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REUNIÃO DA REGIÃO AMÉRICA DO CONSELHO MUNDIAL DA PAZ

República Dominicana, 12 a 14 de setembro de 2018

Socorro Gomes – Presidenta do Conselho Mundial da Paz

Companheiros e companheiras, 1

Antes de mais, gostaria de expressar minha satisfação por me somar a amigos e amigas
da paz comprometidos com a nossa luta comum por um mundo mais justo, de respeito,
soberania e justiça entre as nações, solidariedade entre os povos, e por uma região de
paz e progresso compartilhado.

Quero saudar de modo especial os companheiros dominicanos que nos recebem,


representados pelo presidente da Unión Dominicana de Periodistas por la Paz (UDPP),
companheiro e amigo Juan Pablo Acosta García, que oferece sua hospitalidade e a
excelente organização do nosso encontro.

Saúdo também a coordenação da Região América do Conselho Mundial da Paz, exercida


de forma exemplar pelo distinguido presidente do Movimiento Cubano por la Paz y la
Soberanía de los Pueblos (MovPaz), o companheiro Sílvio Platero.

Realizar a reunião regional neste momento de tão graves desafios aos povos do
mundo e da nossa América é um feito de enorme importância. Nossa presença aqui,
apesar das dificuldades que enfrentamos, atesta o compromisso com a nossa luta. Aos
que não puderam somar-se a nós neste momento específico por circunstâncias e
motivos que escapam à sua vontade também enviamos nossa saudação.
Amigos e amigas,

Como temos afirmado, o Conselho Mundial da Paz e as diversas forças populares e


progressistas que lutam contra o imperialismo, o colonialismo, o neocolonialismo e
todas as formas de exploração e opressão, que resistem à dominação estrangeira
levantando a bandeira da paz e soberania, defrontam-se com graves ameaças e 2

crescentes agressões por parte das forças retrógradas e belicistas, cujo objetivo central
é impor é as suas agendas de dominação e saque de povos e nações.

A humanidade se vê confrontada com ameaças de proporções inimagináveis, cuja


causa está na expansão descomunal da presença militar das potências imperialistas em
todo o planeta, nos maciços investimentos na indústria bélica e na apropriação do
progresso científico pela indústria da guerra que moderniza seus instrumentos de
morte e opressão em detrimento da solução dos problemas que afligem os povos, como
a fome e a miséria, as epidemias que assolam bilhões de pessoas no mundo, a acelerada
destruição ambiental que põe em risco a própria existência da humanidade.

Nunca como na atualidade foi tamanho o retrocesso civilizatório decorrente das


crises econômicas e sociais e das políticas promovidas pelas potências imperialistas
(sobretudo pela superpotência estadunidense, ainda que vivendo um período histórico
de decadência relativa).

As políticas impostas pelas potências hegemônicas comprometem o


desenvolvimento econômico e social dos povos, mutilam a democracia, ferem os
direitos humanos, agridem o meio ambiente.

Estas potências ingerem nos assuntos internos das nações; promovem invasões,
ofensivas militares ou golpes de Estado de variada natureza, instrumentalizam
campanhas midiáticas, mobilizam recursos financeiros para apoiar guerras devastadoras
que acarretam extremo sofrimento à humanidade.

É nosso dever denunciar e combater os principais instrumentos e táticas


empregados para a execução de tais políticas. A proliferação de armamentos nucleares
e a disseminação de bases militares por todo o planeta são algumas das que temos 3
combatido com maior afinco.

Em nossa região atuam forças obscurantistas, conservadoras e reacionárias que


buscam de todas as formas participar e levar seus povos a se submeterem a tais
agendas em posição de evidente subserviência, na total contramão dos anseios
nacionais.

Por exemplo, a Colômbia, que já era um dos países com o maior número de bases
militares estadunidenses em nosso continente e que sempre se alinhou estreitamente
aos planos e políticas imperialistas, não só passou a integrar a OTAN como seu “parceiro
global” como também anuncia sua retirada da União de Nações Sul-Americanas
(Unasul), hostilizando assim a justa política de integração regional tão cara aos povos e
nações. Após tantas décadas de um brutal conflito armado que vitimou milhões de
pessoas, que os colombianos lutam arduamente por superar em prol da construção da
paz com justiça social, o Uribismo retorna à Presidência da República, prometendo
colocar o esforço de anos de diálogo e conquistas diplomáticas a perder, garantindo a
continuidade do paramilitarismo e a volta do terrorismo de Estado. Centenas de líderes
populares e militantes de partidos progressistas e movimentos sociais já foram
assassinados e a perseguição, a censura e a intimidação persistem como tática da
oligarquia nacional, amparada no paramilitarismo e cada vez mais na política de
retrocessos anunciada pelo governo de Iván Duque.
Não é de surpreender que tal política nacional tivesse também sua componente
regional, em que a Colômbia é usada como um grande posto avançado dos Estados
Unidos na região para ameaçar e agredir os povos que lutam pelo progresso soberano e
solidário, pela segunda e definitiva independência. Assim, o antagonismo ao legítimo
governo bolivariano da Venezuela se expressa, desempenhando a Colômbia o triste
papel de colaborador dos EUA para a desestabilização desse país.
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Mais recentemente, o mundo assistiu ao atentado contra a vida do presidente
Nicolás Maduro (que denunciamos com toda indignação e revolta), demonstração do
caráter da intentona golpista no país, tramado e respaldado pela ingerência dos Estados
Unidos contra um governo legitimamente eleito, promovendo o uso da guerra
midiática e destruição econômica associada à disseminação de atos terroristas,
causando a profunda grande crise política e social que assola o país. E ainda há poucos
dias foi revelado através do próprio The New York Times, citando fontes oficiais do
governo estadunidense, o encontro entre funcionários do governo Trump com militares
venezuelanos supostamente rebeldes e dispostos a organizar um golpe de estado contra
o presidente Maduro. Como em outros momentos e outras regiões, o cínico e falso
discurso dos EUA é o mesmo, que tais encontros e alianças visam ao “restabelecimento
da democracia”. Esta é mais uma afronta e mais um crime que devemos denunciar! Já
temos evidências demasiadas da catástrofe criada por tais intromissões; a persistente
ingerência nos assuntos domésticos da Venezuela parece buscar provocar uma guerra
civil para destruir a soberania nacional. Os povos serão “danos colaterais”, no linguajar
do império.

Mas o povo e o governo venezuelanos resistem heroicamente na Pátria de Bolívar


e Chávez, defendendo com altivez sua soberania e as conquistas da Revolução
Bolivariana idealizada pelo Comandante Hugo Chávez e construída pelo povo. O governo
liderado pelo presidente Nicolás Maduro se dedica com determinação a manter o
diálogo nacional e a busca do progresso social e a paz.

A Venezuela bolivariana é fonte de inspiração para os povos da nossa América e do


mundo e sua resistência anti-imperialista é odiada e combatida pelas potências,
sobretudo os EUA, que buscam liquidá-la, custe o que custar.
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Golpes de Estado, desestabilização, ingerência, ameaças e sanções econômicas
estão na cartilha infame dos Estados Unidos para dominar os povos que não se
submetem aos seus desígnios. Oportunamente nesta data recordamos o 11 de
setembro do Chile quando, em 1973, o presidente Salvador Allende foi derrubado com o
patrocínio dos EUA. Os períodos mais horrendos da história do continente após a
descolonização são tão recentes quanto as ditaduras regadas pelos dólares
estadunidenses e pela tortura e assassinatos de que milhares de pessoas foram vítimas.
Como disse Luís Suarez, é a crônica dos crimes estadunidenses contra a humanidade,
que em nosso continente assassinou em torno de um milhão de pessoas, com sua
facinorosa política de golpes. Vemos a persistência da mesma estratégia nas tentativas
fracassadas na Venezuela, usadas hoje na Nicarágua e em El Salvador ou concretizadas
no Paraguai e no Brasil, onde um golpe parlamentar-midiático-judicial derrubou uma
presidenta legitimamente eleita e encarcerou o maior líder popular do país, tornando
prisioneiro político Luiz Inácio Lula da Silva, um presidente respeitado mundialmente
pelos compromissos com a superação de uma história de exploração e exclusão, com o
fim dos privilégios em prol da inclusão social e da soberania nacional, com um país que
pudesse contribuir nos temas mais importantes no cenário internacional para superar o
papel de um presidente anterior que só dizia, como o atual governo voltou a dizer
“amém” aos ditames de Washington.

Mas o povo brasileiro resiste na luta por sua liberdade, pela democracia e contra
os efeitos nefastos do golpe e da agenda servil que este reintroduziu para tentar acabar
com a esperança de um futuro melhor. Aproveito a oportunidade e com a licença do
CMP agradeço a inesgotável solidariedade que os brasileiros e brasileiras temos
recebido dos movimentos de paz da região e do mundo.

Também está na história da resistência popular e soberana, solidária e humanista,


a luta do povo cubano pela construção da sua Revolução por uma nação soberana e 6
independente, de progresso compartilhado entre cada cubano e cubana e estendido a
cada povo em luta em todos os continentes. Por isso, nossa denúncia reiterada do
criminoso e persistente bloqueio imperialista da Maior das Antilhas deve ser reforçada.
Através da breve e já ameaçada reaproximação diplomática entre Cuba e Estados
Unidos, os líderes estadunidenses, que ignoravam a demanda de uma parte significativa
da sua própria população e do movimento da paz e da solidariedade no país,
reconheceram o fracasso da política de acosso e tentativa de isolamento do povo
cubano. Entretanto, o presidente Donald Trump decide suspender um processo de
conquistas importantes, ao tempo que mantém o mais odioso e longo bloqueio
econômico a um país, e a base da Marinha de guerra dos EUA em Guantânamo,
território cubano, criminosamente mantido sob ocupação estadunidense.

Para seguir ameaçando Cuba e Venezuela, assim como a qualquer outro governo
progressista na América, um dos principais instrumentos institucionais é a Organização
dos Estados Americanos, que em seu tempo o diplomata cubano Raúl Roa García
denunciou como o “ministério das colônias” dos EUA. De forma apropriada, a expressão
foi retomada pelo presidente Maduro para confirmar a saída da Venezuela desta
organização.

Por outro lado, os governos regionais lacaios aglutinados no chamado Grupo de


Lima, como o governo ilegítimo e golpista do Brasil, alinham-se servilmente aos
desmandos de Trump para somar-se ao coro contrário aos governos progressistas que
valentemente resistem, embora os governos do Grupo de Lima não valham uma
pequena fração do caráter democrático, patriótico e popular dos seus alvos. Dão
preferência aos agrupamentos e organizações regionais e internacionais que melhor
servem aos interesses do império em detrimento das alternativas de integração regional
soberana e solidária, caso da OEA ou da troca da Unasul pela Aliança do Pacífico, em
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alguns casos. Um escárnio contra os legítimos anseios dos povos latino-americanos, que
há apenas quatro anos seus líderes uniam-se em compromisso solene com a
proclamação da América Latina e do Caribe como Zona de Paz durante a Cúpula da
Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) em Havana. Ainda
assim, este é um compromisso e uma demanda dos povos e por sua realização
seguiremos lutando!

Neste sentido é que fortalecemos a já histórica campanha contra as bases


militares estrangeiras, que hoje se espalham de Guantânamo a Okinawa, da Tierra del
Fuego ao Ártico, de Agadez, no Níger, a Pine Gap, na Austrália. Nossa luta foi mais
recentemente reforçada pela importantíssima conquista da unidade das forças da paz
nos Estados Unidos e que, em novembro, será elevada a novo patamar com a realização
da Conferência Global em Dublin, na Irlanda. O sucesso dessa luta depende da
ampliação e do aprofundamento dos nossos esforços, como há muito temos enfatizado.
Com a realização do Seminário Internacional pela Paz e a Abolição das Bases Militares
Estrangeiras em Guantánamo, a consolidação de redes e coalizões contra as bases na
Argentina, no Japão, em diversos países europeus, nos EUA, no Canadá e em tantos
outros lugares, iniciativas de que somos promotores ou participantes através das
diversas organizações membros do Conselho Mundial da Paz, os novos impulsos que
damos devem ser sustentados e aprofundados em prol do fortalecimento urgente da
nossa luta contra os postos avançados do imperialismo!
No quadro de compromissos do CMP, desenvolve-se a nossa luta decidida contra
as armas de destruição em massa e a militarização do planeta em geral, ameaças que só
podem traduzir-se em devastação ou até mesmo na aniquilação. Com as crescentes
agressões e preparo para a guerra, com tensões escaladas e diversos eixos e a
agressividade redobrada do imperialismo, é cada vez mais premente o reforço da nossa
luta e a demanda por compromissos reais e efetivos, para além de tratados ilusórios e
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retórica.

A paz, para nós, não é um ideal etéreo a ser introduzido em discursos cínicos
proferidos pelos que se dizem guardiães da civilização e da democracia, mas não
medem as consequências das suas políticas para garantir o abastecimento das suas
máquinas de guerra e consumo às custas do espólio dos recursos dos povos, do seu
sofrimento, da sua opressão e da destruição do planeta.

Por isso, também rechaçamos as teses que outrora declaravam o fim da história e
hoje declaram o fim do progresso, ou a derrota das forças progressistas e do ciclo
soberano e solidário que tanto inspirou os povos a acreditar que juntos conseguimos
resistir às agressões imperialistas e construir um futuro de paz, justiça social e
independência nacional, de amizade e solidariedade internacional. As conquistas que
acumulamos nas últimas décadas e a certeza de que há alternativa a uma ordem
mundial de exploração e dominação são os principais alvos das forças reacionárias que
retornam ao poder em alguns países através do golpe e da guerra midiática e
crescentemente fascista, respaldadas, como sempre, pelo imperialismo estadunidense.

Mas de sul a norte, de leste a oeste, os povos resistem. Na Argentina, Bolívia,


Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Cuba, El Salvador, Equador, Estados Unidos, Honduras,
México, Nicarágua, Paraguai, República Dominicana, Venezuela e tantos outros países,
seguiremos defendendo solidariamente a revolução cubana e a revolução bolivariana, a
liberdade de Lula e a independência de Porto Rico, a devolução das Malvinas à
Argentina, o fim do bloqueio a Cuba e o retorno de Guantánamo ao seu povo, a paz com
justiça social da Colômbia, a derrota das grandes corporações exploradoras dos
trabalhadores estadunidenses e mexicanos, a recuperação do Haiti e a conquista nesse
país do desenvolvimento soberano e altivo, entre tantos desafios com que ainda nos
defrontamos na luta contra o neoliberalismo e o neocolonialismo, contra a política de
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guerras.

Para vencermos os obstáculos e superarmos os desafios de construção de um


mundo de Paz é imprescindível a unidade ampla das forças populares e progressistas.
Esta é a bandeira da esperança. A unidade na luta pela Paz e pela soberania é um
instrumento para derrotar o império guerreirista que, apesar de seu poder bélico e de
sua política de ameaças e terror, não é invencível e será derrotado!

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