Vous êtes sur la page 1sur 137

Análise de Impactos Ambientais - Capa.

pdf 1 28/05/2015 12:15:27

1ª edição
Análise de Impactos Ambientais
C

CM

MY

CY

CMY

K
ANÁLISE DE IMPACTOS
AMBIENTAIS

autora
MARINA VIANNA

1ª edição
SESES
rio de janeiro  2015
Conselho editorial  regiane burger; roberto paes; gladis linhares; karen bortoloti;
tânia maria bulhões figueira

Autora do original  marina vianna

Projeto editorial  roberto paes

Coordenação de produção  gladis linhares

Coordenação de produção EaD  karen fernanda bortoloti

Projeto gráfico  paulo vitor bastos

Diagramação  bfs media

Revisão linguística  amanda carla duarte aguiar

Imagem de capa  ben goode | dreamstime.com

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2015.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip)

V617a Vianna, Marina


Análise de impactos ambientais / Marina Vianna.
Rio de Janeiro : SESES, 2015.
136 p. : il.

isbn: 978-85-60923-58-8

1. Meio ambiente. 2. Impacto ambiental. 3. Gestão ambiental


I. SESES. II. Estácio.
cdd 333.714

Diretoria de Ensino — Fábrica de Conhecimento


Rua do Bispo, 83, bloco F, Campus João Uchôa
Rio Comprido — Rio de Janeiro — rj — cep 20261-063
Sumário

Prefácio 7

1. Introdução ao Estudo de Impacto Ambiental 9


Objetivos 10
1.1  Introdução ao Estudo de Impacto Ambiental 11
1.1.1  Evolução humana e os impactos ambientais 14
1.1.2  Impactos Ambientais - Relação causa e consequência 16
1.1.3  Critérios de classificação dos impactos ambientais 21
1.1.4  Avaliação de Impacto Ambiental 25
1.1.5 EIA/Rima 28
Atividades 30
Reflexão 30
Referências bibliográficas 31

2. Avaliação de Impacto Ambiental -


Histórico, Política e Legislação Ambiental 33

Objetivos 34
2.1  Avaliação de Impacto Ambiental – histórico, política e
legislação ambiental 35
2.1.1  Legislações de proteção dos recursos ambientais e a
Política Nacional do Meio Ambiente 36
2.1.2  Lei de Crimes Ambientais 40
2.2  Licenciamento Ambiental 42
2.3  Gestão Ambiental 45
2.3.1  A norma ambiental ISO 14000 46
2.3.2  Certificação Ambiental 50
Atividades 50
Reflexão 51
Referências bibliográficas 52
3. Métodos para Avaliação de Impacto Ambiental 53

Objetivos 54
3.1  Métodos para Avaliação de Impacto Ambiental 55
3.1.1  Avaliação de Impacto Ambiental 55
3.1.1.1  Escopo ou Termo de Referência 58
3.1.1.2  Diagnóstico 59
3.1.2  Métodos para Avaliação de Impacto Ambiental 59
3.1.3  Biomas brasileiros - Caracterização 62
3.2  Métodos de Avaliação de Impacto Ambiental 65
Atividades 75
Reflexão 75
Referências bibliográficas 76

4. Cenários e Prognósticos – Considerações de


Risco, Incerteza e Irreversibilidade 77

Objetivos 78
4.1  Cenários e Prognósticos – considerações de risco,
incerteza e irreversibilidade 79
4.1.1  Cenários ambientais e construção de cenários 80
4.1.2  Métodos prospectivos 83
4.1.2.1  Método Delphi 83
4.1.2.2  Métodos de Cenários múltiplos 88
4.1.3  Técnicas de cenários 89
4.2  Risco ambiental 91
4.2.1  Avaliação de risco ambiental 92
4.3 Incertezas 95
4.3.1  Vulnerabilidade 97
4.3.2 Desastres 98
Atividades 98
Reflexão 99
Referências bibliográficas 100
5. Programas e Relatórios de Monitoramento
Ambiental 101

Objetivos 102
5.1  Programas e Relatórios de Monitoramento Ambiental 103
5.1.1  Componentes de uma Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) 106
5.1.1.1 EIA 106
5.1.1.2 RIMA 109
5.2  Monitoramento ambiental 113
5.3  Outros documentos para avaliação de impactos ambientais 117
5.4  Medidas mitigadoras 120
Atividades 122
Reflexão 122
Referências bibliográficas 123

Gabarito 124
Prefácio
Prezados(as) alunos(as),

O Livro da disciplina “Análise de Impactos Ambientais” traz uma compila-


ção sobre o Estudo de Impacto Ambiental, diferentes métodos para Avaliação
de Impacto Ambiental, o uso de Modelos na Avaliação de Impacto Ambiental,
fornece conhecimento e capacidade de utilização das principais ferramentas
para análise de Impacto Ambiental e sua aplicação, visando minimizar os da-
nos ambientais, e dá um panorama geral e histórico da legislação ambiental. O
livro está dividido em 05 capítulos intitulados:

Capítulo 1 – Introdução ao Estudo de Impacto Ambiental;


Capítulo 2 – Avaliação de Impacto Ambiental - histórico, política e legislação
ambiental;
Capítulo 3 – Métodos para Avaliação de Impacto Ambiental;
Capítulo 4 – Cenários e Prognósticos - considerações de risco, incerteza e irre-
versibilidade;
Capítulo 5 – Programas e Relatórios de Monitoramento Ambiental.

Foram utilizadas informações atualizadas das principais fontes bibliográfi-


cas da área, com figuras, tabelas, diagramas que facilitam o entendimento da
teoria, bem como atividades ao final de cada capítulos e sugestão de leituras
relacionadas aos temas.

Bons estudos!

7
1
Introdução ao
Estudo de Impacto
Ambiental
No primeiro capítulo iremos discutir o conceito de Impacto Ambiental, suas
diferentes abordagens, principais classificações. Veremos também a relação
do homem com a natureza desde o início das civilizações e como isso inter-
feriu no aumento e na gravidade dos impactos ambientais. E por fim anali-
saremos as principais fontes de impacto ambiental, e abordaremos alguns
critérios de classificação de impactos para realização de estudo e relatórios
de impacto específicos.

Vamos lá?

OBJETIVOS
•  Definir o que é Impacto Ambiental;
•  Classificar os impactos ambientais: positivo/negativo; direto/indireto; local/regional; cur-
to/longo prazo; reversível/irreversível;
•  Relacionar a evolução humana com os impactos ambientais;
•  Identificar as principais fontes de impacto ambiental;
•  Compreender o que é uma Avaliação de Impacto Ambiental, quais os critérios de classifi-
cação de impactos utilizados para a avaliação.

10 • capítulo 1
1.1  Introdução ao Estudo de Impacto
Ambiental

Meio Ambiente é o conjunto de condições, leis, influência e interações de or-


dem física, química, biológica, social, cultural e urbanística, que permite, abri-
ga e rege a vida em todas as suas formas (CONAMA 306/2002).
Sabe-se que vários fatores como crescimento demográfico, desenvolvimen-
to e difusão da tecnologia industrial, os avanços da medicina, a crescente ur-
banização são apontados como causadores de pressão antrópica sobre os re-
cursos naturais. E, quando pensamos em pressão sobre os recursos naturais,
imediatamente associamos ao termo Impacto Ambiental.
Impacto Ambiental é mencionado com frequência na mídia e no dia a dia.
Num sentido comum, é sempre associado a um aspecto negativo, a algum dano
à natureza. Porém, é importante lembrar que essa é apenas uma parte do con-
ceito de Impacto Ambiental.
Conforme a Resolução n° 01/86 do CONAMA, Impacto Ambiental pode ser
definido como:

Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente,


causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas
que, direta ou indiretamente, afetam a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
as atividades sociais e econômicas; a biota e a qualidade dos recursos ambientais.

Qualquer atividade que o homem exerça na natureza é considerada como


um impacto ambiental, e sendo assim, um impacto pode ter consequências
benéficas ou maléficas ao ambiente. Sanchez (2013) define Impacto Ambiental
como qualquer alteração da qualidade ambiental que resulta da modificação
de processos naturais ou sociais provocada pela ação humana. A figura 1.1 ilus-
tra uma representação do conceito de impacto ambiental.

capítulo 1 • 11
Projeto iniciado Situação
sem projeto
Indicador ambiental

Impacto
ambiental

Situação com
projeto

Tempo

Figura 1.1 – Representação do conceito de impacto ambiental. Fonte: Sánchez (2013).

Analisando a figura é possível visualizar a diferença entre a situação do meio


ambiente (natural e social) futuro, modificado pela realização de um projeto,
e a situação do meio ambiente futuro tal como teria evoluído sem o projeto.
Ainda com relação à figura, tem-se a impressão de que os impactos podem ser
medidos com a ajuda de indicadores, mas na prática nem sempre isso é possí-
vel. Nem sempre os impactos são passíveis de descrição adequada através de
indicadores ou mesmo a coleta de dados para mensuração pode ser onerosa ou
demorada (Sánchez, 2013).
Quando se pensa em Impacto Ambiental, várias questões podem surgir:
O que é impacto? Quem compõe o Meio Ambiente? O que é poluição? Impacto
ambiental é sinônimo de poluição? O que é qualidade Ambiental? Degradação
Ambiental? Recuperação Ambiental? Processo Impactante? Empreendimento
Impactante? Quais são os indicadores de Impacto Ambiental? Qual a área dire-
tamente afetada e indiretamente afetada?
Impacto Ambiental é um conceito bastante amplo e que difere do conceito
de poluição. Poluição tem somente conotação negativa, diferente de impacto
ambiental, que pode ter conotação positiva ou negativa. A poluição é apontada
como uma das causas de impacto ambiental, como discutiremos mais à frente,
mas os impactos podem ter outras causas, além da poluição. Sánches (2013)
afirma que toda poluição causa impacto ambiental, mas nem todo impacto am-
biental tem a poluição como causa.

12 • capítulo 1
Para dar início à discussão sobre os impactos ambientais, é importante des-
tacar as principais classificações desses impactos.

Impactos positivos X negativos

Os impactos são considerados positivos ou benéficos quando sua ação re-


sulta na melhoria de um fator ou parâmetro ambiental. Exemplo: refloresta-
mento de uma área, recuperação de mata ciliar, obras de revitalização. A coleta
e o tratamento de esgoto resultam em melhorias da qualidade da água
Os impactos negativos ou adversos são aqueles cuja ação resulta em dano
à qualidade de um fator ou parâmetro ambiental. Exemplo: os lixões e as áreas
de despejo de esgoto.

Impactos diretos ou indiretos

Impactos diretos (ou primários) consistem na alteração de determinados


aspectos ambientais por ação do homem, sendo de mais fácil identificação.
Exemplos de impactos diretos são: a remoção de árvores de uma encosta que
pode causar erosão do solo, o aumento na concentração de gás carbônico libe-
rado dos automóveis, etc.
Impactos indiretos (ou secundários) resultam de uma reação secundária, ou
quando é parte de uma cadeia de reações, sendo mais difíceis de serem quanti-
ficados. Como impacto indireto pode-se citar, por exemplo, o crescimento de-
mográfico resultante do assentamento da população atraída por um projeto.

Impactos locais ou regionais

Impacto é dito local quando sua ação afeta o próprio sítio e suas imedia-
ções. Exemplo: desmatamento de uma área específica.
Impacto regional é quando a ação afeta além das imediações locais.
Exemplo: a poluição do ar atingindo outros territórios. Porém, um impac-
to, à primeira vista local, pode ter também consequências em escala global.
Exemplo: a devastação de florestas pelas queimadas para a introdução de pas-
tagens pode provocar desequilíbrios no ecossistema por causar a extinção de
espécies, o empobrecimento do solo, assoreamento dos rios, ...

capítulo 1 • 13
Impactos imediatos ou a médio e longo prazo

Impactos imediatos são aqueles cujo efeito surge no instante da ação.


Exemplo: as queimadas.
Impactos a médio e longo prazo são citados quando os efeitos da ação são ve-
rificados posteriormente. Exemplo: a aridez do solo causada pelas queimadas.

Impactos temporários ou permanentes

Impacto temporário ou de curto prazo são identificados quando a ação tem


duração determinada. Exemplo: ruídos de turbinas, de eletrodomésticos, ruí-
dos da construção de um empreendimento.
Impacto permanente é aquele que não pode ser revertido. Exemplo: a reten-
ção de sólidos em transporte nas barragens, impedindo o curso normal do rio e
o transporte de substâncias em direção à foz.

Impactos reversíveis, irreversíveis ou cíclicos

Impacto reversível é aquele que, quando cessada a ação, o ambiente volta à


forma original. Exemplo: os impactos causados durante a construção de uma
obra.
Impactos cíclicos apresentam efeitos que se manifestam em intervalos de
tempo determinados.
Impacto irreversível é aquele que, quando cessada a ação, o ambiente não
volta mais à forma original. Exemplo: assoreamento dos rios causado pela ero-
são das margens.

1.1.1  Evolução humana e os impactos ambientais

De acordo com Kormondy e Brown (2002) podemos dividir, didaticamente, a


evolução humana e o uso dos recursos naturais em várias fases.

Descoberta do fogo

A primeira fase tem início com os primeiros Homo sapiens e termina quan-
do começam a surgir as primeiras práticas agrícolas. Nesse período, as fontes

14 • capítulo 1
de energia alimentar vinham basicamente da caça e da pesca. As populações
eram nômades e, a medida que os recursos locais iam se esgotando, as popu-
lações mudavam para outras áreas. O domínio do fogo representou a primeira
forma de alteração do ambiente de forma significativa. Esse foi o início dos pri-
meiros registros de impactos ambientais.

Domesticação dos animais e plantas/agricultura

Essa fase tem início com o surgimento dos primeiros sistemas agrícolas, in-
cluindo a horticultura e o pastoreio. A agricultura surge como uma opção para
a maior obtenção de alimento. As populações começam a se fixar por mais tem-
po nas regiões e o tamanho das populações começa a aumentar. Embora as so-
ciedades agrícolas primitivas provocassem maior impacto sobre o ambiente do
que as de caçadores-coletores, a extensão e a frequência dessas alterações não
causavam impactos tão relevantes como os observados nas fases posteriores.

Início das civilizações e das cidades

Essa fase teve início quando os primeiros seres humanos passaram a vi-
ver em cidades. As populações urbanas dependiam do alimento produzido no
campo e se mantinham pelo comércio de produtos manufaturados e não ma-
nufaturados, entre as diferentes sociedades. Com isso aumentou o comércio, o
consumo de bens, a produção de lixo e consequentemente, aumentou também
a quantidade e gravidade dos impactos ambientais.

Revolução Industrial

Considerada como a fase de alto consumo de energia que teve início com
a Revolução Industrial e perdura até os dias atuais. Os grandes avanços tec-
nológicos alcançados resultaram na melhoria geral das condições de vida das
pessoas, embora de forma muito mais acelerada nos países industrializados.
Maior oferta de alimentos, moradias, entre outros, resultaram em aumento da
natalidade e da sobrevivência, de forma que o crescimento populacional huma-
no tornou-se exponencial.
A partir daí tem início os primeiros registros de impactos ambientais de
maior escala.

capítulo 1 • 15
1.1.2  Impactos Ambientais - Relação causa e consequência

Impacto Ambiental é sempre o resultado de uma ação, que é a sua causa. De-
vemos ter em mente a diferença entre causa e consequência. Uma rodovia, por
exemplo, não é um impacto ambiental, ela é a causa dos impactos futuros. E
do mesmo modo, um reflorestamento com espécies nativas, por exemplo, tam-
bém não pode ser apontado como um impacto ambiental benéfico, mas uma
ação que tem o propósito de proteger o solo, recompor uma área, esses seriam
os impactos resultantes.
Sánchez (2013) faz uso dos termos “aspecto” e “impacto”. Assim, a emissão
de um poluente não é um impacto ambiental; o impacto é a alteração da quali-
dade ambiental que resulta dessa emissão. As ações são as causas e os impac-
tos, as consequências, como vemos na figura 1.2 e na tabela 1.1.

Ações humanas:
Atividades Aspectos Impactos
ambientais ambientais
produtos
Serviços

Figura 1.2 – Relação entre ações humanas, aspectos e impactos ambientais. Fonte: Adaptado
de Sánchez (2013).

ASPECTO IMPACTO
ATIVIDADE AMBIENTAL AMBIENTAL

Redução na
Lavagem de roupa Consumo de água
disponibilidade hídrica

Pintura de uma peça Emissão de compostos Deterioração da


metálica orgânicos voláteis qualidade do ar

16 • capítulo 1
ASPECTO IMPACTO
ATIVIDADE AMBIENTAL AMBIENTAL

Transporte de carga por


Emissão de ruídos Incômodo aos vizinhos
caminhões

Transporte de carga por Maios frequência de


Aumento do tráfego
caminhões congestionamentos

Armazenamento de Contaminação do solo e


Vazamento
combustível água subterrânea

Cozimento de pão em Emissão de gases e Deterioração da


forno à lenha partículas qualidade do ar

Tabela 1.1 – Exemplo de relações atividade – aspecto – impacto ambiental. Fonte: Adaptado
de Sánchez (2013).

CONEXÃO
O documentário “A História das Coisas” é a versão em português do “The Story of Stuff”, de
Anne Leonard: um documentário de curta duração que aborda a sociedade de consumo,
apontando para a necessidade de vivermos de forma mais justa e sustentável. Esta obra
aponta, de maneira brilhante e muito didática, o papel da mídia sobre o nosso padrão de
consumo e como nossas relações estão intrinsecamente ligadas à economia de mercado.
Esse documentário nos lembra que tudo o que consumimos tem uma história oculta, cujo fim
possivelmente chama-se lixo, e este nem sempre pode ser - ou é, de fato - reaproveitado ou
mesmo reciclado. Como as matérias-primas são limitadas, podemos afirmar que este sistema
baseado no consumo desenfreado não pode sobreviver por muito tempo. Podemos assim,
estabelecer uma relação entre o conteúdo visto nessa unidade e a mensagem passada pelo
documentário. Você pode assistir ao documentário no link:
https://www.youtube.com/watch?v=Q3YqeDSfdfk

capítulo 1 • 17
A partir do princípio de que impactos locais podem gerar efeitos negativos
em escalas muito maiores, é possível observar pequenas ações locais gerando
impactos globais. E nesse sentido, torna-se importante destacarmos as princi-
pais fontes de impactos ambientais.

Desmatamento florestal

É o principal responsável pela destruição da biodiversidade, erosão e deser-


tificação do solo, as mudanças climáticas significativas, as enchentes frequen-
tes e também a proliferação de inúmeras doenças.

Poluição por agrotóxicos

O desenvolvimento da agricultura foi o maior responsável pelo aumento no


uso de agrotóxicos e contaminação ambiental. Os agrotóxicos causam conta-
minação do solo e da água, diminuem a biodiversidade e podem comprometer
a própria plantação.

Erosão

A erosão tem como causa direta o desmatamento, mencionado anterior-


mente, a agricultura que toma o lugar de grandes áreas de vegetação nativa.
Pode-se citar como consequências diretas do processo de erosão, o resseca-
mento do solo, a perda de suas propriedades, mudanças climáticas ao redor da
área. Braga et al. (2006) relata que a monocultura sem a reposição de nutrientes
esgota o solo, reduz sua produtividade, podendo-se chegar à sua esterilização e
eventual desertificação. E vale lembrar também que a erosão deve ser caracteri-
zada entre erosão geológica ou lenta e erosão acelerada. A primeira se processa
sob ação dos agentes naturais e a segunda, ocorre como consequência da ação
do homem no ambiente.

Efeito Estufa

Processo também causado pelo desmatamento, pelas queimadas, pelo lan-


çamento de gases tóxicos na atmosfera. As consequências diretas disso são: o
acúmulo de gases tóxicos na atmosfera e grandes efeitos climáticos.

18 • capítulo 1
Diminuição da camada de ozônio

A camada de ozônio está situada na estratosfera, entre 15 e 50 km de altitude,


e tem a capacidade de bloquear as radiações solares, em especial, a radiação ul-
travioleta, impedindo que níveis excessivos atinjam a superfície da Terra (BRAGA
et al., 2006). Os gases tóxicos acumulados na atmosfera reagem com o ozônio e
diminuem sua concentração. Isso é responsável pelo chamado “buraco na cama-
da de ozônio”. Com isso, os raios solares incidem diretamente na superfície da
Terra e os danos causados são cada vez maiores e difíceis de serem quantificados,
como, por exemplo, os crescentes índices de câncer de pele na população.

Inversão térmica

O ar frio (mais denso) é impedido de circular por uma camada de ar quente


posicionada logo acima. Consequências: concentração da poluição, mudanças
climáticas, proliferação de doenças (respiratórias, principalmente). Esse fato
tem maior incidência nas grandes metrópoles e centros urbanos e se intensifi-
ca no inverno.

Chuva ácida

A chuva ácida é originada da queima do carvão e dos combustíveis fósseis,


dos poluentes industriais que são liberados na atmosfera. Esses compostos rea-
gem com as moléculas de água na atmosfera e acabam precipitando uma chuva
com o pH bem abaixo do normal, inferior a 5,6. Esse processo altera a compo-
sição química do solo e das águas, podendo atingir as cadeias alimentares, des-
truir florestas, lavouras, atacar estruturas metálicas, monumentos, edificações
histórias e com perdas patrimoniais significativas. Braga et al. (2006) menciona
a acidificação da água, principalmente em lagos de reservatórios destinados ao
abastecimento e produção de energia elétrica.

Lixo

O aumento populacional causa uma maior produção de lixo, especialmente


no atual modelo de produção e consumo. A quantidade de lixo gerada decor-
re da população servida. Cada pessoa produz, diariamente, de 0,4 a 0,7 kg de

capítulo 1 • 19
lixo/dia, valor que pode ultrapassar 1 kg em países desenvolvidos (BRAGA et al.,
2006). Em muitos locais, o lixo é despejado nos chamados Lixões, locais sem es-
trutura para o tratamento dos resíduos, trazendo sérios problemas para o meio
ambiente e para a população.
De todos esses aspectos causadores de impactos, as principais consequên-
cias para a população são:

•  Aparecimento de doenças respiratórias


•  Aparecimento de doenças de veiculação hídrica
•  Câncer por radiação ultravioleta
•  Desconforto térmico – formando as chamadas ilhas de calor
•  Migração das áreas agrícolas por falta de condições de cultivo devido à
desertificação
•  Redução na qualidade de vida
•  Contaminação em áreas de mineração
•  Inundação de áreas florestais, agrícolas, vilas e tribos em projetos de usi-
nas hidrelétricas
•  Extinção de várias espécies por caça e pesca predatória

Ilha de calor é o nome que se dá a um fenômeno climático que ocorre principalmente


nas cidades com elevado grau de urbanização. Nestas cidades, a temperatura média
costuma ser mais elevada do que nas regiões rurais próximas. São Paulo que é consi-
derada uma ilha de calor; tem grande concentração de asfalto e concreto, concentra
mais calor, fazendo com que a temperatura fique acima da média dos municípios da
região. A umidade relativa do ar também fica baixa nestas áreas. Além disso, a pequena
quantidade de áreas verdes o e alto índice de poluição atmosférica, favorecem a eleva-
ção da temperatura. A formação de ilhas de calor é extremamente negativa para o meio
ambiente, pois favorece a intensificação do aquecimento global.

Vale lembrar que existem muitos aspectos ambientais (ações humanas)


e muitos impactos associados (figura 1.3). É recomendado que se estabele-
çam critérios e métodos para determinar aqueles que serão considerados
significativos.

20 • capítulo 1
Supressão de elementos do ambiente
Inserção de elementos no ambiente
Sobrecarga

Ação proposta Situação futura do ambiente

Impactos
Situação atual do ambiente
ambientais

Processos ambientais Processos modificados

Qualidade ambiental
Qualidade ambiental
modificada

Figura 1.3 – Processos e Impactos Ambientais. Fonte: Sánchez (2013).

1.1.3  Critérios de classificação dos impactos ambientais

Quando se trata de impactos ambientais, é importante que se tenha conheci-


mento dos principais impactos, quais deles são mais significativos e como isso
pode ser classificado (figura 1.4).

Natureza
Extensão Efeito

Magnitude Significância
Impacto
Ambiental
Duração Probabilidade

Frequencia Reversibilidade

Figura 1.4 – Critérios para classificação dos impactos ambientais

capítulo 1 • 21
Desse modo, podem-se classificar os diferentes impactos da seguinte ma-
neira, de acordo com as normas da NBR ISO 14000:

Magnitude do impacto

Refere-se à grandeza, com escala espacial e temporal, de um impacto.


Classifica-se em:

•  Baixa (1)
•  Média (2)
•  Elevada (3)

Significância do impacto

Refere-se à intensidade do efeito relacionado com um dado fator ambiental


ou outros impactos. Classifica-se em:

•  Desprezível (1)
•  Tolerável (2)
•  Significativo (3)
•  Moderado (4)
•  Crítico (5)

Extensão do impacto

Refere-se à distribuição e dimensão da área afetada por um respectivo im-


pacto. Classifica-se em:

•  Isolado – só na área da atividade


•  Restrito – dentro e fora da unidade de trabalho
•  Abrangente – para fora da unidade de trabalho

Duração do impacto

Refere-se à duração (em tempo) de um respectivo impacto. Classifica-se em:

22 • capítulo 1
•  Curto (ex: ruído de construção)
•  Longo (ex: inundação do solo pela construção de uma barragem)
•  Intermitente (ex: explosão)
•  Duradouro (ex: campos eletromagnéticos de linhas elétricas)

Frequência do impacto

Refere-se à frequência de ocorrência do impacto. Classifica-se em:

•  Ocasional – no máximo uma vez ao mês


•  Frequente – em média uma vez por semana

Ou

•  Baixa (1) – improvável


•  Média (2) – provável
•  Alta (3) – frequente

Reversibilidade do impacto

Refere-se à possibilidade ou não de eliminação do impacto. Classifica-se


quanto à severidade do impacto em:

•  Baixa (1) – reversível com ações imediatas


•  Média (2) – danos reversíveis ao meio ambiente sem danos à saúde huma-
na com ações mitigadoras
•  Alta (3) – irreversível ao meio ambiente e à saúde humana

Probabilidade de ocorrência

Refere-se à probabilidade de ocorrência de um determinado impacto.


Alguns impactos podem ser previstos com maior ou menor possibilidade de
ocorrência, maior ou menos certeza. Classifica-se em:
•  Pouco provável
•  Provável
•  Certo
•  Desconhecido

capítulo 1 • 23
A tabela 1.2 mostra a classificação dos impactos segundo dois critérios: a
natureza do impacto (benéfico ou adverso) e possibilidade de ocorrência do
impacto.

COMPONENTES
FÍSICO BIÓTICO SOCIOECONÔMICO

Ecossistema maguezal e de transição

Condições de vida da população


Ecossistema terrestre/restinga
Clima/qualidade do ar/ruído

Pesca artesanal e esportiva


Geologia/recursos naturais

Uso e ocupação do solo

Patrimônio paisagismo
Patriônio arqueológico
Ecossistema aquático
Recursos hídricos

Porto de Santos
Economia local
Natureza do impacto
P (positivo) – N (negativo)
Possibilidade de ocorrência
C (certa) – Pr (provável) – In (incerta)
P P
Recrutamento de mão de obra
C C

Implantação e operação do canteiro N N N N/P N P

de obras e instalações provisórias Pr C Pr Pr Pr Pr

N N N N N N N N
Desmatamento e limpeza do terreno
Pr Pr C C Pr In C Pr

Utilização de áreas de empréstimo/ N P N N N

jazidas mineiras Pr C In In In

Bota-fora do material de limpeza do


FASES – IMPLANTAÇÃO

N N N N N

terreno e do entulho das obras Pr In In In In

N N N
Implantação de diques periféricos
Pr Pr Pr

Execução de dragagem na área entre N N

o canal e o cais Pr Pr

N N
Execução do aterro hidráulico
Pr Pr

Bota-fora do material de dragagem N N

não aproveitáveis Pr Pr P

Implantação das obras civis N P C

(cais, pavim, armazéns, tancagem) Pr C Pr

Dispensa de mão de obra da N N

construção civil C C

Tabela 1.2 – Exemplo de matriz de interação de impactos. Fonte: Sánchez (2013).

24 • capítulo 1
1.1.4  Avaliação de Impacto Ambiental

Avaliar as consequências das atividades sobre o meio ambiente é uma forma


de evitar que acidentes ambientais ocorram e minimizar os impactos sobre o
meio ambiente, além de constituir um item de fundamental importância para
um sistema de gestão ambiental adequado.
Cendrero (1982 apud Ribeiro, 2014) mostra que nas últimas décadas foram
realizados inúmeros trabalhos de planejamento ambiental, zoneamento eco-
lógico, ordenação de território. Segundo o autor, planejamento ambiental ou
territorial é definido como:

Uma atividade intelectual pela qual se analisam os fatores físico-naturais, econômicos,


sociais e políticos de uma zona (país, região, província ou município) e se estabelecem
as formas de uso que consideram adequadas para ela, definindo sua amplitude e loca-
lização e fazendo recomendações sobre as normas que devem regulamentar o uso do
território e de seus recursos na área considerada.

A avaliação de impacto ambiental aparece como um dos instrumentos do


planejamento ambiental, no que se refere à análise dos impactos de um empre-
endimento proposto.
Ribeiro (2014) diz que o objetivo de uma Avaliação de Impacto Ambiental
(AIA) é analisar as consequências ambientais prováveis de uma atividade hu-
mana no momento de sua proposição. E, em virtude de sua importância e acei-
tação, a AIA passou a ser, a partir da década de 70, uma prática comum aplicada
ao processo decisório em vários países do mundo que a adotaram em sua legis-
lação ambiental.
No Brasil, a AIA foi introduzida pela Lei n. 6.803/80, que “dispõe sobre as
diretrizes básicas para o zoneamento industrial nas áreas críticas de poluição”.
Em 1981 foi aprovada a Lei n. 6.938/81 que instituiu a Política Nacional do Meio
Ambiente (PNMA) e criou o SISNANA (Sistema Nacional do Meio Ambiente). A
partir daí, a AIA passou a ser um instrumento da política nacional do meio am-
biente. E a Constituição da República Federativa do Brasil, aprovada em 1988,
no artigo 225° impõe ao poder público a incumbência de exigir um Estudo de
Impacto Ambiental (EIA) para a instalação de obras ou atividades potencial-
mente causadoras de impacto ambiental (RIBEIRO, 2914).

capítulo 1 • 25
A concepção de AIA é um processo mais amplo que inclui:
EIA – Estudo de Impacto Ambiental
RIMA – Relatório de Impacto Ambiental
AAE – Avaliação Ambiental Estratégica
RAP – Relatório Ambiental Preliminar
EIV- Estudo de Impacto de Vizinhança
RIVI- Relatório de Impacto de Vizinhança
Análise de Risco

CONEXÃO
A RESOLUÇÃO CONAMA Nº 001, de 23 de janeiro de 1986, publicado no D. O . U de 17
/2/86; dispõe sobre procedimentos relativos ao Estudo de Impacto Ambiental. O CONSE-
LHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA, no uso das atribuições que lhe confere
o artigo 48 do Decreto nº 88.351, de 1º de junho de 1983, para efetivo exercício das res-
ponsabilidades que lhe são atribuídas pelo artigo 18 do mesmo decreto, e considerando a
necessidade de se estabelecerem as definições, as responsabilidades, os critérios básicos e
as diretrizes gerais para uso e implementação da Avaliação de Impacto Ambiental como um
dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente.
Você pode ver a Resolução na íntegra no link abaixo:
http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res0186.html

Inúmeros aspectos determinam um processo para avaliação de impactos


ambientais, podendo-se destacar:

•  A descrição do empreendimento projetado.


•  A descrição do meio ambiente na área de influência do projeto.
•  A definição dos limites espaciais da área estudada.
•  O conhecimento das possíveis alternativas da proposta em estudo (locali-
zação e / ou processo operacional).
•  A avaliação dos impactos previstos (nas etapas de implantação, operação,
planejamento, e desativação).
•  A proposição de medidas preventivas, mitigadoras, compensatórias e
potencializadoras.
•  A definição de um programa de monitoramento.

26 • capítulo 1
Descrição do projeto

É a primeira etapa em um Estudo de Impacto Ambiental. É preciso descre-


ver todas as atividades e as formas como elas serão desenvolvidas, os recursos
utilizados, os resíduos gerados. Além disso, é importante destacar a justifica-
tiva da escolha do projeto e do local de implantação, indicando benefícios so-
ciais, econômicos, ambientais que possam existir.

Descrição do meio ambiente e área de influência do projeto

Essa descrição exige estudos mais aprofundados. A descrição deve abran-


ger sua totalidade e cobrir os aspectos do meio físico, meio biológicos e meio
antrópico. É o conhecimento do meio onde o projeto vai ser implantado que
permite identificar as alterações possíveis dos aspectos ambientais em função
das ações do projeto.

Determinação e avaliação dos impactos

É a etapa mais crítica da elaboração de um EIA, já que é necessário um co-


nhecimento aprofundado sobre todas as atividades e seus efeitos no ambiente.
Existem inúmeras metodologias para se determinar os impactos ambientais e
cada equipe escolhe aquela ou aquelas que melhor atenderem as necessida-
des do projeto. É necessário que os impactos sejam descritos para cada fase do
empreendimento.

Prevenção, atenuação, potencialização e compensação

São medidas que podem ser tomadas de modo a prevenir, atenuar ou eli-
minar eventuais efeitos negativos do empreendimento e, se possível, melho-
rar a qualidade do meio ambiente. Para os efeitos positivos ou benéficos, são
propostas medidas potencializadoras para otimizar a utilização dos recursos.
Medidas compensatórias só serão utilizadas quando, após esgotadas as medi-
das preventivas e mitigadoras, ainda restem impactos negativos do projeto em
questão.

capítulo 1 • 27
Monitoramento

Programas de monitoramento são extremamente importantes porque regis-


tram a dinâmica do processo, identificam impactos não previstos, permitem a
verificação de compromissos assumidos, determinando a eficácia de medidas
mitigadoras e permitindo o estabelecimento de medidas compensatórias.

1.1.5  EIA/Rima

O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto sobre o Meio Am-


biente (Rima) são um conjunto, a diferença entre estes dois documentos é que
apenas o RIMA é de acesso público. Assim, o texto do RIMA deve ser mais acessí-
vel ao público, e instruído por mapas, quadros, gráficos e tantas outras técnicas
quantas forem necessárias ao entendimento claro das consequências ambien-
tais do projeto.
O EIA/RIMA é feito por uma equipe multidisciplinar, pois deve considerar
o impacto da atividade sobre os diversos meios ambientais: natureza, patrimô-
nio cultural e histórico, o meio ambiente do trabalho e o antrópico.
O EIA/RIMA cumpre o princípio da publicidade, pois permite a participação
pública na aprovação de um processo de licenciamento ambiental que conte-
nha este tipo de estudo, através de audiências públicas com a comunidade que
será afetada pela instalação do projeto. O conteúdo de um EIA/RIMA é estipu-
lado por termo de referências dos órgãos ambientais competentes e pela legis-
lação pertinente.

EIA

O EIA é um relatório técnico elaborado por uma equipe multidisciplinar,


independente do empreendedor, tecnicamente habilitada para analisar os as-
pectos físicos, biológicos e socioeconômicos do ambiente, e que deve obedecer
às seguintes diretrizes gerais (CONAMA, 1986):
I. Contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização do pro-
jeto, confrontando-as com a hipótese de não execução do projeto.
II. Identificar e avaliar os impactos ambientais gerados nas fases de im-
plantação e de operação.

28 • capítulo 1
III. Definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente afe-
tada pelos impactos, denominada área de influência do projeto, considerando,
em todos os casos, a bacia hidrográfica na qual se localiza.
IV. considerar os planos e programas governamentais, propostos e em im-
plantação, na área de influência do projeto e sua compatibilidade.

Como conteúdo mínimo o EIA deverá apresentar:


I. Informações gerais do empreendedor (identificação, histórico,
localização...).
II. Caracterização do empreendimento (objetivo, porte, etapas de
implantação).
III. Área de influência do empreendimento.
IV. Diagnóstico ambiental da área de influência – descrição e análi-
se dos recursos ambientais e suas interações com o meio físico, biológico e
socioeconômico.
V. Análise dos impactos e empreendimentos e de suas alternativas – identi-
ficação, previsão de magnitude e importância dos impactos relevantes prováveis.
VI. Definição de medidas mitigadoras dos impactos negativos.
VII. Definição de programa de acompanhamento e monitoramento dos im-
pactos e das medidas mitigadoras através dos fatores e parâmetros ambientais
de interesse.

Rima

O Relatório de Impactos do Meio Ambiente é um relatório resumo dos es-


tudos do EIA, em linguagem objetiva e acessível para não técnicos, contendo:
I. Objetivos e justificativas do empreendimento.
II. Descrição do empreendimento e das alternativas locacionais e tecnoló-
gicas existentes (área de influência, matéria-prima, energia, processos, efluen-
tes, resíduos...).
III. Síntese dos resultados do diagnóstico ambiental.
IV. Descrição dos impactos prováveis.
V. Caracterização da qualidade ambiental futura.
VI. Efeitos esperados das medidas mitigadoras.
VII. Programa de acompanhamento e monitoramento.
VIII. Conclusões e recomendações da alternativa mais favorável.

capítulo 1 • 29
Resumo do processo decisório para habilitação ao licenciamento no estado de SP
1. O empreendedor deverá entregar, na Secretaria do Meio Ambiente (SMA), os
seguintes documentos:
•  requerimento do pedido de análise do EIA/Rima
•  6 cópias do EIA e do Rima, bem como súmula do EIA/Rima
•  cópia da publicação sobre o empreendimento em periódico do local ou região
•  comprovante de regularização a que esteja filiada a empresa consultora respon-
sável pela elaboração do EIA/Rima
2. A SMA procederá sequencialmente:
•  análise preliminar, em até 15 dias, para saber se o EIA/Rima está de acordo
com a legislação
•  análise do EIA/Rima com emissão de parecer técnico em até 3 meses
•  envio do parecer técnico e respectiva súmula indicando a aprovação, repro-
vação ou aprovação com exigências complementares ao Conselho Estadual do
Meio Ambiente (CONSEMA).

ATIVIDADES
01. Defina Impacto Ambiental.

02. Analise a matriz de interações apresentada na tabela 1.2 desse capítulo e discuta ao
menos 03 impactos positivos e/ou negativos presentes na fase de implantação do projeto
em questão.

REFLEXÃO
Para um melhor entendimento sobre Avaliação de Impacto Ambiental, precisamos compre-
ender o que são os impactos ambientais, quais as principais fontes de impacto, e sempre
tendo em mente que os impactos podem ser positivos ou negativos.
A Avaliação de Impacto Ambiental é um dos instrumentos mais importantes para a prote-
ção dos recursos ambientais e se tornou instrumento previsto na lei para autorização de em-
preendimentos ou atividades potencialmente causadoras de degradação ambiental e deve
ser elaborada por pessoas habilitadas numa equipe multidisciplinar, atendendo às exigências
mínimas de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e de um Relatório de Impacto do Meio

30 • capítulo 1
Ambiente (Rima). Existem inúmeras atividades que estão sujeitas à elaboração de um estudo
de impacto ambiental, porém existem outras que não constam desse rol e poderão sujeitar-
se às mesmas exigências. A decisão dos órgãos competentes sobre a possibilidade ou não
de autorização de um empreendimento ou atividade, sujeitas à elaboração de um EIA vai
depender das condições dos impactos, e merece ser observado que o referido estudo não se
limita a demonstrar os efeitos da realização do projeto sobre o meio ambiente, mas analisa,
também, as consequências de sua não execução.

LEITURA
SILVA, M. M. A.; LACERDA E MEDEIROS, M. J.; SILVA, P. K. SILVA, M. M. P. Impactos
Ambientais causados em decorrência do rompimento da Barragem Camará no município de
Alagoa Grande, PB. Revista de Biologia e Ciências da Terra, v.6, n.1, p.20-34, 2006.
O artigo em questão trata dos impactos ambientais causados em decorrência do rom-
pimento da Barragem de Camará no município de Alagoa Grande / PB, mostrando que o
rompimento da barragem ocorreu devido a falhas em sua construção, trouxe diversos impac-
tos negativos, como: perda de bens materiais, de imóveis, do patrimônio público, da reserva
hídrica, a morte de animais e de seres humanos, desequilíbrios emocionais, econômicos,
ecológicos e agrícolas; e como impacto positivo, a solidariedade. Várias espécies animais e
vegetais foram afetadas. Os autores afirmam que é preciso motivar a realização de Educação
Ambiental no município, no sentido de fomentar mudanças e resgate da autoestima local.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRAGA, B. et al. Introdução à Engenharia Ambiental. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2ª dição, 318
pp., 2006.
Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, Brasil. Resolução n° 001. Brasília, 1986.
GRANATO, S. F.; SIMÕES, N. Lixo: problema nosso de cada dia. Editora: Saraiva, 1ªedição, 64 pp.,
2005.
KORMONDY, E. J.; BROWN, D. E. Ecologia humana. São Paulo: Atheneu, 503 pp., 2002.
NBR ISO 14001:2004. 2004. Sistemas da Gestão Ambiental – Requisitos com orientações para o
uso, 20 p.
PHILIPPI JR., A.; ROMÉRO. M. A.; BRUNA, G. C. Curso de Gestão Ambiental. Editora Manole, 2ª
edição atualizada e ampliada, 1245pp., 2014.

capítulo 1 • 31
RIBEIRO, H. Estudo de Impacto Ambiental como instrumento de planejamento. IN: PHILIPPI
JR., A.; ROMÉRO. M. A.; BRUNA, G. C. Curso de Gestão Ambiental. Editora Manole, 2ª edição
atualizada e ampliada, p. 853-882, 2014.
SANCHES, L. E. Avaliação de Impacto Ambiental – conceitos e métodos. Oficina de textos,
2ªedição, 583 pp., 2013.

32 • capítulo 1
2
Avaliação de
Impacto Ambiental
- Histórico, Política
e Legislação
Ambiental
No segundo capítulo iremos conhecer um pouco mais sobre as políticas am-
bientais. Quais as principais leis, resoluções que tratam da questão ambiental
no Brasil e como elas se relacionam com o processo de Avaliação de Impacto
Ambiental.
Veremos também o que é Gestão Ambiental, o Sistema de Gestão Ambiental
baseado na norma ISO 14001. E por fim analisaremos o processo de certifica-
ção ambiental, os passos, requisitos necessários e aplicações. Vamos lá?

OBJETIVOS
•  Conhecer as principais leis e resoluções relativas ao Meio Ambiente e um breve histórico
desse processo;
•  Identificar os principais instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, com ênfase
no zoneamento ambiental, Avaliação de Impactos Ambientais e Licenciamento Ambiental;
•  Identificar os principais pontos da Lei de Crimes Ambientais;
•  Compreender as etapas do processo de licenciamento ambiental, as diferentes formas de
licença ambiental;
•  Ampliar os conhecimentos sobre o Sistema de Gestão Ambiental (SGA), certificação am-
biental e a norma ISO 14001.

34 • capítulo 2
2.1  Avaliação de Impacto Ambiental –
histórico, política e legislação ambiental

De maneira geral e em vários países, a poluição era vista como um indicador de


progresso. E essa visão perdurou até que os problemas ambientais começas-
sem a se tornar evidentes. A partir daí, começaram a surgir as primeiras normas
de controle ambiental editadas pelo Poder Público. Braga et al. (2006) relata
que no Brasil, a evolução da legislação ambiental, foi semelhante à que ocorreu
em outros países, tendo sido criada uma estrutura bastante complexa para se
desenvolvimento e implantação.
Na Constituição Federal, o capítulo VI se refere especificamente ao meio
ambiente, e incorpora várias disposições de lei federal anterior, a Lei 6.938/81,
considerada um marco na área ambiental. A seguir, um dos principais artigos
da legislação ambiental: CF de 1988, capítulo VI, art. 225 (Brasil, 1989):

Art. 225 – Todos têm o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibra-


do, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-
se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações.
§ 1° – Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
I. preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o ma-
nejo ecológico das espécies e ecossistemas;
II. preservar a diversidade e integridade do patrimônio genético do país
e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material
genético;
III. definir, em todas as Unidades da Federação, espaços territoriais e seus
componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supres-
são permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que compro-
meta a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;
IV. exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencial-
mente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio
de impacto ambiental, a que se dará publicidade;
V. controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, mé-
todos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e ao
meio ambiente;

capítulo 2 • 35
VI. promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a cons-
cientização pública para a preservação do meio ambiente;
VII. proteger a fauna e a flora, vedadas na forma da lei, as práticas que co-
loquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou
submetam os animais à crueldade;
§ 2° – Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o
meio ambiente degradado, de acordo coma solução técnica exigida pelo órgão
público competente, na forma da lei.
§ 3° – As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujei-
tarão aos infratores, pessoas físicas ou jurídicas, sanções penais e administrati-
vas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
§ 4° – A Floresta Amazônica Brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o
Pantanal Matogrossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utili-
zação far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preserva-
ção do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.
§ 5° – São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadas pelos Estados, por
ações discriminatórias, necessárias a proteção dos ecossistemas naturais.
§ 6° – As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização
definida em Lei Federal, sem o que não poderão ser instaladas.

2.1.1  Legislações de proteção dos recursos ambientais e a Política


Nacional do Meio Ambiente

Na década de 60 foram promulgadas algumas leis federais de grande impor-


tância para o meio ambiente, mas somente em 1981, a Lei Federal 6.938, es-
tabeleceu a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), fixando princípios,
objetivos e instrumentos.
Foi estabelecido o SISNAMA (Sistema Nacional do Meio Ambiente) e criado
o CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente). Foi reconhecida nessa lei,
a legitimidade do Ministério Público da União para propor ações de responsa-
bilidade civil e criminal por danos causados ao meio ambiente. Após sua pro-
mulgação, essa lei ainda sofreu algumas alterações.
Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, dispõe sobre a Política Nacional do
Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras
providências.

36 • capítulo 2
É importante notar que a Lei n° 6.938/81 ampliou o conceito de poluição,
definindo como “degradação da qualidade ambiental” e inclui, não apenas o
lançamento de matéria e poluentes nas águas, solo e no ar, e também qualquer
atividade que, direta ou indiretamente, cause os efeitos descritos na lei.
O artigo 2º da Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a pre-
servação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, vi-
sando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos
interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana,
atendidos os seguintes princípios, como vemos abaixo (BRASIL, 1981):

Art. 2º – A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preserva-


ção, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando
assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos inte-
resses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, aten-
didos os seguintes princípios:
I. ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, conside-
rando o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente
assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo;
II. racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;
III. planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;
IV. proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas;
V. controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente
poluidoras;
VI. incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso
racional e a proteção dos recursos ambientais;
VII. acompanhamento do estado da qualidade ambiental;
VIII. recuperação de áreas degradadas; (Regulamento)
IX. proteção de áreas ameaçadas de degradação;
X. educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação
da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do
meio ambiente.

Art. 6º – Os órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos


Territórios e dos Municípios, bem como as fundações instituídas pelo Poder
Público, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental, cons-
tituirão o Sistema Nacional do Meio Ambiente-SISNAMA, assim estruturado:

capítulo 2 • 37
I. órgão superior: o Conselho de Governo, com a função de assessorar o
Presidente da República na formulação da política nacional e nas diretrizes go-
vernamentais para o meio ambiente e os recursos ambientais; (Redação dada
pelo(a) Lei nº 8.028, de 1990).
II. órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente
CONAMA, com a finalidade de assessorar, estudar e propor ao Conselho de
Governo, diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os
recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e
padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e es-
sencial à sadia qualidade de vida; (Redação dada pelo(a) Lei nº 8.028, de 1990).
III. órgão central: a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da
República, com a finalidade de planejar, coordenar, supervisionar e controlar,
como Órgão Federal, a política nacional e as diretrizes governamentais fixadas
para o meio ambiente; (Redação dada pelo(a) Lei nº 8.028, de 1990).
IV. órgão executor: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis, com a finalidade de executar e fazer executar, como Órgão
Federal, a política e diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente;
(Redação dada pelo(a) Lei nº 8.028, de 1990).
V. órgãos seccionais: os órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela
execução de programas, projetos e pelo controle e fiscalização de atividades ca-
pazes de provocar degradação ambiental.
VI. órgãos locais: os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo
controle e fiscalização dessas atividades, nas suas respectivas jurisdições.
(Redação dada pelo(a) Lei nº 8.028, de 1990).
§ 1º Os Estados, na esfera de suas competências e nas áreas de sua jurisdi-
ção, elaborarão normas supletivas e complementares e padrões relacionados
com o meio ambiente, observados os que forem estabelecidos pelo CONAMA.
§ 2º Os Municípios, observadas as normas e os padrões federais e estaduais,
também poderão elaborar as normas mencionadas no parágrafo anterior.
§ 3º Os órgãos central, setoriais, seccionais e locais mencionados neste arti-
go deverão fornecer os resultados das análises efetuadas e sua fundamentação,
quando solicitados por pessoa legitimamente interessada.
§ 4º De acordo com a legislação em vigor, é o Poder Executivo autorizado a
criar uma fundação de apoio técnico e científico às atividades do IBAMA.
A seguir são listados os instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente,
conforme a artigo 9° da Lei n° 6.938/81, com suas alterações posteriores.

38 • capítulo 2
Art. 9º – São Instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente:
I. o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental;
II. o zoneamento ambiental;
III. a avaliação de impactos ambientais;
IV. o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente
poluidoras;
V. os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou
absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental;
VI. a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder
Público federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental,
de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas;
VII. o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente;
VIII. o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa
Ambiental;
IX. as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento
das medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental.
X. a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser di-
vulgado anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos
Naturais Renováveis - IBAMA; (Incluído pela Lei nº 7.804/89).
XI. a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente,
obrigando-se o Poder Público a produzi-las, quando inexistentes; (Incluído
pela Lei nº 7.804/89).
XII. o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/
ou utilizadoras dos recursos ambientais. (Incluído pela Lei nº 7.804/89).
XIII. instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão am-
biental, seguro ambiental e outros.

O Zoneamento ambiental é um dos principais instrumentos dentro da Política Nacional


do Meio Ambiente. Pode-se afirmar que o zoneamento ambiental é o instrumento mais
adequado para a obtenção respostas amplas com relação à viabilidade da ocupação de
diferentes áreas, tanto em relação aos fatores ambientais que devem ser considerados
como também na delimitação das áreas de influência e/ou identificação de conflitos.
Trata-se, portanto, de um instrumento essencial para a efetividade de outros instrumen-
tos (MONTAÑO et al., 2007).

capítulo 2 • 39
O Estudo de Impacto Ambiental faz parte da Avaliação de Impacto Ambiental, outro
importante instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente. Os Estudos de Impacto
Ambiental exigidos em processos de licenciamento ambiental. A avaliação da capacidade
de suporte do meio diante de uma ação definida, ao ser previamente contemplada por um
zoneamento ambiental, pode contribuir para o Estudo de Impacto Ambiental, fornecendo
respostas importantes para a tomada de decisão relacionada ao empreendimento proposto.

2.1.2  Lei de Crimes Ambientais

Braga et al. (2006), relata que a Lei n° 9.605/98 é um dos instrumentos legais
que ganhou bastante destaque dentro do conjunto de normas para o controle
da qualidade ambiental. Essa lei passou a ser conhecida como Lei de Crimes
Ambientais, e dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de
condutas lesivas ao meio ambiente e dá outras providências.
Diferentemente do que ocorria no passado, a lei define a responsabilidade
das pessoas jurídicas, permitindo que grandes empresas sejam responsabili-
zadas criminalmente pelos danos que seus empreendimentos possam causar
à natureza. Um exemplo, matar animais continua sendo crime, exceto para sa-
ciar a fome do agente ou da sua família; os maus-tratos, as experiências doloro-
sas ou cruéis, o desmatamento não autorizado, a fabricação, venda, transporte
ou soltura de balões, hoje são crimes que sujeitam o infrator à prisão.
De acordo com a Lei de Crimes Ambientais (Lei N.º 9.605/98), os crimes am-
bientais são classificados em cinco tipos diferentes:

•  Crimes contra a fauna (arts. 29 a 37): São as agressões cometidas contra


animais silvestres, nativos ou em rota migratória, como a caça, pesca, trans-
porte e a comercialização sem autorização; os maus-tratos; a realização expe-
riências dolorosas ou cruéis com animais quando existe outro meio, indepen-
dente do fim. Também estão incluídas as agressões aos habitats naturais dos
animais, como a modificação, danificação ou destruição de seu ninho, abrigo
ou criadouro natural. A introdução de espécimes animal estrangeiras no País
sem a devida autorização também é considerado crime ambiental, assim como
a morte de espécimes devido à poluição.

40 • capítulo 2
•  Crimes contra a flora (art. 38 a 53): Causar destruição à vegetação de Áreas
de Preservação Permanente (APPs), em qualquer estágio, ou a Unidades de
Conservação (UC); provocar incêndio em mata ou floresta ou fabricar, vender,
transportar ou soltar balões que possam provocá-lo em qualquer área; extração,
corte, aquisição, venda, exposição para fins comerciais de madeira, lenha, carvão
e outros produtos de origem vegetal sem a devida autorização ou em desacordo
com esta; extrair de florestas de domínio público ou de preservação permanente
pedra, areia, cal ou qualquer espécie de mineral; impedir ou dificultar a regenera-
ção natural de qualquer forma de vegetação; destruir, danificar, lesar ou maltra-
tar plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade privada
alheia; comercializar ou utilizar motosserras sem a devida autorização.
•  Da poluição e outros crimes ambientais (art. 54 a 61): Todas as atividades
humanas produzem poluentes (lixo, resíduos, e afins), no entanto, apenas será
considerado crime ambiental passível de penalização a poluição acima dos li-
mites estabelecidos por lei. Além desta, também é criminosa a poluição que
provoque ou possa provocar danos à saúde humana, mortandade de animais
e destruição significativa da flora. Assim como, aquela que torne locais impró-
prios para uso ou ocupação humana, a poluição hídrica que torne necessária a
interrupção do abastecimento público e a não adoção de medidas preventivas
em caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível. São considerados cri-
mes ambientais a pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem auto-
rização ou em desacordo com a obtida e a não recuperação da área explorada;
a produção, processamento, embalagem, importação, exportação, comerciali-
zação, fornecimento, transporte, armazenamento, guarda, abandono ou uso
de substâncias tóxicas, perigosas ou nocivas à saúde humana ou em desacordo
com as leis; a operação de empreendimentos de potencial poluidor sem licença
ambiental ou em desacordo com esta; também se encaixam nesta categoria de
crime ambiental a disseminação de doenças, pragas ou espécies que possam
causar dano à agricultura, à pecuária, à fauna, à flora e aos ecossistemas.
•  Crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural (art. 62 a
65): Ambiente é um conceito amplo, que não se limita aos elementos naturais
(solo, ar, água, flora, fauna). Na verdade, o meio ambiente é a interação destes,
com elementos artificiais -- aqueles formados pelo espaço urbano construído e
alterado pelo homem - e culturais que, juntos, propiciam um desenvolvimento
equilibrado da vida. Desta forma, a violação da ordem urbana e/ou da cultura
também configura um crime ambiental.

capítulo 2 • 41
•  Crimes contra a administração ambiental (art. 66 a 69): São as condutas
que dificultam ou impedem que o Poder Público exerça a sua função fiscaliza-
dora e protetora do meio ambiente, seja ela praticada por particulares ou por
funcionários do próprio Poder Público. Comete crime ambiental o funcionário
público que faz afirmação falsa ou enganosa, omitir a verdade, sonegar infor-
mações ou dados técnico-científicos em procedimentos de autorização ou de
licenciamento ambiental; ou aquele que concede licença, autorização ou per-
missão em desacordo com as normas ambientais, para as atividades, obras ou
serviços cuja realização depende de ato autorizativo do Poder Público. Também
comete crime ambiental a pessoa que deixar de cumprir obrigação de relevante
interesse ambiental, quando tem o dever legal ou contratual de fazê-la, ou que
dificulta a ação fiscalizadora sobre o meio ambiente.

CONEXÃO
A Lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, conhecida como Lei de Crimes Ambientais, dispões
sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas lesivas ao meio ambiente,
e dá outras providências. O capítulo V, em especial, trata dos Crimes contra o Meio Ambiente.
Você pode ter acesso a Lei na íntegra pelo link abaixo:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9605.htm

2.2  Licenciamento Ambiental


O Licenciamento Ambiental é um dos instrumentos de maior importância,
dentro da Política Nacional do Meio Ambiente; juntamente com a Avaliação de
Impacto Ambiental que será discutida com maior profundidade nos próximos
capítulos.
De acordo com a norma federal, estão sujeitas a licenciamento as obras ou
atividades que utilizem recursos ambientais consideradas efetivas ou poten-
cialmente poluidoras, bem como as atividades capazes, sob qualquer forma, de
causar degradação ambiental. (BRAGA et al., 2006).
Nos termos da Resolução CONAMA 237/97, a competência legal para licen-
ciar, quando definida em função da abrangência dos impactos diretos que a
atividade pode gerar, pode ser:

42 • capítulo 2
•  do município – se os impactos diretos forem locais;
•  do estado - se os impactos diretos atingirem dois ou mais municípios;
•  do IBAMA- se os impactos diretos se derem em dois ou mais estados.

A Lei n° 6.938/81 deu origem ao sistema de tríplice licença, instituído por meio da
resolução CONAMA n° 237, de 19.12.1997:
Licença Prévia (LP) – fase preliminar do planejamento da atividade, contendo re-
quisitos básicos a serem atendidos nas fases de localização, instalação e operação,
observados os planos municipais, estaduais ou federais de uso do solo. É nessa fase
que deve ser solicitado, quando for o caso, o estudo de impacto ambiental.
Licença de Instalação (LI) – autoriza o início da implantação, de acordo com as
especificações constantes do projeto executivo aprovado.
Licença de Operação (LO) – autoriza, após as verificações necessárias, o início da
operação da atividade licenciada e o funcionamento de seus equipamentos, de acordo
com o estabelecido nas licenças prévias e de instalação.
Parágrafo único - As licenças ambientais poderão ser expedidas isolada ou su-
cessivamente, de acordo com a natureza, características e fase do empreendimento
ou atividade.

Vale reforçar a diferença entre Licenciamento Ambiental e Licença Ambiental.


Licenciamento ambiental é um procedimento administrativo pelo qual o
órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e
operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambien-
tais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que,
sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental (art. 1°, resolução
CONAMA n° 237/97).
Licença ambiental é um ato administrativo pelo qual o órgão ambiental
competente, estabelece as condições, restrições e medidas de controle am-
biental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurí-
dica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos e atividades
utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente
poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação
ambiental (art. 1°, resolução CONAMA n° 237/97).
E quais atividades estão sujeitas ao licenciamento ambiental?

capítulo 2 • 43
Atividades elencadas no Anexo I da resolução CONAMA n° 237/97:

•  Extração e tratamento de minerais


•  Indústria de produtos minerais não metálicos
•  Indústria metalúrgica
•  Indústria mecânica
•  Indústria de material elétrico, eletrônico e comunicações
•  Indústria de material de transporte
•  Indústria de madeira
•  Indústria de papel e celulose
•  Indústria de borracha
•  Indústria de couros e peles
•  Indústria química
•  Indústria de produtos de matéria plástica
•  Indústria têxtil, de vestuário, calçados e artefatos de tecidos
•  Indústria de produtos alimentares e bebidas
•  Indústria de fumo
•  Indústrias diversas
•  Obras civis
•  Serviços de utilidade
•  Transporte, terminais e depósitos
•  Turismo
•  Atividades diversas
•  Atividades agropecuárias
•  Uso de recursos naturais

CONEXÃO
O Anexo I da resolução CONAMA n° 237/97 traz a lista de todas as atividades que estão
sujeitas a licenciamento ambiental e os setores que necessitam de tal procedimento. Você
pode ver a lista completa no link abaixo:
http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res97/res23797.html

44 • capítulo 2
O cancelamento de uma licença se dá automaticamente nos seguintes
casos:

•  Não atendimento a condicionantes técnicas


•  Incoerência nas informações prestadas pelo empresário
•  Ocorrência de graves riscos ambientais e de saúde

Dependendo da gravidade da situação, a licença poderá ser cassada ou sus-


pensa temporária ou definitivamente. Uma licença cancelada pode ser reavida
mediante atendimento das condicionantes pelo órgão ambiental.
Ressalta-se que o EIA/RIMA não é o único estudo ambiental considerado
no processo de licenciamento. Outros estudos, que abordam os aspectos am-
bientais relacionados à localização, instalação e operação de uma atividade ou
empreendimento, podem ser usados como subsídio para a análise de licença
requerida, como o Plano de Controle Ambiental – PCA e Relatório de Controle
Ambiental – RCA, dentre outros. Esses e outros documentos importantes serão
abordados no capítulo 05.

2.3  Gestão Ambiental


A gestão do meio ambiente deve ser integrada com a gestão global da organi-
zação, e a melhor forma de se conseguir isso é através da implantação de um
Sistema de Gestão Ambiental.
Um Sistema de Gestão é a maneira como o trabalho de uma organização deve
ser realizado, necessita que se tenha uma visão do todo. Essa Gestão deve incluir:

•  Estrutura organizacional
•  Responsabilidades
•  Procedimentos
•  Processos e recursos

Já um Sistema de Gestão Ambiental é o processo desenvolvido para resolver


questões de caráter ambiental, visando sempre o desenvolvimento sustentável
através de diretrizes voltadas para uma política ambiental numa empresa ou
unidade produtiva, para avaliar e controlar os impactos ambientais causados
por suas atividades.

capítulo 2 • 45
Um Sistema de Gestão Ambiental busca:

•  Fornecer as ferramentas necessárias para alcançar as metas ambientais e


melhoria contínua do desempenho de uma empresa.
•  Buscar a qualidade ambiental.
•  Avaliar a estratégia da empresa.
•  Adotar medidas de prevenção da poluição.

Uma empresa que consegue estabelecer um Sistema de Gestão Ambiental


garante a qualidade dos produtos, serviços e processos; apresenta economia
e redução no consumo de recursos ambientais; aumenta as possibilidades de
financiamento devido ao bom histórico ambiental.

2.3.1  A norma ambiental ISO 14000

A ISO (Internacional Organization for Standadization) é uma organização inter-


nacional privada, sem fins lucrativos, que foi criada na Suíça, em 1946, e cujo
principal o objetivo era criar um conjunto de normas de fabricação, comércio
e comunicações, estabelecendo padrões mínimos de aceitação (RAMOS et al.,
2006). Os autores relatam que as normas voltadas para o meio ambiente são
recentes. A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) também é uma
entidade privada, independente, sem fins lucrativos, e é membro fundador e
único representante da ISO no Brasil.
As normas da série ISO 14000 compreendem um conjunto de normas de
gestão ambiental, não obrigatórias e de âmbito internacional, que fornece à
empresa uma estrutura para gerenciar os impactos ambientais e possibilita de-
terminada organização a obter a certificação ambiental. Essas normas também
tratam das diretrizes para auditoria ambiental, rótulos e declarações ambien-
tais, avaliação do desempenho ambiental e análise do ciclo de vida (BRAGA et
al., 2006) (figura 2.1).

46 • capítulo 2
Gestão Ambiental
ISO 14000

Sistema gestão
ambiental Análise ciclo de vida

Avaliação Auditoria Rotulagem ambiental Aspectos ambientais


desempenho ambiental padrões produtos
ambiental

Organização Produto

Figura 2.1 – Divisão das normas ISO 14000 em normas orientadas para produtos e para
processos. Fonte: Pombo & Magrini (2008).

A seguir, a família das normas da ISO 14000, que aborda a gestão ambiental
por meio de vários grupos de normas (figura 2.2).

Subcomitê da ABNT/CB-38 Norma NBR-ISO


SC 01 – Sistemas de gestão ambiental NBR-ISO 14001:2004. Sistemas de gestão ambiental – requisitos com orientações
para uso.
NBR-ISO 14004. Sistemas de gestão ambiental – diretrizes gerais sobre princípios,
sistemas e técnicas de apoio.
SC 02 – Auditorias ambientais NBR-ISO 14015. Sistemas de gestão ambiental – avaliações ambientais de localida-
des e organizações.
NBR-ISO 19011. Diretrizes para auditorias de qualidade e ambiental.
SC 03 – Rotulagem ambiental NBR-ISO 14021. Auto declarações ambientais (rótulo ambiental tipo II).
NBR-ISO 14024. Rótulo ambiental tipo I (de terceira parte).
SC 04 – Avaliação de desempenho ambiental NBR-ISO 14031. Avaliação do desempenho ambiental – diretrizes.
SC 05 – Avaliação do ciclo de vida NBR-ISO 14040. Avaliação do ciclo de vida – princípios e estrutura.
NBR-ISO 14041. Avaliação do ciclo de vida – definição de escopo e análise do
inventário.
NBR-ISO 14042. Avaliação do ciclo de vida – avaliação do impacto do ciclo de vida.
NBR-ISO 14043. Avaliação do ciclo de vida – interpretação do ciclo de vida.
SC 06 – Termos e definições NBR-ISO 14050 Rev. 1. Termos e definições.
SC 07 – Aspectos ambientais no projeto e NBR-ISO TR 14062. É um relatório técnico, com o mesmo título do subcomitê.
desenvolvimento de produtos (ecodesign)

Figura 2.2 – As normas NBR-ISO publicadas até o momento. Fonte: Pombo & Magrini, 2008.

Da subsérie, a mais importante é a ISO 14001, que trata dos requisitos com
orientações para uso de um Sistema de Gestão Ambiental e é passível de certi-
ficação junto a terceiros.

capítulo 2 • 47
Requisitos do Sistema de Gestão Ambiental
A figura 2.3 traz a abordagem básica com relação os requisitos estabeleci-
dos pela ISO 14001.

Programa de Gestão Ambiental,


conforme a Norma ISO 14.001. Política
Ambiental
Planejamento
Melhoria • Aspectos Ambientais
contínua • Requisitos Legais
• Objetivos e Metas
• Programa de Gerenciamento
Revisão do Ambiental
Gerenciamento

Implementação e Operação
• Estrutura e responsabilidades
Checagem e Ação Corretiva
• Treinamento, conscientização
• Monitoramento e medição
e competências
• Não conformidades e ações
• Comunicação
corretivas
• Documentação do SGA
• Registros
• Controle operacional
Auditoria do SGA
• Controle de emergências e
responsabilidades

Figura 2.3 – Programa de Gestão Ambiental conforme a norma ISO 14001.


Fonte: Braga et al. (2006).

A seguir são detalhados os elementos de um Sistema de Gestão Ambiental,


com base na norma ISO 14001.

•  Requisitos gerais: a norma contém requisitos baseados no processo de


planejar, implementar, verificar e analisar, permitindo à organização estabele-
cer uma política ambiental apropriada, dentre outros.
•  Política ambiental: dá um senso global de direção e apresenta os princí-
pios de ação para uma organização sendo estabelecidas metas relativas ao de-
sempenho e responsabilidade ambiental.
•  Planejamento: com base na política ambiental, a organização deve fazer
um planejamento com o objetivo de atender aos requisitos estabelecidos.
•  Implementação e Operação: deve ser conduzido de forma a serem atingi-
dos os objetivos e metas estabelecidas.

48 • capítulo 2
•  Verificação e ações corretivas: são necessários procedimentos estabeleci-
dos para monitorar e medir as principais características das operações e ativi-
dades que podem causar impacto ao meio ambiente e devem ser estabelecidas
ações corretivas para eliminar as causas reais ou potenciais, que poderiam re-
sultar em impactos ambientais.
•  Revisão do gerenciamento: a administração da organização deve, em in-
tervalos predefinidos, revisar o Sistema de Gestão Ambiental (SGA), asseguran-
do que ele continue adequado e efetivo.
Assim, as quatro fases de execução de um SGA são:
•  Definição e comunicação do projeto, onde é produzido um documento de
trabalho que irá detalhar e especificar como será implantado o SGA.
•  Planejamento do SGA, realizando uma revisão ambiental inicial e plane-
jando o sistema.
•  Instalação do SGA.
•  Auditoria e certificações.

Um SGA desenvolvido e implantado com base na norma ISO 14001 pode ser
certificado por uma organização independente ou, então, pode ser usado para
que a empresa emita uma autodeclaração de conformidade com a norma, de
maneira a melhor se posicionar no mercado (BRAGA et al., 2006).
Nos controles da documentação de um SGA, deve-se assegurar que
(FORTE, 2007):

•  Sejam facilmente localizados;


•  Periodicamente revisados conforme necessário e aprovado por pessoal
autorizado;
•  As versões atualizadas dos documentos estejam nos locais onde sejam re-
alizadas as operações;
•  Documentos obsoletos sejam prontamente removidos, prevenindo o uso
não intencional.

Quando uma empresa reduz de modo eficiente suas despesas com recursos
naturais e eliminação de rejeitos, ela diminui suas despesas, podendo, portan-
to, até reduzir o preço de seus produtos. Esse aumento na produtividade e, con-
sequentemente, na competitividade, permite que a empresa supere a concor-
rência, tanto no mercado interno, quanto no mercado externo.

capítulo 2 • 49
2.3.2  Certificação Ambiental

De acordo com as normas da ISO 14001 (ABNT, 2004), a parte interessada é o


grupo relacionado ou afetado pelo desempenho ambiental de uma organiza-
ção. Os fabricantes garantem eficácia da implantação dos sistemas de controle
e garante a qualidade nas empresas, diminuindo a perda de produtos, os custos
da produção e evita desperdícios. A certificação também aumenta a satisfação
do cliente, facilita a venda de produtos e abre novos mercados. O produto certi-
ficado tem maior confiabilidade pelo consumidor. (BRAGA et al., 2006).
As organizações certificadas obtêm uma imagem positiva, em reposta às
crescentes pressões ambientais, obtendo vários benefícios: instituições finan-
ceiras e governos (maiores facilidades de crédito e incentivos); companhias de
seguro (planos mais atrativos); acionistas (maior valorização dos negócios da
empresa); mercado (menos barreiras comerciais); clientes (maior confiança e
credibilidade); funcionários, ONGs e da comunidade em geral (maior conscien-
tização, conforto e tranquilidade).
Depois de certificada, a empresa passa por auditorias ambientais de certifi-
cação. Nessas auditorias verifica-se, principalmente:

•  O cumprimento da legislação ambiental;


•  Diagnóstico atualizado dos aspectos e impactos ambientais de cada
atividade;
•  Procedimentos padrões e planos de ação para eliminar ou diminuir im-
pactos ambientais sobre os aspectos ambientais;
•  Pessoal devidamente treinado e qualificado.

ATIVIDADES
01. Qual a diferença entre licenciamento ambiental e licença ambiental?

02. Quais são as principais licenças ambientais e quais os principais requisitos para sua
obtenção?

03. Faça uma pesquisa sobre outras licenças ambientais específicas, definidas pelo CO-
NAMA.

50 • capítulo 2
REFLEXÃO
Por fim...
“Não se gerencia o que não se mede,
não se mede o que não se define,
não se define o que não se entende,
e não há sucesso no que não se gerencia”

(William Edwards Deming) .

A reflexão acima é um exemplo da importância de se conhecer, de se entender num pri-


meiro momento a estrutura e o funcionamento de uma empresa para que possa se implantar,
num segundo momento, um adequado sistema de gestão.

LEITURA
GRAVINA, M. G. P. 2008. O processo de certificação ISO 14001. Estudo de caso: a usina
siderúrgica da ArcelorMittal em Juiz de Fora – mg. Trabalho de conclusão de curso, Curso
de Especialização em Análise Ambiental, Universidade Federal de Juiz de Fora, 70 p.
O Trabalho faz uma boa revisão sobre a norma ISO 14001, justificando a importância
para diferentes tipos de empreendimentos. Várias experiências têm demonstrado as van-
tagens de se obter uma certificação ISO 14001. Entre os principais benefícios podem ser
citados: a economia, resultante de uma maior eficiência nos processos produtivos; a conquis-
ta de novos mercados e os benefícios para o meio ambiente. O trabalho tem como objetivo
servir de fonte de informação para as empresas, apresentando um estudo de caso que de-
monstra a estruturação do Sistema de Gestão Ambiental (SGA) de uma empresa do ramo
siderúrgico, a unidade da ArcelorMittal, em Juiz de Fora, MG. O estudo permitiu ilustrar em
termos práticos o funcionamento de um SGA, elucidando como cada requisito da norma é
cumprido nesta empresa. Como complementação, são sugeridas algumas adaptações para a
implantação da ISO 14001 nas pequenas e médias empresas.

capítulo 2 • 51
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, NBR ISO 14001. Sistemas de Gestão Ambiental:
especificação e diretrizes para o uso, 2004.
BRAGA, B. et al. Introdução à Engenharia Ambiental. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2ª dição,
318 pp., 2006.
BRASIL. Lei n° 6.938, de 31 de agosto de 1981 – Política Nacional do Meio Ambiente.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, 1988. São Paulo: editora Revista dos
Tribunais, 1989.
BRASIL. Lei n° 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 – Lei de Crimes Ambientais.
Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, Brasil. Resolução n° 001. Brasília, 1986.
Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, Brasil. Resolução n° 237. Brasília, 1997.
FORTE, A. P. S. O. Auditoria ambiental: um estudo de caso em uma Empresa de geração de energia
elétrica. Monografia de conclusão de curso, UFSC, 64pp., 2007.
GRANATO, S. F.; SIMÕES, N. Lixo: problema nosso de cada dia. Editora: Saraiva, 1ªedição, 64 pp.,
2005.
KORMONDY, E. J.; BROWN, D. E. Ecologia humana. São Paulo: Atheneu, 503 pp., 2002.
MONTAÑO, M.; OLIVEIRA, I. S. D.; RANIERI, V. E. L.; FONTES, A. T.; SOUZA, M. P. O zoneamento
ambiental e a sua importância para a localização de atividades Revista Pesquisa e Desenvolvimento
Engenharia de Produção, N.6, p.49– 64, Jun., 2007.
POMBO, F. R.; MAGRINI, A. Panorama de aplicação da norma ISO 14001 no Brasil. Revista Gest. Prod.,
v.15, n.1, p.1-10, jan.-abr. 2008.
PHILIPPI JR., A.; ROMÉRO. M. A.; BRUNA, G. C. Curso de Gestão Ambiental. Editora Manole, 2ª
edição atualizada e ampliada, 1245pp., 2014.
SANCHES, L. E. Avaliação de Impacto Ambiental – conceitos e métodos. Oficina de textos,
2ªedição, 583 pp., 2013.

52 • capítulo 2
3
Métodos para
Avaliação de
Impacto Ambiental
No capítulo 3 iremos aprofundar nosso estudo sobre a Avaliação de Impac-
to Ambiental (AIA). Começaremos a discutir como é realizado o processo de
avaliação, em especial, o diagnóstico da área de influência, ou seja, a caracte-
rização do ambiente (meios físico, biótico e socioeconômico), primeiro passo
dentro de uma avaliação. Veremos as características dos principais biomas bra-
sileiros e fecharemos o capítulo analisando os principais métodos de análise de
impactos ambientais, instrumentos importantes para a Avaliação de Impacto
Ambiental.
Vamos lá?

OBJETIVOS
•  Analisar as etapas de uma Avaliação de Impacto Ambiental (AIA);
•  Conhecer os componentes necessários para um Estudo de Impacto Ambiental (EIA);
•  Discutir como é realizada a etapa de diagnóstico ambiental para uma AIA, uma das etapas
iniciais do processo;
•  Discorrer sobre a caracterização ambiental dos principais biomas brasileiros, importante
também para uma AIA;
•  Analisar os principais métodos utilizados em AIA para caracterização dos impactos am-
bientais de um projeto – diferentes métodos, aplicações, vantagens e desvantagens de cada
um deles.

54 • capítulo 3
3.1  Métodos para Avaliação de Impacto
Ambiental

A Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) é um instrumento político formado


por um conjunto de procedimentos que buscam assegurar que sejam reali-
zados exames detalhados dos impactos ambientais causados por um projeto.
Essa avaliação também procura garantir que os resultados sejam apresenta-
dos de forma adequada ao público e aos gestores responsáveis pela tomada de
decisão.
Devemos lembrar que após ser tomada a decisão ou ser executada a ação
impactante, a AIA perde sua finalidade, pois seu principal objetivo é fornecer
alternativas para a correção de situações que podem causar danos significati-
vos ao meio ambiente.
Uma Avaliação de Impactos Ambientais apresenta como características
básicas:

•  Descrever a ação proposta e suas alternativas, prevendo até a não realiza-


ção do projeto em questão;
•  Prever a natureza e magnitude dos impactos ambientais;
•  Identificar preocupações humanas relevantes;
•  Listar os indicadores de impactos a serem utilizados;
•  Determinar o valor de cada indicado de impacto.

3.1.1  Avaliação de Impacto Ambiental

Dentro do processo de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA), um dos itens


mais importantes é o desenvolvimento e a apresentação do Estudo de Impacto
Ambiental (EIA) do empreendimento. O Estudo de Impacto Ambiental dá ori-
gem a outro documento, o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA).
Inúmeras são as atividades que dependem da elaboração de um EIA/RIMA
para aprovação:

•  Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento;


•  Ferrovias;
•  Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos;
•  Aeroportos;

capítulo 3 • 55
•  Oleodutos, gasodutos, emissários de esgoto sanitário;
•  Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos;
•  Extração de combustível fóssil;
•  Aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos ou
perigosos;
•  Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de energia
primária.

Para um modelo completo, e com relação a projetos de grande porte, as


principais fases do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) são (figura 3.1):

•  Seleção;
•  Escopo (Termo de Referência);
•  Diagnóstico;
•  Avaliação de Impactos Ambientais;
•  Prognósticos;
•  Planejamento Ambiental;
•  Diretrizes gerais para a implantação do empreendimento;
•  Relatório de Impacto Ambiental (RIMA);
•  Revisão;
•  Tomada de decisão;
•  Envolvimento público.

Existem outros elementos que podem ser incluídos, tais como: participação
de órgãos do governo e agências que são parte integrante do processo, previsão
de melhorias contínuas durante as fases de implantação do empreendimento,
etc...

56 • capítulo 3
Identificação da necessidade

Descrição da proposta

Seleção

Exame inicial do
Requer EIA Não requer EIA
Meio Ambiente

Escopo Envolvimento público

Identificação do impacto
avaliação ambiental (AIA)
Análise do impacto/previsão Envolvimento público
Significância do impacto ocorre tipicamente nestas fases.
Isto pode ocorrer para qualquer
outro estágio do EIA
Relatório

Revisão
Qualidade do documento
Envolvimento público
Participação dos interessados
Aceitabilidade da proposta

Informações para este


Tomada de decisão
processo contribuem para
um efetivo futuro EIA

Não Aprovado
Aprovado

Auditoria e
Revisão avaliação do EIA

Resubmissão

Figura 3.1 – Principais fases do desenvolvimento de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA).


Fonte: Stamm (2003).

capítulo 3 • 57
A seleção serve para identificar quais projetos ou atividades deverão passar
pelo processo de Estudo de Impacto Ambiental (EIA). Depois de identificadas,
deverá ser definido também, qual o nível de avaliação que devem receber, par-
cial ou completa (STAMM, 2003).

3.1.1.1  Escopo ou Termo de Referência

É o instrumento orientador de qualquer tipo de Estudo de Impacto Ambiental.


Deve apresentar uma descrição de todos os processos que envolvem o empre-
endimento e de todos os assuntos que serão analisados no estudo.
É feita uma divisão da área próxima ao local escolhido para o empreen-
dimento para facilitar o estudo, identificando a amplitude dos trabalhos de
Avaliação de Impacto Ambiental. Sendo assim, as áreas de estudo podem ser
classificadas em:

•  Área de influência direta (AD) – área na qual se insere o empreendimento


e também aquelas áreas cuja intensidade e magnitude dos impactos incidentes
as identifiquem como diretamente afetadas.
•  Áreas de influência indireta (AI) – área onde há influências do empreen-
dimento sobre o meio ambiente ou deste sobre o empreendimento. As influ-
ências ocorrem, na sua maioria, de forma indireta, com abordagem de estudos
regional (STAMM, 2003).

Há diferentes maneiras ou estilos para preparar os termos de referência. Alguns são ex-
tremamente detalhados, podendo estabelecer obrigações para o empreendedor e seu
consultor quanto à metodologia a ser utilizadas para levantamentos de campo, quanto
à forma e frequência de consultas públicas a serem realizadas durante o período de
preparação do estudo de impacto ambiental, e ainda quanto à forma de apresentação
dos estudos. Outros listam os pontos principais que devem ser abordados, deixando ao
empreendedor e seu consultor a escolha das metodologias e procedimentos (Sánchez,
2013). O atendimento às orientações dos termos de referência pode tomar várias for-
mas num EIA. Algumas exigências podem ser tratadas no texto principal, enquanto a
compreensão de estudos de detalhe pode ser facilitada se o estudo for apresentado de
forma completa em anexo.

58 • capítulo 3
3.1.1.2  Diagnóstico

O diagnóstico ambiental permite uma visão geral da área de estudo. São feitas
observações dos aspectos ambientais das situações que podem ser modifica-
das com a implantação do empreendimento.
No item referente ao diagnóstico ambiental deve ser realizado:

•  Completa descrição e análise dos recursos ambientais e de suas interações;


•  Caracterização ambiental da área antes da implantação do empreen-
dimento;
•  Descrição dos meios: físico, biológico e dos ecossistemas naturais e tam-
bém do meio socioeconômico.

Nesse capítulo trataremos, especificamente, do item diagnóstico dentro do


Estudo de Impacto Ambiental.

3.1.2  Métodos para Avaliação de Impacto Ambiental

Métodos são mecanismos estruturados para coletar, analisar, comparar e or-


ganizar informações e dados sobre os impactos ambientais de uma proposta,
incluindo os meios para apresentação escrita e visual dessas informações.
O primeiro passo para se realizar o diagnóstico ambiental é analisar o ce-
nário em questão, observar suas características físicas e a vida que ali existe,
fazendo um levantamento da área. Deve-se levar em conta o tipo de projeto que
está sendo proposto e os levantamentos direcionados para os impactos previs-
tos com aquele projeto.
Sánchez (2013) afirma que o conhecimento do meio afetado é extremamen-
te importante para fornecer informações para confirmar a identificação preli-
minar e para a previsão da magnitude dos impactos. Quanto mais se conhece
sobre um ambiente, maior é a capacidade de prever impactos e, portanto, de
gerenciar o projeto de modo a reduzir os impactos negativos.
É preciso dispor de uma estratégia de estudo para coordenar os vários pro-
gramas de coleta de dados (Sánchez, 2013). O autor relata que o planejamento
dos estudos deve responder a quatro questões perguntas:
1. Quais as informações necessárias e para qual finalidade serão
utilizadas?

capítulo 3 • 59
2. Como serão coletadas essas informações?
3. Onde serão coletadas?
4. Durante quanto tempo, com qual frequência e em que época do ano
serão coletadas?

O diagnóstico é realizado coma descrição e análise dos fatores ambientais


e suas interações, por meio de variáveis que descrevem o estado ambiental, ca-
racterizando a qualidade ambiental (BRAGA et al., 2006). O diagnóstico é divi-
dido em 03 partes, como vemos a seguir, como os aspectos analisados em cada
uma das partes.

Meio físico

•  Clima e condições meteorológicas da área potencialmente atingida pelo


empreendimento;

•  Qualidade do ar da região;
•  Níveis de ruído da região;
•  Formação geológica da área potencialmente atingida pelo
empreendimento;
•  Formação geomorfológica da área potencialmente atingida pelo
empreendimento;
•  Solos da região que serão potencialmente atingidos pelo empreendimento;
•  Recursos hídricos, abordando hidrologia superficial, hidrogeologia, oce-
anografia física, qualidade das águas e uso da água.

Meio biótico ou biológico

•  Os ecossistemas terrestres existentes na área de influência do


empreendimento;
•  Os ecossistemas aquáticos existentes na área de influência do
empreendimento;
•  Os ecossistemas de transição existentes na área de influência do
empreendimento;

60 • capítulo 3
Meio socioeconômico

•  Dinâmica populacional na área de influência do empreendimento;


•  Uso e ocupação do solo, com informações, em mapas, na área de influên-
cia do empreendimento;
•  O nível de vida na área de influência do empreendimento;
•  Estrutura produtiva e de serviços;
•  Organização social na área de influência do empreendimento.

Abaixo vemos um exemplo de estrutura de diagnóstico ambiental utilizada


em Estudos de Impacto Ambiental (EIA) (figura 3.2).

USINA HIDRELÉTRICA EASTMAN 1, QUEBEC, CANADÁ


Parte 3: Descrição do Meio
Capítulo 1: Zona de estudo
Capítulo 2: Meio físico
1. Geografia física geral
2. Geomorfologia
3. Clima
4. Hidrologia e regime térmico
5. Qualidade da água
Capítulo 3: Meio biológico
1. Vegetação
2. Ictiofauna
3. Avifauna
4. Grande fauna
5. Pequena fauna
6. Mercúrio no meio natural
Capítulo 4: Meio Humano
1. Histórico da ocupação do território
2. Perfil socioeconômico
3. Utilização do território
4. Paisagem
5. Arqueologia

Figura 3.2 – Exemplo de estrutura de diagnóstico ambiental em EIAs. Fonte: Sánchez (2013).

capítulo 3 • 61
CONEXÃO
O diagnóstico ambiental é de fundamental importância para uma boa avaliação de impactos
ambientais. Abdon (2004) faz uma excelente revisão sobre Avaliação de Impactos Ambien-
tais, Diagnóstico Ambiental e dá ênfase aos os impactos ambientais no meio físico – Erosão
e assoreamento.
Você pode ter acesso à tese na íntegra pelo link abaixo:
http://www.dsr.inpe.br/site_bhrt/download/Tese.pdf

3.1.3  Biomas brasileiros - Caracterização

Para se construir a caracterização ambiental é importante conhecer um pouco


mais sobre os biomas.
Coutinho (2006) relata que o termo fitofisionomia foi proposto praticamen-
te ao mesmo tempo que o termo formação. O termo bioma, proposto mais tar-
de, apenas adicionou a fauna à uniformidade fitofisionômica e climática, ca-
racterísticas desta unidade biológica. Várias modificações conceituais foram
apresentadas por diversos autores, ao longo do tempo, acrescentando outros
fatores ambientais ao conceito original, como o solo, por exemplo.
A seguir listaremos algumas características dos diferentes biomas brasilei-
ros (Ricklefs, 2010).

Biomas litorâneos

Biomas compostos pelos manguezais, dunas, praias, ilhas, costões rocho-


sos, recifes de corais, ...
Apresenta como características principais:
•  Rica biodiversidade;
•  Manguezal é um habitat muito procurado pela fauna marinha para pro-
criação e crescimento dos filhotes, serve como rota migratória de aves e para
alimentação de peixes.

62 • capítulo 3
Caatinga

Localizada no sertão no nordeste brasileiro, com vegetação de arbustos de


porte médio, galhos retorcidos, presença de ervas e cactos.
Apresenta:

•  Temperaturas altas e chuvas escassas, concentradas nos meses de verão;


•  Solos pedregosos e secos, ocasionando rápida evaporação;
•  Rios e córregos secam de 7 a 9 meses por ano e reaparecem na época de
chuvas;
•  Flora adaptada à escassez de água e fauna relativamente pobre.

Campos

Localizado na região Norte do país e nos campos sulinos.


Apresenta:

•  Pequenos arbustos, gramíneas e vegetação herbácea;


•  Clima quente no verão com inverno chuvoso;
•  Pecuária é uma atividade forte na região;
•  Queimadas nas pastagens impedem o crescimento da vegetação.

Cerrado

Encontrado nos estados de MT, MS, GO, TO com áreas no PA, MA, PI e SP.
Apresenta:

•  Gramíneas, arbustos e árvores retorcidas, longas raízes;


•  Clima tropical, de altas temperaturas, com forte estação seca; o solo
de pH baixo, baixa fertilidade, alumínio e pouca disponibilidade de água na
superfície;
•  Queimadas frequentes, naturais ou provocadas;
•  Alta biodiversidade;
•  Agricultura e pecuária foram responsáveis por devastação desse bioma.

capítulo 3 • 63
Amazônia

Presente na região norte do país e em mais 08 países vizinhos.


Apresenta:

•  Árvores de grande porte;


•  Clima quente e úmido o ano todo;
•  Vegetação é extremamente diversificada: matas alagadas, várzeas e iga-
pós e florestas de terra firme;
•  Biodiversidade é enorme;
•  Até 2003: 16% da área total já tinham sido devastados;
•  Falta de fiscalização (baixo n° fiscais e locais de difícil acesso).

Mata dos Pinhais

Conhecida como Mata de Araucárias, em função da grande presença da


Araucária angustifolia neste bioma. Presente no Sul do Brasil.
Apresenta:

•  Presença de pinheiros, em grande quantidade (floresta fechada);


•  Clima característico subtropical.

Mata Atlântica

Hoje corresponde a apenas 7% da área original.


Apresenta:

•  Rica biodiversidade, floresta fechada;


•  Grande número de espécies endêmicas;
•  Clima e temperatura variam de acordo com a região;
•  Taxas de desmatamento caíram nas últimas 2 décadas.

Mata dos Cocais

Bioma encontrado na região norte dos estados do MA, TO e PI.

64 • capítulo 3
Apresenta:

•  Características da Floresta Amazônica, Cerrado e da Caatinga, conhecido


como bioma de transição;
•  Presença de palmeiras com folhas grandes e finas;
•  Espécies mais comuns são: carnaúba, babaçu e buriti.

Pantanal

Presente nos estados de MT e MS.


Apresenta:

•  Presença de gramíneas, arbustos e palmeiras;


•  Chuvas abundantes no final da primavera e verão, com alagamento de
grandes áreas e clima seco no restante do ano;
•  Período seco: áreas alagadas formam lagoas, fundamentais para a flora e
fauna;
•  Grande biodiversidade adaptada às mudanças entre os períodos alagados
e secos;
•  UNESCO: declarou o Pantanal como “Reserva da Biosfera”.

3.2  Métodos de Avaliação de Impacto


Ambiental
Impactos ambientais podem surgir em todas as fases de um empreendimento:

•  Fase de planejamento
•  Fase preparatória
•  Fase de implantação
•  Fase de operação
•  Fase de desativação
•  Fase de fechamento

Stamm (2003) menciona que existem vários métodos conhecidos para


Avaliação de Impacto Ambiental (AIA). Devido à extensa variedade de tipos de
projetos, as diferentes escalas de cada um, a quantidade de impactos ambientais

capítulo 3 • 65
possíveis de ocorrer e suas respectivas quantidades e qualidades de informações
em cada um desses projetos, não existe um método específico para ser utilizado
em todos os tipos de projeto. Cada método tem seus pontos fortes e fracos e exis-
te uma gama de projetos onde sua aplicação é mais proveitosa.
Os métodos de AIA são utilizados para identificar, coletar, organizar e apre-
sentar dados sobre impactos ambientais, de maneira compreensível e objetiva.
Os principais métodos utilizados em AIA são:

•  Ad Hoc
•  Listas de controle (Checklist)
•  Simples
•  Descritivas
•  Escalares
•  Questionários
•  Multiatributos
•  Matrizes de Interação
•  Redes de Interação
•  Sobreposição de mapas
•  Diagramas de sistema
•  Modelos de Simulação
•  Combinação de Métodos

A seguir, descrição de cada um deles.

Método Ad hoc

Consiste em reuniões de um grupo de especialistas, com formações varia-


das os quais realizam a avaliação, inicialmente, dos principais impactos do
empreendimento.
Pode ser considerado como um método indicado para uma análise prévia
dos impactos prováveis de um projeto, sendo útil na definição da melhor alter-
nativa a ser adotada. Geralmente é usado quando as informações disponíveis
são poucas ou quando a experiência existente sobre o projeto é insuficiente
para utilização de métodos mais sofisticados (STAMM, 2003).
Como desvantagem desse método pode ser citada uma possível subjetivida-
de dos resultados, que vai depender principalmente da qualidade do grupo de
especialistas reunido e do nível de informação existente para o projeto.

66 • capítulo 3
A tabela 3.1 ilustra a aplicação desse método.

IMPACTO AMBIENTAL
ÁREA AMBIENTAL EL EP EN B EA P CP LP R I
Vida selvagem x x x
Espécies ameaçadas x
Vegetação x x x
Vegetação exótica x
Aragem x x x x
Características do solo x
Drenagem natural x
Água subterrânea x x
Ruído x x
Pavimentação x
Recreação x
Qualidade do ar x x x x
Comprometimento estático x
Áreas virgens x x x x
Saúde e segurança x
Valores econômicos x x x
Utilidades publicas (incluindo escolas) x x x
Serviços públicos x
Compatibilidade com planos regionais x x x
EL Efeito Nulo EP Efeito Positivo EN Efeito Negativo B Efeito Benéfico EA Efeito Adverso
P Problemático CP Curto Prazo LP Longo Prazo R Reversível I Irreversível

Tabela 3.1 – Ilustração do método Ad Hoc de impactos ambientais X área ambiental.


Fonte: Braga (2006).

Método Checklist ou Listagens de Controle

Apresentam uma relação dos impactos mais relevantes de um empreendi-


mento, podendo associá-los às características ambientais afetadas e às ações
que os provocam.
Podem constar de uma simples relação de impactos, como também atribuir
pontos aos mesmos, de forma a indicar sua magnitude, ou, ainda, fazer uma
comparação entre diversas alternativas para um empreendimento. Podem ser
apresentadas, também, na forma de questionários. A desvantagem é que não
existe a possibilidade de diferenciar impactos diretos dos impactos indiretos.
As listas de controle simples levam em conta apenas os atributos ambien-
tais, não considerando o comportamento de casa impacto ambiental. As listas
de controle descritivas apresentam os fatores ambientais e as consequências

capítulo 3 • 67
ligadas à implantação do projeto. Listas de controle escalares servem para
análise de projetos com várias alternativas de viabilização, permitindo a com-
paração entre elas. Questionários são usados na falta de dados específicos e
confiáveis, ou devido aos custos elevados para obtenção da informação. Listas
de multiatributos devem ser empregadas na análise de projetos que envolvam
mais de uma alternativa, com diferentes tipos de impactos que necessitem ser
avaliados (STAMM, 2003).
A seguir, dois exemplos de listagem de controle (tabelas 3.2 e 3.3).

CONSTRUÇÃO OPERAÇÃO
IMPACTO AMBIENTAL EFEITO EFEITO EFEITO EFEITO EFEITO EFEITO
ADVERSO NULO BENÉFICO ADVERSO NULO BENÉFICO
B – USO DA TERRA
a) Espaço aberto
b) Recreacional
c) Agrícola
d) Residencial
e) Comercial
f) Industrial
C – RECURSOS DE ÁGUA
a) Qualidade
b) Irrigação
c) Drenagem
d) Água do solo
D – QUALIDADE DE AR
a) Óxidos (sultato,
carbono, nitrogênio)
b) Água de percolação
c) Químico
d) Odores
e) Gases
E – SERVIÇOS
a) Escolas
b) Polícias
c) Proteção ao fogo
d) Abastecimento de
água e de energia
e) Sistema de esgotos

Tabela 3.2 – Listagem de controle por área de impacto. Fonte: Braga (2006)

68 • capítulo 3
ECOSSISTEMAS TERRESTRES
a) Qualquer dos ecossistemas listados a seguir pode ser classificado como significativo ou único pela
natureza de seu tamanho, abundância ou tipo?
•  floresta Sim ____ Não ____ Desconhecido
•  savana Sim ____ Não ____ Desconhecido
•  campo Sim ____ Não ____ Desconhecido
•  deserto Sim ____ Não ____ Desconhecido

b) Estão esses ecosssistemas:


•  integrados moderadamente? Sim ____ Não ____ Desconhecido
•  integrados? Sim ____ Não ____ Desconhecido
•  gravemente integrados? Sim ____ Não ____ Desconhecido

c) Observa-se a tendência de alteração desses ecossistemas por corte, queimada etc. para uso
agrícola, industrial ou urbano?
Sim ____ Não ____ Desconhecido

d) A população local usa esses ecossistemas para extração de:


•  plantas comestíveis? Sim ____ Não ____ Desconhecido
•  plantas medicinais? Sim ____ Não ____ Desconhecido
•  madeira? Sim ____ Não ____ Desconhecido
•  fibra? Sim ____ Não ____ Desconhecido
•  pele? Sim ____ Não ____ Desconhecido
•  animais comestíveis Sim ____ Não ____ Desconhecido

Tabela 3.3 – Exemplo de listagem de controle na forma de questionários. Fonte: Braga


(2006).

Método de Matriz de interação

Permitem associar as ações de um empreendimento às características am-


bientais de sua área de influência, através de uma listagem bidimensional.
Em um dos eixos, são relacionadas as características do ambiente e, no ou-
tro, as ações do projeto, em suas diversas fases. Na quadrícula de interseção
dos dois eixos, são assinalados os impactos ambientais que podem ocorrer,
avaliando-se os mesmos quanto ao tipo, magnitude, duração, etc. é interessan-
te que, nessa representação, uma determinada ação pode causar impacto sobre
diferentes componentes, porém os mecanismos como se manifestam os im-
pactos não são descritos (tabela 3.4). Como em métodos anteriores, há o risco
de subjetividade na fixação dos valores.

capítulo 3 • 69
COMPONENTES
FÍSICO BIÓTICO SOCIOECONÔMICO

Ecossistema maguezal e de transição

Condições de vida da população


Ecossistema terrestre/restinga
Clima/qualidade do ar/ruído

Pesca artesanal e esportiva


Geologia/recursos naturais

Uso e ocupação do solo

Patrimônio paisagismo
Patriônio arqueológico
Ecossistema aquático
Recursos hídricos

Porto de Santos
Economia local
Natureza do impacto
P (positivo) – N (negativo)
Possibilidade de ocorrência
C (certa) – Pr (provável) – In (incerta)
P P
Recrutamento de mão de obra
C C

Implantação e operação do canteiro N N N N/P N P

de obras e instalações provisórias Pr C Pr Pr Pr Pr

N N N N N N N N
Desmatamento e limpeza do terreno
Pr Pr C C Pr In C Pr

Utilização de áreas de empréstimo/ N P N N N

jazidas mineiras Pr C In In In

Bota-fora do material de limpeza do


FASES – IMPLANTAÇÃO

N N N N N

terreno e do entulho das obras Pr In In In In

N N N
Implantação de diques periféricos
Pr Pr Pr

Execução de dragagem na área entre N N

o canal e o cais Pr Pr

N N
Execução do aterro hidráulico
Pr Pr

Bota-fora do material de dragagem N N

não aproveitáveis Pr Pr P

Implantação das obras civis N P C

(cais, pavim, armazéns, tancagem) Pr C Pr

Dispensa de mão de obra da N N

construção civil C C

Tabela 3.4 – Matriz de interação de impactos da fase de implantação de um terminal portu-


ário. Fonte: Sánchez (2013).

70 • capítulo 3
Método de Redes de interação

Procuram estabelecer a sequência de impactos ambientais a partir de uma


determinada ação ou intervenção. As redes viabilizam a identificação de inte-
rações entre impactos, e permitem uma abordagem integrada na análise dos
impactos e de suas interações. Pode ser utilizado junto com outros métodos.
São utilizados diagramas, gráficos ou fluxogramas, mostrando a cadeia de mo-
dificações que ocorrem, ou seja, os impactos diretos e indiretos que podem re-
sultar de um empreendimento (quadro 05).
Como desvantagem, pode ser apresentado que as redes de interação não
consideram o fator tempo na análise, e também não definem sua importância
relativa.

Implantação de grande projeto Atração de mão de obra


industrial ou grande obra civil para construção

Atração de pessoas em busca de


empregos e oportunidades

Ocupação de áreas para moradia


de população de baixa renda

Lançamento de resíduos sólidos


e esgotos não tratados

Poluição hídrica e degradação das


condições sanitárias dos corpos d'água

Aumento da incidência de doenças Aumento da demanda por


de veiculação hídrica serviços de saúde

Figura 3.5 – Diagrama de interação indicando consequências sociais da implantação de um


grande projeto. Fonte: Sánchez (2013).

capítulo 3 • 71
Método de Superposição de mapas

Elaboração de vários mapas de uma mesma área, cada um destacando um


aspecto ambiental da mesma. Superposição dos mapas permite identificar as
áreas de maior valor ambiental, nas quais os impactos são mais significativos.
Método utilizado no planejamento territorial, na realização de diagnósticos
ambientais e na definição de locais adequados para implantação de determina-
dos empreendimentos. Stamm (2003) afirma que é o método com maior nível
de precisão quando comparados ao demais (figura 3.3).
A maior desvantagem de sua utilização é a despesa envolvida para a realiza-
ção de um estudo nesse nível, e também, esse método não admite fatores am-
bientais que não possam ser mapeados, possui uma difícil integração dos im-
pactos socioeconômicos e não considera a dinâmica dos sistemas ambientais.

Customers

Streets

Parcels

Elevation

Land usage

Real world

Figura 3.3 – Exemplo do método de sobreposição de mapas para análise dos impactos am-
bientais. Fonte: http://cier.uchicago.edu/gis/gis.htm

72 • capítulo 3
Método de Modelos de Simulação

Simulam o comportamento de determinado sistema ambiental, após uma


ou mais modificações provocadas no mesmo. Pode apresentar bons resultados
para a previsão em determinadas situações específicas, tais como, a autodepu-
ração de um recurso hídrico, a dispersão de poluentes atmosféricos, entre ou-
tras. É o único método que pode introduzir a variável temporal para considerar
a dinâmica dos sistemas. Apresenta aplicação algumas vezes difícil devido à
grande quantidade e variedade de parâmetros físicos, biológicos e socioeconô-
micos envolvidos.
Por ser um método mais sofisticado e dispendioso que os demais, é utiliza-
do geralmente para projetos de grande porte.

Combinação de Métodos

Quando realizada a utilização de dois ou mais métodos. Aplicado principal-


mente para avaliar impactos negativos de projetos (uso simples ou múltiplo).
Principal vantagem: maior simplicidade, rapidez e baixo custo na avaliação de
impactos negativos; boa visualização. Porém é realizada uma avaliação globali-
zada pouco segura.

O método Battelle é um dos métodos de Avaliação de Impacto Ambiental mais utiliza-


dos. O conceito básico do Battelle é que um índice expresso nas unidades de impacto
ambiental (EIUs) pode ser desenvolvido para cada alternativa como base da condição
ambiental.
É um método hierarquizado cujo procedimento conduz a obtenção de uma
valorização e avaliação integrada dos impactos, resultando na representação
de um índice correspondente a avaliação total dos impactos ambientais. Asso-
cia valores às considerações qualitativas, formuladas para a avaliação de im-
pactos do projeto, dividindo o meio ambiente em 04 categorias: ecologia, conta-
minação ambiental, aspectos estéticos e aspectos de interesse humano. Cada
categoria contém um número de componentes, selecionados especificamente para
administração dos recursos hídricos, totalizando em 18 componentes, que se subdi-
videm em 78 parâmetros (KLING, 2005). Então, a determinação do grau de impac-
to líquido para cada parâmetro ambiental é dada pela expressão: UIA = UIP x Q.A.

capítulo 3 • 73
Onde: UIA = unidade de impacto ambiental / UIP = unidade de importância /
Q.A. = índice de qualidade ambiental.
A contabilização final é feita através do cálculo de um índice global de impacto.
UIA (projeto), dado pela diferença entre a UIA total com a realização do projeto e a UIA
sem a realização do projeto, ou seja: UIA (com projeto) - UIA (sem projeto) = UIA (por
projeto)

Comparando os métodos apresentados, pode-se afirmar que nenhum deles


é necessariamente o melhor método para ser usado em todas as ocasiões.
A escolha do método pode depender de vários fatores e incluir (STAMM, 2003):

•  Tipo e tamanho do projeto;


•  Qual o objetivo da avaliação;
•  Alternativas que também devem ser avaliadas;
•  A natureza dos impactos prováveis;
•  A natureza e a conveniência do método de identificação do impacto;
•  A experiência da equipe de AIA com o método de avaliação escolhido;
•  Os recursos disponíveis: custo, informação, tempo, pessoal;
•  O tipo de envolvimento público no processo;
•  A experiência do empreendedor com o tipo de projeto e tamanho dele.

CONEXÃO
Você pode ver a aplicação prática de um dos métodos de Avaliação de Impacto Ambiental
nessa pesquisa que avaliou os impactos ambientais que originam a poluição e o compro-
metimento dos recursos naturais da bacia hidrográfica do rio Piabanha, RJ. O modelo de
desenvolvimento adotado associado à rápida urbanização ocorrida nas sete cidades que
formam esta bacia acarretaram uma série de problemas ambientais e para a qualidade de
vida da população. Esse estudo buscou contribuir para o desenvolvimento de ferramentas
de AIA, através da aplicação do Método de Battelle, e de forma a quantificar os parâmetros
de impactos ambientais e definir um índice de impacto global. Também é importante realçar
que os agentes causadores da degradação ambiental repercutem, diretamente, na saúde da
população. O estudo, na íntegra, pode ser acessado pelo link abaixo:
http://arca.icict.fiocruz.br/bitstream/icica/4961/2/841.pdf

74 • capítulo 3
ATIVIDADES
01. Quais fatores devem ser considerados na escolha do método de avaliação dos impactos
ambientais?

02. Descreva três dos principais métodos de avaliação de impactos ambientais e aponte
suas principais vantagens e desvantagens.

REFLEXÃO
Para realização da Avaliação de Impacto Ambiental (AIA), é necessário compreender como
e quando cada método é mais adequado para ser utilizado como uma ferramenta para iden-
tificação de impactos e suas causas. Segundo Stamm (2003), há três tarefas principais nor-
malmente envolvidas na fase de avaliação:

•  Identificar os impactos ambientais diretos, indiretos, cumulativos e outros e assegurar as


causas prováveis dos impactos;
•  Analisar detalhadamente os impactos para determinar sua natureza, magnitude, extensão
e efeito;
•  Julgar a significância dos impactos (sua importância, necessidade e possibilidade de mi-
tigação).

Sempre almejando o aprimoramento da qualidade das Avaliações de Impacto Ambiental,


ao longo do tempo, novos métodos formais foram desenvolvidos e a eficiência e/ou eficácia
dos métodos existentes foi adaptada ou aprimorada. Em alguns casos houve adaptação de
métodos para utilização em setores específicos, aumentando a eficiência e a precisão do
processo de identificação de impacto.
Vale lembrar que não existe um método mais adequado que outro para todos os tipos de
projetos nem um método ideal para todas as fases do empreendimento. E ainda, em algumas
ocasiões não será possível proceder à coleta de dados. Assim sendo, o especialista de AIA,
ou a equipe, deverá empregar seu próprio julgamento para fazer previsões e construções de
cenários. Nos casos em que isto ocorrer deverão ser incluídas as explicações pertinentes.

capítulo 3 • 75
LEITURA
PIMENTEL, G.; PIRES, S. H. Metodologias de avaliação de impacto ambiental – aplicações
e seus limites. Revista de Administração Pública, volume 26, número 1, pag. 56-68, jan/mar
1992.
O artigo escolhido trata da conceituação da avaliação de impacto ambiental, mostra
quais são os métodos mais utilizados e citados na literatura. Distingue entre metodologia,
métodos e técnicas, apontando as vantagens e desvantagens dos diversos métodos e técni-
cas. Termina o artigo mostrando uma avaliação da aplicação desses métodos no âmbito dos
empreendimentos do setor elétrico.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABDON, M. M. Os impactos ambientais no meio físico – erosão e assoreamento. Tese de
Doutorado, EESC-USP, 332pp., 2004.
BRAGA, B. et al. Introdução à Engenharia Ambiental. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2ª edição,
318 pp., 2006.
COUTINHO, L. M. O conceito de bioma. Revista Acta Botanica Brasilica, v.20, n.1, p. 13-23, Jan./
Mar. 2006.
KLING, A. S. M. Aplicação do Método Battelle na avaliação do impacto ambiental na Bacia hidrográfica
do rio Piabanha. Dissertação de Mestrado, Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz,
121pp., 2005.
PIMENTEL, G.; PIRES, S. H. Metodologias de avaliação de impacto ambiental – aplicações e
seus limites. Revista de Administração Pública, v. 26, n. 1, p. 56-68, jan/mar 1992.
RICKLEFS, R. E. Economia da Natureza. Editora Guanabara Koogan, 6ªedição, 570pp., 2010.
SANCHES, L. E. Avaliação de Impacto Ambiental – conceitos e métodos. Oficina de textos,
2ªedição, 583 pp., 2013.
STAMM, H. R. Método para avaliação de impacto ambiental (aia) em projetos de grande porte: Estudo
de caso de uma usina termelétrica. Tese de Doutorado, UFSC, 265 pp., 2003.

76 • capítulo 3
4
Cenários e
Prognósticos –
Considerações de
Risco, Incerteza e
Irreversibilidade
No capítulo 04 iremos aprofundar nosso estudo sobre Avaliação de Impacto
Ambiental. Já analisamos os itens iniciais de um EIA, como: diagnóstico am-
biental e a caracterização dos diferentes meios (físico, biótico e socioeconômi-
co). Vimos os principais métodos de análise dos impactos ambientais.
Agora iremos analisar as técnicas de prognóstico ambiental, com ênfase na
construção de cenários ambientais, cenários contando com a mitigação dos
impactos ambientais, cenários sem correção dos impactos, etc. Também trata-
remos das avaliações de risco ambiental, análise de viabilidade de um plano e
irreversibilidade de impactos ambientais.
Vamos lá?

OBJETIVOS
•  Compreender o que são cenários ambientais e qual a importância da construção de cená-
rios para uma Avaliação de Impacto Ambiental.;
•  correlacionar os termos: diagnóstico e prognóstico ambiental com os diferentes tipos de
cenários;
•  conhecer diferentes métodos prospectivos e suas características principais;
•  Analisar o fator: risco ambiental e sua importância numa Avaliação de Impacto Ambiental;
•  Compreender a função de uma Análise de Risco Ambiental (ARA);
•  Discorrer incerteza, irreversibilidade de impactos, viabilidade de um plano.

78 • capítulo 4
4.1  Cenários e Prognósticos –
considerações de risco, incerteza e
irreversibilidade
Até os anos de 1950, as técnicas de planejamento se baseavam na projeção
para o futuro, do que havia ocorrido no passado. Porém as projeções eram feitas
sempre dentro de certos limites e horizontes de tempo curtos (CARDOSO et al.,
2005). Com as mudanças políticas, econômicas, o desenvolvimento tecnológico,
surgiu a necessidade de planejamentos a longo prazo e, as técnicas tradicionais
passaram a não atender mais as demandas das organizações nessa área.
Surge então, a visão prospectiva de planejamento. Trata-se de planejar, mas
lidando sempre com a realidade turbulenta e em constante modificação. Desse
modo o futuro não pode mais ser considerado uma continuação do passado.
Devemos trabalhar com as ideias de futuros múltiplos e incertos, e a projeção
do passado é apenas uma das possibilidades dentro desse rol todo (figura 4.1).

Alternativas de construção do futuro

Passado Presente Futuro Passado Presente Futuros

Futuro: único e certo Futuro: múltiplo e incerto

Figura 4.1 – Alternativas para a construção de futuros. Fonte: Cardoso et al. (2005).

Cardoso et al. (2005) também afirma que, já que o futuro não está defini-
do pelo passado, é possível atuar sobre as variáveis que determinam o futuro,

capítulo 4 • 79
construindo futuros desejáveis ou evitando futuros indesejáveis, trabalhando en-
tão com o chamado Planejamento Prospectivo. No Brasil, o uso do planejamento
prospectivo é ainda relativamente recente, mas já vem sendo usado por impor-
tantes organizações e empresas, como Petrobrás, Banco do Brasil, EMBRAPA.
Fazer previsões sobre o futuro é uma profissão antiga. Os primeiros estudio-
sos que buscaram padrões objetivos para prospecção do futuro foram os egíp-
cios, que empregavam sua experiência na avaliação das condições gerais do Rio
Nilo, na sua cabeceira, em busca de perspectivas para cheias ou estiagens, fa-
tores determinantes para as futuras colheitas e para toda a economia da nação
(GRISI & BRITTO, 2003).
Grisi & Britti (2003) mostram em seu trabalho diversas técnicas e metodolo-
gias de pesquisa que vem sendo usadas com o intuito de realizar prospecções
ambientais e de futuro. São identificadas 14 técnicas de análise das variáveis am-
bientais utilizados por grandes empresas: Opinião de Especialistas, Extrapolação
de Tendências; Cenários alternados; Cenários simples; Simulação de mode-
los; Brainstorming; Modelos causais; Projeções Delphi; Análise de Impactos
Cruzados; Análise de Inputs e Outputs; Previsões exponenciais; Monitoramento
de sinais; Árvore de relevância; Análise morfológica. Diversos autores também
propõem uma divisão nas técnicas de previsão quantitativas e qualitativas.

4.1.1  Cenários ambientais e construção de cenários

Cenários são recortes diferentes que elucidam os dados coletados, enquanto


vai compondo o quadro final, permitindo a avaliação da validade ou não de um
empreendimento.
A construção de cenários prospectivos é uma estratégia extremamente efi-
caz para a análise dos impactos decorrentes de uma ação num determinado
ambiente e para ajudar na visão de possíveis soluções para minimizar efeitos
nocivos dessas ações.
Para a construção de cenários deve-se realizar:

•  Uma análise completa do estado atual do ambiente em questão;


•  Diferentes representações com as mudanças prováveis no sentido de ava-
liar os pontos relevantes do ponto de vista ambiental.
•  A construção de cenários envolve:
•  A participação de consultores técnicos;

80 • capítulo 4
•  Especialistas de diversas áreas;
•  Acadêmicos;
•  Demais possíveis envolvidos.
•  Cada cenário procura estabelecer uma sucessão lógica de eventos, par-
tindo-se do presente, e torna-se possível prever como se pode atingir, passo a
passo, uma situação futura.
•  Nesse sentido, um cenário completo abrange cinco componentes:
•  A filosofia do cenário, que sintetiza o movimento ou a direção do sistema
considerado;
•  Um cenário não seria uma ferramenta capaz de sanar todos os problemas
de uma única vez, havendo a necessidade de construí-lo com a finalidade espe-
cífica de resolver uma questão ou decisão a ser tomada.
•  Um conjunto de variáveis ou fatores chave que representam os elementos
essenciais do sistema;

Há diversos fatores chave que conduzirão a situação atual até o momento fu-
turo que se avalia. Alguns desses fatores não irão mudar dentro desse período
de tempo, sendo considerados aqui como Constantes. Exemplos típicos são: o
clima, a geografia em geral, mas podem ser elencados aqui outros itens que, den-
tro do período de tempo estudado, não irão se transformar. Os fatores Evolutivos
são aqueles que tendem a mudar, mas de modo razoavelmente previsível, como o
crescimento da população, os índices de preços (para períodos curtos de tempo)
entre outros. Já os fatores Erráticos são aqueles cuja performance ao longo do
período avaliado é totalmente imprevisível, requerendo a construção de cenários
alternativos que contemplem suas múltiplas possibilidades.

•  Um conjunto de atores, representados pelas entidades responsáveis pelas


decisões;
•  Um conjunto de cenas, cada uma considerando um determinado instante
de tempo;
É o momento da elaboração do “conjunto de futuros” sobre o qual a orga-
nização irá debruçar-se, articulando um profundo conhecimento do presente
com as prospecções em torno dos fatores constantes, evolutivos e erráticos.
•  Uma trajetória, com o percurso ao longo do tempo do sistema considera-
do, descrevendo a dinâmica desse sistema e partindo da cena inicial até a final.

capítulo 4 • 81
Podemos então, definir a técnica de cenários como sendo um conjunto de
técnicas investigativas que visam a identificar os vários futuros possíveis e os
caminhos que nos conduzirão até algum deles.

OS CENÁRIOS A SEREM CONSIDERADOS, SE DEFINEM EM:

que retrata o quadro ambiental diagnosticado na área de


CENÁRIO ATUAL influência, em especial a qualidade de vida vigente, que es-
tará sujeita às transformações ambientais.

que constitui o prognóstico do cenário atual, sem conside-


CENÁRIO rar a implementação do empreendimento planejado, mas
TENDENCIAL OU apenas as transformações naturais que a região estará
NATURAL propensa.

que constitui o prognóstico do território transformado face à


CENÁRIO DE implementação das atividades ferroviárias planejadas, sem
SUCESSÃO OU a aplicação de quaisquer medidas de proteção ambiental, a
IRREAL não ser aquelas constantes do projeto de engenharia.

que se constitui no quadro ambiental possível de ser atin-


gido em convivência com as atividades transformadoras e
CENÁRIO ALVO resultantes da aplicação de um plano ambiental básico, que
garantirá a sustentabilidade ambiental do território.

Desse modo pode-se dizer que o diagnóstico ambiental, etapa inicial de


uma Avalição da de Impacto Ambiental, é dado pelo cenário atual. Já o cenário
alvo pode ser considerado como o prognóstico ambiental, apontando um qua-
dro possível a partir do planejamento ambiental.
E por fim, o cenário natural representa possibilidade de não efetivação do
empreendimento na área em questão.

82 • capítulo 4
4.1.2  Métodos prospectivos

Há uma grande quantidade de métodos e técnicas utilizados para prospecção


de futuro. E deve-se ressaltar que mais de uma técnica pode ser utilizada num
mesmo estudo, dependendo de sua fase e de seus objetivos.
Agora trataremos de dois desses métodos.

4.1.2.1  Método Delphi

Cardoso et al. (2005) relata que esse método tem sido um dos instrumentos
mais utilizados na realização de estudos prospectivos.
Sua estrutura básica é bastante simples. Um questionário interativo circula
repetidas vezes por um grupo de peritos em busca da formação de consenso en-
tre os participantes. Na primeira rodada, os especialistas recebem um questio-
nário, preparado por uma equipe de coordenação, e a eles é solicitado respon-
der individualmente todas as questões. As respostas das questões quantitativas
são tabuladas, recebendo um tratamento estatístico simples, definindo-se a
mediana e os quartis, e os resultados são devolvidos aos participantes na roda-
da seguinte. Quando há justificativas e opiniões qualitativas associadas a previ-
sões quantitativas, a coordenação busca relacionar os argumentos às projeções
quantitativas correspondentes. A cada nova rodada, as perguntas são repetidas
e os participantes devem reavaliar suas respostas à luz das respostas numéricas
e das justificativas dadas pelos demais respondentes na rodada anterior. São
solicitadas novas previsões com justificativas, particularmente se estas previ-
sões divergirem das respostas centrais do grupo.
Esse processo é repetido por sucessivas rodadas do questionário e a respos-
ta da última rodada é considerada como a previsão do grupo para o cenário em
questão.
Cardoso et al. (2005), apontam quem são necessárias três condições para
que se assegure a autenticidade do método:

•  Deve ser assegurado o anonimato dos respondentes, para evitar a influên-


cia prévia de um sobre o outro ou eventuais constrangimentos;
•  Retorno ou feedback das respostas, para que os especialistas possam rea-
valiar suas respostas mediante a opinião do grupo;

capítulo 4 • 83
•  Tratamento estatístico das respostas, posicionando cada especialista em
relação ao grupo. Assim a equipe de coordenação também pode acompanhar a
evolução das respostas buscando um consenso do grupo.

Vantagens do método

Entre as principais vantagens do método Delphi, podem ser destacadas:

•  Propicia a reflexão individual e coletiva sobre os temas tratados, sem as


desvantagens que as reuniões presenciais costumam apresentar – principal-
mente o predomínio de algumas opiniões individuais em detrimento das opi-
niões dos demais indivíduos e do grupo – além das dificuldades de organização
e dos custos que acarretam;
•  Propicia a integração e a sinergia de ideias e visões entre os especialistas e
consequentemente dos setores, organizações e visões que estes normalmente
representam;
•  Agrega conhecimento ao processo, não só pelas respostas – que incorpo-
ram esforço de reflexão e opiniões de especialistas nos temas tratados – mas
também porque o próprio processo enseja, através das rodadas, a reformulação
e o aprimoramento das questões formuladas (Cardoso et al., 2005).

Limitações e riscos do Método Delphi

Grisi & Britto (2003) relatam que, apesar de todas as suas vantagens, o uso incor-
reto da técnica pode gerar graves problemas aos organizadores.

•  Há a possibilidade de forçar o consenso indevidamente, pois os respon-


dentes, se não corretamente orientados, podem acreditar que o objetivo é con-
senso, custe o que custar, e sentir-se-ão forçados a tal;
•  Dificuldade de redigir um questionário sem ambiguidades e não viesado
sobre tendências futuras. Como os dados são, muitas vezes, intuídos pelos or-
ganizadores, podem trazer implícitos pontos de vista, que nortearão indevida-
mente o debate;
•  A demora excessiva para a realização do processo completo, especial-
mente no caso de envio do questionário via correio, é outro inconveniente da
técnica;

84 • capítulo 4
•  Sucessivas rodadas, envolvendo especialistas de fora da instituição, sem
uma remuneração ou contrato, frequentemente implicam a desistência não
anunciada de alguns participantes, sendo comum que, entre a primeira e a úl-
tima rodadas, o abandono gire em torno de 50% dos participantes originais;
•  É ideal também que não se elabore um número excessivo de questões. Um
número em torno de 25 questões costuma ser o mais plausível;
•  Os prazos para realização de pesquisas usando esse método costumam
ser elevados, pois envolvem a elaboração do questionário, sua aplicação, tabu-
lação, análise das respostas, reformulação, replicação do questionário, elabo-
ração das conclusões e parecer final.

A seguir um exemplo da aplicação de um questionário utilizando o método


Delphi (tabela 4.1).

EXEMPLO QUALITATIVO
EXEMPLO 1: PERGUNTA SOBRE FINANCIAMENTO

Entende-se como amplitude do financiamento a capacidade de expandí-lo a faixas de


renda mais baixas do que as atualmente atendidas. O financiamento privado é aque-
le feito com recursos privados, sujeitos à regulamentação governamental, tal como o
SBPE, SFI e qualquer outro fundo privado. Atualmente o financiamento privado atende
faixas de renda superiores a 10 SM. O financiamento público é aquele feito com recur-
sos públicos (FGTS, PAR, OGU, etc) e atualmente atende majoritariamente faixas de
renda entre 5 e 10 SM e acima de 10 SM. Entende-se que o aumento da amplitude
implica em aumento do volume de recursos.

A amplitude do financiamento público depende dos seguintes fatores:


a) disponibilidade de recursos públicos para financiamento e subsídios habitacionais
para baixa renda que depende de prioridades governamentais privilegiando investimen-
to social, em todas as esferas do governo1.
b) taxa de crescimento da economia, uma vez que o aumento da disponibilidade de
recursos depende do aumento da arrecadação particular, que são função do aumento
da atividade econômica.
c) nível de garantias de empréstimos habitacionais, conforme visto na pergunta anterior.

capítulo 4 • 85
Pergunta: Considerando as variáveis apresentadas e sua evolução, qual é, na sua opi-
nião, a amplitude atual do financiamento público e qual seria a futura para os três
cenários apresentados? Use a escala a seguir.
1 2 3 4 5
Muito baixa Baixa Média Alta Muito alta

Amplitude do financiamento público


Situação Futuro (2013)
Atual Cenário 1 Cenário 2 Cenário 3

Observações:

1 - Deve ser considerada, além da disponibilidade de recursos federais, a possibilidade de


alocação de recursos de estados e municípios. Um exemplo disso é a política adotada no estado
de São Paulo, que destina 1% do ICMS para habitação popular. Os estados de Minas Gerais e
Paraná também já aprovaram leis com esse objetivo.

EXEMPLO QUANTITATIVO
EXEMPLO 2: PERGUNTA SOBRE DÉFICIT HABITACIONAL

O déficit habitacional – necessidade de novas habitações – é estimado em 6,6 milhões


de unidades, dos quais 5,4 milhões em áreas urbanas. Mais de 80% do déficit cor-
responde à faixa de renda de 1 a 3 salários mínimos. Há ainda aproximadamente
13 milhões de domicílios existentes que são considerados inadequados, por adensa-
mento excessivo, inadequação fundiária, carência de infraestrutura e inexistência de
unidade sanitária domiciliar (banheiro). É apresentada abaixo a evolução do déficit ha-
bitacional brasileiro desde 1985.

86 • capítulo 4
6,0
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
0,0
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1995
1996
1997
1998
1999
2000
Fontes e notas: Adaptado de Construbusiness(1999), Um mapeamento do déficit habitacional
brasileiro 1981-1995, Robson R. Gonçalves, 1998 e Fundação João Pinheiro. Déficit
habitacional no Brasil 2000. Fundação João Pinheiro, BH, 2001. Os valores de 1991 e 2000
foram obtidos com metodologia diferentes dos demais anos.

Pergunta: Tendo em vista que as causas do déficit habitacional são as mesmas que
determinam o acesso à habitação, já avaliadas nas questões anteriores, como este
evoluirá no futuro, considerando os três cenários apresentados?

Déficit habitacional urbano


Situação Atual Futuro (2013), em milhões de unidades
(milhões de unidades) Cenário 1 Cenário 2 Cenário 3

5,4

Observações:

Tabela 4.1 – Exemplo de perguntas de um questionário aplicado usando método Delphi.


Fonte: Cardoso et al. (2005).

capítulo 4  • 87
4.1.2.2  Métodos de Cenários múltiplos

Nesse método são construídas imagens de futuros alternativos, cada um com


consistência interna e probabilidade de ocorrência. O uso combinado des-
ses métodos permite que se tirem conclusões pertinentes para a tomada de
decisão.
Esse método, normalmente, é utilizado para situações mais complexas que
envolver inúmeras variáveis ou também para análises realizadas a longo prazo.
Sua aplicação é mais indicada quando não há parâmetros que permitam uma
previsão segura para o futuro.
Em geral, são construídos 03 cenários:

•  Cenário base: sem surpresas


•  Cenário alternativo 1: o mais otimista
•  Cenário alternativo 2: o mais pessimista

De modo geral, o importante é aprender a lidar não com apenas um, mas
com vários futuros possíveis, havendo igual relevância entre discutir sobre o
futuro que nos aguarda e o modo como podemos alcançá-lo (figura 4.2).

Futuro
alternativo A

Futuro
alternativo B

Visão
retrospectiva
Situação
+ Possíveis Cenários
futura livre de
Situação Extrapolação variações tendenciais
surpresas
atual da tendência
+
Condicionantes
do futuro Futuro
alternativo N

Figura 4.2 – Comparação entre cenários alternativos. Fonte: Deus (2013).

88 • capítulo 4
4.1.3  Técnicas de cenários

Nesse contexto, são criadas as técnicas de cenários, que são conjuntos de téc-
nicas investigativas que visam identificar os vários futuros possíveis e os cami-
nhos que nos conduzirão até o melhor deles.

Técnica de cenários Extrapolativa

•  Previsão de eventos futuros pela extrapolação de eventos verificados no


passado;
•  Baseia-se na invariância dos fenômenos presentes, na inexistência de fa-
tores transformadores, na manutenção em cena dos atuais atores e na previsi-
bilidade dos conflitos;
•  Gera a visão de um futuro mais “provável”.

Técnica de cenários Exploratória

•  Concentra a atenção na análise dos processos de mudança;


•  Busca intuir os caminhos alternativos viáveis para o futuro, identificando-
se os drivers transformadores;
•  Gera a visão de um conjunto de futuros alternativos e contrastantes.

Técnica de cenários Normativa

•  Busca orientar as ações das organizações no futuro, guiando-as por valo-


res e necessidades;
•  É derivada e complementar às técnicas extrapolativa e exploratória;
•  Gera a visão de um futuro almejado e desejável.

Podemos sintetizar o processo de construção de cenários na figura a seguir


(figura 4.3).

capítulo 4 • 89
Cenários Ambientais
Definição das escalas
Espaço-temporais

Pretérito Atual Futuro

Abordagens

Quantitativa Qualitativa
Construção (premissas
e nomenclaturas): por
especialista e/ou
Representação participativa

Especializado (mapas) Gráficos/árvore Textual

Por área temática: Social


História (ambiental) Natural, Econômica,
do passado, do presente e/ou do futuro Política, Engenharia
(e/ou Ambiental)

Figura 4.3 – Síntese do processo de construção de cenários. Fonte: Deus (2013).

O certo é que cenários são ferramentas fundamentais nas análises de futuro


nos mais diversos ambientes e com a mais ampla gama de atores imaginável,
porém o mais certo ainda é que, como toda ferramenta, ela está subordinada à
capacidade das pessoas que a utilizarão para esboçar as possibilidades de futu-
ro. Sendo assim, o objetivo de um estudo de cenários não é predizer o futuro,
mas organizar, delimitar as incertezas e explorar pontos de mudança.

Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) é o termo usado para definir o processo de


avaliação de impacto ambiental de políticas, planos e programas (PPPs) e é frequen-
temente retratada na literatura como um instrumento de planejamento e de apoio à
tomada de decisão. Apesar de a AAE ainda ser um instrumento em construção no país,
algumas experiências práticas demonstram tentativas da inserção da temática ambien-
tal nas políticas setoriais. As limitações naturais do Estudo de Impacto Ambiental (EIA)
constituem um dos motivadores da AAE. As dificuldades, mesmo dos melhores EIAs,
de analisar com profundidade alternativas tecnológicas e de localização, de levar em
conta satisfatoriamente os impactos cumulativos e os impactos indiretos são inerentes
a esta forma de avaliação de impacto ambiental (Sánchez, 2013).

90 • capítulo 4
CONEXÃO
Sabe-se que a Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) é considerada uma ferramenta impor-
tantíssima na avaliação de impactos ambientais, que considera os riscos e as oportunidades
inerentes à região de estudo. A AAE visa diminuir os impactos negativos à região, construin-
do um futuro desejável de responsabilidade sustentável. A construção de cenários futuros
desejáveis se dará com a avaliação. Você pode analisar um estudo que trata da Avaliação
Ambiental Estratégica vista como reguladora das práticas de desenvolvimento regional, com
exemplo do caso da implementação no pólo industrial e de serviços de Anchieta, através do
link abaixo:
http://www.fucape.br/premio_excelencia_academica/upld/trab/10/sergio.pdf

4.2  Risco ambiental


Risco é definido com: a probabilidade de ocorrência de um evento. É quando
nos perguntamos: “O que aconteceria se....”
Podemos, por exemplo, decidir sobre o quanto algo é arriscado responden-
do a duas questões:

•  Qual a probabilidade do evento acontecer? (probabilidade).


•  Quão ruim seria se o evento acontecesse? (consequência).

Muitas vezes os termos risco e incerteza são confundidos e usados como si-
nônimos. Kirchhoff (2004) afirma que incerteza é a condição soba a qual não se
tem a necessária informação para atribuir probabilidades para os resultados, o
que dificulta a definição do problema e identificação de soluções alternativas.
Assim, Risco será definido como o produto da probabilidade de ocorrência
de um determinado evento pela magnitude das consequências.

R = P x C (Probabilidade x Magnitude da Consequência).

Os riscos ambientais podem ser divididos em duas categorias:

•  Riscos naturais (atmosféricos, hidrológicos, geológicos, biológicos)


•  Riscos tecnológicos (agudos e crônicos)

capítulo 4 • 91
Riscos agudos apresentam efeito imediato e visível, como por exemplo, o
vazamento de petróleo de um duto ou navio. Riscos crônicos trazem efeito a
longo prazo, como a liberação contínua de pequenas quantidades de poluentes
na água ou na atmosfera.
Risco pode ser estimado qualitativamente ou quantitativamente, no entan-
to estimar o risco nem sempre é fácil, muitas vezes as consequências de um
evento podem ser incertas. Nem todos os riscos podem ser eliminados, mas
requerem um processo racional de decisões, chamado de Gestão de Riscos.
A quantificação do risco inclui definir o perigo, identificar o evento inicial
que causaria o perigo, determinar as consequências ao sistema receptor e atri-
buir probabilidades de ocorrência desse evento. O processo de determinação
da natureza e da magnitude de um efeito adverso causado por um perigo, é
chamado de Avaliação de Risco Ambiental.

Os três tipos de estudo de risco são (Sánchez, 2013):


Análise de Risco na Segurança (Processos e Instalações): tipicamente de baixa
probabilidade, acidentes de alta consequência; agudo, efeitos imediatos. Relação cau-
sa-efeito óbvia. O foco deve ser dado na segurança do trabalhador e na prevenção de
perdas, principalmente dentro dos limites do ambiente de trabalho.
Estudo de Risco sobre a Saúde: tipicamente de alta probabilidade, baixa
consequência, contínuos, exposições crônicas; latência longa, efeitos retardados. As
relações de causa e efeito não são facilmente estabelecidas. O foco é dado para a
saúde de seres humanos, principalmente fora dos ambientes de trabalho.
Estudo de Risco Ecológico: uma complexidade de interações entre populações, co-
munidades e ecossistemas (incluindo cadeia alimentar) ao nível micro e macro; grande
incerteza na relação causa-efeito. O foco é dado em impactos de habitats e ecossiste-
mas que podem se manifestar bem distantes das fontes geradoras do impacto.

4.2.1  Avaliação de risco ambiental

A Avaliação de Risco Ambiental (ARA) é uma ferramenta para a tomada de de-


cisões mais racionais e efetivas no campo ambiental. A ARA apresenta a fre-
quência e a severidade das consequências adversas ao meio de atividades ou
intervenções planejadas.

92 • capítulo 4
As principais etapas de uma ARA são (figura 4.4):

•  Identificação dos perigos: são construídas listas de eventos considerados


anormais dentro do sistema de análise, que podem resultar em exposição ao
perigo se este não for remediado corretamente.
•  Estimativa de probabilidade/frequência: requer uma síntese de dados
históricos, modelos de causas e julgamento de especialistas.
•  Análise das consequências: tenta ligar as fontes de perigo aos receptores
potenciais.
•  Características dos riscos: etapa em que os riscos são determinados e
estimados.

Estimativa da
probabilidade/frequência
Modela Estima
causas probabilidades Determinação Imput para tomada
Identificação
e estimação de decisão e
dos perigos
do risco planejamento
Análise das consequencias
Modela Estima
efeitos impactos
Avaliação de risco

Figura 4.4 – Etapas de uma avaliação de risco ambiental. Fonte: Kirchhoff (2004).

As avaliações de risco realizadas atualmente fornecem estimativas de ris-


cos mais precisas do que no passado, devido a uma maior compreensão, dis-
ponibilidade computacional e melhores métodos quantitativos para previsão
de respostas.
Para a Avaliação de Riscos Ambientais são construídas planilhas que mos-
tram os perigos identificados, as causas, o modo de detecção, efeitos poten-
ciais, categorias de frequência e severidade e risco, as medidas corretivas e/ou
preventivas e o número do cenário (tabela 4.2).

capítulo 4 • 93
ANÁLISE PRELIMINAR DE PERIGOS (APP)

94 •
Local: Sistema: Elaborado por: Aprovado por:
Referência: Data: Revisao:
MODO DE CATEGORIA DE CATEGORIA DE CATEGORIA DE
PERIGO CAUSA EFEITO OBSERVAÇÕES CÓDIGO
DETECÇÃO FREQUÊNCIA SEVERIDADE RISCO
Eventos que Falhas intrínse- Instrumentação Comporta- Classificação Classificação Classificação Informação Código

capítulo 4
podem ter cas de equipa- ou percepção mento de de acordo com de acordo com de acordo com complementar interno,
consequências mentos e erros humana um produto categorias categorias categorias ou recomenda- número
ambientais ou humanos de liberado ou definidas pre- definidas pre- definidas pre- ções de ações sequencial
para a manutenção ou consequência viamente: viamente: viamente: preventivas ou outro
saúde ou segu- operação imediata do muito provável, catastrófico, catastrófico, identificador
rança humanas evento provável, oca- desprezível etc. alto, modera-
sional etc. da, pequena,
desprezível
EXEMPLO: ARMAZENAMENTO DE ENXOFRE A CÉU ABERTO
Combustão Combustão Visual Liberação de Raro Pequena Muito baixo Inspeção perió- 1
espontânea calor ou cha- dica das pilhas;
quando exposto ma, formação treinamento de
à temperatura de enxofre operadores para
ambiente fundido. extinção de
focos.
EXEMPLO: ARMAZENAMENTO DE ÁCIDO SULFÚRICO EM ÁREA INDUSTRIAL
Pequenos Furos ou ruptu- Visual Liberação para Ocasional Pequena Baixo Controle de 14
vazamentos ras na tubulação piso, canaletas, concentração
(<100 L) e tanques, sistema de do ácido para
vazamentos frenagem reduzir potencial
em vávulas ou corrosivo; inspe-
conexões, devi- ção e manuten-
do a corrosão, ção preventiva.
desgastes, atrito
ou falhas de
vedação

Tabela 4.2 – Exemplo de planilha de avaliação de perigos ambientais. Fonte: Sánchez (2013).
CONEXÃO
O uso de organismos geneticamente modificados (OGMs) na agricultura e em outros setores
de produção continua aumentando globalmente, devido às vantagens que traz ao setor pro-
dutivo e o consumidor. Por outro lado, o desenvolvimento e o uso dessa tecnologia exigem
o compromisso de não trazer novos riscos ao ambiente onde serão introduzidos. Você pode
ver um exemplo dessa aplicação no “Guia para Avaliação de Risco Ambiental de Organismos
Geneticamente Modificados”, que pode ser acessado no link abaixo:
http://www.ilsi.org/Brasil/Documents/OGM%20-%20Portugu%C3%AAs%20-%20
protegido.pdf

4.3  Incertezas
A construção de cenários lida, normalmente, com sistemas altamente comple-
xos e dinâmicos, que convivem com contínuas mudanças estruturais e com ele-
vado grau de incerteza sobre os caminhos dessas mudanças. Pode-se dizer que
a incerteza é um estado de dúvida. Existe incerteza quando não existe uma ideia
definida da linha de ação a ser adotada em uma situação que parece obscura,
não familiar, conflitante ou confusa. A mera existência da incerteza pressupõe
a necessidade de formular julgamentos e um processo decisório para solucio-
nar este estado (DEUS, 2004).
Para os estudos de cenários é necessário considerar a inevitabilidade de li-
dar e de aceitar a incerteza, tentando, portanto, apenas limitar seus espaços de
possibilidades. A incerteza constitui uma característica do mundo real, princi-
palmente nos sistemas complexos. Sendo assim, a incerteza se manifesta pelas
mudanças que ocorrem no ambiente, pois os acontecimentos, os eventos do dia
a dia, nada mais são do que manifestações do que está variando no ambiente.
A incerteza sugere que se crie um ambiente de tomada de decisão para supe-
ração dessa condição. Portanto, cenários e planejamento estratégico/ambiental,
vistos no início desse capítulo, lidam com incertezas, pois o primeiro ilumina as
oportunidades e desafios e o segundo trata de explorar as oportunidades dentro
de um contexto de incerteza sobre o futuro, procurando mitigar as ameaças.
Deus (2004) afirma que é necessário saber adequadamente quando usar a
ferramenta de cenários frente à incerteza, pois ela é um elemento fundamental
e definidor da decisão de utilizar ou não cenários no planejamento.

capítulo 4 • 95
Analisando a figura 4.5, é possível visualizar um esquema que sintetiza o
ambiente ideal para se trabalhar com cenários: variáveis disponíveis e dúvidas
em relação ao futuro.

Cenários
Incertezas

Previsões Analogias históricas

Fatos predeterminados

Distância do futuro

Figura 4.5 Modelos ilustrando quando usar a técnica de cenários. Fonte: Deus (2004).

Pelo que foi apresentado, o cerne dos estudos de cenários está na incerteza
do futuro e na sua indeterminação que, por outro lado, cria um horizonte aber-
to de várias possibilidades. O que se deve fazer é considerar os possíveis futuros
que poderiam surgir a partir das condições turbulentas atuais e as consequên-
cias para a ação humana.
O planejamento tradicional faz a seguinte indagação em relação ao futuro:
“O que é mais provável que aconteça?” Já o planejamento para a incerteza per-
gunta: “O que já aconteceu que irá criar o futuro?” São posturas completamente
distintas. O tradicional caracteriza o pensamento linear; o segundo foge a este
padrão. A estratégia está conectada ao futuro, pois é naquele recorte temporal
que se encontram os fins.
O planejamento e a construção de cenários partem do postulado segundo o
qual o futuro não está completamente firmado, mas aberto a influências. Para
os estudos de cenários é necessário considerar a inevitabilidade de se lidar e
aceitar a incerteza, tentando limitar seus espaços de possibilidades.
De maneira resumida, alguns benefícios podem ser destacados quando da
utilização de cenários e superação ou entendimento das incertezas: melhor qua-
lidade das decisões e projetos (que se tornam mais robustos quando consideram
futuros alternativos) e melhor percepção de risco para a tomada de decisões.

96 • capítulo 4
4.3.1  Vulnerabilidade

Vulnerabilidade era um conceito usado primeiramente por engenheiros para


avaliar colapsos de riscos e outros problemas. O conceito atual é muito mais
abrangente e pode ser tomado para representar um conjunto de condições e
processos resultando de fatores físicos, sociais, econômicos e ambientais os
quais aumentam a suscetibilidade da comunidade para o impacto de desas-
tres. É o principal elemento sobre o qual se pode atuar de imediato.
A vulnerabilidade depende:

•  Da exposição dos estímulos climáticos (por exemplo, a magnitude e taxa


de mudança climática);
•  Sensibilidade;
•  Capacidade adaptativa do sistema;
Nesse sentido, a vulnerabilidade pode ocorrer devido à ausência de desen-
volvimento ou devido a um desenvolvimento insustentável.

Vulnerabilidades por ausência de desenvolvimento:

•  Pobreza (estrutural e conjuntural);


•  Concentração de população em áreas de riscos;
•  Marginalidade e violência;
•  Aglomeração e precariedade das habitações;
•  Corrupção;
•  Deficiência no fornecimento de água e saneamento básico com deteriora-
ção das condições de saúde;
•  Desemprego e subemprego;
•  Falta de investimento em segurança...

Vulnerabilidades por um desenvolvimento insustentável:

•  Comprometimento das reservas de água doce;


•  Uso inadequado do solo;
•  Êxodo rural;
•  Manejo inadequado dos solos;
•  Desmatamento;

capítulo 4 • 97
•  Contaminação;
•  Mudança climática global;
•  Doenças novas e emergentes.

É importante destacar que a capacidade de agir sobre um evento pode:

•  Reduzir a vulnerabilidade;
•  Reduzir a ameaça através de ações (ex: construção de muro de contenção
diante da probabilidade de ruptura de uma encosta). Isso nos leva a considerar
a ocorrência dos desastres.

4.3.2  Desastres

Fechamos o capítulo vendo que desastre é um evento natural ou provocado


pelo homem que afeta negativamente a vida ou o ambiente, provocando algu-
ma forma de mudanças à comunidade, ao ecossistema ou ao meio ambiente.
Os desastres põem em evidência a vulnerabilidade e abalam o equilíbrio neces-
sário para a vida.
Desastres naturais se referem aos eventos da natureza: terremotos, desliza-
mento de terras, corrida de massas, enchentes, trombas d´água, e outros mais.
Os desastres tecnológicos são caracterizados pela intervenção do homem.
São as explosões industriais ou contaminações. Do ponto de vista industrial,
eles são denominados acidentes ampliados, pois são frutos de um acidente que
atingiu os domínios físicos exteriores à indústria ou empreendimento.

ATIVIDADES
01. A investigação de cenários ambientais tem inúmeros propósitos. Cite alguns deles.

02. A Avaliação de Risco Ambiental (ARA) é uma ferramenta para tomada de decisões mais
racionais e efetivas no campo ambiental. A ARA tenta quantificar os riscos à saúde humana,
aos bens econômicos aos ecossistemas, gerados a partir de atividades humanas e fenôme-
nos naturais que causam perturbações ao meio ambiente. Quais as principais etapas de uma
Avaliação de Risco Ambiental?

98 • capítulo 4
REFLEXÃO
O progresso da tecnologia utilizada pelas indústrias resultou em grandes mudanças nas
indústrias, tendo como consequência um aumento na energia armazenada nos processos,
representando, portanto, um perigo cada vez maior. Ao mesmo tempo, as instalações de
processo começaram a crescer, quase dez vezes mais, em tamanho. Também, começaram a
operarem fluxo contínuo, aumentando o número de interligações com outras plantas, para a
troca de subprodutos, tornando, dessa forma, os processos mais complexos.
Simultaneamente, outras preocupações começaram a tomar corpo no contexto social,
tais como a poluição ambiental, e começaram a se tornar motivo de preocupação para o
público e para os governos. Como consequência, a indústria passou a examinar os efeitos de
suas operações sobre o público, dando início à Avaliação de Riscos Ambientais e, em parti-
cular, a analisar mais cuidadosamente os possíveis perigos decorrentes de suas atividades.
Justifica-se então a construção de cenários prognósticos possíveis para cada tipo de
empreendimento e, análise de diferentes medidas de mitigação dos impactos causados ao
meio ambiente.

LEITURA
STAMM, H. R. Método para avaliação de impacto ambiental (aia) em projetos de grande porte:
Estudo de caso de uma usina termelétrica. Tese de Doutorado, UFSC, 265 pp., 2003.
Esse estudo mostra a importância de se utiliza a Avaliação de Impacto Ambiental como
ferramenta para assegurar o desenvolvimento sustentável. O objetivo desse trabalho é o de
propor um método de AIA para projetos de grande porte, representado por uma usina termelé-
trica a carvão. O método proposto utiliza a técnica de cenários em conjunto com a teoria das
matrizes de Leopold. A técnica de cenários permite simular vários locais para estabelecimento
do projeto e suas diversas fases de implantação. A teoria das matrizes de Leopold relaciona as
ações propostas para a efetivação do projeto com os fatores ambientais impactados por cada
uma delas. Considera os impactos ambientais nos meios: físico, biótico e antrópico. Os impac-
tos ambientais decorrentes do empreendimento são apresentados em tabelas conforme seus
diferentes cenários. O resultado obtido dá uma visão geral dos meios mais impactados e das
ações mais impactantes, permitindo ao empreendedor avaliar a inclusão de sistemas ou equi-
pamentos de controle da poluição no seu projeto ou priorizar atividades de mitigação, controle
e monitoramento ambiental. Ajuda o órgão licenciador e fiscalizador no sentido de apresentar
quais os meios mais impactados, as ações propostas mais impactantes e os fatores ambientais
mais críticos durante a implementação e operação de um dado empreendimento.

capítulo 4 • 99
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRAGA, B. et al. Introdução à Engenharia Ambiental. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2ª edição,
318 pp., 2006.
CARDOSO, L. R.; ABIKO, A. K. HAGA, H. C. R.; INOUYE, K. P.; GOLÇALVES, O. M. Prospecção de
futuro e método Delphi: uma aplicação para a cadeia produtiva da construção habitacional. Revista
Ambiente Construído, Porto Alegre, v.5, n.3, p.63-78, 2005.
DEUS, L. A. B. Espaço e tempo como subsídios à construção de cenários de uso e cobertura da terra
para o planejamento ambiental na Amazônia: o caso da bacia do rio Acre. Tese de Doutorado, UFRJ,
384pp., 2013.
GRISI, C. C. H.; BRITTO, R. P. Técnica de Cenários e o Método Delphi: uma aplicação para o ambiente
brasileiro. In: Anais do SEMINÁRIOS EM ADMINISTRAÇÃO FEA-USP, 2003, São Paulo. Disponível
em: <http://www.ead.fea.usp.br/Semead/6semead/MKT.htm>.
Acesso em: fevereiro de 2015.
KIRCHHOLL, D. A avaliação de risco ambiental e o processo de licenciamento ambiental: o caso do
gasoduto de distribuição Gás Brasiliano, trecho São Carlos – Porto Ferreira. Dissertação de Mestrado,
EESC – USP, 137 pp., 2004.
PIMENTEL, G.; PIRES, S. H. Metodologias de avaliação de impacto ambiental – aplicações e
seus limites. Revista de Administração Pública, v. 26, n. 1, p. 56-68, jan/mar 1992.
SANCHES, L. E. Avaliação de Impacto Ambiental – conceitos e métodos. Oficina de textos,
2ªedição, 583 pp., 2013.
STAMM, H. R. Método para avaliação de impacto ambiental (aia) em projetos de grande porte: Estudo
de caso de uma usina termelétrica. Tese de Doutorado, UFSC, 265 pp., 2003.

100 • capítulo 4
5
Programas e
Relatórios de
Monitoramento
Ambiental
No capítulo 05 iremos aprofundar nosso estudo sobre a organização de um EIA/
RIMA, analisando os itens mínimos de um EIA, itens mínimos de um RIMA,
itens complementares ao estudo, ordem dos documentos, função de cada um
deles para a Avaliação de Impacto Ambiental. E terminaremos o capítulo ana-
lisando o processo de Monitoramento Ambiental, os diferentes programas de
acompanhamento e monitoramento e outros tipos de estudo que podem ser
solicitados em substituição ao EIA/RIMA ou como documento complementar
do Estudo de Impacto, tais como RCA e PCA.
Vamos lá?

OBJETIVOS
•  Analisar a estrutura e finalidade de uma Avaliação de Impacto Ambiental (AIA);
•  Conhecer os principais documentos que compõem a AIA, quais os conteúdos de cada um
desses documentos (EIA e RIMA);
•  Compreender a importância dos Programas de Acompanhamento e Monitoramento Am-
biental na fase pós Estudo de Impacto;
•  Analisar outros documentos ambientais utilizados em substituição ou complementação ao
EIARIMA;
•  Discutir o emprego de medidas mitigadoras, compensatórias e potencializadoras de impac-
tos ambientais num processo de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA).

102 • capítulo 5
5.1  Programas e Relatórios de
Monitoramento Ambiental

A finalidade da Avaliação de Impacto Ambiental é considerar os impactos am-


bientais antes de se tomar qualquer decisão que possa acarretar degradação da
qualidade do meio ambiente. O processo de Avaliação de Impacto Ambiental
(AIA) é resultado de um conjunto de procedimentos, entre eles:

•  A determinação da necessidade de um projeto ser submetido à AIA, deno-


minada triagem;
•  O estabelecimento de termos de referência para a condução de um estudo
específico (escopo do estudo), onde será definida a abrangência e profundida-
de do estudo;
•  A elaboração do Estudo de Impacto Ambiental (EIA);
•  A preparação de um documento de comunicação denominado Relatório
de Impacto Ambiental (RIMA);
•  Audiências públicas para permitir a participação do público diretamente
envolvido no processo decisório;
•  Procedimentos de análise técnica e revisão dos estudos apresentados, ve-
rificando a conformidade aos termos de referência e regulamentação. Será ana-
lisado se o estudo descreve adequadamente o projeto, se analisa devidamente
os impactos propostos e se propõe medidas mitigadoras capazes de atenuar os
impactos negativos;
•  Procedimento formal de tomada de decisão, que pode ser a não autoriza-
ção do empreendimento, a aprovação incondicional ou a aprovação mediante
certas condições;
•  Programas de acompanhamento e monitoramento, no caso de decisões
positivas com relação ao empreendimento, com o objetivo de reduzir, eliminar
ou compensar os impactos negativos e potencializar os impactos positivos.

Sánchez (2013) relata que a complexidade do processo de AIA e suas inú-


meras atividades tornam necessária a preparação de um grande número de do-
cumentos. A tabela 5.1 fornece uma visão de conjunto dessa documentação,
tomando por base as exigências brasileiras de licenciamento ambiental.

capítulo 5 • 103
DOCUMENTOS DE ENTRADA ETAPA DOCUMENTOS RESULTANTES
Memorial descritivo do projeto1 Apresentação da Parecer técnico que define o nível
Publicação em jornal anunciando a inten- proposta de avaliação ambiental e o tipo de
ção de realizar determinada iniciativa2 estudo ambiental necessários
Avaliação ambiental inicial ou estudo Triagem Parecer técnico sobre o nível de ava-
preliminar3 liação ambiental e o tipo de estudo
ambiental necessários
Plano de Trabalho Definição do Termo de referência4
escopo do EIA
Termos de referência Elaboração do EIA e Rima
EIA
EIA Análise técnica Parecer técnico
EIA e Rima Publicação em jornal Consulta pública Atas de audiência e outros documen-
tos de consulta pública
EIA, estudos complementares, documen- Análise técnica Parecer técnico conclusivo
tos de consulta pública

EIA, Rima Decisão Licença prévia5 (ou de negação do


pedido de licença)
Planos de gestão6 Relatórios de imple- Decisão Implan- Licença de instalação Licença de
mentação do plano de gestão tação/construção operação
Vários documentos Operação Renovação da licença de opera-
ção, relatórios de monitoramento e
desempenho ambiental7
Plano de fechamento8 Desativação Licença de desativação9

Nota: o quadro toma por referência principalmente as exigências brasileiras de licenciamento ambiental.
1
Exemplos: MCE - Memorial de Caracterização do Empreendimento (São Paulo), FCE - Formulário de
Caracterização do Empreendimento (Minas Gerais), FAP - Ficha de Abertura do Processo (Ibama).
2
A publicação em jornais de grande circulação é uma das formas mais comuns de anunciar a intenção
de realizar um empreendimento, mas há diversas outras formas de divulgar essa informação; a divulga-
ção permite que o público possa se manifestar e que, portanto, as preocupações do público possam ser
utilizadas como um critério de triagem.
3
Exemplos: RAP - Relatório Ambiental Preliminar (São Paulo), RAS - Relatório Ambiental Simplificado,
RCA - Relatório de Controle Ambiental.
4
No Rio de Janeiro, esse documento recebe o nome de "Instrução Técnica".
5
A licença pode incluir condicionantes que só a tornam válidas se as condições forem cumpridas.
6
Exemplos: PBA - Projeto Básico Ambiental (setor elétrico), PCA - Plano de Controle Ambiental (setor
de mineração).
7
Exemplo: Rada - Relatório de Avaliação de Desempenho Ambiental (Minas Gerais). Em alguns Esta-
dos, exige-se relatórios de auditoria ambiental para certas atividades.
8
No Brasil é exigido o Prad - Plano de Recuperação de Áreas Degradadas para empreendimentos
de mineração e planos de desativação para algumas categorias de empreendimentos (segundo
resoluções do Conama); no Estado de São Paulo, desde dezembro de 2002 é exigível um plano de
fechamento para certas atividades.
9
Ainda não existente no Brasil.

Tabela 5.1 – Principais documentos técnicos das diversas etapas do processo de Avaliação
de Impacto Ambiental (AIA). Fonte: Sánchez (2013).

104 • capítulo 5
A Avaliação de Impacto Ambiental pode desempenhar quatro papéis com-
plementares:

•  Ajudar a concepção de projetos;


•  Funcionar como instrumento de negociação;
•  Funcionar como instrumento de ajuda à tomada de decisão;
•  Funcionar como instrumento de gestão ambiental.

Apresentação de uma proposta


Em todos os países onde Etapa inicial: triagem
a Avaliação de Impacto A proposta pode causar impactos
Ambiental é utilizada, ela é ambientais significativos?

vista como um dos princi-


pais instrumentos de prote- Não Talvez Sim

ção dos recursos ambientais Avaliação ambiental inicial


e é regida por lei, regula- Decisões baseadas Decisões apoiadas em
mentação ou orientação es- em regras gerais EIA, com condições
Condições particulares particulares
pecífica. A figura 5.1 mostra decorrentes da
avaliação inicial
um esquema universal do
processo de avaliação de Análise detalhada
impacto e da sequência das Determinação do
escopo do estudo
atividades.

Elaboração do
Análise técnica EIA e Rima

Consulta pública

Decisão

Reprovação Aprovação

Etapa pós-aprovação
Figura 5.1 – Processo de Avalia-
Monitoramento e gestão ambiental
ção de Impacto Ambiental. Fonte:
Sánchez (2013). Acompanhamento

capítulo 5 • 105
5.1.1  Componentes de uma Avaliação de Impacto Ambiental (AIA)

A obrigação de elaboração de uma AIA é imposta apenas para algumas ativida-


des com potencial altamente poluidor, pelos órgãos licenciadores competentes
(federal, estadual ou municipal) e pela legislação pertinente como a Resolução
CONAMA 01/86, no âmbito do processo de licenciamento ambiental.

5.1.1.1  EIA

O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) junto com o Relatório de Impacto Am-


biental (RIMA) constituem o conjunto denominado EIA/RIMA, cujo objetivo é
avaliar os impactos ambientais decorrentes do desenvolvimento de um proje-
to e estabelecer programas para o monitoramento e mitigação dos impactos
identificados.
Deve-se ressaltar que o EIA/RIMA deve ser realizado por uma equipe mul-
tidisciplinar, em função da necessidade de considerar o impacto da atividade
sobre os diversos meios ambientes:

•  Natureza
•  Patrimônio cultural
•  Patrimônio histórico
•  Meio ambiente de trabalho

O conteúdo mínimo de um EIA/RIMA é determinado pela Resolução


CONAMA 01/86.
Artigo 6° - O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) desenvolverá, no mínimo,
as seguintes atividades técnicas:
I. Diagnóstico Ambiental da área de influência do projeto e completa des-
crição e análise dos recursos ambientais e suas interações, tal como existem,
de modo a caracterizar a situação ambiental da área, antes da implantação do
projeto, considerando:
a) O meio físico – o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os recur-
sos minerais, a topografia, os tipos e aptidões do solo, os corpos d’água, o regi-
me hidrológico, as correntes marinhas, as correntes atmosféricas;
b) O meio biológico e os ecossistemas naturais – a fauna e a flora, desta-
cando as espécies indicadoras da qualidade ambiental, valor científico e econô-
mico, raras, ameaçadas de extinção e APPs;

106 • capítulo 5
c) O meio socioeconômico – o uso e ocupação do solo, da água e a socioe-
conomia, sítios e monumentos arqueológicos, históricos e culturais da comu-
nidade, as relações de dependência entre a sociedade local e a potencial utiliza-
ção futura dos recursos naturais;
II. Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, atra-
vés de identificação, previsão da magnitude e interpretação da importância dos
prováveis impactos relevantes, discriminando:

•  os impactos positivos e negativos, diretos e indiretos, imediatos e a médio


e longo prazos, temporários e permanentes;
•  seu grau de reversibilidade;
•  suas propriedades cumulativas e sinérgicas;
•  a distribuição dos ônus e benefícios sociais.

III. Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos, entre elas
os equipamentos de controle e sistemas de tratamento de despejos, avaliando
a eficiência de cada uma delas. 
IV. Elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento dos
impactos positivos e negativos, indicando os fatores e parâmetros a serem
considerados.
Em função da determinação legal, um Estudo de Impacto Ambiental (EIA)
abrange as informações a seguir:
1. Área de Influência do Projeto: limites da área geográfica a ser direta ou
indiretamente afetada pelos impactos, denominada de área de influência do
projeto, considerando em todos os casos a bacia hidrográfica na qual se locali-
za (artigo 5º, III – Resolução 001/86 do Conama).
2. Zoneamento Ambiental: planos e programas governamentais, propos-
tos e em implantação na área de influência do projeto (artigo 5º, IV).
3. Alternativas: todas as alternativas tecnológicas e de localização do pro-
jeto, confrontando-as com a hipótese de “não executar o projeto” (artigo 5º, I).
4. Descrição Inicial do Local: diagnóstico ambiental da área, abrangendo
os meios físico, biológico e socioeconômico (artigo 6º).
5. Identificação e Avaliação dos Impactos Ambientais do Projeto: impac-
tos gerados nas fases de implantação e operação da atividade” (Artigo 5º, II) e
previsão da magnitude e interpretação da importância dos prováveis impactos
+ e -, diretos ou indiretos, imediatos ou a médio e longo prazos, temporários
e permanentes; seu grau de reversibilidade; suas propriedades cumulativas e
sinergéticas” (artigo 6º, II).

capítulo 5 • 107
6. Medidas Mitigadoras: medidas mitigadoras dos impactos negativos,
entre elas os equipamentos de controle e sistemas de tratamento de despejos,
avaliando a eficiência de cada uma delas” (artigo 6º, III).
7. Impactos Desfavoráveis e Previsão de Orçamento: no caso de obras e
projetos federais prevê-se, no orçamento de cada projeto ou obra, dotações cor-
respondentes, no mínimo, a 1% do mesmo orçamento destinadas à prevenção
ou à correção desses efeitos” (Decreto Federal 95.733/88).
8. Medidas Compensatórias: compensação do dano provável, sendo esta
uma forma de indenização.
9. Distribuição dos Ônus e Benefícios Sociais do Projeto: identificar os
prejuízos e vantagens que o empreendimento trará para os diversos segmentos
sociais, seja pelo n° e qualidade de empregos gerados ou pelos possíveis pro-
blemas sociais em caso de necessidade de migração de mão de obra.
De acordo com a maioria dos pesquisadores, as informações precisam res-
peitar a seguinte disposição:

•  Nome do empreendimento;
•  Identificação da empresa responsável (nome, razão social, endereço, ins-
crição estadual, nome do responsável pelo empreendimento);
•  Histórico do empreendimento;
•  Origem das tecnologias a serem empregadas;
•  Tipo de atividade e o porte do empreendimento;
•  Síntese dos objetivos do empreendimento, justificativa e análise
custo-benefício;
•  Compatibilidade do projeto com planos e programas de ação federal, es-
tadual ou municipal, propostos ou em implantação, na área de influência do
empreendimento;
•  Levantamento da legislação federal, estadual ou municipal incidente so-
bre o empreendimento em qualquer de suas fases;
•  Indicação, em mapas, de Unidades de Conservação e Preservação
Ecológicas existentes na área de influência do empreendimento;
•  Empreendimento(s) associado(s) e decorrente(s);
•  Empreendimento(s) similar(es) em outra(s) localidade(s);
•  Declaração da utilidade pública ou de interesse social da atividade do em-
preendimento, quando existente;

108 • capítulo 5
•  Nome e endereço para contatos relativos ao EIA/RIMA;
•  Os objetivos e justificativas do projeto, sua relação e compatibilidade com
as políticas setoriais, planos e programas governamentais, em desenvolvimen-
to e/ou implementação;
•  A síntese dos resultados dos estudos sobre o diagnóstico ambiental da
área de influência do projeto;
•  A descrição do projeto e de suas alternativas tecnológicas e locacionais,
especificando para cada uma delas, nas fases de construção e operação: a área
de influência, as matérias primas e a mão de obra, as fontes de energia, os pro-
cessos e técnicas operacionais, os efluentes, as emissões e resíduos, as perdas
de energia, os empregos diretos e indiretos a serem gerados, a relação custo-be-
nefício dos ônus e benefícios sociais/ambientais do projeto.
•  A descrição dos impactos ambientais analisados, considerando o projeto,
as alternativas, horizontes de tempo de incidência dos impactos e indicando
métodos, técnicas e critérios adotados para a sua identificação, quantificação
e interpretação;
•  Caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência, com-
parando as diferentes situações de adoção do projeto e de alternativas, bem
com a hipótese de sua não realização;
•  Descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas em rela-
ção aos impactos negativos, mencionando aqueles que não puderam ser evita-
dos e o grau de alteração esperado;
•  O programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos;
•  Recomendação quanto à alternativa mais favorável (conclusão e comen-
tários de ordem geral).

5.1.1.2  RIMA

A resolução01/86 trata da necessidade de realização de estudos de impacto am-


biental, seus componentes mínimos para um EIA, e aborda no art.9° o conteú-
do mínimo de um RIMA.
Artigo 9º - O relatório de impacto ambiental - RIMA refletirá as conclusões
do estudo de impacto ambiental e conterá, no mínimo:
I. Os objetivos e justificativas do projeto, sua relação e compatibilidade
com as políticas setoriais, planos e programas governamentais;

capítulo 5 • 109
II. A descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e locacionais, es-
pecificando para cada um deles, nas fases de construção e operação a área de
influência, as matérias primas, e mão de obra, as fontes de energia, os proces-
sos e técnica operacionais, os prováveis efluentes, emissões, resíduos de ener-
gia, os empregos diretos e indiretos a serem gerados;
III. A síntese dos resultados dos estudos de diagnósticos ambiental da área
de influência do projeto;
IV. A descrição dos prováveis impactos ambientais da implantação e ope-
ração da atividade, considerando o projeto, suas alternativas, os horizontes de
tempo de incidência dos impactos e indicando os métodos, técnicas e critérios
adotados para sua identificação, quantificação e interpretação;
V. A caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência,
comparando as diferentes situações da adoção do projeto e suas alternativas,
bem como com a hipótese de sua não realização;
VI. A descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas em
relação aos impactos negativos, mencionando aqueles que não puderam ser
evitados, e o grau de alteração esperado;
VII. O programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos;
VIII. Recomendação quanto à alternativa mais favorável (conclusões e co-
mentários de ordem geral).
Parágrafo único - O RIMA deve ser apresentado de forma objetiva e adequa-
da a sua compreensão. As informações devem ser traduzidas em linguagem
acessível, ilustradas por mapas, cartas, quadros, gráficos e demais técnicas
de comunicação visual, de modo que se possam entender as vantagens e des-
vantagens do projeto, bem como todas as consequências ambientais de sua
implementação.

A entrega do RIMA pelo empreendedor aos interessados deverá acontecer com ante-
cedência mínima de 15 dias úteis anteriores à data da realização da audiência pública,
medida esta que deverá ser bastante divulgada. A participação pública através de au-
diência pública está prevista no art. 1º da Resolução do CONAMA 009, de 03.12.1987,
e poderá ocorrer em quatro hipóteses:

110 • capítulo 5
1º - quando o órgão de meio ambiente julgar necessário;
2º - por solicitação de entidade civil;
3º - por solicitação do Ministério Público;
4º - a pedido de 50 ou mais cidadãos.
A audiência pública deverá acontecer em local acessível aos interessados, e sem-
pre se realizará no Município ou na área de influência do empreendimento, tendo prio-
ridade para o Município e a área com impactos diretos mais significativos, sendo permi-
tida a participação de qualquer cidadão (VIEIRA, 2009).

Sánchez (2013) discorre sobre os principais problemas encontrados nos


estudos de impacto ambiental, ou relatórios técnicos com relação à estrutura
dos documentos, estilo, ilustrações. O autor sintetiza algumas recomendações
práticas:

Quanto à estrutura, um bom relatório deve:

•  Conter sumário paginado;


•  Conter resumo executivo sintetizando o principal conteúdo do estudo;
•  Conter resumo por capítulo;
•  Evitar compartimentalização excessiva do texto, com muitas subdivisões
e numerações;
•  Adotar títulos e subtítulos adequados;
•  Incluir índices analíticos, listas de siglas, figuras, tabelas, apêndices e
anexos;
•  Incluir glossário.

Quanto ao estilo:

•  Ser conciso sem ser lacônico, dando ao leitor informações suficientes


para justificar sua conclusão;
•  Padronizar a apresentação de figuras, tabelas, quadros;
•  Informar sempre as unidades de medida;
•  Salientar em negrito ou itálico as informações e conclusões mais impor-
tantes do texto.

capítulo 5 • 111
Quanto às ilustrações:

•  Incluir material relevante com legendas autoexplicativas;


•  Limitar-se a imagens que apresentem informação relevante;

•  Incluir mapas e croquis, indicando sempre a escala, o norte e a fonte do


mapa-base.
A figura 5.2 mostra uma página de EIA, tomando cuidado com a diagrama-
ção, na qual se podem observar diversos elementos que facilitam a leitura e en-
tendimento do documento.

Número do capítulo e
Clara indicação das seções
título resumido

Título do EIA

Documentos produzidos
por terceiros colocados em anexo

Foto com legenda auto-explicativa Chamadas para outras seções


Fotos numeradas chamadas no
texto e relacionadas nas
páginas introdutórias
Quadro com título claro

Quadros numerados, chamados


no texto e relacionados nas
páginas introdutórias

Margem para encadernação e


impressão frente e verso

Número da página referida no sumário


Proponente e consultor

Figura 5.2 – Extrato de uma página de um EIA indicando elementos de diagramação e apre-
sentação. Fonte: Sánchez (2013).

112 • capítulo 5
Podemos identificar na figura de exemplo claramente: título do EIA na pá-
gina, indicações de seções, fotos numeradas, quadro com título claro, docu-
mentos produzidos por terceiros colocados em anexo, chamadas para outras
seções.

5.2  Monitoramento ambiental


A Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) é um instrumento de planejamento
ambiental, porém apresenta alguns problemas, como o não encorajamento
para a realização de monitoramento pós EIA.
O monitoramento pós EIA é uma avaliação permanente, que permite cons-
tatar ineficiências no sistema de controle adotado, podendo estar relacionado
à previsões incorretas, falhas humanas, ocorrência de eventos imprevistos.
Assim é possível promover com agilidade as correções necessárias. Isso porque
o monitoramento pós EIA se trata de um estudo feito durante e após a fase de
implementação e operação de um projeto, depois de tomadas as decisões ne-
cessárias. Existem diferentes denominações para esse tipo de estudo, mas no
Brasil é, comumente, chamado de Monitoramento de EIA.
Munno (2005) discute o fato de que os objetivos do monitoramento visam a
precaução e o gerenciamento de impactos e são uma combinação de diversos
fatores, entre eles:

•  Assegurar que o EIA não venha a ser apenas um documento para garantir
a aquisição de uma licença ambiental, ao invés de ser um exercício significativo
na gestão ambiental, trazendo benefícios reais e atingindo a sustentabilidade
ambiental;
•  Garantir que o esforço humano, investimento financeiro e de tempo com
a elaboração do EIA tenham um retorno (benefícios ambientais, qualidade nas
decisões);
•  O monitoramento propõe uma retroalimentação ao proponente dos resul-
tados da implementação do projeto, bem como das metas e objetivos originais;
•  Avaliar a qualidade e precisão das previsões do EIA;
•  Avaliar a efetividade das medidas mitigadoras;
•  Permitir ajustamentos de políticas ou operações em algumas
circunstâncias;

capítulo 5 • 113
•  Assegurar a correta implementação dos termos e das condições aprova-
das no projeto;
•  Verificar as licenças ambientais;
•  Permitir a tomada de atitudes diante de impactos imprevistos;
•  Disseminar as experiências obtidas visando o melhoramento de todo o
processo de AIA.

Existem inúmeras diferenças entre o projeto aprovado e depois a sua im-


plantação. Trata-se de um forte argumento na defesa do fortalecimento das eta-
pas de acompanhamento e monitoramento ambiental pós EIA. Na minoria das
situações, os impactos ambientais são reavaliados à luz da experiência, depois
de instalado o projeto.
Porém, apesar de se mostrar extremamente importante dentro de um
processo de AIA, na maioria das vezes, o monitoramento é negligenciado. Ou
também, nem sempre ele é exigido pela legislação. Munno (2005) mostra que
o artigo 9° da Resolução 01/86, que dispõe sobre os procedimentos relativos
ao Estudo de Impacto Ambiental, apenas menciona que deve ser realizado um
programa de acompanhamento e monitoramento, mas não diz nada sobre sua
fiscalização ou mesmo seu conteúdo.

CONEXÃO
A resolução 01/86 trata da necessidade de se estabelecerem as definições, as responsabi-
lidades, os critérios básicos e as diretrizes gerais para uso e implementação da Avaliação de
Impacto Ambiental (AIA) como um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente
(PNMA). Podemos analisar para quais empreendimentos são exigidos EIA/RIMA, os compo-
nentes mínimos desses documentos, dentre outros pontos.
Você pode ler a resolução na íntegra acessando o link abaixo:
http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res0186.html

O mais próximo que se pode encontrar nesse sentido, é a Lei 10.650/2003 da


PNMA, chamada Lei de Acesso à Informação Ambiental. Ela obriga as institui-
ções públicas integrantes do SISNAMA a fornecerem todas as informações am-
bientais, que estejam sob sua guarda, em meio escrito, visual, sonoro ou eletrô-
nico. O artigo 3° dessa lei menciona que as autoridades públicas poderão exigir

114 • capítulo 5
a prestação periódica de qualquer tipo de informação por parte das entidades
privadas, mediante sistema específico a ser implantado por todos os órgãos do
SISNAMA, sobre os impactos ambientais potenciais e efetivos de suas ativida-
des (MUNNO, 2005).
A principal importância do registro dos resultados do monitoramento efe-
tuado numa determinada localidade:

•  Apontar para os impactos ambientais que estão ocorrendo;


•  Avaliação das medidas mitigadoras a serem adotadas;
•  Realização de programas preventivos em áreas de risco.

O monitoramento pode ser realizado por empresa privada ou pelo Poder


Público, de maneira isolada ou integrada, auxiliando na conservação do Meio
Ambiente.
Os procedimentos que vem sendo adotados pelo órgão do meio ambiente
para acompanhamento e monitoramento dos impactos do meio ambiente são:

•  Recebimento de Relatórios de Monitoramento Ambiental, elaborados


pelo empreendedor, em atendimento ao determinado por cada tipo de licença
ambiental;
•  Análise dos Relatórios de Monitoramento Ambiental, realizando vistoria
no local do empreendimento para verificar a veracidade das informações repas-
sadas pelo empreendedor;
•  Emissão de parecer técnico abordando, basicamente:
•  Necessidade de aumentar a eficiência das técnicas de controle am-
biental adotadas;
•  Necessidade de aperfeiçoamento dos métodos de coleta e análise e de
relocalização de pontos de amostragem;
•  Alteração no conjunto de indicadores monitorados.

•  Comunicação formal ao empreendedor das conclusões do parecer técni-


co sobre cada Relatório de Monitoramento Ambiental recebido, aplicando pe-
nalidades previstas na lei, quando verificadas irregularidades.

Munno (2005) aponta que, para ser considerado eficiente, o monitoramen-


to deve, no mínimo, fazer com quem os impactos reais não sejam piores do

capítulo 5 • 115
que os previstos no EIA. Ele deve minimizar os efeitos negativos reais, evitando
qualquer efeito negativo não previsto e maximizar os benefícios ambientais.
Deve levar a um aprendizado com os erros do passado, para prevenir que pro-
blemas semelhantes aconteçam em outros projetos.
Independente do tamanho do projeto ou dos potencias impactos, as ativida-
des de monitoramento devem ser baseadas em um denso protocolo, obrigações
e responsabilidades claras, para cada uma das partes engajadas. Os objetivos do
monitoramento podem ser atingidos com a utilização de ferramentas como:

•  Inspeção – para determinar se os termos e condições do projeto estão sen-


do realizados;
•  Monitoramento dos efeitos – para verificar a precisão e efetividade das
medidas mitigadoras;
•  Obediência ao monitoramento – para assegurar as exigências regula-
mentais;
•  Auditoria ambiental – para verificar a precisão das previsões do EIA, efe-
tividade das medidas mitigadoras e obediência às exigências regulamentais,
padrões e políticas internas ou aos limites ambientais.

Deve-se ressaltar que dependendo das características do projeto, o monito-


ramento não deve se restringir a indicadores físicos ou biológicos, mas contem-
plar indicadores de impactos sociais e econômicos.
Os Programas de Acompanhamento e Monitoramento Ambiental de vem
escolher seus indicadores ambientais específicos para o estudo em questão.
Esses parâmetros devem descrever os seguintes aspectos:

•  O estado e as tendências dos recursos ambientais;


•  A situação socioeconômica da área em estudo;
•  O desempenho de instituições para o cumprimento de suas atribuições.
A escolha dos indicadores depende dos seguintes fatores:
•  Objetivos do monitoramento;
•  O que será monitorado;
•  Informações que se pretende obter.

116 • capítulo 5
Rede de Monitoramento

Na maioria das vezes, o monitoramento é realizado em vários locais, for-


mando a chamada Rede de Monitoramento. Trata-se de um sistema que capta
dados em várias áreas, com abrangência local, regional, nacional e internacio-
nal. A rede é capaz de fornecer uma base de dados comparativa, tanto em rela-
ção ao próprio local quanto a outras regiões. O sistema de coleta de dados au-
menta o conhecimento sobre uma determinada região, o que permite tomadas
de decisão mais acertadas e um planejamento ambiental mais adequado.

5.3  Outros documentos para avaliação de


impactos ambientais

O EIA/RIMA não figura sozinho no rol dos Instrumentos de Licenciamento


Ambiental Prévio. Existem outros documentos, como por exemplo, o RCA/PCA
(Relatório de Controle Ambiental e Plano de Controle Ambiental).
O RCA/PCA se destina a avaliar o impacto de atividades capazes de gerar
impacto ao ambiente, porém em grau menor e por isso dispensaria a complexi-
dade e o aparato técnico-científico para tal elaboração.

PCA

O Plano de Controle Ambiental (PCA) reúne as ações e medidas minimiza-


doras, compensatórias e potencializadoras aos impactos ambientais previstos
pelo EIA. Sua efetivação se dá por equipe multidisciplinar, conforme as medidas
a serem implementadas. É exigido para concessão de Licença de Instalação (LI)
de atividade de extração mineral. Deve conter os projetos executivos de mini-
mização dos impactos avaliados através de EIA/RIMA na fase de Licenciamento
Prévio. Em alguns casos, existe a possibilidade de substituição do EIA/RIMA
pelo PCA/RCA, a critério do órgão ambiental competente (Resolução CONAMA
009/90).

capítulo 5 • 117
A tabela a seguir mostra a documentação exigida para cada licença ambien-
tal, Licença Prévia, Licença de Instalação e Licença de Operação para atividades
de extração mineral (tabela 5.2).

ANEXO I

TIPO DE LICENÇA DOCUMENTOS NECESSÁRIOS

1 - Requerimento da L.P.
2 - Cópia da publicação do pedido da L. P.
LICENÇA PRÉVIA - LP 3 - Certidão da Prefeitura Municipal
(fase de planejamento e viabilidade 4 - Estudos de Impacto Ambiental - EIA e
do empreendimento) seu respectivo Relatório de Impacto Ambien-
tal - RIMA, conforme Resolução/conama/nº
01/86

ANEXO II

TIPO DE LICENÇA DOCUMENTOS NECESSÁRIOS

1 - Requerimento da LI
2 - Cópia da publicação do pedido da LI
LICENÇA DE INSTALAÇÃO LI 3 - Cópia da publicação da concessão da LP
( fase de desenvolvimento da mina, 4 - Cópia da comunicação do DNPM julgan-
de instalação do complexo minerá- do satisfatório ao PAE - Plano de Aproveita-
rio, inclusive a usina, e implantação mento Econômico
dos projetos de controle ambiental) 5 - Plano de Controle Ambiental
6 - Licença para desmate expedida pelo ór-
gão competente, quando for o caso

118 • capítulo 5
ANEXO III

TIPO DE LICENÇA DOCUMENTOS NECESSÁRIOS

LICENÇA DE OPERÇÃO - 1 - Requerimento da LO


(fase de lavra, beneficiamento e 2 - Cópia publicação do pedido de LO
acompanhamento de sistemas de 3 - Cópia da publicação da concessão da LI
controle ambiental) 4 - Cópia autenticada da Portaria de Lavra

Tabela 5.2 – Anexo da resolução CONAMA 009/90. Fonte: resolução CONAMA 009/90.

CONEXÃO
Você pode ter acesso à resolução CONAMA 009/90 na íntegra através do link abaixo:
http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res90/res0990.html

RCA

O Relatório de Controle Ambiental (RCA) é um documento elaborado de


acordo com as diretrizes do órgão ambiental competente exigido para empre-
endimentos e, ou, atividades que não têm grande capacidade de gerar impactos
ambientais.
Contém informações que permitam caracterizar o empreendimento a ser
licenciado e, como objeto principal, os resultados dos levantamentos e estu-
dos realizados pelo empreendedor para identificação das não conformidades
legais referentes ao meio ambiente. A estrutura dos documentos possui escopo
semelhante aos do EIA/RIMA, no entanto, não são demandados altos níveis de
especificidade em suas elaborações. Na hipótese da dispensa do EIA/RIMA, es-
tabelece a possibilidade de recomendar a realização do RCA para obtenção de
Licença. Em síntese, o RCA norteia ações mitigadoras recomendadas pelo PCA,
que visa a solucionar os problemas detectados.

capítulo 5 • 119
Frente à necessidade de estabelecer procedimentos simplificados para o licenciamen-
to ambiental dos empreendimentos com impacto ambiental de pequeno porte, neces-
sários ao incremento da oferta de energia elétrica, e em atendimento à MP n° 2.152,
de 10 de junho de 2001, o CONAMA, por meio da Resolução no 279/01, estabe-
leceu o Relatório Ambiental Simplificado – RAS para: usinas hidrelétricas e sistemas
associados; usinas termelétricas e sistemas associados; sistemas de transmissão de
energia elétrica (linhas de transmissão e subestações); e para usinas eólicas e com ou-
tras fontes alternativas de energia. Tal orientação aplica-se somente a empreendimen-
tos com impacto ambiental de pequeno porte, mediante definição do órgão ambiental
competente, fundamentada em parecer técnico. O Relatório Ambiental Simplificado
compõe-se dos estudos relativos aos aspectos ambientais concernentes à localização,
instalação, operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentados
como subsídios para a concessão da Licença Prévia, contendo as informações relativas
ao diagnóstico ambiental da região de inserção do empreendimento, sua caracteriza-
ção, a identificação dos impactos ambientais e das medidas de controle pertinentes
(MMA, 2002).

5.4  Medidas mitigadoras


São consideradas medidas mitigadoras as ações propostas com a finalidade de
reduzir a magnitude ou importância dos impactos ambientais adversos. Com
base na avaliação dos impactos ambientais significativos, para aqueles de cará-
ter negativo deverão ser recomendadas medidas que venham a minimizá-los ou
eliminá-los, justificando os impactos que não podem ser evitados ou mitigados.
Deverão ser apresentados programas detalhados de acompanhamento de
evolução dos impactos ambientais, positivos e negativos, considerando as fa-
ses de implantação, operação e desativação, se for o caso.
As medidas mitigadoras deverão ser classificadas quanto:

•  Ao componente ambiental afetado;


•  À fase em que deverão ser implementadas;
•  Ao caráter preventivo ou corretivo e sua eficácia;
•  À responsabilidade pela sua implementação;
•  Ao seu custo.

120 • capítulo 5
Sanchéz (2013), relata que cada impacto significativo deve ter sua mitiga-
ção, mas é preciso considerar se as diferentes medidas a serem implementadas
em um mesmo empreendimento são compatíveis entre si e se a própria mitiga-
ção não poderia ser fonte de outros impactos adversos.
Alguns impactos ambientais não podem ser evitados; outros, mesmo que
reduzidos ou mitigados, podem apresentar magnitude elevada.
Nessas situações fala-se em Medidas Compensatórias de danos ambientais.
A compensação é uma substituição de um bem que será perdido, alterado ou
descaracterizado por outro.
Por fim, devemos pensar também nas consequências positivas de um pro-
jeto, impactos positivos que será serão gerado com o empreendimento. Muitas
vezes esses impactos se manifestam principalmente no campo socioeconô-
mico (exemplo: criação de empregos, dinamização da economia). Para tornar
viável a concretização desses impactos potencialmente benéficos, pode ser
necessário o desenvolvimento de programas específicos, de maximização dos
impactos (Sánchez, 2013), conhecidos como Medidas Potencializadoras. Esses
programas devem ser descritos com nível de detalhe semelhante ao dos progra-
mas de mitigação ou compensação de impactos ambientais negativos.
Para encerrarmos a discussão nesse capítulo, podemos analisar o quadro
03, que mostra um resumo das atividades ambientais no processo de monito-
ramento ambiental da construção de uma usina hidrelétrica, destacando quais
serão os estudos de monitoramento ambiental, as medidas mitigadoras de im-
pactos, e acrescenta também documentos que podem ser apresentados como
anexo do estudo.

Resumo
Introdução
ESTUDOS DE MONITORAMENTO AMBIENTAL
Estudo morfossedumentológico do estuário do Rio Sainte-Marguerite
Qualidade da água
Fauna terrestre
Avifauna
Utilização do território
Economia regional
Atualização do contexto socioeconômico
Avaliação das medidas de otimização das consequências econômicas regionais
Aspectos sociais (para cada item do monitoramento apresentam-se objetivos, métodos e resultados)

capítulo 5 • 121
MEDIDAS MITIGADORAS
Aproveitamento de madeira
Arqueologia
Documentação audiovisual de cachoeiras e corredeiras
Controle das estradas de acesso
Programa de comunicação ambiental
Organização dos impactos econômicos
MEDIDAS DE VALORIZAÇÃO E INDENIZAÇÃO
Compensação para população autóctone
ESTUDO SOBRE A BIOLOGIA DO SALMÃO
Supervisão ambiental
AUTORIZAÇÕES GOVERNAMENTAIS
Lista das autorizações obtidas no período
ANEXOS
Condionantes das licenças ambientais (39 condicionantes provinciais e 11 federais)
Avanço no cumprimento das condicionantes
Autos de infração recebidos
Principais documentos encaminhados ao Ministério de Meio Ambiente
Cronogramas (monitoramento, implementação das medidas)
Lista de estudos realizados
Lista de cartas preparadas ou atualizadas

Tabela 5.3 – Balanço das atividades ambientais da construção de uma usina hidrelétrica.
Fonte: Sánchez (2013).

ATIVIDADES
01. Comente as principais barreiras ou dificuldades encontradas para a realização de acom-
panhamento e monitoramento ambiental de um Programa de Acompanhamento e Monito-
ramento de Impactos.

02. Qual a diferença entre as medidas mitigadoras, medidas compensatórias e medidas


potencializadoras dos impactos ambientais?

REFLEXÃO
Se o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) é realizado para demonstrar a viabilidade de um
empreendimento ou atividade, podemos dizer que essa viabilidade deve ser sempre condi-
cionada ao atendimento das medidas mitigadoras, compensatórias e potencializadoras de
impactos ambientais.

122 • capítulo 5
Se os compromissos assumidos pelo empreendedor não forem redigidos de forma clara,
isso prejudicará a verificação posterior, ou até tornará essa verificação impossível.
Ressalta-se então, a importância do desenvolvimento de estudos que procures prote-
ger o meio ambiente, pois ele é de suma importância, é uma garantia fundamental, sendo
assegurado pela Constituição Federal Brasileira o direito a uma vida sadia em um ambiente
ecologicamente equilibrado, até para as gerações futuras.
Lembrando que um organismo depende do outro para completar seu ciclo, a fauna de-
pende da flora e o homem depende dos recursos naturais. Vamos protegê-los...

LEITURA
SANCHES, L. E. Avaliação de Impacto Ambiental – conceitos e métodos. Oficina de textos,
2ªedição, 583 pp., 2013.
O livro traz uma análise completa e extremamente detalhada, rica em exemplos, sobre o
processo de Avaliação de Impacto Ambiental. O tema é tratado em seis partes. Na primeira
parte (capítulo 01) alinhavam-se conceitos e definições importantes para a boa compreen-
são do texto. As origens e a evolução da Avaliação de Impacto Ambiental, uma disciplina
em constante movimento, são tratadas na segunda parte (capítulos 02 e 03). Na terceira
parte define-se o processo de Avaliação de Impacto Ambiental e apresentam-se suas eta-
pas iniciais (capítulos 04 ao 06). O planejamento e a preparação de um estudo de impacto
ambiental (modelo para as demais modalidades de estudos ambientais) é tratado na quarta
parte do livro (capítulos 07 ao 14). As etapas do processo de AIA que levam à tomada de
decisão é o assunto discutido na quinta parte (capítulos 15 ao 17). E na sexta e última parte
é abordada a continuidade da avaliação de impacto ambiental após a aprovação dos projetos.
Trata-se de um dos materiais mais completos e atualizados sobre Avaliação de Impacto
Ambiental.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRAGA, B. et al. Introdução à Engenharia Ambiental. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2ª dição,
318 pp., 2006.
BRASIL. Lei n° 10.650, de 16 de abril de 2003 – Lei de Acesso à Informação Ambiental.
Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, Brasil. Resolução n° 001. Brasília, 1986.

capítulo 5 • 123
Ministério do Meio Ambiente (MMA). Guia de Procedimentos do Licenciamento Ambiental Federal -
Documento de Referência, Brasília, 128pp., 2002.
MUNNO, C. M. Análise de monitoramento pó-estudo de impacto ambiental no Estado de São Paulo.
Dissertação de Mestrado - PPG em Engenharia Urbana – UFSCAR, 153pp., 2005.
RIBEIRO, H. Estudo de Impacto Ambiental como instrumento de planejamento. IN: PHIPIPPI JR., A.;
ROMÉRO. M. A.; BRUNA, G. C. Curso de Gestão Ambiental. Editora Manole, 2ª edição atualizada e
ampliada, p. 853-882, 2014.
SANCHES, L. E. Avaliação de Impacto Ambiental – conceitos e métodos. Oficina de textos,
2ªedição, 583 pp., 2013.
VIEIRA, L. G. Avaliação de Impacto Ambiental e EIA/RIMA: Bases legais e problemas recorrentes.
Trabalho de conclusão de curso, UEL, Londrina, 103pp., 2009.

GABARITO
Capítulo 1

01. Impacto Ambiental é definido pela resolução n° 001/86, como qualquer alteração das
propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de
matéria ou energia resultante das atividades humanas que afetem direta ou indiretamente:

•  A saúde, segurança e bem estar da população;


•  As atividades sociais e econômicas;
•  A biota;
•  As condições estéticas e sanitárias ambientais;
•  A qualidade dos recursos ambientais.

Os impactos ambientais podem ser causados por acidentes naturais, como a explosão
de vulcões, raios, choques de meteoros... Porém devemos dar mais atenção aos impactos
causados pela ação do homem, o maior responsável pelas alterações do espaço natural. Os
impactos ambientais podem afetar a água, alterando a qualidade e quantidade disponível; os
solos, causando erosão e alterando a produtividade e concentração de nutrientes; a flora e
fauna, alterando a composição e densidade populacional, presença de espécies-chave; e a
saúde humana, trazendo patogenias e vetores de doenças.
02. Existem inúmeros impactos que podem ocorrer durante a fase de implantação do em-
preendimento em questão, alguns positivos e outros negativos. Existem aqueles com possi-
bilidade de ocorrência certa, provável ou incerta.

124 • capítulo 5
Podemos mencionar como impacto positivo o recrutamento de mão de obra e que trará
consequências, principalmente para o componente socioeconômico alterando as condições
de vida da população local e do próprio porto em questão.
A implantação de obras civis (cais, armazéns, tancagens) pode ser considerada como
um impacto negativo na medida em que traz alterações para o componente físico, pois pode
comprometer o clima e a qualidade do ar da região, aumentar o nível de poluição sonora
local. Mas também a implantação das obras civis pode ser considerada um impacto positivo
quando analisado o componente socioeconômico, pois pode favorecer o uso e a ocupação
do solo na região, sendo considerado um fator importante para a economia local.
O bota-fora do material de limpeza do terreno e do entulho das obras só é apontado como
um impacto ambiental com consequências negativas para 02 dos componentes, o físico e o
socioeconômico. Para o componente físico, traz, provavelmente, alterações no clima e qua-
lidade do ar, alterações na geologia local e na disponibilidade dos recursos hídricos, porém
citado como tendo possibilidade de ocorrência incerta. Para o componente socioeconômico,
traz alterações no uso e ocupação do solos e possível alteração do patrimônio paisagístico.

Capítulo 2

01. Licenciamento ambiental é um procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental


competente licencia a localização, instalação, ampliação e operação de empreendimentos e
atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente po-
luidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental (art. 1°,
resolução CONAMA n° 237/97).
Licença ambiental é um ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente, es-
tabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser obede-
cidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar
empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou
potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação
ambiental (art. 1°, resolução CONAMA n° 237/97).

02. Licença prévia:


Solicitada em fase preliminar do planejamento do empreendimento/atividade; atesta via-
bilidade ambiental do empreendimento, aprova localização e concepção e define medidas mi-
tigadoras e compensatórias. Suas atividades são: elaboração do Termo de Referência (TR),
análise do EIA-Rima, vistoria do local do empreendimento, promoção de audiências públicas,
depende de aprovação de EIA/Rima no caso de atividades efetiva ou potencialmente causa-
doras de degradação ambiental.

capítulo 5 • 125
Requisitos para obtenção:

•  Requerimento de LP;
•  Cópia de publicação do pedido de LP;
•  EIA ou RCA;
•  Audiência pública.

Licença de instalação
É solicitada antes do início das obras; verifica se o projeto é compatível com o meio am-
biente afetado; atesta o atendimento às condicionantes da LP; autoriza início da implemen-
tação da obra ou atividade, de acordo com as especificações e cronograma constantes no
projeto, estabelece medidas de controle ambiental e fixa as condicionantes da LI. Principais
atividades: monitoramento e acompanhamento.

Requisitos para obtenção:

•  Requerimento de LI;
•  Cópia da publicação da concessão da LP;
•  Cópia da autorização de desmatamento pelo IBAMA (quando couber);
•  Licença da prefeitura municipal;
•  Plano de Controle Ambiental (PCA);
•  Cópia da publicação de pedido da LI.

Licença de operação
É ela que autoriza início das atividades; aprova a forma de convívio do empreendimento
com o meio e estabelece condicionantes para a continuidade da operação; é concedida
após verificação do cumprimento das condicionantes estabelecidas na LP e LI; contém as
medidas de controle ambiental que servirão de limite para o funcionamento e especifica
condicionantes para a operação. Principais atividades: análise de documentos solicitados na
LI e vistoria das instalações e equipamentos de controle ambiental.

Requisitos para obtenção:

•  Requerimento de LO;
•  Cópia de publicação da concessão da LI;
•  Cópia da publicação do pedido da LO.

126 • capítulo 5
03. Licenciamento ambiental de atividades relacionadas à exploração e lavra de
jazidas de combustíveis líquidos e gás natural. O CONANA, por meio da Resolução
nº 23/94, estabeleceu as seguintes licenças ambientais:
– Licença Prévia para Perfuração – LPper, autorizando a atividade de perfuração. O
empreendedor apresentará para a concessão desta licença o Relatório de Controle Ambien-
tal (RCA) das atividades e a delimitação da área de atuação pretendida.
– Licença Prévia para Produção para Pesquisa – LPpro, autorizando a produção para
pesquisa da viabilidade econômica da jazida. O empreendedor apresentará para a concessão
desta licença o Estudo de Viabilidade Ambiental – EVA.
Licenciamento ambiental de agroindústrias de pequeno porte e baixo impacto
ambiental. O CONAMA por meio da Resolução nº 385/06, estabeleceu as seguintes
licenças ambientais:
– Licença Prévia e de Instalação - LPI, que autoriza a localização e instalação de aba-
tedouros e estabelecimentos que processem pescados.
– Licença Única de Instalação e Operação - LIO, para as demais atividades agroin-
dustriais de pequeno porte e baixo impacto ambiental.
Licenciamento ambiental simplificado de Sistemas de Esgotamento Sanitário. O
CONAMA por meio da Resolução nº 377/06, estabeleceu:
– Licença Ambiental Única de Instalação e Operação - LIO ou ato administrativo
equivalente: ato administrativo único que autoriza a implantação e operação de empreendi-
mento de unidades de transporte e de tratamento de esgoto sanitário, separada ou conjunta-
mente, de pequeno porte (não se aplica aos empreendimentos situados em áreas declaradas
pelo órgão competente como ambientalmente sensíveis).
Licenciamento ambiental de Projetos de Assentamentos de Reforma Agrária. O
CONAMA por meio da Resolução nº 387/06, estabeleceu:
– Licença de Instalação e Operação - LIO: licença que autoriza a implantação e ope-
ração dos Projetos de Assentamentos de Reforma Agrária, observadas a viabilidade técnica
das atividades propostas, as medidas de controle ambiental e demais condicionantes deter-
minadas para sua operação.
Licenciamento ambiental de novos empreendimentos destinados à construção
de habitações de interesse social. O CONAMA por meio da Resolução nº 412/09,
estabeleceu:
– Licença Única - licença ambiental compreendendo a localização, instalação e ope-
ração.

capítulo 5 • 127
Capítulo 3

01. Embora existam vários métodos para avaliação de impacto ambiental, nenhum deles
abrange todas as atividades necessárias ou possibilita a análise de quaisquer tipos de proje-
tos ou sistemas ambientais. São considerados atributos desejáveis de um método, a capaci-
dade de atender às seguintes funções:

•  Identificação
•  Predição
•  Interpretação
•  Comunicação
•  Monitoramento

Considera-se ainda desejável que o método caracterize os impactos quanto à sua re-
levância (ou importância) e sua magnitude. Exemplo: um método que atenda a todas essas
características mencionadas, mas se mostre inadequado no processo decisório a que se
destina, não cumpre a função essencial que dele se espera.

02. Métodos de avaliação de impacto

Checklist
Vantagens
Forma concisa, organizada e compreensiva. Adequado para análises preliminares, indi-
cando a priori os impactos mais relevantes. Instiga a avaliação das consequências. Pode, de
forma limitada, incorporar escalas de valoração e ponderação.
Desvantagens
Compartimentação e fragmentação; não evidencia interrelações entre os fatores am-
bientais. A identificação dos efeitos é qualitativa e subjetiva. Impossibilidade de identificar
impactos secundários e fazer predições. Não capta valores e conflitos.

Ad Hoc
Vantagens
Forma simples e compreensiva que permite o envolvimento direto dos interessados,
adequado para casos de escassez de dados. Fornece orientações para outras avaliações.
Estimativa rápida de AlA.
Desvantagens
Não aprofunda a avaliação nem os impactos secundários. Não identifica nem examina o
impacto de todas as variáveis ambientais.

128 • capítulo 5
Matrizes
Vantagens
Compreensivo para comunicação de resultados. Cobre fatores ambientais naturais e so-
ciais. Acomoda dados quantitativos e qualitativos. Fornece boa orientação para prossegui-
mento dos estudos. Introduz multidisciplinaridade. Baixo custo
Desvantagens
Não identifica inter-relações, podendo haver dupla contagem dos impactos ou subesti-
mativas dos mesmos.
Compartimenta o meio ambiente. Baseia-se, principalmente, no meio físico e biótico. Não
há critério explícito para estabelecimento dos pesos. Não considera valores e conflitos. Índice
global de impacto para avaliação não é pertinente, devido à natureza distinta dos impactos.

Capítulo 4

01. Os cenários são de grande importância para a pesquisa científica, pois podem ajudar no
esclarecimento de dados, nas incertezas conceituais e na definição do campo de parâmetros
a serem estudados em modelos quantitativos, dentre outros fatores.
Os cenários têm grande papel nos processos educativos, pois despertam a consciência,
alertando para os problemas futuros em função das escolhas feitas antes passadas e pre-
sentes. Portanto, os cenários podem orientar as nossas escolhas.
Os cenários têm estreita ligação com os processos políticos, pois podem ajudar na defi-
nição de metas econômicas, sociais e ambientais, já propostas pela Agenda 21. É importante
que sejam feitas análises do ponto de vista global para o local, e vice-versa, revelando as
implicações que as políticas pensadas para um nível trazem para o outro.

02.
a) Identificação dos perigos
Existem diversas maneiras de se abordar essa etapa, desde um “brainstorming” quali-
tativo até procedimentos quantitativos, dependendo do sistema estudado. O importante é
identificar o máximo de perigos internos plausíveis e seus eventos associados.
b) Estimativa da probabilidade/frequência
Essa etapa envolve desenvolvimento de cenários de acidentes, coleta de dados do em-
preendimento, quantificação das frequências dos vários cenários e delineamento dos contri-
buintes “chave” e suas influências.
c) Análise das consequências
Envolve atividades que tentam ligar a fonte de perigo e seu receptor potencial.

capítulo 5 • 129
Caracterizar as fontes de perigo, avaliar os efeitos na segurança e saúde relacionados
aos níveis de exposição projetados, especialmente concentrações atmosféricas, identificar
impactos ambientais, estimar perdas e danos à propriedade e outros impactos econômicos.
d) Caracterização do risco
É a etapa em que os riscos são determinados e estimados.
Risco individual é a probabilidade de ferimento, fatalidade ou doença, no caso de indiví-
duos expostos, dentro de uma população. Risco social é uma estimativa da incidência dentro
de uma população total que será potencialmente exposta.

Capítulo 5

01. Principais dificuldades:

•  Falta de pessoal capacitado para análise dos relatórios de monitoramento elaborados pelo
empreendedor;
•  Fala de articulação interna para utilizar as informações produzidas pela fiscalização, no
processo contínuo de acompanhamento e monitoramento ambiental exercido pelo órgão
sobre o empreendimento;
•  Falta de conhecimento da legislação pertinente;
•  Falta de conhecimento do conteúdo e embasamento técnico dos Programas de Acom-
panhamento e Monitoramento Ambiental, aprovados no EIA/RIMA ou outros documentos
técnicos;
•  Falta de padronização dos indicadores de qualidade ambiental;
•  Deficiência ou inexistência de recursos materiais e financeiros para a realização de vistoria
técnica;
•  Falta de segurança pessoal para a realização de vistoria técnicas em áreas de conflito;
•  Dificuldades de prever mudanças dos ecossistemas que se revelam através das décadas;
•  Dificuldade de se determinar a fonte de impacto;
•  Quando projetos são monitorados, geralmente é devido à pressão popular, ou outras exi-
gências regulatórias;
•  A realização de monitoramento também é dificultada por falhas apresentadas no EIA.

02. Os impactos causados pelo homem no meio ambiente são constantes. E em alguns ca-
sos, são capazes de provocar uma enorme desarmonia, arruinando ecossistemas e lavando
espécies inteiras à extinção. Para tentar prevenir e de alguma maneira minimizar estas ações
negativas, os órgãos ligados à proteção do meio ambiente criam mecanismos e diretrizes. No
Brasil, dentre os mais importantes estão as chamadas Medidas Mitigatórias.

130 • capítulo 5
Essas medidas são aplicadas com o respaldo governamental e fazem parte das leis es-
pecíficas que regem a utilização de ambientes naturais. As Medidas Mitigatórias funcionam
ainda como parâmetro para avaliar danos que venham a ser provocados por empresas que
realizem suas explorações em área destinada à preservação ambiental ou se estas, de algu-
ma maneira, ultrapassarem os limites estabelecidos para as suas atividades.
Confira abaixo os tipos de Medidas Mitigatórias, segundo o IBAMA (Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis):

Medidas mitigadoras preventivas


São medidas que têm como objetivo minimizar ou eliminar eventos adversos que se apre-
sentam com potencial para causar prejuízos aos itens ambientais do meio natural (físico,
biótico e antrópico). Este tipo de medida procura anteceder o impacto negativo.

Medidas Mitigadoras Corretivas


Visam restabelecer a situação anterior à ocorrência de um evento adverso sobre o item
ambiental destacado nos meios físico, biótico e antrópico, através de ações de controle ou de
eliminação/controle do fator provocador do impacto.

Medidas Mitigadoras Compensatórias


Consistem em medidas que procuram repor bens socioambientais perdidos em decor-
rência de ações diretas ou indiretas do empreendimento.

Medidas Potencializadoras
São aquelas que visam otimizar e maximizar o efeito de um impacto positivo decorrente
direta ou indiretamente da implantação do empreendimento.

capítulo 5 • 131
ANOTAÇÕES

132 • capítulo 5
ANOTAÇÕES

capítulo 5 • 133
ANOTAÇÕES

134 • capítulo 5
ANOTAÇÕES

capítulo 5 • 135
ANOTAÇÕES

136 • capítulo 5

Vous aimerez peut-être aussi