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normas ISO 9000 na dou bastante, conforme mostra a Figura 1.3.
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Unidade 4.
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“Gurus” da qualidade
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Os Estados Unidos e o Japão mergulharam de cabeça no uni-
verso da qualidade: durante todo o século XX, não paravam de
surgir novas teorias sobre como a qualidade deveria ser aplicada
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nas empresas. Todas essas ideias eram rapidamente colocadas em
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prática nas organizações, que buscavam ansiosamente maneiras
de melhorar seus produtos e serviços. Com o passar do tempo,
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alguns autores e pesquisadores ficaram famosos no meio empresa-
rial. Aqui, você vai conhecer um pouco da história de alguns de-
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R les. Vamos falar de W. Edwards Deming, Joseph M. Juran, Philip
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Gestão da
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qualidade total
• Foco na gestão.
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• Envolvimento
integral da
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Garantia da
empresa.
qualidade
• Superação das
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• Foco na prevenção
expectativas do
de defeitos.
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cliente.
• Envolvimento de
Controle estatístico • Surgimento das
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todos os setores da
• Inspeção por normas ISO.
empresa.
amostragem.
• Criação de sistemas
• Setores
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de qualidade.
responsáveis pela
Inspeção • Conceito de
qualidade.
• Conformidade do qualidade total.
• Ferramentas
produto com um
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estatísticas
padrão. para detecção
• Inspeção do de variações no
produto acabado, processo produtivo.
sem análise do
processo.
W. Edwards Deming
W. Edwards Deming nasceu em 1900, nos Estados Unidos. Foi
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o primeiro dos estudiosos de qualidade a ir ao Japão para treinar
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os empresários de lá no uso da estatística para controlar a qualida-
de. Suas ideias foram muito aceitas pelos japoneses. Deming cri-
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ticava bastante seus próprios conterrâneos – ou seja, os empresários
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norte‑americanos. De acordo com ele, as organizações dos Esta-
dos Unidos não tinham um compromisso real com a qualidade de
seus produtos. Ele acusava essas empresas de oferecerem apenas
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o nível de qualidade necessário para manter as vendas. “Para que
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melhorar se os negócios vão bem do jeito que está?” − segundo
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Deming, era assim que os norte‑americanos pensavam.
Lembra que dissemos que nem todo mundo vê a qualidade
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da mesma forma? Então, para evitar as diferenças na avaliação da
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Produto
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Qualidade
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Cliente Atendimento
(expectativas ao cliente
e uso que faz (instruções de
do produto) uso, assistência
técnica)
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conhecê-los?
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1. Manter objetivos permanentes para melhorar os produtos e
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serviços, ou seja, pensar em metas que a empresa deve cumprir
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a longo prazo. Isso inclui criar novos produtos e métodos de
produção para o futuro, sem falar no treinamento dos funcio-
nários e na melhoria constante dos projetos. Tudo isso deve ser
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feito com as expectativas dos clientes em mente.
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2. Adotar a nova filosofia, quer dizer, a filosofia da qualidade,
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pois, se não fizer isso, a empresa fica para trás.
3. Não depender apenas da inspeção em massa, pois ela ocorre tar-
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de demais. A inspeção é boa para identificar os defeitos, mas não
R corrige os problemas. Por isso, ela não impede o desperdício,
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produtividade para motivar seus funcionários a trabalhar com
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mais dedicação. Porém, frequentemente o tiro sai pela culatra:
muitos trabalhadores ficam frustrados quando não conseguem
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atingir as metas cobradas pela empresa. Além disso, essas exi-
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gências dão a impressão de que os diretores não sabem dos
problemas que os funcionários enfrentam no dia a dia. Fique atento
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11. a) Eliminar as cotas numéricas por mão de obra. Muitas em- Slogans são frases fáceis
presas acham que seus funcionários produzem mais quando
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de memorizar que
têm uma cota a cumprir. Em uma fábrica, por exemplo, os fun- podem ser usadas com
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cionários podem ser obrigados a produzir uma determinada diferentes objetivos. No
quantidade de peças por dia. O dono de uma loja, por sua vez, marketing, por
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pode cobrar cotas de venda: só ganha bônus de R$ 500 no sa-
R exemplo, o slogan serve
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lário o funcionário que vende mais de R$ 10 mil por mês. Para para fixar uma marca na
Deming, não faz o menor sentido criar cotas por dois motivos: cabeça do consumidor.
1) elas não respeitam o ritmo de produção de cada um; e 2) elas Por exemplo: “Marabraz,
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fazem com que os funcionários fiquem acomodados depois preço melhor ninguém
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empresa e motivar os
vos. Em geral, a maioria dos gerentes não coloca fé nesse tipo
funcionários a atingi‑la.
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doenças mortais da funcionários mais competentes.
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qualidade e os 12 14. Concretizar a transformação. A administração da empresa
grandes obstáculos a deve colocar em prática todos os treze princípios que estuda-
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serem enfrentados. Entre mos até aqui.
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as doenças estão, por
exemplo, os exageros Joseph M. Juran
na busca de obter
Joseph M. Juran nasceu na Romênia, em 1904, e foi para os
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lucros rapidamente, as
Estados Unidos aos 8 anos. Era formado em Engenharia e Direito
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avaliações de
e foi professor na Universidade de Nova York. Em 1979, fundou o
desempenho e a
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Instituto Juran, uma das maiores instituições do mundo voltadas
administração que só
para o estudo da qualidade. Assim como Deming, Juran foi rece-
leva em conta os
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bido de braços abertos no Japão, onde aplicou nas empresas suas
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resultados financeiros.
teorias sobre qualidade.
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que a qualidade é um que comprou. De acordo com Juran (1992), um produto deve
ter qualidade igual ou maior que a de seus concorrentes.
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ideia de zero defeito, de defeitos deixa os clientes insatisfeitos com os produtos. Essa
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que você vai conhecer insatisfação pode prejudicar as futuras vendas da empresa.
daqui a pouco. Ausência de defeitos não é garantia de vendas – Para Juran,
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desejada e encontrar
um jeito de alcançá-la) • Planejar processos adequados aos produtos.
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• Ver se a qualidade está presente nas atividades
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Controle de qualidade da empresa.
(identificar erros ou • Comparar o que a empresa conseguiu fazer com
acertos no processo) o que se planejava fazer.
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• Sugerir medidas para corrigir erros, quando necessário.
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• Determinar o que é necessário fazer para sempre
Aperfeiçoamento melhorar a qualidade.
(propor patamares
• Definir projetos de melhoria e escolher os
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de qualidade cada
R vez mais altos)
responsáveis por esses projetos.
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Philip Crosby
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se torna um sucesso, é possível que haja algo de errado com
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vários departamentos, como o de vendas, o de planejamento
ou o de marketing, por exemplo.
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O setor de qualidade não tem uma fórmula mágica para melho-
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rar os produtos e os serviços da empresa do dia para a noite.
Crosby sempre defendeu que qualidade é uma questão de so-
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brevivência para as empresas, e ficou conhecido no mundo inteiro
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quando inventou um programa chamado Zero Defeito. A ideia
desse programa pode ser resumida em uma das frases mais conhe-
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cidas de Crosby (1990, p. 179): “Fazer o trabalho direito logo da
primeira vez”. Para ele, essa história de que “nada é perfeito” é
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R “conversa fiada”. As pessoas podem, sim, evitar os erros. Basta
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acordo com Crosby, esse processo leva tempo e pode ser dividido
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em catorze etapas:
1. A gerência deve assumir um compromisso verdadeiro com a
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qualidade.
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Isso mostra para a direção que sai mais barato produzir com
qualidade.
5. É necessário conscientizar todos os funcionários da empresa,
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10. É preciso criar metas para cada departamento. Essas metas
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precisam ser bem claras e verificáveis. Uma meta é verificável
quando conseguimos calcular com precisão se ela foi alcança-
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da ou não. Quer um exemplo de meta não verificável? “Os
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funcionários devem ser mais dedicados à empresa.” Como é
que se faz para calcular dedicação? Difícil, não é? Um funcio-
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nário bem desleixado pode jurar para seu gerente que se dedica
de corpo e alma à empresa. Para ele, dedicação pode ter um
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significado diferente. Agora vejamos um exemplo de meta ve-
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rificável: “Todos os funcionários devem ligar para 150 clientes
por dia”. Com uma meta assim, nenhum funcionário pode “en-
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rolar” o gerente.
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11. Toda causa de erros deve ser eliminada na mesma hora que for
encontrada. Nada de “varrer problemas para debaixo do tape-
te”. Em alguns casos, esses problemas podem ser uma máqui-
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Armand V. Feingenbaum
Armand V. Feingenbaum nasceu em 1922, portanto, é da mes-
ma geração de Crosby. Sua principal obra, escrita em 1951, é Total
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do produto que conseguem satisfazer as necessidades do cliente.
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Vamos entender isso melhor? Suponhamos que você vá a uma con-
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cessionária para comprar seu primeiro carro. Seu objetivo é adqui-
rir um automóvel com quatro portas, banco de couro, rádio e MP3
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player, vidros e travas elétricas. Na concessionária, você encontra
um carro do jeito que você quer. Satisfeito, não pensa duas vezes e
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resolve comprar logo o automóvel. Alguns meses depois, você se
arrepende amargamente de ter fechado negócio. Os bancos de couro
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mais combustível do que o previsto, e o motor já dá sinais de que
não está muito bem. Para piorar ainda mais as coisas, a garantia
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R não incluía uma série de reparos que você precisava fazer.
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ção fica mais rápida, não é mesmo? Além disso, o número de pro-
dutos defeituosos cai, o que evita o desperdício de materiais.
Trocando em miúdos, podemos dizer que qualidade é um
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9. Qualidade é o caminho de menor custo para a produtividade.
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10. Qualidade é um sistema total, que inclui a participação de
clientes e fornecedores.
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Outra grande contribuição de Feingenbaum foram os estudos
sobre os custos da qualidade. Ele dividiu esses custos em quatro
grupos principais (Feingenbaum, 1994, v. 4, p. 300):
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Custos da prevenção – despesas com o planejamento da qua-
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lidade e a prevenção de erros e defeitos.
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Custos da avaliação – não basta planejar e prevenir. A empre-
sa também precisa avaliar se seus produtos são mesmo de
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qualidade.
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Kaoru Ishikawa
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Círculos de controle de qualidade (CCQs) – são pequenos
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grupos de funcionários que se oferecem para cuidar do controle
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de qualidade em uma área da empresa. Sua função é ajudar o
setor a resolver problemas e aumentar a qualidade de suas ati-
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vidades. Os objetivos dos CCQs são aperfeiçoar a empresa dia
após dia, melhorar o clima entre os funcionários e deixar fluir a
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criatividade dos trabalhadores, que passam a encarar o desafio
de resolver problemas e aumentar a qualidade na organização.
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Diagrama de Ishikawa (também chamado diagrama de causa e
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efeito, ou espinha de peixe) – é usado para identificar as causas
de um problema. Na hora de construir o diagrama, é necessário
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considerar os 6Ms, que são as principais causas de problemas:
R mão de obra (pessoas), materiais (componentes), máquinas
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Genichi Taguchi
Até agora, falamos de cinco “gurus” da qualidade: Deming,
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por sua vez, apresenta ideias bem diferentes das de seus colegas, a
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à venda. À primeira vista, essa definição pode parecer esquisita,
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mas ela faz todo sentido.
Imagine, por exemplo, uma confecção onde não há preocupação
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com qualidade. As costureiras erram bastante na hora de fazer o
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acabamento e perdem um tempo enorme consertando as roupas de-
feituosas. Tudo isso faz com que a confecção produza menos do que
poderia. Além do mais, as despesas com tecido são mais altas que o
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necessário, porque muitas peças vão para o lixo. Repare que a falta
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de qualidade aumenta os custos da confecção. Ora, mas o dono não
é bobo de bancar sozinho esses custos: quando as despesas aumen-
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tam, o preço das roupas também sobe. Ou seja, o dono repassa os
custos ao consumidor – que faz parte da sociedade. Agora dá para
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entender que Taguchi “acertou na mosca” quando disse que os cus-
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que um
produto
causa à
sociedade
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Qualidade Custo
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Quando um produto é colocado à venda? Quando Quando um produto não é colocado à venda?
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está em conformidade com padrões determinados. Quando ele não foi produzido em conformidade
Quando um produto que foi colocado à venda cau‑ com padrões determinados.
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sa perda? Quando ele não funciona adequada‑ Quando um produto que não foi colocado à ven‑
mente ou não atende as expectativas do cliente. da causa perda? A partir do momento em que
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Para quem esse produto causa perda? Para o gera desperdício ou retrabalho.
cliente (que faz parte da sociedade). Para quem esse produto causa perda? Para a em‑
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presa (em última instância, para a sociedade).
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R Outra importante contribuição de Taguchi para a questão da
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dutos para que eles não quebrem mesmo que os clientes façam
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Saiba mais
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é o que melhor atende suas expectativas. Uma das obras mais importantes
de Falconi é o livro TQC: controle da qualidade total no estilo japonês, no qual
ele explica os conceitos e mostra como pôr em prática o controle da qualida‑
de total.