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Escrito: Os Oito Ventos | Gosho a ser estudado na reunião de palestra de setembro, com base na
matéria publicada na revista Terceira Civilização, ed. 575, jul. 2016, p. 44
Cenário Histórico:
Nichiren Daishonin escreveu Os Oitos Ventos no Monte Minobu aos 56 anos, e escreveu para Shijo
Kingo,¹ seu leal discípulo de Kamakura. Por causa da devoção de Kingo aos ensinamentos de Nichiren
Daishonin, em 1276, seu senhor feudal ordenou-lhe que abandonasse a localidade em que vivia, próxima
a Kamakura, e se mudasse para a distante província de Echigo. Embora a carta não contenha uma data,
sabe-se que foi escrita em 1277. Kingo apresentou os ensinamentos de Nichiren Daishonin para a família²
do seu senhor feudal, Ema, a quem ele e seu pai serviam. O senhor feudal era eminente integrante do clã
Hojo. Em 1274, a tensão em todo o país aumentava diante da ameaça de uma invasão mongol. Nesse
sentido, Shijo Kingo queria garantir a segurança do seu senhor, despertando-o para o ensinamento correto
do budismo. Porém, Ema era devoto seguidor do sacerdote Ryokan,³ da escola Preceitos-Palavra
Verdadeira que gradualmente o afastava de seu senhor. Além disso, seus colegas samurais, que estavam
ressentidos com Kingo pela confiança que Ema depositava nele, se aproveitaram da situação para
desenvolver uma maliciosa trama para levá-lo ao descrédito.
Daishonin adverte Shijo Kingo a não ser dominado pela ira diante da injustiça da situação e a não buscar
estratégias superficiais para resolvê-la, mas enfrentá-la com base na prática da fé, e controlando o
ressentimento em relação ao seu senhor feudal é que ele poderá encontrar uma saída para esse impasse.
Frase 1 do escrito
“Pessoas sábias são assim chamadas porque não são levadas pelos oito ventos: prosperidade,
declínio, desgraça, honra, elogio, censura, sofrimento e prazer. Não ficam exultantes pela
prosperidade nem aflitas pelo declínio. As divindades celestiais certamente protegerão aquele
que não se curva diante dos oito ventos.” (CEND, v. II, p. 53)
Ventos desfavoráveis
Declínio — significa situação de perda. Desmotivadas pelas condições de vida desfavoráveis, as pessoas
tendem a perder a energia e a coragem.
Desgraça — condição na qual a pessoa perde a credibilidade e o respeito por suas atitudes ou por intrigas
e difamações motivadas por inveja ou rancor.
Censura — situação que a pessoa é repreendida ou insultada. Há pessoas que, ao serem repreendidas
ou orientadas com rigorosidade, acabam desanimando ou se irritando com as demais, afastando-se delas.
Sofrimento — condição de dor física ou espiritual que nos leva a desanimar na prática budista.
O presidente Ikeda orienta “As pessoas sábias não são levadas pelos oito ventos; persistem e busca a
felicidade absoluta com espírito indomável. Essa é a verdadeira conduta de um genuíno praticante do
Budismo de Nichiren Daishonin”. (BS, ed. 2.280, 20 jun. 2016, p. C4).
Frase 2 do escrito
“Porém, se o senhor abrigar um ressentimento irracional em relação ao seu senhor feudal, por
mais que ore, as divindades não o protegerão.” (CEND, v. II, p. 53)
Cabe ressaltar, porém, que essa orientação de Daishonin perante os oito ventos não é no sentido de se
forçar uma mudança artificial das próprias emoções ante uma condição favorável ou desfavorável. Nessa
frase, Daishonin nos ensina a elevar nossa condição interna da vida de forma que não sejamos dominados
ou influenciados nem pelas circunstâncias favoráveis nem pelas desfavoráveis. Aos olhos do buda
Nichiren Daishonin, mesmo a circunstância desfavorável vivida por Shijo Kingo devido a uma reputação
negativa perante seu lorde, criada por uma série de acusações infundadas, era nada mais que um aspecto
passageiro, razão pela qual ele o incentiva citando o exemplo dos oito ventos (BS, ed. 1.705, 28 jun. 2003,
p. C2). Concluindo, é fundamental ter a mais profunda fé ao Gohonzon como base para que elevemos
nosso estado de vida, analisando sempre se nossas próprias atitudes não estão sendo dominadas pelos
oito ventos. Vamos continuamente analisar se nosso comportamento condiz com o de um verdadeiro
‘sábio’ citado por Daishonin. (BS, ed. 1.880, 17 fev. 2007, p. A7).