a
longo prazo, como a liberação contínua de pequenas quantidades de poluentes
na água ou na atmosfera.
Risco pode ser estimado qualitativamente ou quantitativamente, no entan-
to estimar o risco nem sempre é fácil, muitas vezes as consequências de um
evento podem ser incertas. Nem todos os riscos podem ser eliminados, mas
requerem um processo racional de decisões, chamado de Gestão de Riscos.
A quantificação do risco inclui definir o perigo, identificar o evento inicial
que causaria o perigo, determinar as consequências ao sistema receptor e atri-
buir probabilidades de ocorrência desse evento. O processo de determinação
da natureza e da magnitude de um efeito adverso causado por um perigo, é
chamado de Avaliação de Risco Ambiental.
92 • capítulo 4
As principais etapas de uma ARA são (figura 4.4):
Estimativa da
probabilidade/frequência
Modela Estima
causas probabilidades Determinação Imput para tomada
Identificação
e estimação de decisão e
dos perigos
do risco planejamento
Análise das consequencias
Modela Estima
efeitos impactos
Avaliação de risco
Figura 4.4 – Etapas de uma avaliação de risco ambiental. Fonte: Kirchhoff (2004).
capítulo 4 • 93
ANÁLISE PRELIMINAR DE PERIGOS (APP)
94 •
Local: Sistema: Elaborado por: Aprovado por:
Referência: Data: Revisao:
MODO DE CATEGORIA DE CATEGORIA DE CATEGORIA DE
PERIGO CAUSA EFEITO OBSERVAÇÕES CÓDIGO
DETECÇÃO FREQUÊNCIA SEVERIDADE RISCO
Eventos que Falhas intrínse- Instrumentação Comporta- Classificação Classificação Classificação Informação Código
capítulo 4
podem ter cas de equipa- ou percepção mento de de acordo com de acordo com de acordo com complementar interno,
consequências mentos e erros humana um produto categorias categorias categorias ou recomenda- número
ambientais ou humanos de liberado ou definidas pre- definidas pre- definidas pre- ções de ações sequencial
para a manutenção ou consequência viamente: viamente: viamente: preventivas ou outro
saúde ou segu- operação imediata do muito provável, catastrófico, catastrófico, identificador
rança humanas evento provável, oca- desprezível etc. alto, modera-
sional etc. da, pequena,
desprezível
EXEMPLO: ARMAZENAMENTO DE ENXOFRE A CÉU ABERTO
Combustão Combustão Visual Liberação de Raro Pequena Muito baixo Inspeção perió- 1
espontânea calor ou cha- dica das pilhas;
quando exposto ma, formação treinamento de
à temperatura de enxofre operadores para
ambiente fundido. extinção de
focos.
EXEMPLO: ARMAZENAMENTO DE ÁCIDO SULFÚRICO EM ÁREA INDUSTRIAL
Pequenos Furos ou ruptu- Visual Liberação para Ocasional Pequena Baixo Controle de 14
vazamentos ras na tubulação piso, canaletas, concentração
(<100 L) e tanques, sistema de do ácido para
vazamentos frenagem reduzir potencial
em vávulas ou corrosivo; inspe-
conexões, devi- ção e manuten-
do a corrosão, ção preventiva.
desgastes, atrito
ou falhas de
vedação
Tabela 4.2 – Exemplo de planilha de avaliação de perigos ambientais. Fonte: Sánchez (2013).
CONEXÃO
O uso de organismos geneticamente modificados (OGMs) na agricultura e em outros setores
de produção continua aumentando globalmente, devido às vantagens que traz ao setor pro-
dutivo e o consumidor. Por outro lado, o desenvolvimento e o uso dessa tecnologia exigem
o compromisso de não trazer novos riscos ao ambiente onde serão introduzidos. Você pode
ver um exemplo dessa aplicação no “Guia para Avaliação de Risco Ambiental de Organismos
Geneticamente Modificados”, que pode ser acessado no link abaixo:
http://www.ilsi.org/Brasil/Documents/OGM%20-%20Portugu%C3%AAs%20-%20
protegido.pdf
4.3 Incertezas
A construção de cenários lida, normalmente, com sistemas altamente comple-
xos e dinâmicos, que convivem com contínuas mudanças estruturais e com ele-
vado grau de incerteza sobre os caminhos dessas mudanças. Pode-se dizer que
a incerteza é um estado de dúvida. Existe incerteza quando não existe uma ideia
definida da linha de ação a ser adotada em uma situação que parece obscura,
não familiar, conflitante ou confusa. A mera existência da incerteza pressupõe
a necessidade de formular julgamentos e um processo decisório para solucio-
nar este estado (DEUS, 2004).
Para os estudos de cenários é necessário considerar a inevitabilidade de li-
dar e de aceitar a incerteza, tentando, portanto, apenas limitar seus espaços de
possibilidades. A incerteza constitui uma característica do mundo real, princi-
palmente nos sistemas complexos. Sendo assim, a incerteza se manifesta pelas
mudanças que ocorrem no ambiente, pois os acontecimentos, os eventos do dia
a dia, nada mais são do que manifestações do que está variando no ambiente.
A incerteza sugere que se crie um ambiente de tomada de decisão para supe-
ração dessa condição. Portanto, cenários e planejamento estratégico/ambiental,
vistos no início desse capítulo, lidam com incertezas, pois o primeiro ilumina as
oportunidades e desafios e o segundo trata de explorar as oportunidades dentro
de um contexto de incerteza sobre o futuro, procurando mitigar as ameaças.
Deus (2004) afirma que é necessário saber adequadamente quando usar a
ferramenta de cenários frente à incerteza, pois ela é um elemento fundamental
e definidor da decisão de utilizar ou não cenários no planejamento.
capítulo 4 • 95
Analisando a figura 4.5, é possível visualizar um esquema que sintetiza o
ambiente ideal para se trabalhar com cenários: variáveis disponíveis e dúvidas
em relação ao futuro.
Cenários
Incertezas
Fatos predeterminados
Distância do futuro
Figura 4.5 Modelos ilustrando quando usar a técnica de cenários. Fonte: Deus (2004).
Pelo que foi apresentado, o cerne dos estudos de cenários está na incerteza
do futuro e na sua indeterminação que, por outro lado, cria um horizonte aber-
to de várias possibilidades. O que se deve fazer é considerar os possíveis futuros
que poderiam surgir a partir das condições turbulentas atuais e as consequên-
cias para a ação humana.
O planejamento tradicional faz a seguinte indagação em relação ao futuro:
“O que é mais provável que aconteça?” Já o planejamento para a incerteza per-
gunta: “O que já aconteceu que irá criar o futuro?” São posturas completamente
distintas. O tradicional caracteriza o pensamento linear; o segundo foge a este
padrão. A estratégia está conectada ao futuro, pois é naquele recorte temporal
que se encontram os fins.
O planejamento e a construção de cenários partem do postulado segundo o
qual o futuro não está completamente firmado, mas aberto a influências. Para
os estudos de cenários é necessário considerar a inevitabilidade de se lidar e
aceitar a incerteza, tentando limitar seus espaços de possibilidades.
De maneira resumida, alguns benefícios podem ser destacados quando da
utilização de cenários e superação ou entendimento das incertezas: melhor qua-
lidade das decisões e projetos (que se tornam mais robustos quando consideram
futuros alternativos) e melhor percepção de risco para a tomada de decisões.
96 • capítulo 4
4.3.1 Vulnerabilidade
capítulo 4 • 97
• Contaminação;
• Mudança climática global;
• Doenças novas e emergentes.
• Reduzir a vulnerabilidade;
• Reduzir a ameaça através de ações (ex: construção de muro de contenção
diante da probabilidade de ruptura de uma encosta). Isso nos leva a considerar
a ocorrência dos desastres.
4.3.2 Desastres
ATIVIDADES
01. A investigação de cenários ambientais tem inúmeros propósitos. Cite alguns deles.
02. A Avaliação de Risco Ambiental (ARA) é uma ferramenta para tomada de decisões mais
racionais e efetivas no campo ambiental. A ARA tenta quantificar os riscos à saúde humana,
aos bens econômicos aos ecossistemas, gerados a partir de atividades humanas e fenôme-
nos naturais que causam perturbações ao meio ambiente. Quais as principais etapas de uma
Avaliação de Risco Ambiental?
98 • capítulo 4
REFLEXÃO
O progresso da tecnologia utilizada pelas indústrias resultou em grandes mudanças nas
indústrias, tendo como consequência um aumento na energia armazenada nos processos,
representando, portanto, um perigo cada vez maior. Ao mesmo tempo, as instalações de
processo começaram a crescer, quase dez vezes mais, em tamanho. Também, começaram a
operarem fluxo contínuo, aumentando o número de interligações com outras plantas, para a
troca de subprodutos, tornando, dessa forma, os processos mais complexos.
Simultaneamente, outras preocupações começaram a tomar corpo no contexto social,
tais como a poluição ambiental, e começaram a se tornar motivo de preocupação para o
público e para os governos. Como consequência, a indústria passou a examinar os efeitos de
suas operações sobre o público, dando início à Avaliação de Riscos Ambientais e, em parti-
cular, a analisar mais cuidadosamente os possíveis perigos decorrentes de suas atividades.
Justifica-se então a construção de cenários prognósticos possíveis para cada tipo de
empreendimento e, análise de diferentes medidas de mitigação dos impactos causados ao
meio ambiente.
LEITURA
STAMM, H. R. Método para avaliação de impacto ambiental (aia) em projetos de grande porte:
Estudo de caso de uma usina termelétrica. Tese de Doutorado, UFSC, 265 pp., 2003.
Esse estudo mostra a importância de se utiliza a Avaliação de Impacto Ambiental como
ferramenta para assegurar o desenvolvimento sustentável. O objetivo desse trabalho é o de
propor um método de AIA para projetos de grande porte, representado por uma usina termelé-
trica a carvão. O método proposto utiliza a técnica de cenários em conjunto com a teoria das
matrizes de Leopold. A técnica de cenários permite simular vários locais para estabelecimento
do projeto e suas diversas fases de implantação. A teoria das matrizes de Leopold relaciona as
ações propostas para a efetivação do projeto com os fatores ambientais impactados por cada
uma delas. Considera os impactos ambientais nos meios: físico, biótico e antrópico. Os impac-
tos ambientais decorrentes do empreendimento são apresentados em tabelas conforme seus
diferentes cenários. O resultado obtido dá uma visão geral dos meios mais impactados e das
ações mais impactantes, permitindo ao empreendedor avaliar a inclusão de sistemas ou equi-
pamentos de controle da poluição no seu projeto ou priorizar atividades de mitigação, controle
e monitoramento ambiental. Ajuda o órgão licenciador e fiscalizador no sentido de apresentar
quais os meios mais impactados, as ações propostas mais impactantes e os fatores ambientais
mais críticos durante a implementação e operação de um dado empreendimento.
capítulo 4 • 99
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRAGA, B. et al. Introdução à Engenharia Ambiental. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2ª edição,
318 pp., 2006.
CARDOSO, L. R.; ABIKO, A. K. HAGA, H. C. R.; INOUYE, K. P.; GOLÇALVES, O. M. Prospecção de
futuro e método Delphi: uma aplicação para a cadeia produtiva da construção habitacional. Revista
Ambiente Construído, Porto Alegre, v.5, n.3, p.63-78, 2005.
DEUS, L. A. B. Espaço e tempo como subsídios à construção de cenários de uso e cobertura da terra
para o planejamento ambiental na Amazônia: o caso da bacia do rio Acre. Tese de Doutorado, UFRJ,
384pp., 2013.
GRISI, C. C. H.; BRITTO, R. P. Técnica de Cenários e o Método Delphi: uma aplicação para o ambiente
brasileiro. In: Anais do SEMINÁRIOS EM ADMINISTRAÇÃO FEA-USP, 2003, São Paulo. Disponível
em: <http://www.ead.fea.usp.br/Semead/6semead/MKT.htm>.
Acesso em: fevereiro de 2015.
KIRCHHOLL, D. A avaliação de risco ambiental e o processo de licenciamento ambiental: o caso do
gasoduto de distribuição Gás Brasiliano, trecho São Carlos – Porto Ferreira. Dissertação de Mestrado,
EESC – USP, 137 pp., 2004.
PIMENTEL, G.; PIRES, S. H. Metodologias de avaliação de impacto ambiental – aplicações e
seus limites. Revista de Administração Pública, v. 26, n. 1, p. 56-68, jan/mar 1992.
SANCHES, L. E. Avaliação de Impacto Ambiental – conceitos e métodos. Oficina de textos,
2ªedição, 583 pp., 2013.
STAMM, H. R. Método para avaliação de impacto ambiental (aia) em projetos de grande porte: Estudo
de caso de uma usina termelétrica. Tese de Doutorado, UFSC, 265 pp., 2003.
100 • capítulo 4
5
Programas e
Relatórios de
Monitoramento
Ambiental
No capítulo 05 iremos aprofundar nosso estudo sobre a organização de um EIA/
RIMA, analisando os itens mínimos de um EIA, itens mínimos de um RIMA,
itens complementares ao estudo, ordem dos documentos, função de cada um
deles para a Avaliação de Impacto Ambiental. E terminaremos o capítulo ana-
lisando o processo de Monitoramento Ambiental, os diferentes programas de
acompanhamento e monitoramento e outros tipos de estudo que podem ser
solicitados em substituição ao EIA/RIMA ou como documento complementar
do Estudo de Impacto, tais como RCA e PCA.
Vamos lá?
OBJETIVOS
• Analisar a estrutura e finalidade de uma Avaliação de Impacto Ambiental (AIA);
• Conhecer os principais documentos que compõem a AIA, quais os conteúdos de cada um
desses documentos (EIA e RIMA);
• Compreender a importância dos Programas de Acompanhamento e Monitoramento Am-
biental na fase pós Estudo de Impacto;
• Analisar outros documentos ambientais utilizados em substituição ou complementação ao
EIARIMA;
• Discutir o emprego de medidas mitigadoras, compensatórias e potencializadoras de impac-
tos ambientais num processo de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA).
102 • capítulo 5
5.1 Programas e Relatórios de
Monitoramento Ambiental
capítulo 5 • 103
DOCUMENTOS DE ENTRADA ETAPA DOCUMENTOS RESULTANTES
Memorial descritivo do projeto1 Apresentação da Parecer técnico que define o nível
Publicação em jornal anunciando a inten- proposta de avaliação ambiental e o tipo de
ção de realizar determinada iniciativa2 estudo ambiental necessários
Avaliação ambiental inicial ou estudo Triagem Parecer técnico sobre o nível de ava-
preliminar3 liação ambiental e o tipo de estudo
ambiental necessários
Plano de Trabalho Definição do Termo de referência4
escopo do EIA
Termos de referência Elaboração do EIA e Rima
EIA
EIA Análise técnica Parecer técnico
EIA e Rima Publicação em jornal Consulta pública Atas de audiência e outros documen-
tos de consulta pública
EIA, estudos complementares, documen- Análise técnica Parecer técnico conclusivo
tos de consulta pública
Nota: o quadro toma por referência principalmente as exigências brasileiras de licenciamento ambiental.
1
Exemplos: MCE - Memorial de Caracterização do Empreendimento (São Paulo), FCE - Formulário de
Caracterização do Empreendimento (Minas Gerais), FAP - Ficha de Abertura do Processo (Ibama).
2
A publicação em jornais de grande circulação é uma das formas mais comuns de anunciar a intenção
de realizar um empreendimento, mas há diversas outras formas de divulgar essa informação; a divulga-
ção permite que o público possa se manifestar e que, portanto, as preocupações do público possam ser
utilizadas como um critério de triagem.
3
Exemplos: RAP - Relatório Ambiental Preliminar (São Paulo), RAS - Relatório Ambiental Simplificado,
RCA - Relatório de Controle Ambiental.
4
No Rio de Janeiro, esse documento recebe o nome de "Instrução Técnica".
5
A licença pode incluir condicionantes que só a tornam válidas se as condições forem cumpridas.
6
Exemplos: PBA - Projeto Básico Ambiental (setor elétrico), PCA - Plano de Controle Ambiental (setor
de mineração).
7
Exemplo: Rada - Relatório de Avaliação de Desempenho Ambiental (Minas Gerais). Em alguns Esta-
dos, exige-se relatórios de auditoria ambiental para certas atividades.
8
No Brasil é exigido o Prad - Plano de Recuperação de Áreas Degradadas para empreendimentos
de mineração e planos de desativação para algumas categorias de empreendimentos (segundo
resoluções do Conama); no Estado de São Paulo, desde dezembro de 2002 é exigível um plano de
fechamento para certas atividades.
9
Ainda não existente no Brasil.
Tabela 5.1 – Principais documentos técnicos das diversas etapas do processo de Avaliação
de Impacto Ambiental (AIA). Fonte: Sánchez (2013).
104 • capítulo 5
A Avaliação de Impacto Ambiental pode desempenhar quatro papéis com-
plementares:
Elaboração do
Análise técnica EIA e Rima
Consulta pública
Decisão
Reprovação Aprovação
Etapa pós-aprovação
Figura 5.1 – Processo de Avalia-
Monitoramento e gestão ambiental
ção de Impacto Ambiental. Fonte:
Sánchez (2013). Acompanhamento
capítulo 5 • 105
5.1.1 Componentes de uma Avaliação de Impacto Ambiental (AIA)
5.1.1.1 EIA
• Natureza
• Patrimônio cultural
• Patrimônio histórico
• Meio ambiente de trabalho
106 • capítulo 5
c) O meio socioeconômico – o uso e ocupação do solo, da água e a socioe-
conomia, sítios e monumentos arqueológicos, históricos e culturais da comu-
nidade, as relações de dependência entre a sociedade local e a potencial utiliza-
ção futura dos recursos naturais;
II. Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, atra-
vés de identificação, previsão da magnitude e interpretação da importância dos
prováveis impactos relevantes, discriminando:
III. Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos, entre elas
os equipamentos de controle e sistemas de tratamento de despejos, avaliando
a eficiência de cada uma delas.
IV. Elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento dos
impactos positivos e negativos, indicando os fatores e parâmetros a serem
considerados.
Em função da determinação legal, um Estudo de Impacto Ambiental (EIA)
abrange as informações a seguir:
1. Área de Influência do Projeto: limites da área geográfica a ser direta ou
indiretamente afetada pelos impactos, denominada de área de influência do
projeto, considerando em todos os casos a bacia hidrográfica na qual se locali-
za (artigo 5º, III – Resolução 001/86 do Conama).
2. Zoneamento Ambiental: planos e programas governamentais, propos-
tos e em implantação na área de influência do projeto (artigo 5º, IV).
3. Alternativas: todas as alternativas tecnológicas e de localização do pro-
jeto, confrontando-as com a hipótese de “não executar o projeto” (artigo 5º, I).
4. Descrição Inicial do Local: diagnóstico ambiental da área, abrangendo
os meios físico, biológico e socioeconômico (artigo 6º).
5. Identificação e Avaliação dos Impactos Ambientais do Projeto: impac-
tos gerados nas fases de implantação e operação da atividade” (Artigo 5º, II) e
previsão da magnitude e interpretação da importância dos prováveis impactos
+ e -, diretos ou indiretos, imediatos ou a médio e longo prazos, temporários
e permanentes; seu grau de reversibilidade; suas propriedades cumulativas e
sinergéticas” (artigo 6º, II).
capítulo 5 • 107
6. Medidas Mitigadoras: medidas mitigadoras dos impactos negativos,
entre elas os equipamentos de controle e sistemas de tratamento de despejos,
avaliando a eficiência de cada uma delas” (artigo 6º, III).
7. Impactos Desfavoráveis e Previsão de Orçamento: no caso de obras e
projetos federais prevê-se, no orçamento de cada projeto ou obra, dotações cor-
respondentes, no mínimo, a 1% do mesmo orçamento destinadas à prevenção
ou à correção desses efeitos” (Decreto Federal 95.733/88).
8. Medidas Compensatórias: compensação do dano provável, sendo esta
uma forma de indenização.
9. Distribuição dos Ônus e Benefícios Sociais do Projeto: identificar os
prejuízos e vantagens que o empreendimento trará para os diversos segmentos
sociais, seja pelo n° e qualidade de empregos gerados ou pelos possíveis pro-
blemas sociais em caso de necessidade de migração de mão de obra.
De acordo com a maioria dos pesquisadores, as informações precisam res-
peitar a seguinte disposição:
• Nome do empreendimento;
• Identificação da empresa responsável (nome, razão social, endereço, ins-
crição estadual, nome do responsável pelo empreendimento);
• Histórico do empreendimento;
• Origem das tecnologias a serem empregadas;
• Tipo de atividade e o porte do empreendimento;
• Síntese dos objetivos do empreendimento, justificativa e análise
custo-benefício;
• Compatibilidade do projeto com planos e programas de ação federal, es-
tadual ou municipal, propostos ou em implantação, na área de influência do
empreendimento;
• Levantamento da legislação federal, estadual ou municipal incidente so-
bre o empreendimento em qualquer de suas fases;
• Indicação, em mapas, de Unidades de Conservação e Preservação
Ecológicas existentes na área de influência do empreendimento;
• Empreendimento(s) associado(s) e decorrente(s);
• Empreendimento(s) similar(es) em outra(s) localidade(s);
• Declaração da utilidade pública ou de interesse social da atividade do em-
preendimento, quando existente;
108 • capítulo 5
• Nome e endereço para contatos relativos ao EIA/RIMA;
• Os objetivos e justificativas do projeto, sua relação e compatibilidade com
as políticas setoriais, planos e programas governamentais, em desenvolvimen-
to e/ou implementação;
• A síntese dos resultados dos estudos sobre o diagnóstico ambiental da
área de influência do projeto;
• A descrição do projeto e de suas alternativas tecnológicas e locacionais,
especificando para cada uma delas, nas fases de construção e operação: a área
de influência, as matérias primas e a mão de obra, as fontes de energia, os pro-
cessos e técnicas operacionais, os efluentes, as emissões e resíduos, as perdas
de energia, os empregos diretos e indiretos a serem gerados, a relação custo-be-
nefício dos ônus e benefícios sociais/ambientais do projeto.
• A descrição dos impactos ambientais analisados, considerando o projeto,
as alternativas, horizontes de tempo de incidência dos impactos e indicando
métodos, técnicas e critérios adotados para a sua identificação, quantificação
e interpretação;
• Caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência, com-
parando as diferentes situações de adoção do projeto e de alternativas, bem
com a hipótese de sua não realização;
• Descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas em rela-
ção aos impactos negativos, mencionando aqueles que não puderam ser evita-
dos e o grau de alteração esperado;
• O programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos;
• Recomendação quanto à alternativa mais favorável (conclusão e comen-
tários de ordem geral).
5.1.1.2 RIMA
capítulo 5 • 109
II. A descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e locacionais, es-
pecificando para cada um deles, nas fases de construção e operação a área de
influência, as matérias primas, e mão de obra, as fontes de energia, os proces-
sos e técnica operacionais, os prováveis efluentes, emissões, resíduos de ener-
gia, os empregos diretos e indiretos a serem gerados;
III. A síntese dos resultados dos estudos de diagnósticos ambiental da área
de influência do projeto;
IV. A descrição dos prováveis impactos ambientais da implantação e ope-
ração da atividade, considerando o projeto, suas alternativas, os horizontes de
tempo de incidência dos impactos e indicando os métodos, técnicas e critérios
adotados para sua identificação, quantificação e interpretação;
V. A caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência,
comparando as diferentes situações da adoção do projeto e suas alternativas,
bem como com a hipótese de sua não realização;
VI. A descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas em
relação aos impactos negativos, mencionando aqueles que não puderam ser
evitados, e o grau de alteração esperado;
VII. O programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos;
VIII. Recomendação quanto à alternativa mais favorável (conclusões e co-
mentários de ordem geral).
Parágrafo único - O RIMA deve ser apresentado de forma objetiva e adequa-
da a sua compreensão. As informações devem ser traduzidas em linguagem
acessível, ilustradas por mapas, cartas, quadros, gráficos e demais técnicas
de comunicação visual, de modo que se possam entender as vantagens e des-
vantagens do projeto, bem como todas as consequências ambientais de sua
implementação.
A entrega do RIMA pelo empreendedor aos interessados deverá acontecer com ante-
cedência mínima de 15 dias úteis anteriores à data da realização da audiência pública,
medida esta que deverá ser bastante divulgada. A participação pública através de au-
diência pública está prevista no art. 1º da Resolução do CONAMA 009, de 03.12.1987,
e poderá ocorrer em quatro hipóteses:
110 • capítulo 5
1º - quando o órgão de meio ambiente julgar necessário;
2º - por solicitação de entidade civil;
3º - por solicitação do Ministério Público;
4º - a pedido de 50 ou mais cidadãos.
A audiência pública deverá acontecer em local acessível aos interessados, e sem-
pre se realizará no Município ou na área de influência do empreendimento, tendo prio-
ridade para o Município e a área com impactos diretos mais significativos, sendo permi-
tida a participação de qualquer cidadão (VIEIRA, 2009).
Quanto ao estilo:
capítulo 5 • 111
Quanto às ilustrações:
Número do capítulo e
Clara indicação das seções
título resumido
Título do EIA
Documentos produzidos
por terceiros colocados em anexo
Figura 5.2 – Extrato de uma página de um EIA indicando elementos de diagramação e apre-
sentação. Fonte: Sánchez (2013).
112 • capítulo 5
Podemos identificar na figura de exemplo claramente: título do EIA na pá-
gina, indicações de seções, fotos numeradas, quadro com título claro, docu-
mentos produzidos por terceiros colocados em anexo, chamadas para outras
seções.
• Assegurar que o EIA não venha a ser apenas um documento para garantir
a aquisição de uma licença ambiental, ao invés de ser um exercício significativo
na gestão ambiental, trazendo benefícios reais e atingindo a sustentabilidade
ambiental;
• Garantir que o esforço humano, investimento financeiro e de tempo com
a elaboração do EIA tenham um retorno (benefícios ambientais, qualidade nas
decisões);
• O monitoramento propõe uma retroalimentação ao proponente dos resul-
tados da implementação do projeto, bem como das metas e objetivos originais;
• Avaliar a qualidade e precisão das previsões do EIA;
• Avaliar a efetividade das medidas mitigadoras;
• Permitir ajustamentos de políticas ou operações em algumas
circunstâncias;
capítulo 5 • 113
• Assegurar a correta implementação dos termos e das condições aprova-
das no projeto;
• Verificar as licenças ambientais;
• Permitir a tomada de atitudes diante de impactos imprevistos;
• Disseminar as experiências obtidas visando o melhoramento de todo o
processo de AIA.
CONEXÃO
A resolução 01/86 trata da necessidade de se estabelecerem as definições, as responsabi-
lidades, os critérios básicos e as diretrizes gerais para uso e implementação da Avaliação de
Impacto Ambiental (AIA) como um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente
(PNMA). Podemos analisar para quais empreendimentos são exigidos EIA/RIMA, os compo-
nentes mínimos desses documentos, dentre outros pontos.
Você pode ler a resolução na íntegra acessando o link abaixo:
http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res0186.html
114 • capítulo 5
a prestação periódica de qualquer tipo de informação por parte das entidades
privadas, mediante sistema específico a ser implantado por todos os órgãos do
SISNAMA, sobre os impactos ambientais potenciais e efetivos de suas ativida-
des (MUNNO, 2005).
A principal importância do registro dos resultados do monitoramento efe-
tuado numa determinada localidade:
capítulo 5 • 115
que os previstos no EIA. Ele deve minimizar os efeitos negativos reais, evitando
qualquer efeito negativo não previsto e maximizar os benefícios ambientais.
Deve levar a um aprendizado com os erros do passado, para prevenir que pro-
blemas semelhantes aconteçam em outros projetos.
Independente do tamanho do projeto ou dos potencias impactos, as ativida-
des de monitoramento devem ser baseadas em um denso protocolo, obrigações
e responsabilidades claras, para cada uma das partes engajadas. Os objetivos do
monitoramento podem ser atingidos com a utilização de ferramentas como:
116 • capítulo 5
Rede de Monitoramento
PCA
capítulo 5 • 117
A tabela a seguir mostra a documentação exigida para cada licença ambien-
tal, Licença Prévia, Licença de Instalação e Licença de Operação para atividades
de extração mineral (tabela 5.2).
ANEXO I
1 - Requerimento da L.P.
2 - Cópia da publicação do pedido da L. P.
LICENÇA PRÉVIA - LP 3 - Certidão da Prefeitura Municipal
(fase de planejamento e viabilidade 4 - Estudos de Impacto Ambiental - EIA e
do empreendimento) seu respectivo Relatório de Impacto Ambien-
tal - RIMA, conforme Resolução/conama/nº
01/86
ANEXO II
1 - Requerimento da LI
2 - Cópia da publicação do pedido da LI
LICENÇA DE INSTALAÇÃO LI 3 - Cópia da publicação da concessão da LP
( fase de desenvolvimento da mina, 4 - Cópia da comunicação do DNPM julgan-
de instalação do complexo minerá- do satisfatório ao PAE - Plano de Aproveita-
rio, inclusive a usina, e implantação mento Econômico
dos projetos de controle ambiental) 5 - Plano de Controle Ambiental
6 - Licença para desmate expedida pelo ór-
gão competente, quando for o caso
118 • capítulo 5
ANEXO III
Tabela 5.2 – Anexo da resolução CONAMA 009/90. Fonte: resolução CONAMA 009/90.
CONEXÃO
Você pode ter acesso à resolução CONAMA 009/90 na íntegra através do link abaixo:
http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res90/res0990.html
RCA
capítulo 5 • 119
Frente à necessidade de estabelecer procedimentos simplificados para o licenciamen-
to ambiental dos empreendimentos com impacto ambiental de pequeno porte, neces-
sários ao incremento da oferta de energia elétrica, e em atendimento à MP n° 2.152,
de 10 de junho de 2001, o CONAMA, por meio da Resolução no 279/01, estabe-
leceu o Relatório Ambiental Simplificado – RAS para: usinas hidrelétricas e sistemas
associados; usinas termelétricas e sistemas associados; sistemas de transmissão de
energia elétrica (linhas de transmissão e subestações); e para usinas eólicas e com ou-
tras fontes alternativas de energia. Tal orientação aplica-se somente a empreendimen-
tos com impacto ambiental de pequeno porte, mediante definição do órgão ambiental
competente, fundamentada em parecer técnico. O Relatório Ambiental Simplificado
compõe-se dos estudos relativos aos aspectos ambientais concernentes à localização,
instalação, operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentados
como subsídios para a concessão da Licença Prévia, contendo as informações relativas
ao diagnóstico ambiental da região de inserção do empreendimento, sua caracteriza-
ção, a identificação dos impactos ambientais e das medidas de controle pertinentes
(MMA, 2002).
120 • capítulo 5
Sanchéz (2013), relata que cada impacto significativo deve ter sua mitiga-
ção, mas é preciso considerar se as diferentes medidas a serem implementadas
em um mesmo empreendimento são compatíveis entre si e se a própria mitiga-
ção não poderia ser fonte de outros impactos adversos.
Alguns impactos ambientais não podem ser evitados; outros, mesmo que
reduzidos ou mitigados, podem apresentar magnitude elevada.
Nessas situações fala-se em Medidas Compensatórias de danos ambientais.
A compensação é uma substituição de um bem que será perdido, alterado ou
descaracterizado por outro.
Por fim, devemos pensar também nas consequências positivas de um pro-
jeto, impactos positivos que será serão gerado com o empreendimento. Muitas
vezes esses impactos se manifestam principalmente no campo socioeconô-
mico (exemplo: criação de empregos, dinamização da economia). Para tornar
viável a concretização desses impactos potencialmente benéficos, pode ser
necessário o desenvolvimento de programas específicos, de maximização dos
impactos (Sánchez, 2013), conhecidos como Medidas Potencializadoras. Esses
programas devem ser descritos com nível de detalhe semelhante ao dos progra-
mas de mitigação ou compensação de impactos ambientais negativos.
Para encerrarmos a discussão nesse capítulo, podemos analisar o quadro
03, que mostra um resumo das atividades ambientais no processo de monito-
ramento ambiental da construção de uma usina hidrelétrica, destacando quais
serão os estudos de monitoramento ambiental, as medidas mitigadoras de im-
pactos, e acrescenta também documentos que podem ser apresentados como
anexo do estudo.
Resumo
Introdução
ESTUDOS DE MONITORAMENTO AMBIENTAL
Estudo morfossedumentológico do estuário do Rio Sainte-Marguerite
Qualidade da água
Fauna terrestre
Avifauna
Utilização do território
Economia regional
Atualização do contexto socioeconômico
Avaliação das medidas de otimização das consequências econômicas regionais
Aspectos sociais (para cada item do monitoramento apresentam-se objetivos, métodos e resultados)
capítulo 5 • 121
MEDIDAS MITIGADORAS
Aproveitamento de madeira
Arqueologia
Documentação audiovisual de cachoeiras e corredeiras
Controle das estradas de acesso
Programa de comunicação ambiental
Organização dos impactos econômicos
MEDIDAS DE VALORIZAÇÃO E INDENIZAÇÃO
Compensação para população autóctone
ESTUDO SOBRE A BIOLOGIA DO SALMÃO
Supervisão ambiental
AUTORIZAÇÕES GOVERNAMENTAIS
Lista das autorizações obtidas no período
ANEXOS
Condionantes das licenças ambientais (39 condicionantes provinciais e 11 federais)
Avanço no cumprimento das condicionantes
Autos de infração recebidos
Principais documentos encaminhados ao Ministério de Meio Ambiente
Cronogramas (monitoramento, implementação das medidas)
Lista de estudos realizados
Lista de cartas preparadas ou atualizadas
Tabela 5.3 – Balanço das atividades ambientais da construção de uma usina hidrelétrica.
Fonte: Sánchez (2013).
ATIVIDADES
01. Comente as principais barreiras ou dificuldades encontradas para a realização de acom-
panhamento e monitoramento ambiental de um Programa de Acompanhamento e Monito-
ramento de Impactos.
REFLEXÃO
Se o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) é realizado para demonstrar a viabilidade de um
empreendimento ou atividade, podemos dizer que essa viabilidade deve ser sempre condi-
cionada ao atendimento das medidas mitigadoras, compensatórias e potencializadoras de
impactos ambientais.
122 • capítulo 5
Se os compromissos assumidos pelo empreendedor não forem redigidos de forma clara,
isso prejudicará a verificação posterior, ou até tornará essa verificação impossível.
Ressalta-se então, a importância do desenvolvimento de estudos que procures prote-
ger o meio ambiente, pois ele é de suma importância, é uma garantia fundamental, sendo
assegurado pela Constituição Federal Brasileira o direito a uma vida sadia em um ambiente
ecologicamente equilibrado, até para as gerações futuras.
Lembrando que um organismo depende do outro para completar seu ciclo, a fauna de-
pende da flora e o homem depende dos recursos naturais. Vamos protegê-los...
LEITURA
SANCHES, L. E. Avaliação de Impacto Ambiental – conceitos e métodos. Oficina de textos,
2ªedição, 583 pp., 2013.
O livro traz uma análise completa e extremamente detalhada, rica em exemplos, sobre o
processo de Avaliação de Impacto Ambiental. O tema é tratado em seis partes. Na primeira
parte (capítulo 01) alinhavam-se conceitos e definições importantes para a boa compreen-
são do texto. As origens e a evolução da Avaliação de Impacto Ambiental, uma disciplina
em constante movimento, são tratadas na segunda parte (capítulos 02 e 03). Na terceira
parte define-se o processo de Avaliação de Impacto Ambiental e apresentam-se suas eta-
pas iniciais (capítulos 04 ao 06). O planejamento e a preparação de um estudo de impacto
ambiental (modelo para as demais modalidades de estudos ambientais) é tratado na quarta
parte do livro (capítulos 07 ao 14). As etapas do processo de AIA que levam à tomada de
decisão é o assunto discutido na quinta parte (capítulos 15 ao 17). E na sexta e última parte
é abordada a continuidade da avaliação de impacto ambiental após a aprovação dos projetos.
Trata-se de um dos materiais mais completos e atualizados sobre Avaliação de Impacto
Ambiental.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRAGA, B. et al. Introdução à Engenharia Ambiental. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2ª dição,
318 pp., 2006.
BRASIL. Lei n° 10.650, de 16 de abril de 2003 – Lei de Acesso à Informação Ambiental.
Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, Brasil. Resolução n° 001. Brasília, 1986.
capítulo 5 • 123
Ministério do Meio Ambiente (MMA). Guia de Procedimentos do Licenciamento Ambiental Federal -
Documento de Referência, Brasília, 128pp., 2002.
MUNNO, C. M. Análise de monitoramento pó-estudo de impacto ambiental no Estado de São Paulo.
Dissertação de Mestrado - PPG em Engenharia Urbana – UFSCAR, 153pp., 2005.
RIBEIRO, H. Estudo de Impacto Ambiental como instrumento de planejamento. IN: PHIPIPPI JR., A.;
ROMÉRO. M. A.; BRUNA, G. C. Curso de Gestão Ambiental. Editora Manole, 2ª edição atualizada e
ampliada, p. 853-882, 2014.
SANCHES, L. E. Avaliação de Impacto Ambiental – conceitos e métodos. Oficina de textos,
2ªedição, 583 pp., 2013.
VIEIRA, L. G. Avaliação de Impacto Ambiental e EIA/RIMA: Bases legais e problemas recorrentes.
Trabalho de conclusão de curso, UEL, Londrina, 103pp., 2009.
GABARITO
Capítulo 1
01. Impacto Ambiental é definido pela resolução n° 001/86, como qualquer alteração das
propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de
matéria ou energia resultante das atividades humanas que afetem direta ou indiretamente:
Os impactos ambientais podem ser causados por acidentes naturais, como a explosão
de vulcões, raios, choques de meteoros... Porém devemos dar mais atenção aos impactos
causados pela ação do homem, o maior responsável pelas alterações do espaço natural. Os
impactos ambientais podem afetar a água, alterando a qualidade e quantidade disponível; os
solos, causando erosão e alterando a produtividade e concentração de nutrientes; a flora e
fauna, alterando a composição e densidade populacional, presença de espécies-chave; e a
saúde humana, trazendo patogenias e vetores de doenças.
02. Existem inúmeros impactos que podem ocorrer durante a fase de implantação do em-
preendimento em questão, alguns positivos e outros negativos. Existem aqueles com possi-
bilidade de ocorrência certa, provável ou incerta.
124 • capítulo 5
Podemos mencionar como impacto positivo o recrutamento de mão de obra e que trará
consequências, principalmente para o componente socioeconômico alterando as condições
de vida da população local e do próprio porto em questão.
A implantação de obras civis (cais, armazéns, tancagens) pode ser considerada como
um impacto negativo na medida em que traz alterações para o componente físico, pois pode
comprometer o clima e a qualidade do ar da região, aumentar o nível de poluição sonora
local. Mas também a implantação das obras civis pode ser considerada um impacto positivo
quando analisado o componente socioeconômico, pois pode favorecer o uso e a ocupação
do solo na região, sendo considerado um fator importante para a economia local.
O bota-fora do material de limpeza do terreno e do entulho das obras só é apontado como
um impacto ambiental com consequências negativas para 02 dos componentes, o físico e o
socioeconômico. Para o componente físico, traz, provavelmente, alterações no clima e qua-
lidade do ar, alterações na geologia local e na disponibilidade dos recursos hídricos, porém
citado como tendo possibilidade de ocorrência incerta. Para o componente socioeconômico,
traz alterações no uso e ocupação do solos e possível alteração do patrimônio paisagístico.
Capítulo 2
capítulo 5 • 125
Requisitos para obtenção:
• Requerimento de LP;
• Cópia de publicação do pedido de LP;
• EIA ou RCA;
• Audiência pública.
Licença de instalação
É solicitada antes do início das obras; verifica se o projeto é compatível com o meio am-
biente afetado; atesta o atendimento às condicionantes da LP; autoriza início da implemen-
tação da obra ou atividade, de acordo com as especificações e cronograma constantes no
projeto, estabelece medidas de controle ambiental e fixa as condicionantes da LI. Principais
atividades: monitoramento e acompanhamento.
• Requerimento de LI;
• Cópia da publicação da concessão da LP;
• Cópia da autorização de desmatamento pelo IBAMA (quando couber);
• Licença da prefeitura municipal;
• Plano de Controle Ambiental (PCA);
• Cópia da publicação de pedido da LI.
Licença de operação
É ela que autoriza início das atividades; aprova a forma de convívio do empreendimento
com o meio e estabelece condicionantes para a continuidade da operação; é concedida
após verificação do cumprimento das condicionantes estabelecidas na LP e LI; contém as
medidas de controle ambiental que servirão de limite para o funcionamento e especifica
condicionantes para a operação. Principais atividades: análise de documentos solicitados na
LI e vistoria das instalações e equipamentos de controle ambiental.
• Requerimento de LO;
• Cópia de publicação da concessão da LI;
• Cópia da publicação do pedido da LO.
126 • capítulo 5
03. Licenciamento ambiental de atividades relacionadas à exploração e lavra de
jazidas de combustíveis líquidos e gás natural. O CONANA, por meio da Resolução
nº 23/94, estabeleceu as seguintes licenças ambientais:
– Licença Prévia para Perfuração – LPper, autorizando a atividade de perfuração. O
empreendedor apresentará para a concessão desta licença o Relatório de Controle Ambien-
tal (RCA) das atividades e a delimitação da área de atuação pretendida.
– Licença Prévia para Produção para Pesquisa – LPpro, autorizando a produção para
pesquisa da viabilidade econômica da jazida. O empreendedor apresentará para a concessão
desta licença o Estudo de Viabilidade Ambiental – EVA.
Licenciamento ambiental de agroindústrias de pequeno porte e baixo impacto
ambiental. O CONAMA por meio da Resolução nº 385/06, estabeleceu as seguintes
licenças ambientais:
– Licença Prévia e de Instalação - LPI, que autoriza a localização e instalação de aba-
tedouros e estabelecimentos que processem pescados.
– Licença Única de Instalação e Operação - LIO, para as demais atividades agroin-
dustriais de pequeno porte e baixo impacto ambiental.
Licenciamento ambiental simplificado de Sistemas de Esgotamento Sanitário. O
CONAMA por meio da Resolução nº 377/06, estabeleceu:
– Licença Ambiental Única de Instalação e Operação - LIO ou ato administrativo
equivalente: ato administrativo único que autoriza a implantação e operação de empreendi-
mento de unidades de transporte e de tratamento de esgoto sanitário, separada ou conjunta-
mente, de pequeno porte (não se aplica aos empreendimentos situados em áreas declaradas
pelo órgão competente como ambientalmente sensíveis).
Licenciamento ambiental de Projetos de Assentamentos de Reforma Agrária. O
CONAMA por meio da Resolução nº 387/06, estabeleceu:
– Licença de Instalação e Operação - LIO: licença que autoriza a implantação e ope-
ração dos Projetos de Assentamentos de Reforma Agrária, observadas a viabilidade técnica
das atividades propostas, as medidas de controle ambiental e demais condicionantes deter-
minadas para sua operação.
Licenciamento ambiental de novos empreendimentos destinados à construção
de habitações de interesse social. O CONAMA por meio da Resolução nº 412/09,
estabeleceu:
– Licença Única - licença ambiental compreendendo a localização, instalação e ope-
ração.
capítulo 5 • 127
Capítulo 3
01. Embora existam vários métodos para avaliação de impacto ambiental, nenhum deles
abrange todas as atividades necessárias ou possibilita a análise de quaisquer tipos de proje-
tos ou sistemas ambientais. São considerados atributos desejáveis de um método, a capaci-
dade de atender às seguintes funções:
• Identificação
• Predição
• Interpretação
• Comunicação
• Monitoramento
Considera-se ainda desejável que o método caracterize os impactos quanto à sua re-
levância (ou importância) e sua magnitude. Exemplo: um método que atenda a todas essas
características mencionadas, mas se mostre inadequado no processo decisório a que se
destina, não cumpre a função essencial que dele se espera.
Checklist
Vantagens
Forma concisa, organizada e compreensiva. Adequado para análises preliminares, indi-
cando a priori os impactos mais relevantes. Instiga a avaliação das consequências. Pode, de
forma limitada, incorporar escalas de valoração e ponderação.
Desvantagens
Compartimentação e fragmentação; não evidencia interrelações entre os fatores am-
bientais. A identificação dos efeitos é qualitativa e subjetiva. Impossibilidade de identificar
impactos secundários e fazer predições. Não capta valores e conflitos.
Ad Hoc
Vantagens
Forma simples e compreensiva que permite o envolvimento direto dos interessados,
adequado para casos de escassez de dados. Fornece orientações para outras avaliações.
Estimativa rápida de AlA.
Desvantagens
Não aprofunda a avaliação nem os impactos secundários. Não identifica nem examina o
impacto de todas as variáveis ambientais.
128 • capítulo 5
Matrizes
Vantagens
Compreensivo para comunicação de resultados. Cobre fatores ambientais naturais e so-
ciais. Acomoda dados quantitativos e qualitativos. Fornece boa orientação para prossegui-
mento dos estudos. Introduz multidisciplinaridade. Baixo custo
Desvantagens
Não identifica inter-relações, podendo haver dupla contagem dos impactos ou subesti-
mativas dos mesmos.
Compartimenta o meio ambiente. Baseia-se, principalmente, no meio físico e biótico. Não
há critério explícito para estabelecimento dos pesos. Não considera valores e conflitos. Índice
global de impacto para avaliação não é pertinente, devido à natureza distinta dos impactos.
Capítulo 4
01. Os cenários são de grande importância para a pesquisa científica, pois podem ajudar no
esclarecimento de dados, nas incertezas conceituais e na definição do campo de parâmetros
a serem estudados em modelos quantitativos, dentre outros fatores.
Os cenários têm grande papel nos processos educativos, pois despertam a consciência,
alertando para os problemas futuros em função das escolhas feitas antes passadas e pre-
sentes. Portanto, os cenários podem orientar as nossas escolhas.
Os cenários têm estreita ligação com os processos políticos, pois podem ajudar na defi-
nição de metas econômicas, sociais e ambientais, já propostas pela Agenda 21. É importante
que sejam feitas análises do ponto de vista global para o local, e vice-versa, revelando as
implicações que as políticas pensadas para um nível trazem para o outro.
02.
a) Identificação dos perigos
Existem diversas maneiras de se abordar essa etapa, desde um “brainstorming” quali-
tativo até procedimentos quantitativos, dependendo do sistema estudado. O importante é
identificar o máximo de perigos internos plausíveis e seus eventos associados.
b) Estimativa da probabilidade/frequência
Essa etapa envolve desenvolvimento de cenários de acidentes, coleta de dados do em-
preendimento, quantificação das frequências dos vários cenários e delineamento dos contri-
buintes “chave” e suas influências.
c) Análise das consequências
Envolve atividades que tentam ligar a fonte de perigo e seu receptor potencial.
capítulo 5 • 129
Caracterizar as fontes de perigo, avaliar os efeitos na segurança e saúde relacionados
aos níveis de exposição projetados, especialmente concentrações atmosféricas, identificar
impactos ambientais, estimar perdas e danos à propriedade e outros impactos econômicos.
d) Caracterização do risco
É a etapa em que os riscos são determinados e estimados.
Risco individual é a probabilidade de ferimento, fatalidade ou doença, no caso de indiví-
duos expostos, dentro de uma população. Risco social é uma estimativa da incidência dentro
de uma população total que será potencialmente exposta.
Capítulo 5
• Falta de pessoal capacitado para análise dos relatórios de monitoramento elaborados pelo
empreendedor;
• Fala de articulação interna para utilizar as informações produzidas pela fiscalização, no
processo contínuo de acompanhamento e monitoramento ambiental exercido pelo órgão
sobre o empreendimento;
• Falta de conhecimento da legislação pertinente;
• Falta de conhecimento do conteúdo e embasamento técnico dos Programas de Acom-
panhamento e Monitoramento Ambiental, aprovados no EIA/RIMA ou outros documentos
técnicos;
• Falta de padronização dos indicadores de qualidade ambiental;
• Deficiência ou inexistência de recursos materiais e financeiros para a realização de vistoria
técnica;
• Falta de segurança pessoal para a realização de vistoria técnicas em áreas de conflito;
• Dificuldades de prever mudanças dos ecossistemas que se revelam através das décadas;
• Dificuldade de se determinar a fonte de impacto;
• Quando projetos são monitorados, geralmente é devido à pressão popular, ou outras exi-
gências regulatórias;
• A realização de monitoramento também é dificultada por falhas apresentadas no EIA.
02. Os impactos causados pelo homem no meio ambiente são constantes. E em alguns ca-
sos, são capazes de provocar uma enorme desarmonia, arruinando ecossistemas e lavando
espécies inteiras à extinção. Para tentar prevenir e de alguma maneira minimizar estas ações
negativas, os órgãos ligados à proteção do meio ambiente criam mecanismos e diretrizes. No
Brasil, dentre os mais importantes estão as chamadas Medidas Mitigatórias.
130 • capítulo 5
Essas medidas são aplicadas com o respaldo governamental e fazem parte das leis es-
pecíficas que regem a utilização de ambientes naturais. As Medidas Mitigatórias funcionam
ainda como parâmetro para avaliar danos que venham a ser provocados por empresas que
realizem suas explorações em área destinada à preservação ambiental ou se estas, de algu-
ma maneira, ultrapassarem os limites estabelecidos para as suas atividades.
Confira abaixo os tipos de Medidas Mitigatórias, segundo o IBAMA (Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis):
Medidas Potencializadoras
São aquelas que visam otimizar e maximizar o efeito de um impacto positivo decorrente
direta ou indiretamente da implantação do empreendimento.
capítulo 5 • 131
ANOTAÇÕES
132 • capítulo 5
ANOTAÇÕES
capítulo 5 • 133
ANOTAÇÕES
134 • capítulo 5
ANOTAÇÕES
capítulo 5 • 135
ANOTAÇÕES
136 • capítulo 5