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Neste campo, também os museus têm vindo a ser chamados à ribalta, por força das
circunstâncias. Quer a nova Lei-Quadro de Museus, quer regulamentações específicas
que visam contribuir para a qualificação do tecido museológico português i – tudo de
vigoração recente e enquadrados no trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pela
Rede Portuguesa de Museus – darão os seus frutos por via de um trabalho acrescido que
as instituições deverão fazer para que consigam qualificar-se e, por consequência,
integrar-se num movimento nacional ao serviço do desenvolvimento cultural e social.
A gestão dos museus, em Portugal e no Mundo, ainda está num estágio preliminar de
desenvolvimento. Aparte de alguns exemplos em que os resultados falam por si –
em número e satisfação dos utilizadores e também do ponto de vista financeiro,
ainda que nalguns casos trate-se, sobretudo, de um fenómeno de moda – a
profissionalização da actividade só agora dá passos concretos. Gerir é pensar
global, ser pro-activo, identificar e vencer a concorrência e tirar daí os necessários
dividendos. Nesse sentido, o museu deve saber posicionar-se no mercado do lazer
como um produto de qualidade, que “venda” aos seus consumidores um status
único que só estas instituições estão em posição de garantir. Acima de tudo, o
museu, enquanto instituição que sobrevive aos tempos, deve ter uma estratégia de
longo prazo, onde os jovens são um público preferencial a captar pela margem
evolutiva que este “cliente” pode garantir ao longo de um período de vida. Mas é
preciso vencer concorrências muito fortes e mais capitalizadas, como os parques
temáticos, os centros comerciais e outras formas de “arte” como são os fenómenos
musicais e outros acontecimentos de massa. Numa área em que os fundos são o
bem mais escasso e em que o museu tem que lutar contra máquinas bem
arquitectadas e plenas de recursos humanos intensivamente formados, compete à
instituição desenvolver projectos que permitam compreender as suas colecções
mesmo que, no limite, nenhum visitante veja alguma peça. E essa compreensão da
colecção passa pelo desenvolvimento de uma consciência de salvaguarda, de estudo
e de reconhecimento da importância desses bens culturais.
Um dos caminhos passa por uma interpretação – humanizada ou não – da História e dos
seus conteúdos. A utilização de réplicas e a possibilidade da sua utilização constituem
uma das vias do conhecimento pela aplicação prática, pela experimentação. A
possibilidade de fazer parte integrante da História, de vestir o papel de bravos
personagens, mesmo que por um momento, são uma das formas mais eficazes de captar
públicos e interessá-los pela cultura e património que nos são tão importantes enquanto
profissionais destas áreas.
A reflexão acima produzida pretende abrir horizontes para novas abordagens aos
museus, visando até uma melhor conservação dos bens culturais, que em muito
beneficiará o trabalho futuro dos investigadores – verdadeiros interessados no conteúdo
essencial dos objectos – potenciando a criação de uma nova geração de ídolos juvenis
que passa pelas figuras importantes que, ao longo das gerações, construíram a
sociedade.