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WRIGHT MILLS, Charles. “Ações situadas e vocabulários de


motivos”. [Tradução de Mauro Guilherme Pinheiro Koury].
RBSE – Revista Brasileira de Sociologia da Emoção, v. 15, n.
44, p. 10-20, agosto de 2016. ISSN: 1676-8965.
ARTIGO
http://www.cchla.ufpb.br/rbse/Index.html

Ações situadas e vocabulários de motivos

Charles Wright Mills


Tradução de Mauro Guilherme Pinheiro Koury

Recebido: 20.01.2016
Aceito: 10.04.2016

Resumo: O propósito deste artigo é delinear um modelo analítico para a explicação dos
motivos, baseados em uma teoria sociológica da linguagem e em uma sociologia psicológi-
ca. Palavras-chave: análise sociológica, motivos, linguagem, comportamento social

A grande reorientação da teoria algo que seja anterior e pessoal, a lin-


e observação recentes na sociologia da guagem é tomada por outras pessoas
linguagem veio à tona com a derrubada como um indicador de futuras ações
da noção wundtiana de que a linguagem (WRIGHT MILLS, 1940).
tem como função a ‘expressão’ de ele- Dentro dessa perspectiva, há su-
mentos prévios existentes no indivíduo1. gestões que concernem a problemas de
O postulado subjacente ao moderno es- motivação. O propósito deste artigo é
tudo da linguagem é simplesmente que delinear um modelo analítico para a
nós devemos abordar o comportamento explicação dos motivos, baseados em
linguístico, não o referindo a estados uma teoria sociológica da linguagem e
particulares individual, mas, observando em uma sociologia psicológica (MEAD,
a sua função social de coordenação de 1909; MANNHEIM, 1940; WIESE &
diversas ações. Ao invés de expressar BECKER, 1932, parte I; DEWEY,
1917, p. 276).
Frente à concepção inferencial
1
Este artigo originalmente intitulado “Situaded de motivos como ‘impulsionadores’
actions and vocabulaires of motives” foi repro- subjetivos de ação, os motivos podem
duzido do American Sociological Review, v. 5,
n. 6: 904-913, 1940, com a permissão da revista.
ser considerados como típicos vocabulá-
Originalmente, foi elaborado para uma confe- rios com funções verificáveis em situa-
rência para a The Society for Social Research, ções sociais delimitadas. Atores huma-
University of Chicago, pronunciada entre os nos vocalizam e imputam motivos para
dias 16-17 de agosto de 1940.

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si mesmos e para os outros. Explicar o Situações centradas em questões envol-


comportamento, por referência a um vem tipicamente programas ou ações
‘motivo’ inferido e abstrato é uma coi- alternativas ou inesperadas cujas fases
sa. Analisar os mecanismos linguísticos analiticamente denotam ‘crises’3. A
observáveis de imputação de motivo e questão é marcada na medida em que
revelar como eles funcionam na conduta geralmente provoca outra ação verbal, e
é outra completamente diferente. Ao não uma resposta motora. A questão é
invés de elementos fixos ‘em’ um indi- um elemento na conversação. A con-
víduo, os motivos são os termos com os versação pode dizer respeito às caracte-
quais procede a interpretação de condu- rísticas factuais de uma situação, como
tas por parte dos atores sociais. Esta elas são vistas ou se acredita ser, ou po-
imputação e revelação dos motivos por de procurar integrar e promover um
atores são fenômenos sociais a serem conjunto de diversas ações sociais com
explicados. As diferentes razões que os referência à situação e ao seu padrão
homens dão para suas ações, não são normativo das expectativas. É nesta úl-
elas mesmas sem razões. tima fase da conversação, de assenti-
Primeiro, devemos demarcar as mento e dissonância, que o discurso e
condições gerais em que essa imputação vocabulário persuasivo e dissuasivo
de motivo e sua revelação parecem o- emergem. No caso dos homens que vi-
correr2. Em seguida, temos de oferecer vem atos imediatos da experiência e têm
uma caracterização do motivo em ter- as suas atenções dirigidas para fora de
mos denotáveis e um paradigma expli- si, os seus atos, de alguma forma, se
cativo do porquê de certos motivos se- veem frustrados. É nesse momento que
rem verbalizados em vez de outros. En- a consciência de si e os motivos ocor-
tão, indicaremos os mecanismos de li- rem. A ‘questão’ é o índice lingual de
gação entre os vocabulários de motivos tais condições. A revelação e a imputa-
e os sistemas de ação. O que queremos, ção de motivos são características de
por fim, é uma análise das funções de tais conversações, quando surgem situa-
integração, controle e especificação, que ções de ‘questionar’.
certo tipo de discurso cumpre em ações Os motivos são imputados ou
socialmente situadas. declarados como respostas a perguntas,
A situação genérica em que a interrompendo atos ou programas. Os
imputação e a revelação de motivos a- motivos são palavras. Genericamente, a
parecem, envolve, em primeiro lugar, a que se referem? Elas não denotam
conduta social ou os programas (decla- quaisquer elementos ‘em’ indivíduos.
rados) de linguagem, ou seja, os pro- Elas representam consequências situa-
gramas e ações dirigidos com referência cionais antecipadas de condutas questi-
às ações e conversas dos outros; se- onadas. A intenção ou propósito (indi-
gundo, a confissão e a imputação dos cados como um ‘programa’) é a consci-
motivos são concomitantes com a forma ência da consequência do que se previa;
discursiva conhecida como a ‘questão’. os motivos são os nomes atribuídos para
situações consequenciais, e sucedâneos
2
de ações que os conduzem. Atrás das
A importância desta tarefa inicial para a pes- perguntas se encontram possíveis ações
quisa é clara. A maioria das pesquisas sobre o
plano verbal simplesmente fazem perguntas alternativas com as suas consequências
abstratas em relação a indivíduos, mas, se po- terminais.
demos tentativamente delimitar as situações em
que determinados motivos podem ser verbaliza-
3
dos, podemos usar essa delimitação na constru- Sobre ‘questão’ e ‘conversação’ ver DeLaguna
ção de questões situacionais, e vamos testar (1927, p. 37). Em relação aos motivos em crise,
deduções a nossa teoria. ver Williams (1920, p. 435).

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Nossas palavras introspectivas por explicados socialmente (DEWEY,


motivos são ásperas, são descrições 1939). A antecipação é uma nomeação
grosseiras, são descrições taquigráfi- subvocal ou evidente de fases terminais
cas de determinados padrões típicos e / ou consequências sociais de conduta.
de estímulos discrepantes e conflitan- Quando um indivíduo nomeia conse-
tes4.
quências, ele provoca o comportamento
O modelo de conduta intencio- para os quais o nome é uma sugestão
nal associado com o nome de Dewey reintegradora. Em uma situação socie-
pode ser aqui brevemente indicado. Os tal, implícita nos nomes, as consequên-
indivíduos, quando confrontados com cias são as dimensões sociais dos moti-
‘atos alternativos’, executam um ou ou- vos. Através desses vocabulários, vários
tro deles, com base nas consequências tipos de controles sociais operaram. A-
diferenciais que antecipam. Este es- lém disso, os termos nos quais a per-
quema utilitário ao cru é inadequado por gunta é formulada muitas vezes conte-
que: (a) os ‘atos alternativos’ de con- rão duas alternativas: ‘amor ou dever?’,
duta social ‘aparecem’ na maioria das ‘negócios ou lazer?’. Institucional-
vezes em forma linguística, como uma mente, situações diferentes possuem
pergunta, professada por um self ou por diferentes vocabulários de motivos a-
outro; (b) é mais adequado dizer que os propriados para os seus respectivos
indivíduos agem em termos de anteci- comportamentos.
pação de consequências instituídas. Essa concepção sociológica de
Entre tais nomes e em algumas motivos como fases linguísticas relati-
linhas tecnologicamente orientadas de vamente estáveis de situações delimita-
ação podem aparecer termos como ‘ú- das é bastante coerente com o programa
til’, ‘prático’, ‘reparado’, etc., termos de Mead para se aproximar de condutas
tão ‘conclusivos’ para os pragmatistas, e sociais a partir do exterior. Ele mantém
também para certos setores da popula- claramente em mente que
ção americana nestas situações delimi- ambos os motivos e ações muitas ve-
tadas. No entanto, existem outras áreas zes se originam não de dentro, mas, a
da população com diferentes vocabulá- partir da situação em que os indiví-
rios de motivos. A escolha das linhas de duos se encontram... (MANNHEIM,
ação é acompanhada por representações 1940, p. 249).
e seleção entre elas, a partir dos seus
Ele traduz a questão do ‘por que’6 para
terminais situacionais. Os homens dis-
um ‘como’ que é responsável, em ter-
cernem situações com vocabulários es-
mos, de uma situação e do seu voca-
pecíficos, e é em termos de algum vo-
bulário típico de motivos, ou seja, àque-
cabulário delimitado que eles antecipam
les que convencionalmente acom-
as consequências de suas condutas5.
panham esse tipo de situação e funcio-
Vocabulários estáveis de motivos vin-
nam como pistas e justificativas para as
culam consequências antecipadas e a-
ações normativas no seu interior.
ções específicas. Não há necessidade de
Foi apontado que a questão é ge-
invocar termos ‘psicológicos’, como
ralmente um índice para a revelação e
‘desejo’ ou ‘anseio’ como explanatório,
imputação de motivos. Max Weber
uma vez que eles próprios devem ser
(1922, p. 5) define motivo como um
complexo de significados que aparecem
4
Burke (1936, p. 45ss). Encontro-me em dívida
com este livro por várias pistas nele sistemati-
6
zadas e inspiradoras para este trabalho. Convencionalmente responsável por referência
5
Veja estes experimentos em Rexroad (1926, p. a "fatores subjetivos" individuais. Ver, MacIver,
458). (1940; 1940a).

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para o ator ou para o observador como mesmo, ele pode adotar um motivo a-
um terreno adequado para as suas con- cessório. Isso não significa que o se-
dutas7. O aspecto da motivação que essa gundo motivo de desculpas seja inefi-
concepção empunha é a do seu caráter caz. A expectativa vocalizada de um
intrinsecamente social. Um motivo sa- ato, a sua ‘razão’, não é apenas uma
tisfatório ou adequado é aquele que sa- condição mediadora da ação, mas é uma
tisfaz os questionadores de um ato ou condição próxima e de controle para o
programa, seja ele de outro qualquer ou qual o termo ‘causa’ não é apropriado.
do próprio ator. Como uma palavra, um Ela pode fortalecer a ação do ator. Pode,
motivo tende a ser, para um ator e para também, ganhar novos aliados para o
os outros membros de uma situação, seu ato.
uma resposta inquestionável às per- Quando apelam para outros en-
guntas relacionadas às condutas social volvidos na ação de alguém, os motivos
e linguística. Um motivo estável é um são estratégias de ação. Em muitas a-
ultimato em uma conversação justifica- ções sociais, os outros devem concor-
dora. As palavras que em uma situação dar, tácita ou explicitamente. Destarte,
deste tipo cumprirão esta função se cir- os atos muitas vezes serão abandonados
cunscrevem no vocabulário de motivos se não for possível encontrar uma razão
aceitos neste tipo de situação. Os moti- aceitável que os justifiquem perante os
vos são aceitos como justificativas de outros relacionais. A diplomacia na es-
programas ou ações passados, presentes colha de um motivo, muitas vezes, con-
ou futuros. trola o diplomata. A escolha diplomá-
Denominá-los justificação não é tica de motivos faz parte do esforço de
negar a sua eficácia. Muitas vezes ante- motivar os atos de outros membros pre-
cipações de justificativas aceitáveis irão sentes na situação. Tais motivos pro-
controlar conduta. ("Se eu fizesse isso, o nunciados podem desfazer confusões e
que eu poderia dizer? O que eles di- integrar uma situação social. Esta di-
riam?") As decisões podem ser, no todo plomacia não implica necessariamente
ou em parte, delimitadas pelas respostas em mentiras intencionais. Ela simples-
a tais pedidos. mente indica que um vocabulário apro-
Um homem pode começar uma priado de motivos será utilizado - que
ação por um motivo. No decurso do existem condições para determinadas
linhas de conduta8.
7 Quando um agente vocaliza ou
“‘Motiv‘ heisst ein Sinnzusammenhang,
welcher dem Handelnden selbst dem imputa motivos, ele não está tentando
Beobachtenden als sinnhafter Grund‘ eines descrever a sua experiência de ação so-
Verhaltens in dem Grade heissen, als die cial. Ele não está apenas afirmando ‘ra-
Beziehung seiner Bestandteile von uns nach den zões’. Ele está influenciando outros, e a
durchschnittlichen Denk- und si mesmo. Muitas vezes, ele está encon-
Gefühlsgewohnheiten als typischer (wir pflegen
zu sagen: ‘richtigeer‘) Sinzusammenhang bejaht trando nova ‘razões’ que ajudem a me-
wird“. [“Chamamos 'Motivo' a uma conexão de diar a ação. Assim, não precisamos tra-
sentidos que aparece ao próprio ator ou obser- tar uma ação como discrepante de ‘sua’
vador como o 'fundamento' com significado de
uma conduta. Dizemos para uma conduta que se
desenvolva como um todo coerente que ela é
8
‘adequada pelo sentido’, na medida em que Certamente, desde que os motivos são comuni-
afirmamos que a relação entre os seus elementos cados, eles podem ser mentiras; mas, estes de-
constitui uma ‘conexão de sentidos típica’ (ou, vem ser provados. As verbalizações não são
como podemos dizer, ‘correta’) sob a base de mentiras apenas porque são socialmente efica-
hábitos mentais e emocionais médios”]. – Em zes. Eu estou aqui interessado mais com a fun-
alemão no original, versão para o português do ção social dos motivos pronunciados, do que
tradutor. com a sinceridade daqueles que o pronunciam.

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verbalização, pois, em muitos casos, a com seus motivos apropriados, muitas


verbalização em si é um novo ato. Em vezes, induzem um homem a se tornar o
tais casos, não há uma discrepância en- que a princípio ele apenas procurou de-
tre um ato e ‘sua’ verbalização, mas, monstrar. Mudanças nos vocabulários
uma diferença entre duas ações díspa- de motivos, utilizados mais tarde por
res, social e verbal (ZNANIECKI, 1936, um indivíduo, revelam um aspecto im-
p. 30). Este (ou ‘ex post facto’) lingua- portante das várias integrações de suas
jar adicional pode envolver apelo a um ações respectivamente com vários gru-
vocabulário de motivos associado a uma pos.
norma com a qual os membros envolvi- Os motivos atualmente utiliza-
dos com a situação estão de acordo. dos na justificativa ou na critica de um
Como tal, ele é um fator de integração ato, definitivamente o vincula a situa-
nas fases futuras da ação social original ções, integra a ação de um homem com
ou em outras ações. Os motivos são efi- outro, e alinha as condutas com as nor-
cazes na resolução de conflitos Muitas mas. Os motivos-substitutos social-
vezes, se ‘razões’ não forem dadas, uma mente sustentados de situações são, ao
ação não irá ocorrer, nem diversas ações mesmo tempo, constrangimentos e in-
seriam integradas. Os motivos são o centivos. É uma hipótese digna e capaz
fundamento comum para comporta- de teste a de que os vocabulários típicos
mentos mediados. de motivos para diferentes situações são
Perry (1926, p. 292-293) afirma determinantes significativos de conduta.
sumariamente a visão freudiana de mo- Como segmentos linguísticos de ação
tivos, social, os motivos orientam as ações,
como a visão de que os verdadeiros permitindo um discernimento entre os
motivos de conduta são aqueles que seus objetos. Adjetivos tais como
temos vergonha de admitir, quer para ‘bom’, ‘agradável’ e ‘ruim’ promovem
nós mesmos ou para os outros. a ação ou a detém. Quando constituem
componentes de um vocabulário de mo-
Alguém pode cobrir os fatos apenas
tivos, ou seja, são acompanhamentos
dizendo que escrúpulos (ou seja, voca-
típicos e relativamente inquestionáveis
bulários morais de motivo) são muitas
de situações típicas, essas palavras, em
vezes eficazes e que os homens irão
virtude de serem julgamentos de outros
alterar e dissuadir suas ações em termos
antecipados pelo ator, muitas vezes fun-
de tais motivos. Um dos componentes
cionam como incentivos e diretrizes.
de um ‘outro generalizado’, como um
Portanto, os motivos são
mecanismo de controle social, são os
vocabulários de motivos aceitáveis. Por instrumentos sociais, ou seja, ferra-
exemplo, um empresário se junta ao menta que apontam qual o agente se-
Rotary Club e proclama o seu vocabulá- rá capaz de influenciar [a si mesmo
ou outras pessoas] (ZNANIECKI,
rio de espírito público (Ibid., p. 392). Se
1936, p. 73).
este homem não pode agir fora da con-
duta empresarial, sem improvisar, se- O ‘controle’ dos outros não é comu-
gue-se que este vocabulário dos motivos mente direto, mas, sim, por meio da
é um fator importante em seu compor- manipulação de um campo de objetos.
tamento9. A longa ação de um papel,
mentado, este tipo sofreu modificações; o lucro
9
A 'motivação para o lucro’ da economia clás- e os vocabulários comerciais adquiriram outros
sica pode ser tratada como um vocabulário ideal ingredientes. Ver Danielian (1940), para uma
típico de motivos para as situações e comporta- sugestiva consideração sobre o comportamento
mentos econômicos delimitados. Para as fases não econômico e as motivações dos burocratas
tardias do capitalismo monopolista e regula- empresariais.

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Nós influenciamos um homem nome- menos linguísticos. Tudo o que pode-


ando seus atos ou imputando motivos mos inferir e verificar empiricamente10
para eles, ou ‘ele’. Os motivos que a- são outras verbalizações do agente que
companham as instituições de guerra, acreditamos teve o seu comportamento
por exemplo, não são ‘as causas’ da orientado e controlado no momento em
guerra, mas a promoção continuada da que o ato foi performado. Os únicos
participação integrada, e que variam de itens sociais que podem "ser encontra-
uma guerra para a outra. Vocabulários dos mais profundamente" são outras
de motivos em relação ao trabalho pro- formas linguísticas11. A ‘atitude ou mo-
movem carreiras que são tecidas através tivo real’ não é algo diferente da verba-
da mudança nas tramas institucionais. lização ou ‘opinião’. Elas acabam por
Geneticamente, os motivos são ser apenas relativamente e temporal-
imputados por outros antes de serem mente diferentes.
declarados pelo self. A mãe controla a A expressão ‘motivo inconsci-
criança: "Não faça isso, não seja insaci- ente’ também é lamentável. Tudo o que
ável". Não só a criança aprende o que podemos dizer é que um motivo não é
fazer, e o que não fazer, mas são dados explicitamente vocalizado, mas não há
a ela motivos padronizados que promo- necessidade de se inferir motivos in-
vem ações prescritas e dissuadem as conscientes de tais situações e, em se-
proscritas. Junto com as regras e normas guida, postulá-los nos indivíduos como
de ação para várias situações, aprende- elementos. A frase é informada pela
mos os vocabulários de motivos ade- persistência da noção desnecessária e
quados a cada uma delas. Estes são os sem fundamento de que "toda ação tem
motivos que devemos usar, uma vez que um motivo", e é promovida pela obser-
eles fundamentam uma parte da nossa vação de lacunas, relativamente fre-
linguagem e são componentes do nosso quentes, na verbalização em situações
comportamento. cotidianas. Os fatos a que esta frase é
A busca por ‘motivos reais’ su- supostamente endereçada são cobertos
postamente colocados contra a ‘mera pelas declarações de que os homens
racionalização’ é frequentemente in- nem sempre articulam motivos explici-
formada por uma visão metafísica de tamente, e que todas as ações não giram
que os motivos ‘reais’ são, de alguma em torno da linguagem. Eu já indiquei
forma, biológicos. Tais indagações em as condições em que os motivos são
busca de algo mais real e de retorno à tipicamente confessos e imputados.
racionalização são defendidas por mui- Dentro da perspectiva em ques-
tos sociólogos que afirmam de que a tão, o motivo verbalizado não é usado
linguagem é uma manifestação externa como um índice de algo no indivíduo,
ou concomitante de algo anterior, mais mas como base de inferência de um vo-
genuíno e ‘profundo’ no indivíduo. ‘A- cabulário típico de motivos de uma a-
titudes reais’ versus ‘mera verbalização’ ção situada. Quando perguntamos pela
ou ‘opinião’ implicam em que, na me- ‘atitude real’ em vez da ‘opinião’, pelo
lhor das hipóteses, é só inferir da sua
linguagem o que ‘realmente’ seja ati- 10
tude individual ou motivo. Claro, podemos inferir ou interpretar constru-
ções postuladas no indivíduo, mas estas não são
Agora, o que poderíamos possi- facilmente verificadas e elas não são explicati-
velmente inferir? O que exatamente é vas.
verbalização sintomática? Não podemos 11
O que não quer dizer que, fisiologicamente,
inferir processos fisiológicos de fenô- pode não haver cãibras na parede do estômago
ou adrenalina no sangue, etc., mas, o caráter da
‘relação’ de tais itens com a ação social é bas-
tante discutível.

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‘motivo real’ em vez da ‘racionaliza- Vocabulários religiosos de explicação e


ção’, tudo o que estamos perguntando, de motivos estão agora em declínio. Em
significativamente, é se a forma dis- uma sociedade na qual os motivos reli-
curso controlador foi incipientemente giosos foram desmascarados em uma
ou abertamente apresentado no ato ou escala bastante ampla, certos pensado-
série de atos praticados. Não há ne- res são céticos daqueles que ubiqua-
nhuma maneira de sondar por atrás de mente proclamá-los. Os motivos religi-
verbalizações em um indivíduo e dire- osos foram prescritos por partes sele-
tamente verificar o nosso motivo-insti- cionadas da população modernas e ou-
gador, mas há uma maneira empírica na tros motivos tornaram-se ‘irrevogáveis’
qual podemos orientar e por limite, em e operativos. Contudo, a partir dos mos-
situações históricas dadas, as investiga- teiros da Europa medieval, não temos
ções de motivos. Isto se faz pela cons- nenhuma evidência de que os vo-
trução de vocabulários típicos de moti- cabulários religiosos não eram operató-
vos existentes em tipos de situações e rios em muitas situações.
ações específicas. A imputação de mo- Um líder trabalhista diz que rea-
tivos pode ser controlada por referência liza uma determinada ação porque ele
à constelação normal dos motivos ob- quer obter melhores condições de vida
servados, os conectando com as classes para os trabalhadores. Um empresário
de ações socialmente situadas. Alguns diz que isto é uma racionalização, ou
dos motivos ‘reais’ imputados a atores uma mentira; que o que ele quer, real-
não foram sequer conhecidos por eles. mente, é tirar mais dinheiro dos traba-
A meu ver, os motivos são circunscritos lhadores para si próprio. Um radical diz
pelo vocabulário do ator. A única fonte a um professor da faculdade que ele não
para uma terminologia dos motivos é o vai se envolver em movimentos radicais
vocabulário de motivos efetivamente e porque tem medo de perder o seu tra-
normalmente verbalizados por atores balho e, além disso, é um ‘reacionário’.
em situações específicas. O professor universitário, por sua vez,
Vocabulários individualistas, afirma que é porque ele só gosta de des-
sexuais, hedonistas e pecuniários de cobrir como as coisas funcionam. O que
motivos são, aparentemente, agora do- é a razão para um homem é racionaliza-
minantes em muitos setores da América ção para outro. A variável é o vocabulá-
urbana do século XX. Sob tal ethos, a rio de motivos aceito, o final do dis-
verbalização de condutas alternativas, curso, do grupo dominante de cada ho-
nesses termos, possui menor probabili- mem, sobre cuja opinião ele atenta. A
dade de ser contestada entre os grupos determinação de tais grupos, a sua lo-
dominantes. Neste ambiente, as pessoas calização e caráter, permitiriam a deli-
estão céticas de motivos religiosos de- mitação e o controle metodológico dos
clarados de Rockefeller para a sua con- motivos designados para atos específi-
duta empresarial porque tais motivos cos.
não são agora termos do vocabulário Uma maior atenção sobre essa
convencional que acompanham as situ- idéia nos conduzirá a investigações so-
ações empresariais. Um monge medie- bre a compartimentalização de motivos
val escreveu que ele deu comida para operacionais em personalidades de a-
uma mulher pobre e bonita porque era cordo com a situação e os tipos e con-
"para a glória de Deus e a salvação eter- dições gerais de vocabulários de moti-
na de sua alma". Por que tendemos a vos em vários modelos de sociedades.
interrogá-lo e imputar motivos sexuais? As estruturas motivacionais dos indiví-
Porque o sexo é um motivo influente e duos e os padrões de seus propósitos se
difundido em nosso tempo e sociedade. encontram em relação aos quadros soci-

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ais. Poderíamos, por exemplo, estudar ras secundárias, seculares e urbanas, os


os motivos ao longo de linhas estratifi- vocabulários de motivos variados e
cadas ou ocupacionais. Max Weber (a- concorrentes operam de maneira associ-
pud MANNHEIM, 1940, p. 316-317) ada e as situações a que eles são apro-
observou: priados não estão claramente demarca-
... Que em uma sociedade livre os das. Os motivos, uma vez inquestioná-
motivos que induzem as pessoas a veis para situações definidas, agora são
trabalhar variam através das... dife- questionados. Vários motivos podem
rentes classes sociais... Existe nor- permitir atos semelhantes em uma dada
malmente uma escala graduada de situação. Assim, as pessoas em diversas
motivos pelos quais os homens de di- situações se encontram confusas e com
ferentes classes sociais são levados a dificuldade de descobrir os motivos ‘a-
trabalhar. Quando um homem muda tivados’ pelas outras pessoas. Tal ques-
de fileiras, ele muda também de um tionamento resultou intelectualmente
conjunto de motivos para o outro. em movimentos, como a psicanálise,
Os vínculos linguísticos que os com o seu dogma de racionalização e
mantêm juntos reagem sobre as pessoas sua sistemática de motivos-instigadores.
para constituir quadros de disposição e Tais fenômenos intelectuais são postos
motivação. Recentemente, Talcott Par- em conflitantes divisões e seções de
sons (1940, p. 67) indicou, por referên- uma sociedade individualizada, que é
cia às diferenças entre as ações nas pro- caracterizada pela existência de vocabu-
fissões e nos negócios, que não se pode lários de motivo concorrentes. Intrica-
pular da das constelações de motivos, por exem-
análise econômica para motivações plo, são componentes de empresas e
finais; os padrões institucionais cons- negócios na América. Esses padrões
tituem sempre um elemento crucial têm invadido o velho vocabulário de
do problema. estilo das relações virtuosas entre ho-
mens e mulheres: dever, amor, bondade.
É a minha sugestão para que possamos Entre certas classes, os motivos român-
analisar, indexar e avaliar esse ele- ticos, virtuosos, e pecuniários se encon-
mento, concentrando-se sobre aqueles tram bastante confusos. A pergunta à
apêndices verbais específicos de ações questão: "Casamento por amor ou di-
institucionalizadas variantes que têm nheiro" é significativa, pois o pecuniário
sido referenciadas como vocabulários é agora um motivo constante e quase
de motivos. onipresente, um denominador comum
Nas sociedades simples, as cons- de muitos outros12.
telações de motivos relacionados com
Por trás de ‘motivos mistos’ e
diversos setores do comportamento ten- ‘conflitos motivacionais’, padrões situ-
deriam a ser tipicamente estáveis e a acionais e seus respectivos vocabulários
permanecerem associadas apenas com o de motivos estão competindo ou se
seu setor. Nas sociedades tipicamente mostram discrepantes. Com o desloca-
primárias, sagradas e rurais, os motivos mento e situações intersticiais, cada
das pessoas seriam regularmente com-
partimentados. Os vocabulários de mo-
tivos encomendados para diferentes si- 12
tuações estabilizam e guiam o com- Também os motivos aceitos, imputados e con-
fessos por um sistema de ação, podem ser di-
portamento e a expectativa das reações fundidos para outros domínios e, gradualmente,
dos outros. Em suas situações apropria- virem a ser aceitos por alguns como um retrato
das, os motivos verbalizados não são abrangente do motivo dos homens. Isso aconte-
normalmente questionados. Em estrutu- ceu, por exemplo, no caso do homem econô-
mico e seus motivos.

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uma das várias alternativas pode perten- hipocrisia ou à ignorância. Um indiví-


cer a diferentes sistemas de ação, as duo que tenha assimilado completa-
quais possuem vocabulários diferentes mente um único amontoado de motivos
de motivos que lhes são próprios. Tais tentará aplicar esses motivos a todas as
conflitos manifestos nos padrões de vo- situações, inclusive em casa e com a
cabulário se sobrepõem em um indi- esposa. Deve-se notar que toda termi-
víduo marginal e não são facilmente nologia de motivos tem sua articulação
compartimentados em situações bem intelectual, assim como a psicanálise e
definidas. marxismo.
Além de prometer explicar uma É significativo que, desde o pe-
área de fatos linguísticos e sociais, outra ríodo socrático, muitas ‘teorias da moti-
vantagem deste ponto de vista dos mo- vação’ têm sido associadas com termi-
tivos é a de que, com ele, devemos ser nologias éticas e religiosas. O motivo é
capazes de dar conta de outras teorias que leva o homem a perpetrar o bem ou
sociológicas (terminologias) de motiva- o mal. Sob a égide de instituições reli-
ção. Esta é uma tarefa para a sociologia giosas, os homens usam vocabulários de
do conhecimento. Aqui, eu posso me motivos morais: eles os chamam de atos
referir, apenas, a algumas teorias. Eu já e programas ‘bons’ e ‘ruins’, e imputam
me referi à terminologia freudiana dos essas qualidades à alma. Tal comporta-
motivos, é evidente que esses motivos mento linguístico é parte do processo de
são as de um grupo burguês patriarcal controle social. Práticas institucionais e
superior com forte orientação sexual e seus vocabulários de motivo exercem o
individualista. Quando em processos de controle sobre faixas delimitadas de
introspecção nos sofás de Freud, os pa- situações possíveis. Poderíamos fazer
cientes utilizam o único vocabulário dos um catálogo típico de motivos religio-
motivos que conheciam; Freud tem o sos a partir dos textos religiosos lidos, e
seu palpite e guia ainda mais a con- testar o seu poder explicativo em várias
versa. Mittenzwey (1924, p. 365-375) denominações e seitas15.
tem lidado demoradamente com pontos Em muitas situações da América
semelhantes. Amplamente difundida no contemporânea, a conduta é controlada
pós-guerra, a psicanálise nunca foi po- e integrada pelo idioma hedonista16.
pular na França, onde o controle do Para grandes setores da população, em
comportamento sexual não era puri- determinadas situações, o prazer e a dor
tano13. Para os indivíduos convertidos são agora motivos inquestionáveis. Em
que se acostumaram com a terminologia determinados períodos e sociedades,
psicanalítica dos motivos, todas as ou- estas situações deveriam ser determina-
tras terminologias parecem autoengana- das empiricamente. O prazer e a dor não
doras14. devem ser reificadas e imputadas à na-
De modo semelhante, para mui- tureza humana como princípios subja-
tos crentes na terminologia do poder, centes de toda a ação. Note-se que o
luta e motivos econômicos do mar-
xismo, todas as demais terminologias,
15
incluindo a de Freud, são debitados à Vocabulários morais merecem uma declaração
especial. Dentro do ponto de vista aqui descrito
muitos rosnados em matéria de "juízos de va-
lor", etc., podem ser esclarecidos.
13 16
Este fato tem sido interpretado por alguns O termo hedonismo vem do grego: hedoné
como em apoio às teorias freudianas. No en- significa prazer. De acordo com o hedonismo,
tanto, ele pode ser tão adequadamente apreen- tudo o que tem valor está reduzido ao prazer. O
dido no esquema aqui descrito. seu sentido filosófico é aplicado às teorias que
14
Ver a acurada discussão de Burke (1936, parte buscam respostas para à questão: qual o princí-
I) sobre Freud. pio do bem-viver? [Nota do tradutor].

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hedonismo como uma doutrina psicoló- nas de elementos subjetivos e mais pro-
gica e ética ganhou impulso no mundo fundos que se encontram nos indiví-
moderno mais ou menos na época em duos, a tarefa de pesquisa é a localiza-
que os motivos ético-religiosos mais ção de determinados tipos de ação no
antigos estavam sendo desmascarados e âmbito dos quadros típicos de ações
simplesmente descartados por pensado- normativas e aglomerados de motivos
res da ‘classe média’. Por trás da termi- situados socialmente. Não há nenhum
nologia hedonista se encontra um pa- valor explicativo em subsumir vários
drão social emergente e um novo voca- vocabulários de motivos sob qualquer
bulário de motivos. A mudança de mo- terminologia ou lista. Tal procedimento
tivos incontestados que prendiam as apenas confunde a tarefa de explicar os
comunidades europeias chegou ao clí- casos específicos. As linguagens de si-
max quando, na reconciliação, foram tuações como dadas devem ser conside-
identificadas as terminologias de antigas radas como uma porção valiosa dos da-
religiões e hedonistas: o ‘bom’ é o ‘a- dos a serem interpretados e relacionados
gradável’. A situação condicionada foi às suas condições. Por fim, simplificar
similar no mundo helênico com o hedo- os vocabulários de motivo por uma abs-
nismo dos cirenaicos17 e epicuristas18. trata terminologia social é destruir o uso
É necessário mapear todas essas legítimo dos motivos na explicação das
terminologias de motivo e localizá-las ações sociais.
como vocabulários de motivação em
Referências
cada época histórica e em situações es-
pecíficas. Os motivos não têm nenhum BURKE, Kenneth. Permanence and
valor para além das situações sociais change: an anatomy of purpose. No-
delimitadas para os quais são vocabulá- va York: New Republic, 1936.
rios adequados. Eles devem ser situa- DANIELIAN, N. R.. A.T. & T.: The
dos. Na melhor das hipóteses, as termi- Story of Industrial Conquest. New
nologias socialmente não atribuídas de York: Radiobroadcasting Research Pro-
motivos representam tentativas inaca- ject, 1940.
badas para bloquear áreas sociais da
imputação de motivo e revelação. Os DeLAGUNA, G.A. Speech: its function
motivos variam em conteúdo e caráter and development. New Haven: Yale
em épocas históricas e estruturas soci- University Press, 1927.
ais. DEWEY, John. All psychology is either
Ao invés de interpretar a lingua- biological and social psychology. Psy-
gem como ações e manifestações exter- chological Review, n. 24, p. 266-277,
1917.
17
A Escola Cirenaica de Filosofia é assim deno- DEWEY, John. Theory of valuation. In:
minada por ter sido fundada cidade de Cirene. A Otto Neurath ed. International encyclo-
escola floresceu entre os anos 400 e 300 a.C., e pedia of unified science. Chicago: Uni-
tinha como sua principal característica distintiva
o hedonismo, isto é, a doutrina de que o prazer é
versity of Chicago Press, 1939.
o bem supremo. [Nota do tradutor]. MacIVER, Robert Morrison. The im-
18
Os epicuristas se dedicavam à idéia do prazer
putation of motives. American journal
sensual, na busca da paz espiritual. O termo
epicurismo tem a sua origem no nome do filó- of sociology, v. XLVI, p. 1-12, 1940a.
sofo Epicuro, que viveu entre os anos de 341 a MacIVER, Robert Morrison. The mode
270 a.C.. Apesar dos epicuristas estarem mais
interessados no prazer da alma, os prazeres físi- of the question why. Journal of social
cos eram vistos de forma favorável, pois liber- phylosophy, v. V, p. 197-205, 1940.
tavam a alma de ser afligida pela negação. [Nota
do tradutor].

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Situaded actions and vocabulaires of motives


Abstract: The purpose of this article is to outline an analytical model for the explanation of
motives, based on a sociological theory of language and a psychological sociology. Key-
words: sociological analysis, motives, language, social behavior

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